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594 XVIII Seminário Internacional de Formação de Professores para o MERCOSUL/CONE SUL De 03 a 05 de novembro de 2010 Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Florianópolis – Santa Catarina – Brasil A ESTRUTURA ESCOLAR DE ESCOLAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA E A PERMANCÊNCIA DOS ALUNOS NA ESCOLA SILVA, Ana Luiza Gonçalves da Universidade Federal de Santa Catarina-Brasil MELO, Pedro Antônio de Universidade Federal de Santa Catarina-Brasil MICHELAN, Luciano Sérgio Universidade Federal de Santa Catarina-Brasil [email protected] Resumo A educação significativa é aquela em que o espaço de reflexão se faz presente, onde a discussão se apresenta de maneira saudável, uma maneira de aprender trocando idéias, tendo por base sempre a formação do senso de juízo e de valores (FREIRE, 1998). Para que o aluno aprenda é preciso gerar prazer em estudar e aprender novas coisas. Esses aprendizados devem estar relacionados a problemas e situações do seu cotidiano. Segundo Maia e Maia (2005) os métodos didáticos para trabalhar o interesse do aluno devem envolver a escola como um todo, ou seja, não limitar a prática educativa a sala de aula. Portanto é relevante tornar o aprendizado significativo e prazeroso ao aluno com uma estrutura escolar adequada para possibilitar o efetivo aprendizado e conseqüentemente aumentar a probabilidade de permanência dos alunos nas escolas. A partir dos dados, coletados e analisados das bases de dados do INEP foi possível avaliar a estrutura escolar do Estado de Santa Catarina. Nesse sentido, é possivel afirmar que as escolas de Santa Catarina apresentam uma estrutura básica para o funcionamento escolar, como alimentação, prédio escolar, água e esgoto encanados. Porém não oferecem condições e atrativos para a permanência dos alunos na escola. Entre eles podemos citar laboratório de informática, quadra de esportes, bibliotecas, sala especial para atendimento dos alunos. Palavras-chave: Permanência na escola. Estrutura escolar. Educação básica.

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A ESTRUTURA ESCOLAR DE ESCOLAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO

ESTADO DE SANTA CATARINA E A PERMANCÊNCIA DOS ALUNOS NA

ESCOLA

SILVA, Ana Luiza Gonçalves da

Universidade Federal de Santa Catarina-Brasil MELO, Pedro Antônio de

Universidade Federal de Santa Catarina-Brasil MICHELAN, Luciano Sérgio

Universidade Federal de Santa Catarina-Brasil [email protected]

Resumo

A educação significativa é aquela em que o espaço de reflexão se faz presente, onde a

discussão se apresenta de maneira saudável, uma maneira de aprender trocando idéias,

tendo por base sempre a formação do senso de juízo e de valores (FREIRE, 1998). Para

que o aluno aprenda é preciso gerar prazer em estudar e aprender novas coisas. Esses

aprendizados devem estar relacionados a problemas e situações do seu cotidiano.

Segundo Maia e Maia (2005) os métodos didáticos para trabalhar o interesse do aluno

devem envolver a escola como um todo, ou seja, não limitar a prática educativa a sala

de aula. Portanto é relevante tornar o aprendizado significativo e prazeroso ao aluno

com uma estrutura escolar adequada para possibilitar o efetivo aprendizado e

conseqüentemente aumentar a probabilidade de permanência dos alunos nas escolas. A

partir dos dados, coletados e analisados das bases de dados do INEP foi possível avaliar

a estrutura escolar do Estado de Santa Catarina. Nesse sentido, é possivel afirmar que as

escolas de Santa Catarina apresentam uma estrutura básica para o funcionamento

escolar, como alimentação, prédio escolar, água e esgoto encanados. Porém não

oferecem condições e atrativos para a permanência dos alunos na escola. Entre eles

podemos citar laboratório de informática, quadra de esportes, bibliotecas, sala especial

para atendimento dos alunos.

Palavras-chave: Permanência na escola. Estrutura escolar. Educação básica.

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1 Fundamentação Teórica

A educação significativa é aquela em que o espaço de reflexão se faz presente,

onde a discussão se apresenta de maneira saudável, uma maneira de aprender trocando

idéias, tendo por base sempre a formação do senso de juízo e de valores (FREIRE,

1998). Para que o aluno aprenda é preciso gerar prazer em estudar e aprender novas

coisas. Esses aprendizados devem estar relacionados a problemas e situações do seu

cotidiano. Segundo Maia e Maia (2005) os métodos didáticos para trabalhar o interesse

do aluno devem envolver a escola como um todo, ou seja, não limitar a prática

educativa a sala de aula. Portanto é relevante tornar o aprendizado significativo e

prazeroso ao aluno com uma estrutura escolar adequada para possibilitar o efetivo

aprendizado e conseqüentemente aumentar a probabilidade de permanência dos alunos

nas escolas.

Franco et al (2007) tiveram como amostra de seu estudo 57.258 alunos em 5.151

turmas e 4.065 escolas. Os pesquisadores tinham como objetivo identificar aspectos que

interferiam no desempenho escolar dos alunos e utilizaram como dados do estudo

resultados do SAEB (2001) e os resultados da aplicação de questionários com

estudantes, docentes e diretores sobre aspectos socioeconômicos e culturais, além de

avaliações de matemática dos estudantes. Como resultados os autores apresentam que

mesmo após o controle por nível socioeconômico médio, foi constatado a importância

de algumas características escolares no desempenho dos alunos no contexto escolar.

Indicadores relacionados à categoria acadêmica, como por exemplo, dever de casa,

biblioteca na sala e bom clima disciplinar fizeram diferença no desempenho dos alunos

na escola. Nesse sentido, é importante considerar quando é estudada a temática

permanência na escola, também variáveis relacionadas à estrutura escolar.

Os resultados de pesquisas indicam aspectos relacionados à estrutura escolar

influenciam na permanência e desempenho dos alunos na escola, porém condições e

recursos são requisitos necessários, mas não suficientes. O relatório da UNESCO

(2008) baseado em dados educacionais de 2005 destaca que nos países em

desenvolvimento, mesmo escolas bem equipadas, são incapazes de evitar a evasão

escolar se o aluno estiver submetido a uma situação de pobreza ou miséria.

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A pesquisa de Abramovay e Castro (2003) teve como objetivo avaliar as

percepções de docentes, alunos, supervisores e diretores sobre o ensino médio em treze

capitais brasileiras por meio de entrevistas e de realização de grupos focais. Como

resultado, as autoras identificaram várias razões para o abandono da escola, porém entre

eles predominava as razões relacionadas com situações de classe, como por exemplo, a

necessidade de trabalhar, ou a ausência de condições de se manter na escola. A Figura

01 ilustra a relação entre a entrada no mercado de trabalho e a permanência do aluno na

escola.

FiFigura 1: Percentual dos alunos que permanecem da escola após iniciar no mercado de trabalho Fonte: Motivos para a Evasão Escolar - FGV (2009)

Para Botomé (1997) o trabalho do educador é um dos trabalhos de maior

importância para qualquer sociedade, se não for o mais importante. Afinal de contas é

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por meio da educação que o ser humano é capacitado para atuar sobre a realidade de

forma a atender suas necessidades e/ou de outras pessoas. Hebst e Henz (2007)

complementam que todas as políticas criadas para dar sustentação ao bom

funcionamento das escolas e maior qualidade do ensino, como materiais didáticos,

projetos de parcerias, têm sua relevância, mas será somente por intermédio dos

profissionais de educação que se poderá garantir a melhoria da qualidade do ensino e

conseqüentemente a formação de pessoas preparadas para enfrentar o mundo

contemporâneo.

Digiácomo (2004) entende que o combate (prevenção) à evasão escolar começa

com o fornecimento de uma educação de qualidade, e que esta passa por docentes

capacitados, valorizados e comprometidos com a missão de educar; conselhos escolares

realmente participantes, representativos e atuantes; escolas que apresentem instalações

adequadas, asseio, organização e segurança, enfim, que haja ambiente propício ao

estudo e à aprendizagem, no qual o aluno se sinta estimulado a permanecer e aprender.

O autor entende ainda que a satisfação e o engajamento ativo do aluno no processo de

aprendizagem é fator de fundamental importância na permanência e no desempenho

escolar.

Muitas são as decorrências da não permanência do aluno na escola, não somente

para o próprio aluno evadido, mas para todo o sistema escolar. É possível citar perda do

poder socioeconômico do aluno evadido, congestionamento do sistema escolar,

desperdício de recursos financeiros, entre outros. Conforme dados da pesquisa Motivos

da Evasão Escolar, apresentada pela FGV-RJ, ao se comparar pessoas com as mesmas

características sócio-demográficas – como sexo, idade, raça e geografia - menos a

educação, o salário médio dos universitários é superior em 544% ao dos analfabetos e a

chance de ocupação profissional é 422% maior. O ciclo de vida no mercado de trabalho

para aqueles que têm maior escolaridade também difere daqueles que têm menor

escolaridade em 12 anos. As vantagens de permanecer na escola, em grande parte das

vezes, ocorrem em longo prazo e nem todos podem esperar para desfrutar desses

benefícios.

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2 Procedimentos Metodológicos

2.1 Caracterização da pesquisa

Em um primeiro momento, a pesquisa teve de cunho exploratório, assim,

procurou-se conhecer mais profundamente o tema em questão por meio de uma revisão

da literatura especializada. Certamente o estudo pode ser considerado descritivo, uma

vez que descreve a realidade Educacional do Estado de Santa Catarina, tecendo análises

sobre as informações acessadas, para daí chegar-se as considerações a respeito da

temática central do estudo.

A pesquisa enquadra-se como bibliográfica e documental. Ela visa o

aprofundamento do pesquisador com relação ao tema objeto de estudo, por meio da

revisão da literatura existente sobre o tema. Por outro lado, a pesquisa documental,

segundo Gil (2002), assemelha-se muito a pesquisa bibliográfica, a única diferença e

que a documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento

analítico.

Por fim, cabe ressaltar que a pesquisa caracteriza-se ainda como pesquisa

aplicada. Conforme Marconi e Lakatos (2007), a pesquisa aplicada preocupa-se com o

interesse prático, com a utilização dos resultados para a solução de problemas, como é o

caso desse estudo, ao contrário da pesquisa pura, que se preocupa somente com a

ampliação dos conhecimentos teóricos, sem preocupar-se em utilizá-los na prática.

2.2 Tratamento e análise de dados

2.2.1 Fontes de informação

Para a obtenção das informações que possibilitam responder os objetivos

propostos no projeto aprovado pela CAPES foi utilizada como fonte de informação

indireta os Microdados do Censo da Educação Básica 2007 - base escolas.

2.2.2 Da escolha das variáveis observadas:

Para que fosse possível identificar quais variáveis presentes nas bases de dados

do INEP responderiam os objetivos do trabalho foram impressos os Dicionários de

dados que continham os questionários respondidos pelos alunos, docentes, diretores,

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entre outros. Todas as perguntas foram lidas e avaliadas em que grau poderiam

responder os objetivos. Por fim, foram escolhidas as variáveis que em principio

ajudariam os pesquisadores a respondem os objetivos do trabalho.

2.2.3 Do tratamento dos dados no SPSS

A partir das escolhas das variáveis que seriam analisadas as mesmas foram

identificadas na base de dados e realizados os tratamentos iniciais, verificando as

freqüências de cada uma das variáveis. No que tange ao Censo da Educação Básica e

sua base TS_ESCOLAS; foram efetuadas alterações como recorte dos dados do Estado

de Santa Catarina, objeto da pesquisa.

2.2.4. Da exclusão de dados da base de dados

Algumas categorias de variáveis foram excluídas, pois não faziam parte das

variáveis relevantes para responder os objetivos do trabalho. Em relação à modalidade

de ensino foram mantidas os respondentes do Ensino Regular e foram excluídos os

respondentes da Educação Especial e do EJA. Outra variável que foi necessário avaliar

a exclusão de categorias de variável foi a situação de funcionamento da escola. Foram

excluídos os dados de escolas que indicavam situação de funcionamento paralisada e

extinta.

3 Infra-estrutura escolar nas escolas da educação básica do Estado de Santa

Catarina

Franco et al (2007), Ortigão (2008), Maia e Maia (2005) constataram a

importância de algumas características escolares no desempenho dos alunos no contexto

escolar. Nesse sentido, identificar as características da estrutura escolar das escolas de

Santa Catarina auxiliará a entender êxitos e problemas que as escolas enfrentam em

relação aos seus alunos e a permanência e evasão escolar.

No Gráfico 01 estão apresentadas as indicações dos locais de funcionamento das

escolas da Educação Básica de Santa Catarina.

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Gráfico 01: Porcentagem de indicações de locais de funcionamento nas escolas da Educação Básica do Estado de Santa Catarina Fonte: Microdados do Censo da Educação básica de 2007 – Base de dados escolas

A partir do Gráfico 01 é possível identificar que 80,14% das escolas da

Educação Básica do Estado de Santa Catarina estão localizadas em um prédio escolar.

As escolas que estão localizadas em salas dentro de outras escolas correspondem a

aproximadamente 8,7% e escolas que estão localizadas em outros locais ou

dependências 5,33% das indicações de resposta. Ao considerar o total de respostas,

3,33% das respostas indicaram estarem localizadas em um prédio compartilhado com

outra escola, 0,95% na casa do professor, 0,62% na sala de uma empresa, 0,45% em um

templo ou igreja, 0,30% em um galpão e 0,18% em uma unidade de interação ou

prisional.

Nesse sentido, é possivel concluir que grande parte das escolas da educação

básica do Estado de Santa Catarina, 92,17% possuem locais de adequados e exclusivos

para a realização das aulas (prédio escolar, salas em outras escolas ou prédio em outra

escola) e que somente 7,83% das escolas não possuem locais exclusivos para a

Série1; Prédio escolar; 6166;

80,14%

Série1; Sala em outra

escola; 669; 8,70%

Série1; Outros locais; 410; 5,33%

Série1; Prédio compartilhado com outra escola; 256;

3,33%

Série1; Casa do Professor; 73;

0,95%

Série1; Sala empresa; 48;

0,62%

Série1; Templo/Igreja;

35; 0,45%

Série1; Galpão; 23; 0,30%

Série1; Unidade de internação

ou prisional; 14; 0,18%Prédio escolar

Sala em outra escola

Outros locais

Prédio compartilhadocom outra escolaCasa do Professor

Sala empresa

Templo/Igreja

Galpão

Unidade de internaçãoou prisional

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realização das aulas (casa do professor, galpão, templo ou igreja, unidade de internação

ou prisional e outros locais).

No Gráfico 02 estão apresentados os tipos de abastecimento de água das escolas

da Educação Básica do Estado de Santa Catarina.

Gráfico 02: Porcentagem de indicações de tipos de abastecimento de água das escolas da Educação Básica do Estado de Santa Catarina Fonte: Microdados do Censo da Educação básica de 2007 – Base de dados escolas

Ao analisar o gráfico 02 é possível identificar que 74,06% das escolas da

Educação Básica do Estado de Santa Catarina possuem abastecimento de água da rede

pública, 11,41% possuem água por meio de um poço artesiano, 7,91% possuem água

por meio de cacimba, 6,58 utilizam a água proveniente de um rio e 0,04% das escolas

não possuem qualquer tipo de abastecimento de água.

Segundo dados do IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2006-

2007, 84,8% das residências da Região Sul do Brasil possuem rede geral de

abastecimento de água.

No Gráfico 03 estão apresentadas as porcentagens de indicações de tipos de

abastecimento de esgoto das escolas de educação básicas do Estado de Santa Catarina.

Série1; Água da rede pública; 5167; 74,06%

Série1; Água de

poço artesiano;

796; 11,41%

Série1; Água de cacimba;

552; 7,91%

Série1; Água de rio; 459; 6,58%

Série1; Sem abastecimento de

água; 3; 0,04%

Água da rede pública

Água de poço artesiano

Água de cacimba

Água de rio

Sem abastecimento de água

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Gráfico 03: Porcentagem de indicações de tipos de abastecimento de esgoto das escolas da Educação Básica do Estado de Santa Catarina

Fonte: Microdados do Censo da Educação básica de 2007 – Base de dados escolas

Com base nos dados apresentados no Gráfico 03 é possivel evidenciar que

58,14% das escolas da Educação básica do Estado de Santa Catarina possuem esgoto de

fossa, 41,55% das escolas possuem esgoto da rede pública e 0,31% das escolas não

apresentam qualquer tipo de rede de esgoto.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2006-2007, 73,6% das

residências do Brasil possuem esgoto sanitário adequado (rede coletora ou fossa

séptica), enquanto que nas escolas de Santa Catarina esse valor é de 99,96%

No Gráfico 04 estão apresentadas as porcentagens de escolas que apresentam

quadra de esporte, biblioteca, laboratório de informática e parque infantil.

Série1; Esgoto de fossa; 4112;

58,14%

Série1; Esgoto da rede

pública; 2939; 41,55%

Série1; Esgoto inexistente; 22;

0,31%

Esgoto de fossa

Esgoto da rede pública

Esgoto inexistente

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Gráfico 04: Número de escolas da Educação Básica do Estado de Santa Catarina que possuem quadra de esporte, biblioteca, laboratório de informática e parque infantil Fonte: Prova Brasil 2007 – Base de dados escolas

Ao analisar o Gráfico 04 é possível identificar que ao considerar a variável

quadra de esporte, 4355 das escolas de Santa Catarina, ou seja, 65% não apresentam

uma quadra de esporte na sua estrutura escolar, e que 2361, ou seja, 35% apresentam a

mesma na estrutura escolar. Quando foi analisado a existencia de biblioteca na escola,

3812, ou seja, 57% das escolas de Santa Catarina não apresentam biblioteca e 2904, ou

seja, 43% das escolas apresentam biblioteca escolar. Em relação a existência de um

laboratório de informática, 4756 escolas, o que corresponde a 71% não apresentam

laboratório de informática na estrutura na escola e 1960, ou seja, 29% das escolas de

Santa Catarina apresentam laboratório de informática na escola. Considerando a

existência de um parque infantil na escola, 3812, o que correponde aproximadamente a

51% não possuem este na estrutura escolar e 2904 escolas de Santa Catarina, ou 49%

possuem parque infantil na estrutura na escolar.

A Tabela 01 apresenta a frenquência e percentuais de existência de alimentação

escolar nas escolas da Educação Básica do Estado de Santa Catarina.

Quadra deesporte

BibliotecaLaboratório de

InformáticaParque Infantil

Sim 2361 2904 1960 2904

Não 4355 3812 4756 3812

Quantidades

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Tabela 01: Alimentação escolar nas escolas da Educação Básica do Estado de Santa Catarina

Alimentação escolar Frequência Percentuais

Não oferece 918 13,7%

Oferece 5797 86,3%

Total 6716 100%

Fonte: Microdados do Censo da Educação básica de 2007 – Base de dados escolas

Por meio da Tabela 01 é possível avaliar que 13,7%, ou seja, 918 das escolas da

Educação Básica do Estado de Santa Catarina não oferecem alimentação aos alunos e

que 86,3%, o que corresponde a 5797 escolas que oferecem alimentação aos alunos.

A Tabela 02 apresenta as indicações de existência de sala de atendimento

especial aos alunos das escolas de Educação Básica do Estado de Santa Catarina

Tabela 02: Existência de sala de atendimento especial aos alunos das escolas de Educação Básica do Estado de Santa Catarina

Sala de atendimento

especial

Frequência Percentual

Não 5973 88,9%

Sim 743 11,1%

Total 6716 100%

Fonte: Microdados do Censo da Educação básica de 2007 – Base de dados escolas

Na Tabela 02 é possível evidenciar que 88,9% das escolas de Educação Básica

do Estado de Santa Catarina não apresentam qualquer tipo de sala para atendimento

especial aos alunos e que 11,1%, ou seja, 743 escolas apresentam este tipo de estrutura

escolar para o atendimento dos alunos.

4 Considerações finais

O fenômeno em estudo é multicausal. Seria audácia ou até inocência reduzir a

explicação desse fenômeno a uma ou duas causas, já que suas causas são múltiplas e

complexas. É possível citar diversas causas que podem influenciar a permanência do

aluno na escola, entre elas: formação docente, condição sócio-econômica da família,

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alimentação na escola, estrutura escolar (quadras, computadores, pátio, entre outros),

reprovação no ano anterior.

Em relação ao fenômeno permanência escolar, a maior parte dos estudos

evidencia que este está relacionado a aspectos focados apenas nos alunos. No entanto,

se faz necessário pôr em análise a diversidade de motivos que envolvem a permanência

escolar. É preciso evidenciar que a possibilidade dos alunos permanecerem da escola

depende de todos os que estão inseridos na vida escolar, pais, alunos, docentes,

diretores, políticas educacionais e estrutura escolar.

A partir dos dados coletados e analisados das bases de dados do INEP é possível

avaliar a estrutura escolar das escolas do Estado de Santa Catarina. Segundo esses

dados, 80,14% dos locais de funcionamento de escolar tem prédio escolar, 70,06% tem

abastecimento de água encanada, 86,3% oferecem alimentação escolar, 65% não

apresentam uma quadra de esporte na sua estrutura escolar, 57% das escolas de Santa

Catarina não apresentam biblioteca, 51% não possuem parque infantil, 71% não

apresentam laboratório de informática na estrutura na escola. Nesse sentido, é possivel

afirmar que as escolas de Santa Catarina apresentam estrutura básica para seu

funcionamento, como prédio escolar, docentes, qualificados, alimentação escolar, água

encanada. Porém não oferecem condições e atrativos para a manutenção dos alunos na

escola (laboratório de informática, quadra de esportes, bibliotecas).

Esse estudo abrangeu somente algumas variáveis para análise da estrutura

escolar e a permanência do aluno na escola. É necessário, aprofundar a análise de

variáveis para entender melhor este fenômeno, tão importante para a eficácia da

educação básica brasileira.

Referências

ABRAMOVAY, Miriam; CASTRO, Mary Garcia. Ensino Médio: Múltiplas Vozes. Brasília: Unesco, MEC, 2003.

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