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A GESTÃO E O PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS NO MANEJO DE EUCALIPTO Cintia Manfredini (Unitau) Helen Beatriz de Oliveira Fai (Unitau) Jorge Luiz Knupp Rodrigues (Unitau) Resumo A cultura do eucalipto representa uma fonte de energia 87% mais barata que a de combustíveis fósseis, por outro lado, é devastadora: reduz a biodiversidade, afeta os lençóis freáticos, altera a qualidade do solo e destrói a capacidade futurra de produção de alimentos. O impacto desta cultura sobre as terras agricultáveis, recursos hídricos, fauna e flora, provoca também a inviabilidade da agricultura familiar. As comunidades tradicionais campesinas e em alguns casos índios, sem-terra e pescadores estão tendo seus modos de vida inviabilizados pela ação deste complexo agro-exportador que mantém a inadequação do uso dos recursos naturais no mesmo paradigma de desenvolvimento hegemônico nos quinhentos anos de exploração do Brasil. A implantação de florestas de eucalipto envolve um conjunto de operações que pode iniciar com o preparo do terreno e terminar com o último trato cultural. Estas operações podem ser realizadas por meio de métodos manuais, semi-mecanizados ou mecanizados, dependendo da topografia do terreno e de fatores econômicos, ambientais e sociais. Anualmente ocorrem muitos acidentes na exploração florestal, grande parte deles nas operações de derrubada, desgalhamento, destopamento e toragem com motosserras, sendo a falta de experiência na atividade e a falta de treinamento do pessoal as principais causas de acidentes. A causa dos acidentes também está vinculada à forma de realizar as tarefas. Assim sendo, é necessário que a empresa responsável pelo plantio e corte de eucaliptos, estimule a conscientização dos empregados, no que diz respeito a as condições de trabalho e os riscos existentes no mesmo, isto pode acontecer se a empresa tiver um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais ou PPRA. 12 e 13 de agosto de 2011 ISSN 1984-9354

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A GESTÃO E O PROGRAMA DE

PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS

NO MANEJO DE EUCALIPTO

Cintia Manfredini

(Unitau)

Helen Beatriz de Oliveira Fai

(Unitau)

Jorge Luiz Knupp Rodrigues

(Unitau)

Resumo A cultura do eucalipto representa uma fonte de energia 87% mais

barata que a de combustíveis fósseis, por outro lado, é devastadora:

reduz a biodiversidade, afeta os lençóis freáticos, altera a qualidade do

solo e destrói a capacidade futurra de produção de alimentos. O

impacto desta cultura sobre as terras agricultáveis, recursos hídricos,

fauna e flora, provoca também a inviabilidade da agricultura familiar.

As comunidades tradicionais campesinas e em alguns casos índios,

sem-terra e pescadores estão tendo seus modos de vida inviabilizados

pela ação deste complexo agro-exportador que mantém a inadequação

do uso dos recursos naturais no mesmo paradigma de desenvolvimento

hegemônico nos quinhentos anos de exploração do Brasil. A

implantação de florestas de eucalipto envolve um conjunto de

operações que pode iniciar com o preparo do terreno e terminar com o

último trato cultural. Estas operações podem ser realizadas por meio

de métodos manuais, semi-mecanizados ou mecanizados, dependendo

da topografia do terreno e de fatores econômicos, ambientais e sociais.

Anualmente ocorrem muitos acidentes na exploração florestal, grande

parte deles nas operações de derrubada, desgalhamento, destopamento

e toragem com motosserras, sendo a falta de experiência na atividade e

a falta de treinamento do pessoal as principais causas de acidentes. A

causa dos acidentes também está vinculada à forma de realizar as

tarefas. Assim sendo, é necessário que a empresa responsável pelo

plantio e corte de eucaliptos, estimule a conscientização dos

empregados, no que diz respeito a as condições de trabalho e os riscos

existentes no mesmo, isto pode acontecer se a empresa tiver um

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais ou PPRA.

12 e 13 de agosto de 2011

ISSN 1984-9354

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Palavras-chaves: Palavras chaves: Plantação e corte de eucalipto;

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais; Equipamentos de

proteção

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1. Introdução

Nos últimos anos os conceitos de gestão passaram por grandes

transformações e o entendimento do papel do homem nas

alterações dos sistemas produtivos torna-se de suma

importância para o alcance dos objetivos organizacionais,

principalmente, dos relacionados à produtividade e qualidade.

Aumentar a produção e manter a qualidade do produto ou

serviço com menos esforço humano tem sido por longo tempo

um objetivo das organizações que buscam formas de gestão

que considerem na organização do trabalho: materiais,

máquinas, equipamentos e procedimentos. As novas

necessidades produtivas e seus impactos no trabalho humano

têm sido abordados sob vários aspectos, variando de acordo

com as diferentes áreas de conhecimento e com a natureza do

problema analisado.

O melhor caminho para alcançar a produtividade fundamenta-se em planejar as áreas de

trabalho para que os trabalhadores somente necessitem alcançar objetos e se deslocar em

certos limites, porque se as limitações e capacidades desse trabalhador forem consideradas em

sua atividade, isso poderá proporcionar um desempenho mais criativo, mais inteligente e,

portanto mais eficiente (KAZARIAN, 1989; KOTSCHEVAR E TERRELL, 1985). Neumann

et al (2006) complementam que os elementos escolhidos na fase inicial de projeto dos

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sistemas produtivos têm conseqüências para a produtividade.

Em função dessa demanda a ergonomia tem sido requerida para atuar na análise de processos

de reestruturação produtiva, sobretudo, no que se refere às questões relacionadas à

caracterização da atividade e à inadequação dos postos de trabalho. Os conhecimentos

ergonômicos buscam compreender a relação entre o homem e seu trabalho, equipamento e

ambiente, com o objetivo de proporcionar segurança, saúde e conforto para o trabalhador.

Moraes (2007) defende que na sociedade industrial, o aumento tecnológico apresenta pelo

menos três metas básicas, quais sejam: a redução dos esforços físicos, o aumento da

produtividade e a melhoria da qualidade dos produtos.

A análise sobre os avanços alcançados com o objetivo de aperfeiçoar os processos para

produzir mais e melhor e, ao mesmo tempo, prevenir transtornos, preservando a integridade

física e psicológica do trabalhador, merece especial atenção.Uma das atividades econômicas

de fundamental importância para nosso País nos dias atuais, ou seja, o processo de plantio e

corte de eucalipto é uma atividade que envolve grande massa de trabalhadores, direta ou

indiretamente. Além disso, para que os trabalhadores possam atingir um bom desempenho nas

suas funções de plantio e corte do eucalipto, deve-se procurar adaptar o trabalho às

características do trabalhador, buscando reduzir a sobrecarga física, a fadiga, o absenteísmo,

os erros, os acidentes de trabalho, bem como propiciar maior conforto, satisfação no trabalho

e bem-estar social.

Mas a introdução dos conhecimentos e das práticas ergonômicas na maioria das empresas é

dificultada, principalmente porque tem sido observada sua aplicação para o cumprimento da

legislação vigente. Esse fato reside em função dos benefícios financeiros gerados pela

ergonomia muitas vezes serem de difícil mensuração (IIDA, 2005). Percebe-se ainda uma

maior preocupação com a máquina do que com o homem, o que pode ser comprovado pelo o

alto índice de acidentes de trabalho e de problemas de saúde sofridos pelos trabalhadores.

Muitas vezes o trabalhador está fisicamente no ambiente de trabalho, porém de forma

improdutiva, desmotivado ou com problemas de saúde física e psíquica.

Este artigo visa apresentar e analisar a importância da gestão, o conhecimento a aplicação do

PPRA (programa de prevenção de risco ambiental) no plantio e corte de eucalipto. É

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importante também analisar e identificar, na aplicação prática, a contribuição que a utilização

dessas máquinas e equipamentos, ergonomicamente adequados, podem oferecer para a

melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e do desempenho na gestão de empresas que

atuam neste ramo de atividades.

2. Problema

Como a gestão deve buscar a conscientização dos empregados sobre a importância dos

Programas de Prevenção de Risos Ambientais?

3. Objetivo

Estimular a reflexão sobre a cultura, o plantio e o corte do eucalipto e também sobre a

importância da elaboração e utilização do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.

4. Metodologia

Para a realização deste trabalho foi realizada uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de

campo na empresa Ocre através de observações do manejo do eucalipto, de entrevista com

envolvidos (gestores, empregados etc.). A coleta de dados foi iniciada em maio de 2010 e

concluída em outubro de 2010, realizada em áreas de corte de eucalipto dos municípios de

Taubaté e Caçapava, no Vale do Paraíba do estado de São Paulo. Verificou-se a aplicação do

PPRA em uma amostragem composta por 53 operadores de motosserra (47 % do total),

trabalhando em sistema um mais um, ou seja, com um ajudante, em operações de derrubada e

traçamento, e ainda, machados que efetuam o desgalhamento.

5.Uma reflexão sobre o eucalipto no Brasil e suas conseqüências

O eucalipto é tipo de vegetal, cuja espécie exótica é originária da Austrália, possuindo 600

espécies. Suas árvores e podem alcançar em média 50 metros de altura. Pode ser plantado

tanto à beira-mar, quanto a 4.000 metros de altitude, sob temperaturas que variam de 35°C a -

18°C. Quando em 1770, o eucalipto foi introduzido na Europa, havia uma crença de que ele

possuía poder milagroso quanto à malária e outras doenças. No Brasil data de 1825, o plantio

e cultivo das primeiras mudas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Em 1882, foi

considerado o causador da febre amarela e, literalmente, arrancado pela população de

Vassouras/RJ. O cultivo destinava-se à produção de lenha para locomotivas, dormentes para

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ferrovias, postes para eletrificação, matéria-prima para produção de celulose e produção de

carvão vegetal.

O cultivo em larga escala, teria iniciado em 1903, pela Companhia Paulista de Estrada de

Ferro em seu primeiro Horto Florestal, Jundiaí/SP, pelo silvicultor Edmundo Navarro de

Andrade. A espécie cultivada era a denominada de eucalyptus globulus, com sementes

trazidas de Portugal. Vecchi e Andrade (1918) afirmaram em seu livro que seria muito difícil

encontrar uma planta que podia ser utilizada tão completamente. Porém, destacam os

referidos autores que quando em momentos de falta de chuvas, as raízes destas árvores abriam

verdadeiros drenos para retirar do solo grande quantidade de água, em função de seu

extraordinário poder de absorção através das raízes e grande poder de evaporação pelas

folhas.

Entre 1909 a 1966, a cultura do eucalipto se expandiu e surgiu a Lei de Incentivos Fiscais ao

Reflorestamento nº 5.106, de 1966, que permitia ao agricultor aplicar 50% do Imposto de

Renda, em áreas de reflorestamento. O IBDF (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento

Florestal), não conseguia definir e testar as essências florestais de maior conveniência para o

reflorestamento brasileiro, assim sendo, nos estados do sul do País, foi introduzido, pelos

interesses da iniciativa privada visando à obtenção do retorno de seu investimento em curto

prazo, a espécie Pinus Elliotti, um tipo de pinheiro americano, e o Taeda, um tipo de pinheiro

brasileiro. Já nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, a preferência para

reflorestamento era do eucalipto, apesar de muitas críticas e indicações de técnicos

especialistas que afirmavam que o cedro, o mogno e o jacarandá, se devidamente tratados,

alcançariam um acelerado processo de crescimento e também valor de mercado internacional

em função de serem madeiras muito procuradas.

Neste período a média de árvores derrubadas já era de centenas de milhares por ano, e não

havia um plano para recuperar o saldo negativo deixado pelo corte das reservas naturais. Em

poucos anos, a produção madeireira alcançou níveis altíssimos, e paralelo a isto, ocorria a

instalação de várias fábricas de pasta mecânica de celulose e papel no Brasil. Segundo dados

neste período já existiam cerca de 470 mil hectares destinado a plantação de eucalipto, sendo

que 80% deste total estava no Estado de São Paulo. A FAO (Organização das Nações Unidas

para a Agricultura e Alimentação), em 1973 obteve os dados para a elaboração do clássico

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Eucalypt for Planting (FAO, 1981), demonstrou que a área total plantada de eucalipto no país

tinha ultrapassado 1 milhão de hectares, o que representava a maior área de cultura de

eucalipto do mundo, sendo mais que o dobro da área plantada pela Índia, que ocupava o

segundo lugar em tal cultura.

O governo Geisel em 1974, com a criação de três subsidiárias com a finalidade de apoiar o

empresário brasileiro, estimulou enormemente a o desenvolvimento de grandes projetos e um

deles foi realizado pela empresa Aracruz Celulose S.A, que possuía como acionistas o próprio

BNDE, o grupo Walter Moreira Salles, a Cia. Souza Cruz (BAT-British Tobacco), Erling

Lorentzen e Billeruds Aktiebolag. Sobre este investimento feito na empresa privada, o

governo brasileiro através do BNDE Notícias dizia que o contrato assinado em 21 de agosto

de 1975 fora "A maior colaboração financeira já concedida a uma empresa do setor privado.

Em 1975, começa a entropia dos produtores brasileiros, decrescendo a produção brasileira em

16,1%, sobreviveram ou continuaram ativas apenas as empresas que haviam providenciado o

replantio.

Segundo Rudolf (1977), a produção nacional de celulose deverá, em longo prazo, crescer

substancialmente, devido ao esgotamento de reservas florestais de outros países, porém a

preocupação é principalmente, com o controle da expansão e com os resultados da mesma. A

FAO por volta de 1985 alertava sobre os problemas sociais e ambientais do eucalipto, dizendo

que "o eucalipto não deve ser plantado em larga escala sem uma avaliação de suas

conseqüências econômicas e sociais". No Brasil por volta de 1986, e função dos incentivos

fiscais concedidos pelo Governo Federal, possuímos cerca de 3,2 milhões de hectares

plantados.

A partir de 1987, os incentivos deixaram de existir. No estado da Bahia, em 1988, vários

grupos como produtores rurais, clero, parlamentares e autoridades estaduais e federais,

manifestaram-se favoráveis ao cessar o plantio de eucalipto no estado, pois as extensas

plantações estavam ocupando terras agricultáveis e expulsando os pequenos produtores de

suas terras. O estado do Espírito Santo em 2001 criou uma lei que proíbe novos plantios de

eucalipto no estado. Já no estado de Minas Gerais a paisagem foi transformada pela

monocultura, desaparecendo pássaros, mamíferos e plantas, inclusive em áreas de Mata

Atlântica e cerrado (LIMA, 2005).

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6. O plantio e corte do eucalipto

O setor florestal brasileiro tem crescido muito na última década, sendo importante buscar

novas alternativas de implantação florestal com sistemas mais adequados para alcançar a

sustentabilidade econômica, ambiental e social, garantindo a saúde e a segurança. A cultura

do eucalipto representa uma fonte de energia 87% mais barata que a de combustíveis fósseis,

por outro lado, é devastadora: reduz a biodiversidade, afeta os lençóis freáticos alteram a

qualidade do solo e destrói a capacidade futura de produção de alimentos. A expansão da

monocultura do eucalipto para produção de celulose e carvão vegetal construiu um complexo

agroindustrial exportador, que ao longo das últimas quatro décadas no Sudeste vem

impactando os rios dessa região que foram degradados pela contaminação por uso intensivo

de agrotóxicos e por um processo de secamento relacionado ao plantio em larga escala,

comprometendo a pesca e a qualidade e quantidade da água potável. A empresa Aracruz

Celulose desviou o Rio Doce para garantir o consumo abusivo de 248.000 metros cúbicos

diários, inclusive gratuitos, das suas três fábricas de celulose (FASE, 2003).

A fabricação de celulose produz resíduos que lançados nos rios contribuem para a

contaminação do lençol freático. A mais recente fábrica a ser inaugurada no Nordeste

localiza-se no território do município de Eunápolis, próximo a sede do município de Itapebi e

estará utilizando a água do Jequitinhonha, a água do Santo Antônio será utilizada para

abastecer a vila operária da fábrica e não estará livre de riscos de poluição, já que a população

em sua cabeceira, junto à fábrica, deverá aumentar. Os efluentes do processamento da

celulose serão despejados no rio Jequitinhonha, pouco mais ao norte, pois, o Santo Antônio

não tem vazão suficiente para dar conta dos dejetos, e o movimento ambientalista teme e

denuncia que o Jequitinhonha também não o tenha (SAMPAIO, 2003).

O impacto desta produção sobre as terras agricultáveis, recursos hídricos, uma fauna e flora.

Sem vem provocando a inviabilidade da agricultura familiar. As comunidades tradicionais

campesinas e em alguns casos índios, sem-terra e pescadores tem seu modo de vida

inviabilizados pela ação deste complexo agro-exportador que mantém a inadequação do uso

dos recursos naturais no mesmo paradigma de desenvolvimento hegemônico nos quinhentos

anos de exploração do Brasil. Para alguns autores como Oliveira et al. (1991, ZANUNCIO et

al, 1991; SANTANA, ANJOS, 1989; SANTANA, COUTO, 1990), a ampliação da área

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plantada com eucalipto modificará as condições para todas as formas de vida da região, e o

impacto se inicia pela mirmecofauna com a proliferação das pragas típicas do eucalipto,

especialmente saúvas cortadeiras e desfolhadeiras do eucalipto.

A atividade florestal brasileira participa com 4% do PIB nacional, gera muitos empregos e é

considerada uma das principais atividades para responder aos desafios da exportação. Das

áreas de floresta brasileiras, 64% são ocupadas com o plantio de eucalipto e 36% com pinus,

distribuídas pelas regiões Sudeste (56%), Sul (27%), Nordeste (9%), Centro-Oeste (4%) e

Norte (4%). Minas Gerais é o estado que apresenta maior área plantada, com 1.678.799

hectares, seguido de São Paulo, com 776.160 hectares e Paraná, com 672.130 hectares

(INCAPER, 2006).

A implantação de florestas de eucalipto envolve um conjunto de operações que pode iniciar

com o preparo do terreno e terminar com o último trato cultural. Estas operações podem ser

realizadas por meio de métodos manuais, semi-mecanizados ou mecanizados, dependendo da

topografia do terreno e de fatores econômicos, ambientais e sociais. O conhecimento do perfil

e das condições de trabalho dos trabalhadores envolvidos na atividade florestal relacionada ao

eucalipto é útil na implementação de novas técnicas de treinamentos, de melhorias das

condições de trabalho e da satisfação em uma determinada empresa. Os trabalhadores

desempenham diferentes tipos de funções que exigem diferentes habilidades sendo de suma

importância o levantamento do perfil do trabalhador.

7. Prevenção de riscos ambientais

Para SILVA (1989), a causa dos acidentes está vinculada à forma de realizar as tarefas. O

acidente é percebido em sua relação com a forma pela qual o trabalhador realiza ou é

obrigado a realizar o seu trabalho. A configuração dos acidentes está vinculada à configuração

da atividade em que eles ocorrem. O acidente desvinculado do processo, também chamado de

azar, ocorre em número mínimo e sua prevenção é praticamente impossível. Entretanto,

geralmente os trabalhadores se acidentam durante as atividades para as quais estão previstos,

com os equipamentos previstos e, na maioria das vezes, de forma absolutamente previsível.

Os problemas econômicos acarretados pelos acidentes de trabalho atingem o acidentado, a

empresa, a sociedade e o País. A redução da capacidade de trabalho, em virtude de acidente,

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diminui a produtividade do trabalhador, reduzindo assim as suas possibilidades de progressão

na empresa, limitando o aumento salarial e a motivação de uma futura promoção. Além do

custo do equipamento danificado, salários pagos para treinar o substituto, despesas médicas e

farmacêuticas e queda da produção, muitos outros fatores contribuem para aumentar os custos

de um acidente de trabalho (PEREIRA E MACHADO, 1989).

As avaliações ergonômicas contribuem para revelar as reais condições de trabalho, bem como

para detectar os erros e procurar adaptar as condições de trabalho ao homem, visando

harmonizar e trazer benefícios ao trabalhador. Assim sendo, é necessário que a empresa

responsável pelo plantio e corte de eucaliptos, estimule a conscientização dos empregados, no

que diz respeito a as condições de trabalho e os riscos existentes no mesmo, isto acontecer se

a empresa tiver um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais ou PPRA.

O desenvolvimento gerencial resulta na aquisição, expansão ou reformulação de

conhecimentos, habilidades e atitudes, de forma planejada, sistemática, para aperfeiçoamento

do desempenho atual. E, ao mesmo tempo, preparação para posições de maior

responsabilidade, demonstrando assim, a importância do autodesenvolvimento através do

interesse e esforço com relação a dificuldades, desafios e oportunidades.

Carvalho (1995) alega que os gerentes são os verdadeiros gestores de recursos humanos,

dessa forma, sua visão acerca do indivíduo, seus modelos condicionam suas ações. Mudanças

significativas no comportamento gerencial, portanto, implicam em modificações de

concepções. De acordo com seus objetivos, diretrizes e planos, cada organização define quais

conhecimentos, habilidades e atitudes, são necessários e desejáveis para o desempenho atual e

futuro. Assim, a abordagem de sistemas é inevitável se o desenvolvimento gerencial for

compreendido como um processo abrangente de interação entre o homem, o trabalho e o

ambiente intra e extra-organizacional, ao invés de somatório de alguns cursos e seminários.

8. Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA

Este programa é baseado na Norma Regulamentadora 9 (NR- 9) da Portaria 3.214/78. Seu

objetivo é estabelecer uma metodologia de ação que garanta a preservação da saúde e

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integridade dos trabalhadores frente aos riscos dos ambientes de trabalho. Dentre os riscos

ambientais citamos os agentes físicos, químicos e biológicos, variáveis quanto a natureza,

concentração ou intensidade e tempo de exposição. A organização precisa conhecer e utilizar

as determinações do programa de prevenção de riscos ambientais para que possa orientar o

seu empregado na realização de suas atividades, evitando ocorrência de acidentes do trabalho.

O montante das despesas decorrentes de acidente do trabalho é pago pelo empregador por

meio do recolhimento de uma taxa ao INSS cuja variação percentual obedece a graduação de

risco da empresa (TAVARES, 1996). Além de orientar o empregado em relação aos riscos

ambientais, a organização deve exigir o cumprimento das normas para evitar possíveis

problemas com acidentes. Conforme o artigo 158, inciso 2º da CLT, o empregado deve

observar as normas de Segurança e Medicina do Trabalho colaborando com a empresa na

aplicação das ordens de serviço quanto a precauções a tomar no sentido de evitar acidentes.

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais baseado na NR 9 no seu item 9.3.1, deve ter

as seguintes as etapas:

a) antecipação e reconhecimento dos riscos;

b) estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;

c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;

d) implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia;

e) monitoramento da exposição aos riscos;

f) registro e divulgação dos dados.

Para identificar um determinado risco, a organização deve fazer uma análise prévia de novos

processos a serem implantados, e normalmente esta análise é feita por uma equipe própria e

através de um ato impositivo da alta administração. Já o tópico relativo ao reconhecimento de

riscos é comumente realizado por consultorias, que vão até o local e buscam e verificam os

riscos existentes. O estabelecimento de prioridades e metas de avaliação, bem como a própria

realização da avaliação dos riscos, por sua vez, depende diretamente da empresa, pois envolve

custos de exames, inclusive laboratoriais, envolvendo assim a necessidade de prever e

disponibilizar recursos junto à estrutura de custos da empresa (CROTTI, 2010).

A implantação das medidas de controle e a avaliação da eficácia das medidas adotadas

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dependem de um estudo técnico, há a necessidade de a empresa disponibilizar recursos

financeiros, os quais em certos casos podem ser de valores considerados. O mesmo ocorre

com o monitoramento, pois há a necessidade de estudos técnicos constantes e, em muitos

casos, são fundamentais exames laboratoriais. Portanto, a empresa de consultoria pode apenas

atuar, conforme contrato, nas ações não estratégicas. Assim sendo, acaba por executar apenas

parte de o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), cabendo à empresa sua

realização plena. Logicamente, as consultorias podem auxiliar a empresa na execução destas.

(CROTTI, 2010).

Os documentos emitidos pelas consultorias possuem um prazo de validade e isto pode ser

comprovado através do item 9.2.1.1 da NR9 que afirma que "Deverá ser efetuada, sempre que

necessário e pelo menos uma vez ao ano, uma análise global do PPRA para avaliação do seu

desenvolvimento e realização dos ajustes necessários e estabelecimento de novas metas e

prioridades". Assim, temos a obrigação legal de, ao menos uma vez por ano, realizar uma

análise global, que deve compreender todas as etapas do PPRA. Nesta análise, dentre outros

aspectos, deverão ser: definidos quais áreas serão mais bem analisadas, quais testes

laboratoriais serão realizados, onde serão investidos recursos para a melhoria das condições

ambientais etc.

Se fizermos uma analogia com os sistemas de qualidade, é o mesmo que a análise critica,

onde, uma vez por ano, há uma reunião onde se verifica o que vai ser feito e o como vai ser

conduzido o assunto "segurança do trabalho", naquele período. Em outras palavras, é a

oportunidade de verificar se o que foi planejado foi realizado. E aí realizarem as correções de

rumo, se necessário, definindo os próximos passos etc. Assim sendo, a obrigatoriedade de ser

realizada uma análise global por ano, para se definir metas e corrigir eventuais rumos e não

ter um documento com validade anual (CROTTI, 2010). É importante entender que o PPRA,

como o nome já diz, é um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, ou seja, é um

programa contínuo de melhorias das condições ambientais.

Os equipamentos de proteção individual (EPI) recomendados pelo PPRA para os

trabalhadores que desenvolvem atividades de corte de eucalipto são o capacete conjugado

com protetor auricular e viseira para proteção da cabeça, olhos e a audição em especial, o

equipamento motosserra tem um nível de ruído acima do limite de tolerância permitido pela

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NR 15 que é 85 db. A calça de motosserrista tem fios de náilon para proteção de corte com o

equipamento, em caso de rebote do mesmo a calça protege evitando o corte nos membros até

mesmo amputamento.

O coturno cano longo com metatarço protege os pés e a canela do corte do equipamento em

caso de rebote, além disso evita picada de animais peçonhentos como cobra, aranha,

escorpião, etc. A luva protege das vibrações do equipamento conforme a norma da ACGIH

(Americana de Higienistas Industriais Governamentais) é permitido apenas Z= 4,00 m/s2 e

das picadas de animais peçonhentos . Ao manusear óleo e gasolina o Creme protetor Luvex

protege a pele das doenças por produto químico, o creme é utilizado em todo abastecimento

da motoserra.

Os Equipamentos de Proteção Individual devem ser adequados tecnicamente ao risco exposto

o trabalhador e o equipamento usado numa atividade/operação, níveis de exposição a certo

agente de risco e a atividade exercida, levando em conta a eficiência para o controle da

exposição ao risco e o conforto do trabalhador na correta utilização dos EPI’s e orientados

sobre suas limitações. Deve haver normas e procedimentos sobre a guarda, a higienização, a

conservação, a manutenção e a reposição dos EPIs. Deve ainda existir a caracterização das

funções ou atividades dos trabalhadores com a identificação dos EPIs utilizados para os riscos

ambientais. O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais discute a avaliação realizada na

função operador de motosserra e as medidas de controle a cada avaliação, conforme exemplo

da Figuras 1 e 2 abaixo, realizado na empresa Ocre.

PPRA - ANÁLISE DE RISCOS AMBIENTAIS

Empresa: Data: 10/09/2009

Função: Operador de Motoserra Folha: 01

Setor: Colheita Expostos: 18

Descrição da Função: Responsável pela inspeção e abastecimento da moto serra, executa e abate (corte de árvore), auxilia outros

operadores de moto serra durante o abate de árvore com gancho, verifica inclinação, direção do vento, direção do abate, elimina grandes

saliências, verifica primeiro o corte verticalmente e depois horizontalmente, e o corte de cunha, responsavel pela montagem do cabo

deslizante utilizando talhas.

Risco Agente / Fonte Nível Ambiental Gradação Gradação Medidas de

Avaliado LT Nível Ação efeito exposição Controle

FIS

ICO

Ruído 98 db(A) 85 db(a) 80 db(a) 1 2 EPI e Controle

médico

Radiação Solar Qualitativo N/A N/A 2 Variável EPI( creme protetor

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solar FPS 30,

camisa manga

longa, toca árabe) e

Controle medico.

Vibração de mãos e

braços 3,337 M/S2

Z=4,00m/s2(limite

de exposição) N/A 2 2

EPC e Controle

médico

QU

IMIC

O

Gasolina\ Lubrificante Qualitativo N/A N/A 1 1 EPI e Controle

médico

Poeira de Madeira 0,667 mg/m3 1,00 mg/m3 0,5 mg/m3 1 1 Controle médico.

Bioló- Ausência de agente

nocivo

gicos

Categ. Gradação Efeitos à saúde Categ. Gradação Qualitativa de Exposição

0 Efeitos reversíveis e pequenos 0 Nenhum contato com o agente ou desprezível

1 Efeitos reversíveis à saúde, preocupante 1 Contatos esporádicos com o agente

2 Efeitos severos à saúde, preocupante 2 Contato frequente c/ agente à baixa concentração

3 Efeitos irreversíveis à saúde, preocupante 3 Contato frequente c/ agente à alta concentração

4 Ameaça à vida, lesão incap. Ocupacional 4 Contato frequente à altissima concentração

Figura 2 – Analise de Risco da função Operador de Motoserra, 2009/10.

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Medidas de controle e recomendações

Setor Função Risco Agente EPI EPC Recomendações

Colheita Operador de

Motosserra

Físico

Ruído Protetor auricular N/A

Vibração N/A

Cabo anti-

vibratório;

amortecedores

*

Químico Gasolina\ Óleo

Lubrificante

Luva nitrilica;Creme

protetor N/A

Treinamento de

uso de EPI

Manutenção Mecânico

Físico Ruído Protetor auricular N/A Treinamento de

uso de EPI

Químico Fumos Metalicos

Avental,mangote,protet

or facial,oculos,creme

protetor

N/A Treinamento de

uso de EPI

Lubrificante,graxa N/A N/A Controle Medico

Colheita \

Arraste Tratorista

Físico

Ruído Protetor auricular N/A Treinamento de

uso de EPI

Vibração N/A Banco com

estofado **

Químico Óleo Lubrificante

Luva de

borracha;Creme

protetor

N/A Treinamento de

uso de EPI

Transporte Motorista Físico Vibração N/A

Banco com

estofado **

Ruído N/A N/A Controle Medico

Transporte Supervisor de

Transporte Físico

Vibração N/A Banco com

estofado **

Ruído N/A N/A Controle Medico

Ruído N/A N/A Controle Medico

Ruído N/A N/A Controle Medico

Treinamento adequado sobre o uso do equipamento.

Pausas e escalas de trabalho

Promover um programa de manutenção preventiva priorizando o uso de complemento

Uso de luvas para atenuação da vibração.

** Recomendações: Medidas técnicas preventivas visando a redução da intensidade da vibração dirigida ao corpo inteiro

Além das recomendações acima, uso de assento com uso de suspensão a ar, cabine com suspensão, manutenção no

sistema de suspensão, calibração adequada do pneu, utilização de banco com descanso para braços, apoio lombar e

ajuste do apoio para as costas

Observação: 1) Para a função de Tratorista recomendamos que as pausas e escalas de trabalho respeitem o limite

máxima de exposição que é neste caso 2,5h de trabalho efetivo por dia.

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Figura 3 – Medidas de controle e recomendações, 2009/10

Deve existir um plano de ação recomendado para cada risco e os empregados devem ser

treinados quanto à correta utilização dos EPIs e orientados sobre suas limitações. Deve ainda

existir a caracterização da função de operador de motoserra com a identificação dos EPIs

utilizados para os riscos ambientais. O protetor auricular tipo concha são classificados com

taxas de redução de ruído (NRRs, de Noise Reduction Rates, ou SNR na União Européia), que

possibilitam a escolha do tipo de protetor de acordo com o nível de decibéis ao qual o

empregado esta exposto.

Para o risco de vibração avaliado é recomendado o cabo anti-vibratorio da motosserra

conforme a ACGIH (Americana de Higienistas Industriais Governamentais). O protetor solar

conforme o trabalho em céu aberto é de extrema importância para proteção das radiações não

ionizantes que os empregados estão expostos. A exposição do empregado ao risco de

gasolina/óleo lubrificantes é recomendada o uso da luva nitrílica e creme protetor para a

proteção da pele contra doenças, o empregado deve ser treinado para utilizá-lo de maneira

eficaz ao risco.

Verifica-se nas empresas, o SST (Sistema De Segurança no Trabalho), de acordo com as

exigências das normas regulamentadoras. Cada acidente é projetado de uma massa de

comportamentos de risco ocorrido em que há uma demonstrável de Classificação dos

acidentes de trabalho, a taxa de freqüência e a taxa de gravidade dos acidentes e doenças

ocorridos durante o ano com afastamento e sem afastamento conforme exemplo das Tabela 1,

2, 3, e Figuras 4, 5 e 6 abaixo, seguindo as portarias que determinam a documentação

necessária.

DATA DO MAPA 08.01.2010

Setor N. de acidentes Perda Avaliada

(R$1000,00)

Acidente sem vítima Observação

Dias Perdidos

Administrativo 00 R$ 00 00 00

Colheita 02 R$ 00 00 00

Colheita 01 R$ 00 00 00

Total 03 R$ 00 00 00

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Responsavel pela informação:

Fonte: Empresa Ocre 2009/2010

Tabela 1 – NR - 4 mapa do ano de 2009/2010

Figura 4 – Acidentes com vítima, 2009/10

Fonte: Empresa Ocre 2009/2010

A Portaria 3.214/78 NR-4, também determina o registro atualizado mensalmente dos

acidentes do trabalho que deve ser encaminhado um mapa contendo avaliação anual dos

mesmos dados à Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho até 31 de Janeiro, através

do órgão Regional do Ministério do Trabalho, conforme Tabelas 2 e 3.

DATA DO MAPA 08.01.2010

INSALUBRIDADE

Setor Agentes

Identificados

Intensidade ou

concentração

N. de trabalhadores

expostos

Administrativo 00 R$ 00 00

Colheita 02 R$ 00 00

Colheita 01 R$ 00 00

Total 03 R$ 00 00

Obs: não temos atividades insalubres em nossa empresa de acordo com PPRA, PCMSO e LTCAT.

Fonte: Empresa Ocre 2009/2010

Tabela 2 – NR - 4 mapa do ano de 2009

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DATA DO MAPA 08.01.2010

DOENÇAS OCUPACINAIS

Tipo

de

doenç

a

absoluto

de casos

Setor de

atividade

do portador

Nº Relativos de

casos

(% Total

Empregados)

Nº de

obitos

Nº de

Trabalhadores

Transferidos

p/outro setor

Nº de Trabalhadores

definitivamente

Incapacitados

00 00 00 00 00 00 00

00 00 00 00 00 00 00

Fonte: Empresa Ocre 2009/2010

Tabela 3 – NR - 4 mapa do ano de 2009

DATA DO MAPA 08.01.2010

ACIDENTE C/ VITIMA

Setor Nº

Absoluto

Nº Absoluto

C/

Afastamento≤

15 Dias

Nº Absoluto

c/afastamento

> 15 dias

Nº Absoluto

Sem

Afastamento

Índice

Relativo

Total de

Empregados

Dias

/Homem

Perdidos

Taxa de

Freqüência

Óbitos Índice de

Avaliação

da

gravidade

Administrativo 03 00 00 00 02 00 37500 00 00

Colheita 105 00 00 02 64 00 13125 00 00

Colheita 57 00 00 01 35 00 71250 00 00

Total do

Estabelecimento

165 00 00 03 100 00 20625

00 00

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Fonte: Empresa Ocre 2009/2010

Figura 4: Evolução mensal com taxa de freqüência e dia da semana que ocorreu o acidente.

Figura 5: Taxa de Freqüência de Acidentes com Afastamento e Sem Afastamento, 2009/10

EQUIPAMENTO

PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Nome do Funcionário N° Registro

- EPI - Função Setor

DECLARAÇÃO

A - Declaro haver recebido, nesta data, para o meu uso e proteção pessoal, em serviço, os equipamentos abaixo descritos, os quais me comprometo a utilizar de

acordo com orientações técnicas que me foram dadas quanto ao seu uso, tarefa e locais determinado

B - Responsabilizo-me também pela guarda e conservação dos equipamentos, respondendo pelo eventual desaparecimento e/ou danos causados por descuido ou

mau uso - NRR4 da Portaria 3067/88 Item 4.6 - Letra A e B.

C - Comprometo-me ainda a apresentar para troca, todo o equipamento que no decorrer do uso apresentar defeito ou desgaste naturais da utilização, tão logo

estes forem constatados.

D - Declaro também, estar ciente, de que o não uso dos equipamentos abaixo discriminados, constitui ato faltoso cabível a aplicação de medidas disciplinares,

por parte da Empresa, conforme a lei 6514 de 22.12.77, artigo 158, parágrafo único e NR6 item 6.7

_____/_____/______ __________________________

Assinatura

EQUIPAMENTOS RECEBIDOS

DATA DESCRIÇÃO FABRICANTE CA ATENUAÇÃO QUANT. ASSINATURA DATA DEVOLUÇÃO

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Figura 6: Ficha de Controle de Entrega e Devolução de EPI (equipamento de proteção individual), 2009/10

9. Conclusões

Durante muito tempo as empresas não se preocupavam com a Segurança de seus

colaboradores, não fornecendo o EPI (equipamento de proteção individual) nem o EPC

(equipamento de proteção coletiva) e seus colaboradores se acidentavam, perdia membros, a

capacidade laborativa e ate mesmo chegavam a óbito e as empresas. O Brasil apresenta um

porcentual de 90% para causas de acidentes relacionadas a atos inseguros e 10% a condições

inseguras, não havendo valores para fator pessoal de insegurança (GONÇALVES, XAVIER E

KOVALESKI, 2005).

As empresas começaram a se preocupar quando a fiscalização

passou a punir com freqüência e também com a entrada dos

certificados de qualidade como a ISO. Tornou-se necessário

que as estatísticas de acidentes diminuíssem, desde então as

empresas iniciaram um trabalho forte em Segurança nos

setores da empresas, palestras e treinamentos identificando os

riscos e necessidades a serem realizadas.

Através desse levantamento iniciou-se um PPRA (programa

de prevenção de riscos ambientais) na empresa estudada, esse

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programa evolui a cada dia, acrescentando o EPI adequado, o

EPC ideal para cada equipamento, as ações nas avaliações dos

riscos físicos, químicos e biológicos e até mesmo o conforto

dos colaboradores nos postos de trabalho. Considerou-se

também a área da saúde, através dos riscos foi identificado à

importância dos exames para cada função, levantado a

importância das ações de um medico nos postos de trabalho e

planejando os próximos exames complementares para cada

função. Com essa conquista os trabalhadores passaram a ter

uma vida mais saudável, sem doenças ocupacionais, sem

acidentes. Com o PPRA o corte de árvores com motosserra

permitiu que se atingisse produtividade individual

relativamente elevada, com baixo investimento inicial, além

de poder ser feito em locais de difícil acesso.

Toda e qualquer empresa de papel e celulose precisa se certificar com a ISO para se manter no

mercado internacional, lucrando e se mantendo sem prejuízos para a mesma e seus

colaboradores. Nessa evolução a área de Saúde e Segurança do Trabalho na empresa

pesquisada teve-se um aliado fundamental - o departamento de Recursos Humanos, que

ministra treinamentos e palestras educativas na área de saúde educando a cada um a ter uma

vida mais saudável e conseqüentemente sem Acidente no Trabalho. O conhecimento desses

fatores é fundamental para que a área de trabalho, o seu arranjo, os equipamentos e as

ferramentas sejam bem adaptados às capacidades do trabalhador. Para atingir um bom

desempenho, deve-se adaptar o trabalho às características do trabalhador, buscando reduzir a

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sobrecarga física, a fadiga, o absenteísmo, os erros, os acidentes de trabalho e propiciando

maior conforto, satisfação no trabalho e bem-estar social.

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