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06.sal da terra - No comboio de ASSIS 09.missões dehonianas - Projectos SOCIAIS em Madagáscar 16.comunidades - O “NOVO” Centro Dehoniano 20.pedras vivas - No MÊS Missionário 28.da Bíblia - Jesus diz QUEM é 35.outro ângulo - Precisamos de mais OUTONOS 36.novos mundos - iPhone ESPIÃO 38.jd-nacional - IX Enc. Nac. SECRETARIADOS JD 44.jd-Porto - VALENTÍADAS 2011 V a l en es PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA 408 NOVEMBRO 2011 ANO XXXV a folha dos a folha dos 06.sal da terra - No comboio de ASSIS 09.missões dehonianas - Projectos SOCIAIS em Madagáscar 16.comunidades - O “NOVO” Centro Dehoniano 20.pedras vivas - No MÊS Missionário 28.da Bíblia - Jesus diz QUEM é 35.outro ângulo - Precisamos de mais OUTONOS 36.novos mundos - iPhone ESPIÃO 38.jd-nacional - IX Enc. Nac. SECRETARIADOS JD 44.jd-Porto - VALENTÍADAS 2011 valentes_2011_09.indd 1 01-11-2011 22:45:42

A folha dos Valentes- Novembro 2011

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Novembro 2011

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Page 1: A folha dos Valentes- Novembro 2011

Valen esPUBLICAÇÃO MENSALDISTRIBUIÇÃO GRATUITA407

Setembro/Outubro 2011 - ANO XXXV

a folha dos

06.sal da terra-No comboio de ASSIS

09.missões dehonianas-Projectos SOCIAIS em Madagáscar

16.comunidades-O “NOVO” Centro Dehoniano

20.pedras vivas-No MÊS Missionário

28.da Bíblia-Jesus diz QUEM é

35.outro ângulo-Precisamos de mais OUTONOS

36.novos mundos-iPhone ESPIÃO

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Valen esPUBLICAÇÃO MENSALDISTRIBUIÇÃO GRATUITA408

NOVEMBRO 2011 ANO XXXV

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06.sal da terra-No comboio de ASSIS

09.missões dehonianas-Projectos SOCIAIS em Madagáscar

16.comunidades-O “NOVO” Centro Dehoniano

20.pedras vivas-No MÊS Missionário

28.da Bíblia-Jesus diz QUEM é

35.outro ângulo-Precisamos de mais OUTONOS

36.novos mundos-iPhone ESPIÃO

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Page 2: A folha dos Valentes- Novembro 2011

FICHA TÉCNICADirector: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida RochaRedacção: Carlos Oliveira, Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira.

Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Alcindo Sousa (Madagáscar), Nuno Pacheco (Lisboa).

Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, Amândio Rocha, André Teixeira, António Augusto, Armando Baptista, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, J. Costa Jorge, João Moura, José Agostinho, José Armando Silva, José Eduardo Franco, Juan Noite, Madalena Rubalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Nélio Gouveia, Octávio Carmo, Olinda Silva, Paulo Alexandre, Paulo Rocha, Rui Moreira, Susana Teixeira.

Colaboradores nesta Edição: João Chaves, Almiro Mendes, G. J. de Recarei, José Nobre, Quim Tó, Rosário Lapa, Zeferino Policarpo.

Fotografia: Nélio Gouveia, Paulo Vieira, Inês Pinto.

Capa: Bétulas no claustro do “novo” Centro Dehoniano.

Grafismo e Composição: PFV.

Impressão: Lusoimpress S. A. - Rua Venceslau Ramos, 284430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329

ISSN – 0873-8939

Depósito Legal – 1928/82

ICS – 109239

Tiragem – 3500 exemplares

Redacção e Administração:Centro DehonianoAv. da Boavista, 24234100-135 PORTO – PORTUGALTelefone: 226 174 765 - E-mail: [email protected]

Proprietário e Editor: Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOATelefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218

03 > alerta! > A vida em etapas

04 > digo eu... > Dos nossos leitores

05 > nas mãos de Deus > Chamou-o no dia das Missões

06 > sal da terra > No comboio de Assis

07 > cantinho poético > Um adeus

http://www.dehonianos.org/valentes/index.html.http://www.dehonianos.org/juventude/http://www.facebook.com.http://valentes.hi5.com

da actualidade

08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ

09 > missões dehonianas > Projectos sociais

10 > entre nós > Aprofundar e crescer em Família Dehoniana

11 > com Dehon > Mês da vida e da santidade

12 > memórias > Recordando o padre Mário Fattore

14 > comunidades > Seminário Padre Dehon na Boavista

16 > comunidades > O “novo” Centro Dehonianodos conteúdos

17 > palavra de vida > Acautelai-vos e vigiai

18 > vinde e vereis > “Vinde e vereis” definitivo

19 > onde moras > O que Deus espera de mim?

20 > doses de saber > Ordem da Imaculada, 500 anos

22 > pedras vivas > Muitas pedras no mês missionário

24 > espaço escola > Necessário mais fôlego

26 > leituras > Neuroética e neuropolítica

28 > sobre a bíblia > Jesus diz quem é

30 > reflexo > Rever a vida

32 > sobre a fé > Creio na Igreja Santa

do mundo

34 > planeta jovem > Amigos do ambiente

35 > outro ângulo > Precisamos de mais Outonos

36 > novos mundos > iPhone espião

37 > nuances musicais > A Letra

do bem-estar

da juventude

38 > jd-nacional > IX Enc. Nac. de Secretariados JD

40 > MissãoPress > Igreja local, sujeito primeiro da missão

42 > jd-Europa > Formação, avaliação e programação

44 > jd-Porto > Valentíadas 2011

46 > jd-nacional > Agenda

47 > tempo livre > Passatempos

48 > imagens > A reter...

da família dehoniana

sumário:

Associação de Imprensade I nspiração Cr istã

Ajude a revista de acordo com as suas possibilidades!

Envie o seu donativo (cheque ou vale) para:Centro Dehoniano

Av. da Boavista, 2423 — 4100-135 PORTOTel.: 226 174 765 — E-mail: [email protected]

ou faça transferência bancária para:NIB: 0010 0000 12408400001 59 (BPI)

35anosSEMPREno CORAÇÃOSEMPREJOVEM

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Page 3: A folha dos Valentes- Novembro 2011

alerta! – 03 da actualidade

A vida em etapas

VPaulo Vieira

A nossa vida cristã vai-se desenrolando em etapas, em ciclos. Este mês de Novembro marca o fim de um ciclo litúrgico e o início de outro. A celebração de todos os santos e a dos fiéis defuntos e a conclusão do ano litúrgico, com a solenidade de Cristo Rei, resumem a nossa vida cristã como um caminho em que o ponteiro da bússola aponta a meta final.

A conclusão de um curso, a bus-ca de um trabalho, a realização de um projecto de vida faz-se passo a passo. E cada conclusão é sempre a passagem a uma nova etapa. A vida da fé, que engloba e qualifica a vida toda, também se realiza em etapas. Desejamos que ela seja impulso para um profundo e constante crescimento que também se faz progressivamente, com os desafios lançados pelos tempos litúrgicos, pela Palavra de Deus, pelas circunstâncias da vida. A nossa primeira e mais impor-tante vocação é à santidade e é importante que avaliemos até

onde já avançámos para não nos perdermos no caminho e aproveitarmos todas as oportunidades que nos são dadas.A Folha dos Valentes deste mês apresenta-nos muitas pro-postas nesse sentido e muitas pistas para o caminho. Ela sai hoje de um Centro Dehoniano renovado, remodelado e ampliado, aberto, também ele, a novos desafios.Que estejamos todos dispostos a pedalar para uma nova etapa, para todas as etapas de que se compõe a preciosa viagem da vida.Boa leitura!

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Page 4: A folha dos Valentes- Novembro 2011

VPaulo Vieira

04 – digo eu... da actualidade

Dos nossos le itores

Queridos amigos Valentes,Arranjei um tempinho e cá estou a agradecer a vossa assídua e indispensável presença na minha casa e na minha vida. Como é bom receber alegria, paz, fé, Jesus Cristo e o seu Evangelho, ao fim e ao cabo, através da vos-sa/nossa querida revista para poder partilhar na família, na catequese, no trabalho! Era bom que cada um dos vossos colaboradores tivesse consciência do bem que fazem dis-ponibilizando o seu tempo e saber para par-tilhar connosco palavras de Vida. Também gosto muito da apresentação gráfica d’A Folha dos Valentes: acho-a leve, bela natural e cheia de bom gosto. Obrigada a todos e por tudo. Continuem a surpreender-nos!Os mais sinceros votos de valentes sucessos.Julieta Fernandes – Aveiro

Obrigado!Agradecemos as ofertas que nos tendes enviado e de que a nossa publicação tanto necessita. Lembramos novamente de que não devem enviar dinheiro “vivo” em corres-pondência normal (é proibido por lei!). Na página 2 (no fundo, à esquerda), vai sempre a indicação de como nos podem ajudar: por vale, cheque (em nome de Centro Dehoniano), ou transferência para o NIB indicado! O ano que vai na folha de rosto que acompanha a revista é referente à última oferta que nos chegou. Obrigado!

Caros amigos d’A Folha dos Valentes,Olá a todos os Jovens Missionários Valentes. Saudades das Férias Missionárias e dos encontros nas Valentíadas...Fiz as primeiras férias Missionárias em Baguim do Monte em 1997 e em 1998 em Marco de Canavezes (com o P.e António Augusto, scj), depois vim para os Açores o que não me “permitiu” continuar a participar... Um abraço para todos!Luísabela Coutinho – Açores

Caros amigos,Sou assinante d’A Folha dos Valentes que gosto muito.Como não me lembro qual a mi-nha situação relativamente (...), resolvi fazer uma transferência de (...), para ajudar pelo menos a revista do próximo ano.Peço o favor de me dizerem se devo alguma coisa, pois gostava de ter as contas em dia.Com os melhores cumprimentos.Maria Emanuel Almeida – Estoril

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nas mãos de Deus – 05 da actualidade

Queria morrer em Moçambique no meio do “seu povo”

VZeferino Policarpo

O Senhor chamou-o no dia Mundial das Missões

Na manhã do Dia Mundial das Missões conce-lebrei na eucaristia das 11h00, na Paróquia

de Nossa Senhora do Sagrado Coração, em Maison-Alfort, Paris. Presidiu à celebração o P.e José Agostinho, vigário paroquial desta paró-quia confiada aos dehonianos da Província da Europa Francófona. Comigo estavam também o P.e Manuel Barbosa, o P.e Humberto Martins e o P.e Nélio Gouveia. Ao longo da semana tínhamos participado na Conferência SCJ da Europa, em Clairefontaine, na Bélgica, e fazíamos a viagem de regresso a Portugal, depois de termos passa-do pelos “lugares dehonianos”.Pouco antes de se iniciar a eucaristia um telefo-nema do P.e Leandro Garcês, comunicava o faleci-mento do P.e José Diomário.Este nosso confrade, missionário em Moçambique, chegou a Portugal para férias, no passado dia 9 de Julho. No dia 10, foi comigo a Fátima, pois queria colocar aos pés de Maria as suas intenções e súplicas. Nessa altura estado de saúde do P.e José era já bastante débil. Em Moçambique tinha passado algum tempo no hospital. Estando já em gozo de férias no Campanário (Madeira), sua ter-ra natal, teve de ser hospitalizado em inícios de Agosto, com uma anemia bastante forte. Durante

as minhas férias visitei-os por duas vezes. Estava a recuperar bem e manifestou-me o gosto em que-rer voltar a Moçambique, dizendo-me: “Quero morrer no meio do meu povo”. Depois de alta hospitalar precisou de fazer ainda diversos exa-mes clínicos, pois padecia de vários problemas de saúde.Há pouco mais de uma semana voltou a ser hospitalizado e uma pneumonia, acabou por lhe roubar a possibilidade de voltar para junto do seu povo. O Senhor chamou o P.e José Diomário no Dia Mundial das Missões. Deu 48 anos da sua vida às missões em Moçambique. Fez parte do grupo dos primeiros alunos que em 1947 entrou no Colégio Missionário Sagrado Coração. Como religioso dehoniano, trabalhou 10 anos nos nos-sos seminários, particularmente no Seminário Missionário Padre Dehon, na Rua Azevedo Coutinho, na Boavista, Porto, na secretaria dos benfeitores, nos grupos missionários, na forma-ção dos seminaristas, no apostolado.Em 1963, pôde finalmente realizar o sonho que o fizera entrar no Colégio Missionário e partiu, como missionário, para Moçambique. Viveu os anos belos de fulgor missionário e, juntamente com outros dehonianos, enfrentou também os difíceis e dolorosos anos de guerra civil. Sempre com Deus e ao lado do seu povo.Ordenado sacerdote em 1985, escolheu como lema sacerdotal esta passagem bíblica: “De todos quero ser servo e em Cristo a todos ganhar; tudo faço pelo Evangelho, para dele participar” (1Cor 9, 12-23). E assim fez! Como S. Paulo, serviu a Igreja de Jesus Cristo, anunciou o Evangelho, testemu-nhou a radicalidade da entrega total da sua vida ao Senhor.

O Senhor chamou a si o Pe. José Diomário Gonçalves, dehoniano, que era missioná-rio em Moçambique. Natural da Madeira, foi dos primeiros alunos do Colégio Missionário, no Funchal e deu 48 anos da sua vida às missões em Moçambique.

P.e José Diomário1932-2011

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Page 6: A folha dos Valentes- Novembro 2011

06– sal da terrada actualidade

No comboio de Assis

VPaulo Rocha

Habituados a receber tudo, agora temos de fazer pela vida

Um adeus

Dizemos com frequência que “a união faz a força”.

E comprovamos a verdade dessa afirmação quando tomamos a iniciativa de pro-mover a reunião, de pessoas ou recursos, nas mais variadas circunstâncias.Fixemo-nos numa delas, muito relevante para a convivência entre os povos: a que aconte-ceu no encontro de diferentes religiões, em Assis.A iniciativa foi do papa João Paulo II que, a 27 de Outubro de 1986, partiu ao encontro de representantes de religiões de todo o mundo para momentos de oração pela paz. Assis foi o local escolhido porque, como justificou na altura o próprio papa, nesse local é “venerado” pelo mundo inteiro o “símbolo da paz, de reconciliação e de fraterni-dade”: S. Francisco.Noutros momentos da história, ainda no pontifi-cado do papa polaco, líderes religiosos de todo o Mundo voltaram a Assis para pedir a paz: nos dias 9 e 10 de Janeiro de 1993, quando pairava a guerra nos Balcãs, e no dia 24 de Janeiro de 2002, alguns meses após o atentado de 11 de Setembro.25 anos após o primeiro encontro de religiões em Assis, a 27 de Outubro, Bento XVI voltou aos luga-res de S. Francisco para rezar pela justiça e pela paz. Líderes religiosos, representantes de diferen-tes tradições religiosas de todo oMundo quiseram ser “Peregrinos da Verdade, Peregrinos da Paz”.A tentativa de encontrar resultados práticos e ime-diatos deste acontecimento pode fazer esconder o que ele tem de mais relevante: gerar uma nova cultura de encontro, diálogo, justiça e paz entre os povos. Disso as religiões podem ser motoras e promotoras. E estão a sê-lo numa sociedade que se afirma “indignada” diante de modelos de cons-trução social que ameaçam falir. A imagem e a viagem de comboio, que levou os lí-

Um adeus

deres religiosos até Assis, traduz bem o propósito destes encontros e o que eles podem significar para toda a Humanidade. Já em 2002, o cardeal Ratzinger, o actual papa Bento XVI, explicava por essa simbologia o sentido dos encontros em Assis: “este comboio pareceu-me como que um símbolo da nossa peregrinação na História. Não somos, na verdade, todos passageiros de um mesmo comboio? O facto que o comboio tenha escolhido como seu destino a paz e a justiça, a reconciliação dos povos e das religiões, não é com certeza uma grande ambição, e ao mesmo tempo, um sinal de esperança?”.É esse comboio que mulheres e homens de uma sociedade em crise têm de “apanhar”. Ele leva to-dos os passageiros à paz e à justiça.

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Page 7: A folha dos Valentes- Novembro 2011

No comboio de AssisUm adeus

cantinho poético – 07 da actualidade

VMadalena Rubalinho

Deixar-te partir…É compreender e aceitar que existo.É acreditar no meu futuro,Nos meus sonhos e potenciais,Sem depender dos teus gostosOu das tuas necessidades.

Deixar-te partir…É querer viver por mim,Construir um caminho único,O meu!Sem copiar.

Deixar-te partir…É encontrar o ânimo, a alegria,A fé de ser capaz,Sem hesitações, sem dúvidas.

Hoje, liberto-te.Deixo-te partir.Devolvo-te a paz, a eternidade.

Um adeus

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08 – recortes dehonianosda família dehoniana

VManuel Barbosa

Dehonianos em Conferência Europeia

De 17 a 21 de Outubro em Clairefontaine, na Bélgica, realizou-se uma Conferência Europeia sobre a temática da Secularização. Estavam presentes 60 Dehonianos, entre eles o Superior Geral, os supe-riores maiores da Europa e vários delegados. Houve também uma presença dos Estados Unidos e do Canadá. De Portugal foi o Padre Zeferino Policarpo e dois delegados, Padre Humberto Martins e Padre Nélio Gouveia. O Padre Manuel Barbosa participou como secretário coordenador da Europa. Através de reflexões apresentadas por vários especialistas de teologia e de sociologia, de trabalhos em grupos e de debates em plenário, os participantes procuraram conhecer melhor a realidade concreta da Europa em que vivemos, para se poder propor uma presença mais significativa dos Dehonianos neste velho continente, a precisar de renovada alma.

Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)

Missão celebrada Mês de Outubro, mês missionário. A Igreja tem apresentado esta intenção para recordar o que

é essencial à sua identidade: ser e estar sempre em missão. Sendo a Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus um Instituto também dito missionário, as várias comunidades, paróquias e obras reflectiram e celebraram a missão. Como vem sendo tradição, os encontros mais expressi-vos aconteceram no Seminário Missionário Padre Dehon (Porto), no Colégio Missionário Sagrado Coração (Funchal), no Instituto Missionário Sagrado Coração (Coimbra) e no Seminário Nossa Senhora de Fátima (Alfragide).

Padre Francisco Costa, pároco de Eixo No dia 8 de Outubro, o Padre Francisco Costa

tomou posse desta Paróquia da Diocese de Aveiro, em celebração presidida pelo seu Bispo, D. António Francisco. A Província tem assumido esta missão pa-roquial de Eixo, que já teve como Párocos Dehonianos os padres Constantino Mota (falecido), João Nóbrega, António Correia e José Armando.

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Page 9: A folha dos Valentes- Novembro 2011

missões dehonianas – 09 da família dehoniana

Projectos sociais em MadagáscarA Igreja vive com as pessoas e isso faz toda a diferença

Sabemos que nem só de pão vive o homem mas de toda a Palavra que sai

da boca de Deus. Também é verdade que não podemos pregar a estômagos vazios. Assim sendo, lá onde está a Igreja, corpo de Cristo, investe-se muito na caridade e na promoção humana. Madagáscar não foge à regra. Sendo um dos países mais pobres do Mundo é, naturalmente, um al-vo privilegiado da solidariedade da Igreja.Em Ifanadiana a Igreja tem investido muito

VQuim Tó

do seu esforço na promoção humana e social. Ao longo dos últimos 75 anos foram várias as obras que foram surgindo: igrejas, escolas, refeitórios, dormitórios para estudantes e para a pastoral, salas de reuniões, dispensários (onde se atende e acompanha doentes), salas polivalentes para es-pectáculos e reuniões e uma carpintaria. Também se tem investido muito na formação agrícola (novas culturas) e na formação para valores humanos como a higiene, cuidados de saúde, como gerir economicamente uma família, sensibi-lização para a preservação do meio ambiente, etc.Todos estes projectos são realizados por muitas e muitas pessoas, sobretudo pelos malgaxes. Eles não são ape-nas beneficiários desse investimento mas protagonistas. Procuramos envolve-los o máximo possível, pois, é dessa forma que crescerão. São eles quem realizam as constru-ções, que ensinam nas escolas, que ajudam os doentes a superarem os seus problemas. A verdadeira promoção não se faz sem as pessoas mas com elas. E esse é o problema de várias ONG que trabalham em Madagáscar; fazem muitas coisas sem envolverem as populações locais (por falta de confiança, por falta de qualificação das pessoas locais ou, noutros casos, para assegurarem emprego a um pequeno grupo de pessoas). Esse tipo de organizações também tem dificuldade em trabalhar com a Igreja, com medo de serem denunciados (têm muito dinheiro mas não o coração das pessoas). Uma outra diferença é que a Igreja trabalha com as pessoas a longo prazo; faz projectos e justifica-os. Quando realizamos projectos continuamos a viver com as pessoas. A Igreja permanece com as pessoas e isso faz toda a diferença (não é do género: “quero, posso e mando”, faço qualquer coisa para justificar fundos e vou-me embora…). No entan-to é louvável o esforço, honestidade e empenho de alguns organismos como a Raoul Follereau e as Mãos Unidas. Em conjunto temos realizado projectos muito interessantes.Agora vem a pergunta: donde vem o dinheiro? Esse dinhei-ro vem, efectivamente, da generosidade de muitas pessoas solidárias espalhadas por toda a parte: de Roma, dos diver-sos serviços do Vaticano, da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus, de muitos e diversos benfeitores (que

gostam de ficar no anonimato) e da par-ticipação local, ou seja, as pessoas que beneficiam do projecto participam com trabalho ou outros meios à sua disposi-ção…Os próximos projectos a realizar em Ifanadiana são um infantário com um pequeno refeitório, para que as crianças possam tomar uma refeição na escola, e um dormitório em Ifanadiana que tenha capacidade para acolher 500 pessoas. Trata-se duma das nossas escolas em Ranomafana com cerca de 500 alunos. Com as novas obras teremos capacida-de para acolher mais de 150 alunos. Se tudo correr bem e o financiamento nos chegar pensamos começar ainda duran-te este ano de 2011, se Deus quiser. Um dormitório é também uma das nossas grandes prioridades, pois, recebemos constantemente pessoas no centro vin-das de todo o distrito para participarem em reuniões, para irem ao hospital ou, até, para tratarem de assuntos na ci-dade. Por vezes, a Igreja é o único local com capacidade e disponibilidade para receber esses “peregrinos” de forma gra-tuita (visto que não trazem muito mais do que a roupa do corpo).Este é o trabalho que a Igreja vai reali-zando com empenho e simplicidade no meio desse Povo. De facto, a nossa pre-sença através de projectos de promoção humana é, sem dúvida, evangelização e manifestação do espírito solidário da Igreja. Manifesto também, através deste meio, o meu agradecimento aos muitos e anónimos benfeitores que têm ajuda-do a Missão de Madagáscar.

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Page 10: A folha dos Valentes- Novembro 2011

10 – entre nósda família dehoniana

Reflexão sobre a Família Dehoniana em Roma

No início de Outubro de 2011, a Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus convo-

Aprofundar e crescer em Família Dehoniana

cou algumas pessoas em Roma para um grupo de trabalho sobre a Família Dehoniana: os padres Josef Gawel, da Polónia, Bruno Pilati, da Itália do Norte, Vincenzo Martino, da Itália do Sul, Ramon, da Espanha, Adérito, de Portugal. O encontro foi presidido pelo conselheiro geral da Congregação P.e Cláudio Weber, apoiado por outro con-selheiro geral: John van den Hengel.Antes de mais, tomámos consciência de algumas realidades: o carisma e a espiritualidade dehoniana são um dom de Deus que se deve fazer fruti-ficar, partilhando-os com aqueles com quem vivemos, convivemos e outras pessoas que encontramos. Numa pala-vra, a espiritualidade dehoniana não é só para os religiosos scj, mas também para outros grupos consagrados liga-dos ao nosso carisma, assim como para os leigos que querem viver a espiritualidade dehoniana.Assim quando se faz pastoral vocacional deho-niana não se deve ter presente só os jovens para entrarem para o seminário, mas partilhar anunciar o carisma e convidar todas as pessoas a fazer parte desta grande família.Referiu-se ainda a necessidade de uma boa coor-denação nacional, continental e intercontinental dos diversos grupos da família dehoniana.Nesse sentido, sugeriu-se formar uma comis-são de trabalho na Europa (coordenada pelo P.e Adérito Barbosa), uma segunda comissão na América Latina e a seguir reunir as forças da Ásia e da África.Depois de muito intercâmbio de experiências já existentes, mas um pouco dispersas, chegámos à conclusão da necessidade de um projecto forma-tivo dehoniano para os leigos adultos e para as crianças; um livro de orações para toda a família dehoniana; uma lectio divina dehoniana, onde se deve ter presente a vertente do Coração de Jesus e a vertente dehoniana; preparar leigos para que sejam animadores e formadores de outros grupos dehonianos.E para começar pelo princípio, todo o grupo de-cidiu concentrar-se no iter formativo dehoniano para adultos. Nesse sentido, o grupo elaborou

dois questionários em ordem a este iter formativo: um para os responsáveis de grupos; outro para os leigos. Estes simples questionários devem chegar proximamente a todas as províncias da congrega-ção.Este encontro teve a visita dos responsáveis do Centro de Estudos da Congregação, onde tra-balham, além do nosso português, P.e Rafael, um italiano e um polaco. Estes explicaram como trabalham no Centro de Estudos e dialogaram connosco sobre como poderiam ajudar-nos na formação de projectos dehonianos.Mesmo antes de acabarmos a nossa reunião, tivemos também um encontro final com todo o Conselho Geral da Congregação que manifestou o apreço pelo trabalho realizado e apontou algumas inquietações, em ordem a realizar a concretizar nos diversos continentes, estes projectos concretos.

VAdérito Barbosa

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Page 11: A folha dos Valentes- Novembro 2011

CRONOLOGIADEHONIANAHistóriada ProvínciaPortuguesa

1974 18|Junho

Erecção canónica da comunidade filial do Centro Dehoniano (Porto).

1975 01|Maio

Transferência da Cúria Porvincial de Alfragide para sede própria em Olivais-Sul (Lisboa).

1981 06|Janeiro

Decisão de iniciar uma Missão em Madagáscar, no Capítulo Provincial Extraordinário.

1981 27|Dezembro

Início da Missão de Madagáscar, com o envio dos primeiros missionários.

1983 24|Setembro

Início da presença dehoniana na Ribeira Brava (Madeira).

1990 16|Novembro

Início da presença dehoniana nos Açores (Ponta Delgada,S. Miguel).

com Dehon – 11 da família dehoniana

VJosé Armando Silva

O projecto de Deus para nós abarca, ao mes-mo tempo, duas características profundas

e importantes. Deus pretende de nós e em nós uma vida plena. Essa plenitude de vida passa pelo “sermos santos”. Podemos escutar da Palavra de Deus: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10). A Sua presença é uma presença vital. Vive, morre e ressuscita para que seja possível realizar-se em nós o desafio feito: “sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste” (Mt 5, 48).É esta a grande celebração que a tradição reli-giosa nos propõe neste mês de Novembro. O desafio, ao olharmos para os santos (dia de to-dos os santos) e para todos os que já partiram (fiéis defuntos), não é mais do que este desafio a olharmos para a própria vida com esperan-ça e ao mesmo tempo com responsabilidade. Viver plenamente vida na história concreta dos nossos dias e, ao mesmo tempo, fazer dela um caminho de santidade e perfeição.Olhando o P.e Dehon podemos encontrar a preocupação pessoal e a proposta aos seus discípulos de acolherem a vida como dom de Deus e realizá-la tornando-nos, cada vez mais, Sua semelhança. Para isso incentiva-nos ao exercício da vigilância sobre nós mesmo e a nossa inserção da sociedade da qual fazemos parte integrante e constitutiva. Diz-nos: “Não

cedamos em nada à natureza má que em nós está sempre pronta a despertar. Para a man-ter dominada é necessário estar vigilante e ser perseverante na mortificação e manter o nosso pensamento e a nossa vonta-de unidos a Nosso Senhor” (P.e Dehon – Notes Quotidiennes, 1868, 12 de Junho, caderno I/126). Tudo acontece na união a “Nosso Senhor”.Esta vida de união, tão querida a Leão Dehon, não é mais do que aquilo que Jesus vai ex-pressando na sua vida quando afirma que tem como alimento fazer a vontade de seu Pai. É seu alimento pessoal. Só depois de alimentado e fortalecido, Jesus, encontra força e capacidade pa-ra anunciar e testemunhar aos homens esse mesmo Pai que, no seu amor, quer salvar todos os homens.Aqui podemos começar a per-ceber porque é que o tema da reparação é tão importante na espiritualidade dehoniana. Mas uma reparação que começa por nós mesmos. É ainda o P.e

Dehon que nos afirma: “Como é pernicioso o hábito de se in-quietar com a conversão dos ou-tros e não com a sua (P.e Dehon – Notes Quotidiennes, 1870, 7 de Janeiro, caderno II/42).A vida e a santidade dependem disso: aceitar a vida como dom de Deus e orientá-la, em cada momento, ela que já é imagem de Deus, a realizar cada vez mais e melhor, pela conversão pessoal, a semelhança que de-vemos ser.É por isso que a vida é uma conquista, um desafio, uma construção.Mãos à obra!

Mês da vida e da santidade

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Page 12: A folha dos Valentes- Novembro 2011

12 – memóriasda família dehoniana

Acção educativa com base no respeito pela pessoa

Recordando o Padre Mário Fattore

Ao falar da evolução das estruturas, nomeadamen-te seminários, impõe-se uma menção também dos que lideraram uma outra construção e amadure-cimento, que foi a formação dos seminaristas. As estruturas serviam, efectivamente, para os que as iriam ocupar. Daí que seja o momento de evocar uma grande figura de educador e formador da Obra Dehoniana em Portugal, que reconhecidamente foi o Padre Mário Fattore.

Nascido em Murelle di Villanova, região de Pádua, Itália, a 17 de Abril de 1924, entrou

com 11 anos na Escola Apostólica de Albino. Professou em 1942 e foi ordenado sacerdote a 24 de Junho de 1951, continuando a frequentar o curso de teologia no primeiro ano depois de ordenado (1951-1952). Na relação bimestral de 25 de Janeiro de 1952, o Superior do Escolasticado de Bolonha já diz do neo-sacerdote Mário Fattore que “parece adapto ao ministério, sobretudo en-tre a juventude”, observação que se viria a revelar exacta. Passará um ano (1952-1953) no Seminário Menor da Província Italiana, em Pagliare, vindo para Portugal em Outubro de 1953. A sua primeira colocação entre nós foi o Colégio Missionário do Funchal onde, desse Outono de 1953 a Setembro de 1959, terá como grande e mar-cante tarefa a direcção espiritual dos seminaristas, para além de outras iniciativas de pastoral juvenil dirigidas aos jovens da vizinhança na tentativa de os trazer a uma prática religiosa consciente e perseverante.Em Setembro de 1959, foi transferido para o Instituto Missionário Sagrado Coração de Coimbra, que nessa altura passava para as novas e definiti-vas instalações de Montes Claros, quando, numa mudança relativa aos seminários menores da Região Portuguesa dos Dehonianos, para lá con-fluíram, além dos alunos já residentes na Vivenda Cepas – também os finalistas e os do quarto e quinto anos do Colégio Missionário do Funchal

e da Escola Apostólica Padre Dehon do Porto. O notável aumento de alunos no novo Instituto Missionário, que de dois passava a ter quatro anos de liceu – exigia também um salto de qualidade do ponto de vista educativo, e o formador escolhi-do foi precisamente o Padre Mário Fattore. Quem, como eu, teve a sorte de o ter como director espiritual nos cinco anos do Colégio Missionário e, depois, nos dois sucessivos de Coimbra, ainda como director espiritual e orientador disciplinar, pôde constatar a capacidade e criatividade do mesmo nesse delicado campo. Se de outros pre-feitos de disciplina era e é costume ouvir queixas, do Padre Mário Fattore não se as ouvia nem ouve; antes, sentíamo-nos como que desprotegidos e incompreendidos, quando, em Coimbra, se au-sentava.Um dos aspectos que, quando nos reencontramos entre colegas desse tempo, costumamos realçar da personalidade e acção educadora do Padre Mário Fattore, foi o seu grande respeito pela pes-soa do aluno e a sua acção na base da persuasão e convicção, mais do que da coacção, repreensão ou castigo. Quando, nas boas-noites que nos dava depois da oração da noite, e pelas quais ansiáva-mos, mostrava desgosto por algum nosso mau comportamento, lastimávamos não a sua chama-da de atenção, mas o tê-lo magoado.

P.e Mário Fattore1924-2004

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memórias – 13 da família dehoniana

VJoão Chaves

Um gesto que, embora parecendo insignificante, revela esse respeito pelo aluno, foi ter ele introduzido e recomendado a risca no cabelo. Ele era o barbeiro-mor do seminário, ensinando a arte a muitos alunos, inclusive a mim e, quando antes não se esmerava o corte nem favorecia a “risca” no cabelo, como expres-são de vaidade, ele obrigou-nos a esse cuidado. Outro sinal do seu grande respeito pelos educandos, foi o ter dispensado no Instituto Missionário de Coimbra a figura e o serviço do prefeito, servindo-se ele dos próprios alunos numa espécie de co-responsabilidade e co-gestão disciplinar; a figura do prefeito-geral e dos prefeitos de classe adquiriram, ali, espaço e significado. Era um homem de diálogo e coló-quio, dentro e fora da direcção espi-ritual. Cultivava a dignidade e asseio da Liturgia e dos locais, procurando fazer do Seminário uma casa e uma família. Esse protagonismo do formador, com expressões por vezes absorven-tes e exclusivistas, bem como essa popularidade entre os alunos tinham o seu revés. Nem todos os confrades da comunidade – e não só – os acei-tavam, e já em 1964, o Padre Mário Fattore acena ao Superior Provincial a ideia de regressar à Itália. Este interpreta o mal-estar como forma de cansaço e, não querendo perder a sua mais-valia, recomendava-lhe calma e descanso. Em 1965, o Padre Mário Fattore é transferido para o Colégio Missionário como superior. Ali terá de trabalhar em harmonia com um orientador disciplinar distinto, o que infelizmente – é dever reconhecê--lo – não lhe era muito congenial. O desencanto avolumou-se. Quem recorrerá à sua mais-valia será o Bispo do Funchal, na altura D. João Saraiva, que lhe confia a direcção espiritual do Seminário Diocesano, cargo que aceitará e exercerá até ao

fim do mandato, em 1968. É desse tempo de director espiritu-al do seminário diocesano do Funchal, a passagem do actual Superior Geral da Congregação desse seminário para o Colégio Missionário, sem que o padre Mário – garante o próprio padre Ornelas – tenha influenciado a decisão. Em 1970, o padre Mário Fattore volta a insistir no seu regresso à Itália. Mais que tensões de competência ou intervenção, é um certo cansaço psicológico que parece dobrar e domar a per-sonalidade vigorosa daquele que os seus antigos educandos continuam a estimar e a considerar um ponto de referência. O Superior Provincial insiste para que continue a colaborar na jovem Província que ajudou a formar, prospectando-lhe até um trabalho de pastoral juvenil e universitária no Porto: trabalhar no ambiente estudantil externo, suscitando ali vocações mais maduras a orientar directamente para o Noviciado. A perspec-tiva porém assusta-o, sinal da perda daquele vigor que sempre o movera. E assim a opção do regresso à Província de origem acaba por ser mais forte.Em Setembro de 1971, terminado o mandato de superior do Instituto Missionário de Coimbra, transfere-se para a Itália, indo trabalhar, sempre no campo da direcção espiritual, na sua cida-de natal, numa casa da Província em Pádua.Manterá sempre uma grande ligação afectiva com a Província Portuguesa, visitando-a de vez em quando, até que a doença o ligará a uma cama e cadeira de rodas, na Casa-Enfermaria da Província Italiana, em Bolognano, onde, por problemas de circu-lação, lhe serão amputadas ambas as pernas, vindo a falecer a 23 de Agosto de 2004, com 80 anos de idade.Sobretudo nós, da geração de seminaristas de 1954-1965, os que perseveraram e os que desistiram, conservamos do padre Mário Fattore uma grata lembrança. Poderia ter os seus limites e defeitos, como todos os têm, mas era um educador que escuta-va e amava na verdadeira acepção do termo. Paz à sua alma!

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14 – comunidadesda família dehoniana

Os “Bandidos de Deus” vão invadir os nossos terrenos na Bosvista

Seminário Padre Dehon na Boavista

As atenções dirigiam-se então para o Porto, que constituía uma perspectiva risonha, bem

expressa em dois testemunhos, um da relação que o Superior Provincial da Itália fizera à Região em Fevereiro de 1958 e outro da Acta do Conselho Regional de 20 de Agosto precedente. O Superior Provincial de então, Padre Giuseppe Girardi, referindo-se a esse projecto do Porto, depois de acenar ao significativo episódio da au-torização do Bispo diocesano, D. António Ferreira Gomes, que se mostrara de início contrário, mas, ao saber que o nosso Fundador era o Padre Dehon, em cujos livros estudara a Doutrina Social da Igreja, mudara logo de ideia, concedendo a au-torização (26 de Julho de 1957) e até dando liber-dade total da escolha do local, esperançado que os filhos do Padre Dehon propagassem os seus ensinamentos sociais na sua Diocese. A propósito disso, observa o Superior Provincial na dita rela-ção, que a Congregação passaria a estar no Norte de Portugal, ambiente propício quer do ponto de vista de quantidade de vocações quer em termos económicos. Porto era a Milão de Portugal! A con-cretização do projecto – lê-se sempre na relação – permitiria acolher os seminaristas da Casa do Sagrado Coração, disponibilizando-a para futuro Noviciado da Região Portuguesa, ao menos num segundo momento, podendo este começar a fun-cionar no Porto.A referida Acta do Conselho Regional reproduz as razões da opção Porto, aduzidas pelo padre Colombo, então Superior da Casa do Sagrado Coração de Aveiro: transferir a Escola Apostólica de Aveiro para o Porto teria a vantagem de “afastá--la do ambiente indiferente e religiosamente qua-se hostil de Aveiro e fazê-la funcionar numa zona mais generosa (Porto) e num ponto de mais fáceis comunicações para a quase totalidade das nossas vocações, que provêm do Alto Douro e Trás-os-Montes”. A iminente Visita Canónica do Superior Provincial serviria para defender a proposta.

E o sonho tornou-se realidade, graças à compre-ensão dos Superiores Maiores e também a um novo acto da Providência. Intervindo, por disposi-ção superior, o padre João Baptista Carrara, então Superior do Colégio Missionário da Madeira, na procura de uma casa que satisfizesse os requisi-tos, eis um seu amigo e devoto, o rico empresário inglês Julien Leacock, oferecer-lhe a creche, então fechada, da ex-fábrica Graham, que possuía na Rua Azevedo Coutinho à Boavista. É pitoresca a forma como o benfeitor correspondeu. Escreve ele, de Lisboa, uma carta para o seu representan-te no Porto, nestes termos: “Na terça-feira, 5 de Agosto [1958], festa de Nossa Senhora das Neves, os Bandidos de Deus, incluindo o Padre Carrara e o Padre Colombo e mais alguns ainda piores, vão invadir os nossos terrenos da Boavista e ocupar pela força o edifício conhecido pelo nome de ‘cre-che’… e também vão ocupar o terreno conhecido pelo de ‘kriquetes’. A ocupação seria por um ano, mas acabou por ser definitiva. Dias mais tarde, o mesmo benfeitor escreveria aos Bandidos de Deus, a manifestar o seu regozijo por a estrutura ter agradado. Estes nada têm a agradecer-lhe, pois tanto eles com ele trabalham para a mesma Obra, embora sendo ele “um trabalhador de pouco valor na hierarquia eclesiástica”. Era um conver-tido do Anglicanismo, que se fez instrumento da Providência para os Dehonianos abrirem o seu seminário menor no Porto. Inicialmente intitulado “Escola Apostólica Padre Dehon”, em 1962 pas-saria a chamar-se “Seminário Missionário Padre Dehon”, para evitar ambiguidades com estruturas protestantes e estimular a generosidade dos ben-feitores.

Nos inícios de 1958, a Obra dehoniana em Portugal, já solidamente presente em quatro cidades – Funchal, Lisboa, Coimbra e Aveiro – mostra pujança e um futuro promissor, não só no número de religiosos (35) e alunos (175, dos quais 15 em Coimbra, 25 em Aveiro e 150 no Colégio Missionário), mas também nos projectos de expansão, que não faltam.

Grupo de alunos no Seminário Padre Dehon, na Boavista, Porto. Foto encontrada no Blog do antigo aluno José Gil (o 1.º da esquerda): pontedaspoldras.blogspot.com.

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VJoão Chaves

comunidades – 15da família dehoniana

A revista Cor Unum, órgão oficial da então Província-Mãe, a Italiana, faz referência, no núme-ro de Outubro de 1958, à festa de 15 de Agosto antes na Casa de Aveiro, celebração do centenário de Lurdes, em que os apostolinhos cantaram a II Pontificalis de Perosi na vizinha igreja paroquial e apresentaram na Casa do Povo a opereta La gara in Montagna, traduzida em português, ambas sob a mestria do Padre Agostinho Azzola. “E eis uma notícia atómica correr de boca em boca; trouxe-a de forma oficiosa o Superior Regional [Padre João Baptista Carrara]: um benfeitor nos emprestaria uma sua casa do Porto… grátis… suficientemente grande… no centro da cidade… Seria já para os que vão entrar este ano… ver-se-á depois”.A 10 de Setembro desse ano, o Padre Colombo e o então Irmão José Diomário faziam a primeira visita às instalações, nela já pernoitando o último. Vai-se apetrechando o novo seminário com mate-rial em grande parte oferecido. A 20 de Setembro, começam as aulas, a 27 tem-se a visita do Senhor

Leacock, que, ausen-te o Superior, joco-samente mas feliz, chama também os seminaristas “bandi-dos de Deus”, e a 17 de Outubro, sempre de 1958, faz-se a inauguração oficial. O elenco do dito nú-mero do Cor Unum indica 35 apostoli-nhos no Porto e 29 em Aveiro.No ano escolásti-co 1959-1960, em Aveiro já funcionará

o Noviciado, tendo os seminaristas sido transferi-dos para o Porto em Fevereiro de 1959. Na Escola Apostólica Padre Dehon, que continua a ser casa filial daquela, os alunos esse ano já serão 82; no ano seguinte, são ainda 84 e 93 em Outubro de 1961. O modesto aumento deve-se à lotação logo esgotada na estreiteza dos locais. Torna-se, portan-to, necessário e urgente ampliar a estrutura, mas, para isso, há que ter a propriedade. E eis que, a 17 de Março de 1961, um contrato fictício de compra – outro acto de generosidade do insigne benfeitor – torna a Região Portuguesa dos Dehonianos pro-prietária do imóvel, começando no Verão imediato a ampliação. A Comunidade religiosa e os alunos transferem-se provisoriamente para uma antiga e vasta residência de luxo, emprestada por outro benfeitor, onde, entre o mais, o salão de festas se faz capela. A 29 de Julho do ano seguinte, era inaugurada a Obra reestruturada e ampliada.E a Obra dehoniana em Portugal continuava a expandir-se. Em 1960, abrira-se uma Pré-Escola Apostólica, na periferia de Lisboa, em Loures, numa quinta cedida ainda pelo Sr. Leacock. Em 1963, começará a funcionar na região do Porto, em Ermesinde, um novo seminário menor, intitu-lado Seminário Nossa Senhora de Fátima, de que o de Alfragide herdará nome. Também o seminário da Rua Azevedo Coutinho terá, em 1968, a sua sede definitiva em Fânzeres, Gondomar, ficando a funcionar na antiga estrutura apenas a paróquia, Nossa Senhora da Boavista, que virá um grande desenvolvimento e impacto pastoral. Desses des-dobramentos falar-se-á em próximos números.

O antigo edifício Graham, onde funcionouo Seminário Padre Dehon, na Boavista, Porto.

A actual igreja de Nossa Senhora da Boavista, onde foi o Seminário Padre Dehon.

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16 – comunidadesda família dehoniana

VRicardo Freire

O “novo” Centro DehonianoA casa onde se faz A Folha dos Valentes, remodelada e ampliada

Há pouco mais de um ano, começavam as obras de remodelação e ampliação no

Centro Dehoniano, no Porto, à Avenida da Boavista. Agora, um ano depois, foi a vez da bên-ção e inauguração destas mesmas instalações, a 1 de Outubro de 2011. A comunidade residente empenhou-se com esmero na preparação da festa a todos os níveis, desde a apresentação da casa, à preparação da Sessão Solene e da Cerimónia de Bênção, sem esquecer a parte do convívio fraterno à volta da mesa.A bênção das instalações foi presidida pelo Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, que, no espaço da homilia, mostrou estima pelos re-ligiosos dehonianos e indicou o caminho do testemunho como espaço de “nova evangeli-zação”.A celebração foi precedida por uma Sessão Solene em que tomaram a palavra o Superior da Comunidade, o Superior Provincial, o arqui-tecto da obra e o Superior Geral. O Pe. Paulo Vieira, na qualidade de Superior da casa, deu as boas-vindas aos presentes, enquanto o Superior Provincial, Pe. Zeferino Policarpo, viria a fazer o historial do Centro Dehoniano, sem esquecer palavras de estima em relação a instituições e pessoas. Já o Superior Geral, Pe. José Ornelas, viria a acentuar a dimensão de esperança que está subentendida na inauguração de uma casa de formação como esta, em contexto europeu, onde as estatísticas mostram o decréscimo de vocações à vida religiosa. A apresentação da obra, no decurso desta sessão solene esteve a cargo do arquitecto Nuno Valentim que, com recurso a meios audiovisuais elucidou os pre-sentes acerca do projecto, daquilo que era o Centro Dehoniano e aquilo em que se transfor-mou...

Durante a sessão, os discursos foram entremeados por pequenas peças musicais, executadas por alguns amigos da nossa comunidade, concretamente duas guitarras, uma flauta transversal e um saxofone. Este mesmo grupo animou a liturgia de bênção, com mo-mentos de música instrumental e de canto.Nisto tudo, houve tempo para uma visita livre à casa. Grande interesse suscitaram os quartos novos, na parte ampliada, sobretudo pelo aproveitamento de espaço que representam. Mas toda a obra represen-ta um projecto bonito no seu conjunto, como era a apreciação geral das várias pessoas que passaram connosco este momento.

Em jeito de agradecimento, aqui fica uma palavra, an-tes de mais, a todos quantos tornaram possível este momento: à Província Portuguesa por ter acreditado nesta obra, quando a aprovou no Capítulo Provincial de 2009; aos benfeitores da mesma Província, por te-rem sido a expressão mais viva da Divina Providência, na concretização desta obra.A comunidade religiosa e os seminaristas que aqui vivem manifestam também o seu apreço a todas as pessoas que nos ajudaram a concretizar esta festa, a começar pela nossa funcionária, a D. Camila, que não olhou a tempos para preparar a festa; isto sem esquecer os amigos que participaram com as suas prestações musicais, com a oferta de iguarias di-versas e também no serviço da casa para que tudo corresse bem.

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palavra de vida – 17 dos conteúdos

Acautelai-vos e vigiaiVigilância alegre, activa e confiante

VJosé Agostinho Sousa

Vigiai… desconfiai!A atitude de vigilância tem muitas vezes uma conotação negativa na nossa sociedade: é preciso vigiar contra os perigos, vigiar para -nos protegermos de adversários e inimigos.É uma atitude muitas vezes marcada pela desconfiança e pelo medo, legítimos, porque os perigos podem estar sempre à espreita. Prevenimo-nos de males que possam atingir-nos, mas isso não nos traz necessariamente paz e segurança, pois um perigo sucede a outro, um mal acontece e logo outro ameaça surgir. Armamo-nos para nos defendermos, outros se armam para se protegerem de nós, escondemo-nos uns dos outros, vivemos as-sustados e desconfiados.

Vigiai… vivei!É bem outra a vigilância que Jesus nos pede. Não é uma vigilância fundada no medo e na desconfiança, receando o amanhã ou o fim dos nossos dias terrenos. Não! O que Jesus nos pede é que tenhamos a vida em dia, que vivamos cada dia em atitude de comunhão com Deus e de comunhão fraterna. Se assim for, se vivermos cada dia com a consciên-cia pacificada e o coração preenchido pelo MANDAMENTO NOVO, nada temos a recear, pois caminhamos para a VIDA. Sem sabermos nem o dia nem a hora de Deus, façamos do nosso Advento uma caminhada quotidiana de comunhão e de amor, de cora-ção vigilante, atento e preparado para o en-contro sempre renovado com o Senhor Jesus. Santo Advento!

O mês de Novembro convida-nos a olhar para o centro da nossa fé e a interrogarmo--nos sobre o mais profundo mistério da nossa vida: Para onde vamos? Que sentido

tem o nosso caminhar terreno? Que será de nós depois da morte? A oração de comunhão mais íntima com aqueles que já não se encontram fisicamente entre nós, com aqueles que a morte afastou do nosso convívio quotidiano, leva-nos a olhar mais longe, a projectar o nosso pensamento para o horizonte da VIDA para além desta vida. O Evangelho (Mc 13, 33-37) do último Domingo do mês, o primeiro do Advento, convi-da-nos a uma das atitudes que melhor podem guiar esse nosso olhar para horizontes de vida nova: a vigilância.

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18 – vinde e vereisdos conteúdos

VFernando Ribeiro

“Vinde e vereis” – definitivo!Há muitos “vinde e vereis” até ao definitivo

VFátima Pires

Ser filho é dar atenção ao que o Pai propõe

Um dia haverá, para cada um de nós, um “vinde e vereis” definitivo. Este mês de Novembro, em

que se celebram todos os Santos e se comemoram os fiéis defuntos, recorda-no-lo de modo especial. E é importante que isso aconteça, para trazer à superfície da nossa consciência uma série de outras realidades relacionadas com a realidade iniludível da morte.Realidade, em relação à qual tudo sabemos e não sa-bemos nada. Sabemos, por exemplo, que nos diz res-peito a todos. Ninguém ficará esquecido ou excluído. Todos morreremos. Entretanto, só vai acontecendo aos outros. Quanto a nós, não sabemos nem quando, nem onde, nem em que circunstâncias. E certamen-te que é benéfica esta ignorância que corresponde aos desígnios de Deus. Sabemos que temos a vida a prazo, mas ignoramos qual é esse prazo. É boa para nós essa ignorância que nos permite levar a sério a reiterada recomendação de Jesus: “Estai vigilantes”. Justamente porque “virá como um ladrão”, sem aviso prévio, é do mais elementar bom senso ter em conta a amorosa proposta de Jesus. “Quem me avisa meu amigo é”. Tê-la em conta, até para não esquecermos que, antes desse “vinde” definitivo, há outros que se vão sucedendo e não devem ser ignorados.E, entre eles, também e muito especialmente o “vinde e vereis” que deveria apontar o rumo a seguir, o senti-do a dar ao todo da vida. Como cristãos, não podemos fazer de conta que não sabemos e que determinados chamamentos são só para alguns. Corremos esse ris-co. Corremo-lo demasiado facilmente. Corre-o quem, porque ainda é jovem e tem ou presume ter pela frente muito tempo para viver, fácil e perigosamente se considera senhor absoluto da sua vida e arrisca de-cisões totalmente à revelia dos projectos de Deus.Aquele “vinde” que desinstalou os Apóstolos, homens feitos e de vida aparentemente estabilizada, continua a ecoar junto de jovens e menos jovens com exigên-cias perturbadores. Perturbadoras, com certeza, mas sempre acompanhadas pela garantia do “vereis”. Mas quantas vezes é pressentido e prontamente rejeitado como importuno e inoportuno!Faço votos para que todos os que se têm na conta de valentes considerem que da sua valentia faz parte tam-bém a abertura a todos os “vinde” que amorosamente lhe são dirigidos, pelas formas mais impensáveis, e preparam, por caminhos que só Deus conhece, para o “vinde” definitivo que, esse sim, assegura um “vereis” que, mais do que “visão” será posse bem-aventurada de bens que permanecem.

Caríssimos jovens tendo, iniciado mais um ano lec-tivo, é bom que os nossos sentimentos sejam de

gratidão para com Deus pelo dom da vida, da saúde e de todos os meios que Ele vai pondo no nosso cami-nho para que sejamos pessoas felizes. Neste tempo em que vamos sentindo a crise que atra-vessa o nosso país, é tempo favorável para que outros valores se tornem realidade, tais como a solidariedade, a colaboração, a entreajuda, a união familiar, a fé em Deus que é Pai, a esperança, a certeza de que mesmo que tudo nos falhe, Deus nunca nos abandona. No Evangelho de S. Mateus, Jesus Cristo ensina-nos a rezar. “Rezai pois, assim: Pai-nosso, que estás no Céu” (Mt 6, 9). Ser pai é gerar vida, pensar no pai implica sentir apoio e colaboração, saber que alguém vela por nós. Quando falamos a uma criança acerca do pai, esta sente-se protegida, acolhida, acompanhada, interes-sa-se pela conversa… isto se tem um pai que verda-deiramente desempenha o seu papel de pai. Ser filho implica estar atento ao ensinamento do pai, aos seus conselhos, a seguir o seu exemplo, a ajudar o pai nas tarefas diárias e a colaborar nos seus projectos. Todos nós, em certa medida vamos fazendo experiência des-ta relação filial a nível humano. No que diz respeito à relação com Deus, a experiência é bem mais profunda. Deus é Pai que nos ama sem li-mites, que quer apenas o nosso bem que sempre está disposto a vir ao nosso encontro. A Encarnação foi a maior prova deste amor que desce para se encontrar com a nossa humanidade. Deus que se faz homem em Jesus Cristo.A Palavra de Deus é palavra de vida, ela nos dá força, alimenta e transforma, ela é para nós um programa de vida. Peçamos ao Senhor nos conceda a graça de aprendermos a “perder tempo” para estarmos com o Pai que tanto nos ama. Ele quer estar connosco! Da nossa parte interessa dar a prioridade a esta Relação de AMOR. “Não vos preocupeis… procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo” (Mt 6, 31-33). E eu que faço? Como aceito na minha vida esta vida divina de Deus que se fez homem e que mora no mais íntimo do meu coração? Quais são as minhas atitudes? Que valores proclamo? Como os defendo na minha vi-da? Como vivo esses mesmos valores? Sou verdadeiro naquilo que digo? Ou procuro enganar os outros e so-bretudo enganar-me a mim mesmo? O que Deus quer e espera de mim? Ele deixa-me livre!

O que Deus espera de mim?

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Page 19: A folha dos Valentes- Novembro 2011

onde moras – 19dos conteúdos

VFernando Ribeiro

“Vinde e vereis” – definitivo!Há muitos “vinde e vereis” até ao definitivo

VFátima Pires

Ser filho é dar atenção ao que o Pai propõe

Um dia haverá, para cada um de nós, um “vinde e vereis” definitivo. Este mês de Novembro, em

que se celebram todos os Santos e se comemoram os fiéis defuntos, recorda-no-lo de modo especial. E é importante que isso aconteça, para trazer à superfície da nossa consciência uma série de outras realidades relacionadas com a realidade iniludível da morte.Realidade, em relação à qual tudo sabemos e não sa-bemos nada. Sabemos, por exemplo, que nos diz res-peito a todos. Ninguém ficará esquecido ou excluído. Todos morreremos. Entretanto, só vai acontecendo aos outros. Quanto a nós, não sabemos nem quando, nem onde, nem em que circunstâncias. E certamen-te que é benéfica esta ignorância que corresponde aos desígnios de Deus. Sabemos que temos a vida a prazo, mas ignoramos qual é esse prazo. É boa para nós essa ignorância que nos permite levar a sério a reiterada recomendação de Jesus: “Estai vigilantes”. Justamente porque “virá como um ladrão”, sem aviso prévio, é do mais elementar bom senso ter em conta a amorosa proposta de Jesus. “Quem me avisa meu amigo é”. Tê-la em conta, até para não esquecermos que, antes desse “vinde” definitivo, há outros que se vão sucedendo e não devem ser ignorados.E, entre eles, também e muito especialmente o “vinde e vereis” que deveria apontar o rumo a seguir, o senti-do a dar ao todo da vida. Como cristãos, não podemos fazer de conta que não sabemos e que determinados chamamentos são só para alguns. Corremos esse ris-co. Corremo-lo demasiado facilmente. Corre-o quem, porque ainda é jovem e tem ou presume ter pela frente muito tempo para viver, fácil e perigosamente se considera senhor absoluto da sua vida e arrisca de-cisões totalmente à revelia dos projectos de Deus.Aquele “vinde” que desinstalou os Apóstolos, homens feitos e de vida aparentemente estabilizada, continua a ecoar junto de jovens e menos jovens com exigên-cias perturbadores. Perturbadoras, com certeza, mas sempre acompanhadas pela garantia do “vereis”. Mas quantas vezes é pressentido e prontamente rejeitado como importuno e inoportuno!Faço votos para que todos os que se têm na conta de valentes considerem que da sua valentia faz parte tam-bém a abertura a todos os “vinde” que amorosamente lhe são dirigidos, pelas formas mais impensáveis, e preparam, por caminhos que só Deus conhece, para o “vinde” definitivo que, esse sim, assegura um “vereis” que, mais do que “visão” será posse bem-aventurada de bens que permanecem.

Caríssimos jovens tendo, iniciado mais um ano lec-tivo, é bom que os nossos sentimentos sejam de

gratidão para com Deus pelo dom da vida, da saúde e de todos os meios que Ele vai pondo no nosso cami-nho para que sejamos pessoas felizes. Neste tempo em que vamos sentindo a crise que atra-vessa o nosso país, é tempo favorável para que outros valores se tornem realidade, tais como a solidariedade, a colaboração, a entreajuda, a união familiar, a fé em Deus que é Pai, a esperança, a certeza de que mesmo que tudo nos falhe, Deus nunca nos abandona. No Evangelho de S. Mateus, Jesus Cristo ensina-nos a rezar. “Rezai pois, assim: Pai-nosso, que estás no Céu” (Mt 6, 9). Ser pai é gerar vida, pensar no pai implica sentir apoio e colaboração, saber que alguém vela por nós. Quando falamos a uma criança acerca do pai, esta sente-se protegida, acolhida, acompanhada, interes-sa-se pela conversa… isto se tem um pai que verda-deiramente desempenha o seu papel de pai. Ser filho implica estar atento ao ensinamento do pai, aos seus conselhos, a seguir o seu exemplo, a ajudar o pai nas tarefas diárias e a colaborar nos seus projectos. Todos nós, em certa medida vamos fazendo experiência des-ta relação filial a nível humano. No que diz respeito à relação com Deus, a experiência é bem mais profunda. Deus é Pai que nos ama sem li-mites, que quer apenas o nosso bem que sempre está disposto a vir ao nosso encontro. A Encarnação foi a maior prova deste amor que desce para se encontrar com a nossa humanidade. Deus que se faz homem em Jesus Cristo.A Palavra de Deus é palavra de vida, ela nos dá força, alimenta e transforma, ela é para nós um programa de vida. Peçamos ao Senhor nos conceda a graça de aprendermos a “perder tempo” para estarmos com o Pai que tanto nos ama. Ele quer estar connosco! Da nossa parte interessa dar a prioridade a esta Relação de AMOR. “Não vos preocupeis… procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo” (Mt 6, 31-33). E eu que faço? Como aceito na minha vida esta vida divina de Deus que se fez homem e que mora no mais íntimo do meu coração? Quais são as minhas atitudes? Que valores proclamo? Como os defendo na minha vi-da? Como vivo esses mesmos valores? Sou verdadeiro naquilo que digo? Ou procuro enganar os outros e so-bretudo enganar-me a mim mesmo? O que Deus quer e espera de mim? Ele deixa-me livre!

O que Deus espera de mim?

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20 – meias-doses de saberdos conteúdos

O r d e m d a I m a c u l a d a C o n c e i ç ã o – 5 0 0 a n o s

As ordens religiosas foram muitas vezes, contrariamente à opinião comum, espaços

de iniciativa, de empreendedorismo e de liber-dade para o universo feminino em contextos e tempos marcados por uma mentalidade social dominada pelos valores e pela liderança do universo masculino. No desaguar da Idade Média e com o dealbar da Época Moderna acentuou-se uma tendên-cia cultural e civilizacional tardo-medievial no Ocidente cristão que desconfiava do género feminino, que o desconsiderava em relação a uma visão que estabelecia a preponderância do homem e do seu valor considerado superior. Uma teologia do pecado original, conforme narra a história-metáfora do Génesis, que fazia recair na alegada fraqueza e fragilidade femi-nina a responsabilidade toda pela queda que levaria à expulsão do primeiro casal humano do paraíso, tendeu a estabelecer um imaginá-rio negativo, atingindo até foros de mitificação em torno da Mulher. Como bem demonstrou Régine Pernoud na sua obra sobre o Mito da Idade Média, a mulher medieval detinha mais espaço de protagonismo, de liderança para afirmar dignidade própria, prerrogativas que veio progressivamente a perder à medida que se caminhou em direção à emergência de um novo horizonte de compreensão do mundo e da sociedade na Modernidade. Desde o século XV até sensivelmente ao Século das Luzes afirma-se na Europa uma cultura ca-da vez mais masculinizante que arreda a mu-lher da esfera pública, como se de uma espécie demoníaca perigosa se tratasse. As mulheres passam cada vez mais a ser confinadas na esfe-ra privada, no lar e noutros espaços reservados, como nós procurámos demonstrar na obra es-crita com Isabel Morán Cabanas sobre O Padre António Vieira e as Mulheres: O mito barroco do Universo Feminino. Foi neste contexto marcado por uma moral so-

cial em que à mulher era retirado qualquer espaço de decisão, nem sequer na escolha de quem deve-riam amar para constituir família cristã (direito de preferência reservado aos pais e em que os mari-dos detinham todo o poder sobre as suas esposas), que ocorre a chamada “Querela das Mulheres” na Modernidade. Embora tenha sido uma revolta de algum modo silenciosa, a Querela das Mulheres assumiu formas de reação da parte de mulheres da elite nobiliárquica com instrução e cultura ca-paz de oferecer olhar crítico sobre a realidade e sobre maneiras de pensar o seu próprio destino para além do status quo que lhe era imposto. A vida monástica tornou-se, com efeito, um desses espaços possíveis de afirmação do desejo de liber-dade e de inconformismo de muitas mulheres que não aceitavam o jugo imposto e não escolhido livremente do elemento masculino.Neste interessante contexto de transição moder-

Santa Beatriz da Silva, fundadora pioneira e paladina de um cristianismo também de rosto feminino

Fundou-se há 500 anos a única ordem contemplativa portuguesa

Santa Beatriz da Silva1424-1492

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meias-doses de saber – 21dos conteúdos

VEduardo Franco

O r d e m d a I m a c u l a d a C o n c e i ç ã o – 5 0 0 a n o sna, se pode relevar a importância e o significado extraordinário de uma mulher forte de origem portuguesa que quis afrontar os cânones sociais e mentais ibéricos do tempo e encontrar um espaço de protagonismo e de liberdade interior.Trata-se de D. Beatriz da Silva, nascida por volta do 1437 em Campo Maior, filha do nobre Rui Gomes da Silva que era Alcaide-Mor daquela vila portu-guesa e conselheiro do rei D. Duarte, tendo como mãe, D. Isabel de Menezes, filha natural de D. Pedro de Menezes, 1.º Conde de Vila Real. A sua forma-ção será muito influenciada pelos Franciscanos com quem a família tinha relações privilegiadas, em particular com frei Amador da Silva que veio a fundar o novo convento franciscano de Santo António de Campo Maior.A celebração do casamento entre a portuguesa D. Isabel, filha de D. Isabel e do infante D. João e pri-ma de D. Afonso V, com o rei D. João II de Castela e Leão, conduz D. Beatriz à corte espanhola, fazendo parte do séquito real como dama de companhia da novel rainha, que passa a acompanhar nos trân-sitos da corte castelhana. D. Beatriz ganha grande destaque na corte pela sua formosura, carácter forte e pela sua extraordinária cultura, sendo in-tensamente disputada por vários pretendentes, cujos pedidos de casamento recusa sempre. Ao tornar-se o centro das atenções, ganha o ciúme e a inveja da rainha que teria chegado a tal ponto de a encerrar num cofre durante alguns dias. É neste ambiente de disputa e intriga cortesã e num contexto micro-social que D. Beatriz, to-mando contato com experiências de subjugação e violência sobre mulheres em situação matri-monial, que decide fazer voto de virgindade e

seguir vida consagrada e de reclusão monásti-ca no Mosteiro de São Domingos das Monjas Dominicanas em Toledo. Com catorze anos de Idade passa a viver nesta comunidade monás-tica em regime de semi-reclusão, dedicando-se à oração, à solidariedade e também exercendo ações de mecenato. Rapidamente ganha fama de santidade e de modelo de vida espiritual, atraindo a atenção quer da rainha Isabel, a Católica, filha do falecido rei D. João II e da sua mulher portuguesa do mesmo nome, que a visita e apoia no seu ideário. Várias donzelas são atraídas pelo seu modelo de vida e formam pouco a pouco comunidade em torno de Beatriz, vindo a fundar uma nova experiência de vida espiritual e de caridade cha-mada à época de Beatério numa dependência dos Palácios de Galina concedida para o efeito pela Rainha de Castela. É a partir deste primeiro núcleo – em que D. Beatriz, já com fama de santa, e as suas doze discípulas ganham ali o seu espaço de liber-dade espiritual e prestígio social – que surge o empenho de formar um novo mosteiro femini-no com regra própria. É esta a pré-história da Ordem da Imaculada Conceição. A partir do 1489, sucedem-se vários pedidos apresentados junto da Santa Sé, com o patrocí-nio empenhado da poderosa Rainha D. Isabel, para que esta experiência de vida religiosa seja reconhecida e canonicamente institucionaliza-da. D. Beatriz idealiza uma nova comunidade mo-nástica, tendo por modelo a Virgem Maria, que teria concebido o Filho de Deus de maneira imaculada e livre das culpas originais do pa-raíso perdido que recaíam sobre ela enquanto mulher. Do ponto de vista litúrgico, espiritual, organizacional e jurídico planeia a constituição de um mosteiro que fará nascer uma ordem feminina com autonomia, com prerrogativas próprias e liberdade de escolhas, afrontando uma tendência de fazer depender as fundações monásticas femininas das regras e ordens mas-culinas.

Beatriz rapidamente ganha fama de santidadee de modelo de vida espiritual

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Muitas pedras vivas no mês MissionárioGente que só é vencida pela idade ou pela doença

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Logo no primeiro fim-de-semana realizou-se, em Betânia, a Festa de Santa Teresinha. Começou com o Terço às 20,30h de sábado, seguido de Missa, prolongada por uma Vigília de Adoração até às 15,45h, terminando com a Bênção do Santíssimo. Às 16h foi a Missa dominical, seguida de procissão com o andor da Santa. Veio muita gente cá dos arredores, que garantiu a presença na Adoração Eucarística, mesmo nas horas di-fíceis da madrugada. A Santa levou-nos ao seu Menino Jesus, que ela tanto desejava que todos conhecessem e amassem. Desde que abrimos a Missão de Angola que te-mos feito esta Vigília, para rezar por essa Missão, sem esquecer as outras. Só temos sido fiéis a esse compromisso, graças à generosidade de pessoas que saem da cama em plena madru-gada e vêm fazer companhia ao Senhor Jesus, intercedendo pela causa mais maravilhosa, a do Evangelho, a causa Missionária. Foram Pedras Vivas as Senhoras de Astromil que ficaram desde o fim da Missa até às 06h. E também o foram o casal de Paredes que veio entre a 01h e as 03h da madrugada, a Senhora de Gandra que veio às 04h e as de Paços de Ferreira que vieram entre as 06h e as 08h. Depois já era mais fácil, mas não deixaram de ser Pedras Vivas as pessoas que vie-ram rezar no resto do dia.

Outubro foi Missão, foi mês Missionário. Começou com a festa litúrgica de Santa Teresinha e teve o seu ponto mais alto no Dia Mundial das Missões, no penúltimo Domingo. Cruzo-me, sempre, neste mês, com tantas Pedras Vivas, que fico com a sen-sação de estar perante autênticas pedreiras.

A meio da manhã chegou um autocarro de Fânzeres. Vieram para festejar Santa Teresinha, Padroeira do seu grupo Missionário, a tempo de participarem na adoração e de visitarem e fazerem despesa na nossa feirinha e no nosso bar, a favor das Missões. Almoçaram em Betânia e participaram em todas as celebrações da tarde. Deram para as Missões mais de mil euros… Com a crise que vai, quem tal diria? É preciso muito amor às Missões. Ao início da tarde chegou um autocar-ro de Baguim. Foram quase directos à Capela, pois sabiam que o Santíssimo estava exposto e estavam ansiosos por estarem com ELE, como Santa

Teresinha. Participaram em todo o programa da tarde e também disseram do seu amor ás Missões na feirinha, no bar, no sorteio e numa Bolsa de Estudos em favor de um seminarista do nosso Seminário de Viana, Angola. E ofereceram para as Missões o que sobrou do pagamento do autocarro. Rezaram, divertiram-se e souberam manifestar o seu amor ao Evangelho de Jesus, o Senhor, a Maria Santíssima, a Rainha das Missões e a Santa Teresinha. Poderiam tê-lo feito melhor? Duvido…

A 16 e a 23 realizaram-se as Jornadas Missionárias, no Seminário Padre Dehon, com as nossas já famosas Festas da Solidariedade. Muito traba-lho, de muita gente, sempre e só pela causa do Evangelho. Delas resulta sempre uma boa ajuda para as Missões; este ano, cerca de 15 000 euros. Uma gotinha de água no mar imenso das difi-culdades das missões, mas resultado de muito amor, esforço e sacrifício. Fico sempre surpreendido pela generosidade de gente que quase não tem que comer, que vive sem nenhum luxo e às vezes com tão pou-co comodismo, em pobres casas arrendadas ou propriedade herdade dos pais, que nunca puderam melhorar. Gente com trabalho duro e,

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VAntónio Augusto

pedras vivas – 23dos conteúdos

infelizmente, até gente desempregada, que da pobreza em que vive ainda consegue tirar umas migalhas para gente ainda mais pobre. Gente reformada muita dela, com a reforma mínima, que esticam quanto podem para que neste mês sobrem uns euros ou uns míseros cênti-mos, que aos olhos de Deus valem ouro, muito mais precioso que o ouro roubado, que gente inconsciente e sem escrúpulos, vai comprando aos ladrões, um pouco por todo o lado. Gente que deu galos e patos, cebolas e batatas, feijão e milho, pimentos e pencas, nozes e castanhas. Gente que fez marmeladas e compotas e as veio vender... Gente que vai vender ao mercado e que em tempos de tanta crise para a produção nacional, ainda é capaz de tirar umas caixas para oferecer às nossas Animadoras Missionárias, elas mesmas Pedras Vivas de primeira qualidade, que lhes estendem a mão, para terem para vender em favor dos pobres que ajudamos… E vieram caixas e caixas de maçãs, peras, laranjas, tange-rinas, diospiros, castanhas, romãs…Que grande pedreira de Pedras Vivas, também naquele mer-cado! E gente que veio montar e desmontar a feira, os restaurantes, a cozinha, o bar, a churrasqueira… E gente que veio cozinhar, assar frangos, ficar no bar e na feira a vender. Trabalho em péssimas condições: calor, frio, vento, chuva e correntes de ar. Gente sem forças que carrega carrinhas e camiões. Gente que só pára à medida que é ven-cida pela idade ou pela doença, que enquanto tem um resto de força, nada a detém… De tarde, no salão de espectáculos do Seminário, a grande Festa Missionária, com mais uma enor-me quantidade de Pedras Vivas. Gente que veio para actuar: Guitarristas e Fadistas, Cantores e Poetas, Actores e Leiloeiro, Ranchos Folclóricos

e Bailarinas/os. E o sempre desejado e suspirado Tino de Rans. Enfim, gente que vem passar men-sagens de fé e de alegria, gente que vem, com despesas à sua custa, pela Causa Missionária. A sala de espectáculos foi mais uma grande pe-dreira! O momento mais importante foi sem dúvida o da Missa. Num e noutro Domingo animadas por grupos corais juvenis: No primeiro, o Grupo Coral do Coração de Jesus, de Terroso (Póvoa de Varzim) e no segundo, O Grupo Coral da Capela de Vilarinho (Gandra, Paredes). No primeiro Domingo, o Superior Provincial, antes da Missa (não pode ficar na Missa, por querer estar em Queijas, diocese de Lisboa, às 16h, pois nesse dia o Patriarca presidia lá a uma Missa, a comemo-rar os 25 anos da Paróquia. Os ofertórios foram momentos significativos destas Missas, com o cortejo de oferendas, que seriam leiloadas de tarde e que renderam mais de 600 euros. Na manhã do segundo Domingo, dia 23, fomos informados da morte do Pe José Diomário, mis-sionário em Moçambique. Pensei de imediato dedicar-lhe as “PEDRAS VIVAS” deste mês, mas entendi que a Folha dos Valentes lhe dedicará, certamente e com plena justiça outras páginas, escritas por gente que o admirava tanto como eu, que mais será difícil, mas que o conheceu muito melhor do que eu… E a Missa foi espe-cialmente por ele, sem esquecer os nossos que-ridos amigos e benfeitores falecidos. E de tarde, no salão, porque nem todos tinham estado na Missa, porque houve gente que veio só de tarde, voltamos a evocar a sua memória, levantando-nos todos e fazendo uma prece pelo seu eterno descanso. Louvado seja Deus, pela sua vida, pela sua missão e pela sua morte!

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Necessário mais fôlego!Início de um ano escolar que se afigura difícil

Cortes na Educação estão a obrigar as escolas “a recuar muitos anos”, alerta o porta-voz de dirigentes escolares.

Ainda há poucos meses, os estudantes saltavam de alegria e trocavam desejos

de «Boas Férias» uns aos outros, bem como aos seus professores. O tempo esgotou-se num “ai”!… Sem querer entrar demasiado em política, mas aproveitando as notícias da imprensa, proponho, nesta mensagem, uma reflexão sobre a necessidade de cada estudante e cada professor, se prepararem bem! Alunos e professores têm de entrar com o pé direito no novo ano escolar, sem-pre dispostos a vencer mais uma etapa, que vai ser dura, com vontade e espírito de en-tusiasmo, para uma nova etapa escolar. As entidades governativas costumam visitar vários estabelecimentos de ensino junta-mente com o ministro da Educação, no dia de abertura do ano escolar em setembro. Mesmo sob protestos, causados pelos cortes nas escolas, porque absolutamente necessá-rios, mostrou-se a realidade e gravidade da situação do país. “O desafio que as escolas enfrentam não é muito diferente daquele que a maior parte das famílias tem também de encarar, e que o país vai ter de enfrentar, para conseguir poupanças energéticas que permitam, com o aumento dos orçamentos, abarcar tantas despesas.” Se podemos con-gratular-nos com alguns acordos assinados, a verdade é que, segundo notícias veicula-das pela imprensa portuguesa, aliás com forte alarido, ficaremos com menos escolas, menos professores contratados e menos

dinheiro para gerir as necessidades das escolas. As contas sobre o arranque do novo ano letivo fazem-se sobretudo com subtrações: menos du-zentas e noventa escolas do primeiro ciclo, menos cinco mil professores contratados e menos qui-nhentos e seis milhões e meio, aproximadamente, para gerir dos quais cerca de duzentos e setenta e nove milhões serão retirados ao básico, ao secun-dário e à formação de adultos, infelizmente. Se a Federação Nacional de Educação se mostrou satis-feita com o acordo assinado com o Ministério da Educação, considerando que, apesar do problema das quotas, as preocupações dos professores fica-ram resolvidas na maioria. As escolas iniciam novo ano letivo sob a ameaça da asfixia financeira, e a maioria delas só estava em ordem para abrir em quinze de setembro. Cortes na Educação estão a obrigar as escolas “a recuar muitos anos”, alerta o porta-voz de dirigentes escolares.

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Estamos a andar para trás muitos anos. As escolas não vão deixar de funcionar, mas estes cortes estão a provocar um recuo que põe em causa a qualidade do trabalho”, alertam os dirigentes escolares, acrescentando que não se pode cortar a direito nas escolas sem ameaçar o essen-cial”. Os constrangimentos financeiros surgem agudizados pelo facto de as esco-las ainda não terem recebido “luz verde” do Ministério da Educação e Ciência para a contratação de psicólogos e técnicos especializados, o que, sobretudo nas es-colas com uma forte componente de cur-sos profissionais de Educação e Formação de jovens, complica o arranque do ano. “É, neste momento, o maior constrangi-mento”, criticam os dirigentes, ajudando a

VManuel Mendes

espaço escola – 25dos conteúdos

Esperemos um novo fôlego para o desenvol-vimento escolar em Portugal:

• Alargamento da cobertura da educação pré--escolar.

• Reforço das condições das instalações e do equipamento das escolas secundárias.

• Continuação do reordenamento da rede es-colar.

• Apoio social e financeiro às famílias mais ca-renciadas.

(Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico.)

PENSAR

O desafio que as escolas enfrentam não é muito diferente daquele que a maior parte das famílias tem também de encarar.

perceber por que razão a maioria das escolas protelou até ao limite a abertura de portas pois o calendário previa que arrancassem en-tre oito e quinze de setembro, mas a maioria só abrirá no último dia. Esperemos um novo dinamismo para o desenvolvimento escolar em Portugal: pré-escolar; condições quanto a instalações e equipamento das escolas se-cundárias; reordenamento da rede escolar e apoio social e financeiro às famílias mais carenciadas.

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26 – leiturasdos conteúdos

Alguns afirmam que descobrimos uma ética universal, baseada no cérebro

Acaba de sair mais um livro da investigadora espanhola em educação: Adela Cortina.

É um livro que me impressionou. Por isso, vou tentar sublinhar alguns pontos sobretudo para os que tra-

balham em educação e formação.

N e u r o é t i c a e N e u r o p o l í t i c a

Questões

Quais são os momentos mais propícios para ensi-nar as crianças a falar, a ler, a escrever, a calcular, a falar línguas diferentes? A partir de quando se deve orientar a aquisição das habilidades sociais?Para tudo isto, é fundamental a educação moral, a educação política e a educação para a cidadania do século XXI.É que educar moralmente uma criança não signi-fica domesticá-la, para que actue conforme deseja o educador. Educar moralmente significa ajudá-la a extrair o melhor dela para que possa dar passos, a partir da sua autonomia, para uma vida justa e feliz. O cérebro humano não está perfeitamente aca-bado com o nascimento. A partir do nascimento, o ser humano desenvolve ainda cerca de 70% do seu cérebro em interacção constante com o meio e com os demais seres humanos. O desenvolvi-mento normal do cérebro necessita de estímulos do ambiente, sensorial (imagens, sons), como mental.Contra o que se dizia antes, o cérebro cultiva-se e esse cultivo modifica-o ao longo da vida. O ser humano tem capacidade para adaptar-se a novas circunstâncias, adquirir nova informação até à etapa final da vida, até à velhice, mesmo que essa capacidade vá diminuindo.

O amor aos amigos

Desde o tempo dos caçadores, temos imprimido no nosso cérebro os códigos que prescrevem defender o grupo, os próximos, uns códigos que ficaram ligados às emoções para tornar possível a sobrevivência. As emoções fazem parte da baga-gem mais antiga do cérebro, já que a razão se foi conformando mais tarde. O conteúdo destes códigos ordena prudencial-mente cuidar a relação com os próximos e recusar os que podem representar um perigo para a pró-pria sobrevivência.Para a educação, é preciso conhecer o mais possí-vel as bases cerebrais da conduta, ou seja, psicoló-gicas, sociológicas e culturais.No entanto, outros afirmam que descobrimos uma ética universal baseada no cérebro que nos permite destruir as éticas filosóficas e religiosas e é fundamentando-nos nesses códigos que deve-mos agir moralmente. Se os códigos prescrevem amar o próximo e afas-tar o desconhecido, há que atirar para o lixo as éti-cas kantianas, utilitaristas, religiosas, a Declaração dos Direitos Humanos, os programas da educação para os valores e da educação para a cidadania.Se o novo imperativo moral desses códigos anti-gos diz: amar os amigos e recusar os inimigos, os estranhos, porque provocam desconfiança, então

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VAdérito Barbosa

leituras – 27dos conteúdos

N e u r o é t i c a e N e u r o p o l í t i c a

no decálogo da nova moral universal, fundamen-tada no cérebro, haveria que incluir o nepotismo, o amiguismo, os localismos, a endogamia, esten-dendo o amor aos que podem favorecer a própria adaptação.

Oxitocina

A oxitocina é uma hormona produzida pelo hipo-tálamo que tem características prosociais e pode aumentar a generosidade e a confiança das pesso-as. Algumas experiências mostraram que promo-ve o apoio a pessoas emocionalmente próximas, gerando coesão social com elas, mas também sectarismo.Devemos educar moralmente as sociedades do século XXI a partir desta parte ancestral do cére-bro e das peculiaridades das hormonas?Não. A possibilidade que temos em cultivar o cé-rebro deixa em nossas mãos levar a cabo essas ac-ções autoformativas, pelas quais vamos forjando o nosso carácter.Que lição aprendemos das leituras cerebrais que mostram a propensão dos indivíduos a vincular-se ao próximo e recusar o longínquo, ligada à emo-ção e com força adaptativa?Há que dizer, antes de mais, que o egoísmo é de-saconselhável, inclusive em algo tipo básico como procurar a própria sobrevivência. Isto vai contra o princípio adaptativo que não é um princípio moral, mas de prudência. O chamado autocentramento é um mau motivo para as acções humanas, porque além de pensar só na sobrevivência, convida a co-operar só com aqueles que são próximos.O chamado individualismo possessivo, a convic-ção de que cada um é dono das suas próprias faculdades e do produto das suas faculdades sem dever nada à sociedade, não tem base biológica. É que o indivíduo não é dono das suas faculdades, pensando não dever nada à sociedade. É devedor ao menos de um grupo social, o dos próximos dos quais necessita para sobreviver. O mais elementar egoísmo iria além do autocentramento.

Este vínculo biológico com os próximos pode tomar-se como elemento de comparação, co-mo referência para estender o afecto também aos afastados. Isto se consideramos o que de-veria ser.A Regra de Ouro individual prescreve não fa-zer aos outros o que não queres que te façam a ti. Toma como referência o eu. Uma nova Regra de Ouro poderia tomar como base de comparação o grupo dos próximos e formu-lar-se assim: não faças aos estranhos o que não queres que façam aos teus, porque são tão dignos e vulneráveis como aqueles que te são próximos. Para que isto se concretize, é necessário cul-tivar emoções e razão num sentido determi-nado, no sentido do respeito à dignidade de todos os seres humanos e de solidariedade para com os mais vulneráveis.

E termino com mais alguma interrogações: será que as nossas sociedades querem ir mais além dos códigos ancestrais? Será que seremos contraditórios: na vida quotidiana recorremos só a códigos familistas e endo-gámicos, educando as crianças nesse sen-tido, mas dizemos que os nossos códigos morais são universais? Será para sossegar a nossa imagem que seremos contraditó-rios?

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28 – sobre a bíbliados conteúdos

Jesus diz-nos quem éO evangelho de S. João continua a revelar-nos Jesus

Jesus apresenta-se como “porta”. Uma referência às ovelhas, em que mostra a necessidade de entrarmos para o redil que é a Igreja.

Com Pedro, “nós acreditamos e sabemos” que Jesus Cristo é “o Santo de Deus” (Jo 6, 69); conscientes do percurso de

santidade a que todos somos convidados, nada melhor do que conhecer a auto-definição de Jesus ao longo do Evangelho de S. João, o Evangelho do amigo.É possível encontrar algumas autodefinições de Jesus, ao lon-go do IV Evangelho, sobretudo nas respostas a personagens da cena que se confrontam com Jesus; num desses exemplos, no diálogo com a Samaritana, percebemos claramente que Jesus se afirma e revela a esta mulher como Messias que estava para vir ao mundo, quando à interpelação daquela mulher (Jo 4, 25: “Eu sei que o Messias, que é chamado Cristo, está para vir”), Jesus responde com um: “Sou Eu, que estou a falar contigo” (Jo 4, 26), assumindo claramente esse papel messiânico de que lhe falava a sua interlocutora. Detemo-nos, contudo, em algu-mas das afirmações taxativas de Jesus, concretamente: “Eu sou o Pão da Vida” (Jo 6, 35), “Eu sou a Porta” (Jo 10, 7.9), “Eu sou o Bom Pastor” (Jo 10, 11), “Eu sou a Ressurreição e a Vida”(Jo 11, 25), “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14, 6). A escolha destas afirmações justifica-se por aquilo que significam sobre a importância de Jesus para existência humana, nesse tal ca-minho par a santidade.Jesus apresenta-se como “porta”. Trata-se de uma realidade do nosso quotidiano; na referência às ovelhas, em que se encon-tra, mostra mesmo a necessidade de entrar para o redil que é a Igreja de que todos fazemos parte. E, assim, uma definição que se pretendia cristológica torna-se também eclesiológi-ca, ou seja, não estamos apenas diante de uma definição de Jesus, mas diante de uma definição da Igreja que, para o ser,

necessita de passar pela “porta” que é Jesus (cf. Jo 10, 9). Nesta necessidade entra o objectivo da salvação de Deus que Jesus veio trazer e não nos será, certa-mente, difícil evocar uma outra afirmação de Jesus, desta vez, não no Evangelho de João, mas em Lucas, concretamente a ne-cessidade de entrar pela porta estreita que conduz à salvação (cf. Lc 13, 24: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir”).Se a estreiteza da porta e mesmo a necessidade de esforço evoca-das em São Lucas mostram um caminho quase inacessível, a imagem de Jesus no Evangelho de João define também, ainda a jeito de comparação, o objectivo que o é para as ovelhas e que não deixa de o ser para nós: “Se alguém entrar por mim… há-de achar pastagem” (Jo 10, 9). Com certeza que não se elimina a dificuldade de encontrar a porta correcta que é Jesus Cristo; no entanto, a clareza de um objecti-vo bem positivo, concretamente o alimento e o repouso em segu-rança sob a alçada do Pastor que é Jesus fazem desvanecer toda a ideia de dificuldade, dando lu-gar à procura constante de Jesus para se encontrar a salvação

Neste mês de Novembro, é natural que nos detenhamos na meditação das rea-lidades futuras: assim nos proporcionam as liturgias de Todos os Santos e dos Fiéis Defuntos com que se inicia este mês. Ponto fundamental para uma medi-tação cristã sobre estas realidades, como para todas as realidades, é partir de Cristo, e daquilo que Ele nos ensina sobre a sua pessoa.

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sobre a bíblia – 29dos conteúdos

Jesus diz-nos quem é

VRicardo Freire

“Se alguém entrar por mim… há-de achar pastagem”.

(Jo 10, 9)

e o alimento que não perece. Os Salmos, já no Antigo Testamento, num dos mais poéticos diálogos do orante judeu com o Senhor seu Deus, mostra essa confiança no bem conhecido Salmo 23: “O Senhor é meu Pastor, nada me falta; em verdes prados me faz descansar; conduz-me às águas refrescantes” (Sl 23, 1).As necessidades vitais representadas no alimento e na água para matar a sede mostram bem como estas imagens de Jesus acima elencadas se encontram per-feitamente interligadas. Na verdade, uma leitura atenta do discurso do Bom Pastor daria conta do objectivo da sua vinda ao mundo: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10). Ora não nos será difícil perceber que a vida é ponto marcante de todas as afirmações que destacámos anteriormente: Jesus apre-senta-se como “Caminho, Verdade e Vida”, “Ressurreição e Vida” e, mesmo o Pão é “Pão da Vida”. Vida é, portanto, a grande oferta que Jesus vem fazer. Não se trata de uma oferta externa ao seu ser, mas da oferta da própria vida dele e que é Ele, concretamente na sua morte na cruz, que abre portas à ressurreição.Detenhamo-nos ainda um pouco mais na vida que Jesus nos vem oferecer. Servimo-nos do comentário que o pa-pa Bento XVI, enquanto teólogo, no seu primeiro volume, “Jesus de Nazaré”, nos propõe. A pergunta de J. Ratzinger é sobre o tipo de vida que Jesus vem oferecer e sobre a vida que nós pretendemos receber. A vida que pretende oferecer é, antes de mais, “vida em abundância”, ou seja, um corresponder ao plano de Deus que, na criação do mundo, nos ofereceu esta vida e que nos queria para fazer uma comunhão de vida com Ele. Nem sempre esta-mos de acordo com esta proposta; pensamos que a vida plena seria uma vida em que Deus não entrasse e, assim, afastamo-nos da vida que o próprio Deus, em Jesus, nos vem oferecer. O remédio para um mal deste género só pode passar por voltar a Jesus e a centrar-se nele.Isto introduz-nos numa segunda reflexão: Jesus não vem oferecer um dom que lhe seja externo, quase como uma prenda que tivesse ido comprar e que nos oferece. Dirá, de facto: “Ninguém me tira a minha vida, mas sou Eu que a ofereço livremente” (Jo 10, 18), a vincar essa ligação com a oferta da própria vida, quase como bitola por onde nos devemos reger para encontrar a verdadeira fe-licidade. Acrescenta-se, assim, uma resposta à pergunta de Bento XVI sobre que tipo de vida Jesus nos oferece. Além de ser “vida em abundância”, essa vida é Ele próprio que afirma ser a “Ressurreição e a Vida” e “o Caminho, a Verdade e a Vida”.

Sobressaem duas con-clusões. Uma definição de Jesus, a partir da-quilo que nos diz no Evangelho de João, terá necessariamente de passar pela sua relação coma vida e a oferta da salvação. Por outro lado, Jesus não se consegue definir sem aquele que considera as ovelhas do seu rebanho, mesmo sem fechar portas às ovelhas que são suas, mas doutro redil: é que a Porta e o Pastor fazem sentido, apenas quando haja ovelhas que entrem pela porta e que sejam apascenta-das pelo Pastor.

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30 – reflexodos conteúdos

Os que aceitaram caminhar para a perfeição

Rever a vidaSabias que:O mês de Novembro inicia com a come-moração da solenidade de todos os santos. O nosso pensamento volta-se para todos aqueles que, ao longo, da história se senti-ram tocados por Deus e decidiram seguir o seu projecto de vida. Todos os que não sendo perfeitos, aceitaram aderir a um com-promisso de caminhar para a perfeição, para a santidade. Não é o dia de celebrar heróis, mas recordar os que tiveram a coragem de abraçar com todo o coração a proposta de Deus. Celebramos a festa dos que estão jun-to de Deus, porque compreenderam as suas limitações e aceitaram a grandeza da miseri-córdia divina. A santidade consiste em seguir as bem-aventuranças, ser feliz nos caminhos de Deus. Ser santo é participar na felicidade de Deus. A graça de Deus provoca felicidade e alegria.Depois celebramos o dia dos fiéis defuntos. Vem na continuação do dia anterior, o dia de todos os santos. Se num dia recordamos os que se encontram junto de Deus, na feli-cidade eterna, noutro lembramos os que se preparam para ver a Deus face a face. Assim se recordam todos os que nos prece-deram na caminhada da vida. Na celebração da missa recordamos sempre uns e outros, mas nestes dias fazemo-lo de uma forma mais intensa. Se no primeiro vivemos uma experiência de alegria, não podemos pensar que no segundo temos que estar tristes. São dias de esperança porque sabemos que uns se encontram junto de Deus e os outros, sabemos e acreditamos que ressurgirão em Cristo para uma vida nova. São dias de oração e de intensa união aos nossos entes queridos. São dias para pensarmos sobre o sentido da vida. De onde vimos? Para onde vamos? Qual a nossa missão? Nestes dias

marcados por uma crise profunda, com tan-tas restrições, o aumento de gente a passar mal, é bom que pensemos no sentido da vida e que decidamos pelo essencial. Mas até nestes dias o essencial é esquecido. Basta passar pelos nossos cemitérios e ver a vaidade que paira por lá, muitas vezes em campas de gente que morreu na solidão. Tudo o que fazemos no cemitério mostrará o que sentimos pelos nossos familiares que já partiram, mas que se gastem fortunas, em velas, campas, é um exagero. Muitos destes cuidados de agora podem ser compensa-ções para o descuido enquanto essas pesso-as estavam vivas. Procura agir com simplicidade. Investe na oração. Como se diz: “Se as flores murcham,se as velas se derretem, se as lágrimas secam, a oração recolhe-a Deus”.Como dizia Bento XVI em Espanha, nas Jornadas Mundiais da Juventude: “Mas, eu volto a dizer aos jovens, com todas as forças do meu coração: Que nada e ninguém vos tire a paz; não vos envergonheis do Senhor. Ele fez questão de fazer-se igual a nós e experimentar as nossas angústias para levá-las a Deus, e assim nos salvou”. “A Jornada Mundial da Juventude – concluiu – traz-nos uma mensagem de esperança, como uma brisa de ar puro e juvenil, com aromas reno-vadores que nos enchem de confiança face ao amanhã da Igreja e do Mundo”.Olhemos para a vida com esperança. A cer-teza da intercessão junto de Deus dos que nos precederam na caminhada da vida nos anime e faça caminhar com entusiasmo e alegria.

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reflexo – 31dos conteúdos

VFeliciano Garcês

Faz silêncio e reza: Procura um local sossegado. Pensa em tudo o que te rodeia: situações de carência, dificuldades

de trabalho, emprego. O que pensaste? Encontras um caminho para toda essa gente? A vivência dos valores do evangelho poderá ajudar? Faz uma oração a Deus

A Palavra de Deus diz: Mt 5, 1-12. Jesus no inicio da sua pregação anuncia para o que vem. Jesus deixa claro que o seu projecto é diferente de qualquer outro que tenham tido conhecimento. Diante de Jesus estão vários tipos de pessoas, onde não há barreiras nem divisões. Estas bem-aventuranças são para todos os povos de todos os tempos.Jesus não promete aos seus seguidores uma vida fácil, com sucessos.

Tenho de: Aqueles que queiram viver plena-mente de acordo com o evangelho vão encontrar muitas dificuldades. Não serão compreendidos, terão que denunciar o domínio dos for-tes, dos ricos, dos privilegiados, dos patrões e dos que têm o poder. O advento do Reino de Deus ameaça os que vivem no mal. Serão perse-guidos o que querem o bem, mas a única força que vencerá será o amor e o perdão. Procura, neste mês, ver o que podes fazer em favor dos oprimidos e desfavorecidos.

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A Igreja é o povo santo de Deus e os seus membros são chamados santos,porque pertencem a Cristo pelo baptismo.

32 – sobre a fédos conteúdos

A santidade da Igreja é incontestável porque Cristo se entregou por ela

Creio na Igreja SantaAo fazermos a nossa Profissão de Fé, confessamos que a Igreja é santa. O mesmo é decla-rado pelo Concílio Vaticano II, quando afirma e crê que a Igreja é “indefectivelmente santa”. Que quer isto dizer? Significa que a santidade da Igreja é incontestável e durável. É incon-testável, porque ao “nascer de Deus” e ao ser fundada por Cristo, ela é uma realidade santa, querida e amada por Cristo, como sua Esposa, para ser sinal e instrumento de salvação. Mas, a Sagrada Escritura acrescenta algo mais: Cristo amou a Igreja entregando-Se por ela para a santificar, uniu-a a Si como seu Corpo e cumulou-a com o dom do Espírito Santo para glória de Deus. Portanto, a santidade da Igreja é incontestável, porque pertencendo a Cristo, Cristo a amou, a santificou e lhe deu o seu Espírito, que a mantém neste dinamismo de santidade, suscitando frutos de santidade, que perduram no tempo e nos dispõem para a comunhão com Deus. Por fim, a santidade da Igreja é durável porque nela o Espírito de Deus permanece e assinala cada um com a sua unção, capacitando-os para ser e agir segundo a “forma de Cristo”. É o Espírito Santo que constitui, assiste e anima o Corpo de Cristo santificando-o e edificando-o no amor. Portanto, tudo isto é bem resumido na feliz afirmação conciliar: “a santidade da Igreja manifesta-se incessantemente e deve manifes-tar-se nos frutos da graça que o Espírito Santo produz nos fiéis; exprime-se de muitas ma-neiras, em todos aqueles que, de harmonia com o seu estado de vida, tendem à perfeição da caridade, edificando os outros” (LG 39).

Mas, porque razão a Igreja é santa? A resposta à pergunta foi já respon-dida, no entanto, a questão faz sem-pre sentido, na medida em que ao confessarmos a dignidade da Igreja como “mãe dos santos, imagem da ci-dade divina”, observamos que no seu interior existem situações de pecado e que não faltam “filhos obstinados e até rebeldes” que, em certo senti-do, desfiguram a beleza da Igreja e ofuscam o brilho do seu rosto. Esta si-tuação foi sempre um facto na Igreja, quase como uma realidade permitida por Deus, para servir de exemplo e de apoio para uns e de correcção e de purificação para outros. Isto mesmo é referido pelo texto conciliar quando recorda que a Igreja contém pecado-res no seu seio e, por isso, ao mesmo tempo que é santa, precisa sempre de purificação, e sem descanso pros-segue no seu esforço de penitência e renovação. No seu interior e entre os seus membros, o joio do pecado en-contra-se ainda misturado com a boa semente do evangelho até ao fim dos

tempos. A Igreja reúne, pois, em si, pecadores abrangidos pela salvação de Cristo, mas ainda a caminho da santifica-ção (Cf. LG 8). Isto mesmo é confirmado pelo Papa Paulo VI que acrescenta algo mais, ao dizer que “a Igreja é santa, não obstante compreender no seu seio pecadores, porque ela não possui em si outra vida senão a da graça: é vivendo da sua vida que os seus membros se santificam; e é subtrain-do-se à sua vida que eles caem em pecado e nas desordens que impedem a irradiação da sua santidade. É por isso que ela sofre e faz penitência por estas faltas, tendo o poder de curar delas os seus filhos, pelo Sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo” (Solleminis Professio Fidei, 19). Em síntese, A Igreja é, pois, o povo santo de Deus e os seus membros são chamados santos, porque pertencem a Cristo pelo baptismo; ela é santa não por serem santos todos os seus membros, mas porque Deus é santo e age nela. Na terra, a Igreja está revestida duma verdadeira, ainda que imperfeita, santidade. Nos seus membros, a santidade per-feita é ainda algo a alcançar.

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sobre a fé – 33dos conteúdos

VNélio Gouveia

As biografias dos santos descrevem homens e mulheres que enfrentam provas e sofrimentos, perseguições e o martírio

Ao afirmarmos que um dos traços característicos da Igreja é a santidade e que todos os seus mem-bros são santificados pelo baptismo, estamos também a dizer que a santidade é – para cada baptizado, membro vivo da Igreja – a sua primeira vocação e a sua missão fundamental. A santidade consiste, então, num processo existencial, cujo modelo perfeito é Cristo e cujo agente principal é o Espírito Santo. Daí, a afirmação inequívoca do Concilio: “torna-se, por isso, bem claro a todos, que cada um dos fiéis, seja qual for o seu estado ou classe, é chamado à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade” (LG 40). Mas, este projecto não pode ser concretizado de uma forma isolada, mas realiza-se na “Comunhão dos Santos”, ou seja, na Igreja, com a Igreja e pela Igreja. Numa palavra, com o apoio, a oração e o testemunho de todos os santos, dos que peregrinam e dos que estão já glorificados. Assim, ao considerarmos o exemplo eloquente dos santos, sentimos despertar em nós o grande desejo de ser como eles, ou seja, felizes por vi-vermos próximos de Deus, na sua luz, na grande família dos amigos de Deus (Cf. Bento XVI, Homilia 01.11.2006).

A santidade como projecto na Comunhão dos SantosMas como é que podemos tornar-nos santos, amigos de Deus? Para ser santo não é necessário realizar acções ou obras extraordinárias, nem possuir carismas ex-cepcionais, mas é preciso, sobretudo, ouvir Jesus e depois segui-Lo sem desanimar perante as dificuldades. A experiência da Igreja demonstra que cada forma de san-tidade, embora siga diferentes percursos, passa sempre pelo caminho da cruz, pelo caminho da renúncia a si mesmo e pelo serviço generoso. As biografias dos santos descrevem homens e mulheres que, dóceis à vontade de Deus, enfrentam por vezes provações e sofrimentos indescritíveis, per-seguições e o martírio. Mas a sua esperança estava em Deus e por isso perseveraram no seu compromisso. O seu testemunho cons-titui para nós um encorajamento a seguir os mesmos passos, a experimentar a alegria daqueles que confiam em Deus, porque a única e verdadeira causa de tristeza e de in-felicidade para o homem é o facto de viver longe de Deus.

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34 – planeta jovemdo mundo

Amigos do ambiente, amigos de toda a gente

VZé Nobre

Ambiente mais silencioso e menor emissão de gases poluentes

A mobilida-de da população mundial está hoje muito dependente dos combustíveis fósseis o que se torna perigoso, pelas exageradas emissões de CO2. A loucura do dia-a-dia, com o elevado tráfego, leva a que o ambiente em que vivemos nas grandes cidades fique cada vez mais difícil de respirar. Deste modo, sabendo que Portugal pretende estar na linha da frente dos novos modelos de mobilidade, que conjuguem preocupações am-bientais com uma mobilidade eficiente, modernizada e sustentável, já podemos encontrar em algumas das nossas cidades carregadores para veículos eléctricos. A rede nacional de mobilidade eléctrica – MOBI.E, é uma rede de carregamento inteligente, que utiliza ener-gia eléctrica proveniente essencialmente de fontes renováveis, para o abastecimento de veículos eléctricos. Já aderiram, à fase piloto da rede MOBI.E, 25 Municípios, num total de 1 350 pontos públicos de carregamento de veículos eléctricos, a instalar até final de 2011. Do total de postos públicos, 1300 são de carregamento normal para 6 a 8 horas de carregamento e 50 de carregamento rápido, com 20 a 30 minutos de duração. No período nocturno, os proprietários dos veículos eléctricos podem recorrer ainda às tomadas de electricidade das suas garagens ou dos seus condomínios. Qualquer utilizador terá acesso à rede através do cartão MOBI.E, que permite o carregamento do veículo em qualquer ponto da rede de acesso público. Este é o primeiro passo para que os veículos eléctricos se tornem uma realidade em Portugal, permitindo novas experiências ao condutor com um ambiente ultra silencioso e uma menor emissão de gases poluentes. Com a utilização dos veículos eléctricos, cada um de nós estará a contribuir para uma melhor eficiência energética no país, com os veículos eléctricos a contribuírem para que o ambiente das nossas cidades possa melhorar, proporcionando a toda a comunidade um ar mais puro e agradável. A mobilidade eléctrica não é a única solução sustentável e amiga do ambiente, a reciclagem e a utilização eficiente e responsável da energia são também bons caminhos para que tenhamos um mundo melhor para o futuro que está á nossa frente.

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VAlícia Teixeira

Outono, tempo de mudança

outro ângulo – 35do mundo

Precisamos de mais Outonos

Atenção! Não estou a querer dizerque fico contente com o buraco

do ozono e das alterações climatéricas que presenciamos! O Outono é a minha estação preferida, não pelo climade romantismo que se cria(que também é bonito de se ver), mas porque é época de mudança.Trata-se de um processo, por vezes lento, em que crescemos e aprendemos muito, pois saímos da nossa zona de conforto. A mudança por muito má que pareça, é sinal de Deus, pois nas adversidades compreendemos que a Fé torna-nos mais fortes, somos livres de fazer as nossas escolhas, mas temos a certeza de que Ele estará connosco independentemente das consequências.Contudo, há tendência em não gostar do outono e preferir o Verão, ou seja, encarar a mudança de forma defensiva, derrotista, tristonha e considerar que a melhor situação é quando tudo é bonito, brilhante e calmo: “Ai! quem me dera voltar ao meu tempo de estudante!”, “Ai! se eu fosse agora solteira!”. “Ai! com esta crise, onde é que isto

vai parar?” “Ai se falo com o meu namorado/amigo sobre aquele assuntoe ele fica chateado?”A mudança é um bem necessário(não me enganei, quis mesmo dizerum bem necessário) e somos privilegiados por estarmos a assistir a grandes mudanças, sociais, económicas, tecnológicas… É sinal de que somos uma geração que não poderá ser comodista nem estagnada. A instabilidade prepara-nos para estarmos receptivos e adaptarmo-nos a praticamente todos os contextos! Não encaremos tudo como certo ou errado,preto ou branco, e, (na minha humilde opinião), acabaremos por ser menos preconceituosos em relação a quem tem estilos de vida e crenças diferentes… Compreendo que esta perspectiva não seja perceptível no meio de tanto “pó” pessimista que paira nos adultos e na comunicação social. Deixemos lá as folhas cair e esperemos paciente e atentamente pelas Primaveras que hão-de vir, e assim, fazer as nossas escolhas de forma segura!Quando será o teu próximo Outono?

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36 – novos mundosdo mundo

VAndré Teixeira

Homenagem a Steve Jobs

iPhone espião

Não podia começar este artigo relacionado com o que de no-vo vai aparecendo neste nosso Mundo, sem referir o grande trabalho de Steve Jobs (fundador da empresa Apple). E numa espécie de homenagem a este grande homem, escrevo nesta edição sobre um dos dispositivos criados por ele… O iPhone!És daqueles que costuma colocar o iPhone junto ao computa-dor, na escola, no trabalho ou em casa? Então, muita atenção!Foi no Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos, que alguns amigos criaram o “spiPhone”. Os pesquisadores

descobriram que o acelerómetro do respetivo dispositivo pode ser usado para detetar e registar as vibrações do uso de um teclado que esteja sobre o mesmo móvel, com uma precisão suficiente para reconstruir frases inteiras, até 80% de precisão.É claro que para isto é necessário que haja uma “mão humana”, que irá tornar o teu dispositivo num espião. E após pequenos testes, a maior precisão na espionagem foi conse-guida com um iPhone 4, “que tem um giroscópio para eliminar o ruído do acelerómetro, e os resultados foram muito melhores. Acreditamos que a maioria dos smartphones fa-bricados nos últimos dois anos são sofisticados o suficiente para permi-

tirem esse ataque,” referiu um dos pesquisadores.Ouvir o que está a ser teclado e interpretar esses sons é algo que pode ser feito facilmente com o microfone, mas por já haver conhecimento disso, os microfones já vêm protegidos contra esta técnica, o que não acontece com os aceleróme-tros.Em termos práticos, o acelerómetro grava 100 registos por se-gundo, contra os 44.000 do microfone, fazendo então com que não seja possível gravar frases. Mas, não impede o “spiPhone” de funcionar, pois grava pares de teclas, usando depois um dicionário de 58.000 palavras para reconstruir as ditas frases, com precisão de 80%.Mas, há solução… Segundo os cientistas basta “coloca-lo no bolso, ou deixá-lo a pelo menos 15cm do teclado”.“Não deixes que a opinião dos outros apague a tua voz inte-rior” – Steve Jobs

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A definição de um estilo musical deve muito da letra apresentada nos temas cantados.

As letras, em conjunto com as harmonias e melo-dias, proporcionam ao ouvinte o enquadramento no ambiente em que esta foi criada e o objectivo a que se destina. Analisar a qualidade da letra de determinadas mú-sicas pode ser tarefa difícil e um tanto ou quanto inconclusiva. Uma análise profunda implica um estudo da métrica das terminações, acentuações silábicas e o enquadramento na melodia. Existem letras magníficas que são totalmente de-senquadradas do motivo harmónico e melódico. Também podemos observar o oposto: letras exce-lentes, mas que o resultado musical fica aquém do que a letra promete. No entanto, encaixa-se aqui também o factor gosto. Nem sempre a letra da música é feita pelo autor da música, o que pode gerar sempre uma interpretação diferente de am-bas.Geralmente o autor da letra pode sugerir o motivo musical que gostaria de ver aplicado, mas o com-positor musical é que tem a última palavra. Um dos exemplos mais conhecidos da junção compositor/letrista é o de Rui Veloso e Carlos Tê. Não se sabe qual a concordância existente no produto final, mas podemos ter a certeza de que resulta, pelo menos comercialmente. Pode ser um tanto constrangedor para um ouvinte mais emotivo saber que o que o cantor canta não sai dele, porque foi outro que escreveu, e ele ape-nas está a representar. Digo isto porque há sempre aquela ilusão de que o cantor interpreta cenas da sua vida, momentos marcantes próprios para pôr em letras. Quando assim o é, óptimo, no entanto, há que dar mérito aos talentosos letristas que conseguem fazer-nos devanear com a qualidade das letras, ainda por cima quando a composição musical encaixa auditivamente na perfeição.Nas excepções à regra e contestando a falta de qualidade de algumas letras, existem as que têm como objectivo apenas entrar no ouvido, por mais ridículas que sejam. Geralmente são simples e directas com prolongamentos silábicos, que vão sempre cair no gosto de muita gente, e até em mais do que devia, muito por culpa da insistência comercial.

nuances musicais – 37do mundo

Existem letras que têm por objectivo apenas entrar no ouvido

A Letra

VFlorentino Franco

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da juventude

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Na senda de Dehon, embarcar na missãoIX Encontro Nacional dos Secretariados JD no Centro Dehoniano

Os Secretariados da Juventude Dehoniana estiveram reunidos no remodelado Centro Dehoniano do Porto, de 28 a 30 de Outubro de 2011.Este encontro teve como principais objectivos: preparar o XV Encontro Nacional da Juventude Dehoniana, bem como a forma-ção sobre “a missão” e a troca de experiências e inquietudes entre os Centros. Durante esta partilha foram referidos alguns problemas com que os Centros se debatem na sua vivência diária, nome-adamente a necessidade de reestruturação dos elementos dos Secretariados e de formação.Contou-se com a agradável presença e o contributo do Superior Provincial, Pe. Zeferino Policarpo que nos motivou enquanto agen-tes da Pastoral Juvenil, a enfrentarmos sem medo os desafios que a sociedade nos coloca nos dias de hoje onde a Igreja deixou de ser a maioria. Tendo por base o tema anual, “Na senda de Dehon, embarcar na missão”, conhecemos a realidade “Missões” desde o tempo do Padre Dehon até ao presente, as principais dificuldades, os fracassos e as “conquistas” ao longo dos anos.Numa lógica mais formativa, foi analisada a Carta Pastoral que re-sultou do Congresso Missionário Nacional de 2008, elaborada pela Conferência Episcopal Portuguesa e intitulada, “Como Eu vos fiz, fazei vós também, para um rosto missionário da Igreja em Portugal”. Pensando na missão a partir da Igreja local sentimo-nos interpela-dos a sermos agentes da evangelização. “...as crianças e os jovens podem tornar-se os mais eficazes evangelizadores das crianças e dos jovens, mas também dos adultos e dos idosos, dado o seu inte-resse pelos outros e por tudo o que é novo” (nº. 26).

mensagem final

A reunião anual dos Secretariados da Juventude Dehoniana, habitu-almente feita no fim de semana do Carnaval, este ano foi realizada mais cedo. Foi no Centro Dehoniano de 28 a 30 de Outubro. Cerca de quinze representantes do vários Centros tiveram um tempo de partilha, de formação, de avaliação e de programação.

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da juventude

jd-nacional – 39

VSecretariados JD

Referimos a proposta de itinerário para o próximo quinquénio 2013-2018, que está a ser elaborado pelo P.e Adérito e sugerimos que esta tenha em conta os temas lançados pela Igreja para os pró-ximos anos, nomeadamente ao “Ano da Fé” (2012-2013) e o tema das Jornadas Mundiais de 2013.Inspirados por esta constante necessidade de evangelizar inovando, procurámos estruturar o XV Encontro Nacional da JD tentando manter o nível de excelência que caracterizou o último Encontro Nacional realizado em Alfragide.Imbuídos no “espírito de missão”, caracterizado por “uma especial e ardente devoção ao Sagrado Coração de Jesus…” e, tendo como referência a experiência do Padre Dehon e o seu estilo de vi-da, saímos deste encontro para os nossos Centros com renovada alegria e vontade de “evangelizar os evangelizadores dos jovens, que são eles mes-mos”.Contagiados pelo espírito evangelizador que vive em cada um de nós, fazemos votos que todos os Centros (Açores, Algarve, Coimbra, Madeira, Lisboa e Porto) se sintam parte integrante desta aliciante missão que é anunciar Cristo vivo entre nós.

Os participantes:

Porto, 30 de Outubro de 2011.

mensagem final

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Artigo da MissãoPress sobre a Carta Pastoral da CEP sobre a Igreja Missionária em Porugal

40 – MissãoPressda juventude

Podemos, sem receio de erro, definir a Igreja como Comunhão. Quando afirmamos isto, queremos cer-tificar a Igreja como a comunidade daqueles que, partilhando a mesma fé em Jesus Cristo, se amam como verdadeiros irmãos. A Igreja alimenta-se desta comunhão e não outra coisa senão ela é a vida da sua vida.Esta Comunhão entre os membros que formam a Igreja só é possível, só é verdadeira e só persiste no tempo se nascer e crescer da comunhão com o pró-prio Cristo. A Igreja não vem de si, mas de Cristo; não é para si, mas para Cristo e para o mundo para onde Ele veio, como Missionário do Pai, e por quem Ele se entregou em amor jamais igualado.É exactamente aqui, e por causa disto, que aparece a Missão como característica idiossincrática da Igreja. Primeiro, envio para dentro, isto é, todos os cristãos são-no a partir de outro e para outro, como acon-tece na vida íntima da Santíssima Trindade, onde o Espírito procede do Pai e do Filho e onde o Filho é do Pai e do Mundo, para onde o Pai O envia.Depois, envio para fora, ou seja, a Igreja é fundada por Cristo e, por isso, não existe por si; é animada pelo Espírito e, em razão disto, não existe para si. Tem vida que lhe veio de fora de si para dar vida ao que está fora dela, ao que ainda não é dela, ao mundo que Deus quer salvo. É isto que constitui a dimensão missionária da Igreja e é o esquecimento disto que a torna infiel ao projecto d’Aquele que a fundou.Mas quando estamos a falar de Igreja não afirmamos um “ente de razão”, mas, antes, uma COMUNIDADE DE PESSOAS que nunca existe fora dos limites de es-paço e de tempo. Assim sendo, falar de Igreja como dinâmica de relações humanas numa orientação ver-tical, significa falar de Comunidades Humanas que habitam espaços e tempos próprios. É exactamente a isso que chamamos IGREJA LOCAL. Neste sentido, podemos dizer que toda a Igreja é lo-cal e a única que verdadeiramente existe. Por outras palavras: toda a Igreja e a Igreja toda existe como comunidade local, que se traduz nas comunidades básicas chamadas Paróquias que, por sua vez, for-mam, sob a presidência do Bispo, a Diocese ou Igreja Particular sem prejuízo da Igreja Universal, que outra coisa não é que a grande família destas pequenas famílias, a que preside o Bispo de Roma.Sendo as Dioceses Igrejas Particulares que revelam a Igreja Universal, não podem descorar a consciência e a prática Missionária, sob pena de serem infiéis ao mandato de Jesus. Diz o Decreto sobre a Actividade

Missionária da Igreja: “a Igreja Particular, pela obri-gação que tem de representar o mais perfeitamente possível a Igreja Universal, deve ter consciência que também é enviada…”Na verdade, as Dioceses têm de ser a face visível da fecundidade Missionária da Igreja.Serve este intróito para percebermos o título deste artigo. Na verdade, a Igreja Local é, pelo exposto, o sujeito primeiro da Missão, incumbência a que não se pode subtrair nem mesmo relegar.O recente documento dos Bispos Portugueses so-bre a evangelização aborda, de forma aturada, esta problemática, tendo o texto tanto de beleza literária como de clarividência sobre este aspecto, pelo que se aconselha, vivamente, a sua integral leitura.Como pode esta Igreja Local ser realmente Missionária?Sem esquecer a importância, oportunidade e con-veniência dos aspectos mais teóricos, limitar-me--ei a apresentar algumas linhas operativas muito práticas para uma pastoral missionária nas nossas Dioceses:1 – Despertar e alimentar a consciência de MissãoConvém que nas nossas Dioceses se invente, recu-pere e apure a consciência de que somos enviados por Deus à sociedade actual para a evangelizarmos. E é preciso fazer isto com a alegria de um dever e o júbilo de um dom.As Dioceses deveriam fazer um esforço urgente para desenvolver o dinamismo apostólico desper-tando esta consciência de Missão nas pessoas, nas paróquias, nos grupos, nas estruturas. Para isto é preciso:• Despertar e fortalecer a vocação missionária ou

Igreja local, sujeito primeiro da Missão

P.e Almiro Mendes, pároco de Ramalde no Porto, um grande entusiasta da Igreja missionária, nas Jornadas Missionárias.

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da juventude

MissaoPress – 41

VAlmiro Mendes

apostólica dos Leigos em todos os processos cate-quéticos, formativos e celebrativos.• Impulsionar o anúncio e a irradiação pessoal da fé.• Promover o valor do testemunho da vida pessoal, grupal e comunitário.• Elaborar e desenvolver, pouco a pouco, um pro-jecto Missionário que ajude a superar planificações de carácter puramente sacramentalista ou catequé-tico e nos faça caminhar em direcção a um plano e desígnio Missionário.2 - Desenvolver uma Pastoral mais diversificadaNormalmente oferece-se a todos o mesmo e de maneira indistinta. Uma diocese para ser missionária tem de:• Oferecer possibilidades catequéticas distintas.• Adaptar as celebrações ao nível da fé dos partici-pantes.• Sair ao encontro dos que estão adormecidos para a fé ou a perderam.• Não deixar de fora algum extracto da população nem nenhuma faixa etária.• Fazer séria opção pelos mais desfavorecidos ou desafortunados.• Continuar a ocupar-se da ética, mas preocupar-se também com a estética.• Não ter medo do mundo, não desconfiar da ci-ência, procurar, encontrar e amar as pessoas deste tempo como elas são e não como gostaríamos que elas fossem.3 - Desenvolver uma Catequese MissionáriaImpõe-se inventar formas novas de catequese mis-sionária que leve a todos a sair de dentro para fora, ao jeito de aspiral.Existe, actualmente, na maior parte das Dioceses, uma excelente pastoral sacramental e multiplicam--se, nesse campo, as possibilidades. O que falta é uma sólida catequese missionária que leve a uma arejada e apaixonada consciência missionária e a uma profícua e efectiva prática.Concretamente dever-se-iam realizar:• Acções de primeiro anúncio.• Desenvolver uma pastoral pré-catecumenal de carácter evangelizador.• Promover catecumenatos para pessoas afastadas.• Possibilitar, nas Paróquias, uma catequese de adultos de cariz missionário (não para aprender e depois esquecer ou celebrar etapas festivas da vi-da, mas saber para depois comunicar como quem oferece um dom).4 - Celebrar a Eucaristia com intenção MissionáriaA Eucaristia apresenta-se como fonte e simultanea-mente vértice de toda a evangelização e constitui o

meio por excelência para relançar, de modo audaz, a Missão ad Gentes. É na Eucaristia que havemos de encontrar o impulso dinamizador da acção evan-gelizadora da Igreja. No “Ide…”, com que sempre se conclui a Eucaristia, temos de perceber a actuali-zação permanente do mandato de Cristo: “Ide pelo mundo e anunciai o Evangelho…”.Para isto é preciso:• Promover a participação plena, activa e conscien-te dos fiéis.• Preparar bem as celebrações.• Ser mestre na arte de bem acolher quem chega pela primeira ou milésima vez.• Promover a qualidade.• Tirar partido da estética.• Valorizar a força expressiva dos sinais e gestos.• Cuidar da linguagem.• Ter em conta a sensibilidade, as preocupações e as inquietações das pessoas deste tempo.5 - Ousar ir mais longe…Elenco, aqui, de forma aleatória e sem uma ordem valorativa, alguns aspectos que poderão contribuir também para que a Igreja Local seja mais missio-nária:• Criação de Institutos Missionários de cariz Diocesano.• Maior mobilidade do clero e, quanto possível, dispensar temporariamente sacerdotes diocesanos para a Missão ad Gentes.• Consciencialização e formação missionária nos seminários diocesanos.• Convidar missionários para os Conselhos Presbiterais e para os Conselhos de Pastoral• Em parceria com os Institutos Missionários organi-zar e subsidiar Voluntariado Laical ad Gentes.• Intercâmbios e geminações, sobretudo com África.• Potenciar o Dia Mundial da Missões e criar o Dia Diocesano das Missões.• Desenvolver uma Pastoral dos Enfermos com sen-tido Missionário, pois muito teria a ganhar a causa missionária com as orações e a dor de tantos.• Criar nos Fiéis Leigos a consciência de que ser Missionário poderá implicar percorrer milhares de quilómetros ou, simplesmente, percorrer meia dúzia de metros, atravessar a rua e ir ao encontro do outro levando-lhe a Boa Nova ao jeito de Jesus Cristo.

Que o Espírito Santo nos presenteie com a lucidez necessária e as forças que são precisas para fazer-mos das nossas Igrejas Locais sujeitos primeiros da Missão e verdadeiras instâncias do amor de Cristo, o Missionário do Pai.

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Pastoral Juvenil e Vocacional Dehoniana da Europa Formação, avaliação e programação na Calábria

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VPaulo Vieira

Os Delegados da Pastoral Juvenil e Vocacional Dehoniana de toda a Europa estiveram reu-

nidos em Briatico, no Sul da Itália, de 5 a 10 de Outubro. A delegação portuguesa foi composta pelos padres Humberto Martins, Paulo Vieira e Ricardo Teixeira.Foi o encontro anual habitual, já há anos, em que se procedeu a formação, avaliação e programa-ção de actividades conjuntas. Avaliámos como muito positiva a nossa participação, na Espanha, no Encontro Europeu JD e nas JMJ, bem como o excepcional trabalho dos nossos confrades espa-nhóis e dos seus jovens.A formação foi sobre a Pastoral Universitária (PU) e teve como prelector o P.e Armando Matteo, que foi assistente nacional da FUCI (Federazione Universitaria Catolica Italiana). Fomos elucidados sobre a situação da PU na Itália que não diferes muito dos restantes países, incluindo o nosso. Apresentando a “condição” juvenil actual e a sua “estranheza” face à fé e à Igreja, fundamentou a necessidade de investir na PU, no contexto de toda a pastoral da Igreja e concretamente da Pastoral Juvenil e Vocacional. Como provocação para a PU, o P.e Matteo propôs a redescoberta da “espiritu-alidade do estudo”, entre outras muitas achegas

para uma atenção permanente a este mundo em constante mudança e normalmente marcado por desconfortos estruturais que não facilitam a mis-são evangelizadora da Igreja.Os momentos de partilha, de oração e de convívio foram muito ricos e enriquecedores. Visitámos Tropea, a sua catedral e a casa do P.e Francesco Mottola, fundador dos Sacerdotes Oblatos do Sagrado Coração. Estivemos na Universidade de Cosenza e respectiva paróquia universitária, bem como na comunidade que a serve e, aí, tomámos conhecimento das linhas mestras da acção pas-toral no meio universitário. Tivemos a simpática e animada visita dos jovens de Lamezia que estive-ram no Encontro Europeu JD e na JMJ de Madrid.

O Encontro Europeu JD de 2014 será em Portugal

Fomos à Serra de São Bruno e à sua Cartuxa. Estivemos no santuário de São Francisco de Paola e pudemos participar na missa com o papa Bento XVI em Lamezia Terme. Como perspectiva de futuro, o grupo de delega-dos apontou Portugal como “palco” para a realiza-ção do próximo Encontro Europeu JD, de 3 a 10 de Agosto de 2014.

Os delegados na Universidade de Cosenza, uma autêntica “ci-dade”, onde os dehonianos servem a paróquia univesitária.

A missa com o Papa, em Lamezia Terme.

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Jovens de Racarei – 43da juventude

V+G.J.Recarei

Jovens de RecareiAo ritmo dos desafios e oportunidades oferecidos pela diocese, pela vigararia e pela paróquia

Falo-vos como membro que sou do Grupo de Jovens da paróquia de Recarei. Não somos aquele que se poderia di-

zer um grupo de jovens pioneiro na nossa terra. Outros antes de nós já o haviam tentado, mas acabaram por esmorecer e os grupos foram terminando.Aproximadamente há três anos, o nosso pároco, o padre Pedro, lançou-nos o desafio de, uma vez mais, erguer este grupo. Um pouco apreensivos, de início, sobre o futuro e os frutos que daria, hesitámos, mas por fim aceitámos o desafio. Passado este tempo, que parece que ainda não é muito, é com gosto que vemos o número de elementos aumentar.Não temos ligação propriamente dita com uma congregação ou linha vocacional específica, como alguns grupos já pos-suem. Mas, acima de tudo, somos um grupo de amigos que, juntos, tentamos percorrer um caminho, todo ele trilhado sobre as pegadas de Cristo.Desenvolvemos as nossas actividades de acordo com os desafios e oportunidades que a vigararia e a diocese nos propõem. Mas o nosso meio de evangelização tem sido, sem dúvida alguma, a nossa paróquia.Para trás deixámos já algumas actividades junto dos nossos idosos, vigílias de oração, recolha de vestuário para os mais necessitados, bem como duas gratificantes experiências no chamado Compasso Jovem.Iniciando este novo ano pastoral, temos já algumas activida-des planeadas, tais como:Animação de al-gumas eucaristias e momentos de oração, de onde re-alçamos o Momento de Oração Rogai de Outubro próximo e o Momento de Oração de Taizé, a nível vicarial.Já relativamente próximo, temos tam-bém o dia de Todos os Santos, o dia 1 de Novembro, onde além de, saudosa-mente, recordarmos aqueles que já nos deixaram, queremos recordar também aqueles por quem ainda podemos fazer

alguma coisa. Nesse sentido iremos an-gariar fundos para a Liga Portuguesa de Luta contra o Cancro, andando nas imediações da nossa igreja e cemitério com as habituais latas, destinadas a esse fim.Temos também, ainda que somente alinhavadas, algumas ideias referentes a acções junto da catequese e dos mais velhos, áreas onde frequentemente já marcamos presença.Outras actividades certamente acaba-rão por nos surgir ao longo do ano, e a essas também deitaremos mãos à obra.Quero agora dizer-vos, em nome do meu grupo, que é com particular gos-to que nos encontrámos, pela primeira vez, na vossa companhia. Gostámos muito de vos ter conhecido nas Valentíadas!Que este espírito jovem, de união e partilha permaneça e nos junte a to-dos em muitas outras oportunidades.

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44 – jd-Portoda juventude

Arranque da JD-Porto com muita gente e muita animação

VALENTÍADAS 2011: Embarcámos na Missão!

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jd-Porto – 45da juventude

VRosário Lapa

VALENTÍADAS 2011: Embarcámos na Missão!

Com o tema anual: “Na senda de Dehon, em-barcar na Missão”, foi no passado dia 25 de

Setembro de 2011 que a JD-Porto “embarcou” uma vez mais, rumo ao Centro de Espiritualidade de Betânia, Duas Igrejas, Paredes, para vivermos a 1.ª grande actividade do ano: as VALENTÍADAS.E seguindo as palavras do Padre Leão Dehon: “Nada custa ao coração que ama”, lá fomos chegando por volta das 10H00 da manhã. Estavam cerca de 70 jovens, vindos de Amarante, de Paredes, da Póvoa de Varzim, de Gaia, de Aveiro, de Lisboa, do Porto, da Madeira…Iniciámos o dia com os testemunhos dos jovens, que marcaram presença nas Férias Missionários de Verão 2011, em Terroso, no Encontro Europeu da Juventude Dehoniana, em Salamanca e também das Jornadas Mundiais da Juventude, em Madrid. A seguir, foi-nos apresentado o programa das acti-vidades para o ano 2011/2012 e no final da manhã, participamos na Eucaristia Dominical, presidida pelo P.e Paulo Vieira.Após o almoço partilhado, seguiram-se os tradicio-nais jogos, onde o mais importante não foi vencer, mas sim conviver, viver em comum, beneficiar da amizade e partilhar a vida.No final do dia, vivemos um momento muito pe-culiar. Fomos “enviados” para nossas casas, com um barquinho de papel, nunca esquecendo o “Sentido de Missão”, que exige de NÓS sempre que possível, envolvimento pleno. E assim passámos um dia feliz, humano, cristão e dehoniano.

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Page 46: A folha dos Valentes- Novembro 2011

» JD — PortoNovembro06 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. 17 − AdOração no Centro Dehoniano – 21h-22h.26-27 − CFA “Embarcar na Missão” em Terroso, Póvoa de Varzim.27 − Magusto JD-AFV em Terroso, Póvoa de Varzim.

Dezembro04 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso.11 − Retiro de Advento – Centro Dehoniano15 − AdOração no Centro Dehoniano – 21h-22h.16 − Presépio e Ceia de Natal no Centro Dehoniano.

Jesus, eu rezo...... e Tu

fazes o resto... Ok?

14 de Junho – Retiro dos Leigos – Alfragide18 de Junho – Vigília do Coração de Jesus19 de Junho – Festa do Coração de Jesus

(Padre Dehon)

46 – agendada juventude

VPaulo Vieira

DEHUMOR “Rezemos e ajamos.Deus fará o resto.” (Padre Dehon)

Juventude Dehoniana2011-2012

Este ano:

XV Encontro Nacional JD

20-22 de Abril de 2012

com caminhada

e festival

de encenações

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passatempos – 47tempo livre

tem piada curiosidades

VPaulo Cruz

Soluções de Set./OutubroQuem não tem cão, caça com gato.

ratos cultosUm rato roeu a fita inteira do filme “E o Vento Levou”. Um rato amigo vira-se para ele e pergunta:– E então, o que é que achaste do filme?– Não sei não... Acho que gostei mais do livro!

bocejo:termostato natural

quebra-cabeças

O provérbio escondido começa por M e lê-se de seguida de cima para baixo, de baixo para cima, da direita para a esquerda ou da esquerda para a direita.

provérbio escondido

O nosso cérebro é como um computador: os dois funcionam melhor quando estão frios. Quando colocados sob uma tensão muito grande, eles so-breaquecem e reduzem a capacidade de processar informações.Quando a nossa cabeça começa a aquecer, o bocejo funciona como um “termostato” natural, que permi-

te que o ar fresco entre e ajuste a temperatura do cérebro para níveis mais equilibrados.Num estudo com 160 voluntários do Arizona (EUA) descobriu-se que as pessoas bocejam qua-se o dobro no Inverno, quando a temperatura corporal é maior do que a do ambiente. Haveria menos benefícios em

bocejar no Verão, porque o ar respirado seria mais quente do que a temperatura do corpo da pessoa.A temperatura do cérebro é influenciada pela quan-tidade de trabalho que o cérebro tem que processar, a temperatura do sangue corresponde à taxa que flui para o cérebro.Um cérebro sobreaquecido pode causar sensações de sonolência, justificando o bocejarmos quando estamos com sono. Quando nos preparamos para dormir, depois de um dia cansativo, o cérebro estará provavelmente com a temperatura no ponto mais alto do dia.

caça à multaEstava a conduzir na cidade onde vivo quando vi o flash de uma câmara de controlo de tráfego. Apercebi-me de que tinha sido fotografado, o que não fazia sentido, pois afinal de contas ia devagar. Só para ter a certeza, dei a volta e voltei a passar no mesmo local, ainda mais devagar. E, novamente fui fotografado. Achando piada ao facto, voltei a passar, ainda mais devagar, por mais três vezes. Duas sema-nas depois, recebi cinco multas por conduzir sem cinto de segurança.

pára-quedista medrosoUm recruta completou o curso de pára-quedista do Exército e foi-lhe concedida uma licença. Aguardava o seu voo no aeroporto local quando foi abordado por um adolescente que lhe disse estar prestes a iniciar a recruta. Ao reparar nos distintivos de pára--quedista no uniforme do soldado, perguntou:– Já saltaste alguma vez de um avião?– Não. Mas já fui empurrado seis vezes.

gato assassinoChamada para o 112 – pedido de socorro:– POR FAVOR, MANDEM ALGUÉM URGENTE, ENTROU UM GATO AQUI EM CASA!!!!– Mas um gato em casa??? Qual é o problema?– UM GATO!!! ELE INVADIU A MINHA CASA E ESTÁ A CAMINHAR NA MINHA DIRECÇÃO!!!– Mas como assim? Você quer dizer um ladrão?– NÃO! ESTOU A FALAR DE UM GATO DESSES QUE FAZEM MIAU, IRRA!!!!– Mas qual é o problema?– ELE VAI-ME MATAR, XIÇA!!! E VOCÊS SERÃO OS CULPADOS!!!– Quem está a falar!!!????– O PAPAGAIO!!!!!!

Este ano:

XV Encontro Nacional JD

20-22 de Abril de 2012

com caminhada

e festival

de encenações

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O Site da Pastoral Juvenil e Vocacionaldos Dehonianos em Portugal

http://www.dehonianos.org/juventude/

A Folha dos Valentes no FaceboockProcura:

Valentes Dehonianos

A Folha dos Valentes na Internethttp://www.dehonianos.org/valentes/index.html

O Site dos Dehonianos em Portugalhttp://www.dehonianos.org/

É claro que estamos na Internet!Alguns leitores perguntam... Já falámos disso na revista e qualquer “motor de busca” pode levar-vos até os nossos

sites e páginas. Para os mais “distraídos”, cá ficam os dados:

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