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24 abr/15 rev/gbc/br documento Arquiteto Siegbert Zanettini

A Evolução Da Construção Sustentável

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Evolução da construção sustentável

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  • 24 abr/15 rev/gbc/br

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    ArquitetoSiegbert Zanettini

  • revistagbcbrasil.com.br 25abr/15

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    A EVOLUO DA CONSTRUO SUSTENTVEL

    Mesmo que aparentemente recente, as origens da viso sustentvel podem ser identificadas por mestres arquitetos como os principais percussores etapa evolutiva presente, segundo Siegbert Zanettini.

    Um deles Frank Lloyd Wright (1867-1959) que se afastou das experincias europias modernistas e projetou em 1906 a Robie House, construda entre 1908 e 1910, em Chicago; Fallingwater, a Casa da Cascata projetada em 1935 e construda entre 1936 e 1937 junto a uma cachoeira no Rio Beer Run, na Pensilvnia; e o Taliesin West laboratrio e moradia de Wright e seus auxiliares, com-plexo com vrios edifcios projetado e cons-trudo entre 1937 e 1956.Estes trs exemplos, entre centenas de ou-tros projetos, so obras feitas de acordo com o que Wright defendia: Um edifcio deve dar a impresso de crescer sem esforo de seu lugar, ser projetado de modo a harmonizar com o ambiente, se a natureza se manifesta ali; caso contrrio, procurem deix-lo silen-cioso, essencial e orgnico na mesma medi-da, como se a Natureza fosse encontrada em circunstncias favorveis.

    No Brasil, Rino Levi, Lucio Costa, Severiano Porto, Srgio Bernardes, Affonso Eduardo Reidy e Roberto Burle Marx, renomado in-ternacionalmente ao exercer a profisso de arquiteto-paisagista, so considerados os primeiros a adotar com clareza conceitos bio-climticos e ecoeficientes em seus projetos, segundo Zanettini.

    As experincias ecoeficientes e bioclimticas de ZanettiniNo Brasil as pssimas administraes e es-pecialmente a ao do BNH (Banco Nacio-nal da Habitao) marcou toda a constru-o brasileira com uma postura retrgrada e preocupada apenas em quantidade e no com a qualidade, induzindo toda a produo arquitetnica a um nvel primrio no setor da construo ao utilizar mo de obra barata e sem qualificao. Isto, influenciou at hoje os

    baixos nveis de arquitetura e construo civil, sem planejamento, sem urbanismo, sem no-vas tecnologias, sem inveno, m qualidade construtiva e esttica duvidosa.Tentando fugir a todo esse universo, Zanettini decidiu, a partir de 1968, lutar contra a au-sncia de conceitos cientficos e se direcio-nar, mesmo com a precariedade da poca, novas solues com tecnologias mais indus-trializadas, com rgido controle construtivo e com preocupao constante com o meio am-biente e solues bioclimticas e ecoeficien-tes. Foi ento que, pioneiramente no Brasil, iniciei o uso de estrutura metlica e tambm com estruturas de madeira compostas de sarrafos de madeira de descarte, algumas vezes com solues mistas desses materiais, ou ainda, trabalhando com concreto pr-mol-dado com controle tecnolgico desde a sua fabricao.Alguns pontos fundamentais dessa trajetria com textos, teses, eventos, palestras e proje-tos e obras, nestes 45 anos, verdadeiros mar-cos de pesquisa e inovao, uma srie de obras com estrutura de madeira com o rea-proveitamento de sarrafos de pinho colados, constituindo pilares e vigas de dimenses es-truturais significativas, esto documentadas no livro Siegbert Zanettini - Arquitetura Razo Sensibilidade.

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    Por Bruna Dalto

  • 26 abr/15 rev/gbc/br

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    A casa de Atibaia - 1974Respeito profundo pela paisagem, a retoma-da da rua interna, evoluo antiga da galeria de circulao da primeira casa prpria cons-truda, a racionalidade do setor hidrulico, o controle da curva necessria, entre outros aspectos. A primeira obra brasileira bioclim-tica e ecoeficiente, que sintetiza de conceito, equilbrio, simplicidade e magia na sua intera-o com meio ambiente.

    Escola Estadual Dracena em So Paulo - 1976Para-sis horizontais acima dos blocos soltos dos ambientes de trabalho; ventilao natural para garantir a renovao do ar e melhorar o conforto trmico dos ambientes.

    Residncia Rodolfo Galvani - 1977Atualidade de seus espaos, acolhimento dos ambientes, clareza formal e refrescante cobertura verde.

    Residncia Ilha Bela - 1976As caractersticas fsicas de um terreno com 12m de desnvel determinaram a implantao em quatro nveis, onde as linhas geomtricas promovem a adequao topogrfica e a vo-lumetria sinuosa de decks e varandas que se alternam, planos, cilindros e um prisma trian-gular que dialogam entre si compondo uma unidade complexa e agradvel.

    Atelier Zanettini Arquitetura -1984Muito conhecido como estdio, laboratrio e oficina e local responsvel pela experimen-tao de inmeras solues construtivas de novos materiais. Importante tambm por ser o 1 edifcio em ao no Brasil totalmente in-dustrializado montado em 35 dias e desmon-tado h um ano, em perfeito estado de pre-servao, para ser montado em outra rea.

    Escolas Panamericanas de Arte -1989 e 1996So at hoje os mais conhecidos e visitados smbolos da arquitetura do ao do Pas, mo-tivo de contnuas visitaes, eventos, lana-mentos e estudos de escolas de arquitetura e continuamente escolhidos por alunos como objetos de estudo;

    Os projetos citados abaixo e outros que completariam essa longa descrio so exemplos executados com solues arquitetnicas e sistemas construtivos que possuam controle de qualidade nos ele-mentos produzidos industrialmente usando tecnologia limpa e prin-cipalmente segura. EVOLUCO

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  • revistagbcbrasil.com.br 27abr/15

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    Casa Limpa ECO 1992Primeiro projeto com todos os atributos que constituem hoje o conceito de sustentabilidade;

    Hospital e Maternidade So Luiz Unidade Anlia FrancoPrimeira verso em estrutura metlica e por solicitao do grupo executivo da obra, teve a estrutura substituda por concreto em 2004, finalizado em 2007 e vencedor do Prmio Destaque Sade Projeto Predial no V Grande Prmio de Arquitetura Corporativa.

    Cenpes - Centro de pesquisas da Pe-trobrasProjeto de 2006 a 2008 e obra concluda em 2010, considerada a obra mais completa em inovao, tecnologia, ecoeficiencia e susten-tabilidade da Amrica Latina e ganhadora dos prmios Green Building Brasil em 2011 e Green Nation Fest de 2012.

    Sede e Centro de Pesquisa da SchlumbergerO edifcio integra princpios de sustentabili-dade na forma e funo dos espaos proje-tados, onde h presena constante de reas verdes, iluminao e ventilao corretas, alm de sistemas operacionais flexveis que permitem fcil operao e manuteno. Um conjunto que assegura a renovao do ecos-sistema natural, permite fceis ampliaes futuras da estrutura em ao e minimiza os impactos resultantes da interveno urbana na paisagem.

    O Tribunal de Justia do Distrito Fe-deral Braslia, em 2009Considerado o Primeiro Frum Sustentvel do Judicirio Brasileiro em estrutura metlica e utilizao pela primeira vez de mantas de ao inox para proteo da radiao trmica nas fachadas. Designado de Frum do Meio Ambiente ganhou um selo federal comemora-tivo dos Correios.

    Centro de Convenes da Unicamp, em 2010 constitudo de um auditrio para 1800 pes-soas e que pode ser dividido em trs menores alm de vrias salas de reunies de grupos, locais de exposio, restaurante e outros am-bientes. Teve uma reestruturao viria ane-xando grande estacionamento, praa pblica e grande rea verde no entorno. O auditrio com forma acstica assim como todo o con-junto utiliza estrutura metlica e importantes solues de sustentabilidade. Toda a gua da cobertura recolhida num espelho dgua paisagisticamente situado que acumula toda a captao das guas pluviais das cobertu-ras e as guas de reuso.

    EVOLUCO

  • 28 abr/15 rev/gbc/br

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    Hospital Mater Dei Belo Horizonte Projetado em 2010-2011, trata-se do primeiro hospital de grande porte, inteiramente indus-trializado e com estrutura metlica. Foi recen-temente agraciado com o X Grande Prmio de Arquitetura Corporativa de 2013.

    Graded School So Paulo em 2013 A idia de uma Escola Parque com praas cobertas e arborizadas para reas de apren-dizagem e de conhecimentos inovadores e sustentveis foi um dos pilares do projeto. Os eixos principais de circulao foram integra-dos a essas praas e tambm ao playground. Toda rea esportiva se articula com as outras reas de circulao, facilitando o escoamen-to e as rotas de sada.

    Complexo B.Braun em So Gonalo/RJA nova unidade da empresa alem B.Braun, em expanso no Brasil, ser construda no Parque Fabril e contar com um Centro Lo-gstico, que ter um armazm para produtos acabados e um depsito de materiais infla-mveis, na primeira fase. Em seguida, ser construda uma fbrica de dispositivos m-dicos e, por ltimo, o Centro Administrativo.

    "Falar em arquitetu-ra falar tambm da luz. Como intensida-de, amplitude e mati-zes moldam os espaos e valorizam formas. Uma arquitetura que mostre as mutaes de luz, cores e brilhos do amanhecer ao entar-decer, ressalta os focos luminosos que trans-pem aberturas, su-perfcies translcidas e vitrais reproduzindo novos cenrios."

    ARQUITETOSIEGBERT ZANETTINI

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  • revistagbcbrasil.com.br 29abr/15

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    Perspectivas para o futuroAs conceituaes decorrentes do aumento da complexidade do conhecimento e do seu trato, devem estar presentes desde a forma-o e aprofundadas no decorrer das ativi-dades culturais e profissionais do arquiteto e vem exigindo uma crescente contribuio interdisciplinar em cada projeto entre os cab-veis participantes das vrias reas cientficas humanas, biolgicas, ambientais, exatas e econmicas em equilbrio com o conheci-mento sensvel.Como conseqncia e talvez a mais prxima, seja a re-unio de arquitetos e engenheiros na formao e num trabalho mais interativo, diante da constatao irrefutvel de que es-sas reas tratam de um mesmo objeto.Uma nova viso de mundo que decorre da nossa conscincia e sensibilidade estabele-ce necessrios vnculos com a sociologia, a antropologia e as demais cincias que incor-porem homem, uso, lugar, tempo, medida, matria, tcnica com riqueza e qualidade fun-damentais na inovao e na evoluo tecno-lgica, e que propicie condies para que o arquiteto possa exercer sua profisso de uma forma plena. Mas infelizmente a busca de um mundo mais sustentvel encontra no presente srios obs-tculos a serem transpostos. As contra-dies seguidas do capitalismo mundial na suas exigncias de mercado e de consumo ditam a desordem presente em praticamente em todas as naes, em especial as emer-gentes e as de 3 e 4 mundos. As cidades e em especial os grandes aglomerados re-fletem um inchamento com toda a sorte de conflitos de um contexto cada vez mais insus-tentvel pela ausncia de programas e aes culturais, polticas e econmicas.No Brasil, por exemplo, h a ausncia de pre-viso e planejamento fsico e econmico; a

    incompetncia quase generalizada da classe poltica e da elite econmica, principalmen-te preocupada com o lucro fcil e rpido e no conluio criminoso entre ambas; a desor-dem das cidades, a ineficincia na mobilida-de urbana, a ausncia de polticas pblicas de educao e sade; a ocupao retalhada do territrio que reflete um tecido esgarado e destruidor do meio ambiente; o pssimo aproveitamento da condio exuberante do nosso clima, relevo e solo e a depredao das paisagens no engano da ocupao dos vales com sistema virio e os rios que res-taram em esgotos a cu aberto. A insegu-rana, o descuido na formao acadmica, o esquecimento da velhice, tirar- nos a con-dio de cidados para nos reduzir a meros consumidores. As cidades vo abandonan-do a sua condio fundamental de lugar de vida, nosso ar se poluiu, nossos lagos so consumidos e nossas reservas velhas so destrudas.O mais breve possvel devemos encontrar caminhos que nos levem a uma viso plu-ridimensional e um viver com uma postura holstica e sistmica do conhecimento, com desenvolvimentos cientifico e artstico inova-dores que acelerem o tempo perdido e nos coloquem num patamar digno do ser humano. As cidades devem passar a ser entendidas com uma viso metablica que se renove ciclicamente e recupere a condio de or-ganismo vivo que se realimenta continua e evolutivamente. S assim alcanaremos um mundo pleno, que tenha o homem como a sua principal referncia. Essa a conceitua-o de sustentabilidade e que devemos para que acontea e que alimente um Projeto de Nao que quebre paradigmas e constitua contexto scio-econmico e cultural.

    FUTURO