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A Fazenda Publica Em Juizo - 12 - Cunha, Leonardo Carneiro

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LIVRO PODER PÚBLICO

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  • Sobre o Autor

    Leonardo Carneiro da Cunha Advogado, Consultor Jurdico e

    Procurador do Estado de Pernambuco.Professor-adjunto da Faculdade de

    Direito do Recife (UFPE), onde obteveo ttulo de Mestre em Direito. Doutor em

    Direito pela PUC/SP, com Ps-doutorado pela Universidade de Lisboa.

    Integrou a Comisso de Juristascomposta para auxiliar a Cmara dos

  • Deputados na reviso do Projeto donovo Cdigo de Processo Civil.

  • Expediente

    Leonardo Carneiro da Cunha1 edio, Dialtica, 2003; 2 edio,Dialtica, 2005; 3 edio, Dialtica,2005; 4 edio, Dialtica, 2006; 5edio, Dialtica, 2007; 6 edio,Dialtica, 2008; 7 edio, Dialtica,2009; 8 edio, Dialtica, 2010; 9edio, Dialtica, 2011; 10 edio,Dialtica, 2012; 11 edio, Dialtica,2013; 12 edio, Dialtica, 2014

    marca registrada de Oliveira Rocha -Comrcio e Servios Ltda.

    Todos os direitos desta edio

  • reservados aOliveira Rocha - Comrcio e ServiosLtda.Rua Sena Madureira, 34CEP 04021-000 - So Paulo - SPe-mail: [email protected]/Fax (11) 5084-4544

    www.dialetica.com.br

    ISBN n 978-85-7500-251-3

    Na capa, reproduz-se, em destaque, obrade Marola Omartem

    Gerao de ePub: nsm

  • Dedicatria

    minha mulher, Tatiana, por tudo...e a Pedro e Lusa, frutos do nosso

    amor.

  • Nota do Autor 12 Edio

    O livro, nesta 12 edio, passou poruma ampla reviso, com atualizao dereferncias doutrinrias ejurisprudenciais.

    O Captulo 1 passou a contar com oitem 1.8 para tratar dos rgoslegislativos e de sua representaojudicial, a fim de contemplar a atividadedos Procuradores das AssembleiasLegislativas e das Cmaras Municipais,cada vez mais atuantes.

    J o Captulo 2 ganhou um novo item(o 2.4), que trata das intimaespessoais dos advogados pblicos.

    O Captulo 4 foi igualmente ampliado,

  • com a insero do item 4.8, que versasobre a prescrio das pretensesformuladas contra a Fazenda Pblicaquando fundadas na alegao de tortura.

    Por sua vez, o Captulo 5, maispropriamente o item 5.3, foi ampliadopara tratar da possibilidade dereconhecimento da procedncia dopedido pela Fazenda Pblica.

    O Captulo 12 tambm foi ampliado,passando a contar com um novo itemsobre o protesto cambial da certido dedvida ativa, alm de ter havido tambmbastantes atualizaes na parteconcernente execuo contra aFazenda Pblica e prpria execuofiscal.

  • Tambm houve atualizao noCaptulo 13, para mencionar e discutir oentendimento firmado pelo STJ nojulgamento do REsp 1.094.571/SP,submetido ao rito dos recursosrepetitivos, quanto dispensa dademonstrao da causa debendi na aomonitria fundada em cheque prescrito.

    O Captulo 14 foi atualizado parafazer meno ao entendimento quanto competncia da Justia Federal paraprocessar e julgar mandado desegurana impetrado contra ato deagente de sociedade de economia mistafederal.

    Houve, ainda, ampliao do Captulo15, que passou a ter um novo item, que

  • o 15.11, para tratar do pedido desuspenso em Juizados EspeciaisFederais e em Juizados Especiais daFazenda Pblica, tema que tambmacarretou a criao de novos itens noCaptulo 19.

    O Captulo 17 foi amplamentereformulado, passando a discorrer sobreo histrico da reclamaoconstitucional, de seus fundamentos e deseu cabimento em diversos outrostribunais, como o TSE, o TST, o STMetc.

    O livro passou por uma reviso geral,vindo a ser atualizado com novasindicaes bibliogrficas e recentesprecedentes jurisprudenciais.

  • Para a reviso geral do texto e dajurisprudncia, contei com o importanteapoio de Ravi de Medeiros Peixoto, aquem registro meu especialagradecimento.

    Agradeo igualmente a GustavoCarminatti, que me apresentou sugestese me mostrou um erro de grafia nocaptulo do Reexame Necessrio, bemcomo a Gabriela Figueiredo, aFrancisco Barros e Silva Neto e aFrederico Koehler, a primeira por tersugerido a insero de novo item sobreo pedido de suspenso de liminar ou desegurana em Juizados Especiais e estesdois ltimos pela interlocuo nesseassunto.

  • Registro tambm meu agradecimentoa Ricardo Benetti Fernandes Moa, queme sugeriu tratar da representaojudicial das Assembleias Legislativas eforneceu-me material importante para otema.

    Reafirmo minha satisfao pelaacolhida do pblico, o que permitiu olanamento de mais uma edio.Mantenho-me na expectativa de que olivro atenda aos interesses dosestudantes, dos profissionais e de todosque lidam com a Fazenda Pblica emjuzo.

    Leonardo Carneiro da Cunha

  • Introduo

    O Cdigo de Processo Civildisciplina as demandas individuais queenvolvam particulares. So poucos osdispositivos relacionados com aspessoas jurdicas de direito pblico.Com efeito, dentre as normas inseridasno sistema processual, despontamaquelas que conferem prerrogativas paraa Fazenda Pblica em juzo. A doutrina,em sua maioria, dedica pouca ateno aessas prerrogativas.

    As normas que regem a atividadeprocessual da Fazenda Pblica vmpassando a ter disciplina mais acentuadaem leis extravagantes.

  • O Direito Processual, como j seconsagrou cientificamente, instrumental, prevalecendo a ideia dainstrumentalidade do processo. Queristo dizer que o Direito Processual deveadequar-se s peculiaridades de dadodireito material. Da se falar, nos temposatuais, em tutelas diferenciadas,devendo haver um processo apto agarantir aquele direito especfico,mediante regras processuais que lhesejam apropriadas.

    No caso da Fazenda Pblica, elementar sua submisso aos princpiose regras de direito pblico, sendo certoque, no direito pblico, vigoram oprincpio da legalidade, a presuno de

  • legitimidade dos atos administrativos, aautoexecutoriedade dos atosadministrativos e a supremacia dointeresse pblico sobre o privado.

    Tais princpios e regras aplicam-se srelaes jurdicas de direito materialque envolvem a Fazenda Pblica, noguardando pertinncia com as relaesdas quais participem particulares. Logo,o processo que envolve a FazendaPblica deve adequar-se a taisprincpios e regras, devendo-seconferir-lhe um tratamento diferenciado,ou, como se diz, uma tutela diferenciada. por isso que existem procedimentosespecficos para demandas queenvolvam a Fazenda Pblica, tais como

  • o mandado de segurana, a ao dedesapropriao, a ao popular, a aocivil pblica, dentre outras.

    A sistematizao e o incremento dasnormas relativas Fazenda Pblica emjuzo vm ressaltando a ateno dealguns estudiosos, que consideram,inclusive, j haver um regime prpriorelativo ao tema, denominando-o deDireito Processual Pblico1.

    O objetivo do presente trabalho reunir algumas dessas regras,sistematizando-as e examinando-as numenfoque do tipo manual, permitindo aoestudante, ao advogado, ao professor, aojuiz, ao promotor de justia, enfim, aooperador do Direito que possa, num

  • nico livro, colher a meno e osesclarecimentos a respeito de taismatrias.

    O livro inicia com o conceito deFazenda Pblica e sua representao emjuzo, analisando a capacidadepostulatria e os detalhes darepresentao processual da Unio, dosEstados, do Distrito Federal, dosMunicpios, das autarquias e dasfundaes pblicas.

    Em seguida, so examinadas asprerrogativas processuais da FazendaPblica e a necessidade de mant-las,aps rpido enfoque sobre o princpioda isonomia e, igualmente, sobre ointeresse pblico. A partir da,

  • analisam-se, uma a uma, as regrasprocessuais pertinentes FazendaPblica, iniciando-se pelos prazos quelhe so conferidos no processo para,ento, examinar a questo da prescriodas pretenses formuladas em face daFazenda Pblica e, posteriormente, asituao da Fazenda Pblica como r.

    Destaca-se o captulo relativo sregras de despesas, honorriossucumbenciais, depsitos judiciais,custas e multas aplicveis FazendaPblica em juzo, com anlise dotratamento que lhe especificamentedispensado. Depois, examina-se ainterveno anmala prevista no art. 5,pargrafo nico, da Lei n 9.469, de 10

  • de julho de 1997, da se seguindo aexplanao dos argumentos relativos aocabimento da denunciao da lide pelaFazenda Pblica para, em seguida, tratardo reexame necessrio, j com asinovaes trazidas pela Lei n 10.352,de 26 de dezembro de 2001.

    Pem-se igualmente em relevo oscaptulos seguintes, que tratam dasliminares, cautelares e tutelasantecipadas concedidas contra aFazenda Pblica, bem como das regrasque as restringem. Aps, soexaminadas as normas relativas sexecues propostas pela FazendaPblica e, sobretudo, as que dizemrespeito s execues promovidas em

  • face dela. Nesse ponto, so analisadasas regras introduzidas pelas EmendasConstitucionais nos 30/2000, 37/2002 e62/2009, que alteraram a sistemtica doprecatrio, criando casos em que suaexpedio est dispensada, introduzindonova hiptese de preferncia norecebimento do crdito e inserindo umregime especial para viabilizar opagamento pelos Estados, pelo DistritoFederal e pelos Municpios, deprecatrios vencidos h anos. Quanto sexecues propostas pela FazendaPblica, h um ligeiro enfoque arespeito da execuo fiscal, bem comoum exame breve sobre a execuo demultas e condenaes impostas pelo

  • Tribunal de Contas e, bem ainda, sobre aexecuo de multa penal.

    Segue-se tratando do procedimentomonitrio e da divergncia quanto possibilidade de ele ser instauradocontra e pela Fazenda Pblica, da seseguindo um captulo que versa sobre omandado de segurana e, ainda, umoutro sobre as regras do pedido desuspenso de liminar, de segurana e detutela antecipada.

    H, ainda, um captulo que traz umaanlise sobre o controle judicial daatividade administrativa, sobrelevando adiscusso quanto ao controle judicial dopoder discricionrio.

    Destaca-se um captulo que trata da

  • reclamao constitucional, aoproposta nos tribunais com a finalidadede garantir a autoridade de seus julgadosou de preservar suas competncias. Porser um instrumento processual bastanteutilizado pela Fazenda Pblica em juzo, conveniente sua anlise nesta sede,sobretudo em razo da criao dasmula vinculante.

    O captulo seguinte versa sobre adesapropriao, examinando seusprincipais aspectos processuais.

    Finalmente, no ltimo captulo,analisam-se as principais regrasrelativas aos Juizados Especiais CveisFederais, que tem como rs a Unio, asautarquias, as fundaes e as empresas

  • pblicas federais e, bem ainda, as quedizem respeito aos Juizados Estaduaisda Fazenda Pblica, nos quais podemfigurar como rus os Estados, o DistritoFederal, os Territrios, os Municpios esuas autarquias, fundaes e empresaspblicas.

    Vindo a pblico o presente trabalho,espera-se que ele possa servir parainstigar os debates em torno das regrasque envolvem a Fazenda Pblica emjuzo, a fim de que se possa aperfeio-las ainda mais, servindo, demais disso,como ferramenta para o profissionalque lida com aes que envolvem aFazenda Pblica e, igualmente, para oestudante que no encontra, com

  • facilidade, todas essas regras reunidasnum s livro.1 H, inclusive, uma obra com esse ttulo, Direito

    Processual Pblico: a Fazenda Pblica em Juzo.So Paulo: Malheiros, 2000, composta de vriostrabalhos, palestras e debates reunidos, sob acoordenao de Carlos Ari Sundfeld e CassioScarpinella Bueno.

  • I - A Fazenda Pblica

    1.1. Conceito de Fazenda PblicaA expresso Fazenda Pblica

    identifica-se tradicionalmente como area da Administrao Pblica que tratada gesto das finanas, bem como dafixao e implementao de polticaseconmicas. Em outras palavras,Fazenda Pblica expresso que serelaciona com as finanas estatais,estando imbricada com o termo Errio,representando o aspecto financeiro doente pblico. No por acaso autilizao, com frequncia, daterminologia Ministrio da Fazenda ouSecretaria da Fazenda, para designar,

  • respectivamente, o rgodespersonalizado da Unio ou do Estadoresponsvel pela poltica econmicadesenvolvida pelo Governo.

    O uso frequente do termo FazendaPblica fez com que se passasse aadot-lo num sentido mais lato,traduzindo a atuao do Estado em juzo;em Direito Processual, a expressoFazenda Pblica contm o significadode Estado em juzo. Da por que,quando se alude Fazenda Pblica emjuzo, a expresso apresenta-se comosinnimo do Poder Pblico em juzo oudo Estado em juzo ou do ente pblicoem juzo, ou, ainda, da pessoa jurdicade direito pblico em juzo1.

  • Na verdade, a expresso FazendaPblica representa a personificao doEstado2, abrangendo as pessoasjurdicas de direito pblico. Noprocesso em que haja a presena de umapessoa jurdica de direito pblico, estapode ser designada, genericamente, deFazenda Pblica.

    A expresso Fazenda Pblica utilizada para designar as pessoasjurdicas de direito pblico que figuremem aes judiciais, mesmo que ademanda no verse sobre matriaestritamente fiscal ou financeira.

    Quando a legislao processualutiliza-se do termo Fazenda Pblicaest a referir-se Unio, aos Estados,

  • aos Municpios, ao Distrito Federal e asuas respectivas autarquias e fundaes.Em vrios dispositivos, o Cdigo deProcesso Civil alude expressoFazenda Pblica para referir-se quelesentes pblicos (arts. 20, pargrafo 4,27, 188, 277, caput, parte final, 988, IX,999, 1.002 e 1.007). H casos, porm,em que o Cdigo prefere discriminar asmodalidades fazendrias (arts. 475, 511,pargrafo 1, e 943), sendo certo que, noart. 1.143, a Fazenda Pblica Municipalest excluda3.

    A organizao da AdministraoPblica, no Brasil, segue as linhastracejadas pelo Decreto-lei n 200/67,de cujos dispositivos se extrai a diviso

  • da Administrao em direta e indireta.Integram a Administrao direta osrgos componentes dos entesfederativos, a saber: a Unio, osEstados, o Distrito Federal e osMunicpios. A par de tais pessoasjurdicas e dos rgos que as integram,permite-se o surgimento de outrasentidades administrativas, que compema Administrao indireta: so asautarquias, as fundaes pblicas, asempresas pblicas e as sociedades deeconomia mista. Estas 2 (duas) ltimas -empresas pblicas e sociedades deeconomia mista - revestem-se danatureza de pessoas jurdicas de direitoprivado, no integrando o conceito de

  • Fazenda Pblica. J a autarquia constituiuma pessoa jurdica de direito pblico,com personalidade jurdica prpria eatribuies especficas daAdministrao Pblica.

    Ora, se a expresso Fazenda Pblicaidentifica-se com as pessoas jurdicasde direito pblico, curial que somenteesto nela abrangidos a Unio, osEstados, os Municpios, o DistritoFederal e suas respectivas autarquias efundaes pblicas. Quanto sfundaes, a jurisprudncia vementendendo que, conquanto detenham taldenominao, aquelas tidas como dedireito pblico so criadas por lei paraexercer atividades prprias do Estado,

  • desincumbindo-se de atribuiesdescentralizadas dos servios pblicose sendo geridas por recursosoramentrios. So, portanto,equiparadas a autarquias. Ento, sempreque houver referncia legal a autarquias,as fundaes de direito pblico estoabrangidas4.

    A esse rol de pessoas jurdicas dedireito pblico acrescem as agncias,s quais se tem atribudo a naturezajurdica de autarquias especiais,significando dizer que tais agncias seconstituem de pessoas jurdicas dedireito pblico, destinadas adesempenhar atividade pblica5. Asagncias podem ser executivas ou

  • reguladoras. As primeiras consistem ementidades dotadas de competncia parao ... desempenho direto de atividadesadministrativas, inclusive comatribuio de tarefas materiais,mormente no mbito do desempenhodaquilo que, no mbito das concepescontinentais, se considera como funespblicas e servios pblicos, maseventualmente tambm no tocante aatividade econmica propriamentedita6. Por sua vez, as agnciasreguladoras ... disporiam decompetncia normativa, com poderespara disciplinar a prestao de serviospblicos por particulares ou odesempenho de atividades econmicas

  • privadas, mas de interesse coletivo7.As agncias executivas so autarquias

    e fundaes que assim passam a serconsideradas quando celebram contratode gesto com a Administrao direta,com o objetivo de fixar metas dedesempenho para a entidade, na formado art. 37, pargrafo 8 da ConstituioFederal8. Em outras palavras, no secriam, originariamente, agnciasexecutivas; na verdade, autarquias oufundaes j existentes, ao celebrarem oreferido contrato de gesto com aAdministrao direta, passam a ostentara natureza de agncias executivas, queso, em essncia, autarquias especiais.J as agncias reguladoras,

  • originalmente criadas por lei compersonalidade jurdica prpria,destinam-se a desincumbir-se de umatarefa normativa, podendo disciplinarquestes nas quais a AdministraoPblica exera poder de polcia, aexemplo do que ocorre nos setores deenergia eltrica, petrleo,comunicaes, em cujo mbito estosendo criadas agncias com o mister dedisciplinar aquela atividade especfica9.

    Sem embargo dessa distino, possvel que uma agncia executivadisponha de poder normativo e umaagncia reguladora possa desempenharfunes executivas10.

    O que importa deixar evidente que o

  • conceito de Fazenda Pblica abrange aUnio, os Estados, o Distrito Federal, osMunicpios e suas respectivasautarquias e fundaes pblicas, sendocerto que as agncias executivas oureguladoras, sobre ostentarem o matiz deautarquias especiais, integramigualmente o conceito de FazendaPblica.

    Tambm se revestem da natureza depessoas jurdicas de direito pblico,integrando, portanto, o conceito deFazenda Pblica, as associaespblicas (Cdigo Civil, art. 41, IV),constitudas na forma da Lei n 11.107,de 6 de abril de 2005, em razo daformao de consrcio pblico.

  • Realmente, o consrcio pblicoconstituir associao pblica ou pessoajurdica de direito privado. Constitudocomo associao pblica, adquirepersonalidade jurdica de direitopblico, mediante a vigncia das leis deratificao do protocolo de intenes,integrando a Administrao Indireta detodos os entes da Federaoconsorciados. Enfim, os consrciospblicos, constitudos sob a forma deassociao pblica, desfrutam dacondio de pessoas jurdicas de direitopblico, significando dizer que aassociao pblica integra o conceito deFazenda Pblica.

    evidncia, esto excludas do

  • conceito de Fazenda Pblica associedades de economia mista e asempresas pblicas. Embora integrem aAdministrao Pblica indireta, noostentam natureza de direito pblico,revestindo-se da condio de pessoasjurdicas de direito privado, a cujoregime esto subordinadas. Ento,quando se alude Fazenda Pblica, naexpresso no esto inseridas associedades de economia mista nem asempresas pblicas, sujeitas que so aoregime geral das pessoas jurdicas dedireito privado.

    1.2. A Capacidade Postulatria e aFazenda Pblica

    Os atos processuais esto sujeitos a

  • certos pressupostos para que possam terexistncia, devendo tambm atender arequisitos de validade.

    Um dos requisitos de validade dosatos processuais a capacidadepostulatria, que consiste napossibilidade de se postular em juzo.S quem detm essa capacidade, noprocesso civil brasileiro, o advogadoregularmente inscrito na OAB11,ressalvadas as causas de at 20 (vinte)salrios mnimos que tenham curso nosJuizados Especiais Cveis12 e quaisquercausas que tramitem nos JuizadosEspeciais Federais (tal comodemonstrado no subitem 19.3.2.1 infra,no necessria a presena de

  • advogado nos Juizados Federais,independentemente do valor da causa).Da por que, no sendo a parteadvogado, dever estar representada emjuzo por advogado legalmenteconstitudo, mediante apresentao deprocurao. Faltando esse pressuposto,e no estando a parte devidamenterepresentada por advogado, dever ojuiz aplicar o art. 13 do CPC,suspendendo o processo e assinandoprazo para a sanao do vcio. Nosanado o vcio pelo autor, ser extinto oprocesso sem resoluo do mrito. Casoa correo deva ser feita pelo ru e esteno a promover, ser reputado revel.Sendo a sanao atribuda a um terceiro,

  • e quedando este inerte, haver de serexcludo da demanda.

    Em se tratando da Fazenda Pblica,sua representao feita, via de regra,por procuradores judiciais, que sotitulares de cargos pblicos privativosde advogados regularmente inscritos naOAB, detendo, portanto, capacidadepostulatria. Como a representaodecorre da lei, prescindvel a juntadade procurao, de forma que osprocuradores representam a FazendaPblica sem necessidade de haverprocurao, eis que este decorre dovnculo legal mantido entre aAdministrao Pblica e o procurador.

    Vale dizer que os membros da

  • advocacia pblica so advogados, aquem se confere a capacidadepostulatria, ou seja, a possibilidade depostulao a qualquer rgo do PoderJudicirio. Uma vez investidos no cargoou funo, os procuradores pblicos

    ... adquirem o poder derepresentao pela s condiofuncional, o que os desonera deapresentao de instrumento demandato. Seria contraditrio quedetivessem aquela qualidade pordecorrncia normativa esimultaneamente houvessem decomprovar poder de representaovolitivo. A procurao materializao de negcio jurdico,

  • circunstncia incompatvel com anatureza da relao que seestabelece entre o rgo pblico eseus procuradores. Seu poder derepresentao est in re ipsa. Nopor acaso, descabesubstabelecimento dos poderesadvindos da lei decorrentes danomeao (fato que, mesmoinesperado, acontece no cotidianoforense).13

    Na verdade, a Procuradoria Judicial eseus procuradores constituem um rgoda Fazenda Pblica. Ento, o advogadopblico quando atua perante os rgosdo Poder Judicirio a Fazenda Pblicapresente em juzo. Em outras palavras, a

  • Fazenda Pblica se faz presente emjuzo por seus procuradores. Segundoclssica distino feita por Pontes deMiranda, os advogados pblicospresentam a Fazenda Pblica em juzo,no sendo correto aludir-se representao. Com efeito, o rgotorna presente, portanto presenta arespectiva pessoa jurdica de cujoorganismo faz parte. Esta a razo pelaqual no se haver de exigir a outorgade mandato pela Unio e demaisentidades de direito pblico a seusrespectivos procuradores.14

    J se v que, uma vez investido nocargo ou funo, o procurador pblicoadquire a representao (leia-se

  • presentao) da Fazenda Pblica,estando includos nessa representaoos poderes gerais para o foro.

    Cada pessoa jurdica de direitopblico tem sua prpria representao,destacada a seguir.

    1.3. Unio e sua RepresentaoJudicial

    A Unio, antes do advento daConstituio Federal de 1988, erarepresentada em juzo pelo MinistrioPblico Federal. Com a superveninciado atual texto constitucional, corrigiu-se... um equvoco que j durava mais deum sculo. O equvoco residia ematribuir ao Ministrio Pblico a funode advogado da Unio Federal cumulada

  • com a de fiscal da lei e titular da aopenal.15 A Procuradoria-Geral daRepblica, na representao da Unioem juzo, contava com o auxlio doMinistrio Pblico Estadual, a quem seconferia poderes para representar aFazenda Federal na cobrana de suadvida ativa.

    Atualmente, ao Ministrio Pblico vedada a representao judicial e aconsultoria jurdica de entidadespblicas, a teor do que estabelece aparte final do inciso IX do art. 129 daConstituio Federal de 1988.

    A Advocacia-Geral da Unio ainstituio que, diretamente ou mediantealgum rgo vinculado, representa

  • judicialmente a Unio. Cabem Advocacia-Geral da Unio as atividadesde consultoria e assessoramento jurdicoao Poder Executivo, nos termos da LeiComplementar n 73, de 10 de fevereirode 1993.

    A Advocacia-Geral da Uniocompreende (a) o Advogado-Geral daUnio, (b) a Procuradoria-Geral daUnio e a da Fazenda Nacional, (c) aConsultoria-Geral da Unio, (d) oConselho Superior da Advocacia-Geralda Unio, (e) a Corregedoria-Geral daAdvocacia da Unio, (f) asProcuradorias Regionais da Unio e asda Fazenda Nacional, e (g) asProcuradorias da Unio e as da Fazenda

  • Nacional nos Estados e no DistritoFederal e as Procuradorias Seccionaisdestas16.

    Subordina-se diretamente aoAdvogado-Geral da Unio, alm do seugabinete e dos rgos consultivos, aProcuradoria-Geral da Unio. AProcuradoria-Geral da FazendaNacional subordina-se, tcnica ejuridicamente, ao Advogado-Geral daUnio. Desse modo, so membros daAdvocacia-Geral da Unio: oAdvogado-Geral da Unio, oProcurador-Geral da Unio, oProcurador-Geral da Fazenda Nacional,os Procuradores Regionais, osProcuradores-Chefes, os Procuradores

  • Seccionais, os Advogados da Unio, osProcuradores da Fazenda Nacional, osAssistentes Jurdicos e os demaismembros previstos no pargrafo 5 doart. 2 da Lei Complementar n 73, de 10de fevereiro de 1993.

    Procuradoria-Geral Federal, quetambm est vinculada Advocacia-Geral da Unio, compete arepresentao judicial e extrajudicialdas autarquias e fundaes pblicasfederais, conforme ser melhorexplicitado no item 1.7 infra.

    Ao Advogado-Geral da Uniocompete representar a Unio perante oSupremo Tribunal Federal, cabendo-lhe,ainda, desistir, transigir, acordar e

  • firmar compromisso nas aes deinteresse da Unio, nos termos da Lei n9.469, de 10 de julho de 1997. Essasincumbncias de desistir e praticardemais atos de disposio de vontadepodem ser delegadas pelo Advogado-Geral da Unio ao Procurador-Geral daUnio.

    Muito embora o Advogado-Geraltenha a atribuio especfica derepresentar a Unio perante o SupremoTribunal Federal, -lhe facultadorepresent-la junto a qualquer juzo outribunal.

    A Procuradoria-Geral da Unio, queest subordinada direta e imediatamenteao Advogado-Geral, tem a incumbncia

  • de representar judicialmente a Unioperante os tribunais superiores. Valedizer que o Advogado-Geral representajudicialmente a Unio junto ao STF,ficando essa representao conferida aoProcurador-Geral perante os demaistribunais superiores. Nos demaistribunais - que no sejam superiores - arepresentao judicial da Unio conferida s Procuradorias Regionais daUnio, reservando-se s Procuradoriasda Unio, organizadas em cada Estado eno Distrito Federal, sua representaojudicial perante a primeira instncia daJustia Federal, comum e especializada.

    Conquanto o Procurador-Geralrepresente judicialmente a Unio perante

  • os Tribunais Superiores, a lei lhefranqueia tal representao perante osdemais tribunais e, igualmente, perante aprimeira instncia da Justia Federal.De igual modo, embora asProcuradorias Regionais atuem peranteos demais tribunais que no sejamsuperiores, -lhes facultado representara Unio igualmente junto primeirainstncia da Justia Federal.

    Na execuo de sua dvida ativa decarter tributrio e nas demais causas denatureza fiscal, a Unio representadapela Procuradoria-Geral da FazendaNacional. So consideradas causas denatureza fiscal as relativas a:

    a) tributos de competncia da Unio,

  • inclusive infraes legislaotributria;b) emprstimos compulsrios;c) apreenso de mercadorias,nacionais ou estrangeiras;d) decises de rgos docontencioso administrativo fiscal;e) benefcios e isenes fiscais;f) crditos e estmulos fiscais exportao;g) responsabilidade tributria detransportadores e agentes martimos;h) incidentes processuais suscitadosem aes de natureza fiscal.

    Demais disso, cabe Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional executar asdvidas do FGTS, as multas por infrao

  • CLT, questes relativas ao ImpostoTerritorial Rural - ITR e multas penaisno pagas.

    Na verdade, e consoante seranalisado no subitem 12.2.1, dasinscries em dvida ativa surgem asrespectivas certides de dvida ativa,que constituem o ttulo executivo quelastreia a execuo fiscal. Procuradoria da Fazenda Nacionalincumbe inscrever os crditos fiscais emdvida ativa, cabendo-lhe igualmentepromover a execuo de tais crditos.Em outras palavras, o que ela -Procuradoria-Geral da FazendaNacional - inscreve, ela cobra17.

    As decises do Tribunal de Contas da

  • Unio que condenem algumadministrador pblico ou ordenador dedespesa ao pagamento de multas ouressarcimento de valores pblicosconstituem ttulo executivo, a embasarexecuo proposta pela Advocacia-Geral da Unio, e no pela Procuradoriada Fazenda Nacional. que tal ttuloexecutivo no objeto de inscrio emdvida, nem se confunde com a certidode dvida ativa, no viabilizando apropositura de execuo fiscal, tal comoser visto adiante, no subitem 12.2.2.

    Enfim, a Unio ser representadajudicialmente pela Procuradoria daFazenda Nacional se a causa ostentarnatureza tributria ou fiscal, ou se se

  • tratar de execuo fiscal. Nos outrostipos de demanda, sua representao confiada Advocacia-Geral da Unio.

    A Unio citada nas causas em queseja interessada, na pessoa doAdvogado-Geral da Unio,privativamente, nas hipteses decompetncia do Supremo TribunalFederal. Nos casos de competncia dosTribunais Superiores, sua citao h deser feita na pessoa do Procurador-Geralda Unio. Nas hipteses de competnciados demais tribunais, a citao feita napessoa do Procurador-Regional daUnio, devendo a citao ser procedidana pessoa do Procurador-Chefe ou doProcurador-Seccional da Unio, nos

  • casos de competncia dos juzos deprimeiro grau.

    Em se tratando de demanda tributria,a Unio ser citada na pessoa doProcurador-Regional da FazendaNacional, nas hipteses de competnciados tribunais que no sejam superiores.E, nos casos de competncia dos juzosde primeiro grau, a citao opera-se napessoa do Procurador-Chefe ou doProcurador-Seccional da FazendaNacional.

    Se a demanda tributria tiver que serprocessada e julgada perante o STF, acitao e consequente representao daUnio competem ao Advogado-Geral18.Sendo tal tipo de demanda processada e

  • julgada num Tribunal Superior, a citaoe representao da Unio deveriamcaber, nos termos da Lei Complementarn 73/1993, ao Procurador-Geral daUnio, no havendo, nesses casos,interferncia da Procuradoria daFazenda Nacional.

    Sem embargo da deficincialegislativa, cumpre perfilhar aorientao segundo a qual, havendo umademanda tributria num TribunalSuperior, a citao e representao daUnio cabem ao Procurador-Geral daFazenda Nacional. Segundo ponderaJoo Carlos Souto:

    Conquanto a Lei Complementar n.73/93, numa falha gravssima, no

  • esclarea as atribuies doprocurador-geral da FazendaNacional, possvel concluir queelas so correlatas com as doprocurador-geral da Unio. Isto ,incumbe-lhe defender a UnioFederal, nas causas de naturezatributria, perante os tribunaissuperiores. Melhor seria dizerperante o Superior Tribunal deJustia, dada a dificuldade, ou quaseimpossibilidade, da existncia decausas de natureza fiscal correremem tribunais como o SuperiorTribunal Militar, o Tribunal SuperiorEleitoral ou o Tribunal Superior doTrabalho.

  • No fossem as omisses dolegislador de 1993 ao elaborar areferida Lei Orgnica, poder-se-iaconcluir que ele preferiu manter asatribuies do procurador-geral daFazenda Nacional previstas noDecreto-Lei n. 147/67, numa espciede recepo quela norma inferior.Esse decreto, porm, encontra-sedefasado, de uma poca em que aProcuradoria no dispunha deatribuio judicial, constitua-se (at1988) exclusivamente num rgoconsultor. Muitas de suas lacunasforam preenchidas pelo RegimentoInterno. O curioso que esseRegimento foi aprovado pela

  • Portaria MF n. 323, de 3 de outubrode 1988, anterior, portanto, promulgao da ConstituioFederal. No entanto, o referidoregimento j previa os TribunaisRegionais Federais, que s passarama existir legalmente a partir de 5 deoutubro daquele ano. Fizeram oRegimento com base na Constituioque viria a ser promulgada. Omnimo que se pode dizer que talprocedimento no se coaduna comum rgo incumbido de to relevantefuno.19

    Em suma, sendo a causa originria doSTF, a representao da Unio cabeprivativamente ao Advogado-Geral. Nos

  • demais rgos do Poder Judicirio, se acausa for tributria, a representao serconfiada Procuradoria da FazendaNacional; no sendo tributria, Advocacia-Geral da Unio, obedecidasas gradaes e divises j expostas.

    A representao da Unio compete,privativamente, aos seus procuradoresou advogados pblicos, no sendopossvel cometer essa representao aoPresidente da Repblica, ainda queostente a condio de advogadoregularmente inscrito na OAB. que,alm de tal funo ser privativa dosadvogados pblicos, a atividade dechefe do Poder Executivo incompatvel com o exerccio da

  • advocacia (Estatuto da OAB, art. 28, I).Assim, o advogado que vier a ocupar ocargo de Presidente da Repblica passa,enquanto estiver cumprindo o mandato, aexercer atividade incompatvel com aadvocacia.

    1.4. Estados e sua RepresentaoJudicial

    Os Estados so representadosjudicialmente pelos procuradores dosEstados, organizados em carreira, naqual o ingresso depende de concursopblico de provas e ttulos, com aparticipao da OAB em todas as suasfases. Os procuradores do Estadointegram a Procuradoria-Geral doEstado, rgo componente da

  • Administrao Pblica direta estadual.Nas aes propostas em face do

    Estado, no se afigura correto requerersua citao na pessoa do Governador,como se este fosse o seu representantejudicial. A citao do Estado deveoperar-se na pessoa do Procurador-Geral do Estado.

    Diferentemente do que sucede com aUnio, os Estados no tm suarepresentao dividida entre advogadose procuradores da Fazenda. Arepresentao dos Estados cometidaaos procuradores de Estado, cabendo adiviso, por matrias ou tarefas, aombito interno de organizaoadministrativa das Procuradorias, sem

  • que tal diviso repercuta narepresentao judicial do Estado.

    Desse modo, um procurador que,internamente, no mbito daProcuradoria, exera a funo especficade emitir pareceres ou examinarcontratos, pode representarjudicialmente a Fazenda Estadual emjuzo, justamente por ser procurador doEstado. Um procurador que esteja lotadono setor de execues fiscais poderepresentar judicialmente o Estado numademanda no tributria ou, at mesmo,trabalhista. O simples fato de serprocurador do Estado,independentemente da funo internaque exera, permite-lhe representar

  • judicialmente a Fazenda Estadual, semque isso traga alguma implicao para oprocesso.

    A Fazenda Estadual dispe delegitimidade para requerer a abertura deinventrios, devendo ser ouvida sobre adeclarao e avaliao de bens nessesprocessos, com a finalidade defiscalizar o recolhimento do imposto detransmisso causa mortis. Arepresentao dos Estados, nessasdemandas, feita igualmente pelosprocuradores de Estado, mesmo que acausa esteja sendo processada emcomarca do interior20.

    1.5. Municpios e sua RepresentaoJudicial

  • Os Municpios, na dico do art. 12,II, do CPC, so representados em juzopor seu procurador ou por seu prefeito.Bem se poderia ter mantido a mesmaregra existente para a Unio e para osEstados, cometendo aos procuradores arepresentao dos Municpios. S que, apar dos procuradores, se conferiuigualmente aos prefeitos a presentaodos Municpios em juzo.

    Em princpio, a representao doMunicpio em juzo atribuda aoprefeito. Tal representao somente sefar por procurador se a lei local criaresse cargo, com funo expressa derepresentao do ente poltico. Comefeito,

  • a distino importante, porque,onde no existir cargo deProcurador, a citao inicial serfeita na pessoa do Prefeito; e oadvogado que for encarregado dadefesa dos direitos do Municpionecessitar de procurao dada peloPrefeito, como representante doMunicpio. Mas onde existir o cargode Procurador, com poderesexpressos, a citao inicial ser feitaa esse, que no depende de mandatopara atuar nas causas em que forparte o Municpio.21

    Em alguns Municpios de pequenoporte, no h o cargo de procuradorjudicial, devendo, nessas hipteses, a

  • representao ser confiada ao prefeito,que poder constituir advogado,outorgando-lhe poderes medianteprocurao a ser exigida em juzo.

    H quem defenda a possibilidade de,sendo o prefeito advogado regularmenteinscrito na OAB, a defesa da FazendaMunicipal ser feita por ele mesmo,comparecendo em juzo na suapessoa22. Com o devido respeito a esseentendimento e sem embargo daautoridade doutrinria de quem odefende, parece no ser possvel aoprefeito, ainda que seja advogadoregularmente inscrito na OAB,promover, ele mesmo, a defesa dosinteresses do Municpio. que, segundo

  • o art. 28, I, do Estatuto da OAB, afuno de Chefe do Poder Executivo incompatvel com o exerccio daadvocacia, estando suprimida, enquantodurar o mandato eletivo, a capacidadepostulatria. Logo, o prefeito podereceber citao, mas dever constituiradvogado para representar o Municpio,caso no haja cargo prprio deprocurador judicial.

    1.6. Distrito Federal e suaRepresentao Judicial

    O Distrito Federal representado emjuzo por sua Procuradoria-Geral, que equiparada, para todos os efeitos, sSecretarias de Estado, tendo porfinalidade exercer a advocacia pblica,

  • cabendo-lhe, ainda, prestar a orientaonormativa e a superviso tcnica dosistema jurdico do Distrito Federal.

    A Procuradoria-Geral do DistritoFederal - PRG/DF - uma instituio denatureza permanente, essencial Justiae Administrao, competindo-lhe arepresentao judicial e a consultoriajurdica do Distrito Federal, comoatribuies privativas dos respectivosprocuradores, na forma do art. 132 daConstituio Federal.

    Nos termos da Lei Orgnica doDistrito Federal, a Procuradoria-Geral o rgo central do sistema jurdico doPoder Executivo, tendo como funesinstitucionais, dentre outras, representar

  • o Distrito Federal judicial eextrajudicialmente, alm de representara Fazenda Pblica perante os Tribunaisde Contas da Unio, do Distrito Federale Juntas de Recursos Fiscais, bem comoprestar orientao jurdico-normativapara a Administrao Pblica direta,indireta e fundacional e, bem ainda,efetuar a cobrana judicial da dvidaativa do Distrito Federal.

    Segundo estabelece a LeiComplementar distrital n 395, de 31 dejulho de 2001, em seu art. 6, III, ascitaes, intimaes e notificaesjudiciais endereadas ao DistritoFederal so recebidas pelo Procurador-Geral do Distrito Federal, a quem se

  • confere a possibilidade de delegar essaatribuio aos titulares dos rgossubordinados.

    1.7. Autarquias, Fundaes Pblicas esua Representao Judicial

    A representao judicial dasautarquias e fundaes pblicas feita,respectivamente, nos termos da lei queas criar e da lei que autorize suacriao. Desse modo, conformeestabelecido pelas normas criadoras, arepresentao pode ser confiada ao seudirigente mximo ou a procuradores(chamados de procuradores autrquicosou de procuradores de fundaes,respectivamente), caso sejam criadostais cargos no mbito interno das

  • autarquias e fundaes, com a funoexpressa de represent-las em juzo.

    Se, na lei criadora da autarquia oufundao, no houver regra expressanem se tiver criado, respectivamente, ocargo de procurador autrquico ou deprocurador da fundao, deve-seentender que a representao foiatribuda ao dirigente mximo, a quemse deve dirigir a citao inicial para queconstitua, por procurao, advogadopara acompanhar a demanda.

    frequente, contudo, que, no caso deautarquias ou fundaes estaduais, sejaatribuda sua representao aosprocuradores do Estado, os quais, almde representar o Estado, detm

  • igualmente a representao dasautarquias e/ou fundaes estaduais. Asituao ocorre, igualmente, quanto aosMunicpios e suas autarquias efundaes.

    No mbito federal, as autarquias efundaes dispem de quadro prpriode procuradores federais. S que o art.11-A da Lei n 9.028, de 12 de abril de1995, acrescido pela Medida Provisrian 2.180-35/2001, autorizou aAdvocacia-Geral da Unio a assumir,por suas Procuradorias, temporria eexcepcionalmente, a representaojudicial de autarquias ou fundaespblicas nas hipteses de (a) ausnciade procurador ou advogado e (b)

  • impedimento dos integrantes do rgojurdico. Tal representao judicialextraordinria poder ocorrer porsolicitao do dirigente da entidade oupor iniciativa do Advogado-Geral daUnio.

    A ausncia de procurador ouadvogado - situao que gera a assunoda representao da autarquia oufundao pela Advocacia-Geral daUnio - configura-se tambm na hiptesede no haver rgo jurdico integranteda respectiva Procuradoria ouDepartamento Jurdico, em cidade sedede rgo judicirio perante o qual corrao feito de interesse da autarquia oufundao.

  • A Medida Provisria n 2.180-35/2001 acrescentou um anexo V referida Lei n 9.028/1995, contendo arelao de vrias autarquias e fundaesfederais, cuja representao judicialpassou a ser feita, diretamente, pelosrgos prprios da Advocacia-Geral daUnio, permanecendo os rgosjurdicos daquelas entidadesresponsveis pelas respectivasatividades de consultoria eassessoramento jurdicos. Significa que,no caso de tais entidades, a Advocacia-Geral da Unio absorveu suarepresentao judicial, a quem devemser dirigidas, inclusive, as citaes,intimaes e notificaes destinadas

  • quelas autarquias e fundaes.Pela Lei n 10.480, de 2 de julho de

    2002, foi criada a Procuradoria-GeralFederal, qual se assegurou autonomiaadministrativa e financeira, vinculada Advocacia-Geral da Unio, incumbindoa esta ltima a sua superviso. Procuradoria-Geral Federal compete arepresentao judicial e extrajudicialdas autarquias e fundaes pblicasfederais, as respectivas atividades deconsultoria e assessoramento jurdicos,a apurao da liquidez e certeza doscrditos, de qualquer natureza, inerentess suas atividades, inscrevendo-se emdvida ativa, para fins de cobranaamigvel ou judicial.

  • Integram a Procuradoria-GeralFederal as Procuradorias,Departamentos Jurdicos, ConsultoriasJurdicas ou Assessorias Jurdicas dasautarquias e fundaes federais, comorgos de execuo desta, mantidas assuas atuais competncias.

    Ao Procurador-Geral Federal,nomeado pelo Presidente da Repblica,mediante indicao do Advogado-Geralda Unio, compete exercer arepresentao das autarquias efundaes federais junto ao SupremoTribunal Federal e aos TribunaisSuperiores, nada impedindo, contudo,que atue perante qualquer outro juzo outribunal. O Procurador-Geral pode

  • delegar essa representao junto ao STFe aos tribunais superiores aosProcuradores-Gerais ou Chefes deProcuradorias, Departamentos,Consultorias ou Assessorias Jurdicasde autarquias e fundaes federais.

    A representao judicial exercidapela Advocacia-Geral da Unio naforma dos arts. 11-A e 11-B da Lei n9.028/1995, acrescentados pela MedidaProvisria n 2.180-35/2001, poder sergradualmente assumida pelaProcuradoria-Geral Federal, conformeato do Advogado-Geral da Unio.

    Significa, ento, que as autarquias efundaes federais devem,gradativamente, ser representadas pelos

  • procuradores federais, que integram aProcuradoria-Geral Federal, vinculada Advocacia-Geral da Unio.

    O Banco Central do Brasil, diante dalegislao prpria, ficou de fora dessaregra, mantendo quadro prprio deprocuradores autrquicos, no seconfundindo nem pertencendo categoria dos procuradores federais.

    De igual modo, a Procuradoria-Geralda Fundao Nacional do ndiopermanece responsvel pelas atividadesjudiciais que, de interesse individual oucoletivo dos ndios, no se confundamcom a representao judicial da Unio.Na hiptese de coexistirem, emdeterminada demanda, interesses da

  • Unio e de ndios, a Procuradoria-Geralda Fundao Nacional do ndioingressar no feito juntamente com aProcuradoria da Advocacia-Geral daUnio.

    J se viu que as agncias executivasou reguladoras ostentam natureza deautarquias especiais, aplicando-se-lhes,portanto, todas essas regras pertinentess autarquias. Passaro, portanto, a serrepresentadas pelos procuradoresfederais.

    1.8. Os rgos Legislativos e suaRepresentao Judicial

    Os advogados pblicos representamas pessoas jurdicas de direito pblico,estando, entretanto, ligados ao Poder

  • Executivo. Tem sido crescente a criaode cargos de Procuradores dasAssembleias Legislativas e das CmarasMunicipais. Em outras palavras, htambm advogados pblicos ligados aoPoder Legislativo.

    Os Procuradores das AssembleiasLegislativas e os Procuradores dasCmaras Municipais prestam consultoriae assessoria jurdica a tais rgosparlamentares. Ademais, representam-nos em juzo.

    A ttulo exemplificativo, pode-seobservar que cabe s Procuradorias dosrgos legislativos o exame de todos osatos de concesso ou reconhecimento dedireitos e vantagens dos servidores do

  • Poder Legislativo (aposentadoria,adicionais, licena etc.), bem como aanlise de minutas de contratos e editaisde licitao dos referidos rgoslegislativos (Lei n 8.666/1993, art. 38,pargrafo nico) no seu relacionamentocom fornecedores e prestadores deservios.

    No desempenho da representaojudicial do Poder Legislativo, cabe, porexemplo, s suas Procuradorias prestarinformaes em favor das respectivasMesas Diretoras nos mandados desegurana que ataquem atos por elaspraticados, alm de elaborar asinformaes a serem prestadas na defesada constitucionalidade de dispositivos

  • da Constituio do Estado, de leis locaisou de resolues, quando questionadosem Ao Direta de Inconstitucionalidadeperante o STF ou o Tribunal de Justiado Estado.

    A propsito, oportuno registrar quea jurisprudncia do Supremo TribunalFederal reconhece a ocorrncia desituaes em que o Poder Legislativonecessite praticar em juzo, em nomeprprio, uma srie de atos processuaisna defesa de sua autonomia eindependncia frente aos demaisPoderes, nada impedindo que assim ofaa por meio de um setor pertencente asua estrutura administrativa, tambmresponsvel pela consultoria e

  • assessoramento jurdico de seus demaisrgos. Precedentes: ADI 175, DJ08.10.93 e ADI 825, DJ 01.02.93.23

    Sabe-se que as Cmaras Municipais eas Assembleias Legislativas so entesdespersonalizados, constituindo,respectivamente, rgos dos Municpiose dos Estados.

    A doutrina tradicional entende que osentes despersonalizados no detmcapacidade jurdica, no devendo,portanto, revestir-se da condio departe em processos judiciais. Para taldoutrina tradicional, somente aquelesentes previstos no art. 12 do CPC (aexemplo do esplio e do condomnio) que poderiam ser parte, pois, embora

  • desprovidos de personalidade jurdica,teriam a chamada personalidadejudiciria.

    Na verdade, a falta de personalidadejurdica no conduz, necessariamente, ausncia de capacidade. Conquanto seafirme que a capacidade seja umelemento da personalidade, nem sempreque haja capacidade deve existir,necessariamente, personalidade. Emalgumas hipteses, o legislador entendedesnecessrio atribuir personalidade aalguns entes, mas lhes asseguracapacidade jurdica e processual24.Tais entes no so pessoas, mas sosujeitos de direito, podendo ser titularesde poderes, deveres, direitos, nus e

  • faculdades, de ndole material ouprocessual25.

    Da se infere que h sujeitos dedireito que no so pessoas, mas se lhesatribui capacidade jurdica. Isso poderiacausar a impresso de que haveriapesos ou graus de personalidade. Oque se percebe, entretanto, que apersonalidade jurdica no sofrevariaes: ou o sujeito a tem ou no atem; ou ele ou no pessoa.

    De igual modo, no h meiacapacidade. No se pode dizer que osujeito tenha capacidade paradeterminados atos, no a detendo paraoutros. Ou se tem, ou no se temcapacidade jurdica. Ora, inegvel que

  • a Assembleia Legislativa e a CmaraMunicipal detm capacidade jurdica. Aelas o sistema confere aptido genricapara adquirir direitos e contrairobrigaes, titularizando poderes,deveres, direitos, nus e faculdades,alm de posies jurdicas em relaesde direito material e de direitoprocessual. Com efeito, tais entespodem, por exemplo, impetrar mandadode segurana para o resguardo deprerrogativas institucionais, podendo,ademais, realizar concurso pblico parapreenchimento de vagas em seusquadros funcionais, alm de poder - edever - realizar licitaes para aaquisio de bens e servios26.

  • Enfim, a Assembleia Legislativa e aCmara Municipal detm capacidadejurdica. No se pode dizer que acapacidade jurdica limitada quelesatos acima mencionados. Se se temcapacidade jurdica, no se pode limit-la. Tendo capacidade jurdica, taisrgos legislativos so sujeitos dedireito, valendo dizer que ostentam aaptido genrica para adquirir direitose contrair obrigaes, de sorte quepodem ser parte em juzo, figurandocomo autores ou rus em processosjudiciais.

    Muitas vezes, as demandas sopropostas pelo ou em face do Estado oudo Municpio, e no por ou em face de

  • rgos legislativos ou entesdespersonalizados que os integram, noporque a estes rgos falte capacidadejurdica. No isso. Tais rgos tm,impe-se reafirmar, capacidade jurdica.O que eles no tm - na grande maioriadas demandas - legitimidade parafigurar no polo ativo ou no polo passivoda causa.

    Assim, por exemplo, numa demandaindenizatria decorrente de um atopraticado por um servidor daAssembleia Legislativa ou da CmaraMunicipal, aquela ou esta no detmlegitimidade passiva ad causam, pois aresponsabilidade pelos atos de agentespblicos , respectivamente, do Estado

  • ou do Municpio. Se, entretanto, forquestionada a legalidade de um atopraticado por um daqueles rgoslegislativos, ou se um deles precisardefender uma prerrogativa institucional,ter legitimidade para a causa. E, nessescasos, dever ser representado em juzopelo Procurador da Assembleia ou peloProcurador da Cmara.

    A jurisprudncia do Superior Tribunalde Justia admite mandado de seguranaimpetrado por Cmara Municipal ...para defender os seus interessesestritamente institucionais, ou seja,aqueles relacionados ao funcionamento,autonomia e independncia do rgo,no se enquadrando, nesse rol, o

  • interesse patrimonial do entemunicipal27.

    A Presidncia do STJ j aprecioupedido de suspenso de seguranaajuizado por Cmara Municipal,indeferindo o pedido, da se seguindoagravo interno interposto pela prpriaCmara Municipal que veio a serjulgado pela Corte Especial do STJ28.

    Em casos como esses, a CmaraMunicipal deve ser representada por seuprocurador. De igual modo, aAssembleia Legislativa, quando seapresenta em juzo, deve estarrepresentada por seu procurador.

    Quando o rgo legislativo temlegitimidade para estar em juzo, dever

  • ser representado pelo seu procurador,que o advogado pblico que orepresenta. Alis, o STF, ao julgar aAo Direta de Inconstitucionalidade n119, decidiu que No inconstitucionalnorma da Constituio do Estado queatribui ao procurador da AssembleiaLegislativa ou, alternativamente, aoprocurador-geral do Estado, aincumbncia de defender aconstitucionalidade de ato normativoestadual questionado em controleabstrato de constitucionalidade na esferade competncia do Tribunal de Justia.Previso que no afronta a ConstituioFederal, j que ausente o dever desimetria para com o modelo federal, que

  • impe apenas a pluralidade delegitimados para a propositura da ao(art. 125, 2, CF/88). Ausncia deofensa ao art. 132 da Carta Poltica, quefixa a exclusividade de representao doente federado pela Procuradoria-Geraldo Estado, uma vez que nos feitos decontrole abstrato de constitucionalidadenem sequer h partes processuaispropriamente ditas, inexistindo litgio naacepo tcnica do termo.291 Segundo anota Hely Lopes Meirelles, A

    Administrao Pblica, quando ingressa em juzopor qualquer de suas entidades estatais, por suasautarquias, por suas fundaes pblicas ou por seusrgos que tenham capacidade processual, recebe adesignao tradicional de Fazenda Pblica, porqueseu errio que suporta os encargos patrimoniais dademanda. (Direito Administrativo Brasileiro. 23edio, 2 tiragem, atualizada por Eurico de Andrade

  • Azevedo, Dlcio Balestero Aleixo e Jos EmmanuelBurle Filho. So Paulo: Malheiros, 1998, p. 590)

    2 DINAMARCO, Cndido Rangel. Fundamentos doProcesso Civil Moderno. Tomo I, 3edio. SoPaulo: Malheiros, 2000, n. 78, p. 179.

    3 VIANA, Juvncio Vasconcelos. Execuo contra aFazenda Pblica. So Paulo: Dialtica, 1998, p. 15.

    4 Eis o teor de alguns precedentes jurisprudenciais:Administrativo e Processual Civil. Fundao deSade Instituda pelo Poder Pblico atravs de Lei.Pessoa Jurdica de Direito Pblico. Aplicao daRegra Inserta no art. 188 do CPC. No-incidnciado art. 16, I, do CC. Precedentes do STF e do STJ.Recurso Conhecido e Provido.I - Fundao instituda pelo poder pblico, atravs delei, com fim de prestar assistncia social coletividade, exerce atividade eminentementepblica, pelo que no regida pelo inciso I do art. 16do CC. Trata-se, na verdade, de pessoa jurdica dedireito pblico, fazendo jus s vantagens insertas noart. 188 do CPC.II - Recurso especial conhecido e provido.(Acrdo unnime da 2 Turma do STJ, REsp

  • 148.521/PE, rel. Min. Adhemar Maciel, j. 16/6/1998,DJ de 14/9/1998)Administrativo - Fundao - Acumulao de Cargo- artigo 99, parg. 2, C.F./67 - artigos 5, XIII, e 37,XVII, C.F./88 - Lei Estadual n. 11.311/87.1. Fundao, instituda e fiscalizada pelo PoderPblico, com patrimnio pblico, mantida por verbasoramentrias, criadas para a execuo deatividades pblicas descentralizadas, sujeita aotribunal de contas, inserindo-se na administraoindireta do Estado, so pessoas jurdicas de direitopblico e os seus cargos, funes ou empregos,portanto, so pblicos, sob a disciplina da vedao deacumulao (art. 99, parg. 2, C.F./67; art. 37,XVII, C.F./88).2. Forte manifestao doutrinria, inclusive, afirmaque tais fundaes so espcie do gnero autarquia.3. Reconhecimento da proibio de acumular oemprego em causa com outro cargo pblico.4. Recurso improvido. (Acrdo unnime da 1Turma do STJ, ROMS 464/CE, rel. Min. Milton LuizPereira, j. 20/9/1993, DJ de 18/10/1993)

    5 JUSTEN FILHO, Maral. O Direito das Agncias

  • Reguladoras Independentes. So Paulo: Dialtica,2002, p. 391.

    6 Ibidem, p. 66.7 Idem.8 Assim dispe o pargrafo 1 do art. 1 do Decreto n

    2.487, de 2 de fevereiro de 1998: A qualificao deautarquia ou fundao como agncia executivapoder ser conferida mediante iniciativa doMinistrio supervisor, com anuncia do Ministrio daAdministrao Federal e Reforma do Estado, queverificar o cumprimento, pela entidade candidata qualificao, dos seguintes requisitos: a) tercelebrado contrato de gesto com o respectivoMinistrio supervisor; b) ter plano estratgico dereestruturao e de desenvolvimento institucional,voltado para a melhoria da qualidade da gesto epara a reduo dos custos, j concludo ou emandamento.O art. 51 da Lei n 9.649, de 27 de maio de 1998,ostenta a seguinte redao: O Poder Executivopoder qualificar como Agncia Executiva aautarquia ou fundao que tenha cumprido osseguintes requisitos: I - ter um plano estratgico de

  • reestruturao e de desenvolvimento institucional emandamento; II - ter celebrado Contrato de Gestocom o respectivo Ministrio Supervisor. 1 Aqualificao como Agncia Executiva ser feita emato do Presidente da Repblica. 2 O PoderExecutivo editar medidas de organizaoadministrativa especficas para as AgnciasExecutivas, visando assegurar a sua autonomia degesto, bem como a disponibilidade de recursosoramentrios e financeiros para o cumprimento dosobjetivos e metas definidos nos Contratos deGesto.

    9 PEREIRA, Hlio do Valle. Manual da FazendaPblica em Juzo. Rio de Janeiro: Renovar, 2003, p.11.

    10 JUSTEN FILHO, Maral. Ob. cit., p. 66.11 Tambm dispe da capacidade postulatria o

    membro do Ministrio Pblico, pois, embora no sejainscrito na OAB e ostente a incompatibilidade com aadvocacia, dispe de atribuies constitucionais (CF,art. 129) que o habilitam a postular um juzo,conferindo-lhe capacidade postulatria. O membroda Defensoria Pblica tambm dispe de capacidade

  • postulatria. Assim dispe o art. 4, 6, da LeiComplementar n 80/1994: A capacidadepostulatria do Defensor Pblico decorreexclusivamente de sua nomeao e posse no cargopblico. O Defensor Pblico representa a parteindependentemente de procurao, salvo nos casosem que se exigem poderes especiais (LC 80/1994,arts. 44, XI, 89, XI e 128, XI).

    12 Nesse caso, a capacidade postulatria conferida prpria parte (Lei n 9.099/1995, art. 9). Essa amais difundida exceo no processo civil. H outras,no processo penal (habeas corpus e revisocriminal) e no processo do trabalho. No mbito dosprocessos objetivos de controle concentrado deconstitucionalidade, entende-se que o Governador deEstado detm o jus postulandi para o ajuizamentode ao direta de inconstitucionalidade ou dearguio de descumprimento de preceitofundamental e, igualmente, para a reclamaoconstitucional por descumprimento de deciso nelasproferida (cf. acrdo do Pleno do STF, Rcl1.915/SP, rel. Min. Maurcio Corra, j. 4/12/2003, DJde 6/2/2004, p. 33). Com efeito, Governador de

  • Estado detm aptido processual plena para proporao direta (ADIMC 127/AL, Rel. Min. Celso deMello, DJ 04.12.92), bem como argio dedescumprimento de preceito fundamental,constituindo-se verdadeira hiptese excepcional dejus postulandi. (Acrdo do Pleno do STF, ADPF33, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 7/12/2005, DJ de27/10/2006, p. 31)

    13 PEREIRA, Hlio do Valle. Manual da FazendaPblica em Juzo. Rio de Janeiro: Renovar, 2003, p.82.

    14 SILVA, Ovdio A. Baptista da. Comentrios aoCdigo de Processo Civil. Vol. 1. So Paulo: RT,2000, p. 96.

    15 SOUTO, Joo Carlos. A Unio Federal em Juzo.2 edio. So Paulo: Saraiva, 2000, p. 25.

    16 Sobre a estrutura e organizao da Advocacia-Geral da Unio, vista com detalhes e comprofundidade, consultar: SOUTO, Joo Carlos. Ob.cit., pp. 34-147.

    17 SOUTO, Joo Carlos. Ob. cit., p. 96.18 Assim j decidiu o STF, em deciso da qual se

    extrai o seguinte excerto: Representao judicial da

  • Unio no STF: atribuio do Advogado-Geral daUnio (LC 73/93, art. 4, III), que abrange ascausas de natureza fiscal no confiadasprivativamente Procuradoria-Geral da FazendaNacional (LC 73/93, art. 12, II e V): vcio deilegitimidade ad processum do Procurador-Geral daFazenda Nacional suprido, no caso, pela adoo dopedido de suspenso de segurana pelo Procurador-Geral da Repblica. (Acrdo no unnime doPleno do STF, SS 1.015-AgR/SP, rel. Min. CarlosVelloso, j. 3/6/1996, DJ de 24/9/1999, p. 40)

    19 A Unio Federal em Juzo. Ob. cit., p. 107.20 Celso Agrcola Barbi entende que, nos processos de

    inventrio que tramitem nas comarcas do interior, aaudincia da Fazenda Estadual poderia ser feita napessoa dos coletores de impostos ou de rgosequivalentes, sendo dispensvel a oitiva deprocuradores judiciais (Comentrios ao Cdigo deProcesso Civil. Vol. I, 8 edio. Rio de Janeiro:Forense, 1993, n. 137, pp. 90-91). Com o devidorespeito opinio do mestre, parece que, com oadvento da Constituio Federal de 1988, que atribui,no seu art. 132, a representao dos Estados aos

  • seus procuradores, aquela prtica adotada comfrequncia nas comarcas do interior deixou de serpossvel, devendo o Estado ser ouvido na pessoa deseus procuradores, ainda que se trate de comarcasituada no interior do Estado.

    21 BARBI, Celso Agrcola. Ob. cit., p. 91.22 SILVA, Ovdio A. Baptista da. Comentrios ao

    Cdigo de Processo Civil. Ob. cit., p. 97.23 Acrdo do Pleno do STF, ADI 1.557, rel. Min.

    Ellen Gracie, j. 31/3/2004, DJ de 18/6/2004, p. 43.24 A propsito, merece registro a lio de Marcos

    Bernardes de Mello: O direito atribui a todo serhumano, indistintamente, capacidade jurdica quese define como a atribuio da possibilidade de sersujeito de direito, isto , de ser titular de direitos eobrigaes na ordem civil (Cdigo Civil, art. 2). ,portanto, a capacidade jurdica imanente personalidade civil. Essa imanncia conduz, em geral,a doutrina a confundir capacidade jurdica compersonalidade de direito. Erroneamente, porm, umavez que o conceito de capacidade jurdica bemmais amplo que o de personalidade civil. (Teoria dofato jurdico: plano da validade. 2 edio. So

  • Paulo: Saraiva, 1997, p. 21) E, mais frente, conclui:Na verdade, embora toda pessoa (fsica ou jurdica)possa ser sujeito de direito (= tem capacidadejurdica), h outros entes que tambm o podem ser. o caso, por exemplo, do nascituro, a quem seresguardam os direitos hereditrios, da heranajacente, da sociedade no-personificada (denominadaimpropriamente de sociedade de fato ou irregular),da massa falida, que, sem serem pessoas, sotitulares de obrigaes e direitos. Se a esses seres seatribui a titularidade de certos direitos e obrigaes,de capacidade processual, de legitimidade adcausam etc., no h como negar-lhes a condio desujeitos de direito. O ser pessoa, do ponto de vistajurdico, atribuio (= eficcia jurdica) que o direitofaz aos seres humanos e a certos entes criados peloshomens. O fato de o sistema jurdico no lhesreconhecer personalidade no lhes tira a condio detitulares de situaes jurdicas. (Ob. cit., nota derodap n. 36, p. 21)

    25 Interessante e esclarecedor o texto de JosCarlos Barbosa Moreira sobre ser o nascituro titularde direitos. Mesmo ainda no tendo personalidade, o

  • nascituro desfruta de direitos, sobretudo do direito vida (O direito do nascituro vida. Repertrio deJurisprudncia IOB n 24, volume III, 2 quinzenade dezembro de 2005, 23336, pp. 740-736).

    26 Nesse sentido: Ambos, personificados ou no-personificados, podem assumir situaes jurdicas,portanto o Direito reconhece-lhes a aptido de sertermo de relao jurdica. A teoria dos sujeitos dedireito precisa ser repensada, pois no se justifica,pelo exame do direito positivo, que no se reconheacapacidade jurdica a entes a que o ordenamentojurdico atribui aptido para ter direitos e contrairobrigaes, embora no lhes tenha sido atribudapersonalidade jurdica. Como negar a qualidade desujeito de direito a um condomnio, que temempregados e conta bancria? Como dizer que oMinistrio Pblico e outros rgos pblicos, porquergos, no tm capacidade jurdica, se o Direito, no 6 do art. 5 da Lei Federal n. 7.347/85, instituiu ochamado compromisso de ajustamento de conduta,acordo extrajudicial com fora de ttulo executivo,celebrado entre rgos pblicos (inclusive o prprioMinistrio Pblico) legitimados proteo dos

  • interesses difusos e coletivos e os futuros rus deao civil pblica? Como dizer que sociedades no-personificadas no so sujeitos de direito, seingressam em diversas relaes jurdicas, atravs deseus rgos: realizam negcios jurdicos de locao,contratam empregados, podem ingressar em juzo emcaso de negativa do registro ou da autorizao etc.?H quem defenda, inclusive, a personificao jurdicada famlia - e no so poucos. (DIDIER JR.,Fredie. Pressupostos Processuais e Condies daAo: o Juzo de Admissibilidade do Processo.So Paulo: Saraiva, 2005, p. 117)

    27 Acrdo da 2 Turma do STJ, REsp 1.429.322/AL,rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 20/2/2014,DJe de 28/2/2014.

    28 Acrdo da Corte Especial do STJ, AgRg na SS2.465/BA, rel. Min. Ari Pargendler, j. 9/6/2011, DJede 17/8/2011.

    29 Acrdo do Pleno do STF, ADI 119, rel. Min. DiasToffoli, j. 19/2/2014, DJe-062 divulg. 27/3/2014,public. 28/3/2014.

  • II - Prerrogativas Processuaisda Fazenda Pblica

    2.1. O Princpio da Isonomia noProcesso

    A Constituio Federal, em seu art.5, enuncia que todos so iguaisperante a lei. O contedo poltico-ideolgico de tal princpioconstitucional denota que a lei nodeve ser fonte de privilgios ouperseguies, mas instrumento reguladorda vida social que necessita tratarequitativamente todos os cidados1. Oprincpio da igualdade, longe depretender conferir tratamento

  • substancialmente idntico a todas aspessoas, entes, sujeitos e organismos,leva em conta as diversidades de cadaum, tomando como parmetro a notria eantiga lio de Aristteles, segundoquem a igualdade consiste em tratarigualmente os iguais e desigualmente osdesiguais.

    O que se deve aquilatar, contudo, soos critrios eleitos para separar pessoasem grupos para fins de tratamentosjurdicos diversos. elementar que afuno dos textos normativos consiste,basicamente, em discriminar situaespara, ento, enquadr-las em hiptesesespecficas. O fator de discriminaoest, como se v, presente - e at

  • inerente - na elaborao dos textosnormativos. Da a razo pela qual se faznecessrio indagar quais asdiscriminaes juridicamenteintolerveis, pois essas no podem seradmitidas, eis que atentatrias aoprincpio da igualdade2.

    Na verdade, o princpio da igualdadedirige-se, em princpio, ao prpriolegislador, que no pode incorporar nalegislao discriminaes intolerveisou, melhor dizendo, desarrazoadas.Significa que a razoabilidade finca aaplicao do princpio da isonomia.

    As diferenas previstas em lei devem,portanto, decorrer de razesjustificveis, devendo, enfim, ter

  • supedneo na razoabilidade.No processo civil, o princpio da

    igualdade contm previso no art. 125, I,do CPC, que o erige a norma cogente, namedida em que atribui ao juiz o dever deassegurar s partes um tratamentoisonmico3. Em verdade, o que se exigedo juiz que confira s partes igualdadede oportunidades, para que, exercendo ocontraditrio, possam ter a chance detentar participar do seu convencimento,trazendo os elementos necessrios esuficientes a demonstrar o acerto darespectiva tese ou defesa.

    Considerando, porm, que se deve, naaplicao do princpio da isonomia,levar na devida conta a ideia aristotlica

  • de conferir tratamento igual aos iguais edesigual aos desiguais, h regras, noprocesso, que se apresentamdiferenciadas, com vistas a alcanarequilbrio e adaptar-se speculiaridades daquela parte que detmuma nota marcante e diferenciada emrelao s demais.

    Da por que se confere um curadorespecial ao ru preso, porquanto suasituao peculiar exige tratamentodiferenciado, liberando-o, inclusive, donus da impugnao especificada dosfatos (CPC, art. 302, pargrafo nico).Da mesma forma, havendo interesse deincapaz, confere-se tratamentodiferenciado, exigindo-se a interveno

  • obrigatria do Ministrio Pblico comofiscal da lei (CPC, art. 82, I), a quem seconfere nus e poderes para requererdiligncias e provas que poderobeneficiar o incapaz (CPC, art. 83, II).

    Nesse mesmo contexto, h regrasespeciais conferidas Fazenda Pblica,dentre as quais sobressai a prerrogativade prazos diferenciados, a fim de seatender sua situao no processo, quese revela diferente da situao dosparticulares ou dos entes privados.

    H quem questione a validade ouconstitucionalidade dessas regrasdiferenciadas que so conferidas Fazenda Pblica no processo. Noparece haver qualquer bice existncia

  • de tais regras, consoante se passa ademonstrar nos tpicos seguintes.

    2.2. A Fazenda Pblica e o InteressePblico

    vetusta a ideia de que o todo vemantes das partes, remontando aAristteles o primado do pblico,resultando na contraposio do interessecoletivo ao interesse individual e nanecessria subordinao, at a eventualsupresso, do segundo ao primeiro, bemcomo na irredutibilidade do bem comum soma dos bens individuais4.

    Da resulta o princpio da supremaciado interesse pblico sobre o particular,constituindo um dos alicerces de todo o

  • direito pblico5. bem verdade queno h, expressamente, um texto ouenunciado, contido na ConstituioFederal, do qual se extraia tal princpio.Sua consolidao, todavia, decorre,como visto, de uma ideia antiga epraticamente universal, segundo a qualse deve conferir prevalncia ao coletivoem detrimento do individual6. Ademais,h normas que no possuem um texto aelas diretamente relacionado, no sendoinusitado existir um princpio sem quehaja um texto que o prevejaexpressamente.

    A expresso interesse pblicoexsurge associada, no raras vezes, aoutros termos similares, tais como

  • interesse geral, interesse difuso,interesse coletivo, utilidade pblica,ora mencionados no mesmo sentido, oraem sentidos dspares.

    O interesse pblico identifica-se coma ideia de bem comum7 e reveste-se deaspectos axiolgicos, na medida em quese preocupa com a dignidade do serhumano8.

    Na verdade, o interesse social e ogeral esto relacionados com acoletividade ou com a sociedadecivil, enquanto o interesse pblicomantm ligao com o Estado. AoEstado cabe no somente a ordenaonormativa do interesse pblico, mastambm a soberana indicao do seu

  • contedo. O interesse pblico constituiinteresse de que todos compartilham. Afinalidade dos atos administrativos devevir informada pelo interesse pblico. Aexpresso interesse pblico evoca,imediatamente, a figura do Estado e,mediatamente, aqueles interesses que oEstado escolheu como os maisrelevantes, por consultarem aos valoresprevalecentes na sociedade. H umaaproximao terminolgica entreinteresse pblico e interesse geral. Ointeresse pblico no a soma deinteresses particulares, sendo certo quea Administrao competente paradefinir o interesse pblico naquilo queno constitui domnio reservado ao

  • legislador. O interesse pblico invoca apresena do Estado-administrador ou doEstado-legislador, devendo estarpresente tanto no momento daelaborao da lei como no de suaexecuo pelo administrador pblico9.O interesse pblico inspira olegislador e vincula a autoridadeadministrativa em toda a suaatuao10.

    O interesse pblico quando serefere aos beneficirios da atividadeadministrativa, e no aos entes que aexercem. No dizer de Maria SylviaZanella Di Pietro, a AdministraoPblica no titular do interessepblico, mas apenas a sua guardi; ela

  • tem que zelar pela sua proteo. Da aindisponibilidade do interessepblico.11 Pode-se dizer, valendo-sedas palavras de Joo Caupers, que overdadeiro fio condutor da atividadeadministrativa a prossecuo dointeresse pblico. O Estado no detmexclusividade na prossecuo dosinteresses pblicos, muito embora adefinio destes constitua monoplio dalei12. Sem embargo de o Estado no sero nico a buscar e alcanar o interessepblico, sua atuao marcada por talbusca, no devendo afastar-se desseobjetivo.

    Com efeito, a Fazenda Pblicarevela-se como fautriz do interesse

  • pblico, devendo atender finalidadeda lei de consecuo do bem comum, afim de alcanar as metas de manter aboa convivncia dos indivduos quecompem a sociedade. No que aFazenda Pblica seja titular do interessepblico, mas se apresenta como o entedestinado a preserv-lo. Diferentementedas pessoas jurdicas de direito privado,a Fazenda Pblica no consiste nummero aglomerado de pessoas, compersonalidade jurdica prpria; algo amais do que isso, tendo a difcilincumbncia de bem administrar a coisapblica. Da ter se tornado jargoprprio a afirmativa de que o Estado sotodos, e no um ente destacado com vida

  • prpria.

    2.3. A Necessidade de se conferiremPrerrogativas Processuais FazendaPblica

    Em razo da prpria atividade detutelar o interesse pblico, a FazendaPblica ostenta condio diferenciadadas demais pessoas fsicas ou jurdicasde direito privado. Alm do mais,

    quando a Fazenda Pblica est emjuzo, ela est defendendo o errio.Na realidade, aquele conjunto dereceitas pblicas que pode fazer faces despesas no deresponsabilidade, na sua formao,do governante do momento. toda asociedade que contribui para isso.

  • (...) Ora, no momento em que aFazenda Pblica condenada, sofreum revs, contesta uma ao ourecorre de uma deciso, o que seestar protegendo, em ltima anlise, o errio. exatamente essa massade recurso que foi arrecadada e queevidentemente supera, a sim, ointeresse particular. Na realidade, aautoridade pblica meraadministradora.13

    Isso j seria o suficiente parademonstrar que a Fazenda Pblicaapresenta-se em situao bastantediferenciada dos particulares,merecendo, portanto, um tratamentodiverso daquele que lhes conferido.

  • Exatamente por atuar no processo emvirtude da existncia de interessepblico, consulta ao prprio interessepblico viabilizar o exerccio dessa suaatividade no processo da melhor e maisampla maneira possvel, evitando-secondenaes injustificveis ou prejuzosincalculveis para o Errio e, de resto,para toda a coletividade que seriabeneficiada com servios pblicoscusteados com tais recursos.

    Para que a Fazenda Pblica possa,contudo, atuar da melhor e mais amplamaneira possvel, preciso que se lheconfiram condies necessrias esuficientes a tanto. Dentre as condiesoferecidas, avultam as prerrogativas

  • processuais, identificadas, por alguns,como privilgios. No se trata, a bem daverdade, de privilgios. Estes - osprivilgios - consistem em vantagenssem fundamento, criando-se umadiscriminao, com situaes dedesvantagens14. As vantagensprocessuais conferidas FazendaPblica revestem o matiz deprerrogativas, eis que contmfundamento razovel, atendendo,efetivamente, ao princpio da igualdade,no sentido aristotlico de tratar os iguaisde forma igual e os desiguais de formadesigual.

    Ora, a Fazenda Pblica, que representada em juzo por seus

  • procuradores, no rene as mesmascondies que um particular paradefender seus interesses em juzo. Almde estar defendendo o interesse pblico,a Fazenda Pblica mantm umaburocracia inerente sua atividade,tendo dificuldade de ter acesso aosfatos, elementos e dados da causa. Ovolume de trabalho que cerca osadvogados pblicos impede, de igualmodo, o desempenho de suas atividadesnos prazos fixados para osparticulares15.

    Demais disso, enquanto um advogadoparticular pode selecionar suas causas,recusando aquelas que no lhe convm,o advogado pblico no poder declinar

  • de sua funo, deixando de proceder defesa da Fazenda Pblica16.

    A jurisdio exercida nas causas daFazenda Pblica sempre foi assuntoafeto ao Direito Administrativo, pois,histrica e materialmente, tais questesconfinavam-se no mbito da prpriaAdministrao Pblica. O deslocamentopara o Poder Judicirio, como ressaltaCastro Nunes, em obra clssica17,constituiu um passo avanado que,todavia, no tira s questesdecorrentes de atos do Estado,sobretudo quando atue como pessoapoltica ou Poder Pblico, a sua ndolede questes de direito administrativo.

    Alis, diversos ordenamentos

  • europeus, tidos como de primeiromundo, e que, secularmente, pem emdestaque a obedincia aos princpiosrepublicanos, do devido processo legale da isonomia, chegam a subtrair Justia Comum, via de regra, as causasem que seja parte a AdministraoPblica, para confi-las a outro conjuntode rgos, que no integramnecessariamente o mecanismo judicial epodem fazer parte do prprio aparelhoadministrativo. Tpico exemplo dessasituao o contenciosoadministrativo francs, cujos rgosso ligados Administrao Pblica,no se situando no mbito da JustiaComum, sendo seu rgo de cpula o

  • Conseil dtat, e no a Cour deCassation. Tal diferenciao decorreexatamente da presena da FazendaPblica no processo, na condio departe.

    Situao semelhante ocorre no Direitoitaliano, onde existe igualmenteseparao entre a Justia ordinria e achamada Justia administrativa. Deigual modo, na Espanha h estruturaespecial para o exerccio da jurisdio,quando presente na causa a FazendaPblica.

    No Direito portugus, h tambm ajurisdio administrativa, que resulta deuma determinao constitucional. AConstituio portuguesa impe a

  • existncia de uma categoria diferenciadade tribunais administrativos e fiscais18.Em Portugal, o contenciosoadministrativo fora criado, inicialmente,para apreciar meios de reao dosparticulares contra atos supostamenteilegais da Administrao Pblica.Segundo Srvulo Correia, pode-seconceituar o ContenciosoAdministrativo como a instituiocaracterizada pelo exerccio, por umaordem jurisdicional administrativa, dejurisdio administrativa segundo meiosprocessuais predominantementeespecficos19. A partir demodificaes legislativas operadasdesde o incio de 2002, passou-se a

  • admitir ter o contencioso administrativoportugus sido erigido condio deverdadeira justia administrativa,sendo-lhe concedidos novos poderesque lhe permitem no s apreciar alegalidade dos actos como de condenara Administrao prtica de actos,estabelecer prazos para o efeito e atsubstituir Administrao, adoptandoprovidncias de execuo das suasdecises20.

    Na Alemanha, h 3 (trs) sistemasdistintos do comum, para o processo ejulgamento de causas que envolvam aFazenda Pblica: (a) aVerwaltungsgerichtsbarkeit (jurisdioadministrativa), (b) a

  • Finanzgerichtsbarkeit (jurisdiofinanceira) e (c) a Sozialgerichtsbarkeit(jurisdio social), cada uma sendoregida por legislao prpria21.

    Como se v, no se pode negar que,no mundo todo, a Fazenda Pblica bemdiferente dos particulares, razo por querecebe tratamento diferente. Por issomesmo, a doutrina j nega a existnciade igualdade entre a Fazenda Pblica eos particulares.

    Ora, sabe-se que o princpio daisonomia traduz a ideia aristotlica (ou,antes, pitagrica como prefereGiorgio Del Vecchio) de igualdadeproporcional, prpria da justiadistributiva, segundo a qual se deve

  • tratar os iguais de forma igual e osdesiguais de forma desigual. Sendo aFazenda Pblica desigual frente aoparticular, somente estar atendido oprincpio da igualdade se lhe forconferido tratamento desigual.

    Considerando que o princpio daisonomia decorre dessa ideia de tratarigualmente os iguais, tratando-se osdesiguais de maneira desigual, existemvrias regras, no Cdigo de ProcessoCivil, que contemplam tratamentodesigual, e nem por isso se est aafrontar o princpio da isonomia. Muitopelo contrrio. Nesses casos, atende-seao princpio da isonomia.

    Tudo isso, aliado ao fato de a

  • Fazenda Pblica ser promotora dointeresse pblico, justifica a manutenode prerrogativas processuais, e noprivilgios, institudas em favor daspessoas jurdicas de direito pblico.

    2.4. Intimao Pessoal dos AdvogadosPblicos

    Os membros da Defensoria Pblicadispem da prerrogativa de seremintimados pessoalmente de todos os atosdo processo (Lei n 1.060/1950, art. 5,pargrafo 5; Lei Complementar n80/1994, arts. 44, I, 89, I e 128, I). Deigual modo, os membros do MinistrioPblico dispem da prerrogativa deserem intimados pessoalmente de todosos atos do processo, em qualquer grau

  • de jurisdio, mediante a entrega dosautos com vista (Lei n 8.625/1993, art.41, IV).

    Os advogados pblicos dispem daprerrogativa de intimao pessoal,mediante carga dos autos, na execuofiscal (Lei n 6.830/1980, art. 25),conforme demonstrado no subitem12.2.1.4.9 infra.

    Abstrada a hiptese de execuofiscal, a intimao pessoal constituiprerrogativa dos Advogados da Unio,dos Procuradores da Fazenda Nacional,dos Procuradores Federais e do BancoCentral, no se estendendo aosProcuradores Estaduais, nemMunicipais.

  • Segundo anotado em precedente doSuperior Tribunal de Justia,

    Conforme a jurisprudncia destaCorte, os Procuradores de Estadono possuem a prerrogativa daintimao pessoal, que deferidaaos Procuradores Federais,Advogados da Unio, Procuradoresda Fazenda Nacional, DefensoresPblicos e membros do MinistrioPblico. Nesse sentido: AgRg noREsp 1.327.094/AL, 2 Turma, Rel.Min. Mauro Campbell Marques, DJede 14/8/2012; AgRg no REsp1.167.300/AM, 5 Turma, Rel. Min.Gilson Dipp, DJe de 6/12/2010;AgRg no Ag 1.165.090/GO, 5

  • Turma, Rel. Min. Felix Fischer, DJede 4/10/2010; e REsp1.148.482/GO, 2 Turma, Rel. Min.Castro Meira, DJe de 21/5/2010.22

    Efetivamente,Nos termos da jurisprudncia doSTJ, a intimao dos procuradoresdos Estados e dos Municpios, nosprocessos em que funcionarem, deveobservar a regra geral do art. 236 doCPC, consubstanciada na intimaovia publicao no rgo oficial daimprensa, salvo as excees de quetratam os arts. 25 da Lei deExecues Fiscais, 19 da Lei10.910/2004, 9 e 13 da Lei12.016/2009. Precedentes: AgRg no

  • REsp 1.257.527/PA, Rel. MinistroArnaldo Esteves Lima, PrimeiraTurma, DJe 20/09/2012 e EDcl noREsp 984.880/TO, Rel. MinistroHerman Benjamin, rel. p/ acrdoMinistro Mauro Campbell Marques,Segunda Turma, DJe 26/04/2011.23

    A legislao federal somente outorgaa prerrogativa da intimao pessoal aosAdvogados Pblicos da FazendaPblica Federal, no a prevendo para osda Fazenda Estadual, nem para os daMunicipal. possvel, entretanto, que alegislao estadual preveja aprerrogativa da intimao pessoal aosProcuradores do Estado. Isso porque,conforme j decidiu o Superior Tribunal

  • de Justia, A Constituio Federal de1988 concedeu competncia concorrenteaos Estados-membros para legislaremsobre normas de procedimento emmatria processual (art. 24, XI). Assim,na ausncia de lei federal e existindo leilocal dispondo sobre a prerrogativa deintimao pessoal aos procuradoresestaduais, h que se observ-la.24

    Nesse caso julgado pelo STJ, foireconhecida a tempestividade dorecurso especial interposto pelo Estadoda Bahia, pois seus procuradores gozamda prerrogativa de intimao pessoal,no contando o prazo da data depublicao do acrdo no Dirio daJustia. No obstante o entendimento do

  • STJ de que os Procuradores do Estadono dispem da prerrogativa daintimao pessoal, os AdvogadosPblicos baianos detm tal vantagem,em virtude do disposto nos arts. 58, III,da Lei Complementar Estadual n8.207/2002 e 53 da Lei ComplementarEstadual n 34/2009.

    Ao apreciar o AgRg no Agravo emRecurso Especial n 217.029/PB, oMinistro Herman Benjamin reconheceuque os Procuradores do Estado daParaba dispem da prerrogativa deintimao pessoal, em razo do quedispe o art. 136, XI, da Constituio doEstado da Paraba.

    A intimao pessoal pode ser

  • garantida por lei estadual ou pelaprpria Constituio Estadual.

    No havendo dispositivo dalegislao local que confira talprerrogativa, os Procuradores do Estadoe do Municpio devem ser intimados porpublicao no Dirio da Justia. Sehouver tal previso, tero a prerrogativada intimao pessoal.

    J os Advogados da Unio, osProcuradores da Fazenda Nacional, osProcuradores Federais e os do BancoCentral do Brasil dispem, todos eles,da prerrogativa de intimao pessoal.

    Em execuo fiscal, todo e qualquerAdvogado Pblico dispe daprerrogativa de intimao pessoal,

  • mediante carga ou remessa dos autos,conforme se v no subitem 12.2.1.4.9infra.1 MELLO, Celso Antnio Bandeira de. Contedo

    Jurdico do Princpio da Igualdade. 3 edio.So Paulo: Malheiros, 2002, p. 10.

    2 Ibidem, p. 11.3 A aplicao, pelo juiz, do princpio da isonomia no

    decorre apenas do que dispe o Cdigo de ProcessoCivil, mas especialmente em razo do comandoconstitucional (MARTINS, Nelson Juliano Schaefer.Princpio da Isonomia e Tratamento Desigual sPartes no Processo Civil. Revista Dialtica deDireito Processual 6:71-87. So Paulo: Dialtica,setembro de 2003, p. 76).

    4 BOBBIO, Norberto. Estado, Governo, Sociedade:para uma Teoria Geral da Poltica. 3 edio.Traduo de Marco Aurlio Nogueira. Rio deJaneiro: Paz e Terra, 1987, pp. 24-25.

    5 Cada vez se consolida o entendimento segundo oqual o princpio da supremacia do interesse pblicosobre o particular no deve ser fixado ou

  • considerado aprioristicamente, cabendo analis-lo emcada caso concreto, sopesando e ponderando osinteresses em conflito, com base no postulado daproporcionalidade. Diante da proporcionalidade, possvel que, no caso concreto, o interesse particularprevalea ao pblico. Em outras palavras, possvelque o interesse pblico esteja presente, exatamente,na prevalncia do interesse particular. Sobre oassunto, vale a pena consultar: Interesses Pblicosversus Interesses Privados: desconstruindo oPrincpio da Supremacia do Interesse Pblico.Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005, composto detrabalhos reunidos, sob a organizao de DanielSarmento. Essa orientao, contudo, no elimina asregras e prerrogativas da Fazenda Pblica em juzo,consistindo, apenas, num interessante e apropriadomtodo de aplicao das regras de direito pblico.

    6 Interesse pblico constitui um conceito jurdico vagoou indeterminando, merecendo anlise no casoconcreto para, diante do princpio daproporcionalidade, ser verificada sua presena.Constatada a presena do interesse pblico, estedeve prevalecer sobre o particular. No esse o

  • entendimento de Raquel Cavalcanti RamosMachado, para quem somente possvel referir-se supremacia do interesse pblico sobre o particularquando se tratar de conflito entre interesse pblicoprimrio e interesse particular no protegido pornorma de direito fundamental. E, ainda nesse caso, aAdministrao ter de agir proporcionalmente, ouseja, sempre visando ao atendimento do interessepblico primrio, restringindo o interesse particular docidado somente na medida do estritamentenecessrio. (Interesse Pblico e Direitos doContribuinte. So Paulo: Dialtica, 2007, n. 4.2.4, p.119)

    7 CAUPERS, Joo. Introduo ao DireitoAdministrativo. 8 edio. Lisboa: ncora, 2005, n.14.1, p. 65.

    8 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella.Discricionariedade Administrativa naConstituio de 1988. So Paulo: Atlas, 1991, p.157.

    9 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. InteressesDifusos: Conceitos e Legitimao para agir. 4edio. So Paulo: RT, 1997, pp. 28-32.

  • 10 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella.Discricionariedade Administrativa naConstituio de 1988. So Paulo: Atlas, 1991, p.160.

    11 Ibidem, p. 163.12 Introduo ao Direito Administrativo. 8 edio.

    Lisboa: ncora, 2005, n. 14.1, pp. 65-66.13 MORAES, Jos Roberto de. Prerrogativas

    Processuais da Fazenda Pblica. DireitoProcessual Pblico: a Fazenda Pblica em Juzo.Coordenao de Carlos Ari Sundfeld e CassioScarpinella Bueno. So Paulo: Malheiros, 2000, p.69.

    14 Ibidem, p. 68.15 NERY JUNIOR, Nelson. Princpios do Processo

    Civil na Constituio Federal. 3 edio. SoPaulo: RT, 1996, p. 45.

    16 Idem.17 Da Fazenda Pblica em Juzo. Rio de Janeiro:

    Freitas Bastos, 1950, pp. 63-64.18 CAUPERS, Joo. Introduo ao Direito

    Administrativo. 8 edio. Lisboa: ncora, 2005, n.93, p. 283.

  • 19 Direito do Contencioso Administrativo. Lisboa:Lex, 2005, p. 34.

    20 BRITO, Wladimir. Lies de Direito ProcessualAdministrativo. Coimbra: Coimbra Editora, 2005, n.1.1.1, p. 10. Cumpre observar que, em Portugal, noobstante os tribunais administrativos constiturem ajurisdio comum com competncia em matria delitgios emergentes de relaes jurdico-administrativas, no constituem uma jurisdioexclusiva no que respeita aos conflitos emergentesde tais relaes. Na verdade, as leis atribuem aostribunais judiciais a resoluo de diversos tipos delitgios decorrentes de relaes jurdicas destaespcie, como sucede com o contencioso dos actosnotariais e registrais, com o contencioso das contra-ordenaes e com os litgios relativos aos montantesdas indemnizaes devidas por expropriaes porutilidade pblica. (CAUPERS, Joo. Introduo aoDireito Administrativo. 8 edio. Lisboa: ncora,2005, n. 93, pp. 283-284)

    21 Entendendo que a Fazenda Pblica no deve gozarde regras diferenciadas, porque tais regras noestariam de acordo com o princpio da isonomia,

  • Fernando Gama de Miranda Netto, em expressareferncia ao quanto afirmado aqui neste trecho dopresente livro, diz que, na Alemanha, h meraespecializao dessas Justias, a exemplo do queocorre na Justia do Trabalho brasileira; aquelesseriam meros rgos da Justia alem, integrantes doPoder Judicirio, no havendo, nos diplomas que osregem, qualquer privilgio para o Poder Pblico(nus da Prova no Direito Processual Pblico.Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 69). Logo, naopinio do referido autor, a existncia de tais rgosjurisdicionais alemes no seria indicativo danecessidade de se conferir tratamento diferenciado Administrao Pblica. Ora, exatamente pordesfrutar de situao peculiar que existem rgosespecficos, integrantes do Poder Judicirio,especialmente estruturados para as demandas queenvolvem a Fazenda Pblica. Fosse esta igual aosparticulares, no haveria razo para que se criassemrgos jurisdicionais prprios destinados a processare julgar as causas que a envolvem. Veja-se, alis,que, no ordenamento jurdico brasileiro, existeespecial proteo conferida ao empregado, havendo

  • a Justia do Trabalho, especialmente dedicada aaplicar tais regras protetivas. Se o empregado nodesfrutasse de tal proteo, no haveria razo paraque se institusse e se organizasse uma Justiaespecializada, dotada de estrutura prpria, comtribunal superior prprio. De igual modo, a existnciade rgos especializados na Alemanha, concebidospara as causas que envolvem o Poder Pblico,denota que este ostenta situao diferenciada emrelao aos particulares.

    22 Acrdo da 5 Turma do STJ, AgRg no REsp1.167.421/AM, rel. Min. Marilza Maynard (Des.Conv. TJ/SE), j. 2/5/2013, DJe de 8/5/2013. Nomesmo sentido: acrdo da 2 Turma do STJ, REsp1.349.832/RS, rel. Min. Eliana Calmon, j. 16/5/2013,DJe de 24/5/2013.

    23 Acrdo da 1 Turma do STJ, AgRg no REsp1.337.945/RS, rel. Min. Srgio Kukina, j. 19/9/2013,DJe de 24/9/2013. No mesmo sentido: acrdo da2 Turma do STJ, AgRg no AREsp 395.186/PB, rel.Min. Humberto Martins, j. 5/12/2013, DJe de16/12/2013.

    24 Acrdo da 2 Turma do STJ, EDcl no Ag

  • 710.585/BA, rel. Min. Francisco Peanha Martins, j.6/12/2005, DJ de 6/3/2006, p. 332.

  • III - Dos Prazos da FazendaPblica

    3.1. Classificao dos PrazosO processo constitui um conjunto de

    atos destinados a um resultado final, que a soluo do conflito de interessesresistido. intuitivo, pois, que a noode processo est ligada ideia detempo: cada ato processual deve serpraticado num momento prprio, estandoas partes sujeitas a prazos que devemser obedecidos.

    Com efeito, para que o processoatinja sua finalidade de resoluo deconflito, com a obteno da tutelajurisdicional alcanada pela autoridade

  • e imutabilidade da coisa julgada, preciso que se pratiquem vrios atos.Da por que o propsito do legislador,ao disciplinar o processo, imprimirmaior preciso na conduo daatividade processual, a fim de tornarpossvel a definio dos direitos postosem lia e assegurar-lhes rpidasatisfao. Para atender a essesobjetivos, o legislador estabeleceprazos a serem obedecidos pelas partes.

    Significa que, para a prtica de cadaato processual, fixado, via de regra,um prazo, cuja desobedincia acarreta aprecluso. Na verdade, o prazo

    o lapso dentro do qual devem osfigurantes do processo desenvolver