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' I . . '4

4 /k t f

R E P E N S A N D O A G E O G R A F I A

DAS LUTAS

NO CAMPO

ARIOVALDO U. DE OLIVEIRA

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Copyright O 1988 Ariovaido Umbelino de OliveiraColeçâo: REPENSANPO A WOGRAFIACoordenador: Ariovaido Umbelino de OliveiraProjeto Gráfico e de Capa: Sylvio de Ulhoa Cmtra Filhoi$ecuçãp de capa: C&ar LanducciRevliáo: Rosa Maria Cw y Cardoso e ~ a n d i d a ~ ~ .. PireiraCo~nposiCào:Veredas Editorial

1111l)rc~vníoAcohrrnrc~r~o rhflcu Círculo

FICHA CATALOGR&ICA ELABORADA PELABIBLTOTECA CENTRAL- UNICAW

Oliveira, Ariovaldo Umbelino deOL4g A geografia das lutas no campo / AriovaidoUmbelino de Oliveira-

6! ed.- São Paulo: Contexto, 1994.(Coleção Repensando a Geografia)

ISBN 85-85 134-13-51. Conflitos sociais. I.Titulo.

fndices para catllogo sistemltico:

1. C~nflitosociais 305.56: 'dU.Abf*

l ? edição: abril de 19886! edição: setembro de 1994

1994Proibida a reprodução total ou parcial.Os infratores serão processados na formaTodos os direitos reservados à

EDITORA CONTEXTO (Editora PinskyRuaAcopiara, 199- SO8+llO - ão Paulo-Fone: (011) 832-5838 - ax:"@f1')%32-356

Meu senhor, minhasenhora ..Mepedirampradeixar de lado toda tristeza

Pras6 trazer alegrias e não falar de pobreza

E mais,

Prometeramse eu cantasse feliz

Agradava comcerteza.

Euque não possoenganar,

Misturo tudo quevi

Canto semcompetidor

Partindoda NaturezaDo lugar onde nasci

Façoversos comclareza

Arrima, pelo e tristeza

Nãoseparo dor de amor

Deixo claro que a firmeza do meu cantoVem da certeza quetenho

De que o poderquecresce sobre a pobreza 1E faz dos fracos riqueza

Foiquemefez cantador. 3& 8riti.Wvjrr

M A R XIRAW(!q $c

(Geraldo Vandré- Terra Plana)

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A memória do companheiroJOSÉ EDUARDO RADUAM

(último presidente do INC RA)que morreu trabalhandollutando

...ela REFORMA AGRÁRIA

epara MALU, sua companheira,que datilografava os originaisdeste livro quando Raduam"desapareceu" na Serra dosCarajds, no sangrento sudestedo Pará.

O Autor no Contexto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..ll1. A Geografiade uma História de Lutas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15

2. Conflitos Sociais no Campo: Um Histórico . . . . . . . . . . . . . . . . 19

3. Geografia da Violência pós-64 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

4. Situação Atual dos Movimentos no Campo . . . . . . . . . . . . . . .5 5

5. Questão Agrária: Militarizaçáo e "Nova República" . . . . . . . . . . 83

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .ugestões Bibliográficas .97

O Leitor no Contexto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

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iO A U T O R N O C O N T E X T O

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r . * ; I , - ,\&$<, , y . # , . 1 \ , -,, -, .; 7 % * ,

7 r.ArWaltjb IdmLseiIino-de OiiveiranQSWndáI$anJml~de3%ntaRi-

Wd&Wsst4 . W& ~ JntierMr/d@ iaPacrb, $ cremtxm em PortoFerrei-L$

-18ãoPiaderi+xixms~i~glrnso1io Mogi:Guaçu. Ele lá, n u n a esque

w u hoje;~smrpm ue4pbfle; oge ,paraas baffmoas do &.para pes

'Wr % - ~ d e s m ~ a f iosta de futebol e é aidoroso tomdor dga'W w'&iam& ,timeqw$&ois de mais de vinte a w s de espera e g o ~ @ % s:& ,#qmEjdnPiii:&alegriadeurna vitória de carnpmato. . % . .

b,(i~ - f $ d b, Vabalhadorwf rAriovaldo sempre dis@t( ,~wmo p@i

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Curriculares para o Ensino de Geografia de primeiro e segundograus.

Publicou vários artigos em revistas científicas (Boletim Paulistade Geografia, Terra Livre, Revista do Departamento de Geografia daUniversidade de São Paulq.- USP, Orientação, Caderno Prudentino deGeografia, Boletim Goiano de Geografia, etc.) e é autor dos livros Mo-do Capitalista de Produção e Agricultura, Amazônia: monopólio, expro-priação e conflitos e A Amazônia.

É coordenador da coleção Repensando a Geografia.Além de tudo isto, Ariovaldo encontra tempo para "curtir" seusfilhos Úrsula e Emiliano e sua companheira Bernadete.

Ariovaldo responde agora as quatro perguntas formuladas:

1. Por que você está estudando as lutas no campo?R. A realidade de nossos dias tem gerado uma sociedade que se ur-baniza velozmente. Esta urbanização, comandada pelo processo deindustrialização que o campo está conhecendo, criou rapidamente umforte contingente de trabalhadores rurais-urbanos. O fenômeno do"bóia-fria" A hoje nacional. Isto ocorre porque se está implantando no

campo o modo industrial de produzir. Este fato, incontestável, tem feitocom que vários colegas autores tratem o campo como se trata a cida-detindústria, esquecendo que as especificidades de cada um não fo-ram ainda eliminadas. Esquecem também que este processo geral deexpansão das relações de trabalho assalariado pelo país, é, antes detudo, contraditório. Simultaneamente, há a dominação, quase absoluta,do trabalho assalariado nas médias e grandes propriedades e no pre-domínio igualmente quase que absoluto, do trabalho familiar nas pe-quenas propriedades. Outra questão está no fato de que a luta peloacesso à terra, tem aumentado em nosso país, de certo modo contra-riando a teoria geral da expropriação/proletarizaçáo inevitável dos pe-

quenos camponeses. Tudo isto, mais a paixão pelas questões docampo, nascida das discussóes e longas conversas com meu paiFrancisco, influenciaram na decisão do estudo. Soma-se a tudo isto, ofato de que, muitas foram as vezes, em que eu fui com o "caminhãoda turma" (bóias-frias) para a fazenda, onde meus tios trabalhavam,para passar as férias escolares. A consciência e a opção foram sendomoldadas pela vida e pela frase de meu pai, definindo o quadro dasrelações de trabalho do final da década de 40, quando ele deixava ocampo: "Eu tive que comprar a minha liberdade". Portanto, quem nas-ceu e cresceu na revolta, só poderia um dia estudar as lutas no campo.Foi por estes caminhos que o trabalho foi sendo construido.

2. O campo está em guerra?R. Um dia, em Cuiabá, num encontro de estudantes, um aluno levan-tou, maliciosamente, esta questão. Respondi:Háduas respostasa estapergunta. A primeira procura revelar o quadro de violência existente nocampo,onde trabalhadores vão sendo assassinados sem que os jagun-ços e mandantes sejam sequer indiciados em inquéritos. As lutas dosjrabalhadores, como todos sabemos, têm ganho em organização, emdecorrência deste estado de "ausência" de justiça. A geografia das lu-

tas mostra que o campo tem várias frentes de confronto que não po-dem ser ignoradas pelos teóricos da revolução operária exclusiva. Aí,vem a segunda resposta. Os colegas que têm optado por uma visãodo mundo, via revolução operária industrial urbana, exclusivamente,acham que estudar as lutas no campo significa negar por antecipaçãoa força histórica do operariado e imediatamente colocar no centro darevolução, os camponeses. Estão no mínimo, equivocados. O que pro-curamos fazer é entender a totalidade da nossa sociedade, sem des-truir as especificidades entre o campo e a cidade. Dai entendemos quehá uma guerra instaurada no campo, uma luta aberta entre o capitalmultifacetado e os trabalhadores, camponeses ou não.

3. Por que sua paixão aumenta quando você escreve sobre os índios?R. Uma das coisas mais fantásticas que descobri em minha vida foi ofato de que era descendente de índio. Esta alegria se acentuou quan-do cedi meu sangue para ser estudado por uma cientista (da MedicinaPinheiros) que descobrira um gene especifico dos povos indigenas bra-sileiros e o exame foi positivo. Assim, falar dos irmãos índios é falar dagente mesmo: da luta pela autodeterminação ao direito à vida. E umacoisa que vem do coração. A paixão A a p rh nd içã o para começar aescrever sobre os Indioç. Mas a paixão é, também, condição importan-te para se conscientizar do quadro vivido pelas nações indígenas e pa-ra se lutar contra sua destruição. Nossa sociedade tem que, rapida-

mente, entender a necessidade histórica da autodeterminação dos po-

vos indigenas, ou então, também seremos partfcipes deste massacrehistórico a que eles têm sido submetidos.

4. Como você consegue conciliar seu trabalho da universidade com aatuação unto ao s movimentos no campo?R. Acho que isto decorre de uma opção de vida. N6s em casa conse-guimos adequar/transformar nossa vida particular e profissional nabusca e na participação nos movimentos de nossa época. Viver paran6s, e para nossos filhos, tem sido viver estes movimentos. Frequen-temente encontramos, em casa, o Emiliano (nosso filho de 6 anos)

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cantando a música da reforma agrária ou a Espinheira do Duduca eDalvan. A Ursula (11 anos) transpõe para seus trabalhos escolaresaquilo que viu dos índiosem Mato Grosso. E daí para frente, tudo tempassado pela opção de vida. Soma-se a isto minha opção intelqctualcomo pesquisador. Elatem sido construida pelos caminhos da neces-sária articulaçãoentre a teoria e a prática. Por isto veja como funda-mental a participação, sempre que necessária e posslvel, nos movi-mentos. E mais, fazer pesquisa para mim é ir em buscados estudos

concretos, indo lá no campo ver a luta de perto. Meu trabalho na uni-versidade vai sendo produto/açáo desta práticade vida que os mais"filósofos" chamamde práxis.ia -7, ,r eaul?# B W.

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'w Conflitos sociais no campo, noBrasil, nãosão uma exclusividadec& nossos tempos. São, isto sim, umadas marcasdo desenvolvimentoe doprocesso deocupação do campo no pais.

0s povos indigenas foram osprimeiros a conhecerem a sanha deterra dos colonizadores que aqui chegaram. Este genocidio histórico aque vem sendo submetidos, háquase quinhentos anos, ospovos indl-genas brasileiros não pode ficar fora das muitas histórias de massa-cres nutampo.

O território capitalista brasileiro foi produto da conquista e des-truição doterritório indígena.Espaçoe tempo do universocultural índioforam sendo moldados ab espaço e tempo do capital. O ritmo com-passado do tiotac do relógio no seu deslocar temporal, nunca foi amarcação do tempo para as nações indígenas. Lá, o fluir da históriaestá contadopelo passar das"luas" e pela fala mansa dos maisvelhos

registrandoos fatos reais e imaginários.Talvez, estivesseaí o iníciodaprimeira lutaentredesiguais. A lu-

ta do capital em processo de expansão, desenvolvimento, em buscade acumulação, ainda que primitiva, e a luta dos "filhos do sol" embuscada manutençãodoseu espaço de vida noterritório invadido.

A marca contraditória do país que se desenhava podia ser bus-cada na luta pelos espaços e tempos distintos e pelos territórios des-truídos/construidos.- ' Esta luta das nações indígenas e a sociedade capitalista euro-

'"ia primeiro, e nacional/intemacionaIhoje, não cessou nunca na his-tijria do Brasil. Os indigenas, acuados, lutaram, fugiram e morreram.

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Na fuga deixaram uma rota de migração, confrontos entre povos e no-vas adaptações.

A Amazônia é segurapente seu Újtimo reduto. Mas a sociedadebrasileira capitalista intemaclon'alizada ihsiçfe na sua capitulação. OBanco Mundial acena com Rçursqs para a demamqáo de suas "pri-sões". As "reservas" indi enas, fryões d~ território capifalista paraaprisionar o' tenit6rio%b&!ri~ii~&ha, sáo deri-tariiadd&$ara !30 seremrespeitadas.

Novamente espaços e tempos distintos são produtos da luta de-sigual do e no território. O espaço liberto e o tempo lunar do índio sãonovamente sacudidos pelo tempo do relógio e pelo espaço-prisão docapital.

Tal qual no passado, esta luta continua, com um único derrotado:o índio, e com ele uma fração da humanidade.

Simultaneamente A luta dos indígenas contra o tempo e o traba-lho dos brancos capitalistas, nasceu a luta dos escravos negros contraespaços e trabalhos para os senhores fazendeiros rentistas.

Quilombos surgiram, Palmares cresceu. Zambi nasceu, GangaZumba lutou, Zumbi morreu. Na terra da liberdade e do trabalho de to-dos nasceu, no seio do território capitalista ~olonial, teni'tdrio livre, li-

berto, dos africanos/brasileiros escravo% mercadorias antes de traba-lhadores, para aprimitiva acumulação do capital já" mundializado.

Palmares cresceu, negros acolheu e brancos juntou.,Procurava-seconstruir, agora por dentro, o território da liberdade negra da África noBrasil. A produção coletiva nativa era crime contra a lógjcra da produ-ção privaddexpropriada do escravo pelo senhor.

A guerra/destruição de Palmares viu a presença dos bandeirantes- Domingos Jorge Velho e outros - destruidores da ,terra da liberdadenegra, índia, brasileira, jagunços históricos dos senhores rentistw doaçúcar. , 7 .

Hoje &são utros os jagunços da kist4fiatelas classes dominaritw

que desde os tempos da ditadura militar dos snas sessenta e setenta;vêm tomando a bandeira da gwerraldestmição das terras de trabalhodos posseiros dos povoados empoeiradas, enlameados do sertão, @/ouda terra livre e do território sem cercas dos povos indlgemasda .Ama-zônia. ,

Os posseiros lutam numa ponta contra a expr~priaçáo,quecose-ra, e na outra; contra o jagungo, gendanne de plantão do latifundiárioespeculador e grileiro das terras indígenas. Não Ihes é dado sequer apossibilidade de serem senhores.de eu viv'a qer. Matam-osposseiros,seus defensores e seus seguidores. Matam a posqibilidadeda criação e

recriação do espaço liberto da prod_ugão amiliar! Matamldestroem 0- er-

rio liberto das posses livres e dEis terras de trabalho da AmazGniarante, da.Amaztlnia dos retirantes.- Mas da bta e da morteqmaatravessam esta,conquista do territb

telivo IivM dofmdio, na=m,%we repmduzém #as oças mmwnitá-QáO bDletWaiaÕ teWi tÓt iq l ik~a os posseiros contra a$a:exp@dfat$io 8 da proleWzagã0. .r -

2 T m m W e Fomqodazem parte dahistó-e pela liberdade no campo do pais. São me&

resist6nciae de mstnuçáo .dgsses eypmpriadosm ser.,propntat&ios coktivos deI b i p capitalista.São tambemcapital e dos capitalistas pe-

rdeuma destnaiçb inevitável. , .

t$veis e histórioabiias iirgas camponesas sacudiram o c ampno nos anos dnquenta e sessenta. A violdnciado golpe militarPoc;oil o anseio de lítjerdatk do moradorsujeitodbs, Iatífi.ndiosdò"~brdes te rasileib. Q@mm e h ~ t k i r a rn s lideranças

n e w em luta: Muítos "fugiram",' fm@indo,sumiram, forams: Mas n i l h o assim \á CbNTAd -'Cònfbdeaçãáo dos

res da Agricultura - nasceu e não morreu.o da Terra era , q a espécie de bandeira militar levadautap~~ra,travcSç dà guerra, impor a "paz na, erran. Mais

de 20tzs$rtrtm;c& míi l t"8 náo permitiram s m e r que o Esta-

(

tuto !3e

~ ~ ~ ~ N Qp â m p h 2 @elw.batalhas da terra, foicrssoanibi&b r a nd2 $d&d#ahwelo~quglitzitivhente.N$o m eunipemente o possehc.que\oou@ as - pms ,morrem também as lide-r a w s sindicais, aquela que os' apoiarn e defendem: os padres, ospastoras, osagentes pagtorais,os advogados, etc.

esta luta tambem chegou ;áo Congresso Constituinte. Os setoresreahon&ios, proprietários/latifundiários/rentistas não abrem mão dan e ~ s s i d a * & se irqpwtqr nq p m p o o principio legal injusto 9 i l ~ í -t i m ~ a '!jvkiapfh& fhenizaçáo em dinheiro da tcgrti $, dasbenfeitorias".

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No entanto, se da violência nasce a morte, nasceJamb4m a vida.O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem T e m é pi;odutt dessacontradição. A negaçãoh expropriação não é mais excluâivida$edo re-tirante posseiro distante: Agwa eia é pensada, artiwb&, 'e execuiadaa partir da cidadq com a presença dcas rctt irânfes~qem~iiiic$ade/so-ciedade insiste em rregar o direito à cidadania. Dirpitoagw&cowtwídoe conquistado na u ta pda rècaptura d6 esp~@/.tempo,~per;d'd~satrajetória história da expropriação. 9 - ,,.' < I ,

Acampamentos e assentamentos são novas [email protected] lutadequem j& lutou au decquem resolveu lutar pelo direito à:tetw livras aotrabalho libett6. 'A tetYa que pemite aos trabalhad~reg+.ie nos dotempo que o capital roubou e construtores do territ&io,coleti\i~okqweoespaço do capital não conseguiu reter h bala ou por press50As repo-rem~se/reproduzirem-se,no seio do território da sprdu@i3@eralcapitalista. I , . S .

Nos acampamentos, camponeses, peões e Wias-frjajj s p ~ n t g a mna necessidade e na-lutaa soldagem política de CmaaLin.ga ~s4 ;6 r i .

Mais que isso, a evolução da ação organizada das lide&an@s,bóia&frias, abre novas perspectivaspara os trabalhagores. $rev;e%nirj@sna

cidade para buscar conquistas sociais no campo sqo corpponentesainda localizados no campo brasileiro, sinal de que, estes trabalhado-

1 , )

res, apesar de tudo, ainda vivem e lutam.No entanto, se o horizonte do campo 68 Brasil c$ c~ntradltditbrip a

essência, é nessa contradido ou conjunto d6 'mntt&diÇõbsq$$se de-- <ve desenvolver a compreensãodessa realidade. "

Esta cdmpreensão-Sauramqntepassadesignkil dessas contradições e movimentos.paip pa'ra''2párticipdçao .doi gedgt~bs daáenvalvimento e~on&n ico : ' h i aVQ '~ l í t i cuinserem. . - I i . 1 1 ; - p ., 7;rr,

Este momento do desenvdvirriéntb do c @ ~ l s f i 6 ~ ~ * ~ n d d ~ e r i t z k lpara o campo, pois as bases para sua industrialiWQ& est9nEJi.l~iiÇ"ad&s,e o capital, feito rolo c o t b I p F ~ , ~ t U d ba g t P n a m a dà a~umulaçãoe da sua reprodução ampllad%i:É nesta.rdta.q~e'procuraiYrmnten-der os conflitos scsckís& a' lutapela tema no~Btãsil; .

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2O N F L I T O S S O C I A I S N O C A M P O :

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varn rio6 quilombos Wlas. Os quiloti~bos ram umsistema cornunit&rii ta para onde iam os negros que

. conseguiam íyg' zes eram cinco, seis casqs. ape-nas. Outras Je&hhegavam a @ar verdaBeiGs cidades. k t e s huklombos eram Qmpre perse uidbs , p g k p 6 r c i p s dos faze@eiros. ,Quando podia t a estnilam e& ;Sivar&os ne&os e o s ecapturadók eram

-levados deWolta para os e n m M S > J m eMam'duYmlente casügadas e"

marcados? (Comissão, 1987.)n ; t l

:. .E n tn os quif&nhhis; t d t 6 r i o negro livre no seio do latifúndio

branco europeu, Palmam foi r, grande exemplo de luta, resismcia edestruição. Lá~rdnamm ambi, Ganga Zumba e Zumbi, mas o jagun-ço/pistoleiro, q i t m o - m a t o , Domingos Jorge Valho (bandeirante deentão) e seus capangas a mando do atifdndiodestniíram o espaçdre-duto da liberdade negra: .

"O maior.dos quilombos foi o de Palmares, em Alagoas.- Este foi o quam@ s eppo.re$etiu aos ataques dos, farend eirq. essa r$s!st4ncia Quedurou' c e m ' d s &"e muW a

-IlderZumbi e B&ua capacidade

de big&i"za&o. O 6mero de neste qL'lbrn'Bo che@ú' a viriti3inil. Ed dina vedadeira cidade orlqe'os W r o s viviam numa comunidade&++ato:Al se fazia a 6xperiincia de Sraternidade verdadeira. Er a @ luparOnde ob negros se hentlmi iguais de hiulade. O: t@lamb'dos PalmaWtinha sua base na orgeuiizapão social-@ ~ M wd W @ ara :[email protected]*nder

,

-

gros continuaram a fugir das senzalas e a se agrupar nas &?restas, lu-Jtarldo p i á sdbrevivgncia'ewrâ~ r ã ã o d ~ ~ s s i 3 0 ,9876;-" '"?%-

L AS LUTASDE7ANUDOSE tWWl3HAW - ' 3:)

I1 I~IC.Jt):%

O 'fim da escravidão no século passado não foi suficiente pEmremover.as injustiças sociais; s.e nordesb latifundiário viu nascer no

sertáoqa uta sangremta de Canwbs. Camponeses e ExWtg lutaramviolentameritepwm i s de um ano: - . %c)

"...em 1896-1897, a Guerra de Canudos, nos sertões da Bahia, que du-rou cerca de um ano, tamb6m envolvera metade do Exército e milharesde camponeses e tivera uns cinco mil mortos entre estes, impondo seve-ras derrotas às forças militares." (Martins, 1981.)

Além de Canudos, no final do século, o inicio dos anos dez mar-cou, com a Guerra do Contestado talvez, o maior confronto armadoentre camponeses e o Exército no Brasil. De novo a violência esteve

I I

I

"A maior guerra popular da his'tbria contemporânea do Brasil foi a Guerrado Contestado, uma guerra camponesa no sul do pals, nas regiões doParaná e Santa Caiar@&de 1912 a 1916. Pkgarigf-u20"mil[gbelclgq, en-volveu metade dos efetivos do Exército brasileiroem 1914,mais uma tro-pa de mil "vaqueanos", combatentes irregulares..Deixou um saldo de pelomenos três mil mortos."(Martins, 1981.)

AS LUTAS DOSCOLONOSNA FAZENDADECAFÉ1,

Não eram apenas os camponeses nordestinos ou sulistaslos en-volvidos crom a luta pela liberdade, pois as greves dos colonos nas fa-zendas de oafé forach quase sempre reprimidas pelos capangas arma-

~ ~ ~ @ s . E l p samb6m wnstifulramwe no instrumento de lutarresisténciadDs colonos migrantesexplorados: , a .

' I <,W.J,, , 8 ,

r; "Em 18113:,aornal em Jlsigu~!taliana Fanfolla havia regietrado várimldÚ-i$ae d$,pyeves. Entre f W ; e ,1930, o Ratrorfato~&grlcolaum9 qgbijpiaestatal fundada em 1911 para mediar nos conflitqs,egtre faz,&ndeirosetrabllJ$io[aS.), bem q m o a imprensa dos trabalhadores, citam mais de

cev Qy$s na$ @z&çlas ,de'(~af6. mrvraa ~ a i q r i dessas greves.selimitasse a uma OnicaPzenda,'hoUve ,y m caso em $911, quandp cercade p l . ~ b p h a d o r e b e meia dúzia@ fazendás da dted de ~ragãnça n-

' t ra rd 'erh greve por vinierdias, e corno resuftadu'con'seg~immm ligeiroaumehfo hó pagamento. No anó segointe, trabalhadoresde mais de umadúzia de fazendas Iía>rea de 'Ribeiráo Pf&o eWaràm'm greve e tam-bém conseauiram um peqwno aumento sa@alI A maior greve do perio-

r '%?%?@?n~ mesma áréa em 191g m"a, embora móbiiiiassèèiitre dèzmil e quinzerv~,t<abqpadop+,@m$-~oum derrp$ total." (Stalcke, 1986.)

Em .ger@l stes movimentos eram ,provPcâdos pela deterioração%as reíaç@s,estabeleci& ,no colonato. Entretaqto QS fazendeiros de

café sempre reagiram, utilizando-se da repressão policial:

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tais como o p re N baixo.ten tativa de rq&@o do

~espaldo a jplíc@,conh3flguicq ro.m Bt a,greve ,amgaç~p& 06 W@klha-.

- . b , " , ... . I , . , , . . , ..i 4 t . ' , .i 0 i , . ' ;I :.g;;#As Wi;TAs~ M P Q L 6 i s A s ~ , ~ M ? M E A ~ ,jmmm'

. * ,& '. , - ' < 8

. .. .- ,c ,I '

Palmarw, Canudos, Contestado, greves nos cafezais paulidas,. UY

"Em Goiás, nessa época, ocorreram conflitos e expulsões que encontra-ram na Revolta de Trombas e Fonnosoa sua expressão maior. Em 1948,com a estrada Trarísbras"liaha,as terras do então municlpio de Uruaçu sevalorizam. Essa estrada viria a fazer parte da futura Rodovia Belém-Bra-sfliii, iniciada a constygão, da capital em 1956. No ano seguinte ao da

. , chegada da estrada a Uruaçu, camponeses originários do Maranhão e doPiaul, mas que viviam em PNro Afonso, no norte de Goiás, tambem cqe-garam à cegião, em grupo; liderados por José PorfIrii, e al i formaram pos-

ses numa área de terras devolutas. As mesmas terras, entretanto, foramgriladas por um ghJpo de fazendeiros, além do juiz e do dono do cartbriolocal, consumando-se o processo de grilagem em 1952. Inicialmente, são

*' ta s p~6j30stàs e compra das posses aos posseiros, o que quer dizerkbmpra mediante pagamento unicamente das benfeitorias. Diante da re-

' cusa sãolançados jagunços sobre os cdponeses . Diante da resistência

( r hão feitas tenfatiyas de transformar os posseiros em parceiros, como'O' ocorrih em Minas na mesma ocasiCio. Nessa altura já havia tr6s mil pes-

:sdas na região. Por essa &oca, em 1953, violências foram cometidas'.' "contra José Parfiiro (cuja mulher e filho rec6m-nascido foram arrancados

,r-i" d6 casa s a basa"queimada, do que resultarNamorte. da mulher alguns

dias SlepoiST. .

.a 8' .0sconflitos já eram muitos quando chegaram à região, em 1954, quatro-u?' militantes enviados pelo Partido Comunista do Brasil, que passaram a vi-' 'Ver e trabalhar na área. A partir de então, os camponeses se organizaram

,em Conselhos de Córregos, desenvolveram o trabalho coletivo do muti-i G T M o 'nòs momentos de tensão mais aguda, para permitif que grupos de

~ ' dk &pones e~artnadds montEissem guarda contra ataques de jagunços e' ''''da pollcia, :e h n d a ~ a r w ~Associaçãb dos Lavradoreg de Fonnoso e

' j Trombas, ehcarregada' de rèpresentá-10s e orbahizá-los, para obtenção-xn dapf6ptiedade dgterra. Qtfando em '1957 o govbrne estadu4l mandou pa-'"-h& àT6g ib fbW contlmgerhe para cornbatê-lós, o Partido Comunista pro-

Ot' #8s%m $&rd&.hp&ari&a5 pretens'jes do gover~iador edro Lupovico de

' '#$@nãaiA%& ma#dátS"$''akia% g $@hdidGtuhilá e'seV'filho,Maum Bor-

' o&, .h gudssao govk@$&nta~ ~ t f pca, o g6yezo retiraria tis tropas, dp e@d,'; qye foi feito. C~ r n&o, a t é , $ 9 ~ 4 , ~egb de Trombas e For-

m o ~ ~e constituiu num território liberado, de certo modo suieito g gover-, , i?ppr$rii uma espécie de governo popular; o que foi facilitado pela cria-

$á,q9d~ gicípio de, Formoso, por solicitação dos camponeses, além da.?pição cJeJQ@,P~r f i r io omo deputado estqdual. Embop o ~x drc i t o ó

- tenha entrado np,~egião lguns q n ~ sepois do. golpe, conforme nota ofi-cial publicada nos domais, já ep 1964os lideres d~~movimentoaviam fu-

,gido. Foram presos ,em 1970 e barbaramente brturados. José Porfirio foipreso em 1972, no Manan,hão~ urante as batidas relacionadas com ocombate à guerrilha db 4raguaia.l Solto em 1975,\em Brasíiia, desapare-

ceu completamente, havendo daa,suspi tae seqfiestro e dssassinato"(MariFi.5,1981,).

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AS LUTA S PELA TERRA NO PARANÁ

As lutas pela terra no Paraná, segundo Martins passam pelasrelações entre os latifundiários e o Estado e as muitas falcatruas reali-zadas pelos govemantes no exercicio do poder contra os camponesesposseiros. Estes conflitos vão conter, como se 3iu em Trombas e For-moso, a participação do Partido Comunista do Brasil:

"Na mesma época em que começava o problema de Troml?as e F o m -so, começava também o problema de terras que culminaria com a guerri-lha de Porecatu, no Parand, em 1950. Desde 1946, mil e quinhentas famí-lias de p osseiros, habitando terras dev olutas em Jaguapitã, passaram asofrer o problema do despe jo porque o govemo do Estado cedera aque-las terras já ocupadas por eles para grandes pr6pnetáriis. 0 s despejosviolentos levaram à formação de grupos arm ados que resistiam ou ataca-vam fazendas. Vários confrontos entre posseiros e pollcia ocorreram,com derramamento de sangue. A situação se. agravou ainda m ais porque

o governador, envolvido ele pr6prii em famosas negociatas de terras,procurou os camponeses de Jaguapiffi e Ihes propds transferência segu-ra para outras terras no vale do rio Paranaval, com casa e transporte. Apromessa não foi cumprida.A essa situaçáo violenta, que se repetia em outras regiões do Paran á namesma ocasião, veio somar-se a revolta dos lavradores de Porecatu, lo-calidade também no norte do Paraná, não muito distante de Jaguapitã. Asituaçáo era ali idêntica àquela outra. Tendo notlcia de que o govemopretendia desenvolver na área um projeto de colonização, muitos campo-neses começaram a se deslocar para lá, abrindo suas posses. Na ver-dade, sem nenhum respeito pelos posseiros, o governo havia traficadocom as terras, vendendo-as a outras pessoas. Nos Últimos meses de

1950, devido à ação do Partido Comunista do Brasil, atraves dos seuscomitês regionais de Londrina, no Paraná, e de Presidente Prudente eAss is, em Sáo Paulo, eclodiu a guerriiha de Porecatu, tendo como umdos chefe's José Billar. As lutas prosseguiram, com m ortos e feridos, atéjaneiro de 1951, quando assumiu um novo governador disposto a resolvero problema. Apesar de o governo ter, em 15 de março, declarado as ter-ras de utilidade pública para desapropriação por interesse socia l (fato que

1 ocorria pela primeira vez no pais), ainda em junho havia de trezentos aquatrocentos camponeses armados, emboscados nas matas, de ondesafam apenas para atacar. Foram desarmados por uma força po licial deduzentos e cinquenta homens. C onsta, porem, que o próprio Pa rtido Co-munista determinara a ces saçáo da guerrilha".

"Mas é no sudoeste do Paraná, quando Lupion, já envolvido em negocia-tas anteriores de terras, volta ao governo do Estado, que t&m lugar os

conflitos que culminam com a revolta de l9FJ, oas regioes de Pato Bran-co, Francisco Beltráo e Capanema. Ali a situação ere extremamente

este do Paranl, uma,instituição domr r l

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rendatários, pequenos proprietários e trabalhadores d a Zona da Mata,contra o latifúndio.

A origem da expressão "Ligas Camponesas" está relacionada ao

movimento de organização de horticultores da região de Reci fe peloPartido Comunista do Brasil, durante seu curto perlodo de legalidadena década de 40. Este movimento decorreu do fato de, na época, ossindicatos rurais serem inconstitucionais. A maioria desses núcleos

desapareceu com a colocação do partido na i legalidade. A "Liga" d eIpatinga, funda da em 3 de janeiro de 1946 em Pemambuco, foi umadas poucas que resistiu ao desa parecimento geral.

Na década de 50, mais precisamente noano d e 1954, foi noEn-genho da Gali léia, localizado no município de Vitória de Santo Antão,a pouco mais de 6 0 k m de Recife, que praticamente nasceu o movi-mento conhecido como "Ligas Camponesas". A luta dos galileus fo iestmturada contra a elevação absurda do foro, ou seja, dntra a al tados preços dos arrendamentqs.

b

"O Engenho da Galiléia locaiiqa-se em Pem ambuco, no m uniclpio de V itó-

ria de Santo Antão, d istante 60 km de Recife, em região de transição en-tre a M ata e o Agreste. D esde os fins da década de 40, os proprietáriosdeixam de explorar a cana em suas terrase passam a arrendá-las. Os500 ha são arrendados po r cento e quarenta familiês,.reuninda cerca de

,mil pessoas. Arrendatários da terra e proprietários dos outros: meios de

, produçáo utilizam a farça de trabalho ,familiare combinam a produgão desubsistCSncia com a mercantil, pmElueimdo legumes, frutas, mandioca ealgodflo.A área média das propriedades 6 de 3,5 a e foi imposslvel ~ec onst ituir,através 'de sistema contábil, a situqGo econn8mi~a essas famflias que,além da reposição dos" meios de produçao, devem retirar do tendimentoglobal o pagamento da renda da terra, que é eito em dinheiro: Q o foro.Nesse engenho, no aho de 1954, o aluguel anual estabelecidcYp6r hectare' era de Cr$6.000,00. Na região, no mesmo ano, o preço'de venda da terravariava entre Cr$. 10.000,OO e Cr$15.000,00 por hectare. Is so equivalia aque o pagamento de dois anos de renda correspondesse ao valor da terraarrendada. Nesse ano, o foleiro José Hortêncio, não podendo pagar os

I >

Cr$,7,200,00 de rend-a ,atrasada que devia, fo i ameaçado dq expulsãopelo dono da terra. Procuro u José dos Prazeres, antigo membro do Pa rti-do Comunista então dedicado a çontactar camponeses em litigio com osproprietários. Este, percebendo que não se tratava de caso isolado, masquq a situação era vivenciada por inúmeros foreiros do engenho, pro-p6s-lhe a formação de uma sociedade, com o fim de adquirir um engenho,

para que todos se livrassem do pagamento da renda e da ameaça de ex-pulsão. Era maio de 1954.

Ao fim do mesmo ano, Hortgncio reuniu um pequeno grupo de foreiros,

Kisenis =Y Arnmi -Aqu in~ Amar0 .&&ap i rn~~~ ,~a i v~ l s l ~~Gampe ]~~oão

Vkgflio. A associação -Sociedade Agricola de Plantadores e Pecuafistasde &%mamm'-SAPP v$bf$\peZ~B~@ g j $ t i ~ í a @ ~ ~ m â $ :o ponto

, ::As ligas se espalharam rapidamente pelótNor@té, coi.rfands, de'inble,com o apoio do partido Comunista d~ ' 8 r as i l ,@-@Wse~o@s i$áoa

Cat6Iica. Elas surgiqam e se dWndiram principglmente entre forei-t .~mhdsnllgas ~ n g e n h ~ ~we começavam$6 ~re to rnado$o6 seus pro-

8%r4esaanos KZ os h r e i c ~ s i u i m h a m ~ e omulsosrda erra~ " ~ ' i m o s g r & k . ' i b b 1 â drãdor&&8!~csndiQãb~1pamoarafi~@a!hs4b?@$&fl&#m.pai'o~~ejntw. v

, glig"àç^Surgira&~-c"Ónhxt0malbamplo n60 s6 da expul-e f~rei ros da red~Ç$p~Uxtinçáo dos rdçados dos moradoresde~ãdi73Aríias~fib'&ff1%6ktb L U R B crise pdítica regional. Essa crisese particularizou numa tomada de consciênciado subdesenvolvimento doNordeste e particularmente numa ação definida da burguesia regioqal no

o5f& dorgo"6rno4ederaI não mais uma ~ l ~ i c i á t p ~ e t ? 6 l k t ae'- s@%h$medenciais nos períodos d e $e@ grave, mas oim uDkt.efe1créii~~@~lRLoa.e desenvolvimento ecan6micO. Im o @iqiaidizergiuni@ p~l ít icafa7~lndusWialim$ãoo Nordeste. : Q f p r o b ~ a & m i ~ 4 d ~ ~ & 9 & ~ ~ n e s e sr$% seu 4xa& .para'o su l e r a&x ,~ i@o . . g0~o - r e~04q~d .Bn .d iptilizado, que impede a ocupação da terra- ~qg$$p&hflhe~s$+,pq+~-

,,; g ~ ,gai0%,4e desenxo& i ~@a q ~ $ ~ a a ] n d c i C i 6 f $ ~ i ~ ~ G d e v esustar e inverter o circulo vicioso da pobreza'de uma agricultura mono-cultora e latifundiária. É assim que surge a Superintendgncia do Desen-

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volvimento do Nordeste e 6 assim que surgem alianças políticas envol-vendo extremos t%oopostos como o Partido Comunista e a União De mwcrática Nacional, o partido por excelência da burguesia. Em Pernam buco,essa aliança de "centro-esquerda" permite a conquista eleitoral da Pre-feitura de Recife e, posteriotmente, a cohquista do governo do Estado porCid Sampaio, um usineiro." (Martins, 1981).

A ULTABEAS LUTA S DAS LIGAS CAMPONESAS

A compreensão do processo de expansão nacional do movimentodas Ligas Camponesas tem que ser entendido, tambem, no seio dadiscussão capitalista no Brasil, entre as diferentes tendências pollticasda esquerda. Fundamentalmente, com a orientação do Partido Comu-nista do Brasil, é criada em 1954 em São Paulo a ULTAB- União dosLavradores e Trabalbdqres Agrícolas do Brasil -, com a finalidade decsardenar as associagõeç camponesas então existentes. Esta organi-zaçao vai funcionar c o k nstrumento de articulação e organização do

Partido, na conduçao e unificação do processo de luta camponesa noseio do processo de luta dos trabalhadores em geral no pals. Este pro-cesso deveria caminhar no sentido da revol~@odemocrático-burguesa, como etapa necessária para a revolução socialista.

Elide Rugai Bastos, assimse refereà ULTAB:

"O fim da década de 50marca a existencia de várias associaçõesde tra-balhaderes por todo o Brasil. Embora o registro legal dos sindicatos detrabalhadores rurais sb se possa fazer a partir de processo pedindo a'

aplicação do Decreto no 7.038 de 1944, O que dificulta sua exist&ncia, áem 1956 o jornal T e m Livre, 6 r g o da ULTAB, assinala a existência de49 sindicatos registrados oficialmente. Em 1959, num balanço realizadopela mesma ULTAB, relaciona-se a existência de 122 organizações inde-pendentes, reunindo 35 mil trabalhadores rurais; e 50 sindicatos, reunindo30mil..."

Entretanto, as cisões e dissidências instauradas no seio do PC,sobretudo após o 19 Congresso de Lavradores e Trabalhadores AgrFcolas no Brasil, realizado em 1961 em Belo Horizonte, vão marcar oinlcio das divergênciasentre os movimentosda ULTAB - mais na di-reção da sindicalização - e as ligas, com suas propostas de luta poruma reformaagrária radical.

Martins (1981), explica o contexto socialemque a dissidênciasedli: ' :

> I . , I , i 8 1 c

, I r1 ' .. .; r * 7

>.'''Apesar da opos;içiio dos senhores de engenho, agora ~eduzid os con-9 dQ60, de meros fo rn ec a re s de w n g das,podefosas usinas de açúcar,

w iga s e#irnpon(ssw @,,-logo. epois&pm forte-qov'knento, de sirqljcaliza-

roçados para as pontas de ruas, os povoados próximos às usinas. E m,bom f@Tinalmbhte è c o t i h e e ~ ~ ~ a~n so llda gã o srs Leie do Trabalho,

,4ee 19% oatifaballnrildwm~rqis &@g ~ z t b m ~o. ms intaira, p direi t~ eV ' ~ g i @ d i c d k a ~ $ : Q - ~ r o ~ s oEL ,& muito,w~>m~lic@c@,orque, a,funida@or , - e ~ ~ e g @ ~ i z w ~ ~ede jndi@qt$Qe~ie@&,dp pf@n bqivqn to do pr6prjq Mi-'

C ,a* q$ l T r s P ~ l h ~ a g y %fQ$ ?-@pdO@- Fviwj. e p q ~ d op qqi~-.i$:a7Rpa.ecA_~,9;i~a%r urarsm a?aj?&r (ia9 esa'dos-keusjiirQit A%. ~ s ~ i y d . 'B ri& g'h@ 0 ~ 4 ~ rd#db?f %idf & 8 t i @ : & i h d p &$%$&a i#&

22 hna l dadekItie$ai!j e a&nid#d$fb, bh t an rdg i t ra rãb~@6$ t.r $%ono c a r t 6 r i o " ~ ~ ~ ~ ~ 6 ~ í m o .sso tornava-desnecessárioo r e e b n h k

mento do ~ i n i s t 6 f i ~ ~ ~ r a b a l h 0 ,ue náo era provável, e garantia a &a-:lidade da ação dos ~ r n p o ~ e 4 e ~ . ~ d u l i ~ustiffca, também, a supbrioriaaded& fbreiro em relaçao ao tFaMI9;iadCit Ue myina8 omb categoria de mobíli-

i'Mce\o mais 6flcaz. Ér,L$gle.6$ caiiMpõn&sr produzem us seus pr6prios

com os f a m t r d e i ~ ~ q& n i i i j libiitrdade d~~lo oom o@ o. m am b n% iaconte-:w wm a.tr.~ttr&ihador~~ushra,jeito ao salário, sem mabilidade, U uj eb. W W ' r n ~ d i @ " J .iE '

.\ . , i l4 , - 1' :

&da vlpl6o~aoia;,entretanto,sempre'esteve presente rnpro-

u h das L- qamponesas. Junto com o crescimehto dasis ti -se o-massinato das lideranças dos trabalhadores:

\.dentre 1954 e 1962ocorre em Pernambuco apc8iaa uma greve entre ostrabalhadores rurais (cortadores de cana em um angenho em (Soiana, emoutubm 'de 1955).O tino die f33 ssinala a ocorr4ncia de 48 greves, sendoduas delas gerais (a nluet estadual). Mas

neses na Usina Estreliana; entre agosto %o assassinadosJeremiq (Paulo Fpb$rp P i n t o ~ ~ ~ q q , t F 0 $ 8 f c i ~ ~ , ~aq w, Antonio C lc s, ol em Bom ~a rdim , delegado sindical da Usina de ~ ax an gá .Na Para6@,+,gWo assq$si,nato,d$ $ 0 4 ~,egro Teixeira, em Sapé, ocorpm cho-que? com várias mortes, ainda emfSapé e Mar? (hugalBastos, 1981.)

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Dentre a onda de violência, o assassinato de João Pedro Teixei-ra, líder e camponês da Liga do Sapé- Associação dos Lavradores eTrabalhadores Agrícolas de Sapé - oi um dos que ganhou projeçãonacional, pois essa liga era uma das maiores do Nordeste, com maisde sete mil sócios.

A imprensa escrita deu em manchete: "Lider camponês mortonuma emboscada com 3 tiros de fuzil", "cinco mil camponeses foramao en tem de João Pedro mostrar que a luta continua'; etc. Usineiros e

latifundiários mandantesdo crime ficaram impunes. Eduardo Coutinhomuito bem retratou este episódio em seu filme "Cabra marcado pdmorrefr"

O movimento militar de 64, que assumiu o controle do pais, ins-taurou a perseguição, prisão e "desaparecimento" das liderangas do

movimento das Ligas Camponesas, e sua d~sarticulaçãooi inevitável.Deu-se aí, o início de um grande número de assassinatos no campo

brasileiro, conforme os dados levantados nos dossi6s: Assassinatos nocampo: crime e impunidade - 1964/1986- publicado pelo Movimentodos Trabalhadores Rurais Sem Terra e Conflitos de Terra - 1986,ela-borado pelo MIRA0 - Ministerio da Reforma e do DesenvoJvimento

Agrário.

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çadou (par4 %%fWa)'.'gEste; scWna'dí-ao, Emtutb tis Tfats%lhãdorJRural;já aprovado anteriormente, poderiarn se constituir em instrumentos legais .a r a a promq,ão da r e f o ~fjrária. Ou, omo ,prefer.i?m a f i ~ a r

!;os mjl i tw de entaw, '(prgmov~r ~ b f o r ? p Q a c b ) [ r ~ ~ i $ 1 t ~ 1 ~ ~ ~ @ t i ~ j t-.ih*"idisem. \-'m'

Não f ejam ntoRoberto Campos, incumbiu-se de informar aosjpar&rneahtam que oEstatuto jamais seria aplicado. Sua. egulamefl2ação (elaboraçao do

Plano Nacional de Reforma Agrária) s6 foi objeto de ação 'govema-menta l mais de vinte anos depois, jh com a "Nova República".

Entretanto, se os militares esperavam frear a luta dos trabalhado-res pelo acesso à terra, foram eles próprias que, atrav6s de uma d r i ede grandes pmjetos governamentais, acabaram estimulando os movi-mentos migratórios em direção à Ammdnia, na busca da liberdade eda terra.

Al reside um dos fatores fundamentais para se entender o pro-cesso generalizado de expansão de conflitos sobretudo na Pim&&:

o g w m ' timiulava, mmfaBdPAM, oo. m ~ m t w . r a ~ &Q S

grandes; .pmje&s a g ~~ p a cl i& 4~ s, s, ;n ão ~ e ~& i z ~ , s S i b ~ d a d ~ ! d Q ~ m e màb-&mmaas grandes levasde migrantes. E a(w$saant&w a,sWagrilagem ld& erras~geh%Peilizada ue passbu~ ocover en jitoda$ asB!S-

Udób da~P;-tkWriiiai:L&gjalrea 'de Mi!a$ão da SWDAM (9dpbdntrnd6riòia dõ h ~ n v 6 1 ~ i n . Ma Atnaz6hla~) ' i; .I .. . 5 : , ? !t

das nações indfgenas.hdgrajadaCaminhziC;., da- L i ~ i a b d u@a%or-

taapara a Olefesad a s frais s,dabqhm$r;lia9 kad.@-i

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da de%Iasceram o blMI - Conselho~ndigenistãc~ionário~e~aPT-Comissão Pastoralda Terq.;,; ' :A partir dai, alem dos indlgenas, dos posseiros, a violhcia p&-

sou a atingir t a m b os agentes pas?orais,os padres e as liiw&ças, * :

I

i .,+e! r?jhh;t7tb7u%-%;.5

A V I O L É ~ ~ ~ . E ~ R E9 lrn !A &vi'?' 1 : , 'I '

I' ' Trn&o-'.f. .&C I

O mapa 1. apresenta-&&&ea~ãe ap&d&dda- dos-FnunielpSbs-' onde ocorreram mbrtes na & % i , tio $ríbdci âe 19a'a 19%: & Zona

da 'Mata nordestina senta a maior concentra "o de mortes no

campo neste período 6 ãtadó dè Peiíi"b$"fSL e viun&r,a na década de 50, as .cigas C C h ~ n & , rrègFstruu, tibste &odo

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(64/73), o assassinato de muitas de suas lideranças. Entre estas lideranças estava Albertino José de Oliveira, ex-presidente das Ligas

Camponesas em Vitbria de Santo Antão. Segundo o dossiê Assassina-tos no Campo do qual as próximas citações, até o final deste cap!tulo,

foram retiradas, este llder camhnês pernam bum foi: " .

"Encontrado morto nas m atas do Engenho São Jose, estando o corpo emestado de puVefação e estragado pelos urubus.

Segundo o major RBmulo Pereira informou em comunicado h Secretariade Segurança Piiblica de Pernambuco, Albertino teria se envenenadoapós o golpe militar de 64."

Outra liderança assassinada no Nordeste neste período f6iPèdfo

Fazendeiro, lavrador e Ilder das Ligas Camponesas em Sapé e vem-

bro da Federação das Ligas na Paraíba:

"Lavrador, Ilder das Ligas Camponesas de Sapb. Vice-presidente da LigaCamponesa de Sapé e membro da FederaçSlo das Ligas CgmponeSas.Encontrava-se preso no 152 R.I. da P araba , quando foi solto a 7 de'sd'tembro de 1964 e nunca mais foi visto. Juntamente com João Alfredq ele

respondia a inquerito no Nordeste sob a responsabilidadedo atud generalIbiapina Lima. Estavam ele e o companheirp João Alfredo ante.liomntenoGrupamentodeEngenharia,de onde foram transferidos para o 159R.1".

O período de 64 a 73, que representa cerca de 9% do total dos

assassinatos no campo na época que estamos enfacando, temj-Pain-bém no Pará outras áreas de concentraçãoda violêmia onde a:Bra-gantina e o Araguaia aparecem com mrtos destaque. Nestas Mas,também as lideranças dos trabalhadores foram caçadas, e o msq de

Benedito Sem é e~m~pltlr: . . *

-

A viol6ncia não se imitava apen* às ideranç~, tingindo indis-

criminadamente os posseiros, pela aç b dos griteiros aliados com apollcia. Pedn, Gomesda Silva foi um deles: . ' L

, L-,, 4

"Lavrador, casado, da localidade de Juniratewa, municg io de Mqp, resiqiaem Junirateua havia mais de 18anos, sendo quase dono das ter& em

que morava, quando surgiu Miguel, tentando lhe t o k r o que cupvava

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havia anos. .Vendo qu3 perderia suas terras, o lavrador requereu umaárea de terra para continuar trabalhg~do.Miguel passou a lhe mover per-seguições e, com a ajuda dos policiais de Moju, o colono foi intimado. Porfim, teve o que queria: as terras de Pedro Gomes. Na manhã de 24 dejulho, Pedro, de posse de docum entos que provariam a posse das terrasrequeridas, difiglu~se o local onde o agrimensor Hoyos Bentes, a pollciae o próprio Miguel demarcavam a área. Falou com o agrimensor e exibiuos documentos da terra, quando, então, o agrimensor fez um sinal comas m ãos para os que estavam à sua retaguarda. Ouviu-se um disparo e o

lavrador foi atingido h altura das costas no lado esquerdo. Ffarido, procu-rou amparo junto ao delegado de Moju, quando foi atirado ao solo e mortopor um fuz il empunhado pelo soldado AntBnio Fran cisco de O liveira".

Outra região, com certa concentração de violência no pals foi oSudoeste do Paraná. Enfrentando conflitos de terra há várias décadas,essa região continou a ver a luta en-içada entre grileiros eposseiros.

A VIOLÊNCIA ENTRE1974 E 1983

O periodo de 1974 a 1983 (mapa 2)apresenta o alastramento daviolgncia por quase todo o temtório brasileiro. Ao contrário do períodoanterior, a Amazonia com mais de W ! das terras, passa a concentrara maior parte dos assassinatos no campo. Neste período, o Pará, Ma-ranhão e o extremo Norte deGoiás vão representar a região mais san-grenta do país. Assim, se somarmós a estas áreas o estado de MatoGrosso, vamos verificar que há uma coincidência ,entre esta área ex-

' plosiva, e a área de maior concentração de projem agropecuários in-centivadbs pela SUDAM (mapa 3).

Como pode-se observar, a região do Araguaia, "Bico do Papa-

gaio", leste paraense e Valesdo

PjndarB e do Meatin no Maran,hã~,são as áreas de forte concentração de pskeiros. Neste periado, estasregiões assistiram aos assassinatos,de posseiros, p e s , e, sobr@t,udo,de padres, advogados e novas lideranças sindicais.

Entre os trabalhadores assassinados no m mp o nesta região, estáRaimundoFereira L@@, Q 'IGringo":

"Lavrador, meq bro da oposição sindical, candid8to:b p re slÚ dn fe jd 8'' S~ ~de Con ceição do Araguaia pela chapa de oposição, m orador da localida-de de Itaipavas, municlpio de Conceição do Araguaia, seu corpo estavaabandonado n a beira de uma pequena esbrada, com duas balas calibre 92nas costas, braço quebrado e marcas de pancadas na cabe~ a,a 29 de

maio.

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- .

Mapa 03 PROJETQSAGROPECUARIOS 1

Fonte: Garrido Filho, 1980:53Des.: Orital87. 1

Gringo retornava de São Paulo, onde havia participado de um encontro delideres sindicais e voltava para Conceição levando no bolso Cz$ 17milcomo doação para a oposição sindical. Como a viagemé longa, pernoitouem Araguaina. Saiu bem cedo do hotel e $6 foi visto novamente depois demorto. Documentos e dinheiro estavam intactos no bolso. A família deGringo ouviu no rAdio a noticia de sua morte. JA então se sabia o que a

pollcia não sabe ou não quis saber até hoje: que o principal suspeito era opistoleiro José Antonio, capataz da Fazenda Vale Formoso. Várias pes-soas ouviram, quando, dias antes, ele prometera acabar com Gringo, emvingança da morte do fazendeiro Fernando Leitão Diniz, assassinado por

posseiros no dia 08 de maio.Conforme a CPT, AraguaiaTTocantins, o pistoleiro José AntGnio, principalsuspeito do assassinato, teria dito a uma pessoa de Xambioá que recebe-ra Cz$ 90 mil para liquidar Gringo. Com efeito, naqueles dias do final de

maio, o pistoleiro estava 'hospedado em Araguaína e também saiu aidodo hotel no mesmo dia do assassinato, voltou rapidamente e sumiu. 1

Gringo era membro ativo das Comunidades Eclesiais de Base d'á Prela-zia, desenvolvendo intenso trabalho de conscientização dos posseiros

envolvidos na luta pela terra. No tempo da guerrilha do Araguaia, Gringo

> .) ,

exemplo sigruifiealiVo da viol&cí:ia :&ta região; foram os

, MimignBrio u ~ t ~osndiosMraro, 37ano$tpfoi morto a 16;de julho; o In-L diábamra Simão~vi~iaa aldeiaMeruri, mu~iíclpio e Barra,d~,GarçalGe-'unaralêameiib. ' '

h duas.versóes pam o ataque à aldeiados tiororos: segundoO Estado

de S. Paulo, paaciparam, juntamente com João Mineiro, posseiros que, foram iludidos com a promessa de que seria um acerto amighvel, para

a indenizapãoquequeriamreceber, pois a Funai estava demarcandoas

41

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"Religioso, 61 anos, do municipio de Barra do Garça, foi morto a 12 denovembro em Ribeirão Bonito.Dias antes da passagem do bispo de São Félix do Araguaia, dom PedroMana Casaldáliga, e do padre João Bosco por Ribeirão Bonito, povoadodo municlpio de Barra do Garça, a policia estava à procura de um ce rtoJovino Barbosa da Silva,.quematara ,um soldado (o cabo Felipe, da PM-

MT, conhecido por sua viol&n(ria), Para,chegar a té Jovino, a PM prendeutras mulheres - uma delas, Margarida B a b s a da Silva, de 56anos, irmãde Jovino - e submeteu-as a torturas com agulhas que eram espetadas

nos seios, garganta, braços, joelhos $ sob as unhas das mãos e obrigou-as a ajoelhar em tampas de garrafa durante todo o dia de braços ab ertos.A outra senhora, dona Santana Rodrigues, em resguardo de parto, foipresa nos dias 5 e 1 de outubro e violentada por vários soldados, quetambém queimaram a roça do marido e a casa com todo o a rroz na "tuia".O interrogatório era feito sob a m ira de fuzis e revólveres.Dom Pedro e o padre João Bosco chegaram à cidade para acompanharuma procissão em homenagem A padroeira local, Nossa Senhora Apare-cida, logo souberam do que se passa va na cadeia, e ouviram os gritosdas mulheres. Por volta das 19h foram à cadeia, interceder pelas mulhe-res, e foram chamados de "comunistas" e "subversivos". Padre Burnierdisse, então, que denunciaria às autoridades de Cuiabá as barbaridadesali cometidas. Foi quando o soldado Ezy Feitosa Ramalho, de 25 anos,deu-lhe uma coronhada e em seguida descarregou sua arma na cabeçado sacerdote caldo. Graveme nte ferido, o padre João Bosco foi transpor-tado para uma fazenda, onde e stava baseado um tá xi aéreo, que o levoujuntamente com dom Pedro, o médico Dr. Lu is e a irmã-enfermeira Beatrizpara Goiânia. Internado no Instituto Neurológico, não resis tiu à gravidadedo ferimento, vindo a falecer no dia 12 de novembro."

O Nordeste aparece também com elevado número de trabàlhado-res assassinados no campo. A Zona da Mata, o Sul e o além SãoFrancisco da Bahia passaram a marcar a presença nas eslatlsticassanguinárias deste perloslo, Entre os trabalhadores mortos na Zona daMata estavaMargarida Maria Alves:

"Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grandedesde 1973, sendo sempre reeleita, 50 anos, casada, dois fllhos, foi as-sassina da a tiros na porta de sua casa em 12 de agosto.Os pistoleiros dispararam, à queimh-roupa, tifos de escopeta, calibre 12,estourando-lhe o ro sto e o cérebro, devi'do à sua atuação firme em defesados direitos dos trabalhadores, tendo conseguido na Justiça a readmis-são de trabalhadores demitidos.O crime foi cometido na frente do marido e dos filhos. 0 s criminosos fugi-ram em um Opala vermelho placas EX-0690 - Nova C ruzIBio Grande doNor te .

'"Ed982 Rra agredida po r José Mil, 'filho do dono &'ij'ngenhu Miranda.'

P o ú h anf& de ser assassiriada fora amea'dda'por Agnaldo VelosoBorges, propriettlrlo da us ina Tanques". $ 1

Na Bahia,o advogado Eugênio Alberto Lyra Silva foi também vi-I da violência:

"Advogado do STR de Santa Maria da Viória e Bom Jesus da Lapa, 30anos, casado com Lúcia Lyra, na época grávida de sete meses, foi mortono centro de Santa Maria da Vitória no dia 22de setepbro.

Causas: por diversas vezes, Eug&nio Lira entrou com processos contraos Fé Souza, Valdely Lima Rios, Jenner Pereira Rocha, Alberto Nunes e

contra a empresa do Grupo Cohabia, Coribe Agropecuária SIA.Ameaças sofridas por Eug&nioLira:

1" 19 de março de 1977: o grileiro Agostinho Alexandrino de Souza dis-se publcamente que tinha 12balas para o "barbudo", referindese a Eu-genio. No dia seguinte, foi B casa do advogado para procurá-lo, mas aporta não lhe foi aberta. Foi apresentada queixa-crime, sem qualquerconseqiiência; *2i) em abril de 19i7, Alexandrino de Souza, w n v i d ~or "Dino", inva-diu a casa de Eug&nia Lyra e o ameaçou de arma em plinho, só não ten-do consumado o crime porque um amigo o desarmou;

39 agosto de 1977: quando o advogado do STR ganhou uma ação con-tra Valdely, este lhe mostrou um revólver quando da vistoria das terrasem litígio. Dias depois, num coquetel, o fazendeiro, embriagado, pronunciaviolento discurso contra Eug&nio Lyra, finalizando em voz alta: "o homemdeve morrer";

4220 desetembro de 1977; o jornal A TdbunadaBahia,, que pertence aogrupo Coribe Agropecuária SIA, publica nota afirmando que Eugênio e opadm Augusto de Santa Maria eram responsáveis pela agitação existentena àrea.

L6cia Lyra depôs na CPI da Assembléia Legislativaem 197%.Em seu de-pa imntode 47 laudas, apresentou oito casos de gritagWna área (regiãoqee fica af6m 8ão'FranciSco)que era d8endidd.por seu marido. Disse

acreditar que "a sentença de rnortq para Eugênio foi decretada depois deele ter ganho a causa do posseiro Isaías Pereira dos Santos, em agostode 1977, que estava sendo esbulhado pelo grileiro Valdely Lima Rios.

Eugênio Lyra foi morto com um tiro de revólver calibre 38, n a esta, seis

dias antes de seu depoimento na CP I da grilagem. Quatro meses antesdo assassinato, Eugênio solicitara garantias de vi* ao Spcretáriode Se-gurança Pública da Bahia, em razão da& v@as ameaças que vinhasofrendo". ' 7

mtte,~~scritos deixado por Eugênio Albem &tá o poema "Ter-u& bela M a a msciênoia do mpel ,*i$\. queb temi deve

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Me oculto no teu ventreTERRA

Me encontro, homem no teu gritoTERRA

E TERRAC

O

E trago o meu grito o fatoTERRA

Aqueles que não tQmTERRA

TERRA

Aqueles que pretendemter

ter ra

Ngo morrerão semTERRA

Martelo.O ferro funde o ferro:

Forja,

assim como...

Trabalho,e amo,

aro a terra,

Custo a acreditar.Na posse da tua terraSemeando plantandonão podes trabalhar

malditarinjustaes (ta) trutura.

Mas seimas sei

e saberei

Do rei são amigos trQso que tem e não faz

o que faz porque temo que tem e quer mais.

:?-

, ~.j,;u a,: '. :,I:. fi '.h.- 4-

O primeirogrileiro

tem dominios feudais

, O segundo

I' tem incentivos fiscais

O terceiro

grileirotem favores oficiais

Ave Maria, rogai por 116s.' Ave Maria, rogai por nós.

Trabalhador perseguidopela doença abatidotem trQ s avores reais:

. trabalho escra vo ao gribiro,míseria pro seu terreiroe terra para nunca mais.

(EugênioAlberro Lyra Silva)

Também as regiões de Cachoeira do Macacu, Rio de Janeiro,Vale do Ribeira, São Paulo, Sul de Mato Grosso do Sul e Sudoeste doParaná, figuram entre as regiões de concentração dos conflitos nocampo.

A luta pela manutenção da posse, fez entre os posseiros da re-gião inúmeras vítimas. A contratação de jagunços e pistoleiros passou

a ser comum nestas regiões. Muitos posseiros tombaram. Assim,grandes fazendeiros grileiros foram construindo através da violência osmuitos latifúndios dessas regiões.

A VIOLÊNCIA ENTRE 1984 E 1986

O periodo de 1984 a 1986, registrado no mapa 4, representa, jádurante a chamada "Nova República", a ampliação do número de as-sassinatos no campo. Em dois anos, 85 e 86, foram mortos, nada maisnada menos, do que 524 trabalhadores. Es te acirramento dos confron-

tos armados no campo está em conexão direta com o processo desen-

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1 pessoa

Ru\isriS.yqTyijpI 146I

Des.: Orita/W.-. ' , 1. i . :: 1 13b.?t+ L -:.'p, bLe t p j fi!u~líq-

. - + , * . ( r :: L. . h; ,i)l:ryj!i : :V! f:t-s'i:it:ny 5 O t q F- -

i Y LI' - r ~ ,JC 3 LC <L I G C I L ~ t. d C+'Tii~i.3f>V ~ A I ? I . & ~ <

-O 73,' C CLI .~li:B~-iù>-!~gp Wok * .c %JD U t3 ,:'GIWIP ~ O C '

f4 .-L) -2&X*iY U bGlrsrl! ;thlYt$;) , j , - 't-*Bf,.le

Neado pe la elaboracão e inlcio da im~lementacão o Plano Nacional

bnc%5ri6 Ronaldo Caiado, que passou a fazer a defesa intransigenteBs l'afiflindiá ribs deste pals. Denúncias de participação da UDR nos

~ e f o k agrária pelo Govemo ~ederal. utfa i razãomportante foiwraimento da UDR- União Democrática Rurdlista. liderada.mio la-

ssos de expuls@ e morte de trabalpdores rio &po passaram.wS@ Sua ação ampliou-se por todo o pals.

'

EqVe&I85 várias regiões conçentram canflitck, especiqimente

,regiãocio

Bico do Papagaio, que junto com as regiões Sudeste do

, .C~nselho a CPTIAraguaia-To~ntins,morador do municfpio de-' B0$pess6?~dv T~rantíns,, f$iapssqginW a l o de maio de 1986 na' sede a CPT ein Impdtaltiz, Maranhão.Josimo foi morto com um tiro depistola,Taunis7.6$ $s 12hl$ min, quan-

"""

a%&&è~cad@ ~&p ii) *'Bbc@se%ond6c&a se& daComissãoC _ .4t&aTda Terraem Iwi3 ~ i) ' .:,'l

V . , A~ .> t' J

1 . r .r~urmte.i lQAAsse.~lálainual da CPTGoiânia. Dler;iuqciafazendeirosque, :aqpjeytpdop p e l ~oder público, fechamo grc9 qntra ele e as co-

- ~ ~ i r i $ @ ~ ,a15 de abril de-l9& - padre Josimo sofre agfon9do,g bala quando sediri-

- ,A & Ei~,Se$@jáp@rTocqnhis a lmper$tfiz, no Maranhão. Um Pas-sat b!anco, se eG$arelpu com seu carroe disliarbucinco tiros, que fica-

'

r& rialataria dk porta do Toyota. O Passateradirigido por Vilson Nunes

47

Bragantina ,e ~ i n d a ~ & ~ e a r i mm ~aranh-40, k a m a pripcipaliirea com registro de assaesinatos no campo.

r Dois ,exemplos de marte, nessa área: Claudiomar e padre Josi-

riio. Não se v&, pois sá os1 posseiros serem mortos, mas sobretudo,taas lideranças e aqueles que os apórarn. Os assassinatos passam a@r elelivos:at(

i CLAUDIOMAR RODRIGUES DE SOUZA"Pequeno comerciante, 34 anos, morador do municlpio de Imperatriz, foimorto a 5 de fevereiro no centro de Imperatriz. Foram celebradas missasem ImpeWz e São Luis, em 14de fevereiro de 1986.

Claudiomar era candidato a Deputado Estadual pelo PT. Uma semanaanteõ de ser morto, participara de um debate sobre a reforma agrária nopovoado de Ribeirãozinho, onde o conhecido pistoleiro e candidato doPDS, ose Bonfim, é grileiro de extensa área. Nesse debate, Claudionoraeusw Bbnfim de ser um dos organizadores do sindicato do crime.-Padre JOSIMO MORAES TAVARES

, , "R@ligi~sa,oordenador da CPT da Região do Bico do Papagaio e mem-

5: ~ ~ d h & o r ardenado padre em janeifo de 'iQT9, i&ci&EIb~deXarnbioá, e

0" 4l&dae1983 trabalhava na região do Bicotio Papagaib.Em vigário da Pa-

i r6quia de São Sebastião do Tocantins (.)

?4@de agosto-de19& - padre Josimo depõe sobre.a ~i~ l&nc iaa região

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Cardoso, cunhado de Osmar Teodoro da Silva, acompanhado de GeraldoRodrigues da Costa, pistoleiro contratado para matá-10.0s policiais iden-tificaram a a m a do atentado como sendo uma pistola 7.65 e os tiros s6não o atingiram por terem sido disparados muito próximos ao velcuio queo conduzia. Josimo diz numa declaração sobre o atentado: "Entendo queeste,atentado se põe dentro do contexto soc ial da região, em seu aspiecjode luta pela posse da terra. 0 s avradores do Bico do Papagaio, .vindosde vários estados do Brasil, há muitos anos estão resistindo em'$%cí-nhos de terra, estão enfrentando, sob risc o de vida, a violdnc~á as grila-

gens, o roubo de terras. GrileirOs e-fazendeiros da região, consider4tmdo apossibilidade real de uma distribuição de terra em favo r dos posseiros, li-derada pelo Governo Federal, se armam com fortes calibres e tentamdestruir as pessoas que eles julgam serem'os cabeças de todo o movi-mento dos trabalhadores rurais. O que sofri A, pois, a demonstração obje-tiva, inquebrantável, da vontade e da decisão pólltica dos grileiros e departe de fazendeiros da região de impedir uma mínima realização do Pla-no Nacional de Re forma Agrária, do governo Sarney. Pois qualquer tenta-tiva de aplicação do PNRA, sign ificaria tambem, para eles, uma perda doenorme poder político e adm inistrativo que controlam neste extremo nortegoiano".30 de abril de 1986- Cinco bispos de Goiás vão ao presidente José Sar-

ney e ao ministro da Justiça para denunciar "a atuação dos pistoleiros eda Pollcia MilitaS. Dom Alolsio H ilário de Pinho solicita pessoalmente aopresidente proteção para a vida do padre Josírno( ..)10 de maio de 1986- osimo A assassinad o e, coinciddncia ou não, nes-se mesm o dia era fundada em Imperatriz a UDR (União Democrá tica Ru-ralista), organização de fazendeiros que se opõem à Refo ma Agrária".

Três outras regiões do pais também estão entre aquelas quemais concentraram vítimas da violênaiana luta pela terra: Zona da Ma-ta pemambucana, sul da Bahia, norte de Minas Gerais e Valedo Gua-por6em Mato Grosso.

O ano de 1986 (mapa 5) revela a concentraçãodpsassassinatos

no campo, sobretudo na região da Amazea. Nas regiões doBico doPapagaio, Bragantina-Paragominas, sudeste do Pará, Valedo Guapo-ré, Alta Floresta e Arapuaná no MatoGrosso e RondSnia ocorrem6%das mortes pela posse da terra de todo pais.

No geral, a luta, que no fundo 6 fratricida, entre os jagunçoslpis-toleiros e os posseiros nasce na tentativa destes Últimos de garantiremum pedaço de terra para trabalhar, o que grandes proprietários, em ge-ral grileiros, não têm permitido.O uso da violência generalizou-se, so-bretudo nas áreas de fronteiras.

Um duplo assassinato de trabalhadores rurais ganhou a manchete de jornais e espaço na TV no ano de 1986. Foi o assassinato, por

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soldados da Policia Militar do Estado de São Paulo em Leme, SãoPaulo, de Sibely e Orlando. Estes trabalhadores participavam do mo-vimento grevista de bóias-frias.

Os membros dos governos estaduais e federais procuraram rapi-damente ir aos jomais e televisão para incriminar, irrespoHsavelm~nte,deputados do Partido dos Trabalhadores (PT), que davam apoio aomovimento. Mas logo o pais pôde tomar conhecimento da "farsa daacusação" e conheceu a verdade sobre o acontecimento: "A PM havia

matado os trabalhadores".SIBELY APARECIDA MANOEL e ORLANDO CO RREIA"Sibely, 17 anos, empregada doméstica, e Orlando, casado, dois filhos,cortador de cana, eram moradores do municlpio de Leme e foram mortosa 11 de julho no bairro Santa Rita, em Leme.Cerca de duas semanas antes do crime, dia 27 de junho, cortadores decana de Leme e Araras haviam reivindicado melhores salários e ganhopor m etro linear e não por peso. Depois de alguns dias de greve, a pollciacomeçou a reprimir com violência os piquetes.No dia 11de julho, 19Qdia de greve, houve um confronto entre grevista s epoliciais militares, quando foram mortos Sibely Aparecida Manoel e Or-lando Correia, atingidos por balas calibre 38 disparadas pela PM. Cerca

de 23 pessoas ficaram feridas, sendo que nove à bala. O confronto ocor-reu na praça do Conjunto Bom Sucesso, baicro de Santa Rita, ponto dosdnibus que transportavam trabalhadores para a Usina Cresciumal:Na hora do incidente, 6hs da manhã, os grevistas tinham suspendido opiquete em virtude do grande aparato policial. Parlamentares do PT (fede-rais, Jose Genolno Neto e Djalma Bom e estadual, Anlsio Batista, de SãoPaulo) e sindicalistas orientavam os grevistas. Pollcias Militar e Federalchegaram a afirmar que o tiro fatal teria saldo do carro dos parlamentares,Todos foram espancados e detidos(...)Em assembleia realizada no dia 13 de julho, os grevistas decidiram pelacontinuação da greve e, para evitar confrontos, os cortadores de cana fi-cariam ou em casa ou de braços cruzados nos canaviais, O motivo pnn-

cipal da continuação da greve se deveu ao fato de que foi recusa da pelosusineiros a proposta que estabelece que o pagamento da cana cortadadeve ser de acordo com o metro linear e não por tonelada. No dia 17 dejulho, 20 mil bóias-frias da região de Ribeirão Pre to entraram em greve,seguidos pelos trabalhadores de Santa Rosa de Viterbo e Cajuru, queaderiram ao movimento grevista no dia 10de ulho.No que se refere ao inquérito policial, o diretor geral da PF, Romeu Tuma,afirmou que os tiros que mataram Sibely e O rlando salram do carro ondeestavam os deputados do PT. Mas o depoimento de Maria AparecidaCauceli e de outras seis testemunhas, desmentem esta versão: elesafirmam que os tiros foram disparados pela PM. Nesse contexto, 6 afas-tado o delegado de R io Claro, José Tejero, que apurava os inciden tes de

Leme(...)

3s . Em selembro, os 120PMs que reprimiram o piquete em Leme começam- a depor; a principal testemunha, o motorista, Jose Henrique Cafasso, de-

ibiros havia a ocorrência de conflitos pela tfyra. Entre

n k a &#a 'de36/O-'d6'totalda área

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s .de1987 v3m a público os primeirosdados sobre a6IenisZio dÒs conflitos em plena vig&cia do Plano Nacional de R*forma Agrária. Em 1985 e 1986 mais de' .186 municípios bradileírosregistraram conflitos peja tyra. I& q@njf$~ ue çEy. de 30% dosmunidpios brasileiros.mnhmrarnwfiit os neste<qr@g+& ,

O mapa7mostra a elistrib~iç&~~erritorialestesl munjalpios p mconflitos pela terra A realidade4 dara e evidente: ptaaosuneW.2odas

y unidadesp F@p@ têy mflitadaq., mtretantto, '6.u~&#hi&'yo ndtipmide riyrtw ng kaBpo tBmse, ~ ~ ' + ~ $ ~ ~ ~ . & ~ 6 i i i ~ ~ & [ , , ~ 3 nr d 8 ~ Y n ~ r oe%&@-q 3 E$ temi apapCt3,*A6e;t>,''.. @$ tu&j ,# $pi*i,<Ri&#omais antiga: lsto revela q ~ ' ~ e $ i%udk # í d í& i b. . d - a $ " r e ~P H-,,#k,

naorigem dos conflitos...c .g."e#&

i ml&e,e p p p r um plano deFzE2k3 L$.&&mg;B;IS:iiby

e Q,ppgbigqa.dctMlqAD,s d~tgovenw a.u&a~gpiiblid' B que61 ww,úlprs, r;zlam tem fica* muito aqMm daq prowlas. , i 3 , ~oeizo,;zem !falta& qmritadep$lltlmMara exwtauo Plano. )-

4, . <:c:., , ' , , i . Í<,,#

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Mapa 07

~ u n i c i ~ i oom conffiio (s .

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I T U A Ç Ã O A T U A L D O SE N T O S N O C A M P O

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pela a* rqmssiva, quer plaYr3~lmMs?@wWaos

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aè r$ iv i~ ntad meis ~PERYI~~~S-eporYdrW, doa diferentes movimentos ncr

QI -r tWri€tTri+ edeve serpm.oan;zinho pata rrpnta- ur nqa dpge-

AS NAÇÕES ~ND ~GEN ASA LUTA PELA

DEMARCAÇÃO DE SEUS TERRITORIOS

A história da lutados povos indigenaspela sua possibilidade desobrevivhcia tem, no mfqimo, amesma idadeda chamada história (o-ficial) do Brasil.

A form- do Brasil foi feita a t w s da destniição de muitasnações indlgenas. Os territórios libertos das "filhos do sol"oram trem§-

E pr isto que h4 ahistMq ~ ~ y 0 8nc&ena+. . . 1 S. , J. .~

i?&íp 'H&tia iriste! . . ',;.,i'. '- I ' ,

É uilPgtlk.k9ri&e ~ f f i h e & . - ~ ' ' t . - . J

É uma História de dominação. , (L Li: bi(ts%6ria- , ... , i ,r L ? t b 4 : C< ? 6 ,~tl-uj:(-,I:

qwiwdemM~i,!pr,~a ~ ~ ~ ! ~2% ,*s.~Iw~.- ..

, Tb: ' 6 , - i 1 ar?R ~ + ~ o ( s ( ~ o ,b ,ti;

daqual o governo tem que ter <ergo"ha. .?TI! ,74rr ..nm, É t g a Históna

:3;r ,rrnuin;.r, 2;, > da qual as Missbs tbmqU$-te,r vsrgo&a. ,, ., t J ,. i 4i,qmnPor, sso

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2 'c'L& dstbriau& h h C Omp8:b&&d&?? L < ~ " irXbk) , 209< ), O, ,i?. 1 , [&&j,t ; $ j j Lr::b5 :m : ,%-J

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Sumf, Tembé e os XipaiaKutua@. NO Maranhão encontram os

Guajajara, Ukibu-Kaapor, tGuaj& h b & Gauli& Kvikati; Vmbira; Ca-nela Apaniekra e Canela Rankdkdf~k~sNo'n6rde8terasileiro restamos Tremembé, Tapeba, Tok4 PHi&a,'T?hl~kd,Atikum e Kariri-Xokóentre outras. No Acre estãa os-Ma&ineri,.claminauá, Kaxinauá, Kulina,

Katuquina, lauanau8,1~ampai&h%&, f&@uihi, Yàminauq Apurinã e

Arara. Em Rondônia e no oeste d&rMa'to Grosso habitam os Cinta-Lar-ga, Suruí, Zoró, Gavião, Arara, Kaqtiana, Karipuna, Kaxarari, Urueu-

wau-wau, Pakaa-Nova, Mequem, Urubu, e outras tribos arredias (emRonddnia), Salumã, Myky, Apiaká, Rikbaktsa, lranxe, Kayabi, Pareci,Umutina e Narnbiquara oeste de Mato Grosso). No Parque Indlge-na do Xingu vivem os Airireti, Kalapalo, Kuikum, Mehinaku, Matupi,

Mahukwa, Yawalapiti, Kamayurá, Waurá, Trumai, Txikão, Suyá, Tapa-

yuna, Kayabi, Juruna, Krenakare e Txukarramáe. Em Goiás e leste deMato Grosso e n d n t r a ~s Bakairi, Bo Xavante, Javaé, Karajá,

%uarani, Tapiraphh 4 C h i r o , Xerente,, h6 e Apinayé. Na área

do este brasileiro temos os Guarani, Krenack, Pataxó, Maxakali, Pata-x6-H€-Hã-H6e, Tupiniquim e Xakriabá. Na área do Mato Grosso do Sulest8o os Guarani, Kadiweu, Terena, Quató e Camba. E por fim no Sul

do Brasil resistem os Xokleng, Terena, Kaingang e Buarani.Hoje a luta desses povos indlgenas pode

em luta pela demarcação das terras; luta cont

das terras demarcadas; luta contra a ~ u n @ue

res terras das reservas; e luta contra garimpeipração e madeireiras à procura dos recursos flote rrq indlgenas.

Metan to, a primeira grande luta dos povos indfgdnas9 idoterras. Esta tem sido}uma luia WsY6rí-

serem os primeiros habitantesreswdos,. sendo invadidos e

de.. ls&?&tdas erras estão ~ mokg~ da8,io@ 8, assinadas pela presi-

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To t a l Geral

Fonte:CIMI

Para que esta luta pela demarcação das terras indígenas fosseocorrendo, tiveram papel importante instituições de apoio à causa In-dia, dentre as quais destacam-se o CIMI - Conselho Indigenista Mis-sionArio -, o CEDI - Ceptro Ecumênico de Documentação e Informa-ção -, a Comissão Pró-lndio, ABA - Associação Brasileira de Antro-

pologia -, a OPAN - Operaça Anchieta - e a ANA1 - AssociaçãoNacional de Apoio ao1índio. Estas organizações não têm medido es-forços no sentido de aglutinar fiações da sociedade civil no sentido depressionar o governo brasileiro para que, no mínimo, cumpra a lei comrelagão à questãu induena,

Na entanto, o fato &ais hportante dos Últimos tbmpos foi a or-ganização da UNI -'União das Naçoès Indigenas. Alcançada com difi-culdade, pois os próprios Indios estão divididos, a UNI tem procuradocoordqar e representaros povos indfgenas interna e extemamente.

E importante frisar que as povos indlgenas no mundo todo t6mse reunido para tentar unificar seu movimento. Para Isto foi ?undamèn-tal a reunião do Conselho Mundial dos Povos Indigenas realizada em

a'OsnVOlar 61p a r pma-

ou povo Indlgenaa pâiticipar na vida do ESTADO,

91$it4.&bb ldrc' b , grau em ;qilci o povo ind@c@ ,#%d

r >

. 1 <, r $a** s+*

AS na+- e povos 1ndfgpi16-s,SM! iociar com os EsTAWS nasSW &&B.

t -r-nstibimâluoaiiws.

+a 6. Tratados - e ~ utros a c o d ~ v r h & h /&i

I aavos- indlmnils serb rwnhcM08 B aíjfioàW V6&h&a ni&& k í ~princípios dos trat&s com e u . t t o d . ~ m m CI>. .

quese p s l a M& r u k uma sacMade clmcrS-tia&W '119 HirB!

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Total Geral

, .

,Des.: Orital87.

tal a reunião do Cokêlho'Mundialaos F ~ v o sndlgeW f&Ii&%a em

L .L.,. .'B.. .o+...' .-. , ,. - ! - . ,-

DECL~AOAOÈ'PRIN(;~PIOS

1. 4snaçãese pvqs ndfg.r,i$q qpapem com toda a humanidade o di-reito à Hdp, do g ~ ~ . ~ ;m oòdo qu(d'@,~i[e~aestar livres de toda opressão, dis-criminqqib e qgèss'ão. < -'

2. Nenhum 'ESTADO eX&k &r i id ' f çao 'hm sobre uma nação ou

, sobre,oterritório destes, a n a ser que se faça de-total acordo coinosdesejosIívreinftnteexprimídos9 eferido povoou nhçÊio.,

3 As naç6hsle povos indlgenas t&in direfo a controlar e gozar perna-

?entementep s . @q"ips anceqrais-histdricos.Tudo isto incluindo o direito aof $010 e ao sùb&lb, às:Aguas íntdfidrese litorheas, aos recursosrenováveise1 não-renoydv@i~efi qcdromiasbaseadasnestes réhbrsos.

' 4: IYehhmESTADOhegard i umanaçáo, comunidadeou povoinidlgenaL bue resida dentro de suas fronteiras o direito a participar navida do ESTADO; I

i ualqiiei c$e sqa o modo ou o grau em'que b poe6";zi' Fscolher.I 5 As nações e

f gociar com os ESTAC 'Osasnd'!!2r -instituiçbes educativas. . I $ 5-

6. Tratados e outros amrd62 i

: povos indlgenas serao1 admas mesinas leis e

I recwin

:onhecidoscl~iosos

1 ,;", , ; " . .--,-' 'L

r. ., , I r . ' ,

0rganizaçko üas ~ a @ ~ i ! ~ n f & a &Genebra, ul& dé 1g85

<.. I ' .4 I ' , 4, - , : ,

..

-g&:p"8S>a8' I..

&flplie@òi i i f nas no&&I, hm~G j u n t i i

pqrd com as naçõesindligenas. ,I $r a

I' I

DIREITOS F~NDAM I~TA ISOS.POVOSND~GENASEste programa mínimo apo&a $ara o$ .d / & h tUndan@i$is dos p v d s

j n ? m a s g foi elaborado p l a u ~ I nia, a "R hiantia das ãire$8d&fi~ohafi&~

fi%T'b&i7&a õ acesdd@$ibfd @ & i

báslcos para que se possa c6nstniir uma sociedade democrAtica. -.?

,r''

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Primeiros ocupantss desta terra, os Indios os prlmeldos seus direitos fundamentais.O resgate da d@MB social noaqui. I u

i,RECONHECIMENTO DOS DIREITOS TERR~~R IA ISosws ~ f n orimeiroshabitantes# prqeil.

Os Indiosdevem ter garanla a terra, que B q&bitat", istoB,#onde vivem segundosuacubra e ondeviverão suas futuras rações. e I-

reito deve terprimaziasobre oupos+porter origem nao q u p 4 nd@#& que 6anterior chegada dos europeus. Y2. DEMARCAÇAOE GARANTI^ ~KSTERRAS ND~GPNAS. i

'

Conforme a Leino 6.001 f f3, terminou em 21de dehrnbro B'T&8o pra-zo para a demarcaçáo de$das as terras ir@I@nas.~oj&'&#k !/2!$hs ter-ras estademarcado, ., . ,

1 a ,..L I

Contudo, s6 a dema&ç+o n kdemarcadas, sejam $etivameigte,

puderemdecidir livremente

pregar estas riquezas. O pdos,lrtSfiq;e da invwãi?deLsu? terras. Agora, deve-serespeitar os povosqueresistipm, assegyrqnq-lhes csondi@ie~,para uma vida digna e para a livreconstrução do seu futuro.4. REASSENTAMENTO, EM CONDIÇÓES DIGNAS E JUSTAS, DOS POS-SEIROSpobresque se encontramemterras indfgenas.

Kt

Os Indios na0 desejam resohcer seus problemas CLs cu,s'Fsdos@g&~-dores rurais pobres,, que forampmpyrradospara as terras indígenas. Por isso,reivindicam .que os posbeíros pobres tenham garantido o reassentarnento emcondições que não os desamparemou osobriguema invadir novarn?nte territó-rios indlgenas.

RECONHECIMENTO E RESPEITQ C&,GANP~@~S,,SO [AIS ECyLTURAJS (06vgs iindCnas yrn-seus p@8fPs de mh,$i$Gan&ja-rantiasda plenacidadania. . t i . .?i

O Brasil6 umpaís p l u r i ~ & ~ ~ ,sto 6, um p&'&e'tem a erRe deld&@elít(e butros, 170 povos indlgenas diferentes. Esta hqueza cultuhl predqgarantida em beneficio das gerações futuras de fndios e não-fndios. P%&Wsodevemos reconhecer as o~ganiqçbes-sociais mb ra is indfgenas, assegu-rando-lhes a pgitimiçiiêdtindo-lhes a plenapa+

L >

I ' a ~ i : & j , - n .+ . r

~ m po d em verifi*r,'a ~ & . d ~ ~ ~ ~ ~ ~ f ~qp, O* 'fiQMòpode&r 9pe~~asluta desses.povosI m&;8i i@@poii(&a*.-bJ#i-leira em geral. 3% *. .,- $b . , . . , .

i> 1 '

Esta frente d e i [ ~ a ela terra movida pelos posseiros6 mais umafomia de luta oon1m1@ xpropriação a que os lavradoresdo campo es-táo'submetidos. A luta pela liberdade e pelo acesso à terra tem feitotrábhlhadores s em.wa migrarem. Procuram buscar no espaço distan-

te um lugar para o tebalho livre, liberto. Trabalho liberto, para eles, sótem sido posslvelem' te* liberta:

A migração histórim$m bbsca da'terra livre tem feito dos traba-Ihadoreslposseiros verdadeiiw retirantes. Retirantes 8m busca daliberdade.

O númerode posseiros tem aumentado muito, As vezes a con-tragosto de determinados esquemas de análises de teóricos que preferiam vê-los proletarizados. Estes retirantes muitas vezes negam o ru-mo à proletariza~áo buscam na aventura em direção à fronteira, for-ça para recuperar a condição de trabalhador-camponês.

Os posseiros no gehl chegaram em 1940 a pouco mais de 200

mil. Passaram em 1960 para 356 mil, chegando em 1980 q%98 mil. 5;)Censo Agropecuãrio de 1985 registrou um novo aumento: 1,O5 ;liilhóèsde posseiros no território brasileiro. Sua dsido homogênea, mas tcjdas .<ufi'd&$áreas a presença de posseirob.

O stado do Maranháo, com mais de 200. 1 po&fr&;%f$è$iperto de 2Ph do total do país. Bahia com mais de 100 mil pb6seir6s,Parã '(87 mil) e Pemambuco (86 mil) vêm logo a seguir. O mapa 10prmqra,, rrtustpr adistr ib~$~$?ertjtarial dos posseiros no Brasil.

r

No .ca(l~nto, a ,~$&#.nqrde~tina gncentra mais de 6Ph dos$bsseIros da.&. A 'pmuix.v&q E$ ~çiiões orte '(17%).Sul (10%).Su-deste (PIO) ,Cpt$@ptp,corn 4y0. + , , ,,

Qmo podam verifjwr, a elevadeiqce@p$i~ ,e posseiros noNordestatqm t p u i s f m ~ osta regi& òum~rea n& sóde.íuta,-mastqm(n de40co de rnigr;açãodq .trabalhaqlor',j8expmpria@osai nao.A Amqzdnia tqm sido\ut.rigdas rotasde& &novimentos.demqr4ficos.

i m i m que a participação p ep nt uq l dos estabelecimentosdeposseiros no conjunto dos ptqtglecirnenfos vistentes nos estados eteritórios da regi&-.Norte mais Mato Bmqso, Maranhão e Piauf,. temrepresentado mais de 30% do total.i Q.mapa 10 procura revelar t m W m W a wa~ter ls t ica a distri-

buição territorialdos posseim.

L .,

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1l~onre:.B.G.E. .I : 7 - I.

Org.: AFioyaldo UJde Oliveira- . J

prancheta".G . * ' t 9 , pmW3am~% iW&~Hd&:~-ljpl-baMfpm ggig

tra~8fwrnadosm "invasores" da prop&We.pnUra$a tiàrladp: .,@W

Sabedo.res de que hánas terras, índio elou poswirg, os proprietá-rios dos títulos passam a contratar a g u n ~ s / p ~ ~ k i ~wa,,fazerem a"limpezan das terras. A viol6ncia é um instrumento do processo de gri-

I lagem e dele não pode ser d i s s o c i a d o , & l ~ ~ r n s t ã k l ~ ~ m d a d o i i.

os jagunços contratados para o "serviço" e do wtro os posseiros. OSdados que mloc$mos no capltulctsbbHa3lbbti&:(WIa 2) revelamque a grande maioria dos conflitos no campo, 636 - 768 em 1985 ouseja, mais de 80% envolve~ampoweims. DesfeS1mt?flit~ssultaram

iP5 mortos, 117 fer i is e 482-presos: , J

- , .

Aqui reside uma parte da4ghrIde farsa desbmpenhada pelos 6r-! gãoç de repressão do Estado. Quem é preso?'Claro! Os posseiros.

Sãõ eles que, segundo a "Iein,'estão ocupando terras que não Ihes per-fencem, estão resistitido "às ordens" de d4socupaçã0, etc.

, Os @seir&, obviamente, não tinham e muitas vezes não têmcomo recorrer à justiça, e provar que lá esta há mais tempo. Quando

tenlam são assassinados.

No &io dessa realidade injusta, cruel e sanguinária é que foigestada a CPT - Comiss%o Pas$oral da Terra -, ligada à CNBB -Confer6ncla Nacional dos Bispos do Brasil. A ideia nasceu na Assem-

bléia Geral da CNBB em novembro de 1974 e se tomou realidade comi o Encontro Pastoral da Amaz6nia Legal em junho de 1975. Entre osautores da idéia encontrava-se Dom Pedro Casaldáliga, bispo da Pre-lazia de São Felix do Araguaia, que vinha forjando no seu trabalhopastoral a "Igreja da Caminhadando Araguaia Para isto, estava em lu-ta ao lado dos posseiros contra o latifúndio e os governos militares queprotegiam esses latifundidrios.

A CIPT passou a desempenhar o papel de uma entidade que co-locava todo o seu .corpo de colaboradores na defesa dos direitos legí-

timos do3posseiros erh luta. Mim,~depsis o CIMI nasceu a CPT.Com a CPT, o Wnfronto entre a Igreja, sobretudo aquela da

"Caminhada", e bs Qrandes IalVundiárlcs6 grileiro6 passou a crescer.O assassinato frio e mlwlado depadrese agentes paslorais passou aser uma 'constante.0s padrestJoãa Bumier, Rodolf6, Ramin e Josimo

passaram a fazer parte das estatísticas dos assassinatos no campo. A

impunidade dos autoras e mandantes tem çido uma constante nestescasos.

O trabalho pastoral dessa Igreja passou a abrir horizontes, unir

desunidos e a construir ob jet ip comuns. Da resistênciados posseirosem. uta foi surgindo a rwesidade da defesa .coletiva da tem. Nesseproceçso,coletivo de defesa da terra foram sendo csnstnctfdasas "roçascomunitárias", como as'de Santa Terezinha em Mato Grosço

-uma

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espéciede respostasuperior, do ponto de vis& m aaparentemente individu~lfamjtiar) dos posseiros. .I.''nQ

L

-5 r1 .t - I ' $ 1.' !- ' , : ,&*

A 'LUTAdMX PEdES.GW'& kPeoN&iEM. I ,;r-' . , , ;r- , ! v .- l tv 4 ui

a Na&tara da pR

projetos agropecuários k@j@-es&uaã fi&@Asidade,&rnão-de-obr%;.@ ~ 1 7 p ( ~ 4 g s i d c ~ ~ s e s g@qj@massaram:% &çar -Mod~peohagemou dQ,.YtráikEyieem v a . -

- r - - .. 9 mapa ,I1m a qt cwq~izagiigtgeogwiyi.dos ,irndveis,

registro de pemi&pnjt-qu l'tra6alho wqavo:rlaantada peloMlR@&gnqa dos pr~&to~.agropm&ri~so Par&aparece m &tague; o

~pms:ccvv#d~t~wm~ W n j ae Mato.,Grosso. NQ ent99@,p V t Cio se limita & Ammdnia, pois ele pw%flQ.r@@ M T

d w whoa sAmaz@a, PL4~:~ao: s.tmt,e .no Genp jy ldo Brasil. :, u> L I ' n -e 5 , .

bres (wm falta de gfem e

tada,\seguW-swMintis(~%OISO

doSkil.' J .

Fonte: Relalório "Trabalho Escravo", MIRAD. I1 , - I Des.: Oritai87. 1

ORIGEM DOS TRABALHADORESI

I Mapa 12 ALICIADOS

) C i -4 4 * ?J

i-': - ' , 'I,.

i.! 1 ; ) ' &T i J* , . 8 r .A

,L c&-: , .&&a@? Reidtbrio "Trabalho Eser aY t, &IRAD.' tias,: Orita187. ,

C;:

.

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Qs "gatos" e os fazendeiros para manterem os trabalhadorespeões sob controle, sobretiudo para não deixá-los fugir, mantêm verda-deiras quadrilhas de jqguriçus/pistoleiros nas fazendas. Estes, atravésda repressão, prcrouram intimidar os trabalhadores. Os, mais w w s ,que tentam discutir ou fugir, não raramente são assassinados. i

O trabalho do MIRAD traz, en tre outros, os nomes das em pr Ta sque contratam o fomecimento de mão-de-obra com empreiteiro ou "@a-to" e que por sua vez exploram a peonagem ou "trabalho escravo" d btamente nas propriedades. Entre eles estãa a Volkswagen, o grupo.$to-

torantim, o Bradesco, a Attdntica-Boa Vista, a Construtora CynabgoCorrea, o Grupo Supergasbrás, o Banco Mercantil, e empresários b-

nhecidos como Geremias Lunardell i, Maria Pia Matarazzo e ~ l ~ ~ $ o nPaulinelli.

A luta dos peões contra a "escravidão" também se ins~r&nocanjunto das lutas dos trabalhadores no campo.

A LUTADOS CAMPONESESCONTRA AS R E S 9 9 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ o ~ sNAS GRANDES QBRAS- O ESTADO

7 ,,,-d,, ,,'I-1. '

cultura capitalista altamente rentAvel. As vezes, chega a revelar m emo, a luta de milhares de camponeses para impedir que as obrasacontemm. ,

Entre este conjunto de lutas est8 aquela destincadeada pelo mo-vimento contra o projeto da Elstrosul, de w ns tru Ho d e 25 ba~ageps,visando o aproveitamento hidr\ijlétríco do rio Uruguai, O projjeto,executado, levaria 6 de sgp pria çã o dg te- rna h dde 4-0mil famllras

de colonos no R io Grandedp Sul e Santa~$2&xina.De forma organizada, com comissclb regional e núcleos munici-pais e locais articulados através de encontros, e com um jomal editado"A Enchente do Rio Uruguai", este movimento já fez um enorme a$a'i-xo assinado contra o projeto, e .tem impedido sua iT lantação. I

Outrp frente de lu& a-ntra o b rh do '€?a& kbrreu em Itaipu.Através do "Movimento Justicja p h r r a " a Idos foi centrada na justa indeniza' crançar algumas conquistas, os tra alhadajres ld e í~ y ll fi ze rq rq $acampamentos. &mo produto da luta' na wu rlw mi j-ã ~d Bd ~n iz q~ ~justa pelas terras. I

- -.. Y

Lutas estão sendo travadas também no Nordeste, no vale do SãoFrancisco, sobretudo na Bahia. Neste vale, as barragens como Sobra-dinho e Itaparica, e os planos de irrigação incentivados pela CODE-VASF - Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco -pretendem expropriar camponeses e não vão assentd-10s nas terras ir-rigadas. O que está em jogo é o acesso a terra que receberá os bene-ffcios da irrigação.

As lu tas proliferam e os mov imentos, em diferentes lugares, vãosurgindo, unificando lutas aparentemente específicas: luta por terra;

luta por preços mais justos; e luta contra a política agrícoladiscriminatbria.

O MOVIMENTO DOS CAMPONESES CONTRAA SUBORDINAÇÃODA INDÚSTRIA

O processo de desenvolvimento recente no campo brasileiro temcriado condições para que uma fração do campesinatoamplie a produ-

L tividade do trabalho familiar. Este processo tem sido possível em fun-

ção, de um lado, do acesso ao avanço tecnológico colocado à disposi-ção da agricultura capitalista, e de outro, do estabelecimento de novasrelações com a indústria.

Este processo tem sido objeto de muitos estudos. As indústriasconsumidoras de produtos de origem agrícola ou pecuária chamam es-tas relações de produção integrada. Isto significa que, por exemplo, nocaso da avicultura, a indústria de ração que também industrializa ecomercializa o frango, entrega ao granjeiro os pintinhos e a ração quecomerão até o abate. Depois de atingirem um peso médio de 1,5 kg,os frangos são entregues para o abate. A indústria destina uma per-centagem do preço final, que pode variar em torno de 15O/o, ao granjeiro.

A chamada integração aparece também na suinocultura no sul do

Brasil, onde as indijstrias da carne e dos embutidos (lingüíças, sala-mes, etc.) estabelecem contratos com granjeiros para a criação e en-gorda de suínos e para a produção de milho (ingrediente básico napreparação da ração).

Outros setores também conhecem este típo de relação: com pe-quenas diferenças, é o caso dos produtores de fumo do sul e os oligo-pólios das indústrjas fumageiras.

-O que estamos assistindo de fato é, pois, o processo de indus-

trialização.da agricultura que sem necessariamente wpropriar a ferrado camponêis, sujeita a renda da terra $aosnteressesdo capital. A ren-

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da da terra produzida pelo trabalho familiar, camponês, não fica comquem produziu, mas se realiza parte na indústria e parte no sistema fi-nanceiro.

Os mecanismos da elevação da produtividade do trabalho fami-

liar através da elevação do nível tecnológico deste setor, têm colocado

para esta fração do campesinato, dependendo do produto produzido,os limites da expansão da produção na pequena propriedade. Isto tem

levado uma parte destes produtores a vender suas terras, não exclusi-vamente porque, endividados, não têm como saldar os bancos, mas

para procurarem na migração para o Centro-Oeste e Ronddnia, a am-pliação da área da pequena unidade de produção familiar.

Dessa forma, não estão diante da expropriação inevitável peloavanço das relações capitalistas de produção no campo, mas sim noseio de um processo contraditório. Assim, ao mesmo tempo que o su-

bordina mais, promove o seu deslocamento territorial, abrindo espaçono Sul para a continuidade e possibilidade da koncentração de terras@arauma fração de camponeses que têm acumulado riqueza neste

cesso, e, conseqüentemente vêm abrindo no espaço distante, asibilidade da acumulação.

0s camponeses do sul do Brasil, produtores de soja, sobretudo,

vivido esta realidade. Uma evidência deste processo está na dimi-ão do número de estabelecimentos agropecliários na região sul do

si1 (1264mil em 1970 contra 1145 mil em 1980). Assim, não pode-

os analisar a t'eilidade de- agricultdres apenas com os dois hori-zontes extremos dessa realidade - acumulação ou expropriação.

Para estes camponeses, o processo de sujeição não está,nascondições de produção em si, mas na circulação dos produtos. E nomercado que eles têm tido a possibilidade de se enxergarem comosujeitos coletivos e não apenascomo produtoresindividuaisa competi-rem entre si. Desse processo têm brotado espaços de luta contra asujeição a que estão submetidos.

É assim que os agricultores produtoresdespja têm lutadocontrao "confisco cambial" e contra os preços da soja. Para isto têm blo-

queado as estradas com máquinas e tratores, no sul do Brasil, e no

Centro-Oeste.

É assim que os agricultores produtores de arroz do sul do Brasiltêm bloqueado estradas impedindo a saída de caminhões carregados

de arroz daqueles estados. f

É assim que os agricultores têm invadido cidades wm suas má-quinas para bloquearem bancos (do Brasil por exempla) para reivindi-carem melhores condições financeirasparaseus empréstimos.

Estas, en,W out

no campo .mQa o Pesta parcelabd@amponesew&,ti . , I .

* V -9. 9 i-('i - .I

4 - + ~ s r u

TO DOS "BRASIGUAIOS"

Harte do Paraná; pelas obras de Itaipu e pela pr

.fronteira. * . . , .

No bojo destas alteraç6es e &mo produto contradit6rio deste

processo, trabalhado~gsWeis t o &m-se suas vitimas. Trabalhadores .assalariados fioaramdesempragados.Meeii'ose rendeiros perderam a

poneses acabaram ex-

campo, empresários

timentos em território wragyabusca das florestas paraguaiastava praticamente se esgotand

as imobiliárias, aliadas ou não a agentes daditadura paraguam pir&pagandmrg wi@t&nciae "terras roxas" a preços baixos no Paraguai,logo e s -ttront$ilMmr&aBmil. Esse processo muitasvezes tinha a

presema do i@&, h&&bfdeBierrestar Ruml -, uma espécie deINCRA peirriguiin. Pw fimq-pr6ptiio hteresse.dosfazendeirosbrasilei-

ras,que expmdiarn suas,Wndede 'mf4 para o Paraguai, em buscade-tenaasbaratas (vinte, vez*. .mcmo.%que no Paraná) e exportaçõesde

q f i soo cambial (na-década de '70 epte confisco estava naq,?caSa e 23c.&Ja~8sorsaoa). Somava-se também,a estes interesseso

g&,~j~ ' ;~ 9 ~ 8 iwpla@ar,u s i ~ g ~e aç,úwr e 6 1 m 1

@nleu,!e& ,[email protected]~ada, travésdemovasraças e inlremadas,mIqe~tesde.agirn nQvaa. s i m ~ N ~ota&. ntecetsses e~aorl6micosbrasilejros em terras para-qg~mr ~xemplq. ,~+&@n,~4@60a$a.e 702 + % .m

m-,~Wqjão,e.&mpf8t~,Bai biras.+&R . - a ~ ~ j n ~ l u í a@-k@Q@ -Spai$. .e-Be!g igm@+&'~e~pr~a, ,~@sdquirir -1P mil

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hectares de terras do Paraguai, implantou umaJUsina de aç&vincen-tivada porumdecreto especifico do presidenteStroeSsner:=4'*

- Banco Real de1 Paraguay e Banco do Brasil -q xik-itre

os principaisbancosdo país. -,: r ' '

- W~emias utWdelli - quebdestie 1952estava W%ragua?,W&i =região fronteiriça de Pedro Juan Caballero e Ponta Porá, onde-r au-torização expressa de Stroessnet:ad4uirlu ,450mil hectares de teerras

que foram sendo loteadose revendidosa brasileiros.Desse modo, as transformações ocorridas na agricultura do .'Sul

do pais, mais os interesses capitalistas em terras paraguaias, pai&%-ram, de certa maneira, a cornarvdu'o processo migratório brasileirdDa-ra aquele país. Hoje são mais de 400 milbrasileiros na região da fron-teira entre Brasil e Paraguai. O mapa 13 procura mostrar essa área

BRASIGUAIOSMapa 13

LEGENDAFonte:C.E.M.

A A c amm a nM ~ de Bras&ioi . Ofg.:Aliovalda@ WJ Owa 6 aL radgualas U. deOliveira.

Des.: Oritd87.

'Em terras patag@aias estes "Brasiguaios"fi6ama merc6 da estrd-Wra de podermdriht ElEluele país.' Os1 tman:dos e d&n?andos doschefes militares criam uma situação de*ohtròlb e repressso.~ O l m i igrante brasilelro'nachegada é of%qad@$@Bi%r.-&lL'p'ekrn~W,ue tem

que renovar a cada tr6d~fies%&(Wnpre'pagariido s taxds'dc$lc%wUp-ção que as acompanhgm). AIénW%t%3,119ambém 'obrigadGahpaaar

a "livreta" imposto que dá odireitode transitar; owseja:.tern~qiiie$~

para poder se deslocar no @S. mbi:da.qlivrefa"é diferenciado por

tipo: a p6, de bicicleta, deMrro ouae carro.?? .Como estes "Brasjgtiai& não têm wndigóes financeiras para

pagarem sucessivamenteesms axas, estão @xr+im.arnea~doç pelaestrutura polioial wmip 4 mmum te-

remque entregar soas; X~UU u

Também tem si&~coinurtí naquele país o apareclmerrtcrde~~ha-I proprietários das:&~@paraguaios ~ ~ . b r i i & ~ i r ~ ~ )~ , @ a m' colan'os brasileiros,~gue:&w.t&maiailsls: a, sen e

abandonar tudo e voMr ao Brasil.

Esse processo de migragão (para8oParaguai,ernbobmtenha ori-gem mais antiga, foi Mais acelerado na décadade.70, comh~rnaiar;inci;dência entre 75 e 79. Já na decada,de 80, apesar de oantinuanhaven-

do entradade brasileirosnaquele pais, o período de81. a 84sobretudo,

vai ser marcado pelo processadeexpulsão de colonosjá instalados.

Cabe ressdtar, que sb a uma parte dos colonos brasileiros quei passaram a retomar foi negado o direito ao aoesso à tema, i@toam-

;. b6m tem sido negado aos próprios trabalhadores par$guaios. Estes,I * , .comose sabe, não Mrn tido tambem o direito à terra paraguaia.

r A este processo de expulsão, somou-se a propagandado gover-no brasileirosobre a reformaagrária.

Dessa forma, o processo de retorno dos "6rasiguaiosnpassou acolocar para eles e parao Brasilquestões geopolWiicas,mpoi;lante%.No

início dos anos 80 o governsb

gente destes colonos para GüaGrosso. Mas para a grande maiorta do~~fiBràsigu&$~~ruastou a alternativa de buscar nos acampamentos ur ia la ' foWWmpelaWWt4 no.Brasil. I.; :4 S C S ~ J ~

6B:~pfiMielbsacampamentos surgiram em julho de 1985;jWma940 &MiL&acampadas1em Mundo Novo, 147 em Sete Quedas e 78

emNaV tm í 1 ( ~~a?t3*):- Dqmis de mais de seis meses acampados, co-

Wegararna ser a~wmkadm.Aqueles que estavam em Mundo Novo fo-ram assentados no municipio de Ivinhema. Em Sete Quedas, foramei$sentad0s em 1986,150 farnflias.

Esse ,processo de luta atravbs dos acampamentos, abfiu a pers-pectiva de retomo para outros colonos no Paraguai.Como consequên-

* 'm, novosammp'mb%itbs~rrrm3organ5zad6;s~m *Mumdec Novo: Am-

pliam-se os contatos pollticos, pois jA estavam acampados na frontei-ra, noiníciode 1986, maisdé,4:6.;600 farinilias.

Com a promessa de asbentamento para os "brasiguaios", feita

pelo MIRAD, acelera%@ s&aGdebrasileiros daParaguaie simulta-

neamem 8m inícioa p r ~ ~n&ar;~19te~~tr(ab'aIha&re~, . ?

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De um lado, o prefeito municipal de Mundo Novo passa a proibir

os acampamentos no município. Para isto a Policia Militar de Mato

Grosso do Sul passa a reprimir e desmontar tentativas de acampa-

mentos em Mundo Novo. A alternativa para os "Brasiguaios" é a trans-

fergncia dos ammpamentos para o município vizinho de Eldorado.

Do outro lado, estava a polícia paraguah a pressionar e ameaçar

os colonos que pretendiam retomar. Aliados com a polícia brasileira ospoliciais pa~aguaiospassaram a controlar drasticamente a fronteira,

cobrando taxas <absurdasdos que pretendiam sair e até proibindo su-

mariamente a saída.

A violência da polícia paraguaia aumentou, e hoje, na região da

fronteira, pode-se ver cartazes com as fotografias dos lideres do mo-

vimento de retomo afixados em lugares públicos como pessoas procu-

radas pela policia.

Nem com toda esta repressão o fluxo de retomo de "Brasiguaios"tem cessado. A necessidade e a decisão do retomo tem sido superior

à pressão da polícia paraguaia. S6s ou em pequenos grupos, osbrasi-

leiros do Pariguai têm furado o cerco imposto pelas polícias e pela in-

transigência latifundiária dos prefeitos da fronteira. Cada caminhão

que chega aos acampamentosé saudado festivamente. O processo de

saídalretomo é inevitável para a maioria dos "Brasiguaios".A política do governo brasileiro no Mato Grosso do Sul passou a

ser priorizar para efeito de assentamento, os acampamentos de colo-nos originários do Paraguai. Para ser reconhecido como egresso da-

quele país, é necessária a apresentação do ~e rm i s o " ,documento

que comprova a saída. Ocorreu então que a partir daí, trabalhadores

sem terra do Mato Grosso do Sul passaram a cruzar a fronteira em di-

reção ao Paraguai para lá se fixarem provisoriamente, obterem o"permiso", e depois retomarem ao Brasil para serem assentados

Em 1987 já haviam sido assentados todos os acampamentos

existentes no estado de Mato Grosso do Sul, mas ao que se sabe a si-

tuação nos assentamentos tem sido precária e novas lutas estãonascendo.

A luta específica desta região da fronteira Brasil-Paraguai está

muito longe de terminar.

O MOVIMENTODOS BOIASFFWAS:GREVES E LUTAS, . .qL 1

O processo de desenvolvimento do w@ta%ismono,BCasil :&rnampliado as relações de produção e de trabalho assentadas no assala-

A 6 .

riamento. Com- qo, o numero de trabalhadoresp@ilariados,bóias-

frias sobretudo, tek;qescido em praticamente@$@$ país.Isto refleteo avanço d s orças produtivas.m &mpo.Nas &eas da cultura'& cana, laranja, caf6,m& tem crescido o

númerode tmbalhadores exptrhbs do campo e que residindonascida-

des voltaa4Ph dia para trabdbr no campo. Esta r'e'cLlidade.dos

bóias-frias tamcpetastoastoaraos movíhen& e lutas um novo q u d w a

bóias-frias.

Nazona damata nordestina o trabalho intenso de partidos polfti-

cos através do movimento sindioai tem alcançado níveis de paralisa-! @o grevista nunca vistos no pafs, numamédiade mais de250mil tra-

balhadoresem campanhaslsaWais. . -

No interior de São Rqula;l\a:violêBcia m wlodido emmovimen-

itwgilevistas. A geve ~de~Guarihern~1984,welou ao paísumareali-dade atravessadapela violência (omapa 14,mastmas cidadesem que

ocorrem~ g @ wm 49&4);V i o b o h ,ciw r&neicos e industriais do

suco de laranja,que,ex 1 s ~ . tEabalhadores pagam-

Ihes "salários& tornen.- que amiste'~impassíveIexploração e a agravaWaM@ l ~mbalkdore&wm impostos eleva-

dos, contas de água e,luz,altas.A viol&&a~.dasrntanifestaçthsaie 84

bS uma reação a es~eexplo-&~didiana i, .. A tudo isto mase mrnW..@viuldncia ipoliciai contra os

grevistas.

I. ,,4m geral, em São Pameotas girevkbs.de bóias-friasd

clsinas,$ifwrqwrado,mplantar:

de itrajx4bo~M7,ximeira greve de

por&h,,ded-@liltra o

gmvmdsa~W7,*-f~i.pmpsta

d&w&%Brnk~mri8ada1p.roqeW f&adiqonal.& mgtrole pelas~trababm&d&@a meW&

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Santo, São Paulo, Goiás, Ceará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pa-raná, Pará, Pemambuco, Sergipe, Bahia, Alagoas, Rio Grande do Nor-te, Paraíba, Santa Catarina, Piaui e do extinto &%tado da Guanabara. ACONTAG foi reconhecida legalmente em 31 de janeiro de 1964, peloDecreto no 53.517 do então presidente da república João Goulart como"entidade sindical de grau superior e coordenadora dos interesses pro-fissionais dos trabalhadores na agricultura, pecuária e similares, produ-ção extrativa rural, bem como dos trabalhadores autdnomos e peque-

nos proprietários rurais em todo território nacionaln.Com o golpe militar -de 1964, após quatro meses de sua funda-

ção, a CONTAG sofreu intervenção do Ministério do Trabalho do go-vem0 militar de Castelo Branco, que durou até 1968. Desde 1968 a en-tidade vem sendo dirigida pelo pemambucano José Francisco da Silva.Quatro congressos nacionais de trabalhadores rurais foram realizados,o Último em 1985, em Brasliia, quando se anunciou publicamente aelaboração do Primeiro Plano Nacional da Reforma Agrária (PNRA),pela ''Nova República".

O movimento sindical dos trabalhadores rurais tem se expandidopor todo o pals, somando, em 1984. um total de mais de 2,600 sindica-tos com mais de 9 milhões de trabalhadores sindicalizados, conformepode-se observar pela tabela 3.

TABELA 3

Expansão do Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais

Fonie: CONTAG(a) FETAGs- Federado de Trabalhadoresna Agriculturaibj STRs-Sindicato de Trabalhadores Rurais(c) Dessas 29 federaç6es existgntes em 1983, algumas foram dissolvidas, ouiras reagwpa-

TrabalhadoresSindkalizados

---2.1 10.7i4

5.734.1136.896257

p.248.3759.000,789

das, restando somente 11 em 1968.

(d) Delegacia em estadosonde n80 hdMemçBo.

S T R ~ ( ~ )

05475

6321.5822.275

2.447

2.5642.626

Ano

antesde 1960

at4 1963

19681973

19781980

1983

1984

. - m a

O MOVIMENTO. ABALHADORES RURAIANHA, TERRA SE CON

FETAGS(~)

-29 (C)

1118

20 + i(d]

21 + 1

21+ 122+1

imentos sociais no

de 60 eles te-

nhamocorrido na lutaHoje, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem o er ra é que

congrega, a nlvel nacional, a ação organizadora dos acampámentosComo forma de luta pela tem. Este movimento, como todos sabemos,

'foi fundhdo em 1984 wn Cascavel, Paraná, durante o Primeiro Ericon-tro Nacional dos T~abalhadoresRurais Sem Terra. Tém comissões em

L mais de quinze estados e ação em mais de sessenta acampamentos1 no pals.

Sua história está assentada na luta travada pelos trabalhadores1 rurais sem tsna sobretudo no sul do Brasil - Rio Grandedo 6ul com a

IEncruzilhada do Matalismo

-e a própria herança histórica do MAS-TER - Movimento dos Agricultores Sem Terra ocorrida naquele estado

/ na décadade 60.I

E um movimentocm~at, apoio.da ,çFT- comjssáo P%Q@da Terra - e outros setores progressis1 manter qualquer vlncxio formal oú regLtambém hoje fortemente ligados à CUT,

I nacional.ISb$ a di[et$o $s "Sem Terra" há hoje em acampam~;tb9 pelo

/ Bfasil mais & TS mil amlias, distribuldas nos estados do Rio Gihnde! do &I,Santa &t@ra, bAran~,"~atorosso do Sul, Mato Grosso,I

Sãô'Palllo, ~in'dd':&e&is,E S ~ € Oanto, Maranhão e Sergipe. O esta-f &.cio P m á i&ri'm&^msiis dk 20&carnpamen!os.

Deve-se destacar porém, que mais recentemente, partidos .politi-caç da e@oerda e 2i ala prbreeista do PMDB passaram a alitnentara estratégia do acartiparisdntd-domo instrumento de luta pela terra, daío seu nbmero pdr t6dO o pàls*SePmaior do que aquele controlado peloMovimento Nacional dos Trabalhadores Sem Terra.

',O NCRA diagnost id naprkmeiro~ano do P l m Nacional da Re-forma &&a a exist&ncia+ m -pais;de$9. acampameratos enval-vendo 18.478 famliias assim distribuldas:

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Regiáo Norte: Rond6nia - 1 acampamentoI ' . me$: ' L, i , + a w p g n 6 h t o

Regiáo Nordeste: , .Ma.ranh@ h , , , @$@#nJ?~tn9nfosPemam,buco - 4acampamentos

' - .amgntos

'. ?&& Grosso do Sul '3&a-&tb"s

Regiáo Sudeste: Minas ~e r a h ' ' ~~~á&&~k&~to's

EgpljtdSanto .% 02acarniiaqenfos

, RIOd Jqneko , . -q campanyntps

, i . - h a c q p a m e n p s

- 36Ufamflia.s,",' ias

- , fa';o!ias

- 28ükpiilias

v i-3,380 litintas

- 100tdhlas

- 380famflias

- 35ofaq1flias

- h0 0 fa&nk$s

Região Sul: . @ara?$ - 4 acampamentos - 76 O$~Q ~mf l ipSanta Catarina - 7 acampamentos - Q10fagiqb

Rio Grande do Sul -06acampahentos - .%i jh f l /as. , .

I , . , > , '

O mapa 15 procura apresentar a distrib;iii@o t@~TZbrial esta

acampamentos pelo pais.Para o Movimento dos ~rabalh~doresurais$6 e h a

tão fundamental do acesso e luta pela terra passa necessariamente

pela discussão do modo atrav6s domal vai se pmtiuar na tema. Neste

sentido a questão da produCgD wltstivizada esf4 no centrd de &aapo. Proõura-se, , essa. *fdma &t& hole kela@w de drotiuç&

, I 1;

wletivas.

O Movimento dos TraWhad~res~Ruraisem Terra rept&ta no

cart&~. h ~ i k h ~ ~ f i , ~ v ~ @ . ' ayel tip %9hiqgEi~hkbhn$lC-;k7.B;

da npv88 fg@ [email protected] & r \ q i ; b@,tq#+ hih BIS

4 t& f~n te &+ai, .&-a#@.% rrplsl,s$q?!~ P T w ; w ~exercício da r i ~ a ç á ~ - ~ ~ m b ? I t qp ~ ~ & + a n p p i e ;saIet\v~ospróprios trabalhadores.

> I i I

As experiencias que está6 sendo levadas a cal~o os &#q@mentos de Nova Ronda Alta na Rio.Gqqxie& S& ep1~%uyty4

to Feliz em São *Paulosão-exemplo&deste avanq$w tm4xdhadom

rurais. i . 1 '1 , A . - , a - I . + I + , , , , ~ * ~

Os v e m pOericcm de-Dom i?qlmj l i ga ! ! ex@rr8plwes

c o m mostrada diversidâde mQadMlia que:n;rrWeste m o v i m b ~ d' > c \ ; jl!! , ' , - a - ' - I ckr,-

NOVA RON DA ALTA .1-m,Nova RondaAlta terra prometidaQuando a união não falta, sobre a terraB vi&Terra Prometida que conquistaremosCom força unidae os irmãos que temos.

Nós pobres podemos, Deus está por nós

IJuntos venceremos muitos "Curiós"

E pra gauchada que firme onde estáA golpe de enxada o ch80 crescera.

Esta terra A nossa vida São SepB!E não há quem possa dobrar nossa féCada encruzilhadaque vencer o povoE uma caminhada para o mundo novo.

' I A terra vermelha como sangue puroGermina na históriao nosso futuroBatiza a barragem e o resto que esperaÁguas de passagens páscoa verdadeira

Muitos vão em frente de nossa esperançaE dentro da gente todo povo avançaA cruz por bandeira e o amor deste chãoSomos sem enteiras de libertação.

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LOCALIZAGÃO GEOGRAFICA DOS ACAMPAMENTOS

Mapa 15

Fonte: MIRAD,198iI Deç.: 0ritalb7. '

. .Ia-

. a . 5 r . x

- - - - - -

Acontece que o campo braiiíeird, no"inicio' dos anos 60, htava

retirar a~%aFldeirada Reforma Agráiria das Liga& d a equW a:e l daoporj@e er6 geral no pals. 7 ..

. .' b' a' m do da aprovação do Estatuto foi selado ehtre os latifundi&

riõstelo-govem militar. Sb recentemente foi revelado lque'o ehtão Mi-nistro Roberto Campos garantira aos latifundiários que *o Estatutoa ~ ~ v a d oão seria implantado. Passados vinte anos d,escobriu-se a

@@(idade este acordo: o Plano Nacional da Reforma Agrária não ha-r " . * . .-. ,1 Dessa forma, o regime'militar ducmte seus mais de 20 anos devigência, conviveu/conse~u/~o~v.eu,m verdadgirQ.Iwii@ das erraspiiblicas deste pais enf@ latikrndi&ios e empresários do Ce ntroSu lin8ustriald W I d & : ~ & i ~m < ã urguesia iildWrial e os latifun-d ia t i s ~ t á v M â r : M s f o m i ~aquela barguc.s"ia.'em atifutíd iários,ern'td~iálÍ&íh$Wi,rtant@, (abuirgriiwla Tntiu&t$al fl-muMidlizada.zf* on.c~-tm.E@om t e p ~ . d e q t m ~ t o i i a t i z a ç ã o A d durguesia in-

dustrig wia.awplado .a@ de rnilitai;&~&-da qwstB 0 agrária.Veio acompanhado de um processo de intervenção militar no pmesso

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de distt-l6ur$o das 'te-frãs'no pals. Prim~Wo h m 0s escZindalos davenda de terras a estrangeiros apurados pela Comissão Parlamentarde Inqu&to em 19@8,quando se verifiqu a transferência, através detitulas falsos e outros expedienfes, de máis de 20 milhões de hectares@e q m a eQtrang%iroç.Nestas tr-açõB fraudulentas, fuhcior$%os

- do recémcriado IBRA - Tnstituto ~ktsi le i ro a Reforma-Agrária - quehavia siibstitujdo a:SCIFRA: - ~@e@end6n'dia da Pb l l t i c~ grária -

&L~MWIO J&o GwW)ti * . . . .

Com o episódio da guerrilha do Amguaia, o envolvimento militarcom a questão da terra acentuou-se. Uma faixa de 200 km ao longodas rodovias federais da Amazônia Legal passaram para o controle daUnião. Foi criado o GETAT - Grupo Executivo de Terras do Araguaia-Tocantins -, subordinado ao Conselho de Segurança Nacional. Prati-camente o INCRA - Instituto Nacional de Colonização e ReformaAgrária - que havia sido criado para suceder o falido IBRA, ficou sob omntrole militar. A militarização chegou ao ponto de, com a criação doMinlsttSrio Extra~rdinárioara Assuntos Fundiárids, o prirneim ministroser o então Genèiiai Danilo Venturini. ,

Dtoante toda esta época'o pafs viveu sob o clitna - p r e l omilitar, conseqüentemente, a Reforma Agrária era palavk de ordemproibida. Os, overnos militares tqaram de iludir os tp&plfgtdoresacenando wm,projetos de colonizag&, napwazbia, mxqq sindnimode "~efpr rna gr@$"' Logonos.primeim arloç,o,-&and+ aQ P ~ica-ram relgtgedos os assentados, fez ruir aw19Riaaq@ofioi4,,$a.Trainsa-mazdnica. Sobram os projetos de colonização oficial de R~~Mnia,,i-nancia@ com dinheir~ o Bancq Mundiqi atrav& do Pro je t~ !@o-No-roeste. Sobraram tambélm, os projetos de colonização particularesaolongo da rodovia Gwi&á;&antarém. I *

Junto airm o -ificdntiVo B çklonização, sobtetu@'~&ldf, t@hmoS famosos projdtos de regularizaçgo funditiria igd'áhedte f i %la&com recursos internacionais. Atravb destes projetos, d 7 1 b J d ~ l ~ u k -rizou a' fraude fundiária praticada sob'retuh da Amazônia Legal, atra-'vés dos expediedtds da gAagem @rr~spdtrlicas. '

I . o

Os esc6nddm no Mato.Q r w q G ~ i d s *q;di, ebw sucederam.Os dólares dos bancos iratemwi~ndserwn validadei @Bca ac?w-so de mais de umaa m t e ~ ~ d e p e s s o a s.milh,õe~dek&re:g,k ter-ras. púM i s . k t a s tem haviam sido ~qrnp r i adas~~ los - :g~lpõseco-ffômicos do Centro-Stil~atmvés,a famosa~potí t imdancaentiws fismisda8UDAM. , .

Grupos econômicos apropriaram-se de vastas regiões do pais, eao que se sabe, mantêm estas terras com fins puramente especulati-vos. Um grande número de proprietários de tema com latifúndios im-produtivos - 2,6% dos proprietários rurais do Brasil (não são mais do

que cinquenta mil) detém cerca de 286 milhões de hectares de terrasagricultáveis (47%do total de terras do pab).Ainda segundo o INCRA,há no pals 105 milhões de hectares de terras agricultáveis sem nadaproduzir. Estas terias estão assim distribuidas:

Região Milhõesdehectares

Norte: 12

Centro-Oeste: 45

Nordeste: 32

Sudeste: 8Sul: 7

- I ' . %

At4 mesmo o estado de São Paulo, que é considerado um dosmais ocupados economicamente do pals, tem uma área ocupAvel enão explorada de mais de 2,7 milhóes de hectares. Outro exemplo é o

- Rio Grande do Sul, que dispõe de mais de um milhão de hectares

Estes capitalistas detêm essa imensa área de tertas com fins es-peculativos, porque a terra em nosso pais 6 uma mercadoria de tipo

especial. Ela aumenta de preço mesmo sems e r

alocada para produ-zir. Essa terramercadoria é pois renda capitalizada da terra.Uma das provas elquentes de que estes capitalistas retem a ter-

ra com finalidade especulativa com a total c0nivência dos órgãos res-ponsáveis (INCRA), está no fato de que nem os impostos (ITR - m-posto Territorial Rural) são pagos pela maioria deles. Dados doINCRA-MIRJADmostram que W!Oos latifúndios por exploração e96?4dos latifúndios por dimensão sonegam impostos. Os dados mos-tram tamMm que 76% das propriedades com mais de 1 mil ha têm

sonegado impostos. Alem de concentrar e reter especulativamente aterra, sonegam os impostos incidentes sobre elas, que em 1987 che-

gavaa

um total de mais de 222 milhões de cruzados.

85

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8/6/2019 A Geografia Das Lutas Do Campo2

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"PAZ NA TE RR A A REFORMA AGRARIA DA"NOVA REPUBLICA"

, Estas previsões do Plano eram acanhadas, porque elas represen-

muito menos do que as terras cultiváveis existentes no país

e o Cent~o-OeSte penas l%

0s omais da 6poca; estamparam fapa pqpagandagovemamen-sobre o Plan~MaÇisnal dd Reforma Agt'Ma, mas uma chamou

nção pelo toní deiinagdgico (Quadro 1).

A UNIAO DEMOCRÁTICA RURALISTAI% - UDR

Assumindo o governo em 1985, a "Nova RepBblica" para realizar

a anunciada "Transiçãó Democrática" da ditadura, fez com que novas

alianças se soldassem no seio do poder do Estado com a anuência

militar. A "Nova República" colocou como um de seus projetos prioritá-rios a Reforma Agrária, anunciada durante o Quarto Congresso Nacio-

nal dos Trabalhadores Rurais, realizado em Brasllia pela CONTAG -Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura. Começaramentão as articulações para a elaboração do Plano e em outubro de

1985 foi aprovado o Plano Nacional de Reforma Agrária, conforme

mandava o Estatuto da Terra de 1964.

Aliás, o Plano era mais acanhado do que o Estatuto da Terradogoverno militar de Castelo Branco. Por exemplo, o PNRA tem artigos

onde anuncia que se evitará, sempre que possível, a desapropriaçãode latifúndios (artigo 20 parágrafo 20 do Decretono 91.766). O parágra-

fo 30deste mesmo artigo, diz claramente que: "O poder público evitaráa desapropriação de imóveis rurais que, embora incluídos em zonas

prioritárias, apresentem elevada incidência de kendatários elou par-

ceiros agrícolas e cujos proprietários observem rigorosamente as dis-

posições legais que regulem as relações de trabalho entre os proprie-

tários e os cultivadores diretos". Assim o Plano conseguiu sutilmente

"revogar" o item V do artigo 200 do Estatuto da Terra que diz

claramente:

Art. 200 - As desapropriações a serem realizadas pelo PoderPúblico, nas áreas prioritárias, recairão sobre:

V . - as áreas que apresentam elevada incidência de arrendatá-rios, parceiros e posseiros,

Dessa forma, o Plano além de modesto, trazia inúmeras distor-

ções no cumprimento da lei do Estatuto da Terra:

A primeira previsão para assentamento entre 1985 e 1989

apresentava:

Ha

43.090.OOO

10.080.000

7.560.000

18.900.000

4.370.000

2.1 80.000

Brasil

Norte

Centro-Oeste

Nordeste

Sudeste

Sul

Famíiias

1AOO.OO0

140.000

21Q 000

630.000

280.000

140.000

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8/6/2019 A Geografia Das Lutas Do Campo2

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Houve muita reforma agrária na Híst6ria e há muitaspropostas de reforma -&ia na c c h ç a das pessoas,nos limose nos projetos políticos.

A Reforma Agrária do Presidente - porém. é brasileirae atende à r d d a d e política, econômica e sociai do País.Todos podemapoiá-la, pois B justa, adíica,racíonai,produtiva e demwática.

Nossa Reforma Agrária não Wingue 'ou ombate a proprieda4privada. Pelo contrário, amplict o número de proprietários eestimula a produçãio e a produtividade.

IQuem produz nada lem a temer. A RelormaAgr6na nao nol eW 6 de maneira nenhumaa propriedade.

IIA Relcrma Agrbna busca o 6qudibiio danquea na campo e o aumento d,produhvidade.

111A Relo ma &?&na 6 um projetopoiiliCode alcance nacional, Mo um oonmitotecnico ou um aranicio de aIinnaq60

idmlbg~pioa

VIO diialto h prbpbplfdade 6 ameaçadoquando o Mado ou indivíduasoonwniram Imuiassbrw imprcduhw s

anda íInpedem que outra nelas produzam.

VIIu.nmm iudipa no campa A Reloma

Aar6iia tem o obloüw d e harmoniaaras mafLtm no campa pala acabar com

a 1111uaUça e a violboia nesse sotor,inmmpailvals com os deais da wneiihçh, mmm i d d ngláw a mm e larmação do p m

b d e i m

VIIIA Ralorma Agrdria Mo uiicla uma!i v e i iac, avançdr sem que .w

laça uma raloma pml unda da eatmluraquena ou abre uma fenda Aomnlrdrio, es(amm Ir Wa nd o pios

lundibna Nenhuma naçdo moderna mm da mnviuBnoia p(icllw. A Rstomentahilwu-sa uisliiucionalmentesem r d v e r s eu A@* b s Psz e náo aproblema agrbrio

IXReloma Agrbna oomplementa a

Aplicar o Esiatuio da k a m ap 1l sr o &boa agdirola pata que J. cumpra ahomem do campo e asregurar a de hinção dh t om , a de rnoduzir para um8

brasileirw o direxlo de Mo d e r d a saoiedadequesa uhu kon de &o qued q a a n t o daspmaq€m humhnas, que 6 a m-54sr com& harala para noinw>p.I I fome. Deaendvendo a agmuihua, gcuanhndo aocupaç ão aos lavm&ms, wmm lar, l&m

XA Reiotma Agtbria demacraliea a

nossas indiklrms produrindo mais, e o h w o propneddde, tomandaa acaea(va1 avencendo o desemarego nas oidadea mllhaasd e b d k c e . PÃZNA TERRA. I Ihb<auCdr*dr- daRP-abn<xóiadinuik.<bfk3 N&&R.lmM.Aqrrild.d b10& c& 1m

PIasidenle da República

rn Brim*

ficam particularmente na Amazânia, onde não há infra-estrutura e con-dições ecológicas para receber grandes contingentes populacionais.Em segundo lugar, quanto às terras da Igreja, a acusação não passade um grande "blefe", pois a Igreja detém perto de 170 mil hectaresem todo o Brasil. O mapa 16 procura mostrar o 'número de imbveis eda área ocupada pertencentes à Igreja, por estados no país. A verdadeA que as terras da Igreja representam 0,04% das terras dos latikindiá-rios como mostra o grdfico2.

Assim, pbdemos afirmar que a UDR nasceu para manter estg es-trutura concentrada da te m, defendendo seus proprietários: os la tifun-diários. Tanto isto é verdade que dados divulgados pelo MIRAD reve-lam que esta organização tem sistematicamente orientado os latifun-diários desapropriados a ingressarem com'agóes na justiça, visando,no mínimo, embargar judicialmente a reforma agrária. Estas apelaçõesem uizo vão entravando a implantação do PNRA e em pouco mais deum ano de implantação QoPlano, elas já representam mais de 37/0 a

, área desapropriada total no Brasil (596.000 a). Outra questão curiosar com relação à atuação da UDR (5 que estas apelações na justiça apa-, recem desigualmente dístri bu das pelas regiões brasileiras: Norte 6%

i (15.800 a), Nordeste 36% (209.4Mha), Sul 33% (25.440 a), Centro-' Oeste #% (238.460 ha) e no Sudeste 70% (106.830 a).

A UDR, portanto, ao defender os interesses dos latifundiários es-

tti também, como já verificamos, defendendo este setor da sociedadeque além-,da mncentrar terras, sonega impostos (76% dos latifundiá-rios com mais de 1.O00 a não tem pago o ITR).

A IMPLANTAÇAO DO PRIMEIRO PNRA

Com a implantação. no pals do primeiro PNRA, começou uma in-

tGnsa luta entre a UDR - União Democrática Ruralista -, o govemo eos trabalhadores sem terra, posseiros, etc. Por todas as formas a UDRprocurou inviabilizar a implantação do Plano. O primeiro m inistro doMIRAD, Nelson Ribeiro, caiu. A viol6ncia no campo aumentou, como jádemonstramos. Em outubro de 1986, m ano depois, o INCRA anun-dava os dados .referentes a esse período - sobre a implantação doPNRA - Tabela 4.

De fato, o govemo da "Nova República" havia decretado a desa-propriação de apenas 23% da supèrflcie prevista no plano; 5% da áreaforam destinadas para assentamentos, e 5% das famllias previstas pa-raserem assentadas, foram efetivamente assentadas.

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Gráfico 02 - A Distribuiçáo das Terras no Brasil: LatifiZndims, Ter-ras Públicas, Estrangeiros e Igreja.

LATIFÚNDIOS v

Fonle: O debate em tomo da proposta do I PNRA da No va Repú-blica. Jos6 Gomes da Silva, INERA, 1985. Pubkicadr> emalguns pontos de discussáo sobre a questgo da R e f ona

Agrhria: o caso do Brasil. Des.: Ori lal8 7.

Mapa 16 TERRAS D A IGREJA

TABELA 4

Famllias: 67.500

, ' ..

b , <' , ,... , .".,..

91

-Familas

&sentadas

1.632

10,Wo+

3.054

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Passado mais um ano, em 1987, o Plano continuou sem serrealmente implantado. Mais dois ministros foram substituídos. O pri-meiro foi Dante de Oliveira, substituto de Nelson Ribeiro. O segundofoi Marcos Freire que morreu em "acidente de avião próximo ao aero-porto de Carajás, Pará", juntamente com outros dois diretores da cú-pula do MIRAD, inclusive o então presidente do INCRA José EduardoRaduam. O curioso é que o aeroporto de Carajás fica na região ondeocorre hoje o maior número de conflitos de terras com vítimas fatais.

Carajás, no Sudeste do Pará,é

a área onde em 1986, por exemplo,mais trabalhadores foram assassinados no campo.Hoje os dados referentes a implantação do Plano não mudaram.

Na região Norte do Brasil apenas 18% das terras previstas foram de-sapropriadas; já na região Nordeste, 6%; no Sudeste, 4%; Sul, 10%, eno Centro-Oeste, 12"/0. Assim, menos de 10% do Plano previsto foiimplantado. A razão continua a mesma: pressão dos latifundiários, viaUDR.

O FIMDO INCRA E DA REFO RMA AGRÁRIA

Com a morte de Marcos Freire, a "Nova ~e~ública"olocou co-mo Ministro do MIRAD, Jáder Barbalho. Ex-governador do Pará -1983187 - eleito pelo PMDB - Partido do Movimento DemocráticoBrasileiro -, ele foi no mínimo conivente com a maior matança nocampo de que se tem registro nos últimos anos. Nada mais, nada m enos, do que 21 1 trabalhadores foram assassinados no campo daqueleestado no período de seu governo (30 em 1983, 29 em 1984, 59 em1985 e 93 em 1986). Como se pode ver, o número de trabalhadoresassassinados aumentou absurdamente durante o governo de JáderBarbalho no Pará. No ano de 1986, seu último ano de governo esta-dual, o total de trabalhadores assassinados representou 30% do totaldo pais inteiro. Foi ele o escolhido para ser ministro do MIRAD.

Entre seus primeiros atos, está o Decreto-lei no 2.363 de 23 deoutubro de 1987 que extinguiu o INCRA e criou a INTER - nstituto Ju-rídico de Terras Rurais. Este mesmo Decreto-lei transferiu para oMIRAD toda "a supervisão, coordenação e execução das atividadesrelativas a Reforma Agrária", antes sob controle do INCRA. O decreto-lei continha também nos seus artigos 50, 60e 70 o seguinte:

Art. 59 - Para efeito de reforma agrária, a União desapropriará, por inte-resse social, a propriedade rural inexplorada ou cujo tipo de exploração contra-

ríe os principias que informam a ordem econdmica e social, desde que incluídaem zona prioritária, fixada em decreto do Presidente da República, observandoas seguintes normas:

I - não podem ser desapropriadas:a) áreas em produção;b) apo~riedadqru@ ?m área,contíriua de:1) qt&mil &quinhentos heçtares na área de awação da SUDAM;2) até mil he~tares. a &$a be atuq%,pq SUDECO;

e i 3) qté qgin-ntos h c t d r p na &'$&de #uaç3io da SUDENE:

4) até duzentos e cin$e$a he$i~es no estatite do' kfs ;II - a dbdàp??opnàçâo ao'ultrapassará-a s@pnt?e hinco por cento dapropriedade mral c6m 8rea sliperior'.&obminimds 6&bebcidos no item anteriore &te dez mil hectares;

111 - mpe9tado o ~&poSto+mneim anterior, poder4 ser Integral a desa-propriação de área que ultrapassar a dez mil hactares;

IV - qssegurqdãç as necessárias gervidóes, o prqprietdrio desapropria-do terá. o díreito de escolher os vinte e cinco @r cento da brea que remanesce-r6 sob seu domlhío B que se tornar6 irisuscetTVel d& nova desapropriação paratins de reformay@ia;

V - a eshblhd; a b & e refe're o item pr ~k he nt e, &erá ser feita a par-tir das principais bsnfeítoria~"existent85 o imbvel, obrigatodamente nduídas na

área que remafisscerâ @ob domhio do pilopri$?ário deeaproljriado.VI - em hã o hayendo bnf@it@ia a propriedade desapropriada, a esco-lha na0 poder6 recair sobre Araas litigiosas ou conflitadas;

VI1 - em qualquer hipótese dos itens anteriores, a escolha qsseguradaao proprietário deverá ser manifestada em trinta dias ap6s o decreto dvapro -priatório, sob pena de decadência do direito e extensão da desapropriação a to-da a área;

vil1 - a escolha manifestada pelo proprietário dará à União posse ime-diata sobre a área desapropriada.

58 I! r -& .9pf jWde r~relídesapp~rja4@eIf4 de§ting~ã~mediata àsfaflflia~~4~d.air-t~4-.~3$~~~veidta,qtr8p@s@[email protected]$p+w wra que a$p:ui-qm, codq$i&+s ^ygpqs.@e,idgip ,@qie$y e tr$balho, dqn.9-se preferencia a

ç~opyg~ i ;ei$à iayrqqiores [email protected] ~#pci~a~is$$cia d<s p6deres públi---- . . . .LU.." ' 1 8

$ $ - -bs , te&o$, contratos e titùlos dE!dorninio, ex@bdiios peloMTRAD, que se d e s t ' m a h.istrut-nerítafítar'a 'alienagács ou concessão, inclusi-Ire a dk? direitd-real de uso, de tem& públíeas federa& terão, para todosos efei-bs; vhldr a efizRáciade &oritrlra pdblioa.

.).pSo W Htulos de don%ok oiril<aB de concessão de,di re it~eal de usote r% , brigatmimenfeicl$Qsula mlcr iiva condicionada &produção agrícola oupecuária; e poderão conter, ainda, cláusulas de inalienabilidade, por temposer-to, @?çritériqJ VRAp., .

Ai., 6" - Naexe6$ãu das atividades previstas nos arttgos 4" 55"dested e ~ r è ~ l k i ,~ l~h~~'óbsdr\ iar$Í; dl~spoflvosegais de prote~%o reservaflorestal,

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Art. 7" - Na concessão de incentivos fiscais a projetos agropecuáriosde abertura de novas regiões, a União exigirá que lhe seja transferido o domíniode dez por cento da área beneficiada e que será, sob a supervisão do MIRAD.utilizadano assentamento de pequenos agricultores.

Como pode-se verificar, este decreto-lei também vai "ferir" o Es-

tatuto da Terra em vários de seus artigos, satisfazendo as reivindica-

ções da UDR e dos latifundiários do pais, pois as áreas em produção

não serão desapropriadas para fins de Reforma Agrária. Não serão

também desapropriadas áreas de até 1.500 ha na Amazônia, 1 O00 ha

no Centro-Oeste, 500 ha no Nordeste e até 250 ha no SullSudeste.

Além disso, a desapropriação incidirá sobre 75% da superfície do imó-

vel, podendo os 25% restantes ficar sob controle do latifundiáriolpro-

prietário (isto para imóveis de até 10.000 ha).

Além disso, o governo acaba de alterar as previsões de assenta-

mento do PNRA - 85/89, baixando as previsões que antes eram de

1,4 milhões de famílias para serem assentadas até 1989, para uma

previsão de 1 milhão de famílias a serem assentadas ate 1991. A área

total prevista também baixou de 43,09 milh&s ha entre 1985189, para

30 milhões de ha até 1991. Assim o pais conhece uma redução de30% nas metas do PNRA e uma ampliação em dois anos (seis anos

portanto) para se realizar 70% do que estava previsto para ser realiza-

do em apenas quatro &os. Nova propaganda foi veiculada na impren-sa brasileira para justificar estas medidas.

Na realidade, o que assistimos, é a pressão dos latifundiários e a

"falta de vontade política" do governo da "Nova Repúblican em implan-

tar esta tlmida reforma agrária no pais.

Aliás, já no final do ano de 1987, o governo suspendeu o decreto-

lei que havia transferido a faixa de 200 khu ao longo das rodovias fede-

rais na Amazônia Legal para a jurisdição dg INCRA. Isto significa que

todas as terras públicas na Amazonia ~e g a jexceto os 60 km da faixade fronteira) passam para o controle dos institutos c@ .terras dos lesta-dos, ou seja a cessão das terras públicas ficará a cargo dos govemw

estaduais. Os exemplos passados destes institutos estáo cheios dehistdrias de corrupção e grilagens e nada foi feito até hoje para apurar

um número enorme de vendas irregulares de terras públicas na Ama-

z6nia. O futuro apontado pelo governo da "Nova República" é neste

particular, também sombrio.

Entretanto, a luta cada vez mais organizada dos trabalhadores éuma resposta política à sociedade brasileira em geral, e ao Estado e

aos latifundiários em particular.

Oom oOeCreto-i.ei 2.363. @sanado e@Presidente Joad çbrney em 21 deWLulimde 1987,nãoprecisam maistemer a Relorma Agraria.I'Os w e h o s e mebios proprieldriosde im6ve1s rurais ale 260heclares (noBOF/$udestft), 500 hectares (no

oí pte) 1. O0 hectares (no Centro- ,

B :8& ti8cta~esna Am azdnia). .

erapii i 4 gera de Srn l ihbe~ 4 0 ,m~f&dt.b ruraie. Mua iheweis n%oppdm se ckigaprOPflado,parq eleilo .de Fielar& Agillna. Ou *Ia. 9 7 , 4 1dos

R" ielilíios arale bniasiieiros nao tBmais nenhuma r-o para lemer a

Reiorna Agrbria2. OS proprielá rios de ImOveis rurats deQuaiQuer'lamanho cuias terras esleiamproduzindo. Terra enipfodu@o naópode mais seraes8plop riadapareefello dè Reforina Agrtlrla (deacordocam o Deqretojei2.363).

BNThQ C#fW TEM HgWA REFQ A AGI&~L~?

Quem iem rnedo'o'a ~d& ;rnn'& rilrinoroprieltlriosatifundio improduliv~.urais gu8 deiem~ 2.6%86e

miihdes de heotdribs.4796 dgs te&ag&ylt8Dsisda,Wsktimk oarr

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A transformação da sociedade é uma necessidade imperativadomomento, e enquanto ela não se faz totalmente, os trabalhadores ru-rais vão gestando as formas"@oletivasde trabalho, cantando a mesmacanção de autoria.dpGoiá e Francisa Lázaro, já cantada na décadade 60: '%irande Esperança". ,

E é com este.,@ntoque encerramos&e &o: 7?

. .c7 -i. . A GRANDEE ~ ~ È ~ Á N &8

A classe roczeira e á'klasgeoperária~nsiosagsperama reformaagráda

Sabendb"queeladará soluçãoPara a situação queestá precáriaSaindoo projeto do chão brasileiroDe cada roceiro plantar suaáreaSei quenamiséria nihguemviveria.E a prodiição á aumentariaQuinhentos por cento atena pecuária.

Esta grande crise que há po~courgiuMaltrata o ca bc lo erido em-seu brioDentro de um pais rico e altaneiro

Morrem brasileiros de fome e de frio v

Em nossas manchesterq de rkos im6veis .Milhões de automóveis já se produziu -.Enquanto o coitado do pobre operárioVivendo apertado ganhando um salárioQue sobe depois que tudo subiu.

Nosso lavrador que vive do chãoS6 tem a metade de sua produçãoPorque a semente que ele semeiaTem que ser meia com o seu patrãoOs nossos roceirosvivem num dilema y.7 m . ' ; ~ t , -

E o seuproblemanão tem solução h W m Wq- h0

.,,.

Porqueo ricaço que vive folgado .k-.mAcha que o projetose for assinado

. . . A , . .

Estará ferindo a Constituição.

AgrandeesperançaqueopovoconduzPedir a Jesus pela oraçãoPrá guiar o pobre por onde ele trilhaE a cada família não faltar o pãoQue ele náo deixe o capitalismoLevar ao abismo a nossa naçãoA desigualdade que existe 6 tamanhaEnquanto o ricaço não sabe o que ganha

O pobre do pobre vive de tostão.

Como o leitor pode observar, vários foram os autores que inclui-mos em nosso livro. Faremos agora a sua citação bibliográfica comple-

ta, bem como a de outros autores, agrupados de forma geral, para quepssam orientar futuras consultas.

O número de trabalhos sobre os conflitos no campo não é tãoe vamos nos limitar a indicar aqueles que julgamos mais

irnp~itante~.

Um primeiro conjunto de trabalhos refere-se à história das lutasno campo e à necessidade da sua compreensão recente. Destacam-sea[ os tréibalhos de MARTINS, José de Souza: A militarização da ques-ta0 agfdria no Brasil, Editora Vozes, Petrópolis, 1984;A Reforma Agrá-ria e os limites da democracia na Nova República, Editora Hucitec,560 Paulo, t'986; Cativeiro da Terra, Editora Hucitec, São Paulo, 1979;,cxpf0pt7açã" & Vioiência, Editora Hucitec, São Paulo, 1980; Não h&topara se plantar neste verão, Editora Vozes, Petrópolis, 1986; Oscamponeses e a política no Brasil, Editora Vozes, Petrópolis, 1981.

Outros trabalhos, também importantes, foram utilizados para darmnta da história das lutas no campo, dentre eles citamos: ANDRADE,~an uel orreia de, Lutas Camponesas no Nordeste, Editora Ática, Sãopaulo, 1986; BASTOS, Elide Rugai, As Ligas'Camponesas, Editoravozes, Petrópolis, 1984;Comissão dos Religiosos, Seminaristas e Pa-dre Negros no Rio de Janeiro, Ouvl. o Clamor deste Povo... Negro,Editora Vozes, Petrópblis, 1987; MOURA, Clóvis, Quilombo, Editora

ptjca, São Paulo,1987;

PINSKY, Jaime, A Escravidão no Brasil,

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