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0000681-13.2006.4.05.8300 (2006.83.00.000681-8) Classe: 240 - AÇÃO PENAL Última Observação informada: Fase lançada automaticamente pelo sistema por ter havido retificação na autuação. (26/11/2012 10:59) Última alteração: AVG Localização Atual: 13a. VARA FEDERAL Autuado em 16/01/2006 - Consulta Realizada em: 07/12/2012 às 10:40 AUTOR : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RÉU : JOSE CARLOS MOURA MONTEIRO E OUTROS ADVOGADO: LUCAS LEITE CABRAL FILHO E OUTROS 13a. VARA FEDERAL - Juiz Substituto Objetos: 09 - Direito Processual Penal Inquérito: 909/2005 Existem Petições/Expedientes Vinculados Ainda Não Juntados -------------------------------------------------------------------------------- --------------------- 06/12/2012 11:04 - Juntada. Apelação 2012.0052.120407-0 -------------------------------------------------------------------------------- --------------------- 03/12/2012 00:00 - Publicação D.O.E, pág.85/97 Boletim: 2012.000150. -------------------------------------------------------------------------------- --------------------- 29/11/2012 14:03 - Juntada. Embargos De Declaração 2012.0052.118514-8 -------------------------------------------------------------------------------- --------------------- 29/11/2012 14:02 - Recebimento. Usuário: TBP -------------------------------------------------------------------------------- --------------------- 26/11/2012 11:00 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO com CIENCIA DA SENTENCA. Usuário: AVG Guia: GR2012.006992 -------------------------------------------------------------------------------- --------------------- 26/11/2012 10:50 - Sentença. Usuário: AVG JUÍZA FEDERAL: FLÁVIA TAVARES DANTAS AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RÉUS: JOSÉ CARLOS DE MOURA MONTEIRO E OUTROS S E N T E N Ç A (TIPO D) n.º SEN.0013. /2012 PENAL. PROCESSUAL PENAL. CORRUPÇÃO PASSIVA QUALIFICADA. CORRUPÇÃO ATIVA QUALIFICADA. FALSIDADE IDEOLÓGICA DE DOCUMENTO PÚBLICO QUALIFICADA. COMÉRCIO IRREGULAR DE ARMAS DE FOGO. ESQUEMA ARTICULADO ENTRE AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL E EMPRESÁRIOS DO RAMO DE SEGURANÇA PRIVADA. VANTAGENS INDEVIDAS PAGAS EM CONTRAPARTIDA AO COMETIMENTO DE VÁRIAS IRREGULARIDADES. TIPICIDADE. ANTIJURIDICIDADE E CULPABILIDADE COMPROVADAS. DECRETO CONDENATÓRIO. - Agente de Polícia Federal que, de modo consciente e voluntário, valendo-se da condição de responsável pela fiscalização das empresas de segurança privadas, articula esquema delituoso consistente no recebimento de vantagens indevidas por parte dos empresários do aludido ramo para perpetrar uma série de irregularidades comete o delito de corrupção passiva qualificada continuada (art. 317, § 1º, c/c art. 71, ambos do CPB). - Se o mesmo agente, dentre as irregularidades perpetradas, falsifica documento público fazendo constar informação inverídica, comete também o delito de falsidade ideológica qualificada (art. 299, parágrafo único, do CPB). - No mesmo diapasão, tendo o agente também viabilizado o comércio irregular de armas de fogo, em conluio com um dos empresários do ramo de segurança privada, também réu, ambos cometem o delito de comércio irregular de armas de fogo (art. 17 da Lei n.º 10.826/2003). - Quanto aos empresários do ramo de segurança privada que, mediante o pagamento de vantagens indevidas ao agente de polícia federal, obtiveram "préstimos" escusos, certo que cometeram o delito de corrupção ativa qualificada (art. 333,

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0000681-13.2006.4.05.8300 (2006.83.00.000681-8) Classe: 240 - AÇÃO PENALÚltima Observação informada: Fase lançada automaticamente pelo sistema por ter havido retificação na autuação. (26/11/2012 10:59)Última alteração: AVGLocalização Atual: 13a. VARA FEDERALAutuado em 16/01/2006 - Consulta Realizada em: 07/12/2012 às 10:40AUTOR : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALRÉU : JOSE CARLOS MOURA MONTEIRO E OUTROSADVOGADO: LUCAS LEITE CABRAL FILHO E OUTROS13a. VARA FEDERAL - Juiz SubstitutoObjetos: 09 - Direito Processual PenalInquérito: 909/2005Existem Petições/Expedientes Vinculados Ainda Não Juntados-----------------------------------------------------------------------------------------------------06/12/2012 11:04 - Juntada. Apelação 2012.0052.120407-0-----------------------------------------------------------------------------------------------------03/12/2012 00:00 - Publicação D.O.E, pág.85/97 Boletim: 2012.000150.-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/11/2012 14:03 - Juntada. Embargos De Declaração 2012.0052.118514-8-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/11/2012 14:02 - Recebimento. Usuário: TBP-----------------------------------------------------------------------------------------------------26/11/2012 11:00 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO com CIENCIA DA SENTENCA. Usuário: AVG Guia: GR2012.006992-----------------------------------------------------------------------------------------------------26/11/2012 10:50 - Sentença. Usuário: AVGJUÍZA FEDERAL: FLÁVIA TAVARES DANTASAUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALRÉUS: JOSÉ CARLOS DE MOURA MONTEIRO E OUTROSS E N T E N Ç A (TIPO D) n.º SEN.0013. /2012PENAL. PROCESSUAL PENAL. CORRUPÇÃO PASSIVA QUALIFICADA. CORRUPÇÃO ATIVA QUALIFICADA. FALSIDADE IDEOLÓGICA DE DOCUMENTO PÚBLICO QUALIFICADA. COMÉRCIO IRREGULAR DE ARMAS DE FOGO. ESQUEMA ARTICULADO ENTRE AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL E EMPRESÁRIOS DO RAMO DE SEGURANÇA PRIVADA. VANTAGENS INDEVIDAS PAGAS EM CONTRAPARTIDA AO COMETIMENTO DE VÁRIAS IRREGULARIDADES. TIPICIDADE. ANTIJURIDICIDADE E CULPABILIDADE COMPROVADAS. DECRETO CONDENATÓRIO.- Agente de Polícia Federal que, de modo consciente e voluntário, valendo-se da condição de responsável pela fiscalização das empresas de segurança privadas, articula esquema delituoso consistente no recebimento de vantagens indevidas por parte dos empresários do aludido ramo para perpetrar uma série de irregularidades comete o delito de corrupção passiva qualificada continuada (art. 317, § 1º, c/c art. 71, ambos do CPB).- Se o mesmo agente, dentre as irregularidades perpetradas, falsifica documento público fazendo constar informação inverídica, comete também o delito de falsidade ideológica qualificada (art. 299, parágrafo único, do CPB).- No mesmo diapasão, tendo o agente também viabilizado o comércio irregular de armas de fogo, em conluio com um dos empresários do ramo de segurança privada, também réu, ambos cometem o delito de comércio irregular de armas de fogo (art. 17 da Lei n.º 10.826/2003).- Quanto aos empresários do ramo de segurança privada que, mediante o pagamento de vantagens indevidas ao agente de polícia federal, obtiveram "préstimos" escusos, certo que cometeram o delito de corrupção ativa qualificada (art. 333,

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parágrafo único, do CPB). - Tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade amplamente comprovadas, máxime pelos documentos, interceptações telefônicas, depoimentos testemunhais e demais arcabouço probatório.- Decreto condenatório que se impõe.1. Relatório:O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ofereceu denúncia de fls. 04/28 em desfavor de JOSÉ CARLOS DE MOURA MONTEIRO, JÚLIO CÉSAR SOARES DA SILVA, CÁSSIO FRANCISCO LEMOS DE ALMEIDA, NILSON MIRABEAU SALVADOR JÚNIOR, CRISTIANO MEDEIROS LIMA, ALMIR CRUZ DE FARIAS FILHO, EVALDO NUNES SENA, JOSÉ DE ALENCAR DE ARAÚJO FILHO e MARCOS EMANUEL TORRES DE PAIVA, já devidamente qualificados nos autos, em razão da prática de condutas criminosas tipificadas nos seguintes moldes:1. JOSÉ CARLOS DE MOURA MONTEIRO: art. 299 (falsidade ideológica); art. 319 (prevaricação); art. 317, § 1º, c/c art. 71 (corrupção passiva por oito vezes em continuidade delitiva), em concurso material (art. 69 do CPB) com o art. 317, § 1º, c/c art. 71 (três vezes em continuidade delitiva); art. 317, § 1º, e art. 327 c/c art. 71 (violação de sigilo funcional em continuidade delitiva por duas vezes), todos combinados com o art. 327, § 2º, do CPB; e, ainda, o art. 17 da Lei n.º 10.826/2003;2. JÚLIO CÉSAR SOARES DA SILVA: art. 333, parágrafo único (corrupção ativa), c/c art. 71 (continuidade delitiva), por duas vezes, ambos do CPB;3. CÁSSIO FRANCISCO LEMOS DE ALMEIDA: art. 333, parágrafo único (corrupção ativa), c/c art. 71 (continuidade delitiva), por duas vezes, ambos do CPB, em concurso material (art. 69, do CPB) com o art. 17 da Lei n.º 10.826/2003;4. NILSON MIRABEAU SALVADOR JÚNIOR: art. 333, parágrafo único (corrupção ativa), c/c art. 71 (continuidade delitiva), por duas vezes, ambos do CPB;5. CRISTIANO MEDEIROS LIMA: art. 333, parágrafo único (corrupção ativa) do CPB;6. ALMIR CRUZ DE FARIAS FILHO: art. 333, parágrafo único (corrupção ativa) do CPB;7. EVALDO NUNES SENA: art. 333, parágrafo único c/c art. 71 (corrupção ativa, por duas vezes, em continuidade delitiva), em concurso material com o art. 333, parágrafo único, c/c art. 71(corrupção ativa, por duas vezes, em continuidade delitiva), todos do CPB;8. JOSÉ DE ALENCAR DE ARAÚJO FILHO: art. 333, parágrafo único, c/c art. 71 (corrupção ativa, por duas vezes, em continuidade delitiva), todos do CPB; e9. MARCOS EMANUEL TORRES DE PAIVA: art. 333, parágrafo único (corrupção ativa) c/c art. 69 (por duas vezes), ambos do CPB.Aduziu o órgão ministerial, resumidamente, que JOSÉ CARLOS DE MOURA MONTEIRO, conhecido como agente MONTEIRO, ostentando a condição de agente de polícia federal e, na ocasião, chefe substituto da Delegacia de Controle de Segurança Privada da Superintendência Regional de Policia Federal de Pernambuco - DELESP, valendo-se do cargo ocupado, teria perpetrado diversos crimes, inclusive contra a administração pública - concussão, falsidade ideológica, prevaricação, corrupção passiva em continuidade delitiva, violação de sigilo funcional em continuidade delitiva e comércio ilegal de arma de fogo -, na medida em que coordenava esquema forjado no âmbito da aludida superintendência.MONTEIRO, na realidade, era o coordenador de esquema que tinha por fito angariar e prestar assessoria clandestina e ilegal a vários empresários do ramo de segurança privada - também réus -, em meio ao qual perpetrava as aludidas falsidades ideológicas, prevaricações, corrupções passivas, violação de sigilo funcional e comércio ilegal de arma de fogo.A seu turno, os demais réus foram incluídos no pólo passivo, na medida em que, na condição de empresários do ramo de segurança privada, valeram-se dos "serviços" prestados por MONTEIRO, cometendo, desta forma e também, vários delitos.Seguiu o Parquet, portanto, mencionando na peça acusatória a participação de cada um dos réus, quando associados a MONTEIRO, nos seguintes termos, resumidamente:* JÚLIO CESAR: na condição de representante da empresa Condores Segurança Ltda., teria se valido dos "serviços" de MONTEIRO para perpetuar diversas irregularidades na empresa, dentre elas, escusar-se do vencimento de portaria de funcionamento e certificado, proporcionar a alteração de endereço sem comunicação à DELESP, receber informações privilegiadas sobre as fiscalizações antes de sua ocorrência, tudo mediante troca de "favores" com MONTEIRO, o que

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caracterizaria o cometimento de corrupção ativa em continuidade delitiva;* CÁSSIO: na condição de representante da empresa A Vigilância Serviços Particulares de Vigilância Ltda., atualmente representante da empresa Múltipla Segurança Ltda., também teria se valido dos "préstimos" de MONTEIRO para viabilizar diversas negociações de compra e venda de armas, tendo sido a atuação do agente imprescindível para camuflar a extinção da empresa - requisito sem o qual não poderia vender as armas - quando tal fato ainda não havia ocorrido, além de ter feito "vista grossa" diante de outras irregularidades, sempre mediante troca de "favores" com MONTEIRO, o que caracterizaria o crime de corrupção ativa em continuidade delitiva;* NILSON: na condição de representante da empresa Temple El Shadai Vigilância Ltda., também teria "contratado" os "serviços" de MONTEIRO para que este deixasse de fiscalizar a pessoa jurídica, deixando passar uma série de irregularidades existentes, além de lhe ceder informações privilegiadas, isto mediante pagamento de quantias, o que configuraria o delito de corrupção ativa em continuidade delitiva; * CRISTIANO: na condição de representante da empresa Simas Segurança Ltda., também teria "contratado" os "serviços" de MONTEIRO com o fito de obter autorização de funcionamento da DELESP mesmo sem preencher os requisitos necessários, além de contar com a expedição de ofícios declarando a regularidade da empresa com a finalidade de participar de licitações sem que tal fato fosse verdade, tudo mediante pagamento de quantias, o que configuraria o delito de corrupção ativa em continuidade delitiva; * ALMIR: em virtude de vínculo que possuía com a empresa Essencial Serviços de Vigilância Ltda., valendo-se dos serviços de MONTEIRO, viabilizou transferência de armas de forma irregular entre empresas, mediante o pagamento de quantia ao agente, também nos termos do delito de corrupção ativa em continuidade delitiva;

* EVALDO: na condição de sócio da empresa Sena Segurança Inteligente e Transporte de Valores Ltda., também teria "contratado" os "serviços" de MONTEIRO com o fito de prestar assessoria e viabilizar a participar privilegiada em licitações, tudo mediante pagamento de quantias, o que configuraria o delito de corrupção ativa em continuidade delitiva; * MARCOS: na condição de diretor da empresa Nordeste Segurança de Valores, teria se valido dos "serviços" de MONTEIRO para perpetuar diversas irregularidades na empresa, dentre elas a obtenção de renovação de autorização de funcionamento, apesar de não cumprir os requisitos, tudo mediante troca pagamento de quantias, o que caracterizaria o cometimento de corrupção ativa em continuidade delitiva.Salientou, ainda, o MPF que as "doações" eram feitas de forma camuflada, pois endereçadas ao Centro Espírita Djalma Farias, utilizado por MONTEIRO para encobrir o esquema.Assim, diante de provas que entendeu suficientes da autoria e materialidade delitivas, o MPF imputou a MONTEIRO os delitos de prevaricação, falsidade ideológica, corrupção passiva, violação de sigilo funcional e comércio ilegal de arma de fogo, ao passo em que imputou aos demais acusados os delitos de corrupção ativa em continuidade delitiva.Assim, diante de indícios que entendeu suficientes de autoria e materialidade delitiva, ofertou o parquet a peça acusatória. A denúncia foi recebida em 03/07/2007, mediante decisão de fls. 30/32.Defesas prévias apresentadas às fls. 248/253, fls. 317/320, fls. 325, fls. 391, fls. 397/399, fls. 414, fls. 516/518, fls. 587/598 e fls. 771/772.Interrogatórios dos réus às fls. 225/228 (JÚLIO), fls. 234/236 (CRISTIANO), fls. 237/238 (ALMIR), fls. 240/242 (EVALDO), fls. 382/385 (MONTEIRO), fls. 393/384 (CÁSSIO), fls. 395/396 (NILSON), fls. 512/514 (MARCOS) e fls. 767/769 (JOSÉ DE ALENCAR).Em virtude das alterações legislativas procedidas no CPP no ano de 2008, foi exarado o despacho de fls. 573/575, chamando o feito à ordem para realizar as merecidas adaptações, bem como determinar a citação dos denunciados para apresentarem resposta à acusação.Respostas à acusação apresentadas por JÚLIO (fls. 587/598), CÁSSIO (fls. 602/613), EVALDO (fls. 627/644), CRISTIANO (fls. 658/668), JOSÉ CARLOS (fls. 670/671), ALMIR (fls. 672/673), JOSÉ DE ALENCAR (fls. 708/710), MARCOS (fls. 802/805) e NILSON (fls. 818/818-v).Às fls. 820, o juízo, não vislumbrando hipótese de absolvição sumária,

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determinou a continuidade do feitoAudiência de instrução e julgamento realizada, consoante termo de fls. 915/918, com a oitiva das testemunhas arroladas pela acusação - CÁSSIO ANDRÉ DOS SANTOS NASCIMENTO, GERALDO FERREIRA DOS SANTOS, AGOSTINHO ROMÃO NADLER DA SILVA e AUGUSTO CESAR SIQUEIRA SOUTO - e a decretação da revelia de ALMIR.Em continuidade, foi realizada audiência de instrução e julgamento para a oitiva das testemunhas de acusação restantes - BRUNO EUSTÁQUIO RIBEIRO DE OLIVEIRA, LUIZ CARLOS CAMELO DE FREITAS, JAMERSON JOSÉ BEZERRA NEVES, MARIA AUXILIADORA RODRIGUES MONTEIRO, NADJA MARGOT GUSMÃO ROCHA, TÂNIA MARIA LIMA BARBOSA e WASHINGTON SOARES CAMPO JÚNIOR -, consoante termo e mídia de fls. 927/930.Testemunhas de defesa ouvidas, conforme termos e mídias de fls. 1044/1052, fls. 1068, fls. 1079/1082, fls. 1116, fls. 1134, fls. 1236 e fls. 1178. Os interrogatórios dos réus JÚLIO CESAR, CÁSSIO, NILSON, CRISTIANO, ALMIR e EVALDO foram reiterados, sendo o ato gravado no CD de fls. 1236.Às fls. 1273, a defesa de JOSÉ DE ALENCAR ratificou o interrogatório prestado anteriormente.O interrogatório de MARCOS foi realizado em juízo deprecado às fls. 1308. As partes foram instadas a formularem diligências, mediante despacho de fls. 1311, nada tendo requerido (fls. 1355).Alegações finais apresentadas pelo MPF às fls. 1358/1367; pelas defesas, às fls. 1369/1377 (NILSON), fls. 1385/1394 (JOSÉ DE ALENCAR), fls. 1398/1427 (CÁSSIO), fls. 1413/1427 (CRISTIANO), fls. 1428/1445 (JÚLIO CESAR), fls. 1449/1495 (MARCOS), fls. 1634/1668 (EVALDO), fls. 1670/1680 (MONTEIRO), fls. 1687/1698 (MARCOS) e fls. 1758/1761 (ALMIR).Em virtude da existência de documentos colacionados e preliminares aventadas pelas defesas em sede de alegações finais, o juízo, mediante despacho de fls. 1763, concedeu vista ao MPF para manifestação.Manifestação ministerial às fls. 1765/1771.Atentando aos princípios do contraditório e da ampla defesa, o juízo, mediante despacho de fls. 1773, concedeu vista às defesas para que se manifestassem por derradeiro, com a ressalva de que, ausente manifestação, tal ausência valeria como reiteração das alegações finais já apresentadas.As defesas de alguns réus se manifestaram às fls. 1779/1801 (JÚLIO CESAR), fls. 1803/1805 (MARCOS), fls. 1811/1814 (NILSON), enquanto as demais deixaram de se manifestar, consoante certidão de fls. 1815, o que configurou a reiteração das alegações finais já apresentadas (MONTEIRO, CÁSSIO, CRISTIANO, ALMIR, EVALDO e JOSÉ DE ALENCAR).Após, vieram-me conclusos.É o relatório.Decido.2. Fundamentação:Inicialmente, sobreleva destacar que, apesar de o §2º do art. 399 do Código de Processo Penal determinar que o juiz que presidir a instrução deverá proferir a sentença, o Juiz Federal, que presidiu a instrução processual, Dr. Allan Endry Veras Ferreira, não mais se encontra nesta 13ª Vara/PE, em face de ter sido promovido.Por esta razão, passo a proferir sentença nestes autos, mesmo não tendo participado da instrução aqui empreendida.2.1. Preliminares:Antes de tudo, verifico a existência de questões preliminares suscitadas por algumas das partes, a exigirem exame prévio.Nas primeiras linhas, porém, algumas considerações são necessárias.Em face da complexidade do caso - que se faz evidente inclusive em função da quantidade de réus, de tipos penais imputados, de volume documentos colacionados e mesmo de preliminares aventadas -, o presente ato jurisdicional buscará, tanto quanto possível, ser confeccionado de modo didático e compartimentado, sob pena de se tornar um emaranhado de teses e antíteses bordadas sem a clareza necessária e exigível de qualquer magistrado.Com esse intento, portanto, sigo traçando as questões levantadas em cada alegação final e, consequentemente, as preliminares destacadas pelos acusados, quando assim o fizeram.NILSON, às fls. 1369/1377, em sede de alegações finais, não aventou preliminares, limitando-se a destacar a ausência de provas suficientes para a condenação, o que será analisado doravante.

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JOSÉ DE ALENCAR, às fls. 1385/1394, também em sede de alegações finais, não sustentou preliminares, mas tão somente a atipicidade das condutas imputadas a si, bem como a ausência de provas aptas à condenação, teses que também serão analisadas mais adiante.CÁSSIO, às fls. 1398/1412, em suas alegações finais, sob a nomenclatura de preliminar, reiterou a nulidade da denúncia - que teria violado o art. 41 do CPP - já aventada na resposta à acusação. Quanto ao mérito, defendeu, resumidamente, a ausência de prova quanto à materialidade delitiva, questão a ser analisada na fundamentação.CRISTIANO, às fls. 1413/1427, também reiterou como preliminar a nulidade da denúncia sustentada na resposta à acusação, que teria violado o art. 41 do CPP. No mais, defendeu também a ausência de prova da materialidade delitiva, o que será analisado doravante.JÚLIO CESAR, às fls. 1428/1445, nas alegações finais apresentadas, sustentou a insuficiência de provas para a condenação, o que será analisado adiante.MARCOS, às fls. 1450/1495 e 1687/1696, sustentou como preliminar a ilicitude de interceptações realizadas em períodos "não cobertos por prorrogação judicial". No mérito, defendeu a ausência de provas da autoria delitiva aptas a subsidiarem a condenação.EVALDO, às fls. 1634/1668, defendeu preliminarmente a nulidade do feito em razão de vício formal decorrente da ausência de notificação prévia de funcionário público, nos termos do art. 514 do CPP. No mais, sustentou a atipicidade da conduta e a insuficiência das provas apresentadas. Por fim, pugnou pela desclassificação do concurso material e da continuidade delitiva, em razão da não configuração de tais concursos no caso em tela.MONTEIRO, às fls. 1670/1680, em sede de alegações finais, sustentou como preliminares, em primeiro lugar, a nulidade da interceptação telefônica em virtude de ter sido decretada tal medida sem que fosse a única possível, o que a tornaria ilegal; em segundo lugar, o cerceamento de defesa em razão da ausência e mesmo falta de justificativa dos autos circunstanciados relativos às interceptações telefônicas realizadas. No mérito, sustentou a ausência de provas de que o réu tivesse praticado qualquer um dos delitos imputados pela acusação.Pois bem.Como se inferiu dos resumos acima dedilhados, as preliminares foram, ao todo, cinco, e podem ser assim compartimentadas:1. nulidade da denúncia, que teria violado o art. 41 do CPP (CÁSSIO e CRISTIANO);2. nulidade do feito em razão de vício formal decorrente da ausência de notificação prévia de funcionário público, nos termos do art. 514 do CPP (EVALDO);3. nulidade das interceptações telefônicas realizadas sem decisão judicial autorizadora (MARCOS);4. nulidade da interceptação telefônica em virtude de ter sido decretada tal medida sem que fosse a única possível, o que a tornaria ilegal (MONTEIRO); e5. cerceamento de defesa em razão da ausência e mesmo falta de justificativa dos autos circunstanciados relativos às interceptações telefônicas realizadas (MONTEIRO).Nenhuma das questões preliminares merecem acatamento e sigo justificando.Quanto à aventada inépcia da denúncia, a tese não prospera por razões óbvias, bastando rever a peça acusatória devidamente formulada pelo MPF que repousa às fls. 04/27. Na ocasião, houve a perfeita descrição dos fatos atribuídos a cada um dos acusados, com todas as circunstâncias relevantes observadas no curso das apurações, viabilizando, pela mesma via, a defesa plena. Em suma, ao reverso do alegado, a denúncia preencheu os requisitos do art. 41 do CPP, o que, aliás, já foi analisado por ocasião do seu recebimento e na apreciação às respostas apresentadas.Por outro lado, não se observou nos autos nenhuma das hipóteses de rejeição listadas no art. 395 do mesmo diploma legal. Assim sendo e diante de indícios de materialidade e autoria delitiva, deveria mesmo ser recebida a peça acusatória. Desta forma, não há que se falar em inépcia da denúncia.Quanto à aventada nulidade em face da ausência de notificação do funcionário público - MONTEIRO -, também não merece acatamento.

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A prescindibilidade ou não da notificação do funcionário público antes do recebimento da denúncia, para o oferecimento de defesa, nos termos do art. 514 do CPP, é tema que suscitou bastante polêmica, até que foi, finalmente, sumulado pelo STJ.O teor da súmula, a qual, inclusive, estava em vigor por ocasião do recebimento da denúncia, é o seguinte (Súmula nº. 330 do STJ): "É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514, do Código de Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial."Nos diversos julgados que originaram a referida súmula, o STJ decidiu que: 1º) a resposta preliminar do art. 514 do CPP é desnecessária quando a ação penal estiver instruída com inquérito policial, sendo necessária apenas nos casos em que a denúncia basear-se, simplesmente, em documentos ou justificação oferecidos com a representação; 2º) a falta de notificação do acusado para apresentação da resposta preliminar enseja apenas nulidade relativa, dependente, portanto, de argüição em momento oportuno e de demonstração de efetivo prejuízo para o acusado (nesse sentido: REsp 106.491/PR, j. 10.03.97, DJ 19.05.97; Resp 203.256/SP, j. 13.03.02, DJ 05.08.02, 5ª Turma.; HC 28.814/SP, j. 26.05.04, DJ 01.07.04, 6ª Turma; HC 34.704/RJ, j. 28.09.04, DJ 01.02.05, 6ª Turma; Resp 174.290/RJ, j. 13.09.05, DJ 03.10.05, 6ª Turma; Resp 594.051/RJ, DJ 20.06.05, 5ª Turma; HC 29.574/PB, j. 17.02.04, DJ 22.03.04, 5ª Turma). Ressalte-se que o STF, identicamente ao STJ, também entendia, à época do recebimento da presente denúncia, ser dispensável a defesa preliminar do art. 514 do CPP quando a peça acusatória estivesse instruída com inquérito policial, e que a falta dela enseja apenas nulidade relativa. A propósito: "a inobservância ao disposto no artigo 514 do CPP, para configurar nulidade, exige o protesto oportuno e a demonstração de prejuízo daí decorrente quando a acusação está supedaneada em inquérito (Precedentes do STJ e do Pretório Excelso)" (Resp. 481.974/RJ, DJ de 20.10.2003 e ainda STF, RTJ 110/601). Assim sendo, ainda que, na atualidade, existam entendimentos jurisprudenciais diversos daquele esculpido na mencionada súmula, no presente caso é de prevalecer este, já que era o predominante por ocasião dos fatos ora em análise.Em outras palavras, no caso em apreço, pode-se afirmar, sobretudo levando em conta a época do recebimento da denúncia e o entendimento jurisprudencial predominante (inclusive sumulado), que era prescindível a notificação preliminar do funcionário público, agente MONTEIRO.Ademais, ainda que assim não fosse, é de se perquirir o interesse processual de MARCOS em pleitear tal nulidade, quando o próprio MONTEIRO não o fez, sendo certo que somente teria a prerrogativa de manifestar-se nos termos do art. 514 do CPP o funcionário público acusado, e não os demais réus. Em outras palavras, olvida-se se há, de fato, interesse a tornar legítimo o pleito por parte de quem o fez. Finalmente, analisando-se o dispositivo legal invocado, observa-se que é pressuposto fundamental para este rito a circunstância de o delito ser afiançável.O réu MONTEIRO foi denunciado pela prática dos crimes de passiva, prevaricação, falsidade ideológica, violação de sigilo funcional e comércio ilegal de armas. Logo, inaplicável referida regra ao caso dos autos, uma vez que, considerando o concurso de crimes, a soma das penas mínimas ultrapassa o limite máximo previsto no CPP, em sua redação vigente à época, para a concessão da fiança.No tocante à aventada nulidade da interceptação telefônica em virtude de ter sido decretada tal medida sem que fosse a única possível, o que a tornaria ilegal, também é preliminar não merece acatamento.É que, ao reverso do sustentado, este juízo, por ocasião de todas as decisões que cuidaram de decretar e prorrogar as interceptações telefônicas, fundamentou o implemento das medidas, sustentando-as não apenas como legais, mas, sobretudo, imprescindíveis ao deslinde do feito.Não é demais ressaltar que em casos complexos como o presente - que envolve intrincado esquema e inúmeros agentes, todos mantendo conversas por intermédio de telefones -, a interceptação telefônica é sim - ao reverso do alegado pela defesa - a única medida capaz de elucidar os fatos completamente. Do contrário, como acurar os diálogos escusos, os elos firmados, os "acordos" velados? Em suma, a interceptação telefônica, no presente caso, foi meio tão singular quanto imprescindível e necessário, ao contrário do sustentado na preliminar.

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Por fim, em relação ao aventado cerceamento de defesa em razão da ausência e mesmo falta de justificativa dos autos circunstanciados relativos às interceptações telefônicas realizadas, servem nesse tópico os mesmos argumentos trazidos por este juízo quando tratou do deferimento ou não de diligências formuladas em sede do art. 402 do CPP.Em suma, o simples fato de a defesa ter requerido e não ter sido deferida ou mesmo implementada em sua totalidade a juntada ao feito dos autos circunstanciados, por si só, não causa qualquer mácula ao processo, inclusive porque as mídias respectivas estão presentes.Dizendo de outro modo, a eventual ausência de algum dos termos circunstanciados não permite a conclusão de que a defesa sofreu prejuízo, até porque, como visto, as alegações finais foram bastante detalhadas e contaram com a degravação de todos os trechos considerados relevantes pela defesa.Ora, o fato de a defesa ter tido acesso aos áudios - e mídias correspondentes - é fato que, por si só, afasta eventual nulidade pela ausência dos termos, não passando a falta de juntada de mera irregularidade que não teve o condão de causar qualquer prejuízo ao contraditório e à ampla defesa.Finalmente, sustentou a defesa que algumas interceptações telefônicas teriam se realizado sem que houvesse decisão judicial as acobertando. Assim sendo, preliminarmente, pugnou pela nulidade de tais provas.No que toca a tal preliminar, em particular, cabível trazer ao presente ato jurisdicional, de forma objetiva e explícita, tabela que discrimine as decisões judiciais, com as datas em que foram proferidas; as datas de entregas de ofícios para cumprimento das decisões respectivas; bem como as datas de início e fim das interceptações determinadas judicialmente, para que se possa vislumbrar, efetivamente, a regularidade das provas.Decisão Entrega OfícioPeríodo de interceptação autorizadaInícioFim 1º Período26/8/200529/8/200530/8/200513/9/20052º Período14/9/200515/9/200515/9/200529/9/20053º Período30/9/20053/10/20053/10/200517/10/20054º Período17/10/200518/10/200518/10/20051/11/20055º Período28/10/200528/10/20052/11/200516/11/20056º Período14/11/200516/11/200517/11/20051/12/2005Ora, como se infere das datas acima delineadas, e segundo se observará adiante, quando da análise das provas, todos os diálogos interceptados considerados estavam devidamente acobertados por decisão judicial.

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É de destacar, ainda, que, em alguns dos períodos, o pedido de prorrogação foi formulado e deferido, tendo sido os respectivos ofícios expedidos e entregues antes de escoado o prazo de vigência do período anterior, de modo que deve-se considerar que, somente quando encerrada a validade da última prorrogação é que tem início o período subseqüente. Veja-se que tal circunstância não foi considerada pela defesa quando arguiu a nulidade de algumas interceptações.Dizendo de outro modo, a prova efetivamente produzida e utilizada para a feitura do presente ato jurisdicional - diálogos interceptados - estava sim judicialmente autorizada, como adiante restará explicito.Enfim, afastadas as preliminares suscitadas, passo ao exame do mérito.2.2. Mérito:Consoante já delineado, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, às fls. 04/27, ofereceu denúncia em desfavor de JOSÉ CARLOS DE MOURA MONTEIRO, JÚLIO CESAR SOARES DA SILVA, CÁSSIO FRANCISCO LEMOS DE ALMEIDA, NILSON MIRABEAU SALVADOR JÚNIOR, CRISTIANO MEDEIROS LIMA, ALMIR CRUZ DE FARIAS FILHO, EVALDO NUNES SENA, JOSÉ DE ALENCAR DE ARAÚJO FILHO e MARCOS EMANUEL TORRES DE PAIVA, por considerar presentes, no procedimento investigatório que lhe serviu de subsídio, indícios suficientes da materialidade delitiva de fatos que, em tese, caracterizam crimes, bem como de autoria. Aduziu o órgão ministerial, resumidamente, que JOSÉ CARLOS DE MOURA MONTEIRO, conhecido como agente MONTEIRO, ostentando a condição de agente de polícia federal e, na ocasião, chefe substituto da Delegacia de Controle de Segurança Privada da Superintendência Regional de Policia Federal de Pernambuco - DELESP, valendo-se do cargo ocupado, recebia valores e vantagens indevidas por parte de empresários do ramo de segurança privada - também réus - em troca da prestação de favores escusos, os quais consubstanciaram diversos crimes, dentre eles falsidade ideológica, prevaricação, corrupção passiva, violação de sigilo funcional e comércio ilegal de arma de fogo.Enfim, MONTEIRO era o coordenador do esquema ao qual os empresários de segurança privada - também réus - aderiram, valendo-se dos préstimos escusos do agente, sempre em troca do pagamento de dinheiro e prestação de favores.Parte dos valores em dinheiro recebidos por MONTEIRO eram pagos como se fossem "doações" ao Centro Espírita Djalma Farias, do qual o aludido réu era o dirigente, sem que, todavia, tivessem tal destino. Na realidade, o mencionado centro espírita teria sido utilizado por MONTEIRO apenas para maquiar o recebimento de propina e dar aparência de regularidade aos valores, desvinculando-os dos "favores" ilegais que o agente prestava aos empresários dispostos a pagar por seus "préstimos".Tal panorama foi descortinado graças à denúncia prestada por CÁSSIO ANDRÉ, um dos sócios da empresa de segurança privada MÚLTIPLA, que relatou ter sido solicitado por MONTEIRO a pagar a quantia de R$ 600,00 quando buscou dar andamento a processo de regularização da empresa, quantia a ser paga a título de "doação" ao Centro Espírita Djalma Farias, em troca de tal "serviço".Na ocasião, CÁSSIO ANDRÉ havia informado que não dispunha de R$ 600,00 e, em momento posterior, teria enviado a quantia de R$ 300,00 para MONTEIRO, o qual, insatisfeito, passou a retaliar CÁSSIO ANDRÉ, terminando por viabilizar sua exclusão da empresa MÚLTIPLA. Ainda segundo CÁSSIO ANDRE, MONTEIRO teria enviado ofício à empresa MÚLTIPLA - especificamente às outras duas sócias, TÂNIA MARIA LIMA BARBOSA e NAJDA GUSMÃO MARGOT - informando que tramitava em face de CÁSSIO ANDRÉ um inquérito policial, o que supostamente o tornava inapto a exercer a função de empresário do ramo de segurança privada.Pois bem.A partir do relato de CÁSSIO ANDRE, o DPF iniciou investigação voltada a averiguar se, de fato, MONTEIRO encabeçava esquema articulado com empresários do ramo de segurança privada, mediante o qual estes pagavam propina - dinheiro e favores pessoais, inclusive sob o título de "doações" ao Centro Espírita Djalma Farias - ao agente em troca do recebimento de informações privilegiadas, manutenção das empresas em situação irregular, "vista grossa" para certificados vencidos, ausência de fiscalização, alteração de sede sem autorização e formalização, comércio irregular de armas de fogo, etc.Após a realização de diversas interceptações telefônicas, buscas e apreensões, quebra de sigilo bancário e fiscal, dentre outras medidas investigativas, todas devidamente documentadas no inquérito policial e representações respectivas que

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deram origem à presente ação penal, o DPF concluiu, nos moldes do relatório de fls. 308/390 do IPL n.º 2006.83.00.000681-8, que, de fato, MONTEIRO havia perpetrado uma série de crimes mediante o recebimento de vantagens indevidas, estas pagas por diversos empresários do ramo de segurança privada - também réus -, que seguirão adiante elencados.Esta foi, em síntese, a acusação.Porém, antes de tecer as merecidas considerações sobre o caso presente, perquirindo os elementos de prova aptos a subsidiarem ou não a imputação acima aludida, trago à baila algumas noções basilares acerca de temas e conceitos que entendo de extrema valia à análise que se segue, com o intuito de, assim, subsidiar com maior segurança, técnica e completude o arremate do presente ato jurisdicional.Sigamos.Muito se discutiu, doutrinariamente e ao longo da história que embalou a ciência criminal, numa tentativa de alcançar uma definição perfeita de crime. Entretanto, como toda missão que tem por objeto atingir a perfeição, esta também quedou arruinada: nunca se chegou a um conceito unânime, quiçá perfeito, como se desejava. As teorias, que ora foram contemporâneas, ora simultâneas, em geral, vinha acrescer ou destruir a preexistente, de forma que, até hoje, existe divergência doutrinária não apenas em relação ao conceito preciso de crime, mas também - por ironia da história - quanto à própria interpretação das teorias.Em fundamento ao acima destacado, basta relatar que, alguns doutrinadores, ao estudar, esmiuçar e descrever a teoria finalista - que é a atualmente seguida pela maioria dos autores e aplicadores do direito no Brasil - concluem que, segundo esta, o crime seria definido como o fato típico, antijurídico e culpável, dando ao conceito uma visão tripartida; outros, de forma diversa e em interpretação à mesma teoria - o que torna o grau de divergência ainda mais amplo e patente -, aduzem que esta concebe o crime como o fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidade apenas um pressuposto para a aplicação da pena, mas não integrante do conceito de crime.Divergências à parte - até porque não arrisco formular, tampouco pretendo trazer a este ato um conceito perfeito de crime, já que, até hoje, quem abraçou tais intentos não logrou êxito -, verifico, no retomar dos conceitos e da história, que, apesar de toda a discussão, um fato sempre foi unânime: para se proferir uma sentença condenatória, necessária a configuração da tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade, fosse esta última concebida como elemento do conceito de crime ou mero pressuposto da aplicação de penalidade.É que, como bem destacou Welzel1, tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade estão de tal forma relacionadas entre si que cada elemento posterior do delito pressupõe o anterior.Ademais, atento se deve estar para um fato muito bem ressaltado por Bitencourt2: "a divisão do delito em três aspectos, para fins de avaliação e valoração - tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade -, facilita e racionaliza a aplicação do direito, garantindo a segurança contra as arbitrariedades e as contradições que freqüentemente poderiam ocorrer. Essa divisão tripartida da valoração permite um resultado final mais adequado e justo".Assim sendo, sigamos perquirindo a presença da tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade no feito presente.2.2.1. Tipicidade:A tipicidade, segundo a maioria da doutrina, é entendida como um dos quatro elementos que formam o fato típico, sendo os demais a conduta (dolosa ou culposa), o resultado3 (nos crimes que o exigem) e o nexo causal (relação de causa e efeito estabelecida entre a conduta e o resultado).Assim sendo, antes de definir a tipicidade e perquiri-la nestes autos, imprescindível definir o que vem a ser o próprio tipo penal, para que, na seqüência, se entenda o que é um fato típico e seja possível concluir pela sua configuração ou não no presente caso.Com este intento, portanto, sigamos.Doutrinariamente designa-se tipo penal como sendo o modelo abstrato previsto em lei que descreve um comportamento proibido4.No caso em apreço, os tipos penais são vários e, bem por isto, merecem análise pontual e individualizada, como já dedilhado.Assim sendo, antes de compartimentar as condutas e as provas, válido transcrever

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todos os dispositivos imputados a cada um do acusados, apenas para que se tenha uma visão panorâmica da tipicidade.Enfim, por ocasião das alegações finais e com fulcro no bojo probatório, o MPF pugnou pela imputação dos seguintes crimes - e aqui me reporto apenas aos tipos nucleares, deixando ao largo, nesse momento, os respectivos concursos, do que tratarei doravante - a cada um dos agentes:MONTEIRO1. art. 317, § 1º, do CPB (corrupção passiva na forma qualificada);2. art. 325 do CPB (violação de sigilo funcional);3. art. 17 da Lei n.º 10.826/2003 (comércio ilegal de arma de fogo)JÚLIO CESAR1. art. 333, parágrafo único, do CPB (corrupção ativa);CÁSSIO1. art. 333, parágrafo único, do CPB (corrupção ativa);2. art. 299 do CPB (falsidade ideológica);3. art. 17 da Lei n.º 10.826/2003 (comércio ilegal de arma de fogo)NILSON1. art. 333, parágrafo único, do CPB (corrupção ativa);CRISTIANO1. art. 333, parágrafo único, do CPB (corrupção ativa);ALMIR1. art. 333, parágrafo único, do CPB (corrupção ativa);EVALDO1. art. 333, parágrafo único, do CPB (corrupção ativa);JOSÉ DE ALENCAR1. art. 333, parágrafo único, do CPB (corrupção ativa);MARCOS1. art. 333, parágrafo único, do CPB (corrupção ativa);A tipicidade, por sua vez, seria exatamente a conformidade entre determinado fato praticado pelo agente e aquele abstratamente previsto. Em suma, há tipicidade quando existe o perfeito encaixe entre a conduta praticada e determinado tipo. E, para que se possa concluir pela existência ou não deste encaixe, necessário perquirir a configuração dos outros elementos que compõem o fato típico, quais sejam, a conduta, o resultado (nos crimes que o exigem) e o nexo causal entre estes dois, conforme já aduzido.Como dito, em face da complexidade do caso - que se faz evidente inclusive em função da quantidade de réus, de tipos penais imputados, de volume documentos colacionados e mesmo de preliminares aventadas -, o presente ato jurisdicional buscará, tanto quanto possível, ser confeccionado de modo didático e compartimentado.Com esse intento, portanto, sigo analisando pontualmente cada uma das condutas imputadas a cada agente.1. JÚLIO CESAR SOARES DA SILVA: Segundo a acusação, JÚLIO CESAR, na condição de representante da empresa CONDORES, teria se valido dos "préstimos" de MONTEIRO, mediante pagamento de propina, para:* manter a empresa funcionado apesar do vencimento da autorização de funcionamento e do certificado de segurança;* alterar o endereço da empresa sem autorização da DELESP;* receber informações privilegiadas sobre as fiscalizações antes de sua ocorrência.Vejamos se, de fato, foi o que restou comprovado nos autos.Após a saída de MONTEIRO do cargo que ocupava, inferiu-se que a empresa CONDORES encontrava-se, de fato, em atividade apesar de a portaria de funcionamento e certificado de segurança das instalações físicas estarem vencidos desde maio de 2005 e abril de 2005, respectivamente, conforme se infere dos documentos de fls. 105/106 do anexo II do IPL em apenso. Apesar da irregularidade, ou seja, apesar de a empresa CONDORES continuar funcionando com a validade de tais documentos vencida, não foi autuada por MONTEIRO.Da prova colacionada, inferiu-se que MONTEIRO não apenas tinha conhecimento de tal irregularidade, mas estava disposto a acobertá-la, fornecendo informações falsas sobre a situação da CONDORES.

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É o que se infere dos áudios interceptados, especificamente dos diálogos interceptados entre JÚLIO CESAR e MONTEIRO em 08/09/2005 e 09/09/2005 (Relatório, fls. 316 do IPL):JULIO X MONTEIRO - 08/09/05, 12:36:36, 81 9977.3749: JULIO diz que está saindo e pede para o alvo levar uma relação do que precisa para revisão (possivelmente para dar entrada em pedido de revisão de autorização para funcionamento já vencida desde maio). O alvo diz que vai levar e aguardá-lo. JULIO X MONTEIRO - 09/09/05, 08:07:09, 81 9977.3749: JULIO pede um favor ao MONTEIRO no sentido de que se perguntarem (na polícia federal) se está tudo OK com a empresa dele para MONTEIRO dizer que está porque vai ter um negócio, que ele já havia falado para o alvo, na quarta-feira, porque ele vai participar de uma reunião na 2ª feira e se alguém perguntar alguma coisa (na polícia federal) pode ser que o excluam da reunião. O alvo afirma: "não, não, não eu digo que tá ok. tudo bem." O pagamento de propina por parte de JÚLIO CESAR para que MONTEIRO continuasse fazendo "vista grosa" é tão evidente que o requerimento de revisão de autorização de funcionamento somente foi protocolado na DELESP após a saída de MONTEIRO, ou seja, em 15/09/2006, quando a empresa CONDORES foi finalmente notificada, conforme se infere das fls. 176/177 do anexo II do IPL em apenso.Do mesmo modo, também em tal data (15/09/2006), apenas após a saída de MONTEIRO, foi protocolado o requerimento de renovação de certificado de segurança das instalações físicas da CONDORES, em face de outra notificação, conforme se infere das fls. 174/175 do anexo II do IPL em apenso.Mas não foi só.Quando da análise do pedido de renovação do certificado das instalações físicas, a DELESP constatou que a CONDORES, autorizada a funcionar no endereço Rua Campo Grande, 385, Piedade, Jaboatão dos Guararapes, local devidamente vistoriado à época, estava funcionando em outro endereço - Av. João de Barros, 861, Santo Amaro, Recife - sem conhecimento e autorização da DELESP, o que também configura irregularidade acobertada por MONTEIRO.Mais uma vez, apenas após a saída de MONTEIRO, a empresa CONDORES foi, finalmente, autuada em face da alteração de endereço sem comunicação e autorização da DELESP, consoante se infere das fls. 171 do anexo II do IPL em apenso.Ora, este segundo evento só veio a reforçar que, de fato, JÚLIO CESAR, mediante o pagamento de propina, obtinha favores ilegais de MONTEIRO, que, desta feita, viabilizou a alteração de endereço da CONDORES sem observar as formalidades exigidas.Nos autos também dormita prova de que MONTEIRO tinha pleno conhecimento de que a CONDORES estava funcionando em outro endereço - na Av. João de Barros -, que não o originalmente autorizado.Nesse sentido, os diálogos interceptados em 27/09/2005, 18/10/2005 e 01/11/2005 deixam explícito o conhecimento da alteração por parte de MONTEIRO, bem como o laço estreito - além do profissional - estabelecido entre JÚLIO CESAR e o agente (Relatório, fls. 318 do IPL).JULIO CESAR X MONTEIRO - 27/09/05, 15:01:15, 81 9977.3749: JULIO CESAR pergunta se MONTEIRO está na Empresa (DPF)?; MONTEIRO diz que só vai está daqui a meia hora, que está resolvendo um problema externo aqui, aí acha que em 40 (quarenta) minutos vai está por lá; JULIO CESAR diz que está com o documento para entregar a ele (MONTEIRO); MONTEIRO pergunta que horas ele (JULIO CESAR) pode ir lá?; JULIO CESAR diz que está chegando aqui no escritório da Empresa; MONTEIRO pergunta se ele (JULIO CESAR) está na João de Barros?; JULIO CESAR diz que sim, que está chegando aqui agora; MONTEIRO diz que pode passar por aí (João de Barros), por que está aqui no ARRUDA, e quando for para PF passa aí (João de Barros); JULIO CESAR concorda; MONTEIRO diz "pronto, então eu dou uma passadinha aí; JULIO CESAR diz que tá jóia. MONTEIRO X JULIO - 18/10/05, 18:14:35, 81 9977.3749: JULIO diz que era pra ligar pra MONTEIRO pra saber da sua Cirurgia, mas o filho de ALBERTO, gerente lá da empresa, morreu, menino de 21 anos, que foi operar de uma redução de estomago. MONTEIRO diz que sua cirurgia foi tranqüila e a partir de quarta-feira que poderá ter relações, e depois de 12 dias poderá fazer o primeiro exame. MONTEIRO diz que ligou porque JULIO ia fazer aquela transação lá da mudança de endereço (regularizar a mudança de endereço). JULIO diz que amanhã tá mais tranqüilo, que vai fechar parte da folha e liga pra MONTEIRO pra marcar pra almoçar.

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MONTEIRO X JULIO - 01/11/05 12:48:05, 81-9977-3749: JULIO diz que está em Recife já. Pergunta ......(inaudível).......se podem se encontrar mais tarde no final da tarde; MONTEIRO diz que pode ser; JULIO diz que está no Escritório vendo aqui negócio de FOLHA e lá para 15:00 horas liga para ele (MONTEIRO); MONTEIRO diz que tá jóia, pergunta se ele (JULIO ) está na João de Barros? ; JULIO diz que sim; MONTEIRO diz que tá legal, que tá Jóia, diz que aguarda a ligação; JULIO repete que está vendo aqui negócio de FOLHA, que chegou ; MONTEIRO diz que não, não, tá certo; JULIO diz que lá para 15:00 horas liga para ele (MONTEIRO) ; MONTEIRO diz "AH! tá legal , porque entrou lá o, o negócio do .... inaudível....do ......inaudível....lá"; JULIO ta, eu vejo isso ......inaudível.....(possivelmente com ele); MONTEIRO diz que tá Jóia valeu. E mais.MONTEIRO não apenas fez "vista grossa" do vencimento do certificado de segurança e autorização de funcionamento, tampouco da alteração de endereço sem autorização da DELESP. Foi além. Também em troca de propina, alertou JÚLIO CESAR sobre a realização de fiscalização que seria realizada na CONDORES antes do acontecimento.É o que se infere claramente dos diálogos interceptados em 07/11/2005 e 09/11/2005 (Relatório, fls. 319/320 do IPL).MONTEIRO X CARLOS (CONDORES) - 07/11/05, 09:46:57, 81 9977.3749: CARLOS diz que trabalha pra JULIO, que este viajou e que vai pegá-lo meio dia. MONTEIRO diz pra ele dar recado pra JULIO entrar em contato com ele urgente que o pessoal que está lá de outros estados fiscalizando empresas, que está até na imprensa, verificou que a empresa mudou de endereço e que o negócio está pegando lá, que MONTEIRO tem que falar com ele (JULIO) com certa urgência. CARLOS diz que assim que ele chegar diz que MONTEIRO quer falar com ele. MONTEIRO novamente diz pra ele avisar JULIO urgente. MONTEIRO X JULIO - 07/11/05 15:34:05, 81-9977-3749: JULIO diz que acabou de chegar e pegou o recado de MONTEIRO, diz que amanhã às dez horas vai lá na Polícia Federal. MONTEIRO diz "tá bom". JULIO (81 9943.1135) X MONTEIRO - 09/11/05, 10:57:51, 81-9977-3749: JULIO pergunta se MONTEIRO conseguiu imprimir o negócio(provavelmente guia de recolhimento para que ele dê entrada nos processos pendentes).MONTEIRO diz que está pronto. HNI diz que vai passar para pegar para mandar fazer isso hoje porque está viajando amanhã (10/11/2005). JULIO pergunta se quando chegar MONTEIRO pode dar uma saidinha, que ele fica no estacionamento. MONTEIRO diz que está ok. A "troca de favores" entre MONTEIRO e JÚLIO CESAR se faz ainda mais explícita diante dos diálogos interceptados em 06/09/2005, 08/09/2005, 22/09/2005, 23/09/2005, 26/09/2005, 27/09/2005 (Relatório, fls. 320/323 do IPL).Em tais diálogos, infere-se claramente que JÚLIO CESAR pagou cirurgia de reversão de vasectomia para MONTEIRO, em troca da "assessoria" prestada pelo agente. Além de todos esses fatos, após a saída de MONTEIRO, outras irregularidades foram encontradas na empresa CONDORES, dentre elas a ausência de armas suficientes, evento que certamente também foi acobertado pelo agente.Vejamos o que se inferiu da prova testemunhal.ROBERTO GONÇALVES LUCENA (fls. 1044/1052), testemunha de defesa de JÚLIO CESAR, médico que o operou, ao ser indagado, aduziu que:* não tem nenhum vínculo com os demais acusados, apenas com JÚLIO CESAR, que é seu paciente;* a testemunha é médico urologista;* fez um procedimento em JÚLIO CESAR de vasectomia;* para ser bem sincero, sequer lembrava de JÚLIO CESAR;* o procedimento cirúrgico foi pago e na época não era coberto por convênio;* o próprio JÚLIO CESAR quitou o pagamento;* também conhece MONTEIRO, que era seu paciente e ia mais ao consultório, em virtude de ter um problema crônico;* não pode declinar qual o procedimento ao qual MONTEIRO se submeteu, resguardando-se pelo sigilo médico;* o procedimento efetuado por MONTEIRO foi pago por ele mesmo;* não aconteceu nenhum caso em que alguém tivesse pago o procedimento cirúrgico de terceiro, caso tivesse ocorrido, com toda certeza, se recordaria, por ser absolutamente atípica a situação;

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Apesar das declarações do médico no sentido de que o próprio MONTEIRO quitou o pagamento relativo à cirurgia, tal fato não ilide as certezas até então fundamentadas, e respaldadas nas demais provas dos autos, até porque JÚLIO CESAR certamente entregou a quantia correspondente a MONTEIRO - antes ou depois da cirurgia - e este, por sua vez, pagou ao médico, o que não afasta a condição de propina.Aliás, o fato de o médico ter operado JÚLIO CESAR e MONTEIRO só veio a tornar ainda mais evidente a relação estreita estabelecida entre ambos, que não pode, sob pena de se fugir completamente do razoável, ser interpretada como estritamente profissional. Ao reverso, a "contratação" do mesmo médico só vem a demonstrar que MONTEIRO sempre "arrumava" um jeito de maquiar a propina que receberia, ora valendo-se de "doações" a centro espírita, ora transformando-as em "honorários médicos".Nesse sentido, imperioso trazer à tona os diálogos travados entre JÚLIO CESAR e MONTEIRO, diante dos quais se torna evidente não apenas o laço estreito entre ambos, mas também o fato de que JÚLIO CESAR acertou com o agente de custear as despesas da cirurgia de reversão de vasectomia realizada como modo de "pagar" a propina devida em face do "favor" prestado, senão vejamos (Relatório, fls. 320/323, IPL):MONTEIRO X JULIO (81 9943.1135) - 06/09/05, 13:18:20, 81 9977.3749: o alvo liga para JULIO diz que viajou e JULIO o convida para almoçar na 5ª feira. O alvo concorda e JULIO diz que vai buscá-lo de meio dia. ANA (81 9252.0401) X MONTEIRO - 08/09/05, 12:00:39, 81 9977.3749: ANA, companheira de MONTEIRO, pergunta se o alvo vai almoçar com JULIO. O alvo diz que vai ligar para ele para confirmar se ele vem para almoçar com ele ou não. No final da conversa diz que à tarde, antes de ir para o DJALMA, vai ver a filha marcela que está doente. MONTEIRO X JULIO (81 9943.1135) - 08/09/05, 12:06:07, 81 9977.3749 -alvo liga para JULIO. Ele diz que está na justiça do trabalho e em quinze ou vinte minutos vem encontrar com o alvo. O alvo pede para ele ligar quando vier que ele vai lá para fora. JULIO X MONTEIRO - 08/09/05, 12:36:36, 81 9977.3749: JULIO diz que está saindo e pede para o alvo levar uma relação do que precisa para revisão (possivelmente para dar entrada em pedido de revisão de autorização para funcionamento). O alvo diz que vai levar e aguardá-lo. MONTEIRO X JULIO (81 9943.1135) - 22/09/05, 11:19:26, 81 9977.3749: MONTEIRO pergunta se o horário lá é de duas horas?; JULIO diz que vai ligar lá para confirmar e liga em seguida para ele (MONTEIRO); MONTEIRO diz que aí já iria direto. MONTEIRO X JULIO - 22/09/05, 13:24:56, 81 9977.3749: JULIO diz que esqueceu de ligar para ele (MONTEIRO), diz que era ontem. Aí marcou para segunda feira as 10:30 horas da manhã; MONTEIRO lamenta pergunta se só na segunda, porque queria ver se marcava esse negócio o quanto antes. Pergunta se ele (JULIO) tem o telefone de lá que pode ser que falando com ele (?) lá ele atenda, só para marcar a data?; JULIO diz que tem o celular 9989.2678; MONTEIRO pergunta pelo número da CLÍNICA 3227.5522; MONTEIRO pergunta se é ROBERTO o nome dele; JULIO diz "ROBERTO LUCENA...9989.2678 (Assinante: ROBERTO GONÇALVES DE LUCENA, CPF 780.364.614-04, Rua Estrela, nº 100, Aptº 1302, Casa Amarela, Recife/PE, Telefone residencial 81-3442.0291). MONTEIRO X DR ROBERTO LUCENA - 23/09/05, 11:09:11, 81-9977-3749: ROBERTO LUCENA diz que já falou com o DR. ESPÓSITO e que MONTEIRO já pode ir lá conversar com ele hoje (23/09/2005) ou na segunda ou terça no mais tardar, prá cirurgia. Ficou na faixa de R$ 1.900,00 (um mil e novecentos reais) ele consegue fazer prá voce lá. MONTEIRO confirma se o nome é ESPÓSITO e ROBERTO LUCENA diz que é e que ele fica no 12º andar e que ele é o Diretor médico lá do Hospital, lá do ESPERANÇA. Complementa dizendo que à princípio está marcado para quarta-feira (28/09/2005) lá no HOPE. No final MONTEIRO agradece. MONTEIRO X ANA (atual companheira do policial) - 26/09/05 08:38:35, 81 9977.3749: ANA diz que tentou falar com a Secretaria dele "CARLA" lá do Hospital e acha que vai ter que marcar hora. MONTEIRO diz que fale e diga que é um paciente do DR ROBERTO LUCENA, para acertar sobre internamento. JULIO CESAR X MONTEIRO - 26/09/05, 12:48:52, 81 9977.3749: JULIO CESAR pergunta se MONTEIRO conseguiu falar com o médico?; MONTEIRO diz que acertou com o médico para quarta feira (28/09/2005), já para fazer a cirurgia; JULIO CESAR diz que

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chegou de viagem ontem a noite, que foi para salvador, que foi para uma reunião.......inaudível.......que também conversou com o pessoal da VIGILÂNCIA em Salvador; MONTEIRO diz que sabe; JULIO CESAR diz que acertou com eles; MONTEIRO diz que ele (?) deu entrada aqui no pedido de cancelamento, que já recolheu aqui as ARMAS; JULIO CESAR diz que fechou com eles, que está fechando com eles 35 ARMAS ; MONTEIRO diz hã, hã; JULIO CESAR diz que precisa ir aí para ........inaudível......umas coisas boas. Diz que ligou mesmo para - Diz que tem um primo e teve um problema junto com o pessoal da Polícia Federal de São Paulo, ele trouxe um material de computador, umas peças; MONTEIRO diz "sei, sei"; JULIO CESAR diz que "aí, foi pego ele, aí levaram ele (Primo de JULIO CESAR) para Justiça aquelas coisas toda né, aí passou o dia lá deu depoimento tudo, é um trocadozinho para ele (Primo de JULIO CESAR); MONTEIRO diz que sabe; JULIO CESAR diz que ele vai responder processo, pergunta se isso fica no prontuário daí (Polícia Federal); MONTEIRO pergunta se isso foi feito em São Paulo ou aqui?; JULIO CESAR diz que foi feito em NATAL ; MONTEIRO diz que então fica lá em NATAL, mas se consultar o Sistema Nacional, aí vai acusar que ele (Primo de JULIO CESAR) está respondendo INQUÉRITO; JULIO CESAR pergunta se ele (Primo JULIO CESAR) precisar ir para o Rio de Janeiro agora, que ele (Primo JULIO CESAR) está com um problema de uma Prima doente; MONTEIRO diz que ele (Primo JULIO CESAR) pode viajar que não tem impedimento de viajar, se não houver nenhuma ordem judicial no sentido, ele (Primo JULIO CESAR) não pode é sair do País, mas pode viajar e não tem bronca não; JULIO CESAR pergunta se pelo CPF tem como consultar alguma coisa aí?; MONTEIRO diz que pode consultar o sistema, mas as meninas foram almoçar aí são elas que mexem nesse sistema. Não sei se vai servir para isso aí, mas eu (MONTEIRO) tenho um sistema aqui que olha e ver se está respondendo inquérito, se não tá; JULIO CESAR pede que anote o CPF dele (Primo JULIO CESAR) aí , diz que liga mais tarde para ver alguma coisa; MONTEIRO pede que diga qual o CPF?; JULIO CESAR diz 670.459.364-00, diz que vai ter que passar aí (DELESP - DPF) a tarde para dá entrada naquela documentação aí ver com ele (MONTEIRO); MONTEIRO diz "deixa eu te falar, eu (MONTEIRO) falei com o médico Dr. ROBERTO aí ele (Dr. ROBERTO) acertou a parte dele (Dr. ROBERTO), e eu (MONTEIRO) falei com aquele ESPÓSITO (fonético) para acertar a parte do HOSPITAL ; JULIO CESAR diz "certo"; MONTEIRO diz "aí veja só, é o HOSPITAL lá, parece, eu (MONTEIRO) tenho que resolver isso, ela vai mandar um fax e tal, eu (MONTEIRO) tenho que resolver, porque lá (HOSPITAL) o pagamento é diferente né? Eu (MONTEIRO) tenho que pagar para o cara. Aí eu (MONTEIRO) tava te perguntando assim aquela parte lá do?"; JULIO CESAR interrompe diz "certo eu sei"; MONTEIRO diz "da assessoria porque me ajuda"; JULIO CESAR diz "a gente vê, a gente vê isso hoje, eu vou pra aí hoje e agente ver"; MONTEIRO diz "porque aí já vai servir para parte do HOSPITALAR"; JULIO CESAR diz "eu vou pra aí hoje à tarde"; MONTEIRO diz que "a outra lá ele combinou comigo metade, metade"; JULIO CESAR pergunta "foi?"; MONTEIRO diz "foi"; JULIO CESAR diz "a gente vê também, a gente dá uma força lá, naquele negócio........inaudível......também ; MONTEIRO diz "beleza"; JULIO CESAR diz "se tiver alguma notícia aí, ligue no meu celular, que eu (JULIO CESAR) vou ver se consigo passar aí, lá para TRÊS E MEIA ou QUATRO HORAS"; MONTEIRO diz "pronto, eu (MONTEIRO) estou te esperando aqui então" - DESPEDIDAS. JULIO CESAR X MONTEIRO - 27/09/05, 15:01:15, 81 9977.3749: JULIO CESAR pergunta se MONTEIRO está na Empresa (DPF)?; MONTEIRO diz que só vai está daqui a meia hora, que está resolvendo um problema externo aqui, aí acha que em 40 (quarenta) minutos vai está por lá; JULIO CESAR diz que está com o documento para entregar a ele (MONTEIRO); MONTEIRO pergunta que horas ele (JULIO CESAR) pode ir lá?; JULIO CESAR diz que está chegando aqui no escritório da Empresa; MONTEIRO pergunta se ele (JULIO CESAR) está na João de Barros?; JULIO CESAR diz que sim, que está chegando aqui agora; MONTEIRO diz que pode passar por aí (João de Barros), por que está aqui no ARRUDA, e quando for para PF passa aí (João de Barros); JULIO CESAR concorda; MONTEIRO diz "prontoJÚLIO CESAR, por seu turno, ao ser interrogado (fls. 225/228 e fls. 1236), aduziu, resumidamente, que:* a acusação não era verdadeira;* conhecia MONTEIRO das tratativas burocráticas, mas sem qualquer relação mais próxima;* não pagou qualquer valor a MONTEIRO nem custeou sua cirurgia;* apenas deu o número e endereço do médico que fez sua cirurgia;

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* a empresa mudou de sede por força de ação de despejo;* não apresentou pedido para renovar o certificado e a autorização de funcionamento a tempo porque estava desmotivado;* não sabe se MONTEIRO tinha conhecimento de que a empresa estava funcionando, apesar dos vencimentos;* a primeira fiscalização da DELESP na CONDORES ocorreu em 09/2006;* encontrou com MONTEIRO no estacionamento em virtude de pressa e de não poder estacionar lá.Em suma, o acusado negou genericamente as acusações, todavia o fez de forma totalmente inverossímil e contrária à prova dos autos.Por exemplo, a tese de que JÚLIO CESAR não tinha estreita relação com MONTEIRO não se sustenta, bastando rever não só o teor, mas a quantidade de ligações telefônicas estabelecida entre ambos, cujos conteúdos, até porque já transcritos, dispensam maiores comentários.E mais: o fato de JÚLIO CESAR admitir que a CONDORES só veio a sofrer fiscalização em 2006 só veio a reforçar o fato de que, apenas com a saída de MONTEIRO, tal empresa deixou de ser ilicitamente acobertada.Ainda no esteio da tipificação, entendo necessário fazer um breve esclarecimento. É bem verdade que a acusação imputou a JÚLIO CESAR o cometimento do delito de corrupção ativa qualificada, perpetrado por duas vezes, em continuidade delitiva (art. 333, parágrafo único, do CPB, c/c art. 71, do CPB) e o de violação de sigilo funcional (art. 325 do CPB), ambos em concurso material (Art. 69 do CPB).Todavia, compulsando a prova dos autos, os tipos penais em abstrato (art. 333, parágrafo único, do CPB e art. 325 do CPB) e os fatos efetivamente comprovados, entendo que a conduta de JÚLIO CESAR melhor se amolda ao crime previsto no art. 333, parágrafo único, perpetrado por três vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB) e justifico.Consoante já fartamente delineado, MONTEIRO recebia periodicamente quantias em dinheiro e vantagens indevidas dos empresários do ramo de segurança privada em troca de favores escusos, o que aconteceu, inclusive, com relação a JÚLIO CESAR.Pois bem.Como se viu em relação a tal acusado, MONTEIRO também recebeu quantias para que prestasse "favores", identificando-se, em relação a JÚLIO CESAR, ao menos, três:

* manter a empresa funcionado apesar do vencimento da autorização de funcionamento e do certificado de segurança;* alterar o endereço da empresa sem autorização da DELESP;* receber informações privilegiadas sobre as fiscalizações antes de sua ocorrência.Ora, dentro do panorama anunciado e comprovado nos autos, pode-se dizer que o derradeiro "favor" - obter informações privilegiadas sobre as fiscalizações antes de sua ocorrência - por JÚLIO CESAR também foi "prestado" em virtude do pagamento de propina, logo, a conduta melhor se amolda ao delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB do que ao delito previsto no art. 325 do CPB e justifico.O art. 325 do CPB pune o agente que revela fato de que tem ciência em razão do cargo, sem que haja a previsão de assim ter agido em virtude de almejar o recebimento de vantagem indevida. Bem por isto, o aludido tipo penal prevê penas muito mais brandas (06 meses a 02 anos) do que o tipo previsto no art. 333 do CPB (02 anos a 12 anos).Em resumo, o tipo previsto no art. 325 do Código Penal pode ser considerado subsidiário, de modo que somente se configura caso a mesma conduta não se enquadre em delito mais grave, como se observa nos autos, em que o ato melhor se amolda à previsão do art. 333, parágrafo primeiro, do CPB, ante a efetiva entrega de vantagem financeira ao agente público.Em outras palavras, tendo JÚLIO CESAR efetivamente pago pela informação privilegiada que recebeu, tem-se que perpetrou o delito de corrupção ativa, que pune mais severamente aquele que age oferecendo vantagem indevida do que aquele que se beneficia com quebra de sigilo funcional em razão de mera relação de amizade, por exemplo.Em suma, mediante o pagamento de propina, JÚLIO CESAR obteve três "favorecimentos" por parte de MONTEIRO, todos cometidos nas mesmas circunstancias de lugar, tempo e outras semelhantes.

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Portanto, entendo comprovado nos autos que JÚLIO CESAR, de modo consciente e voluntário, em pelo menos três oportunidades distintas, valeu-se dos préstimos de MONTEIRO, mediante o pagamento de vantagens indevidas, para que este acobertasse uma série de irregularidades na empresa CONDORES, cometendo assim o delito previsto no art. 333, parágrafo único (corrupção ativa), c/c art. 71 (continuidade delitiva), ambos do CPB.2. CÁSSIO FRANCISCO LEMOS DE ALMEIDA: Segundo a acusação, CÁSSIO LEMOS, na condição de representante das empresas MÚLTIPLA e A VIGILÂNCIA, mantivera vínculo bastante estreito com MONTEIRO e, em conluio com este, pagando-lhe propina, viabilizou uma série de irregularidades, resumidas em tais tópicos:* a empresa A VIGILÂNCIA estava em processo de extinção e, para concluir transação de compra e venda de armas, CÁSSIO precisava publicar a extinção de suas atividades, o que foi viabilizado por MONTEIRO, que atuou fora de sua competência, , mediante o pagamento de propina, agilizando o trâmite em Brasília;* esclarecimento inverídico no sentido de que todas as armas da empresa se encontravam na sede da DELESP, a fim de dar celeridade ao processo de cancelamento, embora parte das armas estivessem em Petrolina e não em Recife, informação esta que possibilitou que o cancelamento da autorização de funcionamento fosse publicada antes da arrecadação de todas as armas, contrariando previsão normativa;* compra e venda irregular de armas.Vejamos se, de fato, foi o que restou comprovado nos autos.De fato, pelo apurado nos autos, inferiu-se que a empresa A VIGILÂNCIA, que tinha por responsável CÁSSIO, estava em fase de encerramento de atividades.CÁSSIO, na ocasião do encerramento da A VIGILÂNCIA, tinha sido o encarregado pela negociação das armas, a qual, todavia, somente poderia ser iniciada após o cancelamento formal da empresa e a respectiva publicação do cancelamento no órgão oficial.Diante de tal necessidade, CÁSSIO valeu-se dos "serviços" de MONTEIRO que, em troca do recebimento de propina, agilizou o processo de cancelamento, inclusive efetuando ligação para o órgão central em Brasília, que era o responsável pelo arremate. Na sequência, MONTEIRO conseguiu que o cancelamento da empresa fosse publicado no Diário Oficial de 13/10/2005, o que viabilizava a negociação das armas.É o que se infere dos áudios interceptados, especificamente dos diálogos registrados em 15/09/2005, 27/09/2005 e 17/10/2005 (Relatório, fls. 325/327 do IPL):CASSIO (81 3493.1291) X MONTEIRO 15/09/05, 18:00:52, 81 9977.3749: CASSIO diz que ele mesmo falou com a "ESSENCIAL" (ALMIR) e eles disseram que estão precisando e vão fazer o pedido (compra das armas). MONTEIRO diz que ele (ALMIR) vai comprar da "MEGA" (outra empresa encerrada). CASSIO diz que ALMIR vai comprar uma parte da "MEGA". MONTEIRO diz que são 77 e é tudo o que ela tem. CASSIO diz que ele (ALMIR) perguntou quanto era a dele (de CASSIO) e ele disse que era R$ 600,00 mas foi baixando e ficou em R$ 500,00 e quando saiu, o JUNIOR (da empresa TEMPLE EL SHADDAI) ligou de lá pedindo o nome da empresa para por no requerimento e comenta, ou ele topou os R$ 500,00 ou pelo menos os R$ 450,00 já está fechado, se ele topar. E termina dizendo: "viu?. MONTEIRO responde: "tá legal". Em seguida diz que disse para ele (JUNIOR) que tinha 93 aí (na Polícia Federal) e está chegando as outras lá de Petrolina. MONTEIRO diz que o menino entregou a ele aquele documento. CASSIO diz que está pedindo (não conclui). Passam a falar sobre quem deve dar autorização para transferência das armas de Petrolina por via aérea, se o exército ou a polícia federal porque o pessoal da Varig disse que precisa de uma autorização. CASSIO pergunta a MONTEIRO sobre o cancelamento (da empresa A VIGILANCIA). Diz que o ALMIR (ESSENCIAL) tinha dito a ele: "rapaz, porque você não fala com o Sérgio lá em Brasília e tal..?", em seguida diz: "mas, esse cara vai querer cobrar um dinheiro né?". MONTEIRO responde: "é... O que ele vai cobrar é tipo um acompanhamento do processo né? Agora veja bem, o que a gente pode fazer é tentar sem necessidade de falar com esse cara. É. Apronto tudo aqui, a gente manda esse processo prá lá e justifica". CASSIO o interrompe perguntando se ele ainda está na polícia, MONTEIRO diz que já saiu e prossegue dizendo pode encaminhar esse processo prá lá e não vai ter problema nenhum. MONTEIRO diz ainda que teve olhando a

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legislação e vai ter que fazer um termo de recebimento das armas, com todas elas num documento só e vai precisar só de uma assinatura e manda tudo para Brasília e vai ficar pressionando para que saía o mais rápido possível. CASSIO diz que ele (representante da ESSENCIAL) precisa dia 10 de outubro (das armas), mas ele tem um outro lote para assumir no dia primeiro de novembro então de qualquer maneira ele vai precisar. MONTEIRO diz que ele vai ter que correr atrás dos dois pedidos. Tanto do da "MEGA" quanto do cancelamento. MONTEIRO diz que acha até muito difícil, que tinha que haver uma grande influência e estava até comentando com (nome não entendido) que o CASSIO devia ir de avião prá lá, que ele (pessoa que citou) ligou e sugeriu isto e ele (MONTEIRO) não ia dizer que não. MONTEIRO diz que então vêem a estratégia depois que der entrada e depois que mandar. A gente fica pressionando lá prá sair logo o cancelamento. CASSIO pergunta se ficou bom o preço. MONTEIRO diz que ficou ótimo e diz que quem está correndo atrás de pegar uma armazinha dessa é o cara da "SIMAS" (ALEXANDRE), mas que ele não tem dinheiro para comprar. Diz ainda que o menino já assinou o documento transferindo as armas para a "ESSENCIAL". Comenta que ele já deve ter pego a metade do dinheiro porque ele (DELANO) não vai assinar um documento sem ter pego o dinheiro. CASSIO pergunta se MONTEIRO está falando de ADELANDO (fonético). MONTEIRO confirma. Após MONTEIRO dizer que a "ESSENCIAL" está desesperada por estas armas, instrui CASSIO para que ele segure esse preço dos R$ 500,00 porque eles estão muito desesperados. CASSIO diz que o pretenso comprador tinha dito que ia de manhã (na Polícia Federal) para olhar essas armas. MONTEIRO diz que ia ver se tinha alguém lá prá mostrar e ia ver, já que se tratava de armas semi-novas ia ver se desenrolava isto se não tivesse ninguém. CASSIO comenta que isso não é obrigação de MONTEIRO. MONTEIRO diz que se não tiver ninguém ele vai tentar lá no setor para ver se consegue, porque estas armas não estão lá (na sala da DELESP) as da "MEGA" ao contrário das (armas) de CASSIO que estão lá (na sala), as outras estão no cofre. CASSIO fala: "mas é aquela base que eu te falei viu?" MONTEIRO: "não, tranquilo..."CASSIO X MONTEIRO - 27/09/05, 11:22:53, 81 9977.3749: CASSIO pergunta se o processo de baixa da empresa A Vigilância está em Brasília?; MONTEIRO diz que está em Brasília, que foi pra lá; CASSIO pergunta se teria como ele (CASSIO) ligar para lá para dá uma pressa, ou não seria bom?; MONTEIRO diz que não tem problema pergunta se CASSIO está com o número do protocolo em mãos, porque olha aqui e ver com quem está, diz que veja que já está abrindo aqui o sistema; CASSIO pergunta se é um número grande?; MONTEIRO diz que é 08400; CASSIO diz que é o 084000278392005/15; MONTEIRO diz 002, em seguida diz que está com MARTA, por coincidência está com data de hoje para ela (MARTA), diz que MARTA é o nome da pessoa lá (BRASÍLIA) que está com esse processo, aí pode ligar para falar com ela; CASSIO pergunta se ela (MARTA) é Delegada?; MONTEIRO diz que deve ser estagiária ou Agente, não tem aqui dizendo qual é a atividade dela, só tá com o nome dela MARTA; CASSIO pergunta se MONTEIRO tem o ramal dela?; MONTEIRO diz que vai pegar o telefone, diz que é 3311.8021, diz que quem atender pedir para falar com MARTA e dizer que é um processo de cancelamento, dizer o número ou o nome da Empresa; CASSIO pergunta se o DDD é 61?; MONTEIRO diz que sim; CASSIO diz que vai ligar para lá agora; MONTEIRO (muda de assunto) pergunta se CASSIO falou com o cara?; CASSIO diz que falou; MONTEIRO pergunta "e ele (?)"; CASSIO diz que ele (?) falou que foi uma pessoa que teve aí (DPF), porque foi presa uma mercadoria e dentro dessa mercadoria que foi preso tinha um NOTE BOOK e ela veio aí (DPF) para ver se conseguia liberar. Sim mas vi varias vezes e disse "não eu estou botando o carro aqui, para ir à RECEITA, para não pagar zona azul"; MONTEIRO diz "há, sim"; CASSIO diz "aí, entra estaciona e vai lá na RECEITA correndo e volta" ; MONTEIRO diz "há , tudo bem, tá jóia, diz que é estranho, eu vi ele saindo do plantão, né, eu não vi ele vindo lá da rua"; CASSIO ri, diz "tranqüilo". Despedidas. CASSIO (81 9606.1862) X MONTEIRO - 17/10/05, 09:13:11, 81 9977.3749: CASSIO diz que saiu a publicação lá da A VIGILÂNCIA da baixa; MONTEIRO pergunta se ele (CASSIO) sabe quando?; CASSIO diz "está aqui, na minha mão"; MONTEIRO pergunta se sabe a data da publicação, para ir anotando aqui, para ir providenciando, pergunta se é no Diário Oficial?; CASSIO diz que foi no Diário Oficial do dia 13/10/2005 - treze de outubro; MONTEIRO diz que já vai dando uma olhada aqui, pergunta se tem a página?; CASSIO diz que 30 (página trinta); MONTEIRO diz que já vai tirar uma cópia aqui, que já pode o pessoal solicitar a compra das ARMAS; CASSIO diz "tá bom"; MONTEIRO diz que vai fazer o possível; CASSIO diz que vai

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ligar para o pessoal; MONTEIRO diz "pronto, beleza bicho"; CASSIO diz que "valeu"; MONTEIRO diz que tá ótimo, valeu CASSIO; CASSIO diz "tchau"; MONTEIRO diz "tchau um abraço amigo".Mas não foi só.Também para viabilizar o processo de cancelamento da A VIGILÂNCIA, em prol de CÁSSIO e mediante o recebimento de propina, MONTEIRO fez constar falsamente no feito que todas as armas da aludida empresa estavam na DELESP, quando, na realidade, parte delas se encontrava em Petrolina, conforme se inferiu dos diálogos interceptados em 16/09/2005 (Relatório, fls. 327/328 do IPL):CASSIO (81 3223.0578) X MONTEIRO - 16/09/05, 15:40:08, 81 9977.3749: CASSIO pergunta se o carimbo chegou. MONTEIRO diz que chegou e já carimbou. CASSIO diz que mandou buscar (as armas - vide ligação de 15/09/2005 às 18:00:52) lá em Petrolina e o cara disse que não entrega de jeito nenhum. Que não tem polícia, não tem juiz não tem ninguém que pegue, que estão na casa dele. MONTEIRO diz que se estiver na casa dele ele pode ser até preso. CASSIO diz que disse isso a ele mas acha que ele está mentindo e que estas armas devem estar no posto de segurança sendo utilizadas por outra empresa. MONTEIRO pergunta qual a empresa. CASSIO diz que é "EMPROTEG". MONTEIRO diz que tem uma denúncia com ele que ela estava no posto com arma e ela não tem arma para estar no posto. CASSIO pergunta se a Delegacia de Juazeiro/BA pode ir lá buscar essas armas. MONTEIRO dez que pode, já que CASSIO tem a procuração. MONTEIRO orienta como CASSIO deve fazer para solicitar o apoio da Polícia Federal. MONTEIRO pergunta onde é que estão as armas. CASSIO diz que em Petrolina. MONTEIRO comenta que: "agora, a merda é que eu coloquei no processo que tava aqui". CASSIO diz: "pois é, aí complica né?" e diz que vai tentar convencer esse cara a devolver. MONTEIRO orienta que CASSIO diga que vai fazer a comunicação por escrito a Polícia Federal e depois ele (MONTEIRO) liga prá lá diz que é da DELESP e quer confirmar se realmente as armas estão em poder dele para tomar providências e as medidas cabíveis. CASSIO pergunta se isso só será feito depois que ele falar com o cara. MONTEIRO confirma e orienta que CASSIO fale com ele e diga que vai comunicar a Polícia Federal que ele está com as armas e não quer devolver. MONTEIRO repete que CASSIO telefone e depois ele liga prá lá e faz essa pressão prá ele. MONTEIRO X GUILHERME - 19/10/05, 15:37:10, 81 3425.4048: MONTEIRO fala de suprimentos de fundos. Em seguida MONTEIRO pede um favor: "é que a empresa A VIGILANCIA encerrou a atividade dela, saiu até o cancelamento, e tinha um posto de serviço aí, e o rapaz que representava a empresa entregou as 7 (sete) armas aí em Juazeiro, ao Agente Davi Martins de Araújo Junior, e essas armas tem de vir pra cá, pra DELESP daqui". Guilherme pergunta se era posto em Petrolina. MONTEIRO pergunta a pessoa ao lado: "era posto em Petrolina? Era da CODEVASF, e ele fez a entrega aí, quem fez o documento de recebimento...". MONTEIRO pede pra quando vir pra Recife trazer essas armas. Guilherme diz que tá bom. Despedem-se.

MONTEIRO X CASSIO (81 9606.1862) - 26/10/05, 08:54:58, 81 9977.3749: (...)MONTEIRO diz que o delegado perdeu aquele papel com o nome do colega que recepcionou as armas da "A VIGILÂNCIA". Se CASSIO tem o nome. CASSIO diz que tem e que só quando voltar para a empresa. MONTEIRO diz que uma turma está querendo voltar hoje e vai trazer; quanto mais rápido melhor. Merece destaque ainda a atenção despendida por MONTEIRO no sentido de tomar várias providencias para efetivar a venda de armas de CÁSSIO, tendo o agente, inclusive, fugido totalmente de suas atribuições na medida em que passou até a cotar preços para o empresário e exercer pressão sob os potenciais vendedores/compradores do ramo, consoante se inferiu dos diálogos interceptados em 16/09/2005, 19/09/2005, 17/10/2005, 21/10/2005, 15/10/2005, 26/10/2005, 27/10/2005, 01/11/2005 (Relatório, fls. 329/334 do IPL).E mais.Nos autos também dormita a prova de que todos os "préstimos" de MONTEIRO para com CÁSSIO não foram oferecidos de graça.É que as interceptações realizadas também deram conta do pagamento de propina por parte de CÁSSIO a MONTEIRO, exatamente para que este viabilizasse as tratativas relativas ao fechamento da A VIGILÂNCIA e respectiva venda de armas, conforme se inferiu dos diálogos registrados em 29/09/2005, nos quais ambos acertam o recebimento de R$ 1.000,00 como pagamento (Relatório, fls. 339/340 do IPL).MONTEIRO X CASSIO (81 9606.1862) - 29/09/05, 09:16:46, 81 9977.3749 (EVENTO

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"AJUDA"): MONTEIRO diz que "é só para saber alguma notícia a respeito daquele..?"; CASSIO diz que "Banco fechou ontem, tudo em greve aqui em RECIFE"; MONTEIRO pergunta "foi mesmo cara"; CASSIO diz "foi"; MONTEIRO diz "caramba"; CASSIO diz "aí dei com o nariz na porta"; MONTEIRO pergunta "foi mesmo?"; CASSIO diz "foi, aí estou esperando agora dá 10:00 horas para ir lá ver se eu consigo"; MONTEIRO diz "tá jóia , tá jóia"; CASSIO diz que foi greve de advertência; MONTEIRO diz "poxa, aqui não ouvi falar nisso não"; CASSIO pergunta " aí (FORTALEZA) não teve não?" ; MONTEIRO diz que não sabe , porque passou o dia de casa para o hospital e sempre casa/hospital, diz que aí não está sabendo, diz que está indo para o hospital agora com ele; CASSIO diz que pegou todo mundo de surpresa; MONTEIRO diz quer "é cara, eu nem sabia" ; CASSIO diz que está esperando dá 10:00 horas para ir lá" ; MONTEIRO diz "não! Beleza, tá Jóia CASSIO, valeu amigão um grande abraço, tchau". DESPEDIDAS MONTEIRO X CASSIO - 30/09/05, 15:26:36, 81-9977-3749 (EVENTO "AJUDA"): (....) CASSIO pergunta como está o pai de MONTEIRO. MONTEIRO diz que está na sala de recuperação e que vai ver; que não saiu ninguém para falar nada; que veio buscar um material aqui para levar. CASSIO diz que teve uma greve dos bancos aqui, que lhe atrapalhou, mas depositou uma quantia para dá uma ajuda para MONTEIRO. MONTEIRO diz que tá beleza. CASSIO diz que esteve na delegacia (DELESP) para dá olhada no processo, mas a menina disse que sem você não vai a lugar nenhum, então não dei entrada; eu pensei em dá entrada por causa do protocolo. MONTEIRO pergunta se é o da revisão. CASSIO diz que é. MONTEIRO diz que era para dá entrada, quando eu chegar é só dá o parecer. CASSIO diz que ela (menina) disse sem MONTEIRO fica tudo parado aqui; fiquei até com medo de dá entrada e sumir; ela disse que você volta terça. MONTEIRO diz que sim. CASSIO pergunta se é melhor ir dá entrada. MONTEIRO diz se quiser dá entrada não tem problema não; que ela vai só aprontar deixar tudo em ordem, ver se está faltando alguma coisa. CASSIO diz que ela (menina) perguntou se tava tudo certo, se estava conferida a documentação. Eu perguntei se ela não tinha que conferir. MONTEIRO diz que ela é muito preguiçosa; que já pediu ao delegado para trocar, mas não tem com quem. Que se CASSIO quiser dá entrada, terça-feira ele está lá e quarta manda para Brasília. CASSIO diz que está bom. MONTEIRO diz que se ele (CASSIO) preferir dá entrada terça-feira de manhã cedo, ele (MONTEIRO) apronta, pega as assinaturas e tal. CASSIO diz que é melhor, que corre menos riscos, que tem uma pilha de documentos na mesa dela, depois ela mete no meio desses documentos aí. Terça-feira de manhã eu vou lá. MONTEIRO diz que está certo. CASSIO diz que de qualquer maneira só vai para Brasília quarta mesmo. MONTEIRO diz que só quarta-feira só; quando ele sai não fica ninguém lhe substituindo. CASSIO diz que vai abusar MONTEIRO na terça-feira lá. MONTEIRO diz que tá joia e pergunta quanto foi que CASSIO pode colaborar. CASSIO diz que colocou mil reais. MONTEIRO não entende e pergunta quanto. CASSIO confirma mil reais. MONTEIRO diz que valeu, que já vai deixar aqui com o pessoal. (marcam de se encontrarem na terça). Mas as condutas delituosas de CÁSSIO não foram apenas estas.Depois de viabilizar o afastamento de CÁSSIO ANDRÉ da empresa MÚLTIPLA, o agente MONTEIRO passou a interceder por CÁSSIO LEMOS junto às outras duas sócias: TÂNIA e NADJA. Tanto MONTEIRO fez que conseguiu fazer com que CÁSSIO LEMOS passasse a integrar a empresa MÚLTIPLA, ocupando o antigo lugar de CÁSSIO ANDRÉ.Nesse sentido, comprovam os diálogos interceptados em 04/10/2005, 07/11/2005 e 08/11/2005 (Relatório, fls. 342/346 do IPL), travados entre MONTEIRO e CÁSSIO; MONTEIRO e NADJA; e MONTEIRO e TÂNIA, os quais deixam evidente a influencia exercida pelo agente sobre as sócias da MÚLTIPLA em favor de CÁSSIO LEMOS.Doravante, vejamos o que se inferiu da prova testemunhal.Ouvido na condição de testemunha de acusação, CÁSSIO ANDRÉ (CD de fls. 917), o autor das primeiras denúncias contra MONTEIRO, cuidou de relatar todo o ocorrido, inclusive no que toca à sua saída de MÚLTIPLA, viabilizada por MONTEIRO, como forma de retaliação, senão vejamos:* confirma o depoimento prestado perante o DPF;* exercia função na empresa MÚLTIPLA;* quando havia necessidade de solicitar alguma coisa para a empresa, entrava em contato com MONTEIRO;* MONTEIRO lhe solicitou R$ 600,00 para ajudar ao Centro Espírita;* não houve o pedido da prestação de qualquer favor para que a testemunha doasse os R$ 600,00;* no dia em que MONTEIRO lhe solicitou a quantia, ambos estavam tratando da

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compra e venda de armas;* já havia apresentado o pedido formalmente, mas estava demorando;* na ocasião, a testemunha foi questionar a MONTEIRO o porquê da demora no processo de envio para Brasília;* foi nessa conversa, nesse exato contexto, que MONTEIRO lhe solicitou a quantia para doação;* na ocasião, a testemunha não tinha esse valor e por isso não deu;* a própria testemunha enviou, via SEDEX, os documentos para Brasília;* depois, diante de outras solicitações, a testemunha deu R$ 300,00;* houve uma insistência por parte de MONTEIRO e a testemunha pagou R$ 600,00, tudo dentro do mesmo período;* chegou a freqüentar o Centro Espírita Djalma Farias a convite de MONTEIRO antes desse pedido;* tinha como costume fazer doações desse tipo;* desde os 10 anos de idade, freqüenta centros espíritas;* a doação de R$ 600,00 foi feita através da empresa;* MONTEIRO depois pediu novamente doação em dinheiro para o Dia das Crianças;* a empresa, todavia, doou bicicletas;* doou novamente como representante da empresa;* já ouviu comentários de que MONTEIRO fazia os mesmos pedidos a outras empresas, mas não pode afirmar, sendo possível afirmar apenas o que aconteceu consigo;* da primeira vez em que MONTEIRO lhe pediu os R$ 600,00, a testemunha informou que não tinha e disse que falaria com seus sócios;* disse a MONTEIRO que manteria contato;* depois MONTEIRO insistiu e a testemunha se sentiu pressionada;* MONTEIRO disse a testemunha que ela tinha assumido um compromisso em relação à ajuda e ele (MONTEIRO) estava precisando;* em face da pressão, deu a MONTEIRO a metade do valor, ou seja, R$ 300,00;* depois ficou sabendo que seus sócios mandaram a outra metade, ou seja, mais R$ 300,00;* quando mandou entregar inicialmente R$ 300,00, MONTEIRO, ao receber a quantia, ligou para a testemunha dizendo que aquele valor não havia sido o acordado;* mandou a quantia de R$ 300,00 por GERALDO;* depois GERALDO lhe contou que MONTEIRO, ao receber apenas a metade, teria ficado bastante chateado e exaltado;* posteriormente, MONTEIRO mandou um ofício para a empresa de segurança da qual a testemunha era sócio pedindo sua retirada do quadro, em virtude de a testemunha ser investigado em inquérito policial;* chegou a conclusão de que MONTEIRO fez isso em retaliação à testemunha, que, na época, tinha enviado apenas a metade do valor;* a prática que ouvia falar era a de que MONTEIRO solicitava propina aos empresários e não o inverso;* de fato, o Centro Espírita Djalma Farias promoveu a festa do Dia das Crianças, onde as bicicletas foram distribuídas.GERALDO FERREIRA DOS SANTOS (CD de fls. 917), por seu turno, também ouvido como testemunha de acusação, afirmou que:* confirma o depoimento prestado no DPF;* trabalhou na MULTIPLA SEGURANÇA;* CÁSSIO LEMOS era um dos sócios;* CÁSSIO LEMOS, de vez em quando, lhe encarregava de levar documentos na DELESP;* teve contado com MONTEIRO;* foi lhe entregar um envelope;* recebeu o envelope a CÁSSIO LEMOS e não sabia o que havia dentro;* CÁSSIO LEMOS disse que era para entregar o envelope a MONTEIRO;* na hora em que recebeu o envelope, MONTEIRO não abriu;* confirma que recebeu R$ 300,00 de CÁSSIO LEMOS para entregar a MONTEIRO;* não lembra se comentou com CÁSSIO LEMOS sobre a reação de MONTEIRO quando recebeu o envelope;* MONTEIRO sempre foi cordial no tratamento, sempre atendendo a todos dentro da lei;* quando MONTEIRO recebeu o envelope, não deu a testemunha nenhum documento;As sócias da empresa MÚLTIPLA também foram ouvidas como testemunhas de acusação e seus depoimentos foram bastante relevantes no sentido de comprovarem a

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influência exercida por MONTEIRO quando da substituição de CÁSSIO ANDRÉ por CÁSSIO LEMOS.NADJA MARGOT GUSMÃO ROCHA (CD de fls. 929), ao ser indagada sobre os fatos, afirmou que:* conhece CÁSSIO ANDRÉ DOS SANTOS NASCIMENTO;* CÁSSIO era sócio da empresa MÚLTIPLA SEGURANÇA;* CÁSSIO saiu da empresa porque sua forma de atuar era muito diferente da dos demais sócios;* conheceu MONTEIRO quando da formação da empresa;* MONTEIRO prestava orientação profissional, sempre direcionada à demanda levada pela empresa;* MONTEIRO nunca cobrou nada pelas orientações prestadas;* nunca prestou nenhuma doação a centro espírita dirigido por MONTEIRO;* MONTEIRO não influenciou na retirada de CÁSSIO da empresa;* CÁSSIO saiu da empresa porque tinha uma agressividade de mercado incondizente com o perfil da empresa;* as orientações de MONTEIRO eram relacionada às normas legais e regulamentares;* com a saída de CÁSSIO ANDRÉ, a testemunha e a sócia remanescente quiseram repassar a empresa, que ficou cheia de dívidas;* procuraram, então, a Polícia Federal para saber como poderiam fazer a "negociação";* foi aí que conheceram CÁSSIO LEMOS (réu), que era um dos candidatos para a compra da empresa;* CÁSSIO LEMOS já era do ramo de segurança privada;* procuraram, então, saber como havia sido o comportamento de CÁSSIO LEMOS para verificar se deveriam ou não repassar a empresa a ele;* procurou MONTEIRO para "chegar junto" e perguntar se era o momento de vender a empresa e se CÁSSIO LEMOS tinha competência para dar andamento aos negócios;* MONTEIRO disse que continuasse com a negociação com CÁSSIO LEMOS;* não sabe se MONTEIRO era amigo de CÁSSIO LEMOS;* não sabe se CÁSSIO ANDRÉ fez denúncias contra MONTEIRO no DPF.TÂNIA MARIA LIMA BARBOSA (CD de fls. 929), apesar de apresentar versão um tanto quanto contraditória em relação à de NADJA e negar a influência de MONTEIRO quando firmaram sociedade com CÁSSIO LEMOS, deixou explícito que o agente a influenciou sim e que tinham um relacionamento estreito, perfeitamente capaz de viabilizar a persuasão de MONTEIRO em relação ao contato com CÁSSIO LEMOS.* conhece MONTEIRO;* o conheceu quando da abertura da empresa de segurança privada;* MONTEIRO sempre foi muito solícito e atencioso;* teve conhecimento de que MONTEIRO participava de um centro espírita através de CÁSSIO ANDRÉ;* nunca fez nenhuma doação a centro espírita;* CÁSSIO ANDRÉ foi sócio da empresa da testemunha;* CÁSSIO ANDRÉ foi sócio de apenas 5% e foi selecionado por NADJA;* nunca se aproximou muito de CÁSSIO ANDRÉ;* quando CÁSSIO ANDRÉ saiu da empresa, ninguém entrou em seu lugar;* CÁSSIO LEMOS não veio a ser sócio com a saída de CÁSSIO ANDRÉ;* CÁSSIO LEMOS entrou para comprar a empresa e não para ser sócio;* a testemunha e sua sócia ficaram perdidas em débitos e quiseram vender a empresa;* tiveram, então, a notícia de uma pessoa interessada em comprar a empresa, que era justamente CÁSSIO LEMOS;* marcaram uma reunião com CÁSSIO LEMOS e, aos poucos, foram analisando seu perfil para, só então, venderem a empresa;* não se recorda de ter imediata e especificamente ter ido procurar MONTEIRO para perguntar sobre CÁSSIO LEMOS;* perguntaram a MONTEIRO como proceder para vender a empresa;* não sabe dizer os motivos que levou CÁSSIO ANDRÉ a fazer denúncias contra MONTEIRO;* a saída de CÁSSIO ANDRE da empresa se deu quando a testemunha e sua sócia resolveram vender a empresa, tendo perguntado a ele (CÁSSIO ANDRÉ) se queria comprar e ele não quis;* nunca foi pressionada por MONTEIRO para fazer a transferência para CÁSSIO LEMOS;

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* MONTEIRO nunca solicitou qualquer prestação ou doação pelas informações que prestava.As testemunhas de defesa indicadas por CÁSSIO, por seu turno, não trouxeram aos autos qualquer esclarecimento relevante, quiçá que tivesse o condão de afastar as certezas até então sinalizadas.EVERALDO SOARES DA SILVA (fls. 1044/1052), testemunha de defesa (CÁSSIO LEMOS):* trabalhou na empresa A VIGILÂNCIA de 1998 a 2005;* CÁSSIO LEMOS era o gerente administrativo;* não tem conhecimento de que CÁSSIO LEMOS vendia armas;* não conhece MONTEIRO.JOSÉ INÁCIO DA SILVA (fls. 1044/1052), testemunha de defesa (CÁSSIO LEMOS):* trabalhou na A VIGILÂNCIA de 2003 a 2005;* CÁSSIO LEMOS era gerente da empresa;* CÁSSIO LEMOS não vendia ou comprava armas;* não conhece MONTEIRO.CÁSSIO, por seu turno, ao ser interrogado (fls. fls. 393/384 e fls. 1236), aduziu, resumidamente, que:* não vendeu nenhuma arma antes de cancelar a empresa formalmente;* chegou a emprestar R$ 1.000,00 a MONTEIRO, que lhe pediu para dar como caução de internação hospitalar de seu pai;* MONTEIRO pagou a quantia emprestada;* depois que fechou a A VIGILÂNCIA, passou a ser dono da MÚLTIPLA;* MONTEIRO não pressionou as donas TÂNIA e NADJA para que o aceitassem como sócio.* É amigo das donas até hoje. * ratifica o depoimento prestado no DPF, exceto quando afirmou que o valor da venda de armas da A VIGILÂNCIA seria destinada a MONTEIRO.Em suma, o acusado negou genericamente as acusações, todavia o fez de forma totalmente inverossímil e contrária à prova dos autos.Por exemplo, a tese de que a quantia de R$ 1.000,00 para a MONTEIRO não se tratou de propina mas de inocente "empréstimo" não se sustenta diante das interceptações já referidas.Do mesmo modo, também não procede a tese de que MONTEIRO jamais influenciou as donas da MÚLTIPLA para aceitarem CÁSSIO como sócio, inclusive diante das declarações das duas, que foram arroladas como testemunhas de acusação, nos moldes acima reproduzidos.Por fim, é de causar, no mínimo, estranheza o fato de CÁSSIO ter reiterado todo o depoimento prestado perante o DPF e, apenas no trecho que admitia o destino escuso do valor da venda das armas, retificá-lo. Indaga-se: teria o acusado "se confundido" apenas nessa parte? A tese de inocência simplesmente não procede, merecendo destaque, isto sim, a primeira versão apresentada no DPF, segundo a qual CÁSSIO LEMOS admitia o pagamento, a MONTEIRO, da vantagem.Portanto, entendo comprovado nos autos que CÁSSIO LEMOS, de modo consciente e voluntário, perpetrou, pelo menos por duas vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB), o delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB, bem como o delito previsto no art. 17 da Lei n.º 10.826/2003, ambos em concurso material (art. 69 do CPB).3. NILSON MIRABEU SALVADOR JÚNIOR: Segundo a acusação, NILSON, na condição de representante da empresa TEMPLE EL SHADDAI, teria se valido dos "préstimos" de MONTEIRO, mediante pagamento de propina, para:* manter a empresa TEMPLE EL SHADDAI funcionando apesar do vencimento da autorização de funcionamento;* receber informações privilegiadas;* fazer uso indevido das armas da empresa TEMPLE EL SHADDAI pela empresa GATE.Vejamos se, de fato, foi o que restou comprovado nos autos.Após a saída de MONTEIRO do cargo que ocupava, inferiu-se que a empresa TEMPLE EL SHADDAI, de fato, encontrava-se em atividade apesar da autorização de funcionamento estar vencida desde abril de 2003, conforme se infere dos documentos de fls. 21/23 do anexo I do IPL em apenso. Apesar da irregularidade, ou seja, apesar de a empresa TEMPLE EL SHADDAI continuar funcionando sem a validade de tal autorização, não foi autuada por MONTEIRO, que simplesmente não a fiscalizava, fazendo "vista grossa" de tal irregularidade graças ao recebimento de propina para por NILSON.

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Mas não foi tudo.Em julho de 2005, NILSON abriu nova empresa, qual seja, a GATE. Todavia, omitiu seu nome no quadro societário, fazendo constar o nome de seu cunhado BRUNO EUSTÁQUIO RIBEIRO DE OLIVEIRA e o vigilante OEVERSON LIMA DE OLIVEIRA, utilizados como "laranjas" e acobertados por MONTEIRO.Nesse sentido, foi o depoimento de FLÁVIO CRUZ DA SILVA, que repousa às fls. 157/158 do anexo II do IPL.Da mesma forma, a ligação entre as empresas TEMPLE EL SHADDAI e GATE, bem como a fraude na constituição da segunda, são eventos que se tornam ainda mais evidentes diante do fato de OEVERSON constar no rol de vigilantes daquela e ser sócio desta.E mais.Apesar de ainda não ter autorização para adquirir armas de fogo, a GATE, para quem foram transferidos os postos de vigilância da TEMPLE EL SHADDAI, passou a fazer uso indevidamente das armas desta, que na época encerrara apenas informalmente suas atividades, acobertada, também, por MONTEIRO, graças ao fato de NILSON lhe pagar propina também para essa segunda articulação.Enfim, da prova colacionada, inferiu-se que NILSON se comprometeu e pagou, de forma periódica, vantagens indevidas a MONTEIRO com a finalidade de este viabilizar a manutenção das irregularidades narradas em relação à TEMPLE EL SHADDAI e à GATE.Nesse sentido, não foram poucos os diálogos travados entre NILSON e MONTEIRO, oportunidade na qual este cobrava ao empresário pelo "compromisso" assumido, aduzindo que já se passavam dois meses sem que NILSON honrasse o tal acordo e que, caso não o fizesse, "parariam por aqui", merecendo destaque as interceptações telefônicas gravadas em 21/09/2005, 05/10/2005, 10/10/2005 (Relatório, fls. 349, IPL), nas quais, inclusive, NILSON justifica o atraso sob o argumento de que estava "acochado" (sem dinheiro).Mais adiante, no dia 17/10/2005, em outra conversa telefônica, NILSON pergunta quanto tempo levaria para a aquisição da arma da empresa cancelada, tendo MONTEIRO respondido que o prazo era de 30 dias, oportunidade na qual o empresário indaga se "naquele sistema nosso pessoal lá" não seria mais rápido, tendo o agente respondido que sim.E novamente, em 21/10/2005, MONTEIRO volta a exigir o pagamento de propina sob rótulo "compromisso" a NILSON, chegando a dizer que preferia receber em dinheiro a receber em cheque, o que torna evidente a periodicidade do pagamento de vantagens ilícitas por parte de NILSON em troca dos préstimos escusos do agente (Relatório, fls. 351/352, IPL).E, de fato, dentre os documentos apreendidos em razão do implemento das medidas de busca e apreensão efetivadas, estavam incluídos comprovantes de depósitos realizados precisamente nos dias 19/10/2005 e 21/10/2005, conforme se infere das fls. 285 do anexo I do IPL, o que não deixa dúvida quanto ao pagamento de propina por parte de NILSON.Mas não foi só.MONTEIRO, em função das vantagens recebidas por NILSON, cuidava ainda de alertar a este quando da realização de fiscalização da TEMPLE EL SHADDAI e na GATE, conforme também se inferiu das interceptações realizadas, sobretudo, nos dias 07/11/2005 e 08/11/2005 (Relatório, fls. 353/354, IPL).Em decorrência do alerta, a fiscalização implementada não logrou o êxito esperado, encontrando apenas uma irregularidade, qual seja, a utilização irregular de arma de fogo, o que ensejou a lavratura de auto de constatação de infração. Porém, também em virtude da intervenção de MONTEIRO, tal auto foi, literalmente, "engavetado" e assim permaneceu até sua saída da DELESP, quando finalmente teve o encaminhamento devido.Na sequencia da fiscalização, novamente NILSON e MONTEIRO fizeram tratativas, tendo o agente pedido novamente que o empresário honrasse com seus "compromissos", entregando o "documento", que era justamente o montante devido, consoante se infere dos trechos interceptados nos dias 10/11/2005 e 16/11/2005 (Relatório, fls. 356/358, IPL).Novamente, analisando aos extratos bancários referentes às contas de MONTEIRO, verifica-se a existência de depósitos de valores (R$ 200,00 e R$ 300,00) nas datas correspondentes aos diálogos referidos, conforme se infere das fls. 76/78 e fls. 84/88 do processo n.º 2005.83.00.016501-1, o que só vem a fortalecer o

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pagamento de propina por parte de NILSON em troca dos préstimos do agente.Vejamos o que se inferiu da prova testemunhal.AUGUSTO CESAR SIQUEIRA SOUTO (CD de fls. 917), ouvido na condição de testemunha de acusação, só veio a confirmar, além das condutas escusas de MONTEIRO, que a propriedade da GATE era camuflada, ao aduzir que:* é policial federal;* quando assumiu o setor, depois da saída de MONTEIRO, estava tudo um caos;* deu conta de várias empresas estavam funcionando com os alvarás vencidos há vários anos, da inexistência de fiscalização, de empresas utilizando armas de terceiros, armas "frias", dentre outras complicações;* não sabe como tudo chegou aquele ponto;* dentre as irregularidades, lembra de um auto de infração de cancelamento de empresa assinado por MONTEIRO que não havia sido protocolado e estava no fundo de uma gaveta;* é comum a existência de empresas com nomes de "laranjas";* sobre a GATE Vigilância, lembra que o "dono" formalmente falando era apenas um vigilante, tratando-se, portanto, de "laranja";* chegou a ouvir comentários de que MONTEIRO recebia doações para um centro espírita;* em certa ocasião, quando estavam efetuavam medidas de fiscalização e busca em uma empresa clandestina, a DRAGÕES VIGILÂNCIA, recorda-se que o dono da empresa, JOÃO BATISTA, ligou pessoalmente para MONTEIRO, na frente de todos, dizendo que a equipe dele (MONTEIRO) estava lá;* a testemunha, então, indagou a JOÃO BATISTA por que ele havia ligado para MONTEIRO e ele explicou que já havia dado entrada em um processo para regularizar a empresa com MONTEIRO e até então o feito estava "encostado";* a testemunha, então, informou ao dono da empresa que MONTEIRO já não trabalhava mais na DELESP;BRUNO EUSTÁQUIO RIBEIRO DE OLIVEIRA (CD de fls. 929), testemunha de acusação, de forma ainda mais veemente, demonstra que NILSON era o proprietário de fato da GATE, fato conhecido, inclusive, por MONTEIRO:* conhece MONTEIRO;* a testemunha era sócio da GATE Vigilância;* confirma o depoimento prestado no DPF;* no ato de abertura da empresa, pegou um documento com os procedimentos orientando a abertura;* a TEMPLO EL SHADAI é de propriedade de seu cunhado;* é cunhado de JÚNIOR (NILSON);* JÚNIOR (NILSON) tinha participação não formal na GATE;* sua função era dar instruções;WASHINGTON SOARES CAMPOS JÚNIOR (CD de fls. 929), também ouvido como testemunha de acusação, afirmou que:* é Policial Federal;* confirma o depoimento prestado no DPF;* conhece MONTEIRO;* chegou a ver MONTEIRO recebendo representantes de empresas de vigilância privada no estacionamento do DPF;* não sabe nada sobre o Centro Espírita Djalma Farias;* quando MONTEIRO saiu da DELESP, a testemunha verificou a necessidade de sanar irregularidades;* confirma o que disse perante o DPF sobre a empresa GATE, TEMPLO EL SHADAI e CONDORES;* é possível que algum funcionário forneça telefone celular particular a empresário e, eventualmente, esclareça alguma questão através deste;Vejamos o que afirmaram as testemunhas de defesa.JAIR PEDRO DE LIMA (fls. 1044/1052), testemunha de defesa de NILSON, aduziu que:* trabalhou na empresa GATE;* trabalhou lá de 2006 a 2007;* o proprietário da empresa era BRUNO;* era supervisor;* costumava levar documentos na Polícia Federal;* nunca viu NILSON tratar com MONTEIRO sobre qualquer coisa;* costumava estar presente quando os policiais federais iam fiscalizar a empresa;

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* nunca viu ou ouviu qualquer solicitação de vantagem;* recebia os documentos de BRUNO e levada para o protocolo no DPF;* não conhece NILSON e nunca o viu na GATE.MARCOS AURÉLIO DE OLIVEIRA (fls. 1044/1052), testemunha de defesa de NILSON, aduziu que:* trabalhou na TEMPLE EL SHADAI de 2002 a 2007;* era gerente administrativo;* conhece NILSON, que era o dono da empresa;* nunca presenciou NILSON oferecendo qualquer vantagem a qualquer funcionário da DELESP;* muitas vezes foi à DELESP levar documentações;* tais documentos eram entregues no setor de protocolo;* conhece MONTEIRO;* nunca ouviu NILSON conversando com MONTEIRO sobre o oferecimento de qualquer valor para a obtenção de algo;* sabe que a empresa entregou cestas básicas ao Centro Espírita Djalma Farias;* sabe que MONTEIRO participava de um centro espírita;* depois da TEMPLE EL SHADAI, criou-se a GATE;* trabalhou apenas na TEMPLE EL SHADAI;* não teve conhecimento se NILSON também era o dono da GATE.Como se verifica, as testemunhas de defesa querem fazer crer que NILSON não era o real dono de fato da GATE. Ora, em primeiro passo, é de inferir-se que tal negativa, ainda que considerada verdadeira, não afasta as certezas quanto ao pagamento de propina por parte de NILSON a MONTEIRO para que cuidasse dos negócios escusos da TELMPLE EL SHADDAI, empresa pela qual era responsável.Em outras palavras, ainda que NILSON não fosse o responsável também pela GATE, tal fato não ilidiria as condutas delituosas já mencionadas perpetradas por ele.Em segundo passo e afastando totalmente a veracidade das alegações das testemunhas de defesa, é de ver-se que o próprio NILSON (fls. 395/396 e fls. 1236) admitiu que era o real dono da GATE, tendo colocado BRUNO para fazer parte da empresa apenas por possuir restrições comerciais.E mais.O próprio BRUNO, ouvido na condição de testemunha de acusação, cujo depoimento foi reproduzido acima, afirmou que NILSON compunha a GATE informalmente, o que torna ainda mais evidente a falta de veracidade das afirmações de JAIR.Enfim, as testemunhas de defesa não tiveram o condão de afastarem as certezas quanto à autoria e materialidade delitiva atribuídas a NILSON, nos moldes já explicitados.Nesse diapasão, válido verificar o que disse NILSON quando interrogado (fls. 395/396 e fls. 1236):* a GATE não utilizou armas da TEMPLE EL SHADAI;* nenhuma fiscalização foi informada com antecedência por MONTEIRO;* não se recorda do auto de infração lavrado contra a GATE;* não pediu a MONTEIRO que intercedesse em relação a tal auto;* já fez doações ao Centro Espírita Djalma Farias;* o termo "compromisso" referido nas interceptações telefônicas deveria se referir a alguma taxa em atraso;* não sabe do que se trata o termo "documento";* pediu a BRUNO que abrisse a empresa GATE porque estava com restrições cadastrais.Como se verifica, o acusado negou genericamente as acusações, todavia o fez de forma totalmente inverossímil e contrária à prova dos autos, todas já devidamente destacadas neste ato.Ainda no esteio da tipificação, entendo necessário fazer um breve esclarecimento. É bem verdade que a acusação imputou a NILSON o cometimento do delito de corrupção ativa qualificada, perpetrado por duas vezes, em continuidade delitiva (art. 333, parágrafo único, do CPB, c/c art. 71, do CPB) e o de violação de sigilo funcional (art. 325 do CPB), ambos em concurso material (Art. 69 do CPB).Todavia, compulsando a prova dos autos, os tipos penais em abstrato (art. 333, parágrafo único, do CPB e art. 325 do CPB) e os fatos efetivamente comprovados, entendo que a conduta de NILSON melhor se amolda ao crime previsto no art. 333, parágrafo único, perpetrado por três vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do

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CPB) e justifico.Consoante já fartamente delineado, MONTEIRO recebia periodicamente quantias em dinheiro e vantagens indevidas dos empresários do ramo de segurança privada em troca de favores escusos, o que aconteceu, inclusive, com relação a NILSON.Pois bem.Como se viu em relação a tal acusado, MONTEIRO também recebeu quantias para que prestasse "favores", identificando-se, em relação a NILSON CESAR, ao menos, três: * manter a empresa TEMPLE EL SHADDAI funcionando apesar do vencimento da autorização de funcionamento;* receber informações privilegiadas;* fazer uso indevido das armas da empresa TEMPLE EL SHADDAI pela empresa GATE.Ora, dentro do panorama anunciado e comprovado nos autos, pode-se dizer que o derradeiro "favor" - obter informações privilegiadas sobre as fiscalizações antes de sua ocorrência - por NILSON também foi "prestado" em virtude do pagamento de propina, logo, a conduta melhor se amolda ao delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB do que ao delito previsto no art. 325 do CPB e justifico.O art. 325 do CPB pune o agente que revela fato de que tem ciência em razão do cargo, sem que haja a previsão de assim ter agido em virtude de almejar o recebimento de vantagem indevida. Bem por isto, o aludido tipo penal prevê penas muito mais brandas (06 meses a 02 anos) do que o tipo previsto no art. 333 do CPB (02 anos a 12 anos).Em resumo, o tipo previsto no art. 325 do Código Penal pode ser considerado subsidiário, de modo que somente se configura caso a mesma conduta não se enquadre em delito mais grave, como se observa nos autos, em que o ato melhor se amolda à previsão do art. 333, parágrafo primeiro, do CPB, ante a efetiva entrega de vantagem financeira ao agente público.Em outras palavras, tendo NILSON efetivamente pago pela informação privilegiada que recebeu, tem-se que perpetrou o delito de corrupção ativa, que pune mais severamente aquele que age oferecendo vantagem indevida do que aquele que se beneficia com quebra de sigilo funcional em razão de mera relação de amizade, por exemplo.Em suma, mediante o pagamento de propina, NILSON obteve três "favorecimentos" por parte de MONTEIRO, todos cometidos nas mesmas circunstancias de lugar, tempo e outras semelhantes.Portanto, entendo comprovado nos autos que NILSON, de modo consciente e voluntário, em pelo menos três oportunidades distintas, valeu-se dos préstimos de MONTEIRO, mediante o pagamento de vantagens indevidas, para que este acobertasse uma série de irregularidades na empresa TEMPLE EL SHADDAI, cometendo assim o delito previsto no art. 333, parágrafo único (corrupção ativa), c/c art. 71 (continuidade delitiva), ambos do CPB.4. CRISTIANO MEDEIROS LIMA: Segundo a acusação, CRISTIANO, na condição de representante da empresa SIMAS, teria se valido dos "préstimos" de MONTEIRO, mediante pagamento de propina, para:* alterar endereço da SIMAS sem autorização prévia da DELESP;* obter ofícios declarando a regularidade da empresa com a finalidade de participar de licitações sem que tal fato fosse verdade.Vejamos se, de fato, foi o que restou comprovado nos autos.Inicialmente, ou seja, quando da autorização de funcionamento da SIMAS, os sócios eram JOSÉ DE ALENCAR ARAÚJO FILHO, funcionário da SENA, e JOSÉ ALEXANDRE BRITO LIRA.Posteriormente, o quadro societário foi alterado, passando CRISTIANO a integrá-lo.Pois bem.Durante as investigações, sobretudo após a implementação das interceptações telefônicas, inferiu-se que, assim como ocorreu em relação aos outros acusados, também existia ligação bastante particular entre MONTEIRO e CRISTIANO, os quais apresentam grande intimidade nas conversas telefônicas.Enfim, dentre as conversas captadas, comprovou-se CRISTIANO também participava do esquema criminoso consubstanciado no pagamento de vantagens indevidas, tratadas como "documento", em troca de favores e facilidades junto a DELESP por intermédio de MONTEIRO.

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Dentre os favores prestados, restaram elucidados pelos diálogos interceptados MONTEIRO fornecendo orientações indevidas a CRISTIANO, omitindo-se na lavratura de autos de constatação de infração e expedindo ofícios cujo teor buscava burlar proibição expressa da Coordenação Geral de Segurança Privada - no sentido de que não era possível o fornecimento de certidão de regularidade por parte de empresa -, tudo mediante o pagamento de propina, condutas que caracterizam o crime de corrupção ativa por parte de CRISTIANO. Conforme se infere do certificado de segurança de fls. 56 do anexo II do IPL, emitido em 28/07/2005, a SIMAS estava autorizada a funcionar na Rua Dr. José Augusto Moreira, Casa Caiada, Olinda, sendo certo que em caso de mudança de endereço a empresa deveria solicitar prévia autorização à DELESP, a quem cabe analisar a adequação das instalações físicas, permitindo ou não a instalação da empresa no novo local.Apesar de tal imposição, a empresa SIMAS, sem autorização prévia da DELESP, promoveu a mudança de endereço de suas instalações, fato do conhecimento de MONTEIRO, que nada fez a respeito.Ao contrário, procurado por CRISTIANO, que demonstrava preocupação com a irregularidade conhecida, face à proximidade de procedimento licitatório de seu interesse, MONTEIRO o orientou a declarar o antigo endereço, enquanto não protocolasse o procedimento para regularização do endereço e obtivesse a necessária autorização.A omissão do agente, como visto em relação aos outros acusados, só pode ser atribuída ao recebimento de vantagem indevida por parte de CRISTIANO.Merece ainda destaque consulta feita ao sistema do DPF (SIAPRO/SISVIP), da qual se infere que a empresa SIMAS somente deu entrada no requerimento para alteração de endereço no dia 27/09/05 (fls. 35/75 do anexo do IPL). Na cadência dos préstimos de MONTEIRO, o processo foi concluído, expedindo-se o competente certificado de segurança, no lapso de apenas 15 dias (fls. 52 do anexo II do IPL), sem que sequer tenha sido realizada a necessária vistoria nas instalações físicas, o que se depreende do termo de vistoria em branco que integra o processo (fls. 71 do anexo I do IPL).Mas, como já visto, tais "préstimos" não vinham de graça. Nesse diapasão, infere-se dos autos os telefonemas realizados nas datas de 01/08/2005, 19/09/2005/ 23/09/2005, 26/09/2005, 27/09/2005, 03/11/2005 e 09/11/2005 (Relatório, fls.361/364, IPL), através dos quais CRISTIANO e MONTEIRO fazem os acertos para a entrega de "um documento". Para tal entrega, CRISTIANO, inclusive, diz querer conversar com o agente num local mais reservado. Na sequência, CRISTIANO diz que vai passar na Polícia Federal para entregar o "documento" e MONTEIRO pede para que avise quando estiver chegando para que ele o espere no estacionamento da SR/DPF/PE. Ressalte-se que, conforme já amplamente verificado em relação aos outros agentes, o termo "documento" é utilizado para fazer menção, de forma velada, ao pagamento de vantagem pecuniária. Mas não foi só.Das provas colacionadas, descortinou-se outra irregularidade praticada por MONTEIRO em favor de CRISTIANO consistente na expedição de ofícios por meio do qual atestava a regularidade da SIMAS, bem como que a empresa encontrar-se-ia apta a participar de licitações, em contrariedade à determinação da Coordenação Geral de Segurança Privada - CGSP mencionada no documento de fls. 228 do IPL, do qual MONTEIRO tinha total conhecimento.As interceptações registraram MONTEIRO informando a CRISTIANO da irregularidade de tal procedimento, orientando-o a questionar por meio de ofício acerca da situação da empresa, justificando assim a expedição de ofício da DELESP, em resposta ao documento protocolado, atestando sua regularidade.Entre os documentos apreendidos (fls. 28/33 do anexo I do IPL) identificaram-se os ofícios expedidos com tal intento, acompanhados das correspondentes solicitações.Registre-se, ainda, o teor dos ofícios de fls. 30/31 do IPL, de mesma numeração, o que torna ainda mais evidente o interesse de MONTEIRO em auxiliar a SIMAS em procedimento licitatório, contrariando, como dito, determinação da CGSP. O descumprimento de determinação da Coordenação Geral deve-se, consoante já mencionado, ao recebimento de vantagens indevidas. É o que se infere do diálogo realizado em 01/09/2005 (Relatório, fls. 365, IPL).

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CRISTIANO (SIMAS SEGURANÇA - 81 8894.7256) X MONTEIRO - 01/09/05, 09:43:49, 81 9977.3749: CRISTIANO trata o alvo por "bonitão". CRISTIANO pede para o alvo tirar um extrato das pendências que ele tem na Polícia Federal (DELESP). O alvo diz que está em Fortaleza e só volta segunda-feira. O interlocutor diz que tem pressa porque está perdendo licitações. O alvo diz que ele só tem pendente a revisão que já "foi embora" e o que falta é a mudança de endereço, mas que para licitação é só citar o mesmo endereço que não tem problema. O alvo pergunta se já tinha dado a certidão. CRISTIANO confirma. O alvo diz que Brasília proíbe a expedição de certidão, mas ele a fez através de ofício e que o CRISTIANO pode usar este ofício tranquilamente. Vejamos o que se inferiu da prova testemunhal.JAMERSON JOSÉ BEZERRA NEVES (CD de fls. 929), ouvido na condição de testemunha de acusação, afirmou que* confirma o depoimento prestado no DPF;* trabalhava para a empresa SIMAS;* não havia relação entre a empresa SIMAS e a SENA;* conhece MONTEIRO;* quando precisava de algum documento ou informação, procurava MONTEIRO;* quando fez ligação para MONTEIRO, era para tirar dúvidas;* não havia propriamente consultoria.Como se infere, a aludida testemunha não trouxe nada relevante aos autos.SEVERINO NUNES (fls. 1044/1052), ouvido na condição testemunha de defesa de CRISTIANO, por seu turno, afirmou que:* trabalha com CRISTIANO na SIMAS;* trabalham juntos desde 2004;* trabalha no setor financeiro;* uma vez estava lá e viu chegar um pessoa da polícia federal para "olhar" a empresa;* não conhece MONTEIRO;* já foi entregar um envelope no DPF;* não sabe o que estava dentro do envelope;* entregou em uma sala e sem protocolo;* não conhece ALMIR;* nunca viu ALMIR no DPF;* nunca levou documento em nome da ESSENCIAL ao DPF;* foi apenas uma vez no DPF levar o envelope.A derradeira testemunha, por sua vez, também não trouxe nada que tivesse o condão de afastar as certezas já colhidas nos autos, sobretudo após as interceptações telefônicas já mencionadas. Aliás, ao afirmar a entrega de envelope na DELESP sem protocolo só veio a conformar as tratativas escusas entre MONTEIRO e CRISTIANO em benefício da SIMAS.Por fim, válido verificar o que disse CRISTIANO quando interrogado (fls. 395/396 e fls. 1236):* a acusação não era verdadeira;* tratava de assuntos burocráticos na DELESP com MONTEIRO;* nunca entregou qualquer tipo de vantagem a MONTEIRO;* não se recorda se o certificado de fls. 52 do anexo II do IPL foi emitido antes ou depois da mudança de endereço da SIMAS;* não sabia que MONTEIRO não podia emitir declarações atestando a regularidade da empresa para participar de licitação;* não havia nenhum motivo especial para o encontro com o agente no pátio do DPF;* o termo de vistoria certamente está em branco porque não foi feita a vistoria.Como se verifica, o acusado negou genericamente as acusações, todavia o fez de forma totalmente inverossímil e contrária à prova dos autos, todas já devidamente destacadas neste ato.Nesse sentido, merece destaque o fato de CRISTIANO ter afirmado não saber se o certificado de vistoria da SIMAS foi emitido antes ou depois da alteração de endereço, o que permite a conclusão de que indiretamente o acusado admitiu a hipótese de ter alterado de endereço sem prévia vistoria. Tanto é que, ao final do interrogatório, chegou a admitir a não realização de vistoria, o que justificaria o fato de o termo respectivo estar em branco.Portanto, entendo comprovado nos autos que CRISTIANO, de modo consciente e voluntário, em pelo menos duas oportunidades distintas, valeu-se dos préstimos de MONTEIRO, mediante o pagamento de vantagens indevidas, para que este

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acobertasse uma série de irregularidades na empresa SIMAS, cometendo assim o delito previsto no art. 333, parágrafo único (corrupção ativa), c/c art. 71 (continuidade delitiva), ambos do CPB.5. ALMIR CRUZ DE FARIAS FILHO: Segundo a acusação, ALMIR, na condição de representante da empresa ESSENCIAL VIGILÂNCIA, teria se valido dos "préstimos" de MONTEIRO, mediante pagamento de propina, para:* viabilizar a transferência de armas de fogo de forma irregular entre empresas.

Vejamos se, de fato, foi o que restou comprovado nos autos.ALMIR, como já dito, é vinculado à empresa ESSENCIAL, autorizada desde 16/06/1999. Posteriormente, foi solicitada pela empresa a autorização para modificação dos atos constitutivos no sentido de incluí-lo no quadro societário.Consoante se depreendeu das interceptações telefônicas realizadas e conversas estabelecidas entre MONTEIRO e CÁSSIO, bem como da consulta ao SISVIP, a ESSENCIAL adquiriu armas de fogo da empresa MEGA, então já cancelada, venda autorizada mediante publicação em diário oficial no dia 14/10/2005, conforme se infere das fls. 96 do anexo II do IPL.Porém, em virtude da necessidade operacional decorrente de contrato celebrado, a ESSENCIAL vinha também negociando armas de fogo de propriedade da empresa A VIGILÂNCIA, de propriedade CÁSSIO, arrecadadas quando do encerramento da empresa, as quais encontravam-se na DELESP sob os cuidados de MONTEIRO.Conforme já demonstrado, o agente vinha auxiliando CÁSSIO a negociar as armas da A VIGILÂNCIA com o intuito de receber vantagem indevida consistente em participação nas vendas. Foi o que se inferiu, por exemplo, das conversas telefônicas gravadas em 15/09/2005, 16/09/2005 e 19/09/2005 (Relatório, fls. 367/369, IPL):CASSIO (81 3493.1291) X MONTEIRO 15/09/05, 18:00:52, 81 9977.3749: CASSIO diz que ele mesmo falou com a "ESSENCIAL" (ALMIR) e eles disseram que estão precisando e vão fazer o pedido (compra das armas). MONTEIRO diz que ele (ALMIR) vai comprar da "MEGA" (outra empresa encerrada). CASSIO diz que ALMIR vai comprar uma parte da "MEGA". MONTEIRO diz que são 77 e é tudo o que ela tem. CASSIO diz que ele (ALMIR) perguntou quanto era a dele (de CASSIO) e ele disse que era R$ 600,00 mas foi baixando e ficou em R$ 500,00 e quando saiu, o JUNIOR (da empresa TEMPLE EL SHADDAI) ligou de lá pedindo o nome da empresa para por no requerimento e comenta, ou ele topou os R$ 500,00 ou pelo menos os R$ 450,00 já está fechado, se ele topar. E termina dizendo: "viu?. MONTEIRO responde: "tá legal". Em seguida diz que disse para ele (JUNIOR) que tinha 93 aí (na Polícia Federal) e está chegando as outras lá de Petrolina. MONTEIRO diz que o menino entregou a ele aquele documento. CASSIO diz que está pedindo (não conclui). Passam a falar sobre quem deve dar autorização para transferência das armas de Petrolina por via aérea, se o exército ou a polícia federal porque o pessoal da Varig disse que precisa de uma autorização. CASSIO pergunta a MONTEIRO sobre o cancelamento (da empresa A VIGILANCIA). Diz que o ALMIR (ESSENCIAL) tinha dito a ele: "rapaz, porque você não fala com o Sérgio lá em Brasília e tal..?", em seguida diz: "mas, esse cara vai querer cobrar um dinheiro né?". MONTEIRO responde: "é... O que ele vai cobrar é tipo um acompanhamento do processo né? Agora veja bem, o que a gente pode fazer é tentar sem necessidade de falar com esse cara. É. Apronto tudo aqui, a gente manda esse processo prá lá e justifica". CASSIO o interrompe perguntando se ele ainda está na polícia, MONTEIRO diz que já saiu e prossegue dizendo pode encaminhar esse processo prá lá e não vai ter problema nenhum. MONTEIRO diz ainda que teve olhando a legislação e vai ter que fazer um termo de recebimento das armas, com todas elas num documento só e vai precisar só de uma assinatura e manda tudo para Brasília e vai ficar pressionando para que saía o mais rápido possível. CASSIO diz que ele (representante da ESSENCIAL) precisa dia 10 de outubro (das armas), mas ele tem um outro lote para assumir no dia primeiro de novembro então de qualquer maneira ele vai precisar. MONTEIRO diz que ele vai ter que correr atrás dos dois pedidos. Tanto do da "MEGA" quanto do cancelamento. MONTEIRO diz que acha até muito difícil, que tinha que haver uma grande influência e estava até comentando com (nome não entendido) que o CASSIO devia ir de avião prá lá, que ele (pessoa que citou) ligou e sugeriu isto e ele (MONTEIRO) não ia dizer que não. MONTEIRO diz que então vêem a estratégia depois que der entrada e depois que mandar. A gente fica pressionando lá prá sair logo o cancelamento. CASSIO pergunta se

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ficou bom o preço. MONTEIRO diz que ficou ótimo e diz que quem está correndo atrás de pegar uma armazinha dessa é o cara da "SIMAS" (ALEXANDRE), mas que ele não tem dinheiro para comprar. Diz ainda que o menino já assinou o documento transferindo as armas para a "ESSENCIAL". Comenta que ele já deve ter pego a metade do dinheiro porque ele (DELANO) não vai assinar um documento sem ter pego o dinheiro. CASSIO pergunta se MONTEIRO está falando de ADELANDO (fonético). MONTEIRO confirma. Após MONTEIRO dizer que a "ESSENCIAL" está desesperada por estas armas, instrui CASSIO para que ele segure esse preço dos R$ 500,00 porque eles estão muito desesperados. CASSIO diz que o pretenso comprador tinha dito que ia de manhã (na Polícia Federal) para olhar essas armas. MONTEIRO diz que ia ver se tinha alguém lá prá mostrar e ia ver, já que se tratava de armas semi-novas ia ver se desenrolava isto se não tivesse ninguém. CASSIO comenta que isso não é obrigação de MONTEIRO. MONTEIRO diz que se não tiver ninguém ele vai tentar lá no setor para ver se consegue, porque estas armas não estão lá (na sala da DELESP) as da "MEGA" ao contrário das (armas) de CASSIO que estão lá (na sala), as outras estão no cofre. CASSIO fala: "mas é aquela base que eu te falei viu?" MONTEIRO: "não, tranquilo..." MONTEIRO X JUNIOR (81 9986.9375) - 16/09/05, 12:44:02, 81 9977.3749: MONTEIRO pede para falar com JUNIOR. JUNIOR diz que 2ª feira estará mandando o contrato. Pergunta então se ele conseguiu outro telefone e localizou o cara. Das armas. MONTEIRO diz que ele (possivelmente da empresa MEGA) esteve lá na polícia e o preço era aquele que ele estava fazendo para a "ESSENCIAL", que estava passando todas as armas para ESSENCIAL. MONTEIRO informa que tem outra empresa que pediu o cancelamento só que demora de 20 a 25 dias. JUNIOR pergunta se MONTEIRO sabe o preço e pergunta se ele pode intermediar dizendo: "olha, tem uma pessoa que quer comprar, mas só paga "x" entendeu? Aquilo que o senhor me deu opinião, entendeu?. MONTEIRO diz: "eu sei". E prossegue dizendo que o vendedor disse que as armas dele já estavam vendidas para a "ESSENCIAL" (77) porque a ESSENCIAL pegou o contrato do Banco do Brasil e ela está precisando urgente de armas e são cento e poucos. MONTEIRO informa que a outra empresa que vai ter armas para vender daqui a 25 dias é a "A VIGILÂNCIA" e ele pode fornecer o telefone para o JUNIOR entrar em contato com o encarregado de vender as armas. MONTEIRO fornece o número do telefone dele: "96061862 - CASSIO LEMOS". CASSIO (81 3493.1291) X MONTEIRO - 19/09/05, 11:45:04, 81 9977.3749: CASSIO diz que o homem está chamando ele (CASSIO) para fechar o negócio pelos 450 (quatrocentos e cinquenta); MONTEIRO pergunta qual homem?; CASSIO diz "ALMIR" (da empresa ESSENCIAL); MONTEIRO diz "ah, tá legal"; CASSIO diz que "agora ele (ALMIR) disse que tem que fazer o requerimento hoje"; MONTEIRO diz "tá certo, e o, o lance das armas que ficou no interior?" (em Petrolina); CASSIO diz "isso, eu vou buscar"; MONTEIRO diz "ah, vai"; CASSIO pergunta "eu preciso assinar alguma coisa, pra ele ?"; MONTEIRO pergunta "pra quem?"; CASSIO pergunta "pra ALMIR?"; MONTEIRO diz "precisa da informação da Vigilância, entendeu, de que é uma declaração, que eu te dou até o modelo, de que concorda com a transferência das armas da Empresa de Vigilância CNPJ tal e tal, para Empresa tal e relaciona as armas"; CASSIO diz "desde que ele me pague antes né?"; MONTEIRO diz "há mas é lógico"; CASSIO diz "certo, beleza"; MONTEIRO diz "aí pra você assinar esse documento , você tem que ter uma garantia né?"; CASSIO diz "beleza"; MONTEIRO diz "não é isso?, porque se não dá problema"; CASSIO pergunta se a declaração é em papel timbrado deles (Empresa de Vigilância); MONTEIRO diz que sim que é em papel timbrado da Vigilância, dizendo que concorda com a transferência das armas abaixo relacionadas, para empresa tal, entendeu?; CASSIO diz que sim, pergunta se MONTEIRO vai estar aí (DPF) a tarde?; MONTEIRO diz que sim, que de duas horas está por lá (DPF); CASSIO manda um abraço.Pois bem.De fato, posteriormente, um representante de ALMIR compareceu à DELESP e, em encontro com MONTEIRO, entregou ao agente a quantia de R$ 1.500,00 em decorrência do recebimento das armas (fls. 97/99 do anexo II do IPL). Aliás, tal encontro segue minuciosamente narrado nas informação 001/05, fls. 148/151, vol. 1, do processo 2005.83.00.012839-7, nas quais são narrados passos dos envolvidos, a presença de CÁSSIO na ocasião da entrega e o recebimento das armas.E mais.Os diálogos interceptados referentes a esse encontro, especificamente os realizados em 17/10/2005 (Relatório, fls. 369/370, IPL) também indicam com

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segurança a ocorrência de pagamento de propina ao policial por parte de ALMIR.CASSIO (81 9606.1862) X MONTEIRO - 17/10/05, 14:50:14, 81 9977.3749: CASSIO diz que o cara só tem condições de arrumar R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais); MONTEIRO lamenta e diz "caramba" ; CASSIO diz que o cara disse "que já gastou demais, ......que eu (CASSIO) ajude, que não sei o que, que tá liso, que tá desesperado". CASSIO teria argumentado com o cara que "não sei se vai dar certo não". CASSIO diz que o cara falou "rapaz vê o se tu (CASSIO) consegue aí pra mim, eu te arranjo. Não preciso nem pedir autorização. Diz que o cara perguntou se podia pegar isso hoje. CASSIO diz que falou que "hoje era impossível, que amanhã talvez" ; MONTEIRO diz "é, fecha em 2 (dois - se refere a R$ 2.000,00 - dois mil reais); CASSIO não entende?; MONTEIRO repete "fecha em dois"; CASSIO diz " é, né?"; MONTEIRO diz "é" ; CASSIO diz "mas, aí se você quiser, eu (CASSIO) não participo não rapaz, deixa para próxima. Pelo menos agente fecha um lado, entendeu?"; MONTEIRO diz "sei"; CASSIO diz "teu problema lá (se refere a necessidade de MONTEIRO em Fortaleza com o pai doente). Aí quando negociar as outras (possivelmente ARMAS) a gente ajeita" ; MONTEIRO diz "tá jóia"; CASSIO diz "se ele disse , esse daí , ele tá na mão, né?"; MONTEIRO diz " tá bom"; CASSIO diz "agora ele disse - olha, se ..........hoje, eu tô com tudo aqui certinho pra levar. CASSIO diz que falou para ele que "acha que hoje não dá não, mas amanhã" ; MONTEIRO diz que "rapaz olha é o seguinte, é só se for assim tipo 5 (cinco) horas" ; CASSIO pergunta se "hoje?"; MONTEIRO diz "sim" ; CASSIO diz "beleza" ; MONTEIRO ia continuar falando e a ligação cai. MONTEIRO X CASSIO (81 9606.1862) - 17/10/05, 15:34:04, 81 9977.3749: MONTEIRO pergunta se acabou a bateria?; CASSIO diz que foi, que estava no finzinho, mas falou com o cara. Tudo certo; MONTEIRO pergunta "quando que vem?"; CASSIO diz que hoje as 5 (cinco) horas que você falou"; MONTEIRO pergunta "mas me diga uma coisa, eles pagaram a taxa de banco tudo?"; CASSIO diz que pagaram e mostraram para ele (CASSIO); MONTEIRO pergunta "e vem com quem?"; CASSIO diz "eu vou"; MONTEIRO diz "há, é tu que vem pegar é?"; CASSIO diz "não , eu vou com ele (cara que está pagando ou representando o pagante dos R$ 1.500,00 - mil e quinhentos reais); MONTEIRO diz que "está bom então"; CASSIO diz "ouviu"; MONTEIRO diz "tá legal"; CASSIO diz que "beleza"; MONTEIRO diz "aí aqui não comenta nada né?"; CASSIO diz que "de jeito nenhum"; MONTEIRO diz "não, tudo bem, tá jóia , valeu"; CASSIO diz "tchau"; MONTEIRO diz "tá tchau". MONTEIRO X CASSIO (81 9606.1862) - 17/10/05, 20:00:15, 81 9977.3749: MONTEIRO pergunta se CASSIO ligou pra MONTEIRO. CASSIO diz que ligou pra saber se deu tudo certo. MONTEIRO diz que deu, conferiu, deu tudo certo o armamento, tudo legal. CASSIO pergunta se o negócio tava certo. MONTEIRO diz que "tá, lógico que tava". CASSIO diz que não confia naquele cara não. MONTEIRO diz que "tudo tranqüilo". MONTEIRO diz que CASSIO falou que foi aquele colega que tava ali do lado, né? CASSIO diz que foi. MONTEIRO fala "ah, tranqüilo, tá bom, tá jóia, valeu, brigadão". MONTEIRO diz que quem tava lá, ligou de novo, foi aquele menino lá, querendo comprar as armas, o ALEXANDRE, ligou novamente, mas eu disse pra ele pra ir amanhã, porque vou levar a menina para o médico e só vou chegar às 10 ou 11 horas da manhã, aí ele vai olhar, mas é aquele lance que eu te falei, tem de ter muito cuidado com ele porque ele não tem grana não, e é verdade aquele negócio que ele fez com CRISTIANO, que recebeu duas vezes, é pra alertar CASSIO que ele é meio 171. Enfim, as provas demonstraram que MONTEIRO, mediante o recebimento de propina paga por ALMIR, viabilizou a entrega das armas da A VIGILÂNCIA na mesma data das armas da empresa MEGA, independente de processo de autorização.Não por acaso, da análise dos extratos referentes à conta bancária de MONTEIRO junto ao Banco do Brasil (fl. 85 do processo 2005.83.00.016501-1), identificam-se três depósitos em seqüência, especificamente nos dias 21/10/05, 26/10/05 e 31/10/05, todos no valor de R$ 500,00, perfazendo o valor total de R$ 1.500,00, o que torna irrefutável o pagamento da propina nos moldes já aduzidos. Vejamos o que se inferiu da prova testemunhal.ALESSANDRO COSTA CAVALCANTI (fls. 1044/1052), ouvido na condição de testemunha de defesa de ALMIR, afirmou que:* trabalhou com ALMIR na ESSENCIAL de 2003 a 2007;* era gerente comercial;* levava documentos ao DPF;* entregava os documentos no protocolo;* sabe quem é MONTEIRO;

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* nunca entregou documentos pessoalmente a MONTEIRO;* MONTEIRO nunca lhe pediu vantagem financeira;* não sabe se ALMIR foi alguma vez ao DPF, pois quem ia era a testemunha.GLADSTONE BRITO LIMA JÚNIOR (fls. 1044/1052), também ouvido como testemunha de defesa, afirmou que:* trabalhou na ESSENCIAL;* era gerente de recursos humanos;* nunca viu MONTEIRO nas dependências da ESSENCIAL;* nunca foi ao DPF;* quem comparecia ao DPF para levar documentos era ou o pessoal do departamento operacional ou comercial;* não sabe se ALMIR foi alguma vez ao DPF, pois quem ia era a testemunha.Por seu turno, LUIZ GUSTAVO SOARES DE ALMEIDA (fls. 1044/1052), também como testemunha de defesa (ALMIR), afirmou que:* trabalhou na ESSENCIAL de 2004 a 2011;* era encarregado do departamento financeiro;* não conhece MONTEIRO;* não sabe dizer quem ia ao DPF para levar documentos;* não sabe informar se ALMIR levou algum dinheiro ao DPF.Como se infere, nenhuma das testemunhas trouxe nada relevante aos autos, quiçá que tivesse o condão de afastar as certezas quanto a autoria e materialidade delitiva dos fatos atribuídos a ALMIR.Enfim, válido verificar o que disse ALMIR quando interrogado (fls. 237/238 e fls. 1236):* não conhece MONTEIRO pessoalmente, nem houve intermediação desse na compra de armas da MEGA VIGILÂNCIA;* conhece CÁSSIO LEMOS, que lhe procurou para oferecer armas da VIGILÂNCIA, mas não fechou contrato com ele.Como se verifica, o acusado negou genericamente as acusações, todavia o fez de forma totalmente inverossímil e contrária à prova dos autos, todas já devidamente destacadas neste ato.Portanto, entendo comprovado nos autos que ALMIR, de modo consciente e voluntário, valeu-se dos préstimos de MONTEIRO, mediante o pagamento de vantagens indevidas, para adquirir armas de forma irregular em nome da empresa ESSENCIAL, cometendo assim o delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB (corrupção ativa).6 e 7. EVALDO NUNES DE SENA e JOSÉ DE ALENCAR DE ARAÚJO FILHO:Segundo a acusação, EVALDO e JOSÉ DE ALENCAR, na condição de representantes da empresa SENA, teriam se valido dos "préstimos" de MONTEIRO, mediante pagamento de propina, para:* obter assessoria irregular;* viabilizar a participar privilegiada em licitações.Vejamos se, de fato, foi o que restou comprovado nos autos.Consoante se inferiu dos autos, EVALDO é proprietário da empresa SENA, autorizada a funcionar desde 21/06/2000, ao passo que JOSÉ DE ALENCAR é gerente operacional da aludida empresa, admitido em 01/11/04.Após as interceptações e demais medidas implementadas, verificou-se que JOSÉ DE ALENCAR manteve relação estreita com MONTEIRO, fazendo a "ponte" entre o agente e EVALDO a fim de possibilitar o pagamento de propina ao policial.Válido lembrar que, anteriormente, JOSÉ DE ALENCAR integrou o quadro societário da SIMAS, de propriedade de CRISTIANO.Pois bem.Das provas colacionadas, restou comprovado que MONTEIRO solicitou vantagens indevidas para si e para terceiros, na condição de servidor público e principalmente chefe da DELESP, a EVALDO e ALENCAR, os quais atendiam às solicitações com o escopo de manter um tratamento privilegiado da empresa SENA junto a DELESP, bem como obter informações referentes a empresas concorrentes em certames licitatórios.Dentre os diálogos, merece destaque o que elucidou conluio existente entre JOSÉ DE ALENCAR e MONTEIRO, ocorrido em 12/09/2009 (Relatório, fls. 372/373, IPL), quando o gerente da SENA disse ao agente que desejava pedir um favor, indagando sobre a situação da empresa SIMAS, que, ao que tudo indica, estaria participando de uma licitação, também de interesse da SENA. Na cadência, MONTEIRO diz a JOSÉ DE ALENCAR que pode eliminar a SIMAS da licitação, fornecendo documento que

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comprove a incapacidade operacional da empresa para assumir o contrato, desde que receba vantagem pecuniária, proposta que foi aceita pelo gerente da SENA. Mas não foi só.Das interceptações, inferiu-se, ainda, que MONTEIRO solicitou a JOSÉ DE ALENCAR o pagamento de vantagens indevidas para fins de custear sua cirurgia de vasectomia, tendo o gerente acatado e passado a implementar esforços perante EVALDO para conseguir o pleito, conforme se infere dos diálogos travados em 22/09/2005 (Relatório, fls. 374/375, IPL).Também não foi tudo.Após a derradeira solicitação de propina, MONTEIRO solicitou e recebeu novamente vantagem indevida, desta feita negociando diretamente com EVALDO, conforme se infere dos diálogos travados em 21/10/2005, 24/10/2005 e 25/10/2005 (Relatório, fls. 375/376, IPL):ALENCAR X MONTEIRO - 21/10/05, 09:26:11, 81 9977.3749: ALENCAR pergunta se MONTEIRO falou com o homem. MONTEIRO diz que ele disse que ia se encontrar comigo, ia lá no Djalma (Centro Espírita) ontem e nem apareceu lá. ALENCAR diz que é por isso que está ligando, que ligou pra ele ontem e ele disse que estava indo lá hoje. MONTEIRO fala que ele não foi, nem telefonou, que cheguei lá na hora combinada e ele não apareceu. ALENCAR diz que então vai ligar novamente pra ele, deve ter acontecido algum imprevisto. MONTEIRO diz que está aperreado lá, bicho. ALENCAR chama MONTEIRO de BARÃO e fala que se não conseguir falar com ele, fala com PATRICIA (ANA PATRICIA DE SOUZA SENA, sócia da empresa e filha de EVALDO), porque quando falei com ele ontem que..., vai ter um curso aqui amanhã de MARIZ, né, até eu disse pra ele, cadê falou com MONTEIRO, aí ele disse marquei com ele hoje lá no Centro. MONTEIRO diz que tem de mandar esse negócio segunda-feira sem falta. ALENCAR fala: "Barão nem se preocupe, vou ligar para PATRÍCIA agora mesmo, aí quando eu tiver aí eu vou conversar contigo, que o negócio vai... tá começando a dar uma reviravolta". MONTEIRO diz que tá beleza, tá otimo. ALENCAR diz que o CESAR MARQUES vai lhe dar uma declaração, aí conversa com MONTEIRO pessoalmente, que vai se empenhar. MONTEIRO pede que fale com ele, que está um pouquinho tenso, porque segunda-feira eu estou encaminhando isso pra lá. ALENCAR diz que não se preocupe, que vai ligar agora mesmo para PATRICIA, e peço pra ele conversar com ela ou então ele ligar pra você. MONTEIRO diz que tudo bem. ALENCAR fala que tranqüilo, aí eu lhe dou o retorno. MONTEIRO X ALENCAR - 24/10/05, 10:00:34, 81 3425.4048: MONTEIRO pergunta se está difícil aquele negócio com o homem?; ALENCAR diz que não, diz que já manteve contato e que ia até ligar para ele (MONTEIRO) e que está só aguardando um retorno de PATRÍCIA; MONTEIRO diz "Ah! foi?"; ALENCAR diz que foi, e que não se preocupe que ele (ALENCAR) vai manter um contato mais tarde; MONTEIRO diz que tudo bem , e diz "é porque eu fiquei, como eu te falei, tinha que resolver isso (?) hoje, aí ele ia entrar em contato não apareceu nem nada, eu fiquei..."; ALENCAR diz que "não, não , não fique frio"; MONTEIRO diz "eu ligo pra lá, diz que ele (?) não está , Valéria não está , é impressionante" ; ALENCAR diz que "não, sexta feira ele (?) não tava não"; MONTEIRO diz "nem ela"; ALENCAR diz que parece que foi aniversário da mãe dele e que não tem certeza; MONTEIRO diz "Ah, foi?"; ALENCAR diz que foi, e que nem tava ele (?) , nem ..; MONTEIRO diz "é que o pessoal atende mal , eles dizem assim , espera aí que eu vou passar. Aí depois volta dizendo que não tá"; ALENCAR diz que uma vez ligou e passou quase oito minutos para atenderem um telefone lá; MONTEIRO diz que o pior é que dizem assim , espere aí que vou chamar , aí depois diz que não tá e a gente fica pensando que a pessoa mandou dizer que não tava, aí fica aquela dúvida, será que tava; ALENCAR diz "não se preocupe não BARÃO, ...inaudível ..... até aí com você"; MONTEIRO diz "tá bom"; ALENCAR diz "pode ficar tranqüilo"; MONTEIRO diz que "tá Jóia" ; ALENCAR diz "um abraço amigo". EVALDO SENA X MONTEIRO - 25/10/05, 11:53:11, 81 9977.3749: EVALDO diz que farrapou com MONTEIRO, que foi pra Paraíba e chegou meia-noite na quinta, mas pode se ver hoje ou amanhã. MONTEIRO pergunta se é sobre aquele assunto. EVALDO diz que é. MONTEIRO fala que teria uma certa urgência se EVALDO pudesse. EVALDO diz que hoje à tarde, depois de 3 e meia, 4 horas. MONTEIRO fala que pode ser. EVALDO diz que depois do almoço liga pra MONTEIRO, que vai ver com uma pessoa aqui, CLAUDIA, que vai almoçar com uns clientes e acha que 2 e meia já está na empresa no máximo estourando. MONTEIRO diz que aguarda a ligação de EVALDO. MONTEIRO X ALENCAR - 25/10/05, 12:32:21, 81 3425.4048: ALENCAR diz que deu beleza. MONTEIRO diz que "ele" (provavelmente EVALDO da SENA SEGURANÇA

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INTELIGENTE) ligou pra mim agora e disse que hoje a tarde ligava pra mim de novo. ALENCAR diz que pode ficar tranqüilo, que é só questão de vocês (MONTEIRO e EVALDO) se encontrarem, mas o negócio deu certo. MONTEIRO diz que tá legal. ALENCAR diz que naquela hora (que EVALDO falava com MONTEIRO ao telefone) ALENCAR estava com ele. MONTEIRO pergunta se ele disse quantos postos, se ia ser dois. ALENCAR diz que são 3 (três). MONTEIRO fala beleza. ALENCAR diz que o que você tinha solicitado, agora vai ser questão de operacionalização de implantação. MONTEIRO diz que ele hoje à tarde ligava pra MONTEIRO. ALENCAR diz que estava com ele, que foi com um pessoal numa reunião, num almoço, e 2 e meia, 3 horas estava aqui, que já falou com a supervisora dele, a CLAUDIA, pra agilizar isso aí. MONTEIRO pergunta se ALENCAR está em RECIFE. ALENCAR diz que está. EVALDO X MONTEIRO - 25/10/05, 16:25:45, 81 9977.3749: EVALDO diz que saiu do almoço, já era 3 horas e nem ligou pra MONTEIRO e foi para uma audiência na Justiça Federal, mas o material está lá com CLÁUDIA, o material lá da RELIQUIAS (fonético). MONTEIRO pergunta como faz pra receber. EVALDO diz que está chegando lá mais tarde ou então ver ALENCAR pra levar pra MONTEIRO. MONTEIRO diz que está sozinho e seu pessoal está empenhado numa missão e se tiver um portador que possa trazer o envelope. EVALDO pergunta se MONTEIRO conhece ALENCAR. MONTEIRO diz que conhece sim. EVALDO pergunta se pode pedir a ALENCAR para entregar. MONTEIRO diz que pode. MONTEIRO pergunta se PATRICIA falou com EVALDO a respeito de um... EVALDO diz que já falou com VILA NOVA e o Delegado e já providenciou tudo pra amanhã. MONTEIRO pergunta se ALENCAR vem hoje. EVALDO diz que vai mandar agora. ALENCAR X MONTEIRO - 25/10/05, 16:32:17, 81 9977.3749: ALENCAR chama de amigo e pergunta como é que faz. MONTEIRO pergunta se ALENCAR pode vir na DELESP. ALENCAR fala que está indo pra aí (DELESP). MONTEIRO diz que então está bom, que então espera ALENCAR. MONTEIRO fala: "diz que tu vem entregar envelope com documento, né". ALENCAR diz que tá ok, e fala: "mas eu tenho até um documento mesmo pra te entregar". ALENCAR diz que chegar aí eu chamo você, a gente conversa lá fora. Destaque-se que, em determinada passagem, EVALDO chega a perguntar se MONTEIRO confia que ele envie o "documento" por JOSÉ DE ALENCAR, tendo o agente dito que sim, o que torna ainda mais evidente o conluio e a ilicitude das condutas registradas.E mais.Nos autos também existe prova de que MONTEIRO, após orientar JOSÉ DE ALENCAR e EVALDO sobre o fato de uma empresa concorrente da SENA possuir irregularidade digna de denúncia, pediu "doações" para o Centro Espírita no mesmo contexto, o que torna evidente tratar-se de novo pleito de propina camuflada sob o título de doação.Foi o que se inferiu, sobretudo, das interceptações realizadas em 25/11/2005, 28/11/2005, 30/11/2005 e 01/12/2005 (Relatório, fls. 377/379).Vejamos o que se inferiu da prova testemunhal.IRENE MARIA CHAGAS (fls. 1044/1052), testemunha de defesa de EVALDO):* trabalha na SENA de 2004 a 2008;* exercia função no setor financeiro;* fazia os pagamentos da empresa;* a empresa SENA fazia doação de cestas básicas a entidades beneficentes;SUZANA BUCRECKAS (fls. 1044/1052), testemunha de defesa indicada por EVALDO, afirmou que:* trabalha na SENA desde 2005;* atualmente é gerente comercial;* tem atribuições de gerencia comercial, acompanhando procedimentos licitatórios, recursos, serviços, etc;* nunca viu dentro da empresa algum procedimento fora dos padrões, inclusive em relação a licitações;* não tem informações de que qualquer funcionário da DELESP tenha dado informações privilegiadas à SENA quando da participação em licitação;LUIZANDES BARRETO DA SILVA NEN (fls. 1044/1052), também testemunha de defesa de EVALDO, aduziu que:* é amigo de EVALDO há mais de 20 anos;* são amigos em virtude de um grupo espírita;* a divulgação da Doutrina Espírita se fundamenta basicamente na caridade;

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* é bastante comum a existência de doações feitas através de centros espíritas;* conhece o Centro Espírita Djalma de Farias;* todas as doações recebidas pelos centros espíritas são, geralmente, registradas internamente;* nunca ouviu falar da utilização do Centro Espírita Djalma de Farias como "fachada" para recebimento de verbas irregulares.INEZ ALVES DOS SANTOS (fls. 1044/1052), informante ouvida em razão de indicação de JOSÉ DE ALENCAR, por seu turno, afirmou que:* é casada com JOSÉ DE ALENCAR há 10 anos;* trabalhou no GRUPO SERVICE, de segurança;* conhece a JOSÉ DE ALENCAR há 10 anos;* conheceu JOSÉ DE ALENCAR na SERVICE, quando era secretária de lá;* chegou muito "aperreada" no Centro Djalma de Farias e MONTEIRO conseguiu o emprego para a testemunha e lhe apresentou JOSÉ DE ALENCAR;* JOSÉ DE ALENCAR também freqüenta o Centro Djalma de Farias;* JOSÉ DE ALENCAR e MONTEIRO são amigos há mais de 10 anos;* ambos se comunicavam com freqüência, tendo relação de amizade;* JOSÉ DE ALENCAR trabalha no ramo de segurança há 25 anos;* JOSÉ DE ALENCAR já foi sócio da SIMAS;* JOSÉ DE ALENCAR trabalha na SENA.MARCOS VINÍCIUS FERRAZ PACHECO (fls. 1236), testemunha de defesa também indicada por EVALDO, afirmou que:* já trabalhou com EVALDO na empresa SIMAS;* conhece EVALDO há muitos anos;* a testemunha e EVALDO se conhecem por serem espíritas e freqüentarem o mesmo grupo, qual seja, Djalma Farias;* EVALDO é acostumado a fazer doações a centro espíritas, não apenas ao Centro Djalma Farias mas a muitos outros;* não acredita que o Centro Djalma Farias tenha sido utilizado de "fachada" para o recebimento de vantagens ilícitas;* tal centro a instituição é bastante ilibada, formada de acordo com a lei, com controle rigoroso de contabilidade e transparência na gestão.Como se infere, nenhuma das testemunhas de defesa teve o condão de afastar as certezas trazidas pela prova colacionada, sobretudo as interceptações telefônicas. Aliás, o depoimento de INEZ ALVES DOS SANTOS só veio dar subsídio ao conluio existente entre os agentes e MONTEIRO, na medida em que deixou claro que JOSÉ DE ALENCAR o conhecia há muito tempo, tendo laços bastante estreitos.Por fim, válido verificar o que disseram EVALDO (fls. 240/242 e fls. 1236) e JOSÉ DE ALENCAR (fls. 767/769 e fls. 1273), respectivamente, quando interrogados:* ele e MONTEIRO são espíritas;* JOSÉ DE ALENCAR nunca solicitou pagamento de cirurgia para MONTEIRO;* doava cestas para o Centro;* o envelope entregue por JOSÉ DE ALENCAR a MONTEIRO no estacionamento contendo R$ 106,00 se referia ao valor de guia de tráfego de três armas para o Rio Grande do Norte;* as doações ao centro espírita Djalma Farias foram feitas porque MARCOS VINÍCIUS, gerente comercial da Sena, já ter sido diretor de tal centro e não por conta de MONTEIRO;* Nunca tomou conhecimento de atitudes para excluir a Simas de licitação de interesse também da Sena.(EVALDO)* a denúncia não é verdadeira;* sempre teve contato apenas profissional com MONTEIRO;* MONTEIRO nunca lhe pediu, nem o interrogando ofereceu ou pagou qualquer vantagem a MONTEIRO;* confirma os diálogos interceptados pelo DPF, mas nega a interpretação dada;* nada sabe informar sobre a vantagem requerida por MONTEIRO para custear sua cirurgia de vasectomia;* entregou documento contendo R$ 106,41 a MONTEIRO apenas para que esse recolhesse taxa de trafego de armas;* a empresa SENA costumava fazer doações ao Centro Espírita Djalma Farias;* procurou saber se a empresa SIMAS tinha capacidade operacional para assumir o

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contrato.(JOSÉ DE ALENCAR)Como se verifica, os acusados negaram genericamente as acusações, todavia o fizeram de forma totalmente inverossímil e contrária à prova dos autos, todas já devidamente destacadas neste ato.Quanto à afirmação de que o montante de R$ 106,41 entregue a MONTEIRO era para o pagamento de taxas, tal tese restou afastada pelas declarações do próprio MONTEIRO que, quando interrogado - como adiante se verá -, afirmou que todas as taxas do DPF só podiam ser pagas em dinheiro. E MONTEIRO, ainda quando interrogado, seguiu aduzindo que nunca pagou taxas para empresas, fazendo isto apenas uma vez, quando recebeu um cheque da empresa SENA - e aqui merece atenção a contradição entre as declarações de EVALDO e JOSÉ DE ALENCAR, que afirmaram ter entregue a MONTEIRO dinheiro para pagar taxa porque o expediente já havia sido encerrado.Mas não é só.É importante salientar que JOSÉ DE ALENCAR, apesar de querer fazer crer que não tinha contato mais aprofundado com MONTEIRO, não se beneficiando da relação, admitiu que o indagou sobre a condição da SIMAS, concorrente da SENA na licitação, o que só vem a demonstrar a tese da acusação.E mais, muito embora JOSÉ DE ALENCAR tenha afirmado que tinha apenas um contato profissional com o agente, a própria esposa de JOSÉ DE ALENCAR disse o inverso, ou seja, que eram amigos há mais de 10 anos, o que despe de qualquer credibilidade a tese de inocência sustentada.Por fim, cumpre consignar ser, no mínimo, esdrúxulo o fato de JOSÉ DE ALENCAR ter assumido como seus os diálogos interceptados com MONTEIRO, negando, todavia, a "interpretação" dada.Portanto, entendo comprovado nos autos que JOSÉ DE ALENCAR e EVALDO, de modo consciente e voluntário, em pelo menos duas oportunidades distintas, valeram-se dos préstimos de MONTEIRO, mediante o pagamento de vantagens indevidas, para que este perpetrasse uma série de irregularidades em favor da SENA, cometendo assim o delito previsto no art. 333, parágrafo único (corrupção ativa), c/c art. 71 (continuidade delitiva), ambos do CPB.8. MARCOS EMANUEL TORRES DE PAIVA: Segundo a acusação, MARCOS, na condição de representante das empresas NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES e NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES teria se valido dos "préstimos" de MONTEIRO, mediante pagamento de propina, para:* usar, irregularmente, veículos e armas de fogo da empresa NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES, sucedida pela empresa NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES;* burlar a fiscalização de forma a ocultar a insuficiência de armas de fogo da empresa NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES.Vejamos se, de fato, foi o que restou comprovado nos autos.Conforme já declinado, MARCOS é diretor do grupo empresarial NORDESTE, o qual integram as empresas NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES, autorizada a funcionar desde 17/10/1998, e NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES, autorizada a funcionar desde 16/09/2003.Como ficou claro nos autos, tal acusado se trata de integrante da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada, vinculada ao Ministério da Justiça, cuja atribuição é examinar e opinar conclusivamente sobre os processos punitivos em face da constatação de infrações administrativas previstas nas normas que regulamentam a atividade de segurança privada. No decorrer das investigações foram identificados vários contatos entre MARCOS e MONTEIRO, muito embora, quando do desencadeamento da Operação Reencarnação, não se tivesse chegado ainda à identidade de tal interlocutor.Em virtude disto, MARCOS foi tratado até então como HNI - homem não identificado, sabendo-se apenas que ele fazia uso de telefone celular cadastrado em nome da NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES.Sua identificação decorreu da verificação dos telefones constantes em seu cartão de visita, entregue pelo próprio MARCOS à Delegada de Polícia Federal que presidiu o IPL, consoante se infere das fls. 194, anexo II, bem como pelo reconhecimento de sua voz. Aliás, posteriormente, quando interrogado perante o DPF, o próprio MARCOS confirmou ser sua a voz interceptada (fls. 283/291 do IPL).Tal como nos casos citados anteriormente, tratava-se de esquema estabelecido há vários anos, alimentado ora mediante pagamentos diretamente a MONTEIRO, ora por

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meio de doações ao Grupo Espírita presidido pelo agente.Neste sentido, nas ligações interceptadas não mais se identificará ofertas ou solicitações de vantagens indevidas, mas o efetivo cumprimento do acordo há anos celebrado e mantido. O modus operandi e códigos utilizados eram exatamente iguais aos demais casos, nominando-se, como já restou claramente demonstrado, a vantagem indevida como "documento".A relação criminosa estabelecida entre MONTEIRO e MARCOS, consubstanciada na omissão de fiscalizações por parte do policial e no fornecimento de orientações indevidas de modo a possibilitar que as empresas alcançassem seus objetivos, mediante pagamento de propina, decorre da situação de irregularidade em que se apresentavam as empresas do grupo: NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES e NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES.O resumo dos fatos apurados em relação a MARCOS encontra-se fielmente esculpido no relatório elaborado pela autoridade policial, que repousa às fls. 308/390 do IPL, o qual, devido mesmo à qualidade e às minudências observadas, merece transcrição:(...)Sabe-se que em se tratando de uma das empresas incluídas no rol de grandes devedores da previdência social, a NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES não vinha obtendo certidão negativa de débito, documento necessário a renovação de sua autorização de funcionamento.A irregularidade fiscal era impeditiva da revisão de autorização de funcionamento da empresa, em face do que encontrava-se com autorização vencida desde agosto de 2004.Não obstante, a DELESP não adotara qualquer providência no sentido de notificá-la para sanar a irregularidade ou instaurar processo punitivo voltado ao encerramento de suas atividades.Por outro lado, diante do montante dos débitos previdenciários devidos pela NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES, optou-se por criar no ano de 2003 a NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES, empresa que assumiu seus postos de vigilância e toda a prestação de serviço de segurança privada daquela.Ocorre que, para tanto, a NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES passou a fazer uso nos veículos especiais de transporte de valores a ela cedidos pela primeira em contrato de comodato, também, de armas de fogo de propriedade da NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES.Tal conduta é absolutamente vedada, seja no aspecto administrativo, pela portaria que regulamenta a atividade de segurança privada, seja no âmbito criminal pela própria lei 10.826/2003. À empresa de segurança privada só é autorizado o uso de armas de fogo de sua propriedade e devidamente registradas em seu nome. Ao contrário resta caracterizado o crime de porte ou posse ilegal de arma de fogo, conforme o caso.

Neste sentido, nos áudios abaixo transcritos, referentes a eventos que passarão a ser relatados, APF MONTEIRO, conhecedor de tais irregularidades, orientava MARCOS PAIVA a como proceder para burlar a fiscalização da DELESP e os preceitos normativos que regem a matéria, em face do recebimento de vantagens indevidas para si e para o GEDF. 1. EVENTO HOSPITAL ESPERANÇA - aos 16/09/05, dias antes de sua cirurgia de reversão de vasectomia, MONTEIRO conversa com MARCOS PAIVA e marca com este encontro no estacionamento da SR/DPF/PE para que aquele lhe entregue um "documento". Em seguida, em conversa mantida entre o policial e sua companheira ANA no mesmo dia, MONTEIRO relata que um amigo de uma empresa ficara de passar no final do expediente, ao que ANA questiona claramente que valor ele lhe dará, evidenciando assim o pagamento de vantagem indevida. MARCOS PAIVA (81 8814.1234) X MONTEIRO - 16/09/05, 11:22:18, 81 9977.3749: MARCOS pergunta até que horas MONTEIRO fica trabalhando e diz que no final do expediente vai levar um documento para MONTEIRO dar uma olhada. ANA X MONTEIRO - 16/09/05, 12:27:49, 81 9977.3749: Conversam amenidades até que ANA pergunta (contador 00:06:20) se MONTEIRO almoçou com aquele amigo da empresa ontem (15/09/2005). MONTEIRO responde que foi antes de ontem (14/09/2005). ANA diz: mas não tinha a história que ele ia... MONTEIRO interrompe e diz: hoje, hoje. Ele ligou. Ele ligou e disse que passava por aqui no final do expediente. ANA: mas não falou em quanto não, né? MONTEIRO: não. Ainda não. Eu acho que ele

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vai fazer surpresa. Deve ser mais significativo do que o que eu estou pensando, sabe? ANA: ô amor. MONTEIRO: pela maneira dele falar. ANA: que delícia. MONTEIRO: é. Ai ele falou assim... ANA interrompe e pergunta sobre o papel dos exames. Continuam falando amenidades. MARCOS PAIVA (81 8814.1234) X MONTEIRO - 16/09/05, 16:32:37, 81 9977.3749: MARCOS: MONTEIRO. MONTEIRO: opa. MARCOS: diga ai amigo tudo bom? MONTEIRO: tudo. MARCOS: o delegado está por aí, não? MONTEIRO: não, não está não. MARCOS: tá bom. Então eu tô chegando aí, daqui a uns 15 minutos eu vou aí na tua sala. MONTEIRO: tá. Tudo bem. Tá certo. Se preferir eu saio, vou ali no estacionamento. MARCOS: bom, quem sabe é você. MONTEIRO: tá bom, é só dá o toque eu saio. MARCOS: tá bom. MONTEIRO: tá bom? MARCOS: é melhor, né? Fica mais tranqüilo. MONTEIRO: é. Isso. Tá ok. MARCOS: tá bom. Té já. MARCOS PAIVA (81 8814.1234) X MONTEIRO 16/09/05, 16:48:47, 81 9977.3749: MONTEIRO: alô. MARCOS: tô entrando aqui no estacionamento. MONTEIRO: há, tá legal, tô vindo aí, tá tchau. 2. EVENTO ORIENTAÇÕES IRREGULARES EM FACE DAS VANTAGENS INDEVIDAS RECEBIDAS - neste evento verifica-se o contato entre o APF MONTEIRO e MARCOS PAIVA, onde este relata ao policial o problema que possui com relação à transferência de nove carros-fortes da empresa NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES para a NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES, necessitando de realização de vistoria nos veículos.Menciona, todavia, que a NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES, empresa que vem utilizando os veículos, não possui as armas necessárias para cada carro-forte, uma vez que cada veículo especial de transporte de valores deve possuir obrigatoriamente duas espingardas calibre 12 e quatro armas curtas.Diante disso, noticia que precisará se utilizar das armas de fogo da NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES nos carros fortes a serem transferidos para a NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES, ilícito administrativo e criminal, e pede a MONTEIRO que garanta a aprovação da vistoria anual dos carros para expedição do necessário certificado de vistoria, exigido pela seguradora, mesmo com tal irregularidade. Comentam que a decretação da indisponibilidade dos bens da NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES, em sede de ação cautelar proposta pelo INSS (fl. 195, anexo II), estaria impedindo a transferência das armas. MONTEIRO chega a orientar indevidamente que MARCOS PAIVA entre novamente com o pedido de transferência diretamente em Brasília, sob o argumento de que possivelmente eles não teriam o controle de tal restrição.Rejeitada tal opção na conversa mantida, MONTEIRO sugere sejam utilizadas para a vistoria as armas de propriedade da NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES, muito embora já tenham sido utilizadas anteriormente em outros carros fortes vistoriados. Para tanto, orienta que MARCOS PAIVA selecione armas utilizadas em carros fortes vistoriados há mais de seis meses, dificultando a identificação pelo APF CAMELO, responsável pela vistoria. Denota-se, assim, a omissão do APF MONTEIRO diante das irregularidades, sua preocupação em buscar uma forma de burlar os impedimentos e alertar o interlocutor da possibilidade de fiscalização por policiais de outros estados, o que fugiria de seu controle.Toda esta conduta decorre do recebimento das vantagens indevidas tais como a noticiada no evento acima, o que caracteriza crime de corrupção ativa/passiva.Ainda que tais vantagens e doações não estivessem demonstradas, a conduta descrita configuraria, no mínimo, crime de prevaricação ante a omissão na necessária autuação da empresa, conforme a seguir se verá.MARCOS PAIVA (81 8814.1234 - NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES LTDA) X MONTEIRO (81 9977.3749) - 01/12/05, 10:40:09: MARCOS chama MONTEIRO de DOUTOR MONTEIRO. Diz que quer sentar com MONTEIRO pra eles tentarem uma solução, que MONTEIRO é a cabeça pensante e entende do negócio, diz que é sobre os carros fortes da... MONTEIRO concorda. MARCOS pergunta como eles podem resolver isso. MONTEIRO diz que está sabendo que MARCOS tem alguns que foram. MARCOS diz que já tem, que fica entre eles dois: diz que não está constando no sistema geral, que MONTEIRO sabe disso e BRASÍLIA não sabe. MONTEIRO diz "sei, entendi". MARCOS diz que não se sente confortável em chegar lá e fazer isso. MONTEIRO diz que entende. HNI diz que chega lá, pede e faz, mas que isso não é bom pra ele, mas que também não pode deixar de operar, pergunta se na hora que pede a transferência, se pode fazer em caráter de empréstimo. MONTEIRO diz que não existe essa modalidade. MARCOS pergunta quando faz a transferência de uma unidade pra outra. MONTEIRO diz que aí é com o mesmo CNPJ, que é matriz, filial, entre a mesma empresa.

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MARCOS pergunta entre o mesmo grupo. MONTEIRO diz que isso não foi autorizado por conta daquele comunicado tornando indisponível, diz que o único motivo foi esse. MONTEIRO diz pra MARCOS "dar uma de João sem braço" e tentar solicitar de novo a transferência, diz que essa documentação chega e o cara não fica ligado e não toma uma nota tipo um bloqueio, mas que como é uma coisa pequena, de nível local ele tomou conhecimento, mas se fizer a solicitação e der entrada diretamente lá, MONTEIRO diz que acredita que o pessoal lá faça automático. MARCOS diz que daí é um problema dele de consciência. MONTEIRO diz que aí é que está, que ele está apenas solicitando que seja transferido de uma empresa para outra porque é do mesmo grupo, diz que se o pessoal lá não observar nada, pergunta de quem é a culpa. MARCOS diz que MONTEIRO é amigo dele, que não vai fazer isso por causa de MONTEIRO, que sabe que o pessoal lá é todo mundo amigo. MONTEIRO concorda e diz que solicita e deixa ver o que vai acontecer, diz que por lá (possivelmente PF/PE) ele pode estar utilizando, trabalhando normalmente, mas se vier operação dessas que vem gente de outros estados e vão fiscalizar empresas de transportes e pegar, a bronca vai ser essa. MARCOS diz que o problema não é esse, pergunta se na hora que faz a transferência dos carros, os carros ficam em nome de quem. MONTEIRO diz que da nova. MARCOS diz que não existe transferência de carro sem arma. MONTEIRO diz que a nova pode pedir para comprar só que ela não quer comprar, quer que venha da velha. MARCOS diz que pode fazer o seguinte: dar entrada no pedido de compra. MONTEIRO diz "isso". MARCOS diz que enquanto está transitando o da nova, eles dão a MARCOS precariamente autorização para usar as armas, que tem o problema do seguro, diz que é só pra renovar o certificado de vistoria, diz que o mês de dezembro é o pique da utilização de carro forte. MONTEIRO diz que entende e é o que ele falou, que o problema é da fiscalização, que se houver uma fiscalização e verificar que a arma não é da nova é da velha. MARCOS diz que fundamenta, que faz uma petição, um requerimento dizendo que estão entrando com um pedido de compra de armas, que em função da disponibilidade de armas, solicita que em caráter precário, sejam utilizadas armas, que é só pra renovar o certificado de vistoria. MONTEIRO diz que não é área dele e pergunta quantos carros fortes têm. MARCOS diz que agora está com 9 carros parados. MONTEIRO naquele total de armas, o que deu naquele ofício que foi transferida para nova, pergunta se não veio um documento de BRASÍLIA dizendo que foram transferidas. MARCOS diz que aquelas já estão nos carros. MONTEIRO diz que precisariam de armas para nove carros. MARCOS diz que sim. MONTEIRO diz pra MARCOS fazer o pedido que daí eles ganham tempo. MARCOS diz que enquanto chega a autorização. MONTEIRO diz "tá certo". MARCOS diz que MONTEIRO renovando o certificado de vistoria dele está resolvido o problema, que MONTEIRO não quer renovar o certificado de vistoria. MONTEIRO diz que é porque não é ele, que é CAMELO que cuida dessa área. MARCOS diz que ele (CAMELO) é subordinado e que MONTEIRO é chefe. MONTEIRO pergunta se ele tem nove carros pra fazer a vistoria. MARCOS diz que sim. MONTEIRO diz que ele pode fazer o seguinte: que MARCOS pode repetir as mesmas armas que já estão nos outros carros, pergunta se MARCOS entendeu. MARCOS diz que entendeu. MARCOS pergunta se ele (possivelmente CAMELO) não verifica isso. MONTEIRO diz que não, que está falando porque ele (MONTEIRO) garante. MARCOS pergunta se MONTEIRO garante. MONTEIRO diz que "é", que MARCOS vai fazer colocando as mesmas armas que já foram feitas no carro há muito tempo, que se for recente aí "lasca", que tem que ser um que já tenha sido feito há uns seis meses, porque daí MARCOS coloca aquelas armas, solicita, ele (pos. CAMELO) vai olhar apenas se as armas estão dentro daquela relação que BRASÍLIA mandou. MARCOS diz "tá bom" e que vai olhar direitinho isso. Despedem-se. Observe-se que, acatando a orientação do agente, MARCOS PAIVA encaminha na segunda-feira, 05 de dezembro de 2005, mensagem eletrônica para MONTEIRO, relacionando as armas de propriedade da NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES que poderiam ser utilizadas nos carros fortes com vistoria pendente (fls. 169/172, anexo I, vol 1). Em seu depoimento, o APF CAMELO, responsável pelas vistorias dos carros fortes, narra as irregularidades que vinham impedindo a expedição dos certificados de vistoria dos veículos especiais, bem como as tentativas da NORDESTE de procurar burlar as exigências.Registre-se que, posteriormente, a NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES, adotando a primeira das opções irregulares sugeridas por MONTEIRO, protocolou requerimento de transferência das armas de fogo em detrimento da restrição judicial imposta,

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na tentativa de valer-se de possível falta de controle, desorganização, da DELESP quanto a indisponibilidade de seus bens.Por outro lado, a NORDESTE também adquiriu algumas das armas de propriedade da empresa A VIGILÂNCIA que CÁSSIO LEMOS e MONTEIRO vinham negociando com vários empresários (fl. 236, anexo II). Atualmente, vêem sendo adotadas pela delegacia de controle de segurança privada as medidas cabíveis para reprimir as irregularidades praticadas, tais como expedição de notificações, lavraturas de autos de infração para instauração de processos punitivos e arrecadação de armas de fogo utilizadas indevidamente, consoante se verifica dos autos de infração lavrados (fls. 196/207, anexo II).Apenas recentemente, tendo em vista a intensa fiscalização levada a efeito pela DELESP, a NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES protocolou requerimento de encerramento das atividades e, tendo conseguido afastar a medida restritiva que recaia sobre seus bens, requereu a venda das armas a NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES no intuito de regularizar a situação.Os processos encontram-se em tramitação (fls. 208/235, anexo II).3. EVENTO DOAÇÕES AO CENTRO ESPÍRITA - consoante já explicitado, o esquema de corrupção mantido pelo agente MONTEIRO e empresários da área de segurança privada envolvia pagamento de vantagens indevidas diretamente ao policial, assim como doações de valores em dinheiro, cestas básicas ou outros bens ao grupo espírita do qual era presidente.No presente caso, documentos apreendidos na sede do GEDF, correspondentes aos ofícios 201/02 e 204/02 (fls. 236, 238 e 239, anexo I, vol. II) e recibo de fl. 211, anexo I, vol. II, confirmam que o grupo NORDESTE integrava o rol de empresas que efetuava doação ao Grupo Espírita Djalma de Farias, recebendo tratamento "diferenciado na DELESP".De fato, o diretor do Grupo Nordeste efetuava doações em espécie em favor do Centro Espírita Djalma de Farias, presidido por MONTEIRO, por meio da conta na Caixa Econômica Federal n.013.109902-1, agência 050, movimentada por MONTEIRO.A data dos ofícios localizados demonstram ainda a manutenção do esquema montado por relevante período de tempo, o que, como dito, propiciava o costume com os códigos adotados, justificando a naturalidade demonstrada nas ligações telefônicas interceptadas. Vejamos o que se inferiu da prova testemunhal.LUIZ CARLOS CAMELO DE FREITAS (CD de fls. 929), ouvido como testemunha de acusação, deixou claro as manobras ardilosas intentadas por MARCOS, ao afirmar que: * confirma o depoimento prestado no DPF;* chegou a trabalhar com MONTEIRO;* nunca detectou nenhum aparte entre MONTEIRO e as empresas de segurança privada;* apenas ouviu comentários sobre os fatos desse feito;* sabe que MONTEIRO era ligado a um centro espírita;* sobre a NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES, sabe que esta se desmembrou e passou a existir também a NORDESTE SEGURANÇA DE TRANSPORTE DE VALORES;* quanto aos veículos, foi possível alocar de uma empresa para a outra;* já quanto às armas, a legislação não permitia a alocação;* era de conhecimento de toda a DELESP que MONTEIRO sabia das irregularidades existentes em relação à NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES e NORDESTE SEGURANÇA DE TRANSPORTE DE VALORES;* perante a Justiça, a NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES tinha pendências judiciais que lhe impediam de dispor de seus bens, repassando-os à NORDESTE SEGURANÇA E TRANSPORTE DE VALORES;* a NORDESTE tinha armas e veículos, mas nem todos os veículos tinham armas, por isso não podia operar com toda a frota;* a testemunha era responsável por fiscalizar os veículos e emitir os certificados;* conhece o acusado MARCOS de vista.EDUARDO DOMINGUES BRANDÃO (fls. 1130/1134), testemunha de defesa (MARCOS):* conhece MARCOS há mais de 10 anos;* conhece MARCOS em virtude de contato profissional;* ambos são diretores de grupos de empresas de âmbito nacional de segurança privada;* a conduta de MARCOS é ilibada e sem máculas, sempre pautada na legislação;

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* conhece as empresas NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES e NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES;* MARCOS é diretor jurídico de ambas as empresas.JOSÉ JACOBSON NETO (fls. 1130/1134), testemunha de defesa (MARCOS):* conhece MARCOS há mais de 10 anos;* conhece MARCOS através de sindicatos e entidades de classe de segurança privada;* a conduta de MARCOS é ilibada e sem máculas, sempre pautada na legislação;* conhece as empresas NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES e NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES;* MARCOS é diretor jurídico.Vejamos, doravante, o que disseram as testemunhas de defesa indicadas por MARCOS.VAGNER JORGE (fls. 1130/1134), testemunha de defesa:* conhece MARCOS há mais de 10 anos;* conhece MARCOS do segmento profissional da área de segurança privada;* MARCOS é presidente da ABTV;* acompanha as tratativas empresariais de MARCOS;* a conduta de MARCOS é ilibada e sem máculas, sempre pautada na legislação;* conhece as empresas NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES e NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES;* MARCOS é diretor jurídico.OSVALDO AGENOR GRAEL JÚNIOR (fls. 1044/1052), também testemunha de defesa de MARCOS, afirmou que:* trabalha na NORDESTE;* esta na NORDESTE há 10 anos;* é superintendente geral do GRUPO NORDESTE;* a empresa foi durante anos considerada a melhor empresa de segurança privada;* atualmente é a segunda do Brasil;* MARCOS faz parte da comissão consultiva de segurança privada do Ministério da Justiça, sendo membro efetivo;* tal comissão é a que julga todos os processos relacionados à segurança privada;* se recorda do desmembramento da empresa, que criou a NORDESTE TRANSPORTE;* os mesmos sócios foram mantidos;* o desmembramento foi aprovado pelo DPF e por todos os órgãos;* na ocasião, a empresa não estava sofrendo qualquer indisponibilidade de bens;* houve transferência de carros-fortes e armamentos de uma empresa para a outra dentro da normalidade e legalidade;* a empresa faz doações a entidades sociais;* atualmente todas são canalizadas para uma entidade específica mas, à época dos fatos, eram várias as entidades beneficiadas;* todas as doações são contabilizadas.Por seu turno, ANTONIO MENEZES (fls. 1044/1052), aduziu que:* presta assessoria ao GRUPO NORDESTE;* foi gerente de operações, superintendente de operações; superintendente de segurança corporativa, superintendente comercial, etc.;* passou 30 anos da Polícia Militar, chegando a ser Comandante Geral;* o GRUPO NORDESTE é tido como um grupo empresarial sério e bem conceituado não apenas em Pernambuco, mas em todos os lugares onde tem atuação;* conhece MARCOS desde que entrou no grupo;* MARCOS era diretor jurídico;* a atuação de MARCOS sempre foi centrada no cumprimento da lei;* sabe que MARCOS é membro da comissão consultiva de segurança privada do Ministério da Justiça;* muitas vezes chegou a ser interpelado por funcionários da DELESP no próprio estacionamento, no pátio;* chegou a fazer consultas por telefone aos funcionários da DELESP;* durante das tratativas do GRUPO NORDESTE, chegou a ter o telefone celular de vários agentes do DPF;* não ia muito à DELESP tratar de vistoria de carros-fortes;* conheceu MONTEIRO, tendo bom conceito sobre ele;* MONTEIRO não fazia vistoria de carros-fortes;* a criação da NORDESTE TRANSPORTE foi aprovada plenamente por todos os órgãos

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competentes;* na ocasião do desmembramento, a grande maioria dos carros-fortes e armamentos da NORDESTE SEGURANÇA passou para a NORDESTE TRANSPORTE;* apenas uma parte dos carros-fortes e armamentos não foi transferida em virtude de tais bens serem destinados à prestação de serviços em órgãos públicos cujo contrato de prestação de serviço não admitia essa transferência;* num determinado momento, a Justiça decretou a indisponibilidade dos bens, mas depois isso foi regulamentado e foi possível ser feita a transferência regular;* durante o período em que os armamentos estavam indisponíveis, nenhum deles foi utilizado;* a empresa nunca utilizou armas que não estivessem legalmente autorizada, inclusive porque, caso assim agissem e ocorresse um sinistro, o seguro não cobriria;* a NORDESTE nunca deixou de receber seguro em virtude de irregularidade de arma;* os carros-fortes também só transitavam sob seguro e, para tanto, precisavam estar regularizados.Também ouvido como testemunha de defesa, ERALDO DÓDERO REIS (fls. 1079/1082) afirmou que:* conhece MARCOS da atividade de segurança privada;* participam de algumas instituições e conhece MARCOS desse meio;* MARCOS sempre teve um comportamento exemplar como representante da categoria de segurança privada;* MARCOS é atualmente presidente executivo da associação brasileira de transporte de valores - ABTV;* o cargo é ocupado por eleição e MARCOS já está como reeleito por três vezes por unanimidade;* não conhece os demais acusados.EDUARDO DOMINGUES BRANDÃO (fls. 1130/1134), também testemunha de defesa, afirmou que:* conhece MARCOS há mais de 10 anos;* conhece MARCOS em virtude de contato profissional;* ambos são diretores de grupos de empresas de âmbito nacional de segurança privada;* a conduta de MARCOS é ilibada e sem máculas, sempre pautada na legislação;* conhece as empresas NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES e NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES;* MARCOS é diretor jurídico de ambas as empresas.JOSÉ JACOBSON NETO (fls. 1130/1134), outra testemunha de defesa indicada por MARCOS, destacou que:* conhece MARCOS há mais de 10 anos;* conhece MARCOS através de sindicatos e entidades de classe de segurança privada;* a conduta de MARCOS é ilibada e sem máculas, sempre pautada na legislação;* conhece as empresas NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES e NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES;* MARCOS é diretor jurídico.Por fim, VAGNER JORGE (fls. 1130/1134), derradeira testemunha de defesa, afirmou que:* conhece MARCOS há mais de 10 anos;* conhece MARCOS do segmento profissional da área de segurança privada;* MARCOS é presidente da ABTV;* acompanha as tratativas empresariais de MARCOS;* a conduta de MARCOS é ilibada e sem máculas, sempre pautada na legislação;* conhece as empresas NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES e NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES;* MARCOS é diretor jurídico.Como se infere, a maioria das declarações das testemunhas se referiram à reputação do acusado MARCOS e ao seu prestígio no ramo de segurança privada. Suas declarações não tiveram o condão de afastar as certezas quanto a autoria e materialidade delitiva dos fatos atribuídos ao acusado. Enfim, válido verificar o que disse MARCOS afirmou quando interrogado (fls. 1308):* já foi interrogado nos autos;

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* ratifica o interrogatório anterior;* em 2002, o agente MONTEIRO, que trabalhava na DELESP, solicitou uma doação ao centro espírita do qual era diretor há muitos anos;* MONTEIRO fez tal solicitação por escrito;* o nome do centro era Djalma Farias;* MONTEIRO pediu R$ 1.500,00 e o acusado submeteu o pedido à diretoria, que autorizou a doação de R$ 500,00, o que foi contabilizado;* não havia nenhuma pendência da NORDESTE na DELESP em 2002;* quanto à ligação que fez para MONTEIRO em setembro de 2005, na qual dizia que iria levar um documento para ele (MONTEIRO), tem a dizer que, em 2005, realizou o desmembramento da NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES em NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES;* na ocasião, houve o pedido de uma empresa, salvo engano, chamada FILIPS, no sentido de que a NORDESTE certificasse sobre a propriedade de algumas armas suas (da NORDESTE);* diante do pleito, encaminhou o requerimento à DELESP, que o devolveu dizendo que não dava aquele tipo de declaração;* diante da negativa, o acusado ligou para o agente MONTEIRO e explicou a situação, dizendo que ia fazer um pedido de reconsideração;* na mesma ocasião, perguntou se o delegado estaria na DELESP, porque o acusado queria despachar diretamente com ele;* foi quando MONTEIRO disse que passasse por lá que o próprio MONTEIRO veria o pedido;* o acusado passou, abriu a porta do carro e mostrou o pedido de reconsideração a MONTEIRO, que lhe disse que nem adiantava, pois o delegado não despacharia deferindo tal pedido;* após ouvir MONTEIRO, o acusado foi embora;* com a separação das empresas, o acusado desejou repassar à NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES também os armamentos e carros-fortes, para ficar tudo completo;* o processo de transferência deveria ser feito em Brasília, tudo através da polícia federal;* nesse ano, todavia, houve uma ação de indisponibilidade de bens que atingiu a empresa por parte do INSS;* a NORDESTE TRANSPORTES, porém, precisava dos carros-fortes para funcionar;* assim sendo, o acusado fez mais um contato telefônico com MONTEIRO, explicando a situação e dizendo que estava com nove carros-fortes parados, precisando resolver a situação;* MONTEIRO, então, explicou que não era ele quem autorizaria, mas sim o agente responsável pela vistoria dos carros-fortes;* o acusado queria que as armas da NORDESTE SEGURANÇA fossem utilizadas nos carros-fortes da NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES e, por isso, disse a MONTEIRO que iria requerer tal autorização, até que fosse possível a regularização da transferência em Brasília;* MONTEIRO disse que não ia dar para fazer isso;* foi quando o acusado pediu então uma autorização para utilizar armas de outras empresas privadas;* MONTEIRO disse que isso também não era possível;* então MONTEIRO sugeriu que, como o acusado "se dava bem em Brasília", entrasse com o pedido de transferência de armas, pois o "pessoal" de lá não deveria ter acesso à indisponibilidade de bens decretada aqui;* o acusado disse que não faria isso, porque não ficaria bem com sua consciência;* e foi esse o contato que tiveram;* posteriormente, o acusado mandou para MONTEIRO um e-mail falando das armas que já tinha disponíveis e foi esse o incidente;* foram transferidos 16 carros imediatamente, enquanto 9 ficaram pendentes;* só as armas precisavam de autorização específica para transferência no DPF de Brasília;* a vistoria dos carros-fortes na época era feita por CAMELO;* nunca sequer falou com CAMELO;* o acusado tinha o telefone celular de MONTEIRO, inclusive, que era muito solicitado por vários empresários;* nunca ofereceu, prometeu ou deu qualquer vantagem a MONTEIRO ou a qualquer funcionário público.

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Como se verifica, o acusado negou as acusações, todavia o fez de forma inverossímil e contrária à prova dos autos, todas já devidamente destacadas neste ato.Portanto, entendo comprovado nos autos que MARCOS, de modo consciente e voluntário, valeu-se dos préstimos de MONTEIRO, mediante o pagamento de vantagens indevidas, para viabilizar uma série de irregularidades nas empresas NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES e NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES, cometendo assim, pelo menos por duas vezes, o delito previsto no art. 333 (corrupção ativa), parágrafo único, c/c art. 71 (continuidade delitiva), ambos do CPB.9. JOSÉ CARLOS DE MOURA MONTEIRO: Conforme amplamente descrito - e comprovado - neste ato jurisdicional, o encabeçador de todo o esquema até então descortinado foi o acusado MONTEIRO. Tal réu, na condição de agente de Polícia Federal responsável pela fiscalização das empresas de segurança privada, firmou "acordos" ilícitos com diversos empresários do mencionado ramo, também réus neste feito, cujas condutas delitivas já foram analisadas nas linhas antecessoras - e, mediante o recebimento de propina - ora paga em dinheiro camuflado como "doação" ao Centro Espírita Djalma Farias, ora paga mediante outras vantagens indevidas, como, por exemplo, custeio de cirurgia -, prestava uma série de "favores" escusos às empresas, todos também já amplamente analisados e demonstrados.Pois bem.Como se depreende do resumo acima delineado, na realidade, as condutas imputadas a MONTEIRO já foram, de certa maneira, demonstradas e comprovadas quando esta magistrada tratou das condutas imputadas a cada um dos empresários, também réus neste feito. Portanto, nessa etapa da sentença, não se faz necessária a transcrição de todas as provas já destacadas, sobretudo dos trechos das interceptações telefônicas e provas testemunhais já transcritas, até mesmo para que não se incida em enfadonha repetição. Assim sendo, doravante, esta magistrada se reportará à prova já relacionada, todavia, analisando cada uma delas sob a ótica das condutas imputadas à MONTEIRO.Por uma questão de didática, porém, até mesmo para que o presente ato jurisdicional mantenha a clareza e linearidade, passarei a analisar as condutas de MONTEIRO dividindo-as de acordo com cada corpo de condutas imputadas aos demais acusados. Sigamos.a) MONTEIRO agindo em conluio com JÚLIO CESAR:Conforme já destacado, JÚLIO CESAR, na condição de representante da empresa CONDORES, valeu-se dos "préstimos" de MONTEIRO, mediante pagamento de propina, para:* manter a empresa funcionando apesar do vencimento da autorização de funcionamento e do certificado de segurança;* alterar o endereço da empresa sem autorização da DELESP;* receber informações privilegiadas sobre as fiscalizações antes de sua ocorrência.De fato, por tudo o quanto fora exposto e por todas as provas já estampadas neste ato, restou comprovado que MONTEIRO, em razão da função pública que desempenhava, realmente recebeu vantagem indevida de JÚLIO CESAR para, nas três ocasiões acima descritas, deixa de praticar ato de ofício e também praticar ato infringindo dever funcional, nos exatos moldes do delito previsto no art. 317, §1º, do CPB5.Foi o que se inferiu dos áudios interceptados, sobretudo dos diálogos entre JÚLIO CESAR e MONTEIRO em 08/09/2005 e 09/09/2005 (Relatório, fls. 316 do IPL); dos diálogos interceptados em 27/09/2005, 18/10/2005 e 01/11/2005 (Relatório, fls. 318 do IPL); dos diálogos interceptados em 07/11/2005 e 09/11/2005 (Relatório, fls. 319/320 do IPL); bem como dos diálogos interceptados em 06/09/2005, 08/09/2005, 22/09/2005, 23/09/2005, 26/09/2005, 27/09/2005 (Relatório, fls. 320/323 do IPL), todos já analisados e mesmo reproduzidos neste ato jurisdicional.Quanto à prova testemunhal, também já foram tecidas as merecidas considerações, valendo, neste instante, apenas relembrar que as declarações das testemunhas não tiveram o condão de afastar - mas apenas fortaleceram - as certezas quanto à autoria e materialidade delitivas.

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Por fim, ainda quanto à tipificação, válidas as mesmas considerações tecidas quando da análise da conduta de JÚLIO CESAR sobre a não capitulação do segundo fato - dar informações privilegiadas - no delito previsto no art. 325 do CPB e sim no de corrupção passiva qualificada.Enfim, comprovado restou nos autos que MONTEIRO, de modo consciente e voluntário, perpetrou o delito previsto no art. 317, § 1º, do CPB, por três vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).b) MONTEIRO agindo em conluio com CÁSSIO LEMOS: Conforme já destacado, CÁSSIO LEMOS, na condição de representante das empresas MÚLTIPLA e A VIGILÂNCIA, mantivera vínculo bastante estreito com MONTEIRO e, em conluio com este, pagando-lhe propina, viabilizou uma série de irregularidades, resumidas em tais tópicos:* a empresa A VIGILÂNCIA estava em processo de extinção e, para concluir transação de compra e venda de armas, CÁSSIO precisava publicar a extinção de suas atividades, o que foi viabilizado por MONTEIRO, mediante o pagamento de propina, que atuou fora de sua competência, agilizando o trâmite em Brasília;* esclarecimento inverídico no sentido de que todas as armas da empresa se encontravam na sede da DELESP, a fim de dar celeridade ao processo de cancelamento, embora parte das armas estivessem em Petrolina e não em Recife, informação esta que possibilitou que o cancelamento da autorização de funcionamento fosse publicada antes da arrecadação de todas as armas, contrariando previsão normativa;* compra e venda irregular de armas.Realmente, por tudo o quanto fora exposto e por todas as provas já estampadas neste ato, restou comprovado que MONTEIRO, em razão da função pública que desempenhava, realmente recebeu vantagem indevida de CÁSSIO LEMOS para, de modo escuso, agilizar o tramite em Brasília relativo ao encerramento das atividades da empresa A VIGILÂNCIA, inclusive mediante publicação de tal ato no órgão oficial de maneira irregular, infringindo assim dever funcional, nos exatos moldes do delito previsto no art. 317, § 1º, do CPB6.Mas não foi só.Por todas as prova já mencionadas, MONTEIRO, também com o intuito de favorecer CÁSSIO LEMOS, confeccionou documento inverídico, declarando falsamente que todas as armas da empresa se encontravam na sede da DELESP, a fim de dar celeridade ao processo de cancelamento, embora parte das armas estivessem em Petrolina e não em Recife, informação esta que possibilitou que o cancelamento da autorização de funcionamento fosse publicada antes da arrecadação de todas as armas, contrariando previsão normativa, conduta que se amolda ao crime previsto no art. 299, parágrafo único, do CPB7.E mais.Como também já amplamente fundamentado, MONTEIRO, em conluio com CÁSSIO LEMOS, perpetrou ainda o delito de compra e venda irregular de armas, nos termos do art. 17 da Lei n.º 10.826/2003.Foi o que se inferiu dos áudios interceptados, cujos trechos mais relevantes foram transcritos quando esta magistrada tratou da conduta imputada a CÁSSIO LEMOS, provas que desmerecem enfadonha repetição.Quanto à prova testemunhal, também já foram tecidas as merecidas considerações, valendo, neste instante, apenas relembrar que as declarações das testemunhas não tiveram o condão de afastar - mas apenas fortaleceram - as certezas quanto à autoria e materialidade delitivas.Enfim, comprovado restou nos autos que MONTEIRO, de modo consciente e voluntário, perpetrou, por duas vezes, o delito previsto no art. 317, § 1º, do CPB, em continuidade delitiva; além do delito previsto no art. 299, parágrafo único, do CPB e do delito previsto no art. 17 da Lei n.º 10.826/2003.c) MONTEIRO agindo em conluio com NILSON: Conforme já demonstrado, NILSON, na condição de representante da empresa TEMPLE EL SHADDAI, se valeu dos "préstimos" de MONTEIRO, mediante pagamento de propina, para:* manter a empresa TEMPLE EL SHADDAI funcionando apesar do vencimento da autorização de funcionamento;* receber informações privilegiadas;* fazer uso indevido das armas da empresa TEMPLE EL SHADDAI pela empresa GATE.De fato, por tudo o quanto fora exposto e por todas as provas já estampadas neste ato, restou comprovado que MONTEIRO, em razão da função pública que

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desempenhava, realmente recebeu vantagem indevida de NILSON para, nas três ocasiões acima descritas, e já exaustivamente analisadas, deixa de praticar ato de ofício e também praticar ato infringindo dever funcional, nos exatos moldes do delito previsto no art. 317, § 1º, do CPB8.Foi o que se inferiu dos áudios interceptados, cujos trechos mais relevantes foram transcritos quando esta magistrada tratou da conduta imputada a NILSON, provas que desmerecem enfadonha repetição.Quanto à prova testemunhal, também já foram tecidas as merecidas considerações, valendo, neste instante, apenas relembrar que as declarações das testemunhas não tiveram o condão de afastar - mas apenas fortaleceram - as certezas quanto à autoria e materialidade delitivas.Por fim, ainda quanto à tipificação, válidas as mesmas considerações tecidas quando da análise da conduta de NILSON sobre a não capitulação do segundo fato - dar informações privilegiadas - no delito previsto no art. 325 do CPB e sim no de corrupção passiva qualificada.Enfim, comprovado restou nos autos que MONTEIRO, de modo consciente e voluntário, perpetrou o delito previsto no art. 317, § 1º, do CPB, por três vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).d) MONTEIRO agindo em conluio com CRISTIANO: Consoante também já demonstrado, CRISTIANO, na condição de representante da empresa SIMAS, teria se valido dos "préstimos" de MONTEIRO, mediante pagamento de propina, para:* alterar endereço da SIMAS sem autorização prévia de DELESP;* obter ofícios declarando a regularidade da empresa com a finalidade de participar de licitações sem que tal fato fosse verdade.De fato, por tudo o quanto fora exposto e por todas as provas já estampadas neste ato, restou comprovado que MONTEIRO, em razão da função pública que desempenhava, realmente recebeu vantagem indevida de CRISTIANO para, nas duas ocasiões acima descritas, deixa de praticar ato de ofício e também praticar ato infringindo dever funcional, nos exatos moldes do delito previsto no art. 317, § 1º, do CPB9.Foi o que se inferiu dos áudios interceptados, cujos trechos mais relevantes foram transcritos quando esta magistrada tratou da conduta imputada a CRISTIANO, provas que desmerecem enfadonha repetição.Quanto à prova testemunhal, também já foram tecidas as merecidas considerações, valendo, neste instante, apenas relembrar que as declarações das testemunhas não tiveram o condão de afastar - mas apenas fortaleceram - as certezas quanto à autoria e materialidade delitivas.Enfim, comprovado restou nos autos que MONTEIRO, de modo consciente e voluntário, perpetrou o delito previsto no art. 317, § 1º, do CPB, por duas vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).e) MONTEIRO agindo em conluio com ALMIR: Conforme a prova já colacionada, ALMIR, na condição de representante da empresa ESSENCIAL, teria se valido dos "préstimos" de MONTEIRO, mediante pagamento de propina, para:* viabilizar a transferência de armas de fogo de forma irregular entre empresas.

De fato, por tudo o quanto fora exposto e por todas as provas já estampadas neste ato, restou comprovado que MONTEIRO, em razão da função pública que desempenhava, realmente recebeu vantagem indevida de ALMIR para, em uma ocasião, deixa de praticar ato de ofício e também praticar ato infringindo dever funcional, nos exatos moldes do delito previsto no art. 317, § 1º, do CPB10.Foi o que se inferiu dos áudios interceptados, cujos trechos mais relevantes foram transcritos quando esta magistrada tratou da conduta imputada a ALMIR, provas que desmerecem enfadonha repetição.Quanto à prova testemunhal, também já foram tecidas as merecidas considerações, valendo, neste instante, apenas relembrar que as declarações das testemunhas não tiveram o condão de afastar - mas apenas fortaleceram - as certezas quanto à autoria e materialidade delitivas.Enfim, comprovado restou nos autos que MONTEIRO, de modo consciente e voluntário, perpetrou o delito previsto no art. 317, § 1º, do CPB, por uma vez.f) MONTEIRO agindo em conluio com EVALDO e JOSÉ DE ALENCAR:Conforme comprovado, EVALDO e JOSÉ DE ALENCAR, na condição de representantes da empresa SENA, teriam se valido dos "préstimos" de MONTEIRO, mediante pagamento

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de propina, para:* obter assessoria irregular;* viabilizar a participar privilegiada em licitações.De fato, por tudo o quanto fora exposto e por todas as provas já estampadas neste ato, restou comprovado que MONTEIRO, em razão da função pública que desempenhava, realmente recebeu vantagem indevida de EVALDO e JOSÉ DE ALENCAR para, nas duas ocasiões acima descritas, deixa de praticar ato de ofício e também praticar ato infringindo dever funcional, nos exatos moldes do delito previsto no art. 317, § 1º, do CPB11.Foi o que se inferiu dos áudios interceptados, cujos trechos mais relevantes foram transcritos quando esta magistrada tratou das condutas imputadas a EVALDO e JOSÉ DE ALENCAR.Quanto à prova testemunhal, também já foram tecidas as merecidas considerações, valendo, neste instante, apenas relembrar que as declarações das testemunhas não tiveram o condão de afastar - mas apenas fortaleceram - as certezas quanto à autoria e materialidade delitivas.Enfim, comprovado restou nos autos que MONTEIRO, de modo consciente e voluntário, perpetrou o delito previsto no art. 317, § 1º, do CPB, por duas vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).g) MONTEIRO agindo em conluio com MARCOS: Como também comprovado nos autos e descrito no presente ato jurisdicional, MARCOS, na condição de representante das empresas NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES e NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES se valeu dos "préstimos" de MONTEIRO, mediante pagamento de propina, para:* usar, irregularmente, veículos e armas de fogo da empresa NORDESTE SEGURANÇA DE VALORES, sucedida pela empresa NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES;* burlar a fiscalização de forma a ocultar a insuficiência de armas de fogo da empresa NORDESTE TRANSPORTE DE VALORES.De fato, por tudo o quanto fora exposto e por todas as provas já estampadas neste ato, restou comprovado que MONTEIRO, em razão da função pública que desempenhava, realmente recebeu vantagem indevida de MARCOS para, nas duas ocasiões acima descritas, deixa de praticar ato de ofício e também praticar ato infringindo dever funcional, nos exatos moldes do delito previsto no art. 317, § 1º, do CPB12.Foi o que se inferiu dos áudios interceptados, cujos trechos mais relevantes foram transcritos quando esta magistrada tratou das condutas imputadas a MARCOS, provas que desmerecem enfadonha repetição.Quanto à prova testemunhal, também já foram tecidas as merecidas considerações, valendo, neste instante, apenas relembrar que as declarações das testemunhas não tiveram o condão de afastar - mas apenas fortaleceram - as certezas quanto à autoria e materialidade delitivas.Enfim, comprovado restou nos autos que MONTEIRO, de modo consciente e voluntário, perpetrou o delito previsto no art. 317, § 1º, do CPB, por duas vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).Organizadas as condutas imputadas a MONTEIRO, sendo estas segmentadas de acordo com o conluio estabelecido com cada um dos outros acusados, entendo imperioso arrematar trazendo o resumo de todos os delitos cominados ao agente:* Corrupção passiva qualificada (art. 317, § 1º, do CPB): delito cometido por quinze vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).* Falsidade ideológica (art. 299, parágrafo único, do CPB): delito cometido uma vez.* Comércio ilegal de armas de fogo (art. 17 da Lei n.º 10.826/2003): delito cometido uma vez.Imperioso ainda relembrar que os três crimes acima expostos - art. 317, § 1º, c/c art. 71 do CPB; art. 299, parágrafo único, do CPB; e art. 17 da Lei n.º 10.826/2003) - foram cometidos em concurso material (art. 69 do CPB).Ainda com relação à prova colacionada, além de todas as que foram reproduzidas quanto da análise das condutas cominadas a cada um dos agentes, válido trazer aquelas que ainda não foram analisadas.AGOSTINHO ROMÃO NADLER DA SILVA (CD de fls. 917), ouvido na condição de testemunha de acusação, afirmou que:* é policial federal lotado na DELESP;* confirma o depoimento prestado no DPF;* trabalhou com MONTEIRO na DELESP;

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* não sabe informar se MONTEIRO solicitava doações para centro espírita;* não tem conhecimento da solicitação de dinheiro por parte de MONTEIRO a empresas de segurança;* tomou conhecimento posteriormente da prática de troca de armas de uma empresa para outra;* MONTEIRO era o encarregado da parte burocrática;* com a saída de MONTEIRO, muitos empresários vieram lhe procurar para resolver pendências;* foi quando se debruçou sobre a legislação com a intenção de resolver os problemas deixados;* quando uma empresa fecha, é obrigada a devolver as armas ao DPF para que este faça eventual transferência;* apesar disso, é praxe que aconteça de uma empresa fechar, negociar as armas com outra empresa, vender as armas para esta e, somente depois, transferirem no DPF formalmente;* se sente bem em trabalhar na DELESP;* não existe o fornecimento de celulares a quem trabalha na DELESP, de modo que atendem os telefones convencionais;* na DELESP, trabalhavam aproximadamente dez policiais;* nunca presenciou MONTEIRO pedindo ou recebendo propina;* nunca houve atendimento no estacionamento;* não é possível receber documentos diretamente, sem protocolo, no estacionamento;* o atendimento ao público para eventuais esclarecimentos e informações não era feito através dos celulares pessoais dos funcionários, mas sim através dos telefones fixos da DELESP.Como se infere, a testemunha de acusação só veio a fortalecer todas as certezas já antevistas quanto à autoria e à materialidade delitivas das condutas cominadas a MONTEIRO.Vejamos o que disseram as testemunhas de defesa de MONTEIRO.WILSON CARNEIRO DE ANDRADE (fls. 1044/1052), testemunha de defesa (MONTEIRO), afirmou que:* é agente de Polícia Federal;* trabalhou com MONTEIRO na DELESP;* era comum ser feita vistoria na área externa da DELESP, sobretudo de carros-fortes;* também era comum dar informações no âmbito externo da DELESP;* quanto à entrega de documentos e requerimentos, os empresários davam entrada dentro da delegacia e não no pátio;MANOEL DIAS RABELO FILHO (fls. 1044/1052), tambem testemunha de defesa (MONTEIRO), esclareceu que:* é policial federal lotado atualmente na DELESP;* chegou na DELESP em 2004, onde permanece até hoje;* a vistoria de carros-fortes é feita na área externa, no pátio;* é possível que empresários recebam informações com os agentes através do celular.Por seu turno, EVERALDO GUEDES MARIZ (fls. 1044/1052), testemunha de defesa (MONTEIRO), aduziu que:* é policial federal aposentado desde março de 2005;* foi chefe da DELESP;* foi superior de MONTEIRO;* nunca teve conhecimento de que MONTEIRO privilegiasse qualquer empresa;* é comum que algum funcionário entre em contato com empresários para agilizar processos;* existem solicitações verbais por telefone;* ao longo de 28 anos de serviço, nunca respondeu a qualquer processo ou sindicância;* atualmente, presta consultoria em segurança privada;* a NORDESTE sempre lhe pareceu uma empresa organizada e bem formada;* conhece MARCOS PAIVA tanto em virtude de seu comparecimento na DELESP, quanto em decorrência de ser pessoa bastante conhecida no ramo de segurança privada, dando, inclusive, palestras e consultoria em Brasília;* nunca teve conhecimento de qualquer mácula na conduta de MARCOS PAIVA;* quando laborava na DELESP, não havia qualquer indisponibilidade de bens por

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parte da NORDESTE;* houve o desmembramento da NORDESTE para formar a NORDESTE TRANSPORTE;* quando do remanejamento das armas da NORDESTE para a NORDESTE TRANSPORTE, a testemunha entendeu que a empresa deveria pagar taxa, mas MARCOS entendeu que não, já que era dentro do mesmo grupo de empresas;* em virtude de a divergência ser inédita, a testemunha submeteu a questão a Brasília;* a vistoria de carros-fortes era feita no pátio da Polícia Federal;* a DELESP se localizava ao lado do estacionamento;* é possível que um agente seja abordado por algum empresário no pátio da DELESP para uma eventual consulta informal;* a constituição da NORDESTE foi legal, até porque foi firmada em Brasília;* não se recorda de pendências do grupo NORDESTE;* carros-fortes podem ser cedidos entre as empresas em comodato, venda, aluguel, etc, o que não pode ser cedido sem autorização são as armas;* sabia que MONTEIRO era ligado ao centro espírita;* nunca soube que monteiro solicitava doações para o aludido centro.IVALDO FLORENTINO (fls. 1044/1052), testemunha de defesa:* é policial federal aposentado;* trabalhou na DELESP com MONTEIRO em torno de uns 4 anos;* nunca tomou conhecimento de que MONTEIRO tenha recebido qualquer doação a centro espírita;* é comum que um servidor dê informações a pessoas no pátio da DELESP;* é comum receber telefonemas de empresários nos telefones particulares.Como se infere, as testemunhas de defesa não trouxeram aos autos qualquer informação que tivesse o condão de afastar as provas até então relacionadas.Por fim, MONTEIRO, quando interrogado (fls. 382/385), se limitou a defender que:* nunca recebeu nada para fazer suas tarefas policiais;* recebia doações de policiais e empresários para o Centro Espírita Djalma Farias;* sempre que alguma empresa informava que podia fazer doações, encaminhava ofício do CENTRO formalizando o pedido e informando conta bancária para depósito;* as doações nunca foram condicionadas às suas funções no DPF;* nunca privilegiou qualquer empresa;* sempre que uma empresa fechava, era praxe informarem sobre a disponibilidade de armas;* conhece todos os acusados, menos ALMIR;* só tem relações extraprofissionais com EVALDO, que também freqüentava o CENTRO;* JÚLIO nunca pagou cirurgia para si;* ligou para JÚLIO apenas para saber o nome do médico que o operou;* não sabia da mudança de sede da CONDORES;* soube do inquérito no nome de CÁSSIO ANDRÉ em virtude de dossiê deixado pelas outras sócias da MULTIPLA, TÂNIA e NADJA;* não informou a JULIO sobre fiscalização que ocorreria na CONDORES;* quando da arrecadação das armas da A VIGILÂNCIA, não sabia que parte delas estava em Petrolina;* não tinha conhecimento que a GATE utilizava armas da TEMPLE EL SHADAI;* não se recorda de ter recebido telefonema de NILSON cobrando o pagamento de algum compromisso e dizendo que preferia em dinheiro e não em cheque. Como se verifica, MONTEIRO, por ocasião de seu interrogatório, insistiu em defender a tese de que é inocente, negando genericamente e sem qualquer respaldo nos autos as condutas a si imputadas.A negativa, todavia, não prospera, por todas as provas já amplamente mencionadas.Apenas para destacar a falta de veracidade das alegações de MONTEIRO, cumpre enfatizar as três contradições consecutivas em que incidiu o agente: primeiro, ao afirmar que todas as taxas do DPF eram pagas em dinheiro; segundo, ao aduzir que nunca pagou taxas para empresas; terceiro, ao arrematar que, apenas uma vez recebeu um cheque da SENA para pagar taxa porque o expediente já havia sido encerrado.Ainda no esteio da vasta prova colacionada, imperioso consignar a existência de inúmeros recibos - colacionados, sobretudo, no anexo I, volume II, do IPL

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respectivo, fls. 177/288 - fornecidos por MONTEIRO às empresas de segurança privada envolvidas com o esquema articulado, todos sob a falsa nomenclatura de "doações" ao Centro Espírita Djalma Farias, o que torna ainda mais evidente o recebimento/pagamento de propina sob inescrupulosa maquiagem.Enfim, por tudo o que fora exposto, não restam dúvidas de que MONTEIRO, de modo consciente e voluntário, em concurso material (art. 69 do CPB), perpetrou o delito previsto no art. 317, § 1º, do CPB, por quinze vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB); o crime previsto no art. 299, parágrafo único, do CPB; e o crime previsto no art. 17 da Lei n.º 10.826/2003.Ainda no esteio da tipicidade, verifico, todavia, ser incabível a cominação do delito de prevaricação ao acusado MONTEIRO, pois, conforme se viu, este respondeu pelo fato de ter recebido quantias para fins escusos, inclusive para retardar atos que lhe cabia de ofício, o que, efetivamente, fez. Tanto é que respondeu por corrupção ativa qualificada (porque não apenas recebeu os valores, mas também deixou de atuar quando devia).Assim sendo, não pode MONTEIRO responder pela corrupção ativa qualificada e também pela prevaricação, sob pena de responder duas vezes pela mesma conduta: o retardo de atos de ofício.Outrossim, em que pese tenha a acusação, na denúncia, imputado a MONTEIRO o cometimento do delito de violação de sigilo funcional (art. 325 do CPB), compulsando a prova dos autos, os tipos penais em abstrato (art. 317, §1º, do CPB e art. 325 do CPB) e os fatos efetivamente comprovados, entendo que a conduta de MONTEIRO melhor se amolda ao crime previsto no art. 317, §1º, como esclarecido quando da análise das condutas de JÚLIO CESAR e NILSON.Como dito, o tipo previsto no art. 325 do Código Penal pode ser considerado subsidiário, de modo que somente se configura caso a mesma conduta não se enquadre em delito mais grave, como se observa nos autos, em que o ato melhor se amolda à previsão do art. 317, §1º, do CPB, ante a efetiva entrega de vantagem financeira ao agente público.Reputo comprovado então, o cometimento por MONTEIRO, de modo consciente e voluntário, em concurso material (art. 69 do CPB), do delito previsto no art. 317, § 1º, do CPB, por quinze vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB); com o crime previsto no art. 299, parágrafo único, do CPB; e o crime previsto no art. 17 da Lei n.º 10.826/2003.Por fim, não prosperam as teses sustentadas pelas defesas por ocasião das alegações finais, senão vejamos.NILSON, às fls. 1369/1377, limitou-se a destacar a ausência de provas suficientes para a condenação, tese que, pelas evidencias já exaustivamente carreadas, restou afastada.JOSÉ DE ALENCAR, às fls. 1385/1394, também em sede de alegações finais, sustentou a atipicidade das condutas imputadas a si, bem como a ausência de provas aptas à condenação, teses que também não prosperam, por todos os fundamentos já delineados.CÁSSIO, às fls. 1398/1412, defendeu, resumidamente, a ausência de prova quanto à materialidade delitiva, o que também não procede, por tudo o que fora exaustivamente exposto.CRISTIANO, às fls. 1413/1427, também aduziu a ausência de prova da materialidade delitiva, o que também foi afastado.JÚLIO CESAR, às fls. 1428/1445, no mesmo trilho, defendeu a insuficiência de provas para a condenação, o que não prospera, por tudo o que fora fundamentado.MARCOS, às fls. 1450/1495, por seu turno, defendeu a ausência de provas da autoria delitiva aptas a subsidiarem a condenação, o que também não prospera por razões já expostas.EVALDO, às fls. 1634/1668, por seu turno, sustentou a atipicidade da conduta, a insuficiência das provas apresentadas e a licitude de escutas realizadas em períodos "não cobertos por prorrogação judicial". Por fim, pugnou pela desclassificação do concurso material e da continuidade delitiva, em razão da não configuração de tais concursos no caso em tela.Quanto à tipicidade das condutas e à presença de provas hábeis a incriminar EVALDO, já foram tecidas as merecidas considerações, às quais por ora me reporto, sob pena de incidir em repetição desnecessária, afastando as teses.No que toca à regularidade das interceptações telefônicas, basta rever as respectivas decisões- que foram inúmeras e devidamente fundamentadas - e cuidaram de deferir uma a uma, bem assim a tabela já esculpida, que demonstrou a

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licitude de todas as provas consideradas neste ato.Por fim, MONTEIRO, às fls. 1670/1680, em sede de alegações finais, sustentou, no mérito, a ausência de provas de que tivesse praticado qualquer um dos delitos imputados pela acusação.Ora, quanto à presença de provas hábeis a incriminar MONTEIRO, também já foram tecidas as merecidas considerações, às quais por ora me reporto, sob pena de incidir em repetição desnecessária.Por fim, quanto aos concursos (crime continuado e concurso material), já foi indicada nesta fundamentação em que situações restou configurada a continuidade delitiva e em que casos deverá ser aplicado o concurso material. Outrossim, a matéria será novamente tratada no momento oportuno, quando da dosimetria.Portanto, afastadas todas as teses das defesas, imperioso concluir que certo restou o fenômeno da tipicidade, já que, diante das considerações tecidas sobre a presença dos demais elementos constitutivos do fato típico, claramente se pode concluir que houve perfeito encaixe entre as condutas praticadas pelos agentes e aquelas descrita nas normas que lhes foram imputadas por ocasião das alegações finais apresentadas pelo parquet.Assim, definida em pormenores a tipicidade, passemos, portanto, à análise da antijuridicidade.2.2.2. Antijuridicidade:No que concerne à antijuridicidade, destaco, primeiramente, que, em conceituação ampla, tem-se a mesma como sendo a contradição da ação com uma norma13.Partindo dessa conceituação, fácil concluir que antijurídica seria, portanto, a conduta contrária ao direito, de forma que a antijuridicidade representa exatamente este antagonismo, esta relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico.Assim sendo e em princípio, todo fato típico pressupõe-se também antijurídico, já que, ao menos em tese, todo fato tipificado pelo legislador assim o foi exatamente por oferecer, quando praticado dentro dos padrões aduzidos no tipo, afronta ao ordenamento jurídico.Inobstante, determinado fato, ainda que típico, quando praticado diante de algumas circunstâncias peculiares - que também devem ser previamente estabelecidas na legislação - deixa de ser considerado como contrário ao ordenamento jurídico. Neste caso, estaremos diante exatamente de uma das hipóteses excludentes de antijuridicidade, como as previstas no art. 23 do CPB.Destas considerações é possível concluir que um juízo quanto a antijuridicidade deve ser feito por exclusão e dedução: em primeiro lugar, observa-se se restou configurada qualquer hipótese que retire a antijuridicidade do fato típico e, em caso negativo, deduz-se - por autorização lógica e implícita no próprio ordenamento jurídico - que o fato, além de típico, é também antijurídico. Pois bem.Voltando-me ao caso em apreço e valendo-me destas considerações, constato, em primeiro lugar, que, nos autos, não houve a alegação ou subsequente comprovação de qualquer causa excludente de antijuridicidade que tivesse o condão de retirar dos fatos típicos praticados referido atributo. Assim sendo e em segundo lugar, possível concluir que, além de típicos, os fatos atribuídos aos denunciados revestiram-se também de antijuridicidade.2.2.3. Culpabilidade:No esteio da culpabilidade, para melhor compreendê-la, destaco, em didática comparativa, que, enquanto a antijuridicidade consiste numa relação observada entre a conduta do agente o ordenamento jurídico - que expressa desconformidade da primeira em relação aos mandamentos do segundo -, a culpabilidade, por sua vez, consiste numa relação observada entre a vontade de praticar a conduta e a reprovabilidade desta vontade, ambas analisadas em relação ao agente.A culpabilidade, portanto, seria a reprovabilidade da formação da vontade, nos dizeres de Jescheck, ou ainda a reprovabilidade de um fazer ou omitir juridicamente desaprovado: é uma reprovação dirigida ao autor, como definiu Maurach14.Com esses esclarecimentos, destaco que três são os elementos, segundo a teoria finalista, que integram a culpabilidade: a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa, os quais, doravante, serão perquiridos no caso em apreço.2.2.3.1. Imputabilidade:Quanto à imputabilidade, entendida esta como o verdadeiro núcleo da

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culpabilidade, já que se configura como o arcabouço que viabiliza ao agente atuar de determinada forma e não de outra, destaco que, no caso em apreço, a mesma restou configurada.É que os denunciados, na ocasião do fato, além de possuírem maioridade penal, não alegaram, tampouco comprovaram qualquer das hipóteses enumeradas por lei como causas de inimputabilidade, tais como doença mental ou desenvolvimento mental incompleto, embriaguez completa, quando proveniente de caso fortuito, etc.Assim, sendo a imputabilidade presumida e dependendo a inimputabilidade de prova, resta a primeira configurada, já que a segunda em momento algum foi sequer ventilada, quiçá, demonstrada.2.2.3.2. Potencial consciência da ilicitude:Da mesma forma e recebendo o reforço oriundo da conclusão pela imputabilidade, pode-se concluir também pela existência de potencial consciência da ilicitude ostentada, pelos motivos já expostos e dadas as características pessoais dos denunciados, máxime sua capacidade intelectual e de cognição, ambas devidamente observadas nos autos.Em outras palavras, restou indubitável que os denunciados possuíam esclarecimentos suficientes para saber (ou, ao menos, suspeitar) da ilicitude inerente à conduta perpetrada e, pelas razões já aduzidas, admitir o contrário, ainda mais na versão inverossímil apresentada, seria atentar contra a lógica e inteligência intrínseca a qualquer pessoa em condições normais.2.2.3.3. Exigibilidade de conduta diversa:Na sequência, também poder-se-ia exigir dos denunciados conduta diversa, pois, dos autos, não se vislumbra a existência de motivo legal ou legítimo que os compelisse de forma inevitável a realizar a prática delituosa perpetrada, retirando completamente de sua alçada a possibilidade de agir segundo sua vontade e de forma condizente com o direito. Em outras palavras, no caso em apreço, era exigível sim comportamento diverso do ilegal assumido e se os agentes assim atuaram, o fizeram por sua livre e consciente vontade.Desse modo, presentes a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa, impõe-se concluir pela culpabilidade dos agentes, frente a conduta perpetrada.3. Dispositivo:Posto isso, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE a acusação formulada na denúncia e CONDENO os acusados:JÚLIO CESAR SOARES DA SILVA pelo cometimento do delito previstos no art. 333, parágrafo único, do CPB, por três vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).CÁSSIO FRANCISCO LEMOS DE ALMEIDA pelo cometimento do delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB, por duas vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB) e do delito previsto no art. 17 da Lei n.º 10.826/2003, ambos em concurso material (art. 69 do CPB).NILSON MIRABEAU SALVADOR JÚNIOR pelo cometimento dos delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB, por três vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).CRISTIANO MEDEIROS LIMA pelo cometimento dos delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB, por duas vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).ALMIR CRUZ DE FARIAS FILHO pelo cometimento do delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB.EVALDO NUNES SENA pelo cometimento dos delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB, por duas vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).JOSÉ DE ALENCAR DE ARAÚJO FILHO pelo cometimento dos delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB, por duas vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).MARCOS EMANUEL TORRES PAIVA pelo cometimento dos delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB, por duas vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).JOSÉ CARLOS DE MOURA MONTEIRO pelo cometimento, em concurso material (art. 69 do CPB), dos delitos previstos no art. 317, § 1º, do CPB, por quinze vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB); do delito previsto no art. 299, parágrafo único, do CPB; e do delito previsto no art. 17 da Lei n.º 10.826/2003.

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3.1 Dosimetria:Passo, assim, à dosimetria da pena a ser aplicada aos réus, obedecendo aos ditames do art. 68 do Código Penal e analisando as circunstâncias judiciais do art. 59 do mesmo diploma, a eventual existência de circunstâncias agravantes e atenuantes e de causas de aumento ou diminuição de pena, bem como, ao final, a possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade aplicada por pena restritiva de direito ou, não sendo esta possível, se o será a suspensão condicional da pena (sursis), o que faço separadamenteAntes, porém, ressalte-se que a aplicação da pena privativa de liberdade, nos moldes previstos pelo nosso Código Penal, resulta do cumprimento de três fases distintas, não por outro motivo tendo sido o sistema respectivo nomeado de trifásico. A primeira fase refere-se à aplicação de uma pena-base, que é definida pela análise de oito circunstâncias judiciais, definidas pelo art. 59 do CPB. A segunda, refere-se à aplicação de uma pena intermediária, por sua vez definida pela análise da existência de circunstâncias agravantes e atenuantes. A terceira fase, é a definida após a observância das causas de aumento e de diminuição localizadas na parte especial e geral do Código Penal, após o que se chega à pena final ou definitiva.Certo é que, para a aplicação da pena-base (juízo de mérito), o julgador deve motivar todas as oito circunstâncias judiciais, quais sejam: culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade, motivos, conseqüências do crime, circunstâncias que cercaram seu cometimento e comportamento da vítima, todas devidamente elencadas no art. 59 do CPB.Feitos tais esclarecimentos, destaco ainda que o quantum da pena-base, o qual, como já dito, carece respaldar-se na análise pormenorizada do conjunto das oito circunstâncias judiciais já referidas, deve sempre partir da pena mínima prevista em abstrato para o delito sob análise, caminhando até a máxima, podendo, inclusive, atingir esta, desde que todas as circunstâncias sejam desfavoráveis ao réu. O que não se concebe é que nesta fase inicial se impute como pena-base quantum inferior ao mínimo ou superior ao máximo, já que, conforme se depreende do art. 59, II, do CPB, a referida pena deve respeitar os limites previstos em abstrato para o delito em questão.Já em relação à aplicação da pena de multa, esta obedece ao sistema bifásico: primeiramente, fixa-se a quantidade de dias-multa, entre 10 e 360 (art. 49, CPB), considerando-se as circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal, as atenuantes e agravantes genéricas, bem como as causas gerais e especiais de aumento e diminuição de pena (primeira fase) e, após, tendo em vista a condição econômica do condenado, é estabelecido o valor de cada dia-multa, de um trigésimo do salário mínimo vigente no tempo do fato delituoso até cinco vezes esse salário (segunda fase), segundo limites fixados pelo art. 49, § 1º, do CPB.3.1.1. Da aplicação da pena privativa de liberdade: critério trifásico:JÚLIO CESAR SOARES DA SILVA - cometimento do delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB, por três vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).A - Culpabilidade:A configuração da culpabilidade no caso em apreço e a análise acerca dos elementos que a compõem já foram objeto de linhas anteriores e assim se procedeu justamente para que se pudesse concluir sobre ser o réu merecedor ou não de condenação.Assim sendo e superada a referida questão, em sede de circunstâncias judiciais, não mais cabe definir a culpabilidade, mas sim observar, no caso em concreto, o grau de reprovação social que o crime e o autor merecem, atribuindo à culpabilidade a qualificação de intensa, média ou reduzida. No caso sub examine, verifica-se que o réu, de forma voluntária e consciente, na condição de empresário do ramo de segurança privada, pagou propina a agente da DELESP com a finalidade de obter benefícios ilícitos em favor de sua empresa.Sobre sua conduta, portanto, máxime levando em conta a quantidade de irregularidades que foram perpetuadas na empresa graças ao pagamento de vantagem ilícita, bem como a seriedade exigida das empresas de segurança privada - máxime em face do perigo que tais atividades, uma vez desempenhadas de forma irregular, podem causar à sociedade -, entendo que a culpabilidade assumiu grau intenso.B - Antecedentes:Em obediência ao princípio constitucional da presunção de inocência e em

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anuência ao entendimento esposado por boa parte da doutrina e reiteradamente assentado na jurisprudência, inclusive do STF e STJ, entendo como maus antecedentes - a serem sopesados negativamente em desfavor do réu - apenas os registros em folhas de antecedentes criminais que representem condenação com trânsito em julgado e que, adiante, não possam ser acatadas como agravante genérica da reincidência.Sob este enfoque, portanto, verifico não poder o réu ter esta circunstância sopesada em seu desfavor. C - Conduta Social: Quanto a essa circunstância, deve o magistrado perquirir, diante das provas coligidas e se assim for possível, a folha de antecedentes criminais do réu, o papel assumido por ela na sociedade, sua forma de se portar no ambiente familiar, profissional, perante seus vizinhos, conhecidos e amigos, para que se possa concluir se este se comporta ou não de acordo com as normas sociais que exigem uma conduta harmônica e baseada em respeito mútuo.Neste diapasão, cabível a ressalva de que os registros nas folhas de antecedentes - que, obviamente, não se refiram a condenações transitadas em julgado, sobre as quais já se tratou no tocante à circunstância que a esta antecede - se não podem ser considerados como maus antecedentes criminais, podem e devem ser considerados como maus antecedentes sociais. É que, inegavelmente, aquele que já foi processado ou mesmo indiciado várias vezes - ainda que não tenha sido condenado - não se porta, ao menos socialmente, sob a égide da boa conduta, tampouco em harmonia no meio em que vive.Pois bem, sob este enfoque, do que pôde apreender esta magistrada, não há nos autos provas que apontam para uma má conduta social assumida pelo réu. D - Personalidade:Considerando a personalidade como sendo o conjunto de caracteres exclusivos de uma pessoa que, muitas vezes, se tornam patentes por intermédio de seus atos, volto-me às provas carreadas para concluir que, aos olhos desta magistrada, não se mostrou o réu como sendo pessoa articulada e ardilosa, voltada ao mundo do crime.Enfim, não se denotou de sua personalidade traços que o distinguissem do homem médio, evento a ser sopesado em seu favor. E - Motivos:Como circunstância judicial, o motivo deve ser entendido como a razão de ser, a causa, o fundamento do crime perpetrado, sua mola propulsora.Sob este enfoque, portanto, verifico que, no caso dos autos, a motivação do delito não se afastou do próprio dolo inerente ao tipo.F - Circunstâncias:As circunstâncias a que se refere o art. 59 do CPP são aquelas relacionadas ao cometimento do fato havido por delituoso, ou seja, são peculiaridades, particularidades, detalhes e/ou nuanças observadas ao derredor da conduta, que podem ser sopesadas ou não em desfavor daquele que age.Muitas das circunstâncias observadas já estão previstas como agravantes, atenuantes, causas de aumento ou de diminuição de pena. Portanto, a consideração de determinada circunstância nesta primeira fase é residual, ou seja, somente deve ser considerada aquela circunstância que, mais adiante, não esteja prevista como apta a ser sopesada na segunda e na terceira fase.Com estes esclarecimentos, volto-me ao caso em apreço para pontificar que vislumbrei particularidades circunstanciais no cometimento do ilícito a serem sopesada em desfavor do réu, máxime a quantidade de contatos travados, de ligações efetuadas, de encontros furtivos, dentre outras peculiaridades observadas no esquema escuso que envolvia policial federal e diversos empresários, inclusive o ora réu. G - Consequências:Como se sabe, a prática de qualquer crime traz consequências já implícitas à violação da norma, que, inclusive, podem compor o próprio tipo penal infringido. Inobstante, como circunstâncias judiciais, não serão essas as consequências analisadas e sopesadas, mas sim aquelas que extrapolam o cometimento padrão do ilícito em questão.Em suma, como bem alertou NUCCI, apenas "o mal causado pelo crime, que transcende o resultado típico, é a consequência a ser considerada para a fixação da pena"15. Pois bem.

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No caso dos autos, não se vislumbram consequências outras - além da prevista no parágrafo único do art. 333 do CPB, que será considerada doravante - além daquelas já implícitas à violação da norma penal em análise. H - Comportamento da vítima:O comportamento da vítima, no presente caso, a Administração Pública, em nenhum momento pode ser encarado como provocador da conduta do réu. Pena-base:O art. 333 do CPB prevê para quem o infringe pena de 02 (dois) a 12 (cinco) anos, e multa. Considerando o acima fundamentado, máxime a culpabilidade intensa e demais circunstâncias judiciais desfavoráveis ao acusado, fixo a pena-base privativa de liberdade um pouco acima do mínimo, ou seja, em 04 (quatro) anos de reclusão.Segunda fase: análise das circunstâncias agravantes e atenuantes genéricas:Antes de tudo, ressalto que as circunstâncias agravantes (art. 61 e art. 62 do CPB) e atenuantes (art. 65 e art. 66 do CPB) não podem ser sopesadas para reduzir a pena-base já estipulada na primeira fase aquém do mínimo, nem elevá-la por sobre o máximo (súmula 231 do STJ).Não vislumbro a existência de circunstância agravante.Também não vislumbro a existência de atenuante.Terceira fase: análise das causas de aumento e de diminuição de pena:Como causa de aumento de pena, vislumbro a prevista no parágrafo único do art. 333 do CPB, a qual utilizo para aumentar a pena em 1/3 (um terço).Como causa de aumento de pena, vislumbro ainda a prevista pelo art. 71 do CPB, a qual, tendo em conta a quantidade de condutas perpetradas em continuidade delitiva (três), utilizo para aumentar a pena em 1/5 (um quinto).Não vislumbro nenhuma causa de diminuição de pena.Pena privativa de liberdade definitiva: Assim sendo, considerando a pena-base aplicada e demais nuanças correlatas à dosimetria, a pena privativa de liberdade definitiva cominada é de 06 (seis) anos, 04 (quatro) meses e 24 (vinte e quatro) dias, a ser cumprida inicialmente em regime semi-aberto (art. 33, § 2º, "b", do CPB).3.1.2. Aplicação da pena de multa: critério bifásico:Primeira fase: fixação da quantidade de dias-multa:Tendo em conta a análise já traçada acerca das circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CPB, bem como as considerações tecidas acerca das atenuantes e agravantes genéricas, causas de aumento e diminuição de pena, fixo, entre os limites de 10 a 360 (art. 49 do CPB), a quantidade de 200 (duzentos) dias-multa a serem pagos pelo réu.Segunda fase: fixação do valor do dia-multa:Levando em conta a atual situação econômica do réu, que declarou receber em torno de R$ 10.000,00 mensais, determino como valor do dia multa, dentre os limites de um trigésimo do salário mínimo vigente no tempo do fato delituoso até cinco vezes esse salário (§ 1º do art. 49 do CPB), o de 1/2 (metade) do salário mínimo.Pena de multa definitiva:Com essa operação, portanto, a multa a ser paga pelo réu é de 100 (cem) salários mínimos vigentes na época da consumação do crime, valor este sobre o qual deve incidir a correção monetária oficial até a data do efetivo pagamento (art. 49, § 2º, do CPB).3.2. Substituição da pena privativa de liberdade:Levando em conta que a pena privativa de liberdade aplicada supera o limite objetivo previsto no art. 44, I, do CPB (de quatro anos), deixo de proceder à substituição em epígrafe.3.3. Suspensão condicional da pena (sursis):Também por ter em conta o montante da pena, inviável sua suspensão condicional.3.4. Fixação do valor da reparação:No caso em apreço, deixo de fixar o valor da reparação, nos termos determinados pelo art. 387, IV, do CPP (com a nova redação trazida pela Lei n.º 11.719/2008), em virtude de não constarem nos autos elementos objetivos que permitam calcular o prejuízo material causado pela conduta.CÁSSIO FRANCISCO LEMOS DE ALMEIDA - cometimento do delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB, por duas vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB) e do delito previsto no art. 17 da Lei n.º 10.826/2003, ambos em concurso material (art. 69 do CPB).

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A - Culpabilidade:A configuração da culpabilidade no caso em apreço e a análise acerca dos elementos que a compõem já foram objeto de linhas anteriores e assim se procedeu justamente para que se pudesse concluir sobre ser o réu merecedor ou não de condenação.Assim sendo e superada a referida questão, em sede de circunstâncias judiciais, não mais cabe definir a culpabilidade, mas sim observar, no caso em concreto, o grau de reprovação social que o crime e o autor merecem, atribuindo à culpabilidade a qualificação de intensa, média ou reduzida. No caso sub examine, verifica-se que o réu, de forma voluntária e consciente, na condição de empresário do ramo de segurança privada, pagou propina a agente da DELESP com a finalidade de obter benefícios ilícitos em favor de sua empresa e, como se não bastasse, comercializou armas de fogo, também de forma consciente, voluntária e irregular.Sobre as duas condutas, portanto, máxime levando em conta a quantidade de irregularidades que foram perpetuadas na empresa graças ao pagamento de vantagem ilícita, bem como a seriedade exigida das empresas de segurança privada - máxime em face do perigo que tais atividades, uma vez desempenhadas de forma irregular, podem causar à sociedade -, entendo que a culpabilidade assumiu grau intenso.B - Antecedentes:Em obediência ao princípio constitucional da presunção de inocência e em anuência ao entendimento esposado por boa parte da doutrina e reiteradamente assentado na jurisprudência, inclusive do STF e STJ, entendo como maus antecedentes - a serem sopesados negativamente em desfavor do réu - apenas os registros em folhas de antecedentes criminais que representem condenação com trânsito em julgado e que, adiante, não possam ser acatadas como agravante genérica da reincidência.Sob este enfoque, portanto, verifico não poder o réu ter esta circunstância sopesada em seu desfavor. C - Conduta Social: Quanto a essa circunstância, deve o magistrado perquirir, diante das provas coligidas e se assim for possível, a folha de antecedentes criminais do réu, o papel assumido por ela na sociedade, sua forma de se portar no ambiente familiar, profissional, perante seus vizinhos, conhecidos e amigos, para que se possa concluir se este se comporta ou não de acordo com as normas sociais que exigem uma conduta harmônica e baseada em respeito mútuo.Neste diapasão, cabível a ressalva de que os registros nas folhas de antecedentes - que, obviamente, não se refiram a condenações transitadas em julgado, sobre as quais já se tratou no tocante à circunstância que a esta antecede - se não podem ser considerados como maus antecedentes criminais, podem e devem ser considerados como maus antecedentes sociais. É que, inegavelmente, aquele que já foi processado ou mesmo indiciado várias vezes - ainda que não tenha sido condenado - não se porta, ao menos socialmente, sob a égide da boa conduta, tampouco em harmonia no meio em que vive.Pois bem, sob este enfoque, do que pôde apreender esta magistrada, não há nos autos provas que apontam para uma má conduta social assumida pelo réu. D - Personalidade:Considerando a personalidade como sendo o conjunto de caracteres exclusivos de uma pessoa que, muitas vezes, se tornam patentes por intermédio de seus atos, volto-me às provas carreadas para concluir que, aos olhos desta magistrada, não se mostrou o réu como sendo pessoa articulada e ardilosa, voltada ao mundo do crime.Enfim, não se denotou de sua personalidade traços que o distinguissem do homem médio, evento a ser sopesado em seu favor. E - Motivos:Como circunstância judicial, o motivo deve ser entendido como a razão de ser, a causa, o fundamento do crime perpetrado, sua mola propulsora.Sob este enfoque, portanto, verifico que, no caso dos autos, a motivação de ambos os delitos não se afastou do próprio dolo inerente aos tipos.F - Circunstâncias:As circunstâncias a que se refere o art. 59 do CPP são aquelas relacionadas ao cometimento do fato havido por delituoso, ou seja, são peculiaridades, particularidades, detalhes e/ou nuanças observadas ao derredor da conduta, que podem ser sopesadas ou não em desfavor daquele que age.

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Muitas das circunstâncias observadas já estão previstas como agravantes, atenuantes, causas de aumento ou de diminuição de pena. Portanto, a consideração de determinada circunstância nesta primeira fase é residual, ou seja, somente deve ser considerada aquela circunstância que, mais adiante, não esteja prevista como apta a ser sopesada na segunda e na terceira fase.Com estes esclarecimentos, volto-me ao caso em apreço para pontificar que vislumbrei particularidades circunstanciais no cometimento do ilícito a serem sopesada em desfavor do réu, máxime a quantidade de contatos travados, de ligações efetuadas, de encontros furtivos, dentre outras peculiaridades observadas no esquema escuso que envolvia policial federal e diversos empresários, inclusive o ora réu. G - Consequências:Como se sabe, a prática de qualquer crime traz consequências já implícitas à violação da norma, que, inclusive, podem compor o próprio tipo penal infringido. Inobstante, como circunstâncias judiciais, não serão essas as consequências analisadas e sopesadas, mas sim aquelas que extrapolam o cometimento padrão do ilícito em questão.Em suma, como bem alertou NUCCI, apenas "o mal causado pelo crime, que transcende o resultado típico, é a consequência a ser considerada para a fixação da pena"16. Pois bem.No caso dos autos, não se vislumbram consequências outras - além da prevista no parágrafo único do art. 333 do CPB, que será considerada doravante - além daquelas já implícitas à violação das normas penais em análise. H - Comportamento da vítima:O comportamento da vítima, no presente caso, a Administração Pública, em nenhum momento pode ser encarado como provocador da conduta do réu. Pena-base:O art. 333 do CPB prevê para quem o infringe pena de 02 (dois) a 12 (cinco) anos, e multa. Já o art. 17 da Lei n.º 10.826/2003 prevê para quem o infrige pena de 04 (quatro) a 08 (oito) anos, e multa.Considerando o acima fundamentado, máxime a culpabilidade intensa e demais circunstâncias judiciais desfavoráveis ao acusado, fixo as penas-bases privativas de liberdade um pouco acima do mínimo, ou seja:* em 04 (quatro) anos de reclusão para o crime de corrupção ativa;* em 05 (cinco) anos de reclusão para o crime de comércio ilegal de arma de fogo.Segunda fase: análise das circunstâncias agravantes e atenuantes genéricas:Antes de tudo, ressalto que as circunstâncias agravantes (art. 61 e art. 62 do CPB) e atenuantes (art. 65 e art. 66 do CPB) não podem ser sopesadas para reduzir a pena-base já estipulada na primeira fase aquém do mínimo, nem elevá-la por sobre o máximo (súmula 231 do STJ).Não vislumbro a existência de circunstância agravante.Também não vislumbro a existência de atenuante.Terceira fase: análise das causas de aumento e de diminuição de pena:Não vislumbro causa de aumento ou de diminuição de pena em relação ao crime de comércio ilegal de arma de fogo.Como causa de aumento de pena, vislumbro a prevista no parágrafo único do art. 333 do CPB, a qual utilizo para aumentar a pena em 1/3 (um terço).Como causa de aumento de pena, vislumbro ainda a prevista pelo art. 71 do CPB, a qual, tendo em conta a quantidade de condutas perpetradas em continuidade delitiva (duas), utilizo para aumentar a pena em 1/6 (um sexto).Não vislumbro nenhuma causa de diminuição de pena.Pena privativa de liberdade definitiva: Assim sendo, considerando as penas-bases aplicada e demais nuanças correlatas à dosimetria, as penas privativas de liberdade definitivas cominada são:* 05 (cinco) anos em relação ao crime de comércio ilegal de arma de fogo;* 06 (seis) anos, 02 (dois) meses e 20 (vinte) dias em relação ao crime de corrupção ativa qualificada.TOTAL (Concurso Material): 11 (onze) anos, 02 (dois) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, a ser cumprido inicialmente em regime fechado (art. 33, § 2º, "a", do CPB).3.1.2. Aplicação da pena de multa: critério bifásico:

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Primeira fase: fixação da quantidade de dias-multa:Tendo em conta a análise já traçada acerca das circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CPB, bem como as considerações tecidas acerca das atenuantes e agravantes genéricas, causas de aumento e diminuição de pena, fixo, entre os limites de 10 a 360 (art. 49 do CPB), a quantidade de:* 200 (duzentos) dias-multa a serem pagos pelo réu em relação ao crime de comércio ilegal de arma de fogo;* 180 (cento e oitenta) dias-multa a serem pagos pelo réu em relação ao crime de corrupção ativa qualificada.* TOTAL (Concurso Material): 380 (trezentos e oitenta) dias-multa.Segunda fase: fixação do valor do dia-multa:Levando em conta a atual situação econômica do réu, que declarou receber em torno de R$ 3.500,00 mensais, determino como valor do dia multa, dentre os limites de um trigésimo do salário mínimo vigente no tempo do fato delituoso até cinco vezes esse salário (§ 1º do art. 49 do CPB), o de 1/10 (um dez avos) do salário mínimo.Pena de multa definitiva:Com essa operação, portanto, a multa a ser paga pelo réu é de 38 (trinta e oito) salários mínimos vigentes na época da consumação do crime, em relação ao delito de comércio ilegal de arma de fogo, valor este sobre o qual deve incidir a correção monetária oficial até a data do efetivo pagamento (art. 49, § 2º, do CPB);3.2. Substituição da pena privativa de liberdade:Levando em conta que a pena privativa de liberdade aplicada supera o limite objetivo previsto no art. 44, I, do CPB (de quatro anos), deixo de proceder à substituição em epígrafe.3.3. Suspensão condicional da pena (sursis):Também por ter em conta o montante da pena, inviável sua suspensão condicional.3.4. Fixação do valor da reparação:No caso em apreço, deixo de fixar o valor da reparação, nos termos determinados pelo art. 387, IV, do CPP (com a nova redação trazida pela Lei n.º 11.719/2008), em virtude de não constarem nos autos elementos objetivos que permitam calcular o prejuízo material causado pela conduta.NILSON MIRABEAU SALVADOR JÚNIOR pelo cometimento dos delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB, por três vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).A - Culpabilidade:A configuração da culpabilidade no caso em apreço e a análise acerca dos elementos que a compõem já foram objeto de linhas anteriores e assim se procedeu justamente para que se pudesse concluir sobre ser o réu merecedor ou não de condenação.Assim sendo e superada a referida questão, em sede de circunstâncias judiciais, não mais cabe definir a culpabilidade, mas sim observar, no caso em concreto, o grau de reprovação social que o crime e o autor merecem, atribuindo à culpabilidade a qualificação de intensa, média ou reduzida. No caso sub examine, verifica-se que o réu, de forma voluntária e consciente, na condição de empresário do ramo de segurança privada, pagou propina a agente da DELESP com a finalidade de obter benefícios ilícitos em favor de sua empresa.Sobre sua conduta, portanto, máxime levando em conta a quantidade de irregularidades que foram perpetuadas na empresa graças ao pagamento de vantagem ilícita, bem como a seriedade exigida das empresas de segurança privada - máxime em face do perigo que tais atividades, uma vez desempenhadas de forma irregular, podem causar à sociedade -, entendo que a culpabilidade assumiu grau intenso.B - Antecedentes:Em obediência ao princípio constitucional da presunção de inocência e em anuência ao entendimento esposado por boa parte da doutrina e reiteradamente assentado na jurisprudência, inclusive do STF e STJ, entendo como maus antecedentes - a serem sopesados negativamente em desfavor do réu - apenas os registros em folhas de antecedentes criminais que representem condenação com trânsito em julgado e que, adiante, não possam ser acatadas como agravante genérica da reincidência.Sob este enfoque, portanto, verifico não poder o réu ter esta circunstância sopesada em seu desfavor. C - Conduta Social:

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Quanto a essa circunstância, deve o magistrado perquirir, diante das provas coligidas e se assim for possível, a folha de antecedentes criminais do réu, o papel assumido por ela na sociedade, sua forma de se portar no ambiente familiar, profissional, perante seus vizinhos, conhecidos e amigos, para que se possa concluir se este se comporta ou não de acordo com as normas sociais que exigem uma conduta harmônica e baseada em respeito mútuo.Neste diapasão, cabível a ressalva de que os registros nas folhas de antecedentes - que, obviamente, não se refiram a condenações transitadas em julgado, sobre as quais já se tratou no tocante à circunstância que a esta antecede - se não podem ser considerados como maus antecedentes criminais, podem e devem ser considerados como maus antecedentes sociais. É que, inegavelmente, aquele que já foi processado ou mesmo indiciado várias vezes - ainda que não tenha sido condenado - não se porta, ao menos socialmente, sob a égide da boa conduta, tampouco em harmonia no meio em que vive.Pois bem, sob este enfoque, do que pôde apreender esta magistrada, não há nos autos provas que apontam para uma má conduta social assumida pelo réu. D - Personalidade:Considerando a personalidade como sendo o conjunto de caracteres exclusivos de uma pessoa que, muitas vezes, se tornam patentes por intermédio de seus atos, volto-me às provas carreadas para concluir que, aos olhos desta magistrada, não se mostrou o réu como sendo pessoa articulada e ardilosa, voltada ao mundo do crime.Enfim, não se denotou de sua personalidade traços que o distinguissem do homem médio, evento a ser sopesado em seu favor. E - Motivos:Como circunstância judicial, o motivo deve ser entendido como a razão de ser, a causa, o fundamento do crime perpetrado, sua mola propulsora.Sob este enfoque, portanto, verifico que, no caso dos autos, a motivação do delito não se afastou do próprio dolo inerente ao tipo.F - Circunstâncias:As circunstâncias a que se refere o art. 59 do CPP são aquelas relacionadas ao cometimento do fato havido por delituoso, ou seja, são peculiaridades, particularidades, detalhes e/ou nuanças observadas ao derredor da conduta, que podem ser sopesadas ou não em desfavor daquele que age.Muitas das circunstâncias observadas já estão previstas como agravantes, atenuantes, causas de aumento ou de diminuição de pena. Portanto, a consideração de determinada circunstância nesta primeira fase é residual, ou seja, somente deve ser considerada aquela circunstância que, mais adiante, não esteja prevista como apta a ser sopesada na segunda e na terceira fase.Com estes esclarecimentos, volto-me ao caso em apreço para pontificar que vislumbrei particularidades circunstanciais no cometimento do ilícito a serem sopesada em desfavor do réu, máxime a quantidade de contatos travados, de ligações efetuadas, de encontros furtivos, dentre outras peculiaridades observadas no esquema escuso que envolvia policial federal e diversos empresários, inclusive o ora réu. G - Consequências:Como se sabe, a prática de qualquer crime traz consequências já implícitas à violação da norma, que, inclusive, podem compor o próprio tipo penal infringido. Inobstante, como circunstâncias judiciais, não serão essas as consequências analisadas e sopesadas, mas sim aquelas que extrapolam o cometimento padrão do ilícito em questão.Em suma, como bem alertou NUCCI, apenas "o mal causado pelo crime, que transcende o resultado típico, é a consequência a ser considerada para a fixação da pena"17. Pois bem.No caso dos autos, não se vislumbram consequências outras - além da prevista no parágrafo único do art. 333 do CPB, que será considerada doravante - além daquelas já implícitas à violação da norma penal em análise. H - Comportamento da vítima:O comportamento da vítima, no presente caso, a Administração Pública, em nenhum momento pode ser encarado como provocador da conduta do réu. Pena-base:O art. 333 do CPB prevê para quem o infringe pena de 02 (dois) a 12 (cinco) anos, e multa.

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Considerando o acima fundamentado, máxime a culpabilidade intensa e demais circunstâncias judiciais desfavoráveis ao acusado, fixo a pena-base privativa de liberdade um pouco acima do mínimo, ou seja, em 04 (quatro) anos de reclusão.Segunda fase: análise das circunstâncias agravantes e atenuantes genéricas:Antes de tudo, ressalto que as circunstâncias agravantes (art. 61 e art. 62 do CPB) e atenuantes (art. 65 e art. 66 do CPB) não podem ser sopesadas para reduzir a pena-base já estipulada na primeira fase aquém do mínimo, nem elevá-la por sobre o máximo (súmula 231 do STJ).Não vislumbro a existência de circunstância agravante.Também não vislumbro a existência de atenuante.Terceira fase: análise das causas de aumento e de diminuição de pena:Como causa de aumento de pena, vislumbro a prevista no parágrafo único do art. 333 do CPB, a qual utilizo para aumentar a pena em 1/3 (um terço).Como causa de aumento de pena, vislumbro ainda a prevista pelo art. 71 do CPB, a qual, tendo em conta a quantidade de condutas perpetradas em continuidade delitiva (três), utilizo para aumentar a pena em 1/5 (um quinto).Não vislumbro nenhuma causa de diminuição de pena.Pena privativa de liberdade definitiva: Assim sendo, considerando a pena-base aplicada e demais nuanças correlatas à dosimetria, a pena privativa de liberdade definitiva cominada é de 06 (seis) anos, 04 (quatro) meses e 24 (vinte e quatro) dias, a ser cumprida inicialmente em regime semi-aberto (art. 33, § 2º, "b", do CPB).3.1.2. Aplicação da pena de multa: critério bifásico:Primeira fase: fixação da quantidade de dias-multa:Tendo em conta a análise já traçada acerca das circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CPB, bem como as considerações tecidas acerca das atenuantes e agravantes genéricas, causas de aumento e diminuição de pena, fixo, entre os limites de 10 a 360 (art. 49 do CPB), a quantidade de 200 (duzentos) dias-multa a serem pagos pelo réu.Segunda fase: fixação do valor do dia-multa:Levando em conta a atual situação econômica do réu, que declarou receber em torno de R$ 3.000,00 mensais, determino como valor do dia multa, dentre os limites de um trigésimo do salário mínimo vigente no tempo do fato delituoso até cinco vezes esse salário (§ 1º do art. 49 do CPB), o de 1/10 (um dez avos) do salário mínimo.Pena de multa definitiva:Com essa operação, portanto, a multa a ser paga pelo réu é de 20 (vinte) salários mínimos vigentes na época da consumação do crime, valor este sobre o qual deve incidir a correção monetária oficial até a data do efetivo pagamento (art. 49, § 2º, do CPB).3.2. Substituição da pena privativa de liberdade:Levando em conta que a pena privativa de liberdade aplicada supera o limite objetivo previsto no art. 44, I, do CPB (de quatro anos), deixo de proceder à substituição em epígrafe.3.3. Suspensão condicional da pena (sursis):Também por ter em conta o montante da pena, inviável sua suspensão condicional.3.4. Fixação do valor da reparação:No caso em apreço, deixo de fixar o valor da reparação, nos termos determinados pelo art. 387, IV, do CPP (com a nova redação trazida pela Lei n.º 11.719/2008), em virtude de não constarem nos autos elementos objetivos que permitam calcular o prejuízo material causado pela conduta.CRISTIANO MEDEIROS LIMA pelo cometimento dos delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB, por duas vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).A - Culpabilidade:A configuração da culpabilidade no caso em apreço e a análise acerca dos elementos que a compõem já foram objeto de linhas anteriores e assim se procedeu justamente para que se pudesse concluir sobre ser o réu merecedor ou não de condenação.Assim sendo e superada a referida questão, em sede de circunstâncias judiciais, não mais cabe definir a culpabilidade, mas sim observar, no caso em concreto, o grau de reprovação social que o crime e o autor merecem, atribuindo à culpabilidade a qualificação de intensa, média ou reduzida. No caso sub examine, verifica-se que o réu, de forma voluntária e consciente, na

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condição de empresário do ramo de segurança privada, pagou propina a agente da DELESP com a finalidade de obter benefícios ilícitos em favor de sua empresa.Sobre sua conduta, portanto, máxime levando em conta a quantidade de irregularidades que foram perpetuadas na empresa graças ao pagamento de vantagem ilícita, bem como a seriedade exigida das empresas de segurança privada - máxime em face do perigo que tais atividades, uma vez desempenhadas de forma irregular, podem causar à sociedade -, entendo que a culpabilidade assumiu grau intenso.B - Antecedentes:Em obediência ao princípio constitucional da presunção de inocência e em anuência ao entendimento esposado por boa parte da doutrina e reiteradamente assentado na jurisprudência, inclusive do STF e STJ, entendo como maus antecedentes - a serem sopesados negativamente em desfavor do réu - apenas os registros em folhas de antecedentes criminais que representem condenação com trânsito em julgado e que, adiante, não possam ser acatadas como agravante genérica da reincidência.Sob este enfoque, portanto, verifico não poder o réu ter esta circunstância sopesada em seu desfavor. C - Conduta Social: Quanto a essa circunstância, deve o magistrado perquirir, diante das provas coligidas e se assim for possível, a folha de antecedentes criminais do réu, o papel assumido por ela na sociedade, sua forma de se portar no ambiente familiar, profissional, perante seus vizinhos, conhecidos e amigos, para que se possa concluir se este se comporta ou não de acordo com as normas sociais que exigem uma conduta harmônica e baseada em respeito mútuo.Neste diapasão, cabível a ressalva de que os registros nas folhas de antecedentes - que, obviamente, não se refiram a condenações transitadas em julgado, sobre as quais já se tratou no tocante à circunstância que a esta antecede - se não podem ser considerados como maus antecedentes criminais, podem e devem ser considerados como maus antecedentes sociais. É que, inegavelmente, aquele que já foi processado ou mesmo indiciado várias vezes - ainda que não tenha sido condenado - não se porta, ao menos socialmente, sob a égide da boa conduta, tampouco em harmonia no meio em que vive.Pois bem, sob este enfoque, do que pôde apreender esta magistrada, não há nos autos provas que apontam para uma má conduta social assumida pelo réu. D - Personalidade:Considerando a personalidade como sendo o conjunto de caracteres exclusivos de uma pessoa que, muitas vezes, se tornam patentes por intermédio de seus atos, volto-me às provas carreadas para concluir que, aos olhos desta magistrada, não se mostrou o réu como sendo pessoa articulada e ardilosa, voltada ao mundo do crime.Enfim, não se denotou de sua personalidade traços que o distinguissem do homem médio, evento a ser sopesado em seu favor. E - Motivos:Como circunstância judicial, o motivo deve ser entendido como a razão de ser, a causa, o fundamento do crime perpetrado, sua mola propulsora.Sob este enfoque, portanto, verifico que, no caso dos autos, a motivação do delito não se afastou do próprio dolo inerente ao tipo.F - Circunstâncias:As circunstâncias a que se refere o art. 59 do CPP são aquelas relacionadas ao cometimento do fato havido por delituoso, ou seja, são peculiaridades, particularidades, detalhes e/ou nuanças observadas ao derredor da conduta, que podem ser sopesadas ou não em desfavor daquele que age.Muitas das circunstâncias observadas já estão previstas como agravantes, atenuantes, causas de aumento ou de diminuição de pena. Portanto, a consideração de determinada circunstância nesta primeira fase é residual, ou seja, somente deve ser considerada aquela circunstância que, mais adiante, não esteja prevista como apta a ser sopesada na segunda e na terceira fase.Com estes esclarecimentos, volto-me ao caso em apreço para pontificar que vislumbrei particularidades circunstanciais no cometimento do ilícito a serem sopesada em desfavor do réu, máxime a quantidade de contatos travados, de ligações efetuadas, de encontros furtivos, dentre outras peculiaridades observadas no esquema escuso que envolvia policial federal e diversos empresários, inclusive o ora réu. G - Consequências:

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Como se sabe, a prática de qualquer crime traz consequências já implícitas à violação da norma, que, inclusive, podem compor o próprio tipo penal infringido. Inobstante, como circunstâncias judiciais, não serão essas as consequências analisadas e sopesadas, mas sim aquelas que extrapolam o cometimento padrão do ilícito em questão.Em suma, como bem alertou NUCCI, apenas "o mal causado pelo crime, que transcende o resultado típico, é a consequência a ser considerada para a fixação da pena"18. Pois bem.No caso dos autos, não se vislumbram consequências outras - além da prevista no parágrafo único do art. 333 do CPB, que será considerada doravante - além daquelas já implícitas à violação da norma penal em análise. H - Comportamento da vítima:O comportamento da vítima, no presente caso, a Administração Pública, em nenhum momento pode ser encarado como provocador da conduta do réu. Pena-base:O art. 333 do CPB prevê para quem o infringe pena de 02 (dois) a 12 (cinco) anos, e multa. Considerando o acima fundamentado, máxime a culpabilidade intensa e demais circunstâncias judiciais desfavoráveis ao acusado, fixo a pena-base privativa de liberdade um pouco acima do mínimo, ou seja, em 04 (quatro) anos de reclusão.Segunda fase: análise das circunstâncias agravantes e atenuantes genéricas:Antes de tudo, ressalto que as circunstâncias agravantes (art. 61 e art. 62 do CPB) e atenuantes (art. 65 e art. 66 do CPB) não podem ser sopesadas para reduzir a pena-base já estipulada na primeira fase aquém do mínimo, nem elevá-la por sobre o máximo (súmula 231 do STJ).Não vislumbro a existência de circunstância agravante.Também não vislumbro a existência de atenuante.Terceira fase: análise das causas de aumento e de diminuição de pena:Como causa de aumento de pena, vislumbro a prevista no parágrafo único do art. 333 do CPB, a qual utilizo para aumentar a pena em 1/3 (um terço).Como causa de aumento de pena, vislumbro ainda a prevista pelo art. 71 do CPB, a qual, tendo em conta a quantidade de condutas perpetradas em continuidade delitiva (duas), utilizo para aumentar a pena em 1/6 (um sexto).Não vislumbro nenhuma causa de diminuição de pena.Pena privativa de liberdade definitiva: Assim sendo, considerando a pena-base aplicada e demais nuanças correlatas à dosimetria, a pena privativa de liberdade definitiva cominada é de 06 (seis) anos, 02 (dois) meses e 20 (vinte) dias, a ser cumprida inicialmente em regime semi-aberto (art. 33, § 2º, "b", do CPB).3.1.2. Aplicação da pena de multa: critério bifásico:Primeira fase: fixação da quantidade de dias-multa:Tendo em conta a análise já traçada acerca das circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CPB, bem como as considerações tecidas acerca das atenuantes e agravantes genéricas, causas de aumento e diminuição de pena, fixo, entre os limites de 10 a 360 (art. 49 do CPB), a quantidade de 180 (cento e oitenta) dias-multa a serem pagos pelo réu.Segunda fase: fixação do valor do dia-multa:Levando em conta a atual situação econômica do réu, que reclarou receber em torno de R$ 5.000,00 mensais, determino como valor do dia multa, dentre os limites de um trigésimo do salário mínimo vigente no tempo do fato delituoso até cinco vezes esse salário (§ 1º do art. 49 do CPB), o de 1/20 (um vinte avos) do salário mínimo.Pena de multa definitiva:Com essa operação, portanto, a multa a ser paga pelo réu é de 9 (nove) salários mínimos vigentes na época da consumação do crime, valor este sobre o qual deve incidir a correção monetária oficial até a data do efetivo pagamento (art. 49, § 2º, do CPB).3.2. Substituição da pena privativa de liberdade:Levando em conta que a pena privativa de liberdade aplicada supera o limite objetivo previsto no art. 44, I, do CPB (de quatro anos), deixo de proceder à substituição em epígrafe.3.3. Suspensão condicional da pena (sursis):Também por ter em conta o montante da pena, inviável sua suspensão condicional.

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3.4. Fixação do valor da reparação:No caso em apreço, deixo de fixar o valor da reparação, nos termos determinados pelo art. 387, IV, do CPP (com a nova redação trazida pela Lei n.º 11.719/2008), em virtude de não constarem nos autos elementos objetivos que permitam calcular o prejuízo material causado pela conduta.ALMIR CRUZ DE FARIAS FILHO pelo cometimento do delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB.A - Culpabilidade:A configuração da culpabilidade no caso em apreço e a análise acerca dos elementos que a compõem já foram objeto de linhas anteriores e assim se procedeu justamente para que se pudesse concluir sobre ser o réu merecedor ou não de condenação.Assim sendo e superada a referida questão, em sede de circunstâncias judiciais, não mais cabe definir a culpabilidade, mas sim observar, no caso em concreto, o grau de reprovação social que o crime e o autor merecem, atribuindo à culpabilidade a qualificação de intensa, média ou reduzida. No caso sub examine, verifica-se que o réu, de forma voluntária e consciente, na condição de empresário do ramo de segurança privada, pagou propina a agente da DELESP com a finalidade de obter benefícios ilícitos em favor de sua empresa.Sobre sua conduta, portanto, máxime levando em conta a quantidade de irregularidades que foram perpetuadas na empresa graças ao pagamento de vantagem ilícita, bem como a seriedade exigida das empresas de segurança privada - máxime em face do perigo que tais atividades, uma vez desempenhadas de forma irregular, podem causar à sociedade -, entendo que a culpabilidade assumiu grau intenso.B - Antecedentes:Em obediência ao princípio constitucional da presunção de inocência e em anuência ao entendimento esposado por boa parte da doutrina e reiteradamente assentado na jurisprudência, inclusive do STF e STJ, entendo como maus antecedentes - a serem sopesados negativamente em desfavor do réu - apenas os registros em folhas de antecedentes criminais que representem condenação com trânsito em julgado e que, adiante, não possam ser acatadas como agravante genérica da reincidência.Sob este enfoque, portanto, verifico não poder o réu ter esta circunstância sopesada em seu desfavor. C - Conduta Social: Quanto a essa circunstância, deve o magistrado perquirir, diante das provas coligidas e se assim for possível, a folha de antecedentes criminais do réu, o papel assumido por ela na sociedade, sua forma de se portar no ambiente familiar, profissional, perante seus vizinhos, conhecidos e amigos, para que se possa concluir se este se comporta ou não de acordo com as normas sociais que exigem uma conduta harmônica e baseada em respeito mútuo.Neste diapasão, cabível a ressalva de que os registros nas folhas de antecedentes - que, obviamente, não se refiram a condenações transitadas em julgado, sobre as quais já se tratou no tocante à circunstância que a esta antecede - se não podem ser considerados como maus antecedentes criminais, podem e devem ser considerados como maus antecedentes sociais. É que, inegavelmente, aquele que já foi processado ou mesmo indiciado várias vezes - ainda que não tenha sido condenado - não se porta, ao menos socialmente, sob a égide da boa conduta, tampouco em harmonia no meio em que vive.Pois bem, sob este enfoque, do que pôde apreender esta magistrada, não há nos autos provas que apontam para uma má conduta social assumida pelo réu. D - Personalidade:Considerando a personalidade como sendo o conjunto de caracteres exclusivos de uma pessoa que, muitas vezes, se tornam patentes por intermédio de seus atos, volto-me às provas carreadas para concluir que, aos olhos desta magistrada, não se mostrou o réu como sendo pessoa articulada e ardilosa, voltada ao mundo do crime.Enfim, não se denotou de sua personalidade traços que o distinguissem do homem médio, evento a ser sopesado em seu favor. E - Motivos:Como circunstância judicial, o motivo deve ser entendido como a razão de ser, a causa, o fundamento do crime perpetrado, sua mola propulsora.Sob este enfoque, portanto, verifico que, no caso dos autos, a motivação do delito não se afastou do próprio dolo inerente ao tipo.

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F - Circunstâncias:As circunstâncias a que se refere o art. 59 do CPP são aquelas relacionadas ao cometimento do fato havido por delituoso, ou seja, são peculiaridades, particularidades, detalhes e/ou nuanças observadas ao derredor da conduta, que podem ser sopesadas ou não em desfavor daquele que age.Muitas das circunstâncias observadas já estão previstas como agravantes, atenuantes, causas de aumento ou de diminuição de pena. Portanto, a consideração de determinada circunstância nesta primeira fase é residual, ou seja, somente deve ser considerada aquela circunstância que, mais adiante, não esteja prevista como apta a ser sopesada na segunda e na terceira fase.Com estes esclarecimentos, volto-me ao caso em apreço para pontificar que vislumbrei particularidades circunstanciais no cometimento do ilícito a serem sopesada em desfavor do réu, máxime a quantidade de contatos travados, de ligações efetuadas, de encontros furtivos, dentre outras peculiaridades observadas no esquema escuso que envolvia policial federal e diversos empresários, inclusive o ora réu. G - Consequências:Como se sabe, a prática de qualquer crime traz consequências já implícitas à violação da norma, que, inclusive, podem compor o próprio tipo penal infringido. Inobstante, como circunstâncias judiciais, não serão essas as consequências analisadas e sopesadas, mas sim aquelas que extrapolam o cometimento padrão do ilícito em questão.Em suma, como bem alertou NUCCI, apenas "o mal causado pelo crime, que transcende o resultado típico, é a consequência a ser considerada para a fixação da pena"19. Pois bem.No caso dos autos, não se vislumbram consequências outras - além da prevista no parágrafo único do art. 333 do CPB, que será considerada doravante - além daquelas já implícitas à violação da norma penal em análise. H - Comportamento da vítima:O comportamento da vítima, no presente caso, a Administração Pública, em nenhum momento pode ser encarado como provocador da conduta do réu. Pena-base:O art. 333 do CPB prevê para quem o infringe pena de 02 (dois) a 12 (cinco) anos, e multa. Considerando o acima fundamentado, máxime a culpabilidade intensa e demais circunstâncias judiciais desfavoráveis ao acusado, fixo a pena-base privativa de liberdade um pouco acima do mínimo, ou seja, em 04 (quatro) anos de reclusão.Segunda fase: análise das circunstâncias agravantes e atenuantes genéricas:Antes de tudo, ressalto que as circunstâncias agravantes (art. 61 e art. 62 do CPB) e atenuantes (art. 65 e art. 66 do CPB) não podem ser sopesadas para reduzir a pena-base já estipulada na primeira fase aquém do mínimo, nem elevá-la por sobre o máximo (súmula 231 do STJ).Não vislumbro a existência de circunstância agravante.Também não vislumbro a existência de atenuante.Terceira fase: análise das causas de aumento e de diminuição de pena:Como causa de aumento de pena, vislumbro a prevista no parágrafo único do art. 333 do CPB, a qual utilizo para aumentar a pena em 1/3 (um terço).Não vislumbro nenhuma causa de diminuição de pena.Pena privativa de liberdade definitiva: Assim sendo, considerando a pena-base aplicada e demais nuanças correlatas à dosimetria, a pena privativa de liberdade definitiva cominada é de 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses, a ser cumprida inicialmente em regime semi-aberto (art. 33, § 2º, "b", do CPB).3.1.2. Aplicação da pena de multa: critério bifásico:Primeira fase: fixação da quantidade de dias-multa:Tendo em conta a análise já traçada acerca das circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CPB, bem como as considerações tecidas acerca das atenuantes e agravantes genéricas, causas de aumento e diminuição de pena, fixo, entre os limites de 10 a 360 (art. 49 do CPB), a quantidade de 150 (cento e cinquenta) dias-multa a serem pagos pelo réu.Segunda fase: fixação do valor do dia-multa:Levando em conta a atual situação econômica do réu, que declarou receber em torno de R$ 5.000,00 mensais, determino como valor do dia multa, dentre os

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limites de um trigésimo do salário mínimo vigente no tempo do fato delituoso até cinco vezes esse salário (§ 1º do art. 49 do CPB), o de 1/20 (um vinte avos) do salário mínimo.Pena de multa definitiva:Com essa operação, portanto, a multa a ser paga pelo réu é de 7,5 (sete e meio) salários mínimos vigentes na época da consumação do crime, valor este sobre o qual deve incidir a correção monetária oficial até a data do efetivo pagamento (art. 49, § 2º, do CPB).3.2. Substituição da pena privativa de liberdade:Levando em conta que a pena privativa de liberdade aplicada supera o limite objetivo previsto no art. 44, I, do CPB (de quatro anos), deixo de proceder à substituição em epígrafe.3.3. Suspensão condicional da pena (sursis):Também por ter em conta o montante da pena, inviável sua suspensão condicional.3.4. Fixação do valor da reparação:No caso em apreço, deixo de fixar o valor da reparação, nos termos determinados pelo art. 387, IV, do CPP (com a nova redação trazida pela Lei n.º 11.719/2008), em virtude de não constarem nos autos elementos objetivos que permitam calcular o prejuízo material causado pela conduta.EVALDO NUNES SENA - cometimento dos delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB, por duas vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).A - Culpabilidade:A configuração da culpabilidade no caso em apreço e a análise acerca dos elementos que a compõem já foram objeto de linhas anteriores e assim se procedeu justamente para que se pudesse concluir sobre ser o réu merecedor ou não de condenação.Assim sendo e superada a referida questão, em sede de circunstâncias judiciais, não mais cabe definir a culpabilidade, mas sim observar, no caso em concreto, o grau de reprovação social que o crime e o autor merecem, atribuindo à culpabilidade a qualificação de intensa, média ou reduzida. No caso sub examine, verifica-se que o réu, de forma voluntária e consciente, na condição de empresário do ramo de segurança privada, pagou propina a agente da DELESP com a finalidade de obter benefícios ilícitos em favor de sua empresa.Sobre sua conduta, portanto, máxime levando em conta a quantidade de irregularidades que foram perpetuadas na empresa graças ao pagamento de vantagem ilícita, bem como a seriedade exigida das empresas de segurança privada - máxime em face do perigo que tais atividades, uma vez desempenhadas de forma irregular, podem causar à sociedade -, entendo que a culpabilidade assumiu grau intenso.B - Antecedentes:Em obediência ao princípio constitucional da presunção de inocência e em anuência ao entendimento esposado por boa parte da doutrina e reiteradamente assentado na jurisprudência, inclusive do STF e STJ, entendo como maus antecedentes - a serem sopesados negativamente em desfavor do réu - apenas os registros em folhas de antecedentes criminais que representem condenação com trânsito em julgado e que, adiante, não possam ser acatadas como agravante genérica da reincidência.Sob este enfoque, portanto, verifico não poder o réu ter esta circunstância sopesada em seu desfavor. C - Conduta Social: Quanto a essa circunstância, deve o magistrado perquirir, diante das provas coligidas e se assim for possível, a folha de antecedentes criminais do réu, o papel assumido por ela na sociedade, sua forma de se portar no ambiente familiar, profissional, perante seus vizinhos, conhecidos e amigos, para que se possa concluir se este se comporta ou não de acordo com as normas sociais que exigem uma conduta harmônica e baseada em respeito mútuo.Neste diapasão, cabível a ressalva de que os registros nas folhas de antecedentes - que, obviamente, não se refiram a condenações transitadas em julgado, sobre as quais já se tratou no tocante à circunstância que a esta antecede - se não podem ser considerados como maus antecedentes criminais, podem e devem ser considerados como maus antecedentes sociais. É que, inegavelmente, aquele que já foi processado ou mesmo indiciado várias vezes - ainda que não tenha sido condenado - não se porta, ao menos socialmente, sob a égide da boa conduta, tampouco em harmonia no meio em que vive.Pois bem, sob este enfoque, do que pôde apreender esta magistrada, não há nos

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autos provas que apontam para uma má conduta social assumida pelo réu. D - Personalidade:Considerando a personalidade como sendo o conjunto de caracteres exclusivos de uma pessoa que, muitas vezes, se tornam patentes por intermédio de seus atos, volto-me às provas carreadas para concluir que, aos olhos desta magistrada, não se mostrou o réu como sendo pessoa articulada e ardilosa, voltada ao mundo do crime.Enfim, não se denotou de sua personalidade traços que o distinguissem do homem médio, evento a ser sopesado em seu favor. E - Motivos:Como circunstância judicial, o motivo deve ser entendido como a razão de ser, a causa, o fundamento do crime perpetrado, sua mola propulsora.Sob este enfoque, portanto, verifico que, no caso dos autos, a motivação do delito não se afastou do próprio dolo inerente ao tipo.F - Circunstâncias:As circunstâncias a que se refere o art. 59 do CPP são aquelas relacionadas ao cometimento do fato havido por delituoso, ou seja, são peculiaridades, particularidades, detalhes e/ou nuanças observadas ao derredor da conduta, que podem ser sopesadas ou não em desfavor daquele que age.Muitas das circunstâncias observadas já estão previstas como agravantes, atenuantes, causas de aumento ou de diminuição de pena. Portanto, a consideração de determinada circunstância nesta primeira fase é residual, ou seja, somente deve ser considerada aquela circunstância que, mais adiante, não esteja prevista como apta a ser sopesada na segunda e na terceira fase.Com estes esclarecimentos, volto-me ao caso em apreço para pontificar que vislumbrei particularidades circunstanciais no cometimento do ilícito a serem sopesada em desfavor do réu, máxime a quantidade de contatos travados, de ligações efetuadas, de encontros furtivos, dentre outras peculiaridades observadas no esquema escuso que envolvia policial federal e diversos empresários, inclusive o ora réu. G - Consequências:Como se sabe, a prática de qualquer crime traz consequências já implícitas à violação da norma, que, inclusive, podem compor o próprio tipo penal infringido. Inobstante, como circunstâncias judiciais, não serão essas as consequências analisadas e sopesadas, mas sim aquelas que extrapolam o cometimento padrão do ilícito em questão.Em suma, como bem alertou NUCCI, apenas "o mal causado pelo crime, que transcende o resultado típico, é a consequência a ser considerada para a fixação da pena"20. Pois bem.No caso dos autos, não se vislumbram consequências outras - além da prevista no parágrafo único do art. 333 do CPB, que será considerada doravante - além daquelas já implícitas à violação da norma penal em análise. H - Comportamento da vítima:O comportamento da vítima, no presente caso, a Administração Pública, em nenhum momento pode ser encarado como provocador da conduta do réu. Pena-base:O art. 333 do CPB prevê para quem o infringe pena de 02 (dois) a 12 (cinco) anos, e multa. Considerando o acima fundamentado, máxime a culpabilidade intensa e demais circunstâncias judiciais desfavoráveis ao acusado, fixo a pena-base privativa de liberdade um pouco acima do mínimo, ou seja, em 04 (quatro) anos de reclusão.Segunda fase: análise das circunstâncias agravantes e atenuantes genéricas:Antes de tudo, ressalto que as circunstâncias agravantes (art. 61 e art. 62 do CPB) e atenuantes (art. 65 e art. 66 do CPB) não podem ser sopesadas para reduzir a pena-base já estipulada na primeira fase aquém do mínimo, nem elevá-la por sobre o máximo (súmula 231 do STJ).Não vislumbro a existência de circunstância agravante.Também não vislumbro a existência de atenuante.Terceira fase: análise das causas de aumento e de diminuição de pena:Como causa de aumento de pena, vislumbro a prevista no parágrafo único do art. 333 do CPB, a qual utilizo para aumentar a pena em 1/3 (um terço).Como causa de aumento de pena, vislumbro ainda a prevista pelo art. 71 do CPB, a qual, tendo em conta a quantidade de condutas perpetradas em continuidade

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delitiva (duas), utilizo para aumentar a pena em 1/6 (um sexto).Não vislumbro nenhuma causa de diminuição de pena.Pena privativa de liberdade definitiva: Assim sendo, considerando a pena-base aplicada e demais nuanças correlatas à dosimetria, a pena privativa de liberdade definitiva cominada é de 06 (seis) anos, 02 (dois) meses e 20 (vinte) dias, a ser cumprida inicialmente em regime semi-aberto (art. 33, § 2º, "b", do CPB).3.1.2. Aplicação da pena de multa: critério bifásico:Primeira fase: fixação da quantidade de dias-multa:Tendo em conta a análise já traçada acerca das circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CPB, bem como as considerações tecidas acerca das atenuantes e agravantes genéricas, causas de aumento e diminuição de pena, fixo, entre os limites de 10 a 360 (art. 49 do CPB), a quantidade de 180 (cento e oitenta) dias-multa a serem pagos pelo réu.Segunda fase: fixação do valor do dia-multa:Levando em conta a atual situação econômica do réu, que declarou receber em torno de R$ 18.000,00 mensais, determino como valor do dia multa, dentre os limites de um trigésimo do salário mínimo vigente no tempo do fato delituoso até cinco vezes esse salário (§ 1º do art. 49 do CPB), o de 1 (um) salário mínimo.Pena de multa definitiva:Com essa operação, portanto, a multa a ser paga pelo réu é de 180 (cento e oitenta) salários mínimos vigentes na época da consumação do crime, valor este sobre o qual deve incidir a correção monetária oficial até a data do efetivo pagamento (art. 49, § 2º, do CPB).3.2. Substituição da pena privativa de liberdade:Levando em conta que a pena privativa de liberdade aplicada supera o limite objetivo previsto no art. 44, I, do CPB (de quatro anos), deixo de proceder à substituição em epígrafe.3.3. Suspensão condicional da pena (sursis):Também por ter em conta o montante da pena, inviável sua suspensão condicional.3.4. Fixação do valor da reparação:No caso em apreço, deixo de fixar o valor da reparação, nos termos determinados pelo art. 387, IV, do CPP (com a nova redação trazida pela Lei n.º 11.719/2008), em virtude de não constarem nos autos elementos objetivos que permitam calcular o prejuízo material causado pela conduta.JOSÉ DE ALENCAR DE ARAÚJO FILHO - cometimento dos delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB, por duas vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).A - Culpabilidade:A configuração da culpabilidade no caso em apreço e a análise acerca dos elementos que a compõem já foram objeto de linhas anteriores e assim se procedeu justamente para que se pudesse concluir sobre ser o réu merecedor ou não de condenação.Assim sendo e superada a referida questão, em sede de circunstâncias judiciais, não mais cabe definir a culpabilidade, mas sim observar, no caso em concreto, o grau de reprovação social que o crime e o autor merecem, atribuindo à culpabilidade a qualificação de intensa, média ou reduzida. No caso sub examine, verifica-se que o réu, de forma voluntária e consciente, na condição de empresário do ramo de segurança privada, pagou propina a agente da DELESP com a finalidade de obter benefícios ilícitos em favor de sua empresa.Sobre sua conduta, portanto, máxime levando em conta a quantidade de irregularidades que foram perpetuadas na empresa graças ao pagamento de vantagem ilícita, bem como a seriedade exigida das empresas de segurança privada - máxime em face do perigo que tais atividades, uma vez desempenhadas de forma irregular, podem causar à sociedade -, entendo que a culpabilidade assumiu grau intenso.B - Antecedentes:Em obediência ao princípio constitucional da presunção de inocência e em anuência ao entendimento esposado por boa parte da doutrina e reiteradamente assentado na jurisprudência, inclusive do STF e STJ, entendo como maus antecedentes - a serem sopesados negativamente em desfavor do réu - apenas os registros em folhas de antecedentes criminais que representem condenação com trânsito em julgado e que, adiante, não possam ser acatadas como agravante genérica da reincidência.Sob este enfoque, portanto, verifico não poder o réu ter esta circunstância

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sopesada em seu desfavor. C - Conduta Social: Quanto a essa circunstância, deve o magistrado perquirir, diante das provas coligidas e se assim for possível, a folha de antecedentes criminais do réu, o papel assumido por ela na sociedade, sua forma de se portar no ambiente familiar, profissional, perante seus vizinhos, conhecidos e amigos, para que se possa concluir se este se comporta ou não de acordo com as normas sociais que exigem uma conduta harmônica e baseada em respeito mútuo.Neste diapasão, cabível a ressalva de que os registros nas folhas de antecedentes - que, obviamente, não se refiram a condenações transitadas em julgado, sobre as quais já se tratou no tocante à circunstância que a esta antecede - se não podem ser considerados como maus antecedentes criminais, podem e devem ser considerados como maus antecedentes sociais. É que, inegavelmente, aquele que já foi processado ou mesmo indiciado várias vezes - ainda que não tenha sido condenado - não se porta, ao menos socialmente, sob a égide da boa conduta, tampouco em harmonia no meio em que vive.Pois bem, sob este enfoque, do que pôde apreender esta magistrada, não há nos autos provas que apontam para uma má conduta social assumida pelo réu. D - Personalidade:Considerando a personalidade como sendo o conjunto de caracteres exclusivos de uma pessoa que, muitas vezes, se tornam patentes por intermédio de seus atos, volto-me às provas carreadas para concluir que, aos olhos desta magistrada, não se mostrou o réu como sendo pessoa articulada e ardilosa, voltada ao mundo do crime.Enfim, não se denotou de sua personalidade traços que o distinguissem do homem médio, evento a ser sopesado em seu favor. E - Motivos:Como circunstância judicial, o motivo deve ser entendido como a razão de ser, a causa, o fundamento do crime perpetrado, sua mola propulsora.Sob este enfoque, portanto, verifico que, no caso dos autos, a motivação do delito não se afastou do próprio dolo inerente ao tipo.F - Circunstâncias:As circunstâncias a que se refere o art. 59 do CPP são aquelas relacionadas ao cometimento do fato havido por delituoso, ou seja, são peculiaridades, particularidades, detalhes e/ou nuanças observadas ao derredor da conduta, que podem ser sopesadas ou não em desfavor daquele que age.Muitas das circunstâncias observadas já estão previstas como agravantes, atenuantes, causas de aumento ou de diminuição de pena. Portanto, a consideração de determinada circunstância nesta primeira fase é residual, ou seja, somente deve ser considerada aquela circunstância que, mais adiante, não esteja prevista como apta a ser sopesada na segunda e na terceira fase.Com estes esclarecimentos, volto-me ao caso em apreço para pontificar que vislumbrei particularidades circunstanciais no cometimento do ilícito a serem sopesada em desfavor do réu, máxime a quantidade de contatos travados, de ligações efetuadas, de encontros furtivos, dentre outras peculiaridades observadas no esquema escuso que envolvia policial federal e diversos empresários, inclusive o ora réu. G - Consequências:Como se sabe, a prática de qualquer crime traz consequências já implícitas à violação da norma, que, inclusive, podem compor o próprio tipo penal infringido. Inobstante, como circunstâncias judiciais, não serão essas as consequências analisadas e sopesadas, mas sim aquelas que extrapolam o cometimento padrão do ilícito em questão.Em suma, como bem alertou NUCCI, apenas "o mal causado pelo crime, que transcende o resultado típico, é a consequência a ser considerada para a fixação da pena"21. Pois bem.No caso dos autos, não se vislumbram consequências outras - além da prevista no parágrafo único do art. 333 do CPB, que será considerada doravante - além daquelas já implícitas à violação da norma penal em análise. H - Comportamento da vítima:O comportamento da vítima, no presente caso, a Administração Pública, em nenhum momento pode ser encarado como provocador da conduta do réu. Pena-base:

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O art. 333 do CPB prevê para quem o infringe pena de 02 (dois) a 12 (cinco) anos, e multa. Considerando o acima fundamentado, máxime a culpabilidade intensa e demais circunstâncias judiciais desfavoráveis ao acusado, fixo a pena-base privativa de liberdade um pouco acima do mínimo, ou seja, em 04 (quatro) anos de reclusão.Segunda fase: análise das circunstâncias agravantes e atenuantes genéricas:Antes de tudo, ressalto que as circunstâncias agravantes (art. 61 e art. 62 do CPB) e atenuantes (art. 65 e art. 66 do CPB) não podem ser sopesadas para reduzir a pena-base já estipulada na primeira fase aquém do mínimo, nem elevá-la por sobre o máximo (súmula 231 do STJ).Não vislumbro a existência de circunstância agravante.Também não vislumbro a existência de atenuante.Terceira fase: análise das causas de aumento e de diminuição de pena:Como causa de aumento de pena, vislumbro a prevista no parágrafo único do art. 333 do CPB, a qual utilizo para aumentar a pena em 1/3 (um terço).Como causa de aumento de pena, vislumbro ainda a prevista pelo art. 71 do CPB, a qual, tendo em conta a quantidade de condutas perpetradas em continuidade delitiva (duas), utilizo para aumentar a pena em 1/6 (um sexto).Não vislumbro nenhuma causa de diminuição de pena.Pena privativa de liberdade definitiva: Assim sendo, considerando a pena-base aplicada e demais nuanças correlatas à dosimetria, a pena privativa de liberdade definitiva cominada é de 06 (seis) anos, 02 (dois) meses e 20 (vinte) dias, a ser cumprida inicialmente em regime semi-aberto (art. 33, § 2º, "b", do CPB).3.1.2. Aplicação da pena de multa: critério bifásico:Primeira fase: fixação da quantidade de dias-multa:Tendo em conta a análise já traçada acerca das circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CPB, bem como as considerações tecidas acerca das atenuantes e agravantes genéricas, causas de aumento e diminuição de pena, fixo, entre os limites de 10 a 360 (art. 49 do CPB), a quantidade de 180 (cento e oitenta) dias-multa a serem pagos pelo réu.Segunda fase: fixação do valor do dia-multa:Em que pese a escassez de informações sobre a atual situação econômica do réu, considerando a atividade profissional desenvolvia e a declaração, feita no interrogatório, de que trabalha em todas as filiais do grupo Sena Segurança, determino como valor do dia multa, dentre os limites de um trigésimo do salário mínimo vigente no tempo do fato delituoso até cinco vezes esse salário (§ 1º do art. 49 do CPB), o de 1/20 (um vinte avos) do salário mínimo.Pena de multa definitiva:Com essa operação, portanto, a multa a ser paga pelo réu é de 9 (nove) salários mínimos vigentes na época da consumação do crime, valor este sobre o qual deve incidir a correção monetária oficial até a data do efetivo pagamento (art. 49, § 2º, do CPB).3.2. Substituição da pena privativa de liberdade:Levando em conta que a pena privativa de liberdade aplicada supera o limite objetivo previsto no art. 44, I, do CPB (de quatro anos), deixo de proceder à substituição em epígrafe.3.3. Suspensão condicional da pena (sursis):Também por ter em conta o montante da pena, inviável sua suspensão condicional.3.4. Fixação do valor da reparação:No caso em apreço, deixo de fixar o valor da reparação, nos termos determinados pelo art. 387, IV, do CPP (com a nova redação trazida pela Lei n.º 11.719/2008), em virtude de não constarem nos autos elementos objetivos que permitam calcular o prejuízo material causado pela conduta.MARCOS EMANUEL TORRES PAIVA - cometimento dos delito previsto no art. 333, parágrafo único, do CPB, por duas vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB).A - Culpabilidade:A configuração da culpabilidade no caso em apreço e a análise acerca dos elementos que a compõem já foram objeto de linhas anteriores e assim se procedeu justamente para que se pudesse concluir sobre ser o réu merecedor ou não de condenação.Assim sendo e superada a referida questão, em sede de circunstâncias judiciais, não mais cabe definir a culpabilidade, mas sim observar, no caso em concreto, o

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grau de reprovação social que o crime e o autor merecem, atribuindo à culpabilidade a qualificação de intensa, média ou reduzida. No caso sub examine, verifica-se que o réu, de forma voluntária e consciente, na condição de empresário do ramo de segurança privada, pagou propina a agente da DELESP com a finalidade de obter benefícios ilícitos em favor de sua empresa.Sobre sua conduta, portanto, máxime levando em conta a quantidade de irregularidades que foram perpetuadas na empresa graças ao pagamento de vantagem ilícita, bem como a seriedade exigida das empresas de segurança privada - máxime em face do perigo que tais atividades, uma vez desempenhadas de forma irregular, podem causar à sociedade -, entendo que a culpabilidade assumiu grau intenso.B - Antecedentes:Em obediência ao princípio constitucional da presunção de inocência e em anuência ao entendimento esposado por boa parte da doutrina e reiteradamente assentado na jurisprudência, inclusive do STF e STJ, entendo como maus antecedentes - a serem sopesados negativamente em desfavor do réu - apenas os registros em folhas de antecedentes criminais que representem condenação com trânsito em julgado e que, adiante, não possam ser acatadas como agravante genérica da reincidência.Sob este enfoque, portanto, verifico não poder o réu ter esta circunstância sopesada em seu desfavor. C - Conduta Social: Quanto a essa circunstância, deve o magistrado perquirir, diante das provas coligidas e se assim for possível, a folha de antecedentes criminais do réu, o papel assumido por ela na sociedade, sua forma de se portar no ambiente familiar, profissional, perante seus vizinhos, conhecidos e amigos, para que se possa concluir se este se comporta ou não de acordo com as normas sociais que exigem uma conduta harmônica e baseada em respeito mútuo.Neste diapasão, cabível a ressalva de que os registros nas folhas de antecedentes - que, obviamente, não se refiram a condenações transitadas em julgado, sobre as quais já se tratou no tocante à circunstância que a esta antecede - se não podem ser considerados como maus antecedentes criminais, podem e devem ser considerados como maus antecedentes sociais. É que, inegavelmente, aquele que já foi processado ou mesmo indiciado várias vezes - ainda que não tenha sido condenado - não se porta, ao menos socialmente, sob a égide da boa conduta, tampouco em harmonia no meio em que vive.Pois bem, sob este enfoque, do que pôde apreender esta magistrada, não há nos autos provas que apontam para uma má conduta social assumida pelo réu. D - Personalidade:Considerando a personalidade como sendo o conjunto de caracteres exclusivos de uma pessoa que, muitas vezes, se tornam patentes por intermédio de seus atos, volto-me às provas carreadas para concluir que, aos olhos desta magistrada, não se mostrou o réu como sendo pessoa articulada e ardilosa, voltada ao mundo do crime.Enfim, não se denotou de sua personalidade traços que o distinguissem do homem médio, evento a ser sopesado em seu favor. E - Motivos:Como circunstância judicial, o motivo deve ser entendido como a razão de ser, a causa, o fundamento do crime perpetrado, sua mola propulsora.Sob este enfoque, portanto, verifico que, no caso dos autos, a motivação do delito não se afastou do próprio dolo inerente ao tipo.F - Circunstâncias:As circunstâncias a que se refere o art. 59 do CPP são aquelas relacionadas ao cometimento do fato havido por delituoso, ou seja, são peculiaridades, particularidades, detalhes e/ou nuanças observadas ao derredor da conduta, que podem ser sopesadas ou não em desfavor daquele que age.Muitas das circunstâncias observadas já estão previstas como agravantes, atenuantes, causas de aumento ou de diminuição de pena. Portanto, a consideração de determinada circunstância nesta primeira fase é residual, ou seja, somente deve ser considerada aquela circunstância que, mais adiante, não esteja prevista como apta a ser sopesada na segunda e na terceira fase.Com estes esclarecimentos, volto-me ao caso em apreço para pontificar que vislumbrei particularidades circunstanciais no cometimento do ilícito a serem sopesada em desfavor do réu, máxime a quantidade de contatos travados, de ligações efetuadas, de encontros furtivos, dentre outras peculiaridades

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observadas no esquema escuso que envolvia policial federal e diversos empresários, inclusive o ora réu. G - Consequências:Como se sabe, a prática de qualquer crime traz consequências já implícitas à violação da norma, que, inclusive, podem compor o próprio tipo penal infringido. Inobstante, como circunstâncias judiciais, não serão essas as consequências analisadas e sopesadas, mas sim aquelas que extrapolam o cometimento padrão do ilícito em questão.Em suma, como bem alertou NUCCI, apenas "o mal causado pelo crime, que transcende o resultado típico, é a consequência a ser considerada para a fixação da pena"22. Pois bem.No caso dos autos, não se vislumbram consequências outras - além da prevista no parágrafo único do art. 333 do CPB, que será considerada doravante - além daquelas já implícitas à violação da norma penal em análise. H - Comportamento da vítima:O comportamento da vítima, no presente caso, a Administração Pública, em nenhum momento pode ser encarado como provocador da conduta do réu. Pena-base:O art. 333 do CPB prevê para quem o infringe pena de 02 (dois) a 12 (cinco) anos, e multa. Considerando o acima fundamentado, máxime a culpabilidade intensa e demais circunstâncias judiciais desfavoráveis ao acusado, fixo a pena-base privativa de liberdade um pouco acima do mínimo, ou seja, em 04 (quatro) anos de reclusão.Segunda fase: análise das circunstâncias agravantes e atenuantes genéricas:Antes de tudo, ressalto que as circunstâncias agravantes (art. 61 e art. 62 do CPB) e atenuantes (art. 65 e art. 66 do CPB) não podem ser sopesadas para reduzir a pena-base já estipulada na primeira fase aquém do mínimo, nem elevá-la por sobre o máximo (súmula 231 do STJ).Não vislumbro a existência de circunstância agravante.Também não vislumbro a existência de atenuante.Terceira fase: análise das causas de aumento e de diminuição de pena:Como causa de aumento de pena, vislumbro a prevista no parágrafo único do art. 333 do CPB, a qual utilizo para aumentar a pena em 1/3 (um terço).Como causa de aumento de pena, vislumbro ainda a prevista pelo art. 71 do CPB, a qual, tendo em conta a quantidade de condutas perpetradas em continuidade delitiva (duas), utilizo para aumentar a pena em 1/6 (um sexto).Não vislumbro nenhuma causa de diminuição de pena.Pena privativa de liberdade definitiva: Assim sendo, considerando a pena-base aplicada e demais nuanças correlatas à dosimetria, a pena privativa de liberdade definitiva cominada é de 06 (seis) anos, 02 (dois) meses e 20 (vinte) dias, a ser cumprida inicialmente em regime semi-aberto (art. 33, § 2º, "b", do CPB).3.1.2. Aplicação da pena de multa: critério bifásico:Primeira fase: fixação da quantidade de dias-multa:Tendo em conta a análise já traçada acerca das circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CPB, bem como as considerações tecidas acerca das atenuantes e agravantes genéricas, causas de aumento e diminuição de pena, fixo, entre os limites de 10 a 360 (art. 49 do CPB), a quantidade de 180 (cento e oitenta) dias-multa a serem pagos pelo réu.Segunda fase: fixação do valor do dia-multa:Levando em conta a atual situação econômica do réu, que declarou receber em torno de R$ 21.000,00, determino como valor do dia multa, dentre os limites de um trigésimo do salário mínimo vigente no tempo do fato delituoso até cinco vezes esse salário (§ 1º do art. 49 do CPB), o de 1 (um) salário mínimo.Pena de multa definitiva:Com essa operação, portanto, a multa a ser paga pelo réu é de 180 (cento e oitenta) salários mínimos vigentes na época da consumação do crime, valor este sobre o qual deve incidir a correção monetária oficial até a data do efetivo pagamento (art. 49, § 2º, do CPB).3.2. Substituição da pena privativa de liberdade:Levando em conta que a pena privativa de liberdade aplicada supera o limite objetivo previsto no art. 44, I, do CPB (de quatro anos), deixo de proceder à substituição em epígrafe.

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3.3. Suspensão condicional da pena (sursis):Também por ter em conta o montante da pena, inviável sua suspensão condicional.3.4. Fixação do valor da reparação:No caso em apreço, deixo de fixar o valor da reparação, nos termos determinados pelo art. 387, IV, do CPP (com a nova redação trazida pela Lei n.º 11.719/2008), em virtude de não constarem nos autos elementos objetivos que permitam calcular o prejuízo material causado pela conduta.JOSÉ CARLOS DE MOURA MONTEIRO - cometimento, em concurso material (art. 69 do CPB), dos delitos previstos no art. 317, § 1º, do CPB, por quinze vezes, em continuidade delitiva (art. 71 do CPB); do delito previsto no art. 299, parágrafo único, do CPB; e do delito previsto no art. 17 da Lei n.º 10.826/2003.A - Culpabilidade:A configuração da culpabilidade no caso em apreço e a análise acerca dos elementos que a compõem já foram objeto de linhas anteriores e assim se procedeu justamente para que se pudesse concluir sobre ser o réu merecedor ou não de condenação.Assim sendo e superada a referida questão, em sede de circunstâncias judiciais, não mais cabe definir a culpabilidade, mas sim observar, no caso em concreto, o grau de reprovação social que o crime e o autor merecem, atribuindo à culpabilidade a qualificação de intensa, média ou reduzida. No caso sub examine, verifica-se que o réu, de forma voluntária e consciente, na condição de agente de Polícia Federal responsável pela fiscalização das empresas de segurança privada, articulou esquema com empresário do mencionado ramo e, mediante o recebimento de vantagens ilícitas das mais variadas, fez "vista grossa" a uma série de irregularidades, além de fomentar o comércio irregular de armas de fogo e declarar falsamente situações incondizentes com a realidade, tudo com o fito de beneficiar os demais réus e, assim, angariar mais lucro com as atividades escusas.Sobre as três condutas imputadas ao acusado - corrupção passiva, falsidade ideológica e comércio ilegal de arma de fogo -, portanto, máxime levando em conta a quantidade de irregularidades que foram perpetuadas nas empresas graças ao pagamento de vantagem ilícita, bem como a seriedade exigida de atividade de segurança privada - máxime em face do perigo que tais atividades, uma vez desempenhadas de forma irregular, podem causar à sociedade -, entendo que a culpabilidade assumiu grau intenso.B - Antecedentes:Em obediência ao princípio constitucional da presunção de inocência e em anuência ao entendimento esposado por boa parte da doutrina e reiteradamente assentado na jurisprudência, inclusive do STF e STJ, entendo como maus antecedentes - a serem sopesados negativamente em desfavor do réu - apenas os registros em folhas de antecedentes criminais que representem condenação com trânsito em julgado e que, adiante, não possam ser acatadas como agravante genérica da reincidência.Sob este enfoque, portanto, verifico não poder o réu ter esta circunstância sopesada em seu desfavor. C - Conduta Social: Quanto a essa circunstância, deve o magistrado perquirir, diante das provas coligidas e se assim for possível, a folha de antecedentes criminais do réu, o papel assumido por ela na sociedade, sua forma de se portar no ambiente familiar, profissional, perante seus vizinhos, conhecidos e amigos, para que se possa concluir se este se comporta ou não de acordo com as normas sociais que exigem uma conduta harmônica e baseada em respeito mútuo.Neste diapasão, cabível a ressalva de que os registros nas folhas de antecedentes - que, obviamente, não se refiram a condenações transitadas em julgado, sobre as quais já se tratou no tocante à circunstância que a esta antecede - se não podem ser considerados como maus antecedentes criminais, podem e devem ser considerados como maus antecedentes sociais. É que, inegavelmente, aquele que já foi processado ou mesmo indiciado várias vezes - ainda que não tenha sido condenado - não se porta, ao menos socialmente, sob a égide da boa conduta, tampouco em harmonia no meio em que vive.Pois bem, sob este enfoque, do que pôde apreender esta magistrada, há nos autos provas que apontam para uma má conduta social assumida pelo réu e justifico.Ora, como dito, o réu, na condição de agente de Polícia Federal responsável pela fiscalização das empresas de segurança privada, tinha o dever de conduzir tal

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atividade de forma ilibada, proba e eficiente, até mesmo em função do elevado grau de responsabilidade depositado em sua pessoa, sob pena de por em risco toda a coletividade. Apesar disso e ao reverso, MONTEIRO atuou de forma absolutamente contrária ao que se esperava do cargo ocupado, recebendo propina para perpetuar irregularidades, falsificando documento público e viabilizando o comércio irregular de armas de fogo, de modo a demonstrar total descompromisso para com a sociedade que deveria defender e para com a segurança pública que deveria prestigiar. Assim sendo, imperioso arrematar que sua conduta social foi altamente reprovável, por ter agido em total desrespeito para com a coletividade, pondo em risco a segurança e a paz social.D - Personalidade:Considerando a personalidade como sendo o conjunto de caracteres exclusivos de uma pessoa que, muitas vezes, se tornam patentes por intermédio de seus atos, volto-me às provas carreadas para concluir que, aos olhos desta magistrada, não se mostrou o réu como sendo pessoa articulada e ardilosa, voltada ao mundo do crime.No caso em apreço, verifico características de personalidade ostentadas pelo réu que permitem distingui-lo do homem médio, sobretudo por ter se valido de Centro Espírita para acobertar suas falcatruas, em total desrespeito para com a religião e fé daqueles que frequentavam tal centro e o tinham como dirigente.Como se não bastasse o traço de desrespeito e insolência evidenciados na personalidade de MONTEIRO, também não se pode deixar à margem o fato de o acusado ter, a todo instante, sustentado a versão absurda de que as propinas eram meras "doações", sem qualquer vínculo com suas atividades, quando as interceptações claramente revelavam o contrário. Em suma, o réu, apesar de toda evidência, insistiu em envolver a religião como máscara, demonstrando não apenas cinismo, mas, sobretudo, desfaçatez e audácia, tudo com o fito de ludibriar o juízo e se escusar da justiça.Ao arremate, também se faz imperioso considerar que o réu atuava de forma reiterada e contínua, fazendo do crime meio de vida, evento que, por razões óbvias, atestam a falha de caráter.Enfim, se denotou de sua personalidade traços que o distinguem do homem médio, evento a ser sopesado em seu favor. E - Motivos:Como circunstância judicial, o motivo deve ser entendido como a razão de ser, a causa, o fundamento do crime perpetrado, sua mola propulsora.Sob este enfoque, portanto, verifico que, no caso dos autos, a motivação de todos os crimes foi a ganância, a soberba, a intenção de galgar lucro, ainda que em detrimento de toda a sociedade e da Administração Pública que deveria defender.F - Circunstâncias:As circunstâncias a que se refere o art. 59 do CPP são aquelas relacionadas ao cometimento do fato havido por delituoso, ou seja, são peculiaridades, particularidades, detalhes e/ou nuanças observadas ao derredor da conduta, que podem ser sopesadas ou não em desfavor daquele que age.Muitas das circunstâncias observadas já estão previstas como agravantes, atenuantes, causas de aumento ou de diminuição de pena. Portanto, a consideração de determinada circunstância nesta primeira fase é residual, ou seja, somente deve ser considerada aquela circunstância que, mais adiante, não esteja prevista como apta a ser sopesada na segunda e na terceira fase.Com estes esclarecimentos, volto-me ao caso em apreço para pontificar que vislumbrei particularidades circunstanciais no cometimento do ilícito a serem sopesada em desfavor do réu, máxime a quantidade de contatos travados, de ligações efetuadas, de encontros furtivos, dentre outras peculiaridades observadas no esquema escuso que envolvia diversos empresários do ramo de segurança privada. G - Consequências:Como se sabe, a prática de qualquer crime traz consequências já implícitas à violação da norma, que, inclusive, podem compor o próprio tipo penal infringido. Inobstante, como circunstâncias judiciais, não serão essas as consequências analisadas e sopesadas, mas sim aquelas que extrapolam o cometimento padrão do ilícito em questão.

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Em suma, como bem alertou NUCCI, apenas "o mal causado pelo crime, que transcende o resultado típico, é a consequência a ser considerada para a fixação da pena"23. Pois bem.No caso dos autos, não se vislumbram consequências outras além daquelas já implícitas à violação das normas penais em análise. H - Comportamento da vítima:O comportamento da vítima, no presente caso, a Administração Pública, em nenhum momento pode ser encarado como provocador da conduta do réu. Pena-base:O art. 317 do CPB prevê para quem o infringe pena de 02 (dois) a 12 (cinco) anos, e multa. O art. 299 do CPP prevê para quem o infringe pena de 01 (um) a 05 (cinco) anos, e multa.Já o art. 17 da Lei n.º 10.826/2003 prevê para quem o infringe pena de 04 (quatro) a 08 (oito) anos, e multa.Considerando o acima fundamentado, máxime a culpabilidade intensa e demais circunstâncias judiciais desfavoráveis ao acusado, fixo as penas-bases privativas de liberdade um pouco acima do mínimo, ou seja:* em 08 (oito) anos de reclusão para o crime de corrupção passiva;* em 04 (quatro) anos de reclusão para falsidade ideológica de documento público.* em 07 (sete) anos de reclusão para o crime de comércio ilegal de arma de fogo.Segunda fase: análise das circunstâncias agravantes e atenuantes genéricas:Antes de tudo, ressalto que as circunstâncias agravantes (art. 61 e art. 62 do CPB) e atenuantes (art. 65 e art. 66 do CPB) não podem ser sopesadas para reduzir a pena-base já estipulada na primeira fase aquém do mínimo, nem elevá-la por sobre o máximo (súmula 231 do STJ).Não vislumbro a existência de circunstância agravante.Também não vislumbro a existência de atenuante.Terceira fase: análise das causas de aumento e de diminuição de pena:Não vislumbro causa de aumento ou de diminuição de pena em relação ao crime de comércio ilegal de arma de fogo.Já em relação ao crime de falsidade ideológica de documento público, vislumbro como causa de aumento de pena a prevista no parágrafo único do art. 299 do CPP, a qual utilizo para aumentar a pena em 1/6 (um sexto).Por fim, em relação ao crime de corrupção passiva, vislumbro a causa de aumento de pena atinente ao § 1º do art. 317 do CPB, que utilizo para aumentar a pena em 1/3 (um terço); bem como a causa prevista pelo art. 71 do CPB, a qual, tendo em conta a quantidade de condutas perpetradas em continuidade delitiva (quinze), utilizo para aumentar a pena em 2/3 (dois terços).Não vislumbro nenhuma causa de diminuição de pena.Pena privativa de liberdade definitiva: Assim sendo, considerando as penas-bases aplicada e demais nuanças correlatas à dosimetria, as penas privativas de liberdade definitivas cominada são:* 17 (dezessete) anos, 09 (nove) meses e 10 (dez) dias de reclusão em relação ao crime de corrupção passiva qualificada;* 04 (quatro) anos e 08 (oito) meses de reclusão em relação ao crime de falsidade ideológica de documento público;* 07 (sete) anos de reclusão em relação ao crime de comércio ilegal de armas de fogoTOTAL (Concurso Material): 29 (vinte e nove) anos, 05 (cinco) meses e 10 (dez) dias de reclusão, a ser cumprido inicialmente em regime fechado (art. 33, § 2º, "a", do CPB).3.1.2. Aplicação da pena de multa: critério bifásico:Primeira fase: fixação da quantidade de dias-multa:Tendo em conta a análise já traçada acerca das circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CPB, bem como as considerações tecidas acerca das atenuantes e agravantes genéricas, causas de aumento e diminuição de pena, fixo, entre os limites de 10 a 360 (art. 49 do CPB), a quantidade de:* 360 (trezentos e sessenta) dias-multa a serem pagos pelo réu em relação ao crime de corrupção passiva qualificada.* 300 (trezentos) dias-multa a serem pagos pelo réu em relação ao crime de falsidade ideológica de documento público.

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* 300 (trezentos) dias-multa a serem pagos pelo réu em relação ao crime de comércio ilegal de arma de fogo;* TOTAL (Concurso Material): 960 (novecentos e sessenta) dias-multa.Segunda fase: fixação do valor do dia-multa:Levando em conta a atual situação econômica do réu, que recebe em torno de 6.000,00 mensais, determino como valor do dia multa, dentre os limites de um trigésimo do salário mínimo vigente no tempo do fato delituoso até cinco vezes esse salário (§ 1º do art. 49 do CPB), o de 1/20 (um vinte avos) do salário mínimo.Pena de multa definitiva:Com essa operação, portanto, a multa a ser paga pelo réu é de 48 (quarenta e oito) salários mínimos vigentes na época da consumação do crime, em relação ao delito de comércio ilegal de arma de fogo, valor este sobre o qual deve incidir a correção monetária oficial até a data do efetivo pagamento (art. 49, § 2º, do CPB).3.2. Substituição da pena privativa de liberdade:Levando em conta que a pena privativa de liberdade aplicada supera o limite objetivo previsto no art. 44, I, do CPB (de quatro anos), deixo de proceder à substituição em epígrafe.3.3. Suspensão condicional da pena (sursis):Também por ter em conta o montante da pena, inviável sua suspensão condicional.3.4. Fixação do valor da reparação:No caso em apreço, deixo de fixar o valor da reparação, nos termos determinados pelo art. 387, IV, do CPP (com a nova redação trazida pela Lei n.º 11.719/2008), em virtude de não constarem nos autos elementos objetivos que permitam calcular o prejuízo material causado pela conduta.3.4. Disposições finais:3.4.1. Apelar em liberdade:Apesar de a pena cominada ser elevada, não vislumbro nos autos elementos que justifiquem a determinação do recolhimento dos réus à prisão.Ao revés, verifico que responderam a todo o processo em liberdade, não se mostrando necessária a restrição de tal direito. Assim, inexistindo os elementos subsidiadores da prisão preventiva, deixo de decretá-la.3.4.2. Da perda do cargo público de MONTEIRO:Como efeito da condenação, tendo em conta o previsto no art. 92, I, "b", do CPB, determino a perda do cargo público ocupado por MONTEIRO, já que a pena foi - e muito - superior a 04 (quatro) anos de reclusão.Além de a pena ter sido superior ao montante objetivamente previsto pelo art. 92, I, "b", do CPB, não existem dúvidas de que o cargo público ocupado por MONTEIRO - agente de Polícia Federal - é absolutamente incompatível com as características que foram observadas nos autos e justifico.Como sinalado no esteio da conduta social, da personalidade, das circunstâncias e da motivação do delito, MONTEIRO demonstrou ter valores obscuros e altamente reprováveis, atuando sem limites minimamente éticos, características que se mostram incondizentes com o desempenho da função de policial federal, que tem por escopo justamente proteger a sociedade.Ora, inclusive nas dependências da própria DELESP, MONTEIRO praticou as condutas em atitude de total afronta aos princípios mínimos que norteiam a sociedade e mesmo o desempenho da função pública desempenhada.É de ver-se, sem maiores delongas, que a postura acintosa, imoral e ilegal assumida pelo réu não se coaduna com a manutenção de seu cargo público, o qual exige predicados pessoais associados à respeitabilidade, à honradez, à discrição, todos estes maculados pelo acusado.Não se pode negar que o exercício das atividades de agente de polícia federal - até mesmo pelo peso da nomenclatura - , exige agente que possa dar o melhor exemplo, servindo de norte, de bússola, de guia, de verdadeiro "guardião" de tudo o que se deve prezar na coletividade. E, sem maiores delongas, a postura do réu, na atualidade, resta longe de servir de espelho. E mais. É certo que a Administração Pública não pode ter entre os integrantes de seu quadro pessoa condenada por crimes tão severos, que atingiram a sociedade de forma grotesca, quando a função desempenhada pelo policial federal deveria ser justamente zelar pela coletividade.Em uma equação: a presente condenação é incompatível com a continuidade do

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exercício de policial federal por parte de MONTEIRO, assim como a conduta do réu foi absolutamente incompatível com o cargo.Portanto, com o trânsito em julgado da presente sentença, oficie-se ao DPF comunicando a perda do cargo público ocupado pelo réu MONTEIRO ou eventual aposentadoria correlata.3.4.3. Dos bens apreendidos:Consoante se infere do pedido de busca e apreensão n.º 2005.83.00.0016500-0, por ocasião do implemento das medidas correlatas, foram apreendidos uma série de bens, os quais, todavia, podem ser resumidos em duas categorias: documentos (recibos, cartões, cheques e papéis diversos) e equipamentos de informática (CPUs, notebook, disquetes, etc.).Pois bem.Quanto aos documentos apreendidos, em face da possibilidade de ainda serem considerados como provas, determino que sejam mantidos encartados nos autos até ulterior deliberação.Por outro lado, quanto aos equipamentos de informática, verifico que não constituem instrumento do crime, nos termos do art. 91, I, "a", do CPB, tampouco produto, nos termos do art. 91, I, "a", do CPB. Assim sendo, após o trânsito em julgado, poderão ser restituídos àqueles que comprovarem interesse e legitimidade no pleito.3.4.4. Das custas: Custas pelos réus, em valor a ser indicado pela contadoria do foro.3.4.5. Registros, comunicações e intimações cabíveis: Após o trânsito em julgado desta sentença, lancem-se os nomes dos réus no rol de culpados, nos termos do art. 5º, LVII, da Constituição Federal, c/c art. 393, II, do Código de Processo Penal, e comunique-se seu teor ao IITB, ao INI e ao TRE, para fins de suspensão dos direitos políticos (art. 15, III, da Carta Magna) e demais registros e providências necessários.Registre-se. Publique-se. Intimem-se.Recife, 23 de novembro de 2012.FLÁVIA TAVARES DANTASJuíza Federal Substituta da 13ª Vara/PE1 WELZEL, Hans. Derecho penal alemán. Trad. Juan Bustos Ramirez e Sérgio Yánês Péres. Santiago: Ed. Jurídica de Chile, 1970. p. 73.2 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 286.3 A maioria da doutrina classifica os crimes de acordo com o resultado da seguinte forma: consideram-se crimes materiais aqueles nos quais o tipo penal descreve uma ação e um resultado e exige este para a consumação, crimes formais aqueles que o tipo penal descreve uma ação e um resultado, mas dispensa este último para sua consumação e crimes de mera conduta aqueles em que o tipo penal descreve apenas uma ação.4 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 245.5 Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.6 Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.7 Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é público,

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e reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o documento é particular.Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.8 Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.9 Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.10 Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.11 Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.12 Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.13 JESCHECK, H. H. Tratado de derecho penal. Trad. Ir Puig e Muñoz Conde. Barcelona: Bosch, 1981. p. 315.14 MAURACH, Reinhart. Tratado de derecho penal. Trad. Córdoba Roda. Barcelona: ed. Ariel, 1962, v.1. p. 77.15 NUCCI, Guilherme de Souza. Individualização da pena. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 226.16 NUCCI, Guilherme de Souza. Individualização da pena. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 226.17 NUCCI, Guilherme de Souza. Individualização da pena. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 226.18 NUCCI, Guilherme de Souza. Individualização da pena. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 226.19 NUCCI, Guilherme de Souza. Individualização da pena. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 226.20 NUCCI, Guilherme de Souza. Individualização da pena. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 226.21 NUCCI, Guilherme de Souza. Individualização da pena. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 226.22 NUCCI, Guilherme de Souza. Individualização da pena. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 226.

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23 NUCCI, Guilherme de Souza. Individualização da pena. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 226.????????PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIASeção Judiciária de Pernambuco13ª VARAProcesso n.º 2006.83.00.000681-825FTD/ffm-----------------------------------------------------------------------------------------------------26/11/2012 10:49 - Juntada. Petição Diversa 2012.0052.101320-7-----------------------------------------------------------------------------------------------------08/10/2012 10:47 - Conclusão para Sentença Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/09/2012 14:11 - Juntada. Petição Diversa 2012.0052.096914-5-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/09/2012 14:10 - Recebimento. Usuário: TBP-----------------------------------------------------------------------------------------------------06/09/2012 10:32 - Remessa Externa. para DEFENSORIA PUBLICA com VISTA. Usuário: AVG Guia: GR2012.005340-----------------------------------------------------------------------------------------------------08/08/2012 13:54 - Juntada. Petição Diversa 2012.0052.078354-8-----------------------------------------------------------------------------------------------------08/08/2012 13:53 - Juntada. Alegações Finais 2012.0052.078296-7-----------------------------------------------------------------------------------------------------07/08/2012 13:58 - Juntada. Petição Diversa 2012.0052.078250-9-----------------------------------------------------------------------------------------------------01/08/2012 00:00 - Publicação D.O.E, pág.39/43 Boletim: 2012.000087.-----------------------------------------------------------------------------------------------------23/07/2012 12:51 - Despacho. Usuário: AVGDESPACHO1. Ante os princípios do contraditório e da ampla defesa, vista às defesas para que se manifestem por derradeiro, ficando desde já esclarecido que a ausência de manifestação valerá como reiteração das alegações finais já apresentadas.2. Após, voltem-me conclusos.3. Cumpra-se. Recife, 20 de julho de 2012.Flávia Tavares DantasJuíza Federal Substituta da 13ª Vara/PEPODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIASeção Judiciária de Pernambuco13ª VARAProcesso n.º 0000681-13.2006.4.05.8300-----------------------------------------------------------------------------------------------------02/07/2012 09:54 - Conclusão para Despacho Usuário: CBC-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/06/2012 15:22 - Juntada. Parecer / Cota - Mpf 2012.0052.063885-8

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-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/06/2012 15:17 - Recebimento. Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------08/06/2012 09:01 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO com VISTA. Usuário: AVG Guia: GR2012.003364-----------------------------------------------------------------------------------------------------07/06/2012 17:30 - Sentença. Usuário: FFMDESPACHO1. Diante da existência de documentos acostados e preliminares aventadas pelas defesas por ocasião das alegações finais, em observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa, vista ao MPF para manifestação.2. Após, voltem-me conclusos.3. Cumpra-se. Recife, 07 de maio de 2012.Cesar Arthur Cavalcanti de CarvalhoJuiz Federal Titular da 13ª Vara/PEPODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIASeção Judiciária de Pernambuco13ª VARAProcesso n.º 0000681-13.2006.4.05.8300-----------------------------------------------------------------------------------------------------14/05/2012 10:04 - Conclusão para Sentença Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------11/05/2012 16:26 - Juntada. Petição Diversa 2012.0052.043473-0-----------------------------------------------------------------------------------------------------28/02/2012 14:30 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000337-2/2012-----------------------------------------------------------------------------------------------------09/05/2012 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000337-2/2012 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------23/02/2012 17:11 - Juntada. Petição Diversa 2012.0052.013505-8-----------------------------------------------------------------------------------------------------23/02/2012 17:10 - Juntada. Petição Diversa 2012.0052.013504-0-----------------------------------------------------------------------------------------------------14/02/2012 00:00 - Publicação D.O.E, pág.18/27 Boletim: 2012.000011.-----------------------------------------------------------------------------------------------------10/01/2012 16:57 - Despacho. Usuário: LCN1.<TB>Em atenção aos princípios do contraditório e da ampla defesa, converto o julgamento em diligência para deferir o requerimento formulado pelo réu MARCOS EMANUEL TORRES DE PAIVA, de extração de cópia dos autos nº 2005.83.00.012839-7, onde foi decretada a quebra de sigilo telefônico que lastreia a denúncia (fl. 1336).2.<TB>Intime-se o advogado do referido réu a fornecer cd's virgens, onde serão copiados os diálogos interceptados que porventura sejam do seu interesse, reabrindo-se, ao mesmo, o prazo para apresentação de alegações finais.3.<TB>Intime-se o advogado do réu ALMIR CRUZ DE FARIAS FILHO à, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentar alegações finais, sob pena de aplicação da multa prevista no art. 265 do CPP.4.<TB>Em caso de inércia do patrono do réu ALMIR CRUZ, intime-se este último a, no mesmo prazo, constituir novo advogado, sob pena de lhe ser nomeado defensor público.5.<TB>Cumpra-se.

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-----------------------------------------------------------------------------------------------------05/12/2011 15:39 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------22/11/2011 13:07 - Juntada. Alegações Finais 2011.0052.106266-7-----------------------------------------------------------------------------------------------------16/11/2011 14:19 - Juntada. Alegações Finais 2011.8291.000019-2-----------------------------------------------------------------------------------------------------16/11/2011 14:18 - Juntada. Pedido De Juntada De Substabelecimento 2011.0052.105259-9-----------------------------------------------------------------------------------------------------08/11/2011 14:44 - Juntada. Petição Diversa 2011.0052.103425-6-----------------------------------------------------------------------------------------------------08/11/2011 14:43 - Juntada. Petição Diversa 2011.0052.103424-8-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/11/2011 10:45 - Juntada. Alegações Finais 2011.0052.100121-8-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/11/2011 10:44 - Juntada. Alegações Finais 2011.0052.100120-0-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/11/2011 10:43 - Juntada. Alegações Finais 2011.0052.100117-0-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/11/2011 10:21 - Juntada. Alegações Finais 2011.0052.100108-0-----------------------------------------------------------------------------------------------------24/10/2011 11:15 - Juntada. Pedido De Juntada De Substabelecimento 2011.0052.099121-4-----------------------------------------------------------------------------------------------------20/10/2011 00:00 - Publicação D.O.E, pág.7 Boletim: 2011.000114.-----------------------------------------------------------------------------------------------------14/10/2011 14:58 - Juntada. Alegações Finais 2011.0052.095521-8-----------------------------------------------------------------------------------------------------14/10/2011 14:57 - Recebimento. Usuário: TBP-----------------------------------------------------------------------------------------------------30/09/2011 14:08 - Remessa Externa. para DEFENSORIA PUBLICA com VISTA. Usuário: RCSC Guia: GR2011.005959-----------------------------------------------------------------------------------------------------30/09/2011 13:59 - Juntada. Alegações Finais 2011.0052.091107-5-----------------------------------------------------------------------------------------------------30/09/2011 13:49 - Recebimento. Usuário: RCSC-----------------------------------------------------------------------------------------------------13/09/2011 09:18 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO com APRESENTAR ALEGACOES FINAIS. Usuário: AVG Guia: GR2011.005530-----------------------------------------------------------------------------------------------------13/09/2011 09:17 - Despacho. Usuário: AVG<TB>Vista às partes, sucessivamente, para apresentação das alegações finais, no prazo legal.--------------------------------------------------------------------------------

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---------------------12/09/2011 14:49 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/08/2011 17:36 - Juntada. Petição Diversa 2011.0052.075496-4-----------------------------------------------------------------------------------------------------22/06/2011 09:54 - Juntada. Petição Diversa 2011.0052.054500-1-----------------------------------------------------------------------------------------------------08/06/2011 13:15 - Juntada. Petição Diversa 2011.0052.048799-0-----------------------------------------------------------------------------------------------------07/06/2011 14:17 - Expedido - Ofício - OFI.0013.001972-7/2011-----------------------------------------------------------------------------------------------------05/07/2011 00:00 - Mandado/Ofício. OFI.0013.001972-7/2011 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------30/05/2011 10:43 - Despacho. Usuário: AVG<TB>Oficie-se a 3ª Vara Criminal da Comarca de Olinda/PE, como solicitado á f. 1314.<TB>No mais, aguarde-se a devolução da deprecata de f. 1331.-----------------------------------------------------------------------------------------------------26/05/2011 10:56 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------25/05/2011 15:13 - Expedido - Carta Precatória - CPR.0013.000145-7/2011-----------------------------------------------------------------------------------------------------25/05/2011 13:58 - Juntada. Petição Diversa 2011.8291.000006-0-----------------------------------------------------------------------------------------------------11/05/2011 00:00 - Publicação D.O.E, pág.9 Boletim: 2011.000037.-----------------------------------------------------------------------------------------------------06/05/2011 10:44 - Recebimento. Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------14/04/2011 10:07 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO com VISTA. Usuário: AVG Guia: GR2011.002214-----------------------------------------------------------------------------------------------------14/04/2011 10:06 - Despacho. Usuário: AVG<TB>Vista às partes para requerimento de eventuais diligências, nos termos do art. 402 do CPP, no prazo legal.-----------------------------------------------------------------------------------------------------13/04/2011 14:04 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/03/2011 14:50 - Juntada. Petição Diversa 2011.0052.020463-8-----------------------------------------------------------------------------------------------------03/03/2011 13:45 - Juntada. Petição Diversa 2011.0052.017971-4-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/02/2011 00:00 - Publicação D.O.E, pág.18 Boletim: 2011.000009.-----------------------------------------------------------------------------------------------------16/02/2011 10:06 - Despacho. Usuário: AVG<TB>Tendo em vista a certidão de f. 1265, e considerando o fato de já constar,

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no presente feito, o interrogatório do réu JOSÉ DE ALENCAR DE ARAÚJO FILHO às f. 767/769, intime-se o defensor do referido réu para que informe a este Juízo se o acusado deseja apenas ratificar as anteriores declarações ou prestar novo depoimento. Caso haja pedido de realização de novas declarações, determino desde já que a defesa indique o endereço em que o réu JOSÉ DE ALENCAR possa ser encontrado. -----------------------------------------------------------------------------------------------------15/02/2011 15:18 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/02/2011 00:00 - Publicação D.O.E, pág.16/17 Boletim: 2011.000006.-----------------------------------------------------------------------------------------------------31/01/2011 13:34 - Expedido - Ofício - OFI.0013.000272-6/2011-----------------------------------------------------------------------------------------------------31/01/2011 10:12 - Despacho. Usuário: AVG1. Atenda-se o pedido de f. 1247. Providencie a secretaria o envio, para JF de São Paulo, de cópia da decisão de f. 30/32.2. Diante da petição de f. 1248, cancelo a audiência designada para o dia 09/02/2011, às 16 h, para interrogatório do acusado JOSÉ CARLOS.3. Aguarde-se a devolução das cartas precatórias expedidas.4. Intimações e expedientes necessários.-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/01/2011 12:59 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/01/2011 12:58 - Juntada. Petição Diversa 2011.0052.005879-8-----------------------------------------------------------------------------------------------------02/12/2010 00:00 - Publicação D.O.E, pág.8/9 Boletim: 2010.000144.-----------------------------------------------------------------------------------------------------30/11/2010 14:20 - Expedido - Ofício - OFI.0013.004298-0/2010-----------------------------------------------------------------------------------------------------30/11/2010 14:01 - Ato Ordinatório. Usuário: AVGFica o Ilustríssimo Advogado do réu JOSÉ CARLOS DE MOURA MONTEIRO, intimado do despacho exarado à f. 1234: "Em relação ao pedido de f. 1231, considerando já ter sido tomado interrogatório no início do processo, esclareça a defesa se o acusado deseja apenas ratificar as anteriores declarações ou prestar novo depoimento. Caso haja pedido de realização de novas declarações, desde já defiro o pedido de adiamento, designando o dia 09/02/2011, às 16:00 h, para interrogatório do acusado JOSÉ CARLOS. No mais, aguarde-se a devolução das cartas precatórias.-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/11/2010 15:49 - Juntada. Pedido De Juntada De Substabelecimento 2010.0052.109871-9-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/11/2010 15:48 - Juntada. Petição Diversa 2010.0052.108979-5-----------------------------------------------------------------------------------------------------16/11/2010 14:44 - Recebimento. Usuário: HBCG-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/11/2010 12:58 - Remessa Externa. para DEFENSORIA PUBLICA com VISTA. Usuário: AVG Guia: GR2010.006617-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/11/2010 12:55 - Recebimento. Usuário: AVG

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-----------------------------------------------------------------------------------------------------19/10/2010 14:15 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO com CIENCIA DO DESPACHO/DECISÃO. Usuário: AVG Guia: GR2010.006325-----------------------------------------------------------------------------------------------------19/10/2010 00:00 - Publicação D.O.E, pág.7/8 Boletim: 2010.000122.-----------------------------------------------------------------------------------------------------13/10/2010 13:18 - Expedido - Carta Precatória - CPR.0013.000393-3/2010-----------------------------------------------------------------------------------------------------13/10/2010 11:49 - Expedido - Carta Precatória - CPR.0013.000392-9/2010-----------------------------------------------------------------------------------------------------13/10/2010 11:35 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001704-4/2010-----------------------------------------------------------------------------------------------------16/11/2010 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001704-4/2010 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------13/10/2010 11:29 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001703-0/2010-----------------------------------------------------------------------------------------------------22/10/2010 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001703-0/2010 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------13/10/2010 11:26 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001702-5/2010-----------------------------------------------------------------------------------------------------22/10/2010 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001702-5/2010 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------13/10/2010 11:23 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001701-0/2010-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/11/2010 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001701-0/2010 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------23/10/2010 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001701-0/2010 Devolvido - Resultado: Negativa-----------------------------------------------------------------------------------------------------15/10/2010 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001701-0/2010 Devolvido - Resultado: Negativa-----------------------------------------------------------------------------------------------------13/10/2010 11:04 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001698-2/2010-----------------------------------------------------------------------------------------------------16/11/2010 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001698-2/2010 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------13/10/2010 11:02 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001697-8/2010-----------------------------------------------------------------------------------------------------16/11/2010 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001697-8/2010 Devolvido - Resultado: Positiva--------------------------------------------------------------------------------

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---------------------13/10/2010 10:54 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001696-3/2010-----------------------------------------------------------------------------------------------------03/11/2010 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001696-3/2010 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------13/10/2010 10:31 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001694-4/2010-----------------------------------------------------------------------------------------------------11/11/2010 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001694-4/2010 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------13/10/2010 09:52 - Despacho. Usuário: AVG1. Determino a realização da audiência de instrução e julgamento para o dia 29/11/2010, às 14:00 h, visando a inquirição da testemunha restante, Sr. MARCUS VINÍCIUS FERRAZ PACHECO, arrolada pela defesa do réu Evaldo Nunes de Sena, bem como a realização dos interrogatórios.2. Expeçam-se cartas precatórias para Justiça Federal de Alagoas e de São Paulo para interrogatório dos réus JOSÉ DE ALENCAR DE ARAÚJO FILHO e MARCOS EMANUEL TORRES PAIVA, respectivamente. 3. Intimem-se as partes acerca da expedição das cartas precatórias, ficando dispensáveis novas intimações, inclusive da data de audiência designada pelo Juízo Deprecado, conforme Súmula nº 273 do ESTJ.4. Intimações e expedientes necessários.5. Cumpra-se. -----------------------------------------------------------------------------------------------------08/10/2010 09:48 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------26/08/2010 00:00 - Publicação D.O.E, pág.9/10 Boletim: 2010.000096.-----------------------------------------------------------------------------------------------------24/08/2010 11:18 - Despacho. Usuário: AVG<TB>Tendo em vista a petição apresentada pela defesa do réu EVALDO NUNES DE SENA, à f. 1195:1. Defiro o pedido de desistência da ouvida da testemunha JOÃO MODESTO DE ARAÚJO NETO.2. Agende a secretaria data para inquirição da testemunha MARCUS VINÍCIUS FERRAZ PACHECO.3. Intimações e expedientes necessários.-----------------------------------------------------------------------------------------------------23/08/2010 14:36 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------19/08/2010 15:33 - Juntada. Petição Diversa 2010.0052.073495-6-----------------------------------------------------------------------------------------------------06/08/2010 00:00 - Publicação D.O.E, pág.13/14 Boletim: 2010.000085.-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/08/2010 09:24 - Despacho. Usuário: AVG<TB>Em face da certidão de f. 1188, intime-se a defesa do réu EVALDO NUNES SENA para que, no prazo de 03 (três) dias, em relação às testemunhas MARCUS VINÍCIUS FERRAZ PACHECO e JOÃO MODESTO DE ARAÚJO NETO, forneça endereço onde possam ser encontradas, sob pena de prosseguimento do feito.<TB>Cumpra-se.-----------------------------------------------------------------------------------------------------03/08/2010 09:20 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG--------------------------------------------------------------------------------

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---------------------03/08/2010 09:19 - Certidão. <TB><TB>Certifico que, compulsando o presente feito, verifiquei que só restam serem ouvidas as testemunhas: Sr. Marcus Vinícius Ferraz Pacheco e Sr. João Modesto de Araújo Neto, arroladas pela defesa do réu EVALDO NUNES SENA, por não terem sido encontradas, conforme f. 1094/1096 e 1160/1161, respectivamente. Dou fé.-----------------------------------------------------------------------------------------------------03/08/2010 09:18 - Juntada. Pedido De Juntada De Substabelecimento 2010.0052.069948-4-----------------------------------------------------------------------------------------------------28/07/2010 14:47 - Juntada. Pedido De Juntada De Substabelecimento 2010.0052.066317-0-----------------------------------------------------------------------------------------------------10/05/2010 15:15 - Juntada. Petição Diversa 2010.0052.028441-1-----------------------------------------------------------------------------------------------------14/12/2009 16:04 - Juntada. Petição Diversa 2009.0052.129079-6-----------------------------------------------------------------------------------------------------05/12/2009 00:00 - Publicação D.O.E, pág.18 Boletim: 2009.000134.-----------------------------------------------------------------------------------------------------03/12/2009 11:27 - Ato Ordinatório. Usuário: AVGFicam os Ilustríssimos Advogados Constituídos intimados do despacho de f. 1047: "Designo o dia 10/12/2009, às 16h30, para inquirição da testemunha NATÁLIA, que deverá ser intimada no endereço fornecido pela Receita Federal. Havendo interesse e sob pena de reputar prejudicada a ouvida caso não seja novamente localizada, poderá a defesa apresentar endereço alternativo àquele fornecido pela Receita Fedral. Intimados os presentes e demais intimações necessárias."-----------------------------------------------------------------------------------------------------03/12/2009 11:18 - Juntada. Petição Diversa 2009.0052.125877-9-----------------------------------------------------------------------------------------------------03/12/2009 10:59 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001504-5/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/12/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001504-5/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------09/10/2009 00:00 - Publicação D.O.E, pág.13 Boletim: 2009.000111.-----------------------------------------------------------------------------------------------------05/10/2009 11:45 - Ato Ordinatório. Usuário: AVGEm cumprimento à determinação de f. 928, ficam os Ilustríssimos Advogados Constituídos intimados a comparecerem às audiências de inquirição das testemunhas arroladas pela defesa, designadas para os dias 30/11/2009, às 14:00 horas, 01/12/2009, às 14:00 h e 02/12/2009, às 14:00 h, a serem realizadas na sala das audiências deste Juízo, sito à Av. Recife, nº 6250, 4º andar, Jiquiá, Recife/PE, bem como da expedição das cartas precatórias para as Seções Judiciárias da Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Góias e para Subseção Judiciária de Feira de Santana/BA, com a finalidade de inquirir as testemunhas, arroladas pela defesa dos réus MARCOS EMANUEL TORRES DE PAIVA, EVALDO NUNES DE SENA e CÁSSIO FRANCISCO LEMOS DE ALMEIDA, ficando dispensáveis novas intimações, inclusive da data de audiência designada pelo Juízo Deprecado, conforme Súmula nº 273 do ESTJ. -----------------------------------------------------------------------------------------------------05/10/2009 10:54 - Expedido - Edital - EIN.0013.000017-4/2009

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-----------------------------------------------------------------------------------------------------30/09/2009 14:05 - Expedido - Carta Precatória - CPR.0013.000299-4/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/09/2009 15:42 - Expedido - Carta Precatória - CPR.0013.000298-0/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/09/2009 15:41 - Expedido - Carta Precatória - CPR.0013.000297-5/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/09/2009 15:27 - Expedido - Carta Precatória - CPR.0013.000296-0/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/09/2009 15:13 - Expedido - Carta Precatória - CPR.0013.000295-6/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/09/2009 15:04 - Expedido - Carta Precatória - CPR.0013.000294-1/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------25/09/2009 12:36 - Expedido - Carta Precatória - CPR.0013.000289-0/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/09/2009 15:33 - Expedido - Ofício - OFI.0013.002792-9/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------16/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. OFI.0013.002792-9/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/09/2009 15:22 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001228-2/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------07/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001228-2/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/09/2009 15:18 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001227-8/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------12/11/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001227-8/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/09/2009 15:14 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001226-3/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------20/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001226-3/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/09/2009 15:10 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001225-9/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------12/11/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001225-9/2009 Devolvido - Resultado: Negativa-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/09/2009 15:06 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001224-4/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------28/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001224-4/2009 Devolvido - Resultado: Positiva--------------------------------------------------------------------------------

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---------------------18/09/2009 15:01 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001223-0/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------24/11/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001223-0/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/09/2009 14:56 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001222-5/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------01/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001222-5/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/09/2009 14:53 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001221-0/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------20/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001221-0/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/09/2009 14:50 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001220-6/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------23/11/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001220-6/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/09/2009 14:42 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001219-3/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------28/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001219-3/2009 Devolvido - Resultado: Negativa-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/09/2009 14:36 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001218-9/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------10/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001218-9/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/09/2009 14:12 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001217-4/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------28/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001217-4/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/09/2009 14:07 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001216-0/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------05/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001216-0/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/09/2009 14:03 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001215-5/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/09/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001215-5/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------

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18/09/2009 13:56 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001214-0/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------09/11/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001214-0/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/09/2009 16:12 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001208-5/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------01/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001208-5/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/09/2009 16:01 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001207-0/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------30/09/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001207-0/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/09/2009 15:55 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001206-6/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------07/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001206-6/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/09/2009 15:52 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001205-1/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------01/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001205-1/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/09/2009 15:49 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001204-7/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------10/11/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001204-7/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/09/2009 15:45 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001203-2/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------03/11/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001203-2/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/09/2009 15:30 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001202-8/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/11/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001202-8/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/09/2009 15:27 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001201-3/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001201-3/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/09/2009 15:22 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001200-9/2009

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-----------------------------------------------------------------------------------------------------23/11/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001200-9/2009 Devolvido - Resultado: Negativa-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/09/2009 15:16 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001199-0/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------14/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001199-0/2009 Devolvido - Resultado: Negativa-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/09/2009 15:13 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001197-0/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------23/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001197-0/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/09/2009 15:08 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001196-6/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001196-6/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/09/2009 15:05 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001195-1/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------23/11/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001195-1/2009 Devolvido - Resultado: Negativa-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/09/2009 15:01 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001194-7/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------25/11/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001194-7/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------07/10/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001194-7/2009 Devolvido - Resultado: Negativa-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/09/2009 14:58 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001193-2/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------30/09/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001193-2/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/09/2009 14:53 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001192-8/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------30/09/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001192-8/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------14/09/2009 11:25 - Juntada. Petição Diversa 2009.0052.095913-7-----------------------------------------------------------------------------------------------------14/09/2009 11:24 - Juntada. Pedido De Juntada De Substabelecimento 2009.0052.095750-9

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-----------------------------------------------------------------------------------------------------01/09/2009 13:04 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001087-4/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------24/08/2009 10:36 - Juntada. Petição Diversa 2009.0052.085433-5-----------------------------------------------------------------------------------------------------24/08/2009 10:35 - Recebimento. Usuário: ASTA-----------------------------------------------------------------------------------------------------13/08/2009 17:30 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO com CIENCIA DE AUDIENCIA. Usuário: RHF Guia: GR2009.003831-----------------------------------------------------------------------------------------------------11/08/2009 00:00 - Publicação D.O.E, pág.8 Boletim: 2009.000080.-----------------------------------------------------------------------------------------------------06/08/2009 11:17 - Expedido - Ofício - OFI.0013.002377-3/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------19/08/2009 00:00 - Mandado/Ofício. OFI.0013.002377-3/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------06/08/2009 11:16 - Expedido - Ofício - OFI.0013.002376-9/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------06/08/2009 10:44 - Despacho. Usuário: ASTA1. Ao contrário do que alegou a defesa de EVALDO NUNES SENA, a decisão de f. 820 apreciou todas as respostas apresentadas pelos acusados.2. Como entendido naquela decisão, as questões levantadas pelas defesas dizem respeito ao próprio mérito da causa e no momento oportuno é que serão apreciadas.3. Se não houve absolvição sumária é porque não estavam presentes nenhuma das hipóteses elencadas no artigo 397 do CPP.4. Não há que se falar, ainda, em inépcia da denúncia, posto que preencheu todos os requisitos exigidos pela lei, consoante exposto na decisão que recebeu a peça acusatória (f. 30/32).5. Indefiro, portanto, o pedido de reconsideração formulado pela defesa do acusados EVALDO NUNES DE SENA.6. Certifique-se sobre a expedição do documento solicitado às f. 817, já deferido pelo despacho de f. 820.7. Outrossim, autorizo o fornecimento de cópia das mídias constantes dos autos à DPU, conforme requerido às f. 818, o que deve ser certificado nos autos. 8. Intimem-se.-----------------------------------------------------------------------------------------------------05/08/2009 17:18 - Conclusão para Despacho Usuário: ASTA-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/07/2009 00:00 - Publicação D.O.E, pág.5/6 Boletim: 2009.000076.-----------------------------------------------------------------------------------------------------24/07/2009 17:34 - Expedido - Carta Precatória - CPR.0013.000220-8/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------24/07/2009 15:49 - Expedido - Ofício - OFI.0013.002228-7/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------24/07/2009 15:47 - Expedido - Ofício - MAN.0013.000934-5/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------20/07/2009 13:38 - Expedido - Carta Precatória - CPR.0013.000203-4/2009

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-----------------------------------------------------------------------------------------------------20/07/2009 13:34 - Expedido - Carta Precatória - CPR.0013.000202-0/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 15:31 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000897-8/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------01/09/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000897-8/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 15:29 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000896-3/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------28/08/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000896-3/2009 Devolvido - Resultado: Negativa-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 15:24 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000894-4/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/08/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000894-4/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 15:20 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000893-0/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------30/07/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000893-0/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 15:15 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000892-5/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------28/08/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000892-5/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 15:08 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000891-0/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/08/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000891-0/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 14:47 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000890-6/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/07/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000890-6/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 14:26 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000889-3/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/08/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000889-3/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 14:22 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000888-9/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------

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25/08/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000888-9/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 14:16 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000887-4/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/07/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000887-4/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 14:04 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000886-0/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------05/08/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000886-0/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 13:58 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000885-5/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------30/07/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000885-5/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 13:51 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000884-0/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------01/08/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000884-0/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 13:46 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000883-6/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------11/08/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000883-6/2009 Devolvido - Resultado: Negativa-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 13:37 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000881-7/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------01/09/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000881-7/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 13:29 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000880-2/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------15/08/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000880-2/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 13:22 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000879-0/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------19/08/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000879-0/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 13:10 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000878-5/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/08/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000878-5/2009 Devolvido - Resultado:

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Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2009 12:58 - Juntada. Petição Diversa 2009.0052.070204-7-----------------------------------------------------------------------------------------------------06/07/2009 11:10 - Despacho. Usuário: ASTAProcesso n.º 2006.83.00.000681-8<TB>DESPACHO<TB>Conclusos para apreciação das respostas à acusação apresentadas pelos acusados.<TB>Decido.<TB>As matérias suscitadas pelas defesas, por importar na análise do próprio mérito, devem ficar reservadas para o julgamento da causa.<TB>Quanto aos requerimentos formulados pelos acusados, oficie-se, como requerido pela defesa de Cristiano Medeiros Lima, para que a Polícia Federal forneça cópia dos pareceres da comissão de vistoria instituída pela Portaria n.º 009/05-GB/SR/DPF/PE, referentes ao certificado de segurança n.º 015181 (f. 658/666).<TB>No que se refere aos pedidos formulados pela defesa do acusado José Carlos Moura Monteiro, indefiro, por entendê-los impertinentes (f. 670).<TB>Como já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, "é desnecessária a transcrição integral dos diálogos colhidos em interceptação telefônica, nos termos do art. 6º, § 2º, da Lei n.º 9.296/96, que exige da autoridade policial apenas a feitura de auto circunstanciado, com o resumo das operações realizadas. (Precedente do c. STF: Plenário, HC 83.615/RS, Rel. Min. Nelson Jobim, DJ de 4/3/2005)" (STJ/3ª Seção - MS 13501 - Processo: 200800813030 UF: DF - DJE 09/02/2009).<TB>Além disso, todos os pedidos de quebra de sigilo e interceptação telefônica estão acostados aos autos, como apenso, de amplo acesso pela defesa, possibilitada, inclusive, a obtenção de cópia dos documentos e mídias correspondentes.<TB>Por fim, Cássio André dos Santos Nascimento figura apenas como testemunha e não como parte neste processo, revelando-se, daí, ser incabível o afastamento do sigilo de seus dados.<TB>Dessa forma, não sendo o caso de absolvição sumária, designe-se audiência de instrução, restrita à inquirição das testemunhas de acusação, após o que será designada audiência para ouvida das testemunhas de defesa, dado o número excessivo de pessoas a ouvir.<TB>Expeça-se certidão, como requerido às f. 817. <TB>Intimações e expedientes necessários.<TB>Recife, 6 de julho de 2009.Allan Endry Veras FerreiraJuiz Federal Substituto-----------------------------------------------------------------------------------------------------03/07/2009 13:29 - Conclusão para Despacho Usuário: ASTA-----------------------------------------------------------------------------------------------------03/07/2009 13:28 - Juntada. Petição Diversa 2009.0052.067566-0-----------------------------------------------------------------------------------------------------03/07/2009 13:27 - Juntada. Petição Diversa 2009.0052.067108-7-----------------------------------------------------------------------------------------------------03/07/2009 13:26 - Recebimento. Usuário: ASTA-----------------------------------------------------------------------------------------------------22/06/2009 10:33 - Remessa Externa. para DEFENSORIA PUBLICA com VISTA. Usuário: ASTA Guia: GR2009.002823-----------------------------------------------------------------------------------------------------22/06/2009 10:31 - Juntada. Petição Diversa 2009.0052.056725-5--------------------------------------------------------------------------------

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---------------------04/05/2009 09:19 - Despacho. Usuário: ASTADiante da renúncia retro, intime-se o réu JÚLIO CESAR para constituir novo advogado no prazo de três dias, com advertência de que, assim não procedendo, ser-lhe-á nomeado Defensor Público da União para atuar em sua defesa. Cumpra-se.-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/05/2009 09:18 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000485-4/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------02/06/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000485-4/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------30/04/2009 14:19 - Conclusão para Despacho Usuário: ASTA-----------------------------------------------------------------------------------------------------30/04/2009 14:18 - Despacho. Usuário: ASTAEm face do contido na certidão retro, intime-se o réu NILSON SALVADOR para constituir novo advogado no prazo de três dias, com advertência de que, assim não procedendo, ser-lhe-á nomeado Defensor Público da União para atuar em sua defesa. Cumpra-se. -----------------------------------------------------------------------------------------------------30/04/2009 14:17 - Juntada. Petição Diversa 2009.0052.037564-0-----------------------------------------------------------------------------------------------------16/04/2009 10:57 - Expedido - Mandado - MAN.0013.000416-3/2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------09/06/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000416-3/2009 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/05/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.000416-3/2009 Devolvido - Resultado: Negativa-----------------------------------------------------------------------------------------------------15/04/2009 15:56 - Conclusão para Despacho Usuário: ASTA-----------------------------------------------------------------------------------------------------02/04/2009 10:07 - Juntada. Petição Diversa 2009.0052.030253-7-----------------------------------------------------------------------------------------------------02/04/2009 10:03 - Juntada. Petição Diversa 2009.0052.030254-5-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/02/2009 09:16 - Juntada. Petição Diversa 2009.0052.011333-5-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/02/2009 09:15 - Juntada. Petição Diversa 2009.0052.011506-0-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/02/2009 09:14 - Juntada. Defesa Prévia 2009.0052.010538-3-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/02/2009 09:13 - Juntada. Petição Diversa 2009.0052.010122-1-----------------------------------------------------------------------------------------------------22/01/2009 16:27 - Juntada. Petição Diversa 2009.0052.006091-6-----------------------------------------------------------------------------------------------------

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08/01/2009 13:33 - Juntada. Petição Diversa 2009.0052.000012-3-----------------------------------------------------------------------------------------------------16/12/2008 00:00 - Publicação D.O.E, pág.7/8 Boletim: 2008.000150.-----------------------------------------------------------------------------------------------------11/12/2008 15:13 - Expedido - Carta Precatória - CPR.0013.000372-0/2008-----------------------------------------------------------------------------------------------------11/12/2008 15:04 - Expedido - Carta Precatória - CPR.0013.000371-5/2008-----------------------------------------------------------------------------------------------------11/12/2008 14:44 - Expedido - Mandado - MAC.0013.000264-9/2008-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/12/2008 00:00 - Mandado/Ofício. MAC.0013.000264-9/2008 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------11/12/2008 14:39 - Expedido - Mandado - MAC.0013.000263-4/2008-----------------------------------------------------------------------------------------------------19/01/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAC.0013.000263-4/2008 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------11/12/2008 14:34 - Expedido - Mandado - MAC.0013.000262-0/2008-----------------------------------------------------------------------------------------------------28/01/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAC.0013.000262-0/2008 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------11/12/2008 14:32 - Expedido - Mandado - MAC.0013.000261-5/2008-----------------------------------------------------------------------------------------------------22/01/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAC.0013.000261-5/2008 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------11/12/2008 14:30 - Expedido - Mandado - MAC.0013.000260-0/2008-----------------------------------------------------------------------------------------------------23/01/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAC.0013.000260-0/2008 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------11/12/2008 14:26 - Expedido - Mandado - MAC.0013.000259-8/2008-----------------------------------------------------------------------------------------------------13/01/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAC.0013.000259-8/2008 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------11/12/2008 14:24 - Expedido - Mandado - MAC.0013.000258-3/2008-----------------------------------------------------------------------------------------------------09/01/2009 00:00 - Mandado/Ofício. MAC.0013.000258-3/2008 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------28/11/2008 12:14 - Despacho. Usuário: EBOPODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

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13ª Vara da Justiça Federal em PernambucoProcesso n.º 2006.83.00.000681-8DESPACHO<TB>As Leis ns. 11.689, 11.690 e 11.719, todas de 2008, alteraram, substancialmente, o Código de Processo Penal.<TB>É certo que a lei nova não alcança processo findo.<TB>Por outro lado, processo instaurado sob a égide da lei nova por esta é inteiramente regulado.<TB>Para os processos pendentes, a regra geral é que a lei nova se aplica imediatamente, respeitados os atos já praticados, em conformidade com o disposto no art. 2º do Código de Processo Penal, verbis:"Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior."<TB>No entanto, em que medida e de que modo a lei nova afeta os processos pendentes?<TB>O direito intertemporal disciplina o modo pelo qual as leis devem incidir sobre os fatos, ao longo do tempo, daí serem normas sobre como as normas se aplicam, ou normas de superdireito.<TB>O estudo do tema exige o respeito à premissa de que a lei não poderá retroagir para prejudicar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada, regra principiológica de caráter fundamental, que integra o rol dos direitos e garantias fundamentais do cidadão (CF, art. 5º, XXXVI).<TB>Com os olhos voltados para o processo, as normas de direito processual intertemporal têm por objetivo regular a dimensão temporal da atividade processual, bem como a eficácia da lei processual, nova ou velha, em relação aos processos em tramitação no momento da vigência da lei nova.<TB>É bom lembrar que o processo, apesar de ser um só, desenvolve-se mediante diversos atos e fases procedimentais, que se sucedem no tempo.<TB>Assim, com a realização de atos e a ocorrência de fatos ao longo do procedimento, novas situações jurídicas vão se criando, e outras se extinguindo, a gerar situações jurídicas consumadas, que podem, conforme o caso, corresponder a direitos adquiridos, para uma ou ambas as partes, e, portanto, merecer proteção contra modificação legislativa superveniente.<TB>Nesse contexto, a essência do problema, na definição da lei aplicável, em vista de um conflito temporal, é a busca de critérios, dentro do processo, que, uma vez atendidos, preservem os valores segurança, resguardando os fatos processuais onde tenha ocorrido a consolidação de situações processuais, e previsibilidade.<TB>O exame das teorias que procuram definir em que extensão a lei processual nova se aplicaria ao processo pendente revela a insuficiência daquela que considera o processo como um todo, propugnando pela incidência integral da lei vigente ao tempo em que foi iniciado, bem assim daquela que vê o processo como dividido em fases autônomas, de modo a permitir que a lei nova apenas incida sobre a fase procedimental ainda não iniciada.<TB>Isso se diz porquanto, a aplicação da lei velha, sob o pretexto de preservar situações consolidadas, terminaria por ir de encontro a uma nova realidade social. <TB><TB>Ora, o ordenamento jurídico pátrio prescreve que a norma tem efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada, nos termos do art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal.<TB>Assim, cada momento processual deve ser regulado por sua lei, ou seja, aquela vigente ao tempo em que o ato foi praticado ou deixou de ser praticado, o que, preservados os postulados constitucionais, fornece segurança e previsibilidade às partes, no processo.<TB>É o que postula a teoria do isolamento dos atos processuais, que, sem desconhecer que o processo é uma unidade, observa que ele é um conjunto de atos, cada um podendo ser considerado isoladamente, para efeito de aplicação da lei nova; com o processo em tramitação, os atos já praticados teriam sua eficácia respeitada, mas a lei nova disciplinaria o processo a partir de sua vigência.<TB>O nosso sistema processual adotou esta última teoria (CPP, art. 2º), ou seja, as normas processuais, em regra, valem para o futuro, permanecendo eficazes os atos praticados em conformidade com a lei anterior.<TB>À luz dessas premissas, pode-se dizer que, preservadas as situações já consolidadas, as matérias relativas à valoração das provas, atualização dos

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valores de multa, previsão de fixação em sentença de valor para reparação dos danos causados pela infração, regras acerca de emendatio e mutatio libelli, entre outras, devem obedecer à nova sistemática.<TB>A aplicação do novo rito, contudo, deve ficar restrita aos processos em que ainda não foi iniciada a produção da prova testemunhal, como, aliás, já era previsto no art. 6º da Lei de Introdução ao Código de Processo Penal.<TB>A aplicação do art. 6º LICPP mostra-se, dentre todas as alternativas possíveis - anulação de todos os atos já praticados, designação de audiência para ultimação do feito, com debates orais, etc. - , solução segura e objetiva, prevista em lei, com garantia do aproveitamento da maior parte dos atos da instrução e, ainda, a preservação da ampla defesa, em sua plenitude.<TB>Devemos recordar que o processo, por caminhar para frente, é guiado por um sistema de preclusões, até alcançar o seu último fim.<TB>Com efeito, à medida que vão sendo praticados os atos processuais pelas partes, pelo juiz ou mesmo por terceiros que participem do processo, diferentes situações jurídicas se formam, e, com elas, novas posições jurídicas são assumidas pelas partes que, com isso, adquirem direito à prática de novos atos, em uma marcha rumo ao provimento jurisdicional definitivo.<TB>Assim, a busca de critérios para solução de um conflito temporal, dentro do processo, deve atender e preservar os valores segurança, resguardando os fatos processuais onde tenha ocorrido a consolidação de situações processuais, e previsibilidade.<TB><TB>É que a lei nova, ao incidir em processo pendente, não pode causar "surpresas".<TB>Fernando da Costa Tourinho Filho lembra que, quando o atual CPP passou a vigorar, as leis processuais anteriores tiveram "ultra-atividade", justificada para evitar verdadeira "balbúrdia", que estaria implantada caso entendêssemos pela aplicação, integral e indiscriminada, do novo rito aos processos em curso (Processo Penal, v. 1, Saraiva, 2005, p. 112). <TB>Além disso, é de se atentar para o fato de que as modificações legislativas no âmbito do processo penal tiveram por finalidade superar entraves históricos nesta seara, buscando-se a efetividade da tutela jurisdicional, em garantia constitucional da duração razoável do processo, o que seria frustrado com a renovação integral dos atos.<TB>Enfim, como ensina Norberto Bobbio, deve ser observada "a regra tradicional da interpretação jurídica que o sistema deve ser obtido com a menor desordem, ou, em outras palavras, que a exigência do sistema não deve acarretar prejuízos ao princípio da autoridade" (Teoria do Ordenamento Jurídico, Unb, 1997, p. 104).<TB>Por todo o exposto, chamo o presente feito à ordem, para determinar a aplicação do novo rito previsto no CPP.Já recebida a denúncia, citem-se os acusados, para o oferecimento de resposta à acusação, nos termos da nova redação do art. 396 do CPP.Intimem-se.Recife, 26 de novembro de 2008.Allan Endry Veras FerreiraJuiz Federal Substituto3Processo n.º 2006.83.00.000681-8-----------------------------------------------------------------------------------------------------26/11/2008 12:38 - Expedido - Ofício - OFI.0013.004612-2/2008-----------------------------------------------------------------------------------------------------25/11/2008 09:46 - Conclusão para Despacho Usuário: ASTA-----------------------------------------------------------------------------------------------------28/07/2008 14:12 - Juntada. Desistência 2008.0052.078507-5-----------------------------------------------------------------------------------------------------15/07/2008 11:27 - Juntada. Pedido De Certidao 2008.0052.079566-6-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/06/2008 12:56 - Juntada. Petição Diversa 2008.0052.066341-7--------------------------------------------------------------------------------

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---------------------18/06/2008 12:55 - Juntada. Petição Diversa 2008.0052.066340-9-----------------------------------------------------------------------------------------------------25/04/2008 11:53 - Despacho. Usuário: AVG<TB><TB><TB>Pelas razões de f. 464, defiro o pedido de f. 542.-----------------------------------------------------------------------------------------------------23/04/2008 16:36 - Conclusão para Despacho Usuário: CBC-----------------------------------------------------------------------------------------------------23/04/2008 16:35 - Juntada. Informações / Ofícios 2008.0052.045760-4-----------------------------------------------------------------------------------------------------14/04/2008 13:26 - Juntada. Pedido De Renuncia / Revogação De Mandato 2008.0052.041502-2-----------------------------------------------------------------------------------------------------02/04/2008 14:59 - Juntada. Petição Diversa 2008.0052.037713-9-----------------------------------------------------------------------------------------------------26/03/2008 09:30 - Expedido - Ofício - OFI.0013.001001-2/2008-----------------------------------------------------------------------------------------------------24/03/2008 13:54 - Expedido - Ofício - OFI.0013.000977-8/2008-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/03/2008 15:55 - Despacho. Usuário: EBO1. Conclusos para apreciação da solicitação contida no Ofício n.º 001/2008 - 2º CPD/NODIS/COR/SR/DPF/PE, datado de 17/3/2008.2. Decido.3. Os dados e informações reunidos por ocasião das investigações, inclusive os que estão acobertados por sigilo, não só podem como devem subsidiar o processo administrativo disciplinar para apreciação da responsabilidade funcional do envolvido.4. Nesse sentido, há recente precedente do Supremo Tribunal Federal, na sua composição plenária (STF/Pleno - Inq n.º 2.424-QO-QO/RJ - DJ 24/8/2007 p. 55).5. Como bem destacou o relator, "o de que se cuida é só da hipótese de recurso ético à fonte de prova legítima do mesmo ato histórico, suscetível de mais de uma qualificação jurídico-normativa de ilicitude, como acontece com fatos a um só tempo configuradores de ilícito penal e administrativo (fatos elementares de várias fattispecie normativas), e imputável à mesma pessoa ou agente, em dano de interesse público e confronto com órgão estatal diverso do Ministério Público. É o que se passa, e não só por exemplo, com o caso de crime ou crimes graves que, imputáveis a autoridade ou agente público, constituam também ilícitos disciplinares a que se cominem, por força de análoga gravidade - que não é de muito menor grau em relação à importância dos bens sociais ofendidos - sanções administrativas extremas".6. Dessa forma, defiro, em cartório, o pedido de vista e extração de cópia de documentos que formam este processo e seus apensos, autorizando, ainda, a autoridade processante utilizar esses elementos de prova na instrução do processo administrativo disciplinar, mediante o compromisso, à toda evidência, do resguardo do sigilo eventualmente existente sobre tais documentos.7. Cientifique-se o requerente.8. Obtenha a secretaria informações quanto ao cumprimento da carta precatória expedida para citação de Marcos Emanuel Torres de Paiva.9. Em face do teor da certidão de f. 456, desentranhe-se a carta precatória de f. 418/458, promovendo-se o seu envio à Justiça Federal em Salvador/BA, para cumprimento.10. Cumpra-se.-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/03/2008 12:50 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG--------------------------------------------------------------------------------

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---------------------14/12/2007 11:32 - Juntada. Defesa Prévia 2007.0052.150497-6-----------------------------------------------------------------------------------------------------14/12/2007 11:31 - Juntada. Petição Diversa 2007.0052.150229-9-----------------------------------------------------------------------------------------------------10/12/2007 10:16 - Juntada. Defesa Prévia 2007.0052.147031-1-----------------------------------------------------------------------------------------------------05/12/2007 15:46 - Juntada. Pedido De Juntada De Substabelecimento 2007.0052.145519-3-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/11/2007 15:43 - Juntada. Informações / Ofícios 2007.0052.143589-3-----------------------------------------------------------------------------------------------------28/11/2007 13:49 - Juntada. Petição Diversa 2007.0052.140986-8-----------------------------------------------------------------------------------------------------28/11/2007 13:48 - Recebimento. Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------20/11/2007 15:01 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO com CIENCIA DE AUDIENCIA. Usuário: AVG Guia: GR2007.007448-----------------------------------------------------------------------------------------------------19/11/2007 15:41 - Expedido - Mandado - MAC.0013.000130-9/2007-----------------------------------------------------------------------------------------------------28/11/2007 00:00 - Mandado/Ofício. MAC.0013.000130-9/2007 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------12/11/2007 13:01 - Despacho. Usuário: AVG<TB>Diante da Cota Ministerial de f. 339/340:1. Providencie a secretaria data para realização de interrogatório do réu CÁSSIO FRANCISCO LEMOS DE ALMEIDA, devendo o mesmo ser citado no endereço situado em Olinda/PE ou em Abreu e Lima/PE.2. Caso o réu não seja encontrado nos endereços supracitados, expeça-se carta precatória para Subseção Judiciária de Feira de Santana/BA, solicitando a citação, realização do interrogatório e recebimento da defesa prévia do acusado. Intime-se o MPF acerca da expedição da carta precatória, ficando dispensáveis novas intimações, inclusive da data de audiência designada pelo Juízo Deprecado, conforme Súmula nº 273 do ESTJ.-----------------------------------------------------------------------------------------------------09/11/2007 10:24 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------09/11/2007 10:06 - Juntada. Parecer / Cota - Mpf 2007.0052.135655-1-----------------------------------------------------------------------------------------------------09/11/2007 10:05 - Recebimento. Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------26/10/2007 10:51 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO com VISTA. Usuário: ART Guia: GR2007.006860-----------------------------------------------------------------------------------------------------26/10/2007 09:24 - Juntada. Petição Diversa 2007.0052.130080-7-----------------------------------------------------------------------------------------------------19/10/2007 10:47 - Juntada. Defesa Prévia 2007.0052.128276-0

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-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/10/2007 15:18 - Juntada. Defesa Prévia 2007.0052.126703-6-----------------------------------------------------------------------------------------------------16/10/2007 15:11 - Expedido - Mandado - MAN.0013.001585-2/2007-----------------------------------------------------------------------------------------------------30/10/2007 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0013.001585-2/2007 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------16/10/2007 14:55 - Juntada. Petição Diversa 2007.0052.125969-6-----------------------------------------------------------------------------------------------------16/10/2007 14:54 - Juntada. Petição Diversa 2007.0052.126107-0-----------------------------------------------------------------------------------------------------16/10/2007 14:53 - Juntada. Habilitação 2007.0052.125646-8-----------------------------------------------------------------------------------------------------10/10/2007 12:05 - Despacho. Usuário: AVG1. R. H.2. N. A.3. Defiro, em secretaria.-----------------------------------------------------------------------------------------------------10/10/2007 12:04 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------10/10/2007 12:03 - Juntada. Petição Diversa 2007.0052.123897-4-----------------------------------------------------------------------------------------------------08/10/2007 17:13 - Juntada. Petição Diversa 2007.0052.123399-9-----------------------------------------------------------------------------------------------------08/10/2007 14:53 - Despacho. Usuário: AVG1. R. H.2. Defiro, em secretaria.-----------------------------------------------------------------------------------------------------08/10/2007 14:51 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------08/10/2007 14:50 - Juntada. Petição Diversa 2007.0052.122424-8-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/09/2007 12:54 - Certidão. PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIASeção Judiciária de Pernambuco13ª VARACERTIDÃOCERTIFICO, a pedido da parte interessada, para os devidos fins, que tramita nesta 13ª Vara Federal a Ação Penal Pública nº. 2006.83.00.000681-8, promovida pelo Ministério Público Federal contra JOSÉ CARLOS MOURA MONTEIRO e outros. O órgão ministerial ofereceu denúncia, recebida em 03/07/2007, contra JOSÉ CARLOS MOURA MONTEIRO, JÚLIO CÉSAR SOARES DA SILVA, CÁSSIO FRANCISCO LEMOS DE ALMEIDA, NILSON MIRABEAU SALVADOR JÚNIOR, CRISTIANO MEDEIROS LIMA, ALMIR CRUZ DE FARIAS FILHO, EVALDO NUNES SENA, JOSÉ DE ALENCAR DE ARAÚJO FILHO e MARCOS EMANUEL TORRES DE PAIVA, imputando aos denunciados o cometimento das condutas ilícitas previstas nos arts. 299, 319, 317, § 1º, c/c 71, 325, 327, § 2º, 333 c/c art. 71, todos do Código Penal Brasileiro e art. 17 da lei nº. 10826/2003. Certifico, ainda, que o referido processo encontra-se, atualmente, aguardando a realização

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das audiências de interrogatório, designadas para os dias 10/10/2007, às 14:00 h e 15/10/2007, às 14:00 h. Certifico, por fim, que não consta no referido processo, até o momento, nenhuma sentença exarada. DADA e PASSADA pela Secretaria da 13ª Vara, situada à Av. Recife, 6250, Jiquiá, nesta Cidade do Recife em 27.09.2007. Eu, _______, José Leonardo, Técnico Judiciário, digitei, e o Diretor conferiu e subscreveu.Wellgton da Cruz RibeiroDiretor de Secretaria da 13ª Vara-PE-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/09/2007 12:53 - Despacho. Usuário: JLLDefiro o pedido de certidão narrativa de fl. 201. Expeça-se.-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/09/2007 08:57 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/09/2007 08:56 - Juntada. Petição Diversa 2007.0052.118928-0-----------------------------------------------------------------------------------------------------26/09/2007 13:21 - Certidão. PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIASeção Judiciária de Pernambuco13ª VARACERTIDÃOCERTIFICO, a pedido da parte interessada, para os devidos fins, que tramita nesta 13ª Vara Federal a Ação Penal Pública nº. 2006.83.00.000681-8, promovida pelo Ministério Público Federal contra JOSÉ CARLOS MOURA MONTEIRO e outros. O órgão ministerial ofereceu denúncia, recebida em 03/07/2007, contra JOSÉ CARLOS MOURA MONTEIRO, JÚLIO CÉSAR SOARES DA SILVA, CÁSSIO FRANCISCO LEMOS DE ALMEIDA, NILSON MIRABEAU SALVADOR JÚNIOR, CRISTIANO MEDEIROS LIMA, ALMIR CRUZ DE FARIAS FILHO, EVALDO NUNES SENA, JOSÉ DE ALENCAR DE ARAÚJO FILHO e MARCOS EMANUEL TORRES DE PAIVA, imputando aos denunciados o cometimento das condutas ilícitas previstas nos arts. 299, 319, 317, § 1º, c/c 71, 325, 327, § 2º, 333 c/c art. 71, todos do Código Penal Brasileiro e art. 17 da lei nº. 10826/2003. Certifico, ainda, que o referido processo encontra-se, atualmente, aguardando a realização das audiências de interrogatório, designadas para os dias 10/10/2007, às 14:00 h e 15/10/2007, às 14:00 h. DADA e PASSADA pela Secretaria da 13ª Vara, situada à Av. Recife, 6250, Jiquiá, nesta Cidade do Recife em 25.09.2007. Eu, _______, Ana Verônica, Analista Judiciário, digitei, e o Diretor conferiu e subscreveu.Wellgton da Cruz RibeiroDiretor de Secretaria da 13ª Vara-PE-----------------------------------------------------------------------------------------------------25/09/2007 16:16 - Juntada. Petição Diversa 2007.0052.118277-4-----------------------------------------------------------------------------------------------------20/09/2007 13:50 - Expedido - Mandado - MAC.0013.000089-5/2007-----------------------------------------------------------------------------------------------------24/09/2007 00:00 - Mandado/Ofício. MAC.0013.000089-5/2007 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------19/09/2007 13:22 - Despacho. Usuário: AVG<TB>Diante da certidão de f. 190 v, expeça-se mandado para citação do réu JÚLIO CÉSAR SOARES DA SILVA, no endereço informado à f. 39.<TB>Cumpra-se.-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/09/2007 14:06 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------

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05/09/2007 15:18 - Despacho. Usuário: LCN<TB>Defiro o pedido da defesa do réu CRISTIANO MEDEIROS LIMA, à f. 168, devendo a secretaria adotar as medidas necessárias para o atendimento do pleito, com as cautelas devidas.-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/09/2007 17:28 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/09/2007 17:26 - Juntada. Petição Diversa 2007.0052.107777-6-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/09/2007 00:00 - Publicação D.O.E, pág.18 Boletim: 2007.000125.-----------------------------------------------------------------------------------------------------30/08/2007 14:05 - Expedido - Mandado - MAC.0013.000086-1/2007-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/09/2007 00:00 - Mandado/Ofício. MAC.0013.000086-1/2007 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------28/08/2007 14:59 - Despacho. Usuário: LVMV<TB>Diante da certidão de f. 151 e petição de f. 153/154, cite-se o réu CRISTIANO MEDEIROS LIMA, no endereço informado à f. 154.<TB>Cumpra-se.-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/08/2007 09:30 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/08/2007 09:23 - Juntada. Petição Diversa 2007.0052.103016-8-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/08/2007 09:22 - Juntada. Habilitação 2007.0052.100812-0-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/08/2007 09:21 - Recebimento. Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------09/08/2007 15:39 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO com CIENCIA DE AUDIENCIA. Usuário: MEGL Guia: GR2007.005059-----------------------------------------------------------------------------------------------------08/08/2007 17:11 - Expedido - Carta Precatória - CPR.0013.000248-5/2007-----------------------------------------------------------------------------------------------------02/08/2007 17:42 - Expedido - Carta Precatória - CPR.0013.000243-2/2007-----------------------------------------------------------------------------------------------------31/07/2007 15:37 - Expedido - Mandado - MAC.0013.000070-0/2007-----------------------------------------------------------------------------------------------------23/08/2007 00:00 - Mandado/Ofício. MAC.0013.000070-0/2007 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------31/07/2007 15:28 - Expedido - Mandado - MAC.0013.000069-8/2007-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/08/2007 00:00 - Mandado/Ofício. MAC.0013.000069-8/2007 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------

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31/07/2007 15:20 - Expedido - Mandado - MAC.0013.000068-3/2007-----------------------------------------------------------------------------------------------------15/08/2007 00:00 - Mandado/Ofício. MAC.0013.000068-3/2007 Devolvido - Resultado: Negativa-----------------------------------------------------------------------------------------------------31/07/2007 15:13 - Expedido - Mandado - MAC.0013.000067-9/2007-----------------------------------------------------------------------------------------------------31/08/2007 00:00 - Mandado/Ofício. MAC.0013.000067-9/2007 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------31/07/2007 15:04 - Expedido - Mandado - MAC.0013.000066-4/2007-----------------------------------------------------------------------------------------------------16/08/2007 00:00 - Mandado/Ofício. MAC.0013.000066-4/2007 Devolvido - Resultado: Negativa-----------------------------------------------------------------------------------------------------31/07/2007 15:00 - Expedido - Mandado - MAC.0013.000065-0/2007-----------------------------------------------------------------------------------------------------14/09/2007 00:00 - Mandado/Ofício. MAC.0013.000065-0/2007 Devolvido - Resultado: Negativa-----------------------------------------------------------------------------------------------------31/07/2007 14:47 - Expedido - Mandado - MAC.0013.000064-5/2007-----------------------------------------------------------------------------------------------------13/08/2007 00:00 - Mandado/Ofício. MAC.0013.000064-5/2007 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------31/07/2007 14:28 - Expedido - Ofício - OFI.0013.002979-2/2007-----------------------------------------------------------------------------------------------------08/08/2007 00:00 - Mandado/Ofício. OFI.0013.002979-2/2007 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------31/07/2007 14:25 - Expedido - Ofício - OFI.0013.002978-8/2007-----------------------------------------------------------------------------------------------------09/08/2007 00:00 - Mandado/Ofício. OFI.0013.002978-8/2007 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------31/07/2007 13:54 - Expedido - Ofício - OFI.0013.002975-4/2007-----------------------------------------------------------------------------------------------------08/08/2007 00:00 - Mandado/Ofício. OFI.0013.002975-4/2007 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/07/2007 10:33 - Despacho. Usuário: ASTA<TB>Junte-se aos presentes autos o ofício nº. 2007.1199 e documentos enviados pela 2ª Turma do TRF/ 5ª Região, que se referm ao fac símile de f. 43/56, cujas informações já foram prestadas através do ofício nº. OFI.13.2864-3/2007 (F. 57).-----------------------------------------------------------------------------------------------------26/07/2007 14:15 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG--------------------------------------------------------------------------------

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---------------------26/07/2007 14:14 - Despacho. Usuário: AVG<TB>1. Junte-se aos presentes autos o fac-símile recebido do TRF da 5ª Região, referente ao Habeas Corpus nº. 2875 - PE, bem assim o ofício nº. OFI.13.2864-3/2007, em que foram prestadas as informações requeridas pela Corte Regional.<TB>2. Defiro o pedido da defesa do réu JÚLIO CÉSAR SOARES DA SILVA, à f. 41, devendo a secretaria adotar as medidas necessárias para o atendimento do pleito, com as cautelas devidas.<TB>3. No mais, cumpra-se a decisão de f. 30/32.-----------------------------------------------------------------------------------------------------23/07/2007 17:04 - Conclusão para Despacho Usuário: AVG-----------------------------------------------------------------------------------------------------20/07/2007 11:13 - Expedido - Ofício - OFI.0013.002864-3/2007-----------------------------------------------------------------------------------------------------23/07/2007 00:00 - Mandado/Ofício. OFI.0013.002864-3/2007 Devolvido - Resultado: Positiva-----------------------------------------------------------------------------------------------------20/07/2007 09:05 - Juntada. Petição Diversa 2007.0052.082513-2-----------------------------------------------------------------------------------------------------09/07/2007 17:28 - Juntada. Petição Diversa 2007.0052.080693-6-----------------------------------------------------------------------------------------------------09/07/2007 17:27 - Juntada. Informações / Ofícios 2007.0052.080595-6-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/07/2007 17:29 - Remessa interna para 13a. VARA FEDERAL usuário: MNL. Número da Guia: 2007001806. Recebido por: MEGL em 09/07/2007 17:20-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/07/2007 14:01 - Remessa interna para Setor de Distribuição - Recife com TRANSFORMAR EM ACAO PENAL usuário: CBC. Número da Guia: 2007004275. Recebido por: MNL em 04/07/2007 15:23-----------------------------------------------------------------------------------------------------03/07/2007 13:28 - Decisão. Usuário: EBOJuiz Federal Substituto ALLAN ENDRY VERAS FERREIRAINQUÉRITO POLICIAL N.º 2006.83.00.000681-8DECISÃO n.º 453/2007Ofereceu o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL denúncia contra JOSÉ CARLOS DE MOURA MONTEIRO, já qualificado nos autos, pela cometimento, em tese, dos crimes de falsidade ideológica, prevaricação, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, comércio ilegal de armas de fogo e concussão.Contra JÚLIO CÉSAR SOARES DA SILVA, CÁSSIO FRANCISCO LEMOS DE ALMEIDA, NILSON MIRABEAU SALVADOR JÚNIOR, CRISTIANO MEDEIROS LIMA, ALMIR CRUZ DE FARIAS FILHO, EVALDO NUNES SENA, JOSÉ DE ALENCAR DE ARAÚJO FILHO e MARCOS EMANUEL TORRES DE PAIVA, também já qualificados nos autos, pesa a acusação da prática de crimes de corrupção ativa, e em relação a CÁSSIO FRANCISCO LEMOS DE ALMEIDA, pesa ainda o ilícito de comércio ilegal de armas de fogo.Segundo a inicial acusatória, o denunciado JOSÉ CARLOS DE MOURA MONTEIRO, conhecido como Agente MONTEIRO, na condição de chefe substituto da Delegacia de Controle de Segurança Privada da Superintendência Regional de Polícia Federal em Pernambuco, solicitava/exigia vantagens pecuniárias para prestar verdadeira assessoria a empresários do ramo de segurança privada deste Estado, além de conceder-lhes tratamento diferenciado na execução de atos de ofícios.Dentre as irregularidades constatadas, destaca-se o favorecimento de determinadas empresas em certames licitatórios e a revelação indevida de atividades sigilosas da DELESP para ludibriar fiscalizações.Pelas investigações empreendidas, levadas a efeito com a utilização de interceptações telefônicas autorizadas judicialmente, constatou-se, ainda,

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dentre outras condutas, a compra e venda de armas de empresas em processo de cancelamento, fornecimento irregular de certidões para fins de participação em licitação, comunicação prévia de fiscalização pela polícia federal, deixar de autuar empresas em situação irregular e dar celeridade a processos de inscrição e regularização de empresas do ramo de segurança privada.As condutas dos empresários do ramo de segurança privada, ora denunciados, na trama delituosa, foi devidamente individualizada, conforme itens II.1 a II.7 da denúncia, fazendo-se menção aos elementos probatórios e correspondente adequação típica, ressaltando-se que o denunciado JOSÉ CARLOS DE MOURA MONTEIRO participou de todas essas condutas. Compulsando as peças que instruem a denúncia, observo que há provas da materialidade delitiva e suficientes indícios de autoria. O acervo probatório consistente na documentação carreada aos presentes autos é amplo, notadamente em face das interceptações telefônicas (2005.83.00.012839-7), quebra dos sigilos bancário e fiscal do Centro Espírita Djalma de Farias e do acusado José Carlos de Moura Monteiro (2005.83.00.016501-1 e 2005.83.0.012839-7), bem como da medida de busca e apreensão (2005.83.00.016500-0). As condutas criminosas identificadas encontram-se relatadas de forma detalhada nos autos do processo de interceptação (2005.83.00.012839-7), em autos circunstanciados - AC, informações - INF, e relatórios de inteligência - RPI, periodicamente elaborados a partir da análise dos áudios interceptados, às fls. 54/62 (AC nº 01), 75/86 (AC nº2), 104/115 (AC nº 03), 148/151 (INF. Nº 01), 169/191 (AC nº 04), 192 (INF. Nº 02), 213/225 (AC nº 05), 250/252 (RPI) e 256/263 (CRPI).<TB><TB>Além das escutas telefônicas realizadas, verificam-se indícios de autoria através das provas materiais obtidas durante a "Operação Reencarnação", desencadeada pela Polícia Federal em 06/12/2005, a partir do cumprimento dos mandados de busca e apreensão expedidos por este juízo.Constato, ademais, que os fatos narrados, em tese, constituem crimes, bem como não vislumbro a incidência de qualquer causa de extinção da punibilidade até então. Como se isso não bastasse, os delitos acima mencionados são de ação pública, portanto a legitimidade ativa, de fato, é do Parquet, e não se exige qualquer condição de procedibilidade para a regular instauração e desenvolvimento do feito.Lembro que a notificação prévia de acusado que detém a condição de servidor público para que ofereça resposta por escrito é dispensada quando a denúncia se encontra devidamente respaldada em inquérito policial, conforme reiterados precedentes dos tribunais superiores.Dessa forma, nos termos do art. 394, c/c arts. 41 e 43, todos do Código de Processo Penal, RECEBO A DENÚNCIA, oficializando o início da ação penal.Providencie a secretaria a citação dos acusados para que compareçam à audiência designada para seus interrogatórios, devendo, atenta à pauta cartorária, indicar o dia e a hora daquela, apondo nos autos a certidão respectiva, promovendo, em seguida, a intimação pessoal do órgão ministerial, para comparecimento.Quanto aos acusados JOSÉ DE ALENCAR DE ARAÚJO FILHO e MARCOS EMANUEL TORRES DE PAIVA, expeçam-se as respectivas cartas precatórias, para citação, interrogatório e oferecimento de defesa prévia pelos denunciados. Comunique-se o recebimento da denúncia ao INI e ao IITB, requisitando-se destes e, ainda, dos órgãos judiciais federal e estadual, o encaminhamento das folhas de antecedentes dos réus, com a ressalva de que, constando delas algum registro negativo, seja também remetida certidão narrativa do feito.Oficie-se à Superintendência da Polícia Federal em Pernambuco para que informe sobre a atual situação funcional do Agente de Polícia Federal José Carlos de Moura Monteiro, enviando cópia do respectivo procedimento administrativo.Acautelem-se os arquivos digitais em secretaria.Por fim, mantenho o sigilo apenas quanto aos apensos, com acesso restrito às partes e seus advogados.Recife, 3 de julho de 2007.Allan Endry Veras FerreiraJuiz Federal Substituto12006.83.00.000681-8--------------------------------------------------------------------------------

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---------------------27/06/2007 17:57 - Conclusão para Decisão Usuário: MVF-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/06/2007 17:48 - Juntada. 2007.0052.045210-7-----------------------------------------------------------------------------------------------------27/06/2007 17:44 - Recebimento. Usuário: MVF-----------------------------------------------------------------------------------------------------20/03/2007 16:59 - Remessa Externa. para AUTORIDADE POLICIAL com RETORNAR AO DPF PARA DILIGENCIAS. Usuário: MVF Guia: GR2007.001466-----------------------------------------------------------------------------------------------------20/03/2007 16:58 - Despacho. Usuário: MVF<TB>Remetam-se os presentes autos ao departamento de polícia federal.-----------------------------------------------------------------------------------------------------20/03/2007 16:57 - Conclusão para Despacho Usuário: MVF-----------------------------------------------------------------------------------------------------19/03/2007 17:24 - Recebimento. Usuário: MVF-----------------------------------------------------------------------------------------------------19/12/2006 18:55 - Remessa Externa. para AUTORIDADE POLICIAL com VISTA. Usuário: WCR Guia: GR2006.007715-----------------------------------------------------------------------------------------------------19/12/2006 18:54 - Despacho. Usuário: WCR1. Certifique a Secretaria a existência de pedido de vista neste juízo, por parte do impetrante.2. Prestadas as informações devidas, devolva-se os autos ao Departamento de Polícia Federal para continuação das diligências.-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/12/2006 18:53 - Expedido - Ofício - OFI.0013.004566-0/2006-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/12/2006 17:32 - Conclusão para Despacho Usuário: WCR-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/12/2006 17:13 - Recebimento. Usuário: WCR-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/10/2006 17:16 - Remessa Externa. para AUTORIDADE POLICIAL com RETORNAR AO DPF PARA DILIGENCIAS. Usuário: MVF Guia: GR2006.006323-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/10/2006 17:15 - Recebimento. Usuário: MVF-----------------------------------------------------------------------------------------------------10/10/2006 09:58 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO com MANIFESTACAO. Usuário: MVF Guia: GR2006.006100-----------------------------------------------------------------------------------------------------10/10/2006 09:57 - Despacho. Usuário: MVFAo Ministério Público Federal, quanto à conveniência na dilação de prazo para realização das diligências pendentes. Havendo concordância do Parquet, remetam-se os presentes autos ao Departamento de Polícia Federal, com o prazo de 120 (cento e vinte) dias, contados da data do recebimento.<TB>Após o retorno dos autos do Departamento de Polícia Federal, vista ao Ministério Público Federal para os fins pertinentes.-----------------------------------------------------------------------------------------------------

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09/10/2006 15:30 - Conclusão para Despacho Usuário: MVF-----------------------------------------------------------------------------------------------------09/10/2006 15:00 - Recebimento. Usuário: MVF-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/05/2006 15:25 - Remessa Externa. para AUTORIDADE POLICIAL com RETORNAR AO DPF PARA DILIGENCIAS. Prazo: 60 Dias (Simples). Usuário: ALLS Guia: GR2006.002861-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/05/2006 15:13 - Recebimento. Usuário: ALLS-----------------------------------------------------------------------------------------------------02/05/2006 12:34 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO FEDERAL Usuário: MVF Guia: GR2006.002387-----------------------------------------------------------------------------------------------------25/04/2006 13:41 - Recebimento. Usuário: MVF-----------------------------------------------------------------------------------------------------02/02/2006 17:36 - Remessa Externa. para AUTORIDADE POLICIAL com RETORNAR AO DPF PARA DILIGENCIAS. Usuário: CVM Guia: GR2006.000586-----------------------------------------------------------------------------------------------------02/02/2006 17:35 - Recebimento. Usuário: CVM-----------------------------------------------------------------------------------------------------24/01/2006 15:47 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO FEDERAL com MANIFESTACAO. Usuário: CVM Guia: GR2006.000407-----------------------------------------------------------------------------------------------------24/01/2006 15:45 - Despacho. Usuário: CVMAo Ministério Público Federal, quanto a conveniência na dilação de prazo para realização das diligências pendentes. Havendo concordância do Parquet, remetam-se os presentes autos ao Departamento de Polícia Federal, com o prazo de 90 (noventa) dias, contados da data do recebimento.<TB>Após o retorno dos autos do Departamento de Polícia Federal, vista ao Ministério Público Federal para os fins pertinentes.-----------------------------------------------------------------------------------------------------24/01/2006 15:29 - Conclusão para Despacho Usuário: CVM-----------------------------------------------------------------------------------------------------16/01/2006 16:22 - Distribuição por Dependência - 13a. VARA FEDERAL Juiz: Substituto-----------------------------------------------------------------------------------------------------