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44 DINHEIROA GAZETA DOMINGO, 12 DE MAIO DE 2013
A FORÇA ESTÁ COM ELES
Jovens da classe xodó do mercado ganham voz e vez: contribuem comaté 70% da renda familiar e se preparam para dar nova cara ao país
GERAÇÃO CFILHOS DA CLASSEMÉDIA TÊM O PODER
MIKAELLA [email protected]
Um cidadão conectado,revolucionário e contes-tador. Esse é o retrato dajuventude da nova classemédia brasileira. E elatem ganhado cada vezmais voz para definir osinteresses da família. Aténa questão financeira es-sepúblico temdominado.Além de contribuir para oorçamento doméstico,pessoas com até 30 anosinfluenciam os investi-mentos do seu lar.
Por causa do avançoeducacional, os jovenssão, hoje, na verdade, for-madores de opinião. E atendência é de que eles,nos próximos anos, com oacesso à informação, con-sigam ainda mais expan-dir seu horizonte ao pontode crescer financeiramen-
te e de ter renda seme-lhante a classe A.
Os filhos da classe mé-dia, como são chamadosesses jovens, têm uma re-lação bem diferente deseus pais com a tecnolo-gia. Eles não vivem maissem internet e têm opi-niões menos conservado-ras sobre a mulher e a ho-mossexualidade do queseus pais, revela o estudo“GeraçãoC”, queacabadeser concluído pelo Institu-to Data Popular.
Apesquisaanalisaoper-fil de um público formadopor 23 milhões de pessoas,que têm de 18 a 30 anos, erendamensalpercapitadeaté R$ 1.019.
E até 2022, quando es-tiver no auge da carreiraprodutiva, segundo apesquisa, esse jovem setornará muito diferente
dos seus pais e dará umanova cara ao país.
Naatualidade,eledási-nais de que já pensa dife-renteequeestámaisaber-to a avançar nos seus estu-dos. O plano não é apenasfazer uma faculdade.
O principal objetivo ése destacar no mercadode trabalho e para issoestá disposto a ampliarseus conhecimentoscom viagens, cursos deidiomas, intercâmbios epós-graduações.
Segundo um dos sóciosdo Data Popular, WagnerSarnelli, o jovem da classemédia tem estudado mui-to mais que seus pais. En-quanto,ageraçãopassadaconcluíaoensinomédio,anova geração tem se capa-citado para garantir umarenda maior e o direito aolazer e ao consumo.
“Esse jovem quer con-sumir produtos que nãofaziam no passado partedo seu repertório. O so-nho dele é ser consumi-dor, não de bens e servi-ços,masdeinformação.Ointeressante é que com is-so, esse jovem vai crescereconomicamente, poden-do atingir a renda da clas-se A, mas com personali-dade da C”, diz.
Outra questão impor-tante que o pesquisadoraponta é sobre a capaci-dade decidida do jovemC. “Ele tem muito maisiniciativa que os pais ecom isso consegue in-fluenciar a todos osmembros da sua família.Ele é quem passa a orien-tar pai e mãe e de mesmoadministrar, com ideias,o negócio da família”,acrescenta.
No âmbito financeiro, ojovem, por contribuir maiscom as despesas da família,passa a ter direito de definiralgumasquestões.Nasfamí-lias de classe C, eles chegamacontribuircom70%deseusalário para cobrir algumasdespesasdacasaegarantiroconfortoquesempresonhoupara sua família.
CONEXÃOO acesso à internet é o
grande responsável peloavanços social e educacio-nal da geração C.
Para ajudar no cresci-mentodeumaempresafa-miliar, por exemplo, o jo-vem separa um tempo pa-ra buscar informações so-bre empreendedorismo,administração de empre-sas e pesquisa de preços eacaba direcionando os in-vestimentosqueonegócio
deve realizar.Amarca,porcausadele,
ganha um novo peso. Issotudo porque tem absorvi-do mais conhecimento apartir da leitura de livros einformações na internet.
O estudo do Data Popu-lar mostra que 78% da no-va geração se consideraminformados quanto às no-tíciasatuais.Um índice se-melhante de público(75%) que considera tec-nologia importante e quegosta de utilizá-la.
Masquandooassuntoéacesso à internet esse pú-blico se diz totalmente co-nectado. Cerca de 90% jo-vens com menos de 30anos conectam à internetmais de uma vez na sema-na e 46% dessa categoriaafirma não saber mais co-mo seria sua vida sem apossibilidade de navegar.
Documento:AG12CA044;Página:1;Formato:(274.11 x 382.06 mm);Chapa:Composto;Data:11 de May de 2013 12:55:43
DINHEIRO45DOMINGO, 12 DE MAIO DE 2013 A GAZETA
BERNARDO COUTINHO
Marceliny está na sua 2ª pós-graduação; seus pais só concluíram o ensino médio
UM NOVO BRASILt Tendências
A partir da análise domaterial coletado napesquisa, os estudiososdo Data Popularapontaram cincotendências para a classemédia brasileira em2022.
t TecnologiaA tecnologiaintermediará a relaçãocom o consumo, osserviços e o Estado. Ainternet e o celulartendem a ser cada vezmais utilizados para arealização de compras edenúncia dos serviços doEstado.
t FinançasO passado familiarinfluenciará suaeducação financeira.Mesmo consumindomais que a geraçãoanterior, o jovem de hojeé constantementealertado pela famíliapara a necessidade depoupar.
t ValorSerá uma geração quevalorizará ainda mais aconquista pelo esforçopróprio, a meritocracia eo empreendedorismo.
t CasamentoRelações conjugaistendem a se flexibilizar,e o homem precisará sereinventar.
t ExigenteO Estado será cada vezmais demandado comoregulador do setorprivado. O novo cidadãoexigirá cada vez mais ecom menos impostos.
Eles querem comida, diversão e viagemEm busca do consumo
refinado, jovens da classeC não se importam de gas-tarpartedarendadafamí-lia com diversão e lazer.Essa juventude está inves-tindo até num novo gostogastronômico.
“Com o aumento darenda, a classe média en-trou no consumo diretosem se qualificar para is-so. A nova geração é di-ferente. Ela se informapara comer melhor, ves-tir melhor, divertir-se eviajar mais”, explicaWagner Sarnelli.
O estudo do Data Popu-lar mostra que em algu-
mas regiões do país, comoSão Paulo, a classe médiapassouagastarmaisinclu-sive com vinhos caros.
O diretor do institutodiz que uma característicaimportante dessa geraçãoé a busca por novas possi-bilidades e experiências.O jovem da classe médiaestá em busca de um novorepertório para inclusiveinfluenciar sua família elevá-la a gostar das mes-mas coisas que ele.
Algo que o estudomostra bastante é queessa nova geração daclasse média brasileiratem buscado avançar
seus conhecimentos e is-so tem feito com queconsiga uma visão nadaconvencional.
A estudante IsabellaBrozinga, de 18 anos, porexemplo, viu seu mundose abrir quando fez inter-câmbio. Agora, estuda pa-ra passar no vestibular daUfes e cursar Direito.
Mas sua meta não étrabalhar por aqui. Ela,que é natural de VendaNova do Imigrante, pen-sa em ir sair do país paraajudar as pessoas e darum rumo diferente a suacarreira profissional.
Ela, que viajou para a
Bélgica para aperfeiçoar oinglês, descobriu novosconhecimentos e hoje temcolocado para sua famíliasuas ideias.
“Eu não tento obri-gá-los a ser como eu,mas eu mostro o queacredito e travo um de-bate saudável. Eles, porexemplo, não enten-diam por que eu queriatanto fazer intercâmbio.Não achavam importan-te, mas eu mostrei queera e eles entenderam eaceitaram minha posi-ção”, disse.
Entre os assuntos polê-micos que a jovem sempre
discutecomospaisésobreocasamentogay.“Elesnãosão contra isso, mas nãoentendem bem. Eu falopara eles que sou a favordo amor”, diz.
Hoje, o foco da Isabellaé estudar e ter uma renda,no futuro, superior a deseus pais. Hoje, ela moracom o irmão, num aparta-mento, em Vitória, com-prado recentemente, commuito esforço, pelos seuspais. “Só tem uma coisaque me pareço com meuspais: eu quero focar pri-meiro na minha carreiraparadepoisconstruirami-nha família”.
50% a mais de estudo eum salto para a classe A
A nova geração C está es-tudandomaisqueorestanteda família. Pesquisa do IB-GE mostra que o públicopassa quase 50% mais tem-po na escola do que seuspais, enquanto na classe A,esse aumento é de 20%.
A psicóloga MarcelinyBaldo, de 27 anos, porexemplo, já está na sua se-gunda pós-graduação en-quanto seus pais só con-cluíram o ensino médio.
Ela acredita ser umafilha da classe C, mas ho-je devido ao estudo con-seguiu avançar e, juntocom o marido, têm ren-da de classe A.
Os pais dela eram do-nos de oficina mecânica epensam bem diferente de-la. “Eles não entendem,por exemplo, por que gos-to de viajar tanto”.
Marceliny,quetrabalhana Rhopen, uma empresade consultoria de RH,acredita que a educação éoquetemfeitoojovemaseinteressar por coisas no-vas. “Esse jovem não querpensar apenas no seu qua-drado. Com o acesso à tec-nologia,elequerconhecernovaspessoas,visõesdife-rentes e estar sempre in-formado,algoqueofazdi-ferente de seus pais”.
Natural de Venda Nova do Imigrante, Isabella Brozinga viu seus horizontes se ampliarem com intercâmbio. No futuro, seus planos e ideais vão ganhar o mundo de novo
VITOR JUBINI
Documento:AG12CA045;Página:1;Formato:(274.11 x 382.06 mm);Chapa:Composto;Data:11 de May de 2013 12:56:34