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A Educação Física e a escola atual: limites e possibilidades a partir de um olhar inquieto sobre as práticas pedagógicas La Educación Física y la escuela actual: límites y posibilidades a partir de una mirada inqui las prácticas pedagógicas Mestre em Educação pela Universidade Federal de Goiás, UFG Professor da Faculdade de Educação Física, UFG (Brasil) Sérgio de Almeida Moura [email protected] Resumo Este texto tem como objetivo reetir sobre a educação ísica e seu lugar no interior da esc Partimos de um resgate ainda que sint tico! da trajet"ria #ist"rica da escola brasileira nos s cul 'á elementos na constituição da escola que revela! con orme (as)arin! *reire e outros! que esta nu que sem)re revela as características da orma de )ensar vigente. +isso! entendemos a urg,ncia na r debate )olítico-)edag"gico sobre o )a)el que cum)re os diversos com)onentes curriculares! mas! so Educação *ísica como cam)o de intervenção )edag"gica e ormativa mediado )elos conte dos da /ultur em suas mais variadas mani estaç0es mais ou menos con#ecidas. 1o longo do texto! lançamos algu questionamentos que não nos )reocu)amos em res)onder nesse lugar! sobretudo! )orque em cada cont )rofssional e acad,mico as res)ostas )oderão ser di erentes! )orque #á o entendimento de que! na di contextos e realidades! #á tamb m diversidade de res)ostas 2s quest0es )ostas. 3as! )rovisoriament sobre a necessidade dos educadores assumirem suas )osiç0es rente a um determinado )rojeto de educa um determinado modelo societário. Unitermos: Educação *ísica. Escola. Prática revolucionária. EFDeportes.com, Revista Digital . Buenos Aires, Año 18, Nº 183, Agosto de 2013. http!!""".e#deportes.$om 4 5 4 A escola: história e alguns contextos *alar da escola brasileira! em qualquer momento #ist"rico ! necessariamente! cum)rir a tare a de estabelecer em nossa com)reensão e na com)reensão do leitor sua g,nese e trajet"ria )ara )odermos nos movimentar e entender uma dinâmica que algum tem)o vimos c#amando de limites e possibilidades de organização da educação física e da escola. “A educação nunca é neutra, mas sempre ideológica e politicamente comprometida” (A!"A#$%, &'' , p.&'). &sso signifca que quando alamos da escola! nos re erindo a todos os níveis e organi6ação escolar e ti)os de ensino que já existiram e existem no )aís. 1 tra educação brasileira tra6 registros inimagináveis aos ol#os de estudantes e educ

A Educação Física e a Escola Atual - Limites e Possibilidades a Partir de Um Olhar Inquieto Sobre as Práticas Pedagógicas

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A Educao Fsica e a escola atual: limites e possibilidadesa partir de um olhar inquieto sobre as prticas pedaggicasLa Educacin Fsica y la escuela actual: lmites y posibilidades a partir de una mirada inquieta sobre las prcticas pedaggicas

Mestre em Educao pela Universidade Federal de Gois, UFGProfessor da Faculdade de Educao Fsica, UFG(Brasil)Srgio de Almeida [email protected]

ResumoEste texto tem como objetivo refletir sobre a educao fsica e seu lugar no interior da escola bsica. Partimos de um resgate ainda que sinttico, da trajetria histrica da escola brasileira nos sculos XVIII, XIX e XX. H elementos na constituio da escola que revela, conforme Gasparin, Freire e outros, que esta nunca neutra e que sempre revela as caractersticas da forma de pensar vigente. Disso, entendemos a urgncia na retomada do debate poltico-pedaggico sobre o papel que cumpre os diversos componentes curriculares, mas, sobretudo, a Educao Fsica como campo de interveno pedaggica e formativa mediado pelos contedos da Cultura Corporal em suas mais variadas manifestaes mais ou menos conhecidas. Ao longo do texto, lanamos alguns questionamentos que no nos preocupamos em responder nesse lugar, sobretudo, porque em cada contexto profissional e acadmico as respostas podero ser diferentes, porque h o entendimento de que, na diversidade de contextos e realidades, h tambm diversidade de respostas s questes postas. Mas, provisoriamente alertamos sobre a necessidade dos educadores assumirem suas posies frente a um determinado projeto de educao para um determinado modelo societrio.Unitermos:Educao Fsica. Escola. Prtica revolucionria.

EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ao 18, N 183, Agosto de 2013.http://www.efdeportes.com

1 / 1A escola: histria e alguns contextos Falar da escola brasileira, em qualquer momento histrico , necessariamente, obrigatrio cumprir a tarefa de estabelecer em nossa compreenso e na compreenso do leitor, aspectos de sua gnese e trajetria para podermos nos movimentar e entender umadinmicaque algum tempo vimos chamandode limites e possibilidades de organizao da educao fsica e da escola. A educao nunca neutra, mas sempre ideolgica e politicamente comprometida (GASPARIN, 2003, p.20). Isso significa que quando falamos da escola, nos referindo a todos os nveis e modalidades de organizao escolar e tipos de ensino que j existiram e existem no pas. A trajetria histrica da educao brasileira traz registros inimaginveis aos olhos de estudantes e educadores de hoje. Histrias de abandono e descaso nos sculos XVII, XVIII e XIX que deixaram marcas profundas na organizao e constituio da educao nos sculos XX e XXI (atual). Trataremos aqui de refletir sobre aspectos que compe o cenrio da educao brasileira que nos ajudaro a pensar os vnculos da Educao Fsica com a escola e a sociedade e entender significativamente, qual a finalidade dos projetos educacionais presentes nas polticas educacionais dos governos e das instituies educacionais.Iniciando a problematizao. Primeira questo Para estabelecer alguns aspectos da gnese daescola, diramos que a escola moderna ou a escola que conhecemos e estudamos nasceu sob a inspirao liberal-burguesa1, portanto, nasceu sob os ordenamentos da organizao social capitalista. O conceito deredes de ensino moderno, recente na histria, visto que, num momento em que houve a necessidade de oferecer educao para o povo criou-se a demanda de organizar tanto a forma como o contedo que iria ser distribudo para a populao. Uma educao que capacitasse os indivduos a viver a chegada da sociedade industrial. Para isso, cria-se esse formato de escola que conhecemos que assemelha-se muito linha de produo em srie da indstria capitalista. (Figuras 1, 2 e 3)

Figuras 1, 2 e 3.Imagem da fbrica e da escola para o povo durante o sculo XVII (HARPER, 2003) Com a chegada do progresso era preciso outro tipo de homem, para outro tipo de indstria e para uma sociedade que ansiava por mudanas. Vivia-se um processo de desenvolvimento e expanso industrial e comercial, bem como, das cidades em volta dos centros industriais. Soares (2004); Castellani Filho (1994), ajudam-nos a compreender esse movimento histrico do lugar que a Ginstica ocupou no contexto do processo tardio de industrializao brasileiro. A imagem abaixo e o entendimento produzido a partir dela, inicialmente nos coloca em xeque quando pensamos a escola como lugar de transformaes sociais e da cultura e hbitos das pessoas. Ademais, a escola considerada por alguns tericos como Pierre Bourdieu como lugar de ao reprodutora dos valores e inspiraes burguesas. Com isso, poderamos perguntar: que tipo de escola traria no interior de suas aes apenas dinmicas formatadoras de um homem necessrio para a lgica instrumental e utilitarista do sistema? Talvez a figura 4, ajude-nos a compreender um pouco dessa complexa questo.

Figura 4.Imagem da escola como engrenagem incorporada ao sistema (Harper, 2003) A escola j teve e ainda carrega sua forma prpria de uniformizar corpo e mente, (homem), quando ela, ... trata a todos da mesma maneira, todos devem ter o mesmo ritmo de trabalho, com o mesmo livro, o mesmo material, todos devem aprender as mesmas frases, saber as mesmas palavras. Todos devem adquirir os mesmos conhecimentos, devem fazer os mesmos exames, ao mesmo tempo. (HARPER et al. 2003, p.54) A escola exclui os membros das classes sociais pobres, quando, mesmo dentro da escola, nega o conhecimento e favorece a apreenso de um nico tipo de cultura, de arte, de msica e de esporte (o tipo oficial, o tipo capitalista) e ignora, por exemplo, os saberes, prticas e conhecimentos da cultura popular. E ainda, quando convence as pessoas de que o processo de seleo justo e normal (natural), tal como tambm seria normal, a diviso entre os que pensam e os que executam; os que administram e controlam e os que servilmente, reproduzem. Para qu serve, ento, a escola, quando para a maioria das pessoas que no chega at o ensino superior, tambm encontra dificuldade de insero no mundo do trabalho?Uma segunda questo A funo da escola moderna na era industrial era de preparar a infncia e a juventude para o trabalho assalariado, pois estes se tornariamForas Produtivasinteressantes para os proprietrios das fbricas e do comrcio. No h como negar que a escola cumpre em determinada medida a preparao para o trabalho, ainda que, boa parte da sociedade entenda ser essa a finalidade exclusiva da mesma. Porm, a funo social da escola deve superar em muito a simples preparao laboral. Entendemos que nesse sentido, a experincia escolar precisa incorporar elementos j dados na organizao da vida cotidiana como: a cultura, a arte, a msica, o teatro, o esporte, entre outros, e faz-los dialogar com a formao dos sujeitos nela. Na Europa do sculo XVIII e XIX j se estabelecem formas escolarizadas de oferta de educao para as crianas e jovens chamadosDbeis2. E ser mesmo que toda dificuldade de aprendizagem no tem sua explicao? Dessa questo, chama-nos a ateno a relao entre a funo social da escola e os elementos que formam as pessoas para elas inserirem-se no mundo com dignidade e respeito. Diante desse quadrodiramos que se conseguirmos olhar a escola e percebermos nela, um lugar de contradies, de lutas e conflitos de interesses, de possibilidades de transformaes, poderemos reconhecer que apesar da existncia dos limites histricos, polticos, econmicos/financeiros, culturais e pedaggicos, ela um campo de possibilidades para umaFormao Humanacomprometida com melhoria da existncia humana. Alguns autores tm dito muitas coisas interessantes sobre a escola e a educao. Entre eles, Saviani (2005) diz que cabe a ela: ...retomar vigorosamente a luta contra a seletividade, a discriminao e o rebaixamento do ensino das camadas populares. Lutar contra a marginalidade por meio da escola significa engajar-se no esforo para garantir aos trabalhadores um ensino da melhor qualidade possvel nas condies histricas atuais. O papel de uma teoria crtica da educao dar substncia concreta a essa bandeira de luta, de modo a evitar que ela seja apropriada e articulada com os interesses dominantes. (p.31) A Educao um fenmeno histrico e social, e a funo da escola realizar a atualizao histrica e cultural do homem na sociedade, para que a atual gerao e as futuras possam usufruir das riquezas naturais e culturais do mundo.A Educao Fsica e a escola brasileira A presena da Educao Fsica na escola registrada j antes do inicio do sculo XX. E constituda como a porta-voz dos valores higienistas e eugnicos, definidos pelos saberes mdicos-higienistas. A prtica da ginstica atendia o objetivo de ajudar a forjar um homem mais forte, mais resistente a doenas e mais robusto para defender a ptria. Soares (2001) apresenta-nos importantes entendimentos sobre a relao da ginstica e a sociedade e nos recorda da transferncia dos mtodos ginsticos europeus para as terras tupiniquins. Nos utilizamos de Castellani Filho (1994) e Ghiraldelli Jr (1987), para lembrar dos processos sociais e da tardia revoluo industrial e seus desdobramentos para o processo de urbanizao das cidades-industriais no Brasil. Faz parte desse contexto os processos de xodo rural, das aglomeraes de pessoas em cortios e dinmicas de favelamento situaes essas sem o devido planejamento urbano e sem nenhuma condio estrutural do ponto de vista da vigilncia sanitria, do saneamento bsico (gua tratada e esgoto), bem como, da precariedade no tratamento de doenas que at ento, no haviam descobertas farmacolgicas para sua reduo ou erradicao como por exemplo: Varola, Sarampo, Coqueluche, Poliomielite e Ttano (Ttano Neonatal Mal de 7 dias). Por isso, nossa sociedade, nasce entre outras explicaes, sob o estigma da constante busca do corpo saudvel. Agora imagine porque, pela histria da Educao Fsica, vivemos a ditadura do doutrinamento pela aptido fsica? H quem pense que o(a) professor(a) de educao fsica o guardio do desenvolvimento psicomotor da criana no ambiente escolar. Ser mesmo? Ser que as aulas de Educao Fsica, fazem mesmo o indivduo se tornar do ponto de vista da motricidade humana, um sujeito com equilbrio corporal, coordenao motora e lateralidade? E que sem essas aulas, o indivduo se tornaria um dbil nessa sociedade? Para muitos, a aula de educao fsica tem mesmo essa finalidade e assim, justifica-se a presena dessa disciplina no conjunto de conhecimentos da escola. Mas, partindo do referencial terico que embasa os estudos da Educao Fsica numa perspectiva crtica, o que e o que no finalidade da educao fsica escolar? Acho que temos uma reflexo a ser feita sobre a atuao do professor de Educao Fsica na escola. E isso ser feito, constantemente aqui e na formao continuada. Penso que a prtica da educao fsica na escola, guardados os limites (do tipo de gesto escolar, da realidade estrutural e de recursos didticos, da formao continuada e forma de valorizao da carreira), necessita dialogar mais e com mais frequncia com um universo de possibilidades de interveno onde o tempo e o lugar, dependendo da concepo, tem desdobramentos distintos nos contextos da organizao do trabalho pedaggico na escola.O tempo e o lugar da Educao Fsica na escolaPrimeira provocao: as perguntas do processo Via de regra, sempre ouvi professores na escola dizerem: hoje vou dar isso!; hoje vou dar aquilo!, e a questo aqui saber qual a primeira pergunta que os professores geralmente fazem, quando iniciam sua jornada de trabalho na escola? Se a resposta a essa pergunta for:o que eu vou dar hoje?3, temos indcios para afirmar que h uma completa ausncia de planejamento e muito provavelmente, h ausncia de uma reflexo mais consistente sobre o(s) elemento(s) que justificam a presena da aula de educao fsica no conjunto dos componentes curriculares da escola. Toda disciplina tem um discurso para justificar sua presena na escola, mas temeroso pensar em quais argumentos so utilizados para defender a permanncia da Educao Fsica na escola quando os seus titulares resvalam na capacidade terico-prtica, portanto, reflexiva sobre a finalidade e o papel social que a Educao Fsica deve(ria) cumprir na escola. Resvala-se entre o discurso frgil dos esquemas corporais at vieses da justificativa caa-talentos esportivos; entre a dimenso da incluso para a sociabilidade e s, e os repertrios tradicionais que defendem a militarizao do ambiente escolar para garantir a ordem e os bons costumes. (MOURA, 1995) Se quisermos uma prtica realmente revolucionria na escola, precisamos refazer a ordem das perguntas que fazemos na escola sobre o processo de ensino-aprendizagem. Disto, se: considerar-se que a escola tem um projeto pedaggico e simultaneamente um projeto de formao humana; considerar-se que a organizao do trabalho pedaggico na escola deve perseguir objetivos estabelecidos coletivamente; considerar-se que necessrio alterar a lgica da forma como se organiza o processo de ensino-aprendizagem; Sugere-sea seguinte ordem de questes:1. Quem so estes a quem, vou ensinar algo?2. O que ensinar a eles?3. Porqu e/ou para qu ensinar isso a eles?4. Como ensinar isso a eles?5. Como avaliar o que ser ensinado a eles?6. As respostas poderiam ser diferentes, se os alunos fossem outros? So essas questes no campo da didtica que merecem uma reflexo mais cuidadosa por parte de professores e professoras. Acreditamos que o estudo e a reflexo permanente sobre as respostas durante o processo de planejamento e organizao do conhecimento para ser ensinado, faro uma grande diferena no caminho percorrido e no resultado do trabalho docente. H quem pense que o ordenamento dessas perguntas no seja importante, mas nossa defesa de que no somente importante, como tambm acreditamos que muito do que vir-a-ser, na educao brasileira, na Amrica Latina e demais continentes, passa pelo contedo poltico, ideolgico e epistmico das concepes e das prticas que resultam das respostas s perguntas do inicio do processo. Das respostas dadas essas questes refora-se o entendimento de que no h neutralidade na educao, na escola e na educao fsica. (FREIRE, 2011; GASPARIN, 2002;)Segunda provocao: o lugar da teoria e da prtica preciso superar a idia de que a teoria por si s, milagrosamente, far transformaes na vida dos educandos. preciso lembrar, que numa perspectiva dialtica de educao, pensar a escola, o trabalho docente e a formao dos estudantes, sempre teremos como ponto de partida, a realidade inicial encontrada. Ou seja, partimos sempre da prtica inicial que diagnostica os sujeitos com suas potencialidades, seus limites e suas histrias como tambm, possibilita perspectivar o futuro atravs do planejamento. Dessa maneira, a construo do trabalho pedaggico da educao fsica na escola, tende a se fortalecer do ponto de vista, da re-construo/reinveno da prtica com referncia em aes/experincias e em reflexes/teorias, de forma autnoma e crtica, como ao do sujeito e autor, professor. (CAPARROZ; BRACHT, 2007). Diante da reflexo sobre essa provocao e de outras leituras, esperamos a seguinte compreenso: ou se modifica as perguntas que so feitas no processo de organizar o trabalho pedaggico (tarefa de ensinar e se preocupar com quem aprende) ou ento, no se avana, no se cria, por isso, no limite do entendimento sobre educao e sociedade,Nada se Transforma, ou tudo muda para permanecer como sempre foi. E a histria da escola j nos testemunha suas fragilidades, seus limites e suas possibilidades. (DUSSEL e CARUSO, 2003)Terceira provocao: o que temos a ensinar? Pensando no que a Educao Fsica tem a ensinar, temos algumas questes a serem postas. Pautando-nos na histria das prticas docentes da educao fsica escolar, chamamos a ateno para os perigos de andar perto dos extremos. Segundo Caparroz e Bracht (2007) preciso ter claro dois pontos: o primeiro que fundamental compreender que o fato de que no devemos basear nossa prtica pedaggica, nica e exclusivamente, em certezas, em modelos ideais, em receitas universais, enfim em verdades absolutas, no significa que devamos abandonar e/ou rechaar as referncias histricas ao contrrio, elas so peas-chaves que nos ajudam na reflexo de nossa ao (prtica-teoria) pedaggica, de nosso trabalho docente; o segundo que o trabalho docente reclama continuamente um labor criativo e um sentido e exerccio constante de prospeco e, de certo modo, isso implica o abandono de uma rigidez planificadora (que acaba por encaixar a vida em categorias e determinar a priori o que ainda est por se viver) em favor de uma postura na qual os delineamentos so pensados tendo em conta que da tenso permanente entre a dimenso da realidade e a dimenso do que se idealiza que se materializa a vida possvel e que este possvel depende das ferramentas que temos (e das que nos disponhamos ter), tanto para construa dimenso idealizada como para enfrentar e confrontar a realidade e aquilo que ela nos apresenta e nos impe. (p.29)a. qual herana a educao fsica escolar deixa aos estudantes, quando pensamos em conhecimento para a vida e as relaes sociais? H um tipo de ousadia pedaggica que os autores chamam de inteno pfia e falaciosa, que o fato de que muitos professores acreditam que resolvem o problema da intensificao do trabalho docente, ofertando uma mesma aula a diversas turmas de diversos agrupamentos ou sries.b. possvel uma interveno crtica e contextual do professor de Educao Fsica na escola, no sentido de materializar prticas pedaggicas que produzam e criem expectativas de um outro tipo de homem, para um outro tipo de sociedade? Para Caparroz e Bracht (2007, p.29), A realidade que a prtica expressa deve alimentar a didtica por meio da reflexo num contnuo exerccio de prtica-reflexo-prtica... e no o contrrioConsideraes provisrias A tarefa talvez no esteja clara para todos os educadores. Qual seja: a autonomia est na capacidade reflexiva e argumentativa, na fora de resistncia e nas proposies, sobretudo coletivizadas, que podemvir a serconsolidadas no interior de cada instituio de ensino. A realidade revela as marcas do modelo societrio e das estratgias que o sistema cria para arrefecer nimos e intencionalidades. Frente a isso, alertamos que uma importante sada est nos processos formativos contnuos e de preferncia, coletivizados, pois h mais fora e mais capacidade de resistncia nos movimentos coletivos de capacitao docente. Guardamos forte e ternamente a compreenso de que no h sada para essa sociedade, bem como, para a escola, fora da educao, mas sobretudo, fora desse modelo excludente vigente. No falamos de qualquer educao e no falamos de qualquer prtica; e no pensamos em qualquer tipo de resistncia e nem de qualquer tipo de formao. Estamos nos referindo a uma educao emancipatria; uma prtica contextualizada; uma resistncia revolucionria; e uma formaoHumana.Notas1. Concepo de mundo de uma classe social proprietria dos meios de produo, da produo e da mo de obra, viso essa defendida por seus intelectuais nos mais diversos campos do conhecimento tambm conhecida por Liberalismo. Essa viso tambm defendida pelos intelectuais da burguesia, ou aqueles que defendem a propriedade privada como principal princpio de organizao da sociedade democrtica liberal.2. Dbeis aqui no tem o significado de indivduos deficientes de alguma natureza, mas pessoas saudveis com dificuldades inexplicveis de aprendizagem.3. Qual a sua resposta a essa pergunta?Referncias bibliogrficas CAPARROZ, F. E; BRACHT, V. O tempo e o lugar de uma didtica da educao fsica.Revista Brasileira de Cincias do Esporte, Florianpolis, SC, v. 28, n. 2, Jul. 2008. CASTELLANI FILHO, Lino.Educao Fsica no Brasil: A histria que no se conta.4 Edio. Campinas, SP, Papirus, 1994. DUSSEL, Ins e CARUSO, M.A inveno da sala de aula: uma genealogia das formas de ensinar.So Paulo, Moderna, 2003. FREIRE, P.Pedagogia da autonomia: saberes necessrios uma prtica educativa.43 edio, Paz e Terra, So Paulo, 2011. GASPARIN, Joo Luiz.Uma didtica para a Pedagogia Histrico-Crtica.3 ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2002. GHIRALDELLI, P. JR.Educao fsica progressista.So Paulo: Loyola. 1987. HARPER, Babette et al.Cuidado escola: Desigualdade, domesticao e algumas sadas.Petrpolis: Brasiliense. 1980. MOURA, S. A.A relao professor-aluno: alegrias e rupturas na Educao Fsica Escolar.1995. Monografia. Faculdade Educao Fsica, Universidade Federal de Gois. SAVIANI, Demerval.Escola e Democracia. 40 ed., Campinas, SP: Autores Associados, 2005. SOARES, Carmen L.Educao Fsica - Razes europias e Brasil.Campinas, SP: Autores Assoclados, 2004.Outros artigosem PortugusParte superior do formulrioParte inferior do formulrioParte superior do formulrioParte inferior do formulrio

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