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04. - Carta ALVD 15. - Dehonianos nos AÇORES 20. - Raízes da CRISE 30. - PENITÊNCIA 36. - ARQUIVOS à mão 44. - JANEIRAS 2013 V al en es V al en es Fevereiro 2013 ANO XXXVII PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA a folha dos 421 Da folia ao silêncio... Da folia ao silêncio...

A Folha dos Valentes - fevereiro 2013

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fevereiro de 2013

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Page 1: A Folha dos Valentes - fevereiro 2013

04.-Carta ALVD15.-Dehonianos nos AÇORES

20.-Raízes da CRISE30.-PENITÊNCIA

36.-ARQUIVOS à mão44.-JANEIRAS 2013

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Da folia ao silêncio...Da folia ao silêncio...

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FICHA TÉCNICA

Director: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida RochaRedacção: Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira.

Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Joaquim António (Madagáscar), Tiago Esteves (Lisboa).

Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, Amândio Rocha, André Teixeira, António Augusto, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, J. Costa Jorge, João Chaves, João Moura, José Agostinho Sousa, José Armando Silva, José Eduardo Franco, Juan Noite, Jorge Robalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Natália Carolina, Nélio Gouveia, Olinda Silva, Paulo Cruz, Paulo Rocha, Rosário Lapa, Victor Vieira.

Colaboradores nesta Edição: Bruno Pilati, Fernando Fonseca, Inês Santos, Eduardo Maia, Micaela Costa, Cristina Correia, Maria Encarnação.

Fotografia: AFV, Vanessa Nunes, Armando Vieira, Inês Pinto.

Capa: Ana Filipa nas Janeiras, em Sobrado.

Grafismo e Composição: PFV.

Impressão: Lusoimpress S. A. - Rua Venceslau Ramos, 284430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329

ISSN – 0873-8939

Depósito Legal – 1928/82

ICS – 109239

Tiragem – 3500 exemplares

Redacção e Administração:Centro DehonianoAv. da Boavista, 24234100-135 PORTO – PORTUGALTelefone: 226 174 765 - E-mail: [email protected]

Proprietário e Editor:Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) * Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOATelefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218

http://www.dehonianos.org/valentes/index.html . http://www.dehonianos.org/juventude/http://www.facebook.com

da atualidade

dos conteúdos

do mundo

do bem-estar

da juventude

da família dehoniana

sumário:

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Associação de Imprensade I nspiração Cr istã

03 > alerta! > Da folia ao silêncio

04 > atualidade > Assembleia geral da ALVD

05 > atualidade > Carta de responsabilidades da ALVD

07 > sal da terra > Itinerários

08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ

09 > entre nós > Bispos dehonianos reunidos em Roma

10 > entre nós > Mensagem dos bispos dehonianos

11 > com Dehon > Vida interior como resposta

12 > memórias > Recordando os padres retornados a Itália

15 > comunidades > A presença dehoniana nos Açores

18 > vinde e vereis > Porta sempre aberta para nós

19 > onde moras > O abraço do pai

20 > doses de saber > Raízes da crise atual (I)

22 > pedras vivas > A velhinha dos feijões

24 > eclesialidade > Rio in Douro: embarca neste porto

24 > palavra de vida > Aventuras e desventuras duma barca

26 > leituras > Valores do ubuntu

28 > sobre a bíblia > Jesus e os pecadores

30 > sobre a fé > Reconciliação e penitência

32 > reflexo > Chamamento para tempos novos

34 > outro ângulo > Aos meus pais

35 > nuances musicais > Música e solidariedade

36 > novos mundos > Tecido para terramotos

37 > minha rede > Arquivos sempre connosco

38 > família dehoniana > I Encontro Europeu FD

40 > jd-Lisboa > Em busca da felicidade

41 > jd-Açores > Festa da partilha

42 > jd-Madeira> Cantar dos reis 2013

43 > jd-Madeira> Dia da Paz - Testemunho

44 > jd-Porto > Janeiras 2013

46 > agenda-JD > Calendário de atividades

47 > tempo livre > Passatempos

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Da folia ao silêncio...

VPaulo Vieira

alerta! –03 da atualidade

Num ápice passámos do Natal ao tempo comum e, noutro tanto, entramos na Quaresma. Pelo meio a folia do Carnaval que pode ser um mo-mento de sã alegria antes de entrar no silêncio e na austeridade da Quaresma.Com o Ano da Fé a decorrer, marcado por muitas iniciativas das dioceses, das congregações, dos grupos e movimentos vivemos ao Mistério da Incarnação e já estamos a preparar o centro do ano litúrgico: a Páscoa.O anúncio natalício prolongou-se, aqui no Porto, com as já há muito tradicionais Janeiras. Foi um o mês intenso de visitas a amigos, famílias e co-munidades que nos recebem de uma maneira fantástica e a quem devemos um obrigado muito grande. Não conseguimos visitar todos os que estavam à nossa espera, por falta de tempo e por coincidência de atividades, pelo que, a esses pe-dimos sincera desculpa.Na altura em que vos escrevo esta saudação, ainda não saiu a mensagem de Bento XVI para a Quaresma, mas já soubemos que terá como tema “Crer na caridade suscita caridade”. Será de certeza, como é hábito, um texto belo, rico e ins-pirador em que nos focaremos no próximo mês, e que, entretanto podereis encontrar nas vossas comunidades e na Internet.Que sejamos capazes de viver este tempo que agora se inicia com a interioridade desejável es-te tempo de conversão na escuta da Palavra, na penitência, na oração, no jejum, na abstinência, na partilha de bens com quem mais necessita, ou seja na caridade e no silêncio.Uma santa Quaresma para todos!

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04– Associação de Leigos Voluntários Dehonianosda atualidade

Em janeiro, a ALVD reuniu a Direção e a Assembleia Geral

VEduardo e Maria

ALVD em AssembleiaAnual

O dia 5 de Janeiro de 2013 foi um dia extremamente cansativo, mas produtivo e gratificante.A Direção da ALVD reuniu no Seminário de Alfragide de manhã, se-guindo-se a Assembleia Geral da parte da tarde e, para abrir o apetite para o jantar, a Direção ainda continuou a trabalhar um pouco mais.Feita uma pequena oração, lida a ata da reunião anterior, focámo-nos na leitura e aprovação da carta de responsabilidades, onde a partir deste dia ficam bem definidas os direitos e deveres do voluntário pe-rante a Associação, as entidades envolvidas nos projetos de missão e vice-versa.Esta carta resultou de um intenso trabalho de reflexão sobre várias experiências na execução de projetos anteriores e ainda de diversas contribuições dadas por vários voluntários ao longo de algum tempo e sempre lideradas pelo padre Adérito Barbosa.A carta de responsabilidades vai funcionar como um regulamento interno para os voluntários, assim como para os seus coordenadores orientarem a sua conduta tendo sempre em vista o projeto de missão para o qual se prepararam sem desviarem a sua atenção para projetos pessoais.Ficou bem claro que é muito importante que os voluntários devem respeitar a instituição que lhes permite partir em missão e simultane-amente respeitar as entidades que os acolhem, numa palavra devem ter uma conduta Cristã e Dehoniana.Falamos também sobre as atividades realizadas e as que estão a decorrer e para não sermos exaustivos, gostaríamos de dar ênfase à campanha do contentor que há-de levar os livros para o Niassa em Moçambique.A campanha está a decorrer lindamente mas ainda falta amealharmos algum dinheiro para concretizarmos este sonho mas com o trabalho de todos os voluntários, os amigos da ALVD e da organização de um mega almoço a realizar em Famalicão a 2 de fevereiro próximo, estamos convictos que este sonho se transformará numa realidade concreta.Por último, gostaríamos de salientar que definimos dois tipos de víncu-lo à ALVD: um, o de voluntário com uma quota simbólica anual; outro, o de amigo da ALVD que deverá contribuir de forma espontânea.Para formalizar esta iniciativa, será enviada uma carta convite a todos aqueles que já estiveram ou estão em missão assim como aos que con-tribuem voluntariamente para o êxito das mesmas.Um apelo final para todos os que nos lêem e para os seus amigos di-vulguem o mais possível esta notícias, pois a nossa base de dados é muito incipiente, mas com a colaboração de toda esta grande família vamos conseguir...No fim de um dia tão preenchido ficamos com uma sensação boa de trabalho feito mas por outro lado a noção do muito que ainda há por fazer, ou seja, o espírito de voluntário a vir ao de cima: uma vez volun-tário, sempre voluntário...

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Responsabilidades nos requisitos

1- Todo o voluntário deve ter mais de18 anos.2- Todo o voluntário deverá realizar o tempo de preparação de 1 a 2 anos para uma experiência de missão num projeto ALVD, com a duração ha-bitual de um ano ou mais e, excecionalmente, de um a três meses.3- Os voluntários serão pessoas dedicadas total-mente, sendo exemplo de trabalho e de entrega.4- Os projetos da ALVD centram a sua interven-ção no âmbito da formação dos agentes para os diversos sectores: – educação, – cultura – saúde, – agricultura, – promoção humana – cidadania, – aprofundamento da fé cristã – evangelização.E será neste âmbito que os voluntários serão co-locados, dependendo das suas aptidões.5- Todo o voluntário deve reger-se por valores morais fortes e apresentar estabilidade emocio-nal.6- Todo o voluntário deve manter o espírito de voluntariado ALVD, intervir integrado num pro-jeto e só a partir desse projeto, sem cair na tenta-ção de responder a pedidos isolados (monetários ou outros) ou aproveitar-se da ALVD para outros projetos individuais, o que é eticamente inaceitá-vel, incorrendo em consequências legais. 7- Todo o material e registos recolhidos durante a intervenção são propriedade intelectual da ALVD, carecendo de autorização da Direção da ALVD para outros fins.8- O voluntário ALVD participa sempre nas cam-

panhas organizadas pela associação, sendo ima-gem de mensagem da ALVD.9- Todo o voluntário só poderá partir para a inter-venção com um seguro de vida válido para todo o tempo em que se encontra em missão.10- Todas as dúvidas que aparecerem ao longo do voluntariado (preparação e intervenção) deverão ser colocadas à Direção da ALVD, pessoalmente e preferencialmente por email ([email protected]), para que tudo seja esclarecido e não fiquem equívocos ou ambiguidades.

Responsabilidades nos valores

11- A vida é-nos dada, mas só a temos quando a partilhamos.12- Assenta a conduta na amabilidade, no respei-to, na generosidade, na delicadeza, no perdão, na tolerância, na compreensão, não enveredando pela antipatia, pelo desprezo, ou recusa dos ou-tros.13- Concentra no que de bom têm os outros, pa-ra poder ver sempre positivamente e identificar com o que é certo e com o que é correto.14- Nunca ceder ao ódio, à ira, à violência, ao mau humor, à apatia e à preguiça.

Responsabilidades financeiras

15- As despesas de viagem, visto, consulta do viajante e seguro são da responsabilidade do voluntário. 16- As despesas normais no lugar da intervenção no terreno são da responsabilidade da instituição que acolhe.17- A ALVD cria condições para a saúde e bem-es-tar de cada um (alojamento, alimentação, saúde, descanso).

A carta de Responsabilidades parece-me ótima e recolhe muito da experiência de funcio-namento da ALVD ao longo destes anos. Parece-me também um sinal de maturidade da Associação que procura apurar ainda mais o seu modo de funcionamento. Aliás foi isso que sempre defendi. A carta esclarece muito bem e especifica os Estatutos. Parabéns…

P. Zeferino Policarpo, Superior Provincial, 2 de Janeiro de 2013

Carta de ResponsabilidadesDireção e Associados ALVD

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Carta de Responsabilidades - ALVD (continuação)

VAssembleia da ALVD

Responsabilidades na intervenção

18- Os voluntários devem ser exemplo de vida e modelo de valores humanos, cristãos e dehonia-nos, não enveredando por qualquer tipo de vícios que coloquem em causa o seu bom nome e o da Associação.19- Ser proactivo e assertivo no âmbito do proje-to.20- Não criar desilusão nos outros, pela falta de empenho independentemente do contexto local.21- Manter o respeito pela dinâmica da comuni-dade que acolhe, procurando conhecer e respei-tar a cultura local.22- Não se envolver em questões políticas e ideo-lógicas do país de acolhimento.23- Ter o máximo de cuidado com a saúde e não adotar comportamentos de risco: sair sozinho sem avisar o responsável da comunidade; fazer coisas por sua livre iniciativa.24- Zelar pelo bom funcionamento das infra-es-truturas da comunidade e do equipamento que tem ao dispor.25- Se se engana, reconhecê-lo humildemente; se dão uma sugestão melhor, deve aceitá-la.26- Se tiver que corrigir alguém fazê-lo com se-renidade, equilíbrio interior e exterior, respeito e consideração.27- Dar testemunho da sua fé, cumprindo os pre-ceitos da Igreja (pelo menos missa ao domingo e outros atos de culto).28- Reservar algum tempo para fazer pastoral nas comunidades, segundo as suas capacidades e a sua disponibilidade.29- Procurar um tempo semanal de formação (re-flexão, oração, avaliação, convívio, programação).30- Os voluntários da ALVD não podem interrom-per a sua experiência para férias, a não ser em ca-sos extremamente excecionais e de acordo com a Direção de ALVD.

Responsabilidades na preparação

31- Todo o processo de formação de preparação estará a cargo da ALVD. 32- A preparação englobará aspetos da formação humana como o desenvolvimento da personali-dade, as relações interpessoais e a educação para os valores, sobretudo, os valores relacionados com a solidariedade. A formação cristã apresen-tará pontos essenciais do cristianismo como a fé, a Igreja e as missões. Do ponto de vista da espiri-tualidade dehoniana, incidiremos na Associação Reparadora do P. Dehon, na Família Dehoniana, na Congregação scj, na Província Portuguesa scj e nas missões onde decorrerá a intervenção. Do ponto de vista da cultura africana, apresentar-se-ão os dois sínodos africanos, conceitos funda-mentais como a ética bantu, ubuntu e as obras de etnólogos africanos como o P. Elia Ciscato. Do ponto de vista do voluntariado, apresentar-se-ão alguns estudos, os estatutos da ALVD, os projetos da ALVD, assim como testemunhos dos voluntá-rios que já fizeram a experiência. Na formação, será obrigatório participar num dos cursos or-ganizados pela FEC (Fundação Evangelização e Culturas), assim como alguns seminários ou eventos organizados pela ALVD. Por fim, o vo-luntário terá que levar um projeto concreto de intervenção, aprovado pela Direção da ALVD.33- Todas as angariações de fundos, efetuadas ao abrigo dos projetos da ALVD, deverão ser au-torizadas pela Direção. E ainda as realizadas em locais de culto deverão reverter na sua totalidade para os projetos da ALVD.34- O dinheiro angariado para os projetos da ALVD deverá ser entregue à Direção da ALVD.35- Outros tipos de angariações poderão ser rea-lizadas, mas sempre com a aprovação da Direção da ALVD.

Responsabilidades no futuro

36- A missão de um voluntário da ALVD não ter-mina com a experiência no terreno, mas continua como membro ativo da ALVD, ajudando os ou-tros voluntários, preparando-os para a missão e a colmatar outras necessidades encontradas pela Associação no terreno.37- A ALVD está sempre aberta à apresentação de novos projetos que deverão ser submetidos à sua Direção.38- Todos os casos ou situações omissos nesta carta serão esclarecidos pela Direção da ALVD.

Alfragide, 5 de Janeiro de 2013

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VPaulo Rocha

sal da terra –07 da atualidade

I t inerários

A vida como uma corrida de montanha

Foram muitos os que tiraram partido das encostas do douro, das escarpas e de mui-tos recantos escondidos entre a vegetação que oferecem um cenário de sonho para caminhadas, passeios a pé ou de bicicleta. Para além da iniciativa e dos lugares de pódio, a referência a este “trail” acontece pelo que ele exigiu de preparação, de es-tudo, de definição de percursos, partidas e

metas. De facto, os 25 quilómetros de corrida foram cui-dadosamente traçados, após muitas horas a “desbravar caminhos”, a analisar altitudes, subidas e descidas. Abrir esta “prova” à participação de gente de perto e de longe exigiu a definição de espaços, a criação de estruturas de acolhimento e de comissariado. E a organização da atri-buição de glórias aos vencedores.Todo o processo de preparação do “I Trail Santa Iria” é a imagem de como qualquer projeto na vida tem de ser sonhado, planeado, pensado e executado. Desde a pro-cura do sentido para a vida, até às rotinas que em cada dia se fazem quase sem pensar. A situação social e económica de muitas sociedades europeias, incluindo a portuguesa, comprovam que du-rante muito tempo quase tudo aconteceu sem projeto, sem pensar no amanhã, sem plano nem estudo. A con-sequência está à vista: andamos todos a “correr atrás do prejuízo”!O que acontece na organização de uma Nação, acontece também nas empresas, nas famílias, em cada pessoa. E se é certo que a condição de mulheres e homens ultra-passa a imanência das coisas, o que podemos avaliar e medir, não é menos verdade que cada um tem liberdade e responsabilidade para traçar um percurso de vida, per-cebendo o que é bom e belo e deixando-se guiar pelo que conduz à felicidade, a própria e a dos outros.Qualquer tempo pode ser ocasião para “abrir caminhos”, traçar percursos, definir pontos de partida e de meta. A Quaresma acredito que o seja por excelência.

No início de fevereiro, em Melres, Gondomar, aconteceu a primeira corrida de mon-tanha, o primeiro “Trail Santa Iria”. A iniciativa partiu de um grupo de desportistas que, em conjunto com a comissão de festas da terra, decidiu alargar a quem quis participar os momentos lúdicos vividos semanalmente entre um grupo de amigos.

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VManuel Barbosa

Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)08– recortes dehonianos

da família dehoniana

FAMÍLIA DEHONIANA NA EUROPA Representantes da Família Dehoniana de vários países da Europa estiveram reunidos em Foligno,

BISPOS DEHONIANOS EM ROMA Dos 25 bispos dehonianos em todo o mundo, dois deles Cardeais, estiveram 19 em Roma, de 10 a 15

PRIMEIROS RELIGIOSOS EM ANGOLA

A presença dehoniana em Angola, já constituída em Distrito e que celebra 10 anos no próximo ano, acaba de ter o se-gundo religioso na pessoa do Abraão, que professou a 27 de dezembro, o qual se junta ao Bartolomeu, primeiro dehoniano natural de Angola. Um terceiro, André, está a fazer o seu Noviciado em Moçambique.

VIDA DA PROVÍNCIA PORTUGUESA Após as celebrações natalícias e sempre em Ano da Fé, recomeçou com

na Itália, de 16 a 20 de janeiro, para pensar sobre esta importante realidade da vivência da espiritualidade do Padre Leão Dehon e programar futuras atividades comuns ao nível da Europa. O princi-pal objetivo do Encontro foi discutir e aprovar o Itinerário Formativo para os Leigos da Família Dehoniana. De Portugal estiveram presen-tes a Emília Meireles e o Padre Adérito Barbosa, que foi escolhido como coordenador da Família Dehoniana na Europa para os próxi-mos anos. Fazem ainda parte da equipa de coordenação: da Itália, o Padre Bruno Pilati, a Paola, a Anna Maria e a Donatela; da Espanha, a Cármen.

de janeiro, para um encontro presidido pelo Superior Geral sobre a vida da Congregação e dos seus proje-tos de expansão. Foram momentos importantes de partilha, de convívio e de visão atualizada do carisma do Padre Dehon. O Cardeal João Brás de Avis, que no Vaticano é o responsável da Congregação para a Vida Consagrada, também esteve presente na reunião. De Portugal, foram D. António Braga, bispo de Angra (Açores), e D. Manuel Quintas, bispo do Algarve. De Madagásgar esteve ainda o nosso confrade português D. Alfredo Caires, Bispo de Mananjary.

Busto do Padre Colombo,da autoria do prof. Paixão

Celebração dos 100 anos do nascimento do Padre Colombo, no Colégio Missionário.

mais intensidade a vida nas comu-nidades dehonianas em Portugal. Do quotidiano, diferentemente vivido, é de realçar: o encontro dos diretores e secretários das nossas revistas, com um tempo de formação a cargo de um conhecido jornalista da Agência LUSA; a continuação da visi-ta do Superior Provincial às comunidades; uma significativa comemoração dos 100 anos de nascimento do Padre Ângelo Colombo, um dos fundadores da Congregação em Portugal, que se realizou no Colégio Missionário (Funchal) no dia 25 de janeiro, com a inauguração de um busto do Padre Colombo alusivo ao acontecimento.

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Bispos dehonianos reunidos em RomaOs bispos dehonianos de todo o mundo estiveram reunidos em Roma

entre nós –09 da família dehoniana

VFernando Fonseca

De 10 a 15 de Janeiro, realizou-se, no Collegio Interna-zionale Leone Dehon, em Roma, o encontro dos Bispos Dehonianos. Estiveram presentes dezanove: António Braga, Manuel Quintas, Alfredo Caires, Tomé Makwhwéliha, Élio Greselin, Cláudio Dalla Zuanna, Gaetano di Pierro, Aloysius Sudarso, Murilo Krieger, Aloísio Oppermann, Nelson Westrupp, Carmo Rhoden, Wagner da Silva, Vital Chitolina, Vilson Basso, Adam Musialek, Virginio Bressanelli, Józef Wróbel, Teemu Sippo. Seis não puderam estar presentes devido a problemas de idade, e/ou de saúde: Cardeal Eusébio Scheid, Cardeal Stanislaw Nagy, os bispos André Henrisoesanta, Joseph Potocnac, Geraldo Dantas. O arcebispo Wilson Jönck também não pôde estar presente porque, nestes dias, passava pela sua arquidio-cese a Cruz das Jornadas Mundiais da Juventude.Os Bispos foram postos ao corrente da vida da Congregação, dos seus projetos e da situação referente à beatificação do Padre Dehon. Escutaram uma conferência sobre o nosso carisma feita pelo Vigário Geral, P.e John Van Den Hengel. Refletiram sobre a missão do religioso dehoniano bispo, hoje. Houve partilha de experiências de vida, daquilo que o carisma os ajuda na sua missão, bem como do que espe-ram da Congregação. Na manhã do dia 11 veio falar-lhes o Cardeal João Brás de Avis, Prefeito da Congregação dos Religiosos e Institutos de Vida Consagrada.O dia de sábado foi ocupado com um passeio a Nápoles, a que se juntou a comunidade do Collegio Internazionale. Visitámos o centro histórico da cidade e algumas igre-jas como a catedral onde se guardam as relíquias de S. Januário, a igreja do Gesù, onde estão os restos mortais de

S. José Moscati, leigo médico, a igreja dos Dominicanos, onde se guarda o célebre Cristo que falou a Santo Tomás de Aquino, que ensinou no convento anexo. Pelas ruas da cidade, perdemos e encontrámos um pastor, arcebispo, por sinal. A alegria foi tanta, que fomos logo para um restaurante à beira-mar, onde nos esperava o Superior Provincial da Itália do Sul, com diversos confrades, para celebrar o reencontro. Alguém se propõe escrever a parábola do “pastor perdido e encontrado”!Era já noite, quando chegámos à Cidade Eterna. Um dia de convívio e descontração, com serenidade e espírito fraterno entre todos, bispos, Conselho Geral, colaborado-res da Cúria, estudantes.No domingo, dia 13, os bispos foram ce-lebrar à Basílica de Cristo Rei, construída por iniciativa do Padre Dehon, onde vive e trabalha uma comunidade dehoniana da Província da Itália do Norte.O encontro terminou ao fim da manhã do dia 15 de Janeiro, com uma celebração eucarística presidida pelo Superior Geral. Logo depois do almoço, alguns dos nos-sos bispos começaram a regressar às suas dioceses, pois os trabalhos são muitos. Mas ficou em todos o gosto de um encontro inédito que, queira Deus, se possa repetir.

Os 19 bispos dehonianos reunidos em Roma, com o Superior Geral e o seu Conselho. Na 1.ª fila, da nossa esquerda para a direita o 4.º, o 5.º e o 6.º são os portugueses: D. Alfredo Caires, D. António Braga e D. Manuel Quintas. Ao centro, com casula, o Superior Geral, P.e José Ornelas Carvalho, também português.

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Page 10: A Folha dos Valentes - fevereiro 2013

Os bispos dehonianos de todo o mundo, reunidos em Roma, enviaram-nos uma mensagem.

VBispos dehonianos

10– entre nósda família dehoniana

Caros irmãos SCJ e todos vós, membros da Família Dehoniana, reunimo-nos, de 10 a 15 Janeiro de 2013, em Roma, 19 bispos dehonianos da Ásia, da África, da América e da Europa, para partilhar a nossa vida e o nosso ministério.Bebemos da fonte: de facto, o Superior Geral e o seu Conselho atualizaram-nos sobre os projetos da Congregação sobre educação, espiritualidade e internacionalidade. Realizámos um desejo de há muitos anos: encontrarmo-nos como bispos dehonianos e viver juntos o sint unum.O que sentimos nestes dias? Uma grande alegria, sim! A alegria:– de termo-nos sentido irmãos na Congregação e de termos reafirmado e partilhado assim o desejo de servir o nosso povo com cordialidade dade e doação;– de ter vivido estes dias, aprofundando a espiritu-alidade da misericórdia e reconciliação que anima o nosso ministério episcopal;– de termos sido confirmados no viver o espírito missionário que nos une a Cristo e à Igreja no anúncio da Boa Nova a todos; ressoou em nós a voz do Padre Fundador que nos exorta a “sair das sacristias e ir ao povo” ;– de termos considerado a importância do em-penho social, promovendo o estudo da doutrina social da Igreja, na formação das consciências e na atenção preferencial aos pobres e excluídos;– de termos insistido na necessidade de apro-fundamento cultural que exige de nós formação intelectual e sabedoria para enfrentar os desafios dos novos tempos que estamos a viver.Sentimo-nos, também, solidário com as preocupa-ções e as esperanças de algumas províncias cujo futuro está em risco, pela idade de seus membros e pela falta de vocações.Em tudo isso, porém, vemos a realidade da Congregação, com os olhos da fé, da qual brota em nós a esperança e a certeza de que o carisma dehoniano não pode morrer. Isso requer renova-ção para enfrentar os desafios do pós-modernis-mo, promovendo comunidades que têm Cristo no centro e que proclamam a reconciliação e mise-ricórdia, como irmãos e servos do povo de Deus ali é necessária, portanto, uma conversão pessoal, comunitária e pastoral.Com o Padre Dehon, amamos profundamente a Igreja e reafirmamos a nossa total disponibilidade para ela e para o povo. Em lealdade filial ao Papa

Bento XVI, que se comprometem a viver o Ano da Fé, e em promover a Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã, através da contemplação e o amor concreto aos pequenos e aos pobres.Amamos a Congregação onde nos sentimos ama-dos. Identificamo-nos como religiosos dehoniano, oferecidos e por ela enviados para o serviço pasto-ral nos foi confiado pela Igreja. Acreditamos que é graça de Deus a partilha do mesmo carisma com consagrados e leigos, com os quais formamos a Família Dehoniana: Desejamos-lhe todo o bem e rezamos para que cresça.. Nesta partilha fraterna, ousamos pedir para ser-mos ainda mais informados sobre a sua vida: que sejam enviados subsídios que nos ajudarão a co-nhecer melhor e aprofundar os valores típicos da dehoneidade. Desejamos que se continue fazer todo o possível para preservar a sua história.Rezamos para que o nosso Fundador seja beati-ficado para que todos nos sintamos estimulados a uma maior santidade de vida na fidelidade ao nosso carisma.Por intercessão do Venerável Padre Leão João Dehon, pedimos a Deus que continue a falar ao coração dos jovens, a fim de que muitos deles se juntem a nós para realizar o sonho do Fundador: de sermos no mundo profetas do amor e servido-res da reconciliação.Por fim, renovamos nossa gratidão à Congregação por nos ter formado como filhos do Padre Dehon, com uma espiritualidade sólida, com um zelo apostólico e com um olhar de misericórdia.Um agradecimento especial ao Superior Geral e seu Conselho e à comunidade de Roma II pelo seu acolhimento caloroso e por nos ter dado a opor-tunidade de nos encontrarmos. Obrigado por nos ter feito sentir membros vivos da Congregação, partilhando as alegrias e esperanças, lutas e tris-tezas das pessoas que acompanhamos no nosso ministério.Estamos em comunhão com os outros confrades bispos que, por várias razões, não pude-ram participar.Confiamos a Família Dehoniana, as nossas dioce-ses e o ministério de todos a Maria, “intimamente associada à vida e à obra redentora do seu Filho”, anima a nossa disponibilidade na fé (cf. Cst 85).Vamos em frente, apoiados pelo Espírito Santo e impelidos pelo amor de Cristo.

Roma, 15 de janeiro de 2013.

“Fazei-vos ao largo, o amor de Cristo nos impele”!

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VJosé Armando Silva

com Dehon –11 da família dehoniana

Estamos num tempo rico em acontecimentos, há que aproveitá-lo

V ida interior como resposta

Cada um destes acontecimentos tem cabimento pleno na vida do homem e não se contradizem quando olhados de modo profundo.No dia da Apresentação do Senhor vive-se o dia do Consagrado. Claro que se fala sobretudo da Vida Consagrada. Mas, nas devidas diferenças com que Deus os brinda, somos todos consagrados pelo dom da vida e pelo Batismo. Não temos que rezar pelos outros. Pelo menos não o podemos fazer como aquietação da consciência para deixarmos de nos perguntar a nós mesmos: o que é que Deus quer de mim? Será na resposta a esta pergunta que cada um pode encontrar a sua própria realização pessoal e, portanto, a sua felicidade.O Carnaval é o tempo de alegria, ou se quisermos, de folia. Deus pede-nos que o sejamos e exorta-nos a ser alegres: “Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a mi-nha alegria, e a vossa alegria seja completa” (Jo 15, 11). A alegria é um distintivo do cristão. Viver o carnaval e ser cris-tão não se contradizem em nada. Só é necessário vivê-lo como cristão. Todo o excesso que faz com que deixemos de ser nós mesmos é que deve ser evitado.Por seu lado a Quaresma convida-nos à mudança de vida. A aceitar a misericórdia de Deus e a viver a misericórdia. “Este é o tempo favorável, este é o dia da salvação” (2Cor 6, 2). Não o podemos desperdiçar.Como podemos unir consagração, carnaval e quaresma? Parecem coisas inconciliáveis. Mas não são. Elas fazem parte da vida, pertencem à nossa história passada e cons-troem a nossa história atual. Somos convidados a vivê-las com todo o nosso entusiasmo e com toda a nossa entrega.

Aí está o mês de Fevereiro, rico de vivências e propostas. Para além de continuarmos a viver o Ano da Fé, Fevereiro traz até nós três momentos importantes: dia do consagrado, Carnaval e início da Quaresma.

Porém, é necessário viver todas elas sabendo o que somos e o que queremos. Esse é o segredo. Então, como conciliar?Podemos encontrar tantas respostas e, resposta em tantos lugares. Eu quero partilhar convosco a res-posta proposta por Leão Dehon. Diz Ele: “O silêncio é o meio mais fecundo da perfeição”. Naturalmente que não é um silêncio entendido como mudez. Deus fez de nós seres comunicantes para podermos viver em comunidade. Ser mudo não é característica do ser humano. É doença. Dehon fala-nos aqui do silêncio da interioridade. Silêncio que escuta, que responde, que fala, que ri, que exulta, que chora, que se alegra, sem nunca nos deixar perder o norte da fé: “Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus; crede também em mim” (Jo 14, 1). Na consagração, no carnaval, na quaresma vivamos na sociedade e com a sociedade na serenidade de nos sabermos acolhidos por Deus. Escutemos de novo o Padre Dehon: É necessário: “regular o meu trabalho (a minha vida) pela prudência, moderá-lo pela temperança, animá-lo pela força: dirigi-lo pela fé e pela caridade”.Santo Agostinho tinha dito: “ama e faz o que quiseres”. Podemos dizer: Sê um jovem amado e que ama Jesus e vive intensamente todas as facetas da vida.

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Trabalharam em Portugal e regressaram à Itália...

Recordando retornados

12– memóriasda família dehoniana

Padre Ernesto Tonin1930-2008

Na fundação e consolidação da Obra dehoniana em Portugal são beneméritos não só os religiosos que, vindos da Itália, lhe dedicaram largos anos da sua existência e atividade, mas também os que por diversas razões regressaram à Itália após breve estadia. Entre eles e limitando-me, como é crité-rio deste memorial, aos já falecidos, são dignos de menção os Padres Tarcísio Contardo, Luigi Maino e Luigi Morello.

Do fim de 1951 ao início de 1954, trabalhou no Colégio Missionário do Funchal, sem grande alarde, mas com muita dedicação, o Padre Tarcisio Contardo. Nascido a 5 de agosto de 1911, professo a 23 de setembro de 1930 e ordenado sacerdote a 26 de junho de 1938, depois de uma colaboração pastoral nas comunidades dehonianas de Pagliare, Albino e Trento, já com 40 anos de idade e 13 de sacerdócio, o Padre Contardo é destinado pelos Superiores à Obra dehoniana em Portugal. O seu ideal e proposta de neo-sa-cerdote tinham sido as Missões – China, Congo Camarões, onde o Superior Provincial achasse melhor! Seria plenamente feliz – es-crevia-lhe ele – se lho consentisse! No elogio fúnebre, o Superior Provincial de então, Padre Luciano Tavilla, defini-lo-á como uma pessoa humilde, pacífica, mansa, generosa, com muito amor e fiel ao seu Senhor, não obstante as limitações humanas. Em vez de ir para as Missões, seria colocado na formação de futuros mis-sionários. A 21 de novembro de 1951 embarcava ele em Génova, no navio Amerigo Vespucci, com destino a Lisboa e Funchal, le-vando consigo a bagagem de dois missionários, que na Madeira esperariam embarque para Moçambique. Chega à Madeira a 10 de Dezembro, acolhido com muito calor humano para lhe mi-norar a saudade da pátria, que certamente traz – assim rezam as crónicas da casa. No Colégio Missionário trabalhará apenas dois

Padre Tarcisio Contardo1911-1990

O padre Tarcisio Contardo

anos, sendo obrigado a regressar à Itália por graves complicações de saúde que o obrigariam a dois internamentos hos-pitalares, em setembro e dezembro de 1953. A 14 de janeiro de 1954 embarca para Lisboa, deixando definitivamente a Madeira e Portugal.Encontrando-me em Monza com colegas provenientes da Escola Apostólica de Trento, onde o Padre Contardo foi colo-cado após o regresso, ouvi da parte deles referências a esse confrade que trabalha-ra na Madeira, falava português e ainda sentia saudade do tempo que lá passara, sinal de que a experiência fora positiva.

Em 1964 o Padre Contardo seria transferido para Bolognano co-mo superior do Noviciado; em 1966 passaria para Pádua III, o Presbyterium, e em 1969 regressa-ria a Trento, inserido agora na local paróquia do Sagrado Coração, on-de virá a falecer a 11 de dezembro de 1990, aos 79 anos de idade.

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Padre Luigi Maino1915-2009

O padre Luigi Maino

Se o Padre Tarcisio Contardo limitou a sua breve estadia em Portugal ao Colégio Missionário do Funchal, o Padre Luigi Maino ligá-la-ia ao Instituto Missionário de Coimbra, também por pou-co tempo: apenas um ano, com o cargo de superior.

Nascido a 5 de maio de 1915, pro-fesso a 29 de setembro de 1932 e ordenado sacerdote a 1 de Julho de 1939, o Padre Maino passaria a desempenhar cargos de uma certa visibilidade e responsabilidade na Itália: Foi superior do Studentato de Bolonha – Seminário Maior da Província – de 1952 a 1955 e reitor do Colégio de Castiglione dei Pepoli de 1955 a 1958, ano em que, certamente a seu pedido e já com 43 anos de idade e 19 de sa-cerdócio, foi destinado a Portugal, sendo colocado em Coimbra como superior do Instituto Missionário, então com sede na Vivenda Cepas. As crónicas do Instituto Missionário de Coimbra e da Igreja do Loreto em Lisboa, bem como as atas do Conselho Regional, acenam a um esgotamento que lhe impedia de exercer cabalmente o exigente e delicado cargo, num ano aliás mar-cado por uma série de dificuldades no Instituto Missionário, nomeada-mente no campo formativo dos alu-nos, com várias desistências destes, e que obrigariam a uma profunda remodelação da equipa formadora a coincidir com a entrada na nova e definitiva sede de Montes Claros.

Depois de breves períodos de repouso absoluto na igreja do Loreto em Lisboa, numa família amiga da Congregação em A-de-Beja, com o Padre Celato em Loulé no Algarve e novamente com uma família amiga no Minho, a solução será o regresso definitivo à Itália, que se dá a 30 de setembro de 1959, com pas-sagem por Fátima.Em Itália, será sucessivamente colocado no Noviciado de Albissola, na Escola Apostólica de Trento, em Pádua III (Presbyterium), na paróquia de Garbagnate (Milão) e, finalmen-te, em Bolognano, casa-enfermaria da Província dehoniana da Itália do Norte, onde virá a falecer a 12 de janeiro de 2009, na linda idade de 93 anos. A passagem do Padre Maino pelo Instituto Missionário de Coimbra, embora nessa fragilidade e precariedade, merece ser recordada.

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Padres retornados a Itália (continuação)14– memórias

da família dehoniana

VJoão Chaves

Padre Luigi Morello1934-2007

O padre Luigi MorelloA memória da estadia do Padre Luigi Morello em Portugal está ligada ao Seminário Padre Dehon da Boavista, onde deu a sua colaboração de 1963 a 1966.Natural de Vicenza, onde nasceu a 6 de abril de 1934, em Thiene, professou a 29 de setembro de 1953 e foi orde-nado sacerdote a 17 de fevereiro de 1963, no Colégio Internacional de Roma, ano em que concluiu a sua licenciatura em Teologia na Universidade Gregoriana. Preparado para a docência e prevendo-se para breve a abertura dos cursos de filosofia e teologia na jovem Região e próxima Província dehoniana portuguesa, o neo-sacerdote Luigi Morello teve como primeira desti-

nação Portugal, no referido seminário da Boavista, numa altura de grande dinamismo, mas também de incerteza quanto à sede da presença dehoniana na área do Porto: Boavista, Ermesinde, Gondomar, com a possibilidade real de ali se vir a abrir também a casa de filosofia, onde o Padre Morello lecionaria. Talvez essa indefinição, aliada ao temperamento aberto e intelectual do recém-chegado, não lhe per-mitiu criar raízes. Assim, no verão de 1966, o Padre Morello regressa definitivamente à Itália, sendo co-locado inicialmente no Colégio de Castiglione dei Pepoli e, depois, na Escola Apostólica de Trento, onde virá a doutorar-se também em sociologia na Universidade local. Em 1973 é colocado na Cúria Geral, de Roma, onde colaborará ativamente na revista Dehoniana, com diversos artigos, e na edição das Obras Sociais do Padre Dehon. Em 1986 é colocado no Presbyterium de Pádua, dedicando-se ao ministério e aos estudos. Por motivos de saúde – doença hepática – passará os últimos tempos em família, assistido pelos familiares. Morre no hospital da sua cidade Thiene, a 3 de Abril de 2007, com 73 anos de idade. Dele, recordo a simpatia, aliada a um misto de saudade, com que sempre acolhia dehonianos portu-gueses de passagem por Roma e em Pádua, sentimentos que bem traduziam o positivo da sua breve estadia entre nós.

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A PRESENÇA DEHONIANA NOS AÇORES

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De uma passagem esporádica a uma ação pastoral constante

comunidades –15 da família dehoniana

Os primeiros contactos de Dehonianos com os Açores dão-se por via das escalas marítimas e aéreas entre os Continente europeu e americano. Pelos Açores passavam os transatlânticos, nomeada-mente da Itália para os Estados Unidos e vice-versa e, no aeropor-to de Santa Maria, convertido, depois da Segunda Grande Guerra, em escala obrigatória de abastecimento, passavam os aviões da Europa para os mesmos Estados Unidos e outros destinos da América do Norte e do Sul. Vários Dehonianos, alguns Superiores Maiores, escalaram Santa Maria nas décadas de 50 a 70.

A PRESENÇA DEHONIANA NOS AÇORES

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Dehonianos nos Açores (continuação)

16– comunidadesda família dehoniana

Igreja paroquial do Cabouco,onde é pároco o P.e Pedro Coutinho

Foi precisamente essa escala aérea que levou, na Primavera de 1948, um “apressado” Superior Provincial da Itália, o P.e Lourenço Ceresoli, a ir dar a Santa Maria, na pressa de seguir de Visita Canónica para a comunidade dehoniana da Madeira! Pensava que os dois arquipélagos fossem confinantes, quiçá como as ilhas do Golfo de Nápoles! Hospedado na casa do pároco de Vila do Porto, Padre Virgínio Lopes Tavares, haveria de ficar em contacto epistolar com o mesmo. E, quando em 1954, o Colégio Missionário do Funchal quis alargar a promoção vocacional aos Açores, o P.e José Benetti, grande entusiasta e impul-sionador da presença dehoniana nesse arquipélago, foi bater novamente à porta do P.e Virgínio, na altura empenhado nas cerimónias da Semana Santa na freguesia de Santo Espírito: feliz casualidade para o D. António, actual bispo de Angra, e para mim! Desse primeiro lançamento da rede vieram três can-didatos: o D. António, um seu primo – o Filipe – e a minha pessoa. Seguiram outros lançamentos e a pesca foi gratificante, em Santa Maria e, depois, em São Miguel e na Terceira.Mas vir aos Açores buscar vocações era pouco. Convinha abrir um seminário menor também ali. A primeira iniciativa nesse sentido coube ao Superior Geral, o alemão P.e Afonso Lellig, Superior Geral de 1953 a 1958, o qual, depois de uma visita à América do Sul, veio com a ideia de se abrir um seminário menor nos Açores, alforge de vocações sacerdotais, com a colaboração entre Portugal e Brasil do Norte. As vocações destinar-se-iam futuramente ao Brasil. Mas se o então Superior Regional de Portugal, o dito P.e Benetti, era entusiasta do projecto e, para o efeito, chegaria a pedir ao Cardeal D. Teodósio de Gouveia, Bispo de Lourenço Marques, que recomendasse o projecto ao bispo dos Açores, o Superior Provincial da Itália, P.e Giuseppe Girardi, não se entusiasmou com a ideia: a abrir dito seminário, se o abrisse ape-nas com pessoal português e italiano; quanto ao envio dos futuros religiosos para o Brasil, o Superior Provincial fazia-o depender da vontade dos interes-sados.Pouco depois, em 1957, o Bispo de Angra, D. Manuel Afonso de Carvalho, propôs aos Dehonianos a acei-tação da direcção do Asilo Escola Agrícola da Ribeira Grande, em São Miguel, convite que os Salesianos haviam recusado. Até o Núncio Apostólico recomen-dou o pedido do Bispo! Os Dehonianos mostraram-se receptivos à proposta, mas o grande sonho do P.e Benetti era abrir um colégio-seminário em Ponta Delgada, aspiração que o Bispo diocesano cortaria cerce, por ter o mesmo projecto. As Irmãs de São José de Cluny, presentes na cidade, e personalida-

des influentes da mesma também apoiavam o projeto, mas o Bispo diocesano não cedeu: as outras ilhas estariam disponíveis; São Miguel não! A perspetiva Açores esmoreceria, também pela saída do seu grande impulsionador, o P.e Benetti, que, em 1966, regressaria definitiva-mente à Itália.Entretanto são os Padres dos Sagrados Corações, de Picpus, que, em 1963, abrirão um seu semi-nário menor na Praia da Vitória. Será uma obra de curta duração. Em 1971, abandonavam-na, propondo a sua compra aos Dehonianos, que então não se mostraram interessados.Terá que se esperar pelo final dos anos oitenta para que surja nova oportunidade, desta vez com sucesso. O P.e Júlio Gritti, que, para incre-mentar o movimento da Experiência de Deus do P.e Larrañaga, frequentava amiúde os Açores, deve ter-se feito intérprete dos Dehonianos para finalmente se abrir uma sua presença na diocese. O certo é que, em fins de 1987, traz um pedido verbal do D. Aurélio Granada Escudeiro nesse sentido; o Bispo estava aberto a qualquer modalidade de presença e ilha. Estando a ter-minar o mandato do Governo Provincial do P.e António Tomás Correia, a questão foi adiada para o Governo seguinte.E eis o novo Superior Provincial, P.e Fernando Rodrigues Alves Gonçalves, lançar, em 20 de janeiro de 1990, um inquérito aos confrades da Província sobre a abertura de uma nova obra numa das três dioceses que fizeram pedido nesse sentido: Açores, Algarve e Bragança. Nos Açores, ser-nos-ia oferecida uma zona paroquial em São Miguel, não distante de Ponta Delgada,

Centro Missionário do Coração de Jseus,em Ponta Delgada

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VJoão ChavesIgreja paroquial do Cabouco,

onde é pároco o P.e Pedro Coutinho

donde se poderiam lançar actividades, inclusive de pastoral vocacional, juvenil e universitária. O resultado da consulta deu 47,9% pelos Açores, 35,2% por Bragança e 14,5% pelo Algarve. A opção foi pelos Açores. A 10 de abril seguinte, o Superior Provincial comunicava ao bispo diocesano, D. Aurélio, a aceitação da constituição de uma comunidade religiosa dehoniana nos Açores, de preferência em Ponta Delgada, São Miguel, implantando aí um Centro de Espiritualidade para apoio à comunidade eclesial nos seus diversos sectores.Em fins de julho do mesmo ano de 1990, é criada a comunidade dehoniana de Ponta Delgada, em São Roque, periferia Este da cidade, na Calçada dos Ingleses, n.º 47. O superior da nova presença dehoniana,

denominada Centro Missionário do Coração de Jesus, o P.e Agostinho Basílio Teixeira Mendes, desembarcará no aeroporto de Ponta Delgada a 15 de setembro seguinte, para estabelecer contatos. Dois meses mais tarde, a 15 de novembro, instalar-se-á a comunidade.Entretanto, procura-se uma sede definitiva para a nova presença dehoniana, a atual, sempre em São Roque, na Rua Duarte Borges, 90. O terreno foi adquirido na prima-vera de 1991, começando de imediato os passos jurídicos para a construção do edifício. As obras só começariam nos finais de 1994, resolvidos os pormenores de licenças, projetos e financiamento.No verão de 1992, a comunidade passaria a ser constitu-ída pelos padres Basílio, que continuava como superior e Agostinho Pinto e pelo Irmão Luís da Silva Santos.O Centro Missionário seria inaugurado a 5 de maio de 1996, por D. Aurélio, sendo já bispo-eleito da diocese o Dehoniano D. António de Sousa Braga.

Trata-se de uma casa de acolhimento para ações pastorais de vária espécie, com a acalentada possibilidade de vir a ser ela mesma a promotora de tais ações, numa perspetiva de irradiação do carisma dehoniano e inclusive de promoção vocacional num arquipélago já rico de vocações dehonianas. Além disso e desde sempre, a comuni-dade religiosa dá a sua colaboração à pastoral diocesana local, não só correspondendo aos ocasionais pedidos que lhe são formulados nes-se sentido, mas também assumindo a responsabilidade de paróquias vizinhas: a do Livramento, desde o início, e a da Atalhada, por algum tempo, a que, já em 2011, sucedeu a bem mais consistente e exigente paróquia do Cabouco.

Igreja paroquial do Livramento, onde é pároco o P.e José Andrade Braga

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dos conteúdos

VFernando Ribeiro

18– vinde e vereisComo pessoas de fé, podemos e devemos esperar surpresas de Deus...

Porta sempre aberta para nós

Bento XVI ofereceu à Igreja, logo no início deste “Ano” especial um documento que merece ser conhecido e valorizado, dada a sua riqueza ins-piradora. Ficou conhecido, como habitualmente acontece, pelas palavras com que inicia: “A Porta da Fé”.

“Vinde e vereis”. Sempre na perspectiva inspiradora do mote que titula esta rubrica, gostaria, neste segundo mês de 2013, de convidar a não esquecer uma circunstância que, no meio de tantas outras que constituem a trama da nossa vida, corre o risco de passar despercebi-da. Refiro-me ao “Ano da Fé”, em curso até Novembro.

Começa o Papa por afirmar que essa porta “está sempre aberta para nós”. Está sempre aberta, porque é essa a vontade de Deus, vontade que se nos afigura também um compromisso do mesmo Deus para com a família humana no seu todo e em cada um dos seus elementos. Diz-nos a Escritura: “Deus quer que todos os homens se salvem e che-guem ao conhecimento da verdade”.Está aberta, porque isso corresponde também, podemos dizer, reciprocamente a um direito cons-titutivo do ser humano, na medida em que ela, re-corda o Papa, “introduz na vida de comunhão com Deus”, para a qual todos fomos criados e na qual consiste a plena realização do nosso ser. Desta re-

alidade dá-nos conta o grande S. Agostinho na fa-mosa afirmação tantas vezes referida: “Criaste-nos, ó Deus, para Ti e o nosso coração anda inquieto enquanto não repousa em Ti”.Numa perspectiva mais imediata, recorda o Papa que essa porta “permite (também) a entrada na sua Igreja”, para logo a seguir sugerir que o facto de a porta estar aberta isso não significa obriga-ção de a transpor, mas antes uma possibilidade oferecida à liberdade que, sendo embora dom de Deus, Ele respeita mais do que ninguém.Compete à pessoa humana tomar consciência dessa possibilidade, contando sempre com o au-xílio divino, quaisquer que sejam as circunstâncias em que decorrer a sua existência.A nós que, por graça de Deus, recebemos o dom da fé compete-nos por nossa vez ter em conside-ração aquilo que Bento XVI recorda quando afirma que “é possível cruzar este limiar (porta), quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma”. Tudo isto podemos ler logo na introdução do do-cumento, onde também se sugere a necessidade de prestar atenção às múltiplas formas como se repete aquele “vinde”, aliado à consoladora garan-tia do “vereis”. Textualmente: “Atravessar esta porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira. Este caminho tem início no Baptismo, pelo qual podemos dirigir-nos a Deus com o no-me de Pai, e termina com a passagem através da morte para a vida eterna, fruto da ressurreição do Senhor Jesus, que, com o dom do Espírito Santo, quis tornar participantes da sua própria glória quantos crêem n’Ele.”. Participar na glória de Deus é, nem mais nem menos, entrar de forma definitiva na “comunhão com Deus”, que é a plena realização do “vereis”prometido.Que o mês de Fevereiro seja todo ele vivido na consciência do “Ano” especial que, como crentes, somos chamados a viver na vida pessoal e no tes-temunho!

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VFátima Pires

dos conteúdos

Começar a Quaresma ref let indo sobre a misercórdia de Deus Pai

onde moras –19

O abraço do PaiA Quaresma é um tempo propício para confrontarmos a nossa vida com a Palavra do Senhor. Vou refletir convosco sobre a parábola do Filho Pródigo (Lc 15, 11-32). O Pai tinha dois filhos. O filho mais novo pede-lhe a parte da sua herança, gasta tudo numa vida devassa, começa a passar privações. Empregado a cuidar dos porcos, bem desejava matar a fome com as bolotas, mas ninguém lhas dava. Então caiu em si “os empregados de meu pai tem pão com fartura e eu morro de fome”. Decide ir embora, voltar para casa, ir ao encontro do Pai e dizer-lhe: “Pai, pequei contra o céu e contra ti, já não sou digno de ser chamado teu filho”.Que motivações o levam a deixar o Pai? Desejo de autono-mia, querer orientar a vida a seu jeito… Que motivações o levam a voltar? A fome, o mal-estar geral, o sentir-se em terra estranha, a falta da presença do Pai. Como se sentia? Confuso, inseguro, triste, arrependido, humilhado…O filho mais velho ao aproximar-se ouviu a música e a dança, informou-se acerca do porquê da festa, não quer entrar “há tantos anos que te sirvo, e jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um cabrito para festejar com os meus amigos. Contudo veio esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, e para ele matas o novilho”O Pai aceitou a proposta do filho mais novo, dividiu os bens e entregou-os, respeitou a liberdade do filho. Esperou ansiosamente o seu regresso. Ao avistá-lo ao longe “encheu-se de compaixão, correu e lançou-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. E disse aos seus servos: “Ide depressa, trazei a melhor túnica e revesti-o com ela, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o novilho cevado e matai-o; comamos e festejamos, pois es-te meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado!”. Que belo! Que Pai extraordinário! E ainda, saiu a suplicar ao filho mais velho. “Filho tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu…” é a misericór-dia, o amor sem limites, a liberdade total.O perdão de Deus é para nós um desafio. O abraço do Pai, é a antecipação do encontro definitivo. Implica que deixe-mos que Deus seja Deus, que Ele se aproxime de nós, que o procuremos, que confiemos n’Ele que nos disponhamos a ir ao seu encontro. Deus gosta de nós, é assim que Ele nos conhece, mas sempre nos vai pedindo mais, da nossa parte implica aceitarmo-nos como somos, aceitar o nosso pecado, arre-pendermo-nos, confiarmos na sua misericórdia. Ele quer o melhor para nós! Mas, nem sempre nos sentimos seguros desse facto. Vale a pena arriscar no encontro com Deus misericordioso, aproveitemos o tempo quaresmal.

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20– meias doses de saberdos conteúdos

Valores de natureza ideológica acima do valor fundamental da dignidade da pessoa humana

Milagre de Ourique (António J. Pereira, c. 1880-1890)

Raízes da crise atualI. Os excessos

Grandes conquistas sociais e grandes comodi-dades pessoais escorreram-nos das mãos de um dia para o outro. Se há uns anos atrás os lemas escarrapachados nas publicidades dos bancos proclamavam o verbo “gastar”, “gastar”, hoje o le-ma mudou diametralmente com o verbo “poupar”, “poupar” a pontificar nos anúncios publicitários. Sentimo-nos apertados por uma crise de que ain-da não vemos bem qual será a saída. Estamos a ser obrigados a rever os nossos hábitos e os nossos gastos. Parece que acordámos do sono em que fomos embalados num canto de sereia de uma prosperidade que acreditámos não se esgotar. Depois de alguns anos de vacas gordas, depois de tanta fartura paga pela União Europeia agora acordámos sobressaltados para a realidade crua e nua da austeridade.Mas importa perguntar: quais as raízes profundas desta crise aguda. Entre a avalanche das análises dos economistas e analistas baseados em teorias económicas de diferentes escolas, podemos tam-bém contribuir com outras perspetivas analíticas que nos podemos ajudar a compreender as causas remotas desta situação de severa austeridade. Em nosso entender, esta crise é o resultado de vários excessos e de várias radicalizações que colocaram valores de natureza ideológica diversa acima do valor fundamental da dignidade da pessoa hu-mana! Esta é, pois, em primeiro lugar uma crise de humanismo. O valor da defesa primeira da pessoa humana na sua singularidade e particularidade tem sido sucessivamente atropelada. Os excessos que têm provocado esta crise re-sultam de várias radicalizações ideológicas que remontam ao século XIX, o século das ideologias. Duas radicalizações nasceram naquele século que estruturaram em concorrência violenta dois

modelos de sociedade e de estado que dividiram politicamente a organização geoestratégica do mundo. Primeiro, a ideologia liberal que afirmou o indivíduo e a sua autonomia e livre iniciativa face ao todo social estruturado pelo Estado. Esta ideologia defensora da liberdade individual nu-ma relação construtiva com o todo social, em si muito positiva, acabou por degenerar em termos económicos no capitalismo selvagem e em ter-mos antropoéticos no egotismo. Hoje o ideal do liberalismo radicalizou-se na pós-modernidade neoliberal e consumista, onde prepondera a ideia do indivíduo menos como cidadão e mais como cliente, a sociedade menos como comunidade de indivíduos e mais como mercado, o homem me-nos como sujeito e mais como objeto. Outra radicalização gerada no século XIX adveio da ideologia marxista. Esta emergiu na crítica ao capitalismo selvagem que tinha como ideal ma-terialista a maximização do lucro do patronato através da exploração extrema do proletariado sem consideração pelos direitos dos trabalhado-res e do valor força laboral como capital humano fundamental para a construção das empresas. O comunismo sonhou com uma sociedade igua-litária, onde a supervalorização da comunidade apagaria a autonomia do indivíduo que passava a ser tutelado pelo Estado, a nova entidade omnipo-tente e materialista, que tomava o lugar de Deus. Esta radicalização fundou novos sistemas polí-ticos que acabaram por degenerar em antros de desumanidade. A União Soviética torna-se o caso referencial da aplicação política do comunismo que contrabalançou os modelos liberais que se afirmaram no ocidente europeu e na América do Norte. Também da radicalização do sistema comu-nista ficaram para a história os casos de opressão

A crise é a palavra-chave que predomina em todos os discursos sobre a atualidade. Não só superabunda nos discursos, mas acima de tudo pesa nas nossas preocupações. Há uma espécie de sentimento geral que paira no ar de que estamos a regredir no tempo.

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VEduardo Franco

massiva de populações e da sua liberdade che-gando a extremos da horrenda experiência de extermínio, sendo os mais conhecidos a grande prisão política soviética dos Gulag e o caso do Holodomor, ou seja, o homicídio dos Ucranianos pela fome nos anos 30 do século passado. Ali morreram dezenas de milhões de pessoas por causa da sua religião e convicções políticas.Com a derrocada da União Soviética ainda se mantém um enorme país, cujo sistema políti-co é inspirado no marxismo, mas interpreta-do por Mao: a China. No entanto, assiste-se hoje ao estranho caso de um país maoís-ta como a China, que maximiza o poder do Estado, ter aderido às práticas mais odientas do capitalismo selvagem da desvalorização do valor da pessoa humana. Este casamento estranho entre capital e comunismo está a baralhar a velha lógica das relações internacionais em fase de hiper-globalização acele-rada e desregulada. Há que encontrar uma outra via, um outro caminho: o regresso ao humanismo. Importa voltar a rever a hierarquia dos valores e colocar, em primeiro lugar, o valor da pessoa humana, o capital do trabalho realizado pelos traba-lhadores, a economia real e social no cimo da hierarquia da importância e so-bre os valores do mercado, sobre as finanças e sobre as especulações. Importa regressar às fontes mais puras do huma-nismo defendi-do por homens como Jacques Maritain e pelas teses d e f e n d i d a s pela Doutrina Social da Igre-ja.(continua no próximo núme-ro)

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22– pedras vivasdos conteúdos

A velhinha dos feijõesA felicidade de dar

Era o segundo das Férias Missionárias naquela peque-na aldeia da Serra da Estrela, com um grupo de 15 jovens e as Irmãs Zélia e Lurdes, das Oblatas do Coração de Jesus. As Férias Missionárias decorriam serenamente e os jovens andavam radiantes. Nessa tarde, sentado à som-bra no quintal da residência paroquial que nos acolhia, ouvi um deles, novato nestas atividades, cochichar com uma colega do grupo: – O Padre – naquele caso era eu – julga que somos tolos. Já viste, se só trazíamos comida para a primeira refeição, como ele disse? Ia ser lindo! Como é que esta aldeia tão pequenina e pobre nos ia dar de comer a todos?!... E aqui nem há aonde ir comprar!... E ouvi serenamente a res-posta da “repetente”…– Olha, onde íamos buscar comida não sei!... Mas sei que não íamos nem vamos pas-sar fome!... O ano passado a aldeia onde estivemos era bem mais pobre do que esta. E quando lá cheguei pensei exatamente o que tu pensas agora… Vais ver que chega e sobra! O ano passado sobrou que nem imaginas! Foi por isso que ontem não aceitei os feijões que uma velhinha trazia…Coitada! Bem preci-sava deles… Não me fiz ver, nem eles che-garam a saber que eu tinha ouvido aquelas confidências.

No entanto, fiquei a pensar na tristeza da velhi-nha que teve que levar os feijões de volta para casa, porque uma jovem achou que ela, por ser muito pobre, não tinha o direito de dar! Se ela os queria dar, e se era o que ela tinha par nos dar, só tínhamos que agradecer… À noite houve missa, como ia acontecer toda a semana. E nem a propósito, o Evangelho falava de um jovem rico que foi ter com Jesus e lhe perguntou o que deveria fazer para ser feliz… Jesus disse-lhe, mas ele retira-se entristecido. Porquê? O evangelista diz que essa tristeza se fi-cava a dever ao facto de ele ser muito rico e não se ter conseguido libertar das riquezas. Com um Evangelho assim, falei aos jovens na riqueza que é Deus, que nos quer fazer felizes e na tris-teza que é não sermos capazes de as deixarmos por Deus… E daí a falar da generosidade e da felicidade de dar, foi um passinho só… No fim da missa, quando regressava à sacristia, vi uma velhinha fazer-me sinal para esperar. Esperei e ouvi-a lamentar-se. – O senhor disse que só é feliz quem dá… Eu também queria ajudar estes jovens, para que não passem fome aqui na nossa terra. Mas ontem trouxe uns feijões que quis dar a uma das meninas, mas ela não os quis... Se calhar teve nojo de mim, mas olhe que eles estavam limpi-nhos.E a senhora já quase chorava. Por isso, an-tes que ela continu-a s s e ,

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VAntónio Augusto

A velhinha dos feijões

chamei a Paula e disse-lhe: – Esta senhora quer dar-nos feijões, de que eu gosto tanto. Por isso, vais agora com ela a sua casa e trazes os feijões para a senhora não ter de voltar cá. A Paula ainda tentou dizer alguma coisa, mas não deixei e ela lá foi, es-tando de volta quatro ou cinco minutos depois, que ali era tudo muito perto. E lá vinha o punhado dos feijões, embrulhados num jornal. – Ó Senhor Padre, não devia ter aceite os feijões! A senhora é tão po-bre! É mesmo muito pobre! Havia de ver a casa… – Eu gostava mais que tu tivesses visto o sorriso de alegria da senhora quando eu te chamei para ires com ela buscar os feijões. No dia seguinte encontrei de novo a velhinha. Estava tão feliz! Agradeceu de novo termos aceite os feijões e disse que a Menina que os foi buscar era muito simpática! Nem se tinha apercebido que era a mesma que os tinha recusado… Já quase no fim das férias, a Paula veio falar comigo. – Senhor Padre, não me sai da cabeça a velhinha dos feijões. Sempre que ela me vê, sorri e pergunta se gostamos dos feijões. Está tão feliz por ter dado os feijões! Olhe, senhor Padre, até já lhe menti e disse que fizemos uma sopa muito boa com eles. Então é que ela ficou feliz!...Nessa noite os jovens perguntaram-me o que se faria à comida que sobrasse. A resposta foi a de sempre:

– Os pobres partilharam connosco, nós vamos partilhar com os po-bres! Como andaram por aí, espero que saibam onde eles moram,

para lhes levaram o que sobrar. Não vamos deixar estragar nada e para casa, como nada trouxemos, nada levamos…

E a Paula atacou logo: – Eu sei onde mora uma velhinha muito pobre. No do-

mingo, posso ir lá levar-lhe um cabaz. E logo ali começou uma campanha em favor da sua

querida velhinha. No domingo, na hora da parti-da, foi a ela que foi levado o maior dos cabazes.

E como ela não quisesse aceitar, perguntei-lhe se queria que os Meninos (era assim

carinhosamente que ela tratava aqueles jovens) regressassem tristes a suas

casas por ela não ter aceitado o que lhe traziam?

– Isso não, isso não, que dar a quem não aceita é uma

tristeza!

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24– eclesialidadedos conteúdos

Não podendo ir ao Rio de Janeiro, teremos Rio in Douro

Haverá preparação prévia a nível de Vigararias, com catequeses e outras dinâmicas ao longo da Quaresma, no Dia Diocesano da Juventude.

A pastoral Juvenildo Porto (Movimentos e Secretariado Diocesano) está a preparar uma atividade para realizar simultaneamente à Jornada Mundial do Rio de Janeiro (27 e 28 de julho). Será na praia do Cabedelo, em Vila Nova de Gaia, onde costuma realizar-se o festival Marés Vivas.

Prevê-se a che-gada dos jovens, no dia 27

de manhã, a 4 pontos circun-dantes de onde partirão em cami-nhada para o recinto o encontro. Aí, na tarde e noite de sábado e na manhã de domingo, haverá espaço e tempo para workshops, oração, festa, alimentação, vigília, euca-

ristia, ligações em direto ao Rio de Janeiro…

Jovens, grupos, movimentos, vigararias devem manter-se atentos

aos próximos desenvolvimentos, para saber da preparação e das inscrições!

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VJosé Agostinho Sousa

dos conteúdos

Dúvidas receios e confiança

palavra de vida –25

Aventuras e desventuras de uma barcaFevereiro marca o início do tempo da Quaresma, esse tempo de caminho rumo à celebra-

ção dos grandes mistérios da nossa fé e da nossa redenção. Qualquer caminhada exige preparação, implica retemperar forças, para que a meta seja atingida. Pareceu-me por isso

interessante não escolher um evangelho dum domingo da Quaresma, mas um que viesse antes desse tempo forte de preparação para a Páscoa e pudesse funcionar como uma es-

pécie de inspiração para essa caminhada. O texto do 5º domingo do Tempo Comum (10 de fevereiro) – Lc 5, 1-11 – pode muito bem servir de mote ao nosso tempo quaresmal.

Uma comunidade de féLucas apresenta-nos um cenário verdadeiramente inspirador: há uma multidão que segue Jesus, que O acompanha por todo o lado, que se acotovela para se aproximar o mais possível d’Ele, se-denta das suas palavras de vida e de esperança. Jesus não desilu-de essa comunidade ávida de Deus e procura anunciar-lhe a Boa Nova servindo-se de todos os meios que tem ao seu alcance. A par dessa multidão há a comunidade dos discípulos que co-meça a desenhar-se. São homens plenamente disponíveis para seguir Jesus, capazes de deixar tudo, seduzidos pelo seu projeto de vida; contudo, durante o caminho surgem as dúvidas, há as noites vazias, de pesca inútil. São discípulos que dão os primeiros passos na fé, e que por isso vacilam, duvidam, receiam…

Uma comunidade missionáriaQuando aqueles homens vivem a experiência de encontro com Jesus, as suas vidas transformam-se! As noites de labuta inútil dão lugar a momentos de pesca milagrosa e abundante, uma pesca que, pela sua grandeza e importância, leva a convocar a ajuda e a solidariedade dos companheiros. A ideia de se fazer de novo ao mar parecia absurda, depois da frustração duma noite de esfor-ços inúteis; mas a ordem de Jesus transforma tudo. E transforma de verdade, a ponto de nada ser como dantes…Uma vez que encontraram Jesus, aqueles homens já não precisam mais dos barcos nem da pesca, porque outros barcos os esperam e o desafio duma nova pesca os impulsiona. Para ser pescadores de homens, eles já não precisam de barcos nem redes, precisam, isso sim, de estreitar os laços de união a Jesus e de partilhar a sua missão. Esta é a experiência de vida e de missão da comunidade dos dis-cípulos de todos os tempos e de todos os lugares. Hoje somos nós que somos chamados a percorrer estes caminhos da fé, a dar testemunho deste Jesus que continua a viajar nas nossas barcas e a tornar abundantes as nossas pescas tantas vezes feitas de esfor-ço inglório. A caminhada de Quaresma que agora iniciamos não é um caminho para sítio nenhum, mas uma caminhada de fé e de descoberta de Jesus Cristo e de compromisso na missão de O anunciar à Humanidade dos nossos dias. Santa Quaresma!

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26– leiturasdos conteúdos

Uma cosmovisão tradicional africana

Valores do ubuntuA convite da antiga jovem da Juventude Dehoniana (chamada na altura JLD – Juventude leiga dehoniana), hoje professora universitária no Instituto Politécnico de Santarém, deslo-quei-me a esta cidade para colaborar numa sessão de mestrado.É verdade que já escrevi um primeiro apontamento sobre o ubuntu (Cadernos de Pedagogia Social. 4, 197-219), mas aqui queria realçar mais os valores do ubuntu.

Princípios do ubuntu

A professora universitária Goduka apresenta-nos alguns princípios da filosofia africana dos bantus Xhosa:– O primeiro princípio sublinha a responsabilidade individual pela in-terioridade como auto-purificação. É uma paz interior connosco mesmos antes de estabelecermos relações com os outros.– O segundo princípio sublinha a responsabilidade coletiva em cuidar a mãe terra. Enquanto para a Europa a terra pertence às pessoas, na África as pessoas pertencem à terra. Por isso, em África procura-se viver em harmonia com a terra.– O terceiro princípio revela que há inter-relação, inter-conexão, e in-terdependência entre os homens e as criaturas vivas e não vivas. Tudo está relacionado com os seres vivos e não vivos: linhagem horizontal das famílias (alargadas) e vertical (com os antepassados). – O quarto princípio sublinha que as identidades individuais e familiares não estão separadas do contexto só-cio-cultural e espiritual. I am because you are reflete a inter-relação entre as categorias diferenciadoras (raça, classe, género, etnicidade e outros).– O quinto princípio refere que as criaturas vivas e as não vivas são fun-damentais para a realidade espiritual. O espírito existe na natureza, nas coi-sas vivas e nas coisas nas coisas não vivas.Por fim, Goduka considera ainda que o saber está nas mãos dos velhos.

Valores do ubuntu

Para Broodryk (2002), o ubuntuismo define-se como uma cosmovisão tradicional africana, baseada nos valores de um humanismo intenso, carinho, partilha, respeito, compaixão, e respetivos valores associados que visam assegurar uma vida comum feliz e humana no espírito familiar.

Valores associadosCalor, tolerância, compreensão, paz e humanidadeEmpatia, simpatia, ajuda mútua, caridade, amizadeOferta incondicional, redistribui-ção, abertura, atitude de mão aberta.Cometimento, dignidade, obedi-ência, ordem, predisposição para cumprir normas sociaisAmor, coesão, informalidade, per-dão, espontaneidade.

Valores fundamentais Humanismo

Carinho

Altruísmo

Respeito

Compaixão

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VAdérito Barbosa

Educação ubuntu

O ubuntuismo dá muita ênfase à educação, in-sistindo que as crianças devem ser educadas a dar o pouco que possuem aos outros e que só dando é que receberão de volta. Deve assegurar-se a cultura da partilha e da compaixão nas crianças. Devem ser educadas a amar o próximo, mostrando carinho e amor respeitoso pelos parentes, pelos membros da família alargada, aos amigos e aos mis velhos.Na educação ubuntu há um ritual para intro-duzir as crianças na família alargada… ritos de iniciação…As crianças devem manifestar sempre carinho e respeito pelos familiares…Outro valor importante a cultivar é a capacida-de de perdoar…Perdoar pressupõe um exercí-cio de simpatia e empatia para com o outro…O perdão está muito ligado à tolerância, valor imprescindível para viver em comum. A justiça restaurativa tem como preocupação não é a retribuição ou punir o infrator, mas no espírito do ubuntu, curar as chagas, restauração das relações e dos valores humanos quebrados. É reabilitar a vítima e o predador. A este último, é dada a oportunidade de se integrar na comu-nidade, apesar das barbaridades cometidas.Máxima ubuntu: munhu munhungewane: uma pessoa o é somente no seio de outras pessoas.Para Nyaumwe e Mkabela, os valores demo-cráticos que se defendem hoje nas sociedades modernas (inclusão, negociação, transparência, tolerância) não estão em contradição com os valores e práticas tradicionais nas comunidades africanas. Pelo contrário, o exercício da palavra nas comunidades africanas promovia a capaci-dade de buscar consenso para decisões coleti-vas. O consenso não é a maioria como nas socie-dades ocidentais. O consenso nas sociedades africanas é procurar sempre alcançar uma maior coesão entre os membros de uma comunidade e não dividi-los em maioria e minoria.

Esta coesão confirma-se com expressões: tiri tose, sisonke, si-munye, que quer dizer estamos juntos. Outro grande valor é o espírito de cooperação entre os mem-bros da comunidade e da socie-dade. A morte é um fenómeno sagra-do e toda a comunidade deve respeitar e participar nas ceri-mónias. É que morrer é passar a ser antepassado. Esta passagem deve ser partilhada, celebrada, e cuidada, não só pelos vivos, assim como também pelos mor-tos.Evocam-se os antepassados para pedir chuva, para uma boa colheita, para promover a saúde dos vivos. A solidariedade social e a ajuda mútua são praticados no senti-do que os mais jovens cuidam os mais velhos e os doentes e as viúvas.

Infelizmente, muitos africanos de hoje já não vivem segundo os princípios e formas de vida comunitária, mas como resulta-do da modernização, segundo formas de vida muito indivi-dualizadas, ocidentalizando a África.

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08 – recortes dehonianos28– sobre a bíbliados conteúdos

Jesus pede uma reviravolta na fé e no amor

A atitude de Jesus para com os pecadoresTratando do Sacramento da Penitência, podemos ver, antes de mais, como é que Jesus se relaciona com os pecadores. Uma vez mais, o Novo Testamento – e os Evangelhos, mais concretamente – trata de como o Jesus da história se relacionava com aqueles que, pelas suas atitudes, haviam ofendido a Deus e a comunidade. Hoje, na celebração do Sacramento da Penitência, é cada um de nós que se aproxima de Jesus. Poderá constituir uma “refundação” deste mesmo Sacramento olhar para ele, a partir da forma como Jesus se quer relacionar com o penitente.

Na narração de Mateus, Jesus inaugura a sua pre-gação retomando literalmente as palavras de João Batista: “Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu” (Mt 4,17; da mesma forma, anteriormente, os apelos de João Batista à conversão em Mt 3,2). Neste como noutros casos, o ensinamento de Jesus e a sua atitude para com os pecadores transportam algo de desconcertante. Lendo os evangelhos, ficamos com a impressão que, nele, há um duplo comportamento. Se, algumas vezes, se mostra severo, exigente, quase sem sentimentos [veja-se dois casos: “Se a tua mão ou o teu pé são para ti ocasião de queda, corta-os e lança-os para longe de ti” (Mt 18,8); “Serpentes! Raça de víboras! Como podereis fugir à condenação da Geena?” (Mt 23,33)], a verdade é que diante do pe-cador que reconhece a própria fraqueza ou que sim-plesmente escuta a palavra de Deus, Jesus se mostra cheio de bondade e de misericórdia. Por exemplo, depois de ter chamado o apóstolo Mateus, estando a tomar uma refeição com os seus colegas e amigos, Jesus sai-se com esta declaração, referida pelos três sinópticos: “Eu não vim chamar os justos, mas os pe-cadores” (Mt 9,13). Uma leitura mais ou menos atenta dos três Evangelhos Sinópticos mostra o quão frequente é o termo “peca-dor”, ao passo que os termos “pecado” e “pecar” são raros: trata-se da prova matemática de que Cristo se interessa muito mais pelo homem pecador que pelo pecado (nas Cartas de Paulo, a situação será a oposta). Uma tal leitura mostra também que o termo “pecador” aparece sobretudo em Lucas, o evangelista da misericórdia: aí se expressa de maneira concreta e exemplar a atitude de Jesus para com os pecadores.

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VRicardo Freire

A atitude de Jesus para com os pecadores

Em Lucas 5,20, antes de curar o paralítico que lhe foi apre-sentado, Jesus diz-lhe: “Os teus pecados estão perdoados”. A este doente, que em toda a narrativa não profere uma única palavra, Jesus não pediu uma confissão nem tão pou-co a expressão do seu arrependimento. Viu somente a fé dos que o depositaram diante de si. Em Lucas 7,36-50, durante uma refeição em casa de um fa-riseu, Simão, uma mulher, pecadora de todos reconhecida, manifesta os seus sentimentos não com palavras, mas com gestos. E Jesus perdoa “os seus muitos pecados” (7,47), uti-lizando a fórmula muito simples, quase litúrgica, que tinha usado com o paralítico (“Os teus pecados estão perdoa-dos”), acrescentado apenas: “A tua fé te salvou. Vai em paz” (7,50). Tal como no caso do paralítico, a mulher ficou em silêncio, mas Cristo compreende a linguagem dos gestos e atende um pedido que fica pelo implícito. Mais, neste en-contro, Cristo deu a esta mulher a sua verdadeira identida-de: aos olhos dos outros e, certamente, aos próprios olhos, era uma pecadora; Cristo reconhece-a capaz de um grande amor. A remissão dos pecados não se limita a eliminar a culpa: ela “re-cria” o autêntico filho de Deus.Destes textos, aliados a outros que não podemos aqui ana-lisar (Lc 5,8; 19,1-10; 22,61-62; 23,39-43), colhemos já uma pequena síntese acerca relação de Jesus com os pecadores. Em primeiro lugar, verifica-se que a solicitude pelos peca-dores faz parte da missão de Jesus e quase da sua definição: aquele que vem procurar o que estava perdido. Aos seus penitentes, Jesus não pede uma confissão pormenoriza-da; pede antes uma reviravolta, uma conversão na fé e no amor. Note-se ainda que a refeição – que prefigura sempre a eucaristia – é um lugar privilegiado de encontro com os pecadores e de remissão dos pecados. Considere-se, sobretudo, que, com a sua solicitude cons-tante e amorosa por libertar o ser humano da alienação do pecado, com a sua afirmação repetida de ter vindo para salvar o que estava perdido, o Senhor indicou à sua Igreja, encarregada de continuar a sua obra de salvação, que a cura dos pecadores e a remissão dos pecados constituem um elemento essencial da sua missão no mundo. Se Cristo nunca deixou de pensar nos seres humanos, prisioneiros do pecado, e de desligar aquilo que estava ligado, como poderia a Igreja não ter o poder de continuar a esta obra libertadora? Vejamos na ação quotidiana de Jesus o elemento fundador e normativo que a Igreja deverá seguir, de modo que aos seres humanos de todos os tempos possa ser dirigida a pa-lavra de salvação: “Estão perdoados os teus pecados”.

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Dom do amor de Deus que reconcilia

30– sobre a fédos conteúdos

No misterioso dinamismo dos sacramentos, tão rico de simbolismos e de conteúdos, é possível per-ceber um aspeto nem sempre posto em evidência: cada um deles, além da sua graça própria, é também sinal de penitência e reconciliação. No entanto, entre os sacramentos, há um, que, muito embora frequentemente chamado confissão, por motivo da acusação dos pecados que nele se faz, é propriamente designado de Sacramento da Penitência. (Cf. Reconciliatio et paenitentia, 27). É cha-mado também de sacramento da conversão, “porque realiza sacramentalmente o apelo de Jesus à conversão e o esforço de regressar à casa do Pai, da qual o pecador se afastou pelo pecado” (CIC 1423) e, na sequência disto, recebe também o nome de sacramento da reconciliação, “porque dá ao pecador o amor de Deus que reconcilia” (CIC 1424). Partindo dos dados do Novo Testamento, a importância e a necessidade deste sacramento está bem expressa no ser e no agir de Jesus.

Duas parábolas memoráveis

O ensinamento evangélico de Jesus sobre o perdão dos pecados, sobre a procura e o re-gresso dos que se perderam, encontra-se em primeiro lugar no próprio comportamento do mesmo Jesus em relação aos pecadores. Mas também nos foi transmitido em duas parábolas memoráveis que tocaram de modo particular a consciência cristã, que inspiraram numerosos artistas e que nunca deixaram de guiar a huma-nidade pelos caminhos do perdão.

“O pastor que vai à procura”A primeira destas parábolas normalmente inti-tulada “a ovelha perdida”, deveria ser chamada “o pastor que vai à procura”. A parábola, de facto, não apresenta uma linha de conduta para a famigera-da ovelha que se perdeu, mas ao pastor que tem o encargo de a guardar e que, quando a encontra, a transporta aos ombros para a trazer de volta ao redil (Lc 15,4-7; Mt 18,12-14). Esta magnífica parábola, que o próprio Jesus tan-tas vezes colocou em prática não constituirá um texto fundador do sacramento, ou pelo menos da pastoral, da penitência? Quem exerce na Igreja uma responsabilidade e, portanto, um serviço em relação à comunidade não deve contentar-se em

esperar tranquilamente o regresso de quem se perdeu, mas deve colocar-se à procura, percorrer as pastagens para o encontrar e o trazer de volta a casa. Portanto, mais que uma obrigação assignada aos dispersos, neste texto há uma obrigação plena assignada aos pastores e, portanto, a toda a Igreja. É neste sentido que, a nosso entender, deve ser compreendida a afirmação conciliar: “aqueles que se aproximam do sacramento da penitência ob-têm da misericórdia de Deus o perdão da ofensa a Ele feita e, ao mesmo tempo, são reconciliados com a Igreja, que tinham ferido com o seu pecado, a qual, pela caridade, exemplo e oração, trabalha pela sua conversão” (LG 11).

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Reconciliação e penitência

Estas duas parábolas memoráveis e normativas es-tão indelevelmente inscritas na memória da Igreja (e dos cristãos), mas em cada época devemos perguntar-nos em que medida é que elas inspiram verdadeiramente a pastoral, a disciplina e a liturgia da penitência e do perdão.

VNélio Gouveia

“O filho pródigo”A segunda parábola, transmitida unicamente por S. Lucas (Lc 15,11-32), é a do filho pródigo: para o conjunto dos cristãos o nome não mudará, mesmo se muitos exegetas gostariam – e por muito boas razões – dar-lhe um outro título. Esta parábola, que no texto de S. Lucas vem imediatamente a seguir à do “pastor que vai à procura”, de certa forma tem a função de a completar e equilibrar. Aqui, o pai não foi à procura do filho perdido: fica no limiar da casa aguardando quase como que uma sentinela o regresso do filho, e quando o vê, então corre-lhe ao encontro (Lc 15,20). O pai nunca deixou se esperar e de aguardar o regresso do filho, mas foi ele, o filho, a andar para trás e para a frente e a decidir voltar à casa do pai, depois de uma experiência frustrante e depois da queda das suas ilusões. O arrependimento e a conversão foi amadurecendo gradualmente no espírito e no coração do pecador. A resposta do pai – que representa evidentemente o Pai do Céu será de superar infinitamente as esperanças do filho que regressa e de o acolher não como um penitente, mas de novo como filho amado mais que antes, e de se celebrar a sua ressurreição.

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Afinal este tempo que vivemos pode mesmo ser um tempo de mudança

Sabias que:Este momento que estamos a viver, marcado por uma forte crise económica e financeira, fez com que muitas coisas mudassem na vida de todos nós. Muito se tem escrito e falado sobre o que levou a esta situação, e como sabemos são tantas as causas, que nos envolvem a todos. Se as causas são de diversa ordem, as consequên-cias estão aos olhos de todos, cada vez vivemos com mais dificuldades, e sem dúvida que há gente a viver muito mal, com muitas carências. É de lamentar que o que alguns fizeram esteja agora a sacrificar a todos, quase que apetecia dizer que o que alguns gastaram está a ser pago por todos. Esta crise está a ensinar-nos a viver de forma di-ferente. Olhamos para a vida de outro modo, já não gastamos tanto e sem pensar e pensar bem antes, está atento ao que é essencial. Muitos hábitos e rotinas estão a mudar. E este é o lado positivo da crise. Para ajudar a superar as dificuldades criadas pela crise têm surgido campanhas de solidariedade, quase sempre de iniciativa privada, que procu-ram numa ajuda de proximidade e concreta ir ao encontro daqueles que são mais atingidos pela crise. É com alegria que vemos surgir cantinas sociais, lojas sociais, apoio aos sem-abrigo, fun-dos solidários e sociais e distribuição de roupas, alimentos, calçado, eletrodomésticos, móveis e outros bens fundamentais. Há uma onda de solidariedade que impressiona. Crise e solida-riedade cresceram em paralelo e só assim tem sido possível responder a autênticos dramas em muitas famílias. Hoje aceitamos que não se podia continuar a viver como o estávamos a fazer, a gastar o que não tínhamos. É bom que continuemos este esforço de mudança. Ao gastar e não pagar es-tamos a contribuir para que outros passem mal e não cumpram os seus compromissos.Seria bom que a classe política acompanhasse

estas mudanças e sobretudo olhasse para o que de bom e solidário está a acontecer no nosso povo. No meio da crise surgem sinais de esperança. Mesmo nas famílias vemos que há aspetos novos que nos levam a pensar que existe um retorno à família. Há uns anos a segurança da família estava nos momentos que passavam juntos. O convívio familiar contribuía decidi-damente para a qualidade de vida da família, e os seus membros tinham tempo para esta-rem juntos. A harmonia conjugal fortalecia a família, os filhos aprendiam muito dos pais. Os mais novos cresciam junto dos mais velhos. Como cresceram as despesas nas famílias e em muitos casos diminuíram as receitas, há crianças e idosos que deixaram de poder fre-quentar ATL e centros de dia, de tal forma que muitos idosos estão a cuidar dos seus netos. Há um retorno à família. Os avós têm tempo e disponibilidade para estar com os netos, e quem viveu uma vida tem muito para ensinar aos mais novos. O tempo e a disponibilidade dos avós para os netos é fundamental para a vitalidade dos avós, até porque muitos deles ainda estão capazes de fazer bem o acom-panhamento dos netos, são avós, mas estão plenamente capacitados. O prolongamento da esperança média de vida, aliado a uma melhoria generalizada da qualidade de vida de que a terceira idade beneficia, faz hoje dos idosos novos protagonistas da família. Hoje em muitas famílias os casais novos contam com a presença dos pais e sogros, ainda ativos com saúde, estabilidade financeira e disponi-bilidade para estarem com os netos. Afinal este tempo que vivemos pode mesmo ser um tempo de mudança. Que o caminho que escolhermos seja baseado naquilo que é mais importante e que todos saibamos apren-der com os erros do passado.

32– reflexodos conteúdos

Chamamento para tempos novos

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VFeliciano Garcês

Faz silêncio e reza: Procura um local sossegado.

Lê com calma as passagens do evangelhos.

Pensa no gesto de Jesus ao chamar Mateus.

Jesus convida a percorrer o caminho. Para onde caminhas?

Jesus ensina que Deus não é como eles, os fari-seus pensam. Quem é Deus para ti?

Faz uma oração a Deus.

A Palavra de Deus diz: Mt 9, 9-13. Esta passagem do evangelho apresenta dois episódios: o chamamento de Mateus e o relato de uma refeição de Jesus com um grupo de pecadores. Jesus mostra quem Deus acolhe, com quem Ele conta e como é que devemos responder ao convite de Deus para seguir a sua proposta. Ele convida a fazer comunidade, a estar juntos ao serviço de Deus, e que o caminho a seguir seja o do amor e não o do sacrifício. A exemplo de Jesus somos chamados a ir ao encontro de todos.

Tenho de: “Quero obras e não sacrifícios”. A resposta ao chamamento de Deus deve ser forte e decisiva. Jesus chama-nos para seguir o seu caminho. Chama a todos, e espera de todos uma resposta. Não importa a idade, raça, cor. Deus chama-te. Que resposta Lhe dás? Neste momento em que vivemos, de mudança, de transformação, e com o aproximar da Quaresma, também de conversão, por onde queres caminhar?

Chamamento para tempos novos

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Acreditem em mim enquanto futura mãe, pois aprendi com os melhores!34– outro ângulo

do mundo

VAlícia Teixeira

Dedico este artigo aos meus leitores n.º 1. Sim, porque sei que tenho seguidores atentos! Quem? Os meus pais! Não sei se é normal ou não, mas nesta contagem decrescente da nossa Madalena vir ao Mundo, tenho pensado imenso nos meus pais e no papel fundamental que tiveram em ser quem sou. A quantidade de vezes que fui injusta, deturpando a mensagem que me queriam transmitir. As vezes que senti falta de apoio/compreensão, e tive de lutar, ir até ao fim para lhes fazer entender que realmente queria fazer isto ou aquilo. Agora apercebo-me que, afinal, simplesmente acreditaram

Aos meus pais

em mim e nas minhas decisões. Graças a isso posso dizer que sou uma Mulher au-tónoma, responsável, capaz de admitir os meus erros, e de ar-riscar sem aguardar palpites de alguém. Às tantas, sabiam melhor do que eu que acabaria por, na altura certa, tomar o melhor rumo para

mim. A quantidade de vezes que poderiam ter feito como os outros pais: dizerem em “alta voz”, para todos ouvirem, que tinham orgulho nos seus filhos (sim, porque o meu irmão e a minha irmã são simplesmente incríveis) e dar-nos abraços e beijinhos. Em vez disso, preferiram demonstrar o seu afeto com atos, com exemplos. Preferiam segredar à minha irmã ou ao meu irmão que “gosto de ver o jeito da Alícia” e à mi-nha frente dizerem: “piquena, mas quem é que te vai aturar?”. Preferiam sentar-se connosco em casa e falar de forma sabia, natural e descontraída sobre assuntos que para a maioria dos pais era, e é, complicado (ai! os namoricos e todo o que isso envolve!). Graças a isso não necessito de palmadinhas nas costas quando venço uma batalha e sei perfeitamente quem esta do meu lado, ou não, sem sequer dizer alguma palavra. Sem precisar de beijos e abraços em público! Quando ficava revoltada por dizerem que “filho de fulano tal” era bom nisto e naquilo, fazendo-me por vezes pensar que, apesar de todos os meus esforços, não conseguia atingir as suas expetativas (e eu tinha certeza que era melhor filha que o “talzinho” de lá). Afinal apenas queriam, na sua maneira, apresentar-me o que consideravam melhor para mim. Graças a isso sei que comparação faz apenas querer ser igual ou melhor e não único ou diferente!

“O pai e mãe não tiveram possibilidade de te dar isto ou aquilo”…e?! Desde os 13 anos que não sei o que “é trabalhar para o bronze com os amigos” e daí?! Por isso, qualquer trabalho não me assusta. Dei valor à formação, aprendi a fazer planos, gerir prioridades, a assu-mir um compromisso, a poupar, a com-prar ou a fazê-lo apenas quando havia disponibilidade, sem me sentir inferior a ninguém. Viajei, estudei, diverti-me, conheci muita gente, atingi os meus ob-jetivos com o meu esforço, sem passar por cima de ninguém. Agora acredito que a maioria das oportunidades estão na minha mão. Quando me sentido in-justiçada, tenho todo o direito em ficar resignada (vários dias até), mas tenho que me levantar e reinventar, ninguém o fará por mim…e a vitória não teria o mesmo sabor!Apesar do desemprego e a precarie-dade no trabalho cruzarem constan-temente os nossos caminhos (como a maioria do País), digo-vos QUERIDOS PAIS para acreditarmos sempre num dia melhor! Como disse o meu pai hoje em relação às preocupações, num tom muito irónico: “Isto dividido entre todos parece que não custa tanto!”Assim como fizeram sempre comi-go enquanto filha… peço-vos que continuem acreditar em mim, mas agora enquanto futura mãe (dúvidas e receios bastam as minhas!)…afinal aprendi com os melhores! Certo? Agora serão avós! Chegou a hora de aprovei-tar todos os momentos bons em lidar com uma criança. Brinquem muito! Transmitam-lhe o gosto pela música, tradição e porque não pela agricultura e pela costura… e claro a importância de dar uma boa gargalhada! O resto, deixem connosco!Do fundo do meu coração Blandina e Egídio, OBRIGADA POR TUDO!

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VFlorentino Franco

Música que manifesta um fundo filantrópico

nuances musicais –35do mundo

Aos meus pais Músicae solidariedade

O estatuto de personalidade pública faz com que alguns músicos dirijam o seu comportamento pa-ra extravagâncias descontroladas, por oposição às normas sociais ou simplesmente por carências precedentes. No entanto, dentro de um especial desiquilíbrio social, nem que seja apenas momen-tâneo, existe o fundo filantrópico que se manifes-ta de várias formas. A solidariedade transmitida através na música está presente em temas que se torna-ram ícones em v á r i o s

g é -neros mu-

sicais. Porém, não foram só as composições

musicais que alimentaram a ajuda realizada por vários artistas.

Um dos que mais se destaca, mantendo presença acesa em várias manifestações de solidariedade, é sem dúvida Bono Vox, o carismático vocalista dos U2. Já várias fontes asseguram ter havido problemas na banda por causa da sua imensurá-vel dedicação às causas sociais em ambientais. A acompanhá-lo algumas vezes nestas ações este-ve também Bob Geldof. Esta dupla conterrânea conseguiu dar a cara na organização de eventos musicais que congregou as maiores bandas inter-nacionais, sendo marcadas até por reuniões que não aconteciam há anos, o exemplo da quase to-tal formação original dos Pink Floyd no Live Aide 2005. Para além de inúmeros festivais que argumentam o estandarte da solidariedade houve musicas que designaram o mote da luta contra a guerra

e contra a fome. Sem aplicar a sentença pelos comportamentos excêntricos dos artistas, te-mos temas brilhantes como We Are the World, de Mickael Jackson e Lionel Richie, e Do They Know It’s Christmas, de Bob Geldof e Midge Ure. Cá em Portugal a vertente social também une muitas vezes os músicos. Embora ultimamente estejam sempre associados a marcas ou esta-ções de televisão, realizam-se frequentemente eventos de solidariedade que reúne músicos de todos os géneros. O caráter social dos eventos é muito positivo, no entanto, existe a escassez de uma música marcante, talvez até exista, mas não é dado o ênfase necessário pelos meios de difusão para se tornar “hino”. Na memória fica o “Abraço a Moçambique” de Pedro Osório que em 1985 reuniu vários músicos portugueses nu-ma campanha de ajuda no combate à fome do povo moçambicano. A solidariedade é sempre necessária e hoje em dia cada vez mais. Esperemos que surjam boas músicas, bem como continuem a acontecer eventos que congreguem música e filantropia.

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36– outros mundosdo mundo

Podem ser reduzidos os efeitos de um terramoto

Arquivos sempre connosco

VAndré Teixeira

Tecido para terramotos

O papel de parede contra terramotos já vem sendo desenvolvido há vários anos por engenheiros do Instituto de Tecnologia Karlsrube, na Alemanha.Produziu-se em laboratório um terramoto semelhan-te ao de 2009 na Itália e os resultados do efeito deste papel foram muito convincentes. É certo que não ga-rante a integridade total das casas e edifícios, mas mi-nimiza a queda de detritos, dando tempo às pessoas para sair das suas casas em segurança e às equipas de socorro o tempo para prestar a assistência inicial.Mas como é isto possível?O papel de parede sísmico é um tecido feito de fibras de vidro e polímeros. A elevada rigidez e a resistência à tração das fibras de vidro permitem que as paredes suportem melhor as tensões sofridas durante os terra-motos, evitando assim que os danos se transformem em fendas e rachaduras. Se as fibras de vidro se rom-perem, o que pode acontecer durante um terramoto mais forte, as fibras de polipropileno, que são elásticas, mantêm os segmentos da parede juntos, evitando a sua queda imediata.Este tecido é aplicado sobre as paredes numa espécie de argamassa pré-fabricada, quase parecendo um emplastro.Em Itália e Alemanha há já uma empresa (Rofix) a de-senvolver o material em Hospitais e Escolas pela sua eficácia e segurança contra este tipo de catástrofes.Uma vez mais, Homem versus Natureza… Desta vez parece que ganha o homem. É um Novo Mundo!

Caro leitor, prepara-te! Acaba de chegar ao mercado o primeiro tecido de revestimento para pa-redes, capaz de minimizar o efeito de… Terramotos! É verdade!

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minha rede –37 do mundo

Facilidade em aceder a documentos em qualquer parte do mundo

VVictor Vieira

Arquivos sempre connosco

Tecido para terramotos

Não há muito tempo (isto do tempo na informá-tica parece ser algo também virtual), andávamos nós com as disquetes, depois CDs, DVDs, flashdri-ves ou discos rígidos portáteis nas nossas malas (ou até no bolso) com o intuito de transportar e partilhar pastas e ficheiros. Para enviar por correio eletrónico então é que eram elas, tínhamos de nos limitar a poucos megas ou então nada feito.Nos dias que correm, são várias as opções ao nos-so dispor para evitarmos as gravações físicas dos documentos em discos ou pendrives, sem deixar de tê-los sempre disponíveis quando e onde qui-sermos. Falo da possibilidade de arquivar e parti-lhar documentos de forma gratuita, viabilizando o envio de ficheiros para outras pessoas, o que doutra forma seria muito difícil. Normalmente os servidores de correio eletrónico apenas nos per-mitem enviar ficheiros pequenos.A maioria das pessoas que utiliza o correio eletró-nico já tem à sua disposição, através da conta cria-da aquando da conceção do endereço de correio, um espaço chamado usualmente de drive, por exemplo o Skydrive, se utiliza o Hotmail, o Google Drive (ou Disco) se tem uma conta Google. Estes fornecedores de serviço de email facultam vários serviços associados, entre eles o disco virtual. Sou cada vez mais fã desta forma de repositório dos meus documentos, pois se precisar de algum documento, imagem ou pasta que tenha deposi-tado nestes espaços, basta-me aceder através da Internet à minha conta e proceder à sua consulta ou descarregar para o computador.Aos mais céticos, é claro que a segurança do su-porte físico confere a sensação de maior fiabilida-de. Mas, quantos colegas meus (e a mim também já me aconteceu) já perderam uma pendrive ou o CD estava riscado ou o disco rígido avariou com toda a informação perdida. Como já referi, apesar de ainda utilizar os suportes físicos, utilizo com bastante frequência os arquivos virtuais que me possibilitam trabalhar ou partilhar esteja onde es-tiver. As garantias que nos dão hoje da fiabilidade destes espaços, levam-me a acreditar que o futuro é este.

O interessante de alguns serviços é a possibilidade de criarmos uma conta de sincronização que nos permite, com o simples gesto de

Caros leitores, atualmente, quem já se habituou a produzir documentos e partilhá-los com os amigos, família ou cole-gas de trabalho depressa se familiarizou com os “espaços” virtuais de arquivo que a rede digital nos proporciona.

gravação dos ficheiros numa pasta, a atualização desses mesmos documentos quando estamos conectados à Internet. Se ainda não o fizeram, experimentem.Falta apenas referir que há vários serviços à nossa disposição e de forma independente do serviço de correio eletrónico, com a vantagem do serviço básico desses espaços ser gratuito, com limita-ções, mas gratuito, e suficiente para uma utiliza-ção pessoal. Muitos deles utilizam aquilo que hoje é conhecido como sistema em nuvem. Isto signi-fica que o armazenamento de dados é feito com o recurso a serviços que poderão ser acedidos de qualquer parte do mundo, a qualquer hora, não havendo necessidade de instalação de programas ou de armazenamento de dados. O acesso a pro-gramas, serviços e arquivos é remoto, através da Internet, daí a alusão à nuvem.Muitas pessoas já utilizam com frequência o Dropbox (https://www.dropbox.com/), mas também há o Box (https://www.box.com/), o MediaFire (http://www.mediafire.com/) - 50GB de espaço), o divShare (http://www.divshare.com/), o DropSend que permite enviar ficheiros gigantes (até 2GB) sem arquivá-los e com o limite de 5 por mês (http://www.dropsend.com/), o Mailbigfile, semelhante ao anterior mas com o limite de 300MB por ficheiro (http://free.mailbigfile.com/), entre outros.Para os mais curiosos, basta procurar informação na Internet e depressa perceberão as suas vanta-gens.

Caros leitores, atualmente, quem já se habituou a produzir documentos e partilhá-los com os amigos, família ou cole-gas de trabalho depressa se familiarizou com os “espaços” virtuais de arquivo que a rede digital nos proporciona.

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38– família Dehonianada juventude

Nos passados dias 18 e 19 de Janeiro, 19 represen-tantes da família dehoniana Europeia reuniram-se na casa de retiros de Foligno. Como qualquer família, também a Dehoniana tem necessidade ter momentos de encontro para escutar-se incen-tivar-se, de forma a manter viva a sua herança. Em Foligno a Companhia Missionária, algumas mu-lheres consagradas e duas leigas dehonianos de Espanha e Portugal, reuniram-se com represen-tantes da Administração Geral da Congregação (P.e John van den Hengel e P.e Cláudio Weber), de Portugal (P.e Alderito Barbosa e P.e Fernando Fonseca), do norte da Itália (P.e de Bruno Pilati), do sul da Itália (P.e Vincenzo Martino), da Europa francófona (P.e André Perroux), da Espanha (P.e Ramón Domínguez), da Polónia (P.e Jozef Gawel) e da Finlândia (P.e Frans Voss).O primeiro dia serviu para partilhar o que tínha-mos feito e as nossas preocupações mútuas. Temos de admitir que não estivemos muito em

I Encontro Europeu da Família Dehoniana

Decorreu em janeiro, na Itália

contato durante a última década. A última grande ação comum, entre os diferentes grupos, foi sob a administração de P.e Bresanelli, durante a elaboração da Carta de Comunhão, e por ocasião do Capítulo Geral de 2003, quando foi convidada a Família Dehoniana. Portanto havia muito para se recuperar.Por isso a Administração Geral, lançou duas ini-ciativas para impulsionar a atividade da Família Dehoniana.Em 2009, a Administração decidiu que iria dedicar o ano de 2014 à partilha do nosso património deho-niano com os leigos. E para se preparar para este ano, em junho de 2012 um grupo de Dehonianos reuniu em Roma, na Casa Geral, a fim de preparar um documento para a formação dos leigos dehonia-nos, chamado Iter Formativo ou Via Espiritual.Esse percurso espiritual consistirá em um programa de quatro anos de introdução à nossa espiritualida-de, para grupos de leigos interessados. Um grupo internacional reuniu-se em 2012, com a tarefa de recolher materiais e compor um texto a ser usado durante as sessões de formação. Estão previstas 10 sessões de formação, por ano, para cada grupo.

Esperamos que o caminho espiritual possa revitalizar a Família Dehoniana, e em par-ticular o seu ramo laico. Na reunião foram apresentados os primeiros resultados desta reunião.O grupo se reunirá novamente em julho, em Roma, com a intenção de desenvolver um primeiro rascunho do caminho espiritual. A versão final será preparada para o encontro da Família Dehoniana, prevista para o Abril ‘de 2014.O grupo europeu também deu um primeiro passo para a criação de uma estrutura “leve” de coordenação. O P.e Claudio Weber, na sua intervenção da tarde de quinta-feira, disse que “os vários grupos que compõem a Família Dehoniana precisam trabalhar jun-tos.” No entanto, houve muitas dificuldades, a fim de criar um grupo de coordenação, em parte devido a problemas financeiros, à variedade de línguas europeias, à dificulda-de para os leigos tirarem folga do trabalho para participar em reuniões internacionais,

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VBruno Pilati

mas acima de tudo ao problema de ser verdadeiramente representativa. Como conectar-se Portugal com a Finlândia ou com a Polónia? Quem pode comunicar com um grupo inteiro? No entanto, superadas estas dificuldades, criou-se um grupo de coordenação composto de seis pes-soas, duas de cada um dos três componentes (religiosos, pessoas consa-gradas e leigos).A partilha no encontro foi muito rica também graças à presença do P.e Perroux, que informou da mais recente pesquisa sobre o Padre Dehon. O P.e Perroux apresentou-nos uma genealogia do lado paterno da família do Padre Dehon. No geral foi um encontro proveitoso e animado e terminou no domingo, 20, com uma visita a Assis nas proximidades, ao lar espiritual da Família Franciscana e das Irmãs Clarissas.

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No passado dia 18 de Janeiro a JD Lisboa reuniu-se para mais uma edição do “Filme com pipocas do-ces”. Contámos com a presença de cerca de 90 jovens, muitos dos quais estreantes nas andanças da Juventude Dehoniana e aos quais esperamos ter passado “o bichinho” para voltarem às atividades. O filme que vimos intitula-se “Em busca da felicidade” e apesar de alguns jovens já o terem visto, é daqueles filmes “que tem sempre mais alguma mensagem” e que vale sempre a pena ver. A história conta com um pai muito trabalhador e perseguidor dos seus sonhos e objetivos que fica sem trabalho e é abandonado pela mulher, ficando ele com o filho, pois acima de tudo recusava-se a separar-se dele. Luta com todas as suas forças para dar ao filho tudo o que pode, e luta para conseguir um trabalho onde seja recompensado. Graças à ajuda do seu filho com 5 anos que o ajuda a nunca desistir e que nos momentos mais difíceis lhe diz que é um bom pai e o faz acreditar que realmente a missão da sua vida estava a ser bem cumprida – era realmente um bom pai. Depois de muito batalhar e de muitas derrotas, quando a esperança já é pouca, consegue o trabalho que tanto queria.No momento de discussão em grupos as mensagens foram muitas e percebeu-se que realmente vale a pena ACREDITAR, ter FÉ, não desistir e perseguir os nossos SONHOS. Sem deixar de parte as pipocas, a noite terminou com o convívio e as gargalhadas de todos, sem esque-cer um novo pin marca já oficial da JD. J:D persegue a felicidade dos jovens!

40– jd-Lisboada juventude

Em busca da felicidadeMais um filme com pipocas doces

VInês santos

VMaria Oliveira

A JD-Lisboa, apareceu em peso, no dia 15 de janeiro, para carregar o contentor da ALVD com livros para o Niassa que já seguiu para o porto de Sines. Aos que estão nesta foto e os que vieram mais cedo e não pu-deram ficar até ao fim, aos que não puderam aparecer e a todos os que, de alguma forma, tornaram possível o envio deste contentor, o nosso OBRIGADO.

Carregado o contentor para o Niassa

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VMaria Oliveira

Testemunho da vivência do Natal

Festa da partilha

A missa da meia-noite e a das crianças do dia 25 estavam repletas de gente que, na sua simplicidade, levou pra suas casas, no rosto, a alegria da mensagem do Menino Jesus que mais uma vez se fez criança para nos acolher e abençoar.As cerimónias presididas pelo nosso pároco, P.e Andrade, e pelo Frei Pedro, deram-nos muito ânimo e de certeza que todos “sentiram” o Menino Jesus no coração.Tivemos a bonita encenação feita pelo grupo de jovens ”Veritas “ que nos quis mostrar que devemos

jd-Açores –41 do mundo

despojar-nos de nós mesmos e ajoelhar diante do pre-sépio que nos lembra que devemos amar muito a nossa família, o maior suporte da nossa vida.A missa das crianças foi uma autêntica festa “colorida” com algumas centenas de balões e muitas mensagens de reflexão. Todos tiveram o seu momento de inter-venção em toda a Eucaristia, desde o mais pequeno ao graúdo, cada grupo ao seu jeito e com simplicidade, mas sempre com muita humildade e carinho.O grupo de jovens “Soldados de Cristo”, o qual também faz parte do coro juvenil, ajudou a viver a eucaristia com os cânticos bem festivos da quadra Natalícia. O presépio da Igreja tambem foi elaborado pelos mesmos… (há que manter viva a tradição dos presépios feitos com muitas imagens e com a cultura açoriana).Aqui exprimo o agradecimento à comissão de festas, pelo seu bom trabalho elaborado na decoração exterior da Igreja; ao grupo coral, que com o seu canto, bem

nos ajudou a celebrar na missa da meia-noite; aos que fizeram a limpeza e ornamentação da igreja que embe-lezaram os recantos com os lindos ar-ranjos. As mãos e a voz que sempre nos presenteiam nas eucaristias nos façam viver sempre esta época de harmonia não só agora mas em todos os dias do ano e que seja tudo em louvor do Senhor…Continuemos a festejar e que o próxi-mo ano seja mais risonho e que venha com boas esperanças para todos….“Eu hei-de ir ao presépio… e assen-tar-me num cantinho… a ver o Deus Menino… que nasceu lá tão pobrezi-nho…”

Reviver o Natal foi algo muito marcante pra todos nós. Participar nas celebrações fez-nos sentir o verdadeiro espirito de Natal que é a festa da partilha e de o celebrar em familia…

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42– jd-Madeirado mundo

Ecos do Natal e Ano Novo na JD-Madeira

VMicaela Costa

Cantar dos Reis 2013

Mais uma vez a JD Madeira cumpriu a tradição de Cantar os Reis. Este ano contou com um grupo de 18 jovens do qual, pelo segundo ano consecutivo, fiz parte.Iniciamos esta atividade no sábado, dia 5 de janeiro, com uma visita a vários lares de idosos e prolon-gou-se pela noite com a visita a casas de amigos e familiares do grupo.Quando me recordo deste dia, penso em alegria e animação pois foram estes os sentimentos vividos entre o grupo e também os que transmitimos a todos aqueles quanto visitamos. Gosto muito desta atividade pois é uma maneira de partilhar a alegria jovem e a música tradicional dos Reis com aqueles que, se calhar, são mais esquecidos pela sociedade.Espero para o ano espero voltar a repetir a experiência!

Dia da Paz Testemunho

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jd-Porto –43 da juventude

O lugar que Ele merece!

Retiro de Advento da JD- Madeira na Eira do Mourão

VCristina Correia

No passado dia 06 de janeiro, o Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil do Funchal organizou um encontro a que deu o nome de “Brigadas da Paz” e onde a JD Madeira marcou presença.

Seguindo o tema do Papa para este dia, “Bem-aventurados os construtores da Paz”, o encontro consistiu na visita a Instituições de crianças, jovens, idosos e Saúde Mental. Cerca de 90 jovens oriundos de várias partes da ilha foram distribuídos e passaram a ma-nhã e o início da tarde com os utentes de cada Instituição. Quando voltámos ao local de concentração, cada grupo partilhou a sua experiência e o que tinha vivido na Instituição. A nível geral foi enriquecedor, pois foram imensos os sorrisos provoca-dos e a felicidade proporcionada a cada um daqueles utentes!Terminou com a Eucaristia presidida pelo Bispo D. António, e com o desafio de continuar com as Brigadas da Paz ao longo deste ano 2013, para levar a Paz a cada vez mais pessoas.

Dia da Paz Testemunho

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44– jd-Portoda juventude

Janeiras 2013Natal prolongado no anúncio

e na tradicional partilha das Janeiras

As Janeiras de A Folha dos Valentes e da Juventude Dehoniana ocuparam todo mês. Uma “maratona” intensa de anúncio natalício, de en-contro com amigos, famílias… de generosidade

e partilha de quem nos acolheu. Bem-haja a todos e, como dizia o cântico, “que o

Menino Jesus vos bençoe e vos dê saúde e felicidade”!

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VPaulo Vieira

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(Padre Dehon)

VPaulo Vieira

DEHUMOR

46– agendada juventude

JD-Açores Fevereiro17 − You Cat. Parte II - Os sacramentos.Março17 − You Cat. Parte III - A oração.

JD-LisboaFevereiro09 − Baile de Máscaras.16 − Lançamento do CROSSOVER +.26-27 − CROSSOVER +.Março06/13/20− CROSSOVER +. 10 − Festival JD-Lisboa.

JD-MadeiraFevereiro 03 − Encontro JD – Colégio Missionário – “Caminhadas de fé”10 − Festival da Canção JD – Colégio Infante18-22 − Jornadas PJ: “Falar de fé em contexto juvenil”.Março05 − Retiro JD. “Ser + Dehoniano”.

“O bem não faz barulhoe o barulho não faz bem.”

2013 é ano de Festival de Música!

Prepara já, com o teu grupo, uma canção, sobre a Fé: “Acreditar MAIS”.

Informa-te no teu Centro: (Açores, Algarve, Lisboa, Madeira e Porto)

JD-PortoFevereiro03 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. 07 − AdOração no Centro Dehoniano. 10 − Pro-Fun: Passeio Carnaval JD.24 − Passadeira vermelha: Formação JD.Março03 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. 07 − AdOração no Centro Dehoniano. 09 − Festival JD-Porto. 10 − Retiro de Compromissos JD.25-30 − Caminho de Santiago.

CALA-TE!É Quaresma!

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tem piada curiosidades

VPaulo Cruz

Solução de janeiro

Como é evidente, ao cruzarem-se, os dois carros encontram-se à mesma dis-tância de Lisboa.

do ido bem fundamentadoUm sujeito foi um dia visitar um hospital de doidos. Andando a passear na cerca, encontrou um doente com quem travou conversa: – Então, diga-me, porque veio para o hospital? O doente respondeu: – Olhe, meu senhor, casei com uma viúva que tinha uma filha já crescida; o meu pai casou com a minha enteada e isso fez que a minha mulher ficasse a ser sogra do seu sogro e o meu pai meu enteado; depois a minha madrasta (e filha de minha mulher) teve um filho, e essa criatura, está bem de ver, era meu irmão, porque era filho do meu pai, mas era também filho da filha de minha mulher, e portanto a minha madrasta ficou sendo irmã do meu filho e também sua avó, porque ele era filho do seu enteado, e o meu pai cunhado do meu filho, porque a irmã dele era a minha mulher e eu sou irmão do meu próprio filho que também é filho da minha avó; eu sou cunhado da minha madrasta e minha mulher é tia do seu e meu próprio filho; meu filho é sobrinho do meu pai e eu sou avô de mim mesmo. Aqui tem a razão por que eu aqui estou...

cura barataUm paciente vai ao consultório de um conhecido psicólogo e conta-lhe o seu problema:– Todas as vezes que estou na cama, acho que está alguém de baixo da cama. Nessa altura eu vou para baixo da cama, para ver, e acho que há alguém em cima da cama. Para baixo, para cima, para baixo, para cima. Estou a ficar maluco doutor!– Durante dois anos – diz o psicólogo – venha três

quebra-cabeçasquantas páginas?

passatempos –47 tempo livre

os cinco sentidosO homem é um animal racional. Apesar de estudos já mostrarem que não é o único, mas temos que concor-dar que é a característica que mais o destaca.Porém, quando se trata dos outros sentidos, o homem deixa muito a desejar se comparado a outros animais.Vamos conhecer as diferenças:

OLFATOHomem – 5 milhões de células olfativas.Cão – 300 milhões de células olfativas.O melhor olfato: Urso – 4 Bilhões de células olfativas.

AUDIÇÃOHomem – 20 mil Hertz.

Se eu ler 5 páginas por dia de um livro, termino de o ler 16 dias antes do que se estivesse a ler 3 páginas por dia. Quantas páginas tem o livro?

Gato – 60 mil Hertz.A melhor audição: Baleia-bran-ca (ou Beluga) – 123 mil Hertz.

VISÃOHomem – 3 receptores de cor.Papagaio – 4 receptores de cor.A melhor visão: Camarão Mantis – 12 receptores de cor.PALADAR

Homem – 9 mil papilas gustativas.Porquinho-da-índia – 17 mil papilas gustativas.O melhor paladar: Bagre – 27 mil papilas gustativas.

TATONão é nas patas que o elefante se compara ao homem em relação ao tato mas sim na ponta da tromba. Essa é a parte do corpo onde se concentra o maior número de receptores nervosos, que se concentram na parte do corpo usada para interagir com o mundo. Nos humanos as partes com maior concentração de receptores nervo-sos são as pontas dos dedos e a língua.

vezes por semana, e eu curo-o.– E quanto pago por sessão? – pergunta o paciente.– 80 euros por sessão – res-ponde o psicólogo.– Bem, vou pensar – conclui o sujeito.

Passados seis meses, eles encontram-se na rua.– Porque não apareceu no meu consultório? – per-gunta o psicólogo.– 80 euros, três vezes por semana, dois anos dá 12. 480 €... Eu encontrei um sujeito num bar que me curou por 20 euros.– Ah é? Como? – pergunta o psicólogo.O sujeito responde:– Por 20 euros ele cortou os pés da cama.

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Nas Janeiras deste ano a fadista-fotógrafa encontrou uma máquina antiga… É óbvio que o relógio, mesmo não sendo tão antigo, estava parado!

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