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9 INTRODUÇÃO Esta pesquisa surgiu da preocupação com o direito à educação de pessoas que se enco ntram no sistema prisional Te ndo como tema  A Educação Prisional no Brasil: O que  propõe a política nacional?!este tra"al#o a"orda quest$es que permitirão à comunidade acad%mica con#ecer as particularidades da educação desen&ol&ida dentro do sistema prisional  "rasileiro ' inquietação so"re este tema surgiu a partir de questionamentos e discuss$es que ocorreram no decorrer da min#a graduação Os estudos reali(ados na disciplina  Pedagogia em Ambientes não Escolares! al)m de tra"al#os! leituras e depoimentos de pro*issionais que atuam nesses am"ientes + principalmente nos pres,dios + *oram me despertando! at) c#egar a con#ecer um pouco mais so"re a realidade educacional do sistema carcer-rio O que me  permitiu o"ser&ar que essa população .prisional/ ainda ) "astante ignorada no nosso pa,s Na maioria das &e(es! ap0s a sua li"erdade! a pr0pria sociedade os e1clui! impossi"ilitando assim a sua rea"ilitação 2om esse interesse crescente pelo assunto! *ui gan#ando a*inidade e identi*icação com o tema 2on*orme o que 3- *oi dito acima! o tema aqui a"ordado ) importante para os estudos das pol,ticas p4"licas destinadas a esse segmento! &isando a mel#or compreender o que &em acontecendo por dentro desse sistema! e de que *orma essas pol,ticas &%m sendo a"sor&idas 's situaç$es prec-rias! a *alta de in&estimento e a aus%ncia de assist%ncia social e educacional contri"uem com a geração de con*litos e aumentam ainda mais a &iol%ncia dentro da pr0pria  prisão Esta"elecen do a questão da inclusão das pol,ticas p4"licas! *oi importante *a(er a re*le1ão so"re a desmisti*icação da imagem do preso! com o amparo das leis Em meu estudo! "usquei responder às seguintes quest$es5 O que ) educação prisional6 7ual a proposta da pol,tica nacional para a educação prisional no 8rasil6 7uais as principais aç$es que estão sendo implementadas no 8rasil! a *im de concreti(ar a proposta da pol,tica da educação prisional6 Essas quest$es permeiam as in&estigaç$es so"re qual ) o papel das  pol,ticas da educação nacional para sistema prisional e de como essas pol,ticas &%m sendo implementadas Os o"3eti&os que "usquei alcançar *oram compreender a proposta da educação prisional apontada pela atual pol,tica nacional "rasileira! &isando discutir teoricamente a educação  prisional! e identi*icar as principais aç$es que estão sendo implementadas no pa,s a *im de concreti(ar a proposta da pol,tica da educação prisional

A Educação Prisional No Brasil O Que Propõe a Política NacionaL

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INTRODUÇÃO

Esta pesquisa surgiu da preocupação com o direito à educação de pessoas que se

encontram no sistema prisional Tendo como tema  A Educação Prisional no Brasil: O que

 propõe a política nacional?!este tra"al#o a"orda quest$es que permitirão à comunidade

acad%mica con#ecer as particularidades da educação desen&ol&ida dentro do sistema prisional

 "rasileiro

' inquietação so"re este tema surgiu a partir de questionamentos e discuss$es que

ocorreram no decorrer da min#a graduação Os estudos reali(ados na disciplina Pedagogia

em Ambientes não Escolares! al)m de tra"al#os! leituras e depoimentos de pro*issionais que

atuam nesses am"ientes + principalmente nos pres,dios + *oram me despertando! at) c#egar a

con#ecer um pouco mais so"re a realidade educacional do sistema carcer-rio O que me

 permitiu o"ser&ar que essa população .prisional/ ainda ) "astante ignorada no nosso pa,s Na

maioria das &e(es! ap0s a sua li"erdade! a pr0pria sociedade os e1clui! impossi"ilitando assim

a sua rea"ilitação 2om esse interesse crescente pelo assunto! *ui gan#ando a*inidade e

identi*icação com o tema

2on*orme o que 3- *oi dito acima! o tema aqui a"ordado ) importante para os estudos

das pol,ticas p4"licas destinadas a esse segmento! &isando a mel#or compreender o que &emacontecendo por dentro desse sistema! e de que *orma essas pol,ticas &%m sendo a"sor&idas

's situaç$es prec-rias! a *alta de in&estimento e a aus%ncia de assist%ncia social e educacional

contri"uem com a geração de con*litos e aumentam ainda mais a &iol%ncia dentro da pr0pria

 prisão Esta"elecendo a questão da inclusão das pol,ticas p4"licas! *oi importante *a(er a

re*le1ão so"re a desmisti*icação da imagem do preso! com o amparo das leis

Em meu estudo! "usquei responder às seguintes quest$es5 O que ) educação prisional6

7ual a proposta da pol,tica nacional para a educação prisional no 8rasil6 7uais as principaisaç$es que estão sendo implementadas no 8rasil! a *im de concreti(ar a proposta da pol,tica da

educação prisional6 Essas quest$es permeiam as in&estigaç$es so"re qual ) o papel das

 pol,ticas da educação nacional para sistema prisional e de como essas pol,ticas &%m sendo

implementadas

Os o"3eti&os que "usquei alcançar *oram compreender a proposta da educação prisional

apontada pela atual pol,tica nacional "rasileira! &isando discutir teoricamente a educação

 prisional! e identi*icar as principais aç$es que estão sendo implementadas no pa,s a *im de

concreti(ar a proposta da pol,tica da educação prisional

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; importante ressaltar que o tra"al#o *oi reali(ado a partir da utili(ação de tr%s tipos de

metodologia5 a pesquisa qualitati&a! a pesquisa documental e a an-lise de dados ' pesquisa

qualitati&a ) "asicamente aquela que "usca entender um *en<meno espec,*ico em

 pro*undidade 'o in&)s de estat,sticas! regras e outras generali(aç$es! a qualitati&a tra"al#a

com descriç$es! comparaç$es e interpretaç$es' pesquisa qualitati&a ) mais participati&a e!

 portanto! menos control-&el ' pesquisa documental ) constitu,da pelo e1ame de mat)rias que

ainda não rece"eram um tratamento anal,tico ou que podem ser ree1aminados com &istas a

uma interpretação no&a ou complementar =inalmente! a an-lise de dados consiste em

tra"al#ar o material coletado! "uscando tend%ncias! padr$es! relaç$es e in*er%ncias à "usca de

a"stração Est- presente em todas as etapas da pesquisa! mas ) mais sistem-tica ap0s o

encerramento da coleta de dadosEntre os documentos analisados! estão o relat0rio Educação nas >ris$es 8rasileiras! da

Relatoria Nacional para o Direito ?umano à Educação .@::9/! os artigo Educação >risional

no 8rasil5 do Ideal Normati&o às Tentati&as de E*eti&açãoA >ol,ticas >4"licas para a Educação

em 2onte1to de >ri&ação de Bi"erdade e o DecretoCBei n F@FG@:! que institui o >lano

Estrat)gico de Educação no Hm"ito do istema >risional

O tra"al#o se distri"ui em tr%s cap,tulos O primeiro cap,tulo apresenta uma "re&e

discussão te0rica so"re a educação prisional no 8rasil! o que se *a( necess-rio para umapro*undamento e apro1imação do tema! "em como para a de*inição de o que ) a educação

 prisional =inalmente! esse cap,tulo a"orda ainda o conte1to #ist0rico da educação prisional

no 8rasil

O segundo cap,tulo a"orda o processo de construção da atual pol,tica de educação

 prisional "rasileira! a"ordando tam")m a proposta da educação prisional de*endida na atual

 pol,tica nacional Destaca ainda as leis e o papel da educação como direto no Hm"ito desse

sistema! suas e&oluç$es e retrocessos=inalmente! o terceiro cap,tulo trata das aç$es que estão sendo implementadas no 8rasil

em *unção da no&a pol,tica da educação prisional no 8rasilA de que *orma ela &em sendo

aplicada e como est- sendo lidada com os su3eitos

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' EDU2'ÇÃO >RIION'B5 UJ' 8REKE DI2UÃO TELRI2'

O 7ue ) Educação >risional6

Em"ora o ensino se3a considerado inalien-&el! mais ou menos :M da população

carcer-ria não usu*rui! anteriormente a sua prisão! do ensino *undamental completo e nem

m)dio 'l)m da e1clusão social! econ<mica e tam")m educacional! apenas M desses presos

em todo o pa,s des*rutam! tardiamente! do ensino dentro do sistema prisional.8R'IB! @::/

egundo 2assiano .@::! p @/! as in*ormaç$es acima demonstram a importHncia

dessa população e1clu,da *a(er parte! ainda que de uma *orma m,nima! do contingente de

educandos do pa,s! Pcom c#ances de um dia c#egar a serem monitores de seus antigos pro*essores na prisão! como 3- ocorre no Estado de ão >auloQ! segundo o autor acima

.2'I'NO! @::! p @/!

Inicialmente! de*inir educação prisional seria uma tare*a aparentemente *-cil egundo

uma interpretação literal da pr0pria e1pressão! educação prisional seria a modalidade de

educação *ormal destinada às populaç$es carcer-rias! &isando! entre outros o"3eti&os a sua

ressociali(ação Entretanto! o documento que e1p$e as principais diretri(es da educação

 "rasileira! a Bei de Diretri(es e 8ases da Educação! não pre&% claramente essa modalidade>elo menos ) o que de*endem alguns pesquisadores! como raciano e c#illing .@::/!

segundo as quais! do ponto de &ista *ormal e administrati&o! a c#amada educação prisional

não se constitui em modalidade de ensino espec,*ica! pre&ista na BD8 .R'2I'NOA

2?IBBIN! @::! p /

Jas essas autoras admitem que atualmente 3- predomina na 3urisprud%ncia e na

legislação "rasileira o entendimento de que a educação prisional est- inserida na modalidade

Educação de So&ens e 'dultos .ES'/! afrmada na Seção V do Capítulo II, intituladoEducação Básica, na mesma lei. Da mesma orma, entende a titular da Relatoria

acional para o Direito !umano " Educação, Denise Carreira. Se#undo essa

autora,

' educação de pessoas encarceradas no sistema prisional integra ac#amadaeducação de 3o&ens e adultos .ES'/ ' Bei de Diretri(es e 8ases daEducação Nacional.BD8/! de 99F! de*ine a educação de 3o&ens e adultos comoaquela destinada a pessoasPque não ti&eram acesso ou continuidade de estudos noensino *undamental e m)dio naidade pr0priaQ .2'RREIR'! @::9! p /

Conorme a interpretação dessa e da maioria dos autores, a $DB

re#ulamenta o direito pre%isto na Constituição &rasileira em seu capítulo II,

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@

seção ', arti#o ()*, inciso I, de +ue todos cidadãos e cidadãs tm o direito

ao -Ensino undamental o&ri#at/rio e #ratuito, asse#urada, inclusi%e, sua

oerta para todos os +ue a ele não ti%erem acesso na idade pr/pria0. 1u

se2a, de acordo com essa interpretação, estão incluídos entre essa

cate#oria, os presidiários, +ue ti%eram o acesso ao ensino undamental 3e

" educação &ásica como um todo, por e4tensão5 interrompido durante a

idade pr/pria.

Tei1eira.@::/ tam")m con*irma essa tend%ncia! ao in*ormar! no que di( respeito à

legislação de Educação de So&ens e 'dultos! que #- inclusi&e um >arecer do

2onsel#oNacional de Educação .2NEG2E8 G@:::/! do 2onsel#eiro Samil 2ur! so"re as

Diretri(es2urriculares Nacionais para a Educação de So&ens e 'dultos! que e1plicita a

necessidade deatender aos segmentos #istoricamente marginali(ados da o*erta p4"lica de

educação egundoSamil 2ur5

./ a *unção equali(adora da ES' &ai dar co"ertura a tra"al#adores e a tantosoutrossegmentos sociais como donas de casa! migrantes! aposentados eencarcerados 'reentrada no sistema educacional dos que ti&eram uma interrupção*orçada! se3a pelarepet%ncia ou pela e&asão! se3a pelas desiguais oportunidades de

 perman%ncia ou outrascondiç$es ad&ersas! de&e ser saudada como uma reparaçãocorreti&a! ainda que tardia! deestruturas arcaicas! possi"ilitando aos indi&,duos no&as

inserç$es no mundo do tra"al#o!na &ida social! nos espaços da est)tica e na a"erturados canais de participaçãoSamil 2ur.'pud TEIEIR'! @::! F/

O >lano Nacional de Educação! &otado no 2ongresso em @::! no cap,tulo III re*erente

àJodalidade de Ensino + Educação de So&ens e 'dultos! esta"elece a necessidade

dePimplantar! em todas as unidades prisionais e nos esta"elecimentos que

atendemadolescentes e 3o&ens in*ratores! programas de educação de 3o&ens e adultos de

n,&el*undamental e m)dio! assim como de *ormação pro*issionalQ .8R'IB! @::/

Diante das constataç$es acima podemos enquadrar a Educação >risional como uma dasesp)cies do g%nero Educação de So&ens e 'dultos! con*orme a interpretação que &em se

dando a essa modalidade! no Hm"ito da BD8

>or outro lado! a questão ) pol%mica e #- autores que de*endem que a educação escolar 

nos pres,dios en*renta! no 8rasil! uma situação de Pin%isi&ilidade0.

 No entanto! não ) isto que &em ocorrendo De um lado! #- as #ist0ricasrestriç$es àeducação de 3o&ens e adultos! mas! de outro! #- o total descaso! por partedasautoridades nacionais respons-&eis pela e*eti&ação da educação! em relaçãoà

educação penitenci-ria! de tal modo que nem as insu*icientes aç$eseducati&asdestinadas à população 3o&em e adulta c#egam ao sistema prisional.R'2I'NO E 2?IBBIN! @::! p @/

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>ara as autoras acima! apenas em março de @::V! pela primeira &e( na #ist0riado pa,s!

o Jinist)rio da Educação! por meio da Diretoria de Educação de So&ens e'dultos! da

ecretaria de Educação 2ontinuada! 'l*a"eti(ação e Di&ersidade .ecadGJE2/! en&ol&euCse

em ação integrada com o Jinist)rio da Sustiça e a ecretariade Direitos ?umanos da

>resid%ncia da Rep4"lica! com o o"3eti&o de desen&ol&erpro3eto educati&o &oltado para a

comunidade de presidi-rios e presidi-rias

em orientaç$es claras e sem aç$es concretas e coordenadas do Jinist)rio da

Educação! a educação penitenci-ria&em sendo implementada! na maioria dos casos! de acordo

com a &ontade pol,tica dos go&ernosestaduais ' c#amada Pin&isi"ilidadeQ da educação

 prisional tam")m p<deser o"ser&ada! segundo as autoras! na produção acad%mica que

somente a partir de @::V!&em se ocupar do tema 2on*orme o"ser&ado em pesquisa "i"liogr-*ica! o temanão *oi o"3eto de estudo nas pesquisas acad%micas re*erentes à educação

de 3o&ens eadultos nas d)cadas de 9:! 9: e 99: 'penas a partir de @::: *oram

identi*icadasalgumas poucas teses e dissertaç$es de mestradoEntre as o"ras pesquisadas!

&eri*icaCse que o marco re*erencial ) a possi"ilidade deinstrumentali(ação da educação para a

ressociali(ação! ou reeducação ou reinserçãosocial.R'2I'NO E 2?IBBIN! @::! p

@/

Essa &isão instrumentali(adora da Educação >risional + que tem uma *orte descriçãonas pesquisas de =oucault + tem se re*letido! no 8rasil! atra&)s de uma pr-tica educati&a

 pautada por normas disciplinares + ati&idades manuais! pregaç$es morais e religiosas!

ati&idades de cultura e esporte! cursos pro*issionali(antes! e! tam")m! os momentos de

reclusão e isolamento! pretensamente dedicados à re*le1ão egundo o"ser&aç$es de =oucault!

o modo de ação da prisão P) a coação de uma educação total! pela ação onidisciplinar que

de&eria permear este cotidianoQ .=OU2'UBT! apud R'2I'NO E 2?IBBIN! @::! p

/=inalmente! ainda segundo o entendimento das autoras! um ol#ar detido so"re a atuação

dos educadores que empreendem a educação escolar no am"iente prisional! "em como do

*uncionamento das escolas! permitem a*irmar que a educação escolar constituiCse um

elemento Pestran#oQ no arca"ouço das aç$es t)cnicoCdisciplinares! o que! tal&e(! e1plique

 porque ela não se concreti(e! mesmo quando o*icialmente instalada Em outras pala&ras! a

educação escolar não est- #armonicamente instalada no con3unto de aç$es que con*ormam a

Peducação totalQ anunciada pelo autor! con*orme poderemos &eri*icar no decorrer deste

tra"al#o

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W

@ Um 8re&e ?ist0rico da Educação >risional no 8rasil

egundo Jaria ?elena >upo il&eira .@::F! p V:F/! a #ist0ria da educação no sistema

 penal re*lete a #ist0ria da educação na sociedade"urguesa e tem como suporte uma pedagogia

 "aseada na moral religiosaA estapor sua &e( seria amparada nac#amada )tica protestante!

*ormulada por Ja1 Xe"er YEsta concepção da educação te&e no istema >enal um campo

 pri&ilegiado para a di*usão deregras que acredita&am contri"uir para a Predenção do internoQ

.IBKEIR'! @::F! p V:F/8aseandoCse nas teorias de Jic#el =oucault! segundo ela! uma Pre*er%ncia da teoria

social so"re pris$esQ! para entender conceitos rele&antes! como instituição total e estigma!

interação! tecnologia de poder e sociedade disciplinar! "em como plane3amento e gestão das

 pris$es! essa autora sustenta5

2omo 3usti*icati&amoral! a condenaçãomarca o delinquente! não mais pelo castigocorp0reo! mas agora! com o o"3eti&o de Patingir a almaQ Oo"3eti&o da pena )diminuir o dese3o que torna o crime atraente! a educação nas pris$es de&e que"rar 

amola que anima a representação do crime 'tr-s dos delitos #- a &adiagem! #- a preguiça e ) esta quese de&e com"ater .IBKEIR'! @::F! V:F/

'inda segundo essa autora! o surgimento da penalidade correti&a se concreti(ou de

maneiras di&ersas e de *ormas decoerção comple1as5 esquemas repetiti&os! #or-rios! distri"uição

do tempo! ati&idades regulares!tra"al#o! educação! sil%ncio! aplicação! "ons #-"itos Esse

comportamento padrão e mecani(ado! ou se3a! essa t)cnica de correção alme3a c#egar a um

su3eito o"ediente! Po indi&,duo de #-"itos e de regras! su"missos! inteiramenteen&ol&ido com o

 poder que se e1erce so"re ele! assim como o enquadramento de seus gestos!recodi*icando

constantemente o cidadão tornandoCo um corpo su"misso e d0cilQ .IBKEIR'! @::F! p V:F9/

' inserção da educação no sistema prisional surge na =rança e na 'm)rica do Norte

egundo il&eira! esses dois pa,ses aplica&am em suas propostas administrati&as a mesma

Y' )tica protestante e o Zesp,ritoZ do capitalismo ) um li&ro de Ja1 Xe"er ! um economista e soci0logo alemãoEscrito entre 9:W e 9:V  como uma s)rie de ensaios que *oram! mais tarde! em 9@: ano de sua morte!complementados pelo autor e pu"licados em um li&ro! no qual ele in&estiga as ra($es do capitalismo se #a&er desen&ol&ido inicialmente em pa,ses como a Inglaterra ou a 'leman#a!   concluindo que isso se de&e àmundi&id%ncia e #-"itos de &ida instigados ali pelo   protestantismo =onte5 Xi[ip)dia! a Enciclop)dia Bi&reDispon,&el em5 #ttp5GGpt\i[ipediaorgG\i[iG']M2M9tica]>rotestante]e]o]Esp

M2M'Drito]do]2apitalismo'cesso em5 @ *e& @:

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V

 proposta morali(ante descrita por =oucault Nos EU'! os 7uac[ers! grupo religioso que

organi(ou as primeiras penitenci-rias nosEstados Unidos! no *inal do s)culo KIII! tin#am

como meta al*a"eti(ar os internos para que pudessemler a ","lia eparticipar dos cultos

religiosos! o"rigat0rios naquelas instituiç$es penais 'religião! a leitura da 8,"lia e a

 participação nos cultos religiosos eram o"rigat0rias nas penitenci-riasamericanas

Essa concepção #ist0rica da Educação >risional tam")m ) compartil#ada com outros

autores como JariHngela raciano e =l-&ia c#illing .@::/ >ara essas autoras! ainda que de

*orma cr,tica! tais an-lises tomam a educação como Pelemento a ser&iço da trans*ormação + 

ressociali(ação! re*ormaC dos indi&,duos que se encontram em situação de pri&ação de

li"erdadeQ Tam")m apoiadas em =oucault! elas de*endem que a concepção de Educação

>risional te&e in,cio com os mesmos o"3eti&os que esse autor identi*icou para a *unção dotra"al#o no am"iente prisional! ou se3a! trans*ormar indi&,duos! con*orme as pr0prias pala&ras

de =oucault5

 Não ) como ati&idade de produção que ele ) intrinsecamente 4til! mas pelos e*eitosque toma na mecHnica #umana ; um princ,pio de ordem e de regularidadeA pelase1ig%ncias que l#e são pr0prias! &eicula! de maneira insens,&el! as *ormas de um

 poder rigorosoA su3eita os corpos a mo&imentos regulares! e1clui a agitação eadistração! imp$e uma #ierarquia e uma &igilHncia que serão ainda mais "emaceitas!e penetrarão ainda mais pro*undamente o comportamento dos condenados!

 por*a(erem parte de sua l0gica5 com o tra"al#o.=OU2'UBT! apud R'2I'NOA2?IBBIN! @::! p /

; esta &isão mecHnica e instrumental perce"ida por =oucault na ati&idade la"oral dentro

das pris$es que ser- repetida na c#amada Educação >risional em seus prim0rdios!

 principalmente nos dois pa,ses acima citados5 =rança e Estados Unidos

E as duas autoras! continuam a mesma lin#a de racioc,nio! ao a*irmar que a

imprecisão so&re a defnição de -educação0 no am&iente prisional 6

7ist/rica,conorme se pode o&ser%ar tanto na narrati%a de oucault em Vigiar e

Punir , so&rea or#ani8ação das instituiç9es prisionais na rança, como tam&6m na

7ist/ria da prisão no Brasil:.

>ara elas! de uma *orma geral! consideraCse educati&o tudo aquilo que ) pautado por 

normasdisciplinares .ati&idades manuais! pregaç$es morais e religiosas! ati&idades de culturae

esporte! cursos pro*issionali(antes/! "em como os momentosde reclusão e isolamento!

 pretensamente dedicados à re*le1ão 2itando =oucault .9F! p@/! a*irmam que o modo de

ação da prisão P) a coação de umaeducação totalQ! pela ação onidisciplinar que de&eria

 permear este cotidiano .R'2I'NOA 2?IBBIN! @::! p /

^^O'REA IBEN=RIT_! @::@A 'BB'! 99

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F

 No Hm"ito *ormal! 'm)lia `imi[o Noma e Daiane Bet,cia 8oiago de*endem quea

Declaração Uni&ersal dos Direitos ?umanos! de 9W! ) o principal marco legal que orienta as

aç$es tomadas pela Organi(ação das Naç$es Unidas .ONU/ e pelos seus pa,ses mem"ros!

segundo o que rege o artigo KI da presente Declaração! no que se re*ere à educação5

PTodo ser #umano tem direito à instrução ' instrução ser- gratuita! pelo menos nos graus

elementares e *undamentais ' instrução elementar ser- o"rigat0ria bQ .ONU! @:::a! p @/

'*irmaCse que a educação de&e assegurar o pleno desen&ol&imento da personalidade!

*ortalecendo o respeito aos direitos #umanos .NOJ'A 8OI'O! @::/

 Nesse sentido! a ONU ) a principal organi(ação internacional que se preocupa com a

questão da educação em esta"elecimentos penitenci-rios! pois! por meio dela! tem sido

esta"elecidas normas e regras que tratam a educação para pessoas pri&adas de li"erdade comoum direito #umano dos reclusos ao desen&ol&imento de aspectos mentais! *,sicos e sociais

 No Hm"ito da ONU! *oram apro&adas normas internacionais que tratam

especi*icamente da educação em esta"elecimentos penitenci-rios Dentro de um processo

#ist0rico! destacaCseas Regras J,nimas para o Tratamento de >resos! de 9VVEm 99:!

 podemos citar a ação do 2onsel#o Econ<mico e ocial das Naç$es Unidas! que! na Resolução

99:G@:! de @W de maio de 99:! recomendou que todos os presos de&essem go(ar de acesso à

educação! incluindoCl#es programas de al*a"eti(ação! educação "-sica! *ormação pro*issional!educação *,sica! esporte! ensino superior e ser&iços de "i"liotecas! entre outros egundo

 Noma e 8oiago .@::! p F:/! citando documento da Unesco5

>odem ser identi*icados pelo menos dois posicionamentos acerca da questão emde"ate >or um lado! #- aqueles que de*endem o endurecimento da repressão e aconstrução de no&as unidades prisionais como 4nica *orma de controlar a &iol%ncia eo dom,nio do crime organi(ado nos pres,dios No outro lado! colocamCse osde*ensores de ampla re*orma no sistema penitenci-rio! de implantação da gradaçãode penas e de separação de detentos segundo graus de periculosidade! com o

 prop0sito de se ampliar as possi"ilidades de reintegração social dos apenados

 No 8rasil! segundo in*ormaç$es coletadas pelas autoras acima! temos um processo de

tentati&a de inserção! nas leis nacionais! do direito à educação das populaç$es de apenados

O primeiro grande passo *oi a inserção desse direito na Bei de E1ecuç$es >enais .BE>/

 + Bei n @: de de 3ul#o de 9W +! que rege o processo puniti&o disciplinar desen&ol&ido

na prisão e esta"elece os 0rgãos encarregados de implantar e acompan#ar a e1ecução da pena

 pri&ati&a da li"erdade no pa,s ' educação ) o"3eto dos 'rtigos ao @ do 2ap,tulo II da

'ssist%ncia Educacional! sendo conce"ida como o"rigat0ria nos sistemas penitenci-rios.8R'IB! 9W/

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'lguns anos mais tarde a pr0pria 2onstituição =ederal de 9! uma constituição de

cun#o garantista! em seus artigos @:V aos @! assegura os direitos educati&os dos "rasileiros!

incluindo os que se encontram em conte1to de pri&ação de li"erdade O te1to constitucional

amplia o atendimento aos 3o&ens e aos adultos ao esta"elecer! como de&er do Estado! a o*erta

do ensino *undamental o"rigat0rio e gratuito! inclusi&e para os que não ti&eram acesso a ele

na idade apropriada .8R'IB! 9/! o que tam")m pode ser interpretado em *a&or dos

indi&,duos que se encontram em situação de pri&ação de li"erdade

Em 99W! o 2onsel#o Nacional de >ol,ticas 2riminal e >enitenci-ria .2N>2>/pu"licaa

Resolução n W! de de no&em"ro de 99W! esta"elecendo a adaptação e a aplicação no

8rasil das Regras J,nimas para o Tratamento de >risioneiro! pu"licadas em 9V! pelo

2onsel#o Econ<mico e ocial da ONU! con*orme 3- &isto acimaS- em 99F! surge a Bei de Diretri(es e 8ases da Educação .BD8/! Bei =ederal n

99W! de @:G:G99F Essa lei! apesar de não contemplar dispositi&os espec,*icos so"re a

educação no sistema penitenci-rio! *oi interpretada pela maioria dos 3uristas como se a

Educação >risional esti&esse inserida na modalidade Educação de So&ens e 'dultos .NOJ'A

8OI'O! @::! F/

Institu,do pela Bei no :@! de @::! surge o >lano Nacional de Educação .>NE/

 Neste plano! entre os o"3eti&os e metas da Educação de So&ens e 'dultos! est- odesen&ol&imento! em todas as unidades prisionais e nos esta"elecimentos que atendam a

adolescentes e 3o&ens in*ratores! de programas de educação de 3o&ens e adultos de n,&el

*undamental e m)dio e de *ormação pro*issional >ara essa clientela! contemplamCse as metas

relati&as ao *ornecimento de material did-ticoCpedag0gico pelo Jinist)rio da Educação

.JE2/ e a o*erta de programas de educação a distHncia .8R'IB! @::/

egundo antiago e 8rito! no segundo semestre de @::V! te&e in,cio uma articulação

entre o JE2 e o JS.Jinist)rio da Sustiça/ para se esta"elecer uma estrat)gia comum de*inanciamento de pro3etos educacionais para reclusos! com a *inalidade de se e&itar a

duplicação de es*orços e estimular o desen&ol&imento de iniciati&as adequadas à

especi*icidade desse p4"licoCal&o No mesmo ano! te&e in,cio o pro3eto PEducando para a

Bi"erdadeQ! desen&ol&ido em con3unto com o JS! o JE2 e em parceria com a UNE2O!

com recursos do go&erno 3apon%s .'NTI'OA 8RITO! @::F! p :/

arantismo ) o nome dado ao con3unto de teorias a respeito do direito  penal e  processo penal! de inspiração 3uspositi&ista conce"ida pelo 3us*il0so*o italiano Buigi =erra3oli! cu3a o"ra maior so"re o assunto ) ZDireito e

Ra(ãoZigni*ica algo como5 ZEstou protegido .garantido/! pois est- na lei .escritoGpositi&ado/Z=onte5 Xi[ip)dia! a enciclop)dia li&re Dispon,&el em5 #ttp5GGpt\i[ipediaorgG\i[iGarantismo 'cesso em5@ *e& @:

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Em 3un#o de @::F! o uperior Tri"unal de Sustiça .TS/ editou a s4mula W!

querecon#ece a remição da pena por estudo ' s4mula ) *ruto do 3ulgamento do caso

dei&anildo da il&a =erreira! preso na >enitenci-ria de ão Kicente! em ão >aulo

'solicitação de remição por estudo pelo encarcerado #a&ia sido negada pelo Tri"unal deão

>aulo .2'RREIR'! @::9! p W/

=inalmente! em no&em"ro de @:! ocorre a pu"licação do Decreto n F@FG@:! que

institui o >lano Estrat)gico de Educação no Hm"ito do istema >risional Esse plano de&e

contemplar a educação "-sica na modalidade de educação de 3o&ens e adultos! a educação

 pro*issional e tecnol0gica! e a educação superior e tem as seguintes diretri(es! de*inidas pelo

2onsel#o Nacional de Educação e pelo 2onsel#o Nacional de >ol,tica 2riminal e

>enitenci-ria5I C promoção da reintegração social da pessoa em pri&ação de li"erdade por meio daeducaçãoAII C integração dos 0rgãos respons-&eis pelo ensino p4"lico com os 0rgãosrespons-&eis pela e1ecução penalA eIII C *omento à *ormulação de pol,ticas de atendimento educacional à criança queeste3a em esta"elecimento penal! em ra(ão da pri&ação de li"erdade de suamãe .8R'IB! @:/

?istoricamente! podemos a*irmar que #ou&e a&anços no de"ate so"re a Educação

>risional no 8rasil! considerando que se partiu de uma mentalidade mais conser&adora!

 "aseada numa pr-tica educati&a pautada mais pelo aspecto normati&o e disciplinador do que

do educacional 2on*orme aquela mentalidade antiga! educação e tra"al#o eram &istos

somente como *erramentas isoladas para a ressociali(ação do apenado Essa concepção &em

mudando com as no&as pesquisas e de"ates Tam")m &ale ressaltar que a pr0pria de*inição de

Educação >risional *oi pre3udicada no in,cio! pois não era recon#ecida pelo pr0prio >oder 

>4"lico como uma modalidade aut<noma! 3- que não consta&a e1plicitamente no principal

documento que disciplina a educação em nosso pa,s! que ) a BD8 ?istoricamente!

 perce"emos esse a&anço! que se re*lete em no&as concepç$es e no surgimento de normas que

&%m disciplinar esse tema como &eremos nos cap,tulos posteriores

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9

@' >OBfTI2' D' EDU2'ÇÃO >RIION'B 8R'IBEIR'

@ O >rocesso de 2onstrução da 'tual >ol,tica da Educação >risional 8rasileira

2onsiderandoCse que a educação &oltada para os detentos ) um poderoso instrumento

 para a emancipação pessoal e reconstrução da sua dignidade! de acordo com il&a .@:/! )

amplo o recon#ecimento! no ordenamento 3ur,dico "rasileiro! da importHncia do direito à

educação prisional e da necessidade da "usca pela e*eti&idade desse direito! como se

depreende do princ,pio constitucional da uni&ersalidade da educação! das normas espec,*icas

que disciplinam a educação na prisão! constantes na Bei de E1ecuç$es >enais .Bei @:GW/!

das Resoluç$es do 2onsel#o Nacional de >ol,tica 2riminal e >enitenci-ria e dos di&ersos programas e pro3etos &oltados à a*irmação dos direitos de cidadania no c-rcere! con*orme

&eremos a seguir

O processo de construção de uma pol,tica educacional &oltada para a população

 presidi-ria "rasileira te&e in,cio com as &-rias tentati&as de adequação e implantação das

 pol,ticas internacionais! *ormuladas pelas ag%ncias de Hm"ito mundial e pre&istas num

con3unto de legislaç$es dos quais o 8rasil ) signat-rio

' grande maioria dos materiaise1aminados neste estudo apontam o documento PRegrasJ,nimas para o tratamento de prisioneirosQ! apro&ado pelo 2onsel#o Econ<mico e ocial da

ONU em 9V! como um marco no Hm"ito das pol,ticas a*irmati&as da educação prisional

Esse documento pre&% o acesso à educação de pessoas encarceradas Nele est- a*irmado que5

de&em ser tomadasmedidas no sentido de mel#orar a educação de todos os reclusos!incluindo instruçãoreligiosa ' educação de anal*a"etos e 3o&ens reclusos de&e estar integrada no sistemaeducacional do pa,s! para que depois da sua li"ertação possamcontinuar! semdi*iculdades! a sua *ormação De&em ser proporcionadas ati&idades derecreio e culturaisem todos os esta"elecimentos penitenci-rios em "ene*,cio dasa4de mental e *,sica .2'RREIR'! @::9! p /

's diretri(es so*rerão mais tarde uma tentati&a de adaptação à realidade "rasileira!

atra&)s da a Resolução n W! de de no&em"ro de 99W! do 2onsel#o Nacional de >ol,ticas

2riminal e >enitenci-ria .2N>2/

2arreira .@::9/ destaca alguns pontos positi&os e negati&os nesse documento Entre os

negati&os estão5 primeiro! contri"ui para a con*usão entre educação *ormal! ensino religioso

eeducação nãoC*ormalA segundo5 restringe a o"rigatoriedade do Estado em o*erecer educação

apenas em relação à al*a"eti(açãoA e terceiro5 torna *acultati&a a integração da educação penitenci-ria ao sistema regular de ensino

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@:

egunda ela! os pontos positi&os ) que pre&% apossi"ilidade do atendimento de crec#e

dentro da unidade prisional e a o*erta de educação *,sica

 No 8rasil! a educação nos pres,dios 3- acontece e não ) recente! #a&endo registros de

sua e1ist%ncia nos anos 9F:! com o*ertas de ensino em quase todas as unidades da *ederação

Entretanto nessa )poca as pr-ticas educati&as nas pris$es nacionais eram di*usas! locali(adas e

residuais Jas! atualmente esse cen-rio tem se alterado positi&amente! e &i&emos um no&o

quadro na agenda pol,tica nacional .J'_U2`EK2! @:/

Em consonHncia com o mo&imento de uni&ersali(ação dos direitos #umanos p0sC

declaração de 9W! "em como com as Regras J,nimas para o Tratamento de >risioneiros! 3-

citadas neste tra"al#o! e ela"oradas por ocasião do 2ongresso das Naç$es Unidas so"re a

>re&enção do 2rime e Tratamento de Delinquentes! de ene"ra 9VV! o 2onsel#o Nacional de>ol,tica 2riminal e >enitenci-ria *i1ou! pela Resolução n W de 99W! as Regras J,nimas

 para o Tratamento de >resos no 8rasil! reser&ando cap,tulo espec,*ico para orientaç$es quanto

ao direito à assist%ncia educacional de indi&,duos pri&ados da li"erdade No mesmo ano! a Bei

2omplementar n 9 institui o =undo >enitenci-rioNacional .=UN>EN/! com a *inalidade de

 proporcionar recursos e meios de*inanciamento aos programas de moderni(ação do sistema

 penitenci-rio "rasileiro

Regulamentada pelo decreto n :9 de : de março! essa Bei disp$e que os recursosdo=unpende&erão ser aplicados! dentre outras *inalidades! na *ormação educacional ecultural

do preso e do internado! mediante cursos curriculares de e @ graus oupro*issionali(antes de

n,&el m)dio ou superior

egundo Ja(uc[e&cs.@:/! outro importante passo rumo a uma pol,tica de educação

 prisional nacional no8rasil *oi o lançamento do >rograma Nacional de Direitos ?umanos! em

99F Dentre oso"3eti&os a serem e1ecutados a m)dio pra(o! o programa prop$e5 promo&er 

 programasde educação! treinamento pro*issional e tra"al#o para *acilitar a reeducaçãoerecuperação do preso.J'_U2`EK2! @:/

Jais tarde! com &istas à implementação dos compromissos *irmados por ocasiãoda

Declaração de ?am"urgo de 99! ela"orada como produto da V 2on*er%nciaInternacional

so"re Educação de So&ens e 'dultos! a mo"ili(ação "rasileira no sentidode uma proposta

nacional de educação nas pris$es gan#a *orça em @::! quando dainstituição do >lano

 Nacional de Educação! um con3unto de metas a seremimplementadas nas di*erentes es*eras de

go&erno num pra(o de : anos! que! corrigindoa omissão da Bei de Diretri(es e 8ases da

Educação de 99F! con*orme 3- *risamos anteriormente! incluiu e1pressamentedentre seus

o"3eti&os implantar! em todas as unidades prisionais e nos esta"elecimentosque atendam

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@

adolescentes e 3o&ens in*ratores! programas de *ormação pro*issional e deeducação de 3o&ens

e adultos de n,&el *undamental e m)dio

De uma *orma panorHmica! podemos a*irmar que a construção dessa pol,tica tem sido

no sentido de promo&er uma integração entre os &-rios atores respons-&eis! tanto pela

educação! quanto pela segurança pu"lica e pela assist%ncia social

 Nesse sentido! no ano de @::V! iniciaCse! segundo .J'_U2`EK2! @:/! um

 processo de articulação entre o Jinist)rio daEducação e o Jinist)rio da Sustiça para construir 

uma estrat)gia comum para ae1ecução de pro3etos educacionais no conte1to penitenci-rio

 "rasileiro! que constituiuum marco para as pol,ticas de educação prisional no pa,s Naquele

ano! ) implantado opro3eto PEducando para a Bi"erdadeQ! desen&ol&ido em parceria com a

Unescoepatrocinado pelo go&erno do Sapão! cu3a proposta era não apenas ampliar a o*ertadeeducação para a população carcer-ria! mas contri"uir para a restauração da autoestimae

 para a reintegração do preso à sociedade Dentre os pontos positi&os desse pro3eto! est-a

apro1imação entre osminist)rios! o que &eio a possi"ilitar a inclusão da educação prisional no

 programa 8rasil'l*a"eti(ado! no =undo Nacional de Desen&ol&imento da Educação .=NDE/!

al)m deproporcionar o acesso de presos à uni&ersidade por meio do >rograma

Uni&ersidadepara Todos .>ROUNI/ e ampliar os de"ates em *a&or da normati(ação da

remição peloestudoDois anos depois do Educando para a Bi"erdade! ) institu,do! atra&)s da lei nV: e

 posteriormente alterado pela lei n :G@:: o >rograma Nacional deegurança >4"lica

com 2idadania .>RON'2I/! uma iniciati&a do Jinist)rio daSustiça em cooperação com os

estados! munic,pios e o Distrito =ederal! no sentido dapre&enção! controle e repressão da

criminalidade! articulando aç$es de segurançap4"lica e pol,ticas sociais! que pre&%

inicialmente um in&estimento de Rh F!: "il#$esat) @:@ .8R'IB! @::/

Em con*ormidade com as diretri(es da #umani(ação e reestruturação dosistemaprisional! o >ronasciintrodu( dentre suas metas a Pressociali(ação dos indi&,duosque

cumprem penas pri&ati&as de li"erdade e egressos do sistema prisional!

medianteimplementação de pro3etos educati&osQ .8R'IB! @::/

 No mesmo ano! o 2onsel#o Nacional de>ol,tica 2riminal e >enitenci-ria ela"ora o

>lano Nacional de >ol,tica >enitenci-ria! um con3unto de orientaç$es destinadas aos 0rgãos

respons-&eis pela administração penitenci-ria no pa,s! dentre as quais o est,mulo à instrução

escolar e à *ormação pro*issional de presos nos esta"elecimentos penais estaduais e *ederais

egundo Ja(uc[e&cs .@:/! o go&erno *ederal d- um passo decisi&o para o

a&anço da educação prisional no pa,s enquanto pol,tica p4"lica em @::! quando! atra&)s

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@@

do Departamento >enitenci-rio Nacional! lança o >lano Diretor do istema >enitenci-rio

8rasileiro! que contempla dentre suas metas a educação e pro*issionali(ação de apenados

e a manutenção de "i"liotecas nos esta"elecimentos prisionais ' maior contri"uição desse

 plano *oi esta"elecer a integraçãodas es*eras *ederal e estadual em direção ao

cumprimento da Bei de E1ecuç$es >enais e das diretri(es da pol,tica criminal emanadas

do 2onsel#o Nacional de >ol,tica 2riminal e >enitenci-ria Resumindo! perce"emos que a

 principal estrat)gia do go&erno *ederal ) apostar nessa integração! para que o resultado

*inal possa ser assumido por &-rios agentes! considerando que nen#um dos entes da

*ederação tem condiç$es de so(in#o garantir o sucesso da educação prisional! diante de

uma realidade totalmente ad&ersa

@@ ' proposta da educação prisional de*endida na atual pol,tica nacional

'pesar dos a&anços contidos nos documentos a"ordados acima! ainda ) muito grande

os desa*ios que permeiam a construção de uma Educação >risional que aponte para a e*eti&a

ressociali(ação dos apenados

egundo o relat0rio Educação nas >ris$es 8rasileiras! da Relatoria Nacional para o

Direito ?umano à Educação! 0rgão da >lata*orma D#E2' 8rasil⁴

! *altam diagn0sticos ein*ormaç$es consolidadas que permitam traçar um panorama preciso so"re a situação da

educação prisional no mundo EstimaCse que menos de um terço da população carcer-ria

mundial ten#a acesso a algum tipo de ati&idade educati&a no am"iente prisional o que! em

grande parte! não signi*ica o acesso à educação *ormal 'pesar de &-rios pa,ses contarem com

legislaç$es nacionaisque garantem o direito das pessoas encarceradas à educação .como ) o

caso do 8rasil/! a maioria est- muito longe de concreti(-Cla nas unidades prisionais

2omple1idade! impro&isação e dispersão de aç$es caracteri(am a educação nossistemas prisionais da 'm)rica Batina! o"ser&a o pesquisador argentino =rancisco car*0

.@::/ >ara ele! a *ragilidade da garantia do direito à educação ) tensionada pelo

encarceramento acelerado e pela superlotação decorrente da prisão como P4nica e

e1cessi&a resposta do Estado ao delitoQ Na composição desse quadro *a(em parte5 a

lentidão da 3ustiça! a *alta de in*raCestrutura! a inde*inição de responsa"ilidades

institucionais pelo atendimento educacional! a #ipertro*ia do crit)rio de segurança! a

desatenção com relação à di&ersidade .g%nero! )tnicoCracial! orientação se1ual! regional

⁴; >lata*orma 8rasileira de Direitos ?umanos Econ<micos! ociais! 2ulturais e'm"ientais#ttp5GGXXXd#esc"rasilorg"r 

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@

etc/ e1istente no am"iente prisional e a crescente demanda por segurança apresentada por 

setores da sociedade e ampli*icada pela m,dia .2'RREIR'! @::9! p @V/

2itado por Denise 2arreira! o pesquisador ?ugo Rangel aponta os gra&es pro"lemas

que a*etam a educação no sistema prisional nos pa,ses da 'm)rica Batina! entre os quais

destaca a Pdis*uncionalidadeQ da 3ustiça5

Um resultado direto desta dis*uncionalidade ) a e1ist%ncia! na maioria dos pa,ses da'm)rica Batina! de um n4mero demasiado alto de presos em espera de 3ulgamento ede uma condenação que sancione o delito cometido Em muitos pa,ses! este tipo derecluso representa mais da metade da população penitenci-ria O a"uso da prisão

 pre&enti&a por parte das autoridades encarregadas da procuração da 3ustiça ) umadas principais causas do incremento da população penitenci-ria Este *en<menoocorre na maioria dos pa,ses da região que contam com um grande n4mero dereclusos emqualidade pre&enti&a Neste sentido! ) e&idente que não somente se trata

de uma lentidão em procedimentos administrati&os! mas de *al#as estruturais ousist%micas das instituiç$es da 3ustiça .2'RREIR'! @::9! p @V/

'pesar desse cen-rio ad&erso! o"ser&arCse! atra&)s dos estudos acima que alguns

a&anços *oram conquistados! como a e1ist%ncia de legislaç$es que garantem o direito à

educação para pessoas encarceradas na maioria dos pa,ses latinoCamericanos .apesar de não se

constitu,rem em realidade em quase todos eles! segundo os autores/! a adoção por &-rios

 pa,ses de leis que pre&eem a remição da pena por estudo e um processo de articulação ainda

inicial entre 0rgãos go&ernamentais de administração penitenci-ria e de educação &isando a

concreti(ação do atendimento

'inda a"ordando o cen-rio da educação prisional na 'm)rica Batina! Denise

2arreira! em seu Relat0rio! aponta tr%s modelos educati&os que predominam no

atendimento educacional nas pris$es da 'm)rica Batina! com "ase em pesquisas do

Relator Especial da ONU so"re Educação! o costarriquen#o KernorJuo( >ara o

 primeiro deles a educação e &ista como parte de um tratamento terap%utico! &isando a cura

das pessoas encarceradas O segundo entende a educação em sua *unção moral Pdestinada

a corrigir pessoas intrinsecamente imoraisQ! e o terceiro assume um car-ter mais

oportunista ao restringir a educação nas pris$es às necessidades do mercado de tra"al#o

egundo 2arreira .@:! p @F/! Juo( alerta para o predom,nio de um car-ter utilitarista

da educação nas pris$es! descomprometido com a a*irmação da educação como direito

#umano das pessoas encarceradas ' an-lise desses modelos educati&os P#egem<nicosQ )!

ainda segundo a autora! complementada por =rancisco Sos) car*05

' con*usão! algumas &e(es! ) gerada pelas di*erentes ag%ncias estatais queimplementam a educação p4"lica nas pris$es e que muitas &e(es a direcionam paraum tratamento de Pressociali(açãoQ ou PreintegraçãoQ >ensar que apenas rece"er ou

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@W

 praticar a educação! o detido ser- capa( de PreintegrarCseQ ou Pressociali(arCseQ ) dar uma linearidade de causaCe*eito à educação Isto le&a a que se reprodu(am estruturascogniti&as e #-"itos sociais de Ppessoas ci&ili(adasQ ou P"emCcomportadasQ ousimplesmente PreceptorasQ! eliminando o processo de constituirCse enquanto

 protagonistas! com &o( pr0pria! que ten#am uma &isão cr,tica capa( de entender e

trans*ormar sua realidade! o passado! o presente eo *uturo ' educação ) um direitoque! quando e1ercido! redu( a situação de &ulnera"ilidade social! cultural!emocionalda pessoa pri&ada de li"erdade

2once"er a educação como uma ação Pterap%uticaQ ou Pcurati&aQimplica considerar o detido como um Pen*ermoQ! que de&e ser PcuradoQ ; colocar a educação comoum dispositi&o que! dependendo do seu *uncionamento! pre&alecera ou não a açãode tratamento Ignorando que a educação ) um direito #umano *undamental! e sealguma coisa se encai1a em seu o"3eto!) a redução da &ulnera"ilidade social!

 psicol0gica e cultural.2'RREIR'! @:! p @F/

 No 8rasil essa situação de impro&isação e dispersão se repete Dados do Jinist)rio da

Sustiça aponta&am que em @::W cerca de :M da população encarcerada no pa,s não possu,a o

ensino *undamental completo e M são anal*a"etos Do total de pessoas pri&adas de li"erdade!

mais de F:M era *ormada por 3o&ens entre e : anos e somente M tin#am acesso a

alguma ati&idade educati&a .BR<SI$, ())=5.egundo in*ormaç$es do Jinist)rio da

Educação! o atendimento educacional se mante&e em @:: entre a @:M da população

carcer-ria! sendo que WVM dos anal*a"etos.as/! @M dos que possuem ensino *undamental

incompletos e FM dos que possuem ensino m)dio incompleto esta&am matriculados na

educação *ormal dentro das unidades prisionais 7uando o*ertada! a educação *ormal ) de

responsa"ilidade das secretarias estaduais de educação ou reali(adas por meio de con&%nios

com secretarias municipais! organi(aç$es nãoCgo&ernamentais ou com istema ⁵.

De acordo com o Relat0rio PEducação nas >ris$es 8rasileirasQ! o *inanciamento da

educação nas pris$es &aria con*orme o Estado! necessitando de uma orientação nacional mais

 precisa >ara aqueles que a Educação das >ris$es ) &inculada à pol,tica de Educação de

So&ens e 'dultos! #- os recursos pre&istos no =unde" .=undo Nacional de Desen&ol&imento

da Educação 8-sica e Kalori(ação dos >ro*issionais de Educação/! mas nem todos estados

nessa situação acessam taisrecursos para garantir o atendimento ?- estados nos quais o

atendimento ) garantido por meio de recursos do 0rgão do sistema prisional respons-&el pela

educação Ou se3a! nesses casos! a *alta de uma pol,tica articulada

⁵>istema 5 Termo que de*ine o con3unto de organi(aç$es das entidades corporati&as &oltadas para otreinamento pro*issional! assist%ncia social! consultoria! pesquisa e assist%ncia t)cnica! que al)m de terem seunome iniciado com a letra ! t%m ra,(es comuns e caracter,sticas organi(acionais similares =a(em parte dosistema 5 er&iço Nacional de 'prendi(agem Industrial .enai/A er&iço ocial do 2om)rcio .esc/A er&içoocial da Ind4stria .esi/A e er&iço Nacional de 'prendi(agem do 2om)rcio .enac/ E1istem ainda os

seguintes5 er&iço Nacional de 'prendi(agem Rural .enar/A er&iço Nacional de 'prendi(agem do2ooperati&ismo .escoop/A e er&iço ocial de Transporte .est/ =onte5 'g%ncia enado >ortal de Not,ciasDispon,&el em5 #ttp5GG\\\@senadogo&"rGnoticiasGglossarioClegislati&oGsistemaCs

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@V

Tam")m e e&idente! segundo 2arreira .@::9/! a pro*unda precariedade do atendimento

educacional no istema >risional 8rasileiro!que en*renta gra&es pro"lemas de acesso e de

qualidade! marcados pela *alta de pro*issionais de educação! pro3eto pedag0gico! in*raC

estrutura! *ormação continuada! materiais did-ticos e de apoioA descontinuidadeA resist%ncias

de agentes e direç$es de unidades prisionaisA desarticulação entre organismos do Estado! *alta

de plane3amento e pol,ticas de estado! "ai1o in&estimento *inanceiro! ine1ist%ncia de

diagn0sticos precisos! entre outros

Em resposta à *ragilidade do atendimento educacional nas unidades prisionais!

nosegundo semestre de @::V! os Jinist)rios da Sustiça e da Educação iniciaram articulaçãode

suas aç$esegundo Noma e 8oiago! pela primeira &e( na #ist0ria "rasileira! o JE2! por 

interm)dio da Diretoria de Educação de So&ens e 'dultos! da ecretaria de Educação2ontinuada! 'l*a"eti(ação e Di&ersidade .E2'DG JE2/! en&ol&euCse em ação integrada

com o Jinist)rio da Sustiça .JS/ e a ecretaria de Direitos ?umanos da >resid%ncia da

Rep4"lica! com o o"3eti&o de desen&ol&er pro3eto educati&o &oltado para a comunidade de

 presidi-rios e presidi-rias .NOJ'A 8OI'O! sGd/

 No segundo semestre de @::V! te&e in,cio uma articulação entre o JE2 e o JS para se

esta"elecer uma estrat)gia comum de *inanciamento de pro3etos educacionais para reclusos!

com a *inalidade de se e&itar a duplicação de es*orços e estimular o desen&ol&imento deiniciati&as adequadas à especi*icidade desse p4"licoCal&o .'NTI'OA 8RITO! @::F/

Desse processo! nasceu o pro3eto Educando para Bi"erdade!desen&ol&ido em parceria

com a Unesco e com recursos do go&erno 3apon%s .UNE2O! @::F/ egundo antiago e

8rito .@::F/! o pro3eto tem o prop0sito de e1pandir a o*erta educacional em esta"elecimentos

 prisionais Tam")m tem como proposito5

Ela"orar uma pol,tica com diretri(es nacionais para o setor! considerando as

especi*icidades pedag0gicas! metodol0gicas! de material did-tico e de *ormaçãodocente requerida para que a educação nas pris$es possa cumprir seu o"3eti&oreintegradorQ .'NTI'OA 8RITO! @::F! p :/

'l)m do mais! o re*erido pro3eto! segundo os autores acima! Pousa transpor os muros

das pris$es "rasileiras desde uma perspecti&a de a*irmação dos direitos #umanosQ! "uscando

incluir pessoas em pri&ação de li"erdade na reali(ação cotidiana do ideal de democracia Na

 perspecti&a da Unesco! o pro3eto constituiCse como uma re*er%ncia *undamental na construção

de uma pol,tica p4"lica integrada e cooperati&a ' educação! nesse conte1to + educação de

 3o&ens e adultos +! de&eria! não s0 desen&ol&er as capacidades "-sicas dos reclusos! como

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@F

Pcontri"uir para o desen&ol&imento da capacidade de recuperação psicol0gica e social! para

 permitir ao recluso jtornarCse su3eito da pr0pria #ist0riakQ .UNE2O! @::F! p W/

O pro3eto Educando para a Bi"erdade se *ortaleceu com o lançamento do >rograma

 Nacional de egurança >4"lica com 2idadania .>RON'2I/ Esse programa articula aç$es

sociais com pol,ticas de segurança p4"lica e que tem como um dos seus o"3eti&os a

ressociali(ação de indi&,duos que cumprem penas! pri&ados de li"erdade e egressos do

sistema prisional! mediante a implantação de pro3etos educati&os e pro*issionais .UNE2O!

@::! p /

Desde @::V! as instituiç$es que tra"al#am 3untas no >ro3eto Educando para a Bi"erdade

reali(aram uma s)rie de ati&idades no campo da educação! nas pris$es5 O*icinas t)cnicas!

semin-rios regionais! proposiç$es para a alteração da lei de e1ecução penal! *inanciamento de pro3etos 3unto aos sistemas estaduais e o pr0prio *ortalecimento das relaç$es entre os 0rgãos

de go&erno respons-&eis pela questão no Hm"ito *ederal .UNE2O! @::F/

2omo parte desse pro3eto! em 3ul#o de @::F! ocorreu em 8ras,lia! o Pemin-rio

 Nacional pela Educação nas >ris$es5 igni*icados e >roposiç$esQ O e&ento ) de*inido como

singular e1pressão dos es*orços que o JE2! o JS e a Representação da UNE2O no 8rasil

&%m en&idando! no sentido de criar condiç$es e possi"ilidades para o en*rentamento dos

gra&es pro"lemas que perpassam a inclusão social de apenados e egressos do sistema penitenci-rio O emin-rio apontou para muitas propostas re*erentes a esse assunto! a

*ormação adequada dos pro*issionais que irão atuar nos esta"elecimentos penitenci-rios! tanto

os educadores quanto os carcereiros! o curr,culo di*erenciado que de&e ser aplicado com &ista

a priori(ar as #a"ilidades e as aptid$es dos encarcerados! aspectos que en*ati(am as ati&idades

 pedag0gicas.UNE2O! @::F/

 No semin-rio! tam")m *oi ela"orada a proposta de Diretri(es Nacionais para a

Educação no istema >risional! estruturada em tr%s ei1os5 gestão! articulação e mo"ili(açãoA*ormação e &alori(ação dos pro*issionais en&ol&idos na o*ertaA aspectos pedag0gicos

Depois de mais de dois anos de espera! as Diretri(es *oram apro&adas no 2onsel#o

 Nacional de >ol,ticas 2riminal e >enitenci-ria e encamin#adas em março de @::9 para

apreciação do 2onsel#o Nacional de Educação .UNE2O! @::F/

egundo Noma e 8oiago! o II emin-rio Nacional pela Educação nas >ris$es ocorreu

no ano de @::! em 8ras,lia! nos dias : e de outu"ro e : de no&em"ro Os participantes!

entre gestores! agentes! educadores e educandos! de"ateram e apresentaram propostas para a

implantação de pol,tica de ES' em unidades prisionais

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@

O >ro3eto Educando para a Bi"erdade tam")m contri"uiu para *ortalecer uma

importante rei&indicação de mo&imentos da sociedade ci&il! educadores.as/ e de gestores

go&ernamentais5 a garantia da remição da pena por estudo em lei Em resposta a esse desa*io!

em @::! o go&erno *ederal apresentou ao 2ongresso Nacional proposta de lei do E1ecuti&o

so"re a mat)ria! como uma das 9W aç$es pre&istas no >ronasci.>rograma Nacional de

egurança com 2idadania/ ' proposta &eio se somar aos outros oito pro3etos de lei em

tramitação no 2ongresso Nacional so"re o assunto 'tualmente! a remição ) garantida em

alguns estados "rasileiros! dependendo do entendimento dos 3u,(es e 3u,(as locais

'l)m da remição! a educação no sistema prisional consta nas aç$es do >ronasci por 

meio do in&estimento em *ormação dos agentes prisionais! do apoio à construção de no&as

unidades prisionais com m0dulos de sa4de e de educação .sala de aula! la"orat0rio dein*orm-tica e "i"lioteca/ e da reali(ação de uma pesquisa nacional so"re a situação da o*erta

de educação no sistema prisional

'l)m da e1pansão da o*erta! o pro3eto Educando para Bi"erdade assumiu como

o"3eti&o construir as "ases de uma pol,tica nacional de educação no sistema prisional

 "rasileiro >ara isso! *oram reali(adas &isitas às unidades prisionais! o*icinas t)cnicas!

 proposiç$es para alteraç$es da Bei de E1ecução >enal e semin-rios regionais e nacionais para

identi*icação de pro"lemas! desa*ios! e1peri%ncias e propostasEm @::!segundo in*ormaç$es do JE2! o pro3eto se trans*ormou em estrat)gia da

 pol,tica de3o&ens e adultos &inculada ao >DE .>lano de Desen&ol&imento da Educação/! por 

meiodos >lanos de 'ção 'rticulada .>'RC>risionais/

ão tr%s as aç$es pre&istas no >'RC>risional5 est,mulo à ela"oração de planosestaduais

de educação no sistema penitenci-rio! *ormação de pro*issionais do sistemaprisional e

aquisição de acer&os às "i"liotecas =oram disponi"ili(ados quatro mil#$es edu(entos mil

reais para que os estados reali(em estas aç$es.2'RREIR'! @::! p@F/Outra iniciati&a que ) importante ressaltar neste cap,tulo ) a integração do 8rasil ao

>ro3eto Eurosocial de Educação em Esta"elecimentos >enitenci-rios! o qual *oi criado no

Hm"ito da cooperação internacional entre a União Europeia e a 'm)rica Batina! e que &isa

contri"uir com a promoção da coesão social por interm)dio do *omento das pol,ticas p4"licas

e da capacidade institucional de gestão ' criação da Rede BatinoC'mericana de Educação em

>ris$es .RedBE2E/ *oi apro&ada por ministros e representantes go&ernamentais de pa,ses

latinoCamericanos respons-&eis pela pol,tica de educação prisional! reunidos em 8elo

?ori(onte no per,odo de @: a @W de no&em"ro de @::F ' Rede ) de*inida como um *0rum

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@

especiali(ado de an-lise! de intercHm"io e de cooperação t)cnica entre pa,ses latinoC

americanos .NOJ'A 8OI'O! @::/

O processo de construção de uma pol,tica educacional! segundo &imos no in,cio deste

cap,tulo! te&e in,cio com as &-rias tentati&as de implantação e adequação em nosso pa,s das

 pol,ticas *ormuladas internacionalmente! entre as quais se destacaram as Regras J,nimas para

o Tratamento de >risioneiros! da ONU! em 9V! que surgiu em consonHncia com o

mo&imento de uni&ersali(ação dos direitos #umanos ap0s a Declaração dos Direitos do

?omem! de 9W

'qui no 8rasil! podemos di(er que quase todas as pol,ticas nacionais! surgiram a partir 

da tentati&a de adaptação! à realidade "rasileira! desse documento internacional O que

ocorreu mais precisamente atra&)s da Resolução n W! de de no&em"ro de 99W! do2onsel#o Nacional de >ol,ticas 2riminal e >enitenci-ria .2N>2/ Outro grande a&anço! em

termos de pol,tica p4"lica! se deu com o lançamento do >rograma Nacional de Direitos

?umanos! em 99F Jas o auge dessas pol,ticas &iria ocorrer mesmo com o lançamento de

dois programas5 o Educando para a Bi"erdade e o >rograma Nacional de egurança >4"lica

com 2idadania .>RON'2I/

=inalmente! podemos destacar nesse sentido o emin-rio Nacional pela Educação nas

>ris$es5 igni*icados e >roposiç$es! e&ento que sinteti(ou os es*orços do JE2! do Jinist)rioda Sustiça .al)m da Representação da UNE2O no 8rasil/! dos quais surgiram as Diretri(es

 Nacionais para a Educação no istema >risional! esta por sua &e( estruturada em tr%s grandes

ei1os5 gestão! articulação e mo"ili(ação Destes! &amos destacar a articulação! pois ) atra&)s

desta que serão encamin#adas as principais aç$es &oltadas para a Educação >risional em

Hm"ito nacional! con*orme &eremos no terceiro cap,tulo

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@9

' 'ÇE D' >OBfTI2' DE EDU2'ÇÃO >RIION'B NO 8R'IB

De acordo com o que &imos at) o momento neste tra"al#o! perce"emos que as pol,ticas

&oltadas para a educação prisional no 8rasil ainda não conseguiram atingir um car-ter 

nacional! apesar das iniciati&as do go&erno *ederal para se c#egar at) esse est-gio

=oi o que constatouJa(uc[e&cs .@:/ egundo essa autora! no 8rasil! #- registros

da educação nos pres,dios desde os anos 9F:! com o*ertas de ensino em quase todas as

unidades da *ederação Entretanto! ela ressalta que essas pr-ticas educati&as nas pris$es

 "rasileiras eram Pdi*usas! locali(adas e residuaisQ

>ara essa mesma autora! atualmente esse cen-rio tem se alterado positi&amente! e

&i&emos um no&o quadro na agenda pol,tica nacional! con*orme e1posto no segundo cap,tulodeste tra"al#o Esse no&o quadro tem in,cio em @::V! com um processo de articulação entre o

Jinist)rio daEducação e o Jinist)rio da Sustiça para construir uma estrat)gia comum para

ae1ecução de pro3etos educacionais no conte1to penitenci-rio "rasileiro! que constituiuum

marco para as pol,ticas de educação prisional no pa,s .J'_U2`EK2! @:/

E ) 3ustamente esse tra"al#o de articulação! tanto interno! entre os 0rgãos! como entre

Estados e Estados e União! que &ai preenc#er uma das principais lacunas na -rea da educação

 prisional! que ) a *alta de articulação entre os 0rgãos que de&eriam atuar com essamodalidade

Essa *alta de um tra"al#o articulado &ai resultar em o"st-culos para a e1ecução das

aç$es! como na distri"uição não uni*orme ou in3usta dos recursos &oltados para atender à

educação prisional! con*orme registrado no segundo cap,tulo deste tra"al#o ; o que con*irma

o Relat0rio PEducação nas >ris$es 8rasileirasQ! segundo o qual o *inanciamento da educação

nas pris$es &aria con*orme o Estado! necessitando de uma orientação nacional mais precisa

>ara aqueles em que a Educação das >ris$es ) &inculada à pol,tica de Educação de So&ens e'dultos! #- os recursos pre&istos no =unde" In*eli(mente! nem todos os Estados nessa

situação acessam taisrecursos para garantir o atendimento ?- estados nos quais o

atendimento ) garantido por meio de recursos do 0rgão do sistema prisional respons-&el pela

educação Ou se3a! nesses casos! a *alta de uma pol,tica articulada

Essas aç$es articuladas se deram "asicamente por iniciati&a dos Jinist)rios da

Educação e da Sustiça Enquanto isso! nos Estados a grande maioria das aç$es se dão atra&)s

de con&%nios entre as ecretarias Estaduais de Educação e as pastas respons-&eis pela

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:

'dministração >enitenci-ria egundo 'guiar .@:@/ esses con&%nios resultaram! na maior parte

das &e(es5

De acordos *ormais e "urocr-ticos sem e1pressar necessariamente uma articulaçãono Hm"ito de uma pol,tica de tratamento penitenci-rio! que le&e em consideração asassist%ncias ao preso pre&istas pela Bei de E1ecução >enal Em alguns lugares asrelaç$es c#egam mesmo a ser tensas e con*lituosas! re&elando não s0 a e1ist%ncia deespaços de disputa pol,tica! mas tam")m di*erentes concepç$es so"re o papel daeducação nas pol,ticas de e1ecução penal .'UI'R! @:@! p W/

Ou se3a! somente a ação isolada das secretarias estaduais! sem um tra"al#o coordenado

em n,&el nacional e intersetorial *ica mais di*,cil encamin#ar as aç$es necess-rias

 Neste cap,tulo! &eremos "asicamente as tr%sgrandes aç$es que estão le&ando a um outro

 patamar a situação da educação prisional "rasileira5 o >ro3eto Educando para Bi"erdade! o>ronasci e o programa >r0CSo&em Ur"ano em Unidades >risionais! os quais se desdo"ram

aç$es locali(adas na -rea da educação prisional no Hm"ito dos Estados! atra&)s das ecretarias

de Educação e demais 0rgãos respons-&eis pela o*erta dessa modalidade de ensino e pela

administração penitenciaria

3.1 O Projeto Educando para a Liberdade

O >ro3eto Educando para Bi"erdade nasceu em @::V.2'RREIR'!@::9! p@9/ e )

resultado de uma parceria entre Jinist)rio da Sustiça .JS/ e o Jinist)rio da Educação .JE2/

que contou inicialmente com o apoio da Unesco! atra&)s da sua representação no 8rasil '

#ist0ria do pro3eto e suas principais aç$es! que incluem a reali(ação de semin-rios! de"ates!

 pu"licaç$es! *inanciamento de pro3etos educacionais nos estados! al)m articulaç$es nacionais

e internacionais em torno da tem-tica da educação em pris$es! estão registradas com detal#es

em duas pu"licaç$es da .UNE2O! @::F e @::9/

Esse pro3eto surgiu atra&)s da articulação entre a 2oordenação eral de Ensino doDepartamento >enitenci-rio Nacional .DE>ENGJS/ e a Direção de Educação de So&ens e

'dultos da então ecretaria de Educação 2ontinuada! 'l*a"eti(ação e Di&ersidade

.E2'DGJE2/ e inaugurou uma no&a *orma de *a(er pol,tica penitenci-ria nos estados!

&isando ao atendimento educacional da população pri&ada de li"erdade! al)m de contri"uir 

 para a regulamentação e normati(ação da o*erta de ES' nos esta"elecimentos penais do pa,s

De acordo com 'guiar .@:@/! o conte1to de surgimento desse pro3eto em @::V re&ela

um a&anço das pol,ticas de e1ecução penal adotadas pelo Jinist)rio da Sustiça naquelaocasião! que passam a recon#ecer que a demanda por atendimento educacional nas unidades

7/26/2019 A Educação Prisional No Brasil O Que Propõe a Política NacionaL

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 penais do pa,s representa&a não s0 a necessidade de a*irmação de um direito garantido pela

Bei de E1ecução >enal! no Hm"ito das assist%ncias aos apenados! com &istas à redução das

suas condiç$es de &ulnera"ilidade! como tam")m a necessidade de indução! 3unto aos estados!

de no&as pol,ticas de gestão penitenci-ria que não considerassem as pris$es apenas como

espaços de con*inamento de pessoas .'UI'R! @:@/

2omo se pode dedu(ir! 3- temos a, uma &isão a&ançada em relação ao papel da

educação prisional no pa,s! recon#ecendo esta não apenas como uma *orma de ressociali(ar 

ou Premorali(arQ o preso! mas como a garantia de e1erc,cio de um direito seu! não apenas de

ter acesso à educação! como de ter direito! atra&)s da educação! da progressão penal e do

cumprimento de penas alternati&as

 No Hm"ito do Jinist)rio da Educação! por sua &e(! a pr0pria criação da ecad! em@::W! representou a disposição das pol,ticas de educação em incorporar as tem-ticas da

di&ersidade e inclusão social nos programas de atendimento educacional à população

 "rasileira com "ai1a escolaridade! recon#ecendo os di*erentes su3eitos da ES' que se

di*erenciam por g%nero! geração! locali(ação! região geogr-*ica e etniaGraça! sendo! portanto!

a o*erta de educação para o p4"lico 3o&em e adulto em situação de pri&ação de li"erdade um

no&o desa*io assumido por essa ecretaria .'UI'R! @:@/

' presença da Unescocomo apoiadora e parceira do pro3eto *e( com que as aç$es dosdois minist)rios pudessem ser inclu,das como parte dos compromissos internacionais

assumidos pelo 8rasil em acordos internacionais e a educação de 3o&ens e adultos *osse

tratada no Hm"ito dos direitos #umanos *undamentais

' participação da Unescotam")m se 3usti*ica&a pelo apoio dado ao go&erno *ederal

no cumprimento das metas esta"elecidas no Jarco de Dacar de Educação para Todos

.@:::/ e no Hm"ito da D)cada das Naç$es Unidas para a 'l*a"eti(ação .@::C@:@/ '

decisão so"re a escol#a dos Estados parceiros do pro3eto Educando para Bi"erdade em sua *aseinicial le&ou em consideração o compromisso que alguns go&ernos estaduais #a&iam assumido

*ormalmente para o cumprimento dos o"3eti&os da D)cada da 'l*a"eti(ação 's primeiras aç$es

do pro3eto! segundo 'guiar .@:@/! consistiram no mapeamento das aç$es de educação em

 pris$es implementadas pelos go&ernos do 2ear-! oi-s! >ara,"a! Rio de Saneiro e Rio rande

do ul! incluindo &isitas a unidades penais desses estados

'p0s a &isita aos Estados *oi reali(ada uma primeira o*icina em 8ras,lia! reunindo

gestores das ecretarias de Educação e de gestão penitenci-ria dos estados participantes '

o*icina! que para muitos representou uma primeira ação articulada entre as secretarias

estaduais! pretendeu ampliar para os Estados a relação entre as duas pastas! con*orme 3-

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@

&in#a ocorrendo com as es*eras *ederais Nesse momento iniciaCse tam")m uma proposta de

*inanciamento com recursos dos dois minist)rios para o apoio de pro3etos que

contemplassem as seguintes lin#as de in&estimento5 apoio à coordenação da o*erta de

educação no sistema prisionalA *ormação dos pro*issionais en&ol&idos na relação deensinoC

aprendi(agem .educadores e agentes penitenci-rios/ e ela"oraçãoGimpressão de material

did-tico .'UI'R! @:@/

 Na primeira o*icina em 8ras,lia te&e in,cio tam")m o processo de organi(ação dos

emin-rios Regionais que seriam reali(ados nos Estados parceiros do >ro3eto Educando

 para Bi"erdade! agregando tam")m os estados &i(in#os Desse modo *oram reali(ados cinco

semin-rios nos estados5 Rio de Saneiro .@::V/! oi-s! Rio rande do ul! >ara,"a e 2ear-

.@::F/! agregando os estados de Tocantins! Jato rosso! Jato rosso do ul! >aran-!anta 2atariana! >ernam"uco! Rio rande do Norte! >iau, e Jaran#ão

Esses encontros! que *oram c#amados de emin-rios de 'rticulação Nacional e

2onstrução de Diretri(es para a Educação no istema >enitenci-rio! tin#am uma dupla

*unção5 de um lado coletar su"s,dios para uma pol,tica de orientação nacional para a

educação nas pris$esA de outro *a&orecer e incenti&ar a apro1imação entre os gestores da

educação e da administração penitenci-ria dos estados participantes Os emin-rios

Regionais contaram com a participação de gestores &inculados às pastas de educação eadministração penitenci-ria al)m de educadores! agentes penitenci-rios! pesquisadores e

especialistas

2onsiderando que o o"3eti&o desses semin-rios era ou&ir todos os en&ol&idos com a

educação em pris$es! o"3eti&ando a construção de diretri(es educacionais para o sistema

 penitenci-rio! era preciso tam")m ou&ir os internos e as internas do sistema Diante das

di*iculdades ou at) impossi"ilidades de deslocamento desses! lançouCse mão de um acordo

de cooperação entre o Depen e o 2entro de Teatro do Oprimido do Rio de Saneiro .2TO/

O Teatro do Oprimido! criado pelo teatr0logo 'ugusto 8oal! tem como "ase de suas

concepç$es e *undamentos a educação popular! pois suas origens remontam às e1peri%ncias do

Jo&imento de 2ultura >opular do Reci*e dos anos de 9F:! ao qual esti&eram &inculados >aulo

=reire e muitos outros educadores de adultos Um dos pro3etos e campos de atuação do 2TO ) o

>ro3eto Teatro do Oprimido nas >ris$es! que em @::V conta&a com o apoio do DE>EN Esse

>ro3eto utili(a uma t)cnica de e1pressão art,stica! o TeatroC=0rum! em que se elege uma

determinada situação ou realidade e os participantes! trans*ormados em atores e atri(es!

impro&isam situaç$es que le&am à trans*ormação dessa realidade

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2omo parte do processo de escuta dos en&ol&idos com educação em pris$es!

 promo&ido pelo pro3eto Educando para Bi"erdade! *oram reali(adas pelo 2TO cinco

consultas a #omens e mul#eres presos que permitiram que quest$es importantes relati&as às

 pr-ticas educati&as nas pris$es tra(idas por esses grupos *ossem contempladas nas

discuss$es dos emin-rios Regionais Uma das principais quest$es tra(idas pelos internos e

internas do sistema penitenci-rio re*ereCse à m- &ontade com que os agentes penitenci-rios

condu(em os presos de suas celas e galerias para o espaço da escola Eles tam")m

denunciam que os li&ros e cadernos são comumente destru,dos quando #- o Pcon*ereQnas

celas

' consulta reali(ada no Rio de Saneiro *oi registrada em meio digital! contando para

isso com o apoio da equipe do O"ser&at0rio de =a&elas! e apresentada aos participantes do Iemin-rio Nacional pela Educação em >ris$es! reali(ado em 8ras,lia! em 3ul#o de @::F O I

emin-rio Nacional de Educação em >ris$es! al)m de reunir os gestores da educação e da

e1ecução penal! educadores e agentes penitenci-rios dos estados &inculados ao >ro3eto

Educando para Bi"erdade! contou com a adesão de representantes de todos os estados

 "rasileiros! instituiç$es não go&ernamentais comprometidas com a educação em pris$es e

organismos internacionais e especialistas estrangeiros so"re o tema .'UI'R! @:@/

2omo parte das ati&idades deste I emin-rio! *oi reali(ado um atoCde"ate em apoio àremição de pena pelo estudo! que *a&oreceu uma primeira apro1imação do >ro3eto com

representantes do Sudici-rio e com o 2onsel#o Nacional de >ol,tica 2riminal e >enitenci-ria

Os resultados do I emin-rio de Educação em >ris$es! sistemati(ados pela UNE2O

.@::F/! consolidaram a proposta de diretri(es nacionais para uma o*erta de educação em

 pris$es! posteriormente a&aliada e apro&ada pelo 2onsel#o Nacional de >ol,tica 2riminal e

>enitenci-ria e 2onsel#o Nacional de Educação! so" o t,tulo de PDiretri(es Nacionais para a

o*erta de educação para 3o&ens e adultos em situação de pri&ação de li"erdade nos

esta"elecimentos penaisQ .8R'IB! @::/

'inda como resultado das primeiras aç$es e articulaç$es do >ro3eto Educando para

Bi"erdade! o tema da educação em pris$es passou a *a(er parte da agenda pol,tica dos

=0runs Estaduais de Educação de So&ens e 'dultos! importantes instHncias de articulação!

que re4nem di*erentes atores &inculados à ES' comprometidos com as pol,ticas p4"licas

desse segmento e sua o*erta de qualidade O tema passou a *igurar nas recomendaç$es

e1tra,das dos Encontros Nacionais de Educação de So&ens e 'dultos .ENES's/ e! nos anos

de @:: e @::9! *oi inclu,do na pauta dos encontros regionais preparat0rios para a KI

2ON=INTE'

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W

's aç$es do pro3eto *oram ainda apresentadas em uma o*icina no =0rum Jundial de

Educação em No&a Iguaçu! no Rio de Saneiro! em @::F e! no mesmo ano! a educação em

 pris$es *oi contemplada com dois artigos de um n4mero especial da re&ista  Alfabetização e

idadania que tratou da Di&ersidade do >4"lico da ES' .R'''8! n 9! @::F/

2on*orme il&a .@::9/! no campo das pol,ticas p4"licas e da e*eti&ação do direito à

educação em espaços de pri&ação de li"erdade! *oi assinado em setem"ro de @::V um protocolo

de intenç$es entre o Jinist)rio da Sustiça e o Jinist)rio da Educação que ampliou as

 possi"ilidades de *inanciamento de pro3etos educacionais nos estados com recursos de am"os os

minist)rios! o que! ao n,&el dos Estados! tem alterado de modo consider-&el o padrão de

in&estimentos p4"licos na educação em pris$es .IBK'! @::9/

Em @::! a Resolução n WVG@:: do =undo Nacional de Desen&ol&imento daEducação .=NDE/ inclui remuneração especial para al*a"eti(adores do >rograma 8rasil

'l*a"eti(ado que atendam à população carcer-ria

Desde @::F! o JE2 tem estimulado tam")m que o E1ame Nacional do Ensino J)dio

.ENEJ/ se3a aplicado em pres,dios do pa,s No primeiro ano o e1ame *oi reali(ado em

 pres,dios de oito estados "rasileiros! atendendo aos internos de W unidades penais Entre

outras conquistas! o e1ame a"re camin#o para a o*erta de educação superior nas pris$es

' o*erta da Educação uperior est- pre&ista agora nas PDiretri(es Nacionais5 educação

em pris$esQ! cu3o artigo @! em sua @ recomendação! a*irma que Pde&em ser garantidas

condiç$es de acesso e perman%ncia na Educação uperior .graduação e p0sCgraduação/! a

 partir da participação em e1ames de estudantes que demandam esse n,&el de ensino!

respeitadasas normas &igentes e as caracter,sticas e possi"ilidades dos regimes de

cumprimento de pena pre&istas pela Bei n @:GWQ .8R'IB! @::! p /

Em @::! a ecade a Unesco! em parceria com a ON 'l*a"eti(ação olid-ria!

 promo&eram um concurso liter-rio para pessoas presas O concurso PEscre&endo a

Bi"erdadeQ te&e cerca de ::: inscritos 'p0s uma triagem inicial *oram selecionados os

: mel#ores tra"al#os! que *oram su"metidos a dois 34ris5 um composto pelo pessoal da

 pr0pria ecade Depene outro! atra&)s da internet! en&ol&endo a sociedade ci&il como um

todo Um dos principais m)ritos desse concurso! al)m de todo o e*eito que ele e1erceu so"re

as pessoas presas! *oi o de colocar a sociedade em contato com uma realidade que ela pouco

con#ece! sendo tal realidade descrita pelos pr0prios internos e internas do sistema

 penitenci-rio

' segunda *ase do >ro3eto Educando para Bi"erdade! iniciada no segundo semestre de

@::F! deu continuidade às mesmas estrat)gias de articulação entre as pastas de educação e

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V

e1ecução penal! reali(ando tr%s semin-rios regionais .um no Nordeste! um no NorteG2entroC

Oeste e um no ulGudeste/! e ampliou sua atuação para os estados do 'cre! >ar-!

Jaran#ão! >ernam"uco! Esp,rito anto e Jato rosso do ul 'o *inal dessa rodada nas

regi$es *oi reali(ado o II emin-rio Nacional + 2onsolidação das Diretri(es para a

Educação no istema >enitenci-rio o"re essa segunda *ase! 'guiar ressalta que5

'l)m da consolidação das Diretri(es! o que se espera&a dessa no&a onda demo"ili(ação das redes *ormadas nos Estados e regi$es "rasileiras seria um >lano

 Nacional de Educação de So&ens e 'dultos nas >ris$es! com o o"3eti&o de incluir de*initi&amente a educação em pris$es no Hm"ito das pol,ticas de Estado que &isamao atendimento educacional do p4"lico 3o&em e adulto com "ai1a escolaridade 'ES' est- #o3e "ali(ada por importantes instrumentos que se! por um lado! não são agarantia de uma o*erta de educação de qualidade! por outro! ser&em aos gestorescomprometidos com as pol,ticas de e*eti&ação de direitos! como importante

instrumento de luta .'UI'R! @:@! p V! V/

' Bei de Diretri(es e 8ases da Educação Nacional .BD8/ assegura a gratuidade da

ES'! na condição de modalidade da educação "-sica! garantindo oportunidades educacionais

apropriadas para o seu p4"lico O >lano Nacional de Educação .>NE/! por sua &e(! incluiu a

ES' na agenda pol,tica do pa,s e incorpora metas que &%m sendo de*endidas #istoricamente

 pelos mo&imentos em de*esa da escola p4"lica No que se re*ere à ES'! *oram de*inidas @F

metas priorit-rias a serem cumpridas at) @: O outroinstrumento de que podem lançar mão

os gestores para garantir a o*erta de educação ao p4"lico 3o&em e adulto ) o =undo Nacional

de Desen&ol&imento da Educação 8-sica e Kalori(ação do Jagist)rio .=UNDE8/! que regula

a pol,tica de *inanciamento da educação! incluindo o p4"lico da ES'

'l)m disso! em @:: o Jinist)rio da Educação criou o >lano de Desen&ol&imento da

Educação .>DE/! que tem papel estrat)gico no desen&ol&imento da pol,tica educacional no

 pa,s! uma &e( que apresenta e disponi"ili(a di*erentes programas com &istas à adesão dos

entes *ederados! dando maior instrumentalidade ao >lano Nacional de Educação Esse plano )

descrito da seguinte *orma no documento PEducação em pris$es na 'm)rica Batina5 direito!

li"erdade e cidadaniaQ! da Unesco5

O >DE est- sustentado numa concepção de educação que perpassa todos os n,&eis emodalidades educacionais e atende à l0gica do direito à educação! &oltada para aorgani(ação e e1ecução dos o"3eti&os repu"licanos presentes na 2onstituição ./Equali(ar o acesso a uma educação de qualidade signi*ica e1plicitamente contemplar os di&ersos segmentos populacionais! entre eles os 3o&ens e adultos pri&ados deli"erdade >ortanto! a tem-tica da educação de 3o&ens e adultos em pris$es est-intrinsecamente contemplada no >DE ' "usca pela equidade passa por um resgateda d,&ida #ist0rica com aqueles que não conseguiram completar o ensino

*undamental! tanto os que se encontram em escolas quanto *ora delas! tanto os quese encontram em li"erdade quanto os que este3am em esta"elecimentos penais.UNE2O! @:@! p @/

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F

'o recon#ecer o direito à educação da população prisional e ao apoiar aç$es que &isem

à estruturação e à implementação de uma pol,tica de Estado de educação em pris$es na

modalidade de educação de 3o&ens e adultos! segundo a UnescoPo Jinist)rio da Educação

recon#ece a necessidade de a&ançar com a ES' em conte1tos espec,*icos! e1igindo no&as

 parcerias e no&os arran3os institucionais! tendo no >DE um *erramental para indu(ir a tais

o"3eti&osQ .UNE2O! @::9! p @W/

>ara 'guiar .@:@/! a inclusão da educação de pessoas pri&adas de li"erdade no campo das

 pol,ticas p4"licas de educação de 3o&ens e adultos representa um gan#o para essa tem-tica so"

di*erentes aspectos

 No campo da garantia de direitos! sa"emos que ainda são muitos os desa*iosimpostos à ES' em nosso pa,s e que ainda ) grande o d)*icit educacional da população com V anos ou mais Em @::9 a ta1a de demanda de ES' que )calculada pela proporção da população com mais de @V anos de idade e menos deoito anos de estudo era de VW!@@M .UNE2O! @::9! p 9/! por outro lado! temosnessa modalidade consider-&eis a&anços registrados nos 4ltimos anos!

 principalmente no que se re*ere à construção de pol,ticas para institucionali(açãodessa modalidade! se3a em n,&el *ederal ou dos estados.'UI'R! @:@! p V/

Diante dessas in*ormaç$es! e poss,&el a*irmar que o tra"al#o reali(ado pelo >ro3eto

Educando para Bi"erdade &ai na mesma direção da construção de pol,ticas que &isam à

institucionali(ação da o*erta de educação em pris$es Jas isso não a*asta o desa*io imposto a

esse no&o segmento! que )! segundo 'guiar .@:@/ o de conciliar os interesses e concepç$es

que *undamentam as pol,ticas educacionais &oltadas para o p4"lico 3o&em e adulto pri&ado de

li"erdade com as pol,ticas de gestão penitenci-ria &igentes em nosso pa,s

Elionaldo Sulião .@::9/! em sua tese de mestradoP' ressociali(ação atra&)s do estudo e

do tra"al#o no sistema penitenci-rio "rasileiroQ! de*ende uma aplicação trans&ersal das aç$es

&oltadas a educação no Hm"ito dos pres,dios >ara ele! a maneira como o pro3eto Educando

 para a Bi"erdade &em propondo a discussão do direito à educação nas pris$es requer que elase3a pensada não de *orma isolada! mas na perspecti&a do acesso das pessoas presas a outras

oportunidades no interior das pris$es! como o acesso ao tra"al#o! à cultura e a tudo aquilo que

l#es *ortaleça nos processos que &isam à sua reinserção social ap0s o cumprimento da pena! o

que signi*ica a*irmar que a e*eti&ação do direito à educação nas pris$es Ppressup$e a

ressigni*icação das pol,ticas de gestão penitenci-riaQ .SUBIÃO! @::9! p /

' partir do que *oi &isto at) agora neste tra"al#o! ) poss,&el perce"er que o >ro3eto

Educando para a Bi"erdade te&e a&anços no ponto de &ista legal! em que podemos citar asPDiretri(es Nacionais para educação em pris$esQe a Bei da Remição da pena pelo estudo Jas a

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 principal conquista! sem d4&ida! ) a grande rede de mo"ili(ação criada nos

Estados!en&ol&endo as secretarias de educação e de gestão penitenci-ria para a construção de

uma pol,tica de Estado no campo da educação em pris$es

De acordo com il&a .@::9/! atra&)s do respaldo na lei e com a pressão da mo"ili(ação

e a articulação de gestores comprometidos! podeCse di(er que a construção das pol,ticas de

educação nas pris$es se inscre&e #o3e no mesmo patamar da construção de qualquer outra

 pol,tica p4"lica em nosso pa,s! com a&anços e retrocessos que! ser&indo ao menos para criar 

constrangimentos pol,ticos para os que pretendem ignorar sua importHncia e urg%ncia

./ em"ora a reali(ação de PdireitosQ dependa em grande medida do compromissodos gestores p4"licos! os grupos e as organi(aç$es que "uscam consolidar agendasde pol,ticas p4"licas "aseadas em PdireitosQ não precisam esperar at) a posse da

 pessoa certa Em &e( disso! eles podem impor constrangimentos pol,ticos! sociais einstitucionais a quem quer que ten#a sido empossado .IBK'! @::9! p F/

 No Hm"ito internacional o >ro3eto Educando para Bi"erdade tem contri"u,do para

importantes articulaç$es com organismos internacionais como a UNE2O! a Organi(ação dos

Estados I"eroC'mericanos .OEI/ e a União Europeia na es*era docons0rcio EUROsocialC

'm)rica Batina Em @::F a E2'D prop<s e a OEI e o cons0rcio EUROsocial apoiaram a

criação da RedBationoamericana de Educaci0nen 2onte1to de Encierro .RedBE2E/ W! que

tem se constitu,do como importante espaço para que pa,ses da 'm)rica Batina e Europa possam intercam"iar e1peri%ncias e documentos! al)m de se *ortalecerem 3unto a seus

go&ernos na luta pela e*eti&ação do direito à educação em espaços de pri&ação de li"erdade

>articipam dessa rede5 'rgentina! 8rasil! 2ol<m"ia! 2osta Rica! Equador! El al&ador!

?onduras! J)1ico! >araguai! >eru e Uruguai .'UI'R! @:@! p F:/

@ >rograma Nacional de egurança com 2idadania .>RON'2I/5 2oncepç$es e >r-ticas

' criação do >rograma Nacional de egurança com 2idadania! o>ronasci!lançado em

agosto de @:: pelo go&erno *ederal! inaugurou um paradigma nas pol,ticas de segurança

 p4"lica no 8rasil! propondo a articulação de pol,ticas de segurança com aç$es sociais que

 priori(am a pre&enção e procuram agir onde estão as poss,&eis causas que le&am à &iol%ncia

Tudo isso sem a"rir mão das estrat)gias de ordenamento social e segurança p4"lica! agindo de

*orma repressi&a onde tal ação se *aça necess-ria O programa! cu3a proposta de e1ecução

considera a parceria com os Estados e munic,pios! ) &isto como "astante ino&ador ao incluir nas

suas diretri(es .'UI'R! @:@! p F/5

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• a promoção dos Direitos ?umanos! intensi*icando uma cultura de pa(! de apoio

ao desarmamento e de com"ate sistem-tico aos preconceitos de g%nero! )tnico!

racial! geracional! de orientação se1ual e de di&ersidade culturalA

• a &alori(ação dos pro*issionais de segurança p4"lica e dos agentes

 penitenci-riosA

• a participação de 3o&ens e adolescentes! de egressos do sistema prisional! de

*am,lias e1postas à &iol%ncia ur"ana e de mul#eres em situação de &iol%nciaA

• a promoção de estudos! pesquisas e indicadores so"re a &iol%ncia que

considerem as dimens$es de g%nero! )tnicas! raciais! geracionais e de orientação

se1ualA

• e a garantia da participação da sociedade ci&il

2om o o"3eti&o de redu(ir a &iol%ncia letal! considerando as caracter,sticas desse tipo

de &iol%ncia! que continua tendo os 3o&ens como seus principais atores e &,timas! *oram

esta"elecidos quatro *ocos priorit-rios dos pro3etos e aç$es que comp$e o programa5

• =oco et-rio5 V a @W anosA

• =oco social5 3o&ens e adolescentes egressos do sistema prisional ou em situação de

rua! *am,lias e1postas à &iol%ncia ur"ana! &,timas da criminalidade e mul#eres em

situação de &iol%nciaA

• =oco territorial5 regi$es metropolitanas e aglomerados ur"anos que apresentem

altos ,ndices de #omic,dios e de crimes &iolentosA

• =oco repressi&o5 com"ate ao crime organi(ado

egundo 'guiar .@:@/! com "ase em dados do Instituto de Estudos ocioecon<micos

.INE2/! ON que atua na promoção e garantia dos direitos #umanos! inicialmente *oramcriados quatro pro3etos principais para e1ecução das aç$es do >rograma! *icando claro! desde

o in,cio! que outros pro3etos seriam criados posteriormente egundo essa ON! o

>ronascic#egou a ter mais de no&enta aç$es di*erentes alocadas em di&ersos pro3etos! mesmo

que muitos deles não ten#am sa,do do papel .INE2! @::/

Os quatro pro3etos originais são5 / Reser&ista 2idadãoA @/ >roteção de So&ens em

Territ0rios Kulner-&eisA / >ro3eto Jul#eres da >a(A e W/ 8olsa =ormação

egundo os estudiosos do tema da segurança p4"lica! a principal &irtude do >ronasci)de ser o primeiro programa de a"rang%ncia nacional que pretende atuar Ponde não #a&ia nada

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9

ou quase nadaQ ua segunda &irtude est- no prop0sito de articular aç$es de pre&enção e

 promo&er a quali*icação das aç$es policiais .repressão e in&estigação/ ' terceira &irtude P) a

disposição! pela primeira &e(! de orientar os recursos e as aç$es do >rograma segundo

indicadores o"3eti&os de &itimi(ação por &iol%nciaQ .INE2! @::! p @/

O pro"lema ) que! no in,cio de @::9! o >ronascite&e um corte de WM em seu

orçamento geral .na ordem de Rh !@ "il#ão/ como parte de a3uste do go&erno *ederal *rente à

crise econ<mica glo"al Esse corte! que pode ter representado um en*raquecimento das

 propostas do >rograma! re&ela tam")m que as pol,ticas de segurança! por mais "em

intencionadas que se3am! estão longe de ser uma prioridade em nosso pa,s

 Na an-lise reali(ada do >rograma pelo INE2! um dos *atores que pode ter contri"u,do

 para di*icultar a e1ecução do >rograma *oi Pa di*iculdade de gerar aç$es articuladas nosestados e munic,pios! e1atamente porque esses n,&eis *ederati&os não desen&ol&eram ainda

&is$es integradas e sist%micas so"re a segurançaQ .INE2! @::! p @/

Em outro trec#o essa mesma constatação so"re a incapacidade de gerar aç$es

articuladas ) alegada pelos t)cnicos do Inesc5

' proposta de gestão compartil#ada com os entes da *ederação e deintersetorialidade no n,&el da União ainda ) um camin#o a ser percorrido O *ato denão ter conseguido implementar essa no&a &isão le&ou o >ronasci! neste curto

espaço de dois anos de e1ecução! ao a"andono de pro3etos essenciais a um programaque pretende aliar segurança p4"lica com cidadania.INE2! @::! p /

E *inali(ando essa a&aliação do Inesc! esse 0rgão *a( um resumo do que tem sido o

>ronasci at) o momento5

'pesar da sua concepção ino&adora! o >ronasci se mostra insu*iciente para en*rentar o quadro comple1o da &iol%ncia instaladano >a,s Isto porque sua concepção inicial!tradu(ida na lei que ocriou! *oi a"andonada ao se pro3etar as aç$es e os pro3etos quede&eriam colocar em pr-tica as ideias conce"idas 'l)m disso! os constantes

 pro"lemas de gestão! principalmente de articulação entre os0rgãos en&ol&idos no

>rograma! impediram que #ou&esse uma e1ecução orçament-ria pelo menosra(o-&el do que *oi programado .INE2! @::! p @/

'guiar esclarece que o>ronasci) um programa cu3a criação *oi amplamente di&ulgada

 pelo go&erno *ederal e *este3ada por aqueles que creem em uma no&a pol,tica de segurança

 para o pa,s E *inali(a! com as seguintes pala&ras5

2omo não e1istem not,cias o*iciais so"re o *im do >rograma! esperaCse ainda que ele possa se reapro1imar das concepç$es que o *undamentaram na sua criação e possa*inalmente contri"uir para en*rentarmos o gra&e pro"lema da &iol%ncia em nosso

 pa,s le&ando em consideração di*erentes *atores que não somente as aç$es derepressão.'UI'R @:@! p FV/

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W:

O >r0CSo&em Ur"ano em Unidades >risionais

O >r0CSo&em Ur"ano em Unidades >risionais .>SU>/ ) o resultado de um termo decooperação *irmado no ano de @:: entre a ecretaria Nacional de Su&entude! que est-

&inculada à ecretariaCeral da >resid%ncia da Rep4"lica e o Departamento >enitenci-rio

 Nacional + DE>ENGJinist)rio da Sustiça! no Hm"ito das aç$es do >rograma Nacional de

egurança com 2idadania .>RON'2I/

Em @::9! o >SU> *oi implantado! em car-ter e1perimental! em tr%s Estados "rasileiros5

'cre! >ar- e Rio de Saneiro! atendendo inicialmente a um p4"lico de VF: 3o&ens

O >SU> pre&% a conclusão do ensino *undamental! com uma carga #or-ria de 9F

#oras! distri"u,das em tr%s ciclos! com duração de seis meses cada 'l)m da educação

*undamental! os 3o&ens rece"em quali*icação pro*issional com carga #or-ria de @W #oras e

 participam de ati&idades que &isam ao resgate da cidadania! com carga #or-ria de #oras

'o todo são @W #oras! ao longo de de(oito meses >re&% ainda ati&idades de inclusão

digital! atra&)s de la"orat0rio de in*orm-tica instalado nas unidades penais! e uma "olsaC

au1,lio no &alor de Rh ::!:: ao m%s condicionada à *requ%ncia dos alunos às aulas .m,nimo

de VM ao m%s/ e à entrega dos tra"al#os pre&istos No caso dos alunos de unidades

 prisionais! a "olsa ) repassada para um parente indicado pelo "olsista De acordo com a

 proposta de adequação ao conte1to prisional! o programa ) "aseado em tr%s dimens$es! que

são5 Ele&ação de Escolaridade! 7uali*icação >ro*issional e >articipação 2idadã

Tabela 1 – Organização da Carga Horária

=onte5 #ttp5GG\\\pro3o&emgo&"rGsiteG

Tabela – !etal"a#ento da Carga Horária $e#anal na% $ei% &nidade%

'or#ati(a%

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=onte5 #ttp5GG\\\pro3o&emgo&"rGsiteG

3.3.1 Ele(ação de e%colaridade

2onsiderando que o n,&el de escolaridade da população carcer-ria no 8rasil ) "astante "ai1o! pois! como 3- *oi &eri*icado anteriormente! quase :M desta população não possui o

ensino *undamental completo! e tomando como e1emplo a realidade das escolas "rasileiras!

'guiar .@:@/ a*irma que um 3o&em que possui esse n,&el de escolaridade! sal&o e1ceç$es!

não tem o dom,nio pleno do uso da leitura e da escrita! ainda que no seu dia a dia ele se3a

capa( de *a(er o uso *uncional desses instrumentos quando ) preciso! por e1emplo! tomar um

<ni"us! pagar uma conta em um "anco ou mesmo escre&er um "il#ete

2onsiderando a realidade dos espaços de pri&ação de li"erdade! onde o contato como mundo letrado ) mais limitado! a tend%ncia ) que! com o tempo! os indi&,duosadquiram maior grau de di*iculdade nouso da leitura e da escrita e passem adepender cada &e( mais de outras pessoas para utili(ação desses instrumentos ./7uando se os questionam so"re a importHncia de sa"er ler e escre&er nas pris$es! osinternos costumam destacar 3ustamente a necessidade de maior autonomia para

 poderem acompan#ar o desdo"ramento de seus processos criminais e maior  pri&acidade no momento de escre&er uma carta para um *amiliar ou amigo! como*orma de resguardar sua indi&idualidade e seus pr0prios canais de e1pressão .'UI'R! @:@! p F/

'inda segundo in*ormaç$es do autor supracitado! essa necessidade de se e1pressarem por 

meio da escrita! podendo manter &,nculos com a sociedade! pode ser compro&ada pela Ou&idoria

do Departamento >enitenci-rio Nacional .DE>EN/ 2riado em @::W pelo go&erno *ederal! esse

0rgão rece"e diariamente de(enas de cartas en&iadas por indi&,duos presos de di*erentes partes do

8rasilJuitas dessas cartas são pedidos de re&isão de pena e assist%ncia 3ur,dica! outras são

apenas desa"a*os! desen#os ou gra*ites que e1pressam o dese3o desses indi&,duos de

romperem com a solidão na qual "uscam preser&ar sua indi&idualidade .'UI'R! @:@/

Dessa *orma! de*ende o autor a importHncia desse con#ecimento para os 3o&ens pri&ados de

li"erdade! os quais! com a possi"ilidade de adquirir no&os con#ecimentos! de poder re*letir e

discutir Pso"re quest$es da atualidade por meio de te1tos di&ersos que retratam a situação

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dos3o&ens no 8rasil e no mundo! transitando pelas di*erentes -reas de con#ecimento e *a(endo

cone1$es entre elas! gan#a um no&o sentido para os 3o&ens pri&ados de li"erdadeQ .I"id/

3.3. )uali*icação Pro*i%%ional

' e1peri%ncia do >r0CSo&em original mostrou que esta )! entre as tr%s dimens$es do

>rograma! a que mais atrai e moti&a os 3o&ens para ingressarem e participarem dessa

 proposta Isso porque! na &isão dos 3o&ens! ela representa a possi"ilidade de ingresso no

mercado de tra"al#o Esta e a impressão de 'guiar! segundo o qual5

 No caso dos 3o&ens pri&ados de li"erdade! &imos que o tra"al#o nas pris$es aparece

como algo dese3-&el e uma prioridade E! Pcomo não #- tra"al#o para todosQ! a participação em um curso que o*erece quali*icação pro*issional pode representar  para eles a possi"ilidade de acesso a ati&idades la"orais dentro do pr0prio espaço da prisão! mas tam")m como algo que concretamente contri"uir- no seu processo dereinserção social.'UI'R! @:@! pF/

O conte1to prisional aca"a por impor limitaç$es ao desen&ol&imento pleno da proposta

de quali*icação do >r0CSo&em Ur"ano! uma &e( que #a&er- restriç$es para escol#a dos arcos

ocupacionaiso*erecidos pelo programa! al)m de restriç$es que impedirão os alunos de

 participarem de est-gios ou aulas pr-ticas No entanto! as restriç$es impostas pela estrutura de

segurança das unidades prisionais não es&a(iam a quali*icação pro*issional em sua concepção

e seus o"3eti&os Recon#ecer! repensar! &alori(ar! construir e reconstruir con#ecimentos e

no&os sentidos acerca do mundo do tra"al#o! e1plorando a dimensão mais su"3eti&a da

quali*icação pro*issional! constituem o"3eti&os dessa dimensão no interior das unidades

 penais

3.3 Participação Cidadã

 No >r0CSo&em Ur"ano a Pparticipação cidadãQ )! segundo 'guiar .@:@/! a Pdimensão

*ormati&aQ &oltada à educação para a cidadania e se reali(a com a Ppromoção da relação do

 3o&em com o meio social em que est- inseridoQ >ara isso! o programa apresenta o que o autor 

c#ama de um Ppercurso pedag0gicoQ para que os 3o&ens construam coleti&amente um

con#ecimento mais apro*undado de suas comunidades! *oquem uma situação de interesse

comum a cada turma! desen&ol&am um plano de ação e reali(em uma e1peri%ncia educati&a

de plane3amento! e1ecução! a&aliação e sistemati(ação de uma ação comunit-ria &oltada àsquest$es de interesses coleti&os

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 Nas unidades prisionais! a aposta do >SU> ) que essa dimensão con3ugue a re*le1ãoso"re a realidade social e local! a ampliação de con#ecimentos e in*ormaç$es so"redireitos e a promoção de &i&%ncias coleti&as! di-logos e interaç$es TrataCse dereunir e partil#ar re*er%ncia do conte1to social e cultural de pertencimento dos

 3o&ens e das e1peri%ncias que estão &i&enciando no am"iente prisional! de *orma a propiciar a articulação entre as dimens$es pessoal e coleti&a! entre o local e o glo"al!alargando sua &isão de mundo e a re*le1ão so"re sua participação na sociedade.'UI'R! @:@! p F9/

Ele de*ende a participação social como o principal elemento dessa dimensão! e que

 para tra"al#ar o e1erc,cio da cidadania! no Hm"ito das unidades prisionais! este e1erc,cio tem

que ser compreendido so" a 0tica das *ormas de participação no meio social em que os 3o&ens

estão inseridos! o que signi*ica colocar em *oco os modos de socia"ilidade e de pacto em

torno do que ) de interesse coleti&o! do "em comum

Dessa *orma! o autor! esclarece que! por meio de uma metodologia participati&a! adimensão da participação cidadã tem a intenção de inter*erir! interagir e! de alguma*orma! contri"uir para a con&i&%ncia entre presos! presos e agentes penitenci-rios!

 presos e suas *am,lias!Pestimulando a construção de e1peri%ncias positi&as que propiciem no&os parHmetros para a con&i&%ncia social! incidam na mel#oria daqualidade de &ida nas pris$es e re*erenciem a construção de no&as perspecti&as de*uturo para esses 3o&ensQ .I"id/

Dessa *orma! o tra"al#o coleti&o ) conce"ido como uma estrat)gia para que os 3o&ens

 possam &i&enciar e1peri%ncias de cooperação! solidariedade! de respeito às di*erenças! denegociação de con*litos e construção de consenso entre eles ; tam")m uma *onte de

aprendi(agens de &alores importantes! como a tolerHncia! os direitos e de&eres e os sentidos

de responsa"ilidade social

 Na dimensão da participação cidadã! a proposta do >SU>! &islum"ra algumas aç$es

&oltadas para quali*icar5

• a con&i&%ncia sociocomunit-ria na -rea de cultura! esportes e recreação e com

aç$es &oltadas aos espaços de socia"ilidade ."i"lioteca! p-tio! etc/A• a con&i&%ncia socio*amiliar! tendo em &ista a importHncia e a preocupação com

a *am,liaA

• a preser&ação de um meio am"iente saud-&el com aç$es na -rea de sa4de

.estudo dos *atores de risco! di*usão de in*ormaç$es so"re doenças e

autocuidado/ e salu"ridade .cuidado com os espaços internos de con&i&%ncia! os

e1ternos da unidade5 tratamento do li1o e alternati&as de reciclagem/A

o relacionamento com a Sustiça! com aç$es que propiciem ampliar con#ecimentos so"re o *uncionamento institucional e processual do Sudici-rio! a

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WW

apropriação da Bei de E1ecução >enal! "em como de seus direitos "-sicos

.'UI'R! @::9! p @:C@V/

egundo o Relat0rio =inal do >roCSo&em Original @::VC@::! documento emitido pelaecretaria Nacional de Su&entude! por ser um programa pensado no Hm"ito das aç$es do

>ronasci! o >SU> contou! inicialmente! com uma ampla participação de pro*issionais da

e1ecução penal! entre eles diretores de unidades! gestores da administração penitenci-ria e

agentes penitenci-rios que garantiram uma s)rie de a3ustes nas unidades penais! com &istas a

*a&orecer a sua e1ecução No Rio de Saneiro! por e1emplo! todos os alunos de uma das

unidades *oram trans*eridos para uma mesma galeria! locali(ada pr01imo à escola! com o

o"3eti&o de *acilitar e agili(ar a retirada dos presos de suas celas e o tra3eto at) a escola! algoque sempre *oi &isto como um o"st-culo pela maioria dos pesquisadores do tema No 'cre *oi

reali(ado um casamento coleti&o de internos que esta&am impedidos de indicar suas

compan#eiras como "ene*ici-rias da "olsaCau1,lio por não serem o*icialmente casados Nos

Estados do 'cre! >ar- e Rio de Saneiro! #ou&e negociaç$es com os 3u,(es da Kara de

E1ecução >enal para garantir a remição de pena para os participantes do pro3eto! 3- que a lei

que #o3e pre&% esse "ene*,cio não esta&a ainda &igorando .8R'IB! @::/

7uando o >SU> *oi implantado! em agosto de @::9! nos estados do 'cre e Rio de

Saneiro! e em outu"ro do mesmo ano! no estado do >ar-! a proposta era que ele se estenderia

 para todos os Estados con&eniados com o >ronasci! o que não ocorreu na pr-tica! *icando a

e1peri%ncia restrita a esses tr%s estados .'UI'R! @:@! p :/

7uanto ao *ato de ser uma e1peri%nciaCpiloto + cu3o o"3eti&o seria tam")m o de acumular 

aprendi(ados! 3- que se trata&a de um primeiro pro3eto de atendimento espec,*ico aos 3o&ens em

situação de pri&ação de li"erdade +! ca"e ressaltar que o grande n4mero de parceiros en&ol&idos

na proposta in&ia"ili(ou um acompan#amento mais sistem-tico da e1peri%ncia nos tr%s Estados

>ara se ter uma ideia! *oram tr%s instituiç$es *ormadoras respons-&eis pela *ormação inicial e

continuada dos educadores5 =undação Darc Ri"eiro! respons-&el pela *ormação no estado do

'creA a =undação 2entro Estadual de Estat,sticas! >esquisa e =ormação de er&idores >4"licos do

Rio de Saneiro! que *e( a *ormação dos educadores no EstadoA e a Uni&ersidade =ederal do >ar-!

que! atra&)s da =aculdade de er&iço ocial! respondeu pela *ormação no >ar-

7uanto ao istema de Jonitoramento e '&aliação do >rograma que! no caso do

>roSo&em Ur"ano! esta&a a cargo de uma rede de no&e uni&ersidades p4"licas *ederais! no

caso do >SU> este&e a cargo da U=>'! que acompan#ou o >rograma naquele Estado e aUnirioque *e( o acompan#amento nos estados do 'cre e Rio de Saneiro

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'l)m das in*ormaç$es acumuladas de maneira dispersa pelos di*erentes parceiros

en&ol&idos com o >SU>! o que não de&eria caracteri(ar a e1peri%ncia de um pro3eto piloto!

ti&emos ainda tr%s *ormatos di*erentes de gestão! que! al)m de multiplicar ainda mais os

 parceiros! em alguns estados *oi de*initi&o para que o >rograma não se &inculasse à rede

o*icial de ensino5 no Rio de Saneiro a gestão do >rograma *oi de responsa"ilidade da

ecretaria de 'dministração >enitenci-ria em parceria com a ecretaria de Estado de Tra"al#o

e Renda e não contou em nen#um momento com a participação da ecretaria de Estado de

Educação! em"ora esta ten#a uma longa tra3et0ria na o*erta de educação nas unidades penais

do estado

 No >ar- o >rograma *oi a"rigado pelo a"inete da 2asa 2i&il da o&ernadoria do

Estado em parceria com a uperintend%ncia do istema >enitenci-rio .UI>E/! 0rgão&inculado à ecretaria de Estado de Sustiça

omente no Estado do 'cre o >SU> contou com a participação da ecretaria de Estado

de Educação! atra&)s da 2oordenação de ES' que desen&ol&eu o >ro3eto em parceria com o

Instituto de 'dministração >enitenci-ria .I'>EN/! 0rgão &inculado à ecretaria de Estado de

Sustiça e Direitos ?umanos

O >SU> encerrou o*icialmente as ati&idades nos tr%s Estados ap0s a conclusão das

 primeiras turmas em *e&ereiro e a"ril de @: No mesmo ano! o >roSo&em Ur"ano dei1ou aecretaria Nacional da Su&entude! passando para responsa"ilidade do Jinist)rio da Educação!

estando #o3e &inculado à ecretaria de Educação 2ontinuada! 'l*a"eti(ação! Di&ersidade e

Inclusão .E2'DI/! que at) o momento não iniciou a no&a etapa do programa! como tam")m

não anunciou sua disposição em dar continuidade à sua o*erta em unidades penais.'UI'R!

@:@! p @/

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2ONIDER'ÇE =IN'I

'p0s o estudo e a interpretação dos dados at) aqui &eri*icados! podemos de*inir o que )

a educação prisional6 ) uma modalidade de ensino *ormal destinada à população carcer-ria

com o"3eti&os de ressociali(ação desta população! por)m ainda se perce"e que a Educação

>risional ainda est- numa *ase de a*irmação e de *ormulação de pol,ticas e desen&ol&imento

de aç$es! o que *a( com que as politicas &oltadas para essa modalidade ainda ocupem um

espaço secund-rio se comparada com as outras politicas educacionais

?- um con3unto de *atores que contri"uem para esse certo marasmo Em primeiro

lugar! apesar dos a&anços na delimitação te0rica desse tema! ainda perce"eCse uma certa

con*usão quanto ao &erdadeiro papel da educação &oltada para indi&,duos pri&ados deli"erdade 'inda con&i&emos com o resqu,cio de uma &isão morali(ante e instrumental da

educação! a qual! em con3unto com o tra"al#o e com a religião! le&ariam o indi&,duo a uma

esp)cie de arrependimento e consci%ncia de seu erro e sua autom-tica ressociali(ação Essa

&isão #istoricamente predominante! segundo os estudos a"ordados! &em sendo su"stitu,da por 

uma &isão da educação enquanto um direito uni&ersal do ser #umano! inclusi&e dos presos

Essa e a &isão instrumental e demostrada por raciano e c#illing! segundo as quais! a

c#amada educação prisional estaria mais relacionada com Pas ati%idades de educaçãoescolar na prisão como mais uma t6cnica de disciplina com o intuito de

transormar os prisioneiros em corpos d/ceis0. <o contrario essas duas

autoras prop9em?

 pens-Cla como um elemento que se op$e! tam")m! à l0gica imposta às o*icinas detra"al#o no am"iente prisional ./ pensar so"re a peculiaridade da educação

 prisional so*rendo as consequ%ncias por encontrarCse su"sumida às ati&idades pontuais .R'2I'NOA 2?IBBIN! @::! p /

>or outro lado! o direito à educação escolar como condição inalien-&el de uma real

li"erdade de *ormação .em outras pala&ras! o desen&ol&imento da personalidade/ e

instrumento indispens-&el da pr0pria emancipação .progresso social e participação

democr-tica/ )! segundo Sulião .@:/! um direito #umano essencial para a reali(ação da

li"erdade e para que esta se3a utili(ada em prol do "em comum Dessa *orma! ao se a"ordar a

educação para os 3o&ens e adultos .ES'/ em situação de pri&ação de li"erdade! ) importante

ter claro que os reclusos! em"ora pri&ados de li"erdade! mant%m a titularidade dos demais

direitos *undamentais .integridade *,sica! psicol0gica e moral/ O acesso ao direito à educação

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l#e de&e ser assegurado uni&ersalmente na perspecti&a acima delineada e em respeito às

normas que o asseguram .SUBIÃO! @:! p W/

O mesmo autor continua! a*irmando que a educação para os 3o&ens e adultos em

situação de pri&ação de li"erdade + como imaginam alguns + não ) "ene*,cioA pelo contr-rio!

) direito #umano su"3eti&o pre&isto na legislação internacional e na "rasileira e *a( parte da

 proposta de pol,tica p4"lica de e1ecução penal .BE>/! com o o"3eti&o de possi"ilitar a

reinserção social do apenado e! principalmente! garantir a sua plena cidadania

' prisão! em tese! representa a perda dos direitos ci&is e pol,ticos uspensão! por tempo determinado! do direito do interno de ir e &ir li&remente! de acordo com a sua&ontade! mas que não implica! contudo! a suspensão dos seus direitos ao respeito! àdignidade! à pri&acidade! à integridade *,sica! psicol0gica e moral e aodesen&ol&imento pessoal e social! espaço onde a pr-tica educacional se insere

.SUBIÃO! @:! p W9/

Esse recon7ecimento da educação prisional en+uanto direito

uni%ersal p@de ser compro%ado na pes+uisa de raciano e c#illing!  +ue

re#istrou +ue a pesar de toda essa aparente ad&ersidade na concreti(ação dos direitos

educati&os! muitas das mul#eres entre&istadas! que ti&eram o direito à educação negado

quando crianças e adolescentes! ao acessar a escola na prisão! ainda que de *orma parcial e

sem a qualidade socialmente recon#ecida! tendem a perce"er a educação como meio de

acessar este e outros direitos! e mais! recon#ecer sua pr0pria condição #umana Da, con*irmarCse a concepção de educação como um direito #umano! e seu car-ter m4ltiplo >ara isso! as

autoras citam a a"ordagem tridimensional de 2laude! segundo o qual5

' educação ) &aliosa por ser a mais e*iciente *erramenta para crescimento pessoal Eassume o status de direito #umano! pois ) parte integrante da dignidade #umana econtri"ui para ampli-Cla como con#ecimento! sa"er e discernimento! 'l)m disso!

 pelo tipo de instrumento que constitui! trataCse de um direito de m4ltiplas *aces5social! econ<mica e cultural Direito social porque! no conte1to da comunidade!

 promo&e o pleno desen&ol&imento da personalidade #umana Direito econ<mico! pois *a&orece a autossu*ici%ncia econ<mica por meio do emprego ou do tra"al#o

aut<nomo E direito cultural! 3- que a comunidade internacional orientou a educaçãono sentido de construir uma cultura uni&ersal de direitos #umanos Em suma! aeducação ) o pr)Crequisito para o indi&,duo atuar plenamente como ser #umano nasociedade moderna .2B'UDE! @::V! apud R'2I'NOA 2?IBBIN! @::! p@/

>or outro lado! em termos pr-ticos! a maioria dos autores &em de*endendo uma ação

articulada e multidisciplinar para lidar com a educação no Hm"ito prisional! apontando sempre

 para a gestão compartil#ada entre a pr-tica educati&a e a administração penitenci-ria! como o

camin#o mais adequado para en*rentar os desa*ios e o"st-culos que #o3e se colocam! do ponto

de &ista das principais politicas p4"licas nessa -rea

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 Nesse sentido! segundo 'guiar .@:! p @/! as &isitas e diagn0sticos promo&idos pelo

>ro3eto Educando para Bi"erdade! "em como a missão da Relatoria Nacional para o Direito

?umano à Educação! con*irmaram o que 3- se sa"ia acerca das di*,ceis relaç$es entre as

ecretarias Estaduais de Educação e as pastas respons-&eis pela 'dministração >enitenci-ria nos

estados e que os con&%nios *irmados entre as duas pastas resultaram! na maior parte das &e(es! de

acordos *ormais e "urocr-ticos sem e1pressar necessariamente uma articulação no Hm"ito de uma

 pol,tica de tratamento penitenci-rio! que le&e em consideração as assist%ncias ao preso pre&istas

 pela Bei de E1ecução >enal Em alguns lugares as relaç$es c#egam mesmo a ser tensas e

con*lituosas! re&elando não s0 a e1ist%ncia de espaços de disputa pol,tica! mas tam")m di*erentes

concepç$es so"re o papel da educação nas pol,ticas de e1ecução penal .'UI'R! @:@! p @/

De acordo com o relat0rio Nacional para o Direito ?umano à Educação! esses são os principais o"st-culos para garantir o %1ito na aplicação das pol,ticas de educação &oltadas

 para as unidades prisionais

a educação para pessoas encarceradas ainda ) &ista como um Ppri&il)gioQ pelo sistema prisionalA

a educação ainda ) algo estran#o ao sistema prisional! *a(endo com quemuitos pro*issionais se sintam em um am"iente #ostil ao tra"al#oeducacionalA

a educação se constitui! muitas &e(es! em Pmoeda de trocaQ entre! de umlado! gestores e agentes prisionais e! de outro! encarcerados! &isando àmanutenção da ordem disciplinarA

#- um con*lito cotidiano entre a garantia do direito à educação e o modelo&igente de prisão! marcado pela superlotação! por &iolaç$es m4ltiplas ecotidianas de direitos e pelo superdimensionamento da segurança e demedidas disciplinares7uanto ao atendimento nas unidades! o Relat0rio destaca que5

) descont,nuo e est- su3eito às dinHmicas e l0gicas da segurança! sendointerrompido quando circulam "oatos de motins ou re"eli$es e! uma &e(suspenso! depende da "oa &ontade e compreensão de diretores de unidadese agentes penitenci-rios para ser resta"elecidoA

) in*initamente in*erior à demanda dos internos! o que se compro&a pelae1ist%ncia de longas listas de espera e in4meros "il#etes que c#egam das

galerias solicitando ingresso nas ati&idades educacionais da escolaA so*re de gra&es pro"lemas de qualidade! apresentando 3ornadas redu(idas!*alta de pro3eto pedag0gico! materiais e in*raestrutura inadequados e *altade pro*issionais de educação capa(es de responder às necessidadeseducacionais dos apenados .2'RREIR'! @::9! p @ e /5

Os dados o"tidos nos di*erentes diagn0sticos apresentados ao longo deste tra"al#o

*oram amplamente discutidos e analisados em di&ersos momentos! assim como qual a

 proposta da politica nacional para a educação prisional no 8rasil6 atra&)s de semin-rios!

o*icinas e reuni$es promo&idas pelo Jinist)rio da Educação e pelo Jinist)rio da Sustiça eapontaram para algumas necessidades de in&estimento no segmento Entre elas! a ampliação

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dos canais de comunicação entre as pastas da educação e da administração penitenci-ria nos

Estados! 3- que os encontros promo&idos pelo >ro3eto Educando para Bi"erdade mostraram

que! em muitos casos! era a primeira &e( que os gestores e pro*issionais das duas pastas se

reuniam em torno de uma mesma mesa Esse *alta de um tra"al#o compartil#ado ocorre em

nosso pa,s por que! em primeiro lugar! in*eli(mente aqui ainda não se tem ainda a cultura da

gestão de pol,ticas en&ol&endo di*erentes pastas administrati&as! pelo menos ) que se &eri*ica

nesta -rea Em segundo lugar! porque na pr0pria es*era *ederal as aç$es articuladas por parte

do Jinist)rio da Educação e do Jinist)rio da Sustiça são "astante recentes

Diante dessas constataç$es conclu,mos nosso tra"al#o! apontando quais as principais

aç$es que estão sendo implementadas no 8rasil! a *imde concreti(ar a pol,tica da educação

 prisional6 no decorrer desta pesquisa encontramos di&ersos pro3etos a serem inseridos nesta plata*orma! mas poucos sa,ram realmente do papel! aqui *oram destacados tr%s grandes

macros pro3etos como5 O pro3eto Educando pela Bi"erdade! que tem como o"3eti&o a

assist%ncia educacional da população pri&ada de li"erdade! al)m de contri"uir com a o*erta da

ES' nesses esta"elecimentos S- o programa Nacional de egurança com

2idadania.>RON'2I/ podemos o"ser&ar a &alori(ação dos pro*issionais que atuam no

sistema prisional e a assist%ncia de 3o&ens de *ai1a et-ria entre V à @W anos! onde

anecessidade de um tra"al#o con3unto entre as di&ersas pastas que atuam no Hm"ito daeducação &oltada para pessoas em situação de pri&ação de li"erdade! tanto no Hm"ito *ederal!

re*orçando e apro*undando as iniciati&as 3- desencadeadas pelos Jinist)rios da Educação e da

Sustiça! quanto no Hm"ito dos Estados! re*orçando a ampliando os con&%nios 3- e1istentes

entre as secretarias respons-&eis pela educação e pela aplicação da 3ustiça >or 4ltimo temos o

>r0C3o&em Ur"ano em Unidades >risionais! onde o seu principal o"3eti&o ) a conclusão do

ensino *undamental desse p4"lico! al)m de l#e garantir uma "olsa au1ilio para estimular o

interesse dos mesmos e *a( com que essa educação se *ortaleça O pro3eto tam")m estimuloua educação pro*issional! quali*icandoCos para o mercado de tra"al#o

; necess-rio *a(er um tra"al#o multidisciplinar que en&ol&a todos os atores que atuam

nesse segmento! como agentes e gestores prisionais! educadores! assistentes sociais! psic0logos

e demais pro*issionais en&ol&idos com esse cotidiano! para que a educação prisional dei1e de

ser &isto como um Ppri&il)gioQ! ou apenas como uma *orma de PcatequisarQ o detento! mas

apresentar esta como a concreti(ação e a garantia de um direito seu! pr0prio da sua cidadaniaA

um direito! que! 3unto com outros direito "-sicos! esta à sua disposição para que este possa ter 

opção de seguir camin#os di*erentes! atra&)s da sua pr0pria emancipação intelectual e

cogniti&a

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V:

E ) 3ustamente so" essa perspecti&a que se tornou lei o mais recente instrumento para

concreti(ação da Educação >risional5 o >lano Estrat)gico de Educação no Hm"ito do istema

>risional! institu,do atra&)s do decreto n F@F! de @W de no&em"ro de @:! cu3os principais

o"3eti&os são5

'rt Wo  ão o"3eti&os do >EE>5I C e1ecutar aç$es con3untas e troca de in*ormaç$es entre 0rgãos *ederais! estaduais edo Distrito =ederal com atri"uiç$es nas -reas de educação e de e1ecução penalAII C incenti&ar a ela"oração de planos estaduais de educação para o sistema prisional!a"rangendo metas e estrat)gias de *ormação educacional da população carcer-ria edos pro*issionais en&ol&idos em sua implementaçãoAIII C contri"uir para a uni&ersali(ação da al*a"eti(ação e para a ampliação da o*ertada educação no sistema prisionalAIK C *ortalecer a integração da educação pro*issional e tecnol0gica com a educaçãode 3o&ens e adultos no sistema prisionalAK C promo&er a *ormação e capacitação dos pro*issionais en&ol&idos na

implementação do ensino nos esta"elecimentos penaisA eKI C &ia"ili(ar as condiç$es para a continuidade dos estudos dos egressos do sistema

 prisional>ar-gra*o 4nico >ara o alcance dos o"3eti&os pre&istos neste artigo serão adotadasas pro&id%ncias necess-rias para assegurar os espaços *,sicos adequados àsati&idades educacionais! culturais e de *ormação pro*issional! e sua integração àsdemais ati&idades dos esta"elecimentos penais .8R'IB! @:/

's pol,ticas e aç$es apresentadas t%m que realmente sair do papel e *a(er parte da rotina

dos am"ientes prisionais! não somente como algo isolado e pontual! mas como uma pol,tica

uni&ersal de Estado 2onsideramos que esse de"ate ainda est- no seu in,cio! mas tem que ser 

ampliado! para mostrar que a educação não pode ser retirada do preso 3unto com sua li"erdade

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RE=ERN2I'

'UI'R! ' et al +anual do educador de orientaç,e% gerai% do Pro-o(e# &rbano

unidade% pri%ionai% 8ras,lia5 >resid%ncia da Rep4"lica ecretariaCeral da >resid%ncia daRep4"lica ecretaria Nacional de Su&entude 2oordenação Nacional do >roSo&em Ur"ano!@::9

'UI'R 'le1andre da il&a Educação de -o(en% e /dulto% Pri(ado% de Liberdade e o

Progra#a 0acional de nclu%ão de -o(en% e# &nidade% Penai% do E%tado do 2io !e

-aneiro. Tese .Doutorado/ U=JG=aE5 8elo ?ori(onte! @:@

8R'IB 2omit% Nacional de Educação em Direitos ?umanos Plano 0acional de

Educação e# !ireito% Hu#ano% 8ras,lia5 ecretaria Especial dos Direitos ?umanos!Jinist)rio da Educação! Jinist)rio da Sustiça! UNE2O! @:: Dispon,&el em5#ttp5GGportalm3go&"rGsed#Ged#Gpned#porpd*

8R'IB 2elatrio 'inal do Pro-o(e# Original 4456447 8ras,lia5 ecretaria Nacionalde Su&entude! @::

8R'IB !iretrize% 0acionai% educação e# pri%,e%.  8ras,lia5 2onsel#o Nacional deEducação! @::

8R'IB 8ra%il in*or#aç,e% penitenciária%.  8ras,lia5 Jinist)rio da Sustiça! ecretaria Nacional de Sustiça! Departamento >enitenci-rio Nacional! a"r @:: Jinist)rio da Sustiça C>ortal do 2idadão Dispon,&el em \\\in*opengo&"rG 'cesso em : mar @:

8R'IB Con%tituição da 2ep9blica 'ederati(a do 8ra%il >romulgada em V de outu"ro de

9 @ ed atuali(ada e ampliada ão >aulo5 arai&a! 9998R'IB 2egra% #:ni#a% para o trata#ento do pre%o no 8ra%il. 8ras,lia5 2onsel#o

 Nacional de >ol,tica 2riminal e >enitenci-ria! 99V Dispon,&el em #ttp5GGportalm3go&"rG'cesso em : *e& @:

8R'IB Lei n. ;.14< de 11 de jul"o de 1=7>. Lei de E?ecução Penal.9W Dispon,&elem5 #ttp5GG\\\planaltogo&"rGcci&ilGleisGB@:#tm 'cesso em5 : *e& @:

8R'IB !ecreto n@ ;.AA< de > de no(e#bro de 411.  8ras,lia5 >resid%ncia da Rep4"lica2asa 2i&il u"c#e*ia para 'ssuntos Sur,dicos! @: Dispon,&el em5

#ttp5GGlegislacaoplanaltogo&"rGlegislaGlegislacaons*GKi\]Identi*icacaoGDE2 F@FC@: 'cesso em5 *e& @:

7/26/2019 A Educação Prisional No Brasil O Que Propõe a Política NacionaL

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7/26/2019 A Educação Prisional No Brasil O Que Propõe a Política NacionaL

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