A Elite Do Gado Na Ocupação de Mt

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O desenvolvimento da pecuária no sul de Mato Grosso levou a classificar a região como a “Civilização do Couro”. O aprofundamento das relações capitalistas na fronteira oeste brasileira se intensificou no pós-guerra contra o Paraguai. Nesse período registra-se uma avolumada entrada de capitais transnacionais,especialmente portenhos. Diante desse cenário, se estabeleceu um processo de ocupação territorial baseado no regime latifundiário.

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  • Cadernos do Tempo Presente ISSN: 2179-2143

    Cadernos do Tempo Presente, n. 16, maio/julho 2014, p. 64-75 | www.getempo.org

    A Civilizao do Couro: Desenvolvimento do Capital Transnacional no Sul do

    Mato Grosso (1870-1920)

    _________________________________________________________

    Carlos Alexandre Barros TrubilianoI

    Resumo- O desenvolvimento da pecuria no sul de Mato Grosso levou Nelson Werneck

    Sodr a classificar a regio como a Civilizao do Couro. O aprofundamento das relaes capitalistas na fronteira oeste brasileira se intensificou no ps-guerra contra o

    Paraguai. Nesse perodo registra-se uma avolumada entrada de capitais transnacionais,

    especialmente portenhos. Diante desse cenrio, se estabeleceu um processo de ocupao

    territorial baseado no regime latifundirio. Esse artigo visa compreender a formao

    econmica do Sul de Mato Grosso na sua fase pioneira, entre 1870 e 1920.

    Palavras-chave: Fronteira; Ocupao; Formao econmica.

    A "Civilization of Leather: Development Transnational Capital in South of Mato

    Grosso (1870-1920).

    Abstract- The livestock development in southern Mato Grosso led Nelson Werneck

    Sodr to classify the region as the "Civilization of Leather". The deepening of capitalist

    relations in Brazil's western border has intensified in the post-war against Paraguay.

    During this period it shows a beehive entrance of transnational, especially capital

    portenho. Given this scenario, it established a process of territorial occupation based on

    landowner regime. This article aims to understand the economic formation of southern

    Mato Grosso in its pioneering stage, between 1870 and 1920.

    Keywords: Frontier; Occupation; Economic formation.

    Artigo recebido em 06/06/14 e aceito em 30/06/14

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    CARLOS ALEXANDRE BARROS TRIBILIANO

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    O regime pastoril foi o grande fator de civilizao, de desbravamento e de

    expanso geogrfica dessas terras a oeste do Brasil.II

    possvel dividirmos a ocupao econmica do sul de Mato Grosso em duas

    fases. A primeira se deu com a formao da elite agrria de carter regional entre 1870 -

    1920. Esse perodo foi nomeado, por Virglio Corra Filho, como a fase herica da

    Histria mato-grossense, em linhas gerais, correspondeu, a formao dos latifndios

    pecuaristas e o incio da entrada de capitais transnacionais na regio. Nesse momento

    registra-se, de forma paralela, a valorizao gradativa das terras no sul de Mato Grosso.

    A segunda fase, 1920-1940, se d o aprofundamento das relaes capitalistas na regio.

    Marcada pela ampliao dos investimentos de capitais transnacionais e os impactos

    sociais, econmicos e culturais que vinham com a instalao da ferrovia Noroeste do

    Brasil. Interessa-nos, mais de perto, a primeira fase.

    Os rebanhos estimularam o desenvolvimento do comrcio de gado em p, entre

    os criadores pantaneiros e os invernistas mineiros e de So Paulo.III

    A base econmica

    mato-grossense passava, paulatinamente, de mineradora a agropastoril, tendo na

    pecuria sua principal atividade. No decorrer do sculo XIX, o Pantanal concentrava os

    maiores rebanhos de Mato Grosso; l se desenvolveu uma raa especfica: o gado

    pantaneiro. IV

    No entanto, o isolamento do sul de Mato Grosso era o principal entrave ao

    desenvolvimento da regio e sua integrao. Os primeiros caminhos terrestres foram

    estabelecidos pelos prprios fazendeiros, como no caso da estrada boiadeira que ligava

    o povoado de Santana do Paranaba ao Tringulo Mineiro e, posteriormente, ao oeste

    paulista. V

    Em 1850 os boiadeiros do Triangulo Mineiro, conhecedores j do serto sul-

    mato-grossense para onde passavam atravessando o Paranaba, abaixo da barra do Rio Grande, iniciaram suas viagens peridicas a estas paragens,

    fazendo negcios de gado com criadores estabelecidos nas margens do

    Miranda, Apa e Planos de Vacaria.VI

    O trmino da guerra contra o Paraguai impulsionou a fixao de novos

    fazendeiros nas pores centrais e meridionais do sul de Mato Grosso. Pecuaristas

    gachos migraram do Rio Grande do Sul, estabelecendo-se nos campos de Vacaria

    (Ponta Por, Bela Vista, Rio Brilhante); os mineiros adensavam as reas j desbravadas

    de Paranaba e Maracaj. Nas primeiras dcadas do sculo XX, ncleos populacionais

    surgiram atrelados economia do gado, a exemplo de Campo Grande, fundada como

    pouso de boiadeiros em 1872.VII

    O desenvolvimento da pecuria levou Nelson Werneck Sodr a classificar o sul

    de Mato Grosso como a Civilizao do Couro, sintetizando a organizao social e econmica do territrio por meio de trs grandes levas migratrias advindas do Tringulo Mineiro, Rio Grande do Sul e Paraguai. Essas correntes somaram-se aos

    migrantes oriundos do norte do estado. Na regio do pantanal, fixaram-se os criadores

    cuiabanos, portugueses e paraguaios; no planalto, estabeleceram-se, majoritariamente,

    os mineiros; e no extremo sul, os produtores gachos. VIII

    A estimativa era de que o sul concentrava dois teros do rebanho bovino de

    Mato Grosso, poca: em 1910, calculava-se em torno de 2,5 milhes de reses.IX

    As

    caractersticas da criao de gado como os baixos custos de produo, a reduzida utilizao de mo de obra, a reproduo natural, o baixo valor das terras, as reservas

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    naturais de salinas no Pantanal e a relativa independncia do produtor no mercado, uma

    vez que no era forado a vender toda sua produo anual delinearam um cenrio favorvel expanso econmica da pecuria no sul de Mato Grosso.

    X

    Diante dessa favorvel conjuntura, as primeiras charqueadas foram instaladas na

    regio no final do sculo XIX. A navegao platina permitiu aos produtores alar novos

    mercados para alm das fronteiras brasileiras, atendendo aos pases do cone-sul. Soma-

    se a essa constatao o fato de que Argentina e Uruguai passaram por profundas

    transformaes em sua economia pastoril, com a substituio da criao do gado para a

    criao de ovinos com vistas para atender a exportao de l aos mercados europeus; e a

    decadncia dos saladedeiros platinos em virtude da instalao dos primeiros frigorficos

    naqueles dois pases, que passou a absorver uma fatia cada vez maior do mercado de

    carnes. Essa transformao, fez com que parte do capital da indstria do charque

    portenho, migra-se para outras regies, como o sul de Mato Grosso.XI

    No sul de Mato Grosso, o valor de compra do gado era outro ponto favorvel s

    charqueadas. Em 1908, a vaca era comercializada a 15$000 (15 mil ris), e o novilho a

    30$000. Em 1910, registra-se a elevao dos preos motivada pela crescente produo

    da carne salgada; o valor de comercializao saltou, respectivamente, para 26$000 e

    45$000. Entre 1911 e 1918, com a conflagrao mundial, o preo do novilho

    praticamente dobra de valor chegando a 80$000 em 1918. Mesmo assim, comparados

    aos valores praticados em outras praas do pas, como So Paulo, onde o novilho, em

    1908, j era vendido a 100$000XII

    , os preos do gado mato-grossense eram atrativos.

    Outro dado comparativo para se ter uma ideia do valor do gado, como nos informa

    Paulo Coelho Machado, em 1918 um terno, feito em bom alfaiate do Rio ou So Paulo,

    custava 80$, ou seja, o valor de um boi.XIII

    Se a consolidao da pecuria extensiva, em meados do sculo XIX, foi

    consequncia do baixo custo da produo em virtude da disponibilidade de pastagens, saladeiros, da adaptao do gado pantaneiro e da privilegiada logstica para o

    escoamento da produo via Rio Paraguai , a conflagrao da primeira guerra impulsionou a formao da indstria pastoril no sul de Mato Grosso.

    O cenrio favorvel estimulado pelos investimentos de capitais estrangeiros,

    especialmente platinos, foi marcado pela estruturao de companhias especializadas na

    produo de charque na regio. Deste modo, empresas como a Deambrosio, Legrand &

    Cia. instalou no Pantanal o Saladeiro Miranda, nas proximidades de Porto Murtinho; a

    Moali & Grosso Ledesma estabeleceu o Saladeiro Terer; e a Empresa Extrativa e

    Pastoril do Brasil S.A., a Charqueada do Barranco Branco. XIV

    As trs instalaes, cuja

    sede social era Montevidu, chegaram a abater, aproximadamente, 60 mil reses por

    safra.XV

    De acordo com Virgilio Correa Filho, em 1925, funcionavam em Mato Grosso

    19 empresas do ramo.XVI

    A crescente demanda e a necessidade de garantir matria-

    prima levaram os estancieiros platinos a adquirir fazendas de gado, como no caso da

    Cia. Fomento Argentina, proprietria de 277 lguas no Pantanal do NabilequeXVII

    , e do

    Trust del Alto Paraguai, que comprou a antiga Fazenda Rodrigo com uma rea de 384.950 hectares de campo, pela somma de 500.000 pesos de ouro sellado.XVIII Outros empreendimentos foram:

    (...) a Brazil Land, Cattle and Packing Co. detinha propriedades em Cceres,

    Corumb, Campo Grande e Trs Lagoas, que somavam juntas 2.553.205

    hectares. The Brazilian Meat Company possua duas propriedades, uma em Trs Lagoas e outra em Aquidauana, que correspondiam a 316.010 hectares.

    A Fomento Argentino Sud-Americano dispunha de 726.077 hectares no

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    municpio de Corumb. A Territorial Franco Brasileira detinha 414.803

    hectares em Miranda e Corumb. Ainda em Miranda, uma rea de 219.506

    hectares era explorada por The Miranda Estncia Company. A Sud-

    Amricaine Belge S. A. dispunha de 117.060 hectares em Corumb, onde a

    Sociedade Anonyma Rio Branco possua tambm 549.156 hectares. Em Trs

    Lagoas, The gua Limpa Syndicate apropriou-se de uma rea de 180 mil hectares.XIX

    Nas primeiras dcadas do sculo XX, ampliaram-se os empreendimentos

    gerenciados por capital transnacional no sul de Mato Grosso. A presena de investidores

    estrangeiros registrava-se em diversos setores da economia, especialmente na produo

    da erva mate, nos saladeiros, nas charqueadas e nas fazendas de criao de gado.

    Tabela: Empresas com capital transnacional instaladas no sul de Mato Grosso

    (1895 - 1920)

    Razo Social Ano de

    Fundao

    Sede Social Capital

    declarado

    Empreendimento

    Cie. Des Pordutis Cibils 1895 Bruxelas 5.000:000

    Francos

    Charqueada

    Socit Industrielle et

    Agricole au Brsil

    1906 Bruxelas 3.000:000

    Francos

    Charqueada

    Laranjeira, Mendes & Cia 1902 Buenos Aires XX Erva-mate/ Pecuria

    Territorial Franco-

    Brasileira S/A (Fazenda

    Francesa)

    Pecuraia

    Brazil Land, Cattle an

    Packing Co. (Percival

    Farquhar)

    1911 So Paulo 1.000.000

    Dlares

    Agropecuria

    Sociedade Anonyma

    Fomento Argentino Sud-Americano

    1905 174.000 Libras

    Pecuria

    Sociedade Anonyma Rio

    Branco

    1913 Montevidu 423.000

    Libras

    Agropecuria

    Truste del Alto Paraguay

    1909 175. 000 Libras

    Pecuria

    Deambrsio, Legrand &

    Cia

    1909 Montevidu Saladeiro

    Moali & Grosso Ledesma 1909 Montevidu Saladeiro

    G. C. Dickinson & Cia Montevidu Saladeiro

    Pinsdorf & Cia 1911 60:000$000 Ris

    Saladeiro

    The Brazilian Meat

    Company

    Pecuria

    The Miranda Estncia

    Company Limited

    1912 Pecuria

    Sud-Amricaine Belge

    S.A

    Pecuria

    Fontes

    Esse cenrio de expanso do capital estrangeiro e de evoluo nos preos do

    gado, especialmente entre 1914-1918, impactou o imaginrio dos fazendeiros. Segundo

    as memrias de Emlio Garcia Barbosa pecuarista na regio de vacaria em Campo

    Grande, nunca foi visto tanto dinheiro reunido naquela zona pastoril! O assombro, a

    admirao e a cobia invadiram os coraes dos pobres fazendeiros. Os lucros

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    auferidos, com a alta do gado, suscitavam nesses homens de hbitos simples o desejo

    pelas benesses da modernidade, o fazendeiro, at ento modesto, usando no mximo um

    apero de prata no seu pangar, olhava com cobia o fordinho bigode, que segundo o pecuarista podiam ser adquiridos pela soma de cem vacas. O desejo tambm era de descoberta e de desfrute dos maiores smbolos da modernidade do sculo XX, os agora

    afortunados sertanejos queriam conhecer So Paulo e Rio, ver outras terras, viajar em trem de ferro e vapor.

    XXI

    Tamanha euforia transforma-se em depresso com fim da primeira guerra, levando o fazendeiro Emlio Barbosa a sentenciar: a riqueza acabou (...) no ano de 19

    no apareceu um s boiadeiro, ningum comprava de ningum.XXII

    Afora as

    calamitosas palavras do pecuarista, o que se observou foi uma retrao mercadolgica,

    entre 1919-1921, dos produtos da carne, em especial o charque, do sul de Mato Grosso.

    Esse fenmeno foi conseqncia do redirecionamento do fluxo comercial, de

    significativa parte, do mercado consumidor europeu que passou no ps-guerra a

    comprar dos produtores estadunidenses.XXIII

    Contudo, possvel afirmar que uma das consequncias da Primeira Guerra

    sobre os fluxos internacionais de mercadorias e capitais, foi o alargamento do mercado

    mundial da carne bovina. De acordo com Robert Wilcox, a guerra praticamente criou a

    indstria brasileira da carne congelada, impactando as regies criadoras de gado bovino,

    a exemplo do sul de Mato Grosso:

    Mato Grosso, j estabelecido como um importante produtor de carne bovina

    para o mercado paulista, foi rapidamente inserido na economia nacional da

    poca da guerra, exportando crescentes quantidades de gado em p para os

    abatedouros de So Paulo e expandindo as pastagens, os abates e a necessria

    infra-estrutura. A guerra e o perodo imediatamente subseqente garantiram a

    definitiva participao de Mato Grosso no capitalismo nacional e

    internacional uma situao da qual essa regio havia desfrutado apenas de modo perifrico, [...] nas dcadas anteriores.XXIV

    O papel do capital estrangeiro na fronteira oeste foi tema de inmeras

    reflexes.XXV

    O caso dos investimentos na cadeia produtiva da carne, no sul de Mato

    Grosso, atende a um contexto de expanso do capital monopolista. Pases

    industrializados, como Frana, Inglaterra, Blgica e Estados Unidos, consolidavam

    empreendimentos que garantissem a exportao de capitais e o controle das fontes de

    matrias-primas por meio de seus trustes e cartis, na periferia do mercado mundial.

    As aquisies de grandes glebas, para instalao dessas companhias, provocaram

    uma substancial valorizao nos preos dos terrenos. O preo do hectare das terras

    devolutas comercializado pelo Estado em 1911, variava de 1$000 a 2$000 para terrenos

    destinados a lavoura e de $800 a 1$500 para formao de pasto.XXVI

    Em 1918

    O valor oficial das terras devolutas, pertencentes ao Estado, ainda existentes no municpio (Campo Grande), em grandes extenses, principalmente na

    regio do Ivinhema e Paran, na atualidade, de 3$000 por hectare.

    Na vasta e riqussima zona da Vacaria, constituda dos mais belos campos, a

    mais propcia indstria pastoril, j sem rea alguma devoluta, tem sido

    negociados, ultimamente, grandes trechos razo de quarenta contos de ris

    e mais (...) por hectare. (grifo nosso)XXVII

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    Outro elemento a ser destacado, diz respeito legalizao das terras. Com

    aprofundamento das relaes capitalista, a posse no se dava mais com o caminhar da

    boiada que adensava as matas virgens, ampliando o patrimnio do fazendeiro, como

    outrora, nos tempos da fase herica da ocupao (1870-1920) do sul de Mato Grosso.

    A ocupao da terra um processo econmico antes de ser um processo

    poltico: e so os motivos econmicos que trazem os diferentes capitais e

    grupos econmicos para a fronteira. A partir da, entretanto, o problema de

    ganhar o controle sobre a terra torna-se poltico, e esses capitais e grupos

    procuram os ttulos terra que possam legitimar sua atividade

    econmica.XXVIII

    A formao dos Parkings industrie da carne, deu-se atravs da aquisio de

    terras junto aos grandes proprietrios, seduzidos pela alta dos preos, e por polticas de

    incentivo adotadas pelo Estado de Mato Grosso, que disponibilizou a venda, de grandes

    glebas de terras devolutas, na regio sul do Estado para instalao dessas companhias.

    Segundo Czar Benevides, com a benevolncia das autoridades locais e a aquiescncia

    do governo federal, proliferaram no Estado de Mato Grosso diversos empreendimentos

    pecurios estrangeiros. Entre 1910 e 1930 foram adquiridas s pelas companhias

    estrangeiras, ligadas a indstria da pecuria, cerca de 5.463.673 hectares de terras no sul

    de Mato Grosso.XXIX

    Contudo, a instalao dessas empresas teve resistncia dos pequenos posseiros.

    O registro de propriedade da terra nos rgos oficiais, no era prtica dos pequenos

    produtores no sul de Mato Grosso, para estes, os encargos com a medio, cercamento e

    registro era invivel economicamente, soma-se ainda uma questo de mentalidade, na

    cosmoviso desses roceiros, a sua permanecia naquela terra at ento sem dono, era legtima, uma vez que por anos, s vezes geraes, residiu nesse espao.

    (...) era essa ento a realidade das terras em Mato Grosso: terras devolutas

    disponveis, a espera de compra; grande nmero de posseiros ocupando

    terras, sem condies objetivas de regularizar as posses. No futuro sero estes

    posseiros os mais vulnerveis expropriao.XXX

    A resistncia dos pequenos posseiros gerou um clima de beligerncia na regio.

    Exemplo disso foi o litgio envolvendo posseiros e a companhia britnica Brasil Land

    and Cattle Packing Company, no incio da dcada de 1920. A companhia era uma

    empresa subsidiria do grupo controlado por Percival Farquhar, o mesmo grupo que

    entre 1912-1916 se envolveu em conflitos com posseiros na regio fronteiria entre os

    estados do Paran e Santa Catarina, no episdio que entrou para historiografia brasileira

    como Guerra do Contestado.

    No sul de Mato Grosso a Brasil Land adquiriu 200.000 hectares na regio de

    Vacaria, zona rural de Campo Grande. O incio do processo de demarcao das terras

    resultou no aumento das tenses sociais na regio. Os posseiros que ali estavam se

    negaram a deixar a propriedade. Por seu turno a companhia, atravs da embaixada da

    Gran-Bretanha, fez presso junto ao governo federal, que intervenho desapropriando os

    posseiros e garantindo a integrao de posse companhia.XXXI

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    Sob a tica da administrao pblica, a defesa das grandes companhias,

    politicamente se justificava pelas receitas geradas. Entre 1916 e 1925, com a ampliao

    do nmero de empresas, ligadas a cadeia produtiva da carne, a exportao do gado em

    p triplicou. Em 1916 Mato Grosso registrou a venda de 51,035 cabeas de gado, o que

    gerou uma receita de 4.082:720$000; em 1925 esse nmero saltou para 152.561

    cabeas, resultando 12.204:880$000. Contudo, devemos salientar que se tratando de

    empresas de natureza transnacional, fora os impostos debitados, significativa parte desse

    capital no permaneceu em Mato Grosso.

    Outro efeito negativo, com a desapropriao dos poceiros, em geral pequenos

    agricultores, foi a crise de abastecimento que Campo Grande sofreu em 1924. Em suas

    memrias, o intendente Dr. Arnaldo Estevo de Figueiredo (1924 a 1926) nos relatou o

    momento crtico que a cidade passou: numa ocasio houve falta de feijo e arroz.

    Mandamos comprar em Araatuba para abastecer a cidade.XXXII

    A adoo pelo Estado de polticas de incentivo as empresas ligadas ao negcio

    da carne, era um reflexo das mudanas no cenrio econmico de Mato Grosso. Desde o

    incio do sculo XX, registrava-se o crescimento das receitas do eixo-produtor da regio

    sul, que capitaneado pelo setor pecurio, superou, em 1924, as receitas da regio Norte.

    Em mensagem dirigida Assemblia Legislativa, o ento presidente de Estado cel.

    Pedro Celestino atribui a criao do gado bovino a melhor garantia do

    desenvolvimento econmico de Matto Grosso, dada a excellencia das pastagens nativas

    que se extendem dos pantanaes naturalmente adubados, aos campos do planalto.XXXIII

    Ante as transformaes econmicas, fazia-se necessrio criar e aprimorar as vias

    de comunicao e escoamento de mercadorias. Atendendo aos interesses do capital

    financeiro nacional e internacional, a infraestrutura do sul de Mato Grosso se

    modernizava com a concluso, em 1904, do ramal telegrfico do Pantanal; o incio da construo da ferrovia, em 1905; a inaugurao da iluminao pblica na cidade de

    Corumb, em 1912; e a reforma e ampliao do porto de Corumb, promovidas pelo

    Governo Federal em 1913.XXXIV

    Os primeiros produtores de charque se instalaram no sul de Mato Grosso, s

    margens do rio Paraguai ou de seus afluentes. A escolha desses locais se explica pela

    regular oferta de matria-prima e a utilizao da via fluvial como o principal escoadouro

    para produo. Contudo, com a construo da ferrovia Noroeste do Brasil, registrou-se a

    ampliao, entre 1914 e 1920, do nmero de empresas que se fixaram no entorna dos

    trilhos. A combinao da expanso da indstria pastoril com os trilhos da ferrovia

    representou um novo dinamismo econmico para pequenos vilarejos como Miranda,

    Aquidauana, Ponta Por e Campo Grande.

    Para termos noo das transformaes que se opera no sul de Mato Grosso, de

    acordo com o Recenseamento do Brazil de 1920, dos 3.484 estabelecimentos rurais

    regularizados em Mato Grosso, 583 estavam no municpio de Campo Grande, numero

    quase trs vezes maior que da capital Cuiab que contava com 205, outros municpios

    tambm do sul como Trs Lagoas (321), Santana do Parnaba (297) e Ponta Por (338)

    possuam quantidade maior de propriedades.XXXV

    Esses dados revelam a expanso das

    relaes capitalistas na ocupao do territrio, cuja fora motriz estava na ampliao do

    nmero de empresas e as levas de imigrantes que rumaram para regio sul.

    Campo Grande, nas primeiras dcadas do sculo XX, foi o catalisador dessas

    transformaes de modernizao e aprofundamento das relaes capitalistas que se

    operavam no sul de Mato Grosso. A juno: gado, ferrovia e migrantes, transformaram

    o pequeno vilarejo nas palavras do cronista Paulo Coelho Machado em emprio do

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    gado. Alm da produo de charque, a cidade se destacava na comercializao de

    novilho magro, para comitivas que vinham do pantanal sul em direo as zonas de

    engorda e abate no oeste paulista. Esse fluxo comercial acelerou o desenvolvimento da

    urbes campo-grandense.

    O charque do sul de Mato Grosso foi o produto, da cadeia produtiva da carne,

    que mais utilizou o transporte ferrovirio como escoamento. Foi tambm, artigo

    importante na pauta comercial de Mato Grosso, em especial durante o pice produtivo

    nos anos da primeira guerra mundial.

    A partir do final da dcada de 1920 registrou-se o declnio da produo de

    charque do Sul de Mato Grosso. Esse processo deu-se por dois motivos: primeiro: no

    perodo entre as duas guerras mundiais (1918 1929) instalaram-se grandes frigorficos nos estados de So Paulo, Rio de Janeiro, Paran, Rio Grande do Sul e Minas Gerais

    levando uma progressiva reduo do consumo de charque, substitudo por outros

    produtos como a carne congelada ou em conservaXXXVI

    ; segundo, como nos informa

    Wilson Cano, na dcada de 1930 So Paulo produzia charque em quantidade

    equivalente metade da produo gacha e concorriam ambos no mercado

    nacional.XXXVII

    Ou seja, ante a retrao de mercado, tornou-se mais rentvel, ao

    produtor sulista, fornecer gado magro a ser utilizado como matria-prima para os

    frigorficos e indstria do charque paulista.XXXVIII

    A partir desse momento o

    desenvolvimento econmico do sul de Mato Grosso entra na segunda fase, 1920-1940,

    onde se d o aprofundamento das relaes capitalistas na regio com So Paulo,

    contudo, essa discusso tema para futuras investigaes.

    Notas

    IProfessor Auxiliar de Histria Contempornea da Universidade Federal de Rondnia (Unir) e doutorando

    em Histria na Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho UNESP/ Campus de Franca. E-mail: [email protected] II SODR, Nelson. Werneck. Oeste. Ensaio sobre a grande propriedade pastoril. Rio de Janeiro: Jos

    Olympio, 1941. p. 68. III ARAJO, Ana Paula Correia de. Pantanal, um espao em transformao. Tese (Doutorado em

    Geografia). Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 2006. p. 83. IV O gado pantaneiro caracteriza-se como animal precoce, rstico, frtil e com baixa taxa de mortalidade.

    Ao mesmo tempo em que suporta fortes e prolongadas inundaes, permanecendo por muitas horas na

    gua para conseguir alimentar-se, em outras pocas do ano tambm capaz de suportar longos perodos de seca. In: MAZZA, M.C.M.; MAZZA, C.A.S.; SERENO, J.R.B.; SANTOS, S.A.; e PELLEGRIN,

    A.O. Etnobiologia e conservao do bovino Pantaneiro. EMBRAPA/CPAP/SPI; Braslia: EMBRAPA-

    SPI, 1994, p. 61. V FLEURY, Justiniano Augusto de Salles. O descobrimento do serto e fundao da povoao de

    SantAnna do Paranahyba. Revista do Instituto Histrico de Mato Grosso, Cuiab, 1925.p. 30 VI ALMEIDA, Mrio Monteiro de. Episdios histricos da formao geogrfica do Brasil: fixao das

    raias com o Uruguai e o Paraguai. Rio de Janeiro: Pongetti, 1951.p.22. VII CORREA FILHO, V. Histria de Mato Grosso. MEC/Instituto Nacional do Livro. Rio de Janeiro,

    1969, p. 536-556. VIII SODR, Nelson Werneck. Oeste: ensaio sobre a grande propriedade pastoril. Jos Olympio. Rio

    de Janeiro, 1941. IX Dados obtidos no: Album graphico do Estado de Matto Grosso (EEUU do Brazil) Corumb, Hamburgo: Ayala & Simon Editores, 1914, p. 292. X MAMIGONIAN, Armen. Insero de Mato Grosso ao mercado nacional e a gnese de Corumb.

    Geosul n1, ano 1, 1986.

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    XI MAMIGONIAN, Armen. Insero de Mato Grosso ao mercado nacional... Op. Cit. XII

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    em verso digitalizada no site:http://www.arquivoestado.sp.gov.br/upload/pdfs/ANE19080000.pdf XIII MACHADO, Paulo Coelho. Pelas ruas de Campo Grande: a Rua Velha. Campo Grande: Tribunal

    de Justia de Mato Grosso do Sul, 1990, v. 1, p. 67. XIV DEFFONTAINES, Pierre. Historia do gado nos pases do Prata. Rio de Janeiro: BG n9,1953 XV lbum Grfico de Mato Grosso (EEUU do Brasil). Op. Cit. p.293. XVI CORREA FILHO, V. Fazendas de gado no Pantanal mato-grossense... Op. Cit. XVII CORREA FILHO, V. Fazendas de gado no Pantanal mato-grossense... Op. Cit. p. 599. XVIII Dirio Oficial da Unio (DOU) de 08/01/1910. Seo 1 p. 8. Disponvel para consulta no Arquivo

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    Geografia), n. 61, 1984.p.43. XX Dados no localizados. A tabela resultado do cruzamento de dados coletados nas obras de: PROENA, Augusto Csar. Pantanal: gente, tradio, histria. Campo Grande: 1992; BORGES, F. T. de M. Do extrativismo

    pecuria: algumas observaes sobre a histria econmica de Mato Grosso (1870 1930). So Paulo: Scortecci, 2001; BENEVIDES, C.; LEONZO, N. Miranda Estncia: ingleses, pees e caadores

    no pantanal mato-grossense. Rio de Janeiro: Fundao Getlio Vargas, 1999; ALVES, Gilberto Luiz.

    Mato Grosso e a Histria: 1870-1929 (Ensaio sobre a transio da casa comercial para a hegemonia

    do capital financeiro). So Paulo: Ed. da AGB, (Boletim paulista de Geografia), n. 61, 1984;

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    Universidade de So Paulo (USP). 1989. XXIBARBOSA, Emlio Garcia. Panoramas do Sul de Mato Grosso. Campo Grande: IHGMS/Editora

    GIBIM, 2011. p. 100-104. XXII BARBOSA, Emlio Garcia. Panoramas do Sul de Mato Grosso. Op. Cit. 104. XXIII MAMIGONIAN, Armen. Insero de Mato Grosso ao mercado nacional... Op. Cit. XXIV WILCOX, Robert Wilton. Cattle ranching on the Brazilian frontier: tradition and innovation in

    Mato Grosso, 1870-1940. Graduate School of Arts and Sciences (Tese em Histria), New York: New

    York University. 1992. p. 180. XXV Destacamos os estudos de HOLANDA, Srgio Buarque de. O extremo oeste. So Paulo:

    Basiliense/Secretaria de Estado da Cultura, 1986; VOLPATO, Luiza Rios Ricci. A conquista da terra

    no universo da pobreza; formao da fronteira oeste do Brasil 1719-1819. So Paulo: HUCITEC, 1987; SODR, Nelson Werneck. Oeste. Ensaio sobre a grande propriedade pastoril. So Paulo: Arquivo do Estado de So Paulo, 1990; LENHARO, Alcir. Crise e mudana na frente oeste de

    colonizao. UFMT - Imprensa Universitria, Cuiab, 1982. XXVI lbum Grfico de Mato Grosso (EEUU do Brasil). Op. Cit. p.167. XXVII

    CONGRO, Rosrio. O Municpio de Campo Grande 1919. Estado de Matto Grosso: Publicao Official, 1919.p. 62. XXVIII FOWERAKER, Joe. A luta pela terra: a economia poltica da fronteira pioneira no Brasil. Rio

    de Janeiro: Zahar; 1982. p. 145. XXIXBENEVIDES, Cezar Augusto Carneiro; LEONZO, Nanci. Miranda Estncia: ingleses, pees e

    caadores no Pantanal mato-grossense. Rio de Janeiro: Editora Fundao Getlio Vargas. 1999. p.25 XXX BANDEIRA, Maria de Lourdes. Relatrio Antropolgico de Furnas do Dionsio. Braslia:

    Ministrio da Cultura. Fundao Cultural Palmares Projeto de Mapeamento e sistematizao das reas de comunidades remanescentes de quilombo. 1998. p. 02. XXXI Sobre a contenda envolvendo a Brasil Land e os posseiros ver: CORRA, Lucia Salsa. Historia e

    Fronteira: o Sul de Mato Grosso 1870-1920 op. cit; BENEVIDES, Cezar; LEONZO, Nanci. Miranda

    Estncia: ingleses, pees e caadores no Pantanal mato-grossense. Op. cit.; e Lata 1920A.

    Documentos Avulsos do APMT. XXXII RIBEIRO, Llia Rita Euterpe de Figueiredo. O Homem e a Terra. Campo Grande: IHGMS,

    1993.p.305. XXXIII

    COSTA, Pedro Celestino Corra. Mensagem dirigida Assemblia Legislativa em 13 de maio

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    Janeiro: TYP. da Estatstica. 1923. p. 04. XXXVI Os principais frigorficos do Brasil entre 1918-1929: Cia. Frigorfica de Santos; Cia. Frigorfica e

    Pastoril de Barretos; Cia. Frigorfica de Pelotas; Frigorfico Matarazzo; Frigorfico Bianco; Cia. Pecuria

    e Frigorfica do Brasil; Frigorfico Wilson Co.; Armour do Brasil (SP); Armour do Brasil (RS); Swift do

    Brasil; Frigorfico Anglo; Frigorfico Mendes. XXXVIICANO, Wilson. Desequilbrios regionais e concentrao industrial no Brasil: 19301970. Campinas: EdUnicamp.1985. p. 57. XXXVIII ESPNDOLA, Carlos Jos. As agroindstrias da carne no Sul do Brasil. Tese. (Doutorado em

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