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A GENESE DO DIREITO A SAUDE NO BRASIL

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A GENESE DO DIREITO A SAUDE NO BRASIL

A GENESE DO DIREITO A SAUDE NO BRASILA doena, a dor e a morte so companheiras indesejveis dos seres humanos, no podemos neg-las. A sade, em contrapartida, faz parte de nossos desejos e aspiraes para termos qualidade de vida.

Alis, a sade talvez seja um dos aspectos da vida cotidiana que desperte com mais clareza os sentimentos de justia e igualdade social.

a sade como direito resultado de um longo processo de conquistas, respaldado por tratados internacionais e construdo com a participao dos governos e dos cidados

Antecedentes internacionaisO entendimento da sade como direito de todos, assegurado pelo Estado, foi proclamado na Declarao Universal dosDireitos Humanos pela Assembleia Geral da Organizao das Naes Unidas (ONU) em de 10 de dezembro de 1948. Embora o documento no representasse obrigatoriedade legal, constituiu-se em uma poderosa ferramenta de presso diplomtica e moral sobre os governos. Antecedentes internacionaisEsta declarao deu origem ao Pacto Internacional dos Direitos Econmicos, Sociais e Culturais, acordado pela Assembleia Geral da ONU em 1966.

O Pacto tratou a sade como um direito em que o Estado tem a responsabilidade de assegurar a todas as pessoas o elevado nvel de sade fsica e mental. Entre outros compromissos acordados, destacaram-se a diminuio da mortalidade fetal e da mortalidade infantil, bem como o desenvolvimento saudvel das crianas.

No Brasil, o Pacto foi adotado apenas em 1991, com o Decreto Legislativo n. 226, em vigor a partir do ano de 1992 (PACTO..., 1966)Antecedentes internacionaisEm 1978, surgiu a proposta internacional de priorizao da ateno e dos cuidados primrios de sade na Conferncia Mundial de Sade de Alma-Ata (Cazaquisto), promovida pela Organizao Mundial de Sade (OMS). A Declarao de Alma-Ata norteou polticas de sade e apontou a ateno primria como caminho, para que as pessoas alcanassem um nvel de sade capaz de possibilitar seu desenvolvimento social e econmico.Antecedentes nacionaisComo em todos os outros aspectos da histria do pas, a constituio da sade como direito tambm sofreu influncias do contexto poltico-social pelo qual o Brasil passou ao longo do tempo.

Comeamos a contar essa histria, a partir da dcada de 1970, quando tiveram incio as principais mudanas que culminaram, em 1988, com o reconhecimento da sade como direito de todos e um dever do Estado brasileiro.Antecedentes nacionaisNa dcada de 1970, os governos militares entendiam a sade como um problema exclusivo do indivduo e no como um fenmeno de sade pblica, de carter preventivo e coletivo.

As decises sobre as aes de sade eram centralizadas no nvel do governo federal e o financiamento das mesmas sofria forte influncia do capital internacional, que priorizava um modelo centrado na assistncia hospitalar.

O modelo de sade vigente dividia os brasileiros em trs categorias: os que podiam pagar por servios de sade privados; os que tinhamdireito sade pblica por serem segurados pela previdncia social (trabalhadores com carteira assinada); e os excludos, que no possuam direito algum.Antecedentes nacionaisIndicadores socioeconmicos e de sade mostravam a situao alarmante vivida por parcela importante da populao brasileira. Para se ter uma ideia, citamos alguns exemplos na Tabela 1: a esperana de vida ao nascer era de 53,5 anos; cerca de 1/3 da populao feminina era analfabeta e a taxa de mortalidade infantil chegava a 115,0 bitos de menores de um ano para 1.000 nascidos vivos. Quase 70% dos indivduos eram pobres e as coberturas de saneamento e de energia eltrica eram muito baixas.

Antecedentes nacionaisEsse contexto socioeconmico desencadeou a organizao e o fortalecimento de vrias associaes de defesa dos direitos dos cidados, entre elas, as que lutavam pelos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e as de intelectuais da rea de sade organizados no Movimento da Reforma Sanitria. Antecedentes nacionaisNo incio da dcada de 1980, a crise na Previdncia Social associada a fatores como a efervescncia poltica aps a queda do regime militar, o processo de redemocratizao do pas, a reabertura poltica em meio profunda crise econmica, a estagnao do crescimento e o descontrole da inflao levaram o Movimento da Reforma Sanitria a contar tambm com o apoio de vrios segmentos da sociedade que buscavam a implementao dos direitos sociais.

Antecedentes nacionaisO movimento fazia severas crticas ao modelo de ateno sade vigente e propunha a ampliao do conceito de sadedestacando sua relao com a alimentao, a moradia, o lazer, a renda e a educao.

Esses fatos contriburam para a reforma do sistema de sade brasileiro que tem como marco a realizao da 8a Conferncia Nacional de Sade, cujo lema era Sade, Direito de Todos, Dever do Estado, em maro de 1986.

A conferncia contou com a participao de mais de quatro mil participantes mil delegados escolhidos para representar usurios e trabalhadores da sade e os demais eram representantes das trs esferas de governo, intelectuais, universitrios, parlamentares e partidos polticos. Antecedentes nacionais

Antecedentes nacionaisFoi o relatrio final da 8 Conferncia Nacional de Sade que orientou os deputados constituintes, responsveis pela elaborao da Constituio Federal de 1988, a promulgar a sade como um direito de todos e um dever do Estado.Art. 6. So direitos sociais a educao, a sade, o trabalho, o lazer a segurana, a previdncia social, a proteo maternidade e infncia, a assistncia aos desamparados, na forma desta Constituio (BRASIL, 1988).Art. 196. A sade direito de todos e dever do Estado, garantido mediante polticas sociais e econmicas que visem reduo do risco de doenas e de outros agravos e ao acesso universal e igualitrio s aes e servios para sua promoo, proteo e recuperao (BRASIL, 1988).Antecedentes nacionaisO conceito de sade passa a ser centrado na preveno de doenas e na promoo da sade.

A sade no apenas a ausncia de doena, ela est relacionada com a qualidade de vida da populao, que compreende alimentao, trabalho, nvel de renda, educao, servio de sade, meio ambiente, moradia e lazer.

Essa nova concepo de sade se materializa nos princpios e nas diretrizes do Sistema nico de Sade.