A COMPREENSÃO CRÍTICA DA OBRA DE ARTE

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  • 8/7/2019 A COMPREENSO CRTICA DA OBRA DE ARTE

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    A COMPREENSO CRTICA DA OBRA DE ARTE DESDE A EDUCAO INFANTIL.

    MELO, Simone Sypriano F. de, OLIVEIRA, Ronaldo Alexandre de.Orientador: Ronaldo Alexandre de Oliveira (Prof Dr.)

    1UNIVAP/ISE, Rua Jos Cobra, 302 Apt 52 C, Pq Industrial, So Jos dos Campos/SP,[email protected]

    2UNIVAP/ISE, Rua So Diego, n. 601 Apt 22 B, jd. Califrnia, Jacare/SP. [email protected].

    Resumo- Este artigo tem o propsito de difundir dados oriundos de uma pesquisa/ao, que se props ainvestigar e intervir na maneira como concebido e desenvolvido o estudo da obra de arte na EducaoInfantil, assim como verificar o papel que a obra de arte tem ocupado nesse espao, uma vez que aindaencontramos um ensino tecnicista e reprodutivista, onde a contextualizao da obra de arte e a vivnciado aluno pouco considerada. Consoante as experincias vivenciadas ao longo desse estudo,compreende-se que cada criana tem uma maneira diferente de interpretar o mundo e que a obra de artecontribui para essa compreenso tambm de maneira diferente, pois cada um tem sua experincia de

    mundo. Este estudo possibilitou o resgate da cultura e das vivncias de cada aluno atravs dacontextualizao da obra de arte, tornando assim um ensino com um olhar mais crtico e significativo.

    Palavras-chave:leitura da obra de arte;Contextualizao;Compreenso Crtica; Ensino significativo.rea do Conhecimento: Lingstica, Letras e Artes

    Introduo

    Este artigo objetiva difundir resultados de umapesquisa de final de curso de graduao, quebuscou compreender e intervir no ensino da arte,onde a leitura da obra de arte ocupou lugarcentral. Parte-se do estudo da arte como

    disciplina, como rea de conhecimento, comcontedos e objetivos prprios e o seu ensinosendo capaz de possibilitar a compreenso destarea permitindo que a criana explore, observe,valorize e participe com suas vivncias,compreendendo assim a arte com um novo olharonde esteja presente a descoberta, a criatividadee o senso crtico. Acredita-se numa postura crticapara o ensino da arte, que nem sempre a histrianos mostrou no seu desencadear, trazemosmarcas de um ensino tecnicista no Brasil, o qualse originou na dcada de 70, onde encontramos oque podemos chamar de aprendizagem mecnica

    e reprodutivista, pois mantm-se a preocupaocom o carter tcnico, com a reproduo e nocom o processo num todo, Ferraz (1999) defendea seguinte idia:

    Faz parte desse contexto tecnicista o usoabundante de recursos tecnolgicos eaudiovisuais, sugerindo uma modernizao doensino. Nas aulas de arte, os professoresenfatizam um saber construir reduzido aos seusaspectos tcnicos e ao uso de materiaisdiversificados (sucatas, por exemplo), e um saberexprimir-se espontanesta, na maioria dos casoscaracterizando poucos compromissos com o

    conhecimento das linguagens Artsticas. (FERRAZ, 1999, p.32).

    na esteira desta lgica que muitascontribuies incorporaram-se ao ensino de arteno Brasil na tentativa de fomentar um ensino ondea repetio no estivesse presente, mas sim acriao, um aluno/sujeito construtor e no copistacomo foi to praticado ao longo da histria doensino de arte no Brasil. Uma das grandes

    contribuies atribuda a Ana Mae Barbosa,(2001) onde prope um ensino fundado em trseixos: a leitura da obra de arte; o fazer artstico e ahistria da arte. A princpio foi denominado deMetodologia Triangular e posteriormente passou aser Proposta Triangular, onde compreende estastrs dimenses, sendo que o eixo da histria daarte, a prpria autora d neste momento maisnfase na denominao de Contextualizao. Oensino de arte ganhou muito com a chegada dosartistas e com suas obras nas salas de aulas,embora as prticas tem utilizado a obra quasesempre como a nica possibilidade do aluno criar,

    a chamada releitura. Se pensarmos em termos deuma educao tecnicista que vigorou e em algunscasos ainda vigora no ensino de arte no Brasil,acreditamos que a Proposta Triangular trouxegrandes contribuies para o ensino de arte, poisela acabou por colocar a obra da arte dentro dasala de aula e isso possibilitou que um nmeromuito maior de indivduos passasse a ter contatocom o universo artstico. Questiona-se a formacomo a obra de arte tem sido utilizada nomomento do fazer artstico e tambm da leitura daimagem, pois o fazer artstico extremamentevinculado com a obra estudada e uma idia

    equivocada de releitura acabou-se por criarmuitas cpias da imagem, e o professor

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    atravs de uma mediao, da criao, daidentificao de hipteses que favoream umaprendizado e um conhecimento mais amplo, poistodo conhecer um fazer.

    Resultados

    Ao todo foram realizados 8 encontros onde ascrianas aprenderam a pesquisar trazendo para asala de aula um resgate cultural, suas vivncias,suas famlias, o prprio artista - o pintor AdoSilvrio (na condio de artista local/regional -So Jos dos Campos) e principalmente atravsdas brincadeiras na qual o ensino da arte naescola foi levado uma compreenso crtica semextrair o prazer, o ldico que a magia daEducao Infantil.

    Em todos os encontros realizados houveparticipao e envolvimento por parte das

    crianas, que por sua vez abandonaram o papelpassivo de quem recebe tudo pronto e passaram adar suas contribuies efetivas e tambm deminha parte, pois o professor tem que intervir,mediar, pesquisar colocar-se tambm no lugar deaprendiz, deixando de ser a nica fonte deinformao, a pessoa que sabe tudo, chamamosestes nossos encontros de aulas/intervenes. Acada aula propnhamos uma atividade diferentepara que fossem explorados diversos materiais,diversos espaos (algumas aulas foram realizadasao ar livre), diversos pintores e diferentes obras dearte, mas todas relacionadas com o tema criana,

    infncia e brincadeiras para chegarmos a umaresposta nossa pergunta inicial. Franz (2003,p.37), defende a seguinte idia: no podemospensar seriamente no ensino da arte, enquanto semantenha a nfase no fazer artstico e naconcepo de que a arte como objeto cultural irrelevante.

    Partindo desta idia, entendemos que o alunoao ter contato com a obra de arte, pode resgatarem sua memria conhecimentos que j possui,construindo ainda outros novos baseados em suavivncia, sempre sendo levados investigar, poisquando o aluno participa deste processo de

    investigao, de coletas de dados, de construo,sem dvida, o resultado ser : observar a obra dearte com um novo olhar, com uma compreensocrtica.

    partir da anlise da experincia vivenciadaem sala de aula e de reflexes sobre a minhaprtica pedaggica e de todas aquelas quevieram com a construo dessa pesquisa, numatentativa de compreender como se estrutura umprojeto recorremos Hernndez (1998, p.89), queafirma que: um projeto implica situar-se numprocesso no acabado, em que um tema, umaproposta, um desenho esboa-se, refaz-se,

    relaciona-se, explora-se e se realiza.

    algo que um vir a ser e no um planejamento, onde nos

    leva a considerar com quem iremos trabalhar, oque ir acontecer a cada proposta para que nuncase torne algo fechado e acabado, por issotrabalhou-se muito com as previses de etapas. Otrabalho com projetos trouxe a incorporao dapluralidade de conhecimentos presente na

    sociedade transformando nossa sala de aulanum espao de vivncias culturais reais esignificativas.

    Discusso

    Partindo do pressuposto que o tecnicismo queadvm do passado se faz ainda presente nassalas de aulas e levado a srio por muitoseducadores, acredita-se que estruturar umapesquisa nas concepes de projeto torna-se algomais significativo para os alunos, pois possibilitauma compreenso e construo mais crtica do

    conhecimento.Uma vez que os alunos tenham contato com aobra de arte, conheam um pouco sobre o artista,o contexto e as condies onde foi inserida, semdvida eles sero estimulados a pensar, inventar,e manifestar seus sentimentos e principalmenteseu senso de criticidade aprimorando tambm suaLinguagem Visual e consequentementecompreendendo a arte com um olhar maisapurado.

    Para tanto, inserimos como eixo dessapesquisa um pergunta a ser respondida nodecorrer do projeto: Por que as crianas vivem e

    brincam de diferentes maneiras? Essa idia de setrabalhar com uma problematizao, de certaforma deixa de lado a questo da determinao,do que estabelecido e proporciona uma aberturaa situaes novas de construo dos saberesonde a criana passa a socializar seusconhecimentos. Desta maneira os encontros foramestruturados de forma a responder esta questoao longo do projeto.

    O primeiro encontro surgiu partir deperguntas feitas pelos prprios alunos duranteuma roda de conversa e atravs destas perguntasoutras foram surgindo e o interesse em pesquisar

    sobre esse universo contagiou a todos na sala deaula. As perguntas foram feitas de uma maneirasimples, por exemplo: Como as crianas de outroslugares ou pases vivem? Do que elas gostam debrincar? Quais brincadeiras as crianas deantigamente faziam? Com essa problematizaocriou-se espao para a curiosidade, paraindagaes das crianas, questes estas que setornaram o propsito da investigao, poisproblematizar corresponde a construircoletivamente questes que acompanharo ogrupo em todo o seu percurso e servir dereferncia para debates, discusses e reflexes.

    Sendo assim as crianas puderam conhecer ahistria da prpria cultura e de outras, pois durante

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    a roda de conversa discutimos, trocamosinformaes e nos organizamos para os futurosencontros. Uma das fontes de pesquisa que mechamou muito a ateno foi trazida por um alunona qual trouxe um depoimento de sua me sobre otempo que estiveram passando na Alemanha. O

    relato, as fotos trazidas, as histrias vivenciadasdurante o tempo que ficou neste outro pas foi degrande contribuio para o nosso projeto detrabalho, pois a participao, o envolvimento dafamlia com a escola muito importante para aconstruo do conhecimento, o aluno sem dvidas tem a ganhar com essa relao, no s aqueleque traz, que socializa a informao, mas para ocoletivo da sala de aula, e isso desmistifica umpouco a idia do que seja pesquisar, para muitospesquisa somente abrir uma revista e recortar oque se est procura ou ento s se pesquisanos livros. Pesquisar poder ir alm, resgatar algo

    que um dia tambm foi vivenciado e traz- lo emforma de depoimento, de informao.

    Concluso

    Podemos perceber atravs dos dados e dasintervenes oriundas desta pesquisa que a idiade projeto como um vir- a- ser algo quedepende que o professor desapegue-se demarcas, amarras que ele traz na sua formao,pois, por mais que teoricamente o envolvimentodo aluno esteja previsto no planejamento, muitasvezes acabamos adiantando esse processo e no

    permitimos que o aluno observe, descubra, pois noaf de terminar, de acabar, de termos o toesperado produto pronto, terminado, nopermitimos a construo do conhecimento de umaforma significativa para o aluno. Podemosperceber tambm a complexidade da obra dearte, pois samos de uma dimenso formalista eentramos no campo da interdisciplinaridade, ondefoi possvel ver a obra de maneira contextualizadapor diferentes ngulos.

    Acredita-se que os dados desta pesquisapossam contribuir de forma significativa para odesenvolvimento de projetos de trabalho, onde a

    obra de arte esteja presente numa dimenso quepossibilite a construo e a formao de um olharcrtico, atravs da observao, apreciao, eprincipalmente da contextualizao, pois toda obrade arte pertence a um contexto histrico, este porsua vez traz as marcas do tempo em que foiproduzida e tambm o observador imprime suasmarcas no momento em que a observa.

    Referncias

    BARBOSA, A. M. A imagem no ensino da Arte.So Paulo: Perspectiva, 2001.134 p.

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