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A ÁFRICA ESTÁ EM NÓS E NÓS ESTAMOS NA ÁFRICA

A ÁFRICA ESTÁ EM NÓS E NÓS ESTAMOS NA ÁFRICAO mural tem contribuído para divulgar o trabalho, uma vez que a Escola é um ponto de referência de professores cursistas que o apreciam

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A ÁFRICA ESTÁ EM NÓS

E NÓS ESTAMOS NA ÁFRICA

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“Lutar pela igualdade sempre que as

diferenças nos discriminem; lutar

pelas diferenças sempre que a igualdade nos

descaracterize.”

Boaventura de Souza Santos

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PRÊMIO PROFESSORES DO BRASIL – 3ª EDIÇÃO

Categoria: Séries/Anos Iniciais do Ensino Fundamental 3° Ano

Título: A África Está em Nós e Nós Estamos na África

Brasília – DF

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IDENTIFICAÇÃO

• Nome: Nádia Maria Rodrigues

• Endereço: Quadra 205 lote 05 apto. 911 – Águas Claras – DF

• Telefones: 3435-8862 / 3901-8010 / 8531-0704

• E-mail: [email protected]

• Formação: Licenciatura Plena em Geografia Pós Graduação em Administração Escolar

• Escola: Centro de Ensino Fundamental 18 de Taguatinga

− Endereço: QSD 32 área especial 1/2 – Taguatinga Sul

− Telefone: 3901-8010

− E-mail: [email protected]

− Diretora: Percília Gomes Soares

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SUMÁRIO

SÍNTESE DA EXPERIÊNCIA..............................................................................1OBJETIVO GERAL..............................................................................................2OBJETIVOS ESPECÍFICOS...............................................................................3DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA........................................................................4CONTEXTUALIZAÇÃO.....................................................................................20JUSTIFICATIVA.................................................................................................21RESULTADOS OBTIDOS.................................................................................22AVALIAÇÃO.......................................................................................................24ANEXOS............................................................................................................27

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SÍNTESE DA EXPERIÊNCIA

Objetivando conscientizar cada criança da existência das práticas cotidianas do racismo, para que possam ajudar a eliminar todas as formas de preconceito, racismo e discriminação independente da cor da pele. Deram-se início as atividades com a turma do 3o ano B no mês de fevereiro de 2008, pautadas na lei 10.639/03 que torna obrigatório o ensino da História e da Cultura Africana e Afro-Brasileira.

As atividades sobre o tema acontecem semanalmente a partir de livros de literaturas infantis específicas da temática entre outras, através de filmes, poemas, textos informativos, músicas e jogos. Levando-se em conta a faixa etária bem como a ludicidade e a interdisciplinaridade.

Após o estudo de cada tema é construído um mural coletivo pela turma que é afixado no corredor da entrada principal da escola para que toda a comunidade escolar tenha acesso.

O mural tem contribuído para divulgar o trabalho, uma vez que a Escola é um ponto de referência de professores cursistas que o apreciam com freqüência inclusive tiram fotos. Isso tem repercutido em outras escolas, por isso já recebi convites para socializar a experiência por mim vivenciada.

O envolvimento e interesse da turma com o assunto é visivelmente comprovado quando as crianças trazem livros, revistas sobre a temática, ou relatam reportagens que viram na televisão sobre o tema. Ou ainda presenciam situações de racismo que ocorre em programa de televisão visto por elas.

Tenho ouvido também dos pais depoimentos que a criança se sensibilizou com a causa negra, que o filho está envolvido com o assunto, que defende o povo negro. Sinto um orgulho muito grande em já ter conseguido despertar nessas crianças o desejo de viver numa sociedade mais justa e igualitária, pois não posso permitir, como educadora que sou, que as crianças especialmente as afro-descendentes só se reconheçam negras com quase quarenta anos como aconteceu comigo. Elas precisam se perceber negras desde já e que tenham orgulho de si, como já disse o aluno João Pedro, para que possam ajudar a eliminar essa doença da humanidade que é o racismo.

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OBJETIVO GERAL

Conscientizar cada criança da existência das práticas cotidianas do racismo, para que possam no pleno exercício de sua cidadania, ajudar a eliminar todas as formas de preconceito, racismo e discriminação independente da cor da pele.

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OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1) Reconhecer-se pertencente a um grupo no caso as crianças afro-descendentes.

2) Identificar as características do corpo negro.3) Compreender a formação do povo brasileiro – miscigenação.4) Conhecer a forma como vieram os escravos negros, de quais países

vieram, quais estados brasileiros os receberam – rotas do tráfico transatlântico.

5) Conhecer como foram tratados, como foi sua resistência e luta diante da escravidão.

6) Conhecer como foi a formação de quilombos na época da escravidão, os remanescentes deles hoje em todo o país.

7) Identificar os principais líderes africanos e brasileiros que lutaram: ontem contra a escravidão e hoje contra o racismo, o preconceito e a discriminação.

8) Identificar as atitudes racistas contidas hoje no cotidiano brasileiro – em conseqüência da escravidão: frases racistas, imagem/papel do negro na televisão; falta de bonecas, anjos, reis/rainhas, personagens infantis, fadas negras, super-heróis, etc.

9) Conhecer e valorizar a contribuição do negro na formação da história e cultura brasileira na linguagem, na música, dança, capoeira, cores, formas, culinária, vestimenta, religião e etc.

10)Conhecer líderes negros: na música, teatro, televisão, esportes, poetas e na política.

11)Identificar o continente africano: posição geográfica, zona intertropical e conseqüências disso: clima, vegetação, características físicas do povo.

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DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

As atividades se iniciaram na segunda quinzena de fevereiro de 2008 (primeira semana), com a história de Rufina de Marques Velásquez. Aproveitei a história: As fadas de Maria, que tinha sido usada por toda a Escola para fazer o teste diagnóstico das dez palavras e o texto. Nessa história aparecem sete fadinhas, nenhuma é negra. Na história de Rufina a menina se vê ridicularizada pela turma por ter desenhado na aula de artes uma fada negra como ela. A turma dá gargalhada. Um aluno diz: - Fada preta só se for na África.

A professora acolhe a aluna e explica à turma que fadas não necessariamente precisam ser loiras e de olhos azuis, e a incentiva colocar seu trabalho no mural, pois estava se recusando.

O texto foi perfeito para abrir as discussões. Indaguei à turma: - Por que não vemos fadas, papai noel, anjos, bonecas , super-heróis negros? Por que existem pessoas negras?

As crianças não souberam responder, algumas falaram já ter visto bonecas negras. Expliquei para a turma a origem das pessoas negras e das principais características do corpo negro, inclusive o tipo de cabelo, chamando a atenção para a personagem da história.

Pedi para que cada aluno desenhasse a parte que achou mais interessante da história e escrevesse o que achou da Rufina (anexo).

Na seqüência perguntei quem já tinha ouvido falar da África e o que sabiam sobre. Dos alunos que se manifestaram, registrei a fala deles (anexo).

Nessa mesma aula apresentei mapa-mundi mostrando à turma os continentes chamando a atenção para as Américas e a África.

Foi apresentada à turma na segunda semana a história: O Amigo do Rei de Ruth Rocha que levou as crianças a conhecerem a condição de poder do branco sobre o negro na época da escravidão. Duas crianças, uma branca e outra negra, sendo que, uma é dona da outra. Ioiô nascido na fazenda filho do senhor. Matias escravo nascido na senzala. Nasceram na mesma época, tornam-se grandes amigos e numa de suas aprontações levam uma surra do senhor. Ioiô revoltado convida Matias para fugir, pois ficara sentido, Matias acostumado a apanhar, nem liga e eles fogem. Depois de muitos dias na mata eles encontram uma tribo da qual Matias era o rei conforme ele queria quando dizia: - Eu não vou ser escravo sempre não, um dia vou ser rei. Ioiô volta pra casa e passa a lutar pelo fim da escravidão, afinal ele é amigo do rei.

Observei a turma curiosa pelo fim da aventura da fuga e quando terminei alguém disse: - Conta de novo!

Expliquei para a turma como os negros foram trazidos da África para o Brasil, o que acontecia no trajeto, e quando aqui chegavam o tratamento que recebiam – relação senhor - escravo. Falei da formação dos quilombos e que nem todos tiveram a mesma sorte do Matias reencontrar seu povo.

Falei também do suicídio que muitos cometiam e das mortes por causa do banzo.

Ainda na segunda semana comentei com os alunos sobre a Lei

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Maria da Penha e de Rosa Parks, contei a história de ambas. Isso para chamar a atenção do Dia Internacional da Mulher. Disse-lhes que as mulheres também sofrem discriminação por serem consideradas inferiores aos homens. Trabalham dobrado, ganham menos e no caso de ser negra e pobre sofrem mais ainda. Expliquei um pouco sobre o racismo nos EUA a partir de Rosa Parks. Apresentei a palavra Apartheid.

Já na terceira semana de aula aluno Luís Gustavo trouxe para a sala três livros que abordam o tema africanidade apresentei-os para a turma e escolhi um para ler: GOSTO DA ÁFRICA de Joel Rufino dos Santos, já conhecido por mim. O livro traz mitos, lendas e tradições negras. Fala também de personagens da História do Brasil e do tempo da escravidão.

Li para a turma o texto: O Filho de Luisa: A História de Luiz Gama líder negro pioneiro da Campanha Abolicionista, guerreiro como sua mãe. Um aluno perguntou-me se ele ainda está vivo, se a história era de verdade. Disse-lhe que ia estudar e voltaria a falar do assunto, eu também não sabia.

Outra criança perguntou-me: - O que são malês? (palavra que aparece no texto) Informei que eram um tipo de escravo, mas que eu ia estudar mais sobre a Revolta dos Malês. E claro que tive que estudar. No outro dia completei as informações lendo o resumo da biografia de Luiz Gama e que os malês eram escravos muçulmanos que sabiam ler e escrever o árabe e que eram escravos de ganho. Expliquei à turma que havia várias espécies de escravos: de ganho, de agricultores, alfaiates, sapateiros, etc. O mesmo aluno que trouxe os livros me presenteou com uma estátua de uma negra africana. Fiquei muito feliz estava ensinando História do Brasil para uma turma de oito anos. Ali senti que estudo seria riquíssimo, pois a turma demonstrou interesse.

Ainda nessa semana pedi como tarefa de casa que os alunos pesquisassem a expressão: OVELHA NEGRA. Já com a intenção de discutir as expressões carregadas de preconceito que usamos diariamente.

Na socialização da atividade sentamos em círculo e cada um relatou o que descobriu. Indaguei à turma ser ovelha negra é bom ou ruim? Quem quer ser ovelha negra? Obviamente nenhuma criança quis. Um aluno (Ruan) trouxe um texto que explica a origem da expressão. A princípio a expressão não relata racismo na sua origem. Mas indaguei novamente: Por que não branca, amarela, verde, azul? Disse-lhes que a expressão tem carga negativa. Contei para a turma a história da Ovelha Negra de Bernardo Aybê. Ótimo texto para trabalhar auto-estima e expressões preconceituosas. A Tita, única ovelha negra no bando, vivia triste, isolada, queria ser como as outras. Mas um belo dia ela percebe que é única no bando e sente orgulho disso e muda completamente seu comportamento, em conseqüência disso a Lalá que nunca balia, pois tinha vergonha de seu balido que era diferente das outras se espelhou na Tita e passou a balir: Ma! Má! Má! Essa história é fantástica!

Apresentei à turma a música Ovelha Negra de Rita Lee que representa muito bem essa discussão.

Em seguida li para a turma um texto da revista VIRAÇÃO que aborda esse tema e retirei desta outras expressões utilizadas no cotidiano que também são preconceituosas:

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• Pessoa zangada está com o coração negro.• Comércio ilegal é chamado de mercado negro.• Quando as coisas estão difíceis diz-se “A coisa tá preta”.• Pessoa boa tem alma branca.• Lista negra.• Denegrir a imagem de alguém (falar mal). • Magia negra é coisa do mal.

Conversei com a turma que precisávamos deixar de usar e orientar para que outros não usem palavras e expressões com origens racistas. Falei também de apelidos que os negros são chamados: testa de amolar facão, testa de aeroporto, cabelo de bombril, bolinho queimado, picolé de piche, múmia de fita isolante e etc. E também de outros tipos de discriminação com velhos, magros, gordos, pessoa branca, portadores de necessidades especiais, etc.

Pedi à turma que cada um escolhesse uma frase e a ilustrasse para fazermos o mural.

Na quarta semana apresentei para a turma a história Menina Bonita do Laço de Fita, de Ana Maria Machado. Nesta o objetivo foi mostrar exatamente porque tem pessoas negras. O coelho branco acha linda sua vizinha que é uma menina pretinha e pergunta todos os dias para a menina: - Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?

A menina cada dia responde diferente: - Caí na tinta preta quando criança. - Tomei muito café. - Comi muita jabuticaba. Até que sua mãe interfere e diz: - Artes da avó dela.

Excelente texto para se falar de árvore genealógica, nossas origens e descendências. Essa foi contada no avental, que é um ótimo recurso, onde as crianças vão vendo a história acontecer com as personagens sendo presas nele e a turma interage, o que a deixa muito envolvida.

Aproveitei esse texto também para apresentar aos alunos os sinais de pontuação especialmente travessão e interrogação que aparecem na narrativa e a turma ainda não os utiliza. Fizemos também uma dobradura de coelho pois a história foi apresentada na páscoa.

Na quinta semana de trabalho apresentei dois livros que adquiri de Reginaldo Prandi, Lendas de Orixá – Oxumaré e Xangô.

Combinei que íamos conhecê-los todo alternando a leitura. Então li a lenda de Oxumaré, como essas lendas envolvem muito encanto e magia observei que prendeu a atenção da criançada, inclusive um deles (Augusto) me pediu para levar o livro para casa. Impossível estudar história dos negros e não falar da religião e conseqüentemente de Orixás. Adorei ler essa lenda pedi para desenharem e saíram desenhos maravilhosos (anexo). Confesso que fiquei preocupada como seria a reação das famílias, pois as crianças têm demonstrado interesse pelos Orixás, alguns não sabem que a questão é cultural e poderão questionar-me.

Na sexta semana apresentei à turma o filme Kiriku e a feiticeira Karabá. Belíssimo, cheio de encantamento e surpreendente incentivei as

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crianças apresentando Kiriku como um super-herói negro. Um garoto pequeno, mas muito esperto e inteligente com dons especiais; que nasceu em uma pequena aldeia sobre a maldição da cruel feiticeira Karabá que secou as fontes de água e seqüestrou todos os homens.

Encontrando amigos e seres fantásticos pelo caminho Kiriku resolve combater a malvada feiticeira para salvar sua aldeia. Quando viram o filme observei uma grande concentração da turma e uma torcida pelo pequeno Kiriku (foi ótima a discussão). Um filme completamente diferente dos que estão acostumados a ver. No dia seguinte conversamos sobre o filme e pedi que o representassem com massa de modelar. Li para a turma sobre o autor do filme. E fizemos a sinopse dele coletivamente (anexo).

Com o filme além de fazermos a sinopse coletiva e a representação com massa de modelar – pedi para que a turma escrevesse a História ou um trecho dela em quadrinhos. Trabalhei características de um texto em quadrinhos. (anexo).

Na sétima semana de trabalho apresentei à turma o livro: O Curumim Que Virou Gigante, de Joel Rufino. Na ocasião a intenção seria falar que os indígenas também são excluídos e lutam pela sobrevivência. Mostrei o filme Tainá II e visitamos a FUNAI (anexo). Nesta semana me dei conta de que estava sendo vítima de racismo dentro da Escola. Apareceu escrito no meu quadro NEGRA BURRA, apaguei a inscrição e não comentei nada com ninguém. Depois disso começou sumir material produzido pelas crianças dentro e do lado de fora da sala (mural externo). Só fiz ligação com a escrita quando vi que tiraram até o último cartaz. E os das outras turmas estavam lá intactos e o meu mural todo arrancado. Comuniquei a direção da Escola e a todos os professores na hora do recreio. Doeu muito, sofri, chorei, logo eu que abracei a causa. Não me calei, pelo contrário, publiquei no jornal do sindicato. Confesso que ganhei mais força para lutar contra o racismo. As crianças ficaram chocadas e me acolheram com carinho. Ouvi frases do tipo:

- Tia não foi a gente que tirou! Como íamos estragar nosso próprio trabalho?

- Professora, arrancaram porque estava bonito! Meus alunos do ano passado que foram atingidos por esse trabalho

também me acolheram com escritas de bilhetinhos.Nesta semana mostrei o filme: Vista Minha Pele. Uma adolescente

branca (Maria) estuda numa escola onde a maioria é negra. Se sente excluída de tudo, inclusive pelos professores. Maria se vê ridicularizada por concorrer à rainha da Festa Junina. Mas ela enfrenta o racismo e participa do concurso. O vídeo nos leva a refletir sobre a posição dos negros em meio à maioria. Discuti com a turma o porquê do nome do filme. Copiei algumas falas da personagem para discutir com os alunos:

Confeccionamos um belo mural preto e branco (anexo).No debate sobre o filme cada aluno tinha que se posicionar- Se você fosse a Maria o que você faria?- Pedi para escreverem no caderno com apenas um parágrafo,

porque o filme tem esse nome. Esse vídeo doeu fortemente em mim, contei isso aos alunos, pois

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quando era criança queria muito ser uma rainha da Festa Junina, mas era sempre a Carla quem ganhava. Branca, olhos azuis e cabelos longos pretos. Eu negra, pobre, cabelos crespos, (de bombril como diziam), fazia isso escondida do meu pai (vender votos), tudo para ganhar uma faixa de papel laminado uma coroa de rainha também de papel e uma boneca grande. A escola também reproduz a exclusão e o racismo com atitudes como essa.

Na oitava semana de estudos levei para sala o mapa-mundi porque explicaria para a turma paralelos e meridianos. Depois que identificamos essas linhas imaginárias cada criança recebeu um mapa onde deveria colorir conforme as cores indicadas por mim em seguida construiríamos a legenda. Depois dessas informações identificamos a zona intertropical, pedi que colorissem e depois observassem que países estavam nessa região. Chamei a atenção da turma para o Brasil e o continente africano quase todo na zona intertropical. Expliquei que essa região recebe raios solares de maneira mais intensa de forma direta, ou seja, é mais quente. Mostrei isso através de um pequeno experimento, usando lanterna e o globo terrestre. Aproveitei a ocasião para explicar à turma as conseqüências disso para a população. Nariz mais achatado para facilitar a passagem de ar e este chegar mais refrigerado aos pulmões, cabelo crespo para proteger a cabeça do sol forte, pele escura com presença de muita melanina. Expliquei que melanina é a pigmentação que dá cor à pele, uns tem mais outros menos. Convidei alguma criança para fazermos uma fileira usando o critério cor da pele (presença de melanina) fui a segunda, em primeiro foi o aluno Ruan, a última foi a Larissa. Alguém disse: Isso é legal! Um aluno (Felipe) pediu para ir chamar o amigo da outra sala que tinha mais melanina que o Ruan. Não permiti, disse-lhes que a outra criança não está inserida na discussão e poderia se sentir ofendida. Foi bem interessante essa aula e vi que ficaram surpresos com as informações. Um aluno perguntou: Professora se os primeiros habitantes do mundo eram negros por que então tem branco? Expliquei o ocorrido, à medida que foram se espalhando pelos outros continentes as condições climáticas eram outras e as mudanças ocorriam de acordo com elas. Fiquei com muito orgulho, parece aula para adultos (anexo). Pedi para que perguntassem aos pais se eles sabem disso. Vejo que a turma se encontra bem interessada no assunto, gostaria muito de ter mais recursos visuais, pois nessa idade é importante o concreto, a criança precisa ver para que as informações fiquem mais consistentes.

Na nona semana contei para a turma a história Chico Rei, de Renato Lima nesta a intenção era mostrar um grande líder, negro, escravo que comprou sua própria carta de alforria a do filho e mais de centenas de escravos. O autor nos oportuniza refletir sobre nossa formação cultural, forjada nas relações entre etnia e na convivência conflituosa entre índio, branco, europeu e negros africanos entre fatos reais, mitos populares, opressão e resistência, fé e sincretismo. Tudo muito presente em nossa música, dança, literatura, esportes e festas populares. Chico Rei foi um guerreiro, chama-se Galanga e era um rei da tribo lá no Congo. Sua família morreu no tráfego, restando apenas um filho, Muzinga. Chegando aqui foi

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para Vila Rica trabalhar nas minas, e batizado de Francisco, daí o apelido Chico Rei. Enquanto escravos alguns fugiam, Chico Rei escondia algumas pepitas durante a extração de ouro, juntou até comprar sua carta de alforria, depois a do filho dele.

Nesse texto explorei a figura do líder escravo Chico Rei, a riqueza do Brasil em pedras preciosas daí o nome do Estado Minas Gerais. O sincretismo e a riqueza cultural herdadas dos escravos como a capoeira e a congada. Os escravos escolhiam santos da igreja católica para simbolizar seus Orixás. Levei um texto informativo para a turma e uma interpretação escrita dele. Localizamos no mapa da África o Congo e no Brasil o estado de Minas Gerais para onde foi Chico Rei. A importância dele foi tanta que existe uma festa lá em Minas Gerais em sua homenagem. No ano de 1964, a escola de samba Salgueiro homenageou Chico Rei no seu samba enredo. Li esse texto para a turma.

Falei também sobre algumas curiosidades do Congo. Foram os escravos congoleses que trouxeram as técnicas de forja do ferro, cobre, metais... Introduziram na nossa lavoura a enxada, e diversos tipos de machados que serviam tanto para cortes de madeira como para uso em guerras. Os congoleses utilizavam conchas marinhas (nzimbus) como moeda. A turma achou interessante saber que o primata gorila do filme King Kong é típico desse país africano.

Contei para a turma também o Rei preto de Ouro Preto de Sylvia Ortoff, e O Congo Vem Aí de Sergio Capparelli.

A décima semana de estudos seria muito especial, pois teríamos nela o Dia Nacional de Denúncia Conta o Racismo, o famoso 13 de Maio. Li escrito num cartaz para a turma o poema: Lei Áurea Ato de Bondade? O Lamento do Negro, de um autor desconhecido.

Fizemos a interpretação oral desse texto e expliquei quem foi a Princesa Isabel, mostrei uma foto dela falei sobre a Lei Áurea. Que o dia 13 de Maio foi uma conquista dos escravos e abolicionistas da época não foi um ato de bondade como é contado na História. Os escravos libertados ficaram abandonados à própria sorte, sem moradias, empregos, etc. Então 13 de Maio para o povo negro não é motivo de comemoração. O dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, tornou-se um dia de celebração e reflexão para os afro-descendentes em homenagem a Zumbi dos Palmares, pois nessa data em 1695 ele fora assassinado. A turma já conhecia zumbi dos Palmares. Falei com as crianças que na semana da Consciência Negra faríamos uma grande exposição com o trabalho do ano todo produzida pela turma incluindo apresentações de dança e comidas típicas africanas. Na ocasião usaremos uma camiseta com uma arte produzida por um deles sobre o título do projeto – A África está em nós e nós estamos na África. Faremos concurso para escolher a arte usando o critério: desenho que melhor representa o tema. A turma está habituada com essa prática.

Fiquei muito satisfeita, nesse dia, falei de dois personagens da nossa História e de fatos importantes (anexo). Falei mais uma vez da capoeira. Desse poema retiramos algumas palavras para registrar no caderno dicionário: lamento, resiste, ilusão abolição e inundava. Aproveitei a ocasião e

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falei das características de um texto poético organização estética: versos, estrofes, rimas, etc.

Dando seqüência ao último texto trabalhado (O Lamento do Negro) trouxe para a turma um informativo sobre a capoeira alguns golpes e movimentos. Como sou praticante desse esporte combinamos que eu ensinaria os golpes mencionados no texto àqueles que quisessem aprender na aula de psicomotricidade é claro que eles ficaram felizes. Fiz isso, ensinei a benção, cabeçada o martelo e a ginga que é a base do jogo.

Observei a habilidade e interesse de alguns alunos para realizar os movimentos. Nesta semana tomei conhecimento do desfile cívico que ocorreria em homenagem ao aniversário da cidade de Taguatinga que seria dia 01/06. Comuniquei à direção que gostaria de participar porque o trabalho estava rico e interessante. Conversei com a turma e pedi autorização das famílias para o evento, pois seria num domingo. Vinte alunos participariam, dez meninas representando as baianas e dez meninos a capoeira. Convidei o meu professor para visitar a turma e conversar um pouco sobre capoeira e ensinar os movimentos básicos e ele aceitou. Quando disse à turma que ele viria foi uma festa.

Nelmo veio numa segunda-feira dia 26/05, conversou e ensinou alguns golpes, músicas e princípios básicos da capoeira. Foi ótimo, os alunos amaram observei que chamou a atenção de crianças das outras turmas, pois começamos a treinar na sala de aula depois fomos para o pátio da Escola.

Uma professora veio com toda a sua turma assistir ao ensaio. Capoeira realmente chama a atenção.

O berimbau chama! Nelmo voltou na sexta-feira dia 30/05 para o ensaio final. Nesta semana providenciei as roupas com a ajuda da vice-diretora, que, aliás, me deu todo apoio. No dia do desfile estávamos lá. Eu e os dezoito alunos (faltaram dois) para representar a Escola. As baianas com seus tabuleiros coloridos e seus balangandãs, e os “capoeiristas”. Estavam todos lindos! E eu caracterizada de Baiana no meio deles. Adorei isso! Senti um orgulho e uma alegria muito grande, pois ainda não tinha desfilado com alunos. Especialmente com esse assunto que tem sido motivo de satisfação para meus encontros com eles. A diretora da Escola também desfilou!

O professor Nelmo não conseguiu chegar a tempo. Sorte nossa que ficamos perto de outra escola que estava representando a capoeira. Então aproveitamos o som do berimbau.Esta foi a décima primeira semana de trabalho.

Na semana que me organizava para o desfile, recebi um convite da minha ex-diretora, Fátima Godói, para contar a história: O Cabelo de Quica, de Emma Damon, ela me viu organizando o mural feito a partir dessa história. Aceitei o convite na condição de falar do contexto dessa atividade dentro da implementação da lei. Comuniquei a direção da Escola e pedi para que alguém me substituísse seria no horário da minha regência.

Fiquei feliz com o convite pois seria uma grande oportunidade de mostrar aos professores que é possível realizar esse trabalho fazendo relação com todas as áreas do conhecimento.

Eu sei que muitos professores ainda não iniciaram esse trabalho por

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acreditar que é mais um conteúdo, é mais trabalho e também por não terem a devida formação. Disse-lhes que eu também não tinha, que tudo começou por causa do meu cabelo, mas que estou estudando muito, pois ninguém dá o que não tem.

Até o ano passado usava química no meu cabelo quando decidi assumi-lo crespo a partir de uma discussão que eu ouvi no grupo de estudo NEAFRO da Faculdade Católica de Brasília a convite do professor Carlos Alberto.

Li o texto Alisando Nossos Cabelos era o que eu precisava saber. Na seqüência fui fazer um curso – NEXOS E REFLEXOS DAS VOZES DA ÁFRICA, oferecido pela EAPE (Escola de Aperfeiçoamento de Professores). Me encontrei, me aceitei como negra e de lá pra cá não parei mais. É claro que isso refletiu na sala de aula, na família, no meu ambiente de trabalho me senti a Tita (Ovelha Negra) se assumindo. O cabelo crespo uma vez assumido desperta uma série de reações que vão do riso à reprovação. Levei um texto para discutir com os professores. O cabelo retirado do livro: Educação Africanidades Brasil. Descobri que estava atrasada, precisava trabalhar a lei e ajudar as crianças negras a se assumirem, se amarem e quem não é negro respeitá-los. Falei aos professores da minha dor sofrida quando criança. Era chamada de cabelo de bombril, testa de amolar facão... Nossas crianças estão sofrendo isso diariamente e não sabem que isso é racismo, não sabem se defender e estão reproduzindo o silenciamento dos adultos..

Fiz um resumo das atividades até então trabalhadas, na seqüência que estão acontecendo e ressaltei a importância de se começar o trabalho pela identidade para que as crianças afro descendentes se identifiquem e passem a ter orgulho de si, se amarem com a sua cor o seu cabelo, etc.

Comentei com os professores também do nível de envolvimento da turma, o interesse pelo assunto e da ajuda de alguns pais. Um aluno levou um livro que falava sobre Malês. Tive que estudar e falei da importância disso. Como na nossa formação não estudamos sobre o Continente Africano de forma positiva, de um povo que tem cultura e que muito contribui para a formação do povo brasileiro, para se trabalhar a lei 10.639/03 tem que estudar não tem jeito.

Uma professora me perguntou sobre a religião, se eu não estava tendo problemas com isso. Disse-lhe: - Até o momento não, mas estou preparada para explicar aos pais, a questão é cultural, quando falo de Candomblé não estou catequizando ninguém quero que conheçam para respeitar, fez parte da história do povo negro. Foi isso que eu disse a um pai que me questionou na reunião. As crianças adoram as lendas, que falam dos Orixás e de fato são muito bonitas e encantadoras. A questão que é colocada pela sociedade que “é coisa do demônio”, começou no século XVII quando os europeus não permitiam que os escravos praticassem sua religião como se eles não tivessem sua história. Tinha que ser o catolicismo imposto por eles.

Falei também de uma experiência vivenciada por mim e pela turma do ano passado quando esta já estava conscientizada da exclusão do negro.

Um funcionário da Escola (Altair) estava pintando o alfabeto na parede da área do refeitório. Junto com cada letra um desenho de uma

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criança. Ele já estava na letra V uma aluna (Brenda) disse: - Tia não tem nenhuma negra. Fui até ele que estava fazendo o X e perguntei: - Nesse mundo aí não tem criança negra não? Ele me olhou desconcertado, sorriu e disse: - Vou fazer aqui. E fez está lá na letra X uma criança negra. Disse-lhe: - Não perguntei por maldade é normal fazermos isso. Não incluir a figura do negro nos nossos trabalhos.

Queria com isso mostrar aos professores que somos excluídos naturalmente, quando nós professores organizamos murais ou orientamos nossos alunos a fazê-los, não pedimos para incluir negros. O Altair não tem culpa disso, ele reproduz o que aprendeu isso é um problema social que nós professores podemos corrigir, se quisermos.

E como fica a criança negra que nunca se vê representada, valorizada identificada? E quando vê na televisão é de forma inferiorizada, sempre servindo o branco: cozinheiro, motorista, segurança, bandido...

Por que os negros nunca são protagonistas nas novelas da nossa TV?

Relatei isso aos meus alunos desse ano, e eles pediram-me para ir ver eu disse: - No horário do recreio vocês verão.

Gosto de usar esse exemplo sempre que falo do assunto para ilustrar a “exclusão natural” da pessoa negra.

Observei que essa fala com os professores foi proveitosa e esclarecedora, fizeram questionamentos, elogios, tiraram fotos do mural informativo. Alguém disse: - Olha quanta riqueza. Ela ensina: História, Geografia, Artes, Português e Matemática. Quanta informação tivemos nesse pouco tempo sobre o tema.

Foi uma experiência nova e bacana, mas realmente ficarei feliz se tiver conseguido tocar o desejo de algum deles para trabalhar em temática de forma prazerosa e significativa como tem sido para mim.

Continuei trabalhando mais a questão do cabelo apresentando à turma o livro O cabelo de Lelê. Estávamos na décima segunda semana. Ele retrata uma criança negra cheia de indagações porque tantos cachinhos? De onde vem? Ela vai buscar resposta no livro.

Confeccionei a Lelê, uma boneca preta com uma vasta cabeleira igualzinha as ilustrações do livro depois da história todos queriam pegar a Lelê.

A ilustração do livro traz cinqüenta tipos de penteados diferentes para cabelos crespos. Tirei cópia e ofereci um para cada aluno representá-lo depois montaríamos o mural pedi para usarem giz de cera surgiu um lindo mural.

Nessa semana apresentei à turma a música Cabelo de Gal Costa. Um aluno pediu pra nós apresentarmos no momento cultural usando perucas. Combinei que faríamos uma oficina de penteados afro na semana da Consciência Negra inclusive já acertado com uma cabeleireira.

Na semana seguinte, décima terceira levei também a música: Respeitem meus cabelos, brancos de Chico César. Começando pelo título dá uma ótima interpretação. O autor brinca usando um dito popular para fazer um apelo à sociedade. Pesquisamos sobre Chico César na Internet no laboratório

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de informática a turma está habituada a esse tipo de pesquisa, assim foi com Luiz Gonzaga, Zeca Baleiro, Sandra de Sá, Cássia Eller, Raul Seixas, etc...

Para enriquecer e provocar mais a discussão, na décima quarta semana trabalhei o poema – Havia um menino de Fernando Pessoa retirado da revista Ciência Hoje, Edição Especial sobre a África. O poema fala de um caracol que todos pensam ser um bichinho, mas no fim trata-se do cabelo do menino, enroladinho como ele. É claro fizemos caracóis com barbante enroladinho, para ilustrar o poema escrito no cartaz. Falei um pouco sobre o poeta nascido em Portugal e que morou na África do Sul por algum tempo.

Li também o poema Cabelos que Negros de Oliveira Silveira poeta negro gaúcho.

Na seqüência fomos estudar a interferência africana na língua portuguesa. Li o texto ABC Africano de Rogério Andrade Barbosa. Levei para a turma um alfabeto que continha em cada letra várias palavras, expliquei o significado daquelas que não sabiam. Pedi porque cada criança escolhesse uma palavra de cada letra e montasse o seu alfabeto, isso ficou registrado no caderno de atividades. Depois montamos o ABC africano da turma. Sorteada a letra o aluno escolhia a palavra eu escrevia numa ficha e ele desenhava. Nesta semana ainda brincando com as palavras pedi para cada um fazer um acróstico tendo como base a palavra AFRICANIDADES. Coloquei uma regra: só valeria escrever palavra que lembrasse África ou afro-descendentes. Esse trabalho ficou fantástico me surpreendi com o nível do vocabulário assimilado pela turma até o momento (anexo). Esta foi a décima quinta semana de estudo e descobertas. Informei à turma sobre os povos que mais influenciaram na língua portuguesa, que existem no mundo mais seis países que falam o português e que a nossa pronúncia é diferente. O Brasil recebeu escravos da região banto países subequatoriais e da África ocidental .Quis mostrar com isso que os grupos que vieram falavam línguas diferentes, porém tinham origem de uma grande família lingüística, ou seja, eram todas línguas aparentadas.

Aproveitando a ocasião do folclore trabalhando as receitas caseiras, levei para a turma um texto informativo sobre o povo Kalunga, como a turma já sabe que temos remanescentes de Quilombos expliquei que os Kalungas são uma comunidade quilombola localizada aqui no Estado de Goiás perto do DF. O texto fala do remédios caseiros utilizados por esse povo. Passei como tarefa de casa pesquisar com a família três remédios caseiros diferentes dos citados no texto e sua indicação. Estávamos construindo o livro do folclore e o registro foi feito lá. Ainda no tema folclore falei de personagens negros como Saci Pererê famoso entre a criançada e do Negrinho do Pastoreio. Fizemos dobradura do saci e recitamos a poesia dele. Alguém disse que o negrinho do Pastoreio sofreu o mesmo castigo da escravinha do texto de Joel Rufino. A Botija de Ouro já conhecido pela turma.

Nesse livro do folclore, chamei a atenção da turma para a influência africana na nossa cultura. Na alimentação: feijoada, canjica, acarajé, cocada, nas cantigas de roda, cantigas de ninar e nas lendas.

A partir desse livro comecei um trabalho com tipos de textos. Indaguei à turma: Onde lemos? Para que lemos? Queria mostrar que cada

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texto lido tem uma função. Partindo do livro do folclore e dos trava-línguas, fui apresentando à turma diferentes tipos de textos e suas principais características. Parlendas, texto informativo, receitas, texto instrucional, fábulas, texto humorístico, poético, etc.

Fiquei muito satisfeita em confeccionar esse livro e perceber mais uma vez que estudar África, afro descendente e suas culturas é possível integrando todas as áreas do conhecimento.

Estávamos na décima sexta semana de aprendizado (anexo).No início de cada mês cada aluno recebe um calendário, nele

destacamos datas importantes para nós enquanto escola; os aniversariantes do mês, os eventos que acontecerão na Escola: festas, passeios, feriados e outros. Leio para a turma os acontecimentos importantes para o povo negro do calendário afro-descendente que está afixado no mural interno da sala, em seguida a turma copia essas datas e constrói uma legenda. No mês passado (agosto) tive a idéia de levar digitadas, as datas dos acontecimentos do calendário afro-descendente. Quando estávamos lendo coletivamente essas informações do mês de setembro, mais precisamente sobre Solano Trindade. O aluno Ananias disse: - Professora se ele estivesse vivo teria cem anos e está fazendo trinta e quatro anos que ele morreu (fez o cálculo mentalmente). Trata-se de um aluno com altas habilidades na área de matemática, inclusive foi encaminhado para desenvolver isso, pois na Escola existe esse atendimento.

Então passei no quadro três situações problemas pedi para a turma descobrir a resposta e confirmaríamos as informações do Ananias: Observando as datas de nascimento e morte de Solano Trindade, com quantos anos ele morreu? Se estivesse vivo quantos anos teria? Quantos anos fazem que ele morreu?

É claro que eu não perderia a oportunidade de trabalhar essa área de conhecimento. Leva o calendário afro a parte tem sido ótimo, pois além de conhecer a história, acontecimentos, leis, etc. Apresento para eles líderes negros brasileiros e africanos, foi assim que a turma conheceu em setembro: Agostinho Neto, Steve Biko, Solano Trindade, Machado de Assis e outros.

Combinei com a turma que conheceríamos a historia e contribuição de cada um deles para o movimento negro através de biografia pesquisada na Internet e confeccionaríamos um mural com o nome de todos até então conhecidos por nós.

Essa aprendizagem aconteceu na décima sétima semana.Como estávamos estudando tipos de textos, quando chegamos nas

receitas, combinei com as crianças que faríamos algumas comidas da culinária africana. Expliquei que não poderia ser uma receita muito sofisticada nem trabalhosa pois seria realmente construída na sala de aula. Uma edição da revista Ciência Hoje Edição Especial da África que tive o prazer de ganhar, trás uma receita de sonhos de São Tomé e Príncipe. Tirei cópia para a turma do jeito que está lá, pois além da receita, tem algumas informações sobre essa pequena ilha africana e uma explicação científica porque sentimo-nos tão atraídos por doces. Lemos juntos essas informações, depois localizamos o país no mapa da África. Em seguida dividi a turma em três grupos. Cada um

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contribuiria com os ingredientes de cada receita: o primeiro para os sonhos, o segundo para a cocada preta e o terceiro para o acarajé. Este último está contando com a colaboração da direção da Escola na compra dos ingredientes e na elaboração da receita.

Esse combinado aconteceu numa segunda-feira da décima oitava semana. Na terça estavam lá ansiosos para conhecer a iguaria. Convidei alguns alunos para participar diretamente: um para ir lendo os ingredientes e as quantidades, outro para ir colocando na bacia, outro para fotografar. Organizei previamente uma mesa com os utensílios necessários.

Expliquei a turma que faríamos a receita triplicada se não alguém poderia ficar sem. Preparamos tudo na sala, depois fomos até a cantina lá alguém nos esperava. Como a turma é grande e não dava para ficar dentro da cantina, mostramos apenas como são fritos os bolinhos e voltamos para a sala. A vice-diretora da Escola (Josaildes) levou uma bacia cheia deles prontinhos. A última etapa seria passar o bolinho no açúcar com canela cada um fez isso no seu. Deu dois sonhos para cada aluno e os que sobraram distribuí para quem passava perto da sala no momento. Um aluno (Lis Gustavo) disse: - É igual nosso bolinho de chuva a diferença é que leva banana. Teve aluno que disse que pediria a mãe para fazer em casa.

Aproveitei essa ocasião para falar de dobro, triplo e quádruplo. Disse também que algumas receitas já trazem as quantidades, o rendimento. Como não é o caso, tivemos que triplicá-la e que dessa forma foi uma estimativa. Palavra já conhecida pelo grupo.

Ainda nesta semana li para a turma a biografia de Steve Biko e passei para a turma algumas imagens do filme: Um grito de Liberdade que conta a história desse ativista negro e sua luta contra os horrores do Apartheid (a turma já sabe o que é Apartheid desde quando falei de Rosa Parks no dia da mulher). Disse também que não assistiríamos todo por causa das cenas de violência contidas nele. A idéia era mostrar imagens da África do Sul e mensagens dos seus discursos. Os alunos queriam vê-lo todo, sugeri que vissem em casa com seus familiares.

Esta décima nona semana de trabalho sobre africanidades foi muito importante para nossos estudos e para a Escola como um todo.

Estávamos na Semana Nacional de Inclusão sendo que na sexta-feira dia 19/09, teríamos um momento cultural com todos os alunos, professores e comunidade escolar para a entrega das placas,à comunidade que a Escola ganhou como prêmio do IDEB. Nesse evento, aconteceriam apresentações dos alunos.

Na ocasião o terceiro ano B apresentou a música salvador Negro Amor de Sérgio Guerra e Péri do CD Salvador Negro Amor. Consegui emprestado o figurino com uma estampa e modelo africano, abadá e quelê para os meninos, pano da costa e turbante para as meninas. Quando a turma viu todos queriam dançar foi muito difícil para mim, pois sempre incentivo a participação da turma toda e só havia 12 peças de roupa, 6 de cada gênero. Devolvi o problema para a turma resolver decidindo através de critérios quem dançaria, pois só tínhamos três dias para os ensaios. E falei que em breve faríamos outra apresentação onde todos poderiam dançar. Foi excelente,

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estávamos chamando a atenção pela vestimenta, eu também dancei com eles e fiquei muito feliz com o resultado. Antes da apresentação falei aos presentes: alunos, professores e comunidade escolar, do contexto daquela apresentação dentro do trabalho de implementação da lei 10.639/2003 (anexo). Li o poema Sou Negro de Solano Trindade.

Ainda dentro das discussões sobre a inclusão social confeccionei com a turma três árvores: árvore do amor, do respeito e da paz, isso porque queria que juntássemos três temas em um só trabalho: Dia da Árvore, valores que toda a escola estava trabalhando e ainda o tema Inclusão. Esse trabalho partiu de três histórias: Ninguém é igual a Ninguém de Regina Otero e Regina Rennó. Tudo bem ser diferente de Toddy Parr e a Árvore Generosa do Fernando Sabino, esta última escolhida para fazer o teste da psicogênese do terceiro bimestre e por estarmos perto do dia da árvore (anexo). É claro que falei com os alunos sobre a relação do povo africano com a natureza e das árvores sagradas Iroco e Baobá, já conhecidas por eles.

Nesta vigésima semana contei para os alunos a história: Os Sete Novelos de Ângela Shelf Mediaris. Cheia de encantamentos, belezas e ensinamentos. Depois de conhecida pela turma pedi para que me dissessem o que aprenderam com elas e fui escrevendo no quadro em forma de frases. Expliquei a origem da história que é em homenagem a um evento, Kwanzaa, feriado cultural criado nos EUA celebrado por pessoas de ascendência africana, este fundamentado nos costumes de celebrações de colheitas. O Kwanzaa é celebrado de 26 de dezembro a 01 de janeiro. Durante sete dias o povo negro se une para honrar as heranças e tradições dos seus antepassados. O princípio básico é todos empenhados em trabalhar juntos para se tornarem pessoas melhores e para fazerem da comunidade um lugar melhor para se viver.

Depois desses comentários explorei o colorido do livro e toda sua beleza retratada pelo ilustrador. Pedi para que escolhessem a parte que achou mais interessante e ilustrassem para organizarmos mais um mural. O mesmo foi afixado no corredor principal da Escola (anexo).

Nessa semana conversei com a turma sobre a minha participação no evento de inauguração do Espaço Afro Brasilidades na EAPE (Escola de Aperfeiçoamento de Professores). Avisei que iríamos confeccionar as lembrancinhas e a nossa participação seria ilustrar um poema de Solano Trindade: Gravata Colorida (anexo). Então entreguei uma cópia para cada aluno, lemos e debatemos as seguintes perguntas: Qual a preocupação do poeta? Por que ele dá tanta importância ao livro? De acordo com o poema ele gosta de gravata?

Expliquei à turma que o poeta convida-nos a observar problemas sociais como a fome e a educação. Já havia dito aos alunos que Solano Trindade escrevia poema de protesto.

Coincidência ou não nesta semana ganhei de presente o filme: Solano Trindade 100 anos. De uma amiga que não sabia que eu estava apresentando à turma esse personagem de nossa história. Esse acontecimento foi perfeito no mesmo dia assisti ao filme e vi que dava para a turma ver também. Assistimos numa quinta – feira. Neste vídeo, o ator Sérgio

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Mamberti declama o poema: Tem Gente Com Fome, o qual eu já havia lido para a turma. Propus que apresentássemos no momento cultural da sexta-feira. Então pedi que trouxessem uma panela e uma colher. Fizemos uma espécie de jogral, batendo no fundo da panela e fazendo o barulho do trem. Foi lindo. Escolhi uma aluna que lê muito bem para essa apresentação (anexo).

Nesta mesma sexta-feira dia de aulas de artes fizemos bonequinhas, fadas e anjos negros. A turma foi dividida em três grupos e cada criança fez de acordo com o sorteio. Confeccionamos com a ajuda da professora Kimiko que foi com quem aprendi a fazer as bonequinhas negras.

Levei uma história: O Palhaço e a Bonequinha que são abandonadas pela dona que prefere brinquedos eletrônicos. Ele de madeira, ela de pano preta. Interessante foi o comentário de um aluno: - Eles são brinquedos folclóricos. Relembrei a história de Rufina que desenhara fada negra. Sugeri que representássemos bonecas, fadas e anjos negros. Levei os tecidos já cortados as crianças somente montariam. Teve um aluno que perguntou se os homens iam fazer bonecas também. Disse-lhes que faria somente quem quisesse e se sentisse bem, e que o fato de um menino fazer uma boneca ele não ia deixar de ser menino. No dia seguinte todos que estavam fizerem seu trabalho e pediram para levar para casa disse-lhes que devolveria depois da exposição.

Já organizando os trabalhos para a Semana da Consciência Negra disse à turma o que estudaríamos até lá: Biografia de personagens do calendário afro-descendente dos meses de outubro e novembro, confecção das máscaras africanas, Zumbi dos Palmares, Quilombos e Remanescentes deles no Brasil. Na seqüência nos organizaríamos para a apresentação no Fórum de Tutores que acontecerá dia 25 de novembro na DRET a convite de uma funcionária. Até o final das aulas estudaríamos os ritmos musicais brasileiros, pintura de tecidos com tinta a base de vegetais e expressões africanas no modo de tecer e vestir e nomes de roupas africanas. Estávamos na vigésima primeira semana, levei um mapa da África e um do Brasil para cada criança. A intenção era que pintassem no mapa africano todos os países que sofrerem com o Tráfico Transatlântico. Embora já tivesse falado queria que essa informação ficasse registrada no caderno deles. À medida que eu ia dizendo o nome do país localizava-o no mapa exposto no quadro e eles pintavam no mapa deles. Pesquisei essa informação na revista Quilombos: Espaço de Resistência de Homens e Mulheres Negras do MEC. Um aluno (Ananias) concluíu que a maioria dos países estava na costa Africana. Em seguida pedi para que pegassem o mapa do Brasil para pintarem cada estado, que recebeu os escravos, de cores diferentes. Falei um pouco sobre esse grupo e suas contribuições na nossa cultura. A África é multicultural e cada povo: Banto, Yorubá, Gegê, Nagô entre outros que vieram deram sua contribuição de forma diferenciada nos costumes, objetos, canções, rituais encontrados na religião, na culinária, nos modos de tecer e vestir.

Nesse dia falei mais um pouco das condições que eram transportados e alimentados, na rota do transatlântico e que os navios também eram chamados de Tumbeiros, pois os escravos vinham deitados um

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ao lado do outro como se estivessem em tumbas. Mostrei fotos dessas embarcações.

Trabalhei mais uma vez um acróstico agora com as palavras TRÁFICO TRANSATLÂNTICO (anexo) a turma encontra-se com o vocabulário mais ampliado e rico. Mostrei a turma algumas imagens do filme Amistad: negros sendo transportados, alimentados, acorrentados, cenas de suicídio no mar. O aluno Daniel disse já tê-lo visto com o pai.

Havia convidado os pais dos alunos para a reunião do 3o bimestre que aconteceria dia 02 de outubro, conforme rotina escolar. Na ocasião apresentaria a eles os gráficos da psicogênese o calendário do 4o bimestre e a seqüência de atividades e temas que tem sido trabalhado sobre a lei 10.639/2003. Organizei um pequeno questionário onde eles responderiam a respeito do projeto (anexo). Queria que ficasse registrado o que tenho ouvido deles em relação a atitudes e posturas pelas crianças adotadas a partir das discussões. Na ocasião, li a história de Rufina para explicar como tudo começou. A reunião foi proveitosa, esclarecedora e como sempre participativa. Lendo os questionários, vi que todos sem exceção aprovam, acham válido, vêem resultados e sugerem que o Projeto seja expandido para toda a Escola e outras da rede. Tenho clareza da dimensão e do interesse que os estudos têm causado em alguns alunos devido ao envolvimento nas atividades propostas. Exemplificando, combinei que nossa próxima aula prática seria a confecção das máscaras. Então ofereci um texto informativo sobre o tema e pedi que pesquisassem na Internet mas antes disso os alunos Ruan e Ângela trouxeram desenhos belíssimos (anexo), que foram expostos no mural externo. O aluno Felipe pediu papel para desenhar também. Na quinta feira desta semana quem ia terminando a tarefa pedia papel para desenhar máscaras deixei à vontade. Nós ainda não tínhamos estudado esse tema e eles já estavam querendo fazê-las. Pedi para que observassem os detalhes: cores e formas das que foram trazidas da Internet e que faríamos primeiro máscaras desenhadas, depois modeladas no balão e com atadura de gesso. Teve três alunos que chegaram no outro dia sexta-feira com a máscara feita no balão e outros com a atadura de gesso. Esse interesse é lindo e espontâneo.

Então lemos o texto coletivamente dentro dele expliquei o que é singular e plural devido à uma atividade escrita. Então todos poderiam desenhar sua máscara inspirando-se ou não nas expostas na sala.

Na vigésima segunda semana, fizemos as máscaras modelando-as no balão. Eu havia recebido um telefonema dia 07/10 de um jornalista do Correio Brasiliense (por indicação da minha professora do Curso Carmem Batista) pedindo para conversar com a turma e fotografá-la para uma Edição Especial do jornal que estaria em circulação no dia 15 de outubro em homenagem ao Dia do Professor e por estar trabalhando com o projeto desde o início do ano letivo. Concordei e logo comuniquei às crianças e a direção da Escola. A visita aconteceu exatamente no dia da confecção das máscaras africanas. Como não deu para eu explicar significado daquela atividade no momento, solicitei que a jornalista fizesse contato depois da aula. Ela fez, expliquei por telefone fazendo um resumo de todo o trabalho desde o início

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até aquela aula. Quando terminei de falar ela disse: - A Pâmela já me falou tudo isso. Disse também que queria ter o cabelo igual ao seu, que vai ser professora quando crescer e ensinar esse assunto. Eu disse a jornalista que a maioria da turma sabe falar sobre essa temática, não somente os por ela entrevistados.

Na seqüência dos estudos e atividades confeccionaremos as máscaras de gesso e na culinária o Acarajé, iguaria considerada patrimônio histórico e cultural, assim como a Capoeira. Antes da Semana de Consciência Negra estudaremos a figura histórica de Zumbi dos Palmares, a formação dos Quilombos, os principais Quilombos e remanescentes deles no Brasil.

Está previsto ainda o Concurso para escolher a arte da camiseta que usaremos na semana do dia 20 de novembro, conforme combinado com a turma A pintura de tecido com tinta extraída de vegetais, e ainda um estudo sobre a música que é um importante veículo para perceber a presença africana entre nós. Para enriquecer essa atividade está convidado um músico e artista plástico negro Josafá Neves para que a turma possa entrevistá-lo. Na ocasião, ele fará uma oficina de percussão.

Fiz o relato da experiência falando apenas das principais atividades. Existiram outras que não foram mencionadas: histórias que abordam o tema inclusão, teatro (O Tesouro dos Índios), estudo de animais africanos depois de uma visita ao zoológico, debates sobre reportagens que viram na televisão e situações de racismo relatadas por eles, vistas nos seguintes programas: Todo Mundo Odeia Cris – TV Record, Eu a Patroa e as Crianças - SBT e As Visões de Raven – SBT. Textos informativos sobre cada assunto estudado. Procurei sempre integrar essas discussões e ou atividades com outras áreas do conhecimento por acreditar não haver conhecimentos estanques, um assunto está inserido no outro. Às vezes o despertar das habilidades e competências aconteciam a partir de um assunto sobre África, em outros momentos, de outras áreas do conhecimento para o estudo de África e afrodescendentes.

Segue em anexo atividades e ou registros fotográficos de acordo com a ordem cronológica em que aconteceram até o momento e por último, uma amostra do trabalho realizado em 2007 com a Etapa II C.

Encerro minhas explanações com o seguinte dizer:

ENSINAR EXIGE RISCO, ACEITAÇÃO DO NOVO

E REJEIÇÃO A QUALQUER FORMA DE DISCRIMINAÇÃO

Paulo Freire

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CONTEXTUALIZAÇÃO

O CEF 18 localizado à QSD 32 área especial n° 1 e 2 foi inaugurado em 31 de março de 1970 como Centro Educacional de Taguatinga Sul, tornando-se depois Escola Normal de Taguatinga (ENT).

A Escola possui um excelente espaço físico com quadra de esportes, área de refeitório, parque, laboratório de informática (desativado), sala de vídeo, sala de leitura, sala de psicomotricidade (sala de música), biblioteca e uma ótima área verde. A Escola tem ainda um prédio onde funcionavam as turmas de Educação Infantil. Hoje, sendo utilizado pela Equipe de Altas Habilidades.

A Escola tem no total 115 funcionários, 658 alunos sendo 12 turmas no matutino e 13 no vespertino, a saber: 6 turmas de 1o ano, 4 turmas de 2o

ano, 6 turmas de 3o ano, 5 turmas de 3a série, 4 turmas de 4a série. Considerada Escola Inclusiva, possui 5 turmas reduzidas em virtude de terem Alunos Portadores de Necessidades Educacionais Especiais (ANEE). A direção é composta por cinco membros em cargos comissionados: diretos, vice-diretor, supervisor pedagógico, supervisor administrativo e secretário escolar. Conta ainda com a equipe psicopedagógica e um orientador educacional.

O 3o ano B fazendo parte desse universo escolar é formado por 35 alunos de 8, 9 e 10 anos (este último apenas 1) que estudam no turno matutino. Trata-se de uma turma com um ótimo potencial de aprendizagem, conseqüência de um bom nível sociocultural. No geral são crianças que viajam, tem acesso a leitura fora da escola, a maioria tem acesso a computador, freqüentam cinema, shoppings e atividades culturais. Dois alunos recebem atendimento da equipe de apoio à aprendizagem, e à medida da necessidade, aula de reforço em horário contrário juntamente com outros alunos.

A turma participa de forma efetiva de todas as atividades propostas demonstrando interesse e satisfação.

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JUSTIFICATIVA

Embora esteja atrasada no ensino-aprendizagem da temática racial, toda essa ação justifica-se na lei 10.639/2003. Foi somente em 2007 que me descobri negra, que passei a estudar o tema. Meu primeiro curso foi: NEXOS E REFLEXOS DAS VOZES DA ÁFRICA em setembro/2007. Esse estudo me abriu um leque, à medida que eu ia aprendendo proporcionava discussões na sala de aula. Quanto mais lia mais queria. Fui percebendo a necessidade de abordar esse assunto com as crianças, para que elas conheçam a verdadeira história dos negros no nosso país, as conseqüências de terem sido povos subjugados, escravizados e abandonados à própria sorte. A situação do negro hoje com a falta de oportunidades, a discriminação racial, o preconceito etc. No primeiro semestre letivo de 2008 fiz mais dois cursos oferecidos pela EAPE (Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais de Educação): MEMÓRIAS D’ÁFRICA e a ÁFRICA ESTÁ EM NÓS desse último completei a frase e dei nome ao meu trabalho com as crianças. Como me apaixonei pelo tema, descobri a necessidade de ensiná-lo e estou me preparando para o mestrado e na seqüência doutorado. Falar de África, afro-descendentes e sua cultura faz parte de minha vida não só profissional, mas também social.

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RESULTADOS OBTIDOS

Depois de ter passado pela situação de racismo na Escola relatada nesse trabalho me dei conta de que estava incomodando alguém. Confesso que ganhei mais forças, então pedi autorização da direção para utilizar um espaço da parede do corredor principal da entrada da Escola. A intenção foi montar um mural informativo que a princípio teve o nome: A ÁFRICA ESTÁ EM NÓS E NÓS ESTAMOS NA ÁFRICA, no dia 12/05, véspera do Dia Nacional de Combate ao Racismo. No mural, coloquei informações, dados estatísticos, cartazes, imagens positivas da África, frases de lideranças negras, fotos e trabalhos dos alunos que seriam produzidos semanalmente. Percebi que chamou a atenção. Alunos, auxiliares, comunidade escolar, todos paravam para olhar. Queria com isso que a escola fosse se acostumando com a temática e principalmente ir se apropriando de conhecimentos sobre África que nos foi negado. Foi a partir de um trabalho para esse mural que fui convidada para relatar essa experiência aos professores do curso: Alfabetização e Linguagem. Neste dia recebi outro convite para outra escola (anexo). Ainda nesse mês fui convidada pela Gerente de Formação da EAPE para participar do II Colóquio de Tutores abordando a temática, infelizmente não pude ir pois a atividade aconteceria no horário da minha regência e a prioridade são meus alunos. Fui solicitada também para expor material produzido pela turma no II Fórum Educação e Diversidade Étnico-Racial DF, que aconteceu nos dias 24 e 25 de junho (anexo). Comecei a ouvir de pais de alunos que eles estavam envolvidos com o assunto, faziam comentários em casa sobre as aulas, estavam atentos à reportagens da televisão, e o melhor, que estavam defendendo a população negra. Ouvi também que um filho mudou muito o comportamento depois dessas discussões. Isso começou a ocorrer de forma espontânea. Esses depoimentos partiram das mães, do Ruan, da Pâmela, do João Pedro Felício e da mãe do Daniel. Realizei reunião de pais do 3o bimestre dia 02/10, e conforme combinado na última, expliquei como os estudos têm acontecido, que assuntos trabalharia e como poderiam contribuir para melhores resultados. Pedi que respondessem um pequeno questionário sobre o trabalho (anexo).

No segundo semestre mudei todo o mural colocando o título Africanidades. Divulguei outras informações sempre mostrando imagens positivas dessa região tão discriminada pelo restante do mundo (anexo). Como convidada da professora Carmem Batista participei da inauguração do Espaço Afro Brasilidades no dia 01/10 mais uma vez expondo material produzido pela turma. Queria mesmo incomodar, não dessa forma sendo agredida mas no sentido de despertar, tocar as pessoas para esse assunto que é lei desde 2003 e ainda não está sendo cumprida. Eu também não trabalhava. Não sabia, não estudei isso na minha formação. Vejo que em pouco tempo de estudos e descobertas tem sido muito bom, tenho aprendido junto com a turma e alcançado resultados positivos. Ouvi da aluna Pâmela: - Quando

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crescer vou ser professora e vou ensinar esse assunto. Senti um orgulho imenso em saber que despertei nessas crianças esse respeito pela população negra. Elas nunca mais serão as mesmas.

Para o mês de novembro fui convidada a apresentar a coreografia da música: Salvador Negro Amor dia 25 no Fórum de Rendimento do BIA e encerramento do CEFORM Centro de Formação da UNB.

Farei também a exposição de trabalhos dos alunos no Terreiro de Candomblé Ilê Asé Logum Cetomi, além de explanar a prática pedagógica na implementação da lei, no I Encontro de debates sobre Culturas Negras, que ocorrerá dias 25, 26 e 27 de novembro. Sempre que levo os trabalhos para expor, comunico a turma e explico sobre o evento. Gostaria mesmo era de levá-la junto para que pudesse falar das suas produções. As crianças ficam orgulhosas.

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AVALIAÇÃO

O ano letivo encerrará dia 18 de dezembro, ainda está previsto estudar mais alguns assuntos. Já posso afirmar que atingi meus objetivos com essa turma. Isso é visivelmente comprovado nos textos dos alunos, conhecimento adquirido e mudanças de posturas relatadas pelos pais. Observei que o trabalho esse ano tem sido mais rico devido à quantidade de alunos. A turma de 2007 era formada por apenas 18 alunos (turma reduzida) e os estudos se iniciaram em setembro não dando tempo de ampliar as discussões. Esse ano com a turma de 35 alunos os estudos estão mais interessantes, pois são mais crianças interagindo, pesquisando, interrogando e provocando seus familiares. Numa entrevista à turma para construção do diagnóstico inicial (ainda no primeiro semestre) fiquei surpresa quando vários alunos disseram gostar mais das aulas de artes e estudar sobre a África. Ali percebi que o trabalho teria uma dimensão maior.

Como já mencionei anteriormente somente em 2007 enegreci, a partir da leitura de um texto sobre o cabelo que é um motivo de grande sofrimento para nós mulheres negras. Alisava-o para disfarçar o sofrimento por ser considerado na nossa sociedade um cabelo que não agrega qualidades: duro, de bombril, pixaim, impermeável... A partir disso (assumir meu cabelo crespo) tive que explicar na minha família, no meu local de trabalho, para amigos o que aconteceu comigo, já que estava sendo cobrada. Obviamente aos meus alunos, ter uma professora negra assumida para as crianças negras é ótimo, elas se vêem numa imagem positiva. Hoje vejo o tanto que isso é importante. Como vou incentivar meu aluno a se aceitar? Amar sua cor, seu cabelo, sua origem se eu não o faço?

Queria relatar isso para ilustrar que incomodei, esclareci, ensinei e me fiz respeitar por todos que participam da minha vida diretamente. Quero que todas as crianças que forem meus alunos tenham essa descoberta ainda na infância. Amarem-se, valorizarem-se do jeito que são para que possam ser jovens e adultos mais felizes nessa sociedade tão preconceituosa e desigual.

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... A longo prazo a contribuição especial que a África dará ao mundo será no campo do relacionamento

humano. As grandes potências podem ter realizado maravilhas ao conferir ao planeta um aspecto

industrial e militar, mas o grande dom ainda virá da África – dar ao mundo uma face mais humana...

Steve Biko

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ANEXOS

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FRASES EXTRAÍDAS DOS TEXTOS PRODUZIDOS PELOS ALUNOS EM 15/09

• A África é um continente lindo que tem negros. Eles cuidavam de lá com carinho. Eram pobres mas tinham como se cuidar, eram todos uma família. (Ângela Moura)

• Muitos negros passam por discriminação racial por ter muita melanina como: bolinho queimado, cabelo de bucha, não brinca com ele porque é negro. (Paola)

• Eu não queria está no lugar do negro para ver como é sofrer, por isso eu não discrimino o negro. (Daniel)

• O respeito com os negros é essencial, o povo negro sofre com muita discriminação. Poucas pessoas respeitam mas deviam porque todos são iguais. (Vinícius Seabra)

• As pessoas negras sofrem com a discriminação elas sofrem pela cor da pele, por causa do cabelo e a falta de oportunidades. (Agatha)

• O mais triste é que até hoje a escravidão existe. Os brancos chingam os negros e isso é muito triste. (João Marcos)

• Eu tenho muito orgulho de ser negro eu goto muito. (João Pedro Felício)

• A África é um continente lindo e maravilhoso e tem muitas coisas lindas. (Izabelle)

• Nós temos que ter respeito com os negros principalmente os que são parentes. (Ruan)

• A África foi o primeiro continente que teve seres humanos. (Letícia)

• A África tem cinqüenta e três países e nove desses países são os mais pobres do mundo. (Luana)

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• Respeite meus cabelos e todos os cabelos. (Rafael)

• O continente da África é um lugar lindo cheio de cultura e dança. (Danielle)

• Os escravos eram chicoteados eles tentaram fugir, eram presos com correntes no pescoço, no braço, na perna. Eles se juntavam e fugiam. (Larissa Aires)

• A ligação da África com o Brasil é que o Brasil tem muitos e muitos negros descendentes de lá. (Marcu Júnio)

• O respeito ao negro é não falar mal deles tipo: negão, carvão, cabelo de bombril e muito mais. (Juliana)

• Espero que isso acabe discriminação, chingamento e tenha mais respeito aos negros. (Tatiane)

• A África é um continente que nos leva a muitas belezas. (João Pedro Ferreira)

• O Brasil é uma parte da África. (Marcos Vinícius)

• Há muitos e muitos anos atrás o mundo era uma bola todos os continentes eram pregados, até que houve terremotos que foi rachando e o Brasil era pregado na África. Até hoje o Brasil se encaixa na África. (Luís Gustavo)

• O povo negro não deve ser discriminado, eles são como nós brancos. (Nathália)

• A África tem belezas, riqueza e bichos. (Luís Carlos)

• Os negros sofrem discriminação. Os brancos podiam entender e não ficar discriminando os negros. (Vinícius Cavalcante)

• A África tem muita miséria, mas não é só isso tem muitas alegrias. (Fernanda)

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• Da África vieram cerca de cinco milhões de escravos para o Brasil e foi só alguns países que mandaram escravos. (Augusto)

• A África tem muitos bichos ferozes e o maior deserto do mundo está na África. (Marcelo)

• Vamos ter respeito com todo mundo. (Lucas)

• Os negros sofrem discriminação por causa da cor da pele, do cabelo, nariz, testa. (Luísa)

• A África tem muitas coisas bonitas como: as savanas, animais, comunidades e lindos países. (Nathália)

• Augustinho Neto foi um líder negro. Ele foi preso três vezes por pedir assinaturas das pessoas. (Ananias)

• Eu sei que a África tem muitas belezas com animais bonitos igual nosso país. (Nilson)

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