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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRO-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE” A EDUCAÇÃO E SEUS DESAFIOS TERESA CRISTINA SANTOS MUNIZ ORIENTADOR: PROF. VILSON SÉRGIO DE CARVALHO SALVADOR-BAHIA NOVEMBRO/2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRO-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

A EDUCAÇÃO E SEUS DESAFIOS

TERESA CRISTINA SANTOS MUNIZ

ORIENTADOR:

PROF. VILSON SÉRGIO DE CARVALHO

SALVADOR-BAHIA NOVEMBRO/2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRO-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

A EDUCAÇÃO E SEUS DESAFIOS

TERESA CRISTINA SANTOS MUNIZ

Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Especialista em Psicopedagogia.

SALVADOR-BAHIA NOVEMBRO

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu “superior” que está lá em cima, ao meu amado marido Ailton Airesa que me apoiou nessa jornada, e a minha irmã Vera Lúcia.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de pesquisa à minha irmã Susana, aos meus sobrinhos, Lucas, Analisa e Vinicius e a todos os jovens e crianças que precisam sintonizar-se nesse mundo.

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EPÍGRAFE

“Ensinem as crianças a compor canções, a tocar o instrumento. Não apenas a afiná-lo”.

Celso Miranda

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RESUMO

A educação tem-se mostrado nas ultimas décadas através de processos de

mudanças do ensino-aprendizagem para buscar resolver os inúmeros problemas que vem

apresentando na vida escolar dos educandos, onde uma constituição estrutural de vida

influencia em demasia nesse desenvolvimento. Não se pode prescindir de posições que

demandam um projeto de vida. Uma coerência entre a trinômia família-escola-sociedade é

salutar para um aprimoramento e melhoria dessa questão, ou seja, um planejamento de

reeducação dessas partes como um todo constituirá em elemento ímpar na vida do

indivíduo que é a essência do ser unificado a um sistema de vida.

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METODOLOGIA

Para consecução deste projeto de Monografia, foram utilizados recursos de

ordem material e humanas, assim com estratégias de ação com experiências, pesquisa,

investigações, com critérios pautados nos pressupostos e indicadores da UCAM/ ABNT.

O processo teve início com a organização do roteiro de trabalho delineando a

linha filosófica e a prática. Em seguida foram feitas entrevistas com pessoas próximas e da

família, com metodologia da descoberta e do reconhecimento. Nesta etapa, foram feitos

registros, por escrito e por gravação, validando as outras fontes de pesquisa, inclusive as

eletrônicas.

Foram visitados locais onde a carência se estabelece até mesma alguns abaixo

da LINHA DE POBREZA, segundo o IDH. Também, foram feitos visitas e experiências

em Instituições – citadas como complemento. De posse desses resultados, o trabalho foi

sistematizado, sofrendo inserções retiradas das fontes de pesquisa. Em síntese, o extrato

desta monografia está pautado em uma proposta dinâmica e de proposição, visando uma

atuação da temática com retorno às Instituições e abertura de possibilidades em outro

projetos ligados ao 3º setor.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 9

CAPÍTULO I. FAMÍLIA, ONDE TUDO COMEÇA ........................................................ 11

1.1 O Ambiente ................................................................................................................... 11

1.2 A Sociedade .................................................................................................................. 13

1.3 A Cultura ....................................................................................................................... 15

CAPÍTULO II. DIAGNÓSTICO, FATOR PRIMORDIAL ............................................... 16

1.1 Danos causados por fatores emocionais ....................................................................... 17

CAPÍTULO III. EM BUSCA DA FÓRMULA DE AJUDA .............................................. 22

1.1 O trinômio (família-escola-sociedade) x A Fórmula .................................................... 25

CONCLUSÃO .................................................................................................................... 26

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 29

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR .............................................................................. 30

ANEXOS

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INTRODUÇÃO

Muitos pensadores, repetiram que a vida acontece enquanto se aprende, ou

seja, que um homem deixa de viver quando deixa de aprender algo novo.

Entendendo o que a aprendizagem significa, e como ela pode ser um guia no

caminho da auto-realização e do sucesso, na subida para o crescimento pessoal e espiritual,

passa-se a valorizar qualquer forma de ensino.

A escola é uma passagem fundamental na vida do indivíduo, é onde se

estabelece relacionamento que influenciarão por toda vida. Na escola, aprende-se que o

conhecimento é a chave para muitas portas; dinheiro, carreira, progresso, construção,

tecnologia, medicina; enfim, profissões que transformam o modo de vida de toda a

humanidade. De forma geral, aprender é essencial sobretudo porque, quando se está pré-

disposto a isto, a vida sempre tem algo a nos revelar.

Fazendo observações por instituições de ensino, deparei-me com situações

interessantes e tristes, onde boa parte dos alunos sofre influências do meio em que vive e

que se relaciona.

Em escolar particulares a situação beneficia mais por uma estrutura boa, por se

ter uma proposta pedagógica adequada, professores satisfeitos com suas condições de

trabalho e com seus salários, porém ainda assim tem os seus percalços e dificuldades.

Como então avaliar as escolas públicas, que faltam desde a educação apropriada às

estruturas convenientes?! O que se vê são alunos sem perspectivas de vida, sem opinião

próprias, indecisos e que não sabem nem o por que da necessidade de estudar. Raras são as

exceções quando encontra-se um ou outro que batalha para ter uma profissão, para não

repetir, a história dos pais (que não estudaram) e que dá exemplo de luta e de querer

sobreviver com dignidade e com direitos iguais na sociedade. Alunos que moram em

periferia, que só presenciam violência, descaso por parte dos órgãos públicos, fome,

moradia sem a mínima condição de higiene, pais violentos, alcoólatras, drogados, doentes,

etc. O que esperar desses indivíduos que não teve e não tem uma essência educacional

doméstica e que também não encontram nas escolas?

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Essas questões tornam-se um desafio para a educação, pois acredita-se que o

país ganha muito quando investe em educação, portanto é fator primordial para o

desenvolvimento. A educação abre e fecha portas, quando se adquire conhecimento há uma

expansão de caminhos, aí a educação abre as portas, mas quando não se aprende não se

vislumbra nada então as portas são fechadas, como para muitos cidadãos que não tiveram

oportunidades e hoje estão na criminalidade por ser uma forma de se ter condição de se

manter e também uma maneira mais fácil e menos trabalhosa.

A estrutura familiar ainda é o primeiro passo para se alcançar objetivos, todo

um aparato e orientação na vida de um jovem faz com que ele acredite em segurança, em

estabilidade familiar. Pequenos detalhes como: sentar à mesa para fazer as refeições juntos,

dialogar, brincar, jogar em família, etc., dá uma base, um alicerce para toda a vida!

O trinômio família-escola-sociedade tem que estar agindo em todas as

circunstâncias e em todos os momentos formando uma estrutura salutar e estar sempre em

investigação de soluções baseada na realidade da época para não usar meios retrógrados e

inacessíveis, para isso existem estudos e mais estudos sobre o comportamento humano

baseados na educação.

A verdade é que precisa-se descruzar os braços, agir e investir, sai de fato do

papel. Não é fácil, mas é preciso dar passos para que o futuro não culpe o passado e a

inércia dos seus cidadãos.

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CAPÍTULO I

Família, onde tudo começa.

Os pais são figuras fundamentais na formação da criança e do adolescente. No

entanto, assim como está cada vez mais difícil estabelecer a hierarquia dentro das famílias,

a fim de que os filhos enxerguem seus pais como tutores e pontes para o amanhã, também

estão praticamente extintas as ligações afetivas e a cumplicidade entre alunos e mestres.

A família nos últimos tempos tem desconhecido o seu papel na vida dos filhos,

delegando a educação à escola e aos professores, num ciclo tão vicioso que quando o filho

tem dificuldade de aprendizagem, de adaptação ou baixo rendimento os pais transferem a

responsabilidade para a instituição alegando a falta de um bom ensino. Este tem sido um

dos principais fatores na formação do aluno, tanto físico, intelectual e emocionalmente,

como ressalta o professor e consultor Eugênio Mussak (2003): “O aprendizado é

intelectual, enquanto aprendizagem é quase toda emocional”. Como exigir de uma criança

que tendo seu emocional totalmente abalado, tenha bom rendimento escolar e/ ou um

comportamento saudável, se ela não possui a principal fonte dentro de si que é essência

familiar? Essa essência é todo o conteúdo que se vai adquirindo desde a primeira fase de

vida até tornar-se adulto, é como uma mala onde a bagagem é colocada com aquilo que

realmente necessita para aquela viagem; a viagem da vida.

1.1 O Ambiente

Observando crianças em determinados ambientes, verifica-se que algumas tem

uma apatia na face e uma tristeza na expressão do olhar, aí surge a pergunta: O que faz

aquela criança ser assim? Por trás daquele ser tem uma vida cheia de tribulações,

atrapalhada e sem definições. Uma criança sem um “centro” dificilmente saberá em qual

direção deve seguir, por conseguinte vai sendo levada pelas circunstâncias do que se

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apresenta diante dela. Para muitos pesquisadores, professores, estudiosos e psicólogos o

ambiente cultural influência na formação desta criança, tanto o externo como o interno.

Uma criança que conviva num ambiente hostil, sem limpeza, sem estrutura,

sem organização, local com rede de esgoto a céu aberto, casas de pedaços de paus,

pequenas cômodos compartilhados com muita gente, palavrões, brigas fome, desespero...

Jamais poderá ter uma visão clara e límpida da vida. Indubitavelmente, terá dificuldades

em tudo, desde acreditar que poderá melhorar um dia sua vida, até a aprender tão quanto

entender que estudando poderá chegar a algum lugar. Ouve-se muito: “Estudar pra quê, pra

varrer rua, carregar lixo? Já faço isso mesmo, então pra quê estudar?” Porém se o ambiente

interno for algo de salutar, onde os pais mesmo na pobreza tenham uma concepção de vida

saudável, organizada e coerente a mensagem será transmitida desde que a criança comece a

visualizar essa imagem, e o diálogo é imprescindível na vida desta família. Se o pai é

varredor de rua e deseja que seus filhos tenham melhores condições de trabalho no futuro,

vai sempre orientá-los a estudar e a aprender coisas que ele não teve oportunidade de obter,

isso faz com que a criança sinta confiança na educação, na aprendizagem, necessária para

alcançar um objetivo.

“É pela aprendizagem que as

novas gerações desenvolvem-se, educam-se e integram-se no meio social”.

Theobaldo M. Santos, (1963: 67).

Portanto, é o aprendizado de um indivíduo num determinado contexto cultural,

em colaboração com seus parceiros, que vai ser o responsável pelo seu pleno

desenvolvimento. Pesquisas realizadas por LENS e DECRUYENACRES (1991)

demonstraram estatisticamente que a desmotivação apresentada por estudantes provoca

certos comportamentos desprendidos na sala de aula, baixo rendimento escolar e abandono

da escola. Outras vezes a falta de motivação pode ter origem na não satisfação de

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necessidades que antecedem a necessidade de conhecimentos: alunos com fome e cansados

dificilmente sentirão motivação para aprender... Outras vezes as necessidades não

satisfeitas são de ordem afetiva: isolados na família ou no próprio grupo não tem

motivação para aprender.

“As dificuldades de aprendizagem são um termo genérico que se refere a um

grupo heterogêneo de transtornos manifestados por dificuldades

significativas na aquisição e uso da recepção, fala, leitura, escrita,

raciocínio, ou habilidades matemáticas, ou habilidades sociais. Esses

transtornos são intrínsecos aos indivíduos e presume-se que sejam devidos à

disfunção do sistema nervoso central. Inclusive, ainda que um problema de

aprendizagem possa ocorrer concomitantemente com outras condições

incapacitantes (déficit sensorial, retardamento mental, transtorno emocional

ou social), com influências sócio-ambientais (diferenças culturais, instrução

insuficiente ou inapropriada, fatores psicogênicos), e especialmente,

transtornos por déficit de atenção (TDA), todos podendo causar dificuldades

de aprendizagem, uma dificuldade de aprendizagem não é o resultado direto

destas influências ou condições”. Garcia (1998:14).

1.2 A Sociedade

Para Soares (1994) um fator determinante da dificuldade escolar seria o

contexto social e a família que afetam diretamente a criança com deficiências afetivas,

lingüísticas e cognitivas prejudicando a capacidade de aprendizagem, e para ele é dever da

escola “tratar” o contexto no qual visem às crianças “compensando as deficiências”, as

“carências e privações culturais” dos alunos. Porém, do ponto de vista das ciências

humanas, é inaceitável esta explicação para a dificuldade de aprendizagem.

As transformações nas estruturas sociais, família e escola, fazem com que

crianças demonstrem/ estruturem um sinal, um sintoma, algo que é dado a ver a alguém de

que alguma coisa não está acontecendo de uma forma saudável. O adoecimento, o fracasso,

a incapacidade escolar passa a ser sinal: o sintoma para uma patologia da época. Uma

patologia que pode expressar a paralisação nas operações do pensamento, na capacidade

cognitiva dos escolares.

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“A criança carente é vista como vítima das condições econômicas muito precárias de sua família. Para alguns professores, a desnutrição e problemas de saúde que sofrem seus alunos, bem como a necessidade de trabalhar quando ainda pequenas, são os indicadores dessa pobreza extrema e são causas dessa deficiência no aprendizado. Por outro lado, esta pobreza não explica totalmente os problemas que levam ao fraco desempenho escolar destas crianças, nem justifica as outras características negativas percebidas nelas, como: indisciplina, agressividade, ausência de educação domestica, pouco pelo estudo, atitudes inapropriadas

em relação ao sexo. Para os professores, a razão deste conjunto de elementos estaria também na falta de orientação dos pais”. MARIZ (1985:70).

Para Santo Agostinho (Confissões, 1988) a infância conjugaria a selvageria

bruta de um animal e a disponibilidade infinita latente do homem para a maldade. A

criança teria sido o testemunho do pecado que marca o homem com o seu nascimento,

contra o qual apenas se poderia lutar na medida em que ela pudesse compreender os

conselhos adequados dos pais e passasse a responsabilidades por sua própria razão. O que

se aprende é uma visão da criança como um ser amedrontado, uma imagem dramática da

infância.

Com DESCARTES, a infância deixaria de ser fruto do pecado, mas carregaria

o fardo de ser o território do erro, do preconceito, da crença cega e de todos os vícios de

pensamento dos quais o Homem deveria libertar-se. Dentro desta linhagem do pensamento

filosófico que influência diretamente as formas de cuidado e práticas educativas com

crianças, o seguinte resultado:

Caberia à educação transformar a criança em homem provido de linguagem e

um cidadão responsável na vida pública. Uma melhor compreensão que se pode ter sobre

criança e família nos cuidados com a educação, ressalta CHARLOT:

• IDADE DA RAZÃO → caracteriza → IDADE ADULTA • IDADE DA EMANCIPAÇÃO ÉTICA E POLÍTICA → em contraposição → à

infância, à desrazão, à sujeição da criança aos direitos de um adulto.

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“A família é uma instituição social estruturada com sua divisão de tarefas e suas relações hierárquicas. Enquanto membro da família, a criança não é somente uma pessoa em relação com outras pessoas. Tem em status particular e desempenha um papel próprio, em função da organização da família. Ela não é, simplesmente e abstratamente, uma criança: é filho único ou não, sua mãe trabalha ou fica em casa; vive numa família amontoada numa moradia exigia ou

dispondo de um grande apartamento; existe ou não numerosas ligações com os avós, os tios, tias e primos, os vizinhos. Além disso, o status ou papel da criança numa família dependem, eles próprios, do status e do papel da família numa sociedade global: de seus meios financeiros, de sua inserção cultural, de suas atividades profissionais, etc. CHARLOT (1979: 250-1).

1.3. A cultura.

Vygotsky considera o desenvolvimento da complexidade da estrutura humana

como um processo de apropriação pelo homem da experiência histórica e cultural.

Segundo ele, organismo e meio exercem influência recíproca, portanto o biológico e o

social não estão dissociados. Nessa perspectiva, a premissa é de que o homem constitui-se

como tal através de suas interações sociais, portanto como alguém que transforma e é

transformada nas relações produzidas em uma determinada cultura. É por isso que seu

pensamento é chamado de sócio-interacionista – interação dialética que se dá, desde o

nascimento, entre o sujeito e o meio social e cultural que se insere.

É importante ressaltar que a noção de constituição do homem como ser

histórico traz implícita a concepção de que não há uma essência humana dada e imutável,

pelo contrário, supõe um homem ativo no processo contínuo e infinito de construção de si

mesmo, da natureza e da história. Dentro dessa ótica, a cultura torna-se ponte da natureza

humana num processo histórico que, ao longo do desenvolvimento da espécie do sujeito,

forma o funcionamento psicológico do homem.

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As concepções de Vygotsky sobre a base biológica do funcionamento

psicológico se fundamentam no materialismo dialético. Esse teórico dá especial

importância ao estudo do cérebro, entendido como o órgão material da atividade mental. O

cérebro é visto como um sistema flexível capaz de servir a novas e diferentes funções, sem

que sejam necessárias transformações no órgão físico. O funcionamento cerebral é

moldado, assim, ao longo da história do desenvolvimento do sujeito.

Segundo Vygotsky e Bakthin é no curso de suas relações sociais (atividade

interpessoal) que os indivíduos produzem, se apropriam e transformam as diferentes

atividades práticas e simbólicas em circulação na sociedade em que vivem, e as

internalizam como modelos de ação/ laboração “próprios” (atividade intrapessoal),

constituindo-se como sujeitos.

Diante dessas pesquisas é que se pode ver a gama de influências que giram em

torno da aprendizagem do aluno trazendo dificuldades para aqueles que se encaixam num

perfil da falta de estruturação familiar, que abala seu depósito mental – com acúmulo de

informações retorcidas e negativas – influenciando seu cotidiano e consequentemente seu

desenvolvimento estudantil.

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CAPÍTULO II

Diagnóstico, fator primordial.

É de grande relevância a efetivação de um psicodiagnóstico como ferramenta

para um diagnóstico diferencial das dificuldades escolares. Algumas definições

encontradas em SCHWARTZMAN (1996) pelo professor Wilson Sampaio:

→ A presença de lesões ou dimensões cerebrais;

Genericamente, indivíduos que apresentam algum tipo de lesão cerebral estão

mais propensos a dificuldades escolares mesmo quando sua inteligência pode ser

classificada como de um nível normal.

→ Defeitos sensoriais (visão e audição);

Estas deficiências dificultam o aprendizado e são de difícil sinalização,

permanecendo, por um bom tempo, obscuras para os que lidam com os escolares.

→ Fatores pedagógicos;

Dão sua parcela de contribuição para as causas das dificuldades de

aprendizagem. SCHWARTZMAN (1996), argumenta que se tem perdido muito tempo

com discussões sobre os métodos mais adequados para a aprendizagem, e o que se constata

é que crianças consideradas normais continuam a aprender independemente dos métodos.

→ Fatores emocionais;

Também são determinantes da não aprendizagem. Salienta-se alguns casos:

1.1 Danos causados por fatores emocionais.

Separação dos Pais:

Fazem acusação mútuas e responsabilizam sempre o outro por tudo de ruim

que acontece com a casa, as crianças e até mesmo no relacionamento com a grande família.

Sobram estilhaços para todos os lados e os mais atingidos são os filhos, que geralmente

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nada tem a ver com essa guerra. No momento da brigas, os pais não percebem a presença

dos filhos. Quando não há mais condição de convivência está na hora do casal rever a

situação. O que não deve é desgastar tanto o relacionamento a ponto de os filhos não

conseguirem escapar dos problemas que não são deles. O escritor Içami Tiba alerta:

“Convém lembrar sempre que o filho não vai sair fortalecido se um dos pais for

massacrado, justa ou injustamente, pelo outro. Distúrbios fisiológicos e psicológicos dos

filhos podem ser lágrimas do corpo que os olhos não puderam chorar”.

“A falta de sintonia entre os familiares é indício de grave doença relacional”.

Içami Tiba (2002:195).

Pai ou Mãe Drogado (ou ambos):

Um dos fatores principais para o não desenvolvimento da criança. Além de

trazer problemas genéticos, adquire problemas de adaptação, cognição, inúmeros

complexos, problemas psicológicos, físicos e emocionais, levando a criança ou jovem a

viver e conviver um círculo onde não se vê uma saída e a propensão é entrar no mesmo

caminho.

“O mau pai presente é mais prejudicial que o ausente”.

Içami Tiba (2002:223).

Pais Violentos:

Outra forma de barreira para o avanço do indivíduo é a violência doméstica,

pais que espancam seus filhos e/ ou cônjuges infiltra um processo de vingança dentro da

vítima (filho) que esta é levada a praticar atitudes violentas na rua ou na escola, a fugir

também de casa e a aguardar um momento propício para “revidar” a violência sofrida,

tornando-se assim um cidadão “perigoso” para a sociedade.

“Quando um pai bate no filho, este pode fazer o mesmo com seus

colegas, quer por imitação, quer por vingança inconsciente”.

Pierre Weil (1986:226).

Violência Sexual:

Crianças e adolescente estão sendo cada vez mais vítimas desse grande

problema muitas vezes seus algozes são os seus próprios pais. O medo de sofrer mais e

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sob ameaças faz com que não revelem o que está acontecendo, se fechando para o mundo,

tornando-se uma presa do sofrimento e vitimando seu futuro já interrompido.

“A violência sexual é um assunto perturbador, pois implica na

violação de tabus sociais, passando a causar desconforto na família e entre os

profissionais envolvidos”.

Nelson Vitiello (1988: 05).

Convívio com Padastro/ Madastra:

Em muitos casos não se consegue um bom relacionamento entre padastro/

madastra e enteado. Muitas vezes a criança/ adolescente se sente obrigada a aceitar esta

situação e torna-se um indivíduo introspecto, mau-humorado, agressivo tanto em casa

quanto na escola. Eles acreditam que não existe mais espaço para eles na vida dos pais.

“Pessoas que mantém um lar equilibrado, conservam a

estabilidade da família e tem uma boa influência sobre a educação dos filhos”.

Pierre Weil (1986: 239).

Morte dos Pais (ou de um dos dois):

É como se o mundo virasse de cabeça para baixo a criança/ adolescente se vê

perdido, sem chão. A insegurança torna-se uma companheira e a incerteza do futuro lhe

foge do alvo, traz medo e a idéia de fim da vida.

“A vida perdeu a continuidade, o futuro é cada vez mais incerto. A vida

humana, que é constitutivamente projeção, impulso para o futuro, está

ameaçada de projetar-se no vazio por lhe faltar radicação no presente e também

no passado”.

Ronald (1989: 103).

Morar com os Avós:

Muitos delegam aos pais a criação dos seus rebentos, apoiando pouco ou

quase nada o sustento e a educação deles. A educação fica por conta dos avós até o

momento em que satisfaça a vontade da criança/ adolescente, porém quando a situação não

agrada queixam-se aos pais e muitas vezes estes buscam questionar os avós. Nesse jogo de

“quem educa quem”, o indivíduo se vê solto com autonomia para escolher qual ou quem

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tomará o partido dele numa situação delicada, ficando assim sem limites, tomando decisões

por conta própria e relaxando principalmente nos estudos.

“Os avós são ora grandes salvadores, ora grandes vilões na

dinâmica familiar”.

Içami Tiba (2002: 177).

Filho Adotivo:

Existem crianças superdotadas, mais espertas e inteligentes que outras, com

dons para determinada vocação. Todavia muitos casos são genéticos e hereditários, se

conhece a história dos pais, avós, etc... A ramificação dá respostas. Porém num caso em

que se tem uma pessoa adotada na família (onde não se conhece sua origem) a situação se

complica em termos de saúde (tem alguma doença hereditária?), índole, comportamento

etc... Quando determinadas situações surgem, como exemplo; a falta de interesse pelos

estudos, baixa auto-estima, apatia, agressividade e depressão desencadeia um processo de

buscas e respostas no escuro, necessitando de um longo tempo de tratamento para pôr as

coisas no lugar.

“Não deve haver diferenças na educação de filhos adotivos ou

naturais. Quanto maior for a saúde relacional, menores serão os

conflitos resultantes da adoção. É essa naturalidade que dá

segurança afetiva ao adotado”.

Içami Tiba (2002: 229).

Pai Desconhecido

Algumas crianças/ adolescentes convive com esta questão, internamente fica

um vazio para uma resposta que se deveria dar.

Ouve-se muito de certos jovens nas escolas: “Fazer trabalho para o dia dos

Pais” para quê, se eu nem sei quem é meu pai?

“O aluno precisa convencer-se de que a vida inteira é uma sucessão

de situações problemáticas, das quais não se poderá esquivar, razão pela qual é

melhor enfrentá-las com decisão, procurando, para elas, soluções justas”.

Imídeo Nérici (1977: 209).

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Doença na Família

Quando se convive com este tipo de situação o que mais fica abalado para a

criança é a esperança, a dúvida do amanhã, pois se vê sempre perto da morte e acredita que

nada tenha significado.

“Grande parte dos problemas de deficiências de atenção e de

aprendizagem, tem origem no estado precário de saúde do aluno, pois o mesmo

transfere para si a doença de um ente querido”.

Imídeo Nérici (1977: 210).

Situação Financeira

Hoje em dia se vê muitas famílias com perda do poder aquisitivo, as vezes não

preparam o filho para este tipo de situação, e se tem grandes problemas em casa. A

exemplo da criança que estudava em uma ótima escola particular e tem que ser transferida

para uma mais inferior onde toda a estrutura é diferente desde o ensino até os coleginhas.

Muitas vezes o rendimento do aluno cai por motivos emocionais, falta de adaptação,

insegurança e insatisfação à nova realidade.

Todos esse fatores levam principalmente à Depressão, problema hoje estudado e

analisado com grande ênfase para busca de soluções.

“Cabe aos pais ajudar os filhos a ter vida própria. Essa, aliás, é a

parte mais difícil da educação: preparar o filho para sua

independência. O bom educador trabalha para que o educando

dependa cada vez menos dele”.

Içami Tiba (2002: 215).

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CAPÍTULO III

Em busca da fórmula de ajuda.

A criança e/ ou adolescente que passou por uma ou mais questões relacionadas

no capítulo anterior, precisa ser trabalhada, ou seja, diagnosticado a ponto “x” do

problema por um especialista para que se possa libertar do trauma (ferida) e fazer fluir

perspectiva de mudanças como a busca da melhoria da auto-estima, da segurança, do

equilíbrio, etc... Não é tão fácil na prática como teoricamente, é um processo paulatino e

contínuo, dependerá muito até onde esta “ferida” está aberta e aguardar o processo de

cicatrização.

Fatores como dessa natureza afasta o aluno do mundo do interesse cognitivo,

daí o também das dificuldades de aprendizagem. Quando se consegue fazer essa “lavagem/

limpeza” na criança e/ ou adolescente, o canal fica aberto para o preenchimento dos

conteúdos e informações que se faz necessário para a aprendizagem. Um bom começo

seria trabalhar com a teoria das Inteligências Múltiplas onde se detectaria em que o aluno

se aprimora e desenvolve mais.

Inteligência Lingüística:

Revela-se na capacidade de se comunicar e interpretar o mundo através de

palavras. É a inteligência dos escritos e poetas e também das pessoas que gostam de

brincar com rimas e trocadilhos, contar piadas e histórias.

Cita-se o escritor irlandês JAMES JOYCE (1882-1941) com suas obras-

primas, os romances ULISSES e FINNEGANS WAKE.

Inteligência Lógico-Matemático:

Permite que se compreendam as relações abstratas, ou seja, os conceitos que

não existem o mundo real, apenas na dimensão das idéias. Destacam-se os cientistas,

matemáticos e filosóficos. Quem possui a inteligência lógica aguçada tem facilidade em

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entender o que está a sua volta por meio de equações matemáticas. O alemão ALBERT

EINSTEIN (1879-1955), desenvolveu sua inteligência lógica até o limite.

Inteligência Naturalista:

Capacidade de identificar e classificar padrões na natureza. Essa percepção

nos permite interagir com o ambiente e entender o papel que ele desempenha em nossa

vida.

O inglês CHARLES DARWIN (1809-1882) formulou a teoria de que o

homem encontrou seu lugar como um elo na cadeia evolutiva, cujas regras valem para

todas as criaturas vivas.

Inteligência Musical:

É conhecida e valorizada desde os primórdios da humanidade. Quem a

desenvolve consegue criar, comunicar e distinguir significado nos sons e em suas

combinações. No austríaco WOLFGANG AMADEU MOZART (1756-1791), parece ter

despertado quando ele ainda era um bebê. A música sempre esteve associada às tradições e

às culturas de cada época. Sua inclusão no ensino-aprendizagem dá maiores oportunidades

para o desenvolvimento do aluno.

Inteligência Intrapessoal:

Os indivíduos com inteligência intrapessoal desenvolvida estabelecem uma via

direta com a própria consciência, dominam seus sentimentos com facilidade e têm uma

idéia clara de sua capacidade e seus limites. Sabem usar suas experiências, positivas ou

negativas, para se aperfeiçoar. São, em suma, pessoas dona de si. Essas características

permitiram a SIGMUND FREUD (1856-1939) desenvolver as idéias que o levaram a

inventar a psicanálise. Sua contribuição mais importante para o pensamento moderno foi à

teoria sobre o que existe por trás da consciência – o inconsciente.

Inteligência Interpessoal:

Quem desenvolve este tipo de inteligência encontra mais facilidade em

entender o que elas pensam, sentem e desejam e, dessa forma, conquistar sua simpatia.

Professores, políticos, vendedores e artistas são algumas das categorias profissionais que se

beneficiam de inteligência interpessoal. A cantora MADONA é um exemplo, ela se tornou

o principal ícone pop dos últimos vinte anos. Seu segredo é saber exatamente o que seu

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público pensa, como provocá-lo e como ele reagirá. Ela planeja cada novo passo na

carreira baseada nas relações interpessoais que mantém com os fãs.

Inteligência Cinética:

Para todos os que usam os movimentos corporais como instrumento

profissional. Os atletas, dançarinos, coreógrafo e também quem trabalha com as mãos,

como os cirurgiões plásticos e os mecânicos, por exemplo. Cita-se PELÉ que exibia uma

interação complexa entre orientação espacial, conhecimento intuitivo das leis da física,

criatividade e rapidez na solução de problemas.

Inteligência Espacial:

Sentido de movimento, localização e direção, percepção de objetos. Exemplo:

engenheiros, arquitetos, desenhistas.

De acordo com a teoria de Gardner, o professor deve conhecer qual a

inteligência que a criança tem mais desenvolvida e a partir dela trabalhar as outras a partir

dos seis anos. Antes disso, a tarefa do professor é conhecer todas as inteligências, como

elas se processam, e fornecer instrumentos para que sejam desenvolvidas.

Depois dessa idade, é necessário descobrir qual inteligência predomina na

criança para trabalhar a partir dela. Se ela tem a inteligência musical desenvolvida, cabe ao

educador descobrir de que forma ele pode fazer com que a criança seja competente na

inteligência lingüística. O ideal é que ela tenha todas as inteligências num nível de

competência satisfatório.

Outras Teorias Pedagógicas aplicadas no ensino aprendizagem, também

colaboram para uma evolução de desenvolvimento cognitivo do educando, o importante é

que o professor busque uma forma que mais se encaixe no perfil e na necessidade do

aluno. A seguir exemplo das teorias:

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1.1 O Trinômio (Família-Escola-Sociedade) x A Fórmula.

Com a nova LDB 9.394/96, a escola deve exercer um papel humanizador e

socializador das relações, além de desenvolver habilidades que possibilitem a construção

do conhecimento e dos valores necessários à conquista da plena cidadania. Para que ela

possa realizar tal função, há que se levar em conta a vida cotidiana daquele que “aprende”

e daquele que “ensina”, uma vez que cada um traz consigo elementos extrínsecos à

realidade escolar e que devem ser relevantes dentro do espaço de criação e recriação das

relações que se estabelecem no ambiente intrínseco da escola. Estes devem ser uma

referência permanente na ação educativa.

Em 1988 a UNESCO gerou quatro premissas norteadoras para o processo

ensino/ aprendizagem – aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e

aprender a ser – que em conjunto, buscam integrar conhecimento de diferentes

componentes curriculares. A aprendizagem deve sempre desenvolver competências e

habilidades a fim, de que educador e educando entendam a sociedade em que estão

inseridos como um processo permanente de reconstrução humano ao longo das gerações,

num processo contínuo, dotado de historiedade; que compreendam que a garantia desse

espaço de socialização depende do respeito às individualidades, para que cada um construa

a si próprio como agente social, alcançando o bem da coletividade.

Segundo HOLFSTEIN, AIKEND e RIQUARTS (1998), urge ao educador

possuir e como conseqüência, despertar em seus alunos, as habilidades necessárias, para

elevar a auto-estima, a comunicação escrita e oral, o pensamento lógico e racional para

solucionar problemas e tomadas de decisões, a flexibilidade cognitiva, além do

aprendizado colaborativo/ cooperativo nas questões que envolvem o exercício da

cidadania, como responsabilidade social e a ética.

Diante disso vê-se a importância da questão de integração do trinômio

Família-Escola-Sociedade na vida do educando, um participação tão importante quanto a

“água é para a vida”, sem essa integração não é possível a irrigação no indivíduo, e este

padecerá no caminho da aprendizagem, da busca da sua identidade e falhará na

contribuição do mundo, sendo mais um peso do que uma medida.

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CONCLUSÃO

A necessidade da “reeducação” para a família (valores, amor, diálogo,

proteção, autonomia e respeito), escola (individualidade, ética, responsabilidade, auto-

estima e estímulo) e sociedade (valores, realizações, conquistas, coerência, constância e

conseqüência), é fator básico para uma possível solução de reencontro dos alicerces

primordiais para a estabilidade de uma vida calcada em segurança e próspera de um

cidadão.

Família óóóó Escola:

A atuação da família é fundamental para o sucesso da criança e do adolescente

na escola e, por conseguinte, na vida. Famílias e escolas reconstroem suas relações e

voltam, a se constituir no mais poderoso elo de sustentação de uma educação de alto

padrão em todos os níveis.

As famílias acompanhando, verdadeiramente, a vida escolar dos filhos, podem

exercer interesses genuínos, permanentes, em nível adequado, o que lhes possibilita a

criação de condições, horário, hábitos e ambientes propícios ao estudo. Trabalhar a

motivação, falando sempre positivamente sobre a escola e a educação; apoiar as tarefas

escolares; amparar quando se encontram em dificuldades, conversando atentamente com

eles a respeito dos problemas cotidianos; estimular a sua imaginação, contando-lhes suas

histórias de vida de forma positiva; escrever recados estimuladores em seus cadernos;

inteirando-se do processo pedagógico adotado pela escola e participando da sua

atualização; propiciar no lar um ambiente seguro, estruturado.

Escola óóóó Sociedade:

Segundo o professor Walter Fajardo, a educação para a moral e para a ética é

emergente nos currículos escolares e na vida das famílias. Aos pais e educadores é

fundamental desenvolver a amizade e a construção de ações solidárias, somando-se a isso,

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de forma significativa e indispensável, a necessidade de serem exemplos, modelos de

conduta e, fundamentalmente, orientadores. Se a sociedade é corruptível, cabe ao cidadão

(pai, professor, diretor, prefeito, mãe, tia, avó, etc.) o insubstituível papel de formar,

anunciar caminhos e propostas e principalmente, demonstrar atitudes que solidifiquem o

respeito, a honestidade, a dignidade e a solidariedade.

É necessária uma nova cultura escolar, mais aberta e contemporânea, capaz de

considerar todos os participantes do processo educativo como possuidores de experiências

importantes a contribuir desde que encontrem espaço de respeito recíproco e verdadeiro.

“O tempo de aprender é subjetivo e não pode ser

estabelecido simplesmente em anos, meses e dias, ou percentuais ou

coeficientes, a não ser na possibilidade de simbolizar e de conceituar

de cada criança. Está intimamente ligado ao aqui e agora, ao ontem

de sua própria história, mesmo que história breve, com seu futuro com

seus modos pessoais de aprender, e condicionado por uma ampla

gama de variáveis, relacionada a aspecto mais gerais, sócio-culturais,

econômicos e pedagógicos”.

BARALDI (1994:168).

“É esta percepção do homem e da mulher com seres ‘programados, mas para aprender’ e, portanto, para ensinar, que me faz entender a prática educativa como um exercício constante em favor da produção e do desenvolvimento da autonomia de educadores e educandos. Como prática estritamente humana jamais pude entender a educação como uma experiência fria, sem alma, em que os sentimentos e as emoções, os desejos, os sonhos devessem ser reprimidos por uma espécie de ditadura reacionista. Nem tampouco jamais compreendi a prática educativa como uma

experiência a que faltasse o rigor com que e gera a necessária disciplina intelectual”. PAULO FREIRE (1997: 165).

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Educar constitui-se antes num processo que envolve necessariamente, valores

morais e de cultura, levando sempre em conta as individualidades e a diversidade do meio

no qual os sujeitos estão colocados; sua história e trajetória. Educar é o desafio do século e

depende, essencialmente, da articulação do conhecimento teórico sobre o processo de

aprendizagem humano, na perspectiva “conhecer – compreender – agir”, com o ponderado

retorno à simplicidade e à intuição.

A família é o laboratório natural do ser humano; é nela que se desenvolvem,

todas as habilidades inerentes e latentes da pessoa. É nesse ambiente que as relações

interpessoais se formalizam e se estruturam, proporcionando crescimento e

amadurecimento das capacidades humanas.

A família, a escola e a sociedade são chamadas a constituir uma sólida

parceria no processo de humanização, em que o humano possa resgatar a sua identidade, na

conquista de valores que reflitam a idealização dos diferentes gêneros.

Que a justiça, a honestidade, a ética, a amizade e a diversidade na unidade

falem a mesma linguagem e proclamem um mundo de paz!

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BIBLIOGRAFIA

PAÍN, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem.

Porto Alegre; Artes Medicas 4ª Ed. 1992.

CORDIÉ, F. Desenvolvimento da Personalidade. Rio de Janeiro: Bertrand

Brasil 1998

TIBA, Içami. Quem Ama, Educa.São Paulo: Editora Gente, 2002.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

SALTINI, C.J.P. Afetividade e Inteligência. São Paulo: De Paulo, 1997.

ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação Lúdica, Técnicas e Jogos

Pedagógicos. São Paulo: Loyola 1998.

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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

Revistas:

HUMANITAS – Faculdade Pio Décimo. Núcleo de Estudo e Pesquisas da

Educação. Ano 1 Nº 1.

NOSSA ESCOLA – Vitória Regia Centro Educacional Ano III Nº 7.

ESCOLA DE PAIS DO BRASIL – Seção Salvador Nº 24.

ABC EDUCATIVO – Aprendizagem Significativo Ano 4 Nº 24.

LINHA DIRETA – Professor João Alfredo Carrara. Ano 7 Nº 74/ 2004.

VEJA, Ano 37 Nº 43. Editora Abril. Edição 1877/ 2004.

EDUCAÇÃO, Ano 26 Nº 218. Junho 1999: Segmento

ATIVIDADES E EXPERIÊNCIAS, Ano 4 Nº 2/ 2003 – Positivo.

ATIVIDADES E EXPERIÊNCIAS, Ano 8 Nº 1/ 2004 – Positivo.

Livros:

GAARDNER, Jostein. O Mundo de Sofia – História da Filosofia. Schwarez.

SILVA, Ana Beatriz B. Mentes Inquietas. NAPADES

PAÍN, Sara. A Função da Ignorância. ARTMED.

LAROSA, Marco Antônio e AYRES, Fernando Arduini. Como produzir uma

monografia passo a passo: Siga o mapa da mina. Rio de Janeiro: WAK

Editora, 2002.