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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA CURSO DE GEOGRAFIA A Feira Livre em Pedras de Fogo-PB Ligia Betânia Wanderley Silva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

CURSO DE GEOGRAFIA

A Feira Livre em Pedras de Fogo-PB

Ligia Betânia Wanderley Silva

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João Pessoa

2006

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Ligia Betânia Wanderley Silva

A Feira Livre em Pedras de Fogo- PB

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Geografia da Universidade Federal da Paraíba como requisito para obtenção grau de bacharel em Geografia.

Orientador: Prof. Ms. Paulo Roberto de Oliveira Rosa

João Pessoa 2006

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S586f SILVA, Ligia Betânia Wanderley.

A feira livre em Pedras de Fogo–PB/Ligia Betânia Wanderley da Silva.-João Pessoa, 2006.

54 p.: il. Orientador: Paulo Roberto de Oliveira Rosa. Monografia (graduação) UFPB/CCEN 1.Urbanismo 2.Urbanização – Pedras de Fogo 3.Feira livre

– Pedras de Fogo

UFPB/BC CDU 911.375.5(042.3)

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Ligia Betânia Wanderley Silva

A Feira Livre em Pedras de Fogo- PB

Monografia aprovada pelo Curso de Graduação em Geografia da Universidade Federal da Paraíba como requisito para obtenção grau de bacharel em Geografia pela seguinte banca examinadora

___________________________________________

Prof. Ms Paulo Roberto de Oliveira Rosa Orientador

____________________________________________ Profª Ms. Maria José Vicente de Barros

Examinadora

____________________________________________ Profª Maria Elizabeth Batista Pimenta Braga

Examinadora

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João Pessoa, PB em:_____/_____/_____

Dedico esta monografia a Deus ao meu amigo Marcilon pelo apoio e pela sua grande contribuição.

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Agradecimentos A Deus e ao professor Paulo Roberto de Oliveira Rosa, cujo apoio foi de grande importância

para a conclusão desta pesquisa.

Aos meus pais por todo os ensinamentos. Ao meu filho Arlon que com sua chegada tornou-se a razão da minha vida. Aos meus amigos e em especial a Marcilon pela dedicação e atenção. Aos meus irmãos e ao meu marido, pelo apoio e incentivo dando –me toda a atenção. A Elvira (Secretária do Curso de Geografia da UFPB) e todos funcionários da Coordenação do

curso.

Aos vendedores e consumidores da Feira livre de Pedras de Fogo. A Secretaria de Educação de Pedras de Fogo, pela oportunidade da realização do curso de

geografia.

Aos Secretários, Diretores e Servidores da Prefeitura de Pedras de Fogo.

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O trabalhador é tanto mais pobre quanto

mais riqueza produz, quanto mais cresce sua

produção em potencia e em volume. O

trabalhador converte-se numa mercadoria

tanto mais barata quanto mais mercadoria

produz. A desvalorização do mundo humano

cresce na razão direta da valorização do

mundo das coisas. O trabalhador não apenas

produz mercadorias, produz também a se

mesmo e ao operário como mercadoria , e,

justamente na proporção em que produz

mercadorias em geral.

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Resumo O comércio teve um papel decisivo para consolidar o processo de urbanização de muitos centros urbanos mundo afora, neste aspecto, todo o processo de urbanização deu-se de modo a demandar uma atividade comercial na organização sócio-geográfica do espaço humano ocupado. Os entrepostos comerciais estruturados aqui no Brasil durante o período da colonização portuguesa deu início a muitas cidades que se desenvolveram concomitantemente com seu comércio ao longo do século XVIII. A História da cidade de Pedras de Fogo está entranhada com a feira local, de forma que a feira deu origem a esta cidade nos idos do século XVII promovendo um desenvolvimento paralelo entre a o município e o comércio local. O estudo acerca da Feira Livre como uma Instituição do povo é uma prática dos pesquisadores Substantivistas, esses, refletem e entendem a feira como um patrimônio sócio-cultural que reproduz e consagra a cultura a partir de uma relação de troca e venda existente na prática comercial em qualquer esfera. O ato de comerciar ao longo da história da humanidade tem aproximado culturas e formado laços entre os povos contextualizados. A feira do município de Pedras de Fogo dá-se dentro de uma organização política e administrativa que atende aos interesses da comunidade local e do poder constituído, formando uma dinâmica de desenvolvimento para os vários sujeitos envolvidos nesse processo circular da economia local.

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Lista de Figuras Figuras 1 e 2 – Divisa das duas cidades e também fronteira entre os Estados de Pernambuco e Paraíba Figura 2.1 – Planta da cidade de Pedras de Fogo Figura 3 – Mapa territorial do município de Pedras de Fogos Figura 4 – Feira municipal Figura 4 – Feira municipal Figura 6 – Mercado público Municipal Figura 7 – Venda de carnes diversas no mercado público municipal Figura 8 –Ajudantes na espera de serviço Figura 9 - Mototaxistas Figura 10 – Localização da Área de Estudo

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Feirantes de Feira Livre de Pedras de Fogo Tabela 2 - Feirantes de Feira Livre de Pedras de Fogo Tabela 3 Feirantes de Feira Livre de Pedras de Fogo Tabela 4 - Consumidores da feira livre de Pedras de Fogo Tabela 5 - Referente a localidade referente a zona rural de Pedras de Fogo.

Lista de Quadros Quadro 1 - Político - administrativo

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO 10

PRIMEIRA PARTE 13

1 Referencial Teórico-Conceitual 13

1.1 A feira livre a concepção do simples 13 1.2 A feira Livre, a gestação da cidade 18 2 Metodologia 26 SEGUNDA PARTE 28 2.1 Discutindo sobre cidade que tem sua história 28 2.2 Diagnóstico da Feira Livre de Pedras de Fogo 41 2.3 Ramo de Comercialização 43 2.4 Ganho Mensal 45 2.5 Atendimento e tempo na atividade 45 2.6 Dias trabalhados 45 2.7 Reflexão do feirante 46 2.8 Freqüência do consumidor na feira livre 46 2.9 Infra-estrutura e preços 47 2.10 Procedência do consumidor 47 TERCEIRA PARTE 49 Considerações finais 49 Bibliografia 51

Apêndice 53

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INTRODUÇÃO

A preocupação que está latente no pesquisador, e que o faz indagar frente aos temas mais

provocativos no acervo das temáticas sociais, foi uma inquietação que me impulsionou a decidir

pelo tema “A Feira Livre em Pedras Dde Fogo-Pb”, e, expostas as implicações inerentes ao

processo de estudo e pesquisa, frente um tema ainda não elucidado pelos pesquisadores desta

região, deparei-me com um grande, mas provocativo desafio: o de trazer para o debate

acadêmico, meu município, através do estudo sobre uma pesquisa ante os aspectos sócio-

culturais e econômicos identificados na Feira Livre em Pedras de Fogo.

O processo embrionário e de maturação de meu tema, decorreu essencialmente, do fato

de que entendo que a feira, tal qual vitrina, expõe de forma ampliada as várias facetas do objeto

apresentado, ou seja, a Feira representa o espaço onde a cultura popular está viva e interagindo

de forma direta com a realidade que a cerca. Decorre, sobretudo, da compreensão de que entre

bancos e barracas dá-se a troca de cultura numa relação de “escambo sócio-cultural”, onde os

protagonista são o feirante humilde e o produtor rural calejado e rico em sabedoria popular.

Conhecer a Feira Livre apenas sobre o ponto de vista comercial ou econômico, seria uma

busca infecunda do ponto de vista da leitura e análise Geográfica frente a um Homem

encharcado de cultura de valores não cifrados pela ordem capitalista. Assim, meu desafio maior

foi focar o olhar nos valores não tarifados pelo capital, olhar amiúde para a riqueza cultural que

circula na feira livre do meu município.

A compreensão dos mecanismos econômicos e das aspirações comerciais do

pedrafoguense nos impõe uma pesquisa mais detalhada sobre esse conterrâneo, há que se

entender seu sonho, a partir de um conhecimento antropológico sobre esse Homem. O olhar,

todavia, dedicado à Feira Livre neste estudo, não é apenas um olhar de pesquisadora da área de

Geografia, atentei fundamentalmente para a necessidade de que os meus objetivos só seriam

alcançados caso houvesse uma pesquisa ampla auxiliada e ancorada em outras áreas das

Ciências Sociais.

Quando comecei a estudar as feiras, a coisa que constatei, é que se tratava de um domínio interdisciplinar, unindo a antropologia, a geografia e a economia, mais precisamente a antropologia econômica, a geografia do comércio ou da circulação e a economia política todas as disciplinas com produção específica sobre esse assunto. (FERRETTI, 2000, p. 14 )

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A construção de um conceito de Feira que mais se achegasse ao meu propósito, foi

embasado mediante uma leitura minuciosa da obra do Dr. Luiz Mott, onde foi identificada uma

análise de feira como sendo uma Instituição que tem consagrado a cultura de seu povo ao longo

de séculos e séculos.

Nesse aspecto, a Feira é uma Instituição do povo que lhe permite formatá-la mediante

seus valores sócio-culturais, é ainda, portanto, um espaço de interação e reprodução de preceitos

e dogmas inerentes a essa gente.

A discussão antropológica sobre mercado e feira livre foi muito marcada por esta polêmica teórica: de um lado os pesquisadores formalistas, mais presos aos aspectos propriamente econômicos e formais destas instituições, do outro, os pesquisadores substantivistas, que buscam nas feiras suas especificidades históricas e culturais, seu lado mais social e não meramente mercantilista.(FERRETTI, 2000, p. 19)

O pensamento abordado por Luiz Mott não é, todavia, um pensamento peculiar a esse

pesquisador apenas. Os Substantivistas compreendem as Feiras como espaços públicos de venda

e troca de identidade e cultura entre os povos que nela estão contextualizados. Foi, portanto,

deste ponto de vista que fundamentei meu trabalho, desde o processo embrionário de elaboração

do tema, até a etapa de conclusão e fomento de minhas considerações de pesquisadora.

Meu estudo começa com uma pesquisa dentro da historiografia oficial para entender e

embasar uma compreensão de Feira desde os tempos mais remotos, neste enfoque pude

constatar que a relação comercial entre os povos, impulsionava esses a trocarem e venderem

bem mais que produtos manufaturados, nesse ínterim, dava-se também a troca de identidade e

valores culturais.

O comércio fez com que o conhecimento dos costumes de todas as nações penetrasse em toda parte; comparavam-nos mutuamente e disso resultaram grandes benefícios. As leis do comércio aperfeiçoam os costumes, pela mesma razão pela qual estas mesmas leis deturpam os costumes. (MONTESQUIEU. 1998, p. 11)

Tento compreender um fato destacável no processo de urbanização de algumas

extensões territoriais, salientando a decisiva importância do comércio na construção de uma

cultura urbana, a partir da existência de algum tipo de feira ou entreposto comercial na

consolidação de uma cidade.

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De igual modo, analiso o processo de urbanização da cidade de Pedras de Fogo, a partir

de um estudo sobre a existência de uma feira de gado existente na região que deu origem à

cidade e que lhe impulsionou a uma identidade marcada pelos meandros do comércio. Procuro

de entrementes reconhecer em Pedras de Fogo, uma destacável vocação para um cotidiano

cercado de preocupações inerentes ao mercado e à comercialização de algum tipo de produto,

evidenciando assim, um pedrafoguense atento a uma sobrevivência calcada na cultura da

compra e da venda.

Tento trazer para o debate as condições gerais da Feira livre em Pedras de Fogo, assim, as condições de higiene da feira, a estrutura administrativa que aparelha seu funcionamento, as queixas salientadas pelos atores nela envolvidos – feirantes e produtores - a fala sempre determinante do consumidor e, em linhas gerais, a leitura coesa de seu desdobramento tentam descrever de um modo objetivo toda a organização que demanda e é demandada pela Feira Livre neste município.

A localização de cada produto comercializado na Feira, o estacionamento para carros

oriundos de outras cidades, o acesso aos mototaxistas, cabeceiros e ajudantes foram organizados

neste estudo de modo a traçar um panorama de informações gerais para o conhecimento e

debate sobre a Feira local.

Os dias trabalhados pelos feirantes, as condições gerais de trabalho, seu ganho e

satisfação com a própria realidade; como pensa e o que espera da Feira aquele consumidor

assíduo; o que promove seu sucesso e o que está por trás de suas falhas e distorções, são

preocupações que se somam ao debate proposto neste trabalho e que integram um universo

ainda pouco debatido nesta cidade que é vida comercial local.

Um trabalho cujo propósito não se validaria sem que houvesse em seu bojo, uma

necessidade intransigente de propor um debate e um redirecionamento do olhar do munícipe

para a Feira. Assim meu estudo é o olhar que trago para esta face da vida local e entendendo a

Feira, pude compreender um pouco mais sobre mim mesma enquanto membro coadjuvante de

uma realidade social tão peculiar como a vida pedrafoguense.

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PRIMEIRA PARTE

1.. REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL 1.1 A feira livre a concepção do simples

Na análise sócio-geográfica, acerta o professor Dr. Luiz Mott quando se refere à Feira

livre como uma grande Instituição. Nomenclaturada como tal por muitos outros autores, esta

não é difundida e/ou tratada no debate acadêmico majoritário, como um patrimônio histórico ou

como uma instituição sócio cultural pública.

A Feira apresenta-se como um tecido venoso por onde afluem valores sócio-culturais e

preceitos econômicos e ideológicos. Atentemos para uma provocação aludida por Montesquieu

que nos incide uma reflexão amiúde sobre o simples ato de comerciar com outrem:

O comércio fez com que o conhecimento dos costumes de todas as nações penetrasse em toda parte; comparavam-nos mutuamente e disso resultaram grandes benefícios. As leis do comércio aperfeiçoam os costumes, pela mesma razão pela qual estas mesmas leis deturpam os costumes.(MONTESQUIEU. 1998, p.11)

Há que se conceber que as leis do comércio explicitadas por Montesquieu datam o

período das grandes navegações (séculos XV e VVI) onde, segundo Joana Neves (2002, p. 260)

“Ouro, ciência e fé teriam sido os motivos que lançaram os europeus à grande aventura

marítima da época moderna”. O tempo consoante com a História, fundamenta com mais

veemência as doutrina de Montesquieu, não na assertiva de que “o comércio afasta os preceitos

destruidores”; a História das colônias do Novo Mundo mostra-nos uma outra faceta de comércio

e expropriação de riqueza, mas, na afirmação de que “as leis do comércio aperfeiçoam os

costumes, pela mesma razão pela qual essas mesmas leis deturpam os costumes.”

É sabido, contudo, que o comércio não é feira, todavia, há comércio na feira. A riqueza,

porém, apresentada, e/ou existente na feira não se restringe ao capital circulante; circula bem

mais que dinheiro nas feiras livres deste país. Nota-se matutos, caipiras, braçais, tropeiros,

agricultores em comércio efetivo com os conceituados senhores dos centros urbanos, a troca ou

repasse de cultura se faz tão importante quanto a venda e a compra de produtos rurais levados às

feiras.

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O comércio externo debatido por Montesquieu pressupõe a análise da conjuntura

político-econômica, onde, da relação comercial surgem interesses afins aproximando povos: “O

efeito natural do comércio é trazer a paz. Duas nações que comerciam juntas tornam-se

reciprocamente dependentes; se uma tem interesse em comprar, a outra tem em vender;e todas

as uniões estão baseadas nas mútuas necessidade”. Este aspecto psicológico da relação

comercial integra sobremaneira as relações interpessoais nas feiras; pessoas destacavelmente

distantes dos pontos de vista econômico-cultural se interagiriam não fossem elas condicionados

pelas necessidades de compra ou venda.

Na análise de Montesquieu percebemos uma visão ancorada nos princípios de um

comércio não fundamentado na política econômica predatória e de denominação; a relação

comercial presente na feira difere, em muito, da relação estabelecida nos Shopping onde o setor

financeiro dita as regras.

Ainda com Montesquieu com um prenúncio do trato amargo do comércio interesseiro

(capitalista) no âmbito das partes interessadas:

“O espírito de comércio produz nos homens certo sentimento de justiça exata, oposto de um lado, à pilhagem e, de outro, a essas virtudes morais que fazem com que nem sempre se discutam seus interesses com rigidez e que se possa negligenciá-los pelos dos outros”.(MOMTESQUIEU. 1998 p.12)

A mentalidade implementada pela antropologia e pela sociologia conservadoras que

resgata da feira apenas o feirante e o consumidor diretos, peca, por humilhar ou mesmo

desmerecer o produto, o produtor e tudo que integra os bastidores da Feira Livre. Há que se

compreender, todavia, a feira não como um final de um ciclo, mas como instrumento de um

efetivo desempenho na dinâmica de insumos e consumos. A feira livre nesse aspecto integra a

vida sócio-econômica da região como esteio de fundamentação e efetivação do trabalho como

prática de sobrevivência e consagração dos valores civilizatórios.

A vida, a percepção de mundo, bem como, a apaixonada devoção ao trabalho agrícola e

artesanal são ancorados e viabilizados mediante o comércio desenvolvido em Mercados e Feiras

Livres mundo a fora,

Pensemos, desta feita, com Sergio Ferretti ante palestra de Luiz Mott acerca de uma polêmica

teoria na concepção de Feira Livre. (FERRETTI, 2000,P.19)

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A discussão antropológica sobre mercado e feira livre foi muito marcada por esta polêmica teórica: de um lado os pesquisadores formalistas, mais presos aos aspectos propriamente econômicos e formais destas instituições, do outro, os pesquisadores substantivistas, que buscam nas feiras suas especificidades históricas e culturais, seu lado mais social e não meramente mercantilista.

Ora, os substantivistas apresentam um olhar mais eclético, partem de uma análise do

todo a partir das partes, digo, os substantivistas adotam os conceitos de “fenômeno social total e

princípio da reciprocidade”, e, a despeito da polêmica, a pesquisa que parte da teoria para

chegar aos fatos – tal qual sustentavam os formalistas – tende a se fechar em si, e nesse entrave

postulo com os substantivistas de que se deve buscar nas feiras suas especificidades históricas e

culturais, seu lado mais social e não meramente mercantilista.

A feira, de um modo bem peculiar, retrata o interior de uma sociedade em todos os

alcances de sua subjetividade, elenca as condições sócio-educacionais de um grupo a partir de

aditivos sanitários no espaço comercial, aborda as condições econômico-culturais quando reflete

no consumo o potencial aquisitiva de uma população, bem como, reproduz a cultura local

através da relação oferta/demanda dos artigos envolvidos na identidade cultural dessa

população. Assim, a feira apresenta-se coadjuvante no ser/estar sócio–cultural e econômico de

um povo.

Promove e intensifica a produção agrícola local, assegurando assim, o trânsito de moeda,

produto e serviço no cotidiano da comunidade. A feira fundamenta a identidade de um povo; é

comum a presença de religiosos, emboladores de coco, repentistas, atiradores, trovadores,

videntes e rezadores. A feira integra socialmente as pessoas de uma sociedade; se fazem

comícios, manifestações políticas, panfletagem pedagógica, campanhas em prol ou contra algo;

as pessoas discutem o cotidiano como em nenhum outro lugar; fala-se da “caristia”, da seca, da

chuva, da colheita, da violência; debate-se valores presentes e atuantes de um modo coloquial e

ali se fala de temas que vão desde a dívida externa a partir da apresentação de repentista – até as

conversas mais triviais do dia a dia.

A feira, com seus frutos, legumes e raízes frescas enobrece o produtor rural, integra o

campo à cidade; a população urbana assiste curiosa a fala do vendedor de raízes milagrosas e

espanta-se ante a criatividade dos emboladores de coco em um desafio aberto.

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Ao enxergar a feira como um cenário de dois atores apenas (vendedor; atravessador e

consumidor) é incorrer numa retórica superficial, é laborar num conhecimento livresco e frágil

como suporte viabilizador da manutenção dos costumes em geral.

Segundo Arinaldo Martins de Souza:

Em trabalhos sobre a realidade das feiras, não raro podemos encontrar pista que nos levem a afirmação de que diversas culturas estão nas mesmas, muito bem representadas, sobretudo em se tratando de mercados tradicionais, onde os produtos comercializados revelam muito da cultura de determinada localidade. Presente no artesanato, facilmente encontrado em qualquer um destes espaços, bem como, certos tipos de comidas típicas e artigos religiosos, como os de umbandas e/ou candomblé, que também encontram nas feiras espaço garantido, o que mais poderia estar senão representações de cultura? Algumas feiras estão tão envolvidas com as culturas das localidades em que se insere a ponto de se tornarem pontos de referência destas últimas, Caruaru é um exemplo, bem como Campina Grande. (FERRETTI, 2000, p. 67)

Em sua reflexão sobre transmissão de cultura no território paraibano e, mais

especificamente na região que abrange Campina Grande, a professora Maristela Oliveira de

Andrade enfoca a importância da feira como uma instituição promotora e facilitadora da

transmissão da cultura sertaneja, acrescenta-se, contudo, que numa feira se projeta

majoritariamente uma cultura específica, na feira dá-se a troca. Isso significa que na feira livre

dá-se uma mistura de crenças, convicções ideológicas, estilos e status onde sem dúvida a

assimilação do novo é constante, entretanto, segundo Joana Neves (2002, p. 186 )

A feira livre constitui-se um espaço privilegiado onde são vivenciados, exercitados e atualizados os elementos que compõem este modo de ser sertanejo, inconfundível no seu falar característico, no gestual e no trajar próprio, bem como, nos seus hábitos tradicionais de consumo, estabelecendo aí uma espécie de território da cultura sertaneja, que se irradiava para sua comunidade.

A feira livre não poderia irradiar valores isolados, sendo que esta compõe um misto de

valores e comportamentos muitas vezes antagônicos, de modo que, a comunidade traz a cultura

para a feira e esta molda-lhe com os antagonismos. A feira, neste aspecto não representa uma

instituição conservadora, lá, tal qual nos Shoppings as pessoas se encontram e, dentro das

relações comercias, o médico observa atento o que indica o senhor da “raízes que curam”, ali, o

aluno do colégio debate com ambulante a eficácia do eucalipto, do jaborandi, da romã, e do

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barbatimão para a saúde humana. Na feira, mesmo os que lá não estão, passam, observam,

encantam-se com os caçuás, jererés, cartomantes, homem da cobra, e ali há o contato desde a

gelada com pão, até o tecido de linha de linho puro.

O professor Dr. Sergio Ferretti organizou uma obra primorosa Reeducando o Olhar:

Estudo sobre feiras e mercados; uma coletânea de artigos de dois antropólogos e sete estudantes

do curso de ciências sociais da Universidade Federal do Maranhão. Nessa obra há uma

adjetivação peculiar quanto ao aspecto que a feira abrange enquanto Instituição, o Antropólogo

e Historiador Luiz Mott refere-se à Feira como Instituição, apenas, porém descreve: (pág.14-

2000).

Quando comecei a estudar as feiras, a coisa que constatei, é que se tratava de um domínio interdisciplinar, unindo a antropologia, a geografia e a economia, mais precisamente a antropologia econômica, a geografia do comércio ou da circulação e a economia política todas as disciplinas com produção específica sobre esse assunto. (FERRETTI, 2000, p. 14)

A professora Mundiacarmo Ferretti (pág 35) se refere a feira como uma Instituição de

importância econômica e social. Já Arinaldo Martins de Souza

pág 72) entende a feira como uma Instituição de caráter muito cultural. Assim, sendo a Feira

Livre uma Instituição social, econômica e cultural, há que se conceber a ausência de uma visão

política no trato com os bastidores da feira. Ora, acerta Luiz Mott quando se acerca de várias

áreas das ciências para compreender essa “Grande Instituição do povo”, contudo, podemos

identificar facilmente o descaso do poder público (especialmente nas feiras do interior do estado

da Paraíba) para com a estrutura da feira.

As condições de higiene disponibilizadas aos produtos, a desorganização visível na

formatação do espaço ocupada pelos feirantes, denunciam que, de fato, a feira resiste não

apenas como instituição, mas como um patrimônio vivo de seu povo.

A feira resiste porque é do povo. Resiste porque dela não tiram proveito político, e nela o

povo envolvido é digno e batalhador. As segundas, terças, quartas, quintas e sextas, a feira que

não é santa, mas é sagrada, abastece as mesas com seus frutos, legumes, verduras e cereais, e,

do meio quilo de batata-doce amigalhado à casa do homem pobre, muito me pesa saber que o

rico passeia e leva da feira os mais frescos e atraentes frutos da terra cujo peso não lhe faz

diferença alguma na hora da compra.

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A Feira tem seu papel sócio-econômico relevante no conjunto de atividades econômicas

articuladas pela sociedade, promove um aquecimento considerável na economia local. Feira é

dia de “fazer dinheiro”. Emergem do marasmo moto-taxistas, cabeceiros, carregadores de

barracas, crianças com seus carros-de-mão, os machantes com sua equipe de tratadores de fato

bovino, suíno e caprino, proprietários de caminhões trafegam com os produtores rurais,

atravessadores mobilizam-se para o superfaturamento sobre colheita de agricultores pobres

desprovidos de transportes, proprietários de bares, lanchonetes, restaurantes e fiteiros acordam

cedo para o prepara de suas guloseimas, donos de dormitórios populares recebem seus feirantes

de cidades próximas, enfim, uma feira mobiliza desde os postos de gasolina até a casa que

vende mangalhos.

A interação social sobre as atividades econômicas acima mencionadas compõe a mística

que tentam elucidar os estudiosos e pesquisadores desde as condições da feira de Paris no século

XVII. Não se faz lógico pensar, entretanto, que a feira respalda apenas um anseio econômico

dos envolvidos nessa atividade; as condições gerais do inhame; desde o preço até seu aspecto

saudável, propõe uma reflexão ante o clima, o incentivo e as condições gerais do agricultor,

remete-nos, sobretudo, ao entendimento de que esse inhame representa uma forma mais

palpável, concreta e fatídica de que se gera riqueza, existe produção, trabalho e conterrâneos

como agentes de produção de riqueza. Na Feira vemos nossos valores, e o quanto esse fazer

conjunto, do produtor e do consumidor se equaliza na sobrevivência de ambos.

Na Feira não correm apenas os carros-de-mão, não circula apenas uma boa grana que a

empregada da granfina trouxe. Na Feira correm, circulam e escorrem suor e sangue deste que

àqueles intentam não apenas abastecer, mas agradar. O feirante que ousa seu próprio markting

na luta pela sobrevivência, num espaço que lhe o trata por “seu Zé”, mas, conhecido como um

conhecido como um homem de bem, ali, na FEIRA, há grandes lições e leituras implícitas,

atentemos para o simples, para o cotidiano matutino da segunda, terça, quarta, quinta e sexta-

feira.

A feira Livre, a gestação da cidade

A presença determinante do comércio tem sido, ao longo da História, um grande esteio

para o surgimento de povoados e cidades. Não raro, as cidades têm em seu processo

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embrionário a presença efetiva de algum tipo de comercialização entre povos ou comunidades.

Ocorre, e isso a história corrobora, um desenvolvimento paralelo das atividades comerciais e

das instalações de pessoal, prestação de serviços, acomodação de tropas, de agregados etc. Os

rastos deixados pelas cruzadas na Europa no século XVI com suas feitorias (entrepostos

comerciais) nos autorizam relacionar, com bastante firmeza, o comércio ao surgimento de

povoados ou cidades no Brasil.

O professor Floriano Cáceres descreve sobre a influência dos pólos comerciais da

Europa no surgimento de cidades importantes como Veneza, Florença: entre outras:

Por essas rotas trafegavam caravanas de mercadores, que em determinados pontos dos caminhos, geralmente nos cruzamentos ou locais protegidos, efetuavam a troca de seus produtos. A esses pontos de encontros de mercadores dava-se o nome de FEIRAS. Inicialmente, as feiras não tinham data nem duração certas. As primeiras eram anuais, mas depois se tornaram mais freqüentes, dando origem a várias cidades.(CÁCERES, 1996, p. 35)

Ainda neste contexto reflitamos com Caio Prado Junior:(1986, p. 123)

Na Baixa Idade Média, as cidades nasceram e se desenvolveram a partir de uma função econômica, mesmo quando eram as antigas cidades romanas que readquiririam vida urbana. Eram cidades de mercadores que viviam em função do comércio. As cidades nasceram ou renasceram do desenvolvimento do comércio e da agricultura na Europa, que garantia o abastecimento desses centros urbanos. Formaram-se juntos aos portos ou ao longo das rotas comerciais, porém as mais prósperas estavam próximas de regiões agrícolas férteis e de tecnologia avançadas.

Pedras de Fogo cidade com 25.864 habitantes conforme dados do IBGE (CENSO 2000),

situada a 54 km da capital paraibana, João Pessoa. Integra a microrregião do litoral sul na

mesorregião da Mata Paraibana do Estado fazendo divisa com os municípios de ao sul com o

município de Itambé, ao oeste com Juripiranga, ao leste com Alhandra e Caaporã e ao norte com

Espírito Santo e Santa Rita. apresenta a 8º economia do Estado sendo seu ponto forte a

produção ligada à cana de açúcar. Cidade com potencial predominantemente agrícola. Seus

índices atuais compreendem 55,21% de analfabetos, onde, porém, a mortalidade infantil

representa hoje um coeficiente de 16, 51%, segundo dados da Secretaria de Saúde do município.

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Esta cidade que encanta por apresentar um considerável verde e estar localizada em uma

esplêndida planície, também como tantas outras cidades nasceu envolvida nos trâmites

comercias.

Há duas cidades geminadas (ver Figuras 1, 2 e 2.1) que integram a divisa entre os

Estados de Pernambuco e Paraíba; Pedras de Fogo PB, município com 348 km2 e a cidade de

Itambé (irmã gêmea) com 306 km2.

Figuras 1 e 2 – Divisa das duas cidades e também fronteira entre os Estados de Pernambuco e Paraíba Data: abril de 2003 Foto 1 Rejane Isaura e Foto 2 Maria Odete

Itambé Pedras de Fogo

divisa

Itambé Pedras de Fogo

divisa

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Figura 2.1 – Planta da cidade de Pedras de Fogo Fonte – Prefeitura Municipal Digitalizada por Elvis Jácome – Geociências UFPB

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A História, porém é muito peculiar e isso é facilmente compreensível pelo fato de que

També (ou Itambé) significa pedras de fogo (ou pedra afiada que solta faísca). Esse território no

século XVI, definido apenas como interior da Paraíba e como interior de Pernambuco era

caracterizado pela existência de pedras avermelhadas cuja nomenclatura etimológica (itambé)

denuncia a presença de índios na região possivelmente ocupantes do litoral paraibano.

Há registro de que o povoamento da área correspondente à Paraíba foi fragilmente

efetivado por conquistadores brancos nos meados do século XVI. Tropeiros e colonos

migravam de Pernambuco para o interior da Paraíba conduzindo boiadas, o que deu origem a

uma espécie de feira onde se efetivam trocas e compras de bovinos e eqüinos.

A feira, portanto, está particularmente relacionada com Pedras de Fogo, contudo, o

desenvolvimento conjunto com Itambé (a época També ) acentua uma identidade muito próxima

observada entre pedrafoguenses e Itambeenses.

Há que se registrar nesse ínterim, que com a decadência do povoado de Desterro,

També, no século XVIII, grande parte dos moradores mais antigos migrou para o povoado

paraibano, envolvendo assim, de forma considerável os dois povos.

Analisemos o que nos destaca uma obra publicada pela Universidade Federal da Paraíba

1993 (UFPB) cujo tema sugestiona a dificuldade de se ter documentalmente uma definição mais

oficial; intitula-se Uma História de Pedras de Fogo:

Na verdade, a história dos dois municípios confunde-se desde as suas origens. Pela pesquisa realizada foi impossível determinar em que período exato se constituíram. Segundo a versão mais comum, ambas surgem de um mesmo aglomerado que, mais tarde, em decorrência de questões políticas, se separaram. As terras do Norte couberam a Pedras de Fogo que conserva em português, o nome do lugar de onde se originou. As terras do sul passaram a pertencer a Itambé, que deixou de ser També para voltar às origens indígenas.(CAVALCANTI, 1993, p. 22)

Escrito a oito mãos, destaque-se: Maria Cavalcanti, Regina Gonçalves, Rossana

Sorrentino e Wilma de Sousa, o livro impele mais pesquisa sobre a cidade paraibana, contudo,

os relevos das duas cidades que apresentam caracteres díspares, entende-se que os povos se

integram dentro de uma cultura um tanto próxima. Politicamente, todavia, Pedras de Fogo é

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menos experiente dados os seus 52 anos apenas de aprendizado e luta pela cidadania dentro de

suas divisas.

A feira de gado, tal qual a cidade de Pedras de Fogo, evoluiu, institucionalizou-se e foi

via feira que esta cidade se ergueu como produtora. Enquanto produtora rural, Pedras de Fogo,

vende bem mais do que compra a Itambé.

Não obstante a feira demandar trabalho, esta também conduz riqueza e circulação de

moeda dentro de um município, neste aspecto, a feira faz a cidade acontecer enquanto

promotora de bens, serviços e produtos. Assim, há que se notar que cidades cujo nascimento

deu-se em decorrência de atividades comerciais desempenhadas em seu território, já nasceram

de mãos dadas com a dinâmica do mercado numa relação de estrema condição de produtor.

Segundo Manoel Correia de Andrade:(1986, p. 33)

Levando-se em conta a importância da atração do homem como produtor e como consumidor de bens e de serviços e sabendo-se que é ele o agente produtor do espaço geográfico, temos de admitir ser necessário à Geografia Econômica o conhecimento da população e dos mais diversas estruturas a ela ligadas, a fim de que se possa estabelecer uma análise geográfica do trabalho.

O conhecimento da população e dos diversas estruturas a ela ligadas solicitada pelo

professor Manoel Correia de Andrade à Geografia Econômica ancora uma análise ampla da

conjuntura sócio–econômica pesquisada. A feira e a população que emergiu dela se

complementam enquanto fim e meio; o pedrafoguense apresenta-se como tal mediante o

contexto sócio-econômico que embasam a sua cultura e nisso a atividade comercial é uma

constante nesta cidade.

Em Pedras de Fogo, não raro, as crianças da décado de 80 desempenhavam algum tipo

de trabalho relacionado ao comércio: vendiam tapioca, cocada, dindin, gelada, pastel, sorvete

etc. não menos raro, grande quantidade de rapazes nos anos 80 sonhavam em comprar uma

pipoqueira para negociar.

Vejamos o depoimento de um dono de fiteiro:

Quando consegui comprar a minha pipoqueira sabia que tinha em minhas mãos a chance de ficar rico. Rico eu não consegui ficar, mas sou muito feliz como Negociante.

Luiz Lopes

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Ora, nas entrelinhas da fala deste senhor percebemos uma convicção; a de que na

atividade comercial há perspectiva de melhoria e de bem estar. Essa fala seria solitária caso não

ecoasse com outros muitos senhores pedrafoguenses que atuam como vendedores regulares,

prestanistas, ambulantes, donos de bares, loja em geral, prestadores de serviços, balconistas,

representantes comerciais, dono de confecção, enfim, em Pedras de Fogo há uma vocação

natural para a atividade comercial e o empreendedorismo.

Isso é muito comum a um povo que surgiu e se firmou dentro dos meandros do comércio

de gado já nos idos de 1660.

E segundo Coriolando de Medeiros:

As mais antigas referências à existência de um povoado por Pedras de Fogo datam de meados do século XVII. Este parece ter sido o nome, e dado a toda aquela área, onde eram muito comuns as pedras avermelhadas que soltavam faíscas quando em atrito com os casco de bois e cavalos dos tropeiros, colonos e conquistadores lusitanos. Foi, de fato, o gado que deu origem ao povoado porque ali se instalou uma feira onde paravam os tropeiros que vindos de Pernambuco, conduziam seus rebanhos para o interior da Paraíba.(MEDEIRO, apud CAVALCANTI, 1983, p. 21)

Podemos, outrossim, constatar que tal qual a feira como instituição econômica, a

Revolução Industrial foi decisiva para a formação de grandes centros urbanos, nisso, um fato; o

comércio e a atividade produtiva atuam de forma determinante para a constatação de

aglomerados nas regiões de maior potencial produtivo e mercantil.

Os povos, portanto, caracterizados nessa relação produção/consumo/venda apresentam

uma natural “queda” para as atividades empresarias.

Pedras de Fogo, uma cidade com uma área urbana de 2.176,400 m2, apresenta fiteiros,

lanchonetes bares, mini mercearias, mercadinhos, estabelecimentos de prestadores de serviços

técnicos especializados, e, muito comum, pessoas que colocam guloseimas para vender em suas

janelas, outras armam barracas ou bancos à frente de suas casas para venderem lanche, bombons

e petiscos, outras ainda, derrubam parte de suas casas para instalar bares ou pequenos

restaurantes.

A História de Pedras de Fogo e Itambé não afasta estas duas cidades, os valores dos

tributos e tarifas que cercam o setor empresarial e comercial aplicados pelos respectivos estados

( Paraíba e Pernambuco). Moradores de Pedras de Fogo que atuam no comércio local queixa-se

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da alta carga tributária praticada no município paraibano, enquanto em Itambé ( Pernambuco )

há uma margem de tributação bem inferior. A quantidade, portanto, de comerciantes

pedrafoguenses que pleiteiam transferir seus estabelecimentos para Itambé é enorme diante da

tributação do fisco estadual.

O pedrafoguense apresenta um caráter inventivo no tato comercial; a prática de revenda

de produtos agrícolas em feira da região nas feiras de Itabaiana, Goiana, Timbaúba é também

muito acentuada. Assim, atravessador é um outro sujeito na dinâmica comercial não apenas da

feira local, mas, em feiras e mercados circunvizinhos.

Nossa origem denota comércio e assim, nos define melhor enquanto cidades de ímpeto

sócio- econômico inerente à nossa cultura. Partamos disso para uma redefinição sócio-política

de nossos valores e potencialidades. A feira outrora alicerçou uma relação comercial, não mais

protagoniza nossa atividade comercial única via de comercialização, hoje, nossa produção

ultrapassa os estamentos da feira; estamos em Shoppings, CEASAS, Armazéns e

Supermercados país afora.

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2 MÉTODOLOGIA

A pesquisa demandada pelo tema por mim escolhido Feira Livre em Pedras de Fogo-

PB foi determinada pela quase inexistência de suporte bibliográfico no tocante a essa face de

interesse acadêmico pelos aspectos geográficos e sociológicos da vida local.

Entender e interpretar o processo de comercialização existente no município, conceituar

a máquina administrativa de um patrimônio público como a Feira Livre, indagar e sintetizar a

dinâmica de produção e escoamento observado na vida econômica pedrafoguense, e, sobretudo

traduzir as agruras pelas quais passam centenas de feirantes e produtores locais, na manutenção

dessa grande vitrina da vida social, cultural e econômica que é a Feira; valeu-me um grande

empenho e dedicação na formatação e concretização deste estudo.

A conversação informal foi-me de grande valia, pesquisava entre feirantes receosos que

entendiam os questionamentos como algo de cunho político-administrativo com os quais, em

grandes proporções conversava sem sequer um único papel em minhas mãos. Conversei com

esses pedrafoguenses acerca de temas diversos até conquistá-los, e nossas prosas variavam

desde a Educação de seus filhos até o custo de vida em outras regiões do país. Pude construir

meu trabalho dialogando diretamente com o objeto estudado, percebendo e traduzindo o que

estava implícito em seu subtexto, pesquisei envolvida com o foco de minha pesquisa e nisso, o

amadurecimento e a convicção de levantar aspectos relevantes para outros pesquisadores do

porvir.

A construção e direcionamento dos questionários foram também determinados pela

ausência de dados referentes a Feira local e assim, parte dos questionamentos levantados em

minha pesquisa deu-se de modo essencialmente pedagógico num universo desmerecido no que

tange uma política administrativa específica para a feira livre.

Elaborei questionários específicos para cada segmento que envolve e constrói a Feira

local, de modo que, o feirante e o consumidor foram abordados como efetivos protagonistas na

idealização e concretização da Feira Livre na cidade de Pedras de Fogo. Objetivei sobremaneira,

através desses questionários, compreender a Feira mediante a leitura daqueles que a projetam,

integram e representam fugindo assim de olhar meramente livresco e avaliativo.

As questões pautadas nos questionários foram surgindo mediante construção do texto, de

maneira que toda abordagem atendia a um anseio essencialmente objetivo na compreensão e

tradução dos temas inerentes ao estudo.

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A análise conjuntural por mim proposta, no que se refere a uma leitura das condições

que circundam o Feirante, como suas condições e qualidade de vida, demandou a produção de

uma tabela cujo preenchimento deu-se de modo lento dado certo embaraço desses feirantes para

nela colocarem os dados solicitados.

Objetivei, outrossim, também fazer um diagnóstico do perfil do consumidor da Feira

Livre local, e nessa pauta produzi um questionário que indagava prioritariamente a ocupação, a

renda, o consumo e a satisfação desse feirante no que se refere a relação de custo benefício e

atendimento na feira.

Tentei compreender a Feira como a consagração da saúde econômica do município e

nisso, o estudo e análise das condições gerais do pedrafoguense, determinou uma observação

sobre o comportamento desse consumidor e sobretudo, o conjunto de políticas que integram o

estado e o município no que se refere a política de investimento, emprego e renda.

No tocante a necessidade de um conceito de Feira que embasasse meu estudo, predispus-

me a compreendê-la concomitantemente com os Substantivistas que a entendem como uma

Instituição viva a reproduzir valores e cultura inerentes a um povo. Assim, meu trabalho é fruto

de uma necessidade pungente de resgatar as coisas do povo como valores do povo, e mais, a

despeito de toda a ausência de material bibliográfico referente a Feira Livre local, foi também

construído e emanada da boca e dos olhos do povo do meu município.

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SEGUNDA PARTE 2.1 Discutindo sobre cidade que tem sua história

Pedras de Fogo, uma cidade que tem sua história ligada ao comércio, cujos referencias

históricas mais recentes, nos remetem a uma feira de gado protagonizada por tropeiros e colonos

nos idos do século XVII, apresenta ao longo de sua trajetória um desenvolvimento considerável

se pesquisada a analisada concomitantemente com a feira, cuja atribuição de escoar a produção

local, agiganta a ambas.

O município está situado na microrregião do litoral Sul, está inserido na mesorregião da

Mata Paraibana. Possui uma área de 348,5 km2, e corresponde a 0,62% da área do Estado da

Paraíba, distando por rodovias a 54 Km da Capital João Pessoa. Pedras de Fogo encontra-se

dividida em 24 áreas, sendo 09 na sede do município e 15 na Zona Rural (ver Figura 3).

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Fonte: Prefeitura Municipal Digitalizado por Elvis Jácome – Geociências - UFPB

Figura 3 – Mapa territorial do município de Pedras de Fogos

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Nota-se no mapa, áreas que compõem as regiões rurícola e urbana do Município de

Pedras de Fogo-PB. Sendo este município, predominantemente agrícola, apresenta uma

produção rural compatível com sua população cuja divisão fortalece a crescente importância da

Zona Rural para o município.

No quadro 1 uma exposição da organização político-administrativo do município de

Pedras de Fogo-PB. (EMATER, p. 09).

Quadro 1 - Político - administrativo

Área 348 km2

População 25.864 hab

População Rural 11.947 hab

População Urbana 11.917 hab

Densidade Demográfica 65,1hab/km2

Percebe-se que, o fato do município apresentar uma área rural proporcionalmente maior

que a área urbana, com populações, relativamente proporcionais, é na atividade agrícola que o

município tem, ao longo de sua história fundamentado os esteios de sua organização sócio-

econômica e cultural.

Segundo as pesquisadoras da UFPB Maria Cavalcanti, Regina Gonçalves, Rosana

Sorrentino e Vilma de Souza:

De meados do Século XIX para o início do Século XX a produção de Frutas já era expressiva na região, bem como a produção de mandioca, milho, feijão e cana-de-açúcar. O comércio local, nesta época, contava com três casas de secos e molhados. Além disso, o município era produtor de cereais e frutas, sendo sua feira semanal muito concorrida.

(CAVALCANTI, 1993 – pg. 38/39)

Ao longo da História pedrafoguense, a feira local desempenha um papel imenso. Sendo

este município um território de atividade majoritariamente agrícola e, portanto carente de

espaços para o escoamento da produção há que se identificar na feira, não apenas uma

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instituição formal de abastecimento, mas, uma atividade próprio na formatação da saúde

econômico-social do município.

A falta de atividade governamental do tocante ao cuidado dessa relação direta da feira

com a produção agrícola em Pedras de Fogo promoveu um certo retrocesso no desenvolvimento

do município na década de 10.

Ainda segundo as pesquisadoras da UFPB:

Em 1909 a sede do município possuía uma capela, duas escolas estaduais e um mercado de propriedade particular contava, nesta época, com iluminação pública. Apesar da expressiva produção açucareira e fruticultura, e da razoável quantidade de estabelecimentos comerciais para a época, o município não dispunha de vias de escoamento suficientes para esta produção. Todo este quadro refletiu-se no ânimo das produções locais desestimulando a expansão da atividade produtora local; o que destinou o município a um plano secundário no cenário econômico do Estado.

(CAVALCANTTI, 1993, pág. 39)

Analisemos, ainda com o que descreve o sociológico paraibano Odilon Ribeiro Coutinho

na obra Uma História de Pedras de Fogo:

Eu atribuo isto a um único fato, a falta de condição de transporte (...) não tinha estradas para assegurar o escoamento da produção. E eu acho que a este fato é que se deve atribuir o desenvolvimento retardado do município.

(COUTINHO, apud CAVALCANTI, 1993 , pág.39)

Ora o despreparo administrativo e a falta de visão político-estratégica para o

gerenciamento dos interesses coletivos, é uma marca registrada na atuação de muitos homens

púbicos que, outrora (e atualmente) têm governado muitos e muitos municípios deste estado da

federação.

Registra-se, sobremaneira, que hoje ano 2006, o município de Pedras de Fogo ainda

amarga a precariedade de estradas de barro, completamente intrafegáveis, que encarecem os

fretes, sucateiam os veículos, isolam o produtor rural com sua produção e, no pior e mais

corriqueiro caso, imobilizam o produtor rural nas garras de atravessadores que compram a

produção por valores irrisórios.

A feira local (Ver Figura 4) reflete a saúde econômica do município, e seu movimento

está diretamente relacionando às épocas do ano, calendário de pagamento das Prefeituras –

Pedras de Fogo e Itambé –, Estados Paraíba e Pernambuco –, e, período de pagamento dos

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aposentados da região. A oferta de produtos oriundos das áreas rurais (ver Figura 5) está

estreitamente ligada às variações de clima e temperatura e sua escassez ou abundância

determina os preços. O consumidor, portanto, põe à sua mesa os produtos da época.

Figura 4 – Feira municipal Data: 27/11/2006 Data: Everaldo

Figura 5– Feira municipal Data: 27/11/2006 Data: Everaldo

Sendo a feira local, um espaço democrático para as relações comerciais entre esses dois

sujeitos do desenvolvimento pedrafoguense – homem do campo e homem da cidade – é lá que

se dá a mola propulsora do desenvolvimento sócio-econômico, bem como equilíbrio e a

estabilidade social do município como um todo.

A feira livre no município de Pedras de Fogo que hoje ocupa 03 dias da semana

(segunda, quinta e sábado), já fora, contudo menos freqüente e expressiva sem, todavia, ter sido

menos importante para esta cidade.

Há que se registrar neste estudo, o depoimento de um entrevistado que descreve as

condições físicas e humanas da feira local nos idos dos anos 70. Segundo José Paulo cidadão

pedrafoguense e, à época cobrador de impostos,

a feira era muito pequena. Ela nasceu ao lado de um péssimo mercado público em madeira com estrutura bastante precária, que fora substituído na década de 80 por um novo mercado.

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A Figura 6 situa a área onde surgiu a feira livre em pedras de Fogo.

Diz o senhor José Paulo, antigo morador e funcionário público, que “a feira se alastra

por uma única rua, ou seja, tinha início em frente à Igreja Nossa Senhora da Conceição,

finalizando onde hoje está localizada a Câmara Municipal de Pedras de Fogo”. Afirmam todos

os entrevistados envolvidos neste estudo e citados ao longo desta narrativa que “a feira livre em

Pedras de Fogo tinha seu espaço comercial em meio a péssimas condições de comercialização, e

que, em dias de chuva funcionava sobre um pavoroso lamaçal”.

Mediante depoimentos da Sr.ª Tereza de Oliveira Cabral (dona “Terezinha da

Farmácia”), “a feira, atendia apenas a comunidade local e de alguns povoados (os sítios). Os

produtos nela presentes eram os de necessidade básica e imediata ao estilo e padrão de vida dos

pedrafoguenses”.

Assim, era comum nas feiras da década de 50-60 a presença de carne de sol, cangalhas,

cassuás, jererés, artigos de couro curtido em abundância e variedade, como também utensílios

de uso doméstico feitos artesanalmente de barro e argila como filtros, panelas, formas, potes e

tachos, barracas que vendiam fazendas (tecidos), camas, petisqueiros, redes, tamboretes,

balaios, cestas, bacia de zinco, ferro a brasa, carvão, fogareiro, fumo, esteira, candeeiros

(lamparinas), peneiras, piassava, galinhas, porcos, bodes, barracas-refeitórios, querosene. E ali

Figura 6 – Mercado público Municipal Data: 27/11/2006 Foto: Everaldo

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também se cortava o cabelo, fazia-se a barba, tirava-se retrato e, “ir à rua” com se dizia quando

se ia à feira, traduzia uma simbologia de que lá, também se adquiria valores, preceitos - cultura.

Conta o entrevistado Sr. José Pereira, comerciante, que “a feira também tinha um caráter

de entretenimento, onde os espaços vazios eram ocupados, de qualquer forma, pelos vendedores

de folhetos de cordel. Ali, eles não só vendiam os folhetos como também os liam para entreter

seu público semanal”.

E recorda um aposentado quando por mim entrevistado acerca do da feira livre de Pedras

de Fogo nos anos 70:

É com saudosa lembrança, que observo não mais existem as leituras de folhetos de cordel; eu ficava ao redor dos vendedores, ouvindo a leitura de contos fabulosos, histórias tristes, narrativas engraçadas e deleitava-me com as danças das cirandas e caboclinhos que paralelamente aconteciam na praça da “Restauração”. Lembro-me que as pessoas rolavam de rir com as apresentações dos violeiros, repentistas e embaladores de coco.

*Dr. Adair Mattos, professor e Advogado aposentado.

Ante o todo aqui retratado no que tange as características da feira livre de Pedras de

Fogo, desde seu processo embrionário, reflitamos sobre a acertiva do professor Luiz Mott.

Sempre que chego a uma cidade, vou logo, em primeiro lugar, visitar o mercado ou feira local, que funciona como numa espécie de vitrine da produção do local, do artesanato, da população, da cidade, da região.

Ferretti (2000 – pág. 14)

Pedras de Fogo, atualmente conta com três dias de importantes feiras, e mais expressiva

acontece às segundas-feiras; começa pontualmente ao alvorecer quando os compradores mais

exigentes e seletivos vão à procura dos melhores e mais saudáveis alimentos e termina por volta

das 19:30 quando pessoas de menor poder aquisitivo vão abastecer-se de produtos de menor

qualidade, fato, contudo, que a população já vai à missa e aos passeios dominicais por entre

barracas de feira, frutas, raízes, legumes e feirantes que pernoitam em suas próprias barracas à

luz da lua. Desta feita, já no domingo à tarde, a cidade tem seu trânsito usual modificado para

facilitar o tráfego de veículos de carga que chegam com produtos agrícolas, bem como,

satisfazer pacificamente aos transeuntes que circulam em laser com carros, motos, bicicletas e a

pé.

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A Feira Livre no município de Pedras de Fogo ocupa 06 ruas, correspondem a uma área

movimentada às segundas-feiras de 3.500m2 Segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento

Social do município. A organização dos feirantes dá-se mediante orientação da Prefeitura e

estes, ocupam determinadas ruas conforme os produtos que vendem. Assim, dá-se na rua André

Vidal de Negreiros a venda de bananas; no largo da praça de Eventos com a rua 1º de Maio,

frutas em geral; à rua 1º de maio acolhem os agricultores, atravessadores que vendem raízes e

hortaliças em geral. Na rua Augusto dos Anjos dá-se a comercialização de verduras e temperos;

ao largo da praça da Conceição, pelo sentido Norte tem-se o preparo e a venda de cafés-da-

manhã, lanches e almoços, ao sul vende-se tecido e miudezas, na rua Presidente João Pessoa dá-

se a comercialização de carne verde, secos e salgados em geral, ao largo Oeste da praça da

Conceição tem-se a venda de grãos em geral bem como enlatados, condimentos, cereais e

petiscos em geral, ao longo da rua Presidente João Pessoa vende-se produtos importados,

confecções e trajes infanto-juvenis. Na rua São Paulo tem-se a venda de tecidos de utensílios

domésticos em geral, e, o consumo de produtos em plástico, porcelana, vidro, ferro, alumínio,

barro e cerâmica, dá-se de forma crescente e avoluma em muito a feira. Na Praça Dom Vital,

lado Oeste, dá-se a venda de mangalhos em geral, onde artefatos de couro, reciclados e

hidratados, bem como tudo em ornamento e decoração encantam os consumidores locais.

As feiras livres realizadas aos sábados e quintas-feiras decorrem basicamente de uma

necessidade ou mesmo demanda da população local. Oferecem basicamente produtos

alimentícios de natureza hortigranjeiro como também uma larga oferta de carnes frescas em

geral –vermelhas e brancas. A feira de sábado, de um modo bem especial, elenca uma grande

variedade de produtos agrícolas recém-colhidos, carnes e peixes frescos e toda sorte de verduras

e frutas. A feira da quinta-feira é a menor e tem um papel de reposição de algum produto que

tenha acabado nos lares pedrafoguenses.

É importante frisar que, tanto a feira da quinta como a feira do sábado ou mesmo a feira

da segunda-feira podem apresentar bom resultados financeiros para os feirantes, apesar de

serem feiras proporcionalmente diferentes, o que determina o sucesso da feira local são fatores

como: a época do ano que determina os produtos, calendário de pagamento aos funcionários e

aposentados municipais, estaduais e federal, e, nos meses que apresenta cinco semanas alguns

feirantes sustentam que as vendas são maiores; entende-se que alguns produtos agrícolas, em

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especial as raízes, são ótimos coringas para aumentar o rendimento das compras mensais num

mês longo.

As compras do supermercado só chegam até o dia 25, eu chego ao dia do meu pagamento com umas besteirinhas que compro na feira mesmo.

Maria Inácia da Costa – Aposentada.

O mercado público municipal acolhe os vendedores de feijão, arroz, milho, farinha e é

onde predomina a oferta de carnes bovina (ver Figura 7), suína e caprina distribuída em mini

açougues (boxes). A Feira Livre em Pedras de Fogo conta com uma infra-estrutura que ainda

demanda reparos e medidas do poder púbico municipal, todavia, o fluxo de feirantes e

consumidores nas ruas ocupadas com a atividade comercial pública local decorre de algum

sucesso das administrações municipais ao longo da história pedrafoguense.

Tem-se cinco ruas para estacionamento de veículos que transportam pessoas vindo da

área rural do município, a saber: Rua Getúlio Guedes, Rua do Jardim, Rua Severino Borges e

Figura 7 – Venda de carnes diversas no mercado público municipal Data: 27/11/2006 Foto Everaldo

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parte da Rua 24 de Outubro, à Rua Márcio Veloso Borba estacionam veículos de vendedores

ambulantes, artesões e artigos populares bem como feirantes precedentes das cidades vizinhas.

A Feira local conta com 280 e barracas (número aproximado); segundo o Sr. Carlos

André, funcionário público municipal não há cadastro que comprove oficialmente nem o

número de feirantes nem de barracas “espalhadas” pela feira local. Alega inclusive que há uma

variação nesse número dependendo da época do ano; em períodos de safra (período da moagem

nas Usinas da região) há um aumento no consumo, portanto, aumenta a quantidade de feirantes

e ambulantes. Há barracas de madeira e de ferro, sendo as de ferro de encaixe e de fácil

locomoção dento da feira e transporte fora dela, no entanto, predominam as barracas de

madeiras e são de propriedade de duas pessoas da cidade ao contrário das barracas de ferro que

pertencem, geralmente, aos próprios feirantes.

Segundo a prefeitura a organização e disponibilização de bancos para os feirantes fica

sob completa responsabilidade dos proprietários dos bancos. A os ajudantes - jovens e

adolescentes (ver Figura 8) que ajudam as donas de casa e consumidores em geral no transporte

dos produtos comprados na feira – que trabalham do alvorecer até as 19:00 horas com carros-

de-mão e carroças cobrando valores que são estabelecidos mediante localidade da residência do

cliente, o preço portanto, varia da R$ 1,00 a R$ 5,00 reais. Ao longo da praça de Eventos com a

Rua 1º de Maio encontra-se uma considerável quantidade desses ajudantes à espera de seus

clientes.

Há, os mototaxistas (ver Figura 9) que compõem também, essa engrenagem de um dia de

feira em Pedras de Fogo, encontram-se à Rua do Jardim com a Rua Augusto dos Anjos, e ainda

no lado leste da praça de Eventos – defronte a praça Dom Vital. Seu preço dentro da cidade é de

R$ 1,50 e transportam basicamente donas de casa e consumidores em geral que vêm fazer

pequenas compras na feira livre.

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Figura 8 –Ajudantes na espera de serviço Data: 27/11/2006 Foto Everaldo

Figura 9 Mototaxistas Data: 27/11/2006 Foto Everaldo

A cidade conta com hospedarias, restaurantes, além de vários bares e lanchonetes que

integram ativamente a infra-estrutura da Feira local.

O valor pago pelos feirantes pela ocupação do solo em Pedras de Fogo nos dias de feira

é de R$1,00 à R$ 3,00 reais, dependendo do tamanho do local ocupado pelo comerciante. A

prefeitura se encarrega da arrecadação que é feita com boleto que é entregue ao feirante – não

serve como nota fiscal – e toda a soma é entregue ao setor da contabilidade da prefeitura.

A feira livre no município de Pedras de Fogo apresenta ao longo da sua história uma

relação afetiva e direta com a história do próprio município, este, como tantos outros municípios

ao largo do território brasileiro que nasceram mediante a força da movimentação comercial,

denota uma considerável vocação para a produção e a comercialização desta, fazendo com que

se efetive uma relação circular de trabalho e desenvolvimento.

A Feira local pedrafoguense, como em qualquer outra cidade, apresenta certos

transtornos para os moradores das ruas ocupadas pela feira; transtornos para o consumidor que

tem que se espremer entre a multidão em ruas estreitas, ou mesmo, mal ocupados pelos feirantes

que tendem a disputar os melhores pontos; transtornos aos feirantes que reclamam uma falta de

organização na distribuição do espaço físico; diz o senhor José Joaquim dos Santos, feirante a

15 anos eu “as vezes o consumidor tem dificuldade de acesso ao meu banco por conta do aperto

e da grande concentração de ambulantes, ajudantes e auxiliares de feirantes”.

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No tocante a higienização e cuidado com os produtos expostos na feira local, há que se

destacar que a época do ano em muito se faz decisiva, digo; o trato com as raízes em geral,

hortaliças, frutas e verduras em período de chuva apresenta certa deficiência ou mesmo

dificuldade para uma manipulação segura e higienizada.

Percebe-se, entretanto, que no manuseio de frutas, verduras e até mesmo a carne

vermelha, não se costuma o uso de luvas; ressalta-se que o próprio consumidor manuseia

dinheiro simultaneamente com a verificação tátil dos produtos por ele utilizado.

É, de fato, comum o transporte da carne verde – em especial em pequenos espaços – nas

costas suadas dos machantes e açougueiros, que trabalham na feira livre ou no mercado público.

Assim, no trâmite da produção rural e a comercialização legítima dessa produção, dá-se o que

há muito nos foi herdado de cultura e orgulho, a Feira Livre.

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Figura 10 – Localização da Área de Estudo

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2.2 Diagnóstico da Feira Livre de Pedras de Fogo

A ampla defesa da praxe comercial e a efetiva descrição do feirante, do consumidor e da

feira livre em Pedras de Fogo-PB embasaram-se, majoritariamente, na pesquisa de campo

empreitada na elaboração e formatação deste estudo. Desta feita, a objetividade aplicada em

cada tabulação, amostra, questionário, entrevista e conversações destinadas aos envolvidos

direta e indiretamente no processo de produção e comercialização de produtos e serviços na

feira livre neste município, nos impõe, ademais, uma leitura crítica dos dados compilados para a

fundamentação científica deste estudo.

A pesquisa, entretanto, ora necessária para a produção do texto, ora objeto de análise e

reflexão sócio-econômica, se projeta tal qual enigma que me impele a interpretá-lo e traduzi-lo,

nisso, a visão e olhar político dos dados, demanda coerência e equilíbrio, deixando-me desta

feita, comprometido com a isenção na análise conjuntural de todo material coletado. A clareza e

objetividade na abordagem dirigida ao público objeto de minha análise foram caracteres

perseguidos desde a formulação dos questionários e formulários até a conversação informal com

a população do universo pesquisado.

Pensar numa análise coesa, pautada meramente na frieza dos dados numéricos e

indicadores estatísticos desmerecendo a importância de uma visão antropológica, social e

política, é incorrer de burocratas cujo conhecimento livresco os condiciona a uma análise

apartada do ser humano em suas várias nuances e aspectos. Assim, a leitura potencializada neste

trabalho busca ler as entrelinhas e a subjetividade dos números na ânsia do encontro com a

pessoa humana abordada durante a etapa de pesquisas.

Na feira de Pedras de Fogo, evidenciou-se um homem cansado, e experimentado na saga

da busca legítima pela sobrevivência. Foi-me clara a frustração deste, ante uma economia

recessiva e um mercado de desafios intransponíveis às forças de um feirante. Elucidou-se em

minhas andanças pela feira livre deste município, um feirante queixoso, inquieto e ansioso por

melhorias na capacidade de compra da população e mudanças na estrutura de comercialização

no município e região. Atento a estrutura sócio-econômica do país onde parece acreditar

originar-se toda sorte de conseqüências acarretadas à sua atividade, este feirante pondera entre o

ontem e o hoje, assegurando na sua quase totalidade que outrora encontrara melhores condições

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de fluxo de suas mercadorias e conseqüentemente melhores rendimentos financeiros, bem como

uma melhor qualidade de vida para toda a sua família.

O consumidor na feira livre de Pedras de Fogo é, na sua maioria atento a escolha dos

melhores e mais saudáveis produtos. Acorda cedo e vai ao centro da cidade – onde acontece à

feira – escolher sob o nascer do sol, as melhores frutas, verduras, legumes e raízes. São na sua

maioria senhoras ou empregadas domésticas cuja quantidade de produtos e sua qualidade,

observada nos carros-de-mão de seus ajudantes especificam seu nível sócio-econômico. O

horário, outrossim, em que este consumidor vai às compras, também explicita seu nível sócio

econômico; registra-se que após as 16:00 horas, os produtos já não apresentam uma

considerável qualidade, e que, receosos por uma possível “bóia” os feirantes tendem, sob

pressão dos consumidores, a abaixarem seus preços ou darem relevantes descontos vendendo,

quilos, dezenas, arrobas ou sacos com produtos por valores ínfimos.

Entendo ser clara também, no consumidor pedrafoguense uma relevante insatisfação

com a realidade financeira do país; alegam terem seu poder de compra achatado, onde os

vencimentos mensais contemplam basicamente as necessidades imediatas de sobrevivência,

lamentam, sobretudo, a falta de dinheiro para adquirirem melhores produtos, e em questão de

acesso gostariam de ter seu consumo ampliado para a aquisição de bens e serviços, hoje

restringidos pela situação econômica do país.

Elaborei um questionário para cada seguimento que integra o universo da minha

pesquisa. E num total de 400 pessoas (200 pessoas para cada seguimento entrevistado), abordei,

desta feita, 200 feirantes, 200 consumidores e pessoas, oriundas da área rural do município e

que, portanto, usufruem das condições de transporte envolvido na gerência municipal para a

infra-estrutura da feira local.

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Tabela 1 - Feirantes de Feira Livre de Pedras de Fogo

Produtos Comercializados

Quantidade de Feirantes

Tempo de Trabalho

Dia mais Trabalho

Dias mais Rentáveis

+ 5

anos - 5

anos 1 2 3

01 (seg)

02 (qui)

03 (sab)

Varia

Tecidos 08 06 02 04 03 01 04 03 01 - Calçados 10 08 02 03 01 04 09 - 01 - Confecções 30 20 10 16 04 10 15 05 10 - Miúdos de boi 15 10 05 05 04 06 05 06 04 - Grãos 14 10 04 08 02 04 08 01 05 - Condimentos 10 06 04 07 01 02 06 01 03 - Frango 08 05 03 05 01 02 06 - 02 - Plástico 06 05 01 03 01 02 04 - 02 - Legumes / Ver. 25 20 05 10 05 10 18 02 05 - Bananas 20 12 8 16 04 - 15 - 05 - Raízes 20 15 05 12 02 06 20 - - - Bijuterias 10 07 03 08 02 - 10 - - - Artesanato 10 04 06 10 - - 10 - - - Alumínio 05 03 02 04 - 01 04 - 01 - Carne 10 10 - 10 - - 07 - 03 - Fonte: Questionário aplicado de setembro de 2005.

2.3 Ramo de Comercialização

De acordo com a tabela, dentre os feirantes destacam-se majoritariamente os

comerciantes que lidam com o comércio de confecções, legumes e verduras. 200 feirantes e,

portanto 15% do total abordado trabalham com confecção, 25 que corresponde a 12 % do total

de 200 feirantes entrevistados trabalham com legumes e verduras. Dos feirantes que lidam com

confecções, 66,6 % estão no ramo do vestuário a mais de cinco anos, enquanto 33,3 % de um

total de 30 encontra-se no comércio de confecções a menos de 05 anos. Já 53,3 % dos feirantes

que trabalham com vestuário, o fazem apenas na feira que acontece às segundas-feiras. 33% dos

feirantes do ramo de confecções trabalham aos sábados enquanto 1,3% optam pela feira das

quintas-feiras. Num total de 200 feirantes entrevistados 12,5 % estão no ramo de legumes e

verduras, onde a maioria esmagadora, portanto 80 %, estão nessa atividade a mais de cinco

anos. Dividem-se, entretanto, atuando nas feiras que acontecem as segundas-feiras e sábados,

enquanto que aqueles que trabalham às quintas-feiras, correspondem apenas a 20%.

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Tabela 2 - Feirantes de Feira Livre de Pedras De Fogo

Produtos Comercializados

Quantidade De

Feirantes

Ganho mensal (salário)

Propriedade (barracas)

Preço de aluguel (R$)

01 02 +3 S N 2,00 3,00 4,00 Tecidos 08 03 005 - 05 03 03 - 01 Calçados 10 06 02 02 04 06 02 02 02 Confecções 30 25 05 - 10 20 10 15 05 Miúdos de boi 15 10 04 01 07 08 03 05 - Grãos 14 09 05 - 06 08 05 04 05 Condimentos 10 07 03 - 04 06 06 05 01 Frango 08 07 01 - 03 05 04 04 - Plástico 06 05 01 - 03 03 04 02 - Legumes / Ver. 25 11 11 03 14 11 15 06 04 Bananas 20 15 05 - 10 10 10 10 - Raízes 20 08 12 - 10 10 10 02 08 Bijuterias 10 10 - - 07 03 07 03 - Artesanato 10 10 - - 10 - 10 - - Alumínio 05 05 - - 03 02 03 - - Carne 10 - 06 04 - 10 04 06 - Fonte: Questionário aplicado de setembro de 2005. Tabela 3 Feirantes de Feira Livre de Pedras De Fogo

Produtos Comercializados

Quantidade De

Feirantes

Preço de espaço Ocupado (R$)

Classificação Funcionar

2,00 3,00 6,00 +6,00 B R O Tecidos 08 04 02 - - 03 04 01 Calçados 10 06 03 01 - 02 03 01 Confecções 30 15 10 05 - 05 10 05 Miúdos de boi 15 06 05 04 - 10 - 05 Grãos 14 04 06 04 - 04 05 01 Condimentos 10 06 04 - - 02 04 - Frango 08 05 03 - - 02 03 - Plástico 06 04 02 - - 04 01 01 Legumes / Ver. 25 10 13 02 - 10 04 01 Bananas 20 10 10 - - 10 - 10 Raízes 20 12 05 03 - 09 10 01 Bijuterias 10 10 - - - 06 02 02 Artesanato 10 07 03 - - 04 05 01 Alumínio 05 05 - - - 02 03 - Carne 10 03 07 - - 05 - 05 Fonte: Questionário aplicado de setembro de 2005.

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2.4 Ganho Mensal

Ainda de acordo com a tabela dentre os feirantes com maior ganho mensal, destacam-se

os que trabalham na comercialização de legumes e verduras (onde 11 recebem dois salários

mínimos,11 um salário mínimo e 03 ganham três salários mínimos mensais), bem como, os que

vendem calçados somam um total de 10 onde 20 % faturam mais de três salários mínimos, 20 %

apenas 2 salários mensais e a maioria, portanto, 60 % apresentam num ganho mensal de um

salário.

No tocante ainda aos rendimentos dos feirantes na feira livre em Pedras de Fogo, há que

os que lidam com carne apresentam a melhor renda mensal num universo de 10 feirantes que

trabalham com carne 40 % alegam faturarem mais de três salários mínimos e 60% apresenta

ganho equivalente a média de dois salários mensais. Nenhum do total entrevistado disse ganhar

apenas 01 salário mínimo na venda de carne em Pedras de Fogo. Sua grande maioria trabalha as

segundas-feiras e aos sábados.

2.5 Atendimento e tempo na atividade

Os feirantes que apresentam um melhor atendimento ao consumidor são os dos ramos de

banana e confecção onde os indicadores de bom e ótimo somam 60 % e 40 % num total de 20

que lidam com bananas e 30 que lidam com confecção, respectivamente. Os feirantes que

trabalham com banana e confecção também se destacam por apresentarem maior tempo na

atividade, 60% dos vendedores de banana trabalham a mais de cinco anos e 66,6 % dos

vendedores de confecções alegam estarem na lida a mais de cinco anos. Todavia, em se tratando

de tempo em atividade na comercialização de produtos, lidera absoluto o feirante do ramo de

carne com 100% dos entrevistados a mais de 05 anos nessa função.

2.6 Dias trabalhados

O dia mais rentável para 70,5% de todos os feirantes entrevistados, num total de 200

pessoas, é a segunda-feira, em segundo lugar com 20,5 % dos feirantes é o sábado enquanto

apenas 09 % acham a feira na quinta-feira mais lucrativa.

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2.7 Reflexão do feirante

Nota-se também que 70,5 % do total de feirantes entrevistados encontra-se nessa

atividade a mais de 05 anos; a justificativa beira o contraditório, alguns destacam a baixa

escolaridade que têm frente a um mercado de trabalho seletivo e competitivo; queixam-se do

desemprego e alegam estar na atividade comercial por falta de outras opções. No entanto,

mesmo aqueles que apresentam satisfatória remuneração na feira se dizem descontentes e que

desejam um emprego com salário fixo mensal.

2.8 Freqüência do consumidor na feira livre Dentre os consumidores entrevistados na feira livre em Pedras de Fogo há que se

destacar o relevante percentual de mulheres 89% de um total de 200 pessoas. As questões, por

mim levantada propuseram-se a fazer uma leitura efetiva do perfil do consumidor, sua

capacidade de consumo, sua satisfação com os produtos, serviços e atendimento na feira livre,

sua percepção no espaço e organização da feira e higienização e infra-estrutura desta. Assim,

pensando a feira livre, façamos via respostas dadas pelos consumidores, uma análise destes,

como sujeitos/pacientes na economia local.

Dos 200 consumidores abordados, apenas duas pessoas declaram não ir a feira com

freqüência regular, nisso, 99 % do consumidor em Pedras de Fogo lotam a feira livre local

semanalmente. Destes 99 % alegam gastarem em média R$ 30,00 por feira. Há que se destacar,

entretanto, que num universo de consumidores apressados, foi mais respectiva minha

abordagem em consumidores mais humildes, sendo esse dado de gasto semanal relativamente

flexível e referente às pessoas entrevistadas; essa média, portanto, demandaria uma outra

pesquisa menos específica e mais eclética na “escolha” dos meus entrevistados.

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Tabela 4 - Consumidores da feira livre de Pedras de Fogo

Quantidade de Consumidor

Freqüência Higienização Localização

SIM NÃO B R R B R R 200 198 02 170 30 -- 200 -- --

Quantidade de Consumidor

Falta Produtos

Preço dos Produtos

Qualidade dos Produtos

SIM NÃO O B R O B R 200 -- 200 80 120 110 90 --

Quantidade de Consumidores

Atendimento Média de gasto

Semanal O B R 30R$ 50R$

200 60 70 70 120 80

Fonte: Questionário aplicado de setembro de 2005. R = Ruim O = Ótimo R = Regular

2.9 Infra-estrutura e preços Registra-se, todavia, que 85% dos consumidores consideram boa a higienização do

espaço ocupado pela feira e das condições dos alimentos nela ofertados. 55% dos consumidores

consideram ÓTIMA a qualidade dos produtos, 45 % acham BOA a qualidade destes, nenhum

dos entrevistados optam pelo indicador REGULAR.

No tocante aos preços praticados na feira livre, há um surpreendente e curioso dado;

nenhum consumidor acredita serem altos. Dividem-se entre os indicadores ÓTIMO (40%) e

BOM (60%). Já no trato com feirante há um certo equilíbrio, nos dados coletados; apenas 30 %

consideram ÓTIMO o atendimento do feirante, 35 % acham BOM e 35% alegam ser regular

esse trato.

2.10 Procedência do consumidor

Os consumidores da Feira Livre de Pedras de Fogo procedem de todo o município,

deslocando-se de áreas rurais ou mesmo municípios vizinhos. Assim estima-se que 69 % desse

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consumidor seja rural ou de cidades próximas como Itambé, Juripiranga, Ibiranga, Alhandra,

Itabaiana. (Ver tabela 5).

Tabela 5 - Referente a localidade referente a zona rural de Pedras de Fogo.

Localização 13 Bela Rosa 02 Bica 05 Bulhões 03 Cana Brava 05 Caricé PE 07 Campo Verde 10 Eng. Aurora 02 Eng. Laje PE 03 Eng. Monge PE 10 Eng. Novo 10 Fazendinha 05 Fazenda Mamoaba 02 Fazenda Progresso PE 05 Gumes 10 Itabatinga 60 Itambé 05 Jangada 02 João Pessoa 05 Mata de Vara 05 Marcação 03 Riacho do Salto 03 Santa Emília 05 Usina Brasil PE 10 Usina Giasa 10 Una de São José

Transportes 50 Caminhões 10 Motos 70 Ônibus 70 Pick-up

Fonte: Questionário aplicado de setembro de 2005

O meio de transporte utilizado pelo consumidor é diferenciado predomina, contudo, o

uso de ônibus e caminhões de acordo com a tabela acima.

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TERCEIRA PARTE Considerações Finais

A pesquisa feita para viabilizar a construção deste estudo monográfico me possibilitou

compreender a máquina administrativa no município de Pedras de Fogo, bem como, a

engrenagem econômica na qual a Feira Livre está contextualizada.

A compreensão amiúde sobre essa complexa e dinâmica atividade comercial requer uma

análise conjuntural de todo o processo produtivo existente dentro da região como um todo.

Assim, este trabalho é pautado de uma leitura tipicamente regional onde a análise dos dados

deu-se de modo a explorar a produção e o escoamento que concerne o município em questão.

Compreender, dentro de um olhar crítico e de cunho indagativo, a importância da Feira

Livre em uma região, me pareceu um desafio ante toda uma cultura que tem desdenhado de tudo

que é do povo e, portanto, simples.

Desta feita, o propósito de identificar nesta Instituição, um esteio de consagração,

conservação e reprodução da cultura e dos valores populares me fez direcionar o olhar para as

questões que sintetizavam os anseios, as preocupações e as agruras do povo pedrafoguense em

detrimento do aspecto econômico tão debatido quando se discute a Feira ou o comércio de um

modo geral, assim chegando a uma síntese detalhada e rica do ponto de vista antropológico e

sociológico acerca da complexidade e dinamismo que compõem a Feira Livre..

A Feira, vista e analisada sob um ponto de vista meramente comercial nos remete a um

entendimento deficiente ante a complexidade do setor produtivo e a riqueza sócio-cultural que

está agregada a essa Instituição. Todavia, uma compreensão ampla sobre Feira Livre em

quaisquer municípios desta Federação seria raquítica se não considerássemos a motivação

econômica que determina a relação interpessoal nas Feiras livres país afora.

Tratar da Feira Livre focando o olhar para os valores sócio-culturais presentes em tudo

aquilo que nela é comercializado, significa uma busca prazerosa por tudo que é peculiar e

demarca a presença humana em suas variadas atividades e atribuições como ser produtor mundo

afora.

Os dias nos quais acontecem as feiras da cidade são três, e apresentam circunstâncias e

aspectos bem distintos; às segundas-feiras, porém, é o dia que apresenta a maior quantidade de

consumidores e feirantes e, portanto, a mais expressiva.

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A satisfação do pedrafoguense com a Feira Livre é algo a ser destacado; acomodam-se

os munícipes a se alimentarem de frutas frescas e raízes saudáveis dada a presença constante de

produtores rurais a trazerem sua produção para a feira local.

Este espaço público onde todos têm o direito de interagir e estar incluído é o lugar onde

se concentram a riqueza e o trabalho da região, de modo que o produtor rural, geralmente

alijado do meio social urbano , tem seu papel como agente protagonista do setor produtivo,

escoamento e abastecimento da cidade.

A Feira Livre em Pedras de Fogo precisa de um reaparelhamento tanto do ponto de vista

funcional e administrativo como do ponto de vista gerencial, digo; há a necessidade de uma

secretaria que trabalhe em parceria com os produtores rurais viabilizando o escoamento e o

fluxo de implementos agrícolas para aqueles tão isolados e solitários promotores de riqueza para

este município.

A reflexão adquirida com este estudo possibilitou-me compreender os vários agentes

presentes na consolidação da saúde financeira de uma região, bem como, facilitou-me o

entendimento sobre a rotatividade econômica como pressuposto imediato para a sobrevivência

financeira de um município como Pedras de Fogo-PB.

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Apêndices Questionário para; Feirantes da feira Livre de Pedras de Fogo- PB 1. Há quanto tempo o senhor (a) trabalha na feira? ( ) mais de cinco anos ( ) menos de cinco anos 2. Quantos dias na semana o senhor(a) coloca banco? Um ( ) dois ( ) três ( ) 3. Dos dias que trabalha, em qual ganha mais? segunda-feira( ) quinta-feira ( ) sábado ( ) 4. Qual o dia de feira que oferece menos ganho para o senhor(a)? segunda-feira( ) quinta-feira ( ) sábado ( ) 5. Qual o seu ganho médio mensal? ( ) mais de três salário mínimos. ( ) menos de três salário mínimos. 6.Trabalha com os mesmo produtos: ( ) Há mais de cinco anos. ( ) Há menos de cincos anos. 7. O banco é próprio? ( ) Sim ( ) Não 8. Quanto paga pelo banco? _______________________ 9. Quanto paga pelo espaço ocupado?_______________ 10. O que acha da Feira? ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ótima

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Questionário para o consumidor da Feira Livre de Pedras de Fogo. 1. Você vem sempre a esta Feira? ( ) Sim ( ) Não 2. O que o senhor(a) acha da higiene da Feira? ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Péssima 3. O que senhor(a) acha da localização da Feira? ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Péssima 4. Você sente falta de algo na Feira? ( ) Sim ( ) Não 5. O que o senhor compra normalmente na feira?________________________ 6. O que o senhor(a) acha dos preços dos produtos da Feira? ( ) Ótimo ( ) Bom ( )Regular 7. O que o senhor(a) acha da qualidade dos Produtos da Feira? ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular 8. O que o senhor(a) acha do atendimento da Feira? ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular 9. De onde o senhor(a) vem? (onde mora ) e como vem?______________________ ____________________________________________________________________ 10. Quanto o senhor(a) gasta em média na Feira? ___________________________ ___________________________________________________________________

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