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A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA NA
CONSTRUÇÃO DE REGRAS
Angela Freitas de Rezende Costa
2010
Trabalho exigido como avaliação da Disciplina
Prática Perfomativas na Relação Educativa,
sob orientação da Profa. Dra. Luciana Maria
Caetano da Pós Graduação em Supervisão
Pedagógia e Formação de Formadores com
acesso ao Mestrado Europeu em Ciências da
Educação.
Título: A Formação da Autonomia na Construção de Regras Angela Freitas de Rezende Costa Instituição: Faculdade Mario Schenberg Pós-Graduação em Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores com
acesso ao Mestrado Europeu em Ciências da Educação.
Docente Responsável: Profa. Luciana Maria Caetano Cotia, 18 de Dezembro, 2010
A Formação da Autonomia na Construção de Regras
Segundo Yves de La Taille, Piaget acredita que a lição de moral não
acontece propriamente dita se não houver uma verdadeira vida social dentro da
sala de aula. Isso não acontece como no ensino tradicional em que o professor
é aquele que sabe tudo e os alunos, meros receptores tanto de conteúdos
quanto de regras, estabelecendo- se assim um ambiente de coação.
De Vries e Zan defendem a ideia de que na educação construtivista as
crianças participem dos momentos onde serão tomadas algumas decisões,
assim como no estabelecimento de regras. Este envolvimento das crianças
acaba por formar uma atmosfera de respeito mútuo onde é exercitada a auto-
regulagem e cooperação. Desta maneira é possível diminuir a heterenomia e
desenvolver a autonomia além de dar chances para a criança de aprender a
conduzir seu próprio comportamento.
É possível identificar que estes autores possuem características em
comum a respeito da formação moral, porque trazem contribuições quanto a
relevância da participação das crianças na formação de regras e tomada de
decisões. Ambos os autores seguem o referencial teórico piagetiano.
Caminhando assim para uma educação em rumo à autonomia como propõe
Piaget conforme as palavras de La Taille:
(...) Como, para Piaget, o objetivo maior da educação moral é
fazer que as crianças e os jovens conquistem a autonomia, ele
preconizava que fosse dado espaço para os alunos falarem,
questionarem, discutirem, pesquisarem, trabalharem entre si,
enfim ele preconizava a possibilidade de, na sala de aula e fora
dela, haver momentos de cooperação. (...) ( La Taille,
2009:257)
O espaço para o diálogo sempre é um bom encaminhamento para
as discussões e troca de informações, principalmente quando ocorre diante do
convívio social. É neste momento, em que são abertos espaços para refletir
sobre os problemas cotidianos, que surge a necessidade de estabelecer regras
como forma de harmonizar este convívio.
Quando as crianças participam ativamente das decisões, bem como
quando são consideradas nos espaços de diálogos, estas se apropriam com
mais propriedade de todo este processo. De Vries e Zan especificam três
objetivos quando as crianças participam do processo de tomada de decisões
no tocante à construção de regras:
“(1) promover o sentimento de necessidade de regras e de
justiça, (2) promover o sentimento de propriedade das
regras, procedimentos e decisões da classe e (3) promover
sentimento de responsabilidade compartilhada pelo que
ocorre na classe e pela forma como o grupo relaciona-se na
sala de aula.” (Vries e Zan, 1998:138)
As crianças se apropriam das regras quando participam da sua
elaboração e até passam a corrigir alguém que por ventura ignore a regra,
buscando alternativas para que a regra possa ser validada. Desta forma
desenvolvem o senso de responsabilidade e de obediência as regras.
De Vries e Zan completam esta situação quando falam que o papel do
professor é o de selecionar assuntos para serem discutidos com as crianças,
registrar e expor as regras, colocando em prática sempre com a participação
das crianças.
Para se ter um verdadeiro convívio escolar é necessário desenvolver o
juízo moral. Isto ocorre quando há situações onde a cooperação ocorre
verdadeiramente, principalmente em trabalhos em grupos. É no convívio social
que a moral vai se legitimando. Isto ocorre quando as relações sociais são
pautadas na reciprocidade e no respeito mútuo. O pensamento de La Taille
(2009) vêm completar a ideia de que as instituições de ensino, onde o convívio
social é bem caracterizado, devem agregar valores relacionados à cooperação,
justiça e responsabilidade e assim promover uma educação não apenas
escolar, mas sim para a vida.
Pais e professores exerciam um controle acirrado em relação ao
controle excessivo de regras e normas. Era cobrada uma postura imposta
através do medo e da coação.
Nos tempos de hoje percebe-se, em muitos casos, que este controle
rigoroso não faz parte do cotidiano de muitas famílias e escolas. Porém, será
que esta maior autonomia conquistada foi o ponto desencadeador que gerou
comportamentos inadequados para uma vida em sociedade?
Todos os dias somos massacrados pelos meios de comunicações em
massa que narram grandes tragédias relacionadas à falta de respeito e
intolerância relacionada ao convívio coletivo. Será esta a marca da sociedade
atual? As regras, normas e valores foram banidos da sociedade moderna?
As respostas para estas inquietações aqui apresentadas estão na
construção de uma educação moral participativa e atuante, onde as regras não
são impostas, mas sim construídas de acordo com a necessidade e de forma
consciente.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é uma importante
referência, pois uniformiza os valores e princípios que deveriam ser adotados
por todos e com certeza contribui na construção de uma educação moral de
qualidade.
A prática de inserir o indivíduo na construção de regras é um excelente
encaminhamento desde a primeira infância, onde as crianças estão
estabelecendo o seu primeiro contato com o meio em que vivem e com o
mundo.
Referências Bibliográficas:
DE VRIES, Rheta; ZAN, Betty. A ética na educação infantil: o ambiente sócio-moral na escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
LA TAILLE, Yves de. Formação ética: do tédio ao respeito de si. Porto Alegre: Artmed, 2009.