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A CONTRIBUIÇÃO DO CINEMA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

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A CONTRIBUIÇÃO DO CINEMA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS

BIOLÓGICAS

Maria Cristina Pansera-de-Araújo ([email protected]) UNIJUÍ/ DCB/PPGEC

Neusa Maria John Scheid ([email protected]) URI/DCB/PPGEnC

Resumo O artigo registra parte de um estudo que investiga as possibilidades de usar

filmes como fonte de pesquisa no ensino de Ciências biológicas. Além disso, poderiam

ser excelentes ferramentas para o desenvolvimento do conteúdo científico escolar e

também, podem tornar-se bons instrumentos para ilustrar os conceitos de natureza da

Ciência para introduzir os elementos de história e epistemologia da Ciência, no

cotidiano escolar.

Palavras-chave: Cinema e educação científica, formação de professores e ensino de

Ciências Biológicas

1. Introdução:

A educação científica é um fenômeno situado no interior de um contexto social

que sofre toda uma série de determinações. Várias são as condições básicas necessárias

para que o professor da área de ciências biológicas dê conta de sua tarefa docente.

Inicialmente, precisa dominar o conteúdo da disciplina ministrada, pois “ensinar exige

um conhecimento do conteúdo a ser transmitido, visto que, evidentemente, não se pode

ensinar algo cujo conteúdo não se domina” (GAUTHIER et al, 1998, p.29).

Contudo, apenas conhecer o conteúdo não é suficiente: é importante conhecer

os aspectos metodológicos, História da Ciência, interações entre Ciência, Tecnologia e

Sociedade (CTS) e desenvolvimento científico recente (SOLBES; TRAVER, 1996).

Além disso, o professor deve ser muito mais que mero executor de currículos e

programas, e, inserir, nas aulas, assuntos polêmicos como aqueles envolvidos nos

aspectos éticos oriundos das aplicações biotecnológicas da Biologia Molecular, entre

outros.

Para tanto, os professores necessitam uma concepção de Ciência como

construção histórica, influenciada pela sociedade e influenciadora desta. Entre os

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professores da área existe ainda muito presente a idéia/visão de Ciência como verdade

inquestionável. Isso resulta da concepção positivista e estática de Ciência, impedindo

que se veja o dinamismo da sua construção, propiciando um modo de ensinar muito

dogmático, com conseqüências sobre o modo de ensinar/aprender Ciências (SCHEID,

2006).

Segundo Chalmers(1993), a concepção popular de conhecimento científico é

algo provado e adquirido através de um método iniciado pela observação, seguido pela

experimentação, com controle rigoroso e conclusões objetivas. É um conhecimento

empírico fundamentado nos sentidos (ver, ouvir, tocar, etc), sem espaço para suposições

pessoais especulativas. Essa concepção de conhecimento científico vem desde a

Revolução Científica, ocorrida no século XVII, com as teorias de Galileu e Newton.

Francis Bacon (1561–1626), considerado Pai da Ciência Moderna, foi quem mais

reforçou a idéia do empirismo científico, através do pensamento reflexivo, indutivista.

Para Mayr (1998, p. 45), “O indutivismo teve grande reputação no século XVIII e

começo do século XIX, mas hoje está claro que uma aproximação puramente indutiva é

simplesmente estéril”.

A conseqüência dessa forma de conceber a Ciência traz significativas

implicações para o ensino e aprendizagem das disciplinas dessa área, pois:

Os professores também são produto da sociedade e do meio e se não forem confrontados com essas questões da produção científica, nos seus cursos de formação específica, tenderão a repetir e a reforçar as mesmas crenças e dogmas sobre a ciência. Essa é a forma mais sutil de deixar tudo como está, aceitando que a Ciência e a sua aplicação tecnológica é fruto, apenas, de abnegados cientistas que `descobrem´ verdades provadas que já estão `escritas´ na natureza (MALDANER, 2000, p.59).

De acordo com Lederman (1999), as compreensões dos professores sobre a

natureza da Ciência influenciam a sua prática em sala de aula, existindo fatores que

facilitam ou impedem essa influência. Segundo o autor, os resultados de sua

investigação indicaram que os professores exibem visões de natureza da Ciência

consistentes com aquelas identificadas nas várias reformas educacionais, corroborando,

de alguma forma, o que eles aprenderam e mantiveram das aulas ou oficinas

coordenadas pelo pesquisador em anos anteriores.

Os professores mais experientes demonstram práticas de sala de aula coerentes

com sua concepção de Ciência, priorizando atividades orientadas pela investigação. No

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entanto, os dados indicaram que a grande maioria dos seus alunos não exibiu uma

compreensão da natureza da Ciência consistente com o conhecimento atual.

Para verificar uma relação entre a concepção de natureza da Ciência apresentada

pelo professor em concordância com a que seus alunos apresentam, é preciso trabalhar

tópicos sobre o assunto, além de manter, em atividades de sala de aula, uma postura

coerente com a visão que possui.

No mundo contemporâneo, novos espaços de educação definem-se e o professor

precisa usá-los para conduzir de forma adequada sua ação docente.

O cinema sempre foi um grande veículo de divulgação dos avanços da ciência.

Não apenas documentários e ficções científicas exprimem conhecimentos desejados e

alcançados, mas até dramas (profundos ou tolos) e comédias revelam a penetração da

ciência em nossa cultura (OLIVEIRA, 2005).

Objetivou-se investigar como o cinema pode contribuir para melhorar o ensino

de ciências biológicas ao introduzir diferentes abordagens de conteúdos científicos

multidisciplinares e problematização das concepções sobre a natureza da ciência. Partiu-

se do pressuposto de que filmes são fontes valiosas de relação da realidade com o

conteúdo discutido, pois se trata de uma forma de linguagem mais próxima dos

estudantes e distinta daquela empregada nas aulas. Além disso, alguns filmes podem

servir para questionar as concepções de ciências, no cotidiano escolar. Como afirma

Rose (2003), mesmo os filmes de ficção são importantes pois podem ser criticados por

sua plausibilidade.

2. Aspectos metodológicos:

A fim de captar a realidade dinâmica e complexa do objeto de estudo e

orientado pelas abordagens qualitativas, a pesquisa constituiu-se no tipo análise

documental (LUDKE&ANDRÉ, 1986). A busca de elementos importantes para melhor

compreensão do papel desempenhado pelo cinema na melhora do processo de ensino e

aprendizagem nessa área foi realizada no período de agosto/2007 a julho/2009, no

campus URI-Santo Ângelo-RS, Brasil. A análise documental incluiu filmes, livros,

periódicos, sítios da internet e anais de encontros de ensino de biologia e ciências, por

meio da análise de conteúdo, definida por Krippendorff (1980, p.21) como “uma técnica

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de pesquisa para fazer inferências válidas e replicáveis dos dados para o contexto”.

Assistiram-se filmes tais como: E a vida continua (EUA, 1993), Blade Runner (EUA,

1982), Contato (EUA, 1997), Gattaca (EUA, 1997), Giordano Bruno (França, 1973), O

Vento sera tua herança (EUA, 1960), O Óleo de Lorenzo (EUA, 1992), Madame Curie

(EUA, 1943), Mary Shelley’s Frankenstein (Inglaterra, 1994), Os meninos do Brasil

(EUA, 1978), O Jardineiro Fiel (EUA, 2005), A História de Louis Pasteur (EUA,

1936), Questão de Sensibilidade (EUA, 1997).

3. Análise e Discussão:

Quando se fala em ciência no cinema, a primeira idéia relaciona-se apenas a

ficção científica, que não é o único gênero a projetar imagens sobre conhecimento

científico, cientistas ou sociedades neles centrada (OLIVEIRA, 2007). Outros gêneros

como aventuras, dramas, comédias e desenhos também contribuem na formação de

estereótipos, modelos e expectativas que servem de referência para as percepções da

sociedade em relação à ciência e à tecnologia. Os filmes foram assistidos e discutidos,

com a identificação de três categorias: i) Imagem de cientista; ii) Tensão entre Ciência e

Igreja; iii) Relação entre Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS).

i) Imagem de cientista

No filme A história de Louis Pasteur (1936), a ciência é apresentada com uma

visão heróica do cientista triunfante na luta do bem contra o mal. Alguns estudantes

comentaram que o cientista é um indivíduo interessado apenas no progresso da ciência e

promoção da melhoria da qualidade de vida das pessoas. Outros apresentaram uma

visão contextualizada e atual de cientista, caracterizando-o como cidadão normal e

sério, mas, acima de tudo, que ame a profissão e seja investigativo. Essa é uma

constatação importante, porque há, ainda, entre os leigos, uma visão estereotipada de

cientistas como indivíduos invulgares, apaixonados pelo seu trabalho, desleixados em

relação a sua aparência, sem preocupações com salários e com a aquisição de

propriedades, vivendo mais ou menos no mundo da lua, criando imagens de que estão

isentos de problemas cotidianos (FREIRE-MAIA, 2000; MANASSERO, MAS y

VÁZQUEZ ALONSO, 2001; LOUREIRO et al, 2004). Problematizar essa concepção

permitirá aos licenciandos rever a sua formação científica. Isso os auxiliará na condução

de um processo de ensino e aprendizagem de ciências, mais significativo no momento

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de sua prática profissional.

Nos filmes, geralmente, os cientistas são homens, apresentando uma visão

masculina da ciência e as mulheres apenas coadjuvantes. Os filmes Contact e Madame

Curie, embora apresentem o envolvimento de mulheres como cientistas, retratam os

preconceitos e dificuldades enfrentados.

Por outro lado, o cinema retrata uma visão da metodologia científica baseada na

observação, experimentação e comparação dos fenômenos, subjugando a imaginação.

As cientistas destes filmes atentam aos fatos acessíveis pela observação, deixando de

lado as causas dos fenômenos, que derivam de uma fonte externa. No entanto, como

afirmam Hubbard e Wald, essa compreensão precisa ser problematizada, pois

“[...] contrariamente a crença popular, cientistas não são observadores da natureza e os fatos descobertos não são simples herança do fenômeno observado. Cientistas constroem fatos por tomar decisões constantes sobre o que considerarão significativa, quais experimentos executar, e como descrever suas observações. Estas escolhas não são meramente individuais ou idiosincráticas mas refletem a sociedade em os cientistas vivem e trabalham.” (Hubbard e Wald, 1999,p.7)

ii) As tensões entre Ciência e Igreja

Ao discutir o filme Giordano Bruno, questionaram-se as relações entre a Igreja e

a Ciência. Em 1600, as idéias de Giordano Bruno ameaçaram de tal forma a ordem

vigente, que a igreja católica o condenou à fogueira. Da mesma forma, ao assistir a

história de Galileu observamos que, mesmo com provas “científicas” e não apenas

“idéias filosóficas”, é preso, julgado e condenado pelo santo ofício. Mesmo retratando-

se, sua condenação implicou em prisão domiciliar e proibição de escrever sobre ciência

(CONDÉ, 2005).

Cerca de 400 anos após esses acontecimentos, as relações entre Igreja e Ciência

ainda são tensas, e, “os próprios temas sobre os quais cai o olhar dos teólogos já não

mais versam sobre a eternidade ou a multiplicidade dos mundos” (CAMENIETZKI;

CARVALHO, 2005, p.92). Principalmente, os temas mais complexos como bioética,

clonagem, manipulação genética, teoria criacionista e uso de células-tronco

embrionárias têm provocado confrontos entre as explicações científicas e convicções

religiosas, quando são discutidos com argumentos de fundo dogmático e doutrinário.

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Alguns anos atrás, no Brasil, a polêmica da introdução da teoria criacionista no

currículo de escolas públicas do Rio de Janeiro, reascendeu a discussão da interferência

da Igreja nos domínios do Estado.

Esta visão cristalizada, quanto aos conhecimentos científicos veiculadas pelos

filmes, reflete o pensamento circulante na sociedade em geral e precisa ser

problematizada para ampliar a concepção de natureza da Ciência dos estudantes.

iii) Relação entre Ciência, Tecnologia e Sociedade

O filme Gattaca propõe uma reflexão sobre os caminhos da engenharia genética

e de seus impactos na sociedade. É também uma reflexão sobre como a ciência pode ser

usada para legitimar e, criar uma hierarquia social, especialmente se a sociedade não

exercer um controle sobre os seus limites. Nessa sessão, a discussão foi, sobretudo, em

relação ao papel das tecnologias genéticas para o desenvolvimento da humanidade. A

discussão amplia-se para os aspectos éticos da identificação do código genético das

pessoas e da determinação de seu futuro, ou seja, só é possível almejar aquilo para o que

nossa bagagem genética permite fazer. Não é possível superar barreiras genéticas,

mesmo que a aprendizagem não seja predeterminada dessa maneira.

Para Maestreli; Ferrari (2006,p.38), o filme O óleo de Lorenzo é apropriado para

discutir aspectos econômicos, que influenciam a pesquisa científica e a complexidade

das relações entre a ciência e a sociedade. E, que a Ciência tem mais perguntas do que

respostas, o que acabou imprimindo uma barreira ao diálogo entre as áreas de

conhecimento, que marca a visão de mundo dos estudantes. Após a sessão deste filme, a

discussão desencadeada evidenciou a observação de que é possível haver ciência fora da

comunidade científica. Isso, de acordo com Freitas (2005), possibilita uma visão mais

ampla do que a proposta de Thomas Kuhn no livro “A Estrutura das Revoluções

Científicas” (1962). Khun (1975) apresenta a ciência como sendo a prática organizada

de um grupo, afirmando que para aceitar o conhecimento, como científico, é preciso

validá-lo numa comunidade científica.

Uma conversa sobre orientação sexual e deficiência genética em seres humanos

pode ser iniciada pelo filme "Questão de Sensibilidade (USA, 1997) analisado por

Scheid & Pansera-de-Araújo (2008). O enredo possibilita a discussão de aspectos

biológicos tais como determinação gênica e cromossômica do sexo, diferenciação

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sexual e análise de genes ou seqüências de DNA, além dos éticos e morais relacionados.

Também, possibilita refletir sobre o que fazer com o conhecimento produzido e o que

propiciar ao sujeito geneticamente identificado tanto na sua vida pessoal quanto na

comunidade.

Filmes, como recursos nas aulas de ciências biológicas, podem ser discutidos

quanto às diferentes concepções de conhecimento científico, influência política,

intolerância e dogmatismo religioso, importância da manutenção dos dados históricos

para o desenvolvimento dos saberes, questões referentes ao determinismo genético,

eugenia e perfeição genética. Além da relação que o apoio governamental exerce quanto

aos resultados de pesquisas científicas, os obstáculos enfrentados pelos cientistas no

decorrer de seus estudos, a discriminação existente na comunidade científica para com

alguns gêneros e a influência cultural na aceitabilidade dos conceitos.

4. Considerações finais:

A pesquisa permitiu tecer algumas considerações sobre a utilização destes

produtos no ensino de ciências biológicas, como inserção de metodologias alternativas

que propiciem ao estudante desenvolver diferentes habilidades e competências durante a

construção dos saberes.

Estudos indicam que a concepção de natureza da ciência apresentada pelos

professores depende, em boa medida, do que lhes foi ou é oferecido nos cursos de

formação, reforçada pelos materiais didáticos, e por isso, o cinema poderá

problematizar essa questão. Se a natureza do conhecimento científico não for

questionada, será ensinada uma ideologia da ciência, que reforça e dogmatiza métodos e

técnicas, dando-lhe perfil inadequado, dificultando o acesso à informação necessária às

decisões conscientes e autônomas, características da cidadania almejada.

É importante ressaltar que o educador deve previamente avaliar o material que

irá expor aos alunos, observando adequações a faixa etária e possibilidades de

interligação com os assuntos desenvolvidos. Pois, para que o cinema seja um recurso,

para uma adequada educação científica não descontextualizada, proporcionando

momentos de discussão e avaliação das cenas observadas, considerando-se a sociedade

e a cultura analisada e momento em que foi produzida.

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Finalmente, o uso do cinema como recurso didático não se restringe apenas à

ilustração de aspectos histórico, social, humano ou temporal. O cinema pode ser um

importante aliado na construção de conhecimento científico acerca do mundo e no

desenvolvimento da compreensão crítica do fazer ciência nos dias atuais.

5. Referências:

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