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A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS A escola, e a sala de aula em particular, é um local privilegiado para a formação de uma consciência ambiental. O professor, ator principal do processo educativo, desempenha um efeito multiplicador importante sobre a comunidade familiar de cada um dos alunos. Assim, a Educação Ambiental nas escolas, constitui uma ferramenta indispensável para a construção de novos saberes e atitudes, orientados para o desenvolvimento de uma sociedade preocupada com as questões ambientais, enquanto fator essencial à qualidade de vida presente e futura. A Educação Ambiental oferece à escola uma oportunidade de renovação, uma vez que lhe confere a integração das várias disciplinas num projeto educativo comum, em que a variável ambiental promove o papel de tema integrador ou motivo de encontro. A Educação Ambiental outrora apenas retratada em ações extracurriculares pode ser vista como uma temática inter e multidisciplinar, podendo ser desenvolvida em disciplinas como o português, a matemática, a educação musical, as ciências, a educação visual, e todas as outras, desde que seja praticada de forma concertada e dialogada pelos vários docentes. Esta forma de educação, a Educação Ambiental, formará os alunos para a tomada de consciência de que o futuro da humanidade e a qualidade de vida das gerações futuras dependem em parte das escolhas que fizerem na sua própria vida. “Nós não herdamos a Terra dos nossos pais, pedimo- la emprestada aos nossos filhos”. (Provérbio popular) VERDADE SEJA DITA: A LEGISLAÇÃO TEM SIDO UMA ALQUIMIA DESCONHECIDA PARA O POVO. É ASSUNTO PARA ‘ESPECIALISTAS’ QUE MANIPULAM E DESVENDAM OS CAMINHOS NO LABIRINTO COMPLEXO DAS NORMAS JURÍDICAS. ASSIM, A LEI QUE DEVERIA SAIR DO POVO, PASSA A SER ATRIBUTO DO ESTADO, QUE DEVERIA REALIZAR ALGUMA CONCEPÇÃO DE JUSTIÇA, TORNA-SE POSSÍVEL INSTRUMENTO DE DOMINAÇÃO, QUE DEVERIA REGULAR A SOCIEDADE, PASSA A JUSTIFICAR AS DESIGUALDADES. (AGUIAR, 1994) EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS

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A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS

A escola, e a sala de aula em particular, é um local privilegiado para a formação de uma consciência ambiental. O professor, ator principal do processo educativo, desempenha um efeito multiplicador importante sobre a comunidade familiar de cada um dos alunos. Assim, a Educação Ambiental nas escolas, constitui uma ferramenta indispensável para a construção de novos saberes e atitudes, orientados para o desenvolvimento de uma sociedade preocupada com as questões ambientais, enquanto fator essencial à qualidade de vida presente e futura.

A Educação Ambiental oferece à escola uma oportunidade de renovação, uma vez que lhe confere a integração das várias disciplinas num projeto educativo comum, em que a variável ambiental promove o papel de tema integrador ou motivo de encontro. A Educação Ambiental outrora apenas retratada em ações extracurriculares pode ser vista como uma temática inter e multidisciplinar, podendo ser desenvolvida em disciplinas como o português, a matemática, a educação musical, as ciências, a educação visual,  e todas as outras, desde que seja praticada de forma concertada e dialogada pelos vários docentes.

Esta forma de educação, a Educação Ambiental, formará os alunos para a tomada de consciência de que o futuro da humanidade e a qualidade de vida das gerações futuras dependem em parte das escolhas que fizerem na sua própria vida.

“Nós não herdamos a Terra dos nossos pais, pedimo-la emprestada aos nossos filhos”. (Provérbio popular)

VERDADE SEJA DITA: A LEGISLAÇÃO TEM SIDO UMA ALQUIMIA DESCONHECIDA PARA O POVO. É ASSUNTO PARA ‘ESPECIALISTAS’

QUE MANIPULAM E DESVENDAM OS CAMINHOS NO LABIRINTO COMPLEXO DAS NORMAS JURÍDICAS. ASSIM, A LEI QUE DEVERIA

SAIR DO POVO, PASSA A SER ATRIBUTO DO ESTADO, QUE DEVERIA REALIZAR ALGUMA CONCEPÇÃO DE JUSTIÇA, TORNA-SE

POSSÍVEL INSTRUMENTO DE DOMINAÇÃO, QUE DEVERIA REGULAR A SOCIEDADE, PASSA A JUSTIFICAR AS DESIGUALDADES.

(AGUIAR, 1994)

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA

 

RESUMO

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 A finalidade deste estudo teve como objetivo apresentar a Educação Ambiental como uma disciplina evidenciando as possibilidades de ações práticas, programas/projetos curriculares bem como as dificuldades tanto dos discentes como dos docentes nesse contexto. Este trabalho visa também aproximar a Educação Ambiental da prática escolar e consequentemente desligá-la do conceito unicamente teórico.Palavras- Chave: Educação Ambiental, Disciplina curricular, Escola 

LISTA DE SIGLAS IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisLDB - Lei de Diretrizes e BasesMCT - Ministério da Ciência e TecnologiaMEC - Ministério da Educação e CulturaMMA - Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia LegalNEA - Núcleos de Educação AmbientalPCN - Programa Curricular NacionalPNEA -  Política Nacional de Educação Ambiental PRONEA - Programa Nacional de Educação Ambiental

 1. INTRODUÇÃOA educação ambiental, está mais ligada a questões teórica do que propriamente ligada á ações de responsabilidade para com o ambiente; pois é um processo participativo, onde o educando assume o papel de elemento central do processo de ensino/aprendizagem pretendido, participando ativamente no diagnóstico dos problemas ambientais e busca de soluções, sendo preparado como agente transformador, através do desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes, através de uma conduta ética, condizentes ao exercício da cidadania (ALMEIDA, 1999). Segundo Mattos (2011), em linhas gerais, a Educação Ambiental se caracteriza por incorporar a dimensão sócio-econômica, política, cultural e histórica, não podendo se basear em posturas de aplicação universal, devendo considerar as condições e estágio de cada lugar, sob uma perspectiva histórica. A Educação Ambiental não se trata de um tipo especial de educação, mas, de um processo contínuo e longo de aprendizagem, de uma filosofia de trabalho, de um estado de espírito em que todos: família, escola e sociedade, devem estar envolvidas. 

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O objetivo da Educação Ambiental não entra em conflito com os objetivos do sistema escolar, pelo contrário, ambos se direcionam para a formação integral do indivíduo, enquanto cidadão inserido na sociedade e no meio ambiente. A educação ambiental está inserida no âmbito escolar e social do individuo, por isso, torna-se necessário uma educação mais ampla com base nos problemas ambientais globais, mas voltada para o pensamento “inloco” na vivência e experiência das pessoas (MATTOS, 2011). Esse trabalho visa apresentar a viabilidade de ter a Educação Ambiental como disciplina regular nas escolas, considerando que o ensino nas series iniciais tem uma importância muito grande no processo educativo da criança e adolescente. Assim, a partir desse estudo espera-se responder o seguinte problema de pesquisa: Que ações podem ser desenvolvidas na escola tendo a educação ambiental como disciplina na grade curricular? 1.1 Objetivos1.1.1 GeralApresentar a Educação Ambiental como disciplina regular1.1.2 Específicosa) Apresentar possibilidades de atividades práticas de Educação Ambiental b) Propor visita técnica a órgãos e estabelecimentos ambientais c) Indicar bibliografias 1.2 JustificativaApontando para o engrandecimento da prática da educação ambiental em escolas, este estudo justifica-se pela viabilidade de ações a serem desenvolvidas nas escolas que, em relação ao tema, levaria mais sensibilidade aos estudantes. Outrossim, traz em seu bojo a idéia de que a problemática ambiental é escopo de investigação constante e alvo de questionamentos, cujos objetivos serão impulsionar as mudanças de atitude tão necessárias à preservação e conservação do Meio Ambiente.   Escolas e professores têm enfrentado muitos obstáculos para desenvolver a Educação Ambiental. Portanto, a justificativa para este estudo se dá também pela importância da Educação Ambiental nas primeiras séries iniciais, não obstante, faz-se necessário um estudo sobre a temática, bem como, apresentar ações práticas, possibilidade de projetos de extensão etc, que possa motivar os alunos e preencher a carência da disciplina de Educação Ambiental como disciplina regular, pois, quanto mais se discute um determinado assunto mais ele se torna possível a novas    2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL O surgimento do movimento ambientalista no Brasil, de acordo com Carvalho (2001) insurge na década de 1970, na conjuntura da ditadura militar, em

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reflexo das discussões ambientais que ocorriam em todo o mundo. Segundo Dias (1999), no Brasil, até nessa época, os setores competentes da Educação não vislumbravam a possibilidade de ações governamentais que apoiasse a Educação Ambiental, fosse pelo desinteresse que o tema despertava entre os políticos influentes, fosse pela ausência de uma política educacional definida para o país, como reflexo do próprio momento que atravessava. Em resposta às forças das articulações ambientalistas, a Constituição Brasileira de 1988 dedica um capítulo ao meio ambiente e muitos artigos afins, em especial sobre o papel do Poder Público em promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. Mininni (1997) cita o Parecer 226/87 como o primeiro documento oficial do MEC que considerava necessária a inclusão da Educação Ambiental entre os conteúdos a serem explorados nas propostas curriculares das escolas de 1º e 2º graus. Com a criação do IBAMA, em 1989, ficou entendido que a Educação Ambiental deveria constituir-se numa espécie de Coordenadoria capaz de integrar todas as diretorias da instituição, assegurando a sua presença em todos os campos de atuação (DIAS, 1999). Ainda em 1989, o MEC cria o Grupo de Trabalho para a Educação Ambiental, que toma uma série de iniciativas após a Rio-92, entre elas, em âmbito das superintendências estaduais do IBAMA, os NEA, que iniciam uma série de eventos nos estados, visando a concretização das recomendações da Conferência Rio-92, através da Portaria 773 de 10/05/93. Esse Grupo de Trabalho passa a ter caráter permanente e tem como finalidade coordenar, apoiar, acompanhar, avaliar e orientar as ações, metas e estratégias para a implantação da Educação Ambiental nos sistemas de ensino em todos os níveis e modalidades (PORTO, 1996). A aprovação do PRONEA ocorreu em 1994; a responsabilidade do seu desenvolvimento fica a cargo do MEC e do MMA, com a parceria do MCT. Segundo Trajber e Monzochi (1996), uma ação importante do PRONEA foi o apoio à produção de materiais de Educação Ambiental, entre as suas linhas de ação prioritárias. No entanto, nessa época havia ainda muito poucas iniciativas voltadas para a avaliação de materiais e nenhuma voltada para o monitoramento contínuo da produção. Para Carvalho (2001), isso reafirma a trajetória da Educação Ambiental como uma prática que vem primeiramente da gestão ambiental, e só posteriormente, quando essa temática ganha a cena pública na sociedade e interpela o fazer educativo, passa a ser incorporada pelos organismos ligados à política

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educacional. De acordo com Trajber e Manzochi (1996), ao que tudo parece indicar, na esfera governamental, a Educação Ambiental é tida como uma questão do meio ambiente e não da educação. Esta é uma situação duplamente preocupante: por um lado, devido à importância da dimensão educacional e pedagógica para o êxito de qualquer programa e ação de educação e por outro, porque os setores educacionais contêm, nos níveis estadual e municipal, o sistema público formal de ensino, em que se encontra a maioria da população escolarizável do país. Soma-se a esse fato a grande carência de materiais voltados para a formação de educadores ambientais.  (Trajber e Manzochi, 1996). Carvalho (2001), observa que quem está responsável por educação parece não estar envolvido com Educação Ambiental, pelo menos no que concerne à elaboração e produção de materiais. Na esfera do MEC, várias ações foram implementadas a partir de 1996, entre elas: cursos de capacitação para formar agentes multiplicadores, que testaram uma nova metodologia como as teleconferências de Educação Ambiental; o surgimento de novas parcerias para produzir e distribuir materiais didáticos; e a divulgação em 1997 dos PCN que, finalmente, deram indicações de como incorporar a dimensão ambiental na forma de tema transversal nos currículos do ensino fundamental. Tal inserção coloca o sistema de educação nacional em concordância com o movimento internacional de reconhecer a importância da Educação Ambiental para a preservação, conservação, recuperação do meio ambiente e para a construção de um desenvolvimento sustentável (BRASIL, 1997). Ao mesmo tempo, iniciou-se a discussão sobre a inserção da Educação Fundamental nos outros níveis de ensino, dentro da perspectiva da nova LDB (Lei 9.394/96), que mudou a concepção curricular no ensino formal (MININNI, 1996). Em 1999, foi promulgada a lei que estabelece a criação da Política Nacional de Educação Ambiental - PNEA (Lei 9.795/99) e constitui no mais recente instrumento legal sobre o tema. Reafirma em seu artigo 10, parágrafo primeiro que: “A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino”, devendo ser abordada a partir de uma perspectiva inter, trans e multidisciplinar. Tal visão busca a compreensão da complexidade dos problemas ambientais e, ao mesmo tempo, é capaz de propor soluções para os mesmos (ASSUNÇÃO, 1995). 3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLAA atual situação do meio ambiente no mundo e, em particular no Brasil, revela a importância de efetivar o papel da escola como instituição responsável pela formação integral dos cidadãos, por meio de uma educação que responda precisamente a realidade, e que dê uma resposta adequada a seus problemas (DIAS, 2002).

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 A escola, de acordo com Almeida (1999) é o espaço social e o local onde o aluno dará seqüência ao seu processo de socialização. O que nela se faz se diz e se valoriza representa um exemplo daquilo que a sociedade deseja e aprova. Comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis. Segundo Cavalcanti (2001), com os conteúdos ambientais permeando todas as disciplinas do currículo e contextualizados com a realidade da comunidade, a escola ajudará o aluno a perceber a correlação dos fatos e a ter uma visão holística, ou seja, integral do mundo em que vive. Para isso a Educação Ambiental deve ser abordada de forma sistemática e transversal, em todos os níveis de ensino, assegurando a presença da dimensão ambiental de forma interdisciplinar nos currículos das diversas disciplinas e das atividades escolares. Em 1977, ocorreu a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental em Tbilisi, EUA, iniciando um processo em nível global orientado para criar condições formadoras de uma nova consciência sobre o valor da natureza e para reorientar a produção de conhecimento baseada nos métodos da interdisciplinaridade e nos princípios da complexidade (BERNARDES, 2006). A autora ainda acrescenta que, sob a ótica de Tbilisi as principais características da Educação Ambiental são: Processo dinâmico integrativo: um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as experiências e a determinação que os torna aptos a agir, individual e coletivamente, e resolver problemas ambientais.Transformadora: possibilita a aquisição de conhecimentos e habilidades capazes de induzir mudanças de atitudes. Objetiva a construção de uma nova visão das relações do ser humano com o seu meio e a adoção de novas posturas individuais e coletivas em relação ao ambiente. A consolidação de novos valores, conhecimentos, competências, habilidades e atitudes refletirá na implantação de uma nova ordem ambientalmente sustentável.Participativa: atua na sensibilização e na conscientização do cidadão, estimulando o a participar dos processos coletivos.Abrangente: extrapola as atividades internas da escola tradicional, deve ser oferecida continuamente em todas as fases do ensino formal, envolvendo a família e toda a coletividade. A eficácia virá na medida em que sua abrangência vai atingindo a totalidade dos grupos sociais.Globalizadora: considera o ambiente em seus múltiplos aspectos: natural, tecnológico, social, econômico, político, histórico, cultural, técnico, moral,

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ético e estético. Deve atuar com visão ampla de alcance local, regional e global.Permanente: tem um caráter permanente, pois a evolução do senso crítico e a compreensão da complexidade dos aspectos que envolvem as questões ambientais se dão de um modo crescente e contínuo, não se justificando sua interrupção. Despertada a consciência, se ganha um aliado para a melhoria das condições de vida do planeta.Contextualizadora: atua diretamente na realidade de cada comunidade, sem perder de vista a sua dimensão planetária (agir localmente, pensar globalmente).Transversal: propõe-se que as questões ambientais não sejam tratadas em uma disciplina específica, mas sim que permeie os conteúdos, objetivos orientações didáticas em todas as disciplinas. Considerando a Educação Ambiental um processo contínuo e cíclico, o método utilizado pelo Programa de Educação Ambiental para desenvolver os projetos e os cursos capacitação de professores conjuga os princípios gerais básicos da Educação Ambiental (Gadotti 2000). Os quais – adotados em Tbilisi – são:Sensibilização: processo de alerta, é o primeiro passo para alcançar o pensamento sistêmico;Compreensão:conhecimento dos componentes e dos mecanismos que regem os sistemas naturais;Responsabilidade:reconhecimento do ser humano como principal protagonista;Competência: capacidade de avaliar e agir efetivamente no sistema;Cidadania: participar ativamente e resgatar direitos e promover uma nova ética capaz de conciliar o ambiente e a sociedade. Segundo Mattos (2011), a partir de Tbilisi, é dada 42 Recomendações em face da Educação Ambiental na Escola. A Recomendação nº 3 atribui à escola um papel determinante no conjunto da educação ambiental, recomendando uma ação sistemática no primeiro e segundo graus, além da ampliação de cursos superiores relativos ao meio ambiente. E não obstante, deve-se transformar progressivamente, através da educação ambiental, atitudes e comportamentos para que todos os membros da comunidade tenham consciência das suas responsabilidades na concepção, elaboração e aplicação de programas nacionais ou internacionais relativos ao meio ambiente, contribuindo para a busca de uma nova ética baseada no respeito pela natureza, no respeito pelo homem e sua dignidade e no respeito pelo futuro, bem como na exigência de uma qualidade de vida acessível a todos, com o espírito geral de participação. A Recomendação nº 12, que trata de “Conteúdo e Métodos”, propõe aos países que dêem às instituições de educação e formação flexibilidade suficiente para possibilitar a inclusão de aspectos da educação ambiental nos planos de estudos existentes, bem como criar novos programas de educação

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ambiental que atendam as necessidades de um enfoque e uma metodologia interdisciplinar. No âmbito da escola, o esforço de construir uma nova sociedade, obviamente com resultados a médio e longo prazo, implica adoção por parte de educadores e da comunidade escolar de uma postura crítica diante da realidade, sem a qual não é possível empreender a transformação sócio-ambiental da educação. Para que a escola forme indivíduos com capacidade de intervenção na realidade global e complexa, teremos de adequar a educação, em seu conjunto, aos princípios do paradigma da complexidade. Temos que promover uma educação que responda precisamente a essa realidade, e que dê uma resposta adequada a seus problemas (DIAS, 2002). Segundo Grun (2000), na construção do conhecimento é preciso encarar a complexidade das teias de relações, saberes, crenças e interesses em jogo. Nesses novos tempos, a missão da escola não pode se limitar à absorção de conteúdos dados, e sim a produzir conhecimentos e formar sujeitos capazes de ter uma atitude permanente diante do mundo, investigativa, questionadora e operativa. Leff (2001), ao analisar a problemática ambiental, reconhece que a Educação Ambiental exige uma integração de conhecimentos e aproximações sistêmicas, holísticas e interdisciplinares que, se limitadas à reorganização do saber disponível, são insuficientes para satisfazer essa demanda de conhecimentos. A questão ambiental requer novos conhecimentos teóricos e práticos para sua compreensão e resolução. Para Brasil (1997), cabe à escola, em todos os níveis e, em particular, no ensino fundamental, possibilitar ao aluno a percepção de que é, simultaneamente, integrante, dependente e agente transformador do ambiente em que vive. Carvalho (2001) afirma que é preciso incentivar, na escola, o desencadeamento de reflexões que levem o professor a compreender as questões ambientais para além de suas dimensões biológicas, químicas e físicas, e também como questões sociopolíticas. Para isso, é necessário que os professores estejam comprometidos e disponham de tempo e de recursos. Dessa forma, a Educação Ambiental induziu a um desenvolvimento do conhecimento em diversas disciplinas científicas. O autor coloca a interdisciplinaridade como um processo de intercâmbio entre os diversos campos e ramos de conhecimento, nos quais uns transferem métodos, conceitos e termos para outros que são incorporados e assimilados. Todavia, é imprescindível que os conceitos e as metodologias bem como certas categorias filosóficas sejam trabalhadas pela ciência importadora para especificar e para explicar os processos materiais de seu campo específico. Por diferenciar-se da educação tradicional, apresentando-se como um saber

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interdisciplinar, a Educação Ambiental inova, mas também arca com as dificuldades de sua assimilação pela educação formal, estruturada disciplinarmente. Além disso, a Educação Ambiental no ensino fundamental tem se dado através de projetos pontuais extracurriculares, caracterizando uma dinâmica voluntarista e periférica ao sistema escolar (CARVALHO, 2001). 3  ATIVIDADES PRÁTICAS E VISITAS TECNICAS Considerando a importância da temática ambiental e a visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, a escola deverá oferecer meios efetivos para que cada aluno compreenda os fenômenos naturais, as ações humanas e sua conseqüência para consigo, para sua própria espécie, para os outros seres vivos e o ambiente. É fundamental que cada aluno desenvolva as suas potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos, colaborando para a construção de uma sociedade socialmente justa, em um ambiente saudável (ALMEIDA, 1999).3.1 - Possibilidade de Atividade Prática

Existem várias ações que podem ser desenvolvidas dentro da escola a partir da temática Educação Ambiental, segundo Morin (2011):3.1.1- Coleta Seletiva de Lixo – os alunos conhecem e entendem a seleção e assim um maior cuidado passa a ser dispensado ao lixo. A coleta seletiva e a reciclagem de resíduos são soluções desejáveis, por permitirem a redução do volume de lixo para disposição final.O fundamento da coleta seletiva é a separação, pela população, dos materiais recicláveis (papéis, vidros, plásticos e metais) do restante do lixo. A implantação da coleta seletiva pode começar com uma experiência-piloto, que vai sendo ampliada aos poucos. O primeiro passo é a realização de uma campanha informativa junto à população, convencendo-a da importância da reciclagem e orientando-a para que separe o lixo em recipientes para cada tipo de material. A pintura ou padronização das latas de lixo para a coleta correta também pode se dar de maneira lúdica, o que traz uma maior probabilidade de engajamento dos alunos nas atividades (MORIN, 2011).3.1.2. Oficina de reciclagem – É uma atividade que possui um custo inicial, mas, eleva o processo de aprendizado e consciência do aluno para tratar o que é considerado lixo ou descartável. Essa atividade pode envolver artesanato de jornais, revistas, pintura em vidro, modelagem de quadros etc.

3.2.  Permacultura na EscolaPermacultura é um método holístico para planejar, atualizar e manter sistemas de escala humana (jardins, vilas, aldeias e comunidades) ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e financeiramente viáveis. Origina-se de uma cultura permanente do ambiente. Trata-se de estabelecer em nossa rotina diária, hábitos e costumes de vida simples e ecológicos - um estilo de cultura e de vida em integração direta e equilibrada com o meio ambiente, envolvendo-

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se cotidianamente em atividades de auto-produção dos aspectos básicos de nossas vidas referentes a abrigo, alimento, transporte, saúde, bem-estar, educação e energias sustentáveis (SORRENTINO, 1995).Os princípios da Permacultura vem da posição de Mollison de que "a única decisão verdadeiramente ética é cada um tomar para si a responsabilidade de sua própria existência e da de seus filhos" . A ênfase está na aplicação criativa dos princípios básicos da natureza, integrando plantas, animais, construções, e pessoas em um ambiente produtivo e com estética e harmonia. Além de ser um método para planejar sistemas de escala humana, proporciona uma forma sistêmica de se visualizar o mundo e as correlações entre todos os seus componentes. Serve, portanto, como meta-modelo para a prática da visão sistêmica, podendo ser aplicada em todas as situações necessárias, desde como estruturar o habitat humano até como resolver questões complexas do mundo empresarial.Permacultura é a utilização de uma forma sistêmica de pensar e conceber princípios ecológicos que podem ser usados para projetar, criar, gerir e melhorar todos os esforços realizados por indivíduos, famílias e comunidades no sentido de um futuro sustentável (SORRENTINO, 1995). Pode se dizer que os três pilares da Permacultura são o Cuidado com a Terra, o Cuidado com as Pessoas e Repartição dos excedentes. Seus princípios se resumem em:

1. Observe e interaja.2. Capte e armazene energia.3. Obtenha rendimento4. Pratique auto-regulação e aceite retorno.5. Use e valorize os serviços e recursos renovaveis.6. Não produza desperdícios.7. Design partindo de padrões para chegar a detalhes.8. Integrar em vez de segregar.9. Use soluções pequenas e lentas.10. Use e valorize a diversidade.11. Use as bordas e valorize os elementos marginais.12. Use criativamente e responda às mudanças.

3.3. - Visita Centros TécnicosExistem vários centros que fazem da Educação Ambiental uma rotina que podem ser visitados por alunos e oferecem informações e proposição de atividades relevantes.

3.3.1 – Morada na FlorestaUma organização ecológica que busca diminuir os impactos no meio ambiente causados pela sociedade contemporânea. O objetivo é compartilhar e disponibilizar conhecimentos e soluções ambientais por via de produtos e serviços ecológicos que diminuem a geração de resíduos, e ações educacionais voltadas à preservação do planeta. A Morada oferece produtos, serviços e cursos de alta qualidade para incentivar práticas sustentáveis cotidianas e contribuir para o despertar de uma consciência natural e ecológica de cuidado consigo mesmo, com o próprio lar

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e com nosso Planeta, estimulando a transformação de paradigmas atuais rumo à sustentabilidade planetária. Valorizando nossa interdependência e ligação com a Terra e com todos os seres vivos, busca resgatar valores éticos, espirituais e o contato humano de coração para coração. Reconhecendo e abandonando hábitos destrutivos, compartilham-se maneiras de reduzir os impactos, o consumo desenfreado dos recursos naturais e os danos causados ao Planeta. A Morada Na Floresta tem como missão diminuir os impactos no meio ambiente causados pela sociedade contemporânea, compartilhando e disponibilizando conhecimentos e soluções ambientais por via de produtos e serviços ecológicos que diminuem a geração de resíduos, e ações educacionais voltadas à preservação do planeta, e a visão é ser uma empresa conhecida por proporcionar impactos socioambientais positivos na sociedade brasileira, e por propiciar bem estar, satisfação e qualidade de vida para os funcionários, membros e clientes; de modo a se tornar uma referência nacional em Empreendimento Social.A Instituição é aberta para visitações e serviços voluntários, assim como para a apresentação da casa, das tecnologias renováveis aqui aplicadas e diálogos sobre: Alimentação Vegetariana e Consciente, Partos Naturais, Ecopedagogia, Permacultura, Economia Solidária, Convivência Comunitária e Auto Conhecimento.

3.3.2 IPECInstituto de Permacultura e Ecovilas do CerradoÉuma organização não-governamental estabelecida, em Julho de 1998, em Pirenópolis (Goiás), para desenvolver oportunidades de educação e referências em sustentabilidade para o Brasil. O IPEC mantém um centro de referência em que desenvolve soluções práticas para os problemas atuais das populações brasileiras, incluindo estratégias de habitação ecológica, saneamento básico, energia renovável, segurança alimentar, cuidado com a água e processos de educação de forma vivenciada.O Instituto foi planejado utilizando Permacultura como ferramenta de trabalho. A Permacultura é uma filosofia e um método de planejamento ambiental que leva em conta os micro-climas, plantas anuais e perenes, animais, solos, água e as necessidades humanas de forma integrada, onde se torna possível criar comunidades produtivas e sustentáveis.  O IPEC também recebe visitas tecnicas previamente agendadas.O IPEC bioremedia toda água que utiliza. O esgoto doméstico é tratado de forma ecológica, reciclando e não devolvendo água poluída ao ambiente, aplicações tanto para fins urbanos, rurais ou industriais. A água para o consumo é a água de chuva, a água mais apropriada para este fim, ficando armazenada em tanques construídos pelo Ecocentro e garantindo o fornecimento nos períodos de escassez.

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4.      INDICAÇÃO DE BIBLIOGRAFIASFelizmente existe várias discussões a cerca da Educação Ambiental, que podem ser utilizadas no planejamento de ações práticas na escola, a saber:BERNA, Vilmar. Como fazer educação ambiental. São Paulo: Paulus, 2001. 142 p.BOER, N. Educação ambiental na escola. Ciência & Ambiente, Santa Maria, Universidade Federal de Santa Maria, p. 91-101, jan./jun. 1994.BONA, L.E. Educação ambiental para conscientizar pequenos cidadãos. Ecos: revista quadrimestral de saneamento ambiental, Porto Alegre, Prefeitura de Porto Alegre, DMAE, v. 6, n. 15, p. 34-35, jul.1999.BRANDÃO, Zaia (org.). A crise dos paradigmas e a educação. São Paulo: Cortez Editora, 2007.BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Coordenação de Educação Ambiental. A implantação da Educação Ambiental no Brasil. Brasília,1998. 166 p.BRÜGGER, Paula. Educação ou adestramento ambiental? Florianópolis: Letras Contemporâneas, 1999. 159 p.CASCINO, Fábio; JACOBI, Pedro; OLIVEIRA, José Flávio. Educação, Meio Ambiente e Cidadania: reflexões e experiências. São Paulo: SEMA/CEAM, 1998. 122 p.CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Qual educação ambiental? : elemento para um debate sobre educação ambiental e extensao rural. Revista da EMATER. Rio Grande do Sul. -Porto Alegre : EMATER/RS, Porto Alegre, 2001. v. 2, n.2. – p. 43-51.CARVALHO. Isabel Cristina de Moura. A invenção ecológica: narrativas e trajetórias da educação ambiental no Brasil. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2001. 229 p. (Coleção Novos Estudos Rurais)CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Em direção ao mundo da vida: interdisciplinaridade e educação ambiental.Brasília: IPE, 1998.102p. (Cadernos de Educação Ambiental, 2)CARVALHO, Vilson Sérgio de. Educação ambiental e desenvolvimento comunitário. Rio de Janeiro, RJ: WAK, 2002.COIMBRA, José de Ávila Aguiar. O outro lado do meio ambiente. São Paulo: CETESB, 1985.DIETZ, Lou Ann; TAMAIO, Irineu. Aprenda fazendo: apoio aos processos de educação ambiental  / Brasília: WWF Brasil, 2000.386 p.DIAS, G. F. Atividades interdisciplinares em EA. São Paulo: Ed. Global, 1994.DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 2. ed. São Paulo: Gaia, 1993. 400 DIB-FERREIRA, Declev Reynier. As diversas visões do lixo. Dissertação de mestrado. UFF: Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental, 2005.

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DIB-FERREIRA, Declev Reynier. A pedagogia de projetos e a educação ambiental na escola – uma experiência.  In Ambiente & Educação. Revista de Educação Ambiental. Fundação Universidade do Rio Grande. Rio Grande, RS: Editora da Furg, v.7, 2002.DI CIOMMO, Regina C. Ecofeminismo e Educação Ambiental. São Paulo: Cone Sul & UNIUBE, 1999. 264 pESTEVA PERALTA, Joaquim. Educación popular ambiental hacia una pedagogia de la apropiación del ambiente: la complejidad ambiental. México: 2001.FERNANDES, V. A natureza como sala de aula. Folha do Meio Ambiente, Brasília, Forest Cultura Viva e Promoções Ltda, v. 9, n. 86, p. 910, set.2000GRANADOS SANCHEZ, Diodoro. Destrucción del planeta y educación ambiental. México: Universidad Autonoma Chapingo, 1995. 200 p.GROSSI, E.P.Educação ambiental: e construtivismo pós-piagetiano. Ciência & Ambiente, Santa Maria, Universidade Federal de Santa Maria, p. 101- 108 jan./jun.1994.GRÜN, Mauro. Ética e Educação Ambiental: a conexão necessária. São Paulo: Papirus, 1996.

5 - METODOLOGIATrata-se de uma pesquisa qualitativa cuja pretensão foi trazer à luz a possibilidade de práticas de educação ambiental dentro da sala de aula, construída a partir de pesquisa bibliográfica. Foram apresentadas as principais ações que podem propiciar um maior engajamento dos alunos na aula e consequentemente uma aprendizagem efetiva. Bem como se apresentou sugestão de centros técnicos em Educação Ambiental para visitação. O levantamento dos principais autores que se debruçaram sobre o tema se dará a partir de material já publicado constituído de livros, artigos e material disponibilizado na internet.

6 – DISCUSSÃOPercebe-se que a transformação da cidadania inicia com a criança em suaeducação infantil e seqüencia no ensino fundamental. Cresce a necessidade de organizar o ensino para que este tema da Educação Ambiental perpasse as diversas disciplinas e torne-se conhecimento. A escola é uma instituição inserida no contexto social, portanto, é uma unidade que também provoca impactos ao meio ambiente. Contribui com o crescimento dos problemas ambientais por gerar lixo e esgoto; pelo consumo e desperdício de energia e de água. Assim, deve-se pensar em estratégias permanentes de Educação Ambiental escolar, com ações práticas capazes de transformar a escola decausadora de impactos para uma unidade que contribua com a redução dos problemas, através do consumo consciente e de uma correta destinação dos seus resíduos. Desta forma, a escola efetiva-se como espaço formador de

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agentes de mudanças, visto que, é um ambiente propício à formação de novas atitudes, de novos comportamentos e valores, através do aprendizado voltado às questões ambientais (MATTOS, 2011) As estratégias de enfrentamento da problemática ambiental, para surtirem o efeito desejável na construção de sociedades sustentáveis, envolvem uma articulação coordenada entre todos os tipos de intervenção ambiental direta, incluindo nesse contexto as ações em educação ambiental. Dessa forma, assim como as medidas políticas, jurídicas, institucionais e econômicas voltadas à proteção, recuperação e melhoria sócio ambiental, despontam também as atividades no âmbito educativo. (ProNea) E nesse contexto onde os sistemas sociais atuam na promoção da mudança ambiental, a educação assume posição de destaque para construir os fundamentos da sociedade sustentável, apresentando uma dupla função a essa transição societária: propiciar os processos de mudanças culturais em direção a instauração de uma ética ecológica e de mudanças sociais em direção ao empoderamento dos indivíduos, grupos e sociedades que se encontram em condições de vulnerabilidade face aos desafios da contemporaneidade (PRONEA). Assim, tornam-se crescente e viável as discussões no entorno da educação ambiental que surge como uma possibilidade de instrumento transformador, que de acordo com Leff (2001), nos permite ressaltar que o processo educativo deve ser capaz de formar um pensamento crítico, criativo e sintonizado com a necessidade de propor respostas para o futuro, capaz de analisar as complexas relações entre os processos naturais e sociais e de atuar no ambiente em uma perspectiva global, respeitando as diversidades socioculturais.Nota-se que o tema ambiental e social traz situações questionadoras como a organização de projetos que atendam às propostas da educação ambiental. Dessa forma, faz-se necessário um conhecimento amplo e não fragmentado de concepções ético-ambientais com métodos educativos que propiciem uma compreensão-crítica real, o que pode ser viabilizado a partir do referencial teórico que foi disponibilizado nessa pesquisa. Considerando toda essa importância da temática ambiental e a visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, sobressaem-se as escolas, como espaços privilegiados na implementação de atividades que propiciem essa reflexão, pois isso necessita de atividades de sala de aula e atividades de campo, com ações orientadas em projetos e em processos de participação que levem à autoconfiança, a atitudes positivas e ao comprometimento pessoal com a proteção ambiental implementados de modo interdisciplinar (DIAS, 1992). Ressaltado que as gerações que forem assim formadas crescerão dentro de um novo modelo de educação criando novas visões do que é o planeta Terra.

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 Entretanto, não raramente a escola atua como mantenedora e reprodutora de uma cultura que é predatória ao ambiente, ou se limita a ser somente uma repassadora de informações. Nesse caso, as reflexões que dão início a implementação da Educação Ambiental devem contemplar aspectos que não apenas possam gerar alternativas para a superação desse quadro, mas que o invertam, de modo a produzir conseqüências benéficas (ANDRADE, 2000), favorecendo a paulatina compreensão global da fundamental importância de todas as formas de vida coexistentes em nosso planeta, do meio em que estão inseridas, e o desenvolvimento do respeito mútuo entre todos os diferentes membros de nossa espécie (CURRIE, 1998). 7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Dentro da escola é preciso que haja maneiras efetivas para que cada aluno possa compreender os fenômenos naturais, as ações humanas e sua conseqüência para sua própria espécie, para os outros seres vivos e o ambiente. É basilar que cada aluno desenvolva as suas potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos, colaborando para a construção de uma sociedade socialmente justa, em um ambiente saudável (MATTOS, 2011) A escola deve então sensibilizar o aluno na busca de valores que o levem a uma convivência harmoniosa com o ambientem, auxiliando-o na análise critica dos princípios que tem levado à destruição inconseqüente dos recursos naturais e de várias espécies. Tendo a clareza que a natureza não é fonte inesgotável de recursos, suas reservas são finitas e devem ser utilizadas de maneira racional, evitando o desperdício e considerando a reciclagem como processo vital. Que as demais espécies que existem no planeta merecem nosso respeito. Além disso, a manutenção da biodiversidade é fundamental para a nossa sobrevivência. E, principalmente, que é necessário planejar o uso e ocupação do solo nas áreas urbanas e rurais, considerando que é necessário ter condições dignas de moradia, trabalho, transporte e lazer, áreas destinadas à produção de alimentos e proteção dos recursos naturais. Observa-se que já está estruturado o caminho que precisa ser seguido pela Educação Ambiental, as leis que a regem, os parceiros; já existe bastante discussão a respeito desse tema e muitas bibliografias – considerando quão novo é essa temática. O difícil, porém é afastar da teoria e iniciar, dentro do previsto em Lei, das características dada por Tbilisi, ações que podem já de imediato, dentro das escolas, assegurar a possibilidade de mudanças de atitudes a longo e curto prazo. O mais importante na questão da Educação Ambiental na Sala de aula é perceber que esse processo de sensibilização da comunidade escolar pode

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fomentar iniciativas que transcendam o ambiente escolar, atingindo tanto o bairro no qual a escola está inserida como comunidades mais afastadas nas quais residam alunos, professores e funcionários. Outro ponto bastante interessante das determinações e recomendações de Tbilisi é que os conteúdos ambientais devem permear todas as disciplinas do currículo e se contextualizarem com a realidade da comunidade. Dessa forma, a escola ajudará o aluno a perceber a correlação dos fatos e a ter uma visão integral do mundo em que vive. Para isso a Educação Ambiental deve ser abordada de forma sistemática e transversal, em todos os níveis de ensino, assegurando a presença da dimensão ambiental de forma interdisciplinar nos currículos das diversas disciplinas e das atividades escolares. 8 – REFERENCIAS ANDRADE, D. F. Implementação da Educação Ambiental em escolas: uma reflexão. In: Fundação Universidade Federal do Rio Grande. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v. 4.out/nov/dez 2000.BRASIL. Lei 9.795, de 27 de abril de 1999. Institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Brasília: Diário Oficial da União, 28 de abril de 1999.CARVALHO, I. e colaboradores (Org.). Educação ambiental pesquisas e desafios. Porto Alegre: Artmed, 2005, 17-44p.CAVALCANTI, L de S. Geografia, escola e construção de conhecimento. São Paulo: Papirus, 2001.CURRIE, K. L. Meio ambiente interdisplinaridade na prática. Campinas, Papirus, 1998.   DIAS, Genebaldo F. Educação ambiental: princípios e práticas. Gaia/Global, 1999GRUN, M. Ética e Educação Ambiental: a conexão necessária. Campinas: Papirus, 2000. JACOBI, P. ET al. (orgs.). Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e experiências. São Paulo:SMA.1998. p.27-32.LEFF, E. Epistemologia ambiental. São Paulo: Cortez, 2001MATTOS, P F. Estudo Da Aplicação Da Educação Ambiental em Escola Municipal Anexo Do Novo Buritizeiro Pela Emater De Buritizeiro – MG. Trabalho de Conclusão de Curso. Pirapora, 2011.MEC. Coordenação de Educação Ambiental. 1998.MININNI, N. M. Breve histórico da Educação Ambiental. Brasília: Ipê, 1997.MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2011, 268p.PORTO, M. F. M. M. Educação ambiental: conceitos básicos e instrumentos de ação. Belo Horizonte: FEAM/DESA/UFMG, 1996.PRONEA.Programa Nacional de Educação Ambiental. Secretaria do Meio Ambiente.2003SORRENTINO, M. De Tbilisi a Tessaloniki, a educação ambiental no Brasil. In: JACOBI, P. et  al. (orgs.). Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e experiências. São Paulo:SMA.1998. p.27-32.

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