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A ELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO NUMA€¦ · desde a organização da sala de aula até sua relação com o contexto social. Esse projeto deve levar em conta uma reflexão

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A ELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO NUMA PERSPECTIVA EMANCIPADORA

Ciro Ellenberger1

RESUMO

A função social da escola é favorecer às classes populares o acesso ao conhecimento sistematizado e produzido historicamente pela humanidade possibilitando aos educandos uma compreensão mais crítica e ampla da realidade. Compreender o papel da escola é importante para se discutir o significado do Projeto Político Pedagógico (PPP) da mesma. Neste contexto, a necessidade de buscar elementos para a elaboração e implementação de um PPP que contribua efetivamente para a realização da função social da escola é tarefa fundamental. Em razão desses aspectos, pretende-se com este artigo, apresentar os resultados alcançados com uma pesquisa levada a efeito no Colégio Estadual São Cristóvão em São José dos Pinhais, com a finalidade de motivar a comunidade escolar sobre a possibilidade de refletir acerca das necessidades de buscar na literatura, na legislação educacional e no próprio PPP da escola, a função social da mesma, além de verificar as percepções dos sujeitos do trabalho pedagógico escolar como uma das necessidades da equipe pedagógica na articulação do processo de formulação/reformulação do PPP. O projeto mostrou como essencial a formulação de um PPP que atenda não só a consecução da função social da escola como também, possa trazer reflexos positivos para a comunidade envolvida no trabalho escolar.. Palavras-chave: alunos, comunidade, escola, projeto político-pedagógico. 1 Introdução

Este artigo mostra a experiência de atividades direcionadas aos professores

e alunos em relação à formulação coletiva do Projeto Político-Pedagógico-PPP com

ênfase na busca da concretização da Função Social da Escola.

O projeto foi realizado no Colégio Estadual São Cristóvão. Nesse colégio, as

Diretrizes Curriculares (incluindo a tendência pedagógica adotada pela

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mantenedora, ou seja, a Secretaria de Estado da Educação _ SEED-PR que

orientam os componentes curriculares). Essas diretrizes foram construídas

coletivamente, a partir de 2003, por meio de ações exaustivamente desenvolvidas

em jornadas e semanas pedagógicas, grupos de estudos, encontros itinerantes

procurando definir uma concepção de educação escolar, a qual foi registrada em

textos específicos e Cadernos Pedagógicos.

O estudo destes documentos permitiu uma reflexão de natureza histórico-

crítica, na qual se destaca a idéia de que vivemos historicamente a disputa de

diversos interesses e concepções de mundo, do ser humano e da sociedade.

A pesquisa realizada se constituiu numa contribuição para a formulação do

PPP de forma coletiva e emancipatória para os diversos segmentos da comunidade

escolar, com ênfase na função social da escola.

2 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA

A função social da escola tem seu foco na contribuição para o

desenvolvimento da consciência dos sujeitos na busca da melhoria do contexto

histórico em que vivem, assumindo neste, uma postura participativa, ética e solidária

(MORAN, 2005).

Freire (1996) afirma que a função social da escola está relacionada com a

formação de um cidadão observador e crítico, um ser capaz de transformar a

sociedade a favor da redução das injustiças, das desigualdades.

Dessa maneira, a escola deve oferecer situações que favoreçam o

aprendizado e promover o domínio dos conhecimentos e o desenvolvimento de

capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades

individuais e sociais dos alunos (LIBÂNEO, 2005).

Espera-se que a escola preencha vazios deixados pelas políticas públicas em

vários âmbitos como a saúde e a segurança, como também seja fator de promoção

social num contexto socioeconômico de exclusão e desigualdades.

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A função social da escola está relacionada à participação da mesma como um

elemento ativo e estratégico na educação e na interação entre o aluno e a realidade

social. Isto, basicamente, pela mediação de um conhecimento que promova a

compreensão crítica dos problemas sociais, políticos e econômicos, os quais podem

ser levados ao alcance dos alunos por um intermediador chamado escola. Por isso,

é de fundamental importância a conscientização e formação de professores e

pedagogos, comprometidos em desenvolver nos alunos, essa visão social, crítica,

participativa e interativa.

Outrossim, a Escola Pública no Brasil acha-se imersa num sistema político e

econômico que nas últimas décadas foi cooptado pelo processo de reestruturação

do modo de produção capitalista com seus desdobramentos incidindo fortemente

sobre a qualidade dessa escola. Neste enfoque, Boff (2008) explica que o projeto

neoliberal foi triunfante no Brasil, pois favoreceu uma cultura reducionista baseada

numa visão encurtada da vida, consumista, exaltando o individualismo, magnificando

o mais esperto, considerando o mais competente, enaltecendo o espírito competitivo

e enfraquecendo os ideais de cooperação, de solidariedade e de compaixão para

com os destituídos sociais.

Portanto, a escola tem reproduzido contradições nas relações de classe,

mantendo a hegemonia das classes dominantes, através de uma prática pedagógica

articulada aos interesses capitalistas. Por sua vez, os referenciais teóricos da

Pedagogia Progressista na perspectiva histórico-crítica têm sido base das reflexões

que se contrapõem à política liberal e neoliberal de educação e evidenciam as

contradições ainda presentes na sociedade brasileira e, consequentemente, no

contexto escolar.

Neste sentido, Saviani (1997) esclarece que a pedagogia progressista é

revolucionária, por centrar-se na igualdade essencial entre os homens, e é crítica

por colocar a desigualdade em questão e longe de entender a educação como

determinante principal das transformações sociais, reconhece ser ela elemento

secundário e determinado.

É importante ressaltar que a escola, embora esteja comprometida com os

interesses econômicos, sociais e políticos dominantes, ela também pode ser

transformadora desde que os indivíduos que a integram tenham clareza,

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compreendam o movimento da realidade e construam uma práxis transformadora

que vise a socialização dos bens materiais e espirituais produzidos pela

humanidade.

Por isso, a escola não pode ser vista apenas como um instrumento de

dominação, ou seja, a escola deve ser vista como espaço de experiências, ou seja,

a função social da escola se amplia a fim de converter-se em centro privilegiado de

educação, cidadania e cultura. Na opinião de Neri e Santos (2001) a escola torna-se

um dos agentes de mudança social e constitui-se num espaço democrático,

garantindo ao educando o direito de usufruir da construção do seu conhecimento.

Para Duarte (2003) o trabalho educativo produz nos indivíduos a humanidade,

além de garantir a possibilidade de o homem tornar-se livre, consciente e

responsável.

Silva (2002) explica que a escola é uma instituição de controle social e sua

função é a de ajustar os indivíduos ao modelo civilizatório dirigido pelos dominantes.

As funções da escola abrangem: função cultural que envolve o conhecimento,

função produtiva que abrange o conhecimento científico, técnico e humanista

relacionado com o trabalho, a função socializadora promovendo valores, a função

igualizadora que se refere à educação de diferentes alunos que deve atingir

patamares comuns.

Medeiros (2002) relata que a escola deve prover as funções da educação

escolar, que consiste na formação da personalidade, na reprodução da cultura, na

socialização e atualização do saber.

Dessa maneira a escola “é uma instituição de controle social e sua função é

ajustar os indivíduos ao modelo civilizatório dirigido pelos dominantes” (SILVA, 2002,

p. 291).

Partindo dessas considerações, observa-se a importância da elaboração ou

implementação de um Projeto Político-Pedagógico que “é antes de tudo a expressão

de autonomia da escola no sentido de formular e executar sua proposta de trabalho”

(NERI e SANTOS, 2001, p. 26).

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3 O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DE UMA ESCOLA

O projeto político-pedagógico de uma escola tem a ver com a organização do

trabalho pedagógico, ou seja, ele orienta a organização da escola como um todo,

desde a organização da sala de aula até sua relação com o contexto social. Esse

projeto deve levar em conta uma reflexão sobre o posicionamento da sociedade, da

educação e do homem, como uma proposta de ação político-educacional e não um

artefato técnico (VEIGA, 1995).

Para compreender a natureza, os limites e as possibilidades do projeto

político-pedagógico da escola, Costa e Madeira (1997) consideram alguns

elementos indispensáveis. Neste sentido o projeto diz respeito à concepção de

escolas socialmente determinadas e referidas ao campo educativo.

Na fase de reflexão é que a instituição define e assume uma identidade que

se expressa por meio do projeto. O projeto deve servir de referência à ação de todos

os agentes que intervêm no ato educativo. O desenvolvimento do projeto implica a

existência de um conjunto de condições, sem as quais ele poderá estar condenado a

tornar-se somente um “formulário administrativo”. Vale ressaltar que a participação

só poderá ser assegurada se o projeto perseguir os objetivos dos atores e grupos

envolvidos no ato educativo.

Veiga (2003) apresenta algumas características fundamentais do projeto

político-pedagógico numa perspectiva emancipadora. Em primeiro lugar, é um

movimento de luta em prol da democratização da escola que não esconde as

dificuldades e os pessimismos da realidade educacional. Está voltado para a

inclusão, a fim de atender a diversidade de alunos, sejam quais forem suas

trajetórias sociais, necessidades e expectativas educacionais. O projeto, quando

elaborado, executado e avaliado, requer o desenvolvimento de um clima de

confiança que favoreça o diálogo, a cooperação, a negociação e o direito das

pessoas de intervirem na tomada de decisões que afetam a vida da instituição

educativa e os interesses dos sujeitos nela envolvidos. Importa fortalecer o vínculo

entre autonomia e projeto político-pedagógico. A legitimidade do projeto deve ser

estreitamente ligada ao grau e ao tipo de participação de todos os envolvidos. Deixar

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claro que a preocupação com o trabalho pedagógico enfatiza não só a

especificidade metodológica e técnica, mas voltar-se para as questões mais amplas,

ou seja, a das relações da instituição educativa com o contexto social.

Dessa maneira, o projeto político-pedagógico reflete a autonomia da escola

no sentido de formular e executar sua proposta de trabalho. É político por estar

introjetado num espaço de sucessivas discussões e decisões e pedagógico por

implicar em situações específicas do campo educacional. Em linhas gerais, é um

documento que norteia e encaminha as atividades desenvolvidas no espaço escolar.

Silva (2000) deixa claro que o projeto político pedagógico tem um caráter

dinâmico e não acontece porque assim desejam os administradores, mas porque há

preocupação com o destino das crianças, da escola e da sociedade. Demo (1998)

revela que o projeto é a instrumentalização mais efetiva da cidadania e da mudança

qualitativa na sociedade e na economia.

Desse modo, o Projeto Político pedagógico deve ser visto como um meio para

a superação da ação fragmentada tanto na educação quanto na escola, motivando

toda a comunidade escolar.

4 DIAGNOSE DA ESCOLA PESQUISADA

A pesquisa foi realizada no Colégio Estadual São Cristóvão e desenvolvida

em quatro fases, sendo duas dedicadas aos professores e duas direcionadas aos

alunos. As questões constam de respostas abertas para melhor interpretação.

Na primeira fase da pesquisa foram envolvidos 31 alunos que responderam à

seguinte questão: “Qual é a função social da escola no Projeto Político

Pedagógico?” As respostas foram sintetizadas, analisando-se as que mais se

destacaram.

Quatro alunos acham que a função social da escola “é a de formar cidadãos

decentes e todos deveriam ter direito à educação”. Porém, “não é isso o que

acontece, faltam professores, falta qualidade, falta material, etc.” Esta resposta

revela que os alunos já entendem o que é a função social da escola e sabem criticar

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quanto a mesma não alcança o que se espera dela. Certamente, a falta de

qualidade, falta de professores e material são pontos negativos que mostram as

mazelas da educação brasileira e prejudica o que diz Neri e Santos (2001) quando

falam que a escola deve tornar-se um dos agentes de mudança social e por isso,

precisa ter qualidade, material e bons professores.

Quatro alunos acham que “a função social da escola é oferecer um ensino de

boa qualidade para os alunos absorverem o máximo de conhecimento”. Esses

alunos sabem em parte que a qualidade é um item essencial quando se fala na

função social da escola. Infelizmente no Brasil, a qualidade das escolas ainda deixa

a desejar e contraria o que diz Libâneo (2005) em que a qualidade é um dos fatores

determinantes da sua eficácia e do nível de aproveitamento escolar dos alunos.

O item profissionalismo foi citado por sete alunos, que assim se reportaram:

“a função social da escola é profissionalizar o aluno para que ele consiga um bom

emprego no futuro”, ou “Na minha opinião a escola serve para que as crianças e

jovens não fiquem nas ruas e procurem uma qualificação e um bom lugar no

mercado de trabalho”. A visão profissional da escola segundo esses alunos vem ao

encontro do que diz Silva (2002) citando Robert McNamara que atribuiu à formação

escolar o caráter profissional entre outros, como um dos meios para adquirir a

formação de trabalhadores capacitados em administração, tecnologia e serviços, o

que incrementa a produtividade.

Alguns alunos ou seis deles, acham que a função social da escola é a de

“oferecer um futuro melhor!”. Oito alunos responderam que a escola “nos ensina a

formar uma família e viver em sociedade”. Esses aspectos são por assim dizer,

parcialmente corretos quando se analisa a função social da escola. Observa-se que

alguns alunos já sabem que o papel da sociedade é qualificar para a vida e não só

para o mercado.

Na segunda fase da pesquisa, os alunos responderam à seguinte questão: “1.

No projeto político-pedagógico deve constar a função social da escola. Na sua

opinião qual é a função no colégio onde estuda?”

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Nesta questão, 31 alunos deram suas opiniões a respeito do tema. Alguns

alunos mostraram que a escola deve promover passeios para os alunos e também

falam sobre seus direitos. Veja-se:

Aluno 1: O que acho que ainda falta é passeios para conhecermos um pouco mais algumas vezes. Aluno 2: Todos os Alunos, ensino fundamental e médio deveriam ter direitos iguais, pois nós do ensino fundamental não fazemos a metade do que o ensino médio faz! Aluno 11: Não sei para que a escola esta me preparando, mas acho que a escola deveria oferecer mais passeios que tinham a ver com as matérias aulas ao ar livre algo diferente não só dento de sala a mesma coisa sempre, e todos os alunos deveriam ter direitos iguais tanto ensino fundamental como ensino médio.

Outros alunos se cansam nas matérias repetitivas, deixando claro que é

preciso motivar os alunos e tornar as aulas mais interessantes. Os depoimentos dos

alunos foram:

Aluno 3: O estudo no Colégio São Cristovão volta muito nas series anteriores como na 7ª série os professores estão voltando em alguns assuntos da 5ª e da 6ª série, eu acho que os alunos chegarem em tal serie, já entrarem bem no assuntos que vão estudar e aprender e no futuro estar preparados para fazer um enem ou um curso público e sair bem. Aluno 7: Eu acho que a escola não esta me preparando para nada. E se ela está eu não estou conseguindo ver, eu não gosto das aulas porque são muito repetitivos e não tem nada de diferente é um saco ninguém gosta principalmente eu, não tem passeio e é uma alegria quando um professor falta por que dai sim é algo diferente dai é bonito.

Outros alunos acham que a função social do Colégio tem que melhorar:

Aluno 4: Eu acho a função social do Colégio São Cristovão tinha que melhorar mais nas disciplinas como o português, as vezes, nos aprendemos coisas da 5ª série ou da 4ª série (também as outras matérias).

Alguns alunos se queixam da falta de disciplina:

Aluno 5: Tinha que ter mais professores presentes na sala de aula e não ter aula vaga. Na minha opinião tinha ter uma lei para se o aluno que faz bagunça não assiste amais aula na matéria e os alunos que se comportam tinha o direito de prestar a atenção na matéria. Tinha que ter mais policiamento na frente da escola pois vejo muitos marginais a frente do colégio.

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Outros alunos deixam claro que a escola deve preparar o aluno para

desempenhar alguma profissão:

Aluno 6: Também uma boa função é ensinar o aluno, a ver que profissão o aluno quer exercer. Aluno 31: O colégio nos prepara anos e anos para podermos exercer a nossa profissão no futuro, ela nos faz ver o quando o estudo é importante para ter uma profissão digna. O colégio também nos ensina come se prevenir, para não deixar uma criança jogada por ai no mundo, sem uma família. Aluno 10: Estão preparando para o futuro e para ter trabalhos bons, mas se vira homem ou mulher digno de caráter, e ela esta fazendo isso, estão trabalhando para ser uma grande pessoa com trabalho pronto. Aluno 16: Na minha opinião o Colégio São Cristovão, está me ensinado o que devo faze no futuro, ser alguém a vida, ter uma faculdade, ter um bom emprego, na minha opinião os conteúdos são muito bom, o governo tinha que dar mais atenção para o colégio municipais tinha que ter mais coisas no colégio como teatro que o aluno se sentisse bem para ficar dentro do colégio por isso que muitos alunos estão despistando porque é sempre a mesma coisa. Aluno 18: A função na escola pra mim, é estudar para ser alguém na vida. Pois se não tiver o estudo o que vamos ser no futuro? O estudo nos possibilita a ter uma profissão digna. Por exemplo querem ser uma professora no futuro e agora no presente e no passado vamos ter que estudar para ser professora uma menina, que quando chegar lá não passar uma vergonha. Aluno 20: Na minha o colégio está preparando nós para a vida. Que a gente consegue ter um bom trabalho, e muito mais coisas.

Certos alunos acham que a função da escola é disciplinar o aluno: Aluno 8: A função do colégio é manter o aluno na linha, ou seja, manter o aluno fora de alcance de drogas, bebidas e educação? Bom, como dizem educação é para se dar em casa. Enfim, a função do meu colégio não é só dar matérias e mais matérias. É distrair os alunos, levar o aluno na realidade da vida, não é uma “mão de açúcar” não é fácil é muito difícil. Porque com certeza essas pessoas vão ter uma família e um dia vão agradecer cada professor que o abriu os olhos.~

Muitos alunos foram favoráveis ao papel da escola, mas outros criticam seus

colegas e até a escola:

Aluno 9: Eu estudo aqui tem 3 anos (5ª,6ª,7ª) e não tenho o que reclamar deste colégio, cada ano que passa ela vai melhorando mais e mais, eu não mudaria nada nele. No meu ponto de vista ele é perfeito.

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Aluno 12:: O Colégio Estadual São Cristovão tem uma boa estrutura, um espaço bom, direção boa, mas alguns professores não tem boa capacitação ou não tem controle sobre os alunos. O colégio pode oferecer um ensino bom, mas os alunos não cooperam, os alunos tem que “crescer” mentalmente. E muitos professores resumem 1 capitulo em 2 aulas, e muitas vezes os alunos não entendem nada, portanto os professore e alunos deveriam ter cursos preparatórios. O colégio também deveria ter um laboratório de informática acessível para os alunos. Apesar de todos os problemas do colégio acho que a maior deles são os alunos que não tem respeito com os professores, diretores e pedagogos. Que vem para a escola só pra encontrar os amigos ou mesmo “zuar”, e não vem para a escola com intensão de estudar, aprender, e um dia ser “alguém” na vida! Aluno 14: O colégio estadual São Cristovão é um ótimo colégio não tenho queixas tem bons profissionais, mas poderia ser melhor se tirassem com todo respeito os homossexuais ex: Professor, alunos etc, e deveria ser mais rígida como no exército usar uniforme corretamente não usar boné e os professores serem militares saber pegar pesado porque só assim o futuro da sociedade (nós) vamos ser pessoas melhores mais sérias e com responsabilidade de direitos e deveres. Aluno 15: Que gastam dinheiro com outras coisas do que com á educação, até que não falta tantos professores o colégio está bom até, as obras deixaram o colégio melhor do que antes, só na cantina que o lanche repete bastante as vezes comparado ao município o deles são melhores que os nossos. Aluno 21: O colégio Estadual São Cristovão, é um dos melhores colégios públicos de São José dos Pinhais, ele esta preparando o s alunos para que nós alunos possamos ter um futuro bom, conhecer as fabricas, poder ser o que você quiser quando crescer, se médico gerente e até ser dono do próprio negócio, o colégio São Cristovão ajuda você a crescer na vida, ser alguém no mundo e não ser um peso para o mundo, ele ajuda você a não se tornar um drogado bandido ou traficante, na minha opinião o Colégio Estadual São Cristovão é um excelente colégio até o lanche da cantina é bom. Essa é ao minha opinião sobre o colégio. A minha função no colégio é ser um bom aluno tirar notas boas e cumprir meu dever com aluno. Aluno 19: Eu acho que a função é nos preparar para vida lá fora, nos mostras que o mundo é mais que uma sala de aula. Aqui no São Cristovão acho que os professores estão cumprindo seus papéis, ou seja, o papel de ensinar, de dialogar sobre assuntos diversos, claro que as vezes não é um assunto que agrada a todos mas é bom ensino. Só acho que estudar já virou “rotina” (não só aqui no São Cristovão mas em todos os colégios), no meu ponto de vista, o governo gasta dinheiro com tantas coisas e esquece da educação. Olhe o tanto de dinheiro que esta sendo investido para a copa de 2014. Se tivessem investimento na educação teríamos muitas escolas novas e renovadas, com mais dinâmica. Se colocassem nas escolas, por exemplos, um local para se ter aulas de dança, teatro, futebol, etc acho que os alunos teriam mais interesse em vir para a escola. Mas este é sem um excelente colégio. Aluno 22: O colégio está fazendo com que os alunos no futuro sejam umas pessoas do bem. Estão preparando para a gente fazer faculdade, que a gente arruma um trabalho melhor, como numa fabrica, e outros. O colégio proporciona um estudo avançado que é pra gente crescer na vida, ajuda a gente ir bem no vestibular, e outros.

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O colégio São Cistovão da algumas ideias de aula mais divertidas brincadeiras na sala. Existe também algumas aulas chatas,,mais é normal. Aluno 23: O Colégio São Cistovão é bom a equipe da direção e pedagogia vão bens e não tem o que reclamar. Aluno 24: Eu sinto que esse colégio está me preparando como uma futura desembargadora, eu pretendo cursar a faculdade de direito na PUC/PR, e sinto que estou conseguindo, pois o ensino desse colégio é bom. Gostaria de um dia minha mãe, meu pai me chamando de Doutora Lorenza, eu tenho muito orgulho de se filho de uma professora, meus pais são motivo de orgulho pra mim, minha mãe é professora como eu citei a cima, e meu pai é policial militar, admiro a profissão deles, pois um ensina e outro protege. Aluno 25: A escola esta preparando o máximo dela para frente prepara o futuro da nossa vida mas não basta só a escola fazer trabalho dela nós tem que fazer o nosso trabalho para que no futuro nós temos bom emprego ai a escola vai ter orgulho de nós e no futuro poderíamos ser que nem qualquer um daqui só basta querer e estudar para nós ser que nem eles porque eles no passado estudaram para ser um professor eu queria ter um projeto por exemplo um curso de inglês você vai no centro o curso está custando em base 85 reais e isso na comunidade uma coisa que eu acho errado é o desvio de dinheiro para o governo. Aluno 26: A escola está nos preparando para um futuro bom, para que nos possamos ter uma profissão digna, que nós de futuro com estrutura profissional. Está me ensinando a ser uma pessoa melhor me fazendo ver o mundo seria melhor se nós estivéssemos, por que juntos nós podemos vencer as diferenças e as dificuldades, mas para isso precisamos estar jutos e a cima de tudo acreditar em Deus e que vamos fazer a diferença no mundo, mas sem ele não é possível. Acreditem em Deus! Aluno 27: A escola nós prepara para conseguirmos ser alguém no futuro para conseguir passar em um vestibular entrarem em uma faculdade, ter um emprego digno, mas acho que hoje não estão conseguindo, muitas pessoas com dúvidas, a equipe da escola perde tempo com brigas bobas bullyng, coisas que não vão deixar muitos serem bons cidadãos no futuro. Eu acho que a escola tem muito a melhorar a sociedade. Em primeira coisa o governo tem que melhorar. Cadê o dinheiro que era para melhorar as escolas? Chega de promessas que não podem cumprir! Na verdade o mundo tem muito a melhorar! Aluno 28: Para a vida futura, que termos um grande conhecimento nos nossos futuros e trabalhos, e ou criarmos nossas coisas para vender, e também a escola, está preparando para poder mandar em nossas vidas, que no momento, os políticos dizem que a maioria são corruptos, que desvia muita verba que poderia um para as escolas e melhorar o ensino que podemos receber como alunos e para futuros alunos que vão vim como filhos e netos. Aluno 29: A função é nos ajudar, no conhecimento na vida, no trabalho. Seria melhor se melhorasse o lanche escolar, e nós alunos lanchasse o mesmo que os professores. A escola não é a melhor mas é boa também.

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Alguns alunos sugeriram que a escola deve criar salas de informática:

Aluno 13: Que tenha sala de informática para passar tempo nas aulas vagas, mais mesas no refeitório por que a gente só come de pé, mais bolas nas aulas de educação física, melhorias nas carteiras na sala de aula, mais livros didáticos para os alunos por que falta muito.

Poucos alunos criticam a escola e os professores e sugerem atividades: Aluno 17: Eu acho que tem que melhorar um pouco a educação esse colégio, esse colégio é bom mais da para melhorar começando pela secretária. Precisamos de mais preparo para o futuro. Nosso colégio deveria ter área de fumante não querendo incentivar os menores a fumar, mas para que os alunos fumantes não façam besteiras nos escondidos pelo colégio como eu vejo na minha opinião se tivesse área de fumantes ia diminuir muitos vandalismos e pessoas fumando nas escondidas. Aluno 30: Ela esta preparando para termos educação, respeito um com ou termos um estudo e ter chances de ser alguém futuramente e mais tarde sem pessoas enchendo o saco. E as professoras não deveriam descontar seus problemas nos alunos, chegando com uma cara de bunda diante dos alunos dar valor os livros também tem alunos que não tem. Acho que não devia ter aulas seguidas da mesma matéria pois s alunos cansam e começa o fervo.

Em relação à segunda fase da pesquisa, é importante que os professores

motivem seus alunos através de abordagens mais interessantes ou criando

situações novas de aprendizagem. Embora seja positivo que a escola prepare os

alunos para o campo profissional, Freire (1996) deixa claro que a função social da

escola é muito mais do que isso, ou seja, está relacionada à formação de um

cidadão crítico e observador, um ser capaz de transformar a sociedade a favor das

injustiças ou das desigualdades. É esse o grande desafio da escola em estudo, sem

esquecer que as opiniões e críticas dos alunos mostram o outro lado da moeda, ou

seja, como os mesmos estão recebendo o que aprendem e o que sugerem para o

futuro.

Na terceira fase as questões foram direcionadas aos alunos/pais e as

respostas foram agrupadas para melhor visualização e entendimento.

1ª Questão: Que motivos existem para que ainda seja necessário freqüentar a

escola. Sete alunos disseram que é para “ter conhecimento e oportunidades

melhores para o futuro”. Dois alunos falaram que: “Além do aprendizado,

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compartilhamos de um relacionamento para com o próximo, seja com professores,

alunos e funcionários. Nos preparando para nossos futuros diálogos na vida adulta”.

Um aluno respondeu: “Os motivos é que com o estudo a gente consegue uma

profissão, e com isso a gente cresce financeiramente e se torna mais independente.

Quatro alunos disseram: “Para estudar, conviver em sociedade para aprender a lidar

com vários tipos de pessoas, para ser alguém na sociedade”.

Não houve grandes críticas dos alunos e eles demonstraram que estão

animados para frequentar a escola. Eles possuem perspectivas definidas quanto à

seriedade e importância dos estudos para suas vidas profissional, emocional e

afetiva.

2ª Questão: No que a escola pode ajudar na vida dos alunos? Sete alunos

acham que é “para formar cidadãos de bem e exemplares, formando uma sociedade

pacífica”. Dois alunos falaram: “Sobre tudo a escola pública, prepara os alunos para

a vida em sociedade com educação e respeito, os conscientizando de que a vida em

sociedade é feita pela união”. Quatro alunos assim se reportaram: “Percebe-se que

hoje a escola exerce um papel muito importante para a sociedade que pertencemos.

Tem a função de preparar seus alunos para que futuramente possam juntos tornar

sua sociedade melhor e mais harmônica”. Um aluno respondeu: “Te ajuda a

conviver melhor com os diferentes tipos de pessoas e te dá o conhecimento básico

para poder progredir no futuro”. Quatro alunos falaram: “Ela prepara as pessoas

para quebrar os preconceitos, a lutar contra as injustiças da sociedade, para prestar

um vestibular”. Quatro alunos disseram: “Para estudar, conviver em sociedade, para

aprender a lidar com vários tipos de pessoas, para ser alguém na sociedade”.

Quatro pessoas falaram: “Ela prepara as pessoas para quebrar os preconceitos, a

lutar contra as injustiças da sociedade, para prestar um vestibular”.

Nas respostas à segunda questão, percebe-se que os alunos estão satisfeitos

com a escola que frequentam, o que é muito positivo.

3ª Questão: Conhecem o PPP da escola? Houve participação de pais e

alunos na sua elaboração? Sete alunos disseram: “Nós alunos não tivemos

conhecimento e nem participação no PPP da escola”.Dois alunos responderam:

“Não conhecíamos até o pedagogo nos apresentar o documento. Houve a

participação de toda a escola. Quatro alunos responderam: “Desconhecemos o PPP

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e não tivemos participação perante o tal”. Um aluno disse: “Não”. Quatro alunos

disseram: “Não conheço o PPP, não houve a participação de pais e alunos”.

É preocupante que os alunos ainda não conheçam o PPP do Colégio onde

estudam. Seria importante que isso fosse mais divulgado, especialmente o que diz a

Lei de Diretrizes Básicas N. 9394/96 que descreve as orientações para

formulação/reformulação do PPP.

A quarta fase da pesquisa foi direcionada aos funcionários da escola. A

primeira questão teve o seguinte enunciado: No PPP da escola é possível

reconhecer a sua função social? Um funcionário respondeu: “Sim, através do

conhecimento do Projeto Político Pedagógico, nos tornamos funcionários mais

críticos e participativos”. Outro funcionário respondeu: “Nós acreditamos que é

possível, esse é o nosso objetivo: formar pessoas com caráter, capacitados para

enfrentar o mercado de trabalho e para o exercício de sua cidadania”. O último

funcionário disse: “Nossa escola está formando alunos críticos, participativos e

preparados para o trabalho. Muitos de nossos alunos são acadêmicos. Sem

esquecer que devem ser motivados pelos professores, família, etc. Precisam ter

muita força de vontade, ter um objetivo e correr atrás”.

É bastante positivo que os funcionários conheçam a função social do PPP da

escola e suas opiniões confirmam a sua participação nos constructo pedagógico dos

alunos.

A segunda questão foi assim formulada: Os funcionários tem conhecimento

do PPP da escola? De que maneiras? A resposta foi: “Nós, como funcionários da

escola tomamos conhecimento do PPP através de reuniões da semana pedagógica

realizada no Colégio”. Outro professor mencionou: “Temos sim. Participamos na

semana pedagógica, da elaboração e suas alterações (que se fazem necessárias).

Também através do curso pró-funcionário, pois há cobrança dos tutores, pelo

conhecimento do mesmo”. Outra opinião: “A maioria participaram e alguns não tem

conhecimento, pois são novos nesse ramo. Tem funcionário que nunca foi

oportunizado a participar”.

Praticamente essa segunda questão confirma o que foi dito na primeira,

revelando que os funcionários estão afinados com o PPP.

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A terceira questão teve o seguinte teor: Houve participação dos funcionários

na elaboração do PPP? Eis a resposta de um funcionário: “Sim, participamos da

elaboração do PPP juntamente com a equipe pedagógica, professores e direção,

opinamos e contribuímos com sugestões de melhorias para o desenvolvimento do

trabalho”. Outro funcionário falou: “Sim, todos nós participamos”. Outra opinião: “A

maioria participou, os funcionários antigos, agora no atual há necessidade de ser

reformulado e todos vão participar”.

Os funcionários participaram da elaboração do PPP o que revela que

naquele espaço escolar é praticada a democracia, ou seja, todos dão suas opiniões

e nada é feito autoritariamente.

Na quarta fase da pesquisa, foram formuladas três questões aos professores.

A primeira questão foi: Em que medida a formulação/reformulação do PPP pode ser

coletiva e emancipatória para a comunidade escolar? Quais as condições concretas

de elaboração de um PPP onde todos os sujeitos da comunidade escolar possam

participar? Eis as respostas:

As reformulações do PPP pelo menos no que tange ao esporte escolar sempre é coletiva. O que falta é uma maior participação da comunidade escolar. Seria bom a participação da comunidade em peso na escola (no dia-a-dia), mas isso está muito distante de acontecer. Porém, vivenciamos uma escola coesa e participativa, e alunos cada vez mais preparados. A partir do momento que todas as pessoas “contempladas” pelo PPP participem de sua elaboração. Uma das condições seria que a comunidade escolar participasse da sua elaboração na semana pedagógica. Quando são ouvidos todos os segmentos da escola para poder formular, refletir questões positivas e negativas que ocorrem no nosso dia-a-dia. Comunidade é composta de pais, alunos, professores, funcionários, administração. Precisa da participação dos pais de forma mais efetiva, grêmio estudantil. Emancipatória divulgação ampla do PPP para a comunidade escolar, acolhendo sugestões e realizando as mudanças necessárias. A partir do momento em que a escola abre espaço para a comunidade através de reuniões, debates e discussões, onde todos os segmentos possam contribuir de maneira direta na elaboração desse PPP. Pelo próprio nome, é política por ter a participação de todos os segmentos da comunidade. Será emancipatório o PPP que antevê percalços e que, com a ampla divulgação e participação, possa realmente ser consultado, modificado, atendendo às necessidades hodiernas. A escola constitui na principal instância de realização do fenômeno educativo, por este motivo coloca-se em situação não palpável para a comodidade, isto, sente-se excluído do processo de formulação do projeto político-pedagógico, deixando de fazer sua parte na educação. Deve ser um instrumento para atender as necessidades da comunidade escolar, tendo em vista que o PPP deve estar sendo sempre retomado para que sejam realizadas as atualizações e o conhecimento geral e

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específico de todos os segmentos escolares. Nesse sentido, deve haver muita leitura, discussão e interações entre todos os envolvidos no processo educacional. É importante também ressaltar que o PPP deve estar em um local onde todos possam ter acesso às informações contidas no mesmo e que de acordo com tais informações todos possam opinar democraticamente reconhecendo o real papel da escola que é o acesso à cidadania e construção de um cidadão crítico e participativo.

Muitos professores reclamam da pouca participação da comunidade conforme

se observou nesta primeira questão da quarta fase da pesquisa. Construir um

projeto político-pedagógico numa visão emancipadora sem a participação da

comunidade fica prejudicado e não segue o proposto por Veiga (2001) ao afirmar

que a participação efetiva da comunidade escolar é essencial, pois faz parte da

função social da escola que deve ser mais democrática e atuante.

Segunda questão: Até que ponto a comunidade escolar tem conhecimento do

PPP? É possível que a comunidade escolar reconheça a função social da escola

expressa no PPP?

No meu modo de ver sempre nos inícios dos semestres quando são

efetuadas as reuniões pedagógicas, alguns membros da comunidade deveriam ser convidados para participar esclarecendo que devem ser orientados no auxílio da confecção do PPP.

Não vejo a comunidade ser participadora do PPP, pois, até para as entregas de boletim, a participação é pequena. Claro que existe uma participação, mas não é a que gostaríamos que existisse no colégio.

A comunidade terá conhecimento do PPP e reconhecerá a função social da escola quando houver uma participação efetiva e ampla no que diz respeito a formulação do PPP.

Levantamento de dados que afligem a nossa escola como: material, física, pedagógica e humana. Estará assim, a compreensão clara a todos quais são as necessidades e como atingi-las, como uma forma de decisão escolha e corresponsabilidade de todos os envolvidos na comunidade escolar.

Somente o grupo de professores que participam de cursos na escola conhecem o PPP, pois os demais não sabem da existência ou de como usá-lo. É possível, porém muito difícil de acontecer, pois falta interesse.

Na realidade uma minoria, mesmo porque essa comunidade não busca conhecer, delegando total responsabilidade à escola. É possível e seria muito interessante se a comunidade se envolvesse e conhecesse o nosso PPP.

Ninguém tem o conhecimento integral do mesmo. Cada segmento construiu a sua parte e não tem contato com o todo. Isto por vários motivos. Sim, é possível, a partir do momento que a comunidade se veja como real participante do processo construtivo deste projeto que necessariamente, nunca tem ponto final.

Para as condições concretas de elaboração de um PPP onde a comunidade possa participar, resume-se na escola aberta como a mesma, reunião em que a comunidade participe efetivamente das decisões

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escolares. O conhecimento do PPP retém a necessidade da comunidade, não acredito que a comunidade reconheça na integra a função social da escola, atendo-se apenas para sua convivência.

Nesta segunda questão fica claro que a comunidade não participa mesmo.

Deve-se fomentar a participação da comunidade, pois ela faz parte da organização

do processo de trabalho pedagógico. Neste contexto, a Função Social da Escola

não se concretiza sem a participação da comunidade, que passa basicamente por

favorecer as classes populares, o acesso ao conhecimento sistematizado e

produzido historicamente pela humanidade (CGE/SEED, s.d.).

A última questão foi assim formulada: É possível aplicar o PPP na prática

escolar tendo como foco a função social da escola?

Sim, com muita atenção e com a participação de todos. Não, a cada dia a função da escola está saindo de foco. A educação não vem mais de casa. E cabe a escola a educação. Sim, desde que a função da escola não assuma função de outras instituições sociais como da família, e sim assume as suas que passam pela transmissão do conhecimento. A comunidade escolar da nossa escola tem obrigação de saber, pois as reuniões são por setores onde todos tem representantes que participaram na formulação e nas atualizações que ocorrem todo ano, são ouvidos todos envolvidos na elaboração dos projetos escolhidos pelo grupo. O PPP é o único documento que nos possibilita, nos dá apoio para regimentar e melhorar o andamento da nossa comunidade. Seria possível se houvesse um amparo legal e um respaldo da Secretaria da Educação (há muitas mudanças propostas pela escola no PPP, mas a Secretaria da Educação não concorda). Se todos os professores cumprirem o que está escrito no PPP (que eles mesmo ajudaram a construir), é possível sim. Se você tiver conhecimento pleno do PPP é possível aplicá-lo na prática. Isso adequado às práticas em sala, ou na escola como um todo, o que se fizer necessário. A aplicação na prática escolar com o foco na função social deixa a desejar, pela falta de interesse da comunidade na participação da construção escolar do indivíduo. O PPP deve ser aplicado respeitando as funções nele contidas e esta aplicabilidade só se faz se o grupo for consciente e comprometido com o processo de emancipação social perpassando a qualidade de ensino e as bases que levarão o indivíduo a um real sujeito histórico crítico e social que é o papel que a escola visa desempenhar. Em nossa realidade o PPP deve ser reestruturado atendendo as necessidades atuais.

Percebe-se que alguns professores são bastante pessimistas em relação ao

assunto e as críticas são muitas. Um olhar sobre o que diz Neri e Santos (2011) no

qual a escola é um projeto inacabado e vai se construindo ao longo do percurso de

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cada instituição de ensino, pelo que se observou no colégio em estudo, fica claro

que ainda não existe uma cultura de participação naquele ambiente, o que é

amplamente necessário, pois “um projeto político pedagógico se dá de forma

coletiva, no qual todos os envolvidos são responsáveis pelo seu êxito”, segundo

Veiga (2003, p. 45).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa levada a efeito no Colégio Estadual São Cristóvão revelou

algumas particularidades bastante interessantes. Em linhas gerais, a opinião dos

alunos a respeito da função social da escola foi bastante criticada por alguns alunos,

por acharem que na prática isso não se concretiza, ou seja, eles acham que a

escola não alcança o que se espera dela por faltar qualidade, o que acaba

prejudicando o aproveitamento escolar dos alunos. Contudo, os alunos têm uma

visão profissional da escola, isto é, eles acham que a escola serve para

profissionalizar o aluno e para que eles consigam um bom emprego no futuro.

Quanto à função social da escola onde os alunos estudam, há diversas

opiniões a respeito, mas a que mais se destacou foi a de que a escola deve preparar

o aluno para desempenhar alguma profissão no futuro. Outros alunos se queixaram

da falta de disciplina, criticam a escola e até seus próprios colegas. Essas críticas

merecem reflexão e são impulsionadoras para que num futuro próximo todos os

professores, funcionários e outros profissionais envolvidos possam estabelecer

estratégias voltadas à melhor integração entre a escola, família e a comunidade.

Outrossim, muitos alunos estão animados para frequentar a escola e

possuem perspectivas bem definidas quando o assunto é prepará-los para a vida em

sociedade, formação de alunos críticos, participativos e preparados para o trabalho.

Os professores se queixaram da pouca participação da comunidade no PPP,

o que é lamentável. Considerando que a escola é a principal instância da realização

do fenômeno educativo é preciso incentivar a comunidade a participar mais do

constructo educativo de seus filhos, destacando que o real papel da escola é o de

permitir o acesso à cidadania e a construção de um cidadão crítico e participativo.

Os professores acham que é possível aplicar o PPP na prática escolar, mas

são muito pessimistas em relação ao assunto. O PPP deve ser reestruturado para

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atender às necessidades atuais e não como uma utopia, mas como sendo possível

de ser realizado e não apenas no imaginário como se apresenta inicialmente.

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