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7/28/2019 A educao no contexto das grandes transformaes da modernidade
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A educao no contexto das grandes transformaes da modernidade
A modernidade trouxe consigo algumas promessas e ideais promissores, como a socializao
dos indivduos nos valores patriticos, cvicos e de responsabilidade social.
A educao trouxe assim a responsabilidade de transmitir uma cultura objetivada relativa aos
vrios domnios do saber e os mtodos, atitudes e valores requeridos para a sua criao,
manuteno e reviso.
A escola quando surgiu, triunfou no fim do milnio porque foi encarada como uma forma de
progresso e de vitria que contrastava com a viso pessimista da crise, que perdurava desde
os anos 70.
Na modernidade a escola tornou-se a nova religio de um Estado laico, que retirou igreja a
responsabilidade de ensinar e passou-a para uma nova rede de ensino pblico.
A educao no conseguiu contudo alcanar o desenvolvimento global da personalidade dos
sujeitos, nem prepara-los para o mundo produtivo.
Alguns princpios comuns como a universalizao da educao em condio de igualdade para
todos, foram passos importantes para o desenvolvimento da humanidade. A crena bsica era
que a educao um meio de progresso dos indivduos e da sociedade no seu conjunto.
Podemos dividir os trs tempos da forma escolar
A escola das Certezas A escola das Promessas A escola das Incertezas
Existe atualmente um grande debate acerca da educao, fala-se de uma crise da escola,
autores apontam os paradoxos da escola no nosso tempo atual.
A escola pode ser vista em trs dimenses
A forma escolar Corresponde a uma nova
organizao
A escola uma instituio
Representa uma novamaneira de ver aaprendizagem, quebrando
com os processos decontinuidade com aexperiencia. Estaaprendizagem pode existirfora da instituio escolar.
Que transacionou de modosde ensino individualizados(um mestre, um aluno) para
modos de ensino simultneos(um mestre, uma classe). Aorganizao quehistoricamente conhecemoscorresponde a modosespecficos de organizar osespaos, os tempos, osagrupamentos dos alunos eas modalidades da relaocom o saber.
Que a partir de um conjuntode valores estveis eintrnsecos, funciona como
uma fbrica de cidados,desempenhando um papelcentral na integrao social,na perspetiva durkheimianade prevenir a anomia epreparar a insero nadiviso social do trabalho.
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A escola num tempo de certezas
O nascimento histrico, a consolidao e desenvolvimento dos modernos sistemas escolares
situam-se num contexto que e indissocivel da dupla revoluo liberal e industrial que
marcou o final do seculo XVIII, durante o perodo que corresponde Revoluo Francesa at
ao fim da Primeira Grande Guerra a escola viveu a sua idade do ouro que coincidiu com o
apogeu do capitalismo liberal.
A escola das certezas aparece historicamente associada produo de uma nova ordem
politica, uma nova ordem social e uma nova ordem econmica.
Do ponto de vista politico, a escola moderna significou subtraia Igreja a tutela sobre o
ensino, a partir da criao de um sistema nacional de escolas, apoiado num corpo de
funcionrios libertos das tutelas locais. A escola tornou-se o instrumento de uma nova
religio laica ou cvica.
Do ponto de vista social, a escola participa na construo de um novo tipo de lao social,
construdo em torno da relao salarial, contribuindo para acelerar o declnio do rural
tradicional, a transferncia da populao para as zonas urbanas industriais, proletarizando-as.
Este processo de urbanizao e de proletarizao aceleradas, que se prolongou at aos nossos
dias, representa o processo de transformao das sociedades rurais tradicionais em modernas
sociedades baseadas na produo industrial.
Do ponto de vista econmico, a escola participa historicamente na construo de uma
sociedade industrial, tendo como referencia o capitalismo livre concorrencial.
A escola vista como uma ponte que torna possvel a mobilidade social ascendente de
alguns que mais se destacam pelo seu mrito, os professores personificam tambm as
esperanas de mobilidade social de vrios extratos da sociedade.
A forma escolar introduz e generaliza, em termos histricos, uma forma de aprender em
rutura com os processos que at ento haviam sido dominantes e que privilegiavam a
continuidade da experiencia individual e social. Baseando-se num princpio de revelao (o
mestre que sabe ensina ao aluno ignorante) e num princpio de cumulatividade (aprende-se
acumulando informaes), o modo escolar prope assim processos de aprendizagem baseados
na exterioridade relativamente aos sujeitos. A memorizao, a abordagem analtica, a
penalizao do erro e a aprendizagem de respostas configuram um processo em que a
aprendizagem pensada com base na desvalorizao da experincia dos aprendentes e,
portanto, na desvalorizao de atitudes de pesquisa e descoberta. Na escola as crianas
deixam de fazer perguntas e passam a dar as respostas que lhes so ensinadas.
A aprendizagem corresponde a um trabalho que cada sujeito realiza sobre si prprio. Aointeragir com o mundo que o rodeia, cada sujeito constri teorias que permanentemente testa
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atravs da ao. A articulao entre a informao e a experiencia assume um papel central, o
que se traduz em considerar cada sujeito como o principal recurso para a sua aprendizagem.
No h produo de conhecimento sem interrogao ou dvida.
A escola num tempo de promessas
O perodo posterior Segunda Guerra Mundial, os Trinta Gloriosos marcado pelo
crescimento exponencial da oferta educativa escolar. O fenmeno da exploso escolar
assinala um processo de democratizao de acesso escola que marca a passagem de uma
escola elitista para uma escola de massas e a sua entrada num tempo de promessas. A
expanso da escola de forma quantitativa estava associada a um pano de fundo marcado pela
euforia e otimismo em relao escola.
Com base na associao entre mais escola e trs promessas: uma promessa de
desenvolvimento, uma promessa de mobilidade social e uma promessa de igualdade, tendo
como fundamento e referente a teoria do capital humano, as despesas com a educao
escolar configuravam-se como um investimento de retorno decisivo.
As despesas com a educao passam a ser encaradas, na ptica da teoria do capital humano,
como um investimento e esse investimento como uma condio do desenvolvimento,
necessariamente impulsionada pelo Estado. A construo de uma escola de massas
realizada, neste perodo, imagem dos mesmos princpios reguladores presentes na produo
econmica: a produo em massa, com a tentativa de realizar economia de escala e ganhos de
produtividade atravs do incentivo inovao tecnolgica, organizaram-se sistemas
educativos com as caractersticas tpicas da produo em grande escala, ou seja, de um
modelo industrial.
A escola num tempo de incertezas
Inflao dos certificados; declnio da ideia do Estado-nao; desregulamentao do
capital financeiro; perda de sentido da misso tradicional
Depois da crise petrolfera e de vrios outros fenmenos, o desencanto com a escola
amplificou-se durante o ultimo quartel do sculo XX, em resultado das mudanas que
afetaram os setores econmico, politico e social.
O efeito conjugado da expanso dos sistemas escolares e das mutaes no mundo do trabalho
tende a acentuar a discrepncia entre o aumento da produo de diplomas pela escola e a
rarefao de empregos correspondentes. esta evoluo, da qual decorre um processo de
desvalorizao dos diplomas escolares, que permite falar da passagem de um tempo de
promessas para um tempo de incertezas. A desvalorizao dosdiplomas, na medida em que
diminui a sua rentabilidade no mercado de trabalho, aumenta os nveis de frustrao de uma
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maioria social que mantm com a escola uma relao fundada na utilidade dos estudos, em
termos de obteno de um estatuto social e rendimentos elevados.
A escola neste tempo passa a funcionar como um parque de estacionamento de potenciais
desempregados, funcionando o prolongamento dos estudos (no contexto da escola ou da
formao profissional) como um remdio para conter artificialmente os problemas dodesemprego e do subemprego que tendem a assumir um carater endmico e a ser minorados
atravs das polticas de educao e de formao.
A democratizao do acesso a percursos escolares mais longos traduziu-se, no apenas numa
desvalorizao dos diplomas, mas tambm numa translao das desigualdades para nveis
superiores do sistema escola, nomeadamente para os ensinos secundrio e superior, pela
multiplicao de vias e opes de desigual valor evoluo comum aos principais pases
europeus.
A escola tem futuro?
A construo da escola do futuro dever orientar-se por trs finalidades fundamentais:
- A de construir uma escola onde se aprenda pelo trabalho e no para o trabalho, contrariando
a subordinao funcional da educao escolar racionalidade econmica vigente. na medida
em que o aluno passa condio de produtor que nos afastamos de uma conceo molecular
e transmissiva da aprendizagem, evoluindo da repetio de informao para a produo do
saber.
- A de fazer da escola um sitio onde se desenvolva e estimule o gosto pelo ato intelectual de
aprender, cuja importncia decorrer do seu valor de uso para ler e intervir no mundo e nodos benefcios materiais ou simblicos que promete no futuro.
- A de transformar a escola num stio em que se ganha gosto pela poltica, isto , onde se vive a
democracia, onde se aprende a ser intolerante com as injustias e a exercer o direito palavra,
usando-a para pensar o mundo e nele intervir.