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Revista Eletrônica FACIMEDIT, v5, n1, Jan/Ago. 2016 ISSN 1982-5285 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 104 A EVOLUÇÃO DOS NÚMEROS ATRAVÉS DAS CIVILIZAÇÕES LOVO, Leiliane de Fátima 1 SOUZA, Luana da Silva 2 BARANECK, Elda Fátima Zampiva 3 RESUMO O presente artigo estrutura-se em torno do objetivo de descrever o processo histórico da evolução dos números; bem como sua importância na vida humana. Nesse sentido, o estudo buscar informações contextuais sobre a evolução dos números, como sugiram nas principais civilizações, seu desenvolvimento e suas aplicabilidades dentro de um contexto histórico. Assim, para o desenvolvimento desta pesquisa, baseamo-nos, dentre outros, nos estudos realizados por Assis (2015), Barthélemy (1999), Boyer (1996), Guelli (1998), Gongorra e Sodré (2005) e Ifrah (1985- 1997); a fim de que pudéssemos construir nossa base teórico-conceitual e; por conseguinte, mostrar a evolução dos números dentro dos diversos sistemas numéricos e relacionar uma metodologia histórica com os dias atuais, esclarecendo algumas dúvidas e analisando formas de deixar mais claro o processo de ensino aprendizagem da Matemática. Palavras-chave: Matemática. História dos Números. Necessidade Humana. ABSTRACT This article is structured around the goal of describing the historical process of the evolution of the numbers ; as well as its importance in human life. In this sense , the study fetch contextual information about the evolution of numbers suggest as the main civilizations, their development and their applicability within a historical context. Thus, for the development of this research , we rely , among others, in studies conducted by Assisi (2015 ) , Bartholomew (1999 ) , Boyer (1996 ) , Guelli (1998 ) , and Gongorra Sodre (2005) and Ifrah (1985- 1997) ; so that we could build our theoretical and conceptual base and ; therefore , show the evolution of the numbers within the various number systems and relate a historical methodology to the present day , clarifying some questions and analyzing ways to make clearer the teaching process learning of mathematics . Keywords : Mathematics. History of Numbers. Human Need. 1 Graduanda em Matemática com Licenciatura Plena pela FACIMED. 2 Graduanda em Matemática com Licenciatura Plena pela FACIMED. 3 Professora orientadora. Graduada em Matemática pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR), com Licenciatura Plena.

A EVOLUÇÃO DOS NÚMEROS ATRAVÉS DAS CIVILIZAÇÕES · corresponder cada elemento de um conjunto a um determinado símbolo e que era uma conjectura era utilizada por muitos povos

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104

A EVOLUÇÃO DOS NÚMEROS ATRAVÉS DAS CIVILIZAÇÕES

LOVO, Leiliane de Fátima1 SOUZA, Luana da Silva2

BARANECK, Elda Fátima Zampiva3

RESUMO

O presente artigo estrutura-se em torno do objetivo de descrever o processo histórico da evolução dos números; bem como sua importância na vida humana. Nesse sentido, o estudo buscar informações contextuais sobre a evolução dos números, como sugiram nas principais civilizações, seu desenvolvimento e suas aplicabilidades dentro de um contexto histórico. Assim, para o desenvolvimento desta pesquisa, baseamo-nos, dentre outros, nos estudos realizados por Assis (2015), Barthélemy (1999), Boyer (1996), Guelli (1998), Gongorra e Sodré (2005) e Ifrah (1985- 1997); a fim de que pudéssemos construir nossa base teórico-conceitual e; por conseguinte, mostrar a evolução dos números dentro dos diversos sistemas numéricos e relacionar uma metodologia histórica com os dias atuais, esclarecendo algumas dúvidas e analisando formas de deixar mais claro o processo de ensino aprendizagem da Matemática.

Palavras-chave: Matemática. História dos Números. Necessidade Humana.

ABSTRACT

This article is structured around the goal of describing the historical process of the evolution of the numbers ; as well as its importance in human life. In this sense , the study fetch contextual information about the evolution of numbers suggest as the main civilizations, their development and their applicability within a historical context. Thus, for the development of this research , we rely , among others, in studies conducted by Assisi (2015 ) , Bartholomew (1999 ) , Boyer (1996 ) , Guelli (1998 ) , and Gongorra Sodre (2005) and Ifrah (1985- 1997) ; so that we could build our theoretical and conceptual base and ; therefore , show the evolution of the numbers within the various number systems and relate a historical methodology to the present day , clarifying some questions and analyzing ways to make clearer the teaching process learning of mathematics . Keywords : Mathematics. History of Numbers. Human Need.

1 Graduanda em Matemática com Licenciatura Plena pela FACIMED. 2 Graduanda em Matemática com Licenciatura Plena pela FACIMED. 3 Professora orientadora. Graduada em Matemática pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR), com Licenciatura Plena.

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é o de compreender e analisar os diferentes processos

de contagem e sistemas de numeração que antecederam e foram essenciais para evolução dos

números na sociedade contemporânea.

O princípio de contagem baseava-se em relações biunívoca em que se faz

corresponder cada elemento de um conjunto a um determinado símbolo e que era uma

conjectura era utilizada por muitos povos.

Dessa forma, por meio de uma série de situações, o homem aprendeu a contemplar

sua percepção limitada de número e passou a se utilizar de outros meios para suprir a

necessidade existente naquele período. Como artifício utilizado para responder a essa

necessidade, surgiu o processo de contar que, segundo a história a percepção dos números, foi

um dos maiores avanços da humanidade.

A história da Matemática, além de nos remeter ao passado da evolução numérica;

ainda nos mostra caminhos para que o professor possa fazer comparações entre o presente e o

passado, fazendo com que o aluno perceba o quão valioso foi esse processo para evolução

humana. Ademais, também favorece o processo de contextualização dos conceitos

matemáticos, possibilitando ao educando um melhor desenvolvimento do processo de o

ensino/aprendizagem por meio de comparações entre o concreto e o abstrato.

A EVOLUÇÃO DOS NÚMEROS E A NECESSIDADE DO HOMEM DE CONTAR

Na antiguidade, o ser humano não necessitava contar, nem de criar símbolos para

registrar quantidades. O senso numérico existente nesse período era satisfatório para atender

às suas necessidades; pois se vivia em cavernas e, quando a caça diminuía no local onde

estava, deslocava-se em busca de novas fontes de alimentos.

Com o passar dos tempos, e em decorrência de diversos fatores, o homem começou a

residir de forma fixa em determinados locais; criou residência e deixou de ser nômade, já eu,

agora, dedicava-se ao cultivo de certas plantas e à criação de rebanhos, fatores que o levaram

à necessidade de contagem para melhor administrar os recursos de que necessitava para

sobreviver.

Um dos primeiros sistemas de contagem foi desenvolvido tendo como base os dedos

das mãos; pois, somando os dedos das duas mãos, ele conseguia representar até dez elementos

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e, combinando-os com os dedos dos pés, poderia ir até 20. A partir do momento em que os

dedos se tornaram inadequados, ou insuficientes, para esse processo; passou-se à utilização de

pequenas pedras para representação dos elementos dos rebanhos e, posteriormente, para o

próprio rebanho.

Nesse processo, portanto, a contagem era realizada fazendo-se a correspondência

entre cada objeto (dedo ou pedra) e parte da coleção.

Boyer (1996, p. 02) diz que “Quando o homem primitivo usava tal método de

representação, ele freqüentemente amontoava as pedras em grupos de cinco, pois os

quíntuplos lhe eram familiares por observação das mãos e pés humanos”.

Já Barthélemy (1999, p. 17) afirma que, “[...] é mais fácil verificar a presença de

todos os animais de um rebanho se tivermos representado previamente cada um deles por uma

pedrinha”.

Costa, Costa e Batista (2006, p. 11) ressaltam que:

No caso das pedrinhas, cada animal que saia para o pasto de manhã correspondia a uma pedra que era guardada num saco. No fim do dia, quando os animais voltavam do pasto, era feita a correspondência inversa: para cada animal que retornava, era retirada uma pedra do saco. Se no fim sobrasse alguma pedra era porque faltava algum dos animais. E se fosse acrescentado um animal ao rebanho era só acrescentar mais uma pedra. (...) A correspondência biunívoca "unidade a unidade” não era feita somente com pedras, mas eram usadas também nós em cordas, marcas nas paredes, talhes em ossos, desenhos nas cavernas, entre outros tipos de marcação.

Mas não foi só de contar que o homem teve necessidade, a agricultura fez o homem

desenvolver sua percepção de tempo e de espaço que o levou a estabelecer, a partir das

observações feitas ao seu redor; noções relativas às fases da Lua e às estações do ano que se

constituíram nos primeiros indícios de um calendário. (GONGORRA; SODRÉ, 2005).

Segundo Barthélemy (1999, p. 17), a “[...] enumeração constitui a primeira

operação”. Estudos apontam que, em todas as épocas da evolução humana, mesmo nas mais

primitivas, encontra-se junto ao homem o sentido de número e de contagem.

Nesse sentido, Howard (2004, p. 25) diz que

É razoável admitir que a espécie humana, mesmo nas épocas mais primitivas, tinha algum senso numérico, pelo menos ao ponto de reconhecer mais ou menos quando se acrescentavam ou retiravam alguns objetos de uma coleção pequena.

Segundo Boyer (1996, p. 03), “[...] o homem difere de outros animais de modo mais

acentuado pela sua linguagem cujo desenvolvimento foi essencial para que surgisse o

pensamento matemático abstrato”. No que se refere ao pensamento abstrato, o ser humano,

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nesse período, não conseguia associar de forma concreta algo vivenciado com alguma

realidade vivida. Em decorrência dessa constatação, a matemática fica impossibilitada de se

concretizar, pois, nessa época, tudo ainda era muito superficial com relação ao conhecimento

matemático porque as descobertas ainda estavam acontecendo.

Segundo Brasil (2006, p. 13), a Matemática foi construída ao mesmo tempo como uma

forma de pensamento e como uma ferramenta que o homem utilizava para organizar suas

idéias e ajudar a entender as leis que governam o universo e os fenômenos naturais.

Em relação à época do surgimento dos números, não é possível determinar uma data

exata para a aparição dessa forma de linguagem; mas, provavelmente, ela precedeu de vários

milhões de anos à aparição da escrita.

É por isso que Howard (2004, p. 25) afirma que

O conceito de número e o processo de contar desenvolveram-se tão antes dos primeiros registros históricos (há evidências arqueológicas de que o homem já há uns 50.000 anos, era capaz de contar) que a maneira como ocorreram é largamente conjectural.

Quando algumas civilizações começaram a registrar as quantidades que deram

origem aos números; passou-se a utilizar o processo de representação pela repetição de traços

verticais, conforme Figura 1:

Figura 1: Origem dos números

Fonte: http:www.ime.unicamp.br

À medida que a civilização avançava, esses traços se tornaram insuficientes e, então,

começaram a surgir os primeiros sistemas de numeração constituídos por um conjunto de símbolos e com regras utilizadas para sua representação.

SISTEMA NUMÉRICO OU SISTEMAS DE NUMERAÇÃO

Segundo estudiosos, a evolução dos diferentes sistemas de numeração desenvolveu-

se por meio de um processo lento; algumas vezes incorporando elementos de outras culturas

dentro de sua composição, mostrando também algumas formas de evolução, nem sempre

mencionadas no nosso processo de ensino.

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Assim, a partir deste momento, passaremos a estudar os principais sistemas de

numeração conhecidos e que são, comumente, trabalhados no ensino fundamental, analisando

suas principais características e curiosidades.

SISTEMA DE NUMERAÇÃO EGÍPCIO

Uma das civilizações mais antigas é a dos egípcios que se desenvolveu junto às

margens do rio Nilo. Os egípcios desenvolveram um sistema de numeração de base dez e

adotavam símbolos para representar as primeiras potências de dez. Com isso, interpretavam

determinada quantidade por meio do símbolo a que ela estava relacionada.

Berlinghoff e Gouvêa (2012, p. 65) dizem que:

Durante os séculos de antes de 3000 a.C. a cerca de 1000 a.C., a antiga civilização egípcia melhorou o sistema de marcação escolhendo mais alguns símbolos para os números e enfileirando-os até que os valores somados resultassem no número desejado. Os números eram “hieroglíficos”, isto é, eram pequenos desenhos de coisas comuns (ou não tão comuns).

Essas formas de representação, seus significados e as notações correspondentes na

atualidade podem ser melhor visualizados na Figura 2:

Figura 2: Sistema de Numeração Egípcio

Fonte: http:www.google.com.br/blogspot.com

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O sistema de numeração egípcio não era posicional, ou seja, sua representação não

dependia da posição do símbolo; mas era aditivo, pois seus valores eram somados quando se

agregava mais de um símbolo, retratado na Figura 3:

Figura 3: Sistema de Numeração de Base 10

Fonte: http:www.google.com.br

SISTEMA DE NUMERAÇÃO DA MESOPOTÂMIA OU BABILÔNICO

Berlinghoff e Gouvêa (2012; p. 66), informa que, ”Dos vales do Tigre e do Eufrates,

a região conhecida como Mesopotâmia (agora parte do Iraque), do período entre 2000e 200

a.C., surgiu o sistema babilônico de numeração”.

O sistema de numeração da Mesopotâmia até o número 9 apresenta muitas

semelhanças com o sistema de numeração egípcio. Este sistema era considerado de base 60.

Embora não haja uma resposta concreta acerca do porquê da base 60, uma das hipóteses é de

que o número 60 permite várias subdivisões, ele pode ser dividido em metades, em terços,

quartos, quintos, entre outros (DOMINGUES, 1991).

O sistema era cuneiforme, pois seus desenhos eram gravados em forma de cunhas em

pedaços de argila como representados pela Figura 4:

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Figura 4: Sistema de Numeração Mesopotâmico de Base 60

Fonte: www.Google.com.br/invivo.fiocruz.br

Também conhecido como sistema de numeração babilônico, o sistema de numeração

Mesopotâmico usava apenas 2 símbolos.

O cravo indica o número 1.

A asna indica o número 10. Estes símbolos podiam ser repetidos até nove vezes. No caso do cravo, ele era

utilizado para representar os números de 1 a 9; a asna representava os números de 10 a 90.

(BIANCHINI, 2011).

Dessa forma, até o número 59, esse sistema era aditivo. Por exemplo, para escrever o

número 4, eram acrescentados 4 sinais correspondentes ao número 1 (cravo), para se escrever

o número 21; utilizavam-se dois símbolos que correspondiam ao número 10 (asna) e um

símbolo que era igual ao número 1(cravo). (DOMINGUES, 1991).

O sistema de numeração da Mesopotâmia também não apresentava o número 0

(zero). Além de apresentar alguns inconvenientes como, por exemplo, a representação para o

número 3, 62, 121 em que se utilizavam os mesmos símbolos; porém, em posições diferentes

(IMENES e LELLIS 1999), como pode ser observado na figura 5:

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Figura 5: Sistema de Numeração Babilônico

Fonte: Lellis e Imenes (1999). Acerca do sistema de numeração babilônico, Souza (2011, p. 07) afirma que:

[...] era uma mistura de base dez com base sessenta, no qual os números menores que 60 eram representados pelo uso de um sistema de base 10 simples, por agrupamentos; e o número 60 e os maiores eram designados pelo princípio da posição na base sessenta (...). Ainda hoje utilizamos este sistema ao medir o tempo em horas, minutos e segundos e os ângulos em graus. Um símbolo em uma seqüência fica, então, multiplicado por 60 cada vez que avançamos uma casa à esquerda.

Segundo Imenes e Lellis (1999, p. 26), “[...] o professor marroquino George Ifrah

dedicou boa parte de sua vida pesquisando sobre a história dos números, e não encontrou uma

explicação plenamente eficaz quanto a origem da base sessenta”.

Desse modo, o sistema de numeração babilônico era aditivo e posicional o que o

diferenciava do sistema de numeração egípcio.

SISTEMA DE NUMERAÇÃO ROMANO

Assim como o sistema de numeração egípcio e babilônico, a numeração romana

também é aditiva, mas com um aspecto peculiar introduzindo, mais tarde, a subtração. A

combinação de valores de dois símbolos também era encontrada por subtração.

O sistema numérico romano é um dos sistemas da Antiguidade que não desapareceu

por completo e, ainda hoje, é comumente usado para representar horas nos mostradores de

relógios, nas fachadas de prédios antigos, para representar datas, etc. (IMENES; LELIS,

1999).

Souza (2011, p. 11) afirma que “Roma foi o centro de uma das mais notáveis

civilizações da antiguidade, período que se manteve entre os anos 753 a.C. (data atribuída à

sua fundação) e 1453 (data atribuída à queda do Império Romano do Oriente)”.

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Os romanos utilizavam 7 letras como numerais, como nos mostra a figura 6:

Figura 6: Sistema de Numeração Romano

Fonte: www.clikipédia.com.br

Gongorra e Sodré (2005, p. 16) nos mostram que estas letras obedeciam a três

princípios, que será apresentado no quadro 1:

Quadro 1: Princípios de Representação do Sistema Romano de Numeração PRINCÍPIO EXEMPLOS

1 Todo símbolo numérico que possui valor

menor do que o que está à sua esquerda,

deve ser somado ao maior.

VI = 5 + 1 = 6 XII = 10 + 1 + 1 = 12 CLIII = 100 + 50 + 3 = 153

2 Todo símbolo numérico que possui valor

menor ao que está à sua direita, deve ser

subtraído do maior.

IX = 10 - 1 = 9 XL = 50 – 10 = 40 VD = 500 - 5 = 495

3 Todo símbolo numérico com um traço

horizontal sobre ele representa milhar e o

símbolo numérico que apresenta dois

traços sobre ele representa milhão.

XII = 12.000 X = 10.000.000 LII = 52. 000.000

Fonte: Quadro elaborado pelas autoras com base em Gongorra e Sodré (2005, p. 16). Imenes e Lellis (1999 p. 34) exemplificam, ainda, que os símbolos I, X, C, podem ser

usados até três vezes, como exemplifica o quadro 2:

Quadro 2: Símbolos que Poderiam ser Repetidos no Sistema Romano de Numeração SÍMBOLO EXEMPLO REPRESENTAÇÃO

I II 2

X XX 20

C DCCC 800

Fonte: Quadro elaborado pelas autoras com base em Imenes e Lellis (1999 p. 34).

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Bianchini (2011, p. 09) destaca outra curiosidade do sistema romano ao afirmar que

“[...] a repetição das letras V, L e D não ocorre, pois VV, LL, DD, VVV, por exemplo, têm

como representação X, C, M, XV, respectivamente”.

A numeração romana foi usada em livros até século XVIII, nos países europeus.

SISTEMA DE NUMERAÇÃO CHINÊS

O sistema numérico chinês do tipo híbrido é tido como um sistema de numeração

tradicional e posicional cujas operações encontram-se relacionadas ao produto e à soma.

Imenes & Lellis (1999, p. 28) informam que “Na longa história da civilização

chinesa, houve mais de um sistema numérico.”

O sistema de numeração mais utilizado pelos chineses apresentava os seguintes

símbolos, conforme projetados na Figura 7:

Figura 7: Sistema de Numeração Chinês

Fonte: https://www.google.com.br/search?q=

Esses símbolos são conhecidos ainda nos dias atuais, tanto pelos chineses

quanto pelos japoneses; embora eles utilizem, também, o mesmo sistema de numeração que

nós.

O antigo sistema de numeração chinês apresenta regras bem interessantes; como

pode ser observado na Figura 8:

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Figura 8: Sistema de Numeração Chinês

Fonte: https://www.google.com.br/search?q= Esse sistema de numeração é decimal e apresenta algumas semelhanças com nosso

sistema de numeração atual. Comparativamente, a nossa maneira de escrever 25 é muito

semelhante a dos chineses; a diferença é que, no nosso caso, o “dez” fica escondido, não

aparece na escrita. (IMENES; LELLIS, 1999).

SISTEMA DE NUMERAÇÃO GREGO A cultura grega faz parte da base da civilização ocidental. Foram os gregos os criadores das

Olimpíadas e, também, são eles os responsáveis pelo surgimento de algumas ciências, como a

Medicina e a Matemática. (IMENES; LELLIS, 1999).

Howard (2004, p. 35) descreve que

O sistema de numeração grego, conhecido como jônico ou alfabético, cujas origens situam-se já por volta do ano 450 a.C., é um exemplo desse sistema cifrado. Ele é decimal e emprega 27 caracteres – as letras do alfabeto grego mais três outras obsoletas: digamma, koppa e sampi. Embora se usassem letras maiúsculas (as minúsculas só muito mais tarde vieram a substituí-las).1

A figura seguinte ilustra o sistema de numeração adotado pelos gregos. Na primeira coluna de

cada um dos quadros, há a representação do sistema de numeração grego antes da introdução

das letras minúsculas e, na coluna seguinte, como ficou após o conhecimento das letras

minúsculas. (BOYER, 1996).

As demais colunas representam, respectivamente; o nome o símbolo e a

correspondência ao sistema numérico atual no Ocidente,vejamos Figura 9:

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Figura 9: Sistema de Numeração Grego

Fonte: http://www.google.com.br/imgres?imgurl

Segundo Boyer (1996, p. 41), “[...] para os primeiros nove múltiplos de mil, o sistema

adotou as primeiras nove letras do alfabeto, e essas letras eram precedidas por um risco ou um

acento”.

SISTEMA DE NUMERAÇÃO MAIA

A civilização maia habitou a América Central durante mais de mil anos, por volta de 300 a.C.

e tinha um sistema de numeração semelhante ao babilônico, eles também utilizavam apenas

dois símbolos para representar seus números, um ponto (.) para o número um e um traço

horizontal (–) para o número cinco. (BERLINGHOFF; GOUVÊA, 2010).

Esse sistema de numeração dos maias era de base 20 cuja origem encontra-se relacionada à

soma dos dedos dos pés e das mãos. Além disso, os maias utilizavam de um símbolo para

representar o nada, a ausência de algo que era representado pela forma de uma concha. Eles

também usavam agrupamentos símbolos para representar números grandes os quais eram

dispostos verticalmente, enquanto valores menores eram colocados na horizontal. (IMENES;

LELLIS, 1999).

Figura 10: Representação dos Símbolos Maias Dispostos na Horizontal.

Fonte : https://www.google.com.br/search?q=

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Figura 11: Exemplos do Sistema de Numeração Maia.

Fonte: Imenes; Lellis (1999, p. 37).

Figura 12: Representação dos Símbolos Maias Dispostos na Vertical.

Fonte: https://www.google.com.br/search?q=

Bernard Gundlach (1992, p. 35), relata que:

Talvez o uso sistemático mais antigo de um símbolo para zero num sistema de valor relativo se encontre na matemática dos maias das Américas Central e do Sul. O símbolo maia do zero era usado para indicar a ausência de quaisquer unidades das várias ordens do sistema de base vinte modificado. Esse sistema era muito mais usado, provavelmente, para registrar o tempo em calendários do que para propósitos computacionais.

O número 20 era representado por 1 ponto e 1 concha, o número 21 por 2 pontos, o 22 por 3

pontos; e, assim, sucessivamente. Porém, é importante observar a posição que cada ponto

ocupa; pois isso irá diferenciar os valores ou quantidades representados. (IMENES; LELLIS,

1999).

Assim, no sistema de numeração maia, o símbolo “.” (ponto) poderia ser usado até 4 vezes,

enquanto o símbolo “–“ (traço horizontal) só era utilizado até no máximo 3 vezes, esse

sistema também era posicional.

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SISTEMA DE NUMERAÇÃO INDO-ARÁBICO

Os algarismos indo-arábicos formam um sistema de numeração criado pelos Hindus,

aperfeiçoado e difundido ao longo dos séculos principalmente pelos árabes. Todos os sistemas

de numeração criados anteriormente foram substituídos pelo indo-arábico o qual utilizamos e

que o mundo usa até hoje; pois facilita o cálculo de situações cotidianas por conter o

algarismo zero, ser decimal e posicional. (IMENES; LELLIS, 2005, apud MARIUS;

ALMEIDA).

Berlinghoff e Gouvêa (2012, p. 65) afirmam que

Nosso modo atual de escrever números é chamado indo-arábico. Inventado na Índia em algum tempo antes de 600 d.C. e refinado nos séculos seguintes, ele foi adotado pelos árabes durante a expansão do Islã sobre a Índia nos séculos VII e VIII.

Segundo Bianchini (2011, p.16), “Os símbolos criados pelos indianos para a escrita

de números sofreram várias modificações ao longo do tempo, até chegar à representação

atual”. Esse processo de modificações pode melhor ser entendido a partir da figura 13:

Figura 13: Evolução do Sistema de Numeração Indo-Arábico

Fonte : https://www.google.com.br/search?q=

O primeiro número inventado foi o 1; ele significava o homem e sua unicidade; o

segundo número, o 2, significava a mulher da família, a dualidade e o número 3 (três)

significava muitos, multidão, o que significava que um número como o 5 não era entendido

como 5 unidades, mas como um símbolo independente (GONGORRA; SODRÉ, 2005).

Outra descoberta importante para esse período foi a criação do número zero que,

segundo Souza (2011, p.15), “[...] a origem do zero não é conhecida, mas acredita que

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antecedeu o ano 800 d.C.; pois o matemático persa Al–Khowarizmi, apresenta, em um livro

escrito no ano 825 d.C.; um sistema hindu completo”.

Ifrah (1997, p. 700), enfatiza que

Perante a necessidade de marcar a ausência de unidades numa certa posição, os hindus recorreram a um novo símbolo, que posteriormente designaremos por zero. Este “possui ao mesmo tempo um verdadeiro significado numérico: aquele de número «nulo»”.

O sistema de numeração indo-arábico é de base 10 e também é posicional, mas para

que uma notação numérica seja corretamente adaptada à prática das operações escritas é

necessário, não somente que ela descanse sobre o princípio da posição; mas que possua

também símbolos expressivos distintos. Outra condição para que esse sistema de numeração

seja perfeito, é possuir o zero. (IFRAH, 1997).

Ao analisar a nossa volta, não é difícil encontrar uma situação que não esteja, direta

ou indiretamente, ligada com os números. Segundo contexto histórico, os números,

inicialmente, eram utilizados para medir quantidades, hoje são usados pelo menos para 5

funções sociais (contar, medir, codificar, ordenar, quantificar).

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNS – (BRASIL 1999, p.

42).

A história da matemática pode oferecer uma importante contribuição ao processo de ensino e aprendizagem dessa área do conhecimento. Ao revelar a matemática como uma condição humana, ao mostrar as necessidades e preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, ao estabelecer comparações entre conceitos e processos matemáticos do passado e do presente, o professor cria condições para que o aluno desenvolva atitudes e valores mais favoráveis diante desse conhecimento.

Desse modo, é fundamental o conhecimento acerca da historicidade da origem e da

evolução das formas de representação dos números a fim de que o profissional da área de

Matemática possa melhor adequar e utilizar seus conhecimentos para possibilitar ao aluno o

domínio e a aplicação de suas habilidades e competências em Matemática.

CONCLUSÕES Conforme pesquisa realizada e cujos dados se encontram apresentados no presente artigo,

podemos perceber que a história da evolução dos números é um valioso recurso para se

perceber como a teoria e a prática matemática foram criadas; bem como tal instrumento serviu

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(e serve), como um dos grandes divisores para o desenvolvimento tanto matemático como

evolutivo do conhecimento humano, pois os números podem ser utilizados como solução para

resolver questões do cotidiano, contribuindo, assim, de maneira significante para diversas

áreas do saber.

Assim como evoluiu o sistema de numeração, as civilizações também evoluíram e

isso propiciou muitas mudanças desde o inicio das civilizações até os dias atuais; pois os

números estão presentes em basicamente todas nossas atividades.

O processo de ensino-aprendizagem é uma construção coletiva, processo em que o

professor deve atuar como facilitador. Como os processos de representação numérica

continuam a evoluir; é essencial, dentro desse contexto, valorizar experiências cotidianas do

aluno e contextualizá-las junto aos conceitos e princípios da Matemática a fim de que ele

possa agregar conhecimento ao seu local de vivências cotidianas.

A construção da significação dos números passa pela experiência evolutiva do

conhecimento humano através dos tempos e constitui uma forma única e fundamental de

representação de si mesmo e do mundo em que ele está inserido.

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