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A democracia é um Direito humano? Natália Horrocks A democracia é mais do que um sistema de governo, um regime político ou uma forma de vida, é o direito dos povos e dos cidadãos. É um direito de qualidade distinta, ou seja, se coloca na quarta geração dos direitos humanos. O jurista brasileiro Paulo Bonavides, entende que a quarta geração de direitos identifica-se com a universalização de direitos fundamentais já existentes, como os direitos à democracia direta, à informação e ao pluralismo. A democracia positivada por direito da quarta geração será uma democracia direta e participativa, compreendendo o futuro da cidadania e o porvir da liberdade de todos os povos. A democracia é o princípio pelo qual a legitimidade é conferida a todas as formas possíveis de relações. Do ponto de vista interno, torna legítimo o direito de resistência à opressão e, do ponto de vista externo torna lícita a intervenção militar de uma ordem supranacional gradualmente esboçada e efetivada, ou seja, permite banir regimes opostos à democracia. Com a criação das Nações Unidas, da Carta da ONU e posteriormente da Declaração Universal dos Direitos Humanos, foi possível vivermos em um período de reconhecimento dos direitos humanos, da sua universalidade e inclusão. Foi reconhecido o princípio de que cada um tem o direito à dignidade e ao respeito, a ser reconhecido em qualquer lugar como pessoa diante da lei, assim como ninguém pode ser excluído das vantagens do direito e da justiça. Então, tal universalidade dos direitos humanos se fundamenta nas premissas da igualdade em dignidade e valor de todos os seres humanos, sem discriminação. Os direitos civis e políticos, assim como os direitos econômicos, sociais e culturais, constituem um conjunto de valores essenciais para a manutenção da dignidade, da liberdade e do bem estar dos homens. Todos os direitos humanos e todas as liberdades fundamentais são indivisíveis e interdependentes, assim também devem ser encarados os direitos citados acima.

A Democracia é Um Direito Humano

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A Democracia é Um Direito Humano?

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A democracia é um Direito humano?

Natália Horrocks

A democracia é mais do que um sistema de governo, um regime político ou uma forma de vida, é o direito dos povos e dos cidadãos. É um direito de qualidade distinta, ou seja, se coloca na quarta geração dos direitos humanos.

O jurista brasileiro Paulo Bonavides, entende que a quarta geração de direitos identifica-se com a universalização de direitos fundamentais já existentes, como os direitos à democracia direta, à informação e ao pluralismo. A democracia positivada por direito da quarta geração será uma democracia direta e participativa, compreendendo o futuro da cidadania e o porvir da liberdade de todos os povos.

A democracia é o princípio pelo qual a legitimidade é conferida a todas as formas possíveis de relações. Do ponto de vista interno, torna legítimo o direito de resistência à opressão e, do ponto de vista externo torna lícita a intervenção militar de uma ordem supranacional gradualmente esboçada e efetivada, ou seja, permite banir regimes opostos à democracia.

Com a criação das Nações Unidas, da Carta da ONU e posteriormente da Declaração Universal dos Direitos Humanos, foi possível vivermos em um período de reconhecimento dos direitos humanos, da sua universalidade e inclusão. Foi reconhecido o princípio de que cada um tem o direito à dignidade e ao respeito, a ser reconhecido em qualquer lugar como pessoa diante da lei, assim como ninguém pode ser excluído das vantagens do direito e da justiça. Então, tal universalidade dos direitos humanos se fundamenta nas premissas da igualdade em dignidade e valor de todos os seres humanos, sem discriminação.

Os direitos civis e políticos, assim como os direitos econômicos, sociais e culturais, constituem um conjunto de valores essenciais para a manutenção da dignidade, da liberdade e do bem estar dos homens. Todos os direitos humanos e todas as liberdades fundamentais são indivisíveis e interdependentes, assim também devem ser encarados os direitos citados acima.

Vale lembrar que muitos cenários nacionais e regimes políticos em todo o mundo, são praticamente democracias fantasmas, ou seja, usada por defensores de qualquer tipo de regime. Muitos setores da população não tem participação na vida política, a qualidade da democracia fica em perigo nas sociedades que mantêm desigualdades gritantes em detrimento dos pobres, desfavorecidos e marginalizados. A democracia política sem a democracia social ignora os laços entre democracia, solidariedade e direitos humanos.