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A FÍSICA NO TRÂNSITO: possibilidades de utilização de ferramentas tecnológicas
para abordar tópicos de Física em questões e elementos ligados ao trânsito.
Autora: Leonice de Mattos1
Orientador: Prof. Dr. Charlie Antoni Miquelin2
RESUMO
A proposta deste artigo é relatar a experiência do educador ao inserir tecnologias digitais da informação para promover a compreensão de conteúdos de Física pelo aluno da EJA (educação de jovens e adultos), motivando-os a refletir, pesquisar e, em especial, estabelecer relações com conhecimentos já adquiridos de sua experiência pessoal. Para desenvolver o Projeto o tema escolhido foi “A Física no Trânsito”, por ser um assunto de extrema relevância e relacionado ao cotidiano de todos, possibilitando estabelecer uma aprendizagem significativa. Utilizando o material direcionado ao adulto, priorizou-se a autonomia e o tempo pedagógico do aluno. Nesse contexto o aluno é um sujeito ativo e crítico, capaz de compreender, analisar e utilizar o conhecimento adquirido para transformar sua realidade. O material didático desenvolvido foi utilizado com alunos da organização coletiva e individual do CEEBJA Professora Maria Deon de Lira, incluindo uma APED (Ações Pedagógicas Descentralizadas) coordenada pelo mesmo. A interação com colegas professores de Física, por meio do GTR (Grupo de Trabalho em Rede), promoveu a troca de informações, e sugestões de estratégias de ensino aprendizagem a serem utilizadas em conjunto com as tecnologias disponíveis, para o aperfeiçoamento do Projeto. Ao explorar as tecnologias disponíveis refletiu-se sobre as prerrogativas de utilizá-las ou não, nas aulas de Física. Confirmou-se que os aspectos afetivos contribuem para a motivação, e que, o professor assume uma importância indiscutível nesse processo. Em especial com relação à autoestima do aluno adulto que precisa de incentivo e aprendizagem significativa para manter-se motivado. Ao perceber que o aprendizado está ocorrendo de forma gradual e significativa o aluno apresenta maior interesse em aprender, e fazer as correspondências com situações reais, cotidianas, contextualizando o conhecimento. Sente-se parte real do processo no qual está inserido, o que facilita o entendimento e consequentemente o ensino aprendizagem de forma significativa. Palavras-chave: aprendizagem significativa; EJA; tecnologias digitais; trânsito.
1 Pós graduada em Educação de Jovens e Adultos. Licenciada em Física pela UFPR. Professora no CEEBJA
Professora Maria Deon de Lira. 2 Professor Doutor Charlie Antoni Miquelin. Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. Professor do
Programa de Pós-Graduação em Formação Científica, Educacional e Tecnológica da UTFPR. Chefe do Departamento Acadêmico de Física.
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1 INTRODUÇÃO
Este artigo relata a experiência de trabalhar conteúdos de Física, com os
alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos), do CEEBJA Professora Maria Deon
de Lira em Curitiba, utilizando tecnologias digitais da informação. Esses alunos são
jovens, adultos e idosos que retornam à escola para concluir a Educação Básica. Na
disciplina de Física cumprem a carga horária presencial de 128 horas aula, divididas
em quatro registros de 32 horas aula cada um. Optam por estudar na Organização
Coletiva ou Individual, de acordo com suas possibilidades.
Devido às características que envolvem a disciplina de Física no contexto do
Ensino de Jovens e adultos, sabe-se da grande dificuldade de motivar e manter o
interesse dos alunos para estudá-la e, principalmente em aprendê-la, por essa razão
buscou-se no projeto desenvolvido possibilidades de reverter essa situação adversa
objetivando um melhor entendimento dos conteúdos dessa disciplina pelos alunos
adultos.
Nessa modalidade é sabido que para obter sucesso na aprendizagem dos
alunos Jovens e Adultos, torna-se necessário que o professor, além de aproveitar os
saberes trazidos pelos alunos, articule os conteúdos de tal forma que possa
relacionar com situações reais do dia a dia, e ao mesmo tempo consiga abranger um
número significativo de conteúdos, já que precisa "ganhar tempo" em virtude da
carga horária. O aluno adulto, que geralmente detém saberes adquiridos por sua
interação na sociedade, como parte integrante e transformadora do meio em que
vive, ou seja, pela sua vivência, participa com muito interesse quando o assunto tem
relevância no seu cotidiano.
Por essa razão optou-se por trabalhar de forma não convencional, utilizando
um material direcionado a este público, priorizando a autonomia, o respeito aos
saberes por ele adquiridos, e o tempo pedagógico do aluno.
Para atingir os objetivos abordou-se o tema: "Física no Trânsito", que por si
só é muito abrangente, significativo, relevante, facilita as relações com outras áreas
do conhecimento, possibilita a discussão de questões ambientais e de
desenvolvimento sustentável, permite ainda, uma pesquisa bastante ampla no que
diz respeito aos conteúdos de Física estabelecidos nas Diretrizes Curriculares do
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Ensino Médio, haja vista os conteúdos estruturantes que devem ser trabalhados na
EJA serem os mesmos do ensino regular, porém, com encaminhamento
metodológico diferenciado.
O projeto foi desenvolvido nas APEDs (Ações Pedagógicas
Descentralizadas) coordenada pelo CEEBJA Professora Maria Deon de Lira, onde
se assumiu aulas, muito embora a intenção inicial fosse aplicar o projeto somente
para os alunos da organização individual.
Torna-se necessário esclarecer neste ponto, que nas APEDs, as aulas são
ministradas com a carga horária por disciplina de quatro horas aula diárias,
perfazendo o total de 16 horas aulas semanais. Em outros momentos, houve
também a oportunidade de aplicar o material didático na organização individual e em
uma das turmas da organização coletiva da sede do CEEBJA Professora Maria
Deon de Lira.
Os principais objetivos para a utilização do material didático foram explorar
as possibilidades tecnológicas disponíveis, utilizando-as como recursos
pedagógicos, para avaliar quando e como usá-las com os alunos da EJA,
estabelecendo as relações com situações do dia-a-dia e os conteúdos estruturantes
estabelecidos nas Diretrizes Curriculares, de maneira a torná-los agradáveis e
desenvolvidos com qualidade; pesquisar, ainda, práticas pedagógicas que possam
ser aplicadas para estabelecer a real e efetiva participação do aluno nas aulas de
Física com o propósito de estabelecer relações entre ciências, tecnologia e
sociedade (CTS).
Desta forma, ao aplicar o material com os alunos, pode-se refletir sobre as
vantagens e desvantagens de utilizar as ferramentas tecnológicas nas aulas de
Física, além de se perceber a forma pela qual os recursos tecnológicos podem
facilitar o ensino-aprendizagem.
O diálogo foi peça chave para conseguir-se a cooperação dos alunos no
sentido de fazer com que o projeto atingisse os seus objetivos. Percebeu-se que os
alunos mantiveram-se interessados durante todas as fases, desde a implementação
até a sua conclusão, é importante salientar nesse ponto que a motivação foi fator
essencial para que isso ocorresse.
Procurou-se trabalhar de acordo com os princípios facilitadores de uma
aprendizagem significativa crítica. O material didático foi utilizado observando as
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possibilidades de estabelecer relações entre os novos conhecimentos e aquilo que o
aluno já sabe das situações reais por ele vivenciadas.
Este artigo abordará mais adiante como ocorreu a implementação do Projeto
nas turmas mencionadas, além de relatar algumas sugestões e contribuições
recebidas de professores de Física através do Grupo de Trabalho em Rede (GTR).
2 DESENVOLVIMENTO
Nas escolas da Rede Estadual de Educação do Paraná, muitas são as
possibilidades de utilização dos recursos tecnológicos: a TV multimídia,
computadores, e-mails, softwares, bem como informações científicas divulgadas em
jornais, revistas, sites e outros. A utilização desses recursos em sala de aula é
importante porque possibilita a visualização de imagens, animações e simulações,
despertando o interesse dos alunos pela pesquisa e compreensão dos conteúdos a
serem estudados.
O Professor Dr. Awdry Feisser Miquelin, em sua tese de doutorado explana
sobre a utilização de multimídia no ensino.
O computador também oferece uma ferramenta extremamente dinâmica para o ensino, que é a Multimídia. Com esta ferramenta é possível fazer uso de recursos de escrita, movimento e som formando uma hipermídia. A forma mais comum de hipermídia é o hipertexto que utiliza links modificando a leitura tradicional, pois adiciona elementos que não exigem, necessariamente, um acompanhamento linear do texto, mas, sim, uma navegação por diferentes caminhos em seu interior. A disponibilização de links pode levar o leitor a navegar por vídeos, simulações e diferenciadas ferramentas, ou seja, com as multimídias, o grau de interatividade e flexibilidade no hipertexto é superior à leitura tradicional. (MIQUELIN, 2009, p.36).
Para poder utilizar as ferramentas tecnológicas que estão a sua disposição
de forma correta em sua prática, o professor precisa dedicar-se ao domínio destas.
Deve estar atento para as mudanças, e principalmente, não pode correr o risco do
distanciamento da realidade.
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De acordo com Capellão:
O professor deve estar atualizado e, conscientemente, optar por quais tecnologias utilizar nos projetos educativos, compreendendo o conhecimento cada vez mais como um processo continuo de construção colaborativa, do qual ele é orientador. Com alunos motivados e ativos, os resultados da aprendizagem tendem a ser mais duradouros. (CAPELLÃO, 2009, p.37).
Incontestavelmente a evolução tecnológica cresce a cada dia, influenciando
a vida das pessoas de forma direta ou indireta, independente da idade, escolaridade
ou condição socioeconômica. Não se pode ignorar a necessidade de apropriação do
conhecimento estabelecido pelas tecnologias digitais, bem como as novas formas de
interação, proporcionadas pela utilização destas.
Para Adriana Capellão, o professor é um mediador do conhecimento, e deve
educar em ambiente motivador, o qual exige a criação de situações de
aprendizagem diversificadas, situações de simulação, o desenvolvimento de
projetos, com acesso a diferentes tipos de tecnologias.
Para Miquelin, o uso de meios tecnológicos pode fazer com que os
professores e estudantes tornem-se parceiros no processo de ensino-aprendizagem.
A escola pode ser o lugar onde a inovação e a criatividade sejam premissas para que os sujeitos, efetivamente, estejam munidos de subsídios para serem diferenciais na sociedade. Assim, o uso das tecnologias pode potencializar um processo crítico de
aprendizagem, ou não. (MIQUELIN, 2009, p.74).
O uso das tecnologias em sala de aula permite mais agilidade na elaboração
de atividades e consequentemente ampliam-se as opções para o professor, que
além de diversificar as atividades trabalhadas, pode apresentar determinado
conteúdo através de diferentes formas, atingindo eficazmente o maior número de
alunos.
Miquelin alerta sobre a necessidade de refletir a questão da inserção da
internet em sala de aula quando afirma que:
Os meios tecnológicos comunicativos possuem alto potencial relativo à área de educação. Presenciamos sua invasão sorrateira, porém significativa, na escola e outras instituições. Mais especificamente, o computador e suas tecnologias agregadas têm aberto novos caminhos para o ensino e a aprendizagem, principalmente de ciências naturais. O problema é que a reflexão e
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o conhecimento aplicados ao ensino em relação ao seu uso podem não caminhar com a mesma velocidade. (MIQUELIN, 2009, p.32). [...] a Internet merece atenção especial com relação à sua inserção na escola, porque traz consigo pontos proveitosos ao ensino. Porém, sem uma vigilância crítica (é só pensarmos que vários crimes são praticados se utilizando da Internet), poderá perder suas potencialidades e prejudicar o processo de aprendizagem. (MIQUELIN, 2009, p.42). Na área da educação, vemos a grande invasão do computador e da Internet como meios tecnológicos de se interagir. Prova disso é o uso de e-mails, fóruns, salas de conversação e de ambientes virtuais no processo de ensino e aprendizagem, que várias instituições educacionais adotam nos dias de hoje. Mas, será que esse uso é compatível com uma educação que vise à construção de conhecimento pelos sujeitos? Será que Internet (tomando-a como exemplo síntese) pode mediar esse processo como objeto para esse fim? Como avaliar e construir práticas educacionais com a Internet, de modo contribuir para a relação ensino-aprendizagem Física, nas escolas básicas? Que instrumento teórico poderia comportar o uso da Internet (e suas tecnologias agregadas), de maneira crítica, no Ensino de Física, evitando que professores e estudantes estejam na condição de usuários leigos de sua prática e tecnologias? (MIQUELIN, 2009, p.61).
O aluno adulto assimila e consegue transferir aquilo que aprende em sala de
aula, quando a aprendizagem é significativa. E essa só ocorrerá efetivamente
quando o aluno quiser realmente entender o significado daquilo que estuda. Quando
estiver disposto a aprender e conseguir explicar e transferir aquilo que aprendeu. Se,
ao contrário, os novos conhecimentos forem armazenados de forma arbitrária, sem
significados, sem compreensão, a aprendizagem é denominada mecânica. Na
aprendizagem mecânica, aquilo que foi aprendido é facilmente esquecido, não há
retenção, ou seja, o que ocorre é "decoreba".
A teoria da aprendizagem de David Ausubel tem como conceito central a
aprendizagem significativa, que, segundo Marco Antonio Moreira "é aquela em que o
significado do novo conhecimento é adquirido, construído, por meio da interação
com algum conhecimento prévio, especificamente relevante, existente na estrutura
do aprendiz." (MOREIRA, 2008, p.15)
Assim sendo, se não houver a interação entre novos conhecimentos e
conhecimentos antigos, não há aprendizagem significativa.
O conhecimento prévio foi definido por Ausubel como "subsunçor", ou seja:
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A aprendizagem significativa ocorre quando a nova informação ancora-se em conceitos relevantes (subsunçores) preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz. [...] A partir de um conceito geral (já incorporado pelo aluno) o conhecimento pode ser construído de modo a liga-lo com novos conceitos facilitando a compreensão das novas informações o que dá significado real ao conhecimento adquirido. As idéias novas só podem ser aprendidas e retidas de maneira útil caso se refiram a conceitos e proposições já disponíveis, que proporcionam as âncoras conceituais. (MOREIRA, 2008)
Ao mesmo tempo em que novos conhecimentos vão sendo assimilados,
compreendidos, os conhecimentos prévios vão sendo modificados. Entretanto, não é
tarefa fácil identificar quais sejam os conhecimentos prévios do aluno. Para Masini:
"Desvendar o que o aluno "já sabe" é mais do que localizar as
representações, os conceitos e as idéias disponíveis em sua estrutura cognitiva. Requer consideração à totalidade do ser cultural/social em suas manifestações e linguagens, corporais, afetivas, cognitivas. Envolve a compreensão de que o aprender ocorre em cada um na sua individualidade, imbricado nas relações: do ser que aprende com o objeto do conhecimento, em cada situação específica; do aprendiz com o professor em um contexto cultural e social; daquele que aprende com seus pares. (MASINI, 2008. p.65)
Para a educação, o ideal seria que sempre houvesse aprendizagem
significativa. No entanto, a aprendizagem significativa e aprendizagem mecânica
fazem parte de um mesmo continuo, e, "as aprendizagens podem ser parcialmente
significativas, parcialmente mecânicas, mais significativas, mais mecânicas."
(MOREIRA, 2008. p.23)
A aprendizagem significativa tem sido estudada por meio várias
perspectivas, entre elas destaca-se a visão computacional e a visão crítica
(subversiva, antropológica). Na perspectiva crítica, é imprescindível que os
significados sejam captados criticamente, e, não simplesmente acolhidos, no
contexto. Para que isto ocorra efetivamente, consideramos imprescindível que o
professor, não só perceba o seu aluno como sujeito ativo do processo educacional,
mas também esteja consciente de que: "ele próprio está contido como participante
do mesmo contexto social e cultural em que se dá o ensino, submerso nos mesmos
valores, linguagens, conceitos de seu aluno." (MASINI, 2008. p.66)
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Neste sentido, Silva escreve:
"Cabe, ao professor esquematizar os conteúdos escolares, de forma a significá-los no mundo do educando, para que este compreenda, questione, discorde e proponha soluções, tornando-se um leitor ativo e reflexivo do mundo a sua volta, e para que isso aconteça é necessária uma grande reviravolta nas condições de trabalho do educador e na percepção do mesmo em relação ao diálogo do sujeito aprendente com o mundo." (SILVA, p. 4)
Uma das condições para a verificação de aprendizagem significativa, é que
o material de aprendizagem seja potencialmente significativo. A outra condição diz
respeito à vontade do aprendiz em relacionar um conhecimento novo, de maneira
não arbitrária e não-literal (substantiva), com alguma idéia, proposição ou conceitos
já existentes em sua estrutura cognitiva. A aprendizagem significativa só ocorrerá
efetivamente quando o aluno quiser realmente entender o significado daquilo que
estuda. Quando estiver disposto a aprender e conseguir explicar e transferir aquilo
que aprendeu.
No que diz respeito ao material educativo, Moreira escreve:
"É errado dizer que um material educativo é significativo." [...] "Os significados não estão nos materiais, estão nos alunos, nos professores e nos autores.Os materias são apenas potencialmente significativos. (grifo do autor) E isso implica que tenham significado lógico [...] " (MOREIRA, 2008. P. 19)
O material didático foi desenvolvido para ser aplicado na EJA, de forma que
os alunos adultos fossem motivados, não só a participar do Projeto, mas que
dessem continuidade às pesquisas promovendo reflexões e discussões críticas
sobre temas significativos.
2.1 Encaminhamentos metodológicos
Considerando que, "as metodologias são um meio e não um fim", e, que,
nossas práticas metodológicas devem ser flexíveis e adaptáveis,
justificamos a forma como utilizamos o material produzido, recorrendo às
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orientações das diretrizes da EJA, já que propusemos: "transitar pela estrutura
curricular", afim de, "adaptar o tempo escolar às necessidades dos educandos, de
acordo com seu tempo próprio de construção de aprendizagem", com objetivo de
conseguir: "a interação entre os conhecimentos aprendidos tornando-os
significativos às práticas diárias dos educandos", afim de "permitir que os conteúdos
constituam uma rede integradora entre os conceitos trabalhados nas diferentes
áreas do conhecimento e as estratégias de investigação da realidade." (EJA, p.36)
A utilização do material didático elaborado ocorreu inicialmente na turma de
APED. Enquanto essa implementação acontecia, concomitantemente iniciou-se um
trabalho com uma turma da organização coletiva e alguns alunos da organização
individual da sede. Além da implementação do projeto diretamente com os alunos,
em turmas diferenciadas, simultaneamente ocorriam discussões com colegas
professores de Física da Rede Estadual de Ensino, através do GTR (Grupo de
Trabalho em Rede), que faz parte Programa PDE.
A seguir, tratar-se-ão das fases de implementação nas turmas da APED e
na sede do CEEBJA Professora Maria Deon de Lira, bem elencar-se-á uma síntese
das contribuições e discussões ocorridas no GTR, acima mencionado.
A primeira experiência de aplicação do Projeto foi em uma turma de APED.
A diretora da Escola Municipal cedeu o laboratório de informática para ser utilizado
uma vez por semana. A turma em questão era bastante diversificada, composta por
25 pessoas, sendo três rapazes e 22 mulheres, com faixa etária de 18 a 55 anos,
trabalhadores, cujas expectativas são de concluir o ensino médio para uma
ascensão profissional e, com raras exceções, cursar uma faculdade.
Primeiramente, apresentou-se o projeto, buscando-se motivá-los à uma
reflexão sobre as tecnologias, trânsito e meio ambiente. Investigou-se o
conhecimento dos alunos no que diz respeito à informática e uso da internet. Na
ocasião chamou a atenção o fato de que a grande maioria dos alunos não acessava
a internet nem utilizava computadores com frequência. A perspectiva de trabalhar
em um ambiente tecnológico gerou uma grande expectativa em iniciarem uma forma
diferente de estudar.
A primeira aula no laboratório de informática foi para a ambientação com os
computadores, acesso da internet, criação de e-mails pessoais, e um e-mail coletivo
da turma. Esse cuidado foi importante porque se pretendia mais adiante enviar
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lembretes, sugestões de leituras, vídeos e outros. Buscava-se desta forma, atingir
os objetivos propostos na Atividade I do Material Didático: familiarizar com o uso da
internet para estudos e pesquisas, e, despertar maior interesse dos alunos pelo
tema.
Aproveitamos também para falar sobre as formas corretas de pesquisar
utilizando a internet, solicitando aos alunos que acessassem o “Guia prático para o
bom uso da internet,” disponível no portal dia a dia educação.
No laboratório de informática havia um computador disponível para cada
aluno, mas como muitos deles ainda estavam inseguros, organizamos em duplas
para a realização das atividades. Pode-se observar a participação de todos com
bastante empolgação e a colaboração entre eles.
No segundo encontro no laboratório de informática, continuou-se a
desenvolver a Atividade I: “Estudar Física pode ajudar a entender melhor o
trânsito?”, orientando aos alunos a acessarem o site do DETRAN PR, para ler as
curiosidades conforme previsto na referida atividade. Solicitou-se ainda, que
respondessem através do e-mail a seguinte pergunta: “o que você gostaria de
aprender em relação ao trânsito, durante o projeto?” As respostas foram
diversificadas, mas entre todas, as mais citadas diziam respeito ao cinto de
segurança, velocidade, acidentes, sinalização e leis de trânsito.
A intenção nesse momento era fazer com que os alunos utilizassem a
internet para a familiarização, despertando assim um maior interesse pela pesquisa
em outras fontes além dos livros e apostilas. Pode-se dessa forma vivenciar-se na
prática que o uso de meios tecnológicos pode fazer com que os professores e
estudantes tornem-se parceiros no processo de ensino-aprendizagem, porque
mesmo apesar das dificuldades de alguns alunos, para utilizarem os computadores
conseguiu-se manter a motivação e todos responderam a atividade proposta.
Foi possível também ser desenvolvida com sucesso a atividade II do
Material Didático. Nessa atividade os alunos mostraram-se bastante entusiasmados
e participativos. A maioria deles nem imaginava a existência dos recursos que foram
utilizados através do Portal Dia-a-Dia educação. Em sala de aula, retomamos as
discussões sobre as atividades e pesquisas desenvolvidas no laboratório de
informática, estimulando a reflexão sobre os diferentes limites de velocidade. E
enfatizando a distinção entre a velocidade instantânea e velocidade média.
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Para trabalhar a distância de segurança, disponibilizou-se o material para
leitura, sugerido na Atividade III do Material Didático: “Estudar Física pode ser
divertido!” No laboratório de informática os alunos assistiram ao vídeo de uma
situação real, disponível no Portal do Trânsito, de acordo com o planejamento e, em
seguida, acessaram os links, na ordem sugerida e resolveram os testes.
Iniciou-se a Atividade IV: “Quem é o responsável pela qualidade do ar que
respiramos?”, com um debate. Essa atividade foi bastante significativa, no sentido
de atingir o objetivo pretendido, qual seja a interação entre alunos e percepção
enquanto sujeitos ativos do processo educacional e cidadãos capazes de promover
mudanças no meio ambiente. Pelo andamento dos debates, adiou-se a confecção
dos cartazes previstos, para debater sobre a tecnologia no trânsito, objeto de estudo
da Atividade V: “A tecnologia pode melhorar o trânsito”. Disponibilizou-se para os
alunos a coleção completa dos Cadernos da EJA, pedindo que pesquisassem no
Caderno Tecnologia e Trabalho o significado da palavra tecnologia, para desta
forma avançar nas discussões sobre o tema em questão.
Devido à inviabilidade do estudo de campo proposto no “Ligeirão Azul”, e,
tendo em vista que as práticas metodológicas devem ser flexíveis e adaptáveis,
orientou-se a pesquisa na internet, em jornais e revistas, sobre as inovações
tecnológicas existentes nesse novo meio de transporte em uso na capital
paranaense. Alguns alunos relataram a experiência de utilizar o referido ônibus.
Ressaltamos que essa alternativa para a Atividade VII: “Vamos passear de ônibus?”,
estava prevista e os objetivos de observar as novas tecnologias disponíveis em
veículos e em sinalização de trânsito, e, estabelecer relações de conteúdos de
Física com situações do dia-a-dia foram alcançados com êxito.
Aproveitou-se o envolvimento dos alunos com o tema, para a confecção de
cartazes, esta etapa foi trabalhada em seis equipes. Inicialmente as equipes
debateram e escolheram o tema, dentre as pesquisas realizadas. Utilizaram os
materiais disponíveis e cada equipe apresentou o trabalho realizado, possibilitando a
participação de todos, para esclarecimentos de dúvidas e colaborações. Cabe
ressaltar aqui, que após cada uma das apresentações a interferência do professor
foi necessária para que as dúvidas fossem esclarecidas.
Como era esperado, nem todos os alunos participaram da apresentação oral
espontaneamente, uma vez que muitos adultos têm receio de falar em público, mas
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conseguiu-se convencê-los da necessidade da participação de todos os envolvidos e
de que sempre poderiam contar com o auxilio dos colegas e do professor. Após a
realização dessa etapa muitos dos alunos, que se mostravam anteriormente
preocupados, sentiram-se gratificados por ter conseguido superar suas limitações.
Os cartazes produzidos ficaram em exposição no mural do CEEBJA, tendo
sido bastante comentados e elogiados, ocasião na qual um grande número de
alunos mostrou interesse em participar de uma nova etapa do projeto, tão logo seja
possível.
Ao final das etapas, pediu-se aos alunos que fizessem uma auto avaliação, e
também uma avaliação do projeto, nos possibilitando analisá-lo buscando modificar
e reformular atividades para aplicá-lo com outros alunos, futuramente.
Na turma de Física na sede do CEEBJA, no período vespertino, ao iniciar as
atividades do projeto, verificou-se que os alunos já haviam estudado os conteúdos
referentes ao primeiro e segundo registros, ou seja, o conteúdo estruturante:
Movimentos.
Alguns alunos matriculados na organização individual, ao serem convidados
resolveram participar do Projeto de Implementação, mostrando muito interesse pelo
tema e, sobretudo pela metodologia, já que na organização individual normalmente o
aprendizado acontece de forma repetitiva sem muitas inovações, em especial
relativa ao material utilizado que costuma ser livro didático, atividades escritas e,
resolução de exercícios.
No encontro para a apresentação do Projeto e motivação, os alunos
mostraram-se muito participativos. As discussões em torno do tema foram
acontecendo de forma espontânea, com o envolvimento de todos.
Ao iniciar na mesma aula, uma pesquisa sobre o tema: Física no Trânsito,
utilizando a internet. Orientou-se, ainda, uma navegação pelo Portal Dia-a-Dia
Educação utilizando os links propostos nas Atividades do Material Didático.
No segundo encontro, uma das alunas relatou que algumas horas antes
assistira em um telejornal local, a uma reportagem sobre um carro elétrico.
Aproveitamos então, para acessar a referida reportagem no seguinte endereço
eletrônico:http://g1.globo.com/parana/noticia/2011/10/estudantes-transformam-fusca-em-
carro-eletrico-no-interior-do-parana.html.
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Alguns alunos ficaram perplexos não tanto pelo fato da existência do carro
elétrico, que para alguns era improvável, mas especialmente por poderem assistir
integralmente, através da web, a uma reportagem que já fora exibida na televisão.
Após a exibição do vídeo houve comentários sobre a reportagem e encaminhou-se
a escolha de temas para serem pesquisados e apresentados posteriormente pelas
equipes.
Como mencionado anteriormente, a turma em questão já havia estudado os
conteúdos relativos ao Conteúdo Estruturante: Movimento. Sendo assim, optou-se
que esses conteúdos não fossem objeto de pesquisa durante a realização do
projeto, dando preferência aos conteúdos relacionados à Termodinâmica ou
Eletromagnetismo.
Os alunos formaram equipes e iniciaram uma pesquisa e debate para a
escolha dos temas a serem desenvolvidos. Todos entenderam e aceitaram a
proposta. Uma das equipes decidiu que pesquisaria sobre o som, e as outras sobre:
a eletricidade e a luz.
Em dois encontros, os alunos fizeram as pesquisas, elaboraram as
apresentações e nós fizemos as correções e ajustes necessários para que tudo
ficasse preparado para a apresentação em sala de aula. Uma das equipes resolveu
fazer uma apresentação tradicional, sem usar os recursos da informática. Utilizaram
livros, confeccionaram cartazes e apresentaram oralmente os trabalhos. As outras
equipes fizeram a apresentação para ser exibida na TV multimídia.
Após a apresentação de cada uma das equipes nós aproveitamos para
aprofundar os conteúdos relativos a cada apresentação. As pesquisas depois de
corrigidas e apresentadas foram disponibilizadas para os integrantes das outras
equipes.
No final do projeto pediu-se aos alunos que avaliassem o trabalho realizado,
bem como procedessem a uma auto avaliação. Nessa ocasião sentiu-se que o
trabalho da forma com que foi pensado e encaminhado colheu muitos frutos, já que
foi incontestável a alegria e realização dos alunos por terem produzido um material
significativo e, sobretudo, por terem entendido Física de forma prática, visualizando-
a no seu dia-a-dia.
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2.2 Resultados e Discussões
O Grupo de Trabalho em Rede (GTR), realizado como atividade obrigatória
do PDE 2010-2012, possibilitou a interação entre professores de Física da Rede
Pública Estadual de Ensino, residentes em várias regiões do Estado do Paraná,
tendo como base para discussões e reflexões, o Projeto de Intervenção Pedagógica
e o Material Didático, elaborados durante o primeiro e segundo períodos de
participação no PDE, tendo sido desenvolvido em três temáticas e um fórum,
intitulado “Vivenciando a Prática”.
Na temática 1, onde o projeto de intervenção pedagógica foi apresentado, os
professores cursistas, colegas da rede pública estadual de ensino, participantes do
GTR, contribuíram interagindo, respondendo às questões propostas e postaram
suas considerações sobre a utilização de temas abrangentes e relacionados ao
cotidiano dos alunos para explorar os conteúdos de Física do Ensino Médio. A
reflexão a partir das considerações e relatos levaram ao enriquecimento da prática
pedagógica e contribuíram para o aperfeiçoamento do Projeto.
Nessa etapa sugeriu-se aos participantes que após a leitura do Projeto de
Intervenção Pedagógica: "A Física no Trânsito: Possibilidades de Utilização de
Ferramentas Tecnológicas para Estudar Física em Questões e Elementos Ligados
ao Trânsito", respondessem às seguintes perguntas:
Quais as suas possibilidades atuais de utilização de ferramentas
tecnológicas com seus alunos?
Você utiliza diferentes mídias em suas aulas? Quais?
De que forma utiliza ou pretende utilizar a internet com seus alunos?
No Diário, ainda na temática 1, pedimos que elaborassem uma justificativa
posicionando-se favorável ou contrário à utilização de temas abrangentes e
relacionados ao cotidiano dos alunos para explorar os conteúdos de Física do
Ensino Médio, ou preferindo, relatassem uma experiência real vivenciada em suas
aulas.
Muitas foram as contribuições, sugestões e elogios recebidos, em especial
pela escolha do tema. O professor 1, relatou:
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“ “A Física no Trânsito” lembra que o trânsito está intimamente relacionado com os nossos costumes, fazendo parte do cotidiano de todos nós. Assim, é de se esperar que haja um aumento considerável em relação ao desempenho dos alunos ao explorarmos a questão que trata do trânsito. A utilização dos recursos tecnológicos disponíveis como a TV multimídia e o laboratório de informática, facilita o trabalho de transmitir conhecimento, onde se podem apresentar vídeos relacionados às situações encontradas no cotidiano do trânsito, em que uma vasta aplicação das Leis da Física pode ser aplicada, como o estudo de distância de reflexão, distância de frenagem, velocidade (escalar e vetorial) média, aceleração (escalar e vetorial) média, tempo de frenagem, atrito com pneus novos e com desgaste, resistência do ar na aerodinâmica dos automóveis. A óptica também tem suas aplicações no trânsito como, por exemplo, quando se explica o porquê da visibilidade ficar muito reduzida quando se trafega em uma estrada à noite com tempo ruim. Da mesma forma a acústica e o eletromagnetismo se encaixa na relação do trânsito com a Física estudada em sala de aula. O trânsito está por toda parte, quer seja em relação aos pedestres, as bicicletas, as carroças ou os automóveis e caminhões. [...] O texto “Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola”, ressalta a necessidade de mudança de hábitos e atitudes no trânsito, e esta questão é uma das mais sérias no contexto relacionado ao trânsito. Por isso, o momento oportuniza trabalhar as Leis da Física de forma a conscientizar também os alunos à respeito da imprudência de certos condutores de veículos, pois as Leis da Física quando mau aplicadas na questão do trânsito podem trazer conseqüências irreparáveis. A irresponsabilidade no trânsito pode ser notada entre os motoristas embriagados e seus reflexos tardios, sons em intensidades insuportáveis cujos perigos podem ser especulados dentro da acústica e o uso indevido de celulares ao volante, entre outros exemplos. O trânsito engloba um conjunto de fatores, mas a atenção maior está voltada para os automóveis, que podem ser motivo de alegrias ou tragédias. Um carro pode ser comparado a um escravo fiel que obedece às determinações de quem o dirige: ao receber uma ordem para virar à direita, esquerda ou seguir em frente, ele assim o fará e se for mandado atropelar alguém, ele obedecerá da mesma forma. Assim, é preciso saber usar o automóvel em uma relação harmônica com as Leis da Física.”
Com relação à utilização de temas relacionados com o cotidiano, uma
colega, professora 2 contribuiu:
“Ao se trabalhar com projetos usando temas relacionados com o seu cotidiano conseguimos trabalhar de modo a potencializar significativamente, os conteúdos das extensas listagens de conteúdos que constituem os programas escolares. Trabalhando desta forma diferenciada o aluno irá apresentar um interesse maior na disciplina pois adquire um conhecimento mais prático e próximo as suas realidades de vida.”
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Da mesma forma, o professor 3 fez relevante observação:
“Não só sou favorável, como considero indispensável à utilização de temas relacionados ao cotidiano do aluno. Temos a oportunidade de valorizar a aplicação dos conceitos físicos a prática do dia a dia. Gostei muito da sua proposta da aplicação da física no trânsito. Por isso vou compartilhar contigo a maneira como trabalho essa questão com meus alunos. Assim vamos trocando experiências. Eu também destaco sempre a importância da física aplicada ao trânsito. Quando sito os conceitos básicos de comprimento, massa e tempo falo sobre as vias de rodagem. Quando se quer ir a um lugar desconhecido é necessário saber fazer a leitura de mapas, discernindo as vias, BR, PR, etc, e seus respectivos comprimentos e trajetórias. Quanto a questão do atrito podemos destacar primeiro que o pneu para ter maior aderência ao solo seus frisos devem ser bem salientes e que pneus carecas podem derrapar causando acidentes. Lembrar que os óleos usados no motor, câmbio e freios são chamados lubrificantes e servem para diminuir o atrito entre as peças. Sobre velocidade e aceleração seu trabalho está muito bom. Podemos ainda trabalhar quantidade de movimento e diferentes tipos de choques, dependendo da velocidade e da massa, e o sentido de tráfego, quando se envolve dois ou mais veículos. No caso de o pneu furar, podemos trabalhar a questão de unidade de pressão quando se calibra os pneus e o torque quando se solta ou arrocha os parafusos. Lembrando que nós mulheres sofremos para soltar os parafuso devido ao cabo da chave de roda ser muito curto e que uma solução é aumentar o tamanho do cabo adaptando um pedaço de cano. Em termodinâmica podemos citar a produção do movimento nas máquinas térmicas e as várias etapas de um motor. Em eletricidade podemos citar toda a parte elétrica de um carro, bateria, bobina, etc.”
As atividades da temática 2 promoveram reflexões críticas e discussões
construtivas sobre a relevância da Produção Didático-Pedagógica para a realidade
da escola pública. A utilização de mídias para desenvolver conteúdos de Física, bem
como a utilização de conhecimentos prévios do aluno para facilitar o ensino-
aprendizagem, foram objetos de interações e sugestões no sentido de contribuir
para a melhoria das práticas educativas que incentivam os alunos a pesquisarem e
entenderem os conteúdos apresentados.
As questões apresentadas nessa temática foram:
Você aproveita os conhecimentos prévios de seus alunos em suas aulas?
De que forma? Os conhecimentos prévios do aluno adulto podem de alguma forma
facilitar ou dificultar o ensino-aprendizagem? Justifique.
Em relação à atividade IV o professor 4 citou que:
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“Existem muitas maneiras de chamar a atenção para os problemas relacionados ao trânsito, e na atividade IV destaca-se a reflexão dos alunos sobre o que cada um tem a destacar neste sentido sobre a poluição do ar, fazendo com que o aluno escolha três dos problemas que ele selecionou para discussão (utilizando-se de cartazes, revistas entre outros) em grupo de possíveis soluções. É importante enfatizar para o aluno que ações são importantes.”
As discussões em função da Produção Didático-Pedagógica contribuíram
significativamente e assim pondera outro colega, o professor 5:
“Para que a aula se torne mais agradável e interessante para o aluno, é importante que exista sempre uma conexão entre o conteúdo que se quer apresentar e a realidade do aluno. A constatação prévia dos conhecimentos adquiridos pelos alunos é um bom indicio de como conduzir a aula. Muitas vezes um pequeno e simples comentário pode se tornar o inicio de uma aula agradável e participativa. O aluno adulto por ter uma vivência maior pode facilitar e muito o ensino, pois terá uma maior facilidade em relacionar o conteúdo trabalhado com a sua experiência, trocar idéias com seus colegas e enriquecer a aula com sugestões, ainda mais quando o conteúdo é conhecido. Muitas vezes o como conduzir a aula se torna uma tarefa complicada para o educador. Por isso, a produção didática se torna de grande valia pois dá a direção a ser tomada durante a aula. É interessante observar que se o professor ministra 3 aulas iguais, nenhuma delas ficará idêntica à outra. Aí entram vários detalhes como perfil da turma, espaço de tempo mas na minha opinião principalmente o aperfeiçoamento do professor em observar onde a aula anterior poderia ser melhorada.A análise crítica se torna um fator essencial para a melhoria da qualidade das aulas. A produção didático pedagógica vem contribuir em muito com a evolução e o aperfeiçoamento do professor, pois ela faz com que inúmeros profissionais tenham acesso a novas idéias e não apenas alguns conhecidos do autor, socializando o conhecimento."
Na temática 3, foi apresentado o cronograma das ações a serem
desenvolvidas durante a Implementação Pedagógica do Projeto na escola, no fórum
3, os professores participantes interagiram postando informações relativas às suas
experiências e opinando sobre os resultados apresentados no desenvolvimento do
Projeto na escola.
No fórum: vivenciando a prática, os professores fizeram relatos sobre suas
experiências com o uso das tecnologias, e, sugeriram atividades expressivas. Com
certeza o objetivo foi alcançado, visto que, de todas as interações podemos pensar
sobre estratégias de ensino aprendizagem a serem utilizadas em conjunto com as
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tecnologias disponíveis, para enriquecer o processo ensino aprendizagem, obtendo
assim, melhores resultados.
3 CONCLUSÃO
Considerando os objetivos pretendidos quando da elaboração do Projeto,
quais sejam: explorar as possibilidades tecnológicas digitais e de informação,
disponíveis: TV multimídia, internet, e-mails, softwares, bem como informações
científicas divulgadas em jornais, revistas, sites e outros, como recursos
pedagógicos de apoio no estudo de conceitos de física; motivar os alunos para que
conheçam, dominem e utilizem as ferramentas da Web, desenvolvendo a
criatividade, de forma que a utilização das mesmas em sala de aula sirva de
incentivo para que o aluno busque constantemente pesquisar; ampliar as fontes de
pesquisa, enriquecendo seus conhecimentos anteriores, bem como, facilitar a
compreensão de novos conhecimentos; oportunizar a interação entre os alunos, e
também entre eles e o professor, através da realização de pesquisas, trabalhos em
grupo, apresentações e debates, e, refletir sobre a utilização ou não da internet
aplicada aos alunos jovens, adultos e idosos do CEEBJA nas aulas de Física.
Avalia-se que os objetivos foram alcançados e as expectativas superadas.
Devido à possibilidade de aplicar o material didático em diferentes turmas da EJA,
pode-se ampliar as possibilidades de utilização do mesmo, tornando a experiência
mais útil do que o esperado. Com a turma da APED, priorizaram-se os conteúdos
referentes ao Movimento, já que esta era uma turma iniciante na disciplina de Física.
Na segunda turma, na sede, priorizaram-se os conteúdos referentes ao
Eletromagnetismo e a Termodinâmica.
Além disso, expor o Projeto e Material Didático à colegas de profissão, em
virtude do GTR (Grupo de Trabalho em Rede), foi mais uma experiência gratificante
não só pela avaliação do material citado, mas especialmente pela troca de
experiências e sugestões em relação às possibilidades de trabalhar com os alunos
em sala de aula e no laboratório de informática. Os professores participantes,
colegas da mesma área de atuação, contribuíram interagindo, discutindo as
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questões propostas, promovendo reflexões críticas, postando informações relativas
às suas experiências pedagógicas, além de muitas sugestões para o
aperfeiçoamento do Projeto. Através da troca de informações ampliamos os estudos,
superando os desafios que surgiram durante a sistematização do conhecimento,
buscando sempre a melhoria das práticas educativas, e, estratégias de ensino
aprendizagem a serem utilizadas em conjunto com as tecnologias disponíveis.
Com relação á participação efetiva dos alunos, pode-se confirmar que o
aluno adulto ao ser motivado participa e aprende com satisfação, adquirindo
autonomia para dar continuidade às pesquisas e fazer as correspondências com
situações reais, cotidianas, contextualizando o conhecimento. Sente-se parte real
do processo no qual está inserido, o que facilita o entendimento e
consequentemente o ensino aprendizagem de forma significativa.
Constatou-se, ainda, que apesar da experiência de vida dos alunos da EJA,
da motivação e expectativa, alguns fatores geram instabilidade, como por exemplo:
a existência de uma grande preocupação por parte dos alunos com os aspectos
formais de avaliação, a dificuldade de alguns alunos para fazer a relação do
conhecimento prévio com aquilo que estavam aprendendo formalmente em sala de
aula. Acredita-se que esta dificuldade ainda persiste, sobretudo, por causa do pré-
conceito que existe entre os alunos de que Física é muito difícil. Entretanto, quando
conseguiam fazer as relações dos conteúdos com o cotidiano demonstravam grande
entusiasmo e satisfação, principalmente pela participação em todas as fases do
projeto.
Certamente, as mudanças (inovações) na metodologia alteram as relações
dos sujeitos envolvidos. Muitos são os fatores que influenciam o aprendizado. Os
aspectos afetivos seguramente contribuem para a motivação. Ao perceber que o
aprendizado está ocorrendo de forma gradual e significativa o aluno apresenta maior
interesse em aprender. O professor evidentemente assume uma importância
indiscutível nesse processo. Em especial com relação à autoestima do aluno adulto
que precisa de incentivo e aprendizagem significativa para manter-se motivado.
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4 REFERÊNCIAS
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