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Definições fundamentais da morte
A morte é irreversível, definitiva e
permanente;
Ela caracteriza-se pela ausência das
funções vitais;
A morte é universal - todas as pessoas,
os animais e as plantas nasceram e, um
dia, morrem..
Capacidade para lidar com a morte
A capacidade de uma criança para lidar
com a morte, como sua capacidade
cognitiva, evolui com o desenvolvimento.
Vários autores consideram que a partir
dos 3 anos, ou mesmo antes, uma
criança pode compreender parcialmente
a morte.
Capacidade para lidar com a morte
Por outro lado, uma criança com menos
de 5 anos ainda não entende as três
definições fundamentais da morte.
Ela considera a morte um estado
temporal como estar dormindo ou
andando, em que os falecidos ainda
podem escutar-nos ou ver-nos ou que
eles ou seus pais nunca irão morrer.
Capacidade para lidar com a morte
Entre cinco e dez anos crianças começam
a entender que a morte é irreversível, mas
acreditam que somente pessoas velhas e
vítimas de acidentes morrem.
Após os 10 anos a criança começa a
entender que a morte é parte da ordem
natural das coisas e que as pessoas
morrem em todas as idades, por diversas
razões.
Capacidade para lidar com a morte
É desejável que os pais, ou outros
familiares, falem sobre o tema com as
crianças antes que elas tenham que se
confrontar com esta realidade. A morte
de um animal ou de um parente distante
podem ser oportunidades para esta
conversa.
O luto
Estágios do luto, de acordo com
E. Kübler-Ross:
Choque inicial;
Negação e isolamento;
Raiva;
Barganha;
Depressão;
Aceitação.
O luto
Nem todas as pessoas apresentam
todos os estágios, ou exatamente
nesta ordem.
O sentimento de esperança também
pode estar presente, paralelamente, a
partir do estágio da "Raiva".
O luto
A compreensão deste processo pode
ajudar o profissional de saúde a
entender estes sentimentos e a auxiliar
estas pessoas de uma forma mais
adequada a esta situação de crise.
O luto
Muitas pessoas abordam as situações de
crise apenas pelo seu lado ameaçador.
A palavra crise também comporta uma
interpretação de oportunidade.
Assim, uma má notícia pode ser também ser
geradora de crescimento pessoal, às vezes
associado a muito sofrimento, mas que pode
ser suportado desde que entendido e
elaborado adequadamente.
SUICÍDIO INFANTIL E EM
ADOLESCENTES
Em termos gerais, em todo o mundo, a
atual crise social, familiar, econômica e
moral está incidindo desfavoravelmente
no comportamento dos adolescentes,
que ao não encontrarem valores e
sentido na sua vida, buscam o suicídio
como solução
SUICÍDIO INFANTIL E EM
ADOLESCENTES
Estudo realizado na Argentina durante o período 1997-1999:
Acréscimo de 50% nas tentativas de suicídio.
Entre os pacientes com 12 e 18 ano, aqueles cuja causa de internação foram intenção ou tentativa de suicídio, constituíram 25% das internações neste período.
SUICÍDIO INFANTIL E EM
ADOLESCENTES
A idealização ou intenção do suicídio
como uma busca voluntária da perda da
vida começa com a pré-adolescência e
adolescência e freqüentemente surge de
um estado depressivo.
SUICÍDIO INFANTIL E EM
ADOLESCENTES
Crianças por volta dos seis anos de idade estão recém começando a elaborar um conceito rudimentar sobre o que é a morte.
Porém, há crianças com acidentes freqüentes, nas quais atua uma intenção suicida inconsciente, como por exemplo atravessar a rua sem olhar, não medir os riscos de determinadas situações, expor-se a violência.
SUICÍDIO INFANTIL
Fatores de risco
Os fatores de risco tanto de patologias
psiquiátricas como de intenção ou
tentativa de suicídio são múltiplos;
Eles variam de acordo com:
pré-disposição genética e
entorno social.
SUICÍDIO INFANTIL
Fatores de risco
Fatores recorrentes incluem:
desordens afetivas especialmente a
depressão,
ansiedade,
sociopatias,
Consumo de álcool e outras drogas,
transtornos de conduta,
SUICÍDIO INFANTIL
Fatores de risco
Fatores recorrentes incluem:
estresse prolongado,
perdas,
violência física, psicológica ou sexual,
Mau desempenho escolar,
famílias caóticas, alcoólicas e conflitivas.
Sinais que podem indicar
pensamentos suicídas
Mudanças nos hábitos de dormir e de
comer;
Retraimento com os amigos, com a
família ou com suas atividades
habituais;
Atitudes violentas, comportamento
rebelde ou fuga de casa;
Sinais que podem indicar
pensamentos suicídas
Uso de drogas e de álcool;
Descuido com a aparência pessoal;
Mudanças exageradas em sua
personalidade;
Tédio constante, dificuldade de
concentração, ou queda na qualidade de
seu trabalho escolar;
Sinais que podem indicar
pensamentos suicídas
Queixas freqüentes de dores físicas tais
como dores de cabeça, de estômago e
fadiga, que estão em geral associados
com o estado emocional do jovem;
Sinais que podem indicar
pensamentos suicídas
Perda de interesse em seus
passatempos e outras distrações;
Pouca tolerância a elogios ou prêmios;
Queixar-se de ser “mau” ou sentir-se
“abominável”;
Sinais que podem indicar
pensamentos suicídas
Lançar indiretas como:
“não continuarei sendo um problema para
você”,
“nada me importa”,
“para que incomodar-se” ou
“não vou te ver outra vez”;
Sinais que podem indicar
pensamentos suicídas
Colocar em ordem seus assuntos; por
exemplo: presentear com suas coisas
favoritas, limpar seu quarto, jogar fora
papéis ou coisas importantes, etc;
Ficar muito contente após um período de
depressão.
Sinais que podem indicar
pensamentos suicídas
Ainda que não seja fácil prever com
certeza a conduta futura de uma
criança, suas ameaças ou
advertências não devem ser
subestimadas!
Quando uma criança faz uma
ameaça séria, deve ser tratada
como tal.
Sinais que podem indicar
pensamentos suicídas
• Pais, professores e outros adultos devem falar de imediato com a criança ou adolescente que está em perigo;
• deve-se providenciar uma avaliação imediata com um profissional da saúde mental que tenha experiência com crianças e adolescentes se: • ela nega-se a falar,
• argumenta,
• responde de forma defensiva ou
• continua expressando pensamentos e planos perigosos.
Contando para a criança
Quando uma morte ocorre, alguém com
quem a criança tenha uma história de
confiança e envolvimento deve contar para
ela. Isso a assegura de que ela não está
sozinha e de que há outras pessoas para
lhe prover proteção e cuidado.
Esta informação deve ser dada imediata-
mente para a criança, em linguagem
simples e direta.
Contando para a criança
Pode ser difícil de dizer, especialmente sem
lágrimas. Porém, quem está contando não
precisa esconder os seus sentimentos - pelo
contrário.
Assim a criança aprende a lidar naturalmente
com seus próprios sentimentos.
Quando quem conta pode dizer “Estou muito
triste porque a mamãe morreu”, está
ensinando um recurso importantíssimo para a
criança.
Contando para a criança
Após contar que um ente querido morreu, é
preciso explicar o que acontecerá depois
(velório, funeral).
A criança terá muitas dúvidas - O que ela irá
querer saber dependerá de:
sua idade
sua experiência prévia com a morte.
Contando para a criança
É importante responder as questões o
mais simples e honestamente possível,
evitando o uso de metáforas.
Crianças comumente concluem que de
alguma forma causaram a morte. É
importante dizer que ela não tem culpa
pelo que aconteceu.
Reações da criança à perda
A criança pode negar inicialmente que a
morte ocorreu.
Pode tornar-se agressiva e culpar os
demais pela morte, ou ter raiva da
pessoa que morreu, por deixá-la.
Reações da criança à perda
Pode sentir-se culpada por não ter sido
“boa” para a pessoa que morreu e ficar
deprimida.
Pode desejar ou temer morrer.
Reações da criança à perda
Ainda que a criança possa aparentemente não
estar sofrendo, expressa sua dor de modos
mais sutis, como:
regredir e começar a chupar o dedo, molhar a
cama e agir como bebê;
ficar hostil com os colegas ou tratar seus
brinquedos com violência;
isolar-se;
queixar-se de dores físicas ou outros sintomas
depressivos.
Ajudando a criança a lidar com a
perda
Como os adultos a criança precisa
enlutar-se para aceitar que a perda
ocorreu e continuar com sua vida.
Os adultos podem, e devem, expressar
seu próprio luto e falar sobre a pessoa
que morreu.
Ajudando a criança a lidar com a
perda
A criança (ou adolescente) deve ter liberdade para falar ou não sobre o assunto, mas ter a certeza de que haverá alguém próximo, disponível para confortá-la.
Esta é uma situação triste, e a criança precisa expressar sua tristeza - “seja forte, não chore” é uma expressão que não deve ser utilizada!
Ajudando a criança a lidar com a
perda
Mesmo que a criança seja muito
pequena para falar sobre a morte o
adulto pode compartilhar seus
sentimentos - o carinho irá confortar a
criança que sente a angústia na família,
mesmo que ela não entenda o que
aconteceu.
Ajudando a criança a lidar com a
perda
Uma criança cercada pela tristeza precisa ser
reassegurada de que é amada.
Crianças, como os adultos, precisam dividir
sua dor.
Como o funeral permite que as pessoas se
juntem e expressem seus sentimentos, é bom
que a criança participe dele, mas ela não
deve ser obrigada a ir.
Ajudando a criança a lidar com a
perda
Lembrar que a relação da criança com o
falecido muda, mas não acaba.
Assim, deve-se manter fotos e outras
lembranças do falecido para conversar
sobre elas com a criança.
Isto irá ajudar a formar um novo tipo de
vínculo da criança com a pessoa que
morreu.
Como a criança enferma se vê ao
lidar com a própria morte
Estágios que indicam o grau de
consciência sobre morte que tem a
criança doente: 1. Estou muito doente.
2. Tenho uma doença que pode matar as pessoas.
3. Tenho uma doença que pode matar as crianças.
4. Posso não melhorar.
5. Estou morrendo.
Como a criança enferma se vê ao
lidar com a própria morte
Estes estágios de percepção da morte
estão relacionados à habilidade verbal
da criança, embora antes do domínio da
expressão verbal ela já tenha essa
consciência.
Como enfrentar com a criança a
proximidade da morte:
Em geral deve-se levar em
consideração o desejo dos pais quanto
ao que deve ser informado à criança
sobre suas condições diante da doença,
principalmente diante do agravamento
dessas condições.
Como enfrentar com a criança a
proximidade da morte:
Os profissionais de saúde devem ser cautelosos quanto a pedir permissão dos pais para abordar tais questões com a criança - o ideal é que os próprios pais (pessoas que a criança conheça, ame e confie) o façam.
Como enfrentar com a criança a
proximidade da morte:
Esta é uma situação aterrorizadora para
todos os envolvidos e torna-se ainda
mais difícil quando os pais apresentam
dificuldades de ordem emocional para
falar com seu filho, especialmente
quando a criança pede informação,
direta ou indiretamente.
Como a criança enferma se vê ao
lidar com a própria morte
Alguns aspectos que devem ser
considerados:
Os pais tem papel fundamental como
modelos na determinação da resposta à
criança sobre as questões da doença e do
morrer.
Se os pais respondem com coragem e
expressam tranqüilidade, a criança tenderá
a responder de maneira semelhante.
Como a criança enferma se vê ao
lidar com a própria morte
Alguns aspectos que devem ser
considerados:
Há crianças que se preocupam muito
com o impacto que sua doença causa
nos pais e como sua morte irá afetá-los.
Como a criança enferma se vê ao
lidar com a própria morte
Alguns aspectos que devem ser
considerados:
Resistência diante de más notícias: quem
lida com crianças no enfrentamento de
uma doença potencialmente fatal com
freqüência já teve oportunidade de
constatar o quanto a criança é mais forte
que os pais diante do agravamento de seu
estado e da proximidade da morte.
Como a criança enferma se vê ao
lidar com a própria morte
Alguns aspectos que devem ser
considerados:
Os direitos das crianças: extrema atenção
deve ser dada ao direito da criança em
saber a verdade sobre seu estado.
Considerar o que é de seu melhor
interesse é também função do profissional
de saúde que cuida de crianças diante da
morte.
Como a criança enferma se vê ao
lidar com a própria morte
Alguns aspectos que devem ser
considerados:
A criança que percebe a existência de
um segredo a seu próprio respeito pode
se sentir isolada e abandonada pelas
pessoas de quem depende e em quem
confia, num período em que está mais
vulnerável.
Como a criança enferma se vê ao
lidar com a própria morte
Observação importante:
Embora todos os pacientes tenham o
direito de saber, nem todos têm a
necessidade de saber”.
A criança pode fazer perguntas diretas e
repentinas, surpreendendo os pais que,
desprevenidos, ficam sem saber o que
dizer.
Como a criança enferma se vê ao
lidar com a própria morte
É importante estar preparado, levar
muitos aspectos em consideração,
inclusive o que a criança já sabe, o
que ela suspeita e o que ela quer
realmente saber.
Este último aspecto é crucial, pois é o
sinalizador do que, quanto e como
podemos lhe oferecer em informação.
Conversando com a criança
Lembrar que a criança não é cega aos
sinais não-verbais , como linguagem
gestual, tom de voz e algumas
expressões utilizadas pela família ou
equipe.
Conversando com a criança
Frequentemente a criança busca uma pessoa
com quem possa falar abertamente e essa
pessoa tende a ser o profissional, pois ela tem
a percepção de que deve ‘proteger’ seus pais
dessa conversa difícil.
Este senso de proteção vem da observação
sobre como é difícil para eles falar
abertamente sobre o que acontece.
Conversando com a criança
Frequentemente, ao invés de utilizar de
perguntas abertamente expressas a respeito
de suas inquietações, a criança utiliza
linguagem simbólica para se comunicar ou
até mesmo novos sintomas, não relacionados
diretamente à doença em si, para manifestar
o que a preocupa e as interpretações que faz
a respeito das informações que recebe.
Conversando com a criança
A criança internada pode presenciar a morte
de outras crianças no hospital, o que a leva,
inevitavelmente, a querer saber sobre esses
acontecimentos que, de maneira geral, são
escondidos ou disfarçados no cotidiano
hospitalar.
Esta atitude colabora grandemente para
aumentar a ansiedade da criança, que tenta,
ela mesma, buscar respostas para se situar
diante desses acontecimentos.
Conversando com a criança
Devolver as pergunta à criança muitas
vezes é uma maneira de encorajá-la a
expressar seus sentimentos.
Por exemplo, se a criança pergunta:
‘Eu vou morrer?’,
um recurso produtivo poderia ser perguntar-
lhe:
‘O que faz você pensar que vai morrer?’
Conversando com a criança
A criança pode ter construído uma
série de explicações para suas
condições de saúde ou pode estar
apenas querendo entender porque os
pais sofrem e choram tanto.
A criança poder fazer perguntas pela
primeira vez e reapresentá-las se a
resposta não for satisfatória.
Sugestões para facilitar o
desenvolvimento do assunto
Buscar ocasiões para conversar com a
criança, enquanto brinca, desenha ou
faz outra atividade com ela.
Perguntar à criança qual é o tipo de
apoio que ela gostaria de receber.
Sugestões para facilitar o
desenvolvimento do assunto
Deixar claro que ela pode sentir medo,
raiva ou alguma forma de sofrimento,
sem que isso acarrete outro problemas.
Estar atento a verbalizações e
comportamentos que sejam indicadores
de problemas, como: medo, solidão,
depressão.
Sugestões para facilitar o
desenvolvimento do assunto
Abordar os assuntos considerados tabu,
ser honesto ao responder essas
perguntas.
Dispor de tempo e atenção em
abundância.
Garantir que a criança possa usufruir de
alguma privacidade, para poder expressar
suas emoções ou até mesmo ficar quieta,
sem ser perturbada.
Sugestões para facilitar o
desenvolvimento do assunto
Ao fim, sugerir e apoiar que ela escreva
cartas de despedida, ou que faça
desenhos para presentear as pessoas
importantes em sua vida.
Uma comunicação aberta e honesta sobre
o tema da morte com a criança, que
respeite, tanto quanto possível, sua
capacidade emocional e intelectual é
fundamental.
Sugestões para facilitar o
desenvolvimento do assunto
Ouvir, aceitar, partilhar, abraçar e
acariciar são a essência dessa
comunicação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao lidar com a criança gravemente
enferma, o profissional da saúde
vivencia experiências importantíssimas
que o levam a refletir profundamente
sobre o impacto que sua ação tem sobre
essa criança e seus familiares.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A possibilidade de cuidar de si, quanto
às suas respostas emocionais e
cognitivas, não deve, portanto, ser
desprezada.