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A Escola como um Parque e o Parque como uma Escola: aprendizado através da paisagem

A escola como um parque e o parque como uma escola

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Trabalho Final de Graduação desenvolvido em 2012. Aborda a relação entre a Escola Municipal de Ensino Fundamental – EMEF – Deputado Rogê Ferreira e o Parque Municipal Pinheirinho D’Água. Essa interação merece uma atenção especial quando se pensa na construção dos espaços de uso público e educativos dentro da cidade. A Escola, apesar de todo o processo de implantação ter sido bastante conturbado, caracteriza-se como um espaço peculiar, pois está em uma área favorecida dentro do Parque. Analisando esse aspecto privilegiado de estar em contato direto com a natureza, com a possibilidade da realização de diversas atividades educativas dentro deste espaço e todo o seu processo de construção despertaram-me grande interesse de estudo.

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Page 1: A escola como um parque e o parque como uma escola

A Escola como um Parque e o Parque como uma Escola:

aprendizado através da paisagem

Page 2: A escola como um parque e o parque como uma escola

A Escola como um Parque e o Parque como uma Escola:

aprendizado através da paisagem

Trabalho Final de Graduação

2º semestre de 2012

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

da Universidade de São Paulo

Aluna: Paula Mar� ns Vicente

Orientadora: Profª Dra . Catharina P. C. dos Santos Lima

Ilustração da capa: Andressa e Ygor - alunos 5ª série EMEF Rogê Ferreira

Page 3: A escola como um parque e o parque como uma escola

Aos meus avós (em memória)

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Agradecimentos

À Deus por todas as pessoas que ele colocou em minha vida e tudo o que elas

puderam acrescentar em meu aprendizado.

À profª Catharina Lima, que acreditou até o fi nal que esse trabalho era possível

e não me deixou desis" r em nenhum momento.

À profª Márcia Penha que me mostrou qual deve ser o papel do educador e me

auxiliou durante as a" vidades na Escola e no Parque.

Ao Fernando de Araujo, Elizabeth Toledo e toda a equipe de funcionários e

professores da EMEF Rogê Ferreira.

Aos arquitetos Caio Boucinhas, Raul Pereira, Rulian Noci" , Aline Santos e Le-

andro Fontana pelos momentos de conversas e trocas de conhecimento que me

auxiliaram durante o TFG.

À Vanessa Chinen que compar" lhou comigo as “aventuras” das descobertas

do Parque Pinheirinho d’Água, durante nosso projeto de Extensão Universitária.

À Paula Oliveira, que me auxiliou na conclusão do Trabalho, além de ser

uma amiga para todos os momentos.

Aos meus amigos da FAU, que tornaram os momentos di# ceis muito mais

suportáveis e os momentos fáceis muito mais alegres durante esse tempo de

permanência na faculdade – Ana Carolina, Caio, Érica Miguita, Érika Akemi,

Fernanda, Guilherme, Jéssica, Lenita, Le$ cia, Mariana, Verônica, Vitor.

Aos meus pais, Sonia e Roberto, e as minhas irmãs, Eloisa e Beatriz, que me

ajudaram a ser a pessoa que sou hoje, me deram todo o ae sempre acredita-

ram em mim.

Em especial aos meus avôs, Carmen e Walter, e à minha " a, Angela, que

par" ciparam de minha vida de uma maneira muito especial e deixam muita

saudades.

Page 5: A escola como um parque e o parque como uma escola

SumárioIntrodução

Caracterização da área de estudo Localização Uso do solo

Processo histórico

Parque Municipal Pinheirinho d’Água O Programa Municipal 100 Parques Projeto original para o Parque

Charrete com a EMEF Deputado Rogê Ferreira Resultados da Charrete A Escola e a construção de uma sociedade mais par� cipa� va Processos par� cipa� vos com jovens e adultos na construção do espaço público Projeto Uma Fruta no Quintal O Parquinho no Butantã Praça da Criança

Referências: Escola Parque, CEUs e Parque Escola Escolas Classe Escola Parque CEUs – Centros Educacionais Unifi cados Parque Escola de Santo André

Diretrizes de intervenção: o Projeto Os passeios e as praças Os cercamentos Os acessos As trilhas Diretrizes gerais Áreas Específi cas Sínteses e Desafi os

Bibliografi a

9

111115

19

313132

4549

55

57

575860

61616364

65697071727374

101

103

Page 6: A escola como um parque e o parque como uma escola

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IntroduçãoO presente Trabalho Final de Graduação (TFG) aborda a relação entre

a Escola Municipal de Ensino Fundamental – EMEF – Deputado Rogê Fer-

reira e o Parque Municipal Pinheirinho D’Água. Essa interação, ou melhor,

essa pouca interação atual, merece uma atenção especial quando se pen-

sa na construção dos espaços de uso público e educa! vos dentro da cidade.

A Escola, apesar de todo o processo de implantação ter sido bastan-

te conturbado, caracteriza-se como um espaço peculiar, pois está em uma

área favorecida dentro do Parque. Analisando esse aspecto privilegia-

do de estar em contato direto com a natureza, com a possibilidade da re-

alização de diversas a! vidades educa! vas dentro deste espaço e todo o

seu processo de construção despertaram-me grande interesse de estudo.

“Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas.Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a

arte do voo.Pássaros engaiolados são pássaros sob controle (...) deixaram de ser

pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.

Escola que são asas não amam pássaros engaiolados.O que elas amam são os pássaros em voo.

Existem para dar aos pássaros coragem para voar.Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro

dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.”

Rubem Alves

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Caracterização da área de estudo

Localização

O Parque Municipal Pinheirinho d’Água e a Escola Municipal de Ensino

Fundamental – EMEF – Deputado Rogê Ferreira, estão situados na porção no-

roeste da cidade de São Paulo, na Subprefeitura de Pirituba, mais especifi -

camente no distrito do Jaraguá. Estão localizados nas proximidades das ro-

dovias Anhanguera e Bandeirantes e do Rodoanel Mário Covas. As principais

vias de acesso são as Estradas de Taipas e do Corredor e as Avenidas Raimun-

do Pereira de Magalhães, Philonília Gonçalves dos Santos e Amador Aguiar.

A paisagem natural apresenta elementos muito importan-

tes para a cidade, como o Pico do Jaraguá e a Serra da Cantarei-

ra. É marcada também pela presença de empresas de extração mine-

ral – as pedreiras – e pela ocupação habitacional da Serra da Cantareira.

Nas proximidades da área onde estão o Parque e a Escola há um destaque

para importantes parques da região: Estadual do Jaraguá, Estadual da Serra da

Cantareira, Municipal Anhanguera, Municipal São Domingos, Municipal Rodri-

go Gasperi, Municipal Jardim Felicidade, Municipal Jacinto Alberto e Municipal

Cidade de Toronto. Apesar da relevância destes parques para a cidade de São

Paulo, a área do Parque Pinheirinho d’Água é caracterizada por atender um pú-

blico em uma escala menor, próxima da do bairro. Alguns dos parques citados

acima apresentam um raio de abrangência muito maior, chegando até a ter

um caráter de reserva natural. Além disso, eles se encontram distantes, cerca

de 3 a 5 km, das moradias do entorno do Pinheirinho d’Água e da EMEF locali-

zada dentro dele, separados pelas rodovias Anhangüera, Bandeirantes ou am-

bas, que se caracterizam como uma barreira ao acesso a essas áreas de lazer.

cap1

Page 8: A escola como um parque e o parque como uma escola

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Mapa 01 Localização (Fonte: TFG Parque-escola: Um novo olhar sobre o Parque Pinheirinho d’Água)

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O Parque Pinheirinho d’Água está localizado na sub-bacia hidrográfi -

ca do Rio Juqueri e, portanto, na bacia do Alto Tietê. Sendo cortado por

três córregos importantes – Vargem Grande ou do Fogo, Poço Grande e Pi-

nheirinho d’Água – que se juntam e desembocam no Ribeirão Perus.

1. Córrego Pinheirinho d’Água

2. Córrego Poço Grande

3. Córrego Vargem Grande ou Córrego do Fogo

Mapa 02 Córregos que passam pelo Parque Pinheirinho d’Água(Fonte: hidrografi a sobre imagem do Google Earth de 2009)

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Mapa 03 Micro Bacia da área de estudo(Fonte: AUP 657 - Paisagismo: Sistema de Espaços Livres, 2004)

Page 11: A escola como um parque e o parque como uma escola

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Uso do solo

O uso do solo do entorno do Parque e da Escola é fortemente caracterizado

por residências horizontais auto-construídas e habitações ver! cais providas

pelo poder público municipal e estadual. Com o crescimento populacional, a

falta de moradias e a existência de terras disponíveis, o poder público realizou

vários empreendimentos habitacionais próximos ao Parque. Mais recentemen-

te, após o ano de 2003, outros inves! mentos começaram a ser feitos na re-

gião, o mercado imobiliário iniciou construções ver! cais e horizontais, do ! po

condomínios fechados, e novas indústrias também se instalaram no local, atra-

ídas pela proximidade das rodovias Anhanguera, Bandeirante e pelo Rodoanel.

Nesta área, o comércio não é muito signifi ca! vo, prevalecendo ape-

nas alguns estabelecimentos de abastecimento e serviços locais.

Próximo ao Parque, um fator que merece destaque é a quan! -

dade de escolas públicas existentes; no total são oito escolas de en-

sino municipal e estadual, que atendem a todas as faixas etárias.

Apesar de nos úl! mos anos ter ocorrido um aumento signifi ca! vo de habitações

e serviços, a região ainda é bastante carente de infraestrutura básica, de transpor-

te cole! vo, de habitações dignas, de locais de convivência e lazer, dentre outros.

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Parque

Residências

Escolas

Indústrias

Comércio

UBS

Mapa 04 Uso Predominante do Solo(Fonte: dados coletados em campo

sobre imagem Google Earth 2009)

Page 13: A escola como um parque e o parque como uma escola

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1. EMEF Dep. Rogê Ferreira

2. EE República da Argen! na

3. CEI Jaraguá

4. CEI Jardim das Orquídeas

5. EMEI Profº Antonieta de Barros

6. EMEF Dr. José Kauff mann

7. CEI Milton Santos

8. EMEF Pe. Leonel Franca

9. CEI Jardim Rincão

10. ETEC Jaraguá

Mapa 05 Escolas do entorno(Fonte: dados coletados em campo

sobre imagem Google Earth 2009)

Page 14: A escola como um parque e o parque como uma escola

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Processo histórico

Segundo Paulo Gonçalves1 , a atual área do Parque Pinheirinho d’Água era, ori-

ginalmente, uma grande gleba de caráter e parcelamento industrial que pertencia

à Companhia City, empresa loteadora de grandes porções de terras em São Paulo.

Apenas na década de 1990 é que parte desta gleba começa a ser ocupada pelo Movi-

mento de Moradia que buscava a construção de habitações dignas naquela região.

O Parque Pinheirinho d’Água foi construído com a luta do Movimen-

to do Conjunto Vila Verde, localizado a sua frente. O projeto realizado contou

com o professor Reginaldo Ronconi, da Faculdade de Arquitetura e Urbanis-

mo da USP, baseado nas discussões com os futuros moradores. Os edi! cios

foram construídos em regime de mu" rão com recursos do Estado e do Muni-

cípio e apresentam qualidade superior aos edi! cios vizinhos, que são pro-

jetos da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).

1 GONÇALVES, Paulo Cássio de Moraes. Construção cole" va da paisagem: processos

par" cipa" vos com comunidades escolares. Dissertação (mestrado) FAUUSP. São Paulo,

2005.

cap2

Vista do Parque junto ao Conjunto Habitacional

(Fonte: acervo Charrete 2002)

Page 15: A escola como um parque e o parque como uma escola

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As discussões para a construção do Parque iniciaram-se no ano 2000. A primei-

ra reunião teve a par� cipação de representantes de parte da comunidade do en-

torno (especifi camente do Condomínio Vila Verde), de professores da EMEF De-

putado Rogê Ferreira, representantes da Secretaria Municipal do Meio Ambiente

(SMMA), da Subprefeitura de Pirituba e de polí� cos interessados no assunto.

Desta primeira reunião, cada um dos setores par� cipantes saiu com uma função:

- a comunidade fi cou responsável por requerer à CDHU a trans-

ferência da posse da terra do futuro Parque para a SMMA;

- os professores da EMEF fi caram encarregados de discu� r ques-

tões referentes ao papel da Escola e do Parque dentro da comunidade;

- a Secretaria Municipal do Meio Ambiente se responsabilizou pelo esbo-

ço do projeto para o Parque. O diretor do DEPAVE (Departamento de Parques

e Áreas Verdes) da SMMA, o arquiteto Caio Boucinhas, entrou em contato

com professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP)

e propôs uma ação conjunta para a elaboração de possibilidades de projetos.

- a Subprefeitura de Pirituba fi cou responsável pelo cercamen-

to da gleba onde seria construído o Parque para evitar invasões.

Nos anos de 2001 e 2002, junto com a professora Nídia Pontuschka, da Fa-

culdade de Educação da USP (FE-USP), professores de Pirituba realizaram um

curso denominado “Metodologia para estudo do meio para análise de um

Parque Urbano”, com o obje� vo de estudar o contexto social, cultural e urba-

no da inserção de um Parque Municipal. Depois das refl exões desenvolvidas

no curso, alguns professores iniciaram projetos em suas escolas, tendo com

objeto de estudo o futuro Parque que seria implantado próximo às mesmas.

Esse início do processo contou com a par� cipação das escolas: EMEF

Antonio Rodrigues de Campos, EMEF José Kauff mann, EMEF Pe. Leonel

Franca, EMEF Prof. Luis David Sobrinho, EMEF Dep. Rogê Ferreira, EE Íta-

Dentro deste grupo de moradores que lutou para a construção de mo-

radias dignas exis� a a consciência de que “morar não é só da porta para

dentro”, mas também deve-se pensar no entorno, nos espaços públicos de

convivência e lazer. Dentro desse pensamento, os moradores do condo-

mínio Vila Verde reservaram uma área em frente aos edi� cios para futu-

ramente ser construído um parque – o atual Parque Pinheirinho d’Água.

Vista da área do Parque antes de

sua implantação.

(Fonte: acervo Charrete 2002)

Vista da área do Parque antes de

sua implantação.

(Fonte: acervo Charrete 2002)

Page 16: A escola como um parque e o parque como uma escola

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lo Batarello, EE Conjunto Habitacional Voith, EE Friedrich Von Voith, EE Par-

que das Nações Unidas, todas localizadas nas proximidades do Parque.

Em setembro de 2001 foram encaminhadas e discu! das propostas de cada es-

cola para realizar a eleição do nome do futuro Parque. As comunidades escolares

envolvidas elaboraram todo o processo eleitoral – regras, convites para a par! cipa-

ção dos vizinhos e jus! fi ca! vas dos nomes elencados. O nome ganhador desse pro-

cesso foi “Pinheirinho d’Água”, em homenagem a uma planta aquá! ca existente nos

ranchos da região e que é também nome de um dos córregos que passa pela área.

No ano de 2002, o desenvolvimento do trabalho com os alunos das escolas da

região teve con! nuidade com a discussão de “o que é um parque urbano?” e com

visita realizada ao Parque Municipal Cidade de Toronto, com base # sica muito se-

melhante ao do Pinheirinho d’Água. Para entendimento do que estavam estudan-

do, além da visita ao local, os alunos registraram pontos interessantes, elabora-

ram e aplicaram ques! onários para compreender como eram os usos do parque

pelos moradores e também quais as alterações e melhorias que eles esperavam

para esse espaço livre público. Com os dados levantados e registrados pelos alu-

nos, foi feita uma comparação com a área do futuro Parque. Sen! u-se, então, a

necessidade de estudar esta área para que pudesse atender aos desejos de lazer

dos estudantes e da comunidade do entorno. Dessa a! vidade par! ciparam alunos

da EMEF Dep. Rogê Ferreira, orientados pela professora Márcia Penha Rezende.

No segundo semestre de 2002, em parceria com a disciplina de pós-graduação

da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, coordenada pelos professores

Catharina Lima e Paulo Pellegrino, foram aplicados, pelos alunos da EMEF Dep.

Rogê Ferreira, ques! onários aos moradores do entorno do futuro Parque, a fi m

de iden! fi car quais os desejos para aquela área. Foi realizada uma ofi cina com

os alunos da 6ª série da EMEF Dep. Rogê Ferreira para a confecção de uma ma-

quete que auxiliasse no entendimento do relevo e das restrições existentes no

terreno . Os alunos aprenderam a ler plantas e mapas e entenderam as restrições

ambientais a determinados usos em áreas de proteção ambiental do Parque.

Além da ofi cina de maquetes, foram realizadas visitas para estudo da área, nas

quais os alunos foram capacitados a compreender o meio # sico em que estavam

trabalhando. Depois dessas visitas foram realizados projetos que manifestavam

os desejos dos alunos embasados na realidade que já estavam se familiarizando.

Alunos realizando visitas e estudo

do meio na área do futuro Parque.

(Fonte: acervo Charrete 2002)Leitura de foto aérea do Parque | Execução de maquete do Parque

(Fonte: acervo Charrete 2002)

Alunos realizando visitas e estudo

do meio na área do futuro Parque.

(Fonte: acervo Charrete 2002)

Page 17: A escola como um parque e o parque como uma escola

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Em outubro de 2002, foi organizada uma ofi cina com a comunidade do

entorno do futuro Parque, com os alunos da EMEF Deputado Rogê Ferreira,

com a professora Márcia Rezende, com alunos e professores do curso da pós-

-graduação da FAU-USP, com arquitetos e técnicos da Secretaria Municipal do

Meio Ambiente. O obje� vo dessa ofi cina foi o preenchimento de um ques� o-

nário e a produção de plantas que representavam os desejos para o Parque.

O material produzido e apresentado nesta ofi cina foi encaminhado para

a análise dos alunos da pós-graduação da FAU-USP, que durante uma sema-

na de trabalho intenso, sinte� zaram as propostas da comunidade e produ-

ziram quatro projetos. Esse processo foi chamado de Charrete, fazendo re-

ferência a um processo de imersão projetual que acontecia nas escolas de

Arquitetura e Belas Artes de Paris, no fi nal do século XIX, onde os alunos de-

veriam projetar em um curto período de tempo e ao fi nal de cada prazo es� -

pulado, uma charrete (carrinho) passava para recolher os trabalhos fi nalizados.

Maquete desenvolvida pelos alunos

(Fonte: acervo Charrete 2002)

Produção do projeto durante ofi cina | Produção do projeto durante ofi cina

(Fonte: acervo Charrete 2002)

Apresentação dos projetos elaborados

(Fonte: acervo Charrete 2002)

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Seguem imagens dos principais pontos desenvolvidos por

cada equipe da Pós-Graduação da FAU-USP para o projeto:

eq1

Mapa 06 Proposta elaborada pelos alunos da equipe 01(Fonte: acervo Charrete 2002)

1. Relação direta entre o Parque e o entorno

2. Mirante no ponto mais elevado do Parque.

(Fonte: acervo Charrete 2002 )

1

2

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eq2

Mapa 07 Proposta elaborada pelos alunos da equipe 02(Fonte: acervo Charrete 2002)

1. Brinquedos junto ao brejo.

2. Ciclovia passando junto ao passeio de pedestres.

(Fonte: acervo Charrete 2002 )

1

2

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25

eq3

Mapa 08 Proposta elaborada pelos alunos da equipe 03(Fonte: acervo Charrete 2002)

1. Calçadas amplas que, por vezes, formam pequenas praças na borda do

Parque.

2. Observatório de pássaros.

(Fonte: acervo Charrete 2002 )

1

2

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26

eq4

Mapa 09 Proposta elaborada pelos alunos da equipe 04(Fonte: acervo Charrete 2002)

1. Mirantes para o Parque.

2. Caminho suspenso passando junto as

copas das árvores.

(Fonte: acervo Charrete 2002 )

1

2

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No fi nal de 2002, as quatro equipes da pós-graduação realizaram uma

exposição para a apresentação dos projetos elaborados com base nos do-

cumentos e discussões produzidos durante as ofi cinas e que representa-

vam os desejos da comunidade escolar. Foi realizada uma reunião com téc-

nicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente para a produção de um

projeto síntese e, desde então, as lideranças começaram a lutar para dar con-

" nuidade ao processo já iniciado, que culminaria na implantação do Parque.

Até os primeiros meses de 2004 nada havia sido feito, apenas a con-

tratação do projeto execu" vo ao escritório do arquiteto e paisagista Raul

Pereira, que também havia par" cipado das ofi cinas com a comunidade.

Será nesse mesmo ano, devido a interesses polí" cos e desrespeitan-

do o projeto execu" vo do Parque que estava em desenvolvimento, que ou-

tra secretaria Municipal decide subs" tuir edi# cio de la" nha – construções

com estruturas e fechamentos metálicas – da EMEF Deputado Rogê Ferrei-

ra, implantando um novo edi# cio de alvenaria em uma área pertencente ao

Parque, onde estava previsto uma espécie de “terreiro” (expressão usada

pela população local) para apresentações e manifestações dos moradores.

O projeto do edi# cio de alvenaria para abrigar a EMEF passou por mui-

tos confl itos no diálogo com o poder público até chegar ao atual que foi im-

plantado. A an" ga localização da Escola, em frente à atual implantação e

ao Parque Pinheirinho d’Água, se dava próxima a uma nascente, que foi um

dos mo" vos apresentados para não ocupar o mesmo terreno com a cons-

trução defi ni" va. Devido a questões polí" cas, fi m do mandato na Prefeitu-

ra e a necessidade de subs" tuição de todas as escolas de la" nha, optou-se

pela construção em área pertencente ao futuro Parque. Sendo assim, téc-

nicos da EDIF (Departamento de Edifi cações da Secretaria de Infraestrutura

Urbana e Obras/ SIURB, da Prefeitura Municipal de São Paulo) projetaram

um edi# cio suspenso para liberar o térreo da construção ao uso público e

não obstruir a visão do Parque. Devido à urgência dada pela proximida-

de da troca de prefeitos, este projeto que vinha sendo pensado foi subs" -

tuído por um projeto padrão de edi# cio escolar já u" lizado pela Prefeitura.

Em conversa com os arquitetos Alexandre Delijaicov, na época arquite-

to da EDIF responsável pelo projeto suspenso para a Escola, e André Takyia,

na época chefe de departamento da EDIF, foi informado que após a produ-

ção de um projeto diferenciado para obras públicas não há um domínio por

parte do autor das etapas seguintes deste processo. Muitas vezes os proje-

tos propostos não são implantados por questões fi nanceiras e morosas, já

que seriam necessários custos e tempo maiores para licitação e produção do

Apresentação dos trabalhos da FAU-USP para a comunidade

(Fonte: acervo Charrete 2002)

Alunos em reunião com o secretário do Meio Ambiente

(Fonte: acervo Charrete 2002)

Page 23: A escola como um parque e o parque como uma escola

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projeto execu! vo e para o orçamento e licitação da obra, até chegar à rea-

lização da mesma, o que demoraria cerca de um ano e meio a mais quan-

do comparado com a execução de projetos padrão implantados pela Pre-

feitura, onde é necessária apenas uma adequação ao terreno escolhido.

Em 2005, com a troca de prefeito (mandato Marta Suplicy/ PT para manda-

to José Serra/ PSDB) e dos representantes das Subprefeituras e das Secretarias,

uma nova reunião é marcada com a comunidade do entorno do Parque e da Es-

cola e representantes locais, mas a revisão do projeto da Escola não tem suces-

so e o processo de construção do edi" cio se fi naliza até o fi nal do mesmo ano.

Em outubro de 2005 o projeto execu! vo fi nal do Parque é apresentado para a

população com a fi nalidade de que os moradores pudessem acompanhar e dis-

cu! r o andamento da obra. Porém, isso não ocorreu e com o passar dos anos vê-

-se descaso e falta de sensibilidade das úl! mas gestões para escutar os apelos da

comunidade escolar, contribuindo para uma desmobilização dos moradores e a

criação de um sen! mento de não pertencimento da população ao local onde vive.

Em 2009 ocorre a fi nalização das obras e a inauguração do Parque. Entre-

tanto, muitas das discussões, dos desejos da comunidade e do projeto exe-

cu! vo realizado não são respeitados e o Parque é entregue sem uma das

suas principais caracterís! cas: as áreas de convívio formadas pelo alargamen-

to das calçadas, que deveriam confi guram “praças que abraçam o Parque”.

Em 2010, constatada a insa! sfação com a implantação desrespeitosa do pro-

cesso par! cipa! vo do Parque, a FAU-USP é contatada, através da professora Catha-

rina Lima, para auxiliar no processo de apropriação do Parque Pinheirinho d’Água,

agora implantado, porém em estado de abandono pela Prefeitura Municipal.

Em 2011, eu, juntamente com, a também aluna da graduação da FAU-USP,

Vanessa Kawahira Chinen, e sob a orientação da professora Catharina Lima,

iniciamos o trabalho de Extensão Universitária no Parque – Por um Parque

vivo: a luta de uma comunidade pelo espaço público – com o obje! vo de com-

preender os mo! vos da não formalização e da não apropriação, por parte da

comunidade local, do Parque Pinheirinho d’Água, tendo em mente as questões

sociais e territoriais ali envolvidas. Além disso, buscávamos inves! gar possíveis

medidas e elaborar propostas para retomar a mobilização social já iniciada, que

culminou no projeto do Parque. Uma medida adotada para resgatar esse movi-

mento foi a u! lização do potencial da Escola para reverter o processo de abando-

no e descaso com o Parque, entretanto, o trabalho de Extensão não teve em seu

escopo a realização de um projeto, diferentemente do TFG aqui desenvolvido.

O trabalho de Extensão Universitária se desenvolveu com a metodologia da

pesquisa-ação, onde ocorreu interação entre pesquisadores e pessoas envol-

vidas na situação estudada, resultando na escolha das prioridades dos assun-

tos abordados e no incen! vo às ações concretas. Segundo Michel Thiollent,

“a pesquisa-ação é do � po de pesquisa social com base empírica que é con-

cebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com uma resolu-

ção de um problema cole� vo e no qual os pesquisadores e os par� cipantes

representa� vos da situação ou do problema estão envolvidos de modo coope-

ra� vo ou par� cipa� vo (...), a par� cipação das pessoas implicadas nos proble-

mas inves� gados é absolutamente necessária.” (THIOLLENT, 2008, p. 16-17).

Após contato com o Parque e o desenvolvimento de a! vidades ali pro-

postas, o local foi surpreendido, em maio de 2012, por um crime ambiental

que a! ngiu parte da Área de Preservação Permanente (APP) de um dos córre-

gos e de sua nascente, além de derrubar algumas árvores. Foram deposita-

dos na área do Parque terra e entulhos provenientes da construção civil que,

segundo relatos não ofi ciais, possuem um volume aproximado à capacida-

de de 1000 caminhões, gerando um aterro de grandes proporções. Até o pre-

sente momento não temos informações precisas sobre os responsáveis por

esse ato, mas o processo encontra-se em análise no Ministério Público.

Page 24: A escola como um parque e o parque como uma escola

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Área do crime ambiental ocorrido

(Fonte: Paula Mar! ns Vicente)

Page 25: A escola como um parque e o parque como uma escola

31

Parque Municipal Pinheirinho d’Água

O Programa Municipal 100 Parques

Segundo dados presentes no site da Prefeitura Municipal de São Paulo, o

projeto do Parque Municipal Pinheirinho d’Água faz parte de um programa

iniciado em 2008 que visa implantar cem parques até o fi nal do ano de 2012.

“O Programa 100 Parques para São Paulo, lançado em janeiro de 2008, le-

vantou e reservou áreas para serem transformadas em parques em diver-

sas regiões da cidade. A cidade � nha 34 parques municipais em 2005 (15 mi-

lhões de m² de área protegida municipal), passou para 60 parques em 2009

(24 milhões de m²) e a meta é chegar a 100 parques em 2012 (50 milhões de

m²). Entre estes parques, além dos tradicionais – parques com áreas de bio-

diversidade, lazer, cultura – temos também os parques lineares (saneamen-

to, combate a enchentes, reurbanização e lazer) e parques naturais (pro-

teção à biodiversidade). Além disso, os parques, antes concentrados em

algumas subprefeituras, estão equilibradamente distribuídos por toda a cidade”

(Fonte: www.prefeitura.sp.gov.br)

Os propósitos deste programa idealizado pela Prefeitura de São Pau-

lo, através da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, se mostram muito

interessantes, entretanto, algumas considerações ao modo de implanta-

ção e à gestão desses espaços merecem ser destacadas. O programa, que

inicialmente previu a construção de 100 novos parques, construiu apenas

81 destes espaços até junho de 2012, segundo campanha publicitária reali-

zada pela Prefeitura Municipal de São Paulo. De todos aqueles já construí-

dos, alguns foram entregues para a população sem a implantação de alguns

dos equipamentos previstos, como é o caso das áreas de recreação infan" l

que foram inauguradas sem os brinquedos. A gestão para manutenção des-

tes espaços foi prejudicada, durante alguns períodos, com a fi nalização, sem

renovação ou nova contratação, das empresas de segurança e das paralisa-

ções dos funcionários públicos responsáveis pela manutenção dos parques.

A falta de inves" mento e o descaso do poder público em relação à situação

# sica dos parques, os crimes ambientais e a falta de programação nestes espaços

cap3

Page 26: A escola como um parque e o parque como uma escola

32

também é um elemento de grande crí! ca ao programa, pois muitas das áreas im-

plantadas dentro do Programa 100 Parques (mais de 75 %) estão em porções não

centrais da cidade, carentes em espaços de lazer e com grande necessidade de

preservação de áreas verdes, e não recebem a devida atenção do poder público.

No mesmo site da Prefeitura, onde é apresenta-

do o Programa Municipal 100 Parques, há também uma men-

ção às reformas e manutenção realizadas nos parques:

“Todos os parques passaram por reformas pontuais, incluindo ações como

troca de gradil, revisão de instalações elétricas e hidráulicas, pintura, servi-

ços de alvenaria, troca de piso, reforma de calçada etc. No Parque da Aclima-

ção foram gastos R$ 4 milhões em melhorias, grande parte no lago. O Par-

que do Carmo ganhou, no centenário da imigração japonesa, uma escultura

de granito simbolizando os laços entre Brasil e Japão, de autoria do ar� sta

japonês Kota Kinutani. No Parque Ibirapuera, dois importantes equipamen-

tos cien� fi co-culturais foram restaurados, oferecendo acessibilidade univer-

sal: o Planetário do Ibirapuera e a Escola de Astro� sica, que hoje funcionam

plenamente oferecendo ao paulistano oportunidade de ampliar conheci-

mentos sobre as estrelas e os planetas. Os parques passam por adequações

para promover acessibilidade universal. O processo começou pela reforma

dos sanitários e con� nuará nas reformas pontuais que forem realizadas.”

(Fonte: www.prefeitura.sp.gov.br)

É curioso observar que apenas parques de grande visibilidade-

são citados na aplicação de verbas para obras de melhorias, enquan-

to que muitos dos novos parques, principalmente os localizados em áre-

as mais periféricas, construídos dentro do Programa 100 Parques, são

esquecidos pelos inves! mentos públicos de melhorias para uso da população.

Divulgado pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, foi

feito um levantamento pela Fundação Seade (Fundação Sistema Estadual

de Análise de Dados), em 2009, da área total de parques, municipais e es-

taduais, para cada região da cidade, apresentando os seguintes resultados:

• região centro-oeste - 1,197 km² de espaços verdes ao ar livre (0,95 m²/hab);

• zona leste tem 7,721 km² de espaços verdes ao ar livre (1,90 m²/hab);

• zona norte, 10,222 km² de espaços verdes ao ar livre (4,67 m²/hab);

• zona sul, 2,551 km² de espaços verdes ao ar livre (0,71 m²/hab).

(Fonte: www.recanta.org.br)

Tabela 1 Dados Programa 100 Parques (Fonte: www.prefeitura.sp.gov.br)

Macroregião Existentes

2005

Impalntados a par! r

de 2005

Situação Atual

(abril/2012)

Zona Leste 07 parques 20 parques 27 parques

Zona Norte 07 parques 06 parques 13 parques

Zona Centro Oeste 10 parques 10 parques 20 parques

Zona Sul 10 parques 11 parques 21 parques

TOTAL 34 parques 47 parques 81 parques

Projeto original para o Parque

Como já foi apresentado anteriormente, o projeto do Parque Pinheirinho d’Água

é resultado da luta dos moradores e foi construído cole! vamente entre a popula-

ção, a FAU-USP e a SMMA. Ele foi idealizado durante ofi cinas com a comunidade

e escolas próximas ao Parque, ! veram suas ideias expressadas através de quatro

propostas realizadas por alunos da FAU-USP, que respeitaram todo o processo

de discussão com a comunidade e foi aprovado pelo poder público municipal.

O programa elaborado para o Parque foi resultado das sugestões apresentadas

pelos moradores, onde apareciam: brinquedos, bosque de leitura, creche, centro

de educação ambiental, lago, área para eventos, trilhas, mirantes, a! vidades para

idosos, futebol (de campo, de salão e de areia), basquete, vôlei, pista para skate,

centro de convivência, área para piqueniques, proteção da nascente, passarelas e

deques sobre o brejo, local de reuniões e cursos, jardinagem; e também deveria

atender as diretrizes do DEPAVE/ SMMA, como cita Caio Boucinhas: “atender ao

Page 27: A escola como um parque e o parque como uma escola

33

aos técnicos do DEPAVE, para a elaboração de um projeto síntese, que posterior-

mente teve seu projeto execu! vo desenvolvido pelo escritório do arquiteto e pai-

sagista Raul Pereira e foi implantado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

O projeto fi nal do Parque, que foi parcialmente implantado, apresentava di-

retrizes de preservação ao mesmo tempo em que incen! vava o uso permanen-

te das praças e das largas calçadas propostas para suas bordas. Foram defi nidas

“11 áreas no entorno do parque, áreas essas com topografi a mais adequada,

planas e estáveis, para a� vidades de usos intensivo, interligadas por alamedas

arborizadas, ciclovias e trilhas, com praças, mirantes, Centro de Convivência,

Centro de Educação Ambiental, quadras e campos espor� vos, playgrounds,

matas recuperadas, jardins e edi� cios des� nados à administração, sanitários e

ves� ários. Considero que, ao lado da necessária adequação das propostas às li-

mitações, normas e regras próprias dos espaços públicos, acessibilidade univer-

sal, materiais mais apropriados, dimensionamentos mais precisos, edifi cações

padronizadas, poderia ter havido um aproveitamento mais cria� vo e inovador

das propostas. O projeto valoriza adequadamente as áreas planas do entorno,

mas não viabiliza as ligações desejáveis para interligá-las, facilitando os acessos,

a circulação e os diferentes usos pelos moradores.” (BOUCINHAS, 2005, p.109)

modelo de gestão dos parques municipais; incluir um Centro de Educação Ambien-

tal e um Centro de Convivência; planejar o uso racional da água e luz; valorizar os

recursos hídricos, a fl ora e a fauna locais; manter altas taxas de permeabilidade

do solo; possibilitar grande diversidade de usos; valorizar os percursos de pedes-

tres e ciclistas; defi nir percursos de veículos apenas para manutenção e emer-

gências; adotar soluções simples e cria� vas; assegurar um processo par� cipa� vo

em todas as etapas de disciplina; procurar viabilizar as conexões propostas pelo

Plano Diretor (corredores verdes e parques lineares)”. (BOUCINHAS, 2005, p.99)

As quatro propostas elaboradas pelos estudantes da pós-graduação da FAU-

-USP, desenvolvidas durante a Charrete, apresentavam alguns pontos em comum,

que valorizavam os elementos naturais da área e possibilitavam conexões visuais

com outros pontos da cidade, como foram: as propostas de uso da água, através

do contato com os córregos e da implantação de brinquedos aquá! cos; a ideia

do parque-praça, onde as APPs eram preservadas, possibilitando um uso mais

intenso das bordas; os mirantes, privilegiando as visuais do Pico do Jaraguá e da

Serra da Cantareira; os caminhos palafi tados sobre os brejos; e a preocupação

em recuperar e valorizar os recursos naturais, nascentes, córregos e vegetação.

Depois da elaboração dessas quatro propostas, houve uma nova discussão, junto

Page 28: A escola como um parque e o parque como uma escola

34

Áreas Executadas

Áreas Não Executadas

Mapa 10 Implantação: áreas executadas e áreas não executadas.

(Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

Page 29: A escola como um parque e o parque como uma escola

35

Área 1 | O Terreiro

Vista do projeto realizado

(Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

A implantação do edi! cio de alvenaria da EMEF Rogê Ferreira sobre a área do Terreiro.

(Fonte: imagem re" rada do Google Earth)

Page 30: A escola como um parque e o parque como uma escola

36

Vista do projeto realizado

(Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

A implantação incompleta do espaço.

(Fonte: Paula Mar! ns Vicente)

Área 2 | Praça da Ferradura

Page 31: A escola como um parque e o parque como uma escola

37

Área 3 | Campo de futebol e Churrasqueiras

Vista do projeto realizado

(Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

Vista do campo de futebol.

(Fonte: Paula Mar! ns Vicente)

Vista das churrasqueiras.

(Fonte: Paula Mar! ns Vicente)

Page 32: A escola como um parque e o parque como uma escola

38

Implantação projetada

(Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

Vista da parte dos skates; problemas de drenagem e de execução das rampas

(Fonte: Paula Mar! ns Vicente)

Área 4 | Praça Paulo Reis de Magalhães

Vista parcial do espaço com o campo de areia

(Fonte: Paula Mar! ns Vicente)

Page 33: A escola como um parque e o parque como uma escola

39

Área 5 | Espaço do Centro de Educação Ambiental

Vista da área do Centro de educação Ambiental

(Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

Vista a par! r do Parque para o Centro de Educação Ambiental e Cancha de bocha.

(Fonte: Paula Mar! ns Vicente)

Page 34: A escola como um parque e o parque como uma escola

40

Área 6 e 7 | Praças na borda do Parque

Projeto de praça voltada para a Avenida Amador Aguiar

(Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

Projeto de praça voltada para a Avenida Amador Aguiar

(Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

Page 35: A escola como um parque e o parque como uma escola

41

Área 8 | Praça na borda do Parque

Projeto de praça voltada para a Avenida Amador Aguiar

(Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

Vista a par! r da Avenida Amador Aguiar sem a implantação das praças.

(Fonte: Paula Mar! ns Vicente)

Page 36: A escola como um parque e o parque como uma escola

42

Área 9 e 10 | Praças na borda do Parque

Projeto de praça voltada para a Estrada do Corredor

(Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

Projeto de praça voltada para a Estrada do Corredor

(Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

Page 37: A escola como um parque e o parque como uma escola

43

Área 11 | Praça na borda do Parque

– Projeto de praça voltada para a Estrada do Corredor

(Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

Vista a par! r Estrada do Corredor sem a implantação das praças

(Fonte: Paula Mar! ns Vicente)

Page 38: A escola como um parque e o parque como uma escola

44

Das 11 áreas projetadas, apenas 4 foram implantadas e, mesmo assim, não res-

peitaram o projeto previsto, com ausência de alguns equipamentos propostos.

Após visitas ao Parque e análise do projeto proposto e do projeto implan-

tado, foi possível fazer um balanço da situação atual desse espaço e iden! -

fi car os principais problemas rela! vos ao espaço natural e ao atendimento

à população. O espaço natural enfrenta difi culdades em relação ao solo –

deslizamentos, erosões e drenagem –, à água – poluição dos córregos pelo

esgoto domés! co e lixo e a falta de visibilidade deste elemento – e à fl ora

e fauna – não teve um plan! o respeitoso ao projeto original, falta manejo

e manutenção da vegetação existente e há suspeita de animais que possam

oferecer riscos aos usuários, como a presença de serpentes. O atendimento

à população tem seu ponto fraco nos equipamentos implantados – ausência

ou degradação de brinquedos infan! s, bancos, bebedouros, churrasqueiras,

pista de skate – e na falta de programação que incen! vem o uso do Parque –

poucas a! vidades culturais, espor! vas e ambientais para atrair a comunidade.

Grande área de erosão e deslizamento de terra junto à Avenida Amador Aguiar.

(Fonte: Paula Mar! ns Vicente)

Vista do córrego poluído que adentra o Parque.

(Fonte: Paula Mar! ns Vicente)

Page 39: A escola como um parque e o parque como uma escola

45

“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”

(Guimarães Rosa, Grande Sertão Veredas)

Concomitante ao estudo de assuntos mais teóricos e também fazendo par-

te do projeto de Extensão Universitária Por um Parque vivo: a luta de uma

comunidade pelo espaço público foi realizada, na semana de 19 a 23 de mar-

ço de 2012, uma semana de ofi cinas com todos os alunos da EMEF Deputado

Rogê Ferreira. A esse processo foi dado o nome de Charrete 2012, remetendo

ao procedimento, já citado anteriormente, que ocorria nas escolas de arquite-

tura de Paris e ao realizado pelos alunos da pós-graduação da FAU-USP, no ano

de 2002, quando foi elaborado o projeto para o Parque Pinheirinho d’Água.

Durante essa semana de trabalhos intensos com alunos e professo-

res, foram produzidos desenhos, maquetes, textos, poesias, músicas e

apresentações, que expressaram os desejos para a mudança do Parque.

O obje" vo da Charrete era fazer com que os alunos parassem, durante uma

semana, suas a" vidades normais dentro da Escola e voltassem o estudo para o

Parque que está tão próximo de suas vivências, mas muitas vezes ignorado de-

vido à situação de abandono na qual se encontra. A proposta feita teve como

obje" vo introduzir a realidade dessas crianças – no caso, o Parque – ao currí-

culo escolar, fazendo com que a Charrete não fosse apenas um evento, mas se

tornasse parte dos estudos dos alunos. Isso só foi possível devido à colaboração

do corpo docente da Escola, que esteve envolvido no processo desde seu início.

O programa para o desenvolvimento da semana de ofi cinas foi constru-

ído em conjunto com o diretor, a coordenação e alguns professores da Es-

cola. Foi pensado em um processo onde os alunos teriam a oportunidade

de pensar assuntos que envolvem temas da cidade e de suas realidades.

Para o primeiro dia da Charrete – 19 de março – foi previsto para

os alunos conhecerem o processo histórico de formação do Parque,

todas as lutas da comunidade, a parceria com a FAU-USP e o proje-

to construído de forma democrá" ca e par" cipa" va. Além desse as-

Charrete com a EMEF Deputado Rogê Ferreira

cap4

Page 40: A escola como um parque e o parque como uma escola

46

sunto, foi proposta uma construção de repertório e entendimento de

parques urbanos. Algumas questões foram apresentadas para os alunos re-

fl e" rem: “o que é um parque para você?” e “o que você precisa para o lazer?”

No segundo dia – 20 de março – foi programada a construção de uma “car-

tografi a sen" mental” (termo sugerido em reuniões com os educadores par-

" cipantes), onde os alunos usaram a imagem aérea do Parque e do seu en-

torno imediato para se localizar; junto com essa iden" fi cação, ocorreu uma

produção de desenhos representando o trajeto dos alunos até a EMEF, onde

eles mostraram locais, construções, sons, cheiros, pessoas, a topografi a e o

meio que eles interagem até chegar à Escola. Essa etapa foi importante para

os alunos pensarem sobre o pedaço de cidade que eles conhecem e convi-

vem diariamente; a cidade que está sendo construída em seu imaginário.

Alunos visitando o Parque para estudo

do meio

(Fonte: Vanessa Espósito Gil Rabelo)

Conversa sobre o histórico do Parque

Pinheirinho d’Água e apresentação de

exemplos de outros parques urbanos.

(Fonte: Elizabeth Toledo e Silva)

Alunos fazendo a leitura da foto

aérea da região e se localizando.

(Fonte: Vanessa Espósito Gil Rabelo)

Leitura da foto aérea e do mapa

técnico para o desenvolvimento dos

trabalhos durante as ofi cinas.

(Fonte: Elizabeth Toledo e Silva)

Exemplo de relato feito pelos alunos,

apresentando o percurso que eles

realizam entre suas casas e a Escola

(Fonte: Aluna Mayara, do 3º ano C)

Page 41: A escola como um parque e o parque como uma escola

47

O terceiro e o quarto dia – 21 e 22 de março – foram dedicados à produ-

ção de mapas, desenhos, maquetes e textos que expressavam os desejos para

o Parque e demonstravam como a Escola poderia intervir no processo de apro-

priação e pertencimento desta área. Foram realizadas ofi cinas de projeto volta-

das para a temá" ca do envolvimento do Parque nas a" vidades escolares. Uma

questão aparecia de fundo nesses trabalhos: “como seriam as aulas no Parque?”

Alunos do Ensino Fundamental II

durante o desenvolvimento das

a" vidades propostas pela Charrete.

(Fonte: Elizabeth Toledo e Silva)

Alunos do Ensino Fundamental I

durante o desenvolvimento das

a" vidades propostas pela Charrete.

(Fonte: Paula Mar" ns Vicente)

Trabalho em equipe expressando os

desejos de parque.

(Fonte: Paula Mar" ns Vicente)

Alunos desenvolvendo as a" vidades

propostas pela Charrete.

(Fonte: Paula Mar" ns Vicente)

Produção de painel síntese das pro-

postas elaboradas pelos alunos.

(Fonte: Paula Mar" ns Vicente)

Page 42: A escola como um parque e o parque como uma escola

48

No quinto e úl! mo dia – 23 de março – foi feita uma exposição de to-

dos os trabalhos produzidos, com a fi nalidade de compar! lhar os resul-

tados de cada sala com o restante da Escola. Além dos produtos # sicos,

também aconteceram apresentações musicais, de poesias, de danças

e outras manifestações ar$ s! cas, fi nalizando a semana com o plan-

! o de um Ipê rosa na área do Parque, simbolizando todo esse processo.

Alunos da educação especial desen-

volvendo as a! vidades propostas pela

Charrete.

(Fonte: Elizabeth Toledo e Silva)

Alunos do EJA desenvolvendo tra-

balhos que expressão os desejos de

Parque.

(Fonte: Elizabeth Toledo e Silva)

Painel síntese dos desejos para o

Parque, elaborado pelos alunos dos

1ºs anos.

(Fonte: Paula Mar! ns Vicente)

Apresentação de dança durante o

encerramento da Charrete.

(Fonte: Paula Mar! ns Vicente)

Plan! o de Ipê marcando simbolica-

mente a semana da Charrete.

(Fonte: Paula Mar! ns Vicente)

Page 43: A escola como um parque e o parque como uma escola

49

Essa parceria com a Universidade e a semana de ofi cinas só foram possíveis

devido à condição singular existente na Escola, onde ocorreu o envolvimento da

direção – o Prof. Fernando José M. de Araújo e Aparecida C. dos Santos –, da

coordenação pedagógica – as profas. Elisabeth de T. e Silva e Sinara Maria S. Pa-

van –, dos professores e de todos os alunos dos três períodos de aulas. Todos,

indis" ntamente, “ves� ram a camisa”, vislumbrando o potencial da parceria entre

todos os envolvidos. Cabe destacar, por fi m, a par" cipação dos arquitetos Caio

Boucinhas (reuniões preparatórias) e Raul Pereira (ofi cinas preparatórias com os

educadores), além da presença constante e fundamental da profª Márcia Penha

que embora não seja mais professora da Escola, faz parte do Conselho Gestor

do Parque e tem um histórico de militância dedicada e afeto por esses espaços.

Resultados da Charrete

Durante a Charrete com os alunos foram produzidos cerca de 1740 traba-

lhos proposi" vos. Todo esse material foi analisado e feito uma análise quan" -

ta" va para iden" fi car os desejos para o Parque e as formas pelas quais a Esco-

la poderia " rar proveito de sua localização privilegiada dentro deste espaço.

A análise dos trabalhos produzidos indicou uma grande incidência de de-

sejos de brinquedos e contato com elementos naturais, como árvores (não só

para contemplação, mas como um elemento que ofereça sombra, frutos e até

diversão) e água (córregos, rios, lagos e piscinas). Outros elementos impor-

tantes dentro da abordagem dos espaços públicos também apareceram com

bastante destaque, como foram os casos da necessidade de iluminação, segu-

rança, manutenção e acessibilidade a pessoas com necessidades especiais.

Produção da aluna Antonia Clara,

do 3ºA, expressando o que ela

gostaria que " vesse no Parque.

Produção da aluna Thais, da 3ªC,

expressando como ela gostaria

que o Parque fosse.

Produção do aluno Pedro Artur, da

3ªC, expressando o que ele gosta-

ria que " vesse no Parque.

Page 44: A escola como um parque e o parque como uma escola

50

Tabela 2 Resultados da Charrete

10 ITENS QUE MAIS APARECERAM TOTAL

Brinquedos 962

Árvores (não apenas como elemento de contemplação;

possibilidade de contato)

732

Água (piscina, rio, corrégo) 532

Bicicleta/ Ciclovia 496

Campo de futebol 432

Trilhas/ Pista de corrida e caminhada 414

Skate/ Pista de skate 351

Bancos 338

Quadras espor! vas 321

Flores 297

* Total de trabalhos proposi! vos analisados = 1.737

Dentre todos os elementos que apareceram nos traba-

lhos das crianças, optou-se por fazer uma classifi cação entre os ! -

pos e as formas de implantação destes itens na área do Parque.

Tabela 3 Resultados da Charrete

ATRIBUTOS PAISAGÍSTICOS/ NATURAIS

Árvores (em alguns desenhos há plan! o nas calçadas) 732

Água 532

Flores 297

Animais 295

Árvores fru# feras/ Coqueiros 242

Peixes 152

Pássaros 144

* Total de trabalhos proposi! vos analisados = 1.737

Produção da aluna Giovanna, da

4ªA, expressando os desejos para

o Parque.

Produção da aluna Gabriela, da 8

ªA, expressando como ela gosta-

ria que o Parque fosse.

Produção do aluno Gabriel, da

4ªC, expressando novos desejos

de a! vidades para o Parque.

Page 45: A escola como um parque e o parque como uma escola

51

Tabela 4 Resultados da Charrete

ATIVIDADES/ PROGRAMAÇÃO QUE NÃO NECESSITAM DE NOVAS CONSTRUÇÕES

Área para piquenique 170

Museu/ Área para expor trabalhos da Escola 74

A! vidades/ Programação/ Campeonato/ Monitoria no Parque 35

Espaço para empinar pipa 23

Iluminação 81

Horta 19

Entrada bonita para o Parque 9

Amarelinha 4

Rede nas árvores 3

Divulgação do Parque 3

Espaço para capoeira 2

Catavento 2

Perna de pau 1

* Total de trabalhos proposi! vos analisados = 1.737

Tabela 5 Resultados da Charrete

INFRAESTRUTURA

Manutenção no Parque 73

Acessibilidade para pessoas com necessidades especiais 50

Guarda-volumes 1

Enfermaria 1

Centro de informações do Parque 1

Achados e perdidos 1

Mais funcionários no Parque 1

Drenagem 1

* Total de trabalhos proposi! vos analisados = 1.737

Tabela 6 Resultados da Charrete

ELEMENTOS CONTEMPLADOS PELO PROJETO INICIAL, MAS NÃO IMPLANTADOS

Brinquedos 962

Bicicleta/ Ciclovia 496

Biblioteca/ Área de leitura 244

Sinalização/ Placas/ Mapas/ Portões de acesso 159

Mesa para jogos 88

Tanque de areia 48

Observatório de animais/ Pássaros 36

* Total de trabalhos proposi! vos analisados = 1.737

Tabela 7 Resultados da Charrete

ELEMENTOS PRESENTES NO PARQUE, MAS QUE PRECISAM SER MELHORADOS

Campo de futebol 432

Trilhas/ Pista para corrida e caminhada 414

Skate/ Pista de skate 351

Bancos 338

Quadras espor! vas 321

Coleta de lixo/ Reciclagem de lixo 239

Sanitários 227

Quiosque 175

Passarela/ Ponte sobre o córrego 173

Bebedouro 170

Equipamentos de ginás! ca 160

Segurança 100

Churrasqueiras 85

Mirante 29

Estacionamento de bicicletas 29

Ves! ário 12

* Total de trabalhos proposi! vos analisados = 1.737

Page 46: A escola como um parque e o parque como uma escola

52

Tabela 8 Resultados da Charrete

NOVOS ELEMENTOS

Lanchonete/ Sorveteria 256

Teatro 103

Aluguel de bicicleta/ Pa! ns/ Skate 84

Casa na árvore 60

Palco para apresentações de músicas/ Shows/ Eventos 48

Espaço Natureza/ Laboratório de Ciências/ Estudos Meio Ambiente 46

Sala de jogos/ Ping-pong/ Pebolim 42

Viveiro de plantas/ Plantações 37

Tirolesa 31

Estacionamento 29

Observatório de Estrelas 27

Espaço para estudar no Parque 25

Parque de diversão 11

Loja 11

Artesanato 9

Viveiro de pássaros 8

Cinema/ Sala de vídeo 8

Abrigo para animais abandonados/ Cães 8

Espaço Cultural 8

Atle! smo 7

Sala para cursos 7

Brinquedoteca 6

Campo de paint ball 6

Salão de festas 6

Arvorismo 6

Refrescador 5

Telecentro 5

Boliche 4

Espaço para culinária 4

Creche/ Berçário 4

Igreja 4

Circo 3

Posto de saúde 3

Shopping Center 3

Mc Donald’s 2

Pista de Kart 2

Pista de esquiar 2

Cama elás! ca 2

Pedalinho 1

Parede de escalada 1

* Total de trabalhos proposi! vos analisados = 1.737

Com os resultados apresentados nos trabalhos dos alunos, foi feita uma se-

leção daqueles itens de maior incidência e de grande importância para uma

maior u! lização do espaço. A nova proposta que foi elaborada parte do princípio

de atender as necessidades apresentadas nas tabelas anteriores de “atributos

paisagís! cos/ naturais”, “infraestrutura”, “a! vidades/ programação que não ne-

cessitam de novas construções” e “elementos presentes no Parque, mas que

precisam ser melhorados”. A tabela de “novos elementos” foi analisada e alguns

itens de baixo impacto ao Parque e itens que foram julgados interessantes como

forma de apropriação do espaço foram pensados como parte do novo projeto.

Page 47: A escola como um parque e o parque como uma escola

53

Produção do aluno Matheus, da 5ªD,

sugerindo novos usos pela Escola no

Parque.

Mapa cole! vo do 1ºA, demonstrando

os usos e a! vidades propostas para o

Parque.

Produção da aluna Luana, do 2ºC,

sugerindo novos usos pela Escola

no Parque.

Maquete representando os desejos

para o Parque.

Maquete representando os desejos

para o Parque.

Page 48: A escola como um parque e o parque como uma escola

54

Além dos resultados produzidos por meio de desenhos, maquetes, mú-

sicas e outras formas de expressão, também foi importante tomar con-

tato com a visão e as difi culdades que os professores " veram durante

essa semana da Charrete. Alguns relatos de educadores se mostraram

bastante interessantes e emocionantes, como os apresentados a seguir:

“A Charrete foi importante porque possibilitou pensar em uma nova forma de

educação, pois seguir a grande quan� dade de conteúdo programá� co já pré-esta-

belecido não dá oportunidades de abertura para a polí� ca e a discussão do mundo.”

“Apesar da difi culdade de realizar alguns trabalhos propostos pela Charrete

com os alunos das séries iniciais do ensino fundamental I, houve um empenho

e encantamento, tanto de alunos como de professores, para aprender a traba-

lhar e enxergar o meio ambiente que está tão próximo. A criança que chegou

na Escola, saindo da educação infan� l e se perguntando “o que é uma Escola?”,

encontrou na Charrete uma forma de aprendizado atra� vo e envolvente. Elas

se mo� varam bastante com as a� vidades e hoje já fazem cobranças, que antes

não eram feitas pelos alunos dos primeiros anos. Foi um processo bastante

provoca� vo e o desafi o é manter a Escola nesse processo de aprendizado.”

“Quando as crianças são menores elas ainda não têm um corpo es-

colarizado dentro dos padrões colocados pela escola, daí a necessida-

de de buscar e ques� onar mais estudos e a� vidades para entenderem o

que está sendo feito. A Charrete foi importante, pois quebrou essa ideia

do fechamento do aprendizado em salas e disciplina fi xas, possibilitan-

do a interação do corpo com o movimento que estava se desenvolvendo.”

“As crianças só acreditam em algo quando elas interagem com

o objeto. Os alunos podem ser futuros cuidadores do Parque quan-

do o assunto é apresentado de forma prá� ca e interessante.”

“A ideia de realizar a Charrete com os alunos do 1º ano até a 8ª série foi

um processo muito rico, pois o que é bom é cole� vo, não faz sen� do ser um

movimento apenas em uma sala. É importante pensar o país como a casa.”

“A Charrete foi um processo que possibilitou pensar no Parque e

sair dele para pensar em questões mais amplas como a cidadania”.

A a" vidade da Charrete na EMEF Rogê Ferreira possibilitou uma tro-

ca de saberes entre alunos, professores e nós, da Universidade. Não exis-

" u um contato apenas de captação de conhecimento, mas também de divi-

dir o conhecimento individual com a cole" vidade. A todo momento os papéis

de educadores e educandos se alternavam, possibilitando a construção de

um rico aprendizado cole" vo. Nesse momento, foi possível desfazer a ideia

da “criança como receptáculo de ensinamentos.” (NASCIMENTO, 2009, P.47)

Segundo Nascimento, “a escola desconsidera os aprendizados que se dão fora

dela, e as descobertas que se fazem através das brincadeiras dão lugar ao adestra-

mento dos corpos e mentes, e a imposição de conhecimentos e informações. A criança

é, a par� r do ingresso no sistema escolar receptora de conhecimentos transferidos

por adultos, confi gurando uma “educação bancária”, como chamava Paulo Freire.”

(NASCIMENTO, 2009, P.47) Essa ideia pôde ser quebrada durante a semana de re-

alização das ofi cinas na EMEF, onde pudemos perceber o quanto havia de conhe-

cimento ‘extraescolar’ em cada aluno e como eles transmi" am esse conhecimen-

to para os demais e propunham novas a" vidades em cima daquelas já propostas.

Page 49: A escola como um parque e o parque como uma escola

55

A Escola e a construção de uma sociedade mais par! cipa! va

O processo par! cipa! vo para construção do espaço público pode resultar em

locais mais conservados e mais frequentados, pois os responsáveis pela produção

deste espaço se envolvem nesse processo de maneira afe! va e acabam se iden! -

fi cando com aquilo que foi construído. Quando esse processo se desenvolve em

escolas, o resultado é potencializado “por serem espaços potencialmente ricos em

fl uxos, encontro, energias e disponibilidades. Eles condensam, em um microcosmo,

todas as contradições inerentes a sociedade brasileira porque são palco, também,

do confl ito, do curto-circuito seco entre o pensamento e a dura concretude do dia a

dia, entre a carência e a solidariedade. Não são só espaços de representação e de re-

fl exão sobre a realidade, mas uma extensão, sem ruptura com o mundo extra-muros.

Mesmo com as defi ciências � sicas e pedagógicas, refl exo do abandono ao qual

foi relegado o ensino público do Brasil, as escolas possuem possibilidades infi nitas

de se transformarem em locais de mudanças e em polos de irradiação de ações

cole� vas e transformadoras.” (PEREIRA, R.I., In PRONSATO S. A. D., 2005, p. 53)

A par! cipação das crianças na construção do espaço cole! vo não pode ser

vista de maneira apenas consul! va, pois existe uma grande diferença en-

tre os ambientes construídos para as crianças daqueles construídos com as

crianças. Quando as crianças se envolvem no processo desde as suas pri-

meiras discussões, o processo se torna muito mais rico, pois elas expres-

sam seus desejos e suas ideias de mundo podendo chegar até o ponto de

concre! zá-las. Para isso, desenvolvem formas de refl exão, expressão, co-

municação e cidadania, já que essas ideias são confrontadas até a elei-

ção ou elaboração de um projeto comum, em que se viabilize a execução.

Quando consideramos a atuação da criança como indivíduo pensante e

a! vo dentro da sociedade, segundo Nascimento, citando Donald Winnico$ ,

devemos levar em conta três realidades em que ela vive: o mundo interior – o

“eu” , suas imaginações, desejos, sonhos e vontades –, o espaço potencial

– cria! vidade e brincadeiras, pois o brincar é uma forma de intervenção no

mundo – e o mundo real – mundo exterior e obje! vo, que são os espaços,

os objetos materiais, os outros sujeitos e a sociedade. A relação e o equilí-

brio entre esses três mundos dis! ntos pode levar à formas par! cipa! vas in-

cap5

Page 50: A escola como um parque e o parque como uma escola

56

teressantes, com resultados importantes para o cole� vo e para o indivíduo.

Na busca de uma par� cipação mais efe� va e consciente dos estudan-

tes dentro da sociedade, aparecem também as ideias presentes da Escola Ci-

dadã, onde alguns de seus pontos principais são a construção da cidadania

a par� r de prá� cas ligadas à pedagogia dentro do ambiente escolar, o pla-

nejamento par� cipa� vo e o permanente diálogo entre a escola e a cidade.

“O papel da escola (cidadã), nesse contexto, é contribuir para criar as condi-

ções que viabilizem a cidadania, através da socialização da informação, da dis-

cussão, da transparência, gerando uma nova, mentalidade, uma nova cultura

em relação ao caráter público do espaço da cidade.” (GADOTTI, 2006, p.55)

A construção de uma Escola Cidadã pressupõe alguns princípios:

“1. par! r das necessidades dos alunos e da comunidade;

2. ins! tuir uma relação dialógica professor aluno;

3. considerar a educação como produção e não como transmissão e acu-

mulação de conhecimentos;

4. educar para liberdade e autonomia;

5. repeitar a diversidade cultural;

6. defender a educação como um ato de diálogo no descobrimento rigoro-

so, porém, por sua vez, imagina! vo, de razão de ser das coisas;

7. promover o planejamento comunitário e par! cipa! vo.”

(GADOTTI, 2004, p.21)

A cidade também pode ser uma Cidade Educadora. A princípio, a cidade

como um elemento, por si só já apresenta um caráter educa� vo, pois é nela que

as pessoas aprendem a se localizar, conviver e desenvolver a cidadania. Entre-

tanto, essa ideia pode ser reforçada “quando ela busca instaurar, com todas as

suas energias, a cidadania plena, a! va, quando ela mesma estabelece canais

permanentes de par! cipação, incen! va a organização das comunidades para

que elas tomem em suas mãos, de forma organizada, o controle social da cida-

de. É a sociedade controlando o Estado e o Mercado.” (GADOTTI, 2004, p.24)

Tanto a Escola Cidadã quanto a Cidade Educadora possibilitam novas formas

de relação entre o aprendizado, a cidade e o indivíduo, buscando ideais de cons-

trução de cidadania e par� cipação de maneira democrá� ca e menos alienante.

A par� cipação dos jovens e dos moradores em processos de construção do es-

paço público, também pode ser vista como uma ideia de pertencimento ao local,

evitando apropriações individuais e egoístas e discu� ndo sobre qual a melhor pro-

posta para determinado lugar. Quando essa falta de sen� mento de pertencimento

deixa de exis� r, vemos a construção de espaços abandonados, com apropriações

indevidas e atos de vandalismo relacionados, resultando nas depredações e degra-

dações de bens públicos. (DE MARCHI, P.M., In: KON S. e DUARTE F., 2008, p.107)

Page 51: A escola como um parque e o parque como uma escola

57

Processos par! cipa! vos com jovens e adultos na construção do espaço público

“Projetos par� cipa� vos revelam fortes preocupações com a conquista cole� va

dos direitos da cidadania. Além disso, a abordagem par� cipa� va é profundamen-

te permeada pela ligação afe� va com o lugar. “A falta de afe� vidade pelos lugares

e pelo que representam é um caminho reto para a pobreza cultural”. As pessoas

fi cam desorientadas quando não conseguem mais entender a linguagem espacial

que vivem no co� diano e que lhes diz que neste presente par� cular, há passados

respeitáveis e futuros esperançosos”.” (SANTOS, 1984, in PRONSATO, 2005, p.47)

Projeto Uma Fruta no Quintal

O Projeto Uma Fruta no Quintal foi desenvolvido entre os anos de 1993

e 1996, no município de Diadema, onde, por inicia! va do poder público e

coordenação geral do arquiteto Raul Pereira, iniciou-se um projeto paisa-

gís! co com a par! cipação de toda a rede escolar pública municipal e esta-

dual, que visava trabalhar os espaços livres dentro das escolas, com o obje-

! vo de levantar questões rela! vas aos ambientes e aos usos do espaço

escolar e extrapolar esta refl exão para as demais áreas públicas da cidade.

O projeto ! nha como princípio-base a criação de um sen! -

do de pertencimento ao local onde as crianças vivem, pois atra-

vés dessa tomada de consciência seria possível construir um co-

nhecimento embasado na apropriação dos locais de vida co! diana.

“O nome Uma Fruta no Quintal remete simbolicamente a vá-

rias questões: à realidade entre a escola e o local de moradia; ao de-

senvolvimento, no tempo de algo que se modifi ca, cresce e acompa-

nha a vida do aluno. E remete a uma contradição inerente à forma de

ocupação do lote urbano em Diadema, bem como de toda região periférica

da Região Metropolitana de São Paulo. Os quintais são pequenos, em gran-

de parte impermeabilizados, e justamente, numa cidade detentora do se-

cap6

Page 52: A escola como um parque e o parque como uma escola

58

O Parquinho no Butantã

O projeto para o Parquinho no Butantã, implantado em área cole� va e pú-

blica pertencente ao conjunto habitacional do BNH (Banco Nacional de Ha-

bitação), nasce dos desejos dos moradores e dos vizinhos deste conjunto e da

inicia� va da designer Elvira de Almeida, no fi nal dos anos de 1970, quando tra-

balhava desenvolvendo móveis residenciais para conjuntos habitacionais popu-

lares para o INOCOOP (Ins� tuto de Orientação às Coopera� vas Habitacionais).

Elvira de Almeida foi uma designer de papel bastante importante na cons-

trução de brinquedos lúdicos e espaços de convívio que eram construídos

com materiais inusitados; a própria ar� sta dizia usar uma coleção de resí-

gundo maior adensamento demográfi co do Brasil.” (PEREIRA, 2007, p.115)

O obje� vo principal do projeto era desenvolver nas escolas uma com-

preensão e refl exão dos problemas relacionados com o ambiente e in� -

mamente ligados ao co� diano das pessoas na cidade. Pretendia-se que

através do conhecimento, do estudo e de discussões de possíveis soluções

para resolver as difi culdades encontradas, os próprios cidadãos pudessem

decidir qual a melhor maneira de abordar cada problema e exigir a� tudes

corretas por parte do poder público para suas melhorias. Junto com as dis-

cussões e as refl exões promovidas a respeito da cidade foram realizados

plan� os de árvores fru" feras nos espaços livres das escolas, onde os alunos

� veram a oportunidade de se apropriarem de conhecimentos botânicos e

de criarem afe� vidade com os espaços que estavam ajudando a construir.

O Projeto Uma Fruta no Quintal foi uma proposta de caráter par� cipa� -

vo, interdisciplinar e interins� tucional que, de forma sistêmica e transversal

adentrou o co� diano das escolas dando concretude a temas ambientais urba-

nos por vezes abstratos, expondo confl itos e contradições que, não raro são

tratados de forma distanciada da realidade. A complexidade abraçada pelo

Projeto seria impossível de retratar aqui, sendo que para os nossos propó-

sitos cumpre ressaltar a “aposta” que faz na escola como lócus privilegiado,

cheio de energia e potencial para a realização de projetos dessa natureza.

Alunos trabalhando na Horta.

(a� vidade integrante do projeto Uma Fruta no Quintal)

(Fonte: arquivo Raul Pereira)

1. Plan� o de árvore com os alunos e o prefeito de Diadema, José de Filippi Junior.

2. Distribuição de mudas aos alunos e à comunidade.

(Fonte: arquivo Raul Pereira)

1 2

Page 53: A escola como um parque e o parque como uma escola

59

duos de obras humanas, resíduos estes que buscavam criar novos signifi ca-

dos e linguagens quando usados de uma maneira diferente da tradicional.

As a" vidades para a construção do Parquinho contaram com a par" cipa-

ção dos moradores, que trabalhavam na produção dos brinquedos junto com

os funcionários do INOCOOP, além de realizar reuniões e discussões sobre o

projeto. Segundo Andréa Nascimento, a elaboração dos conceitos dos brin-

quedos e dos espaços era feita por Elvira, mas o processo era complementa-

do com as discussões entre todos os par" cipantes do processo de construção.

Moradores analisando o projeto

de implantação do Parquinho jun-

to com a designer Elvira de Almeida

(Fonte: ALMEIDA, Elvira de. Arte Lúdi-

ca. São Paulo: EDUSP, 1997 )

Nesse processo as crianças não par" ciparam diretamente das discussões, es-

colhas e tomadas de decisões, mas elas sempre es" veram presentes e envolvidas

no co" diano das obras até a inauguração grada" va dos espaços da praça. Pelo

fato dos brinquedos implantados terem sido desenvolvidos especialmente para

o local e serem diferente dos tradicionais parquinhos da cidade, as crianças " -

nham a oportunidade de inventar e explorar novas possibilidades de brincadeiras.

“A condição do espaço livre e cole! vo favorecia o acontecimento de uma expe-

riência educacional mais espontânea e orgânica, e o lúdico não precisava aparecer

como tema, já que estava explícito no próprio ambiente” .(NASCIMENTO, 2009, p.128)

“Carrossel” já implantado no

Parquinho. Material u" lizado:

eucalipto tratado e ar" culações

com ferro mecânico rosqueado.

(Fonte:Fonte: ALMEIDA, Elvira de.

Arte Lúdica. São Paulo: EDUSP,

1997)

“Árvore-pássaro” já implantada no

Parquinho.

Material u" lizado: eucalipto

tratado.

(Fonte: ALMEIDA, Elvira de. Arte

Lúdica. São Paulo: EDUSP, 1997 )

Page 54: A escola como um parque e o parque como uma escola

60

Praça da Criança

A Praça da Criança é outro exemplo de trabalho desenvolvido pela de-

signer Elvira de Almeida. Esse projeto teve uma parceria com o DEPAVE e se

desenvolveu entre os anos de 1989 e 1990, em Santo Amaro, e � nha como

caracterís� ca desenvolver “projetos experimentais de esculturas lúdicas

para os parques da cidade. A proposta baseava-se na reu� lização de mate-

riais abandonados em depósitos do DEPAVE, como troncos de árvores, pos-

tes de iluminação tombados, pneus e correntes, os quais Elvira chamou de

‘sucatas urbanas’, e na u� lização de mão-de-obra e maquinário disponíveis

nas ofi cinas de manutenção e de poda de árvores do Departamento. Assim,

o conceito de bricolage até então explicitado em suas obras se expandiu e

passou a ser desenvolvido também no plano da apropriação de uma varieda-

de de materiais até então considerados lixo, e de sua devolução à cidade por

meio de transformação em elementos lúdicos.” (NASCIMENTO, 2009, p.132)

Maquete do projeto.

(Fonte: ALMEIDA, Elvira

de. Arte Lúdica. São Paulo:

EDUSP, 1997)

A construção desta praça nasce da necessidade de criar uma área de la-

zer para as crianças do bairro, que � nham poucos lugares para desfrutar a

infância e poucas a� vidades lúdicas para realizarem. Esse espaço se desen-

volve com a intenção de “(...) promover um trabalho de valorização da crian-

ça e funcionar como ponto de encontro, onde possam ocorrer experiências

de solidariedade, troca e brincadeiras, que propiciem o bem estar e a so-

ciabilidade destes jovens.” (ALMEIDA, 1992, in NASCIMENTO, 2009, p.133)

Segundo Nascimento, o projeto da praça e a elaboração dos brinque-

dos não contaram com uma par� cipação direta das crianças, mas, dentro do

projeto, Elvira des� nou um trecho do caminho central de circulação da pra-

ça para a instalação de painéis de mosaicos confeccionados pelas crianças.

Túnel de pneus. Material u� lizado:

sucatas de troncos de árvores, de pneus

e de postes de iluminação urbana.

(Fonte: ALMEIDA, Elvira de. Arte Lúdica.

São Paulo: EDUSP, 1997)

A Praça da Criança, atual Praça Salim Farah Maluf, se localiza próximo a

Praça Floriano Peixoto e ao Largo Treze de Maio, que é fortemente marca-

do pela presença de ambulantes. Logo após a construção desse espaço ocor-

reu um uso constante das crianças, principalmente aquelas que � veram

alguma par� cipação na construção da praça. Mas, esse uso durou pouco tem-

po, pois com a mudança de gestão da prefeitura, o então prefeito eleito, Pau-

lo Maluf, desmontou as instalações desta área transformando o local em

um centro para os ambulantes da região – os chamados “camelódromos”.

Crianças realizando mosaicos para o

piso da calçada.

(Fonte: ALMEIDA, Elvira de. Arte Lúdica.

São Paulo: EDUSP, 1997)

Page 55: A escola como um parque e o parque como uma escola

61

Referências: Escola Parque, CEUs e Parque Escola

“Comecemos pelas escolas, se alguma coisa deve ser feita para ‘reformar’

os homens, a primeira coisa é ‘formá-los’.” (Lina Bo Bardi, in BASTOS, 2009)

Com o intuito de criar e fortalecer a relação entre a EMEF Deputado Rogê Ferreira

e o Parque Pinheirinho d’Água, fez-se necessário conhecer alguns projetos já reali-

zados que apresentam como ideias-base as diretrizes buscadas por este trabalho.

Escolas Classe Escola Parque

“A experiência da Escola-Parque foi evento único por ter resultado da conju-

gação bem-sucedida entre um método pedagógico criado por Anísio Teixeira e

um conjunto de princípios arquitetônicos modernistas desenvolvidos pelos arqui-

tetos Diógenes Rebouças e Hélio Duarte.(...) O principal mérito desta obra é o de

ser a realização de um projeto com fi nalidade social, portanto de di" cil concre-

# zação, que teve seus obje# vos cumpridos sa# sfatoriamente.” (PEDRÃO, 1999)

A ideia das Escolas Classe - Escola Parque criada por Anísio Teixeira na déca-

da de 1930 propunha a permanência do estudante durante o dia todo nesses

espaços. Em uma parte do dia o estudante fi caria na Escola Classe, onde re-

ceberia a “educação tradicional” e seria instruído. Na outra parte do dia, esse

mesmo estudante iria para a Escola Parque, onde seria educado, recebendo

atendimento médico, alimentação e teria a seu dispor uma série de a" vidades

que poderia realizar, tais como: esportes, artes industriais ,dança, música e

teatro. Esse sistema educacional foi pensado com a capacidade de 500 alu-

nos por turno nas Escolas Classe e 2.000 alunos por turno na Escola Parque.

cap7

Page 56: A escola como um parque e o parque como uma escola

62

Esquema explica! vo do funcionamento das Escolas Classe Escola Parque | Exemplo do Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador, Bahia.

(Fonte: DUARTE, Hélio. Escolas Classe Escola Parque. Edição ampliada com organização de André Takiya. São Paulo, FAUUSP, 2009)

Page 57: A escola como um parque e o parque como uma escola

63

A base da ideia de ensino apresentada por esse sistema estava na cria-

ção de pessoas instruídas e socializadas, como uma forma de criar “um

país desenvolvido, onde a democracia seria a única organização plau-

sível, em que prosperidade e igualdade reinariam, e isto só seria possí-

vel através de uma educação altamente qualifi cada. Uma educação que

deveria ser pública (gratuita), uniforme e obrigatória.” (PEDRÃO, 1999)

O Centro Escola Carneiro Ribeiro (CECR), inaugurado em 1947, em Sal-

vador, foi a concre" zação dos conceitos das Escolas Classe e Escola Parque. O

programa pedagógico de Anísio Teixeira foi aplicado da maneira prevista e

o complexo educacional se formou com a construção dos edi# cios – das artes

aplicadas, do refeitório, do ginásio de esportes, da administração, da bibliote-

ca, do teatro e do anfi teatro –, que complementavam as a" vidades desenvol-

vidas em três Escolas Classe construídas nas proximidades desta Escola Parque.

Atualmente, segundo o site do Centro Carneiro Ribeiro, as a" vidades e o

programa desenvolvido por Anísio Teixeira foram adaptados à realidade dos

dias atuais e con" nuam sendo realizados, “o Centro oferece ao educando,

em ano le" vo, dias inteiros em a" vidades divididos em dois períodos: um tur-

no seguindo a matriz curricular do núcleo comum e diversifi cada, nas Escolas-

-Classe e o Colégio Álvaro Augusto da Silva; e, em turno oposto, o aluno de-

senvolve a" vidades da parte diversifi cada do Currículo, efe" vadas através dos

seguintes Núcleos da Escola Parque: Informação, Comunicação e Conhecimen-

to; Núcleo de Pluralidade Ar$ s" ca; Núcleo de Pluralidade Espor" va; Núcleo

de Artes Visuais; Núcleo de Jardinagem; Núcleo de Alimentação; e Núcleo de

Projetos Especiais”. (site ofi cial do CECR, acessado em 28 de junho de 2012).

CEUs – Centros Educacionais Unifi cados

A experiência da Escola Parque elaborada por Anísio Teixeira exer-

ceu forte infl uência no projeto inicial para a construção dos Centros

Educacionais Unifi cados (CEUs) construídos a par" r do ano 2001

na cidade de São Paulo, durante a gestão da prefeita Marta Suplicy.

Os CEUs localizam-se nas periferias da cidade, onde há pouca dis-

ponibilidade de equipamentos públicos e abrigam de modo integra-

do centros de educação infan" l, de ensino fundamental e creche, so-

mados a equipamentos comunitários, tais como quadras poliespor" vas,

piscinas, teatro/cinema, biblioteca e telecentro. Esses edi# cios são centros

comunitários de lazer, esporte, cultura e festas, abertos nos fi nais de semana.

“O projeto básico dos CEUs foi elaborado por Alexandre Delijaicov, André

Takiya e Wanderley Ariza, arquitetos da divisão de projetos do departamento

de edifi cações da Secretaria de Serviços e Obras da Prefeitura de São Paulo,

sendo que o desenvolvimento do projeto e sua adaptação aos diferentes ter-

renos são feitos por diferentes escritórios de arquitetura. Um volume cilíndrico

para a creche, um edi� cio de projeção retangular longo e estreito, em geral

com três pavimentos para o ensino infan� l e fundamental, um edi� cio que abri-

ga teatro e instalações espor� vas e ainda parque aquá� co com três piscinas.

Os CEUs são estruturas de grande porte, para 2.400 alunos,

com a modulação bem marcada. Além da preocupação pedagógi-

ca e da de servir como praça e ponto de encontro nos fi nais de sema-

na, os CEUs ainda acumulam a função de “catalisador” urbano: inse-

ridos em áreas de construções precárias, espera-se que sua presença

exerça uma marca posi� va no bairro, favorecendo melhorias.” (BASTOS, 2009)

CEU Parque Veredas, no

Itaim Paulista, Zona Leste

do município de São Paulo.

(Fonte: h! p://www.constru-

base.com.br)

Page 58: A escola como um parque e o parque como uma escola

64

Parque Escola de Santo André

O projeto do Parque Escola promove educação voltada para o ambiente,

em uma área de cerca de 50.000m². Seus espaços oferecem recursos peda-

gógicos para es� mular e despertar curiosidade sobre a temá� ca ambiental,

botânica, arte e reaproveitamento de materiais. O espaço possibilita a rea-

lização de visitas monitoradas aos alunos da rede municipal, estadual, par-

� cular e universidades, além de oferecer cursos e ofi cinas à comunidade.

Além das a� vidades relacionadas diretamente ao ambiente, o Parque

Escola possui espaços onde se realizam shows musicais, espetáculos te-

atrais, exposições de fotos e artes plás� cas, além de infraestrutura de la-

zer, como pista de atle� smo, quadra de esporte, espaço para ginás� ca.

Segundo informações presentes no site da Prefeitura de Santo André, as

instalações do Parque Escola são: bosque, bromeliário, canteiros de plantas

carnívoras, estufa, horta orgânica, horto de plantas medicinais e aromá� cas,

jardim dos cactos e das plantas suculentas, orquidário, sala de experiência

(agrupa elementos relacionados com a ecologia do Parque Escola e funciona

como ferramenta educa� va e de contemplação visual), ‘sucatário’ (acervo de

sucata; geração de ideias e transformação de materiais reu� lizados e reciclá-

veis), e ‘sucatoteca’ (exposição de brinquedos confeccionados com sucatas).

Produção de mudas no espaço da estufa do Parque Escola

(Fonte: h! p://refrescante.com.br)

Apresentação de teatro em espaço aberto.

(Fonte: h! p://projetomariadolixo.blogspot.com.br)

Page 59: A escola como um parque e o parque como uma escola

65

Diretrizes de intervenção: o Projeto

O projeto elaborado para a área do Parque Municipal Pinheirinho

d’Água e da EMEF Deputado Rogê Ferreira parte da ideia de tomar a Es-

cola como ponto de par! da para um processo de revitalização do Par-

que. Historicamente, foi ela um dos elementos que desrespeitou o proje-

to original, elaborado junto com a comunidade, no momento em que se

apropriou de uma área do Parque para ali instalar seu edi" cio de alvenaria.

Foi possível vislumbrar, por outro lado, o privilegio de se ter uma ins! -

tuição educacional assentada sobre um parque, no sen! do das oportuni-

dades extraordinárias de um lócus pedagógico de aprendizado e pesqui-

sa, além do potencial de par! cipação na gestão do próprio Parque por uma

faixa de idade usualmente alheia a esses processos. Tornou-se, então, ob-

je! vo primordial do projeto, reverter o impacto que a edifi cação escolar

causou em área de fragilidade ambiental, requalifi cando o edi" cio e seu en-

torno a fi m de propiciar uma relação mais viva e par! cipante entre os dois.

Dessa forma, o edi" cio escolar deixa de representar o agente impacta-

dor do ambiente, além de desrespeitoso com o processo democrá! co em cur-

so, resignifi cando-se como o novo atributo do Parque com tantas novas

funções e papeis quanto possam ser pensadas pela comunidade escolar.

A ideia base das intervenções aqui propostas busca permi! r que o am-

biente escolar u! lize o Parque como uma extensão da Escola para ali desen-

volver parte de suas a! vidades. Nesse sen! do, o Parque deve oferecer uma

série de cursos e a! vidades relacionadas ao meio ambiente para que os

alunos possam desfrutar do espaço natural tão próximo de suas realidades.

Inspirado nas ideias de usos e programas da Escola Parque, de Anísio Teixei-

ra, nos CEUs da Prefeitura de São Paulo, e também no Parque Escola de Santo

André, pensou-se que o Parque Pinheirinho d’Água poderia funcionar como

um local onde os alunos, da EMEF Rogê Ferreira e demais escolas do entorno,

realizassem a! vidades em um turno diferente daqueles em que se encontram

nas Escolas-Classe, assim chamadas por Anísio Teixeira. Durante esse turno

no Parque, os estudantes desenvolveriam a! vidades relacionadas ao estu-

do do ambiente, pesquisas no Parque, jardinagem, artes, leitura e esportes.

cap8

Page 60: A escola como um parque e o parque como uma escola

66

Atualmente, o Parque possui severos problemas de gestão pú-

blica, com muitos confl itos de uso e áreas pra� camente abando-

nadas e a comunidade acaba negando esse espaço por considerá-

-lo inseguro, com áreas de baixa manutenção e poucas a� vidades

propostas. O que as intervenções propostas buscam transformar é essa reali-

dade, onde uma área muito importante como espaço natural, de estudo e de

lazer fi ca subu� lizada diante de uma grande demanda por essas a� vidades.

A opção por realizar o trabalho a par� r da Escola se fez, além dela ter sido

um ponto de desrespeito ao processo cole� vo que havia sido realizado para

a construção do Parque, também pelo fato de ser um ambiente propício a

transformações na comunidade; nela as idades, os pensamentos, as criações

e as expecta� vas dis� ntas são confrontadas e obrigadas a conviver em socie-

dade e, a par� r dessas experiências, os indivíduos constroem seu caráter e

sua possibilidade de atuação par� cipa� va na comunidade onde vivem. A es-

cola, nesses termos, é pensada como um difusor de transformação social e

não apenas vista como um elemento isolado do espaço onde ela está inserida.

Quando se pensou na Escola como um elemento de revitaliza-

ção e integração de suas a� vidades no Parque, não se pôde esque-

cer que o programa pedagógico dela também deverá ser alterado.

Durante a semana de desenvolvimento da Charrete, � vemos contato

com professores e, em conversa com esses educadores, pudemos perceber

a difi culdade de ensinar dentro de uma escola pública. Além das competên-

cias educacionais que cabem à escola, hoje, este ambiente também se tor-

na responsável por tentar resolver os problemas sociais e psicológicos de-

correntes da vida familiar de cada aluno, o que, somado ao desinteresse de

aprendizado por parte dos estudantes, acaba deses� mulando os educadores.

Vejo que uma forma de tentar reverter esse processo de deterioração do

ensino pode ser es� mulando o interesse por assuntos e objetos co� dianos

aos alunos, onde eles podem par� cipar com seus conhecimentos já desen-

volvidos e experiências vivenciadas, encontrando no estudo uma ferramenta

para o aperfeiçoamento e o entendimento daquilo que lhe é familiar. Acredito

que o aprendizado se torna mais simples quando se visualiza aquilo que está sen-

do ensinado e, depois de apreender o conhecimento dos elementos co� dianos,

fi ca mais fácil aprender aquilo que está distante do dia a dia. A Charrete teve

como um de seus pontos chave essa ideia, pois colocou os alunos em contato

direto com o meio que os cerca, possibilitando-os vislumbrar e entender os ele-

mentos construtores deste espaço. Esse processo pode ser pensado como uma

forma de alavancar uma mudança no programa pedagógico da Escola, transfor-

mando o Parque nesse elemento co� diano que desperta o interesse dos alunos.

De acordo com Jacques Rancière, colocado por Nascimento, “o principal método

pelo qual se pode aprender e emancipar-se é o da vontade e o da curiosidade. A von-

tade como mo� vação para o desenvolvimento da capacidade de saber é forte, sobre-

tudo, entre as crianças, até certo ponto ainda libertas de um ‘método da impotência’.

Todo ser que começa a falar o faz pela pura vontade e pela necessidade de apren-

der, embora es� mulado pela família.” (RANCIÈRE apud NASCIMENTO, 2009, P.52)

O par� do adotado para a intervenção no Parque e na Escola buscou uma míni-

ma intervenção com novas construções, já que o lugar é ambientalmente sensível,

com APPs e não suporta grandes áreas de construção, fato previsto nos termos da

lei. Desta forma, pensou-se no aproveitamento dos espaços já existentes, como

o CEA (Centro de Educação Ambiental), que passa grande parte do tempo ocioso,

e espaços da Escola que poderão ser u� lizados por novas a� vidades propostas.

Baseado na Lei Federal nº 4.771, de 1965, que ins� tui o Código Flores-

tal Brasileiro, art. 2º, são consideradas Áreas de Preservação Permanente:

“(...) as fl orestas e demais formas de vegetação natural situadas:

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto

em faixa marginal cuja largura mínima seja:

1 - de 30m (trinta metros) para os cursos de d’água de menos de 10 (dez)

metros de largura;

2 - de 50m (cinqüenta metros) para os cursos d’água que tenham de 10 (dez)

a 50m (cinqüenta metros) de largura;

Page 61: A escola como um parque e o parque como uma escola

67

3 - de 100m (cem metros) para os cursos d’água que tenham de 50 (cinqüen-

ta) a 200m (duzentos metros) de largura;

4 - de 200m (duzentos metros) para os cursos d’água que tenham de 200

(duzentos) a 600m (seiscentos metros) de largura;

5 - de 500m (quinhentos metros) para os cursos d’água que tenham largura

superior a 600m (seiscentos metros) de largura;

b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou ar� fi ciais;

c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”,

qualquer que seja a sua situação topográfi ca, num raio mínimo de 50m (cin-

qüenta metros) de largura (...)”

Entretanto, essas áreas de preservação não necessitam fi car isoladas e a" -

vidades de baixo impacto podem ser realizadas nesses espaços, como des-

crito na Resolução CONAMA nº 369, de 28 de março de 2006, na Seção III

– Da implantação de Área Verde de Domínio Público em Área Urbana, Art. 8º:

“III - percentuais de impermeabilização e alteração para ajar-

dinamento limitados a respec� vamente 5% e 15% da área to-

tal da APP inserida na área verde de domínio público.

§ 1º Considera-se área verde de domínio público, para efeito desta Resolução,

o espaço de domínio público que desempenhe função ecológica, paisagís� ca e

recrea� va, propiciando a melhoria da qualidade esté� ca, funcional e ambiental

da cidade, sendo dotado de vegetação e espaços livres de impermeabilização.

§ 2º O projeto técnico que deverá ser objeto de aprovação pela autoridade ambien-

tal competente, poderá incluir a implantação de equipamentos públicos, tais como:

a) trilhas ecoturís� cas;

b) ciclovias;

c) pequenos parques de lazer, excluídos parques temá� cos ou similares;

d) acesso e travessia aos corpos de água;

e) mirantes;

f) equipamentos de segurança, lazer, cultura e esporte;

g) bancos, sanitários, chuveiros e bebedouros públicos; e

h) rampas de lançamento de barcos e pequenos ancoradouros.

§ 3º O disposto no caput deste ar� go não se aplica às áreas com vegetação

na� va primária, ou secundária em estagio médio e avançado de regeneração.

§ 4º É garan� do o acesso livre e gratuito da população à área verde de

domínio público.”

Desta forma, foi proposta a recuperação da APP junto à Es-

cola, a recuperação do trecho que foi vi" ma do crime ambien-

tal e usos menos agressivos nas áreas ambientalmente sensíveis.

De acordo com o Código Florestal, ainda em vigor, e as áreas que ele deter-

mina como de preservação permanente (APPs), o Parque Pinheirinho d’Água

possui cerca de 35 % de sua área passível de ocupação, sendo que metade desta

área já possui algum uso. O restante, apesar da possibilidade de abrigar algumas

a" vidades, possui restrições para isso, pois são locais de grande declividade.

Page 62: A escola como um parque e o parque como uma escola

68

Mapa 11Situação + Usos Possíveis

Massa densa de vegetação

Córregos

Áreas construídas do parque

Áreas de possíveis intervenções

Brejo a ser preservado

Área de Preservação Permanente - margem do córrego

Edifi cações existentes - não pertencentes ao parque

Page 63: A escola como um parque e o parque como uma escola

69

Os passeios e as praças

Resgatando a ideia original do Parque,

de criar uma borda de usos mais intensos

para garan! r a preservação das APPs exis-

tentes, propõe-se a retomada do projeto

de ampliação das calçadas e a implanta-

ção que não foi executada das praças pre-

vistas pelo projeto elaborado em 2002.

Passeios e Praças

Mapa 12Passeios e Praças

Page 64: A escola como um parque e o parque como uma escola

70

Os cercamentos

Atualmente o gradil implantado passa no limite entre a calçada e a área

vegetada do Parque. O projeto original previa o recuo deste gradil, criando

uma faixa verde margeando a calçada, conferindo maior comodidade aos

transeuntes, produzindo a sensação de ampliação do espaço de circulação e

minimizando o caráter repressor causado pelo cercamento. O projeto aqui

desenvolvido retoma a proposta original de posicionamento do gradil, re-

sultando em espaços mais agradáveis para a circulação externa ao Parque.

Corte AACercamentos

Mapa 13Cercamentos

A

A

Page 65: A escola como um parque e o parque como uma escola

71

Os acessos

Um dos problemas presentes atu-

almente no Parque que difi culta a en-

trada de usuários é a pequena quan" -

dade de acessos existentes. Excluindo

aqueles presentes na Praça dos Es-

portes, que são em número de oito,

a grande área do Parque possui nove

entradas, sendo que apenas seis per-

manecem abertos aos frequentadores.

A nova proposta elaborada pensa

nos acessos como uma forma de garan-

" r uma maior permeabilidade de usuá-

rios nas áreas do Parque. Por isso, além

das atuais entradas existentes, proje-

tou-se mais seis e a" vou-se as três, que

atualmente não são u" lizadas, totaliza-

do quinze acessos na maior porção do

Parque; reduziu-se para seis acessos na

Praça dos Esportes, devido a implan-

tação do campo de futebol em área

que anteriormente exis" am acessos.

Novos acessos

Acessos existentes rea" vada

Acessos existentes a manter

Acessos existentes a re" rar

Mapa 14Acessos

Page 66: A escola como um parque e o parque como uma escola

72

Trilhas | Deques | Passadiços

Mapa 15Trilhas

As trilhas

Outro problema iden! fi cado com

a implantação do Parque é a pequena

quan! dade de trilhas existentes que fa-

zem conexões importantes dentro dele.

Atualmente, poucas são as trilhas que

possibilitam transpor o brejo e conec-

tar as duas áreas separadas por este.

Com a proposta de maior integração

das escolas com o Parque, faz-se neces-

sário acessar todas as diferentes áreas

do mesmo, transpondo o brejo, a água

e o grande desnível topográfi co; por isso

foram projetados vários ! pos de trilha:

em passadiços e deques de madeira,

suspensas de forma palafi tada para evi-

tar grandes intervenções no meio natu-

ral, em pisos drenantes com inclinações

adequadas para garan! r a acessibilida-

de universal, além de escadas; também

foi proposta a manutenção de algumas

trilhas já existentes em terra ba! da.

Uma caracterís! ca diferenciada

que as trilhas adquirem quando fa-

zem ligações com as escolas é a colo-

cação de esculturas lúdicas que reme-

tem a fenômenos da natureza, como

uma forma de caracterizar estes espa-

ços de maneira dis! nta dos demais.

Page 67: A escola como um parque e o parque como uma escola

73

Diretrizes gerais

• Recuperar a área que foi a! ngida pelo crime ambiental;

• Recuperar áreas que se encontram degradadas ou em processo de degrada-

ção;

• Realizar a despoluição dos córregos que adentram o Parque, como já está

previsto pela Operação Córrego Limpo, da Sabesp;

• Realizar conserto e manutenção de todos os equipamentos existentes no

Parque e dos novos aqui propostos, como trilhas, deques, mirantes, brinquedos,

bancos, mesas, sanitários, campos e quadras espor! vas, edifi cações, estação de

skate;

• Implantar os projetos de iluminação, sinalização e plan! o já especifi cados

no projeto execu! vo do Parque, adequando-os quando necessário, às novas

áreas propostas;

• Implantar a ciclovia junto ao Parque, proposta no projeto original elaborado

em 2002, pensando nesse elemento como um ponto de es# mulo a implantação

desse sistema de circulação que deverá ser visto também como uma infraestru-

tura de transporte e não apenas de lazer ;

• Implantar um projeto de drenagem que atenda todas as situações e

necessidades apresentadas pelo Parque, garan! ndo espaços onde os usos

sejam permi! dos durante e após períodos de chuvas;

• Implantar um sistema de coleta e de separação dos resíduos sólidos;

• Incorporar prá! cas par! cipa! vas à gestão do Parque, pois assim será

possível manter sempre um ponto de discussão para melhorias, manutenção

e par! cipação no Parque;

• Desenvolver projetos com os moradores da região para criação de moni-

tores e guias do Parque que já estejam envolvidos na área e que façam parte

da história deste espaço, com a intenção de resgatar a memória do local e

passá-la para as demais gerações;

• Pensar nas propostas aqui apresentadas como um ponto de par! da para

novas discussões junto à comunidade, a fi m de desenvolver um projeto que

melhor se adapte as necessidades dos moradores.

Page 68: A escola como um parque e o parque como uma escola

74

Áreas Específi cas

Para melhor compreenssão do projeto e das áreas apresentadas a seguir,

vide ANEXO 01/01 – IMPLANTAÇÃO.

Área “A”

A área “A” é onde está implantada a EMEF Deputado Rogê Ferrei-

ra. Este foi o ponto que desencadeou os processos de mudança no Par-

que, por isso seu edi" cio também passou por intervenções de ade-

quação ao novo programa proposto, que já foi citado anteriormente.

Vista do pá# o posterior da EMEF.

(Fonte: Paula Ma# ns Vicente)

Edi" cio escolar

Mapa 16Situação atual - Implantação EMEF

Área impermeável

Área permeável

Passeio público

Parque Pinheirinho d’Água

Limite da APP do Córrego Pinheirinho d’Água

Page 69: A escola como um parque e o parque como uma escola

75

O edi! cio escolar, que hoje possui dois pavimentos acima do térreo, receberá

um novo andar na cobertura, que será des" nado a usos complementares aos já

existentes na Escola. Esse novo pavimento terá uma sala de música – ou múl" plo

uso – o Laboratório do Parque como observatório e espaço para desenvolvimento

de pesquisas do Pinheirinho d’Água e região nas áreas de Paisagem e Ambiente,

um mini auditório/sala para projeção de vídeos e apresentações e uma área des-

coberta que servirá de mirante para o Parque ou para aulas ao ar livre e ensaios

ar# s" cos – música, dança, teatro. Esses novos espaços apresentam um caráter

ambiental educa" vo e para isso, com a fi nalidade experimental e lúdica, serão

implantados um sistema de captação e tratamento da água das chuvas para u" -

lizá-la na irrigação das plantas ali colocadas e um sistema de coletor de energia

solar, que deverá fornecer abastecer os ambientes propostos nesse pavimento.

Os demais pavimentos da Escola sofrerão pequenas altera-

ções, apenas para o acréscimo de sanitários e adequação dos espa-

ços de depósito, sala onde os estudantes colocam músicas para to-

car (rádio) e grêmio estudan" l, localizados no térreo do edi! cio.

A área externa da Escola foi a que mais se alterou com o in-

tuito de se adequar melhor a proposta de integração com o Par-

que e resgatar o espaço cole" vo também para uso da comunidade.

A atual quadra poliespor" va está localizada em uma APP do cór-

rego Pinheirinho d’Água; com a nova proposta essa área é recupera-

da, ganhando um uso menos agressivo, permi" do pela legislação, tor-

nando-se permeável e liberando a visual do Parque neste trecho. Esse

espaço se transforma, assim, em um jardim com brinquedos, casinha na árvo-

re, mesas, bancos, quiosque e esculturas que criam um diálogo com a natureza.

O atual pá" o descoberto no fundo da Escola se amplia com a implantação de

um deque de madeira, que pode ser usado como mirante ou espaço para apresen-

tações ao ar livre. A construção existente nesse pá" o, que atualmente serve como

depósito de materiais de limpeza, terá seu funcionamento transferido para o térreo

do edi! cio escolar e será demolida, cedendo lugar para a entrada da quadra polies-

por" va. O acesso ao Parque também se dará por esse pá" o nos fundos da Escola.

A quadra poliespor" va passará a ocupar o espaço do atual estacionamento de

professores e funcionários da Escola e esse será colocado sob a área da quadra, au-

mentando sua capacidade, que é uma demanda apresentada pelos seus usuários.

Um dos principais conceitos de transformação da Escola é a integra-

ção ao Parque. Para que isso se concre" zasse, alguns elementos de cer-

camento foram alterados; todo o gradil que, atualmente, faz a separa-

ção entre o ambiente escolar e o Parque, será subs" tuído apenas por

um guarda-corpo, pois, com a nova confi guração do espaço externo, o

córrego e o desnível gerado pela implantação do deque de madeira for-

mam barreiras ! sicas que impedem o acesso à Escola através do Parque.

A entrada principal, que está em contato direto com a rua, manterá o gradil

semelhante ao do Parque, caracterizando a con" nuidade e a unidade destes

espaços; entretanto, os quatro portões de acesso existentes serão trocados

por portões maiores, de correr, possibilitando uma maior abertura da área.

Esses acessos reformulados terão um controle durante o período de funciona-

mento da Escola e do Parque e serão abertos à comunidade nos períodos em

que não estão sendo desenvolvidas a" vidades escolares – feriados, fi nais de

semanas e férias. O princípio desta proposta, diferentemente do que ocorre

atualmente, é integrar fi sicamente a Escola ao Parque e transformá-la em uma

praça pública nos momentos em que ela não está em funcionamento, possi-

bilitando assim, o acesso da comunidade a todos os seus espaços externos.

O edi! cio escolar também poderá se abrir para a praça proposta duran-

te os dias não le" vos, oferecendo cursos, palestras, apresentações e ex-

posições para a comunidade, se integrando as demais a" vidades ofereci-

das pelo Parque. A Escola poderá também ser a sede da associação dos

moradores da região, des" nando para isso um espaço dentro do edi! cio.

Page 70: A escola como um parque e o parque como uma escola

76

ElevaçãoRua Philonilia

Gonçalves dos

Santos

Mapa 17ÁREA “A”

Implantação

Page 71: A escola como um parque e o parque como uma escola

77

Mapa 18ÁREA “A”

Térreo

Corte AAÁREA “A”

A

A

Page 72: A escola como um parque e o parque como uma escola

78

Piso de estacionamentoEMEF Dep. Rogê Ferreira

1° PavimentoEMEF Dep. Rogê Ferreira

2° PavimentoEMEF Dep. Rogê Ferreira

Page 73: A escola como um parque e o parque como uma escola

79

3° PavimentoEMEF Dep. Rogê Ferreira

Implantação

Proposta para o novo pavimento projetado para a Escola.

(Fonte: Paula Ma! ns Vicente)

Page 74: A escola como um parque e o parque como uma escola

80

1 e 2 . Referência de brinquedos: Elvira de Almeida.

(Fonte: Elvira de Almeida - Arte Lúdica)

3. Referência de casinha na árvore.

(Fonte: acervo Raul Pereira Arquitetos Associados )

4 e 5. Referência de esculturas/brinquedos: Formigas

e Minhoca

(Fonte: acervo Raul Pereira Arquitetos Associados )

6.Referência de esculturas/ brinquedos: cobra

(Fonte: www.blark.no )

7.Referência de deque-mirante

(Fonte: h! p://www.salto.sp.gov.br)

8.Referência de mobiliário: Colégio Santa Cruz, SP.

(Fonte: acervo Raul Pereira Arquitetos Associados )

1

2

3

4

56

7

8

Page 75: A escola como um parque e o parque como uma escola

81

Área “B”

Dentro do projeto de possibilitar que os estudantes usufruam do Parque de

uma maneira educa! va, alguns usos foram propostos, criando novos espaços

e garan! ndo uma vitalidade maior ao local, que hoje se encontra subu! lizado.

A área “B” é um espaço que já estava proposto no projeto de 2002 rea-

lizado em parceria com os moradores, o poder público e a FAU-USP. Neste lo-

cal estava previsto a implantação de uma praça que faria parte de um siste-

ma de áreas semelhantes ao longo da calçada do Parque, como uma forma de

atrair os usuários para usos mais intensos e efe! vos destes espaços, preser-

vando a área ambientalmente sensível junto aos córregos. No entanto, ape-

sar da área ter sido terraplanada, o projeto realizado nunca foi implantado.

A nova proposta feita para este espaço busca resgatar a ideia da forma-

ção da borda de atra! bilidade, com possibilidade de uso 24 horas por dia e

preservação da APP dentro do Parque; para isso, o projeto da praça é adap-

tado à criação de um novo acesso ao Parque e à instalação de um espaço de

jardinagem e horta comunitária. Este local contará com bancadas para rea-

lização de cursos e trabalhos de jardinagem e uma área de canteiros onde

serão plantados temperos, ervas e verduras. Uma proposta para esse es-

paço é oferecer a! vidades aos moradores e alunos das escolas da região.

Atualmente, existe na Prefeitura de São Paulo o programa Escola Estufa

Lucy Montoro com o obje! vo de “ser um espaço de vivência, educação, exer-

cício e organização para disseminar o cuidado com o meio ambiente e o es-

pírito comunitário, difundindo a hor! cultura, produção de mudas de espé-

cies na! vas, espécies para paisagismo e a! vidades agrícolas.” (SOUSA, 2012)

Mapa 19ÁREA “B”

Implantação

Corte AAÁREA “B”

A

A

Page 76: A escola como um parque e o parque como uma escola

82

Área “C”

Essa área , assim como a área “B”, também reto-

ma o projeto de 2002 que não foi implantado, apesar das con-

dções do terreno já estarem perparadas para a construção.

A proposta atual revê o projeto anterior da praça, mantendo-

-a como um espaço de descanso e lazer, e prevê um novo acesso ao

Parque, ligando-se a uma área de deque de madeira sobre o brejo.

O deque que possibilita o acesso ao Parque foi projetado em diferentes

níveis, porém pouco distantes do brejo, pretendendo manter um contato

próximo a esse ecossistema, garan! ndo visuais importantes desta área. Ele

foi pensado com uma estrutura palafi tada de madeira, para evitar grandes

interferências no ambiente. O deque proposto se conecta ao Parque atra-

vés de um passadiço de madeira que con! nua percorrendo a área alagada.

Mapa 20ÁREA “C”

Implantação

Referência de deque junto ao corpo d’água: Jardim Botânico de

São Paulo (Fonte: Vanessa Kawahira Chinen)

Page 77: A escola como um parque e o parque como uma escola

83

Áreas “D” e “E”

Estas duas áreas, assim como as outras duas descritas anteriormen-

te, também fazem parte da retomada do projeto original de confi guração

da borda de atração aos usuários. Dentro da nova proposta de conexões e

usos para o Parque, os projetos são adaptados às novas necessidades e man-

tém suas caracterís" cas de dis" nção – contemplação e a" vidades # sicas

– para favorecer um movimento mais intenso de pessoas nestes espaços.

Mapa 21ÁREA “D”

Implantação

Mapa 22ÁREA “E”

Implantação

Page 78: A escola como um parque e o parque como uma escola

84

Área “F”

Esta área também é uma das praças que retomam e adaptam o projeto

anterior às novas necessidades. O diferencial desse espaço em relação às

demais praças já descritas é que ele cria um novo e importante acesso ao

Parque, vencendo um desnível de 25 metros através da escadaria proposta.

A escada em madeira sobre estrutura metálica fi ca suspensa e se abre para

grandes patamares que formam praças de estar, contemplação e descanso jun-

to às árvores que se encontram na área. Por ser uma passagem que passa em

um trecho de mata densa, o projeto de cada patamar se adequou as árvores

existentes, evitando grandes intervenções na área e o desmate de espécies ar-

bóreas, resultando em espaços, situações e visuais diferentes em cada patamar.

Corte AAÁREA “F”

Referência de escadaria: Parque do Caracol

(Fonte: h! p://www.ipernity.com)

Referência de escadaria: Parque do Caracol

(Fonte: h! p://blogdomilicors.blogspot.com.br)

Page 79: A escola como um parque e o parque como uma escola

85

Mapa 23 ÁREA “F”

Implantação

A

A

Referência de escadaria: Parque Renaca Norte

(Fonte: Ins! tuto Monsa de Ediciones)

Referência de escadaria: Parque Renaca Norte

(Fonte: Ins! tuto Monsa de Ediciones)

Page 80: A escola como um parque e o parque como uma escola

86

Área “G” A área “G” é um espaço já existente no Parque com possibilidades de

usos interessantes, mas, atualmente, se encontra subu� lizada devido à fal-

ta de equipamentos e a� vidades propostas para as escolas e a comunidade.

A proposta de interferência na área fez uma retomada do projeto original,

propondo a readequação dos espaços de equipamentos de ginás� ca, brinque-

dos, mesas e bancos e, em alguns casos, propôs o sombreamento com o plan� o

de árvores, conforme previa o projeto que não foi implantado completamente.

No projeto de 2002, elaborado junto com a comunidade, este espaço

contava com uma cancha de bocha que, segundo relatos, nunca foi u� liza-

da pela falta de pra� cantes nas proximidades. Com o novo projeto e, base-

ado em um trabalho já realizado na área, por Vanessa Kawahira Chinen (ci-

tar fonte em rodapé), optou-se pela subs� tuição da cancha por um espaço

des� nado a aulas de artes e artesanato, aproveitando a estrutura da cober-

tura já existente e conservada. As a� vidades ali desenvolvidas terão como

pano de fundo a ideia do reaproveitamento e reciclagem dos materiais, bem

como propostas relacionadas ao meio ambiente e aos recursos naturais.

Esta área apresenta também um Centro de Educação Ambiental (CEA), que

hoje é pouco u� lizado, mantendo-se ocioso grande parte do tempo. Com a

proposta de criar espaços atraentes às escolas e aos moradores, o CEA passará

pela criação de um programa de a� vidades relacionadas ao estudo do Parque

e da região, que possibilitará um maior usufruto deste espaço. Pensou-se em

equipá-lo com livros, publicações e materiais que abordem o Parque, a região

do Jaraguá e assuntos relacionados ao ambiente, criando um acervo para ser

u� lizado por qualquer cidadão. O CEA também abrigará uma área para a expo-

sição de materiais produzidos sobre o Parque ou através de estudos realizados

nele; será o ponto de encontro para as a� vidades guiadas e monitoradas pelo

Parque; terá um espaço des� nado para desenvolver estudos e aprofundamen-

to das observações coletadas em campo; oferecerá palestras e apresentações

de fi lmes. O CEA terá uma relação direta com o Laboratório do Parque, pro-

posto dentro da EMEF Rogê Ferreira, oferecendo a� vidades complementares as

desenvolvidas naquele espaço, e com o espaço de a� vidades ar� s� cas, na área

de an� ga bocha, onde poderão acontecer a� vidades ligadas ao meio ambiente.

A área “G” receberá um espaço de leitura des� nado aos estudantes e moradores e

possibilitará o emprés� mo de materiais existentes em seu acervo, bem como promo-

verá eventos para a troca de materiais entre os usuários, semelhante à Feira de Troca

de Livros e Gibis, que já ocorre em alguns parques municipais da cidade de São Paulo.

Como forma de maior conexão às demais áreas do Parque, have-

rá um novo acesso par� ndo do mirante/ deque de madeira já existen-

te, potencializando ainda mais o desenvolvimento das a� vidades propos-

tas em seus espaços. Uma segunda ligação também foi proposta, como

forma de conectar este espaço à Praça dos Esportes, “área I”, do Parque.

Referência de bosque da leitura: Parque do Ibirapuera

(Fonte: Paula Mar� ns Vicente)

Page 81: A escola como um parque e o parque como uma escola

87

Mapa 24 ÁREA “G”

Implantação

Page 82: A escola como um parque e o parque como uma escola

88

Área “H”

A área “H” é uma pequena praça de chegada ao Parque, mas que pos-

sui um papel importante na conexão dos espaços mais sensíveis ambien-

talmente com a Praça dos Esportes, atual Praça Paulo Reis de Magalhães,

que apesar de também ser uma área do Parque, encontra-se desar! culada

dele, criando uma ideia de fragmentação e não pertencimento ao conjunto.

Tal espaço de entrada se localiza ao lado de uma das passarelas que atravessa

o córrego Vargem Grande e se prolonga, com a extensão do piso sobre o leito car-

roçável, até a Praça dos Esportes, como uma forma de dar a con! nuidade do Par-

que e mostrar para aqueles que estão motorizados a peculiaridade deste espaço.

Corte AAÁREA “H”

Mapa 25 ÁREA “H”

Implantação

A

A

Page 83: A escola como um parque e o parque como uma escola

89

Área “I”

A área “I”, atualmente chamada de Praça Paulo Reis de Magalhães, pas-

saria a ser denominada como Praça dos Esportes, pois é o trecho do Parque

que assume um caráter extremamente espor! vo com quadras, campos, es-

paço para skates, equipamentos de ginás! ca e áreas para a recreação infan! l.

Esta área foi implantada, mas não completamente de acordo com o projeto ori-

ginal. A intervenção proposta aqui visa atender a uma nova demanda apresentada

pelos moradores, devido ao pouco número de equipamentos espor! vos na região.

Em reunião realizada pelo Conselho Gestor do Parque, uma das

principais carências apresentadas pelos moradores é a falta de cam-

pos de futebol para a prá! ca deste esporte por ! mes da região.

O atual equipamento para a prá! ca de skate, implantado no Parque,

não pode ser u! lizado devido à construção inapropriada e à falta de dre-

nagem adequada no local. O que se propõe com o novo projeto é a rea-

locação deste espaço para um local mais apropriado e que também pos-

sa se aproveitar de uma condição topográfi ca mais adaptada. Este novo

espaço foi proposto para a área próxima à entrada principal da Praça dos Espor-

tes, onde a topografi a oferece uma situação mais adequada para a implantação.

O local liberado pela saída do skate e os arredores deste espaço rece-

beram um confi guração especial, acomodando a implantação de um cam-

po de futebol com os tamanhos mínimos exigidos ofi cialmente para a

prá! ca deste esporte – 45m x 90m. Devido as grandes dimensões exigi-

das para a implantação do campo, este trecho da praça sofreu uma gran-

de alteração, deslocando seus usos para outros espaços do Parque.

A Praça dos Esportes também fará parte do projeto de integração en-

tre o Parque e as escolas do entorno, oferecendo a prá! ca de dife-

rentes modalidades espor! vas aos alunos, durante o período em que

não estão nas escolas, realizando também campeonatos entre eles.

Referência de escorregadores: Parque Madrid-Rio

(Fonte: Rulian Noci! )

Referência de escorregadores: Parque Madrid-Rio

(Fonte: Rulian Noci! )

Page 84: A escola como um parque e o parque como uma escola

90

Corte AAÁREA “I”

Referência de área para skate: Parque Madrid-Rio

(Fonte: Rulian Noci! )

Referência de gradil com vegeta-

ção para as quadras espor! vas:

Parque Madrid-Rio

(Fonte: Rulian Noci! )

Referência de gradil-biombo para as quadras espor-

! vas: Parque da Juventude

(Fonte: www.arcoweb.com.br)

Page 85: A escola como um parque e o parque como uma escola
Page 86: A escola como um parque e o parque como uma escola

93

Área “J”

A área “J” é uma das áreas que também foi implantada, mas que não

respeitou completamente o projeto execu! vo elaborado. Hoje, ela é for-

mada pela administração, ves! ários, um campo de futebol com dimen-

sões dentro dos padrões ofi ciais – 57m x 90m –, churrasqueiras descober-

tas, equipamentos de ginás! ca e brinquedos recentemente instalados.

No projeto aqui apresentado, o prédio da administração do Par-

que abrigará também um balcão de informações e uma enfermaria.

A nova proposta para a área prevê a reconfi guração do espaço des! nado para

a recreação infan! l, complementando-o com um trecho de brinquedos aquá! -

cos que serão alimentados pela água da nascente existente dentro do Parque.

Para que isso aconteça, o curso natural da água proveniente da nascente deve-

rá ser levemente deslocado com a fi nalidade de a! ngir a área descrita acima.

As churrasqueiras também serão reformuladas, recebendo co-

berturas sobre as mesas e confi gurando melhor o espaço existente.

O campo de futebol, que hoje é gerido por um grupo de moradores desar! -

culados da gestão do Parque será retomado pelo poder público que fará a ges-

tão deste espaço, assim como já faz dos demais espaços do Parque. Desta for-

ma, serão organizados jogos entre os ! mes da região e os alunos das escolas

poderão u! lizar o espaço para a prá! ca do esporte e realização de campeonatos.

Referência de brinquedos: SESC Itaquera

(Fonte: Acervo Raul Pereira Arquitetos Associados)

Referência de brinquedos com água:

SESC Itaquera

(Fonte: www.sescsp.org.br)

Referência de brinquedos com

água: Parque Andre Citroen

(Fonte: h# p:\\roede.blogspot.

com.br)

Page 87: A escola como um parque e o parque como uma escola

94

Mapa 27 ÁREA “J”

Implantação

Page 88: A escola como um parque e o parque como uma escola

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Área “K”

A área “K” é também conhecida como Praça da Ferradura devido ao seu formato

se assemelhar a uma ferradura. O projeto original da parte civil foi implantado nes-

te local, mas o plan! o não foi realizado em alguns canteiros e, naqueles onde as ár-

vores foram plantadas, não houve um respeito às espécies indicadas pelo projeto.

Nesta nova confi guração, esse espaço receberá um deque de madeira/ mi-

rante para possibilitar a visualização de todo o Parque, já que ele está localizado

em uma das porções mais altas do terreno. Também será retomado o projeto

original de plan! o e a implantação de alguns bancos que não foram realizados.

Mapa 28 ÁREA “K”

Implantação

Corte AAÁREA “K”

A A

Page 89: A escola como um parque e o parque como uma escola

96

Área “L” A área “L” é um novo espaço criado que será responsá-

vel por fazer a transição entre as áreas externa da EE Repúbli-

ca da Argen� na e do CEI Jaraguá e o Parque Pinheirinho d’Água.

Atualmente não existe nenhuma relação entre essas escolas e o Parque;

elas se fecham completamente para esse ambiente. A nova proposta prevê a

subs� tuição dos muros que delimitam esses espaços por gradis que permitam

maior visibilidade. Além disso, o projeto cria uma pequena praça-mirante sobre

um deque de madeira, de onde parte uma trilha suspensa que acessa o Parque.

Pelo fato destas duas escolas também estarem inseridas na área do

Parque, deverá ser realizado ali um projeto semelhante ao que ocor-

reu na EMEF Rogê Ferreira – a Charrete – para possibilitar maiores con-

tatos com o Parque. Entretanto, apesar de ainda não ter ocorrido uma

sensibilização destes alunos aos problemas do Parque, as a� vidades

propostas dentro dele também contemplam os alunos destas escolas.

Mapa 29 ÁREA “L”

Implantação

Page 90: A escola como um parque e o parque como uma escola

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Área “M”

A área proposta “M” está inserida em um trecho do Parque que foi a! n-

gido pelo crime ambiental que aterrou uma porção próxima à EE Repú-

blica da Argen! na para a passagem dos caminhões. Atualmente esse es-

paço se transformou em um ponto para o lazer dos moradores, já que

se trata de uma grande área plana e livre de qualquer interferência.

Pensando no impacto gerado e no ambiente que foi produzido, optou-se pela

manutenção desse platô para a criação de um espaço livre, onde podem ocorrer

apresentações e outras a! vidades que necessitam de uma grande área livre, já

que esse setor do Parque possui poucos equipamentos e uma grande demanda.

A ideia da criação desse espaço livre foi retomada do projeto de 2002, quan-

do se projetou uma área – o terreiro, no atual local da EMEF Rogê Ferreira –

para livres manifestações ar" s! cas e de lazer da comunidade vizinha. A nova

proposta prevê também a instalação de uma arquibancada para os usuários e

a implantação de sanitários e uma escadaria que possibilita o acesso ao Parque.

Mapa 30 ÁREA “M”

Implantação

Corte AAÁREA “M”

A

A

Page 91: A escola como um parque e o parque como uma escola

98

Área “N”

A área “N” é um passadiço-mirante que cruza o grande brejo localizado na

porção central do parque. A principal função deste espaço é a transposição dessa

área alagada para possibilitar a conexão entre os dois lados do Parque, mas essa

ideia não se realiza isoladamente, ela se soma à criação de um espaço para servir

de observatório dos animais e da vegetação do brejo e resulta na construção de

um grande deque palafi tado que também serve para o estudo do meio ambiente.

Essa transposição possibilita que os alunos das escolas e demais fre-

quentadores localizados de um lado do Parque cheguem aos equipamen-

tos propostos no lado oposto, garan� ndo uma efe� va movimentação des-

sa área. Porém, esse acesso também só é garan� do pela con� nuidade

do passadiço que se liga a uma trilha suspensa que termina na “área G”.

Mapa 31 ÁREA “N”

Implantação

Referência de passadiço de madeira sobre brejo: Parque Cidade

de Toronto

(Fonte: Acervo Raul Pereira Arquitetos Associados )

Page 92: A escola como um parque e o parque como uma escola

99

Área “O”

A área projetada “O” funciona como uma con! nuidade do deque-

-mirante – área “N” – possibilitando o acesso aos equipamentos pre-

sentes na “área G”. Ela se confi gura como uma trilha suspensa que a! n-

ge, em certos pontos, a altura da copa das árvores, proporcionando um

maior contato com essas espécies arbóreas e com os animais que ali vivem.

Essa percurso foi pensado como um esspaço para se ter um grande contato

com a natureza e possibilitar visuais de todo o Parque. Por se tratar de uma passa-

gem em rampa com inclinação adequada e patamares intermediários, apesar de

sua longa extensão, é possível ser acessada por pessoas com mobilidade reduzida.

Mapa 32 ÁREA “O”

Implantação

Referência de trilha suspensa: Parque

Villa Lobos

(Fonte: Melina Furuta Kuroiva)

Referência de trilha suspensa: Jardim

Botânico de São Paulo

(Fonte: www.ambiente.sp.gov.br)

Page 93: A escola como um parque e o parque como uma escola

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Área “P”

A área “P” será chamada de Mirante da Nascente. Atual-

mente esse espaço é confi gurado apenas por uma ponte que

cruza o corpo d’água originado na nascente presente no Parque.

A nova proposta amplia a passarela e cria um espaço de es-

tar sobre um deque de madeira, voltado para a nascente, onde

os usuários poderão contemplar o surgir das águas que serão

u� lizadas nos brinquedos aquá� cos propostos na “área J”.

Mapa 33 ÁREA “P”

Implantação

Referência de passadiço com vista para área alagada:Parc-de-

-l’Abbaye-du-Valasse

(Fonte: www.landezine.com)

Page 94: A escola como um parque e o parque como uma escola

101

Sínteses e Desafi os

cap9O trabalho desenvolvido possibilitou contato com uma história cons-

truída de forma democrá" ca e par" cipa" va e que vem enfrentando desa-

fi os diferentes a cada dia, mas com a vontade de transformação do local.

As propostas aqui apresentadas buscaram contemplar as novas ne-

cessidades expressas pelos alunos da EMEF Rogê Ferreira e frequen-

tadores do Parque, com a fi nalidade de oferecer uma possibilida-

de de transformação para o local e que possa servir como um novo

objeto de discussões entre os moradores, usuários e Conselho Gestor do Parque.

Um dos grandes problemas observados no local diz respeito a atual forma

de gestão, tanto deste parque, quanto de demais espaços públicos de uso co-

le" vo na cidade, principalmente quando essas áreas se encontram nas perife-

rias do município. Esse ponto se mostra bastante contraditório, já que as peri-

ferias são mais populosas e mais carentes de equipamentos públicos de lazer,

cultura e esporte. Apesar de haver tal discrepância de inves" mentos, locais

como o Parque Pinheirinho d’Água são construídos nas regiões mais afastadas

do centro da cidade e são contemplados com o descaso municipal; ou seja, exis-

tem áreas de grande estrutura e potencialidades para uso da população, mas

estão mal geridas pelo poder público, o que reforça mais o aspecto de desi-

gualdade e inves" mentos de melhorias entre as regiões centrais e periféricas.

O Parque Pinheirinho d’Água, fazendo parte do programa municipal “100 Par-

ques”, se apresenta apenas como um número dentro dessa proposta, pois não há

qualidade no ambiente nem interesse da gestão pública em melhorias no local.

Dentro da possibilidade de reverter esse processo de descaso, as escolas se

colocam como um ponto privilegiado de discussão, pois nelas as opiniões tam-

bém são formadas, podendo auxiliar em um processo par" cipa" vo das comuni-

dades na construção dos espaços públicos. Daí a importância da par" cipação da

Escola neste processo desenvolvido no trabalho. Entretanto, muitas questões

ainda se colocam sem respostas para a con" nuidade do trabalho dentro do am-

biente escolar, tais como, “como dar con" nuidade para o processo trabalhado

pela Charrete?”, “como a Universidade pode con" nuar a propor e desenvolver

a" vidades nas escolas, apesar de um programa didá" co já pré-estabelecido?”

Essas inquietações não permanecem apenas dentro da Escola, pois fi nalizo

o trabalho com muitas questões ainda por serem resolvidas, que antecipam o

projeto aqui apresentado, tais como: “como as Secretarias Municipais – neste

caso, mais especifi camente, as de Educação e Meio Ambiente – poderiam se

ar" cular melhor para a construção de espaços de usos educa" vos, de lazer e

de preservação?”, “como reacender a chama da vontade de transformação

que os moradores " nham quando batalharam para a construção do Parque?”

Sem a par" cipação da população na construção, manutenção, preservação e

gestão de espaços públicos, principalmente nas regiões não centrais, se torna cada

vez mais di# cil construir locais democrá" cos e de uso efe" vo pela comunidade.

Page 95: A escola como um parque e o parque como uma escola

102

Page 96: A escola como um parque e o parque como uma escola

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Page 99: A escola como um parque e o parque como uma escola

Anexo

Page 100: A escola como um parque e o parque como uma escola

ÁREA A

ÁREA B

ÁREA C

ÁREA D

ÁREA E

ÁREA F

ÁREA G

ÁREA H

ÁREA I

ÁREA J

ÁREA KÁREA L

ÁREA M

ÁREA N

ÁREA O

ÁREA P