A Estabilização e a Imutabilidade Das Eficácias Antecipadas

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  • 7/26/2019 A Estabilizao e a Imutabilidade Das Eficcias Antecipadas

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    A estabilizao e a imutabilidade das Eficcias Antecipadas

    Roberto P. Campos Gouveia Filho

    Ravi Pei!oto"

    Eduardo #os$ da Fonseca Costa%

    1. Aspectos introdutrios

    & C'di(o de Processo Civil recentemente aprovado realiza (randes

    modifica)es no tratamento da t$cnica antecipat'ria e da tutela cautelar* muito embora

    tenha sido por demais at$cnico ao denominar ambas de tutela provis'ria. +ma dessas

    mudanas foi a insero de um procedimento aut,nomo para a tutela antecipada de

    ur(-ncia $ uma tend-ncia em vrios pa/ses* sendo os principais e!emplos a Frana e a

    0tlia. +ma das (randes novidades desse procedimento $ a possibilidade da sua

    estabilizao* 1ue embora no tenha eficcia de coisa ul(ada* permite a fruio do

    direito pela parte de forma mais c$lere 2 1ue ocorreria pelo processo de conhecimento

    com o rito comum.

    & problema $ 1ue o tratamento da mat$ria $ e!tremamente confuso e tem

    (erado um sem n3mero de pol-micas doutrinrias mesmo antes da entrada em vi(or do

    CPC4"56.

    Caso sea deferida a antecipao e caso no haa impu(nao do r$u ou

    aditamento da petio inicial pelo autor* a tutela antecipada ser estabilizada. Ambas as

    partes tero dois anos para re1uerer o seu desar1uivamento para instru/rem o processo

    1ue tenha* por obetivo* rediscutir o m$rito 7art. %58* 998: e 6:* CPC4"56;* sem 1ue

    haa 1ual1uer limite para o 1ue pode ser ale(ado. +ltrapassados esses dois anos* adeciso seria atin(ida por uma esp$cie de estabilidade 1ualificada* ine!istindo outros

    meios e!pressamente previstos para a sua impu(nao.

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    0sso fez com 1ue sur(isse a discusso doutrinria acerca da natureza dessa

    se(unda estabilizao e se haveria a possibilidade de utilizao de al(um rem$dio

    ur/dico processual para atacar essa estabilidade 1ualificada ap's o prazo de dois anos

    previsto no art. %58* 96:* do CPC4"56. Esse $ o obeto desse te!to tentar desvendar o

    1ue $ essa se(unda estabilizao e 1uais as suas conse1u-ncias no processo.

    2. As opinies doutrinrias

    doutrina defendendo 1ue* ap's esse prazo de dois anos* temse coisa

    ul(ada material sobre a deciso provis'ria estabilizada.8Por conta disso* seria cab/vel

    ao rescis'ria ap's esses dois anos.6Assim* passado o prazo da ao de reviso* seria

    iniciado automaticamente o prazo para o auizamento da ao rescis'ria 7art. H6*

    CPC4"56;* tendo tamb$m como caracter/stica uma menor amplitude de impu(nao da

    deciso* a(ora limitada aos incisos do art. II* do CPC4"56.

    A e!ist-ncia da coisa ul(ada teria por base o afastamento da relao entre

    coisa ul(ada material e a co(nio e!auriente* 1ue no se ade1uaria ao CPC4"56.

    Como a coisa ul(ada seria to somente o fen,meno 1ue impede a 7re;propositura de

    demandas 1ue tenham por obetivo modificar anterior ul(amento de m$rito* este

    poderia ser encai!ado na situao da tutela provis'ria no impu(nada no per/odo de

    dois anos. Al$m disso* o 9I:* do art. %58 no impediria essa concluso* pois ele trataria

    apenas da ine!ist-ncia de coisa ul(ada da deciso estabilizada* mas no da situao

    ur/dica 1ue viria a e!istir ap's os dois anos.IA mesma concluso tamb$m $ atin(ida

    por outros autores* visto 1ue haveria um suposto m$rito pr'prio nesse procedimento de

    tutela antecipada antecedente 7peri(o de dano ou do risco ao resultado 3til do processo e

    a probabilidade do direito; e ainda pelo fato de 1ue a co(nio e!auriente no seria um

    'bice a atribuio da 1ualidade de coisa ul(ada material a essa deciso* uma vez 1uetodo u/zo hist'rico seria apenas de verossimilhana e a 3nica diferena entre essa

    4Apenas tratando da e!ist-ncia de coisa ul(ada GREC&* Jeonardo. A tutela da ur(-ncia e a tutela daevid-ncia no c'di(o de processo civil de "56.

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    deciso e uma sentena do procedimento comum seria o contradit'rio* 1ue teria sido

    entendido como prescind/vel pelo r$u.H

    Ao contrrio do 1ue defende Druno Garcia Redondo* o 9I:* do art. %58

    parece vedar* por completo* a e!ist-ncia da coisa ul(ada. >o h 1ual1uer indicao de

    1ue essa estabilizao poderia se transformar em coisa ul(ada material ap's passados

    os dois anos da ao de reviso. A discusso* de fato* no deve passar pela 7in;e!ist-ncia

    de co(nio e!auriente* uma vez 1ue nada impediria 1ue o le(islador impusesse a

    produo da coisa ul(ada material nesse procedimento. ?ituao semelhante ocorre na

    ao monit'ria* em 1ue* mesmo uma tutela de evid-ncia tamb$m de co(nio

    provis'ria * tem aptido para* caso no sea embar(ada* ser acobertada pela coisa

    ul(ada material 7art. H5* CPC4"56;. O ice e!istente para esse novo procedimento "

    legislativo# n$o caendo % doutrina modi&icar a nature'a da estaili'a($o para a coisa

    )ulgada. Q uma tentativa de suprir uma lacuna a!iol'(icade forma ile(/tima* devendo

    ser afastada.

    1uem defenda o cabimento da ao rescis'ria nessa hip'tese* mas por

    outros fundamentos. Para tanto* sustenta 1ue* se(undo o 9":* do art. II* do CPC4"56*

    tamb$m se admite a ao rescis'ria contra a sentena terminativa 1ue impea a

    repropositura da demanda* o 1ue fez ampliar o cabimento da referida ao para casos

    em 1ue no h coisa ul(ada. Como* supostamente* no h coisa ul(ada na sentena

    terminativa* seria poss/vel 1ue a coisa ul(ada teria dei!ado de ser condio sine *ua

    non para a admisso da ao rescis'ria* permitindo a impu(nao dessa tutela

    antecipada por dois anos.

    Por mais 1ue sea poss/vel interpretar 1ue o autor tenha tido o obetivo de

    fazer refer-ncia a aus-ncia de coisa ul(ada material* no parece ade1uada a admisso

    da rescis'ria contra tais decis)es. de se perceber 1ue 1ual1uer das partes possui o

    prazo de dois anos para entrar com outra ao visando discutir amplamente a tutelaantecipada anteriormente concedida. ?implesmente parece inustificvel admitir 1ue

    7G&00 >EB&* Ro($rio. Estabilizao da tutela de ur(-ncia al(umas1uest)es controvertidas.

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    essa tutela antecipada fi1ue sueita a ser impu(nada por mais dois anos por meio da

    ao rescis'ria.

    Afinal* o entendimento mais ade1uado parece ser o de 1ue* mesmo ap's os

    dois anos* n$o aver a &orma($o da coisa )ulgada material.5Al$m da dico e!pressa

    do art. %58* 9I:* $ preciso perceber 1ue o pr'prio procedimento no foi constru/do para

    a produo da coisa ul(ada. & seu obetivo no $ este* mas to somente o de satisfao

    ftica da parte. Afinal* se o obetivo da parte $ o de obter a coisa ul(ada material* tem

    se o procedimento comum para tanto. 0mpor a formao da coisa ul(ada material no

    procedimento de antecipao de tutela antecedente $ tentar encai!ar anti(os conceitos a

    f'rceps no fen,meno da estabilizao. Bratase de uma forma de simplificar 2 fora a

    estabilizao* criada pelo CPC4"56.

    Q o momento* a(ora* de tentar indicar um outro posicionamento sobre essa

    pol-mica.

    3. Por um novo posicionamento - a imutabilidade das eficcias antecipadas

    Coisa ul(ada* em si* $ o estado da sentena passada em ul(ado. A res

    deducta tornase res )udicata7Adriano ?oares da Costa;. Q a vera sententia#a 1ue alude

    Pontes de esse sentido >+>E?* =ierleL A>=RA=E* Qrico. &s contornos da estabilizao da tutela provis'riade ur(-ncia antecipat'ria no novo CPC e o mist$rio da aus-ncia de formao da coisa ul(ada.

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    no ser parte le(/tima* embora* por opo do sistema positivo 7art. 86* @0* CPC46;*

    no to1ue o m$rito da causa* se torna* com o trSnsito em ul(ado* indiscut/vel dentro do

    pr'prio processo em 1ue sur(iu e tamb$m em 1ual1uer outro.

    Pra(maticamente* a distino entre coisa ul(ada formal e material tem

    (rande relevSncia no Smbito das decis)es definitivas parciais 7e!cluso de litisconsorte*

    e. g.;. Caso elas no seam impu(nadas no momento ade1uado 7pela interposio*

    1uando cab/vel* do a(ravo de instrumento* v. g.#suas eficcias declarat'rias no podem

    ser rediscutidas em outro momento do processo* 1ue continua em relao ao 1ue no foi

    analisado.

    Q preciso* todavia* entender o 1ue se torna indiscut/vel. =as poss/veis

    eficcias sentenciais* $ a declarat'ria base 7tem esse nome* por1uanto sea poss/vel 1ue*

    de uma declarao* suram outras* 1ue da primeira so efeitos. E!emplo clssico $ a

    declarao de ineficcia na ao de nulidade* 1ue decorre da declarao da e!ist-ncia do

    poder de nulificar o ato ur/dico 1uestionado; toda deciso pressup)e um dizer 7dictum;

    sobre a1uilo 1ue foi posto 2 discusso 7no custa frisar 1ue o processo udicial* como

    fen,meno ur/dico* $ fato lin(u/stico* isso* inclusive* $ a base epist-mica para ser

    poss/vel diz-lo dial$tico;.

    Por menor 1ue sea* toda deciso at$ mesmo a1uelas antecipat'rias da

    tutela tem um dictum.>o caso destas* o dizer $ relativo 2 pretenso processual a

    antecipar* 1ue tem o Estadouiz como sueito passivo* obri(ado a prestla. A parte

    constatativa 7o dictum das decis)es antecipat'rias da tutela* 1ue tem na ideia de

    Wantecipao da co(nioX de Pontes de

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    outras eficcias sentenciais. >as decis)es no Smbito das tutelas provis'rias* por

    e!emplo* por no haver indiscutibilidade* $ poss/vel* nos moldes do caputdo art. "I*

    CPC46* alterar a situao estabelecida* sea para revo(ar* sea para modificar.

    @lido frisar 1ue* com a ressalva da eficcia declarat'ria base da sentena* todas

    as outras so mutveis por variados motivos. A indiscutibilidade da coisa ul(ada no $

    'bice a isso.

    Eis a razo de ser e1uivocada no obstante 2 literalidade da disposio

    le(al* no caso o art. 65"* CPC46 a ideia de ter a imutabilidade da sentena 7mais

    propriamente* de suas eficcias; como decorr-ncia da coisa ul(ada. ?e o condenado

    pa(a* a eficcia condenat'ria da sentena se esvai sem 1ue isso atente contra a coisa

    ul(ada. ?e ocorre o advento do prazo de prescrio* resta neutralizada* com o devido

    e!erc/cio da e!ceo de prescrio pelo condenado* a eficcia e!ecutiva da sentena. A

    indiscutibilidade do dictum impossibilita tosomente 1ue as demais eficcias

    sentenciais seam alteradas pela constatao de ine!ist-ncia da1uilo 1ue foi declarado.

    Pela ocorr-ncia da1uela* este se1uer pode ser reanalisado.

    & 3nico meio de rediscutir $ por interm$dio do desfazimento da eficcia

    declarat'ria base* al(o 1ue* no direito processual civil brasileiro* s' pode ocorrer

    mediante ao rescis'ria 7a 1ual* no processo penal* tem como correspondente a reviso

    criminal;. Rescindese* como bem coloca Pontes de

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    reteno sobre a coisa* al(o 1ue implica necessidade de revo(ar eventual liminar de

    imisso na posse; ou os pr'prios fatos apreciados num n/vel co(nitivo mais amplo

    7por e!emplo* depois da instruo probat'ria* che(ase a concluso 1ue o r$u no $ pai

    do autor* de modo 1ue a liminar de alimentos tem de ser cassada;.

    +m n/vel de estabilizao maior se tem na fi(ura prevista no caputdo art.

    %58* do CPC46 a chamada estabilizao da tutela antecipada. Com ela* o processo

    ultimase* e as eficcias antecipadas so estabilizadas. trSnsito em ul(ado* obstando

    a litispend-ncia* por$m* sem (erar indiscutibilidade.

    0sso se d* pois* no primeiro momento poss/vel* tanto o r$u pode intentar

    ao para invalidar 7U desconstituir por defeito no suporte ftico da deciso* sea por

    anulao* sea por nulificao;* reformar 7U emisso de dictum contrrio ao antes

    firmado. Primeiro se diz Wo autor $ credor do r$uXL em reforma* dizse 1ue Wo r$u no

    deve ao autorX ; ou rever 7termo 1ue deve ser entendido como denotativo da reviso

    propriamente dita ou modificao por fato superveniente; a deciso antecipat'ria* como

    o autor* com base na e!presso W1ual1uer das partesX 7contida no 9 "Y do citado art.

    %58;* o autor pode propor ao para substituir a declarao provis'ria 7base da deciso

    antecipat'ria; por outra definitiva* apta a formar coisa ul(ada. a1ui discutibilidade

    e* com isso* mutabilidade das eficcias antecipadas* sem a necessidade de resciso.

    >o se aplica* por opo pol/tica* a estabilizao 2 tutela cautelar e 2 tutela

    de evid-ncia.

    Acerca da tutela de evid-ncia* $ $ 'bvio tratarse de mera opo pol/tica a

    vedao de concesso de uma estabilidade mais (eral para essas decis)es. Banto no

    haveria 1ual1uer 'bice 1ue o pr'prio CPC6 autoriza 1ue sea concedida eficcia de

    coisa ul(ada material 2 tutela provis'ria no caso de ao monit'ria no embar(ada

    ?obre a no estabilidade da tutela cautelar* $ relevante tecer breve

    comentrio. 1uem afirme 1ue a tutela cautelar no $ estabilizvel. Para al$m da noescolha pol/tica* haveria uma 1uesto de ess-ncia nessa impossibilidade. & ar(umento $

    1ue a cautelar apenas conserva direito posto em risco* tem* por isso* durao no tempo

    7temporariedade;* lo(o no $ estabilizvel. Jedo en(ano.

    A estabilidade tem a ver no com a perpetuao no tempo da eficcia da

    medida* mas sim com os n/veis de e!i(-ncia para rediscutir a1uilo 1ue foi decidido.

    Rediscusso esta 1ue* como visto* serve aos mais variados fins. +ma medida

    (enuinamente cautelar* como o arresto 7no sentido de limitao 2 disponibilidadepatrimonial; pode ser estabilizada e* caso* por fato superveniente no haa mais base

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    ftica para sua manuteno 7a1uele 1ue* supostamente devedor* dilapidava seu

    patrim,nio* ad1uire fortuna de tal monta 1ue passa a poder arcar Wat$ a se(unda

    (eraoX com suas d/vidas;* cessa a eficcia da tutela cautelar* podendo* a 1ual1uer

    tempo 7e no apenas nos dois anos a 1ue se refere o 9 6Y do art. %58* CPC46;* propor

    ao para* constatando a mudana ftica* obter a contraordem 2 ordem de arresto. Brata

    se de tradicional/ssima ao modificat'ria da sentena* prevista no art. 656* 0* CPC46

    7art. 8H* 0* CPC4H%;* 1ue* no Drasil* tem em Pontes de o h possibilidade de estabilizao de tutela cautelar por

    aus-ncia de previso na te!tualidade do direito positivo 7seria poss/vel* todavia* pensar

    numa estabilizao cautelar ne(ociadaZ =ei!ase a1ui o problema por ser analisado;*

    no pela sua ess-ncia* tal 1ual a WCoisa em ?iX [antiana Nuem defende a

    impossibilidade de estabilizao de tutela cautelar pela ess-ncia comete erro palmar

    Al$m disso* no ser estabilizvel a deciso antecipat'ria de tutela pelo 1ue

    ele $* mas sim pelo modo como foi processualizada. Em ri(or* para ser estabilizvel* a

    deciso antecipat'ria haver de ter se submetido ao procedimento do art. %5%* CPC46*

    independentemente de* na prtica* ela ter funo satisfativa ou cautelar. ?e o caso $ de

    verdadeira cautelar* como as cau)es por dano iminente 7art. ."5* CC* por e!emplo;*

    mas ela foi recepcionada como pedido de concesso de tutela satisfativa* pelo rito do

    mencionado arti(o* ela* presentes os pressupostos* ser estabilizada. =o contrrio* uma

    verdadeira medida satisfativa* como a sustao de protesto 71ue consiste na eficcia

    mandamental da sentena com car(a declarat'ria de ine!ist-ncia de d/vida;* se

    processualizada pelo rito cautelar antecedente dos arts. %55 e se(s.* CPC46* no poder

    ser estabilizada.4 estaili'a($o est# pois# no meio processual# e n$o na ess3ncia da

    a($o processuali'ada em si.

    +m n/vel maior de estabilidade* 1ue se situa entre a estabilizao da deciso

    antecipat'ria e a eficcia da coisa ul(ada* $ a eficcia 1ue e!sur(e do transcurso in

    alis do prazo de " 7dois; anos previsto no 9 6Y do art. %58* CPC46. Prazo este relativo

    2 propositura das a)es acima mencionadas 1ue* se no observado pelo r$u* repercute

    severamente em sua esfera ur/dica.

    Q importante ressaltar 1ue no h* no te!to normativo em comento* previsoe!pressa de tal eficcia. E!traise a ideia de uma interpretao sist-mica se h a

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    previso de um prazo para o e!erc/cio de um poder para a parte 7onerandoa* pois;* $

    por1ue* caso ela no cumpra o ,nus lhe imputado* conse1u-ncias devem advirlhe.

    Al$m disso* valendose de um ar(umento pra(mticoacional* seria muito pouco

    razovel a previso de um prazo to lon(o sem 1ue nada viesse ocorrer para a parte.

    Pois bem* a repercusso para o r$u $ a precluso 7no sentido de perda de

    poder; da pretenso e da ao impu(nativa da deciso antecipat'ria. Bal precluso

    repercute no plano material* do pr'prio direito a* conforme o caso* invalidar* reformar

    ou rever a mencionada deciso. =isso* o n/vel de estabilidade da deciso d um salto

    considervel de uma mera impossibilidade de alterao no processo 1ue se finda passa

    2 imutabilidade das eficcias antecipadas.-mutailidade das e&iccias antecipadas " o

    nome *ue neste traalo se emprega para designar o n+vel intermedirio de

    estailidade acima aludido. 0sso por1ue ela estaria no meio do caminho entre a

    mutabilidade a 1ual1uer tempo 7desde 1ue ocorra no mesmo processo; das tutelas

    provis'rias incidentais e a coisa ul(ada material.

    Contudo* tratase de uma imutabilidade calcada numa discutibilidade

    relativa. A1ui* fazse necessria uma e!plicao. Como dito acima* se o dictumtornase

    indiscut/vel* as demais eficcias sentenciais no podem ser alteradasde modo forado ao

    seu beneficirio* salvo deciso rescindente. A imutabilidade decorre da

    indiscutibilidade.

    >o problema em anlise* o dictumn$o " discut+vel para os &ins de mudar as

    e&iccias antecipadas* mas o $ para outros* como* por e!emplo* para fins de natureza

    indenizat'ria.

    +m e!emplo pode au!iliar na compreenso. >uma ao relativa 2 obri(ao

    de desfazer um muro houve* pela via do procedimento antecedente do art. %5%* CPC46*

    a concesso de tutela antecipada* de modo a* primeiramente* possibilitar 7eficcia

    mandamental por autorizao; ao autor o desfazimento do muro 1ue* ao 1ue indicava*foi indevidamente constru/do e* em virtude disso* condenar o r$u a ressarcir o autor

    pelos custos da demolio. Estabilizada tal deciso e transcorrido o prazo acima

    mencionado* no se pode mais alterar a eficcia autorizativa da demolio do muro

    7al(o 1ue* em termos prticos* implica dizer 1ue o muro no pode ser refeito;. >o

    entanto* a ale(ao do direito a demolir pode ser reprocessualizada para* sendo tida por

    improcedente* condenar o autor a indenizar o r$u por eventuais danos causados pela

    demolio. & dictumsentencial 7declarao de e!ist-ncia do poder de demolir; $* pois*

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    discut/vel. ?e se estivesse diante da verdadeira eficcia de coisa ul(ada a

    discutibilidade seria impensvel* pelos efeitos positivo e ne(ativo 1ue dela e!sur(em.

    Afinal* o 1ue se percebe $ 1ue ap's os dois anos da estabilizao da tutela

    antecipada antecedente* no h coisa ul(ada e nem se pode admitir o auizamento de

    ao rescis'ria. & 1ue se tem $ um fen,meno novo* com caracter/sticas pr'prias a

    imutailidade das e&iccias antecipadas.

    Bratase de um meio caminho entre a ampla mutabilidade das decis)es

    antecipat'rias incidentais e a coisa ul(ada material. Ele impede 1ue* pela

    impossibilidade relativa de se discutir o dictumda deciso antecipat'ria* se alterem* de

    modo forado a seu beneficirio* as eficcias antecipadas a derrubada de um muro* a

    devoluo de um determinado bem . >o entanto* no e!istiro 'bices 1ue o dictumsea

    rediscutido em ao pr'pria para 1uais1uer outros fins.