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Ações para fortalecer escolas públicas na melhoria da aprendizagem de seus alunos em sintonia com as competências do século XXI. Fundação Telefônica Projeto Escolas que Inovam Projeto Escolas que Inovam Ações para fortalecer escolas públicas na melhoria da aprendizagem de seus alunos em sintonia com as competências do século XXI. A EXPERIêNCIA DO PROJETO E DA E.M.E.F. CAMPOS SALLES A EXPERIêNCIA DO PROJETO E DA E.M.E.F. CAMPOS SALLES Ano 1 – 2013 Ano 1 – 2013

A escola democrática de Heliópolis: Campos Salles

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Leia a sistematização produzido pela experiência do Projeto Escolas Que Inovam na Escola Municipal Campos Salles.

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Page 1: A escola democrática de Heliópolis: Campos Salles

Ações para fortalecer escolas públicas na melhoria da aprendizagem de seus alunos em sintonia com as competências do século XXI.

Fundação telefônica

ProjetoEscolas que Inovam

ProjetoEscolas que Inovam

Ações para fortalecer escolas públicas na melhoria da aprendizagem de seus alunos em sintonia com as competências do século XXI.

A EXpErIêncIA do projEto E dA E.M.E.F. cAMpos sAllEsA EXpErIêncIA do projEto

E dA E.M.E.F. cAMpos sAllEsAno 1 – 2013Ano 1 – 2013

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por que a campos salles é uma escola inovadora?01

Introdução

os princípios que norteiam a escola02o papel do professor: docência solidária03os roteiros de estudo04Inovação com tIcs: o projeto Escolas que Inovam05plataforma de gestão da aprendizagem: experimentando o Qmágico06oficinas digitais com os alunos07Anexos08

FUndAÇÃo tElEFÔnIcA VIVo BrAsIl Av. Luis Carlos Berrini, 1.376 – 30° andar – 30.151 CEP 04571-000 – São Paulo - SP

redação, reportagem e edição: Lia Rangelcoordenação editorial: Renata Altman e Gustavo NovaesFotografia: Filmes para Bailardiagramação: Rafael Mantarro.realização: Fundação Telefonica Vivo e Insituto Natura

sistematização do projeto Escolas que Inovam – ano 1/2013A experiência do projeto e da E.M.E.F. campos salles

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Introdução

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Sem medo de enfrentar os desafios que a re-alidade lhes apresentava dia após dia, como evasão escolar, a falta de professores, a vio-lência em sala de aula, além da crise global da educação, escolas da rede municipal de São Paulo adotaram o lema “a utopia é possível” para guiar mudanças radicais em seu funcio-namento. Seguindo trilhos semelhantes, mas em tempos e ritmos diferentes, encontraram na experiência da Escola da Ponte, localizada em Portugal, a inspiração para encorajá-las na busca pela construção de uma escola que seja “asa” (*) para seus alunos, professores e toda a comunidade que as envolve.

A E.M.E.F. Desembargador Amorim Lima, no Butantã, e a E.M.E.F. Campos Salles, em Heli-ópolis, adotaram os princípios de uma escola democrática, ao apostar ser a responsabilida-de, a autonomia e a solidariedade base para a construção de um processo educacional capaz de formar cidadãos plenos e aptos a enfren-tarem os desafios do mundo que os cercam. Praticamente eliminaram aulas expositivas, provas, quebraram as paredes das escolas e travam diariamente uma batalha para colocar a baixo as “paredes mentais” de professores, pais, alunos em busca de um processo mais horizontal, onde todos ensinam e aprendem.

Com o intuito de sistematizar as descobertas e potencializar as transformações nestas ins-tituições, a Fundação Telefônica e o Instituto Natura se uniram para realizar o projeto “Esco-las que Inovam”, ao estimularem um proces-so de implementação das novas tecnologias de informação e comunicação no dia-a-dia dos professores e alunos, buscando aprimo-

rar a gestão da aprendizagem, com foco na melhoria de resultados em leitura e escrita, matemática e as competências do século XXI (Competências TIC; Colaboração; Criatividade e Inovação). Empreitada que só vem sendo possível a partir da parceria com a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.

Esta publicação será dedicada ao entendimen-to das inovações encontradas na EMEF Cam-pos Salles. Em 2013, primeiro dos três anos em que o projeto estará em funcionamento na escola, produzimos uma série de reporta-gens e sínteses das metodologias e processos vivenciados de perto pelas equipes que parti-ciparam deste processo.

Neste período, focou-se na formação e sen-sibilização dos professores em ambas as es-colas. Na Amorim Lima o projeto vem sendo adaptado para atender as suas necessidades. Na Campos Salles, as ações seguem avançan-do em 2014 e por isso dedicamos este relató-rio para documentar e sistematizar essa expe-riência em específico.

As formações apoiaram os primeiros roteiros de estudo aprimorados com a incorporação de uso das TIC, bem como a inserção de mais de 70 educadores no entorno virtual/rede social do projeto, espaço de compartilhamento de informações e referências.

Também tivemos a criação de um “time de inovação”, composto por pais, alunos, profes-sores e gestores da escola para apoiar as deci-sões do projeto. Além disso, houve uma maior aproximação da Fundação Telefônica com a

* Referência ao poema de Rubem Alves

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Secretaria Municipal de Educação de São Pau-lo, visando a formalização de um termo de co-operação, já em tramitação.

Outro passo importante foi a seleção do QMá-gico, sistema de gestão de aprendizagem, tipo LMS (Learning Management System), já em fase de testes, a ser implantado para uso a partir de 2014. Esse será um passo funda-mental para o projeto, assim como o aprimo-ramento da infraestrutura tecnológica, tam-bém previsto para 2014.

No capítulo 1 destacamos as inovações pre-sentes na escola. Utilizamos como referência para identificar estas inovações o documento produzido pela organização inglesa Innova-tion Unit, “10 ideias para a educação do sécu-lo XX”. Já no capítulo 2 descrevemos o contex-to social e a história da Campos Salles, escola que completa mais de 50 anos e atualmente atende à comunidade de Heliópolis, que já foi considerada a maior e mais violenta favela do país. Os professores, seu dia-a-dia e desafio de se trabalhar em equipe são o foco do 3° capítulo. Em seguida, fazemos um mergulho para entender o principal instrumento peda-gógico desenvolvido pela escola, os roteiros de estudo. Neste 4° capítulo, entrevistamos professores e alunos para endender a fundo como os roteiros são desenvolvidos, como os estudantes os elaboram e, por fim, como é re-alizada a avaliação, já que os roteiros substi-tuem aulas e provas.

No 5° capítulo dedicamos a mostrar o traba-lho desenvolvido ao longo de 2013 pela equi-pe do projeto Escolas que Inovam ao realizar

formações de uso das TICs para os professo-res. Em seguida, apresentamos o QMágico, plataforma virtual de aprendizagem que será implementada em toda a escola até o final de 2015. E para finalizar preparamos um ensaio fotográfico com as imagens que marcaram o encerramento do Encontro Internacional de Educação, realizado na Campos Salles, em no-vembro de 2013. Na ocasião, todos os alunos da escola puderam participar de oficinas para experimentar o uso das tecnologias como ins-trumento pedagógico.

Esperamos contribuir para fortalecer esta in-crível experiência vivenciada por todos da co-munidade da EMEF Campos Salles e inspirar outras experiências Brasil afora.

EscolAs QUE InoVAM EM AÇÃo

oBjEtIVo do projEto:

• Contribuir para o fortaleCimento de esColas públiCas urbanas • Com foCo em prátiCas Colaborativas, uso de novas teCnologias DIGITAIS E AQUISIçãO DE COMPETêNCIAS DO SéCULO XXI POR SEUS ESTUDANTES.

oBjEtIVos EspEcíFIcos:

• experimentar a inserção de um Conjunto de tiCs em uma esCola formal que adota prátiCas inovadoras e avaliar seu resultado NAS APRENDIzAGENS DOS ALUNOS.

• fortaleCer os prinCípios da esCola (autonomia, solidarieda-DE E RESPONSABILIDADE), POR MEIO DO DESENVOLVIMENTO DA CUL-TURA DIGITAL.

• desenvolver CompetênCias do séCulo xxi (CompetênCias tiC; COLABORAçãO; CRIATIVIDADE E INOVAçãO) EM PROFESSORES E ALUNOS

• desenvolver CompetênCias básiCas em língua portuguesa e matemátiCa em alunos.

• disponibilizar ferramentas que apoiem a personalização da APRENDIzAGEM DOS ALUNOS.

• inspirar a inovação em outros Contextos eduCaCionais.

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1. por que a campos salles é uma escola inovadora?

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A escola municipal de ensino funda-mental Campos Salles foi pioneira na adoção de práticas colaborativas, em torno dos princípios de autono-mia, responsabilidade e solidarieda-de. Consideramos o modelo dessa escola inovador, dado seu arranjo (organização em salões de estudos, salas de orientação e tutoria); ges-tão de aprendizagem em roteiros de estudos; maior respeito aos diferen-tes ritmos de aprendizagem; forma-ção cidadã e democrática.

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Inovações da EMEF Campos Salles:AprEndIzAgEns rEAlIzAdAs por MEIo dE rotEIros dE EstUdo: o exercício da pesquisa e do trabalho em grupo são os métodos que vem substituindo as aulas expositivas.

AlUno é tAMBéM proFEssor: parte-se do princípio de que os alunos, de todas as idades, são dotados de conheci-mento e referenciais valiosos que devem ser compartilhados com professores e seus colegas;

proFEssor é MEdIAdor E AprEndIz: mudança na atri-buição do professor, ele já não é visto como mestre, mas sim como tutor e mediador dos alunos na busca pela construção do conhecimento;

sAlõEs: as paredes das salas de aula foram derrubadas e os alunos sentam-se em grupos de quatro estudantes, favorecendo maior colaboração;

AlUnos EM grUpo: os estudantes se organizam nos salões em grupos de 4 alunos. Juntos, eles definem a ordem das ati-vidades que vão realizar e se ajudam entre si.

IntEgrAÇÃo coM A coMUnIdAdE: pais e alunos parti-cipam da organização da escola e na resolução de conflitos por meio do Bairro Educador.

sEM proVAs: a avaliação é realizada de forma contínua e leva em consideração aspectos da individualidade de cada aluno e sua relação com restante do grupo. Ao final de cada roteiro de estudo, o grupo chama um professor que realiza inicialmente uma verificação oral coletiva e observa o caderno de cada um. O professor também descreve no caderno o desempenho indi-vidual de cada estudante. Ao final do bimestre, os professores se reúnem e avaliam aluno por aluno, em reunião de conselho, levando em consideração, além da avaliação sobre desempe-nho, a responsabilidade, a colaboração e a solideriedade de cada estudante. Assim, cada aluno tem um conceito único, atribúido em concenso por todos os professores.

AlUno tEM podEr dE dEcIsÃo: realização de Assembélias e organização da “República dos alunos”, instâncias em que es-tudantes organizados solucionam conflitos e definem resolu-ções que impactam no dia a dia da organização da escola.

cIdAdAnIA: incorporação no dia-a-dia da escola de reflexões e atitudes relevantes para contribuir para o avanço da comunidade, como por exemplo da realização da Caminhada da PAz ;

lABorAtórIo VIVo: a escola é aberta a novas ideias e a experimentação.

docêncIA solIdárIA: professor tem de trabalhar o tempo todo em equipe, pois não há aulas individuais. Eles produzem roteiros de estudo que podem ou não ser interdiciplinares e que serão condu-zidos em sala de aula por eles ou por seus colegas. Por isso, todos tem de estar afinados com os objetivos de cada atividade. Tanto para poder apoir os alunos na resolução dos roteiros, quanto para realizar as avaliações.

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2. os princípios que norteiam a escola

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A escola que transformou Heliópolis no Bairro Educador

Estudantes, pais e professores organizados sugerem e votam nas resoluções que vão de-finir as regras que deverão ser seguidas por todos. Professores criam o material didático em colaboração com seus pares. Alunos en-sinam seus colegas. Estas são algumas das características que a cada dia desafiam a equipe pedagógica da EMEF Campos Salles a defender e aprofundar o processo de trans-formação desta que é uma das principais ins-tituições de ensino do Bairro de Heliópolis, região sul de São Paulo. Até a chegada de seu diretor, Braz Nogueira, em 1995, a Campos Salles era conhecida como a “escola dos fa-velados”. Hoje, após anos de disputa ao de-senvolver uma política de forte aproximação da escola com a comunidade, a instituição é referência no quesito “inovação”.

Sua equipe, que já vinha trabalhando com as diretrizes de que tudo passa pela educação e

de que a escola deva ser o centro de liderança da comunidade, passou também a inspirar-se na escola democrática da Ponte, em Portugal. Como na escola européia, adotaram como princípios a valorização da autonomia, solida-riedade e responsabilidade entre alunos, pro-fessores e comunidade. A cada dia, a equipe pedagógica, além de enfrentar os desafios naturais de uma experiência que se propõe a construir novos paradigmas, tem de lidar com as questões corriqueiras de uma escola públi-ca da periferia de São Paulo.

Um professor que falta, outro que não se adap-ta a metodologia. Um aluno que não dormiu por conta do batidão realizado em frente a sua casa, a avó que não sabe mais como cuidar do neto pois a mãe há dias não aparece. Um alu-no que tem dificuldades em se alfabetizar, ou uma turma que não consegue se concentrar por conta da algazarra nos salões. Todo dia, uma nova surpresa. A história é longa e come-ça há mais de 50 anos.

UMA hIstórIA dE lUtA EM dEFEsA dA EdUcAÇÃo

A EMEF campos salles foi inaugurada em 1957 para atender as famílias de agriculto-res e funcionários das olarias que habitavam o sul da capital Paulista, local que foi sendo ocupado de forma desordenada até formar a comunidade de Heliópolis. Na década de 70, dois episódios impulsionam a ocupação veloz e caótica da região. Um deles foi a criação do então maior hospital da América Latina, Hospi-tal de Heliópolis, que atraiu milhares de traba-

príncIpIos dA EscolA:

AutonoMIA

SolIdArIEdAdE

rESponSAbIlIdAdE

tudo pASSA pElA EduCAção

bAIrro EduCAdor

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lhadores nordestinos. O outro foi um processo de remoção de centenas de famílias da região onde hoje está a avenida Vergueiro. Sob gestão de Paulo Maluf, que exercia seu primeiro manda-to como prefeito de São Paulo, famílias inteiras tiveram de deixar suas casas.

Homens, mulheres e crianças foram removi-dos para as redondezas do hospital de Helió-polis e as promessas da substituição de seus barracos pela construção de uma habitação digna, ficaram no papel. Cada um teve de se virar. Os puxadinhos e gatos passaram a domi-nar. E a falta de infra-estrutura, de saneamen-to e de qualquer tipo de política pública, trans-formaram o território em terra de ninguém. Os anos que se seguiram, marcaram Heliópolis pela onde de violência e pela presença inten-sa do crime organizado. A região ganha fama internacional “de maior favela do mundo”. A Campos Salles também sofre com a estigma e passa a ser conhecida como a escola dos “fa-velados e marginalizados”.

Este é o cenário que o diretor Braz Nogueira encontrou quando assumiu em 1997 a ges-tão da instituição. Sua estratégia, então, foi abrir a escola (derrubar os muros e grades) e promover um intenso processo de aproxi-mação com a comunidade. Foram realizados cursos para pais e lideranças sobre a impor-tância da educação e cidadania. Surgiram cinco comissões: (1)conservação/limpeza/manutenção, (2) relação da escola e com a comunidade, (3) cultura,(4) esporte e lazer e (5) reinvindicação. Em dois anos, o Conselho Escolar transforma-se numa instância ativa e a “a escola dos favelados” torna-se a “escola da comunidade”.

rEIVIndIcAr A pAz. dEntro E ForA dE sAlA dE AUlA

A ESColA pErtEnCE A CoMunIdAdE

EStIMulA A ConSCIênCIA SoCIAl

lutA pElA pAz ForA E dEntro dA

ESColA

BAIrro EdUcAdor: ondE AQUElE QUE EnsInA tAMBéM AprEndE E AQUElE QUE AprEndE, tAMBéM EnsInA

O contexto social não era nada fácil. Os mo-radores conviviam diariamente com toques de recolher ordenados pelo comando do trá-fico. Em uma destas ocasiões, Braz decidiu com os alunos que eles não iriam fechar a escola. E resistiram. Naquela noite de 1996, estudantes e equipe pedagógica se uniam. Começou ali um processo de conscientiza-ção política e social dos jovens da Campos Salles que até hoje é uma das característi-cas que os diferenciam em relação alunos de outras instituições. A escola passa a rei-vindicar a paz na vida de toda a comunidade.

Em 1999, uma tragédia. A aluna Leonarda, de 16 anos, é baleada na cabeça. O choque e a tristeza provocam um levante pacífico. E a escola lidera a primeira caminhada pela paz, ato que vem se repetindo há 15 anos. Momento em que o debate sobre os direi-tos humanos e a solidariedade às famílias vítimas de violência transformam lágrimas em esperança pelas ruas de Heliópolis. Todo ano, desde então, ao longo do primeiro se-mestre, os alunos realizam atividades que propõe a reflexão sobre o sentido da paz e as causas da violência. Preparam campa-nhas para também mobilizar a comunidade e no dia da caminhada, em junho, saem pe-las ruas, chamando os moradores a se jun-tarem à manifestação, num momento em que todos, sem exceção, podem passear tranquilos, sem o risco de serem supreendi-dos por alguma ação violenta.

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InoVAÇõEs:

rotEIroS dE EStudo no lugAr dE AulAS

Aluno E proFESSorES EnSInAM E AprEndEM

SAlõES rEúnEM AlunoS EM grupoS

dEMocrAcIA pArA todos

A Caminhada pela Paz vem consolidar a ideia defendida por Braz em relação a necessidade de se fortalecer Heliópolis como um Bairro Edu-cador, onde todos os moradores são parte da comunidade escolar e “onde aquele que ensina também aprende e aquele que apren-de, também ensina”. Mas durante anos o edu-cador conviveu com uma inquietação: a escola havia conquistado seu lugar na comunidade, mas dentro das sala de aula, os métodos tra-dicionais de ensino resultavam em evasão, na insatisfação de professores e alunos, e, consequentemente no baixo rendimento das aprendizagens. Foi então, que, em 2006, ele im-

planta o projeto que introduziu a EMEF Campos Salles aos princípios da Escola da Ponte, expe-riência que já vinha sendo experimentada pela EMEF Amorim Lima, no Butantã.

De lá para cá, uma nova experiência é coloca-da em prática quase todos os dias. Os roteiros de estudo vem sendo adotados como o prin-cipal instrumento para conduzir as aprendiza-gens dos alunos e também dos professores. A cada conquista um novo modelo de gestão escolar se aprimora – onde os alunos tem po-der de decisão e as aprendizagens pretendem ser resultado de um processo mais horizontal de troca, pautado na solidariedade e respon-sabilidade. Ali, o caminho se faz caminhando.

bairro educador: todos os moradores são parteda comunidade escolar e onde aquele que ensina também aprende e aquele

que aprende, também ensina.

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3. o papel do professor: docência solidária

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“o papel do professor é instigar o aluno

a ter dúvidas”, Ana Maria Nogueira, Coordenadora Pedagógica.

“Aqui foi abolida a ‘pedagogia da maçaneta’”, conta Braz Nogueira, diretor da Campos Salles. Ele se refere a prática tradicional do “dar aulas” na qual os professores sempre estiveram habituados. Chegavam em uma sala com 40 alu-nos, fechavam a porta e realizavam seu plano de aula elaborado e executado individualmente. Na escola de Heliópolis, é diferente. Professor tem de de tra-balhar em equipe com seus colegas e alunos.

Todos os docentes, mesmo aqueles que prestaram concurso para assumir de-terminada disciplina (geografia, biologia ou matemática) passam a ser poliva-lentes e se organizam em grupo de 3 a 5 profissionais para guiar seus alunos no desenvolvimento de roteiros (ver box) de estudo nos salões que reúnem cerca de 100 alunos. Na escola não tem sinal. Alunos sentam-se em grupos e não param de conversar um com o outro. Professor não dá lição ou prova, nem tem turma e disciplina certa. Tem alunos e um conjunto de objetivos elaborados coletivamente que devem ser cumpridos

“Nosso papel como professor é ajudar as crianças a se prepararem para a vida adulta.Aqui você é o mediador. Cada aluno tem a liberdade de decidir o que vai fazer”, explica José Celso Righi, que leciona geografia há mais de 20 anos para alunos do 7º ao 9º ano, mas há 5 integra a equipe da Campos Salles como pro-fessor polivalente. “Em outras escolas a cada 45 minutos toca o sinal. Acaba a aula de matemática e o aluno tem de esquecer tudo o que vinha fazendo para começar a aula de geografia”, critica.

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Na Campos Salles, os alunos não precisam acionar o que o professor chama de “um bo-tãozinho” para trocar de disciplina. cada um desenvolve o roteiro de acordo com o seu ritmo e o professor é quem oferece “as diretri-zes para que os alunos façam suas descober-tas”, indicando leituras, propondo desafios ou outras pesquisas, que podem ser feitas em li-vros didáticos, na internet ou na comunidade. A proposta presume que, em conjunto com os colegas, cada criança vai alcançando os obje-tivos estabelecidos e avançando no desenvol-vimento de seu aprendizado. “Não temos res-postas prontas, estamos descobrindo novas possibilidades, inclusive ao repensar quais são de fato os conteúdos importantes para a vida em sociedade”, confessa Celso. o sIstEMA E A hIErArQUIA

PROFESSORES CHEGAM àS ESCOLAS DESCONHECENDO O PROJETO E A neCessidade de repensarem sua prátiCa

Eder, matemático, decidiu ser professor porque sempre gostou de compartilhar conhecimento. Celso, geógrafo, deu aulas, parou, se aventurou em outras profissões e depois de 10 anos afastado, assumiu que a convivência com as crianças lhe fazia mui-ta falta. E retornou para sala de aula. Para os três a carreira oferecida pela rede muni-cipal de ensino de São Paulo lhes pareceu interessante. Prestaram concurso. Foram aprovados. Nada mais natural do que bus-car um trabalho próximo às suas casas. Até aí tudo certo.

O que eles não esperavam é que para a escola para onde foram “removidos” uma verdadei-ra revolução acontecia. Em maior, ou menor

proporção, todos tomaram um grande susto. Tempos depois foram se deparando com algo que lhes foi cativando.

éder poderia escolher entre duas esco-las próximas a sua casa. Uma lhe oferecia um cargo precário, ou seja, seria professor substituto, e a outra vaga a sua disposição lhe pareceu mais interessante por ser um cargo efetivo (assumiria turmas como pro-fessor principal). Não teve dúvidas. E foi pa-rar na Campos Salles. “Mas quando eu che-guei e olhei aquele salão eu falei:’meu deus do céu! O que vou fazer aqui dentro?”, re-lembra Eder o momento em que se deparou com uma sala de 100 adolescentes olhando para seu espanto, esperando alguma rea-ção. “ Esta organização me pareceu mais verdadeira do que estar em frente da lousa. Tem uma questão física que nivela um pou-quinho, extrapola a ideia de formação ver-tical e da relação aluno e professor”, conta.

proFESSorES São polIvAlEntES

AlunoS troCAM EntrE SI

rItMo IndIvIduAl dE AprEndIzAgEM

MAtErIAl dIdátICo produzIdo pElo proFESSor EnvolvE tEMátICAS dA CoMunIdAdE.

rotEIros dE EstUdo: Conjunto dE orIEntAçõES E dESAFIoS quE MESClAM AtIvIdAdES, tExtoS pArA lEIturAS E IndICAçõES dE pESquISA EM lIvroS dIdátICoS ou nA IntErnEt. dEvEM SEr ElAborAdoS EM grupo, MAS CAdA Aluno FAz o SEu próprIo rEgIStro. tEM CoMo objEtIvo dESEnvolvEr A AutonoMIA E prIvIlEgIAr A AprEndIzAgEM IndIvIduAlIzAdA.

Page 16: A escola democrática de Heliópolis: Campos Salles

SAlão EStIMulA uM proCESSo horIzontAl EntrE proFESSorES E AlunoS.

proFESSor tEM dE trAbAlhAr EM EquIpE.

orgAnIzAção EM grupoS dE 4

dEsAFIos:

duplAS jornAdAS: 60% doS proFESSorES tEM CArgA horárIA SupErIor A 40 horAS SEMAnAIS.

FAltA dE tEMpo pArA Auto-ForMAção

nEM todo proFESSor pArtICIpA dE horárIo ColEtIvoS

Adriana Haidar relata outra preocupação. For-mada pelo então magistério, recém chegada do interior de Minas Gerais no ano de 2008, tudo era novo para ela. E nem desconfiava que a vida na Paulicéia também lhe guarda-va o desafio de ter de aprender a alfabetizar crianças trabalhando em equipe com outras 3 professoras num mesmo salão. “A primeira impressão é de que seria uma loucura. Pen-sei que os alunos não teriam o mesmo rendi-mento daqueles que convivem em uma sala de 35 crianças. Mas minha equipe era muito boa e eu me adaptei”, conta. Adriana, forma-da também em pedagogia, revela que para sua surpresa a maior descoberta foi perce-ber que a organização das 105 crianças de 6 anos em grupos de 5 favorecia a troca entre os próprios alunos.

O esforço da equipe de coordenação peda-gógica para transformar a cultura do pro-fessor que se percebia como um mestre, transmissor especialista de conhecimen-to, para um mediador, integrante de um processo coletivo e horizontal de aprendi-zagem, acontece imerso em uma batalha diária. “Tem noite que eu não durmo”, con-fessa Ana Maria Nogueira, coordenadora pedagógica da Campos Salles.

Ana sabe que um gargalo para a evolução do projeto é a falta de tempo dos professores para se dedicar a auto-formação e reflexão sobre suas práticas. Pesquisa realizada pela equipe do Ideário Digital, organização res-ponsável pelo desenvolvimento de um am-biente online para trocas pedagógicas, revela

“No método tradicional você consegue o re-torno rápido. Aqui você acha que está lento, mas quando você vai fazer uma sondagem, pronto! A criança já evoluiu por aprender com o outro. E assim, naturalmente, eles vão desenvolvendo uma autonomia”. Ela rapidamente integrou-se a equipe de al-fabetizadores da escola de Heliópolis que, atualmente, se orgulha por ter atingido os objetivos estipulados pelo Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). O programa estabelece um compromisso dos governos em garantir a alfabetização de to-das as crianças de até 8 anos ao final do 3° ano do ensino fundamental.

Mas nem tudo são flores. Conflitos são parte do dia a dia.

que cerca de 60% dos professores que fazem parte das formações oferecidas pelo projeto “Escolas que Inovam” tem uma carga horária superior a 40 horas semanais.

é comum os profissionais concursados das re-des públicas se dedicarem a jornadas duplas e até mesmo triplas ao lecionar em outras escolas sob gestão municipal, estadual e até mesmo particulares. Esta situação tem como consequencia uma relação bastante distinta do grau de envolvimento dos professores nas práticas coletivas. “Devido as regras, nem todos os professores participam da JEIF (Jor-nada Especial Integral de Formação)”, conta Celso, que além das aulas na Campos Salles, acumula também o cargo como professor de outra escola municipal no período da tarde,

o sonho dA dEdIcAÇÃo EXclUsIVAPROFESSORES QUE PARTICIPAM DE ATIVIDADES COLETIVAS DE PLANEJAMENTO ENGAJAM-SE NA MELHORIA DO PROJETO

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tendo que cumprir com uma jornada de 70 horas/aula.

“A diferença do professor que participa do co-letivo e aquele que não participa é gritante. Como é que os professores vão se apropriar dos que definimos conjuntamente? Para se chegar a uma decisão há um debate, não bas-ta só levar os resultados”, complementa Eder.

Tem professor que cumpre jornada básica, ou seja, 25 horas/aula mensais. E outros tem a jornada especial com 40 horas/aulas mensais, tendo 4 horas semanais remuneradas para se dedicar exclusivamente para a JEIF.

conFlIto + dIálogo = dEMocrAcIADESAFIO DO PROFESSOR DE TRABALHAR Com seus pares é exerCíCio Constante DE APRENDIzADO

A existência permanente de conflitos e sua resolução por meio do diálogo são aspectos fundamentais que estruturam a metodo-logia que a Campos Salles vem aplicando no seu dia a dia, inclusive nos momentos de formação. “Tentamos fazer com os pro-fessores o que queremos que eles façam com os alunos. Tudo deve partir de uma uma proposta coletiva, sem enjessamento. Construir e criar junto é o melhor. ”, comen-ta Ana Maria, coordenadora pedagógica da Campos Salles.

Mas a tarefa não é simples. Eder, formado há apenas 3 anos, assume que ainda não tem uma total clareza sobre a missão do profes-sor nesta nova estrutura. Mas sabe que es-

tar aberto a desconstruir seus referenciais é pressuposto básico para caminhar rumo a uma proposta de fato inovadora de educação. “Venho aprendendo uma aula depois da outra sobre democracia. E o curioso é nos deparar-mos com o quanto nós somos autoritários”, reflete. A prática em sala de aula o levou a re-lembrar dos tempos em que ele era aluno. “A escola não abria espaço para me escutar. De repente você se depara com a reprodução de um modelo que não possibilita o diálogo, so-mente a imposição. E eu percebi o meu autori-tarismo”, confessa.

dIrEIto à dúVIdANão a toa, Ana Maria diz ter uma certa predileção por receber professores recém-formados. “Os novinhos tem pouca coisa para desaprender”, ri. “Fazemos uma auto-descoberta dia a dia. Eu não acredito que o professor é aquele que sabe tudo e que vai despejar conhecimento sobre os alunos. Nosso papel é instigar a ele a ter dúvida. E estas dúvidas nós temos diariamente”.

A equipe pedagógica da escola destaca tam-bém a importância dos professores experien-tes quando eles se abrem para vivenciar o novo e a troca com os profissionais que estão começando suas trajetórias. Neste contexto, professores e gestores comprometidos com o projeto criam grandes expectativas em rela-ção ao efeito que a introdução das novas tec-nologias de comunicação e informação irão provocar em suas práticas.

E seguem sonhadores, matando um leão a cada dia e ávidos por consolidar um modelo de escola mais democrático, afetivo e inclusivo.

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4. os roteiros de estudo

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Roteiros de estudoO que são e como funcionam?

O roteiro de estudo é o principal dispositivo pedagógico utilizado para promover aprendizagens na EMEF Campos Salles. Ele organiza os estudos dos alunos pois

apresenta um conjunto de desafios, atividades, orientações de leitura e pesquisa em livros e internet. Cada roteiro é construído para fortalecer os seguintes princípios:

AUtonoMIAO aluno decide qual exercício resolver e

quando fazer.

solIdArIEdAdEAs dúvidas e decisões são

resolvidas em grupo.

rEsponsABIlIdAdEO aluno administra o seu ritmo de aprendizagem e

“Eliminamos o uso do giz e da lousa. o aluno chega aqui de manhã e já sabe o que vai trabalhar. Ele não precisa esperar o professor como nas outras escolas tradicionais. Se o professor

faltar, o aluno sabe o que fazer. o roteiro tem este papel de possibilitar uma maior autonomia.”

Celso Righi, professor de geografia.

Page 20: A escola democrática de Heliópolis: Campos Salles

PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DOS ROTEIROS

AntEs (elaboração)

Cada professor elabora o roteiro da sua matéria durante o seu horário individual (HI) usando roteiros antigos, pesquisas na internet e livros didáticos como referência. Eventualmente, professores se reúnem para elaborar roteiros multidisciplinares.

Professor elabora roteiro durante HI.

Professor realiza upload do roteiro no

Google Drive.

Coordenador revisa roteiro.

Roteiro é impresso e entregue aos alunos.

A Escola tem uma conta no googledrive como

repositório de roteiros além de incentivar o processo de colaboração entre os

professores

Os alunos recebem um pacote contendo roteiros de

todas as disciplinas.

“nos roteiros, mesclamos episódios relacionados a comunidade de heliópolis com histórias do contexto global. para dar conta

da “leitura do mundo”Ênio de Freitas, professor de história.

Page 21: A escola democrática de Heliópolis: Campos Salles

PROCESSOdUrAntE (execução)

Alunos recebem o roteiro (conjunto

de atividades de 10 disciplinas)

Escolhem trajetória de estudos

Tiram dúvidas com o grupo, pesquisam

Aluno pede para ser avaliado

Os alunos recebem um pacote contendo 10 roteiros

de todas as disciplinas.

Os 3 professores circulam pelo salão tirando dúvidas

quando necessário

“Alunos deixam de ser passivos ouvintes para assumirem a condução de seu processo de aprendizagem tornando a escola

um espaço muito mais educativo.”Ana Maria Nogueira , coordenadora pedagógica

Os alunos trabalham em grupo (4 alunos por mesa). Eles resolvem o roteiro de acordo com o seu próprio ritmo e tem a liberdade de escolher por qual disciplina começar. Em caso

de dúvida eles recorrem primeiro ao grupo ou livro didático e, não encontrando solução, pedem ajuda para os professores presentes no salão. Quando termina as atividades, o

aluno chama um professor para fazer a correção e avaliação oral.

Page 22: A escola democrática de Heliópolis: Campos Salles

PROCESSOdEpoIs (correção)

Quando os alunos decidem estar preparados, eles chamam um dos professores do salão para a avaliação. O professor checa as atividades realizadas, faz uma avaliação oral,

indica o que deve ser melhor absorvido e escreve no caderno de cada um uma avaliação levando em consideração, além da absorção do conteúdo, se os alunos trabalharam com

autonomia, responsabilidade e solidariedade.

Ao final do ano, cada aluno é avaliado por todos os

professores em reunião de conselho pedagógico que lhe atribuem uma nota ou

conceito.

Espera-se implantar um trabalho final, explorando as novas tecnologias, para avaliar a conclusão de cada

roteiro.

“Eu tenho de pesquisar sobre os temas dos roteiros dos meus colegas, sobre assuntos relacionados aos meus próprios

roteiros e para indicar caminhos de pesquisa para os alunos. É fundamental que eles possam realizar o percurso de

aprendizagem com autonomia, assim como nós, professores possamos ajudar na orientação de todos os roteiros”,

conta Thuane Nogueira, professora de língua portuguesa e da sala de leitura.

Page 23: A escola democrática de Heliópolis: Campos Salles

roteiros em números (2013) 12

é a média de roteiros elaborados por ano para cada série

8Foi a média de roteiros

realizados

1 mês é a média de tempo para realizar

um roteiro

10 disciplinas compõem cada roteiro

*estes números são estimativas. Não há uma regra fixa que determine o número de roteiros a se-rem elaborados pelos professores, nem um prazo para sua realização pelos alunos. Tudo depende do ritmo de cada grupo e de cada aluno.

EXEMPLOS DE ROTEIROS

não há um padrão. A cada roteiro, os professo-res procuram avançar na qualidade dos desafios propostos e nas estratégias apresentadas aos alunos. Abaixo, algumas produções de 2013:

roteiro de português “poesia popular” - 7°ano:Autora: prof. thuane nogueira

roteiro de matemática “Equações” - 8° anoAutor: prof. Eder

roteiro “linguagens” (7° ano): a partir do episódio do incêndio da boate Kiss, os professores de português, artes, inglês e ma-temática elaboraram uma série de atividades.Autores: Professoras Priscila, Josy e Márcia

(obs: clique nos roteiros para visualizá-los)

Page 24: A escola democrática de Heliópolis: Campos Salles

5. Inovação com tIcs: o projeto Escolas que Inovam

Page 25: A escola democrática de Heliópolis: Campos Salles

Introdução ao uso de plataforma digital para gestão de aprendizagem na Campos

Salles aponta para transformações no dia-a-dia dos professores e desperta

interesse dos alunos.

Um time de especialistas de diversas áreas incorporou-se ao dia-a-dia da EMEF Cam-pos Salles durante o ano de 2013. Com o objetivo de promover o aprofundamento do uso das tecnologias da informação e co-municação no processo de aprendizagem dos alunos, uma série de ações foram re-alizadas simultaneamente como parte do projeto Escolas que Inovam. No primeiro semestre as prioridades foram oferecer formação na área de tecnologia digital, lei-tura e escrita para os professores, melhorar a infra-estrutura da escola e documentar todo o processo em vídeos, textos e fotos. No período seguinte, somaram-se ao proje-to atividades práticas visando o desenvol-vimento de roteiros com o uso das TICs e experimentos com a participação de alunos e professores no QMágico - plataforma di-gital de aprendizagem que será implemen-tada em 2014 em toda a escola.

Desde abril de 2013, os professores da Campos Salles passaram a participar de oficinas semanais. Uma vez na semana, durante os horários dedicados a formação previstos em suas jornadas remuneradas pela prefeitura (as JEIFS), os professores realizaram dinâmicas para aprofundarem seus conhecimentos sobre comunicação em rede, explorarem aplicativos e recursos digitais úteis às suas práticas e aos poucos começaram a experimentar novas práticas mediadas pelas tecnologias.

As oficinas para os professores tratavam das “Tecnologias Digitais”, para promover aprendizagens sobre as TICs, seus usos na

Educação e estimular a comunicação em rede. Além disso, “Leitura e Escrita”, também foi assunto da formação, visando contribuir com o desenvolvimento de metodologias e aprimorar referências nas diversas lingua-gens e suportes midiáticos disponíveis.

Mural interativo no EVA

Biblioteca Virtual

Entorno Virtual de Aprendizagem ou EVA

Page 26: A escola democrática de Heliópolis: Campos Salles

Para proporcionar um suporte virtual às ações de formação dos professores e fomen-tar a cultura de rede entre os educadores das escolas, o projeto “Escolas que Inovam” criou o EVA (ver quadro ao lado), o entorno virtual de aprendizagem. Desenvolvido na rede NING - esta plataforma foi usada para ancorar as propostas das formações e o de-senvolvimento de atividades pedagógicas do projeto e serviu também para conectar a a outras redes como o Facebook, Twitter, Goo-gle+, YouTube, Flickr, dessa forma estimulan-do a articulação entre os educadores.

Os professores puderam experimentar práti-cas de produção colaborativa usando o Goo-gleDrive e participaram de conversas com outras escolas usando ferramentas de con-ferência online, como o Hangout, do G oogle.

Paralelamente, ao longo do ano foram im-plementandas melhorias na infra-estrutura geral da escola, como redes lógica e elétrica. Também foram entregues laptops, câmaras fotográficas e outros equipamentos.

No último trimestre do ano, finalmente os docentes puderam experimentar a produção de roteiros diretamente em ambientes digi-tais. Em um pequeno grupo, batizado de Time de Inovação, professores e alunos tiveram a oportunidade de trabalharem juntos nos pri-meiros testes do uso do QMágico, plataforma digital que será implementada em toda a esco-la a partir de 2014. Todas as ações, foram fa-cilitadas e documentadas por meio de vídeos e reportagens. Os conteúdos produzidos estão disponíveis no site especialmente criado para o projeto (www.escolasqueinovam.org.br).

Também foi realizado um processo coletivo, envolvendo os parceiros do projeto, gesto-res da escola e financiadores para se desen-volver os referenciais que serão usados para avaliar a eficiência do projeto Escolas que Inovam ao longo de seus 3 anos de ativida-des. A partir das trocas entre todos os en-

volvidos, chegou-se a uma matriz (ver qua-dro) que será a base se avaliar a evolução das ações pedagógicas como uso de TICs, da organização da escola, da assimilação das competências do século XXI prioritárias para o projeto e de como o processo vem inspirando outras experiências.

proFEssorEs nA rEdE recursos de colaboração explorados no projeto

rEdE nIng: plAtAForMA onlInE quE pErMItE A CrIAção dE rEdES SoCIAIS IndIvIduAlIzAdAS. o SIStEMA FoI uSAdo pArA EStruturAr o EvA.

googlEdrIVE: FErrAMEntA do googlE quE pErMItE o CoMpArtIlhAMEnto dE ArquIvoS EM rEdE. utIlIzAdo no projEto pArA o ArMAzEnAMEnto doS rotEIroS.

googlE hAngoUt: FErrAMEntA do googlE quE pErMItE ConFErênCIAS Ao vIvo. utIlIzAdo pArA poSSIbIlItAr troCA EntrE proFESSorES E A EquIpE do projEto.

MUrAl IntErAtIVo: FErrAMEntA publICAdA no EvA quE pErMItE A publICAção dE MEnSAgEnS MultIMídIA, CoMo nuM MurAl FíSICo, MAS Ao InvÉS dE uM bIlhEtE, podE-SE publICAr FotoS, vídEoS E tExtoS.

Hangout: professores da Campos Salles conversam com a equipe da Amorim Lima.

Page 27: A escola democrática de Heliópolis: Campos Salles

InstItUIÇõEs pArcEIrAsPara cuidar da formação de professores, em 2013 atuaram o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) e o Ideário Digital, especialistas em desenvolvi-mento de ações pedagógicas.

Para estudo e implementação da plataforma di-gital, contou-se com o apoio da consultora Adria-na Martinelli e equipe do Qmágico. A produção

dos materiais de comunicação e sistematização ficou a cargo da jornalista Lia Rangel.

No campo dos processos de co-criação, o par-ceiro foi o Instituto Tellus. A Fundação Vanzolini também foi parceira na frente de Infraestrutura Tecnológica. E por fim, para apoiar o processo de avaliação do projeto foi desenhada pela Move uma matriz de avaliação que encontra-se anexa-da a este documento.

centro de Estudos e pesquisas em Educação, cultura e Ação comunitária (cenpec) Instituição não governamental com foco na melhoria da qualidade da educação pú-blica e políticas sociais.

Ideário digital A empresa criada pela professora de por-tuguês Sônia Bertochi tem como objetivo aproximar as escolas dos ambientes virtu-ais de aprendizagem.

Instituto tellus A organização social criada para ajudar go-vernos na implementação de serviços pú-blicos de qualidade.

Fundação VanzoliniOrganização criada e mantida pela Politéc-nica da USP para realizar serviços de Ges-tão de Tecnologias Aplicadas à Educação.

Adriana Martinelli Consultora em implementação de inova-ção nas escolas, a fonaudióloga foi por 15 anos diretora do Instituto Ayrton Senna.

lia rangel Jornalista e produtora multimídia, com experiên-cia em comunicação digital e elaboração de pro-cessos colaborativos e de convergência de mídia.

MoVEEmpresa especializada em apoiar o desenvol-vimento organizacional de processos e organi-zações, por meio de avaliações de programas sociais e de planejamento estratégico. QMágico Start up criada por um grupo multidiciplinar de São José dos Campos que vem investindo no desenvolvimento de uma plataforma de ge-renciamento de aprendizagem (LMS – learning manegement system).

EscolAs QUE InoVAM EM núMEros:

EQUIpAMEntos AdQUIrIdos pArA A EscolA:

22 roteiros aprimorados

com uso de TICs

1site multimídia sobre o projeto: www.escolas-

queinovam.org.br

4câmeras fotográficas digitais

50fones de ouvido

presença em redes sociais:

Facebook, YouTube, Flickr, Twitter

1plataforma virtual de aprendizagem (EVA)

6vídeos documentando o

projeto e as escolas inovadoras

1gravador de voz

18 laptops (classmates)

Mais de 50 horas

de formação presencial para os docentes

1experimento no QMágico

177fotos registrando o dia-a-dia da escola

5oficinas digitais

para alunos

ForMAÇÃo dos docEntEs:

Carga horária: 30 encontros ou50 horas

Participação de 65 professores

(de um total de 80)

Page 28: A escola democrática de Heliópolis: Campos Salles

AtIVIdAdEs rEAlIzAdAs coM AlUnos:

Entorno VIrtUAl dE AprEndIzAgEM (EVA)

contEúdos:

oficinas Encontro Internacional de Educação:

http://escolasqueinovam-aprendizagens.ning.com/ Uma plataforma de formação e colaboração para os professores

Público atingido: 800 alunos

temas abordados: animação, pin-hole, aplicativos,

rádio escolar e robótica.

98membros

Infográficos, textos, cartazes, vídeos, imagens, material de referência,

posts especiais

165Posts publicados

38da EMEF Campos Salles

9discussões

20parceiros

268fotos publicadas

7em outras categorias

Mais de 100 documentos arquivados no google drive para se-

rem compartilhados.

33da EMEF Amorim Lima

Qmágico Youtube

Time de inivação Flickr

SiteFacebook

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6. plataforma de gestão da aprendizagem: experimentando o Qmágico

Page 30: A escola democrática de Heliópolis: Campos Salles

“pense grande, comece pequeno, ande rápido” Alunos e professores participam da realização dos primeiros experimentos com plataforma digital

Page 31: A escola democrática de Heliópolis: Campos Salles

plAtAForMA dIgItAl pArA:

POSSIBILITAR FORMAS CRIATIVAS E ATRAENTES DE APRENDER E ENSINAR

tornar a elaboração dos roteiros mais ágil e Criativa (EDIçãO, REMIX)

DESENVOLVER PROCESSOS PERSONALIzADOS DE APRENDIzAGEM E DE AVALIAçãO

DESPERTAR O INTERESSE DOS ALUNOS

POSSIBILITAR COLABORAçãO ENTRE ALUNOS E PROFESSORES

GERAR DADOS INDIVIDUAIS SOBRE AS CURVAS DE APRENDIzADO

AMPLIAR AS POSSIBILIDADES DE PESQUISA EM DIVERSAS PLATAFORMAS

Desde outubro de 2013, experimentos com a plataforma do QMágico vem sendo desen-volvidas por um grupo de representantes da escola composto por 12 pessoas, entre pro-fessores e alunos, o “Time de Inovação”. O ob-jetivo desta ação foi encontrar a partir do perfil e das necessidades da escola, uma plataforma digital para abrigar e gerenciar as atividades realizadas no dia a dia. O QMágico foi o siste-

ma selecionado entre várias plataformas para ser implementado na escola a partir de 2014 a partir de critérios estabelecidos com a con-tribuição de Adriana Martinelli, consultora em processos de inovação na educação.

O QMágico - que começou com um projeto pi-loto em 2011 na rede pública de ensino de São José dos Campos - se propõe a criar condições

para que as escolas ofereçam possibilidades de desenvolver processos de aprendizagem criativos, atraentes e personalizados para seus alunos. O uso das ferramentas digitais tem sido um elemento de sedução para enga-jar os alunos em torno de outras formas de se aprender e estudar.

Segundo a educadora do Qmágico, Deborah Calácia, existe uma carência nas escolas com relação a dados concretos para tomadas de decisões, sejam elas pedagógicas ou de ges-tão. A plataforma digital permite saber quan-to tempo os alunos passam estudando, em que assuntos eles enfrentam dificuldades ou mesmo quais são suas grandes habilidades. Os efeitos do que a educadora anuncia já po-dem ser percebidos nos primeiros experimen-tos realizados na Campos Salles.

tIME dE InoVAÇÃo: proFEssorEs dEs-coBrEM noVAs possIBIlIdAdEs E AlU-nos sE ApAIXonAM por AprEndEr.

Professores percebendo novas possibilidades de ensino-aprendizagem, alunos seduzidos pelo estudar. Estas são algumas percepções que o “Time de Inovação” trouxe à tona no processo de implementação de uma platafor-ma digital no dia-a-dia da Campos Salles. O grupo composto 7 alunos de diferentes idades e 5 professores dos ciclos 1 e 2, teve a oportu-nidade de testar durante 7 encontros as fun-cionalidades do Qmágico.

Estas experimentações foram conduzidas en-tre outubro e dezembro por Deborah Calacia e Alessandro Assis, do QMágico, pela consultora em processo de inovação na educação Adriana

“uma geração conectada e ágil sente muita dificuldade em ficar horas

passivamente sentada, recebendo informações. Além disso, há uma

tendência em estendermos a vida para o campo virtual. E pensar em novas formas de aprendizagem faz com que as escolas

repensem os modelos de educação”, Deborah Calácia, educadora QMágico.

Page 32: A escola democrática de Heliópolis: Campos Salles

Martinelli e pelo Insituto Tellus, organização que conduziu o processo de integração dos parceiros com a escola. “Estamos aprenden-do muito com o time de inovação, são pro-fessores e alunos incríveis, um time exclusi-vo. Em poucos lugares vimos tanta ousadia e confiança”, afirma Deborah.

Os integrantes do time, após passear por uma navegação monitorada pela plataforma, receberam o desafio de produzir um roteiro sobre um tema de seu interesse usando fun-

cionalidades multimídias oferecidas pela pla-taforma. Jussara Farias, professora dos tercei-ros anos do ensino fundamental 1. criou o seu. Selecionou vídeo no You Tube, textos, poesias. Criou sua biblioteca, sua lista de exercícios. Tudo online.

Ao perceber que cada aluno poderia desen-volver seu percurso da forma que desejas-se e que ela acompanharia passo a passo, até mesmo a distância, a performance de cada um, lhe caiu uma ficha. A possibilida-de de criar um plano de estudo não-linear e sem o uso de “cadernos e lápis” lhe pareceu uma mudança tão grande quando a desco-berta de que terra girava em torno do sol, fazendo um paralelo a descoberta do cien-tista Nicolau Copérnico que revolucionou a percepção do homem sobre sua existência no mundo.

EngAjAMEnto dE FIlhA pArA MÃE

Para os estudantes e seus familiares, a experiên-cia também trouxe surpresas. Maria Luiza Sousa, mãe de Ana Suellen, aluna do 6° ano, se surpre-endeu pelas transformações provocadas nos há-bitos de sua filha. A garota de 13 anos despertou para as possibilidades de aprendizado que a in-ternet oferece. “Percebi que os roteiros não são só o caderno e que posso fazê-los de outro jeito. Estou gostando muito de descobrir que há mui-to mais para descobrir na internet do que Face-book.”, relatou Suellen na última oficina realizada em dezembro. A empolgação da Maria Luisa ao ver o interesse de sua filha foi tanta que ela com-prou (em parcelas) um computador e pediu uma

senha de usuário para também conhecer a plata-forma. Juntas, mãe e filha, elaboraram um roteiro “sobre a história de pipoca”. Tudo em caráter ex-perimental. Ainda.

Segundo Adriana Martinelli, o time de inovação apontou o engajamento e interesse dos profes-sores e alunos pela plataforma, identificando sonhos e possibilidades. “ O foco principal desse trabalho foi a prática. O time montou pequenas atividades a partir de seus interesses. Com isso, a reflexão do uso do QMágico nos salões e como

apoio aos roteiros foi vivenciada!”, comemora. Em 2014, o desafio aumenta.

Por isso a Fundação Telefonica em parceria com a Fundação Vanzollini prepara um plano de ação para garantir computadores e conexão suficientes para garantir o funcionamento das próximas atividades previstas para começar em fevereiro. “Também queremos trabalhar com a intencionalidade para que o QMágico seja uma plataforma de gestão da aprendiza-gem também dos professores”, finaliza.

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7. oficinas digitais com os alunos

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dIA dE dEBAtEs IntErnAcIonAIs, rEFlEXõEs E prátIcAs InoVAdorAs Em 25 de novembro de 2013, a Campos Salles foi palco de uma programação para lá de especial. Para marcar o encerramento do Encontro Internacional de Educação, a Fundação Telefônica levou à escola de Heliópolis educadores de todo o Brasil e realizou oficinas para os estudantes do 1° ao 9° ano. No auditório, especialistas internacionais e educadores de diversas regiões do país debatiam sobre as Tendências Educativas do Futuro. Nos salões de estudo, oficineiros convidados envolveram os alunos de toda a escola em atividades que em diferentes abordagens exploravam as TICS. Crianças e jovens, de 7 a 16 anos, produziram animações, aplicativos, desenvolveram sistemas de robótica, programas de rádio e ainda tiveram a oportunidade de fotografar desenvolvendo sua própria câmera com a técnica de pinhole. No ensaio a seguir, cenas de momentos de encontro e descobertas.

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Evolução da tecnologia: em tempos de cinema 3D e fotografia em HD, crianças experimentaram técnicas simples e didáticas para conhecer a lógica do desenvolvimento de uma animação e da câmera escura, a avó da fotografia.

MAIS DE 800 ALUNOS PARTICIPARAM DAS OFICINAS DE:

RobóticaAplicativoAnimaçãoRádioPinhole

oFIcInA dE AnIMAÇÃo oFIcInA dE pIn-holE

ANIMAçãO: As crianças experimentaram e observaram diversas técnicas para compreender os princípios da animação. Desenvolveram roteiros, confeccionaram seus personagens modelando massinha ou ou desenhando em blocos de papel, fotografaram cada quadro e editaram seus filmes usando o Windows Live Movie Maker.

PIN-HOLE: Os alunos puderam produzir imagens através de uma técnica que remete aos rudimentos da fotografia. Usando o Pin-hole (do inglês, buraco de alfinete), os grupos construíram sua própria câmera, usando uma lata vedada e pintada internamente com tinta preta para evitar a entrada e rebatimentos de luz indesejáveis. Através de pequeno orifício na lata, as imagens foram projetadas em folhas de papel fotográfico, revelado no laboratório fotográfico montando na escola para esta oficina.

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Democratização do conhecimento: o que antes estava restrito à experientes especialistas, agora pode ser reali-zado em sala de aula. Os alunos da Campos Salles puderam criar seus próprios sistemas de robótica, editaram programas de rádio e desenvolveram aplicativos para o celular.

roBótIcA, rádIo E AplIcAtIVos

rádio esCola digital: nesta oficina foram apresentadas ferramentas e metodologias para produção de podcasts, arquivos digitais de áudio. Os alunos do 4° e 8° ano realizaram exercícios de produção de entrevistas em áudio e vídeo que foram publicadas na Rede Social Rádio JMS.

APLICATIVOS: os alunos puderam desenvolver seu próprio aplicativo para celular usando a plataforma “Fábrica de Aplicativos”.

ROBÓTICA: cada grupo de quatro estudantes desenvolveu um robô simples feito com materiais alternativos e recicláveis. Neste trabalho, os alunos conheceram o conceito de circuito elétrico com acionamento ou não (botão de liga e desliga), voltagem e pólos da bateria, equilíbrio e movimento através da vibração.

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grAndE Encontro Educadores e gestores EMEF Campos Salles, do projeto GENTE (RJ) e Viamão (RS) trocam expe-riências sobre as inovações realizadas em cada uma destas escolas.

VII Encontro IntErnAcIonAl dE EdUcAÇÃo dA FUndAÇÃo tElEFÔnIcAdebate: Visão e tendências educativas do futuro

Maria Helena Malachias, bióloga chilena

David Albury, consultor organizacional inglês

Eduardo Chaves, filósofo brasileiro

Fernando Savater, escritor e professor de filosofia espanhol

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8. Anexos

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