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ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO MARECHAL CASTELLO BRANCO TC Inf ROGÉRIO PREVATO MOREIRA ORBE Rio de Janeiro 2019 A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

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Page 1: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXEacuteRCITO MARECHAL CASTELLO BRANCO

TC Inf ROGEacuteRIO PREVATO MOREIRA ORBE

Rio de Janeiro

2019

A CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-

ECONOcircMICA PARA O DESENVOLVIMENTO

DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

TC Inf ROGEacuteRIO PREVATO MOREIRA ORBE

A CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA O DESENVOLVIMENTO DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado agrave Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito como requisito parcial a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de especialista em Ciecircncias Militares

Orientador TC MB Cristiano Mauri da Silva

Rio de Janeiro

2019

O64c Orbe Rogeacuterio Prevato Moreira

A conscientizaccedilatildeo poliacutetica-econocircmica para o desenvolvimento da

Induacutestria Nacional de Defesa Rogeacuterio Prevato Moreira Orbe 一2019 48 fl il 30 cm

Orientaccedilatildeo Cristiano Mauri da Silva

Trabalho de Conclusatildeo de Curso (Especializaccedilatildeo em Ciecircncias

Militares)一Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito Rio de Janeiro 2019

Bibliografia fl 47-48

1 INDUacuteSTRIA DE DEFESA 2 ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA 3

BASE INDUSTRIAL DE DEFESA I Tiacutetulo

CDD 3556

TC Inf ROGEacuteRIO PREVATO MOREIRA ORBE

A CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA O DESENVOLVIMENTO DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado agrave Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista em Ciecircncias Militares com ecircnfase em Defesa Nacional

Aprovado em _____ de_______________ de________

COMISSAtildeO AVALIADORA

_________________________________________________

Cristiano Mauri da Silva - TC MB - Presidente

Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito

_________________________________________________

Eduardo Teixeira Costa Mattos ndash TC Inf - 1ordm Membro

Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito

_________________________________________________

Enio Correcirca de Souza - TC Com - 2ordm Membro

Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito

ldquoLutai contra o conservantismo tornando-vos permeaacuteveis agraves ideacuteias novas a fim de que possais escapar agrave cristalizaccedilatildeo ao formalismo e agrave rotinardquo (Marechal Castello Branco)

AGRADECIMENTOS

Agrave Deus por ter me dado sauacutede e humildade para executar esta tarefa e a minha

amada esposa Cristiane e minhas filhas Luiza e Lara pela compreensatildeo durante a

execuccedilatildeo deste trabalho

Ao meu orientador TC MB Mauri meus sinceros agradecimentos pela dedicaccedilatildeo e

paciecircncia durante a elaboraccedilatildeo deste trabalho Agradeccedilo pela orientaccedilatildeo eficaz e

objetiva bem como pelas sugestotildees que facilitaram a conclusatildeo deste trabalho

A todos meus parentes e amigos que me ajudaram nesta tarefa

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo apresentar uma anaacutelise da Induacutestria Nacional de

Defesa de 1982 ateacute os dias atuais Aleacutem disto buscou evidenciar a importacircncia da

conscientizaccedilatildeo poliacutetica-econocircmica para o seu desenvolvimento bem como a

elaboraccedilatildeo de leis e regulamentos poliacuteticos cujas ideias satildeo de fomentar e

impulsionar o entendimento e investimento dos setores social e empresarial Por

meio de uma anaacutelise de livros atores artigos cientiacuteficos e trabalhos das mais

variadas aacutereas levantou-se motivos fatos e interesse dos principais atores

envolvidos no contexto da Induacutestria Nacional e sua relaccedilatildeo com a defesa Por fim o

trabalho buscou levantar possiacuteveis cenaacuterios advindos com o desenvolvimento da

Base Industrial de Defesa cujos reflexos beneficiam o meio militar e o civil atraveacutes

do emprego dual

Palavras-chave Induacutestria de Defesa Estrateacutegia Economia Base Industrial Brasil e

Importacircncia

ABSTRACT

This work aimed to present an analysis of the National Defense Industry from 1982

to the present days In addition it sought to highlight the importance of the political

and economic awareness for its development as well as the elaboration of laws and

political regulations whose ideas are to foster and boost the understanding and

investment of the social and business sectors Through an analysis of books actors

scientific articles and works from the most varied areas we raised motives facts and

interest of the main actors involved in the context of the National Industry and their

relationship with defense Finally the work sought to raise possible scenarios arising

from the development of the Defense Industrial Base whose reflexes benefit the

military and civil environment through dual employment

Key-words Defense Industry Strategy Economy Industrial Base Brazil and

Importance

9

LISTA DE FIGURAS E GRAacuteFICOS

Figura 1 ndash Brasil ndash desafiacuteos para a defesa 17

Figura 2 ndash Estrutura Organizacional da SEPROD 27

Figura 3 ndash Programa Nuclear da Marinha29

Figura 4 ndash Projeto GUARANI30

Figura 5 ndash Voo do GRIPEN brasileiro SAAB30

Figura 6 ndash Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi

utilizada tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial31

Figura 7 ndash Tecnologia de uso dual31

Figura 8 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)32

Figura 9 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)33

Figura 10 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)33

Figura 11 ndash Poliacuteticas Nacionais de Defesa35

Figura 12 ndash Importacircncia Estrateacutegica da BID38

Figura 13 ndash Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE39

Figura 14 ndash InvestimentoRetorno em Produtos de Defesa40

10

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 O PROBLEMA DE PESQUISA 13

12 OBJETIVOS 13

121 Objetivo Geral 13

122 Objetivos Especiacuteficos 13

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDOhelliphellip 14

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO 14

2 REFERENCIAL TEOacuteRICOhelliphelliphellip 15

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphellip 15

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 15

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 16

3 METODOLOGIAhelliphellip 16

31 TIPO DE PESQUISA 16

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980

ATEacute OS DIAS ATUAIS 17

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA

NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS 24

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-

ECONOcircMICA PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 35

7 CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIAShelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 47

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente trabalho tem como finalidade abordar a conscientizaccedilatildeo poliacutetica-

econocircmica da Induacutestria Nacional de Defesa O Brasil possui extenso terriacutetoacuterio sua

projeccedilatildeo no acircmbito regional e mundial estimulou o tema Seguranccedila e Defesa fato

que vem se ampliando no universo das discussotildees e estudos do campo poliacutetico e

econocircmico englobando ainda a sociedade em geral

O teacutermino do Governo Militar na deacutecada de 1980 foi acompanhado pelo

decliacutenio da induacutestria beacutelica brasileira em grande parte motivada pela reduccedilatildeo na

demanda exigida das Forccedilas Armadas (FFAA)

A formulaccedilatildeo de poliacuteticas governamentais deliberadas com vistas ao

desenvolvimento da ciecircncia e da tecnologia eacute fenocircmeno recente nos paiacuteses

industrializados e apenas incipiente nos paiacuteses em desenvolvimento A ENGESA

(Engenheiros Especializados SA) foi uma empresa de equipamentos beacutelicos

genuinamente brasileira fundada em 1958 que produzia veiacuteculos militares como o

EE-9 Cascavel e o EE-11 Urutu chegando a empregar mais de 5000 pessoas e a

vender seus produtos para 18 paiacuteses Contudo a empresa faliu em outubro de 1993

deixando uma diacutevida de R$ 15 bilhatildeo

A partir dos anos de 2000 a Induacutestria Nacional de Defesa retorna a posiccedilatildeo

de destaque no paiacutes principalmente atraveacutes da Estrateacutegia Nacional de Defesa

(END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo (PDP) ambas de 2008 Essas

passaram a contribuir de forma significativa para a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e

poliacuteticas direcionadas para a induacutestria e inovaccedilatildeo na aacuterea de defesa

Um paiacutes estar preparado para se defender eacute considerado uma questatildeo de

soberania nacional e para isto natildeo basta ter armas e um grande contingente de

homens Eacute preciso dominar a alta tecnologia e contar com homens devidamente

treinados capazes de operar novos sistemas Assim a estrateacutegia de defesa deve

focar na capacitaccedilatildeo interna que consiste em ter capacidade industrial e tecnoloacutegica

(RAVARA 2001)

No acircmbito mundial foi verificado a tendecircncia de ampliaccedilatildeo referente aos

programas de natureza cientiacutefica e tecnoloacutegica de defesa agraves aplicaccedilotildees do meio

civil com o consequente crescimento das instituiccedilotildees formadas para aplicar essas

12

poliacuteticas Dessa forma ocorreu a raacutepida elevaccedilatildeo dos gastos em pesquisa e

desenvolvimento atingindo niacuteveis que se consideram hoje em dia de difiacutecil

superaccedilatildeo e que possui como principais atores os paiacuteses de maior relevacircncia da

Europa o Japatildeo os Estados Unidos da Ameacuterica e a Ruacutessia

No Brasil o desenvolvimento econocircmico caracteriza-se por fortes oscilaccedilotildees

devido as maacutes governanccedilas que estiveram a frente da conduccedilatildeo do paiacutes De certa

forma os resultados da inoperacircnica governamental refletiram em um setor primordial

para a induacutestria a inovaccedilatildeo Essa questatildeo exige que almejamos o retorno tal qual o

verificado no auge da induacutestria de defesa brasileira durante a deacutecada de 1980

quando o Brasil exportou armamentos para diversos paiacuteses do Oriente Meacutedio com

destaque para o Iraque que estava em guerra com o Iratilde

O pequeno papel desempenhado pelos fatores de inovaccedilatildeo em todas as

atividades produtivas foi a insuficiecircncia dos fundos disponiacuteveis para atender a todas

as direccedilotildees de pesquisa e de desenvolvimento consideradas promissoras para a

inovaccedilatildeo industrial

O desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa necessita de bases que

forneccedilam suporte para a mudanccedila das atitudes e do ambiente econocircmico e social

em geral objetivando o fortalecimento das instituiccedilotildees que devem integrar um

sistema cientiacutefico e tecnoloacutegico e que satildeo constituiacutedas tanto pelos laboratoacuterios

universitaacuterios e institutos oficiais de pesquisa aplicada bem como das instituiccedilotildees

governamentais encarregadas de orientar encaminhar e supervisionar de maneira

permanente todo o processo de criaccedilatildeo cientiacutefica

A induacutestria beacutelica se configura em um dos campos mais avanccedilados em

termos de desenvolvimento tecnoloacutegico Desse modo o seu desenvolvimento visa a

aspiraccedilatildeo de uma induacutestria de defesa autoacutectone a fim de permitir ao paiacutes transferir

os avanccedilos tecnoloacutegicos do campo militar para o civil tornando-o desenvolvido pelo

menos com relaccedilatildeo agrave base industrial instalada e assim criar condiccedilotildees para que as

induacutestrias prosperem jaacute que no Brasil no caso da aacuterea de defesa o apoio

governamental eacute determinante natildeo soacute em relaccedilatildeo aos investimentos em

infraestrutura mas muitas vezes o proacuteprio Estado se torna importante ou mesmo o

uacutenico ofertante e demandante

Desta forma o desenvolvimento da consciecircncia nacional voltada para a

Induacutestria de Defesa necessita do envolvimento do Estado Brasileiro das induacutestrias e

13

seus empresaacuterios e da populaccedilatildeo visando atender as preocupaccedilotildees do paiacutes na

atualidade

11 PROBLEMA DE PESQUISA

Dos anos de 1980 e ao longo dos anos de 1990 a Induacutestria Nacional de Defesa

vivenciou baixa produtividade evidenciada por crise econocircmica e falta de estrateacutegia

para se reerguer

A partir dos anos 2000 ocorreram medidas do Estado Brasileiro visando

possibilitar o desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa por meio da

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo

(PDP)

Em decorrecircncia de tais atitudes a grande questatildeo na atualidade eacute se os

caminhos traccedilados principalmente os poliacuteticos-econocircmicos seratildeo capazes de

proporcionar o desenvolvimento industrial relativo a defesa

O presente trabalho de conclusatildeo de curso seraacute desenvolvido em torno do

seguinte problema de que forma conscientizar o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico para o fortalecimento da Induacutestria Nacional de Defesa

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Verificar a importacircncia da conscientizaccedilatildeo para o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico da Induacutestria Nacional de Defesa

122 Objetivos Especiacuteficos

a Caracterizar o Brasil

b Apresentar o histoacuterico da Induacutestria Nacional de Defesa

c Apresentar as poliacuteticas elaboradas para a Induacutestria Nacional de Defesa no

Brasil dos anos de 1980 ateacute os dias atuais

d Apresentar a Estrateacutegia Nacional de Defesa

e Apresentar a Base Industrial de Defesa e

14

f Caracterizar a importacircncia do desenvolvimento da Induacutestria Nacional de

Defesa

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDO

O presente estudo estaraacute limitado as tentativas poliacuteticas e econocircmicas

empreendidas pelo Estado Brasileiro particularmente as ocorridas apoacutes o Governo

dos Militares ateacute os dias atuais E ainda pela tentativa de incutir a relevacircncia do

tema na sociedade empresarial e civil Dessa forma o estudo abordaraacute a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) e Base Industrial de Defesa (BID)

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO

O trabalho eacute relevante por contribuir para a realizaccedilatildeo de um estudo mais

aprofundado sobre a Induacutestria de Defesa do Brasil haja vista que o paiacutes eacute o maior

da Ameacuterica do Sul possuidor de imensa extensatildeo territorial e fronteiriccedila

Diante das reformas estruturais de cunho neoliberal as Forccedilas Armadas foi um

dos setores que mais sofreu com a realidade dos cortes no orccedilamento da uniatildeo

para garantir o pagamento da diacutevida puacuteblica do paiacutes

Na gestatildeo do Ministro da Defesa Nelson Jobim o Ministeacuterio publicou a primeira

versatildeo da Estrateacutegia Nacional de Defesa o principal documento que direcionou as

poliacuteticas puacuteblicas para o setor De forma geral e similar a eacutepoca do Governo Militar

um de seus principais eixos foi apostar na revitalizaccedilatildeo da induacutestria de defesa no

paiacutes visando garantir a seguranccedila nacional atraveacutes do desenvolvimento industrial e

tecnoloacutegico

A dialeacutetica poliacutetica e econocircmica do Brasil no seacuteculo XX pautou-se

principalmente no que fazer para o paiacutes deixar de ser subdesenvolvido e se tornar

uma grande potecircncia sobretudo regional As Forccedilas Armadas particularmente o

Exeacutercito Brasileiro foram fundamentais nas pautas que abarcam esse tema Como

uma das uacutenicas instituiccedilotildees espalhadas por todo o paiacutes ateacute entatildeo tem na sua

capilaridade alicerces que contribuem para desenvolver a Naccedilatildeo

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA

A Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) estabelece diretrizes para a adequada

preparaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas permitido garantir a seguranccedila do

paiacutes tanto em tempo de paz quanto em situaccedilotildees de crise

Essa mesma END foi desenvolvida visando atender as necessidades de

equipamento reorganizando principalmente a induacutestria de defesa para que as

tecnologias mais avanccediladas estejam sob domiacutenio nacional

Estrateacutegia nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeo Defendido o Brasil teraacute como dizer natildeo quando tiver que dizer natildeo Teraacute capacidade para construir seu proacuteprio modelo de desenvolvimento (END p 42)

O crescimento e aprimoramento da estrutura de defesa proporciona maior

estabilidade ao paiacutes bem como assegura a proteccedilatildeo de seu territoacuterio de sua

populaccedilatildeo e de setores estrateacutegicos da economia

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA

Formada pelo conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de

organizaccedilotildees civis e militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto

desenvolvimento industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo

conversatildeo modernizaccedilatildeo ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (Prode) no Paiacutes

(Estrateacutegia Nacional de Defesa ano 2012)

Segundo Silva (2011) no iniacutecio da deacutecada de 2000 houve o iniacutecio de um novo

periacuteodo de crescimento da induacutestria militar brasileira particularmente em funccedilatildeo da

produccedilatildeo de aeronaves de combate (A-29 Super Tucano) e de vigilacircncia e

sensoriamento remoto (Emb - 145 AEW) fabricados pela EMBRAER

Poreacutem Silva identificou ainda que a proacutepria ediccedilatildeo 2012 da Estrateacutegia Nacional

de Defesa (END) aponta entre outras vulnerabilidades da atual estrutura de defesa

brasileira a descontinuidade de recursos como uma importante variaacutevel a ser

considerada onde se verifica a seguinte observaccedilatildeo sobre o assunto histoacuterica

16

descontinuidade na alocaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuteria para a defesa (BRASIL

2011 p5)

Diante do exposto observa-se a restriccedilatildeo dos recursos puacuteblicos que podem vir a

reprimir a demanda dos Projetos Estrateacutegicos do Exeacutercito Brasileiro (EB)

acarretando o enfraquecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Um dos propoacutesitos da Poliacutetica Nacional de Defesa eacute conscientizar todos os

segmentos da sociedade brasileira da importacircncia da defesa do Paiacutes e de que esta

eacute um dever de todos os brasileiros (PND p12)

Sendo assim verifica-se a importacircncia do amadurecimento da sociedade

brasileira frente ao desafio de entender e compreender a necessidade do

desenvolvimento de um caraacuteter coletivo que circunda a Defesa Nacional

A partir desse entendimento as facilidades decorrentes poderatildeo ocasionar um

salto para o aperfeiccediloamento das poliacuteticas e das questotildees econocircmicas pois seratildeo

formados os alicerces que impulsionam a vontade nacional relativos ao tema Cabe

ressaltar que o setor de Defesa no Brasil eacute responsaacutevel por 60 mil empregos diretos

e 240 mil indiretos corroborando os efeitos positivos de seu desenvolvimento

3 METODOLOGIA

31 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo seraacute realizado principalmente por meio de uma pesquisa

bibliograacutefica pois basearaacute sua fundamentaccedilatildeo teoacuterico-metodoloacutegica na investigaccedilatildeo

sobre os assuntos relacionados a Induacutestria Nacional de Defesa em livros manuais e

artigos de acesso livre ao puacuteblico em geral incluindo-se nesses aqueles

disponibilizados pela rede mundial de computadores

17

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS

ATUAIS

O Brasil localizado no subcontinente Ameacuterica do Sul possui aacuterea com cerca de

85 milhotildees de kmsup2 e litoral voltado para o Atlacircntico de 74 mil km sendo o quinto

maior paiacutes em espaccedilo geograacutefico do mundo (BRASIL 2016)

Embora o Brasil faccedila fronteira com nove paiacuteses sul-americanos e um territoacuterio

ultramarino da Franccedila (perfazendo uma faixa de 169 mil km de extensatildeo) o Paiacutes

tem ainda hoje uma ldquoorientaccedilatildeo secular Atlacircntica e voltada para o lesterdquo (EAKIN

2014 p42) o que influencia o pensamento dos brasileiros sobre o paiacutes e seu lugar

no mundo Neste aspecto a anaacutelise geopoliacutetica de Mario Travassos ressalta a

importacircncia da cordilheira andina como grande divisor dos dois antagonismos

geograacuteficos da Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico (MATTOS 2002 p59)

Figura 1 Brasil ndash desafios para a defesa

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

Aliado a isso tambeacutem houve o desenvolvimento tardio das instituiccedilotildees de ensino

superior e sua concentraccedilatildeo em poucas cidades influenciando na formaccedilatildeo de

elites brasileiras mais pacifistas (EAKIN 2014 p48)

Ademais a Amazocircnia brasileira rica em recursos minerais de toda ordem e

maior biodiversidade do planeta foi e ainda eacute uma aacuterea pouco povoada devido agraves

suas condiccedilotildees geograacuteficas as quais em sua maior totalidade ainda satildeo

18

consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

REFEREcircNCIAS

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UFSC Cotidiano UFSC Disponiacutevel em lthttpcotidianositesufscbra-universidade-federalde-santa-catarina-recebe-curso-de-extensao-em-defesa-nacionalgt

Page 2: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

TC Inf ROGEacuteRIO PREVATO MOREIRA ORBE

A CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA O DESENVOLVIMENTO DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado agrave Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito como requisito parcial a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de especialista em Ciecircncias Militares

Orientador TC MB Cristiano Mauri da Silva

Rio de Janeiro

2019

O64c Orbe Rogeacuterio Prevato Moreira

A conscientizaccedilatildeo poliacutetica-econocircmica para o desenvolvimento da

Induacutestria Nacional de Defesa Rogeacuterio Prevato Moreira Orbe 一2019 48 fl il 30 cm

Orientaccedilatildeo Cristiano Mauri da Silva

Trabalho de Conclusatildeo de Curso (Especializaccedilatildeo em Ciecircncias

Militares)一Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito Rio de Janeiro 2019

Bibliografia fl 47-48

1 INDUacuteSTRIA DE DEFESA 2 ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA 3

BASE INDUSTRIAL DE DEFESA I Tiacutetulo

CDD 3556

TC Inf ROGEacuteRIO PREVATO MOREIRA ORBE

A CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA O DESENVOLVIMENTO DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado agrave Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista em Ciecircncias Militares com ecircnfase em Defesa Nacional

Aprovado em _____ de_______________ de________

COMISSAtildeO AVALIADORA

_________________________________________________

Cristiano Mauri da Silva - TC MB - Presidente

Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito

_________________________________________________

Eduardo Teixeira Costa Mattos ndash TC Inf - 1ordm Membro

Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito

_________________________________________________

Enio Correcirca de Souza - TC Com - 2ordm Membro

Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito

ldquoLutai contra o conservantismo tornando-vos permeaacuteveis agraves ideacuteias novas a fim de que possais escapar agrave cristalizaccedilatildeo ao formalismo e agrave rotinardquo (Marechal Castello Branco)

AGRADECIMENTOS

Agrave Deus por ter me dado sauacutede e humildade para executar esta tarefa e a minha

amada esposa Cristiane e minhas filhas Luiza e Lara pela compreensatildeo durante a

execuccedilatildeo deste trabalho

Ao meu orientador TC MB Mauri meus sinceros agradecimentos pela dedicaccedilatildeo e

paciecircncia durante a elaboraccedilatildeo deste trabalho Agradeccedilo pela orientaccedilatildeo eficaz e

objetiva bem como pelas sugestotildees que facilitaram a conclusatildeo deste trabalho

A todos meus parentes e amigos que me ajudaram nesta tarefa

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo apresentar uma anaacutelise da Induacutestria Nacional de

Defesa de 1982 ateacute os dias atuais Aleacutem disto buscou evidenciar a importacircncia da

conscientizaccedilatildeo poliacutetica-econocircmica para o seu desenvolvimento bem como a

elaboraccedilatildeo de leis e regulamentos poliacuteticos cujas ideias satildeo de fomentar e

impulsionar o entendimento e investimento dos setores social e empresarial Por

meio de uma anaacutelise de livros atores artigos cientiacuteficos e trabalhos das mais

variadas aacutereas levantou-se motivos fatos e interesse dos principais atores

envolvidos no contexto da Induacutestria Nacional e sua relaccedilatildeo com a defesa Por fim o

trabalho buscou levantar possiacuteveis cenaacuterios advindos com o desenvolvimento da

Base Industrial de Defesa cujos reflexos beneficiam o meio militar e o civil atraveacutes

do emprego dual

Palavras-chave Induacutestria de Defesa Estrateacutegia Economia Base Industrial Brasil e

Importacircncia

ABSTRACT

This work aimed to present an analysis of the National Defense Industry from 1982

to the present days In addition it sought to highlight the importance of the political

and economic awareness for its development as well as the elaboration of laws and

political regulations whose ideas are to foster and boost the understanding and

investment of the social and business sectors Through an analysis of books actors

scientific articles and works from the most varied areas we raised motives facts and

interest of the main actors involved in the context of the National Industry and their

relationship with defense Finally the work sought to raise possible scenarios arising

from the development of the Defense Industrial Base whose reflexes benefit the

military and civil environment through dual employment

Key-words Defense Industry Strategy Economy Industrial Base Brazil and

Importance

9

LISTA DE FIGURAS E GRAacuteFICOS

Figura 1 ndash Brasil ndash desafiacuteos para a defesa 17

Figura 2 ndash Estrutura Organizacional da SEPROD 27

Figura 3 ndash Programa Nuclear da Marinha29

Figura 4 ndash Projeto GUARANI30

Figura 5 ndash Voo do GRIPEN brasileiro SAAB30

Figura 6 ndash Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi

utilizada tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial31

Figura 7 ndash Tecnologia de uso dual31

Figura 8 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)32

Figura 9 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)33

Figura 10 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)33

Figura 11 ndash Poliacuteticas Nacionais de Defesa35

Figura 12 ndash Importacircncia Estrateacutegica da BID38

Figura 13 ndash Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE39

Figura 14 ndash InvestimentoRetorno em Produtos de Defesa40

10

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 O PROBLEMA DE PESQUISA 13

12 OBJETIVOS 13

121 Objetivo Geral 13

122 Objetivos Especiacuteficos 13

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDOhelliphellip 14

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO 14

2 REFERENCIAL TEOacuteRICOhelliphelliphellip 15

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphellip 15

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 15

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 16

3 METODOLOGIAhelliphellip 16

31 TIPO DE PESQUISA 16

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980

ATEacute OS DIAS ATUAIS 17

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA

NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS 24

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-

ECONOcircMICA PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 35

7 CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIAShelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 47

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente trabalho tem como finalidade abordar a conscientizaccedilatildeo poliacutetica-

econocircmica da Induacutestria Nacional de Defesa O Brasil possui extenso terriacutetoacuterio sua

projeccedilatildeo no acircmbito regional e mundial estimulou o tema Seguranccedila e Defesa fato

que vem se ampliando no universo das discussotildees e estudos do campo poliacutetico e

econocircmico englobando ainda a sociedade em geral

O teacutermino do Governo Militar na deacutecada de 1980 foi acompanhado pelo

decliacutenio da induacutestria beacutelica brasileira em grande parte motivada pela reduccedilatildeo na

demanda exigida das Forccedilas Armadas (FFAA)

A formulaccedilatildeo de poliacuteticas governamentais deliberadas com vistas ao

desenvolvimento da ciecircncia e da tecnologia eacute fenocircmeno recente nos paiacuteses

industrializados e apenas incipiente nos paiacuteses em desenvolvimento A ENGESA

(Engenheiros Especializados SA) foi uma empresa de equipamentos beacutelicos

genuinamente brasileira fundada em 1958 que produzia veiacuteculos militares como o

EE-9 Cascavel e o EE-11 Urutu chegando a empregar mais de 5000 pessoas e a

vender seus produtos para 18 paiacuteses Contudo a empresa faliu em outubro de 1993

deixando uma diacutevida de R$ 15 bilhatildeo

A partir dos anos de 2000 a Induacutestria Nacional de Defesa retorna a posiccedilatildeo

de destaque no paiacutes principalmente atraveacutes da Estrateacutegia Nacional de Defesa

(END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo (PDP) ambas de 2008 Essas

passaram a contribuir de forma significativa para a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e

poliacuteticas direcionadas para a induacutestria e inovaccedilatildeo na aacuterea de defesa

Um paiacutes estar preparado para se defender eacute considerado uma questatildeo de

soberania nacional e para isto natildeo basta ter armas e um grande contingente de

homens Eacute preciso dominar a alta tecnologia e contar com homens devidamente

treinados capazes de operar novos sistemas Assim a estrateacutegia de defesa deve

focar na capacitaccedilatildeo interna que consiste em ter capacidade industrial e tecnoloacutegica

(RAVARA 2001)

No acircmbito mundial foi verificado a tendecircncia de ampliaccedilatildeo referente aos

programas de natureza cientiacutefica e tecnoloacutegica de defesa agraves aplicaccedilotildees do meio

civil com o consequente crescimento das instituiccedilotildees formadas para aplicar essas

12

poliacuteticas Dessa forma ocorreu a raacutepida elevaccedilatildeo dos gastos em pesquisa e

desenvolvimento atingindo niacuteveis que se consideram hoje em dia de difiacutecil

superaccedilatildeo e que possui como principais atores os paiacuteses de maior relevacircncia da

Europa o Japatildeo os Estados Unidos da Ameacuterica e a Ruacutessia

No Brasil o desenvolvimento econocircmico caracteriza-se por fortes oscilaccedilotildees

devido as maacutes governanccedilas que estiveram a frente da conduccedilatildeo do paiacutes De certa

forma os resultados da inoperacircnica governamental refletiram em um setor primordial

para a induacutestria a inovaccedilatildeo Essa questatildeo exige que almejamos o retorno tal qual o

verificado no auge da induacutestria de defesa brasileira durante a deacutecada de 1980

quando o Brasil exportou armamentos para diversos paiacuteses do Oriente Meacutedio com

destaque para o Iraque que estava em guerra com o Iratilde

O pequeno papel desempenhado pelos fatores de inovaccedilatildeo em todas as

atividades produtivas foi a insuficiecircncia dos fundos disponiacuteveis para atender a todas

as direccedilotildees de pesquisa e de desenvolvimento consideradas promissoras para a

inovaccedilatildeo industrial

O desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa necessita de bases que

forneccedilam suporte para a mudanccedila das atitudes e do ambiente econocircmico e social

em geral objetivando o fortalecimento das instituiccedilotildees que devem integrar um

sistema cientiacutefico e tecnoloacutegico e que satildeo constituiacutedas tanto pelos laboratoacuterios

universitaacuterios e institutos oficiais de pesquisa aplicada bem como das instituiccedilotildees

governamentais encarregadas de orientar encaminhar e supervisionar de maneira

permanente todo o processo de criaccedilatildeo cientiacutefica

A induacutestria beacutelica se configura em um dos campos mais avanccedilados em

termos de desenvolvimento tecnoloacutegico Desse modo o seu desenvolvimento visa a

aspiraccedilatildeo de uma induacutestria de defesa autoacutectone a fim de permitir ao paiacutes transferir

os avanccedilos tecnoloacutegicos do campo militar para o civil tornando-o desenvolvido pelo

menos com relaccedilatildeo agrave base industrial instalada e assim criar condiccedilotildees para que as

induacutestrias prosperem jaacute que no Brasil no caso da aacuterea de defesa o apoio

governamental eacute determinante natildeo soacute em relaccedilatildeo aos investimentos em

infraestrutura mas muitas vezes o proacuteprio Estado se torna importante ou mesmo o

uacutenico ofertante e demandante

Desta forma o desenvolvimento da consciecircncia nacional voltada para a

Induacutestria de Defesa necessita do envolvimento do Estado Brasileiro das induacutestrias e

13

seus empresaacuterios e da populaccedilatildeo visando atender as preocupaccedilotildees do paiacutes na

atualidade

11 PROBLEMA DE PESQUISA

Dos anos de 1980 e ao longo dos anos de 1990 a Induacutestria Nacional de Defesa

vivenciou baixa produtividade evidenciada por crise econocircmica e falta de estrateacutegia

para se reerguer

A partir dos anos 2000 ocorreram medidas do Estado Brasileiro visando

possibilitar o desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa por meio da

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo

(PDP)

Em decorrecircncia de tais atitudes a grande questatildeo na atualidade eacute se os

caminhos traccedilados principalmente os poliacuteticos-econocircmicos seratildeo capazes de

proporcionar o desenvolvimento industrial relativo a defesa

O presente trabalho de conclusatildeo de curso seraacute desenvolvido em torno do

seguinte problema de que forma conscientizar o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico para o fortalecimento da Induacutestria Nacional de Defesa

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Verificar a importacircncia da conscientizaccedilatildeo para o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico da Induacutestria Nacional de Defesa

122 Objetivos Especiacuteficos

a Caracterizar o Brasil

b Apresentar o histoacuterico da Induacutestria Nacional de Defesa

c Apresentar as poliacuteticas elaboradas para a Induacutestria Nacional de Defesa no

Brasil dos anos de 1980 ateacute os dias atuais

d Apresentar a Estrateacutegia Nacional de Defesa

e Apresentar a Base Industrial de Defesa e

14

f Caracterizar a importacircncia do desenvolvimento da Induacutestria Nacional de

Defesa

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDO

O presente estudo estaraacute limitado as tentativas poliacuteticas e econocircmicas

empreendidas pelo Estado Brasileiro particularmente as ocorridas apoacutes o Governo

dos Militares ateacute os dias atuais E ainda pela tentativa de incutir a relevacircncia do

tema na sociedade empresarial e civil Dessa forma o estudo abordaraacute a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) e Base Industrial de Defesa (BID)

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO

O trabalho eacute relevante por contribuir para a realizaccedilatildeo de um estudo mais

aprofundado sobre a Induacutestria de Defesa do Brasil haja vista que o paiacutes eacute o maior

da Ameacuterica do Sul possuidor de imensa extensatildeo territorial e fronteiriccedila

Diante das reformas estruturais de cunho neoliberal as Forccedilas Armadas foi um

dos setores que mais sofreu com a realidade dos cortes no orccedilamento da uniatildeo

para garantir o pagamento da diacutevida puacuteblica do paiacutes

Na gestatildeo do Ministro da Defesa Nelson Jobim o Ministeacuterio publicou a primeira

versatildeo da Estrateacutegia Nacional de Defesa o principal documento que direcionou as

poliacuteticas puacuteblicas para o setor De forma geral e similar a eacutepoca do Governo Militar

um de seus principais eixos foi apostar na revitalizaccedilatildeo da induacutestria de defesa no

paiacutes visando garantir a seguranccedila nacional atraveacutes do desenvolvimento industrial e

tecnoloacutegico

A dialeacutetica poliacutetica e econocircmica do Brasil no seacuteculo XX pautou-se

principalmente no que fazer para o paiacutes deixar de ser subdesenvolvido e se tornar

uma grande potecircncia sobretudo regional As Forccedilas Armadas particularmente o

Exeacutercito Brasileiro foram fundamentais nas pautas que abarcam esse tema Como

uma das uacutenicas instituiccedilotildees espalhadas por todo o paiacutes ateacute entatildeo tem na sua

capilaridade alicerces que contribuem para desenvolver a Naccedilatildeo

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA

A Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) estabelece diretrizes para a adequada

preparaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas permitido garantir a seguranccedila do

paiacutes tanto em tempo de paz quanto em situaccedilotildees de crise

Essa mesma END foi desenvolvida visando atender as necessidades de

equipamento reorganizando principalmente a induacutestria de defesa para que as

tecnologias mais avanccediladas estejam sob domiacutenio nacional

Estrateacutegia nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeo Defendido o Brasil teraacute como dizer natildeo quando tiver que dizer natildeo Teraacute capacidade para construir seu proacuteprio modelo de desenvolvimento (END p 42)

O crescimento e aprimoramento da estrutura de defesa proporciona maior

estabilidade ao paiacutes bem como assegura a proteccedilatildeo de seu territoacuterio de sua

populaccedilatildeo e de setores estrateacutegicos da economia

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA

Formada pelo conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de

organizaccedilotildees civis e militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto

desenvolvimento industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo

conversatildeo modernizaccedilatildeo ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (Prode) no Paiacutes

(Estrateacutegia Nacional de Defesa ano 2012)

Segundo Silva (2011) no iniacutecio da deacutecada de 2000 houve o iniacutecio de um novo

periacuteodo de crescimento da induacutestria militar brasileira particularmente em funccedilatildeo da

produccedilatildeo de aeronaves de combate (A-29 Super Tucano) e de vigilacircncia e

sensoriamento remoto (Emb - 145 AEW) fabricados pela EMBRAER

Poreacutem Silva identificou ainda que a proacutepria ediccedilatildeo 2012 da Estrateacutegia Nacional

de Defesa (END) aponta entre outras vulnerabilidades da atual estrutura de defesa

brasileira a descontinuidade de recursos como uma importante variaacutevel a ser

considerada onde se verifica a seguinte observaccedilatildeo sobre o assunto histoacuterica

16

descontinuidade na alocaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuteria para a defesa (BRASIL

2011 p5)

Diante do exposto observa-se a restriccedilatildeo dos recursos puacuteblicos que podem vir a

reprimir a demanda dos Projetos Estrateacutegicos do Exeacutercito Brasileiro (EB)

acarretando o enfraquecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Um dos propoacutesitos da Poliacutetica Nacional de Defesa eacute conscientizar todos os

segmentos da sociedade brasileira da importacircncia da defesa do Paiacutes e de que esta

eacute um dever de todos os brasileiros (PND p12)

Sendo assim verifica-se a importacircncia do amadurecimento da sociedade

brasileira frente ao desafio de entender e compreender a necessidade do

desenvolvimento de um caraacuteter coletivo que circunda a Defesa Nacional

A partir desse entendimento as facilidades decorrentes poderatildeo ocasionar um

salto para o aperfeiccediloamento das poliacuteticas e das questotildees econocircmicas pois seratildeo

formados os alicerces que impulsionam a vontade nacional relativos ao tema Cabe

ressaltar que o setor de Defesa no Brasil eacute responsaacutevel por 60 mil empregos diretos

e 240 mil indiretos corroborando os efeitos positivos de seu desenvolvimento

3 METODOLOGIA

31 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo seraacute realizado principalmente por meio de uma pesquisa

bibliograacutefica pois basearaacute sua fundamentaccedilatildeo teoacuterico-metodoloacutegica na investigaccedilatildeo

sobre os assuntos relacionados a Induacutestria Nacional de Defesa em livros manuais e

artigos de acesso livre ao puacuteblico em geral incluindo-se nesses aqueles

disponibilizados pela rede mundial de computadores

17

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS

ATUAIS

O Brasil localizado no subcontinente Ameacuterica do Sul possui aacuterea com cerca de

85 milhotildees de kmsup2 e litoral voltado para o Atlacircntico de 74 mil km sendo o quinto

maior paiacutes em espaccedilo geograacutefico do mundo (BRASIL 2016)

Embora o Brasil faccedila fronteira com nove paiacuteses sul-americanos e um territoacuterio

ultramarino da Franccedila (perfazendo uma faixa de 169 mil km de extensatildeo) o Paiacutes

tem ainda hoje uma ldquoorientaccedilatildeo secular Atlacircntica e voltada para o lesterdquo (EAKIN

2014 p42) o que influencia o pensamento dos brasileiros sobre o paiacutes e seu lugar

no mundo Neste aspecto a anaacutelise geopoliacutetica de Mario Travassos ressalta a

importacircncia da cordilheira andina como grande divisor dos dois antagonismos

geograacuteficos da Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico (MATTOS 2002 p59)

Figura 1 Brasil ndash desafios para a defesa

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

Aliado a isso tambeacutem houve o desenvolvimento tardio das instituiccedilotildees de ensino

superior e sua concentraccedilatildeo em poucas cidades influenciando na formaccedilatildeo de

elites brasileiras mais pacifistas (EAKIN 2014 p48)

Ademais a Amazocircnia brasileira rica em recursos minerais de toda ordem e

maior biodiversidade do planeta foi e ainda eacute uma aacuterea pouco povoada devido agraves

suas condiccedilotildees geograacuteficas as quais em sua maior totalidade ainda satildeo

18

consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

REFEREcircNCIAS

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CORREcircA Glauco Corbari A Poliacutetica de Defesa do Brasil No Seacuteculo XXI Brazilrsquos Defense Policy in the 21st Century Coleccedilatildeo Meira Mattos-Revista das Ciecircncias Militares v 8 n31 p 29-38 2014

Estrateacutegia Nacional de Defesa Brasiacutelia DF 2012(b) Disponiacutevel em lthttpwwwdefesagovbr arquivos2012mes07endpdfgt

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MARQUES Adriana Aparecida Amazocircnia pensamento e presenccedila militar 2007 233f Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo 2007 MARQUES Adriana A MEDEIROS FILHO Oscar Entre a ldquoSeguranccedila Democraacuteticardquo e a ldquoDefesa Integralrdquo Uma Anaacutelise de Duas Doutrinas Militares no Canto Noroeste do Subcontinente Sul-Americano In INSTITUTO DE PESQUISA Econocircmica Aplicada O Brasil e a seguranccedila no seu entorno estrateacutegico Ameacuterica do Sul e Atlacircntico Sul Brasiacutelia Ipea 2014

MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade geopoliacutetica brasileira Rio de JaneiroBiblioteca do Exeacutercito Editora 2002

MEDEIROS FILHO Oscar Cenaacuterios geopoliacuteticos e emprego das Forccedilas Armadas na Ameacuterica do Sul 2005 Dissertaccedilatildeo de Mestrado Satildeo Paulo USP

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UFSC Cotidiano UFSC Disponiacutevel em lthttpcotidianositesufscbra-universidade-federalde-santa-catarina-recebe-curso-de-extensao-em-defesa-nacionalgt

Page 3: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

O64c Orbe Rogeacuterio Prevato Moreira

A conscientizaccedilatildeo poliacutetica-econocircmica para o desenvolvimento da

Induacutestria Nacional de Defesa Rogeacuterio Prevato Moreira Orbe 一2019 48 fl il 30 cm

Orientaccedilatildeo Cristiano Mauri da Silva

Trabalho de Conclusatildeo de Curso (Especializaccedilatildeo em Ciecircncias

Militares)一Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito Rio de Janeiro 2019

Bibliografia fl 47-48

1 INDUacuteSTRIA DE DEFESA 2 ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA 3

BASE INDUSTRIAL DE DEFESA I Tiacutetulo

CDD 3556

TC Inf ROGEacuteRIO PREVATO MOREIRA ORBE

A CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA O DESENVOLVIMENTO DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado agrave Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista em Ciecircncias Militares com ecircnfase em Defesa Nacional

Aprovado em _____ de_______________ de________

COMISSAtildeO AVALIADORA

_________________________________________________

Cristiano Mauri da Silva - TC MB - Presidente

Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito

_________________________________________________

Eduardo Teixeira Costa Mattos ndash TC Inf - 1ordm Membro

Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito

_________________________________________________

Enio Correcirca de Souza - TC Com - 2ordm Membro

Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito

ldquoLutai contra o conservantismo tornando-vos permeaacuteveis agraves ideacuteias novas a fim de que possais escapar agrave cristalizaccedilatildeo ao formalismo e agrave rotinardquo (Marechal Castello Branco)

AGRADECIMENTOS

Agrave Deus por ter me dado sauacutede e humildade para executar esta tarefa e a minha

amada esposa Cristiane e minhas filhas Luiza e Lara pela compreensatildeo durante a

execuccedilatildeo deste trabalho

Ao meu orientador TC MB Mauri meus sinceros agradecimentos pela dedicaccedilatildeo e

paciecircncia durante a elaboraccedilatildeo deste trabalho Agradeccedilo pela orientaccedilatildeo eficaz e

objetiva bem como pelas sugestotildees que facilitaram a conclusatildeo deste trabalho

A todos meus parentes e amigos que me ajudaram nesta tarefa

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo apresentar uma anaacutelise da Induacutestria Nacional de

Defesa de 1982 ateacute os dias atuais Aleacutem disto buscou evidenciar a importacircncia da

conscientizaccedilatildeo poliacutetica-econocircmica para o seu desenvolvimento bem como a

elaboraccedilatildeo de leis e regulamentos poliacuteticos cujas ideias satildeo de fomentar e

impulsionar o entendimento e investimento dos setores social e empresarial Por

meio de uma anaacutelise de livros atores artigos cientiacuteficos e trabalhos das mais

variadas aacutereas levantou-se motivos fatos e interesse dos principais atores

envolvidos no contexto da Induacutestria Nacional e sua relaccedilatildeo com a defesa Por fim o

trabalho buscou levantar possiacuteveis cenaacuterios advindos com o desenvolvimento da

Base Industrial de Defesa cujos reflexos beneficiam o meio militar e o civil atraveacutes

do emprego dual

Palavras-chave Induacutestria de Defesa Estrateacutegia Economia Base Industrial Brasil e

Importacircncia

ABSTRACT

This work aimed to present an analysis of the National Defense Industry from 1982

to the present days In addition it sought to highlight the importance of the political

and economic awareness for its development as well as the elaboration of laws and

political regulations whose ideas are to foster and boost the understanding and

investment of the social and business sectors Through an analysis of books actors

scientific articles and works from the most varied areas we raised motives facts and

interest of the main actors involved in the context of the National Industry and their

relationship with defense Finally the work sought to raise possible scenarios arising

from the development of the Defense Industrial Base whose reflexes benefit the

military and civil environment through dual employment

Key-words Defense Industry Strategy Economy Industrial Base Brazil and

Importance

9

LISTA DE FIGURAS E GRAacuteFICOS

Figura 1 ndash Brasil ndash desafiacuteos para a defesa 17

Figura 2 ndash Estrutura Organizacional da SEPROD 27

Figura 3 ndash Programa Nuclear da Marinha29

Figura 4 ndash Projeto GUARANI30

Figura 5 ndash Voo do GRIPEN brasileiro SAAB30

Figura 6 ndash Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi

utilizada tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial31

Figura 7 ndash Tecnologia de uso dual31

Figura 8 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)32

Figura 9 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)33

Figura 10 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)33

Figura 11 ndash Poliacuteticas Nacionais de Defesa35

Figura 12 ndash Importacircncia Estrateacutegica da BID38

Figura 13 ndash Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE39

Figura 14 ndash InvestimentoRetorno em Produtos de Defesa40

10

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 O PROBLEMA DE PESQUISA 13

12 OBJETIVOS 13

121 Objetivo Geral 13

122 Objetivos Especiacuteficos 13

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDOhelliphellip 14

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO 14

2 REFERENCIAL TEOacuteRICOhelliphelliphellip 15

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphellip 15

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 15

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 16

3 METODOLOGIAhelliphellip 16

31 TIPO DE PESQUISA 16

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980

ATEacute OS DIAS ATUAIS 17

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA

NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS 24

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-

ECONOcircMICA PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 35

7 CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIAShelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 47

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente trabalho tem como finalidade abordar a conscientizaccedilatildeo poliacutetica-

econocircmica da Induacutestria Nacional de Defesa O Brasil possui extenso terriacutetoacuterio sua

projeccedilatildeo no acircmbito regional e mundial estimulou o tema Seguranccedila e Defesa fato

que vem se ampliando no universo das discussotildees e estudos do campo poliacutetico e

econocircmico englobando ainda a sociedade em geral

O teacutermino do Governo Militar na deacutecada de 1980 foi acompanhado pelo

decliacutenio da induacutestria beacutelica brasileira em grande parte motivada pela reduccedilatildeo na

demanda exigida das Forccedilas Armadas (FFAA)

A formulaccedilatildeo de poliacuteticas governamentais deliberadas com vistas ao

desenvolvimento da ciecircncia e da tecnologia eacute fenocircmeno recente nos paiacuteses

industrializados e apenas incipiente nos paiacuteses em desenvolvimento A ENGESA

(Engenheiros Especializados SA) foi uma empresa de equipamentos beacutelicos

genuinamente brasileira fundada em 1958 que produzia veiacuteculos militares como o

EE-9 Cascavel e o EE-11 Urutu chegando a empregar mais de 5000 pessoas e a

vender seus produtos para 18 paiacuteses Contudo a empresa faliu em outubro de 1993

deixando uma diacutevida de R$ 15 bilhatildeo

A partir dos anos de 2000 a Induacutestria Nacional de Defesa retorna a posiccedilatildeo

de destaque no paiacutes principalmente atraveacutes da Estrateacutegia Nacional de Defesa

(END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo (PDP) ambas de 2008 Essas

passaram a contribuir de forma significativa para a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e

poliacuteticas direcionadas para a induacutestria e inovaccedilatildeo na aacuterea de defesa

Um paiacutes estar preparado para se defender eacute considerado uma questatildeo de

soberania nacional e para isto natildeo basta ter armas e um grande contingente de

homens Eacute preciso dominar a alta tecnologia e contar com homens devidamente

treinados capazes de operar novos sistemas Assim a estrateacutegia de defesa deve

focar na capacitaccedilatildeo interna que consiste em ter capacidade industrial e tecnoloacutegica

(RAVARA 2001)

No acircmbito mundial foi verificado a tendecircncia de ampliaccedilatildeo referente aos

programas de natureza cientiacutefica e tecnoloacutegica de defesa agraves aplicaccedilotildees do meio

civil com o consequente crescimento das instituiccedilotildees formadas para aplicar essas

12

poliacuteticas Dessa forma ocorreu a raacutepida elevaccedilatildeo dos gastos em pesquisa e

desenvolvimento atingindo niacuteveis que se consideram hoje em dia de difiacutecil

superaccedilatildeo e que possui como principais atores os paiacuteses de maior relevacircncia da

Europa o Japatildeo os Estados Unidos da Ameacuterica e a Ruacutessia

No Brasil o desenvolvimento econocircmico caracteriza-se por fortes oscilaccedilotildees

devido as maacutes governanccedilas que estiveram a frente da conduccedilatildeo do paiacutes De certa

forma os resultados da inoperacircnica governamental refletiram em um setor primordial

para a induacutestria a inovaccedilatildeo Essa questatildeo exige que almejamos o retorno tal qual o

verificado no auge da induacutestria de defesa brasileira durante a deacutecada de 1980

quando o Brasil exportou armamentos para diversos paiacuteses do Oriente Meacutedio com

destaque para o Iraque que estava em guerra com o Iratilde

O pequeno papel desempenhado pelos fatores de inovaccedilatildeo em todas as

atividades produtivas foi a insuficiecircncia dos fundos disponiacuteveis para atender a todas

as direccedilotildees de pesquisa e de desenvolvimento consideradas promissoras para a

inovaccedilatildeo industrial

O desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa necessita de bases que

forneccedilam suporte para a mudanccedila das atitudes e do ambiente econocircmico e social

em geral objetivando o fortalecimento das instituiccedilotildees que devem integrar um

sistema cientiacutefico e tecnoloacutegico e que satildeo constituiacutedas tanto pelos laboratoacuterios

universitaacuterios e institutos oficiais de pesquisa aplicada bem como das instituiccedilotildees

governamentais encarregadas de orientar encaminhar e supervisionar de maneira

permanente todo o processo de criaccedilatildeo cientiacutefica

A induacutestria beacutelica se configura em um dos campos mais avanccedilados em

termos de desenvolvimento tecnoloacutegico Desse modo o seu desenvolvimento visa a

aspiraccedilatildeo de uma induacutestria de defesa autoacutectone a fim de permitir ao paiacutes transferir

os avanccedilos tecnoloacutegicos do campo militar para o civil tornando-o desenvolvido pelo

menos com relaccedilatildeo agrave base industrial instalada e assim criar condiccedilotildees para que as

induacutestrias prosperem jaacute que no Brasil no caso da aacuterea de defesa o apoio

governamental eacute determinante natildeo soacute em relaccedilatildeo aos investimentos em

infraestrutura mas muitas vezes o proacuteprio Estado se torna importante ou mesmo o

uacutenico ofertante e demandante

Desta forma o desenvolvimento da consciecircncia nacional voltada para a

Induacutestria de Defesa necessita do envolvimento do Estado Brasileiro das induacutestrias e

13

seus empresaacuterios e da populaccedilatildeo visando atender as preocupaccedilotildees do paiacutes na

atualidade

11 PROBLEMA DE PESQUISA

Dos anos de 1980 e ao longo dos anos de 1990 a Induacutestria Nacional de Defesa

vivenciou baixa produtividade evidenciada por crise econocircmica e falta de estrateacutegia

para se reerguer

A partir dos anos 2000 ocorreram medidas do Estado Brasileiro visando

possibilitar o desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa por meio da

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo

(PDP)

Em decorrecircncia de tais atitudes a grande questatildeo na atualidade eacute se os

caminhos traccedilados principalmente os poliacuteticos-econocircmicos seratildeo capazes de

proporcionar o desenvolvimento industrial relativo a defesa

O presente trabalho de conclusatildeo de curso seraacute desenvolvido em torno do

seguinte problema de que forma conscientizar o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico para o fortalecimento da Induacutestria Nacional de Defesa

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Verificar a importacircncia da conscientizaccedilatildeo para o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico da Induacutestria Nacional de Defesa

122 Objetivos Especiacuteficos

a Caracterizar o Brasil

b Apresentar o histoacuterico da Induacutestria Nacional de Defesa

c Apresentar as poliacuteticas elaboradas para a Induacutestria Nacional de Defesa no

Brasil dos anos de 1980 ateacute os dias atuais

d Apresentar a Estrateacutegia Nacional de Defesa

e Apresentar a Base Industrial de Defesa e

14

f Caracterizar a importacircncia do desenvolvimento da Induacutestria Nacional de

Defesa

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDO

O presente estudo estaraacute limitado as tentativas poliacuteticas e econocircmicas

empreendidas pelo Estado Brasileiro particularmente as ocorridas apoacutes o Governo

dos Militares ateacute os dias atuais E ainda pela tentativa de incutir a relevacircncia do

tema na sociedade empresarial e civil Dessa forma o estudo abordaraacute a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) e Base Industrial de Defesa (BID)

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO

O trabalho eacute relevante por contribuir para a realizaccedilatildeo de um estudo mais

aprofundado sobre a Induacutestria de Defesa do Brasil haja vista que o paiacutes eacute o maior

da Ameacuterica do Sul possuidor de imensa extensatildeo territorial e fronteiriccedila

Diante das reformas estruturais de cunho neoliberal as Forccedilas Armadas foi um

dos setores que mais sofreu com a realidade dos cortes no orccedilamento da uniatildeo

para garantir o pagamento da diacutevida puacuteblica do paiacutes

Na gestatildeo do Ministro da Defesa Nelson Jobim o Ministeacuterio publicou a primeira

versatildeo da Estrateacutegia Nacional de Defesa o principal documento que direcionou as

poliacuteticas puacuteblicas para o setor De forma geral e similar a eacutepoca do Governo Militar

um de seus principais eixos foi apostar na revitalizaccedilatildeo da induacutestria de defesa no

paiacutes visando garantir a seguranccedila nacional atraveacutes do desenvolvimento industrial e

tecnoloacutegico

A dialeacutetica poliacutetica e econocircmica do Brasil no seacuteculo XX pautou-se

principalmente no que fazer para o paiacutes deixar de ser subdesenvolvido e se tornar

uma grande potecircncia sobretudo regional As Forccedilas Armadas particularmente o

Exeacutercito Brasileiro foram fundamentais nas pautas que abarcam esse tema Como

uma das uacutenicas instituiccedilotildees espalhadas por todo o paiacutes ateacute entatildeo tem na sua

capilaridade alicerces que contribuem para desenvolver a Naccedilatildeo

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA

A Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) estabelece diretrizes para a adequada

preparaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas permitido garantir a seguranccedila do

paiacutes tanto em tempo de paz quanto em situaccedilotildees de crise

Essa mesma END foi desenvolvida visando atender as necessidades de

equipamento reorganizando principalmente a induacutestria de defesa para que as

tecnologias mais avanccediladas estejam sob domiacutenio nacional

Estrateacutegia nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeo Defendido o Brasil teraacute como dizer natildeo quando tiver que dizer natildeo Teraacute capacidade para construir seu proacuteprio modelo de desenvolvimento (END p 42)

O crescimento e aprimoramento da estrutura de defesa proporciona maior

estabilidade ao paiacutes bem como assegura a proteccedilatildeo de seu territoacuterio de sua

populaccedilatildeo e de setores estrateacutegicos da economia

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA

Formada pelo conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de

organizaccedilotildees civis e militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto

desenvolvimento industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo

conversatildeo modernizaccedilatildeo ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (Prode) no Paiacutes

(Estrateacutegia Nacional de Defesa ano 2012)

Segundo Silva (2011) no iniacutecio da deacutecada de 2000 houve o iniacutecio de um novo

periacuteodo de crescimento da induacutestria militar brasileira particularmente em funccedilatildeo da

produccedilatildeo de aeronaves de combate (A-29 Super Tucano) e de vigilacircncia e

sensoriamento remoto (Emb - 145 AEW) fabricados pela EMBRAER

Poreacutem Silva identificou ainda que a proacutepria ediccedilatildeo 2012 da Estrateacutegia Nacional

de Defesa (END) aponta entre outras vulnerabilidades da atual estrutura de defesa

brasileira a descontinuidade de recursos como uma importante variaacutevel a ser

considerada onde se verifica a seguinte observaccedilatildeo sobre o assunto histoacuterica

16

descontinuidade na alocaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuteria para a defesa (BRASIL

2011 p5)

Diante do exposto observa-se a restriccedilatildeo dos recursos puacuteblicos que podem vir a

reprimir a demanda dos Projetos Estrateacutegicos do Exeacutercito Brasileiro (EB)

acarretando o enfraquecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Um dos propoacutesitos da Poliacutetica Nacional de Defesa eacute conscientizar todos os

segmentos da sociedade brasileira da importacircncia da defesa do Paiacutes e de que esta

eacute um dever de todos os brasileiros (PND p12)

Sendo assim verifica-se a importacircncia do amadurecimento da sociedade

brasileira frente ao desafio de entender e compreender a necessidade do

desenvolvimento de um caraacuteter coletivo que circunda a Defesa Nacional

A partir desse entendimento as facilidades decorrentes poderatildeo ocasionar um

salto para o aperfeiccediloamento das poliacuteticas e das questotildees econocircmicas pois seratildeo

formados os alicerces que impulsionam a vontade nacional relativos ao tema Cabe

ressaltar que o setor de Defesa no Brasil eacute responsaacutevel por 60 mil empregos diretos

e 240 mil indiretos corroborando os efeitos positivos de seu desenvolvimento

3 METODOLOGIA

31 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo seraacute realizado principalmente por meio de uma pesquisa

bibliograacutefica pois basearaacute sua fundamentaccedilatildeo teoacuterico-metodoloacutegica na investigaccedilatildeo

sobre os assuntos relacionados a Induacutestria Nacional de Defesa em livros manuais e

artigos de acesso livre ao puacuteblico em geral incluindo-se nesses aqueles

disponibilizados pela rede mundial de computadores

17

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS

ATUAIS

O Brasil localizado no subcontinente Ameacuterica do Sul possui aacuterea com cerca de

85 milhotildees de kmsup2 e litoral voltado para o Atlacircntico de 74 mil km sendo o quinto

maior paiacutes em espaccedilo geograacutefico do mundo (BRASIL 2016)

Embora o Brasil faccedila fronteira com nove paiacuteses sul-americanos e um territoacuterio

ultramarino da Franccedila (perfazendo uma faixa de 169 mil km de extensatildeo) o Paiacutes

tem ainda hoje uma ldquoorientaccedilatildeo secular Atlacircntica e voltada para o lesterdquo (EAKIN

2014 p42) o que influencia o pensamento dos brasileiros sobre o paiacutes e seu lugar

no mundo Neste aspecto a anaacutelise geopoliacutetica de Mario Travassos ressalta a

importacircncia da cordilheira andina como grande divisor dos dois antagonismos

geograacuteficos da Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico (MATTOS 2002 p59)

Figura 1 Brasil ndash desafios para a defesa

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

Aliado a isso tambeacutem houve o desenvolvimento tardio das instituiccedilotildees de ensino

superior e sua concentraccedilatildeo em poucas cidades influenciando na formaccedilatildeo de

elites brasileiras mais pacifistas (EAKIN 2014 p48)

Ademais a Amazocircnia brasileira rica em recursos minerais de toda ordem e

maior biodiversidade do planeta foi e ainda eacute uma aacuterea pouco povoada devido agraves

suas condiccedilotildees geograacuteficas as quais em sua maior totalidade ainda satildeo

18

consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

REFEREcircNCIAS

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CLAUSEWITZ Carl von (2017) Da Guerra Satildeo Paulo WMF Martins Fontes

CORREcircA Glauco Corbari A Poliacutetica de Defesa do Brasil No Seacuteculo XXI Brazilrsquos Defense Policy in the 21st Century Coleccedilatildeo Meira Mattos-Revista das Ciecircncias Militares v 8 n31 p 29-38 2014

Estrateacutegia Nacional de Defesa Brasiacutelia DF 2012(b) Disponiacutevel em lthttpwwwdefesagovbr arquivos2012mes07endpdfgt

FREITAS Jorge Manuel de Costa (2004) A Escola Geopoliacutetica Brasileira Golbery do Couto e Silva Carlos de Meira Mattos e Therezinha de Castro Rio de Janeiro RJ Biblioteca do Exeacutercito

Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Brasil em siacutentese Portal IBGE 2016 Disponiacutevel em lthttpbrasilemsinteseibgegovbrgt

Livro Branco de Defesa Nacional Brasiacutelia DF 2012(c) Disponiacutevel em lthttpwwwdefesagovbrprojetosweblivrobrancolbdndigital0gt

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MILEVSKI Lukas (2016) The Evolution of Modern Grand Strategic Thought Oxford Oxford University Press

48

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MARQUES Adriana Aparecida Amazocircnia pensamento e presenccedila militar 2007 233f Tese de Doutorado Universidade de Satildeo Paulo 2007 MARQUES Adriana A MEDEIROS FILHO Oscar Entre a ldquoSeguranccedila Democraacuteticardquo e a ldquoDefesa Integralrdquo Uma Anaacutelise de Duas Doutrinas Militares no Canto Noroeste do Subcontinente Sul-Americano In INSTITUTO DE PESQUISA Econocircmica Aplicada O Brasil e a seguranccedila no seu entorno estrateacutegico Ameacuterica do Sul e Atlacircntico Sul Brasiacutelia Ipea 2014

MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade geopoliacutetica brasileira Rio de JaneiroBiblioteca do Exeacutercito Editora 2002

MEDEIROS FILHO Oscar Cenaacuterios geopoliacuteticos e emprego das Forccedilas Armadas na Ameacuterica do Sul 2005 Dissertaccedilatildeo de Mestrado Satildeo Paulo USP

Poliacutetica Nacional de Defesa Brasiacutelia DF 2012(a) Disponiacutevel em lthttpwwwdefesagovbr arquivos2012mes07pndpdfgt

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UFRJ Defesa e Gestatildeo Estrateacutegica Internacional (DGEI) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Disponiacutevel em httpwwwdgeiufrjbrimagesO-que-e-o-DGEIpdf gt

UFSC Cotidiano UFSC Disponiacutevel em lthttpcotidianositesufscbra-universidade-federalde-santa-catarina-recebe-curso-de-extensao-em-defesa-nacionalgt

Page 4: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

TC Inf ROGEacuteRIO PREVATO MOREIRA ORBE

A CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA O DESENVOLVIMENTO DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado agrave Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista em Ciecircncias Militares com ecircnfase em Defesa Nacional

Aprovado em _____ de_______________ de________

COMISSAtildeO AVALIADORA

_________________________________________________

Cristiano Mauri da Silva - TC MB - Presidente

Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito

_________________________________________________

Eduardo Teixeira Costa Mattos ndash TC Inf - 1ordm Membro

Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito

_________________________________________________

Enio Correcirca de Souza - TC Com - 2ordm Membro

Escola de Comando e Estado-Maior do Exeacutercito

ldquoLutai contra o conservantismo tornando-vos permeaacuteveis agraves ideacuteias novas a fim de que possais escapar agrave cristalizaccedilatildeo ao formalismo e agrave rotinardquo (Marechal Castello Branco)

AGRADECIMENTOS

Agrave Deus por ter me dado sauacutede e humildade para executar esta tarefa e a minha

amada esposa Cristiane e minhas filhas Luiza e Lara pela compreensatildeo durante a

execuccedilatildeo deste trabalho

Ao meu orientador TC MB Mauri meus sinceros agradecimentos pela dedicaccedilatildeo e

paciecircncia durante a elaboraccedilatildeo deste trabalho Agradeccedilo pela orientaccedilatildeo eficaz e

objetiva bem como pelas sugestotildees que facilitaram a conclusatildeo deste trabalho

A todos meus parentes e amigos que me ajudaram nesta tarefa

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo apresentar uma anaacutelise da Induacutestria Nacional de

Defesa de 1982 ateacute os dias atuais Aleacutem disto buscou evidenciar a importacircncia da

conscientizaccedilatildeo poliacutetica-econocircmica para o seu desenvolvimento bem como a

elaboraccedilatildeo de leis e regulamentos poliacuteticos cujas ideias satildeo de fomentar e

impulsionar o entendimento e investimento dos setores social e empresarial Por

meio de uma anaacutelise de livros atores artigos cientiacuteficos e trabalhos das mais

variadas aacutereas levantou-se motivos fatos e interesse dos principais atores

envolvidos no contexto da Induacutestria Nacional e sua relaccedilatildeo com a defesa Por fim o

trabalho buscou levantar possiacuteveis cenaacuterios advindos com o desenvolvimento da

Base Industrial de Defesa cujos reflexos beneficiam o meio militar e o civil atraveacutes

do emprego dual

Palavras-chave Induacutestria de Defesa Estrateacutegia Economia Base Industrial Brasil e

Importacircncia

ABSTRACT

This work aimed to present an analysis of the National Defense Industry from 1982

to the present days In addition it sought to highlight the importance of the political

and economic awareness for its development as well as the elaboration of laws and

political regulations whose ideas are to foster and boost the understanding and

investment of the social and business sectors Through an analysis of books actors

scientific articles and works from the most varied areas we raised motives facts and

interest of the main actors involved in the context of the National Industry and their

relationship with defense Finally the work sought to raise possible scenarios arising

from the development of the Defense Industrial Base whose reflexes benefit the

military and civil environment through dual employment

Key-words Defense Industry Strategy Economy Industrial Base Brazil and

Importance

9

LISTA DE FIGURAS E GRAacuteFICOS

Figura 1 ndash Brasil ndash desafiacuteos para a defesa 17

Figura 2 ndash Estrutura Organizacional da SEPROD 27

Figura 3 ndash Programa Nuclear da Marinha29

Figura 4 ndash Projeto GUARANI30

Figura 5 ndash Voo do GRIPEN brasileiro SAAB30

Figura 6 ndash Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi

utilizada tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial31

Figura 7 ndash Tecnologia de uso dual31

Figura 8 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)32

Figura 9 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)33

Figura 10 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)33

Figura 11 ndash Poliacuteticas Nacionais de Defesa35

Figura 12 ndash Importacircncia Estrateacutegica da BID38

Figura 13 ndash Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE39

Figura 14 ndash InvestimentoRetorno em Produtos de Defesa40

10

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 O PROBLEMA DE PESQUISA 13

12 OBJETIVOS 13

121 Objetivo Geral 13

122 Objetivos Especiacuteficos 13

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDOhelliphellip 14

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO 14

2 REFERENCIAL TEOacuteRICOhelliphelliphellip 15

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphellip 15

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 15

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 16

3 METODOLOGIAhelliphellip 16

31 TIPO DE PESQUISA 16

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980

ATEacute OS DIAS ATUAIS 17

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA

NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS 24

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-

ECONOcircMICA PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 35

7 CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIAShelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 47

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente trabalho tem como finalidade abordar a conscientizaccedilatildeo poliacutetica-

econocircmica da Induacutestria Nacional de Defesa O Brasil possui extenso terriacutetoacuterio sua

projeccedilatildeo no acircmbito regional e mundial estimulou o tema Seguranccedila e Defesa fato

que vem se ampliando no universo das discussotildees e estudos do campo poliacutetico e

econocircmico englobando ainda a sociedade em geral

O teacutermino do Governo Militar na deacutecada de 1980 foi acompanhado pelo

decliacutenio da induacutestria beacutelica brasileira em grande parte motivada pela reduccedilatildeo na

demanda exigida das Forccedilas Armadas (FFAA)

A formulaccedilatildeo de poliacuteticas governamentais deliberadas com vistas ao

desenvolvimento da ciecircncia e da tecnologia eacute fenocircmeno recente nos paiacuteses

industrializados e apenas incipiente nos paiacuteses em desenvolvimento A ENGESA

(Engenheiros Especializados SA) foi uma empresa de equipamentos beacutelicos

genuinamente brasileira fundada em 1958 que produzia veiacuteculos militares como o

EE-9 Cascavel e o EE-11 Urutu chegando a empregar mais de 5000 pessoas e a

vender seus produtos para 18 paiacuteses Contudo a empresa faliu em outubro de 1993

deixando uma diacutevida de R$ 15 bilhatildeo

A partir dos anos de 2000 a Induacutestria Nacional de Defesa retorna a posiccedilatildeo

de destaque no paiacutes principalmente atraveacutes da Estrateacutegia Nacional de Defesa

(END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo (PDP) ambas de 2008 Essas

passaram a contribuir de forma significativa para a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e

poliacuteticas direcionadas para a induacutestria e inovaccedilatildeo na aacuterea de defesa

Um paiacutes estar preparado para se defender eacute considerado uma questatildeo de

soberania nacional e para isto natildeo basta ter armas e um grande contingente de

homens Eacute preciso dominar a alta tecnologia e contar com homens devidamente

treinados capazes de operar novos sistemas Assim a estrateacutegia de defesa deve

focar na capacitaccedilatildeo interna que consiste em ter capacidade industrial e tecnoloacutegica

(RAVARA 2001)

No acircmbito mundial foi verificado a tendecircncia de ampliaccedilatildeo referente aos

programas de natureza cientiacutefica e tecnoloacutegica de defesa agraves aplicaccedilotildees do meio

civil com o consequente crescimento das instituiccedilotildees formadas para aplicar essas

12

poliacuteticas Dessa forma ocorreu a raacutepida elevaccedilatildeo dos gastos em pesquisa e

desenvolvimento atingindo niacuteveis que se consideram hoje em dia de difiacutecil

superaccedilatildeo e que possui como principais atores os paiacuteses de maior relevacircncia da

Europa o Japatildeo os Estados Unidos da Ameacuterica e a Ruacutessia

No Brasil o desenvolvimento econocircmico caracteriza-se por fortes oscilaccedilotildees

devido as maacutes governanccedilas que estiveram a frente da conduccedilatildeo do paiacutes De certa

forma os resultados da inoperacircnica governamental refletiram em um setor primordial

para a induacutestria a inovaccedilatildeo Essa questatildeo exige que almejamos o retorno tal qual o

verificado no auge da induacutestria de defesa brasileira durante a deacutecada de 1980

quando o Brasil exportou armamentos para diversos paiacuteses do Oriente Meacutedio com

destaque para o Iraque que estava em guerra com o Iratilde

O pequeno papel desempenhado pelos fatores de inovaccedilatildeo em todas as

atividades produtivas foi a insuficiecircncia dos fundos disponiacuteveis para atender a todas

as direccedilotildees de pesquisa e de desenvolvimento consideradas promissoras para a

inovaccedilatildeo industrial

O desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa necessita de bases que

forneccedilam suporte para a mudanccedila das atitudes e do ambiente econocircmico e social

em geral objetivando o fortalecimento das instituiccedilotildees que devem integrar um

sistema cientiacutefico e tecnoloacutegico e que satildeo constituiacutedas tanto pelos laboratoacuterios

universitaacuterios e institutos oficiais de pesquisa aplicada bem como das instituiccedilotildees

governamentais encarregadas de orientar encaminhar e supervisionar de maneira

permanente todo o processo de criaccedilatildeo cientiacutefica

A induacutestria beacutelica se configura em um dos campos mais avanccedilados em

termos de desenvolvimento tecnoloacutegico Desse modo o seu desenvolvimento visa a

aspiraccedilatildeo de uma induacutestria de defesa autoacutectone a fim de permitir ao paiacutes transferir

os avanccedilos tecnoloacutegicos do campo militar para o civil tornando-o desenvolvido pelo

menos com relaccedilatildeo agrave base industrial instalada e assim criar condiccedilotildees para que as

induacutestrias prosperem jaacute que no Brasil no caso da aacuterea de defesa o apoio

governamental eacute determinante natildeo soacute em relaccedilatildeo aos investimentos em

infraestrutura mas muitas vezes o proacuteprio Estado se torna importante ou mesmo o

uacutenico ofertante e demandante

Desta forma o desenvolvimento da consciecircncia nacional voltada para a

Induacutestria de Defesa necessita do envolvimento do Estado Brasileiro das induacutestrias e

13

seus empresaacuterios e da populaccedilatildeo visando atender as preocupaccedilotildees do paiacutes na

atualidade

11 PROBLEMA DE PESQUISA

Dos anos de 1980 e ao longo dos anos de 1990 a Induacutestria Nacional de Defesa

vivenciou baixa produtividade evidenciada por crise econocircmica e falta de estrateacutegia

para se reerguer

A partir dos anos 2000 ocorreram medidas do Estado Brasileiro visando

possibilitar o desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa por meio da

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo

(PDP)

Em decorrecircncia de tais atitudes a grande questatildeo na atualidade eacute se os

caminhos traccedilados principalmente os poliacuteticos-econocircmicos seratildeo capazes de

proporcionar o desenvolvimento industrial relativo a defesa

O presente trabalho de conclusatildeo de curso seraacute desenvolvido em torno do

seguinte problema de que forma conscientizar o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico para o fortalecimento da Induacutestria Nacional de Defesa

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Verificar a importacircncia da conscientizaccedilatildeo para o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico da Induacutestria Nacional de Defesa

122 Objetivos Especiacuteficos

a Caracterizar o Brasil

b Apresentar o histoacuterico da Induacutestria Nacional de Defesa

c Apresentar as poliacuteticas elaboradas para a Induacutestria Nacional de Defesa no

Brasil dos anos de 1980 ateacute os dias atuais

d Apresentar a Estrateacutegia Nacional de Defesa

e Apresentar a Base Industrial de Defesa e

14

f Caracterizar a importacircncia do desenvolvimento da Induacutestria Nacional de

Defesa

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDO

O presente estudo estaraacute limitado as tentativas poliacuteticas e econocircmicas

empreendidas pelo Estado Brasileiro particularmente as ocorridas apoacutes o Governo

dos Militares ateacute os dias atuais E ainda pela tentativa de incutir a relevacircncia do

tema na sociedade empresarial e civil Dessa forma o estudo abordaraacute a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) e Base Industrial de Defesa (BID)

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO

O trabalho eacute relevante por contribuir para a realizaccedilatildeo de um estudo mais

aprofundado sobre a Induacutestria de Defesa do Brasil haja vista que o paiacutes eacute o maior

da Ameacuterica do Sul possuidor de imensa extensatildeo territorial e fronteiriccedila

Diante das reformas estruturais de cunho neoliberal as Forccedilas Armadas foi um

dos setores que mais sofreu com a realidade dos cortes no orccedilamento da uniatildeo

para garantir o pagamento da diacutevida puacuteblica do paiacutes

Na gestatildeo do Ministro da Defesa Nelson Jobim o Ministeacuterio publicou a primeira

versatildeo da Estrateacutegia Nacional de Defesa o principal documento que direcionou as

poliacuteticas puacuteblicas para o setor De forma geral e similar a eacutepoca do Governo Militar

um de seus principais eixos foi apostar na revitalizaccedilatildeo da induacutestria de defesa no

paiacutes visando garantir a seguranccedila nacional atraveacutes do desenvolvimento industrial e

tecnoloacutegico

A dialeacutetica poliacutetica e econocircmica do Brasil no seacuteculo XX pautou-se

principalmente no que fazer para o paiacutes deixar de ser subdesenvolvido e se tornar

uma grande potecircncia sobretudo regional As Forccedilas Armadas particularmente o

Exeacutercito Brasileiro foram fundamentais nas pautas que abarcam esse tema Como

uma das uacutenicas instituiccedilotildees espalhadas por todo o paiacutes ateacute entatildeo tem na sua

capilaridade alicerces que contribuem para desenvolver a Naccedilatildeo

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA

A Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) estabelece diretrizes para a adequada

preparaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas permitido garantir a seguranccedila do

paiacutes tanto em tempo de paz quanto em situaccedilotildees de crise

Essa mesma END foi desenvolvida visando atender as necessidades de

equipamento reorganizando principalmente a induacutestria de defesa para que as

tecnologias mais avanccediladas estejam sob domiacutenio nacional

Estrateacutegia nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeo Defendido o Brasil teraacute como dizer natildeo quando tiver que dizer natildeo Teraacute capacidade para construir seu proacuteprio modelo de desenvolvimento (END p 42)

O crescimento e aprimoramento da estrutura de defesa proporciona maior

estabilidade ao paiacutes bem como assegura a proteccedilatildeo de seu territoacuterio de sua

populaccedilatildeo e de setores estrateacutegicos da economia

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA

Formada pelo conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de

organizaccedilotildees civis e militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto

desenvolvimento industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo

conversatildeo modernizaccedilatildeo ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (Prode) no Paiacutes

(Estrateacutegia Nacional de Defesa ano 2012)

Segundo Silva (2011) no iniacutecio da deacutecada de 2000 houve o iniacutecio de um novo

periacuteodo de crescimento da induacutestria militar brasileira particularmente em funccedilatildeo da

produccedilatildeo de aeronaves de combate (A-29 Super Tucano) e de vigilacircncia e

sensoriamento remoto (Emb - 145 AEW) fabricados pela EMBRAER

Poreacutem Silva identificou ainda que a proacutepria ediccedilatildeo 2012 da Estrateacutegia Nacional

de Defesa (END) aponta entre outras vulnerabilidades da atual estrutura de defesa

brasileira a descontinuidade de recursos como uma importante variaacutevel a ser

considerada onde se verifica a seguinte observaccedilatildeo sobre o assunto histoacuterica

16

descontinuidade na alocaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuteria para a defesa (BRASIL

2011 p5)

Diante do exposto observa-se a restriccedilatildeo dos recursos puacuteblicos que podem vir a

reprimir a demanda dos Projetos Estrateacutegicos do Exeacutercito Brasileiro (EB)

acarretando o enfraquecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Um dos propoacutesitos da Poliacutetica Nacional de Defesa eacute conscientizar todos os

segmentos da sociedade brasileira da importacircncia da defesa do Paiacutes e de que esta

eacute um dever de todos os brasileiros (PND p12)

Sendo assim verifica-se a importacircncia do amadurecimento da sociedade

brasileira frente ao desafio de entender e compreender a necessidade do

desenvolvimento de um caraacuteter coletivo que circunda a Defesa Nacional

A partir desse entendimento as facilidades decorrentes poderatildeo ocasionar um

salto para o aperfeiccediloamento das poliacuteticas e das questotildees econocircmicas pois seratildeo

formados os alicerces que impulsionam a vontade nacional relativos ao tema Cabe

ressaltar que o setor de Defesa no Brasil eacute responsaacutevel por 60 mil empregos diretos

e 240 mil indiretos corroborando os efeitos positivos de seu desenvolvimento

3 METODOLOGIA

31 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo seraacute realizado principalmente por meio de uma pesquisa

bibliograacutefica pois basearaacute sua fundamentaccedilatildeo teoacuterico-metodoloacutegica na investigaccedilatildeo

sobre os assuntos relacionados a Induacutestria Nacional de Defesa em livros manuais e

artigos de acesso livre ao puacuteblico em geral incluindo-se nesses aqueles

disponibilizados pela rede mundial de computadores

17

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS

ATUAIS

O Brasil localizado no subcontinente Ameacuterica do Sul possui aacuterea com cerca de

85 milhotildees de kmsup2 e litoral voltado para o Atlacircntico de 74 mil km sendo o quinto

maior paiacutes em espaccedilo geograacutefico do mundo (BRASIL 2016)

Embora o Brasil faccedila fronteira com nove paiacuteses sul-americanos e um territoacuterio

ultramarino da Franccedila (perfazendo uma faixa de 169 mil km de extensatildeo) o Paiacutes

tem ainda hoje uma ldquoorientaccedilatildeo secular Atlacircntica e voltada para o lesterdquo (EAKIN

2014 p42) o que influencia o pensamento dos brasileiros sobre o paiacutes e seu lugar

no mundo Neste aspecto a anaacutelise geopoliacutetica de Mario Travassos ressalta a

importacircncia da cordilheira andina como grande divisor dos dois antagonismos

geograacuteficos da Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico (MATTOS 2002 p59)

Figura 1 Brasil ndash desafios para a defesa

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

Aliado a isso tambeacutem houve o desenvolvimento tardio das instituiccedilotildees de ensino

superior e sua concentraccedilatildeo em poucas cidades influenciando na formaccedilatildeo de

elites brasileiras mais pacifistas (EAKIN 2014 p48)

Ademais a Amazocircnia brasileira rica em recursos minerais de toda ordem e

maior biodiversidade do planeta foi e ainda eacute uma aacuterea pouco povoada devido agraves

suas condiccedilotildees geograacuteficas as quais em sua maior totalidade ainda satildeo

18

consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

REFEREcircNCIAS

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CORREcircA Glauco Corbari A Poliacutetica de Defesa do Brasil No Seacuteculo XXI Brazilrsquos Defense Policy in the 21st Century Coleccedilatildeo Meira Mattos-Revista das Ciecircncias Militares v 8 n31 p 29-38 2014

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MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade geopoliacutetica brasileira Rio de JaneiroBiblioteca do Exeacutercito Editora 2002

MEDEIROS FILHO Oscar Cenaacuterios geopoliacuteticos e emprego das Forccedilas Armadas na Ameacuterica do Sul 2005 Dissertaccedilatildeo de Mestrado Satildeo Paulo USP

Poliacutetica Nacional de Defesa Brasiacutelia DF 2012(a) Disponiacutevel em lthttpwwwdefesagovbr arquivos2012mes07pndpdfgt

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UFRJ Defesa e Gestatildeo Estrateacutegica Internacional (DGEI) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Disponiacutevel em httpwwwdgeiufrjbrimagesO-que-e-o-DGEIpdf gt

UFSC Cotidiano UFSC Disponiacutevel em lthttpcotidianositesufscbra-universidade-federalde-santa-catarina-recebe-curso-de-extensao-em-defesa-nacionalgt

Page 5: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

ldquoLutai contra o conservantismo tornando-vos permeaacuteveis agraves ideacuteias novas a fim de que possais escapar agrave cristalizaccedilatildeo ao formalismo e agrave rotinardquo (Marechal Castello Branco)

AGRADECIMENTOS

Agrave Deus por ter me dado sauacutede e humildade para executar esta tarefa e a minha

amada esposa Cristiane e minhas filhas Luiza e Lara pela compreensatildeo durante a

execuccedilatildeo deste trabalho

Ao meu orientador TC MB Mauri meus sinceros agradecimentos pela dedicaccedilatildeo e

paciecircncia durante a elaboraccedilatildeo deste trabalho Agradeccedilo pela orientaccedilatildeo eficaz e

objetiva bem como pelas sugestotildees que facilitaram a conclusatildeo deste trabalho

A todos meus parentes e amigos que me ajudaram nesta tarefa

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo apresentar uma anaacutelise da Induacutestria Nacional de

Defesa de 1982 ateacute os dias atuais Aleacutem disto buscou evidenciar a importacircncia da

conscientizaccedilatildeo poliacutetica-econocircmica para o seu desenvolvimento bem como a

elaboraccedilatildeo de leis e regulamentos poliacuteticos cujas ideias satildeo de fomentar e

impulsionar o entendimento e investimento dos setores social e empresarial Por

meio de uma anaacutelise de livros atores artigos cientiacuteficos e trabalhos das mais

variadas aacutereas levantou-se motivos fatos e interesse dos principais atores

envolvidos no contexto da Induacutestria Nacional e sua relaccedilatildeo com a defesa Por fim o

trabalho buscou levantar possiacuteveis cenaacuterios advindos com o desenvolvimento da

Base Industrial de Defesa cujos reflexos beneficiam o meio militar e o civil atraveacutes

do emprego dual

Palavras-chave Induacutestria de Defesa Estrateacutegia Economia Base Industrial Brasil e

Importacircncia

ABSTRACT

This work aimed to present an analysis of the National Defense Industry from 1982

to the present days In addition it sought to highlight the importance of the political

and economic awareness for its development as well as the elaboration of laws and

political regulations whose ideas are to foster and boost the understanding and

investment of the social and business sectors Through an analysis of books actors

scientific articles and works from the most varied areas we raised motives facts and

interest of the main actors involved in the context of the National Industry and their

relationship with defense Finally the work sought to raise possible scenarios arising

from the development of the Defense Industrial Base whose reflexes benefit the

military and civil environment through dual employment

Key-words Defense Industry Strategy Economy Industrial Base Brazil and

Importance

9

LISTA DE FIGURAS E GRAacuteFICOS

Figura 1 ndash Brasil ndash desafiacuteos para a defesa 17

Figura 2 ndash Estrutura Organizacional da SEPROD 27

Figura 3 ndash Programa Nuclear da Marinha29

Figura 4 ndash Projeto GUARANI30

Figura 5 ndash Voo do GRIPEN brasileiro SAAB30

Figura 6 ndash Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi

utilizada tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial31

Figura 7 ndash Tecnologia de uso dual31

Figura 8 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)32

Figura 9 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)33

Figura 10 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)33

Figura 11 ndash Poliacuteticas Nacionais de Defesa35

Figura 12 ndash Importacircncia Estrateacutegica da BID38

Figura 13 ndash Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE39

Figura 14 ndash InvestimentoRetorno em Produtos de Defesa40

10

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 O PROBLEMA DE PESQUISA 13

12 OBJETIVOS 13

121 Objetivo Geral 13

122 Objetivos Especiacuteficos 13

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDOhelliphellip 14

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO 14

2 REFERENCIAL TEOacuteRICOhelliphelliphellip 15

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphellip 15

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 15

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 16

3 METODOLOGIAhelliphellip 16

31 TIPO DE PESQUISA 16

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980

ATEacute OS DIAS ATUAIS 17

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA

NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS 24

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-

ECONOcircMICA PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 35

7 CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIAShelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 47

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente trabalho tem como finalidade abordar a conscientizaccedilatildeo poliacutetica-

econocircmica da Induacutestria Nacional de Defesa O Brasil possui extenso terriacutetoacuterio sua

projeccedilatildeo no acircmbito regional e mundial estimulou o tema Seguranccedila e Defesa fato

que vem se ampliando no universo das discussotildees e estudos do campo poliacutetico e

econocircmico englobando ainda a sociedade em geral

O teacutermino do Governo Militar na deacutecada de 1980 foi acompanhado pelo

decliacutenio da induacutestria beacutelica brasileira em grande parte motivada pela reduccedilatildeo na

demanda exigida das Forccedilas Armadas (FFAA)

A formulaccedilatildeo de poliacuteticas governamentais deliberadas com vistas ao

desenvolvimento da ciecircncia e da tecnologia eacute fenocircmeno recente nos paiacuteses

industrializados e apenas incipiente nos paiacuteses em desenvolvimento A ENGESA

(Engenheiros Especializados SA) foi uma empresa de equipamentos beacutelicos

genuinamente brasileira fundada em 1958 que produzia veiacuteculos militares como o

EE-9 Cascavel e o EE-11 Urutu chegando a empregar mais de 5000 pessoas e a

vender seus produtos para 18 paiacuteses Contudo a empresa faliu em outubro de 1993

deixando uma diacutevida de R$ 15 bilhatildeo

A partir dos anos de 2000 a Induacutestria Nacional de Defesa retorna a posiccedilatildeo

de destaque no paiacutes principalmente atraveacutes da Estrateacutegia Nacional de Defesa

(END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo (PDP) ambas de 2008 Essas

passaram a contribuir de forma significativa para a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e

poliacuteticas direcionadas para a induacutestria e inovaccedilatildeo na aacuterea de defesa

Um paiacutes estar preparado para se defender eacute considerado uma questatildeo de

soberania nacional e para isto natildeo basta ter armas e um grande contingente de

homens Eacute preciso dominar a alta tecnologia e contar com homens devidamente

treinados capazes de operar novos sistemas Assim a estrateacutegia de defesa deve

focar na capacitaccedilatildeo interna que consiste em ter capacidade industrial e tecnoloacutegica

(RAVARA 2001)

No acircmbito mundial foi verificado a tendecircncia de ampliaccedilatildeo referente aos

programas de natureza cientiacutefica e tecnoloacutegica de defesa agraves aplicaccedilotildees do meio

civil com o consequente crescimento das instituiccedilotildees formadas para aplicar essas

12

poliacuteticas Dessa forma ocorreu a raacutepida elevaccedilatildeo dos gastos em pesquisa e

desenvolvimento atingindo niacuteveis que se consideram hoje em dia de difiacutecil

superaccedilatildeo e que possui como principais atores os paiacuteses de maior relevacircncia da

Europa o Japatildeo os Estados Unidos da Ameacuterica e a Ruacutessia

No Brasil o desenvolvimento econocircmico caracteriza-se por fortes oscilaccedilotildees

devido as maacutes governanccedilas que estiveram a frente da conduccedilatildeo do paiacutes De certa

forma os resultados da inoperacircnica governamental refletiram em um setor primordial

para a induacutestria a inovaccedilatildeo Essa questatildeo exige que almejamos o retorno tal qual o

verificado no auge da induacutestria de defesa brasileira durante a deacutecada de 1980

quando o Brasil exportou armamentos para diversos paiacuteses do Oriente Meacutedio com

destaque para o Iraque que estava em guerra com o Iratilde

O pequeno papel desempenhado pelos fatores de inovaccedilatildeo em todas as

atividades produtivas foi a insuficiecircncia dos fundos disponiacuteveis para atender a todas

as direccedilotildees de pesquisa e de desenvolvimento consideradas promissoras para a

inovaccedilatildeo industrial

O desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa necessita de bases que

forneccedilam suporte para a mudanccedila das atitudes e do ambiente econocircmico e social

em geral objetivando o fortalecimento das instituiccedilotildees que devem integrar um

sistema cientiacutefico e tecnoloacutegico e que satildeo constituiacutedas tanto pelos laboratoacuterios

universitaacuterios e institutos oficiais de pesquisa aplicada bem como das instituiccedilotildees

governamentais encarregadas de orientar encaminhar e supervisionar de maneira

permanente todo o processo de criaccedilatildeo cientiacutefica

A induacutestria beacutelica se configura em um dos campos mais avanccedilados em

termos de desenvolvimento tecnoloacutegico Desse modo o seu desenvolvimento visa a

aspiraccedilatildeo de uma induacutestria de defesa autoacutectone a fim de permitir ao paiacutes transferir

os avanccedilos tecnoloacutegicos do campo militar para o civil tornando-o desenvolvido pelo

menos com relaccedilatildeo agrave base industrial instalada e assim criar condiccedilotildees para que as

induacutestrias prosperem jaacute que no Brasil no caso da aacuterea de defesa o apoio

governamental eacute determinante natildeo soacute em relaccedilatildeo aos investimentos em

infraestrutura mas muitas vezes o proacuteprio Estado se torna importante ou mesmo o

uacutenico ofertante e demandante

Desta forma o desenvolvimento da consciecircncia nacional voltada para a

Induacutestria de Defesa necessita do envolvimento do Estado Brasileiro das induacutestrias e

13

seus empresaacuterios e da populaccedilatildeo visando atender as preocupaccedilotildees do paiacutes na

atualidade

11 PROBLEMA DE PESQUISA

Dos anos de 1980 e ao longo dos anos de 1990 a Induacutestria Nacional de Defesa

vivenciou baixa produtividade evidenciada por crise econocircmica e falta de estrateacutegia

para se reerguer

A partir dos anos 2000 ocorreram medidas do Estado Brasileiro visando

possibilitar o desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa por meio da

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo

(PDP)

Em decorrecircncia de tais atitudes a grande questatildeo na atualidade eacute se os

caminhos traccedilados principalmente os poliacuteticos-econocircmicos seratildeo capazes de

proporcionar o desenvolvimento industrial relativo a defesa

O presente trabalho de conclusatildeo de curso seraacute desenvolvido em torno do

seguinte problema de que forma conscientizar o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico para o fortalecimento da Induacutestria Nacional de Defesa

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Verificar a importacircncia da conscientizaccedilatildeo para o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico da Induacutestria Nacional de Defesa

122 Objetivos Especiacuteficos

a Caracterizar o Brasil

b Apresentar o histoacuterico da Induacutestria Nacional de Defesa

c Apresentar as poliacuteticas elaboradas para a Induacutestria Nacional de Defesa no

Brasil dos anos de 1980 ateacute os dias atuais

d Apresentar a Estrateacutegia Nacional de Defesa

e Apresentar a Base Industrial de Defesa e

14

f Caracterizar a importacircncia do desenvolvimento da Induacutestria Nacional de

Defesa

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDO

O presente estudo estaraacute limitado as tentativas poliacuteticas e econocircmicas

empreendidas pelo Estado Brasileiro particularmente as ocorridas apoacutes o Governo

dos Militares ateacute os dias atuais E ainda pela tentativa de incutir a relevacircncia do

tema na sociedade empresarial e civil Dessa forma o estudo abordaraacute a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) e Base Industrial de Defesa (BID)

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO

O trabalho eacute relevante por contribuir para a realizaccedilatildeo de um estudo mais

aprofundado sobre a Induacutestria de Defesa do Brasil haja vista que o paiacutes eacute o maior

da Ameacuterica do Sul possuidor de imensa extensatildeo territorial e fronteiriccedila

Diante das reformas estruturais de cunho neoliberal as Forccedilas Armadas foi um

dos setores que mais sofreu com a realidade dos cortes no orccedilamento da uniatildeo

para garantir o pagamento da diacutevida puacuteblica do paiacutes

Na gestatildeo do Ministro da Defesa Nelson Jobim o Ministeacuterio publicou a primeira

versatildeo da Estrateacutegia Nacional de Defesa o principal documento que direcionou as

poliacuteticas puacuteblicas para o setor De forma geral e similar a eacutepoca do Governo Militar

um de seus principais eixos foi apostar na revitalizaccedilatildeo da induacutestria de defesa no

paiacutes visando garantir a seguranccedila nacional atraveacutes do desenvolvimento industrial e

tecnoloacutegico

A dialeacutetica poliacutetica e econocircmica do Brasil no seacuteculo XX pautou-se

principalmente no que fazer para o paiacutes deixar de ser subdesenvolvido e se tornar

uma grande potecircncia sobretudo regional As Forccedilas Armadas particularmente o

Exeacutercito Brasileiro foram fundamentais nas pautas que abarcam esse tema Como

uma das uacutenicas instituiccedilotildees espalhadas por todo o paiacutes ateacute entatildeo tem na sua

capilaridade alicerces que contribuem para desenvolver a Naccedilatildeo

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA

A Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) estabelece diretrizes para a adequada

preparaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas permitido garantir a seguranccedila do

paiacutes tanto em tempo de paz quanto em situaccedilotildees de crise

Essa mesma END foi desenvolvida visando atender as necessidades de

equipamento reorganizando principalmente a induacutestria de defesa para que as

tecnologias mais avanccediladas estejam sob domiacutenio nacional

Estrateacutegia nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeo Defendido o Brasil teraacute como dizer natildeo quando tiver que dizer natildeo Teraacute capacidade para construir seu proacuteprio modelo de desenvolvimento (END p 42)

O crescimento e aprimoramento da estrutura de defesa proporciona maior

estabilidade ao paiacutes bem como assegura a proteccedilatildeo de seu territoacuterio de sua

populaccedilatildeo e de setores estrateacutegicos da economia

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA

Formada pelo conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de

organizaccedilotildees civis e militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto

desenvolvimento industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo

conversatildeo modernizaccedilatildeo ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (Prode) no Paiacutes

(Estrateacutegia Nacional de Defesa ano 2012)

Segundo Silva (2011) no iniacutecio da deacutecada de 2000 houve o iniacutecio de um novo

periacuteodo de crescimento da induacutestria militar brasileira particularmente em funccedilatildeo da

produccedilatildeo de aeronaves de combate (A-29 Super Tucano) e de vigilacircncia e

sensoriamento remoto (Emb - 145 AEW) fabricados pela EMBRAER

Poreacutem Silva identificou ainda que a proacutepria ediccedilatildeo 2012 da Estrateacutegia Nacional

de Defesa (END) aponta entre outras vulnerabilidades da atual estrutura de defesa

brasileira a descontinuidade de recursos como uma importante variaacutevel a ser

considerada onde se verifica a seguinte observaccedilatildeo sobre o assunto histoacuterica

16

descontinuidade na alocaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuteria para a defesa (BRASIL

2011 p5)

Diante do exposto observa-se a restriccedilatildeo dos recursos puacuteblicos que podem vir a

reprimir a demanda dos Projetos Estrateacutegicos do Exeacutercito Brasileiro (EB)

acarretando o enfraquecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Um dos propoacutesitos da Poliacutetica Nacional de Defesa eacute conscientizar todos os

segmentos da sociedade brasileira da importacircncia da defesa do Paiacutes e de que esta

eacute um dever de todos os brasileiros (PND p12)

Sendo assim verifica-se a importacircncia do amadurecimento da sociedade

brasileira frente ao desafio de entender e compreender a necessidade do

desenvolvimento de um caraacuteter coletivo que circunda a Defesa Nacional

A partir desse entendimento as facilidades decorrentes poderatildeo ocasionar um

salto para o aperfeiccediloamento das poliacuteticas e das questotildees econocircmicas pois seratildeo

formados os alicerces que impulsionam a vontade nacional relativos ao tema Cabe

ressaltar que o setor de Defesa no Brasil eacute responsaacutevel por 60 mil empregos diretos

e 240 mil indiretos corroborando os efeitos positivos de seu desenvolvimento

3 METODOLOGIA

31 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo seraacute realizado principalmente por meio de uma pesquisa

bibliograacutefica pois basearaacute sua fundamentaccedilatildeo teoacuterico-metodoloacutegica na investigaccedilatildeo

sobre os assuntos relacionados a Induacutestria Nacional de Defesa em livros manuais e

artigos de acesso livre ao puacuteblico em geral incluindo-se nesses aqueles

disponibilizados pela rede mundial de computadores

17

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS

ATUAIS

O Brasil localizado no subcontinente Ameacuterica do Sul possui aacuterea com cerca de

85 milhotildees de kmsup2 e litoral voltado para o Atlacircntico de 74 mil km sendo o quinto

maior paiacutes em espaccedilo geograacutefico do mundo (BRASIL 2016)

Embora o Brasil faccedila fronteira com nove paiacuteses sul-americanos e um territoacuterio

ultramarino da Franccedila (perfazendo uma faixa de 169 mil km de extensatildeo) o Paiacutes

tem ainda hoje uma ldquoorientaccedilatildeo secular Atlacircntica e voltada para o lesterdquo (EAKIN

2014 p42) o que influencia o pensamento dos brasileiros sobre o paiacutes e seu lugar

no mundo Neste aspecto a anaacutelise geopoliacutetica de Mario Travassos ressalta a

importacircncia da cordilheira andina como grande divisor dos dois antagonismos

geograacuteficos da Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico (MATTOS 2002 p59)

Figura 1 Brasil ndash desafios para a defesa

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

Aliado a isso tambeacutem houve o desenvolvimento tardio das instituiccedilotildees de ensino

superior e sua concentraccedilatildeo em poucas cidades influenciando na formaccedilatildeo de

elites brasileiras mais pacifistas (EAKIN 2014 p48)

Ademais a Amazocircnia brasileira rica em recursos minerais de toda ordem e

maior biodiversidade do planeta foi e ainda eacute uma aacuterea pouco povoada devido agraves

suas condiccedilotildees geograacuteficas as quais em sua maior totalidade ainda satildeo

18

consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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UFRJ Defesa e Gestatildeo Estrateacutegica Internacional (DGEI) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Disponiacutevel em httpwwwdgeiufrjbrimagesO-que-e-o-DGEIpdf gt

UFSC Cotidiano UFSC Disponiacutevel em lthttpcotidianositesufscbra-universidade-federalde-santa-catarina-recebe-curso-de-extensao-em-defesa-nacionalgt

Page 6: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

AGRADECIMENTOS

Agrave Deus por ter me dado sauacutede e humildade para executar esta tarefa e a minha

amada esposa Cristiane e minhas filhas Luiza e Lara pela compreensatildeo durante a

execuccedilatildeo deste trabalho

Ao meu orientador TC MB Mauri meus sinceros agradecimentos pela dedicaccedilatildeo e

paciecircncia durante a elaboraccedilatildeo deste trabalho Agradeccedilo pela orientaccedilatildeo eficaz e

objetiva bem como pelas sugestotildees que facilitaram a conclusatildeo deste trabalho

A todos meus parentes e amigos que me ajudaram nesta tarefa

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo apresentar uma anaacutelise da Induacutestria Nacional de

Defesa de 1982 ateacute os dias atuais Aleacutem disto buscou evidenciar a importacircncia da

conscientizaccedilatildeo poliacutetica-econocircmica para o seu desenvolvimento bem como a

elaboraccedilatildeo de leis e regulamentos poliacuteticos cujas ideias satildeo de fomentar e

impulsionar o entendimento e investimento dos setores social e empresarial Por

meio de uma anaacutelise de livros atores artigos cientiacuteficos e trabalhos das mais

variadas aacutereas levantou-se motivos fatos e interesse dos principais atores

envolvidos no contexto da Induacutestria Nacional e sua relaccedilatildeo com a defesa Por fim o

trabalho buscou levantar possiacuteveis cenaacuterios advindos com o desenvolvimento da

Base Industrial de Defesa cujos reflexos beneficiam o meio militar e o civil atraveacutes

do emprego dual

Palavras-chave Induacutestria de Defesa Estrateacutegia Economia Base Industrial Brasil e

Importacircncia

ABSTRACT

This work aimed to present an analysis of the National Defense Industry from 1982

to the present days In addition it sought to highlight the importance of the political

and economic awareness for its development as well as the elaboration of laws and

political regulations whose ideas are to foster and boost the understanding and

investment of the social and business sectors Through an analysis of books actors

scientific articles and works from the most varied areas we raised motives facts and

interest of the main actors involved in the context of the National Industry and their

relationship with defense Finally the work sought to raise possible scenarios arising

from the development of the Defense Industrial Base whose reflexes benefit the

military and civil environment through dual employment

Key-words Defense Industry Strategy Economy Industrial Base Brazil and

Importance

9

LISTA DE FIGURAS E GRAacuteFICOS

Figura 1 ndash Brasil ndash desafiacuteos para a defesa 17

Figura 2 ndash Estrutura Organizacional da SEPROD 27

Figura 3 ndash Programa Nuclear da Marinha29

Figura 4 ndash Projeto GUARANI30

Figura 5 ndash Voo do GRIPEN brasileiro SAAB30

Figura 6 ndash Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi

utilizada tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial31

Figura 7 ndash Tecnologia de uso dual31

Figura 8 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)32

Figura 9 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)33

Figura 10 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)33

Figura 11 ndash Poliacuteticas Nacionais de Defesa35

Figura 12 ndash Importacircncia Estrateacutegica da BID38

Figura 13 ndash Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE39

Figura 14 ndash InvestimentoRetorno em Produtos de Defesa40

10

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 O PROBLEMA DE PESQUISA 13

12 OBJETIVOS 13

121 Objetivo Geral 13

122 Objetivos Especiacuteficos 13

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDOhelliphellip 14

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO 14

2 REFERENCIAL TEOacuteRICOhelliphelliphellip 15

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphellip 15

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 15

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 16

3 METODOLOGIAhelliphellip 16

31 TIPO DE PESQUISA 16

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980

ATEacute OS DIAS ATUAIS 17

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA

NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS 24

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-

ECONOcircMICA PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 35

7 CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIAShelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 47

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente trabalho tem como finalidade abordar a conscientizaccedilatildeo poliacutetica-

econocircmica da Induacutestria Nacional de Defesa O Brasil possui extenso terriacutetoacuterio sua

projeccedilatildeo no acircmbito regional e mundial estimulou o tema Seguranccedila e Defesa fato

que vem se ampliando no universo das discussotildees e estudos do campo poliacutetico e

econocircmico englobando ainda a sociedade em geral

O teacutermino do Governo Militar na deacutecada de 1980 foi acompanhado pelo

decliacutenio da induacutestria beacutelica brasileira em grande parte motivada pela reduccedilatildeo na

demanda exigida das Forccedilas Armadas (FFAA)

A formulaccedilatildeo de poliacuteticas governamentais deliberadas com vistas ao

desenvolvimento da ciecircncia e da tecnologia eacute fenocircmeno recente nos paiacuteses

industrializados e apenas incipiente nos paiacuteses em desenvolvimento A ENGESA

(Engenheiros Especializados SA) foi uma empresa de equipamentos beacutelicos

genuinamente brasileira fundada em 1958 que produzia veiacuteculos militares como o

EE-9 Cascavel e o EE-11 Urutu chegando a empregar mais de 5000 pessoas e a

vender seus produtos para 18 paiacuteses Contudo a empresa faliu em outubro de 1993

deixando uma diacutevida de R$ 15 bilhatildeo

A partir dos anos de 2000 a Induacutestria Nacional de Defesa retorna a posiccedilatildeo

de destaque no paiacutes principalmente atraveacutes da Estrateacutegia Nacional de Defesa

(END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo (PDP) ambas de 2008 Essas

passaram a contribuir de forma significativa para a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e

poliacuteticas direcionadas para a induacutestria e inovaccedilatildeo na aacuterea de defesa

Um paiacutes estar preparado para se defender eacute considerado uma questatildeo de

soberania nacional e para isto natildeo basta ter armas e um grande contingente de

homens Eacute preciso dominar a alta tecnologia e contar com homens devidamente

treinados capazes de operar novos sistemas Assim a estrateacutegia de defesa deve

focar na capacitaccedilatildeo interna que consiste em ter capacidade industrial e tecnoloacutegica

(RAVARA 2001)

No acircmbito mundial foi verificado a tendecircncia de ampliaccedilatildeo referente aos

programas de natureza cientiacutefica e tecnoloacutegica de defesa agraves aplicaccedilotildees do meio

civil com o consequente crescimento das instituiccedilotildees formadas para aplicar essas

12

poliacuteticas Dessa forma ocorreu a raacutepida elevaccedilatildeo dos gastos em pesquisa e

desenvolvimento atingindo niacuteveis que se consideram hoje em dia de difiacutecil

superaccedilatildeo e que possui como principais atores os paiacuteses de maior relevacircncia da

Europa o Japatildeo os Estados Unidos da Ameacuterica e a Ruacutessia

No Brasil o desenvolvimento econocircmico caracteriza-se por fortes oscilaccedilotildees

devido as maacutes governanccedilas que estiveram a frente da conduccedilatildeo do paiacutes De certa

forma os resultados da inoperacircnica governamental refletiram em um setor primordial

para a induacutestria a inovaccedilatildeo Essa questatildeo exige que almejamos o retorno tal qual o

verificado no auge da induacutestria de defesa brasileira durante a deacutecada de 1980

quando o Brasil exportou armamentos para diversos paiacuteses do Oriente Meacutedio com

destaque para o Iraque que estava em guerra com o Iratilde

O pequeno papel desempenhado pelos fatores de inovaccedilatildeo em todas as

atividades produtivas foi a insuficiecircncia dos fundos disponiacuteveis para atender a todas

as direccedilotildees de pesquisa e de desenvolvimento consideradas promissoras para a

inovaccedilatildeo industrial

O desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa necessita de bases que

forneccedilam suporte para a mudanccedila das atitudes e do ambiente econocircmico e social

em geral objetivando o fortalecimento das instituiccedilotildees que devem integrar um

sistema cientiacutefico e tecnoloacutegico e que satildeo constituiacutedas tanto pelos laboratoacuterios

universitaacuterios e institutos oficiais de pesquisa aplicada bem como das instituiccedilotildees

governamentais encarregadas de orientar encaminhar e supervisionar de maneira

permanente todo o processo de criaccedilatildeo cientiacutefica

A induacutestria beacutelica se configura em um dos campos mais avanccedilados em

termos de desenvolvimento tecnoloacutegico Desse modo o seu desenvolvimento visa a

aspiraccedilatildeo de uma induacutestria de defesa autoacutectone a fim de permitir ao paiacutes transferir

os avanccedilos tecnoloacutegicos do campo militar para o civil tornando-o desenvolvido pelo

menos com relaccedilatildeo agrave base industrial instalada e assim criar condiccedilotildees para que as

induacutestrias prosperem jaacute que no Brasil no caso da aacuterea de defesa o apoio

governamental eacute determinante natildeo soacute em relaccedilatildeo aos investimentos em

infraestrutura mas muitas vezes o proacuteprio Estado se torna importante ou mesmo o

uacutenico ofertante e demandante

Desta forma o desenvolvimento da consciecircncia nacional voltada para a

Induacutestria de Defesa necessita do envolvimento do Estado Brasileiro das induacutestrias e

13

seus empresaacuterios e da populaccedilatildeo visando atender as preocupaccedilotildees do paiacutes na

atualidade

11 PROBLEMA DE PESQUISA

Dos anos de 1980 e ao longo dos anos de 1990 a Induacutestria Nacional de Defesa

vivenciou baixa produtividade evidenciada por crise econocircmica e falta de estrateacutegia

para se reerguer

A partir dos anos 2000 ocorreram medidas do Estado Brasileiro visando

possibilitar o desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa por meio da

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo

(PDP)

Em decorrecircncia de tais atitudes a grande questatildeo na atualidade eacute se os

caminhos traccedilados principalmente os poliacuteticos-econocircmicos seratildeo capazes de

proporcionar o desenvolvimento industrial relativo a defesa

O presente trabalho de conclusatildeo de curso seraacute desenvolvido em torno do

seguinte problema de que forma conscientizar o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico para o fortalecimento da Induacutestria Nacional de Defesa

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Verificar a importacircncia da conscientizaccedilatildeo para o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico da Induacutestria Nacional de Defesa

122 Objetivos Especiacuteficos

a Caracterizar o Brasil

b Apresentar o histoacuterico da Induacutestria Nacional de Defesa

c Apresentar as poliacuteticas elaboradas para a Induacutestria Nacional de Defesa no

Brasil dos anos de 1980 ateacute os dias atuais

d Apresentar a Estrateacutegia Nacional de Defesa

e Apresentar a Base Industrial de Defesa e

14

f Caracterizar a importacircncia do desenvolvimento da Induacutestria Nacional de

Defesa

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDO

O presente estudo estaraacute limitado as tentativas poliacuteticas e econocircmicas

empreendidas pelo Estado Brasileiro particularmente as ocorridas apoacutes o Governo

dos Militares ateacute os dias atuais E ainda pela tentativa de incutir a relevacircncia do

tema na sociedade empresarial e civil Dessa forma o estudo abordaraacute a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) e Base Industrial de Defesa (BID)

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO

O trabalho eacute relevante por contribuir para a realizaccedilatildeo de um estudo mais

aprofundado sobre a Induacutestria de Defesa do Brasil haja vista que o paiacutes eacute o maior

da Ameacuterica do Sul possuidor de imensa extensatildeo territorial e fronteiriccedila

Diante das reformas estruturais de cunho neoliberal as Forccedilas Armadas foi um

dos setores que mais sofreu com a realidade dos cortes no orccedilamento da uniatildeo

para garantir o pagamento da diacutevida puacuteblica do paiacutes

Na gestatildeo do Ministro da Defesa Nelson Jobim o Ministeacuterio publicou a primeira

versatildeo da Estrateacutegia Nacional de Defesa o principal documento que direcionou as

poliacuteticas puacuteblicas para o setor De forma geral e similar a eacutepoca do Governo Militar

um de seus principais eixos foi apostar na revitalizaccedilatildeo da induacutestria de defesa no

paiacutes visando garantir a seguranccedila nacional atraveacutes do desenvolvimento industrial e

tecnoloacutegico

A dialeacutetica poliacutetica e econocircmica do Brasil no seacuteculo XX pautou-se

principalmente no que fazer para o paiacutes deixar de ser subdesenvolvido e se tornar

uma grande potecircncia sobretudo regional As Forccedilas Armadas particularmente o

Exeacutercito Brasileiro foram fundamentais nas pautas que abarcam esse tema Como

uma das uacutenicas instituiccedilotildees espalhadas por todo o paiacutes ateacute entatildeo tem na sua

capilaridade alicerces que contribuem para desenvolver a Naccedilatildeo

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA

A Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) estabelece diretrizes para a adequada

preparaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas permitido garantir a seguranccedila do

paiacutes tanto em tempo de paz quanto em situaccedilotildees de crise

Essa mesma END foi desenvolvida visando atender as necessidades de

equipamento reorganizando principalmente a induacutestria de defesa para que as

tecnologias mais avanccediladas estejam sob domiacutenio nacional

Estrateacutegia nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeo Defendido o Brasil teraacute como dizer natildeo quando tiver que dizer natildeo Teraacute capacidade para construir seu proacuteprio modelo de desenvolvimento (END p 42)

O crescimento e aprimoramento da estrutura de defesa proporciona maior

estabilidade ao paiacutes bem como assegura a proteccedilatildeo de seu territoacuterio de sua

populaccedilatildeo e de setores estrateacutegicos da economia

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA

Formada pelo conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de

organizaccedilotildees civis e militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto

desenvolvimento industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo

conversatildeo modernizaccedilatildeo ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (Prode) no Paiacutes

(Estrateacutegia Nacional de Defesa ano 2012)

Segundo Silva (2011) no iniacutecio da deacutecada de 2000 houve o iniacutecio de um novo

periacuteodo de crescimento da induacutestria militar brasileira particularmente em funccedilatildeo da

produccedilatildeo de aeronaves de combate (A-29 Super Tucano) e de vigilacircncia e

sensoriamento remoto (Emb - 145 AEW) fabricados pela EMBRAER

Poreacutem Silva identificou ainda que a proacutepria ediccedilatildeo 2012 da Estrateacutegia Nacional

de Defesa (END) aponta entre outras vulnerabilidades da atual estrutura de defesa

brasileira a descontinuidade de recursos como uma importante variaacutevel a ser

considerada onde se verifica a seguinte observaccedilatildeo sobre o assunto histoacuterica

16

descontinuidade na alocaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuteria para a defesa (BRASIL

2011 p5)

Diante do exposto observa-se a restriccedilatildeo dos recursos puacuteblicos que podem vir a

reprimir a demanda dos Projetos Estrateacutegicos do Exeacutercito Brasileiro (EB)

acarretando o enfraquecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Um dos propoacutesitos da Poliacutetica Nacional de Defesa eacute conscientizar todos os

segmentos da sociedade brasileira da importacircncia da defesa do Paiacutes e de que esta

eacute um dever de todos os brasileiros (PND p12)

Sendo assim verifica-se a importacircncia do amadurecimento da sociedade

brasileira frente ao desafio de entender e compreender a necessidade do

desenvolvimento de um caraacuteter coletivo que circunda a Defesa Nacional

A partir desse entendimento as facilidades decorrentes poderatildeo ocasionar um

salto para o aperfeiccediloamento das poliacuteticas e das questotildees econocircmicas pois seratildeo

formados os alicerces que impulsionam a vontade nacional relativos ao tema Cabe

ressaltar que o setor de Defesa no Brasil eacute responsaacutevel por 60 mil empregos diretos

e 240 mil indiretos corroborando os efeitos positivos de seu desenvolvimento

3 METODOLOGIA

31 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo seraacute realizado principalmente por meio de uma pesquisa

bibliograacutefica pois basearaacute sua fundamentaccedilatildeo teoacuterico-metodoloacutegica na investigaccedilatildeo

sobre os assuntos relacionados a Induacutestria Nacional de Defesa em livros manuais e

artigos de acesso livre ao puacuteblico em geral incluindo-se nesses aqueles

disponibilizados pela rede mundial de computadores

17

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS

ATUAIS

O Brasil localizado no subcontinente Ameacuterica do Sul possui aacuterea com cerca de

85 milhotildees de kmsup2 e litoral voltado para o Atlacircntico de 74 mil km sendo o quinto

maior paiacutes em espaccedilo geograacutefico do mundo (BRASIL 2016)

Embora o Brasil faccedila fronteira com nove paiacuteses sul-americanos e um territoacuterio

ultramarino da Franccedila (perfazendo uma faixa de 169 mil km de extensatildeo) o Paiacutes

tem ainda hoje uma ldquoorientaccedilatildeo secular Atlacircntica e voltada para o lesterdquo (EAKIN

2014 p42) o que influencia o pensamento dos brasileiros sobre o paiacutes e seu lugar

no mundo Neste aspecto a anaacutelise geopoliacutetica de Mario Travassos ressalta a

importacircncia da cordilheira andina como grande divisor dos dois antagonismos

geograacuteficos da Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico (MATTOS 2002 p59)

Figura 1 Brasil ndash desafios para a defesa

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

Aliado a isso tambeacutem houve o desenvolvimento tardio das instituiccedilotildees de ensino

superior e sua concentraccedilatildeo em poucas cidades influenciando na formaccedilatildeo de

elites brasileiras mais pacifistas (EAKIN 2014 p48)

Ademais a Amazocircnia brasileira rica em recursos minerais de toda ordem e

maior biodiversidade do planeta foi e ainda eacute uma aacuterea pouco povoada devido agraves

suas condiccedilotildees geograacuteficas as quais em sua maior totalidade ainda satildeo

18

consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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UFSC Cotidiano UFSC Disponiacutevel em lthttpcotidianositesufscbra-universidade-federalde-santa-catarina-recebe-curso-de-extensao-em-defesa-nacionalgt

Page 7: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo apresentar uma anaacutelise da Induacutestria Nacional de

Defesa de 1982 ateacute os dias atuais Aleacutem disto buscou evidenciar a importacircncia da

conscientizaccedilatildeo poliacutetica-econocircmica para o seu desenvolvimento bem como a

elaboraccedilatildeo de leis e regulamentos poliacuteticos cujas ideias satildeo de fomentar e

impulsionar o entendimento e investimento dos setores social e empresarial Por

meio de uma anaacutelise de livros atores artigos cientiacuteficos e trabalhos das mais

variadas aacutereas levantou-se motivos fatos e interesse dos principais atores

envolvidos no contexto da Induacutestria Nacional e sua relaccedilatildeo com a defesa Por fim o

trabalho buscou levantar possiacuteveis cenaacuterios advindos com o desenvolvimento da

Base Industrial de Defesa cujos reflexos beneficiam o meio militar e o civil atraveacutes

do emprego dual

Palavras-chave Induacutestria de Defesa Estrateacutegia Economia Base Industrial Brasil e

Importacircncia

ABSTRACT

This work aimed to present an analysis of the National Defense Industry from 1982

to the present days In addition it sought to highlight the importance of the political

and economic awareness for its development as well as the elaboration of laws and

political regulations whose ideas are to foster and boost the understanding and

investment of the social and business sectors Through an analysis of books actors

scientific articles and works from the most varied areas we raised motives facts and

interest of the main actors involved in the context of the National Industry and their

relationship with defense Finally the work sought to raise possible scenarios arising

from the development of the Defense Industrial Base whose reflexes benefit the

military and civil environment through dual employment

Key-words Defense Industry Strategy Economy Industrial Base Brazil and

Importance

9

LISTA DE FIGURAS E GRAacuteFICOS

Figura 1 ndash Brasil ndash desafiacuteos para a defesa 17

Figura 2 ndash Estrutura Organizacional da SEPROD 27

Figura 3 ndash Programa Nuclear da Marinha29

Figura 4 ndash Projeto GUARANI30

Figura 5 ndash Voo do GRIPEN brasileiro SAAB30

Figura 6 ndash Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi

utilizada tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial31

Figura 7 ndash Tecnologia de uso dual31

Figura 8 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)32

Figura 9 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)33

Figura 10 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)33

Figura 11 ndash Poliacuteticas Nacionais de Defesa35

Figura 12 ndash Importacircncia Estrateacutegica da BID38

Figura 13 ndash Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE39

Figura 14 ndash InvestimentoRetorno em Produtos de Defesa40

10

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 O PROBLEMA DE PESQUISA 13

12 OBJETIVOS 13

121 Objetivo Geral 13

122 Objetivos Especiacuteficos 13

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDOhelliphellip 14

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO 14

2 REFERENCIAL TEOacuteRICOhelliphelliphellip 15

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphellip 15

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 15

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 16

3 METODOLOGIAhelliphellip 16

31 TIPO DE PESQUISA 16

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980

ATEacute OS DIAS ATUAIS 17

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA

NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS 24

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-

ECONOcircMICA PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 35

7 CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIAShelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 47

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente trabalho tem como finalidade abordar a conscientizaccedilatildeo poliacutetica-

econocircmica da Induacutestria Nacional de Defesa O Brasil possui extenso terriacutetoacuterio sua

projeccedilatildeo no acircmbito regional e mundial estimulou o tema Seguranccedila e Defesa fato

que vem se ampliando no universo das discussotildees e estudos do campo poliacutetico e

econocircmico englobando ainda a sociedade em geral

O teacutermino do Governo Militar na deacutecada de 1980 foi acompanhado pelo

decliacutenio da induacutestria beacutelica brasileira em grande parte motivada pela reduccedilatildeo na

demanda exigida das Forccedilas Armadas (FFAA)

A formulaccedilatildeo de poliacuteticas governamentais deliberadas com vistas ao

desenvolvimento da ciecircncia e da tecnologia eacute fenocircmeno recente nos paiacuteses

industrializados e apenas incipiente nos paiacuteses em desenvolvimento A ENGESA

(Engenheiros Especializados SA) foi uma empresa de equipamentos beacutelicos

genuinamente brasileira fundada em 1958 que produzia veiacuteculos militares como o

EE-9 Cascavel e o EE-11 Urutu chegando a empregar mais de 5000 pessoas e a

vender seus produtos para 18 paiacuteses Contudo a empresa faliu em outubro de 1993

deixando uma diacutevida de R$ 15 bilhatildeo

A partir dos anos de 2000 a Induacutestria Nacional de Defesa retorna a posiccedilatildeo

de destaque no paiacutes principalmente atraveacutes da Estrateacutegia Nacional de Defesa

(END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo (PDP) ambas de 2008 Essas

passaram a contribuir de forma significativa para a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e

poliacuteticas direcionadas para a induacutestria e inovaccedilatildeo na aacuterea de defesa

Um paiacutes estar preparado para se defender eacute considerado uma questatildeo de

soberania nacional e para isto natildeo basta ter armas e um grande contingente de

homens Eacute preciso dominar a alta tecnologia e contar com homens devidamente

treinados capazes de operar novos sistemas Assim a estrateacutegia de defesa deve

focar na capacitaccedilatildeo interna que consiste em ter capacidade industrial e tecnoloacutegica

(RAVARA 2001)

No acircmbito mundial foi verificado a tendecircncia de ampliaccedilatildeo referente aos

programas de natureza cientiacutefica e tecnoloacutegica de defesa agraves aplicaccedilotildees do meio

civil com o consequente crescimento das instituiccedilotildees formadas para aplicar essas

12

poliacuteticas Dessa forma ocorreu a raacutepida elevaccedilatildeo dos gastos em pesquisa e

desenvolvimento atingindo niacuteveis que se consideram hoje em dia de difiacutecil

superaccedilatildeo e que possui como principais atores os paiacuteses de maior relevacircncia da

Europa o Japatildeo os Estados Unidos da Ameacuterica e a Ruacutessia

No Brasil o desenvolvimento econocircmico caracteriza-se por fortes oscilaccedilotildees

devido as maacutes governanccedilas que estiveram a frente da conduccedilatildeo do paiacutes De certa

forma os resultados da inoperacircnica governamental refletiram em um setor primordial

para a induacutestria a inovaccedilatildeo Essa questatildeo exige que almejamos o retorno tal qual o

verificado no auge da induacutestria de defesa brasileira durante a deacutecada de 1980

quando o Brasil exportou armamentos para diversos paiacuteses do Oriente Meacutedio com

destaque para o Iraque que estava em guerra com o Iratilde

O pequeno papel desempenhado pelos fatores de inovaccedilatildeo em todas as

atividades produtivas foi a insuficiecircncia dos fundos disponiacuteveis para atender a todas

as direccedilotildees de pesquisa e de desenvolvimento consideradas promissoras para a

inovaccedilatildeo industrial

O desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa necessita de bases que

forneccedilam suporte para a mudanccedila das atitudes e do ambiente econocircmico e social

em geral objetivando o fortalecimento das instituiccedilotildees que devem integrar um

sistema cientiacutefico e tecnoloacutegico e que satildeo constituiacutedas tanto pelos laboratoacuterios

universitaacuterios e institutos oficiais de pesquisa aplicada bem como das instituiccedilotildees

governamentais encarregadas de orientar encaminhar e supervisionar de maneira

permanente todo o processo de criaccedilatildeo cientiacutefica

A induacutestria beacutelica se configura em um dos campos mais avanccedilados em

termos de desenvolvimento tecnoloacutegico Desse modo o seu desenvolvimento visa a

aspiraccedilatildeo de uma induacutestria de defesa autoacutectone a fim de permitir ao paiacutes transferir

os avanccedilos tecnoloacutegicos do campo militar para o civil tornando-o desenvolvido pelo

menos com relaccedilatildeo agrave base industrial instalada e assim criar condiccedilotildees para que as

induacutestrias prosperem jaacute que no Brasil no caso da aacuterea de defesa o apoio

governamental eacute determinante natildeo soacute em relaccedilatildeo aos investimentos em

infraestrutura mas muitas vezes o proacuteprio Estado se torna importante ou mesmo o

uacutenico ofertante e demandante

Desta forma o desenvolvimento da consciecircncia nacional voltada para a

Induacutestria de Defesa necessita do envolvimento do Estado Brasileiro das induacutestrias e

13

seus empresaacuterios e da populaccedilatildeo visando atender as preocupaccedilotildees do paiacutes na

atualidade

11 PROBLEMA DE PESQUISA

Dos anos de 1980 e ao longo dos anos de 1990 a Induacutestria Nacional de Defesa

vivenciou baixa produtividade evidenciada por crise econocircmica e falta de estrateacutegia

para se reerguer

A partir dos anos 2000 ocorreram medidas do Estado Brasileiro visando

possibilitar o desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa por meio da

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo

(PDP)

Em decorrecircncia de tais atitudes a grande questatildeo na atualidade eacute se os

caminhos traccedilados principalmente os poliacuteticos-econocircmicos seratildeo capazes de

proporcionar o desenvolvimento industrial relativo a defesa

O presente trabalho de conclusatildeo de curso seraacute desenvolvido em torno do

seguinte problema de que forma conscientizar o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico para o fortalecimento da Induacutestria Nacional de Defesa

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Verificar a importacircncia da conscientizaccedilatildeo para o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico da Induacutestria Nacional de Defesa

122 Objetivos Especiacuteficos

a Caracterizar o Brasil

b Apresentar o histoacuterico da Induacutestria Nacional de Defesa

c Apresentar as poliacuteticas elaboradas para a Induacutestria Nacional de Defesa no

Brasil dos anos de 1980 ateacute os dias atuais

d Apresentar a Estrateacutegia Nacional de Defesa

e Apresentar a Base Industrial de Defesa e

14

f Caracterizar a importacircncia do desenvolvimento da Induacutestria Nacional de

Defesa

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDO

O presente estudo estaraacute limitado as tentativas poliacuteticas e econocircmicas

empreendidas pelo Estado Brasileiro particularmente as ocorridas apoacutes o Governo

dos Militares ateacute os dias atuais E ainda pela tentativa de incutir a relevacircncia do

tema na sociedade empresarial e civil Dessa forma o estudo abordaraacute a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) e Base Industrial de Defesa (BID)

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO

O trabalho eacute relevante por contribuir para a realizaccedilatildeo de um estudo mais

aprofundado sobre a Induacutestria de Defesa do Brasil haja vista que o paiacutes eacute o maior

da Ameacuterica do Sul possuidor de imensa extensatildeo territorial e fronteiriccedila

Diante das reformas estruturais de cunho neoliberal as Forccedilas Armadas foi um

dos setores que mais sofreu com a realidade dos cortes no orccedilamento da uniatildeo

para garantir o pagamento da diacutevida puacuteblica do paiacutes

Na gestatildeo do Ministro da Defesa Nelson Jobim o Ministeacuterio publicou a primeira

versatildeo da Estrateacutegia Nacional de Defesa o principal documento que direcionou as

poliacuteticas puacuteblicas para o setor De forma geral e similar a eacutepoca do Governo Militar

um de seus principais eixos foi apostar na revitalizaccedilatildeo da induacutestria de defesa no

paiacutes visando garantir a seguranccedila nacional atraveacutes do desenvolvimento industrial e

tecnoloacutegico

A dialeacutetica poliacutetica e econocircmica do Brasil no seacuteculo XX pautou-se

principalmente no que fazer para o paiacutes deixar de ser subdesenvolvido e se tornar

uma grande potecircncia sobretudo regional As Forccedilas Armadas particularmente o

Exeacutercito Brasileiro foram fundamentais nas pautas que abarcam esse tema Como

uma das uacutenicas instituiccedilotildees espalhadas por todo o paiacutes ateacute entatildeo tem na sua

capilaridade alicerces que contribuem para desenvolver a Naccedilatildeo

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA

A Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) estabelece diretrizes para a adequada

preparaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas permitido garantir a seguranccedila do

paiacutes tanto em tempo de paz quanto em situaccedilotildees de crise

Essa mesma END foi desenvolvida visando atender as necessidades de

equipamento reorganizando principalmente a induacutestria de defesa para que as

tecnologias mais avanccediladas estejam sob domiacutenio nacional

Estrateacutegia nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeo Defendido o Brasil teraacute como dizer natildeo quando tiver que dizer natildeo Teraacute capacidade para construir seu proacuteprio modelo de desenvolvimento (END p 42)

O crescimento e aprimoramento da estrutura de defesa proporciona maior

estabilidade ao paiacutes bem como assegura a proteccedilatildeo de seu territoacuterio de sua

populaccedilatildeo e de setores estrateacutegicos da economia

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA

Formada pelo conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de

organizaccedilotildees civis e militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto

desenvolvimento industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo

conversatildeo modernizaccedilatildeo ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (Prode) no Paiacutes

(Estrateacutegia Nacional de Defesa ano 2012)

Segundo Silva (2011) no iniacutecio da deacutecada de 2000 houve o iniacutecio de um novo

periacuteodo de crescimento da induacutestria militar brasileira particularmente em funccedilatildeo da

produccedilatildeo de aeronaves de combate (A-29 Super Tucano) e de vigilacircncia e

sensoriamento remoto (Emb - 145 AEW) fabricados pela EMBRAER

Poreacutem Silva identificou ainda que a proacutepria ediccedilatildeo 2012 da Estrateacutegia Nacional

de Defesa (END) aponta entre outras vulnerabilidades da atual estrutura de defesa

brasileira a descontinuidade de recursos como uma importante variaacutevel a ser

considerada onde se verifica a seguinte observaccedilatildeo sobre o assunto histoacuterica

16

descontinuidade na alocaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuteria para a defesa (BRASIL

2011 p5)

Diante do exposto observa-se a restriccedilatildeo dos recursos puacuteblicos que podem vir a

reprimir a demanda dos Projetos Estrateacutegicos do Exeacutercito Brasileiro (EB)

acarretando o enfraquecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Um dos propoacutesitos da Poliacutetica Nacional de Defesa eacute conscientizar todos os

segmentos da sociedade brasileira da importacircncia da defesa do Paiacutes e de que esta

eacute um dever de todos os brasileiros (PND p12)

Sendo assim verifica-se a importacircncia do amadurecimento da sociedade

brasileira frente ao desafio de entender e compreender a necessidade do

desenvolvimento de um caraacuteter coletivo que circunda a Defesa Nacional

A partir desse entendimento as facilidades decorrentes poderatildeo ocasionar um

salto para o aperfeiccediloamento das poliacuteticas e das questotildees econocircmicas pois seratildeo

formados os alicerces que impulsionam a vontade nacional relativos ao tema Cabe

ressaltar que o setor de Defesa no Brasil eacute responsaacutevel por 60 mil empregos diretos

e 240 mil indiretos corroborando os efeitos positivos de seu desenvolvimento

3 METODOLOGIA

31 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo seraacute realizado principalmente por meio de uma pesquisa

bibliograacutefica pois basearaacute sua fundamentaccedilatildeo teoacuterico-metodoloacutegica na investigaccedilatildeo

sobre os assuntos relacionados a Induacutestria Nacional de Defesa em livros manuais e

artigos de acesso livre ao puacuteblico em geral incluindo-se nesses aqueles

disponibilizados pela rede mundial de computadores

17

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS

ATUAIS

O Brasil localizado no subcontinente Ameacuterica do Sul possui aacuterea com cerca de

85 milhotildees de kmsup2 e litoral voltado para o Atlacircntico de 74 mil km sendo o quinto

maior paiacutes em espaccedilo geograacutefico do mundo (BRASIL 2016)

Embora o Brasil faccedila fronteira com nove paiacuteses sul-americanos e um territoacuterio

ultramarino da Franccedila (perfazendo uma faixa de 169 mil km de extensatildeo) o Paiacutes

tem ainda hoje uma ldquoorientaccedilatildeo secular Atlacircntica e voltada para o lesterdquo (EAKIN

2014 p42) o que influencia o pensamento dos brasileiros sobre o paiacutes e seu lugar

no mundo Neste aspecto a anaacutelise geopoliacutetica de Mario Travassos ressalta a

importacircncia da cordilheira andina como grande divisor dos dois antagonismos

geograacuteficos da Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico (MATTOS 2002 p59)

Figura 1 Brasil ndash desafios para a defesa

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

Aliado a isso tambeacutem houve o desenvolvimento tardio das instituiccedilotildees de ensino

superior e sua concentraccedilatildeo em poucas cidades influenciando na formaccedilatildeo de

elites brasileiras mais pacifistas (EAKIN 2014 p48)

Ademais a Amazocircnia brasileira rica em recursos minerais de toda ordem e

maior biodiversidade do planeta foi e ainda eacute uma aacuterea pouco povoada devido agraves

suas condiccedilotildees geograacuteficas as quais em sua maior totalidade ainda satildeo

18

consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

REFEREcircNCIAS

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UFSC Cotidiano UFSC Disponiacutevel em lthttpcotidianositesufscbra-universidade-federalde-santa-catarina-recebe-curso-de-extensao-em-defesa-nacionalgt

Page 8: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

ABSTRACT

This work aimed to present an analysis of the National Defense Industry from 1982

to the present days In addition it sought to highlight the importance of the political

and economic awareness for its development as well as the elaboration of laws and

political regulations whose ideas are to foster and boost the understanding and

investment of the social and business sectors Through an analysis of books actors

scientific articles and works from the most varied areas we raised motives facts and

interest of the main actors involved in the context of the National Industry and their

relationship with defense Finally the work sought to raise possible scenarios arising

from the development of the Defense Industrial Base whose reflexes benefit the

military and civil environment through dual employment

Key-words Defense Industry Strategy Economy Industrial Base Brazil and

Importance

9

LISTA DE FIGURAS E GRAacuteFICOS

Figura 1 ndash Brasil ndash desafiacuteos para a defesa 17

Figura 2 ndash Estrutura Organizacional da SEPROD 27

Figura 3 ndash Programa Nuclear da Marinha29

Figura 4 ndash Projeto GUARANI30

Figura 5 ndash Voo do GRIPEN brasileiro SAAB30

Figura 6 ndash Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi

utilizada tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial31

Figura 7 ndash Tecnologia de uso dual31

Figura 8 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)32

Figura 9 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)33

Figura 10 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)33

Figura 11 ndash Poliacuteticas Nacionais de Defesa35

Figura 12 ndash Importacircncia Estrateacutegica da BID38

Figura 13 ndash Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE39

Figura 14 ndash InvestimentoRetorno em Produtos de Defesa40

10

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 O PROBLEMA DE PESQUISA 13

12 OBJETIVOS 13

121 Objetivo Geral 13

122 Objetivos Especiacuteficos 13

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDOhelliphellip 14

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO 14

2 REFERENCIAL TEOacuteRICOhelliphelliphellip 15

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphellip 15

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 15

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 16

3 METODOLOGIAhelliphellip 16

31 TIPO DE PESQUISA 16

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980

ATEacute OS DIAS ATUAIS 17

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA

NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS 24

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-

ECONOcircMICA PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 35

7 CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIAShelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 47

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente trabalho tem como finalidade abordar a conscientizaccedilatildeo poliacutetica-

econocircmica da Induacutestria Nacional de Defesa O Brasil possui extenso terriacutetoacuterio sua

projeccedilatildeo no acircmbito regional e mundial estimulou o tema Seguranccedila e Defesa fato

que vem se ampliando no universo das discussotildees e estudos do campo poliacutetico e

econocircmico englobando ainda a sociedade em geral

O teacutermino do Governo Militar na deacutecada de 1980 foi acompanhado pelo

decliacutenio da induacutestria beacutelica brasileira em grande parte motivada pela reduccedilatildeo na

demanda exigida das Forccedilas Armadas (FFAA)

A formulaccedilatildeo de poliacuteticas governamentais deliberadas com vistas ao

desenvolvimento da ciecircncia e da tecnologia eacute fenocircmeno recente nos paiacuteses

industrializados e apenas incipiente nos paiacuteses em desenvolvimento A ENGESA

(Engenheiros Especializados SA) foi uma empresa de equipamentos beacutelicos

genuinamente brasileira fundada em 1958 que produzia veiacuteculos militares como o

EE-9 Cascavel e o EE-11 Urutu chegando a empregar mais de 5000 pessoas e a

vender seus produtos para 18 paiacuteses Contudo a empresa faliu em outubro de 1993

deixando uma diacutevida de R$ 15 bilhatildeo

A partir dos anos de 2000 a Induacutestria Nacional de Defesa retorna a posiccedilatildeo

de destaque no paiacutes principalmente atraveacutes da Estrateacutegia Nacional de Defesa

(END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo (PDP) ambas de 2008 Essas

passaram a contribuir de forma significativa para a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e

poliacuteticas direcionadas para a induacutestria e inovaccedilatildeo na aacuterea de defesa

Um paiacutes estar preparado para se defender eacute considerado uma questatildeo de

soberania nacional e para isto natildeo basta ter armas e um grande contingente de

homens Eacute preciso dominar a alta tecnologia e contar com homens devidamente

treinados capazes de operar novos sistemas Assim a estrateacutegia de defesa deve

focar na capacitaccedilatildeo interna que consiste em ter capacidade industrial e tecnoloacutegica

(RAVARA 2001)

No acircmbito mundial foi verificado a tendecircncia de ampliaccedilatildeo referente aos

programas de natureza cientiacutefica e tecnoloacutegica de defesa agraves aplicaccedilotildees do meio

civil com o consequente crescimento das instituiccedilotildees formadas para aplicar essas

12

poliacuteticas Dessa forma ocorreu a raacutepida elevaccedilatildeo dos gastos em pesquisa e

desenvolvimento atingindo niacuteveis que se consideram hoje em dia de difiacutecil

superaccedilatildeo e que possui como principais atores os paiacuteses de maior relevacircncia da

Europa o Japatildeo os Estados Unidos da Ameacuterica e a Ruacutessia

No Brasil o desenvolvimento econocircmico caracteriza-se por fortes oscilaccedilotildees

devido as maacutes governanccedilas que estiveram a frente da conduccedilatildeo do paiacutes De certa

forma os resultados da inoperacircnica governamental refletiram em um setor primordial

para a induacutestria a inovaccedilatildeo Essa questatildeo exige que almejamos o retorno tal qual o

verificado no auge da induacutestria de defesa brasileira durante a deacutecada de 1980

quando o Brasil exportou armamentos para diversos paiacuteses do Oriente Meacutedio com

destaque para o Iraque que estava em guerra com o Iratilde

O pequeno papel desempenhado pelos fatores de inovaccedilatildeo em todas as

atividades produtivas foi a insuficiecircncia dos fundos disponiacuteveis para atender a todas

as direccedilotildees de pesquisa e de desenvolvimento consideradas promissoras para a

inovaccedilatildeo industrial

O desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa necessita de bases que

forneccedilam suporte para a mudanccedila das atitudes e do ambiente econocircmico e social

em geral objetivando o fortalecimento das instituiccedilotildees que devem integrar um

sistema cientiacutefico e tecnoloacutegico e que satildeo constituiacutedas tanto pelos laboratoacuterios

universitaacuterios e institutos oficiais de pesquisa aplicada bem como das instituiccedilotildees

governamentais encarregadas de orientar encaminhar e supervisionar de maneira

permanente todo o processo de criaccedilatildeo cientiacutefica

A induacutestria beacutelica se configura em um dos campos mais avanccedilados em

termos de desenvolvimento tecnoloacutegico Desse modo o seu desenvolvimento visa a

aspiraccedilatildeo de uma induacutestria de defesa autoacutectone a fim de permitir ao paiacutes transferir

os avanccedilos tecnoloacutegicos do campo militar para o civil tornando-o desenvolvido pelo

menos com relaccedilatildeo agrave base industrial instalada e assim criar condiccedilotildees para que as

induacutestrias prosperem jaacute que no Brasil no caso da aacuterea de defesa o apoio

governamental eacute determinante natildeo soacute em relaccedilatildeo aos investimentos em

infraestrutura mas muitas vezes o proacuteprio Estado se torna importante ou mesmo o

uacutenico ofertante e demandante

Desta forma o desenvolvimento da consciecircncia nacional voltada para a

Induacutestria de Defesa necessita do envolvimento do Estado Brasileiro das induacutestrias e

13

seus empresaacuterios e da populaccedilatildeo visando atender as preocupaccedilotildees do paiacutes na

atualidade

11 PROBLEMA DE PESQUISA

Dos anos de 1980 e ao longo dos anos de 1990 a Induacutestria Nacional de Defesa

vivenciou baixa produtividade evidenciada por crise econocircmica e falta de estrateacutegia

para se reerguer

A partir dos anos 2000 ocorreram medidas do Estado Brasileiro visando

possibilitar o desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa por meio da

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo

(PDP)

Em decorrecircncia de tais atitudes a grande questatildeo na atualidade eacute se os

caminhos traccedilados principalmente os poliacuteticos-econocircmicos seratildeo capazes de

proporcionar o desenvolvimento industrial relativo a defesa

O presente trabalho de conclusatildeo de curso seraacute desenvolvido em torno do

seguinte problema de que forma conscientizar o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico para o fortalecimento da Induacutestria Nacional de Defesa

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Verificar a importacircncia da conscientizaccedilatildeo para o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico da Induacutestria Nacional de Defesa

122 Objetivos Especiacuteficos

a Caracterizar o Brasil

b Apresentar o histoacuterico da Induacutestria Nacional de Defesa

c Apresentar as poliacuteticas elaboradas para a Induacutestria Nacional de Defesa no

Brasil dos anos de 1980 ateacute os dias atuais

d Apresentar a Estrateacutegia Nacional de Defesa

e Apresentar a Base Industrial de Defesa e

14

f Caracterizar a importacircncia do desenvolvimento da Induacutestria Nacional de

Defesa

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDO

O presente estudo estaraacute limitado as tentativas poliacuteticas e econocircmicas

empreendidas pelo Estado Brasileiro particularmente as ocorridas apoacutes o Governo

dos Militares ateacute os dias atuais E ainda pela tentativa de incutir a relevacircncia do

tema na sociedade empresarial e civil Dessa forma o estudo abordaraacute a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) e Base Industrial de Defesa (BID)

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO

O trabalho eacute relevante por contribuir para a realizaccedilatildeo de um estudo mais

aprofundado sobre a Induacutestria de Defesa do Brasil haja vista que o paiacutes eacute o maior

da Ameacuterica do Sul possuidor de imensa extensatildeo territorial e fronteiriccedila

Diante das reformas estruturais de cunho neoliberal as Forccedilas Armadas foi um

dos setores que mais sofreu com a realidade dos cortes no orccedilamento da uniatildeo

para garantir o pagamento da diacutevida puacuteblica do paiacutes

Na gestatildeo do Ministro da Defesa Nelson Jobim o Ministeacuterio publicou a primeira

versatildeo da Estrateacutegia Nacional de Defesa o principal documento que direcionou as

poliacuteticas puacuteblicas para o setor De forma geral e similar a eacutepoca do Governo Militar

um de seus principais eixos foi apostar na revitalizaccedilatildeo da induacutestria de defesa no

paiacutes visando garantir a seguranccedila nacional atraveacutes do desenvolvimento industrial e

tecnoloacutegico

A dialeacutetica poliacutetica e econocircmica do Brasil no seacuteculo XX pautou-se

principalmente no que fazer para o paiacutes deixar de ser subdesenvolvido e se tornar

uma grande potecircncia sobretudo regional As Forccedilas Armadas particularmente o

Exeacutercito Brasileiro foram fundamentais nas pautas que abarcam esse tema Como

uma das uacutenicas instituiccedilotildees espalhadas por todo o paiacutes ateacute entatildeo tem na sua

capilaridade alicerces que contribuem para desenvolver a Naccedilatildeo

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA

A Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) estabelece diretrizes para a adequada

preparaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas permitido garantir a seguranccedila do

paiacutes tanto em tempo de paz quanto em situaccedilotildees de crise

Essa mesma END foi desenvolvida visando atender as necessidades de

equipamento reorganizando principalmente a induacutestria de defesa para que as

tecnologias mais avanccediladas estejam sob domiacutenio nacional

Estrateacutegia nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeo Defendido o Brasil teraacute como dizer natildeo quando tiver que dizer natildeo Teraacute capacidade para construir seu proacuteprio modelo de desenvolvimento (END p 42)

O crescimento e aprimoramento da estrutura de defesa proporciona maior

estabilidade ao paiacutes bem como assegura a proteccedilatildeo de seu territoacuterio de sua

populaccedilatildeo e de setores estrateacutegicos da economia

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA

Formada pelo conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de

organizaccedilotildees civis e militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto

desenvolvimento industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo

conversatildeo modernizaccedilatildeo ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (Prode) no Paiacutes

(Estrateacutegia Nacional de Defesa ano 2012)

Segundo Silva (2011) no iniacutecio da deacutecada de 2000 houve o iniacutecio de um novo

periacuteodo de crescimento da induacutestria militar brasileira particularmente em funccedilatildeo da

produccedilatildeo de aeronaves de combate (A-29 Super Tucano) e de vigilacircncia e

sensoriamento remoto (Emb - 145 AEW) fabricados pela EMBRAER

Poreacutem Silva identificou ainda que a proacutepria ediccedilatildeo 2012 da Estrateacutegia Nacional

de Defesa (END) aponta entre outras vulnerabilidades da atual estrutura de defesa

brasileira a descontinuidade de recursos como uma importante variaacutevel a ser

considerada onde se verifica a seguinte observaccedilatildeo sobre o assunto histoacuterica

16

descontinuidade na alocaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuteria para a defesa (BRASIL

2011 p5)

Diante do exposto observa-se a restriccedilatildeo dos recursos puacuteblicos que podem vir a

reprimir a demanda dos Projetos Estrateacutegicos do Exeacutercito Brasileiro (EB)

acarretando o enfraquecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Um dos propoacutesitos da Poliacutetica Nacional de Defesa eacute conscientizar todos os

segmentos da sociedade brasileira da importacircncia da defesa do Paiacutes e de que esta

eacute um dever de todos os brasileiros (PND p12)

Sendo assim verifica-se a importacircncia do amadurecimento da sociedade

brasileira frente ao desafio de entender e compreender a necessidade do

desenvolvimento de um caraacuteter coletivo que circunda a Defesa Nacional

A partir desse entendimento as facilidades decorrentes poderatildeo ocasionar um

salto para o aperfeiccediloamento das poliacuteticas e das questotildees econocircmicas pois seratildeo

formados os alicerces que impulsionam a vontade nacional relativos ao tema Cabe

ressaltar que o setor de Defesa no Brasil eacute responsaacutevel por 60 mil empregos diretos

e 240 mil indiretos corroborando os efeitos positivos de seu desenvolvimento

3 METODOLOGIA

31 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo seraacute realizado principalmente por meio de uma pesquisa

bibliograacutefica pois basearaacute sua fundamentaccedilatildeo teoacuterico-metodoloacutegica na investigaccedilatildeo

sobre os assuntos relacionados a Induacutestria Nacional de Defesa em livros manuais e

artigos de acesso livre ao puacuteblico em geral incluindo-se nesses aqueles

disponibilizados pela rede mundial de computadores

17

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS

ATUAIS

O Brasil localizado no subcontinente Ameacuterica do Sul possui aacuterea com cerca de

85 milhotildees de kmsup2 e litoral voltado para o Atlacircntico de 74 mil km sendo o quinto

maior paiacutes em espaccedilo geograacutefico do mundo (BRASIL 2016)

Embora o Brasil faccedila fronteira com nove paiacuteses sul-americanos e um territoacuterio

ultramarino da Franccedila (perfazendo uma faixa de 169 mil km de extensatildeo) o Paiacutes

tem ainda hoje uma ldquoorientaccedilatildeo secular Atlacircntica e voltada para o lesterdquo (EAKIN

2014 p42) o que influencia o pensamento dos brasileiros sobre o paiacutes e seu lugar

no mundo Neste aspecto a anaacutelise geopoliacutetica de Mario Travassos ressalta a

importacircncia da cordilheira andina como grande divisor dos dois antagonismos

geograacuteficos da Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico (MATTOS 2002 p59)

Figura 1 Brasil ndash desafios para a defesa

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

Aliado a isso tambeacutem houve o desenvolvimento tardio das instituiccedilotildees de ensino

superior e sua concentraccedilatildeo em poucas cidades influenciando na formaccedilatildeo de

elites brasileiras mais pacifistas (EAKIN 2014 p48)

Ademais a Amazocircnia brasileira rica em recursos minerais de toda ordem e

maior biodiversidade do planeta foi e ainda eacute uma aacuterea pouco povoada devido agraves

suas condiccedilotildees geograacuteficas as quais em sua maior totalidade ainda satildeo

18

consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

REFEREcircNCIAS

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UFSC Cotidiano UFSC Disponiacutevel em lthttpcotidianositesufscbra-universidade-federalde-santa-catarina-recebe-curso-de-extensao-em-defesa-nacionalgt

Page 9: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

9

LISTA DE FIGURAS E GRAacuteFICOS

Figura 1 ndash Brasil ndash desafiacuteos para a defesa 17

Figura 2 ndash Estrutura Organizacional da SEPROD 27

Figura 3 ndash Programa Nuclear da Marinha29

Figura 4 ndash Projeto GUARANI30

Figura 5 ndash Voo do GRIPEN brasileiro SAAB30

Figura 6 ndash Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi

utilizada tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial31

Figura 7 ndash Tecnologia de uso dual31

Figura 8 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)32

Figura 9 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)33

Figura 10 ndash Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)33

Figura 11 ndash Poliacuteticas Nacionais de Defesa35

Figura 12 ndash Importacircncia Estrateacutegica da BID38

Figura 13 ndash Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE39

Figura 14 ndash InvestimentoRetorno em Produtos de Defesa40

10

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 O PROBLEMA DE PESQUISA 13

12 OBJETIVOS 13

121 Objetivo Geral 13

122 Objetivos Especiacuteficos 13

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDOhelliphellip 14

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO 14

2 REFERENCIAL TEOacuteRICOhelliphelliphellip 15

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphellip 15

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 15

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 16

3 METODOLOGIAhelliphellip 16

31 TIPO DE PESQUISA 16

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980

ATEacute OS DIAS ATUAIS 17

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA

NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS 24

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-

ECONOcircMICA PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 35

7 CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIAShelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 47

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente trabalho tem como finalidade abordar a conscientizaccedilatildeo poliacutetica-

econocircmica da Induacutestria Nacional de Defesa O Brasil possui extenso terriacutetoacuterio sua

projeccedilatildeo no acircmbito regional e mundial estimulou o tema Seguranccedila e Defesa fato

que vem se ampliando no universo das discussotildees e estudos do campo poliacutetico e

econocircmico englobando ainda a sociedade em geral

O teacutermino do Governo Militar na deacutecada de 1980 foi acompanhado pelo

decliacutenio da induacutestria beacutelica brasileira em grande parte motivada pela reduccedilatildeo na

demanda exigida das Forccedilas Armadas (FFAA)

A formulaccedilatildeo de poliacuteticas governamentais deliberadas com vistas ao

desenvolvimento da ciecircncia e da tecnologia eacute fenocircmeno recente nos paiacuteses

industrializados e apenas incipiente nos paiacuteses em desenvolvimento A ENGESA

(Engenheiros Especializados SA) foi uma empresa de equipamentos beacutelicos

genuinamente brasileira fundada em 1958 que produzia veiacuteculos militares como o

EE-9 Cascavel e o EE-11 Urutu chegando a empregar mais de 5000 pessoas e a

vender seus produtos para 18 paiacuteses Contudo a empresa faliu em outubro de 1993

deixando uma diacutevida de R$ 15 bilhatildeo

A partir dos anos de 2000 a Induacutestria Nacional de Defesa retorna a posiccedilatildeo

de destaque no paiacutes principalmente atraveacutes da Estrateacutegia Nacional de Defesa

(END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo (PDP) ambas de 2008 Essas

passaram a contribuir de forma significativa para a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e

poliacuteticas direcionadas para a induacutestria e inovaccedilatildeo na aacuterea de defesa

Um paiacutes estar preparado para se defender eacute considerado uma questatildeo de

soberania nacional e para isto natildeo basta ter armas e um grande contingente de

homens Eacute preciso dominar a alta tecnologia e contar com homens devidamente

treinados capazes de operar novos sistemas Assim a estrateacutegia de defesa deve

focar na capacitaccedilatildeo interna que consiste em ter capacidade industrial e tecnoloacutegica

(RAVARA 2001)

No acircmbito mundial foi verificado a tendecircncia de ampliaccedilatildeo referente aos

programas de natureza cientiacutefica e tecnoloacutegica de defesa agraves aplicaccedilotildees do meio

civil com o consequente crescimento das instituiccedilotildees formadas para aplicar essas

12

poliacuteticas Dessa forma ocorreu a raacutepida elevaccedilatildeo dos gastos em pesquisa e

desenvolvimento atingindo niacuteveis que se consideram hoje em dia de difiacutecil

superaccedilatildeo e que possui como principais atores os paiacuteses de maior relevacircncia da

Europa o Japatildeo os Estados Unidos da Ameacuterica e a Ruacutessia

No Brasil o desenvolvimento econocircmico caracteriza-se por fortes oscilaccedilotildees

devido as maacutes governanccedilas que estiveram a frente da conduccedilatildeo do paiacutes De certa

forma os resultados da inoperacircnica governamental refletiram em um setor primordial

para a induacutestria a inovaccedilatildeo Essa questatildeo exige que almejamos o retorno tal qual o

verificado no auge da induacutestria de defesa brasileira durante a deacutecada de 1980

quando o Brasil exportou armamentos para diversos paiacuteses do Oriente Meacutedio com

destaque para o Iraque que estava em guerra com o Iratilde

O pequeno papel desempenhado pelos fatores de inovaccedilatildeo em todas as

atividades produtivas foi a insuficiecircncia dos fundos disponiacuteveis para atender a todas

as direccedilotildees de pesquisa e de desenvolvimento consideradas promissoras para a

inovaccedilatildeo industrial

O desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa necessita de bases que

forneccedilam suporte para a mudanccedila das atitudes e do ambiente econocircmico e social

em geral objetivando o fortalecimento das instituiccedilotildees que devem integrar um

sistema cientiacutefico e tecnoloacutegico e que satildeo constituiacutedas tanto pelos laboratoacuterios

universitaacuterios e institutos oficiais de pesquisa aplicada bem como das instituiccedilotildees

governamentais encarregadas de orientar encaminhar e supervisionar de maneira

permanente todo o processo de criaccedilatildeo cientiacutefica

A induacutestria beacutelica se configura em um dos campos mais avanccedilados em

termos de desenvolvimento tecnoloacutegico Desse modo o seu desenvolvimento visa a

aspiraccedilatildeo de uma induacutestria de defesa autoacutectone a fim de permitir ao paiacutes transferir

os avanccedilos tecnoloacutegicos do campo militar para o civil tornando-o desenvolvido pelo

menos com relaccedilatildeo agrave base industrial instalada e assim criar condiccedilotildees para que as

induacutestrias prosperem jaacute que no Brasil no caso da aacuterea de defesa o apoio

governamental eacute determinante natildeo soacute em relaccedilatildeo aos investimentos em

infraestrutura mas muitas vezes o proacuteprio Estado se torna importante ou mesmo o

uacutenico ofertante e demandante

Desta forma o desenvolvimento da consciecircncia nacional voltada para a

Induacutestria de Defesa necessita do envolvimento do Estado Brasileiro das induacutestrias e

13

seus empresaacuterios e da populaccedilatildeo visando atender as preocupaccedilotildees do paiacutes na

atualidade

11 PROBLEMA DE PESQUISA

Dos anos de 1980 e ao longo dos anos de 1990 a Induacutestria Nacional de Defesa

vivenciou baixa produtividade evidenciada por crise econocircmica e falta de estrateacutegia

para se reerguer

A partir dos anos 2000 ocorreram medidas do Estado Brasileiro visando

possibilitar o desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa por meio da

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo

(PDP)

Em decorrecircncia de tais atitudes a grande questatildeo na atualidade eacute se os

caminhos traccedilados principalmente os poliacuteticos-econocircmicos seratildeo capazes de

proporcionar o desenvolvimento industrial relativo a defesa

O presente trabalho de conclusatildeo de curso seraacute desenvolvido em torno do

seguinte problema de que forma conscientizar o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico para o fortalecimento da Induacutestria Nacional de Defesa

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Verificar a importacircncia da conscientizaccedilatildeo para o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico da Induacutestria Nacional de Defesa

122 Objetivos Especiacuteficos

a Caracterizar o Brasil

b Apresentar o histoacuterico da Induacutestria Nacional de Defesa

c Apresentar as poliacuteticas elaboradas para a Induacutestria Nacional de Defesa no

Brasil dos anos de 1980 ateacute os dias atuais

d Apresentar a Estrateacutegia Nacional de Defesa

e Apresentar a Base Industrial de Defesa e

14

f Caracterizar a importacircncia do desenvolvimento da Induacutestria Nacional de

Defesa

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDO

O presente estudo estaraacute limitado as tentativas poliacuteticas e econocircmicas

empreendidas pelo Estado Brasileiro particularmente as ocorridas apoacutes o Governo

dos Militares ateacute os dias atuais E ainda pela tentativa de incutir a relevacircncia do

tema na sociedade empresarial e civil Dessa forma o estudo abordaraacute a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) e Base Industrial de Defesa (BID)

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO

O trabalho eacute relevante por contribuir para a realizaccedilatildeo de um estudo mais

aprofundado sobre a Induacutestria de Defesa do Brasil haja vista que o paiacutes eacute o maior

da Ameacuterica do Sul possuidor de imensa extensatildeo territorial e fronteiriccedila

Diante das reformas estruturais de cunho neoliberal as Forccedilas Armadas foi um

dos setores que mais sofreu com a realidade dos cortes no orccedilamento da uniatildeo

para garantir o pagamento da diacutevida puacuteblica do paiacutes

Na gestatildeo do Ministro da Defesa Nelson Jobim o Ministeacuterio publicou a primeira

versatildeo da Estrateacutegia Nacional de Defesa o principal documento que direcionou as

poliacuteticas puacuteblicas para o setor De forma geral e similar a eacutepoca do Governo Militar

um de seus principais eixos foi apostar na revitalizaccedilatildeo da induacutestria de defesa no

paiacutes visando garantir a seguranccedila nacional atraveacutes do desenvolvimento industrial e

tecnoloacutegico

A dialeacutetica poliacutetica e econocircmica do Brasil no seacuteculo XX pautou-se

principalmente no que fazer para o paiacutes deixar de ser subdesenvolvido e se tornar

uma grande potecircncia sobretudo regional As Forccedilas Armadas particularmente o

Exeacutercito Brasileiro foram fundamentais nas pautas que abarcam esse tema Como

uma das uacutenicas instituiccedilotildees espalhadas por todo o paiacutes ateacute entatildeo tem na sua

capilaridade alicerces que contribuem para desenvolver a Naccedilatildeo

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA

A Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) estabelece diretrizes para a adequada

preparaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas permitido garantir a seguranccedila do

paiacutes tanto em tempo de paz quanto em situaccedilotildees de crise

Essa mesma END foi desenvolvida visando atender as necessidades de

equipamento reorganizando principalmente a induacutestria de defesa para que as

tecnologias mais avanccediladas estejam sob domiacutenio nacional

Estrateacutegia nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeo Defendido o Brasil teraacute como dizer natildeo quando tiver que dizer natildeo Teraacute capacidade para construir seu proacuteprio modelo de desenvolvimento (END p 42)

O crescimento e aprimoramento da estrutura de defesa proporciona maior

estabilidade ao paiacutes bem como assegura a proteccedilatildeo de seu territoacuterio de sua

populaccedilatildeo e de setores estrateacutegicos da economia

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA

Formada pelo conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de

organizaccedilotildees civis e militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto

desenvolvimento industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo

conversatildeo modernizaccedilatildeo ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (Prode) no Paiacutes

(Estrateacutegia Nacional de Defesa ano 2012)

Segundo Silva (2011) no iniacutecio da deacutecada de 2000 houve o iniacutecio de um novo

periacuteodo de crescimento da induacutestria militar brasileira particularmente em funccedilatildeo da

produccedilatildeo de aeronaves de combate (A-29 Super Tucano) e de vigilacircncia e

sensoriamento remoto (Emb - 145 AEW) fabricados pela EMBRAER

Poreacutem Silva identificou ainda que a proacutepria ediccedilatildeo 2012 da Estrateacutegia Nacional

de Defesa (END) aponta entre outras vulnerabilidades da atual estrutura de defesa

brasileira a descontinuidade de recursos como uma importante variaacutevel a ser

considerada onde se verifica a seguinte observaccedilatildeo sobre o assunto histoacuterica

16

descontinuidade na alocaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuteria para a defesa (BRASIL

2011 p5)

Diante do exposto observa-se a restriccedilatildeo dos recursos puacuteblicos que podem vir a

reprimir a demanda dos Projetos Estrateacutegicos do Exeacutercito Brasileiro (EB)

acarretando o enfraquecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Um dos propoacutesitos da Poliacutetica Nacional de Defesa eacute conscientizar todos os

segmentos da sociedade brasileira da importacircncia da defesa do Paiacutes e de que esta

eacute um dever de todos os brasileiros (PND p12)

Sendo assim verifica-se a importacircncia do amadurecimento da sociedade

brasileira frente ao desafio de entender e compreender a necessidade do

desenvolvimento de um caraacuteter coletivo que circunda a Defesa Nacional

A partir desse entendimento as facilidades decorrentes poderatildeo ocasionar um

salto para o aperfeiccediloamento das poliacuteticas e das questotildees econocircmicas pois seratildeo

formados os alicerces que impulsionam a vontade nacional relativos ao tema Cabe

ressaltar que o setor de Defesa no Brasil eacute responsaacutevel por 60 mil empregos diretos

e 240 mil indiretos corroborando os efeitos positivos de seu desenvolvimento

3 METODOLOGIA

31 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo seraacute realizado principalmente por meio de uma pesquisa

bibliograacutefica pois basearaacute sua fundamentaccedilatildeo teoacuterico-metodoloacutegica na investigaccedilatildeo

sobre os assuntos relacionados a Induacutestria Nacional de Defesa em livros manuais e

artigos de acesso livre ao puacuteblico em geral incluindo-se nesses aqueles

disponibilizados pela rede mundial de computadores

17

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS

ATUAIS

O Brasil localizado no subcontinente Ameacuterica do Sul possui aacuterea com cerca de

85 milhotildees de kmsup2 e litoral voltado para o Atlacircntico de 74 mil km sendo o quinto

maior paiacutes em espaccedilo geograacutefico do mundo (BRASIL 2016)

Embora o Brasil faccedila fronteira com nove paiacuteses sul-americanos e um territoacuterio

ultramarino da Franccedila (perfazendo uma faixa de 169 mil km de extensatildeo) o Paiacutes

tem ainda hoje uma ldquoorientaccedilatildeo secular Atlacircntica e voltada para o lesterdquo (EAKIN

2014 p42) o que influencia o pensamento dos brasileiros sobre o paiacutes e seu lugar

no mundo Neste aspecto a anaacutelise geopoliacutetica de Mario Travassos ressalta a

importacircncia da cordilheira andina como grande divisor dos dois antagonismos

geograacuteficos da Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico (MATTOS 2002 p59)

Figura 1 Brasil ndash desafios para a defesa

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

Aliado a isso tambeacutem houve o desenvolvimento tardio das instituiccedilotildees de ensino

superior e sua concentraccedilatildeo em poucas cidades influenciando na formaccedilatildeo de

elites brasileiras mais pacifistas (EAKIN 2014 p48)

Ademais a Amazocircnia brasileira rica em recursos minerais de toda ordem e

maior biodiversidade do planeta foi e ainda eacute uma aacuterea pouco povoada devido agraves

suas condiccedilotildees geograacuteficas as quais em sua maior totalidade ainda satildeo

18

consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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UFSC Cotidiano UFSC Disponiacutevel em lthttpcotidianositesufscbra-universidade-federalde-santa-catarina-recebe-curso-de-extensao-em-defesa-nacionalgt

Page 10: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

10

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 O PROBLEMA DE PESQUISA 13

12 OBJETIVOS 13

121 Objetivo Geral 13

122 Objetivos Especiacuteficos 13

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDOhelliphellip 14

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO 14

2 REFERENCIAL TEOacuteRICOhelliphelliphellip 15

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphellip 15

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESAhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 15

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 16

3 METODOLOGIAhelliphellip 16

31 TIPO DE PESQUISA 16

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980

ATEacute OS DIAS ATUAIS 17

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA

NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS 24

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-

ECONOcircMICA PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA 35

7 CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIAShelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 47

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente trabalho tem como finalidade abordar a conscientizaccedilatildeo poliacutetica-

econocircmica da Induacutestria Nacional de Defesa O Brasil possui extenso terriacutetoacuterio sua

projeccedilatildeo no acircmbito regional e mundial estimulou o tema Seguranccedila e Defesa fato

que vem se ampliando no universo das discussotildees e estudos do campo poliacutetico e

econocircmico englobando ainda a sociedade em geral

O teacutermino do Governo Militar na deacutecada de 1980 foi acompanhado pelo

decliacutenio da induacutestria beacutelica brasileira em grande parte motivada pela reduccedilatildeo na

demanda exigida das Forccedilas Armadas (FFAA)

A formulaccedilatildeo de poliacuteticas governamentais deliberadas com vistas ao

desenvolvimento da ciecircncia e da tecnologia eacute fenocircmeno recente nos paiacuteses

industrializados e apenas incipiente nos paiacuteses em desenvolvimento A ENGESA

(Engenheiros Especializados SA) foi uma empresa de equipamentos beacutelicos

genuinamente brasileira fundada em 1958 que produzia veiacuteculos militares como o

EE-9 Cascavel e o EE-11 Urutu chegando a empregar mais de 5000 pessoas e a

vender seus produtos para 18 paiacuteses Contudo a empresa faliu em outubro de 1993

deixando uma diacutevida de R$ 15 bilhatildeo

A partir dos anos de 2000 a Induacutestria Nacional de Defesa retorna a posiccedilatildeo

de destaque no paiacutes principalmente atraveacutes da Estrateacutegia Nacional de Defesa

(END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo (PDP) ambas de 2008 Essas

passaram a contribuir de forma significativa para a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e

poliacuteticas direcionadas para a induacutestria e inovaccedilatildeo na aacuterea de defesa

Um paiacutes estar preparado para se defender eacute considerado uma questatildeo de

soberania nacional e para isto natildeo basta ter armas e um grande contingente de

homens Eacute preciso dominar a alta tecnologia e contar com homens devidamente

treinados capazes de operar novos sistemas Assim a estrateacutegia de defesa deve

focar na capacitaccedilatildeo interna que consiste em ter capacidade industrial e tecnoloacutegica

(RAVARA 2001)

No acircmbito mundial foi verificado a tendecircncia de ampliaccedilatildeo referente aos

programas de natureza cientiacutefica e tecnoloacutegica de defesa agraves aplicaccedilotildees do meio

civil com o consequente crescimento das instituiccedilotildees formadas para aplicar essas

12

poliacuteticas Dessa forma ocorreu a raacutepida elevaccedilatildeo dos gastos em pesquisa e

desenvolvimento atingindo niacuteveis que se consideram hoje em dia de difiacutecil

superaccedilatildeo e que possui como principais atores os paiacuteses de maior relevacircncia da

Europa o Japatildeo os Estados Unidos da Ameacuterica e a Ruacutessia

No Brasil o desenvolvimento econocircmico caracteriza-se por fortes oscilaccedilotildees

devido as maacutes governanccedilas que estiveram a frente da conduccedilatildeo do paiacutes De certa

forma os resultados da inoperacircnica governamental refletiram em um setor primordial

para a induacutestria a inovaccedilatildeo Essa questatildeo exige que almejamos o retorno tal qual o

verificado no auge da induacutestria de defesa brasileira durante a deacutecada de 1980

quando o Brasil exportou armamentos para diversos paiacuteses do Oriente Meacutedio com

destaque para o Iraque que estava em guerra com o Iratilde

O pequeno papel desempenhado pelos fatores de inovaccedilatildeo em todas as

atividades produtivas foi a insuficiecircncia dos fundos disponiacuteveis para atender a todas

as direccedilotildees de pesquisa e de desenvolvimento consideradas promissoras para a

inovaccedilatildeo industrial

O desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa necessita de bases que

forneccedilam suporte para a mudanccedila das atitudes e do ambiente econocircmico e social

em geral objetivando o fortalecimento das instituiccedilotildees que devem integrar um

sistema cientiacutefico e tecnoloacutegico e que satildeo constituiacutedas tanto pelos laboratoacuterios

universitaacuterios e institutos oficiais de pesquisa aplicada bem como das instituiccedilotildees

governamentais encarregadas de orientar encaminhar e supervisionar de maneira

permanente todo o processo de criaccedilatildeo cientiacutefica

A induacutestria beacutelica se configura em um dos campos mais avanccedilados em

termos de desenvolvimento tecnoloacutegico Desse modo o seu desenvolvimento visa a

aspiraccedilatildeo de uma induacutestria de defesa autoacutectone a fim de permitir ao paiacutes transferir

os avanccedilos tecnoloacutegicos do campo militar para o civil tornando-o desenvolvido pelo

menos com relaccedilatildeo agrave base industrial instalada e assim criar condiccedilotildees para que as

induacutestrias prosperem jaacute que no Brasil no caso da aacuterea de defesa o apoio

governamental eacute determinante natildeo soacute em relaccedilatildeo aos investimentos em

infraestrutura mas muitas vezes o proacuteprio Estado se torna importante ou mesmo o

uacutenico ofertante e demandante

Desta forma o desenvolvimento da consciecircncia nacional voltada para a

Induacutestria de Defesa necessita do envolvimento do Estado Brasileiro das induacutestrias e

13

seus empresaacuterios e da populaccedilatildeo visando atender as preocupaccedilotildees do paiacutes na

atualidade

11 PROBLEMA DE PESQUISA

Dos anos de 1980 e ao longo dos anos de 1990 a Induacutestria Nacional de Defesa

vivenciou baixa produtividade evidenciada por crise econocircmica e falta de estrateacutegia

para se reerguer

A partir dos anos 2000 ocorreram medidas do Estado Brasileiro visando

possibilitar o desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa por meio da

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo

(PDP)

Em decorrecircncia de tais atitudes a grande questatildeo na atualidade eacute se os

caminhos traccedilados principalmente os poliacuteticos-econocircmicos seratildeo capazes de

proporcionar o desenvolvimento industrial relativo a defesa

O presente trabalho de conclusatildeo de curso seraacute desenvolvido em torno do

seguinte problema de que forma conscientizar o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico para o fortalecimento da Induacutestria Nacional de Defesa

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Verificar a importacircncia da conscientizaccedilatildeo para o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico da Induacutestria Nacional de Defesa

122 Objetivos Especiacuteficos

a Caracterizar o Brasil

b Apresentar o histoacuterico da Induacutestria Nacional de Defesa

c Apresentar as poliacuteticas elaboradas para a Induacutestria Nacional de Defesa no

Brasil dos anos de 1980 ateacute os dias atuais

d Apresentar a Estrateacutegia Nacional de Defesa

e Apresentar a Base Industrial de Defesa e

14

f Caracterizar a importacircncia do desenvolvimento da Induacutestria Nacional de

Defesa

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDO

O presente estudo estaraacute limitado as tentativas poliacuteticas e econocircmicas

empreendidas pelo Estado Brasileiro particularmente as ocorridas apoacutes o Governo

dos Militares ateacute os dias atuais E ainda pela tentativa de incutir a relevacircncia do

tema na sociedade empresarial e civil Dessa forma o estudo abordaraacute a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) e Base Industrial de Defesa (BID)

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO

O trabalho eacute relevante por contribuir para a realizaccedilatildeo de um estudo mais

aprofundado sobre a Induacutestria de Defesa do Brasil haja vista que o paiacutes eacute o maior

da Ameacuterica do Sul possuidor de imensa extensatildeo territorial e fronteiriccedila

Diante das reformas estruturais de cunho neoliberal as Forccedilas Armadas foi um

dos setores que mais sofreu com a realidade dos cortes no orccedilamento da uniatildeo

para garantir o pagamento da diacutevida puacuteblica do paiacutes

Na gestatildeo do Ministro da Defesa Nelson Jobim o Ministeacuterio publicou a primeira

versatildeo da Estrateacutegia Nacional de Defesa o principal documento que direcionou as

poliacuteticas puacuteblicas para o setor De forma geral e similar a eacutepoca do Governo Militar

um de seus principais eixos foi apostar na revitalizaccedilatildeo da induacutestria de defesa no

paiacutes visando garantir a seguranccedila nacional atraveacutes do desenvolvimento industrial e

tecnoloacutegico

A dialeacutetica poliacutetica e econocircmica do Brasil no seacuteculo XX pautou-se

principalmente no que fazer para o paiacutes deixar de ser subdesenvolvido e se tornar

uma grande potecircncia sobretudo regional As Forccedilas Armadas particularmente o

Exeacutercito Brasileiro foram fundamentais nas pautas que abarcam esse tema Como

uma das uacutenicas instituiccedilotildees espalhadas por todo o paiacutes ateacute entatildeo tem na sua

capilaridade alicerces que contribuem para desenvolver a Naccedilatildeo

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA

A Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) estabelece diretrizes para a adequada

preparaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas permitido garantir a seguranccedila do

paiacutes tanto em tempo de paz quanto em situaccedilotildees de crise

Essa mesma END foi desenvolvida visando atender as necessidades de

equipamento reorganizando principalmente a induacutestria de defesa para que as

tecnologias mais avanccediladas estejam sob domiacutenio nacional

Estrateacutegia nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeo Defendido o Brasil teraacute como dizer natildeo quando tiver que dizer natildeo Teraacute capacidade para construir seu proacuteprio modelo de desenvolvimento (END p 42)

O crescimento e aprimoramento da estrutura de defesa proporciona maior

estabilidade ao paiacutes bem como assegura a proteccedilatildeo de seu territoacuterio de sua

populaccedilatildeo e de setores estrateacutegicos da economia

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA

Formada pelo conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de

organizaccedilotildees civis e militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto

desenvolvimento industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo

conversatildeo modernizaccedilatildeo ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (Prode) no Paiacutes

(Estrateacutegia Nacional de Defesa ano 2012)

Segundo Silva (2011) no iniacutecio da deacutecada de 2000 houve o iniacutecio de um novo

periacuteodo de crescimento da induacutestria militar brasileira particularmente em funccedilatildeo da

produccedilatildeo de aeronaves de combate (A-29 Super Tucano) e de vigilacircncia e

sensoriamento remoto (Emb - 145 AEW) fabricados pela EMBRAER

Poreacutem Silva identificou ainda que a proacutepria ediccedilatildeo 2012 da Estrateacutegia Nacional

de Defesa (END) aponta entre outras vulnerabilidades da atual estrutura de defesa

brasileira a descontinuidade de recursos como uma importante variaacutevel a ser

considerada onde se verifica a seguinte observaccedilatildeo sobre o assunto histoacuterica

16

descontinuidade na alocaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuteria para a defesa (BRASIL

2011 p5)

Diante do exposto observa-se a restriccedilatildeo dos recursos puacuteblicos que podem vir a

reprimir a demanda dos Projetos Estrateacutegicos do Exeacutercito Brasileiro (EB)

acarretando o enfraquecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Um dos propoacutesitos da Poliacutetica Nacional de Defesa eacute conscientizar todos os

segmentos da sociedade brasileira da importacircncia da defesa do Paiacutes e de que esta

eacute um dever de todos os brasileiros (PND p12)

Sendo assim verifica-se a importacircncia do amadurecimento da sociedade

brasileira frente ao desafio de entender e compreender a necessidade do

desenvolvimento de um caraacuteter coletivo que circunda a Defesa Nacional

A partir desse entendimento as facilidades decorrentes poderatildeo ocasionar um

salto para o aperfeiccediloamento das poliacuteticas e das questotildees econocircmicas pois seratildeo

formados os alicerces que impulsionam a vontade nacional relativos ao tema Cabe

ressaltar que o setor de Defesa no Brasil eacute responsaacutevel por 60 mil empregos diretos

e 240 mil indiretos corroborando os efeitos positivos de seu desenvolvimento

3 METODOLOGIA

31 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo seraacute realizado principalmente por meio de uma pesquisa

bibliograacutefica pois basearaacute sua fundamentaccedilatildeo teoacuterico-metodoloacutegica na investigaccedilatildeo

sobre os assuntos relacionados a Induacutestria Nacional de Defesa em livros manuais e

artigos de acesso livre ao puacuteblico em geral incluindo-se nesses aqueles

disponibilizados pela rede mundial de computadores

17

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS

ATUAIS

O Brasil localizado no subcontinente Ameacuterica do Sul possui aacuterea com cerca de

85 milhotildees de kmsup2 e litoral voltado para o Atlacircntico de 74 mil km sendo o quinto

maior paiacutes em espaccedilo geograacutefico do mundo (BRASIL 2016)

Embora o Brasil faccedila fronteira com nove paiacuteses sul-americanos e um territoacuterio

ultramarino da Franccedila (perfazendo uma faixa de 169 mil km de extensatildeo) o Paiacutes

tem ainda hoje uma ldquoorientaccedilatildeo secular Atlacircntica e voltada para o lesterdquo (EAKIN

2014 p42) o que influencia o pensamento dos brasileiros sobre o paiacutes e seu lugar

no mundo Neste aspecto a anaacutelise geopoliacutetica de Mario Travassos ressalta a

importacircncia da cordilheira andina como grande divisor dos dois antagonismos

geograacuteficos da Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico (MATTOS 2002 p59)

Figura 1 Brasil ndash desafios para a defesa

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

Aliado a isso tambeacutem houve o desenvolvimento tardio das instituiccedilotildees de ensino

superior e sua concentraccedilatildeo em poucas cidades influenciando na formaccedilatildeo de

elites brasileiras mais pacifistas (EAKIN 2014 p48)

Ademais a Amazocircnia brasileira rica em recursos minerais de toda ordem e

maior biodiversidade do planeta foi e ainda eacute uma aacuterea pouco povoada devido agraves

suas condiccedilotildees geograacuteficas as quais em sua maior totalidade ainda satildeo

18

consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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Page 11: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente trabalho tem como finalidade abordar a conscientizaccedilatildeo poliacutetica-

econocircmica da Induacutestria Nacional de Defesa O Brasil possui extenso terriacutetoacuterio sua

projeccedilatildeo no acircmbito regional e mundial estimulou o tema Seguranccedila e Defesa fato

que vem se ampliando no universo das discussotildees e estudos do campo poliacutetico e

econocircmico englobando ainda a sociedade em geral

O teacutermino do Governo Militar na deacutecada de 1980 foi acompanhado pelo

decliacutenio da induacutestria beacutelica brasileira em grande parte motivada pela reduccedilatildeo na

demanda exigida das Forccedilas Armadas (FFAA)

A formulaccedilatildeo de poliacuteticas governamentais deliberadas com vistas ao

desenvolvimento da ciecircncia e da tecnologia eacute fenocircmeno recente nos paiacuteses

industrializados e apenas incipiente nos paiacuteses em desenvolvimento A ENGESA

(Engenheiros Especializados SA) foi uma empresa de equipamentos beacutelicos

genuinamente brasileira fundada em 1958 que produzia veiacuteculos militares como o

EE-9 Cascavel e o EE-11 Urutu chegando a empregar mais de 5000 pessoas e a

vender seus produtos para 18 paiacuteses Contudo a empresa faliu em outubro de 1993

deixando uma diacutevida de R$ 15 bilhatildeo

A partir dos anos de 2000 a Induacutestria Nacional de Defesa retorna a posiccedilatildeo

de destaque no paiacutes principalmente atraveacutes da Estrateacutegia Nacional de Defesa

(END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo (PDP) ambas de 2008 Essas

passaram a contribuir de forma significativa para a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e

poliacuteticas direcionadas para a induacutestria e inovaccedilatildeo na aacuterea de defesa

Um paiacutes estar preparado para se defender eacute considerado uma questatildeo de

soberania nacional e para isto natildeo basta ter armas e um grande contingente de

homens Eacute preciso dominar a alta tecnologia e contar com homens devidamente

treinados capazes de operar novos sistemas Assim a estrateacutegia de defesa deve

focar na capacitaccedilatildeo interna que consiste em ter capacidade industrial e tecnoloacutegica

(RAVARA 2001)

No acircmbito mundial foi verificado a tendecircncia de ampliaccedilatildeo referente aos

programas de natureza cientiacutefica e tecnoloacutegica de defesa agraves aplicaccedilotildees do meio

civil com o consequente crescimento das instituiccedilotildees formadas para aplicar essas

12

poliacuteticas Dessa forma ocorreu a raacutepida elevaccedilatildeo dos gastos em pesquisa e

desenvolvimento atingindo niacuteveis que se consideram hoje em dia de difiacutecil

superaccedilatildeo e que possui como principais atores os paiacuteses de maior relevacircncia da

Europa o Japatildeo os Estados Unidos da Ameacuterica e a Ruacutessia

No Brasil o desenvolvimento econocircmico caracteriza-se por fortes oscilaccedilotildees

devido as maacutes governanccedilas que estiveram a frente da conduccedilatildeo do paiacutes De certa

forma os resultados da inoperacircnica governamental refletiram em um setor primordial

para a induacutestria a inovaccedilatildeo Essa questatildeo exige que almejamos o retorno tal qual o

verificado no auge da induacutestria de defesa brasileira durante a deacutecada de 1980

quando o Brasil exportou armamentos para diversos paiacuteses do Oriente Meacutedio com

destaque para o Iraque que estava em guerra com o Iratilde

O pequeno papel desempenhado pelos fatores de inovaccedilatildeo em todas as

atividades produtivas foi a insuficiecircncia dos fundos disponiacuteveis para atender a todas

as direccedilotildees de pesquisa e de desenvolvimento consideradas promissoras para a

inovaccedilatildeo industrial

O desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa necessita de bases que

forneccedilam suporte para a mudanccedila das atitudes e do ambiente econocircmico e social

em geral objetivando o fortalecimento das instituiccedilotildees que devem integrar um

sistema cientiacutefico e tecnoloacutegico e que satildeo constituiacutedas tanto pelos laboratoacuterios

universitaacuterios e institutos oficiais de pesquisa aplicada bem como das instituiccedilotildees

governamentais encarregadas de orientar encaminhar e supervisionar de maneira

permanente todo o processo de criaccedilatildeo cientiacutefica

A induacutestria beacutelica se configura em um dos campos mais avanccedilados em

termos de desenvolvimento tecnoloacutegico Desse modo o seu desenvolvimento visa a

aspiraccedilatildeo de uma induacutestria de defesa autoacutectone a fim de permitir ao paiacutes transferir

os avanccedilos tecnoloacutegicos do campo militar para o civil tornando-o desenvolvido pelo

menos com relaccedilatildeo agrave base industrial instalada e assim criar condiccedilotildees para que as

induacutestrias prosperem jaacute que no Brasil no caso da aacuterea de defesa o apoio

governamental eacute determinante natildeo soacute em relaccedilatildeo aos investimentos em

infraestrutura mas muitas vezes o proacuteprio Estado se torna importante ou mesmo o

uacutenico ofertante e demandante

Desta forma o desenvolvimento da consciecircncia nacional voltada para a

Induacutestria de Defesa necessita do envolvimento do Estado Brasileiro das induacutestrias e

13

seus empresaacuterios e da populaccedilatildeo visando atender as preocupaccedilotildees do paiacutes na

atualidade

11 PROBLEMA DE PESQUISA

Dos anos de 1980 e ao longo dos anos de 1990 a Induacutestria Nacional de Defesa

vivenciou baixa produtividade evidenciada por crise econocircmica e falta de estrateacutegia

para se reerguer

A partir dos anos 2000 ocorreram medidas do Estado Brasileiro visando

possibilitar o desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa por meio da

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo

(PDP)

Em decorrecircncia de tais atitudes a grande questatildeo na atualidade eacute se os

caminhos traccedilados principalmente os poliacuteticos-econocircmicos seratildeo capazes de

proporcionar o desenvolvimento industrial relativo a defesa

O presente trabalho de conclusatildeo de curso seraacute desenvolvido em torno do

seguinte problema de que forma conscientizar o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico para o fortalecimento da Induacutestria Nacional de Defesa

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Verificar a importacircncia da conscientizaccedilatildeo para o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico da Induacutestria Nacional de Defesa

122 Objetivos Especiacuteficos

a Caracterizar o Brasil

b Apresentar o histoacuterico da Induacutestria Nacional de Defesa

c Apresentar as poliacuteticas elaboradas para a Induacutestria Nacional de Defesa no

Brasil dos anos de 1980 ateacute os dias atuais

d Apresentar a Estrateacutegia Nacional de Defesa

e Apresentar a Base Industrial de Defesa e

14

f Caracterizar a importacircncia do desenvolvimento da Induacutestria Nacional de

Defesa

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDO

O presente estudo estaraacute limitado as tentativas poliacuteticas e econocircmicas

empreendidas pelo Estado Brasileiro particularmente as ocorridas apoacutes o Governo

dos Militares ateacute os dias atuais E ainda pela tentativa de incutir a relevacircncia do

tema na sociedade empresarial e civil Dessa forma o estudo abordaraacute a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) e Base Industrial de Defesa (BID)

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO

O trabalho eacute relevante por contribuir para a realizaccedilatildeo de um estudo mais

aprofundado sobre a Induacutestria de Defesa do Brasil haja vista que o paiacutes eacute o maior

da Ameacuterica do Sul possuidor de imensa extensatildeo territorial e fronteiriccedila

Diante das reformas estruturais de cunho neoliberal as Forccedilas Armadas foi um

dos setores que mais sofreu com a realidade dos cortes no orccedilamento da uniatildeo

para garantir o pagamento da diacutevida puacuteblica do paiacutes

Na gestatildeo do Ministro da Defesa Nelson Jobim o Ministeacuterio publicou a primeira

versatildeo da Estrateacutegia Nacional de Defesa o principal documento que direcionou as

poliacuteticas puacuteblicas para o setor De forma geral e similar a eacutepoca do Governo Militar

um de seus principais eixos foi apostar na revitalizaccedilatildeo da induacutestria de defesa no

paiacutes visando garantir a seguranccedila nacional atraveacutes do desenvolvimento industrial e

tecnoloacutegico

A dialeacutetica poliacutetica e econocircmica do Brasil no seacuteculo XX pautou-se

principalmente no que fazer para o paiacutes deixar de ser subdesenvolvido e se tornar

uma grande potecircncia sobretudo regional As Forccedilas Armadas particularmente o

Exeacutercito Brasileiro foram fundamentais nas pautas que abarcam esse tema Como

uma das uacutenicas instituiccedilotildees espalhadas por todo o paiacutes ateacute entatildeo tem na sua

capilaridade alicerces que contribuem para desenvolver a Naccedilatildeo

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA

A Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) estabelece diretrizes para a adequada

preparaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas permitido garantir a seguranccedila do

paiacutes tanto em tempo de paz quanto em situaccedilotildees de crise

Essa mesma END foi desenvolvida visando atender as necessidades de

equipamento reorganizando principalmente a induacutestria de defesa para que as

tecnologias mais avanccediladas estejam sob domiacutenio nacional

Estrateacutegia nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeo Defendido o Brasil teraacute como dizer natildeo quando tiver que dizer natildeo Teraacute capacidade para construir seu proacuteprio modelo de desenvolvimento (END p 42)

O crescimento e aprimoramento da estrutura de defesa proporciona maior

estabilidade ao paiacutes bem como assegura a proteccedilatildeo de seu territoacuterio de sua

populaccedilatildeo e de setores estrateacutegicos da economia

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA

Formada pelo conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de

organizaccedilotildees civis e militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto

desenvolvimento industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo

conversatildeo modernizaccedilatildeo ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (Prode) no Paiacutes

(Estrateacutegia Nacional de Defesa ano 2012)

Segundo Silva (2011) no iniacutecio da deacutecada de 2000 houve o iniacutecio de um novo

periacuteodo de crescimento da induacutestria militar brasileira particularmente em funccedilatildeo da

produccedilatildeo de aeronaves de combate (A-29 Super Tucano) e de vigilacircncia e

sensoriamento remoto (Emb - 145 AEW) fabricados pela EMBRAER

Poreacutem Silva identificou ainda que a proacutepria ediccedilatildeo 2012 da Estrateacutegia Nacional

de Defesa (END) aponta entre outras vulnerabilidades da atual estrutura de defesa

brasileira a descontinuidade de recursos como uma importante variaacutevel a ser

considerada onde se verifica a seguinte observaccedilatildeo sobre o assunto histoacuterica

16

descontinuidade na alocaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuteria para a defesa (BRASIL

2011 p5)

Diante do exposto observa-se a restriccedilatildeo dos recursos puacuteblicos que podem vir a

reprimir a demanda dos Projetos Estrateacutegicos do Exeacutercito Brasileiro (EB)

acarretando o enfraquecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Um dos propoacutesitos da Poliacutetica Nacional de Defesa eacute conscientizar todos os

segmentos da sociedade brasileira da importacircncia da defesa do Paiacutes e de que esta

eacute um dever de todos os brasileiros (PND p12)

Sendo assim verifica-se a importacircncia do amadurecimento da sociedade

brasileira frente ao desafio de entender e compreender a necessidade do

desenvolvimento de um caraacuteter coletivo que circunda a Defesa Nacional

A partir desse entendimento as facilidades decorrentes poderatildeo ocasionar um

salto para o aperfeiccediloamento das poliacuteticas e das questotildees econocircmicas pois seratildeo

formados os alicerces que impulsionam a vontade nacional relativos ao tema Cabe

ressaltar que o setor de Defesa no Brasil eacute responsaacutevel por 60 mil empregos diretos

e 240 mil indiretos corroborando os efeitos positivos de seu desenvolvimento

3 METODOLOGIA

31 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo seraacute realizado principalmente por meio de uma pesquisa

bibliograacutefica pois basearaacute sua fundamentaccedilatildeo teoacuterico-metodoloacutegica na investigaccedilatildeo

sobre os assuntos relacionados a Induacutestria Nacional de Defesa em livros manuais e

artigos de acesso livre ao puacuteblico em geral incluindo-se nesses aqueles

disponibilizados pela rede mundial de computadores

17

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS

ATUAIS

O Brasil localizado no subcontinente Ameacuterica do Sul possui aacuterea com cerca de

85 milhotildees de kmsup2 e litoral voltado para o Atlacircntico de 74 mil km sendo o quinto

maior paiacutes em espaccedilo geograacutefico do mundo (BRASIL 2016)

Embora o Brasil faccedila fronteira com nove paiacuteses sul-americanos e um territoacuterio

ultramarino da Franccedila (perfazendo uma faixa de 169 mil km de extensatildeo) o Paiacutes

tem ainda hoje uma ldquoorientaccedilatildeo secular Atlacircntica e voltada para o lesterdquo (EAKIN

2014 p42) o que influencia o pensamento dos brasileiros sobre o paiacutes e seu lugar

no mundo Neste aspecto a anaacutelise geopoliacutetica de Mario Travassos ressalta a

importacircncia da cordilheira andina como grande divisor dos dois antagonismos

geograacuteficos da Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico (MATTOS 2002 p59)

Figura 1 Brasil ndash desafios para a defesa

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

Aliado a isso tambeacutem houve o desenvolvimento tardio das instituiccedilotildees de ensino

superior e sua concentraccedilatildeo em poucas cidades influenciando na formaccedilatildeo de

elites brasileiras mais pacifistas (EAKIN 2014 p48)

Ademais a Amazocircnia brasileira rica em recursos minerais de toda ordem e

maior biodiversidade do planeta foi e ainda eacute uma aacuterea pouco povoada devido agraves

suas condiccedilotildees geograacuteficas as quais em sua maior totalidade ainda satildeo

18

consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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Page 12: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

12

poliacuteticas Dessa forma ocorreu a raacutepida elevaccedilatildeo dos gastos em pesquisa e

desenvolvimento atingindo niacuteveis que se consideram hoje em dia de difiacutecil

superaccedilatildeo e que possui como principais atores os paiacuteses de maior relevacircncia da

Europa o Japatildeo os Estados Unidos da Ameacuterica e a Ruacutessia

No Brasil o desenvolvimento econocircmico caracteriza-se por fortes oscilaccedilotildees

devido as maacutes governanccedilas que estiveram a frente da conduccedilatildeo do paiacutes De certa

forma os resultados da inoperacircnica governamental refletiram em um setor primordial

para a induacutestria a inovaccedilatildeo Essa questatildeo exige que almejamos o retorno tal qual o

verificado no auge da induacutestria de defesa brasileira durante a deacutecada de 1980

quando o Brasil exportou armamentos para diversos paiacuteses do Oriente Meacutedio com

destaque para o Iraque que estava em guerra com o Iratilde

O pequeno papel desempenhado pelos fatores de inovaccedilatildeo em todas as

atividades produtivas foi a insuficiecircncia dos fundos disponiacuteveis para atender a todas

as direccedilotildees de pesquisa e de desenvolvimento consideradas promissoras para a

inovaccedilatildeo industrial

O desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa necessita de bases que

forneccedilam suporte para a mudanccedila das atitudes e do ambiente econocircmico e social

em geral objetivando o fortalecimento das instituiccedilotildees que devem integrar um

sistema cientiacutefico e tecnoloacutegico e que satildeo constituiacutedas tanto pelos laboratoacuterios

universitaacuterios e institutos oficiais de pesquisa aplicada bem como das instituiccedilotildees

governamentais encarregadas de orientar encaminhar e supervisionar de maneira

permanente todo o processo de criaccedilatildeo cientiacutefica

A induacutestria beacutelica se configura em um dos campos mais avanccedilados em

termos de desenvolvimento tecnoloacutegico Desse modo o seu desenvolvimento visa a

aspiraccedilatildeo de uma induacutestria de defesa autoacutectone a fim de permitir ao paiacutes transferir

os avanccedilos tecnoloacutegicos do campo militar para o civil tornando-o desenvolvido pelo

menos com relaccedilatildeo agrave base industrial instalada e assim criar condiccedilotildees para que as

induacutestrias prosperem jaacute que no Brasil no caso da aacuterea de defesa o apoio

governamental eacute determinante natildeo soacute em relaccedilatildeo aos investimentos em

infraestrutura mas muitas vezes o proacuteprio Estado se torna importante ou mesmo o

uacutenico ofertante e demandante

Desta forma o desenvolvimento da consciecircncia nacional voltada para a

Induacutestria de Defesa necessita do envolvimento do Estado Brasileiro das induacutestrias e

13

seus empresaacuterios e da populaccedilatildeo visando atender as preocupaccedilotildees do paiacutes na

atualidade

11 PROBLEMA DE PESQUISA

Dos anos de 1980 e ao longo dos anos de 1990 a Induacutestria Nacional de Defesa

vivenciou baixa produtividade evidenciada por crise econocircmica e falta de estrateacutegia

para se reerguer

A partir dos anos 2000 ocorreram medidas do Estado Brasileiro visando

possibilitar o desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa por meio da

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo

(PDP)

Em decorrecircncia de tais atitudes a grande questatildeo na atualidade eacute se os

caminhos traccedilados principalmente os poliacuteticos-econocircmicos seratildeo capazes de

proporcionar o desenvolvimento industrial relativo a defesa

O presente trabalho de conclusatildeo de curso seraacute desenvolvido em torno do

seguinte problema de que forma conscientizar o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico para o fortalecimento da Induacutestria Nacional de Defesa

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Verificar a importacircncia da conscientizaccedilatildeo para o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico da Induacutestria Nacional de Defesa

122 Objetivos Especiacuteficos

a Caracterizar o Brasil

b Apresentar o histoacuterico da Induacutestria Nacional de Defesa

c Apresentar as poliacuteticas elaboradas para a Induacutestria Nacional de Defesa no

Brasil dos anos de 1980 ateacute os dias atuais

d Apresentar a Estrateacutegia Nacional de Defesa

e Apresentar a Base Industrial de Defesa e

14

f Caracterizar a importacircncia do desenvolvimento da Induacutestria Nacional de

Defesa

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDO

O presente estudo estaraacute limitado as tentativas poliacuteticas e econocircmicas

empreendidas pelo Estado Brasileiro particularmente as ocorridas apoacutes o Governo

dos Militares ateacute os dias atuais E ainda pela tentativa de incutir a relevacircncia do

tema na sociedade empresarial e civil Dessa forma o estudo abordaraacute a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) e Base Industrial de Defesa (BID)

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO

O trabalho eacute relevante por contribuir para a realizaccedilatildeo de um estudo mais

aprofundado sobre a Induacutestria de Defesa do Brasil haja vista que o paiacutes eacute o maior

da Ameacuterica do Sul possuidor de imensa extensatildeo territorial e fronteiriccedila

Diante das reformas estruturais de cunho neoliberal as Forccedilas Armadas foi um

dos setores que mais sofreu com a realidade dos cortes no orccedilamento da uniatildeo

para garantir o pagamento da diacutevida puacuteblica do paiacutes

Na gestatildeo do Ministro da Defesa Nelson Jobim o Ministeacuterio publicou a primeira

versatildeo da Estrateacutegia Nacional de Defesa o principal documento que direcionou as

poliacuteticas puacuteblicas para o setor De forma geral e similar a eacutepoca do Governo Militar

um de seus principais eixos foi apostar na revitalizaccedilatildeo da induacutestria de defesa no

paiacutes visando garantir a seguranccedila nacional atraveacutes do desenvolvimento industrial e

tecnoloacutegico

A dialeacutetica poliacutetica e econocircmica do Brasil no seacuteculo XX pautou-se

principalmente no que fazer para o paiacutes deixar de ser subdesenvolvido e se tornar

uma grande potecircncia sobretudo regional As Forccedilas Armadas particularmente o

Exeacutercito Brasileiro foram fundamentais nas pautas que abarcam esse tema Como

uma das uacutenicas instituiccedilotildees espalhadas por todo o paiacutes ateacute entatildeo tem na sua

capilaridade alicerces que contribuem para desenvolver a Naccedilatildeo

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA

A Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) estabelece diretrizes para a adequada

preparaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas permitido garantir a seguranccedila do

paiacutes tanto em tempo de paz quanto em situaccedilotildees de crise

Essa mesma END foi desenvolvida visando atender as necessidades de

equipamento reorganizando principalmente a induacutestria de defesa para que as

tecnologias mais avanccediladas estejam sob domiacutenio nacional

Estrateacutegia nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeo Defendido o Brasil teraacute como dizer natildeo quando tiver que dizer natildeo Teraacute capacidade para construir seu proacuteprio modelo de desenvolvimento (END p 42)

O crescimento e aprimoramento da estrutura de defesa proporciona maior

estabilidade ao paiacutes bem como assegura a proteccedilatildeo de seu territoacuterio de sua

populaccedilatildeo e de setores estrateacutegicos da economia

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA

Formada pelo conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de

organizaccedilotildees civis e militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto

desenvolvimento industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo

conversatildeo modernizaccedilatildeo ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (Prode) no Paiacutes

(Estrateacutegia Nacional de Defesa ano 2012)

Segundo Silva (2011) no iniacutecio da deacutecada de 2000 houve o iniacutecio de um novo

periacuteodo de crescimento da induacutestria militar brasileira particularmente em funccedilatildeo da

produccedilatildeo de aeronaves de combate (A-29 Super Tucano) e de vigilacircncia e

sensoriamento remoto (Emb - 145 AEW) fabricados pela EMBRAER

Poreacutem Silva identificou ainda que a proacutepria ediccedilatildeo 2012 da Estrateacutegia Nacional

de Defesa (END) aponta entre outras vulnerabilidades da atual estrutura de defesa

brasileira a descontinuidade de recursos como uma importante variaacutevel a ser

considerada onde se verifica a seguinte observaccedilatildeo sobre o assunto histoacuterica

16

descontinuidade na alocaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuteria para a defesa (BRASIL

2011 p5)

Diante do exposto observa-se a restriccedilatildeo dos recursos puacuteblicos que podem vir a

reprimir a demanda dos Projetos Estrateacutegicos do Exeacutercito Brasileiro (EB)

acarretando o enfraquecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Um dos propoacutesitos da Poliacutetica Nacional de Defesa eacute conscientizar todos os

segmentos da sociedade brasileira da importacircncia da defesa do Paiacutes e de que esta

eacute um dever de todos os brasileiros (PND p12)

Sendo assim verifica-se a importacircncia do amadurecimento da sociedade

brasileira frente ao desafio de entender e compreender a necessidade do

desenvolvimento de um caraacuteter coletivo que circunda a Defesa Nacional

A partir desse entendimento as facilidades decorrentes poderatildeo ocasionar um

salto para o aperfeiccediloamento das poliacuteticas e das questotildees econocircmicas pois seratildeo

formados os alicerces que impulsionam a vontade nacional relativos ao tema Cabe

ressaltar que o setor de Defesa no Brasil eacute responsaacutevel por 60 mil empregos diretos

e 240 mil indiretos corroborando os efeitos positivos de seu desenvolvimento

3 METODOLOGIA

31 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo seraacute realizado principalmente por meio de uma pesquisa

bibliograacutefica pois basearaacute sua fundamentaccedilatildeo teoacuterico-metodoloacutegica na investigaccedilatildeo

sobre os assuntos relacionados a Induacutestria Nacional de Defesa em livros manuais e

artigos de acesso livre ao puacuteblico em geral incluindo-se nesses aqueles

disponibilizados pela rede mundial de computadores

17

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS

ATUAIS

O Brasil localizado no subcontinente Ameacuterica do Sul possui aacuterea com cerca de

85 milhotildees de kmsup2 e litoral voltado para o Atlacircntico de 74 mil km sendo o quinto

maior paiacutes em espaccedilo geograacutefico do mundo (BRASIL 2016)

Embora o Brasil faccedila fronteira com nove paiacuteses sul-americanos e um territoacuterio

ultramarino da Franccedila (perfazendo uma faixa de 169 mil km de extensatildeo) o Paiacutes

tem ainda hoje uma ldquoorientaccedilatildeo secular Atlacircntica e voltada para o lesterdquo (EAKIN

2014 p42) o que influencia o pensamento dos brasileiros sobre o paiacutes e seu lugar

no mundo Neste aspecto a anaacutelise geopoliacutetica de Mario Travassos ressalta a

importacircncia da cordilheira andina como grande divisor dos dois antagonismos

geograacuteficos da Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico (MATTOS 2002 p59)

Figura 1 Brasil ndash desafios para a defesa

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

Aliado a isso tambeacutem houve o desenvolvimento tardio das instituiccedilotildees de ensino

superior e sua concentraccedilatildeo em poucas cidades influenciando na formaccedilatildeo de

elites brasileiras mais pacifistas (EAKIN 2014 p48)

Ademais a Amazocircnia brasileira rica em recursos minerais de toda ordem e

maior biodiversidade do planeta foi e ainda eacute uma aacuterea pouco povoada devido agraves

suas condiccedilotildees geograacuteficas as quais em sua maior totalidade ainda satildeo

18

consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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Page 13: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

13

seus empresaacuterios e da populaccedilatildeo visando atender as preocupaccedilotildees do paiacutes na

atualidade

11 PROBLEMA DE PESQUISA

Dos anos de 1980 e ao longo dos anos de 1990 a Induacutestria Nacional de Defesa

vivenciou baixa produtividade evidenciada por crise econocircmica e falta de estrateacutegia

para se reerguer

A partir dos anos 2000 ocorreram medidas do Estado Brasileiro visando

possibilitar o desenvolvimento da Induacutestria Nacional de Defesa por meio da

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e da Poliacutetica de Desenvolvimento Produtivo

(PDP)

Em decorrecircncia de tais atitudes a grande questatildeo na atualidade eacute se os

caminhos traccedilados principalmente os poliacuteticos-econocircmicos seratildeo capazes de

proporcionar o desenvolvimento industrial relativo a defesa

O presente trabalho de conclusatildeo de curso seraacute desenvolvido em torno do

seguinte problema de que forma conscientizar o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico para o fortalecimento da Induacutestria Nacional de Defesa

12 OBJETIVOS

121 Objetivo Geral

Verificar a importacircncia da conscientizaccedilatildeo para o desenvolvimento poliacutetico-

econocircmico da Induacutestria Nacional de Defesa

122 Objetivos Especiacuteficos

a Caracterizar o Brasil

b Apresentar o histoacuterico da Induacutestria Nacional de Defesa

c Apresentar as poliacuteticas elaboradas para a Induacutestria Nacional de Defesa no

Brasil dos anos de 1980 ateacute os dias atuais

d Apresentar a Estrateacutegia Nacional de Defesa

e Apresentar a Base Industrial de Defesa e

14

f Caracterizar a importacircncia do desenvolvimento da Induacutestria Nacional de

Defesa

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDO

O presente estudo estaraacute limitado as tentativas poliacuteticas e econocircmicas

empreendidas pelo Estado Brasileiro particularmente as ocorridas apoacutes o Governo

dos Militares ateacute os dias atuais E ainda pela tentativa de incutir a relevacircncia do

tema na sociedade empresarial e civil Dessa forma o estudo abordaraacute a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) e Base Industrial de Defesa (BID)

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO

O trabalho eacute relevante por contribuir para a realizaccedilatildeo de um estudo mais

aprofundado sobre a Induacutestria de Defesa do Brasil haja vista que o paiacutes eacute o maior

da Ameacuterica do Sul possuidor de imensa extensatildeo territorial e fronteiriccedila

Diante das reformas estruturais de cunho neoliberal as Forccedilas Armadas foi um

dos setores que mais sofreu com a realidade dos cortes no orccedilamento da uniatildeo

para garantir o pagamento da diacutevida puacuteblica do paiacutes

Na gestatildeo do Ministro da Defesa Nelson Jobim o Ministeacuterio publicou a primeira

versatildeo da Estrateacutegia Nacional de Defesa o principal documento que direcionou as

poliacuteticas puacuteblicas para o setor De forma geral e similar a eacutepoca do Governo Militar

um de seus principais eixos foi apostar na revitalizaccedilatildeo da induacutestria de defesa no

paiacutes visando garantir a seguranccedila nacional atraveacutes do desenvolvimento industrial e

tecnoloacutegico

A dialeacutetica poliacutetica e econocircmica do Brasil no seacuteculo XX pautou-se

principalmente no que fazer para o paiacutes deixar de ser subdesenvolvido e se tornar

uma grande potecircncia sobretudo regional As Forccedilas Armadas particularmente o

Exeacutercito Brasileiro foram fundamentais nas pautas que abarcam esse tema Como

uma das uacutenicas instituiccedilotildees espalhadas por todo o paiacutes ateacute entatildeo tem na sua

capilaridade alicerces que contribuem para desenvolver a Naccedilatildeo

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA

A Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) estabelece diretrizes para a adequada

preparaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas permitido garantir a seguranccedila do

paiacutes tanto em tempo de paz quanto em situaccedilotildees de crise

Essa mesma END foi desenvolvida visando atender as necessidades de

equipamento reorganizando principalmente a induacutestria de defesa para que as

tecnologias mais avanccediladas estejam sob domiacutenio nacional

Estrateacutegia nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeo Defendido o Brasil teraacute como dizer natildeo quando tiver que dizer natildeo Teraacute capacidade para construir seu proacuteprio modelo de desenvolvimento (END p 42)

O crescimento e aprimoramento da estrutura de defesa proporciona maior

estabilidade ao paiacutes bem como assegura a proteccedilatildeo de seu territoacuterio de sua

populaccedilatildeo e de setores estrateacutegicos da economia

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA

Formada pelo conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de

organizaccedilotildees civis e militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto

desenvolvimento industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo

conversatildeo modernizaccedilatildeo ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (Prode) no Paiacutes

(Estrateacutegia Nacional de Defesa ano 2012)

Segundo Silva (2011) no iniacutecio da deacutecada de 2000 houve o iniacutecio de um novo

periacuteodo de crescimento da induacutestria militar brasileira particularmente em funccedilatildeo da

produccedilatildeo de aeronaves de combate (A-29 Super Tucano) e de vigilacircncia e

sensoriamento remoto (Emb - 145 AEW) fabricados pela EMBRAER

Poreacutem Silva identificou ainda que a proacutepria ediccedilatildeo 2012 da Estrateacutegia Nacional

de Defesa (END) aponta entre outras vulnerabilidades da atual estrutura de defesa

brasileira a descontinuidade de recursos como uma importante variaacutevel a ser

considerada onde se verifica a seguinte observaccedilatildeo sobre o assunto histoacuterica

16

descontinuidade na alocaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuteria para a defesa (BRASIL

2011 p5)

Diante do exposto observa-se a restriccedilatildeo dos recursos puacuteblicos que podem vir a

reprimir a demanda dos Projetos Estrateacutegicos do Exeacutercito Brasileiro (EB)

acarretando o enfraquecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Um dos propoacutesitos da Poliacutetica Nacional de Defesa eacute conscientizar todos os

segmentos da sociedade brasileira da importacircncia da defesa do Paiacutes e de que esta

eacute um dever de todos os brasileiros (PND p12)

Sendo assim verifica-se a importacircncia do amadurecimento da sociedade

brasileira frente ao desafio de entender e compreender a necessidade do

desenvolvimento de um caraacuteter coletivo que circunda a Defesa Nacional

A partir desse entendimento as facilidades decorrentes poderatildeo ocasionar um

salto para o aperfeiccediloamento das poliacuteticas e das questotildees econocircmicas pois seratildeo

formados os alicerces que impulsionam a vontade nacional relativos ao tema Cabe

ressaltar que o setor de Defesa no Brasil eacute responsaacutevel por 60 mil empregos diretos

e 240 mil indiretos corroborando os efeitos positivos de seu desenvolvimento

3 METODOLOGIA

31 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo seraacute realizado principalmente por meio de uma pesquisa

bibliograacutefica pois basearaacute sua fundamentaccedilatildeo teoacuterico-metodoloacutegica na investigaccedilatildeo

sobre os assuntos relacionados a Induacutestria Nacional de Defesa em livros manuais e

artigos de acesso livre ao puacuteblico em geral incluindo-se nesses aqueles

disponibilizados pela rede mundial de computadores

17

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS

ATUAIS

O Brasil localizado no subcontinente Ameacuterica do Sul possui aacuterea com cerca de

85 milhotildees de kmsup2 e litoral voltado para o Atlacircntico de 74 mil km sendo o quinto

maior paiacutes em espaccedilo geograacutefico do mundo (BRASIL 2016)

Embora o Brasil faccedila fronteira com nove paiacuteses sul-americanos e um territoacuterio

ultramarino da Franccedila (perfazendo uma faixa de 169 mil km de extensatildeo) o Paiacutes

tem ainda hoje uma ldquoorientaccedilatildeo secular Atlacircntica e voltada para o lesterdquo (EAKIN

2014 p42) o que influencia o pensamento dos brasileiros sobre o paiacutes e seu lugar

no mundo Neste aspecto a anaacutelise geopoliacutetica de Mario Travassos ressalta a

importacircncia da cordilheira andina como grande divisor dos dois antagonismos

geograacuteficos da Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico (MATTOS 2002 p59)

Figura 1 Brasil ndash desafios para a defesa

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

Aliado a isso tambeacutem houve o desenvolvimento tardio das instituiccedilotildees de ensino

superior e sua concentraccedilatildeo em poucas cidades influenciando na formaccedilatildeo de

elites brasileiras mais pacifistas (EAKIN 2014 p48)

Ademais a Amazocircnia brasileira rica em recursos minerais de toda ordem e

maior biodiversidade do planeta foi e ainda eacute uma aacuterea pouco povoada devido agraves

suas condiccedilotildees geograacuteficas as quais em sua maior totalidade ainda satildeo

18

consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade geopoliacutetica brasileira Rio de JaneiroBiblioteca do Exeacutercito Editora 2002

MEDEIROS FILHO Oscar Cenaacuterios geopoliacuteticos e emprego das Forccedilas Armadas na Ameacuterica do Sul 2005 Dissertaccedilatildeo de Mestrado Satildeo Paulo USP

Poliacutetica Nacional de Defesa Brasiacutelia DF 2012(a) Disponiacutevel em lthttpwwwdefesagovbr arquivos2012mes07pndpdfgt

TRAVASSOS Maacuterio Projeccedilatildeo Continental do Brasil Satildeo Paulo Companhia Editoria Nacional 1935

UFRJ Defesa e Gestatildeo Estrateacutegica Internacional (DGEI) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Disponiacutevel em httpwwwdgeiufrjbrimagesO-que-e-o-DGEIpdf gt

UFSC Cotidiano UFSC Disponiacutevel em lthttpcotidianositesufscbra-universidade-federalde-santa-catarina-recebe-curso-de-extensao-em-defesa-nacionalgt

Page 14: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

14

f Caracterizar a importacircncia do desenvolvimento da Induacutestria Nacional de

Defesa

13 DELIMITACcedilAtildeO DO ESTUDO

O presente estudo estaraacute limitado as tentativas poliacuteticas e econocircmicas

empreendidas pelo Estado Brasileiro particularmente as ocorridas apoacutes o Governo

dos Militares ateacute os dias atuais E ainda pela tentativa de incutir a relevacircncia do

tema na sociedade empresarial e civil Dessa forma o estudo abordaraacute a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) e Base Industrial de Defesa (BID)

14 RELEVAcircNCIA DO ESTUDO

O trabalho eacute relevante por contribuir para a realizaccedilatildeo de um estudo mais

aprofundado sobre a Induacutestria de Defesa do Brasil haja vista que o paiacutes eacute o maior

da Ameacuterica do Sul possuidor de imensa extensatildeo territorial e fronteiriccedila

Diante das reformas estruturais de cunho neoliberal as Forccedilas Armadas foi um

dos setores que mais sofreu com a realidade dos cortes no orccedilamento da uniatildeo

para garantir o pagamento da diacutevida puacuteblica do paiacutes

Na gestatildeo do Ministro da Defesa Nelson Jobim o Ministeacuterio publicou a primeira

versatildeo da Estrateacutegia Nacional de Defesa o principal documento que direcionou as

poliacuteticas puacuteblicas para o setor De forma geral e similar a eacutepoca do Governo Militar

um de seus principais eixos foi apostar na revitalizaccedilatildeo da induacutestria de defesa no

paiacutes visando garantir a seguranccedila nacional atraveacutes do desenvolvimento industrial e

tecnoloacutegico

A dialeacutetica poliacutetica e econocircmica do Brasil no seacuteculo XX pautou-se

principalmente no que fazer para o paiacutes deixar de ser subdesenvolvido e se tornar

uma grande potecircncia sobretudo regional As Forccedilas Armadas particularmente o

Exeacutercito Brasileiro foram fundamentais nas pautas que abarcam esse tema Como

uma das uacutenicas instituiccedilotildees espalhadas por todo o paiacutes ateacute entatildeo tem na sua

capilaridade alicerces que contribuem para desenvolver a Naccedilatildeo

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA

A Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) estabelece diretrizes para a adequada

preparaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas permitido garantir a seguranccedila do

paiacutes tanto em tempo de paz quanto em situaccedilotildees de crise

Essa mesma END foi desenvolvida visando atender as necessidades de

equipamento reorganizando principalmente a induacutestria de defesa para que as

tecnologias mais avanccediladas estejam sob domiacutenio nacional

Estrateacutegia nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeo Defendido o Brasil teraacute como dizer natildeo quando tiver que dizer natildeo Teraacute capacidade para construir seu proacuteprio modelo de desenvolvimento (END p 42)

O crescimento e aprimoramento da estrutura de defesa proporciona maior

estabilidade ao paiacutes bem como assegura a proteccedilatildeo de seu territoacuterio de sua

populaccedilatildeo e de setores estrateacutegicos da economia

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA

Formada pelo conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de

organizaccedilotildees civis e militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto

desenvolvimento industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo

conversatildeo modernizaccedilatildeo ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (Prode) no Paiacutes

(Estrateacutegia Nacional de Defesa ano 2012)

Segundo Silva (2011) no iniacutecio da deacutecada de 2000 houve o iniacutecio de um novo

periacuteodo de crescimento da induacutestria militar brasileira particularmente em funccedilatildeo da

produccedilatildeo de aeronaves de combate (A-29 Super Tucano) e de vigilacircncia e

sensoriamento remoto (Emb - 145 AEW) fabricados pela EMBRAER

Poreacutem Silva identificou ainda que a proacutepria ediccedilatildeo 2012 da Estrateacutegia Nacional

de Defesa (END) aponta entre outras vulnerabilidades da atual estrutura de defesa

brasileira a descontinuidade de recursos como uma importante variaacutevel a ser

considerada onde se verifica a seguinte observaccedilatildeo sobre o assunto histoacuterica

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descontinuidade na alocaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuteria para a defesa (BRASIL

2011 p5)

Diante do exposto observa-se a restriccedilatildeo dos recursos puacuteblicos que podem vir a

reprimir a demanda dos Projetos Estrateacutegicos do Exeacutercito Brasileiro (EB)

acarretando o enfraquecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Um dos propoacutesitos da Poliacutetica Nacional de Defesa eacute conscientizar todos os

segmentos da sociedade brasileira da importacircncia da defesa do Paiacutes e de que esta

eacute um dever de todos os brasileiros (PND p12)

Sendo assim verifica-se a importacircncia do amadurecimento da sociedade

brasileira frente ao desafio de entender e compreender a necessidade do

desenvolvimento de um caraacuteter coletivo que circunda a Defesa Nacional

A partir desse entendimento as facilidades decorrentes poderatildeo ocasionar um

salto para o aperfeiccediloamento das poliacuteticas e das questotildees econocircmicas pois seratildeo

formados os alicerces que impulsionam a vontade nacional relativos ao tema Cabe

ressaltar que o setor de Defesa no Brasil eacute responsaacutevel por 60 mil empregos diretos

e 240 mil indiretos corroborando os efeitos positivos de seu desenvolvimento

3 METODOLOGIA

31 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo seraacute realizado principalmente por meio de uma pesquisa

bibliograacutefica pois basearaacute sua fundamentaccedilatildeo teoacuterico-metodoloacutegica na investigaccedilatildeo

sobre os assuntos relacionados a Induacutestria Nacional de Defesa em livros manuais e

artigos de acesso livre ao puacuteblico em geral incluindo-se nesses aqueles

disponibilizados pela rede mundial de computadores

17

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS

ATUAIS

O Brasil localizado no subcontinente Ameacuterica do Sul possui aacuterea com cerca de

85 milhotildees de kmsup2 e litoral voltado para o Atlacircntico de 74 mil km sendo o quinto

maior paiacutes em espaccedilo geograacutefico do mundo (BRASIL 2016)

Embora o Brasil faccedila fronteira com nove paiacuteses sul-americanos e um territoacuterio

ultramarino da Franccedila (perfazendo uma faixa de 169 mil km de extensatildeo) o Paiacutes

tem ainda hoje uma ldquoorientaccedilatildeo secular Atlacircntica e voltada para o lesterdquo (EAKIN

2014 p42) o que influencia o pensamento dos brasileiros sobre o paiacutes e seu lugar

no mundo Neste aspecto a anaacutelise geopoliacutetica de Mario Travassos ressalta a

importacircncia da cordilheira andina como grande divisor dos dois antagonismos

geograacuteficos da Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico (MATTOS 2002 p59)

Figura 1 Brasil ndash desafios para a defesa

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

Aliado a isso tambeacutem houve o desenvolvimento tardio das instituiccedilotildees de ensino

superior e sua concentraccedilatildeo em poucas cidades influenciando na formaccedilatildeo de

elites brasileiras mais pacifistas (EAKIN 2014 p48)

Ademais a Amazocircnia brasileira rica em recursos minerais de toda ordem e

maior biodiversidade do planeta foi e ainda eacute uma aacuterea pouco povoada devido agraves

suas condiccedilotildees geograacuteficas as quais em sua maior totalidade ainda satildeo

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consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

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estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

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tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

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contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

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Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

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Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

REFEREcircNCIAS

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Page 15: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

15

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA

A Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) estabelece diretrizes para a adequada

preparaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas permitido garantir a seguranccedila do

paiacutes tanto em tempo de paz quanto em situaccedilotildees de crise

Essa mesma END foi desenvolvida visando atender as necessidades de

equipamento reorganizando principalmente a induacutestria de defesa para que as

tecnologias mais avanccediladas estejam sob domiacutenio nacional

Estrateacutegia nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeo Defendido o Brasil teraacute como dizer natildeo quando tiver que dizer natildeo Teraacute capacidade para construir seu proacuteprio modelo de desenvolvimento (END p 42)

O crescimento e aprimoramento da estrutura de defesa proporciona maior

estabilidade ao paiacutes bem como assegura a proteccedilatildeo de seu territoacuterio de sua

populaccedilatildeo e de setores estrateacutegicos da economia

22 A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA

Formada pelo conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de

organizaccedilotildees civis e militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto

desenvolvimento industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo

conversatildeo modernizaccedilatildeo ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (Prode) no Paiacutes

(Estrateacutegia Nacional de Defesa ano 2012)

Segundo Silva (2011) no iniacutecio da deacutecada de 2000 houve o iniacutecio de um novo

periacuteodo de crescimento da induacutestria militar brasileira particularmente em funccedilatildeo da

produccedilatildeo de aeronaves de combate (A-29 Super Tucano) e de vigilacircncia e

sensoriamento remoto (Emb - 145 AEW) fabricados pela EMBRAER

Poreacutem Silva identificou ainda que a proacutepria ediccedilatildeo 2012 da Estrateacutegia Nacional

de Defesa (END) aponta entre outras vulnerabilidades da atual estrutura de defesa

brasileira a descontinuidade de recursos como uma importante variaacutevel a ser

considerada onde se verifica a seguinte observaccedilatildeo sobre o assunto histoacuterica

16

descontinuidade na alocaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuteria para a defesa (BRASIL

2011 p5)

Diante do exposto observa-se a restriccedilatildeo dos recursos puacuteblicos que podem vir a

reprimir a demanda dos Projetos Estrateacutegicos do Exeacutercito Brasileiro (EB)

acarretando o enfraquecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Um dos propoacutesitos da Poliacutetica Nacional de Defesa eacute conscientizar todos os

segmentos da sociedade brasileira da importacircncia da defesa do Paiacutes e de que esta

eacute um dever de todos os brasileiros (PND p12)

Sendo assim verifica-se a importacircncia do amadurecimento da sociedade

brasileira frente ao desafio de entender e compreender a necessidade do

desenvolvimento de um caraacuteter coletivo que circunda a Defesa Nacional

A partir desse entendimento as facilidades decorrentes poderatildeo ocasionar um

salto para o aperfeiccediloamento das poliacuteticas e das questotildees econocircmicas pois seratildeo

formados os alicerces que impulsionam a vontade nacional relativos ao tema Cabe

ressaltar que o setor de Defesa no Brasil eacute responsaacutevel por 60 mil empregos diretos

e 240 mil indiretos corroborando os efeitos positivos de seu desenvolvimento

3 METODOLOGIA

31 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo seraacute realizado principalmente por meio de uma pesquisa

bibliograacutefica pois basearaacute sua fundamentaccedilatildeo teoacuterico-metodoloacutegica na investigaccedilatildeo

sobre os assuntos relacionados a Induacutestria Nacional de Defesa em livros manuais e

artigos de acesso livre ao puacuteblico em geral incluindo-se nesses aqueles

disponibilizados pela rede mundial de computadores

17

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS

ATUAIS

O Brasil localizado no subcontinente Ameacuterica do Sul possui aacuterea com cerca de

85 milhotildees de kmsup2 e litoral voltado para o Atlacircntico de 74 mil km sendo o quinto

maior paiacutes em espaccedilo geograacutefico do mundo (BRASIL 2016)

Embora o Brasil faccedila fronteira com nove paiacuteses sul-americanos e um territoacuterio

ultramarino da Franccedila (perfazendo uma faixa de 169 mil km de extensatildeo) o Paiacutes

tem ainda hoje uma ldquoorientaccedilatildeo secular Atlacircntica e voltada para o lesterdquo (EAKIN

2014 p42) o que influencia o pensamento dos brasileiros sobre o paiacutes e seu lugar

no mundo Neste aspecto a anaacutelise geopoliacutetica de Mario Travassos ressalta a

importacircncia da cordilheira andina como grande divisor dos dois antagonismos

geograacuteficos da Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico (MATTOS 2002 p59)

Figura 1 Brasil ndash desafios para a defesa

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

Aliado a isso tambeacutem houve o desenvolvimento tardio das instituiccedilotildees de ensino

superior e sua concentraccedilatildeo em poucas cidades influenciando na formaccedilatildeo de

elites brasileiras mais pacifistas (EAKIN 2014 p48)

Ademais a Amazocircnia brasileira rica em recursos minerais de toda ordem e

maior biodiversidade do planeta foi e ainda eacute uma aacuterea pouco povoada devido agraves

suas condiccedilotildees geograacuteficas as quais em sua maior totalidade ainda satildeo

18

consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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Page 16: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

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descontinuidade na alocaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuteria para a defesa (BRASIL

2011 p5)

Diante do exposto observa-se a restriccedilatildeo dos recursos puacuteblicos que podem vir a

reprimir a demanda dos Projetos Estrateacutegicos do Exeacutercito Brasileiro (EB)

acarretando o enfraquecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil

23 A IMPORTAcircNCIA DA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

Um dos propoacutesitos da Poliacutetica Nacional de Defesa eacute conscientizar todos os

segmentos da sociedade brasileira da importacircncia da defesa do Paiacutes e de que esta

eacute um dever de todos os brasileiros (PND p12)

Sendo assim verifica-se a importacircncia do amadurecimento da sociedade

brasileira frente ao desafio de entender e compreender a necessidade do

desenvolvimento de um caraacuteter coletivo que circunda a Defesa Nacional

A partir desse entendimento as facilidades decorrentes poderatildeo ocasionar um

salto para o aperfeiccediloamento das poliacuteticas e das questotildees econocircmicas pois seratildeo

formados os alicerces que impulsionam a vontade nacional relativos ao tema Cabe

ressaltar que o setor de Defesa no Brasil eacute responsaacutevel por 60 mil empregos diretos

e 240 mil indiretos corroborando os efeitos positivos de seu desenvolvimento

3 METODOLOGIA

31 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo seraacute realizado principalmente por meio de uma pesquisa

bibliograacutefica pois basearaacute sua fundamentaccedilatildeo teoacuterico-metodoloacutegica na investigaccedilatildeo

sobre os assuntos relacionados a Induacutestria Nacional de Defesa em livros manuais e

artigos de acesso livre ao puacuteblico em geral incluindo-se nesses aqueles

disponibilizados pela rede mundial de computadores

17

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS

ATUAIS

O Brasil localizado no subcontinente Ameacuterica do Sul possui aacuterea com cerca de

85 milhotildees de kmsup2 e litoral voltado para o Atlacircntico de 74 mil km sendo o quinto

maior paiacutes em espaccedilo geograacutefico do mundo (BRASIL 2016)

Embora o Brasil faccedila fronteira com nove paiacuteses sul-americanos e um territoacuterio

ultramarino da Franccedila (perfazendo uma faixa de 169 mil km de extensatildeo) o Paiacutes

tem ainda hoje uma ldquoorientaccedilatildeo secular Atlacircntica e voltada para o lesterdquo (EAKIN

2014 p42) o que influencia o pensamento dos brasileiros sobre o paiacutes e seu lugar

no mundo Neste aspecto a anaacutelise geopoliacutetica de Mario Travassos ressalta a

importacircncia da cordilheira andina como grande divisor dos dois antagonismos

geograacuteficos da Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico (MATTOS 2002 p59)

Figura 1 Brasil ndash desafios para a defesa

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

Aliado a isso tambeacutem houve o desenvolvimento tardio das instituiccedilotildees de ensino

superior e sua concentraccedilatildeo em poucas cidades influenciando na formaccedilatildeo de

elites brasileiras mais pacifistas (EAKIN 2014 p48)

Ademais a Amazocircnia brasileira rica em recursos minerais de toda ordem e

maior biodiversidade do planeta foi e ainda eacute uma aacuterea pouco povoada devido agraves

suas condiccedilotildees geograacuteficas as quais em sua maior totalidade ainda satildeo

18

consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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Page 17: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

17

4 O BRASIL E SUA INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA DE 1980 ATEacute OS DIAS

ATUAIS

O Brasil localizado no subcontinente Ameacuterica do Sul possui aacuterea com cerca de

85 milhotildees de kmsup2 e litoral voltado para o Atlacircntico de 74 mil km sendo o quinto

maior paiacutes em espaccedilo geograacutefico do mundo (BRASIL 2016)

Embora o Brasil faccedila fronteira com nove paiacuteses sul-americanos e um territoacuterio

ultramarino da Franccedila (perfazendo uma faixa de 169 mil km de extensatildeo) o Paiacutes

tem ainda hoje uma ldquoorientaccedilatildeo secular Atlacircntica e voltada para o lesterdquo (EAKIN

2014 p42) o que influencia o pensamento dos brasileiros sobre o paiacutes e seu lugar

no mundo Neste aspecto a anaacutelise geopoliacutetica de Mario Travassos ressalta a

importacircncia da cordilheira andina como grande divisor dos dois antagonismos

geograacuteficos da Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico (MATTOS 2002 p59)

Figura 1 Brasil ndash desafios para a defesa

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

Aliado a isso tambeacutem houve o desenvolvimento tardio das instituiccedilotildees de ensino

superior e sua concentraccedilatildeo em poucas cidades influenciando na formaccedilatildeo de

elites brasileiras mais pacifistas (EAKIN 2014 p48)

Ademais a Amazocircnia brasileira rica em recursos minerais de toda ordem e

maior biodiversidade do planeta foi e ainda eacute uma aacuterea pouco povoada devido agraves

suas condiccedilotildees geograacuteficas as quais em sua maior totalidade ainda satildeo

18

consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

REFEREcircNCIAS

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Page 18: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

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consideradas obstaacuteculos para a efetiva ocupaccedilatildeo humana e consequentemente de

difiacutecil aperfeiccediloamento com relaccedilatildeo agrave infraestrutura atrasando o seu

desenvolvimento

Esses pontos dentre outros tecircm impactado a cultura estrateacutegica brasileira

particularmente nos seus atores principais como poliacuteticos diplomatas militares e

empresaacuterios Segundo Eakin (2014) essas influecircncias geram consequecircncias ao

longo da histoacuteria como natildeo se ver dentro da cultura ldquolatino-americanardquo e pouco

interesse ao que acontecia no restante da Ameacuterica Latina

Aleacutem disso deve-se levar em consideraccedilatildeo a posiccedilatildeo relativa do Paiacutes no globo

Assim a existecircncia da grande potecircncia no continente americano os Estados Unidos

da Ameacuterica (EUA) influencia diretamente a cultura estrateacutegica dos demais paiacuteses

ocidentais Nesse contexto e segundo Travassos (1935 p70) a ldquoinstabilidade

geograacutefica do canto noroeste do continenterdquo estaria diretamente relacionada agrave

influecircncia dos Estados Unidos tendo causas exclusivamente geopoliacuteticas

A Grande Estrateacutegia Estrateacutegia Nacional ou Estrateacutegia Total eacute o padratildeo

geoestrateacutegico regional-multilateral (podendo ser natildeo oficialmente firmada) que se

sedimenta por accedilotildees econocircmicas paradiplomaacuteticas de empresas estatais bem como

por accedilotildees governamentais de caraacuteter poliacutetico-diplomaacutetico e poliacutetico-militar

(SENHORAS 2012 p3) Jaacute Estrateacutegia eacute a arte de preparar e aplicar o poder para

superando os oacutebices de toda ordem alcanccedilar os objetivos fixados pela poliacutetica

(BRASIL 2001)

O sonho do prosseguimento para o desenvolvimento de uma induacutestria de defesa

brasileira esbarrou em duas dificuldades a primeira foi a queda nas exportaccedilotildees

para os paiacuteses aacuterabes que na esteira do fim da Guerra Fria passaram a comprar

armamentos dos Estados Unidos Um segundo ponto fundamental foi a crise

econocircmica que o Brasil viveu na deacutecada de 1980 e 1990 Com a queda nas

compras o capital disponiacutevel para essas empresas investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

esgotou-se gerando um ciacuterculo vicioso para as mesmas

De acordo com a PND (BRASIL 2012) o crescimento da projeccedilatildeo internacional

do Brasil no seacuteculo XXI eacute um dos objetivos nacionais de defesa Em consequecircncia eacute

notoacuteria a maior inserccedilatildeo do paiacutes no cenaacuterio global visto que o Brasil tem se tornado

um ator internacional de relevacircncia crescente (CORREA 2014)

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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Page 19: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

19

O universo de pessoas formadas que possuem consideraacutevel capacitaccedilatildeo

cientiacutefica e teacutecnica configura aspecto fundamental e pode ser encarado como fator

de natureza peculiar neste processo Assim a disponibilidade de pessoal bem

qualificado constitui uma parte da causa e do consequente efeito do progresso

cientiacutefico e tecnoloacutegico Desta forma a formaccedilatildeo mencionada eacute um aspecto

integrante do desdobramento de uma poliacutetica cientiacutefica e tecnoloacutegica e deve ser um

objetivo central do desenvolvimento nacional

O Brasil foi berccedilo de duas histoacuterias de sucesso no ramo da defesa sendo sede

de empresas que despontaram no acircmbito mundial a ENGESA e a Empresa

Brasileira de Aeronaacuteutica SA (EMBRAER) A primeira natildeo constitui mais uma

empresa atuante enquanto a segunda tornou-se referecircncia na aacuterea de comeacutercio de

aviotildees

No tocante a ENGESA essa empresa possuiu a capacidade de absorver todo o

estudo advindo da aacuterea militar gerando os principais produtos muitos inclusive

exportados Seu nuacutecleo teacutecnico destacou-se por estar agrave frente de seu tempo nas

inovaccedilotildees e conceitos O Grupo ENGESA chegou a ter 11000 empregados dos

quais 600 eram teacutecnicos projetistas e engenheiros e a parte de Engenharia de

Pesquisas ndash ENGEPEQ absorvia 220 deles

Cabe ainda ressaltar que a Engequiacutemica subsidiaacuteria da ENGESA SA antiga

FEEA ndash Faacutebrica de Estojos e Espoletas atual Imbel FJF ndash Faacutebrica de Juiz de Fora

quando sob administraccedilatildeo do Grupo ENGESA nos anos de 1980 produziu mais de

um milhatildeo de municcedilotildees 90 mm a maioria para exportaccedilatildeo Somente para o Iraque

foram mais de 400000 unidades largamente empregadas em combates

No ano de 1986 a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhotildees por meio

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social (BNDES) e no mesmo

ano assinou contratos com o Exeacutercito Brasileiro para a realizaccedilatildeo de fornecimentos

de materiais de emprego militar os quais consistiam em 40 mil tiros de morteiro 100

conjuntos de raacutedio 51 blindados Urutu 500 a 600 viaturas de 2 12 toneladas 380

viaturas de 34 toneladas e 82 jipes Apesar do subsiacutedio os recursos foram

aplicados para a aquisiccedilatildeo de faacutebricas como a IMBEL de Juiz de Fora bem como

para novos desenvolvimentos como miacutesseis e helicoacutepteros que natildeo chegaram a ser

efetivados O Exeacutercito exigiu e obteve uma Confissatildeo de Diacutevida poreacutem nada do

contratado e muito menos do material foi entregue

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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Page 20: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

20

Em 1987 a Araacutebia Saudita convocou para avaliaccedilatildeo o carro de combate (Main

Battle Tank) Abrams norte-americano o AMX 40 francecircs o Challenger britacircnico e o

Osoacuterio brasileiro Segundo relato dos dirigentes da ENGESA a eacutepoca tudo indicava

que seu produto fora o vencedor do certame Prova disto foi a assinatura de um preacute-

contrato para a aquisiccedilatildeo de 316 carros de combate por US$ 22 milhotildees

Em 1989 o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados

Unidos apresentaram ao Congresso minucioso relatoacuterio defendendo a conveniecircncia

de o Abrams ser vendido agrave Araacutebia Saudita tanto pelo que a fabricaccedilatildeo representaria

para a induacutestria nacional como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante

(ENGESA) no mercado do Oriente Meacutedio A accedilatildeo diplomaacutetica produziu seus efeitos

e o Abrams foi vendido aos aacuterabes deixando a ENGESA em segundo plano Dessa

forma a desistecircncia do paiacutes aacuterabe contribuiu para a falecircncia da empresa

Acrescenta-se anida o calote do governo iraquiano que natildeo pagou na eacutepoca

pela aquisiccedilatildeo de veiacuteculos Blindados EE-9 Cascavel isso no periacuteodo da 1ordm Guerra

do Iraque

Jaacute a EMBRAER eacute uma holding responsaacutevel pela fabricaccedilatildeo de aviotildees militares

comerciais executivos ou agriacutecolas fundada em 1969 Foi criada por iniciativa do

Governo Federal visando inicialmente efetivar a produccedilatildeo do aviatildeo ldquoBandeiranterdquo

(EMB-110) o bimotor turboeacutelice de pequeno porte

O mercado da aviaccedilatildeo eacute repleto de riscos e incertezas o puacuteblico eacute

extremamente seleto e restrito os erros de caacutelculo o natildeo atendimento de uma

simples exigecircncia operacional de um cliente ou mesmo os efeitos da concorrecircncia

podem acarretar um reflexo desastroso para as ambiccedilotildees da empresa A histoacuteria da

induacutestria aeronaacuteutica estaacute repleta de exemplos com fechamentos fusotildees ou

participaccedilotildees nas produccedilotildees de bens e serviccedilos como a Glenn Martin Company

Fokker North American Lockheed Mc Donnell Douglas (EUA) Handley Page e

Avro (Europa) (OLIVEIRA 2005)

Desde o seu surgimento a EMBRAER recebeu forte apoio do Estado Brasileiro

por meio de incentivos fiscais e benefiacutecios ou de poliacuteticas governamentais efetuadas

por compras Apoacutes criar a empresa como uma estatal vinculada ao Ministeacuterio da

Aeronaacuteutica o Estado tambeacutem garantiu a demanda inicial atraveacutes da Forccedila Aeacuterea

Brasileira (FAB) que realizou uma encomenda de 80 aviotildees ldquoBandeiranterdquo e 112

jatos de treinamento avanccedilado ldquoXavanterdquo Aleacutem disso o governo federal buscou

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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Page 21: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

21

estimular a demanda civil pelo ldquoBandeiranterdquo atraveacutes de uma ampla reestruturaccedilatildeo

da aviaccedilatildeo regional que resultou numa encomenda de 53 novas aeronaves

No iniacutecio dos anos de 1980 apoacutes execuccedilatildeo de parcerias e incentivos houve o

avanccedilo internacional da empresa que passou a exportar centenas de unidades do

ldquoBandeiranterdquo para diversos paiacuteses Barbosa (2007) ressalta que esse avanccedilo soacute foi

possiacutevel apoacutes a EMBRAER e o CTA terem conseguido a aprovaccedilatildeo do projeto EMB-

110 em oacutergatildeos homologadores de traacutefego aeacutereo de outros paiacuteses como o Federal

Aviation Administration (FAA) dos EUA e o Civil Aviation Authory (CAA) da

Inglaterra

Contudo segundo Ferreira (2009) a empresa conquistou grande relevacircncia no

mercado internacional graccedilas a dois novos projetos desenvolvidos pela empresa o

turboeacutelice de treinamento militar EMB-312 ldquoTucanordquo apresentado em 1980 e o

aviatildeo de transporte regional de 30 assentos EMB-120 ldquoBrasiacuteliardquo lanccedilado em 1983 O

ldquoTucanordquo foi desenvolvido para atender as necessidades da FAB e tendo sido

exportada para as forccedilas aeacutereas de 16 paiacuteses entre elas a da Franccedila e da Gratilde-

Bretanha

Atualmente a empresa encontra-se desenvolvendo o Projeto KC-390 aviatildeo

padratildeo para o transporte militar meacutedio visando atender os requisitos operacionais

da Forccedila Aacuterea Brasileira (FAB)

A EMBRAER foi privatizada em 1994 como parte do processo de implantaccedilatildeo

do neoliberalismo no Brasil Seu processo de privatizaccedilatildeo eacute utilizado como exemplo

por setores nacionais brasileiros com o intuito de expandir o processo de venda de

outras empresas estatais

Partes dos engenheiros integrantes do corpo de profissionais da EMBRAER

foram formados no Instituto Tecnoloacutegico da Aeronaacuteutica (ITA) o qual se destaca por

ser uma instituiccedilatildeo de ensino superior puacuteblica da FAB e vinculada ao Departamento

de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) Eacute um estabelecimento de ensino que

possui cursos de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo em aacutereas ligadas a engenharia

particularmente a do setor aeroespacial sendo considerada uma das melhores

instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil

De acordo com Maria Cecilia Spina Forjaz o ITA surgiu para

Com uma visatildeo quase profeacutetica os pioneiros da Aeronaacuteutica conceberam um centro de pesquisas que

22

tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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MEDEIROS FILHO Oscar Cenaacuterios geopoliacuteticos e emprego das Forccedilas Armadas na Ameacuterica do Sul 2005 Dissertaccedilatildeo de Mestrado Satildeo Paulo USP

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TRAVASSOS Maacuterio Projeccedilatildeo Continental do Brasil Satildeo Paulo Companhia Editoria Nacional 1935

UFRJ Defesa e Gestatildeo Estrateacutegica Internacional (DGEI) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Disponiacutevel em httpwwwdgeiufrjbrimagesO-que-e-o-DGEIpdf gt

UFSC Cotidiano UFSC Disponiacutevel em lthttpcotidianositesufscbra-universidade-federalde-santa-catarina-recebe-curso-de-extensao-em-defesa-nacionalgt

Page 22: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

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tivesse como nuacutecleo uma avanccedilada escola de engenharia de forma a assegurar o desenvolvimento auto-sustentado do setor aeronaacuteutico com frutos que se estenderiam a meacutedio prazo ao parque industrial brasileiro e agraves atividades da aviaccedilatildeo civil Desse modo em um paiacutes com uma infraestrutura industrial miacutenima incapaz de fabricar ateacute bens de consumo leve iniciava-se a formaccedilatildeo de engenheiros aeronaacuteuticos altamente qualificados o que daria origem a novas especializaccedilotildees em eletrocircnica mecacircnica e infraestrutura aeronaacuteutica e a um conjunto de instituiccedilotildees indutoras do moderno desenvolvimento tecnoloacutegico brasileiro (FORJAZ 2005 287-288)

Os engenheiros formados no ITA trabalharam na futura EMBRAER e em outras

empresas que surgiram posteriormente papel no qual o CTA tambeacutem seraacute

fundamental Para Forjaz

[] os idealizadores do CTA sob a lideranccedila do entatildeo major-aviador Casimiro Montenegro Filho criaram um centro de pesquisas capaz de a curto prazo e de forma pragmaacutetica trazer para o paiacutes algumas das tecnologias emergentes no exterior e que acelerariam o desenvolvimento da induacutestria local Nos laboratoacuterios isolados instalados no campus do CTA em Satildeo Joseacute dos Campos iniciaram-se trabalhos pioneiros de prospecccedilatildeo tecnoloacutegica e aplicaccedilatildeo de novas teacutecnicas estimulando o surgimento de pequenas induacutestrias num modelo de ciacuterculos concecircntricos em que o nuacutecleo opera como matriz supridora de recursos humanos e suporte laboratorial para os novos empreendedores (FORJAZ 2005 288)

Outras instituiccedilotildees tambeacutem possuem papel relevante e de destaque como

integrantes da base cientiacutefica aplicada agrave defesa No niacutevel universitaacuterio no campo da

ciecircncia e da tecnologia operam as seguintes escolas e em mesmo niacutevel

apresentado pelo ITA satildeo eles o Instituto Militar de Engenharia (IME) tratando de

tecnologias militares terrestres e o Departamento de Engenharia Naval da Escola

Politeacutecnica de Satildeo Paulo tratando de tecnologias navais

Em 1989 ocorreu o desfecho da Guerra Fria decorrendo a degradaccedilatildeo da Uniatildeo

Sovieacutetica apoacutes fortes embates com o Ocidente (liderados pelos EUA) nas aacutereas

econocircmica e tecnoloacutegica poreacutem sem a necessidade de um conflito beacutelico mundial

Contudo diferentemente dos paiacuteses desenvolvidos o Brasil levou duas deacutecadas

para compreender a importacircncia que a tecnologia militar passaria a ter para a

seguranccedila territorial a defesa dos interesses nacionais e o desenvolvimento do paiacutes

No final do seacuteculo XX a Induacutestria de Defesa brasileira vivia um processo declinante

que a conduzia agrave bancarrota Segundo Amarante (2004)

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

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contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

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Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

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capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

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Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

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O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

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Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

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sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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Page 23: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

23

() a conjuntura internacional marcada pelo final da Guerra Fria pelo desmantelamento da Uniatildeo Sovieacutetica pela disponibilidade dos ldquoarsenaisrdquo acumulados pelo clima de confronto pela globalizaccedilatildeo com soberania ldquolimitadardquo pelo desmonte de barreiras tarifaacuterias e pela sagraccedilatildeo da competitividade promoveu um quase aniquilamento da base industrial de defesa e uma consideraacutevel reduccedilatildeo de atividade nos centros de PampD nacionais notadamente naqueles que constituiacuteam a base cientiacutefico-tecnoloacutegica de defesa Contribuiu enormemente para o efeito apontado acima uma conjuntura nacional caracterizada por uma atitude social desfavoraacutevel aos gastos com a defesa Por outro lado o mundo passa por uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica e o Brasil manteacutem uma base industrial forte e competitiva Esses dois fatores poderatildeo contribuir para a elaboraccedilatildeo de uma poliacutetica industrial de defesa com razoaacuteveis possibilidades de sucesso

Era pois necessaacuteria agrave tomada de medidas para o fortalecimento da BID

brasileira Em 1999 o governo Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministeacuterio da

Defesa (MD) no Brasil desta feita ocorreu grande transformaccedilatildeo no meio militar

brasileiro apoacutes um longo processo de debates e estudos As diretrizes planejadas

para esta aacuterea trouxeram agrave tona a necessidade de novas definiccedilotildees e

relacionamentos para o segmento industrial de defesa Contudo somente com a

Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) publicada em dezembro de 2008 eacute que se

resgatou essa diacutevida tendo este documento a perspicaacutecia de estabelecer a

capacitaccedilatildeo nacional como o principal objetivo estrateacutegico para a defesa do paiacutes

A criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Defesa possuiu dentre outros objetivos a tentativa de

modernizaccedilatildeo do setor mas encontrou algumas dificuldades como por exemplo a

reorganizaccedilatildeo do papel do Estado na economia ocasionando cortes orccedilamentaacuterios

e de verba disponiacutevel para investir em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

A economia de defesa eacute apresentada como um raciociacutenio econocircmico e de

aplicaccedilatildeo de meacutetodos para estudar a defesa e os aspectos econocircmicos relacionados

agrave aacuterea Como uma subaacuterea do setor econocircmico a economia de defesa difere de

outros campos em termos de agentes (como por exemplo os ramos das Forccedilas

Armadas) da sua base de arranjos institucionais (por exemplo os contratos e as

alianccedilas) e de suas questotildees pertinentes (HARTLEY SANDLER 1995) A economia

de defesa mostra como a teoria e os meacutetodos econocircmicos podem ser aplicados para

o setor de defesa (HARTLEY 2006)

O interesse pela economia da defesa teve iniacutecio durante a Segunda Guerra

Mundial e manteacutem-se ateacute os dias atuais mesmo que com algumas alteraccedilotildees Ao

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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Page 24: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

24

contraacuterio do que se poderia imaginar com o fim da Guerra Fria natildeo se verificou

reduccedilatildeo nos estudos sobre alianccedilas praacuteticas de aquisiccedilatildeo base industrial de defesa

e poliacuteticas industriais Em muitos aspectos surgiram novos temas sobre a economia

de defesa (HARTLEY SANDLER 1995) No Brasil entretanto o tema ainda eacute

pouco explorado pelos economistas (DAGNINO 2006 2008 2010) sendo abordado

com mais frequecircncia por acadecircmicos nas aacutereas de relaccedilotildees internacionais e

ciecircncias sociais e pelos proacuteprios militares certamente com abordagens natildeo tatildeo

proacuteximas agrave economia

A economia e os investimentos advindos de suas accedilotildees influenciam no niacutevel de

produccedilatildeo de artefatos e serviccedilos militares Funcionam no paiacutes atualmente as

seguintes instituiccedilotildees puacuteblicas a Induacutestria de Material Beacutelico do Brasil (IMBEL) e os

Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) e de Satildeo Paulo (AGSP) na fabricaccedilatildeo

de meios militares terrestres e a Empresa Gerencial de Projetos Navais

(EmGeProN) e o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) na fabricaccedilatildeo de

meios militares navais

No que concerne agrave ID privada existem diversas empresas no paiacutes em grande

parte congregadas na Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e

Seguranccedila (ABIMDE) As empresas mais relevantes do setor fazem parte desta

associaccedilatildeo tais como Avibraacutes Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Odebrecht Defesa e Tecnologia Mectron Condor Atech Agrale Forja Taurus

Helibraacutes Orbisat dentre outras

5 AS POLIacuteTICAS ELABORADAS PARA A INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

DE 1980 ATEacute OS DIAS ATUAIS

A Base Industrial de Defesa possui o conceito de que a mesma eacute formada pelo

conjunto integrado de empresas puacuteblicas e privadas e de organizaccedilotildees civis e

militares que realizem ou conduzam pesquisa projeto desenvolvimento

industrializaccedilatildeo produccedilatildeo reparo conservaccedilatildeo revisatildeo conversatildeo modernizaccedilatildeo

ou manutenccedilatildeo de produtos de defesa (PRODE) no paiacutes (Estrateacutegia Nacional de

Defesa ano 2012)

25

Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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UFRJ Defesa e Gestatildeo Estrateacutegica Internacional (DGEI) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Disponiacutevel em httpwwwdgeiufrjbrimagesO-que-e-o-DGEIpdf gt

UFSC Cotidiano UFSC Disponiacutevel em lthttpcotidianositesufscbra-universidade-federalde-santa-catarina-recebe-curso-de-extensao-em-defesa-nacionalgt

Page 25: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

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Com isso o Ministeacuterio da Defesa e seus setores voltados para a Induacutestria de

Defesa buscam constantemente a integraccedilatildeo entre empresas universidades e

governo com a finalidade de estimular as inovaccedilotildees e o acompanhamento do

progresso tecnoloacutegico aprimorar o conhecimento e a capacitaccedilatildeo dos recursos

humanos nos acircmbitos industrial e universitaacuterio e equacionar os interesses puacuteblicos

Assim os programas e planejamentos visam desenvolver produzir e adquirir

materiais que possibilitem as Forccedilas Armadas ao seu reequipamento tambeacutem

conhecido como Triacuteplice Heacutelice

Como resultado esses produtos por sua vez consistem nos bens e serviccedilos

que por suas peculiaridades possam contribuir para a consecuccedilatildeo de objetivos

relacionados agrave seguranccedila ou agrave defesa do paiacutes (Brasil 2005)

Tal fato ocorre pois somente o governo natildeo deteacutem a capacidade teacutecnica e muito

menos a financeira para abarcar as necessidades em produtos exigidos pelas

Forccedilas Armadas

Em 1999 surgiu o Misteacuterio da Defesa (MD) momento no qual os comandantes

das forccedilas singulares (Marinha Exeacutercito e Forccedila Aeacuterea) passaram agrave subordinaccedilatildeo

da lideranccedila civil no niacutevel estrateacutegico (antes eram diretamente subordinados ao

Presidente da Repuacuteblica no niacutevel poliacutetico) Tal fato segundo algumas vertentes

promoveram a colaboraccedilatildeo a aproximaccedilatildeo e reflexatildeo de forma integrada entre as

esferas civil e militar no planejamento e no crescimento da conscientizaccedilatildeo de

defesa do paiacutes

Natildeo obstante e com o intuito de reestruturar e promover o fortalecimento da BID

o Governo Federal Brasileiro originou seacuterie de medidas Com isso foram publicadas

poliacuteticas de amparo ao setor tais como a Poliacutetica Nacional de Induacutestria de Defesa

(PNID) a Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e a Poliacutetica de Desenvolvimento

Produtivo (PDP)

No ano de 2005 ocorreu a publicaccedilatildeo da PNID a qual se apresentou como

documento de suma importacircncia para o desenvolvimento da BID estabelecendo

como objetivo principal a revitalizaccedilatildeo do setor com a reduccedilatildeo da carga tributaacuteria

incorporaccedilatildeo de qualidade e tecnologia aos produtos da Induacutestria de Defesa (ID)

estimulos a competitividade no intuito de expandir as exportaccedilotildees bem como

priorizar a aquisiccedilatildeo pelas Forccedilas Armadas em induacutestrias brasileiras

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

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capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

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Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

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O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

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Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

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sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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Page 26: A CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA- ECONÔMICA PARA O ... · Orientação: Cristiano Mauri da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ciências Militares)一Escola de

26

Como forma de amparar e viabilizar a ID foram elaboradas algumas diretrizes

estrateacutegicas com accedilotildees na manutenccedilatildeo de clima de paz e cooperaccedilatildeo nas aacutereas

que englobam as fronteiras a intensificaccedilatildeo do intercacircmbio com as Forccedilas Armadas

das naccedilotildees amigas particularmente com as da Ameacuterica do Sul e as da Aacutefrica

ligadas ao Atlacircntico Sul e a participaccedilatildeo em missotildees de paz e accedilotildees humanitaacuterias

de acordo com os interesses nacionais

Em 24 de abril de 2006 foi publicada a Portaria Normativa Nordm 586MD por meio

desta houve a aprovaccedilatildeo de outras tambeacutem com o teor estrateacutegico visando

aprimorar bases que solidificassem a Poliacutetica Nacional da Induacutestria de Defesa Como

accedilatildeo das mais importantes surgiu a ideia de promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo civil elo primordial nessa conjuntura a conscientizaccedilatildeo e envolvimento

acadecircmico assim como a poliacutetica visando a fortificaccedilatildeo da Base Industrial de

Defesa (BID) evidenciando a necessidade de apoio e aprovaccedilatildeo das sociedade o

que de fato eacute necessaacuterio para garantir maior respaldo da poliacutetica

Outra accedilatildeo de grande valia e tambeacutem estrateacutegica seria a diminuiccedilatildeo progressiva

da dependecircncia de produtos para defesa advindos de outros paiacuteses certificando da

busca pelo desenvolvimento interno

Com a intenccedilatildeo de aprimorar a PND no ano de 2008 foi elaborada a Estrateacutegia

Nacional de Defesa (END) aprovada pelo Decreto no 6703 de 18 de dezembro de

2008 teve sua formulaccedilatildeo centrada no MD e na Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos

(SAE) estabelecendo meacutetodos e objetivos auxiliando as Forccedilas Armadas e ao

sistema de Defesa Nacional em geral De modo fundamental a END por meio da

Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) criada pelo Decreto nordm 7364 de 23

de novembro de 2010 acompanha os assuntos relacionados agrave reorganizaccedilatildeo da

BID utilizando a Diretriz nordm 22 capacitando-a a se tornar autocircnoma em tecnologias

indispensaacuteveis agrave defesa conjugando tecnologias nacionais que compartilhassem

com emprego dual ou seja militar e civil

A diretriz destaca a importacircncia de que regimes juriacutedico regulatoacuterio e tributaacuterio

especiais protejam as empresas privadas nacionais de produtos de defesa contra os

riscos do imediatismo mercantil e assegurem continuidade nas compras puacuteblicas E

defende que a BID seja incentivada a competir em mercados externos para

aumentar sua escala de produccedilatildeo

27

Assim a 22ordf Diretriz visa capacitar a induacutestria nacional de material de defesa

para que conquiste autonomia em tecnologias indispensaacuteveis agrave defesa ldquoEstrateacutegia

nacional de defesa eacute inseparaacutevel de estrateacutegia nacional de desenvolvimento Esta

motiva aquela Aquela fornece escudo para esta Cada uma reforccedila as razotildees da

outra Em ambas se desperta para a nacionalidade e constroacutei-se a Naccedilatildeordquo

Figura 2 Estrutura Organizacional da SEPROD

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outro ponto relevante da END foi a definiccedilatildeo de trecircs setores tecnoloacutegicos

estrateacutegicos considerados decisivos para a defesa nacional o espacial o

ciberneacutetico e o nuclear Tais setores segundo a END devem ser fortalecidos sendo

que as parcerias internacionais e as importaccedilotildees de bens e serviccedilos precisam levar

em conta o objetivo de promover a capacitaccedilatildeo e o domiacutenio tecnoloacutegico nacional A

END representou assim um relevante marco no desenvolvimento de poliacuteticas

voltadas agrave BID

O tema adquiriu maior relevacircncia com a ediccedilatildeo do Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN) publicado em 2012 pelo MD que possui um capiacutetulo dedicado agrave

defesa e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento industrial visando possibilitar maior

28

capacitaccedilatildeo das Forccedilas Armadas e assim criar oportunidades para o crescimento

econocircmico O Livro destaca iniciativas do Ministeacuterio da Defesa como a criaccedilatildeo do

Nuacutecleo de Promoccedilatildeo Comercial o levantamento da Base Industrial da Defesa e

incentivo para o aumento das exportaccedilotildees a presenccedila do Ministeacuterio da Defesa no

Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial bem como das boas relaccedilotildees

com a Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Materiais de Defesa e Seguranccedila

(ABIMDE)

Para auxiliar a viabilizar essa mudanccedila o documento previu ainda a instituiccedilatildeo

do Plano de Articulaccedilatildeo e Equipamento de Defesa (PAED) e a redefiniccedilatildeo da BID

A Lei 12598 de 22 de marccedilo de 2012 corrigiu as assimetrias concorrenciais

destacando

- Ampliar o uso e o acesso ao Regime Especial Tributaacuterio para a Induacutestria de

Defesa (RETID) para que a Lei seja um efetivo instrumento de fomento industrial ndash

poucas empresas estatildeo utilizando o incentivo fiscal

- Ampliar o acesso do benefiacutecio para empresas com controle acionaacuterio

estrangeiro mas com controle administrativodiretivo brasileiro

- Implementar a isenccedilatildeo do Imposto de Importaccedilatildeo (II) e do ICMS (CONFAZ)

para a aquisiccedilatildeo de insumos da BID por parte das Forccedilas Armadas

Ou seja essa lei tambeacutem definiu as Empresas Estrateacutegicas de Defesa (EED)

com a finalidade de facilitar e incentivar a participaccedilatildeo da Uniatildeo no capital dessas

empresas e em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo

O Decreto Nordm 7790 de 23 de marccedilo de 2013 regulamenta dispositivos da Lei

Nordm 12598 e criou a Comissatildeo Mista da Induacutestria de Defesa (CMID) o foacuterum do mais

alto niacutevel da conduccedilatildeo da poliacutetica da Base Industrial de Defesa com o propoacutesito de

assessorar o Ministro da Defesa nos processos de tomada de decisotildees e propostas

de atos relacionados com a induacutestria de defesa

Sendo assim o CMID possui como principais objetivos propor e coordenar os

estudos relativos a Poliacutetica Nacional para a induacutestria de defesa promover a

integraccedilatildeo entre o Ministeacuterio da Defesa e os organismos e entidades puacuteblicas e

privadas relacionadas com a Base Industrial de Defesa e propor ao Ministro da

Defesa as classificaccedilotildees de bens serviccedilos obras ou informaccedilatildeo como Produto

Estrateacutegico de Defesa (PED) e Produto de Defesa (PRODE)

29

A implantaccedilatildeo do PAED instituiacutedo pela Portaria Normativa Nordm 1065-MD de 28

de junho de 2010 visou trazer ao paiacutes externalidades positivas nos campos militar

poliacutetico econocircmico cientiacutefico tecnoloacutegico e social aleacutem de efeitos positivos para a

proacutepria BID Assim o PAED busca ser um documento que assuma a funccedilatildeo de

planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as trecircs

Forccedilas e o Ministeacuterio da Defesa como um todo

No acircmbito da Marinha existem projetos em andamento tanto de articulaccedilatildeo no

territoacuterio nacional como de aquisiccedilatildeo de equipamentos A recuperaccedilatildeo da

capacidade operacional consiste na revitalizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das estruturas

logiacutesticas e operativas da Marinha de seus meios navais e de fuzileiros navais

Como exemplo cita-se o Programa Nuclear da Marinha (PNM) incluindo o

desenvolvimento do ciclo de combustiacutevel o fortalecimento do Centro Tecnoloacutegico da

Marinha em Satildeo Paulo e a construccedilatildeo do Laboratoacuterio de Geraccedilatildeo de Energia

Nuacutecleo-Eleacutetrica e de um protoacutetipo de reator que serviraacute como base para o primeiro

submarino de propulsatildeo nuclear brasileiro

Figura 3 Programa Nuclear da Marinha (PNM)

Fonte Disponiacutevel em httpmarebmil

O Exeacutercito Brasileiro apresenta como exemplos o projeto de Defesa Ciberneacutetica

e o Projeto Guarani por sua vez consiste na implantaccedilatildeo da nova famiacutelia de

blindados sobre rodas do Exeacutercito fortalecendo tambeacutem a induacutestria brasileira jaacute que

contribui para a aquisiccedilatildeo de novas capacitaccedilotildees e para a obtenccedilatildeo de tecnologia

dual

30

Figura 4 Projeto GUARANI

Fonte Disponiacutevel em httpdefesagovbr

No acircmbito do reaparelhamento da Forccedila Aeacuterea Brasileira destaca-se o projeto

F-X2 cujo objetivo eacute a modernizaccedilatildeo da frota de aeronaves militares supersocircnicas

da Forccedila que resultou na aquisiccedilatildeo de 36 aviotildees de caccedila Gripen NG da empresa

sueca Svenska Aeroplan AB tiacutetulo em sueco para Aeroplano Sueco Limitada

SAAB Ao longo das negociaccedilotildees com a companhia sueca estabeleceu-se ainda

um contrato de cooperaccedilatildeo que inclui transferecircncias de tecnologias agrave induacutestria

brasileira pelos proacuteximos dez anos Entre as 36 aeronaves adquiridas estima-se que

quinze unidades seratildeo montadas no Brasil sob a lideranccedila da EMBRAER e com a

participaccedilatildeo de empresas do setor de forma a beneficiar diretamente a induacutestria

nacional

Figura 5 Voo do GRIPEN brasileiro SAAB

Fonte Disponiacutevel em httpfabmilbr

31

Em vista dos referidos projetos houve o crescimento da Induacutestria de Defesa

que de acordo com a ABIMDE somente as empresas filiadas em 2014

contabilizaram movimentaccedilatildeo de mais de 37 bilhotildees de doacutelares no ano sendo 17

bilhotildees em exportaccedilatildeo e o restante em importaccedilatildeo No mais estudos da entidade

(ABIMDE 2014) mostram que as companhias que atuam nesse setor geram cerca

de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos O grande nuacutemero de empregos

indiretos eacute amparado pelas empresas fornecedoras e prestadoras de serviccedilos e

ainda por induacutestrias complementares e correlatas

Figura 6 Tecnologia desenvolvida pela EMBRAER para a aeronave militar AMX foi utilizada

tambeacutem em modelos da aviaccedilatildeo comercial

Fonte EMBRAER

Figura 7 Tecnologia de uso dual

Fonte Disponiacutevel em httpAGITEC

32

O objetivo dos documentos citados visam garantir que o Brasil possua uma

cadeia produtiva sustentaacutevel capaz de produzir instrumentos dos quais o paiacutes possa

fazer uso tanto para sua seguranccedila e defesa quanto para a comercializaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo na esfera civil

O gasto orccedilamentaacuterio de um paiacutes com defesa estaacute intrinsecamente relacionado

com sua realidade econocircmica Para Joerding (1986) o natural eacute que um paiacutes com

altas taxas de crescimento em regra queira reforccedilar sua proteccedilatildeo contra ameaccedilas

externas ou internas aumentando os gastos com defesa o contraacuterio contudo

tambeacutem pode ocorrer

Destarte a aceleraccedilatildeo ou a desaceleraccedilatildeo dos investimentos voltados para a

aacuterea de Defesa Nacional satildeo diretamente proporcionais ao grau de desenvolvimento

de um paiacutes Eacute o que mostra um estudo realizado pela Fundaccedilatildeo Instituto de

Pesquisas Econocircmicas (FIPE) em parceria com a ABIMDE em agosto de 2015

demostrando que cada real investido em programas de defesa gerou um

multiplicador de 98 vezes em valor do PIB Utilizando um Sistema denominado

Insumo - Produto detalhado foi possiacutevel mensurar a importacircncia das Atividades de

Defesa e Seguranccedila em termos do Valor Adicionado e do PIB do paiacutes

Figura 8 Graacutefico com gastos militares brasileiros (1988-1999)

(Em US$ bilhotildees ndash valores de 2010)

Fonte Sipri ndash Military Expenditure Database

33

Figura 9 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2013)

(Em US$ bilhotildees de doacutelares ndash valores de 2011)

Fonte Sipri Disponiacutevel em httpswwwsipriorgdatabasesmilex

Figura 10 Graacutefico com gastos militares brasileiros (2000-2012)

(Em dos gastos do governo central)

Fonte Banco Mundial World Development Indicators

Cabe citar que foram estimulados outros instrumentos poliacuteticos que visaram

impulsionar a revitalizaccedilatildeo da ID bem como avanccedilar no fomento e incremanto dos

34

sistemas direcionados a inovaccedilatildeo da aacuterea como por exemplo a Subvenccedilatildeo

Econocircmica da Financiadora de Inovaccedilatildeo e Pesquisa (FINEP)

Utilizado no Brasil desde 2006 a concessatildeo de Subvenccedilatildeo Econocircmica eacute

considerada um dos principais instrumentos das poliacuteticas de inovaccedilatildeo no Brasil O

programa visa incentivar a inovaccedilatildeo nas empresas compartilhando custos e riscos

inerentes ao processo de inovaccedilatildeo A principal caracteriacutestica desse apoio financeiro

incide sobre a aplicaccedilatildeo de recursos puacuteblicos natildeo-reembolsaacuteveis diretamente em

empresas

A FINEP eacute uma empresa puacuteblica vinculada ao Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia

e Inovaccedilatildeo pode ser vista como instituiccedilatildeo financeira Suas accedilotildees tecircm como

objetivo promover ao sistema de inovaccedilatildeo apoiando empresas universidades

institutos tecnoloacutegicos e centros de pesquisas puacuteblicos e privados Entre os

instrumentos de apoio utilizados pela FINEP aleacutem da subvenccedilatildeo econocircmica estatildeo

o creacutedito e participaccedilatildeo no capital fundos setoriais e repasses de recursos puacuteblicos

Ao comparar tal programa aqueles semelhantes realizados nos Estados Unidos

Espanha e Franccedila Andrade (2009) observa que a principal diferenccedila estaacute na

integraccedilatildeo com outros instrumentos de poliacutetica puacuteblica Enquanto nos programas

destes paiacuteses os subsiacutedios para a inovaccedilatildeo tecircm forte interaccedilatildeo com outros

instrumentos de poliacutetica das mesmas instituiccedilotildees ou natildeo a subvenccedilatildeo estaria

sendo operada de forma dissociada dos demais instrumentos ateacute mesmo da proacutepria

FINEP Assim para Andrade (2009 p 108) ldquoa integraccedilatildeo da subvenccedilatildeo com os

seus demais instrumentos de apoio permitiria agrave FINEP calibrar a intensidade do

subsiacutedio ao risco tecnoloacutegico dos projetosrdquo como ocorre em outros paiacuteses e ao

estabelecer uma governanccedila sistecircmica tornaria o apoio mais eficiente do que o

financiamento de projetos isolados

35

Figura 11 Poliacuteticas nacionais e de defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Outrossim assim como nas induacutestrias exclusivamente privadas utilizar a

isenccedilatildeo fiscal como instrumento de poliacutetica eacute considerado uma forma eficiente de

estimular o setor o produtivo (LESKE 2013)21 Desta forma cabe salientar que haacute a

necessidade de aperfeiccediloar e ampliar as leis e poliacuteticas existentes de maneira a

expandir principalmente o fomento ao processo de inovaccedilatildeo

6 A IMPORTAcircNCIA DA CONSCIENTIZACcedilAtildeO POLIacuteTICA-ECONOcircMICA PARA A

INDUacuteSTRIA NACIONAL DE DEFESA

A accedilatildeo governamental de fomentar e fundamentar uma ID contribui para gerar

fatores importantes que permeiam ambientes favoraacuteveis ao acuacutemulo e crescimento

do conhecimento tecnoloacutegico comercial e industrial do emprego para pessoas

dotadas com o espiacuterito inovador bem como para os diversos outros serviccedilos que

circundam o polo produtivo e alcanccedila resultados em aacutereas que envolvem a

seguranccedila de todo paiacutes pois a sua percepccedilatildeo se torna mais apurada

No presente momento nota-se certa falta de maturidade agrave sociedade brasileira

pois o grande problema decorre que parte desta satildeo influenciadas por ativistas

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONG) e certos oacutergatildeos de imprensa

36

sensacionalista os quais relacionam o desenvolvimento industrial de defesa natildeo

como um fator primordial para o desenvolvimento do paiacutes mas como um simples

fato de ldquocompras de armasrdquo que podem resultar na escalada da violecircncia

Por outro lado algumas regiotildees brasileiras estatildeo aproveitando os incentivos do

Estado e por meio de suas ID desenvolvem o material humano e material

amplificando as oportunidades surgidas

A exemplo pode-se destacar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul que

possui recursos humanos qualificados bem como elevado nuacutemero em concentraccedilatildeo

de organizaccedilotildees militares Como resultado o estado possui polos tecnoloacutegicos e

industriais de produtos e serviccedilos de Defesa e Seguranccedila do Brasil altamente

competitivo diversificado e inovador

A diversificaccedilatildeo da induacutestria de Defesa do Rio Grande do Sul possibilita sua

participaccedilatildeo em diversos projetos estrateacutegicos das Forccedilas Armadas O referido

estado ocupa a terceira colocaccedilatildeo em faturamento e em nuacutemero de empresas do

setor segundo estudo contratado pela Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de

Materiais de Defesa e Seguranccedila (ABIMDE) em 2014 Aleacutem disso a Regiatildeo Sul eacute a

2ordf do paiacutes em nuacutemero de empregos gerados pelo setor (FIPE 2014) As empresas

do Estado atuam especialmente nos seguintes segmentos

Desenvolvimento de sistemas e simuladores

Manutenccedilatildeo reparaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo de veiacuteculos para o setor

Aviocircnicos

Armamentos leves

Telecomunicaccedilotildees

Defesa ciberneacutetica

Microcontroladores

Aeronaves remotamente pilotadas e

Aeronaves experimentais

O Estado conta com importantes empresas fornecedoras das Forccedilas Armadas

como as Empresas Estrateacutegicas de Defesa Taurus (armamento leve) Axur

Seguranccedila e Defesa Ciberneacutetica Ltda (defesa ciberneacutetica) e Agrale (utilitaacuterios

militares)

37

Em razatildeo desse cenaacuterio o Governo do Estado cada vez mais reconhece a

importacircncia do setor de Defesa e Seguranccedila enquanto indutor do desenvolvimento

econocircmico e tecnoloacutegico do Rio Grande do Sul Assim desde 2015 aleacutem do setor

estar configurado como estrateacutegico nos planos de desenvolvimento tambeacutem recebe

tratamento preferencial no Programa de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos

editais de Ciecircncia e Tecnologia Desta feita existe uma ampla rede de ensino

profissionalizante e instituiccedilotildees de ensino superior

Assim como a Regiatildeo sul do paiacutes o municipio de Satildeo Joseacute dos Campos em Satildeo

Paulo se consagra como local de imensa capacidade industrial do paiacutes Polo de

induacutestrias aeroespaciais de telecomunicaccedilotildees e automotivas o municiacutepio atrai

grande contingente de pessoas com interesse voltado para as tecnologias que

desenvolvem Destacam-se nesse cenaacuterio o Instituto de Pesquisa amp

Desenvolvimento (IPDM) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o

Departamento de Ciecircncia e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sendo que dentro

deste estatildeo incluiacutedos o Instituto de Estudos Avanccedilados (IEAV) o Instituto de

Aeronaacuteutica e Espaccedilo (IAE) o Instituto Tecnoloacutegico de Aeronaacuteutica (ITA) o Instituto

de Fomento Industrial (IFI) e o Centro de Computaccedilatildeo da Aeronaacuteutica de Satildeo Joseacute

dos Campos (CCASJ)

Outro fator de suma importacircncia mas que pode ser confundido com os aspectos

que agregam a estrutura de defesa eacute a personalidade da diplomacia brasileira Suas

caracteriacutesticas mantecircm nosso paiacutes fora dos conflitos beacutelicos com isso satildeo

evidenciadas para a sociedade como detentora de atributos que satildeo oponentes a

quaisquer vetores ou fatores que se aproximam dos pontos que perfazem os

conflitos no mundo Sendo assim a aquisiccedilatildeo ou o desenvolvimento de

equipamentos de defesa satildeo sempre colocados em segundo plano

38

Figura 12 Importacircncia Estrateacutegica da BID

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O MD se relaciona com as empresas diretamente por meio de agendamentos

ou indiretamente por meio das entidades representativas da BID Tal fato ocorre por

meio da ABIMDE e das Federaccedilotildees das Induacutestrias dos Estados Federados e dos

seus respectivos Comitecircs de Defesa (COMDEFESA)

O COMDEFESAFIESC - Comitecirc da Induacutestria de Defesa de Santa Catarina por

exemplo eacute uma instacircncia consultiva da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado de

Santa Catarina - FIESC cujo papel primordial eacute a aproximaccedilatildeo entre a Induacutestria de

Santa Catarina e as Forccedilas Armadas promovendo a geraccedilatildeo de oportunidades de

negoacutecios e o desenvolvimento do setor de defesa como segmento estrateacutegico para

Santa Catarina

Possui como objetivos o desenvolvimento de projetos em consonacircncia com a

Poliacutetica Nacional de Defesa (Decreto nordm 5484 de 30 de junho de 2005) e a

Estrateacutegica Nacional de Defesa aleacutem de gerar oportunidades de negoacutecio no setor

de defesa e o de desenvolver o setor de defesa como segmento estrateacutegico para o

estado

Dessa maneira empresas interessadas em integrar o COMDEFESA devem

realizar seu cadastro devendo considerar os seguintes pontos aquisiccedilotildees por

compras diretas (baixo valor) onde eacute dispensaacutevel a licitaccedilatildeo eacute necessaacuterio apenas

que os fornecedores apresentemcomprovem a regularidade fiscal federal ou seja

devem ser mantidos atualizados as certidotildees negativas de deacutebitos No segundo

39

ponto e conforme a ediccedilatildeo da Instruccedilatildeo Normativa nordm 05 de 21 de julho de 1995 soacute

poderatildeo firmar contrato com o Serviccedilo Puacuteblico Federal (serviccedilos ou materiais)

pessoas fiacutesicas eou juriacutedicas que estejam devidamente cadastradas no SICAF -

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores com exceccedilatildeo de aquisiccedilotildees

diretas

Figura 13 Interaccedilotildees com o COMDEFESAABIMDE

Fonte Ministeacuterio da Defesa

Ainda com o objetivo de incentivar outras partes do paiacutes verifica-se que as

principais iniciativas da SEPROD almejam a descentralizaccedilatildeo da BID do eixo Sul-

Sudeste como indutora de desenvolvimento de outras regiotildees com Fundos

Constitucionais e de Desenvolvimento das regiotildees Nordeste e da regiatildeo Centro-

Oeste para financiamento dos produtos de defesa

As accedilotildees buscam divulgar o trabalho como por exemplo com a realizaccedilatildeo no

periacuteodo de 27 a 29 de junho de 2018 da Rio International Defense Exhibition

(RIDEX) a qual foi criada com o objetivo de reunir profissionais das aacutereas de

Defesa Seguranccedila e Offshore A intenccedilatildeo eacute mostrar como as forccedilas armadas

evoluiacuteram nas aacutereas militares e civis por meio da integraccedilatildeo da induacutestria com a

atividade acadecircmica e dos centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia E

com a LAAD Defence amp Security a mais importante feira de defesa e seguranccedila da

Ameacuterica Latina que no periacuteodo de 2 a 5 de abril de 2019 chegou a sua 12ordf ediccedilatildeo

40

Aleacutem disso as iniciativas visam demonstrar as benesses decorrentes da

ampliaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo da ID proporcionando melhoria na qualidade de

negoacutecios para todos os setores onde quer que ela se instale

Figura 14 Investimentoretorno em Produtos de Defesa

Fonte Ministeacuterio da Defesa

O fato eacute que o contingenciamento e os cortes de gastos por parte do Governo

Federal tecircm causado impactos em diversos setores inclusive o de Defesa Nacional

Natildeo obstante a frequecircncia observa-se maior corte a partir de 2015 quando

segundo o Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (MPOG) o 5ordm maior

corte orccedilamentaacuterio foi do Ministeacuterio da Defesa R$ 6967 milhotildees com impactos

diretos sobre despesas consideradas ldquoNatildeo-obrigatoacuteriasrdquo como diaacuterias passagens e

investimentos

No iniacutecio de 2015 o panorama de prosperidade para a ID brasileira mudou

drasticamente Isso devido agraves graves crises econocircmica e poliacutetica que levaram o

Governo Federal a realizar reduccedilotildees expressivas no seu orccedilamento em especial no

orccedilamento ligado agrave defesa

Os resultados da anaacutelise dos reflexos da crise econocircmica que abarcou a

Induacutestria de Defesa Nacional vislumbra a mudanccedila de paradigma na produccedilatildeo

industrial de defesa Nesse sentido propotildee-se tambeacutem que todos os segmentos da

sociedade precisam se engajar na revisatildeo e redefiniccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de

Defesa (PND)

41

Eacute necessaacuterio perceber que existe uma interdependecircncia entre desenvolvimento

econocircmico e a BID de sorte que o vigor do primeiro implica no crescimento da

segunda Dessa forma as poliacuteticas de defesa industrial de comeacutercio exterior e

ciecircncia tecnoloacutegica e inovaccedilatildeo (CTampI) estatildeo diretamente condicionado agrave

disponibilidade orccedilamentaacuteria

Cumpre observar que o mercado de materiais de defesa funciona de forma

completamente singular em relaccedilatildeo aos demais setores econocircmicos Sobretudo

porque a maioria das empresas necessitam do amparo governamental natildeo soacute como

principais compradores mas tambeacutem com a continuidade dos aportes de recursos e

encomendas provenientes dos contratos firmados com o Governo

O processo de inovaccedilatildeo eacute em qualquer que seja a aacuterea ou setor acompanhado

por um grande niacutevel de incerteza No caso da induacutestria de defesa essa incerteza eacute

ainda inflada devido agraves questotildees relacionadas agrave demanda pelos produtos que

tambeacutem podem ser ainda mais incertas em razatildeo do formato em geral

monopsocircnico Sendo assim ainda mais essencial o apoio governamental mesmo

que parcial para compensaccedilatildeo desse risco no desenvolvimento conjunto com as

induacutestrias (RAVARA 2001)

Um dos grandes problemas possui como ponto a indefiniccedilatildeo sobre a

demanda de produtos em razatildeo dos cortes orccedilamentaacuterias das Forccedilas Armadas haja

vista que impedem um funcionamento planejado das empresa que compotildee o setor

Como resultado ocorre maior dispecircndio constantes desequiliacutebrios entre a parte da

receita e da despesa gerando dificuldades financeiras relacionadas a insuficiecircncia

de capital de giro e de fluxo de caixa

A incerteza de demandas repele o esforccedilo do setor produtivo jaacute que eacute

essencial o empenho do empresariado com relaccedilatildeo ao conhecimento e

entendimento das demandas necessaacuterias por parte das Forccedilas Armadas de forma

que possa se capacitar em termos tecnoloacutegicos industriais de recursos humanos e

financeiros visando atender os objetivos teacutecnicos operacionais e logiacutesticos de seu

cliente usuaacuterio final de seus produtos

Nesse contexto especialistas argumentam que os investimentos cada vez

menores por parte do poder federal ameaccedilam trazer resultados negativos para a

induacutestria uma vez que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto

valor agregado Segundo Ricardo Coelli Xavier (2015)

42

O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estrateacutegicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e consequentemente na balanccedila comercial

Como resultado surge a probabilidade de que a falta de investimentos no setor

de defesa promova prejuiacutezos por parte das empresas sobretudo pelo fato de serem

em elevada parte privadas sendo de vital importacircncia o fluxo contiacutenuo dos aportes

de recursos e encomendas

Atento a tais evoluccedilotildees e as necessidades o atual governo do Presidente Jair

Bolsonaro articula a formaccedilatildeo de novo banco para atender a induacutestria de defesa por

meio de empreacutestimos garantias e seguros de creacutedito agrave exportaccedilatildeo

A planejada instituiccedilatildeo ainda natildeo tem nome definido mas eacute chamada

extraoficialmente de Banco de Defesa Desta forma a intenccedilatildeo visa iniciar com

100 de aportes privados e teraacute como objetivo oferecer serviccedilos financeiros que as

empresas natildeo tecircm conseguido obter em instituiccedilotildees privadas contudo nada impede

algum tipo de capitalizaccedilatildeo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e

Social (BNDES)

O atual Secretaacuterio de Produtos de Defesa do MD salientou como oacutebice a falta

de mecanismos de apoio para esse sistema No caso da induacutestria de defesa

segundo o Secretaacuterio bancos nacionais possuem pouca compreensatildeo do setor e

bancos estrangeiros sofrem restriccedilotildees para apoiar o desenvolvimento de produtos

que podem se transformar em concorrentes de suas empresas nos paiacuteses de

origem

Um exemplo que ilustra esse gargalo eacute a linha especiacutefica do BNDES para dar

creacutedito internacional agrave induacutestria de defesa criada com em 2017 foi pouquiacutessimo

acionada e natildeo concedeu nenhum financiamento relevante Soacute ocorreram algumas

operaccedilotildees envolvendo aeronaves de uso civil Eacute uma unanimidade no setor que a

iniciativa fracassou

A induacutestria tem sofrido com os baixos orccedilamentos e a imprevisibilidade de

recursos das Forccedilas Armadas A proposta orccedilamentaacuteria para 2020 prevecirc R$ 756

bilhotildees para o Ministeacuterio da Defesa - quase 27 menos do que a dotaccedilatildeo do ano de

2019 As principais partes afetadas satildeo os projetos estrateacutegicos que tecircm

cronograma mais extenso

43

Segundo o Secretaacuterio falta ainda no Brasil melhor compreensatildeo sobre o

caraacuteter dual dos produtos de defesa que natildeo tecircm serventia soacute no mundo militar

Se hoje temos notebooks internet teflon GPS e ateacute reloacutegio de pulso eacute porque

foram feitos investimentos na induacutestria de defesa

(wwwvaloreconomicocombrgoverno-articula-novo-banco-para-industria-de-

defesa)

Sobre o uso dual das Tecnologias tem-se que sua importacircncia foi notada nos

anos de 1990 e 2000 quando se percebeu que o antigo paradigma spin-off estaria

comprovadamente ultrapassado e natildeo mais subsistira a partir da referida deacutecada

(ALIC et al 1992) Nesse sentido em uma conferecircncia realizada em 2000 no

Departamento de Defesa dos EUA Jacques Gansler sinalizou claramente a

necessidade de aplicaccedilatildeo do uso dual das tecnologias Sua principal recomendaccedilatildeo

aos militares foi que aproveitassem a capacidade de inovaccedilatildeo o reduzido ciclo de

produto e as tecnologias de custo mais baixo do setor civil de maneira a gerar

economias de escala capazes de promover a diminuiccedilatildeo dos seus custos

(NEUMAN 2006)

Exemplo brasileiro e contemporacircneo eacute o jaacute citado desenvolvimento do aviatildeo de

ataque AMX19 que deu agrave empresa nacional Embraer capacidade para desenvolver

tambeacutem aviotildees a jato de transporte regional

Com efeito a educaccedilatildeo passa a ser algo fundamental que engloba o niacutevel de

seguranccedila nacional Faz-se necessaacuterio que a populaccedilatildeo em todos os niacuteveis seja

alertada para as questotildees que envolvem a seguranccedila territorial que em grande parte

eacute executada pelo Estado e deve ser sustendada pelo apoio de sua populaccedilatildeo

Nesse intuito verificamos por exemplo as accedilotildees empreendidas pela Escola

Superior de Guerra (ESG) Criada em 1949 a Escola Superior de Guerra (ESG) eacute

um instituto de altos estudos e pesquisas no campo da seguranccedila e defesa nacional

com a finalidade de articular e consolidar conhecimentos voltados ao exerciacutecio das

funccedilotildees de assessoramento e planejamento da seguranccedila nacional no acircmbito do

Ministeacuterio da Defesa

Essa Escola cumpre papel relevante para sociedade ao disseminar

conhecimentos a inuacutemeras pessoas e autoridades que poderatildeo auxiliar no

assessoramento poliacutetico e estrateacutegico

44

Um dos interesses estrateacutegicos do Estado eacute a formaccedilatildeo de especialistas civis

em assuntos de defesa no intuito de formaacute-los o Governo Federal deve apoiar nas

universidades um amplo sistema de programas e de cursos que versem sobre a

defesa

A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos principais instrumentos

de tal formaccedilatildeo Deve tambeacutem organizar o debate permanente entre as lideranccedilas

civis e militares a respeito dos problemas da defesa para melhor cumprir essas

funccedilotildees deveraacute a Escola ser transferida para Brasiacutelia sem prejuiacutezo de sua presenccedila

no Rio de Janeiro e passar a contar com o engajamento direto do Estado-Maior

Conjunto das Forccedilas Armadas e dos Estados-Maiores das trecircs Forccedilas (END ndash PND

p77)

Sendo assim no ano de 2011 ocorreu a expansatildeo das atividades da ESG para a

Capital Federal concretizada pela criaccedilatildeo do Campus ESG-Brasiacutelia contribuindo

para a reaproximaccedilatildeo do centro poliacutetico administrativo do Paiacutes

Assim nota-se o esforccedilo empreendido pelos setores de defesa sobretudo

aqueles ligados a Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica visando que o Brasil ocupe uma

posiccedilatildeo de destaque no que se refere a pesquisa e desenvolvimento tecnoloacutegico

militar e que a sua autonomiacutea em produtos de defesa sejam alcanccedilados

7 CONCLUSAtildeO

Esta pesquisa baseou-se em um estudo das tentativas poliacuteticas e econocircmicas

fomentadas pelo Estado Brasileiro com relaccedilatildeo a Induacutestria Nacional de Defesa

possuindo como marco temporal aquelas implementadas apoacutes o governo exercido

pelos militares no paiacutes ateacute a sua atualidade bem como a importacircncia do assunto no

setor empresarial e na camada civil buscando salientar a necessidade de se

estabelecer a conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento do setor Industrial de Defesa

para o Brasil

No que tange agrave poliacutetica eacute relevante destacar a importacircncia de documentos

elaborados com o objetivo de formar sustentaacuteculos firmes para a Base Industrial de

Defesa (BID) A BID por exemplo realiza desde sua concepccedilatildeo esforccedilos e

tentativas de integrar as empresas puacuteblicas e privadas para a conduccedilatildeo de

45

pesquisas e projetos que possam alavancar a produccedilatildeo de equipamentos de defesa

com origem nacional

Com base nos dados apresentados pode-se verificar uma ampla gama de

oportunidades de integraccedilatildeo no campo da Induacutestria Nacional de Defesa com o iniacutecio

de um periacuteodo de crescimento nos anos 2000 incentivado pela relativa proximidade

de criaccedilatildeo do MD e materializado por exemplo pela produccedilatildeo de aeronaves

militares pela EMBRAER que atualmente apresenta-se como uma das principais

empresas e modelo de excelecircncia com destaque tambeacutem na fabricaccedilatildeo de

aeronaves utilizadas no ramo civil

Contudo surgem outras deficiecircncias elencadas pela Estrateacutegia Nacional de

Defesa enfatizando o processo da descontinuidade de recursos orccedilamentaacuterios

como grande oacutebice para o desenvolvimento desejado para a defesa

Ao estimular o desenvolvimento da ID na soluccedilatildeo de seus problemas

intriacutensecos o Brasil reforccedila seu planejamento de crescimento econocircmico e social

assim como favorece o aumento de sua influecircncia no seu entorno estrateacutegico Tais

accedilotildees satildeo reforccediladas pela atuaccedilatildeo de nossas Forccedilas Armadas convergentes com

os documentos norteadores da Poliacutetica Nacional como a PEB o LBDN a END e

PND contribuindo assim para a projeccedilatildeo e protagonismo internacional brasileiro e

aliando-se com objetivos comuns agrave ID

A PND possui um papel de extrema relevacircncia ao traccedilar rumos a serem

seguidos e alcanccedilados com o intuito de desenvolver a consciecircncia de defesa

nacional no seio da sociedade brasileira de modo geral visa promover o

entendimento e aceitabilidade e assim gerar reflexos para o aperfeiccediloamento dos

pontos econocircmicos sociais e poliacuteticos

Verifica-se tambeacutem que as escolas militares como o ITA e o IME formam ampla

gama de efetivos com capacidades para auxiliar no desenvolvimento de projetos e

equipamentos de defesa A recente concretizaccedilatildeo de produtos como o KC 390 e do

Guarani traduzem natildeo soacute um passo importante do desenvolvimento de tais projetos

mas tambeacutem o aumento da experiecircncia e expertise do material humano nacional

Nesse sentido nota-se o desenvolvimento de aacutereas do Brasil que estatildeo sendo

privilegiadas com o desenvolvimento de pesquisas projetos e produccedilatildeo de

equipamentos Destaca-se a regiatildeo sul do paiacutes com a concentraccedilatildeo das tropas

blindadas e mecanizadas do Exeacutercito Brasileiro e a regiatildeo de Satildeo Joseacute dos Campos

46

no interior paulista a qual motivou a instalaccedilatildeo de seacuterie de empresas incentivadas

pelo sucesso cientiacutefico e comercial da EMBRAER

Paralelamente ocorreu o crescimento social e financeiro das sociedades que

orbitam nas proximidades de tais regiotildees O desenvolvimento da ID estimula a

expansatildeo dos mercados de serviccedilos na mesma medida que aumenta as ofertas de

emprego

No entanto tal estrutura ainda carece de incentivo que esteja em sintonia com

as mais modernas teacutecnicas de produccedilatildeo e equipamentos A forma como se busca

diminuir essa lacuna estaacute sendo aprimorada com o desenvolvimento de produtos

com caracteriacutestica dual ou seja que atendam ao meio militar e ao meio civil

Corroborando com o fomento agrave ID o atual governo do Presidente Jair Bolsonaro

planeja emprender um banco chamado extraoficialmente de Banco de Defesa

permitindo uma linha de creacutedito continua e segura que possibilitem as empresas

nacionais a execuccedilatildeo de fabricaccedilotildees de defesa mais garantidas e dessa forma

fortaleccedila o ciacuterculo virtuoso do crescimento de defesa industrial da Naccedilatildeo

O MD por meio de suas accedilotildees promove a aproximaccedilatildeo e estreitamento com a

Academia e com empresas presentes nos diversos estados do paiacutes A ABIMDE

destaca-se como um dos principais atuadores nesse vasto campo de

desenvolvimento nacional

Assim este trabalho natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o assunto e sim de

estimular o debate acerca do tema bem como despertar o interesse do leitor sobre

as atividades envolvidas na conscientizaccedilatildeo do desenvolvimento da Induacutestria

Nacional de Defesa

Por fim eacute de grande importacircncia no acircmbito nacional e internacional a

participaccedilatildeo da sociedade brasileira nos diversos programas que promovam a

Induacutestria Nacional de Defesa e desse modo contribuir para maior inserccedilatildeo do Paiacutes

no seu entorno estrateacutegico particularmente na Ameacuterica do Sul Tal desenvolvimento

incrementaraacute o meio militar e possibilitaraacute a interoperabilidade entre as Forccedilas

Armadas assim como permitiraacute o crescimento social e empresarial projetando o

Brasil no cenaacuterio internacional consoante com sua PND

47

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