A GRANDE CONSPIRAÇÃO - LIVRO IV - Cap XXIII

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    1/44

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    2/44

    MICHAEL SAYERS e ALBERT E. KAHN

    A GRANDE

    CONSPIRAOA G U E R R A S E C R E T A

    C O N T R A A R S S I A S O V I T I C A

    6 . a E D I O

    E D I T R A B R A S I L I E N S E S O P A U L O

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    3/44

    Nenhum incidente ou dilogo dstelivro fo i inventado pelos autores. Omaterial foi colhido de vrias fontes dedocumentao que vm indicadas notexto ou mencionadas no fim, entre asNotas Bibliogrficas.

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    4/44

    X X III ANTI-COMINTERN AMERICANO .................................. 3711. Herana dos Cem Negros 2. Salvar a Amrica docomunismo 3. O caso de Paul Scheffer 4. O Comit Dies 5. guia solitria.

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    5/44

    C A P I T U L O X X I I I

    ANTI-COMINTERN AMERICANO

    1. Herana dos Cem Negros

    A principal aspirao da diplomacia secreta do Eixo depois de 22 de junho de 1941, era impedir a todo custo queos E.U.A. se unissem aliana anglo-sovitica contra a Alemanha nazista. O isolamento da Amrica era vitalmente essencial ao plano fundamental dos altos comandos alemo e

    japons.A Amrica tornou-se um foco de propaganda e intriga

    anti-sovitica do Eixo. J desde 1918, o povo americano vinhasendo submetido a uma torrente contnua de falsa propagandaacrca da Rssia Sovitica. A revoluo russa era retratadacomo trabalho de uma gentalha feroz e desenfreada, incitada por assassinos, criminosos e degenerados; o Exrcito Vermelho era uma patulia indisciplinada; a economia sovitica

    era uma balbrdia e a indstria sovitica e a agriculturaestavam num estado de desesperadora anarquia; o povosovitico estava espera da guerra para rebelar-se contra osseus senhores impiedosos em Moscou.

    No momento em que a Alemanha nazista atacou a RssiaSovitica, um cro de vozes nos E.U.A. predisse o imediato colapso da URSS. Eis alguns tpicos caractersticos de 'declaraes feitas por americanos depois da invaso da Rssia

    Sovitica:Dentro de 30 dias Hitler controlar a Rssia.

    Parlamentar Martin Dies, 24 de junho de 1941.Ser preciso um milagre maior do que outro qual

    quer dos relatados na Bblia para salvar os vermelhos

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    6/44

    3 7 2 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    da derrota total dentro de pouqussimo tempo. Fletcher Pratt, New York Post, 27 de junho de 1941.

    A Rssia est subjugada e a Amrica e a Gr-Bretanha so impotentes para impedir a sua rpidadestruio diante da blitz impiedosa do exrcito nazista. New York Journal-American de Hearst, 27de junho de 1941.. . . em matria de comando e direo, treinamento e equipamento les (os russos) no so adversrios para os alemes; Timochenko, Budyenny e Stemno so do mesmo calibre que Keitel e Brauchitch.Os expurgos e a poltica dizimaram o Exrcito Vermelho. Hanson W. Baldwin, New York Times, 29de junho de 1941.

    No pode haver desculpas nem explicaes a noser a incompetncia, o despotismo, a falta de capacidade dirigente, falta de iniciativa, govmo de mdoe de expurgo, para o gigante solitrio e incapacitado. ARssia Sovitica blefou o mundo durante um quarto de

    sculo e o blefe foi chamado mesa... Preparemo-nospara o choque da eliminao da Rssia Sovitica daguerra. George E. Sokolsky, 26 de julho de 1941.

    Aos 20 de novembro de 1941, um editorial intituladoIgnorncia Sbre a Rssia apareceu no Houston Post, abordando a questo que preocupava extremamente a muitos americanos. O editorial dizia:

    Algo que no est satisfatoriamente explicado o motivo por que o povo dos E.U.A. durante osltimos vinte anos tem sido mantido numa vasta ignorncia acrca do progresso material da Rssia.

    Quando Hitler atacou a Rssia, a opinio quaseunnime nesse pas foi a de que Stlin no durariamuito. Nossas melhores cabeas no tinham esperanaalguma acrca da Rssia. Esperava-se uma rpida conquista do pas pelos nazistas... A maior parte dosamericanos esperava que a Rssia se dobrasse perante to avano nazista...

    Como e porque o povo americano ficou por tantotempo privado dessas informaes?

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    7/44

    A G R A N D E C O N S P I R A O 3 7 3

    Levantara-se uma barreira entre o povo americano e opovo da Rssia Sovitica desde 1918. Um dio artificiale o mdo da Rssia Sovitica foram estimulados na Amricapor polticos reacionrios e homens de negcios, pelos emigrados russo-brancos e agentes contra-revolucionrios e finalmente, por representantes dos Ministrios de Propaganda eS. S. do Eixo.

    Imediatamente depois da revoluo russa, os emigradosbrancos comearam a inundar a Amrica com invencionicesanti-soviticas e a acirrar suspeitas e hostilidades contra aRssia Sovitica. Desde o comeo, a campanha anti-sovitica

    dos emigrados czaristas nos E.U.A., mesclou-se com umaguerra secreta fascista contra a prpria Amrica.As primeiras clulas nazistas foram formadas nos E.U.A.

    em 1924. Elas operavam sob a direo de Fritz Gissibl, chefeda Sociedade Teutnica nazista de Chicago. No mesmo anoo Capito Sidney George Reilly e seus scios russo-brancosformaram uma filial de sua Liga Internacional contra o Bol-chevismo nos E.U.A. Pelo ano de 1920, agentes nazistas co

    mo Fritz Gissibl e Heinz Spanknoebel, operando sob as ordens de Rudolph Hess e Alfredo Rosenberg empenharam-seem atividades antidemocrticas e anti-soviticas na Amricaem ntima colaborao com os russos brancos anti-soviticos.

    O russo branco Peter Afanassieff, tambm conhecido porPrncipe Peter Kuchubue e Peter Armstrong, chegou a S.Francisco em 1922, e ajudou na distribuio americana dosProtocolos de Sio, e, em colaborao com o antigo oficial

    czarista Capito Vtor de Kayville, comeou a publicar umaflha de propaganda pr-nazi e anti-semita: O Gentio Americano. Nesse trabalho, Afanassieff associara-se com os agentesnazistas Fritz Gissibl e Oscar Pfaus.

    Nicolai Rybakoff, antigo coronel no exrcito russo-brancodo Ataman Grigori Semyonov, controlado pelos japoneses, chegou aos E.U.A. no como de 1920 e empreendeu propaganda anti-sovitica e anti-semita. Em 1933, quando Hitlerchegou ao poder na Alemanha, Rybakoff fundou Rssiya, jornal russo pr-nazi, em Nova Iorque. O agente japons, Semyonov e seu ajudante principal, Rodzaevsky, mantinham-se emcontacto com Rybakoff, de Manchucuo, onde chefiavam umexrcito de russos brancos financiado pelos japonses. A propaganda japonesa de Manchucuo era habitualmente estampada no

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    8/44

    3 7 4 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    Rossyia, juntamente com propaganda nazista. Em 1941, depoisdo ataque de Hitler Rssia, o jornal de Rybakoff em NovaIorque descreveu a Wehrmacht nazista como uma espada defogo da Providncia justiceira, legies crists patriticamenteantibolcheviques, legies brancas e vitoriosas de Hitler. (85.)

    O principal elemento de ligao entre os nazis e os russos brancos nos E.U.A. era James Wheeler-Hill, secretrionacional da liga Germano-Americana. Wheeler-Hill no eraalemo; era russo-branco, nascido em Bacu. le fra Alemanha depois da derrota dos exrcitos brancos na Rssia, se

    guindo depois para os E.U.A. Em 1939, Wheeler-Hill foiprso como espio nazista pelo FBI.O mais importante agente alemo e japons entre os rus

    sos brancos nos E.U.A. foi o Conde Anastamase A. Von-siatsky. Aos 25 de setembro de 1933, o agente nazista Paul A.von Lilienfeld-Toal escreveu numa carta a William DudleyPelley, chefe dos Camisas Prateadas americanos pr-nazis:

    Isto para lhe dar alguma informao acrca demeus contactos com os russos brancos... Estou em ligao com o estado-maior dos fascistas-russos. (Caixa631, Putman, Conn.) O lder dles, A. A. Vonsiatsky,est atualmente no estrangeiro, mas o seu assistente, D. I. Kunle, escreveu-me uma carta afetuosa, reme-

    (85) Associado com Rybakoff como contribuinte do Rossiya figurava o ex-agente da Ochrana e propagandista anti-semita, Boris Brasol,

    que fundara a primeira organizao russo-branca anti-sovitica nos E.U.A.logo depois da revoluo russa, e que conseguira larga divulgaodos Protocolos de Si o na Amrica.

    . Brasol nunca perdera a esperana na restaurao do czarismo naRssia. Durante 1920 e 1930 le lutou incansvelmente nos E.U.A.contra a Unio Sovitica, organizando sociedades anti-soviticas e russo-brancas, escrevendo artigos e livros de ataques Rssia Sovitica efornecendo ao govmo dos E.U.A., suas invencionices anti-soviticas.Aos 15 de novembro de 1935, numa pequena reunio secreta, em NovaIorque, de representantes influentes das organizaes russo-brancas anti-

    soviticas, Brasol gastou mais de uma hora expondo sua atividade anti-sovitica desde a sua chegada aos E.U.A. em 1916. Nessa reuniole relatou com particular orgulho o seu modesto trabalho para impedir o reconhecimento da Unio Sovitica pelos E.U.A. antes de 1933.

    Promovendo-se a si mesmo como autoridade em legislao russa,Brasol tomou-se consultor legal da firma Coudert Brothers de NovaIorque. Foi aproveitado pelas agncias do govmo dos E.U.A. para

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    9/44

    A G R A N D E C O N S P I R A O 3 7 5

    tendo-me pelo correio vrios exemplares do seu jornalFascista

    O Conde Vonsiastsky de Thompson, Connecticut, era umoficial ex-czarista que lutara no exrcito branco de Denikin.Depois da derrota de Denikin, Vonsiatsky chefiou um bandoterrorista na Crimia, o qual raptava cidados russos, reti-nha-os para resgate e torturava-os at morrerem quando norecebiam dinheiro. Vonsiatsky chegou aos E.U.A. no comode 1920 e casou-se com Marion Buckingham Ream Stephen,uma multimilionria americana 22 anos mais velha do que

    le. Vonsiatsky tornou-se cidado americano e estabeleceu-sena luxuosa estncia de Ream cm Thompson.Com a fortuna da mulher sua disposio, Vonsiatsky

    comeoua aninhar grandiosas vises de criao de um exrcito anti-sovitico que le pessoalmcnto eonmnclnria sbrc Moscou. Comeou a viajar grandes extenses da Kuropa, sia eAmrica do Sul, conferenciando com representantes da Torg-prom, da Liga Internacional contra o liolelievsmo e outras

    agncias anti-soviticas.Em agsto de 1933, Vonsiatsky fundou o Partido Revolucionrio Nacional Fascista-Russo nos K.IJ.A. Seu emblema oficial era a sustica. Seu Q. G. era nu estilneia de Ream em

    dar parecer autorizado sbre assuntos referentes Rssia Sovitica.Lecionou literatura russa e assuntos a t i n s na Columbia University eoutros institutos educacionais americanos bem conhecidos. De um modoou de outro, Brasol aproveitou-so tie sens mlliplos e influentes con

    tactos para suscitar suspeitas o hostilidades eontra a Rssia Sovitica.Quando o comit isolacionistn e anlksoviY'lico America First se fundou no outono de 1940, Brasol tornou-so imediatamente um dos seusmais ativos protetores. le obtevo grnndo quantidade de literatura depropaganda anti-sovitica para sor distribuda pelo comit, e seus artigos roram estampados nas publicaes do Amrica First. Entre o material de propaganda obtido por Brasol para o Comit America First,e amplamente divulgado por essa organizao, figurava o folheto publicado depois da invaso nazista da URSS, em protesto contra a ajuda 'americana de Emprstimos e Arrendamentos Rssia. O folheto estam

    pava uma Declarao da Colnia do Russos Emigrados em Xangai,assinada por 21 organizaes da Guarda Branca no Extremo Oriente,os quais todos estavam operando sob a superviso do govrno japons.Entre as organizaes signatrias figurava a Unio Fascista Russa, chefiada por Konstantin Rodzaevski, ajudante-chefe do Ataman GrigoriSemyonov.

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    10/44

    3 7 6 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    Thompson, onde Vonsiatsky montou um arsenal de fuzis, metralhadoras e outros equipamentos militares e comeou a exercitar

    pelotes de jovens uniformizados com o emblema da sustica.Em maio de 1934, Vonsiatsky visitou Tquio, Harbin eoutros centros do Extremo Oriente, conferenciou com membrosdo alto comando japons e com russos brancos fascistas, inclusive o Ataman Semyonov. Do Japo, Vonsiatsky foi Alemanha,onde se encontrou com Alfredo Rosenberg, com Goebbels, erepresentantes do S. S. militar alemo. Vonsiatsky empenhou-seem fornecer Alemanha e ao Japo suprimentos regularesde dados de espionagem nos E.U.A.

    Fundaram-se sucursais do partido de Vonsiatsky em NovaIorque, S. Francisco, Los Angeles, S. Paulo (Brasil), Harbin,Manchucuo. Essas sucursais trabalhavam sob a superviso dosS. S. militares japons e alemo.

    Alm de suas operaes de espionagem nos E.U.A., aorganizao financiada e dirigida por Vonsiatsky empenhava-se em campanhas de sabotagem e terrorismo contra a UnioSovitica. O nmero de fevereiro de 1934 de O Fascista deVonsiatsky, publicado em Thompson, relatava:

    Aos 7 de outubro o Trio-Fascista n. A-5 provocou o desastre de um trem militar. Segundo informaes recebidas aqui, foram feridas crca de 100pessoas.

    No distrito de Starobinsky, graas ao trabalho dosirmos, a campanha do plantio foi completamentesabotada. Vrios comunistas incumbidos da campanha

    ' do plantio desapareceram misteriosamente!Aos 3 de setembro, no Distrito de Ozera Kmiaz,

    o dirigente comunista de uma granja coletiva foi morto pelos irmos n. 167 e 168!

    Em abril de 1934, O Fascista declarou que na sua re-dao havi um recibo de 1.500 zlotys para serem entreguesa Boris Koverda quando sasse da priso. O dinheiro era umpresente de Vonsiatsky. Nessa poca, Boris Koverda estavacumprindo pena de priso na Polnia por ter assassinado oembaixador sovitico Voikov em Varsvia.

    O programa oficial do Partido Revolucionrio Fascista Na-cional-Russo declarava:

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    11/44

    A G R A N D E C O N S P I R A O 3 7 7

    Providenciar o assassnio de instrutores militaressoviticos, correspondentes militares, polticos, assim co

    mo dos comunistas mais em evidncia... assassinar, antes de tudo, os secretrios do Partido... Sabotar tdasas ordens das autoridades vermelhas... Impedir as comunicaes do poder vermelho... Pr abaixo postes telegrficos, cortar fios, interromper e destruir comunicaes telefnicas... Lembrem-se, irmos fascistas: Temosdestrudo, continuaremos a destruir e estamos destruindo! (86.)

    Imediatamente depois do ataque japonas a Pearl Harbor, oConde Anastase Vonsiatsky foi prso pelo FBI. Ele foi acusado de violara Lei de Espionagem, foi julgado culpado por divulgar informaes militares dos E.U.A. para os governosalemo e japons, e sentenciado a cinco anos do cadeia (87.)

    (86) Em junho de 1940, Vonsiatsky informou um reprter do rgo de notcias, a Hora, que le e Leon Trotsky lliilinm interssesparalelos na luta contra o regime sovitico.

    (87) Os russos brancos fascistas no foram os imloofi emigrados russos envolvidos na agitao anti-sovitica nos K.U.A. Numerosos antigos mencheviques russos, social-revolucionrios o oitlros elementos polticosanti-soviticos tinham vindo Amrica Irnnslommmlo os K.U.A. emquartel-general de suas atividades de contnua propiij'.mcla de intrigacontra a Rssia Sovitica. Exemplos tpicos tli'sses emif'rmlos foram VictorChernov, Raphael Abramovitch, Nikifor Ciigoiielf e Nutlian Chanin.

    Na Rssia Czarista, Victor Chernov frn urn ilos Ifdcres do movi

    mento social-revolucionrio. Como tal, estivera estreitamente ligado comdois outros lderes social-revolueionrios: o extraordinrio agente provocador e assassino czarista. levno Aseff; o o conspirador e assassinoanti-sovitico, Boris Savinkov. No sou livro Memrias de um Terrorista, Savinkov descreve como foi a Cenobra em 1903 para aconselhar-se com Chemov acrca dos planos do assassnio do ministro czarista do Interior, von Flehvo. Savinkov rolatou tambm como le eAseff se apresentaram ante o Cornit Central da Brigada TerroristaSocial-Revolucionria em 1906, para so desligar de sua tarefa de assassinar o prem ier Stolypin. Comit Central, escreve Savinkov,

    recusou-se a atender ao nosso pedido e ordenou-nos a continuar otrabalho contra Stolypin. . . Estavam presentes, alm de Aseff e eu,Tchernov (Chernov), Natanson, Sletov, Kraft e Pankratov. Aps o colapso do czarismo. Chernov tornou-se ministro da Agricultura no primeiro govmo provisrio. le empenhou-se numa luta acirrada contra Lnin e os bolcheviques. Depois do estabelecimento do govmosovitico, le ajudou a organizar as conspiraes social-revolucionrias

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    12/44

    3 78 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    2. "Salvar a Amrica do comunismo

    Em 1931, uma organizao denominada Federao CvicaNacional apadrinhou nos E.U.A. um plano de um movimentointernacional de combate ameaa vermelha. O fundador echefe dessa organizao, especializado em agitao antilabo-rista e anticomunista, foi o antigo jornalista de Chicago, RalphM. Easley. Em 1927, Norman Hapgood escreveu uma denn

    cia do patriotismo profissional de Easley, em que declarava:A Rssia Sovitica , com efeito, a principal abo

    minao de Mr. Easley. le esposou livremente a causa dos czaristas, com Boris como principal conselheiro.

    contra o regime sovitico. Deixando a Rssia no como de 1920, tornou-se um dos mais ativos' propagandistas entre os emigrados russos elder da -atividade anti-sovitica em Praga, Berlim, Paris e outras capitais europias. No como da II Guerra Mundial, seguiu da Franapara os E.U.A. Na Amrica, trabalhou estreitamente unido com elementos socialistas anti-soviticos do movimento laborista americano. Aos30 de maro de 1945, David Dubinsky, presidente dos Trabalhadores Internacionais em Artigos Femininos, apresentou Chemov comohspede de honra em uma assemblia em Nova Iorque, destinada aprotestar contra a execuo, pelas autoridades soviticas, de Henry Erlich e Victor Alter, dois socialistas poloneses julgados culpados, peranteo Collegium Militar da Suprema Crte Sovitica, de divulgao de pro

    paganda obstrutiva no Exrcito Vermelho, incitando as tropas soviticas a fazerem as pazes com os alemes.Associado com Victor Chemov na sua atividade anti-sovitica nos

    E.U.A. estava Raphael Abramovitch, antigo lder menchevique russoque, conforme o seu depoimento no julgamento menchevique em marode 1931, era membro influente da cadeia de espionagem e sabotagemque conspirava para derribar o govmo sovitico. Depois de exerceratividades anti-soviticas em Berlim e Londres. Abramovitch chegouaos E.U.A. e fixou-se em Nova Iorque, onde le, como Victor Chemov,se relacionou estreitamente com David Dubinsky e outros lderes la-boristas socialistas anti-soviticos. Seus violentos ataques contra a Rssia Sovitica apareciam no New Leader, no Forward de Nova Iorque eem outras publicaes anti-soviticas.

    Nikifor Grigorieff, emigrado ucraniano anti-sovitico e antigo membro dirigente do Partido Ucraniano Social-Revolucionrio chegou aosE.U.A. em 1939. Como destacado propagandista anti-sovitico nos

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    13/44

    A G R A N D E C O N S P I R A O 37 9

    O quadro da Federao Cvica Nacional de Easley inclua o representante Hamilton Fish de Nova Iorque; Harry

    Augustus Jung, antigo espio laborista e propagandista anti-semita em Chicago; George Sylvester Viereclc, ex-agente doKaiser e futuro agente nazista; Mathew Wolt, vice-prefidentereacionrio da Federao Americana do Trabalho e ativo presidente da Federao Cvica Nacional, que se referia pbiica-mente Rssia Sovitica denomnando-a Monstro Vermelho;e outros numerosos americanos importantes interessados na cruzada antibolchevique.

    No como de 1933, Easley tomou-se diretor de uma organizao chamada Seco Americana do Comit Internacional de Combate Ameaa Mundial do Comunismo. O Q. G.internacional dessa organizao ficava na Casa Europa, em&

    crculos emigrados na Europa, Grigorieff trabalhara Intimamente ligadoa Victor Chemov. Em Praga, Grigorieff foi editor de uma revistadenominada Suspilsivo (comunidade), que publicava propaganda em que

    dizia que a Rssia Sovitica e a Ucrnia Sovitica estavam em mosde judeus e advogava uma grande luta antijudaiea. . . no territrio da Ucrnia. Rssia Branca, Litunia o Polnia. Depois do chegaraos E.U.A., Grigorieff prosseguiu nas suas atividados anti-soviticas.Aps a invaso nazista da Unio Sovitica, Grigorieff e Chemov ajudaram a formao do um "eomit para promover a democracia na cidade de Nova Iorquo, o qual apoiava para a "libertao da Ucrniao das demais Repblicas Soviticas da URSS. Entre o material depropaganda distribudo por Grigorieff nos E.U.A. figurava o livretointitulado Princpios Bsicos de Ao Poltica Ucraniam Independente,que continha estatsticas destinadas a demonstrar que os judeus dominavam a indstria, as finanas e a poltica na Ucrnia Sovitica.Nesse mesmo livreto Grigorieff advogava a desero dos soldados doExrcito Vermelho, apelando para les a fim de que no arriscassemas suas vidas pelos seus opressores."

    Ainda como membro proeminente entro os emigrados* russos anti-soviticos da ala esquerda dos E.U.A. figurava Nathan Chanin, diretor educacional do Crculo dos Trabalhadores e contribuinte pontualdo anti-sovitico Forward. No comfio de 1930 Chanin publicou umaplo paia fundos destinados a financiar as clulas social-democrti-cas em atividade atualmente na Rssia" e a luta difcil que os nossos camaradas desempenham na Rssia contra os bolcheviques." Em janeiro de 1942 Chanin escreveu: O ltimo tiro no foi dado aind a. . .A ltima bala ser disparada da Amrica livre e com sse tiro,cair em pedaos o regime de Stlin."

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    14/44

    3 8 0 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    Berlim. Vrios membros da Federao Cvica Nacional uniram-se a Easley dentro da nova organizao (88.)

    A Seco Americana do Comit Internacional de Combate Ameaa Mundial do Comunismo tomou a peito o primeiro documento de propaganda nazista que devia circularnos E.U.A. Tomou a forma de um livro anti-sovitico, impresso na Inglaterra e intitulado Comunismo na Alemanha.O livro foi publicado na Alemanha pela firma de Eckhart--Verlag. Milhares de exemplares foram remetidos atravs doAtlntico para distribuio na Amrica.

    Em ampla divulgao pelo correio e em assemblias patriticas em Nova Iorque, Los Angeles, Chicago e outras cidades, o livro circulou largamente, livre de despesas. Uma campanha nacional de publicidade em artigos, revistas, comciose cartas, incumbiu-se de divulgar e glorificar o livro nos E.U.A.

    O livro era prefaciado com a seguinte citao:

    No como dste ano houve semanas em que pendemos por um fio sbre o caos bolchevique!

    Chanceler Adolfo Hitler, na sua proclamao de1. de setembro de 1933.

    Na pgina seguinte, o livro estampava a seguinte declarao:

    PORQUE OS AMERICANOS DEVERIAM

    LER ESTE LIVRO A questo da propaganda comunista e de suas

    atividades de imediata importncia para o povo ame-

    (88) Em 1933 vima agncia central para dirigir a agitao anti-sovitica internacional foi montada por Alfredo Rosenberg em BerlimDenominou-se Comit Internacional de Combate Ameaa do Bolche-vismo forma original do anti-Comintem. Figurava entre as instituies filiadas:

    Liga Geral de Associaes Anticomunistas Alems.Bloco Anticomnista da Amrica do Sul.Unio Anticomnista da Provncia do Norte da China.Liga Anticomnista Europeia.Seco Americana do Comit Internacional de Combate Ameaa

    Mundial do Comunismo.

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    15/44

    A G R A N D E C O N S P I R A O 381

    ricano, em vista da considerao que agora se d questo do reconhecimento da URSS pelo govmo

    dos E.U.A.ste livro um repto. Deveria ser lido por todocidado americano sensato porque le relata a histriada luta de vida ou de morte em que a Alemanhaest empenhada contra o comunismo. le revela queos mtodos subversivos e objetivos dos comunistas naAlemanha so os mesmos empregados nos E.U.A.,por sses inimigos das naes civilizadas ...

    O valor dessa documentao alem, como lioobjetiva para os demais pases, levou o nosso comita coloc-la nas mos dos lderes da opinio pblicados Estados Unidos.

    Logo abaixo dessa apresentao seguia uma lista de nomes dos membros dirigentes da Seco Americana do ComitInternacional de Combate Ameaa Mundial do Comunismo:

    Walter C. Cole (diretor do Conselho de DefesaNacional, Departamento do Comrcio de Detroit.)

    John Ross Delafield (comandante-chefe, OrdemMilitar da Guerra Mundial.)

    Ralph M. Easley (diretor da Federao CvicaNacional.)

    Hamilton Fish (do Congresso dos E.U.A.)

    Elon Huntington Hooker (diretor da Sociedade deDefesa Americana.)F. O. Johnson (presidente da Federao da Am

    rica Melhor.)Orvel Johnson (tenente-coronel, da Associao R.

    O. T. C. dos E.U.A.)Harry Jung (chefe da Associao de Vigilncia 1

    Americana.)Samuel MacRoberts (banqueiro.)C. G. "Norman (diretor da Associao dos Empre

    gados em Estabelecimentos Comerciais.)Ellis Searle (editor de United Mine Worker.)WalterS. Steele (editor de National Republic.)

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    16/44

    3 8 2 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    John B. Trevor (diretor da Coalizo Americana.)Archibald E. Stevenson (antigo membro do S. S.

    militar dos E.U.A.)Pela Seco Americana do Comit Internacional

    de Combate Ameaa Mundial do Comunismo.

    Eis os dados de alguns patronos do livro de propagandanazista, Comunismo na Alemanha:

    Harry Augustus Jung, antigo espio trabalhista, che-

    e fiou a organizao antidemocrtica de Chicago denominada Federao de Vigilncia Americana. Seu rgoo Vigilante figurava na lista de leitura recomendadada agncia de propaganda nazista, World Service. Entre os primeiros scios de Jung nas atividades anti-soviticas figurou o russo branco Peter Afanassieff, queforneceu a Jung uma verso dos Protocolos para serdistribuda nos E.U.A. Jung foi posteriormente amigo

    do Coronel Roberto R. McCormick, publicista da iso-lacionista e violentamente anti-sovitica Tribuna deChicago, e montou os seus escritrios na Trre daTribuna em Chicago.

    Walter S. Steele, editor do National Republic, desencadeou uma incessante campanha de propagandaanti-sovitica destinada a influenciar os homens de negcio americanos. Steele colaborou com Jung na distribuio dos Protocolos de Sio.

    John B. Trevor foi chefe da Coalizo Americana, organizao que em 1942 foi denunciada pelo De-partamento de Justia como agncia utilizada numaconspirao destinada a solapar o nimo das frasarmadas dos E.U.A. Trevor estava intimamente ligado com russos brancos anti-soviticos, e sua organizao divulgava constantemente propaganda anti-sovitica.

    Archibald E. Stevenson, outrora membro do Departamento do S. S. Militar dos E.U.A. foi um dosinstigadores principais da agitao anti-sovitica nosE.U.A., durante o perodo anterior II Guerra Mundial. intimamente associado a Ralph M. Easley, Ste-

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    17/44

    A G R A N D E C O N S P I R A O 3 83

    venson posteriormente tomou-se conselheiro de relaespblicas do Conselho Econmico do Estado de Nova

    Iorque, agncia de propaganda antilaborista e antidemocrtica cujo diretor foi Merwin K. Hart, notrio propagandista do ditador fascista espanhol, o Generalssimo Franco.

    Deputado Hamilton Fish, de Nova 'Iorque, visitoua Rssia Sovitica em 1923, quando chefe da firmaHamilton Fish & Cia., Exportadores e Importadores.Depois de sua volta aos E.U.A. le encaminhou uma

    resoluo ao Congresso, pedindo o estabelecimento derelaes comerciais com a Rssia Sovitica. Posteriormente, tornou-se um dos mais acirrados propagandistasanti-soviticos nos E.U.A. No como de 1930, comodiretor do Comit do Congresso para investigar acrcado Comunismo Americano, Fish foi o principal defensor dos emigrados russo-brancos anti-soviticos nosE.U.A., e de outros inveterados inimigos da Rssia

    Sovitica. Entre os peritos que forneceram materialao Comit de Fish figuravam o antigo agente da Ochra-na, Boris Brasol, e o propagandista alemo, GeorgeSylvester Viereck. Depois de Hitler assumir o poderna Alemanha, Fish saudou o lder nazista como o homem que salvara a Alemanha do comunismo. Comoexpoente do isolacionismo e do apaziguamento, Fishconjugou planos com notrios pr-nazistas americanos e

    inseriu uma propaganda no Congressional Record. Nooutono de 1939 Fish conferenciou na Alemanha comJoachim von Ribbentrop, ministro nazista do Exterior;com o Conde Galeazzo Ciano, ministro italiano do Exterior; e com outros lderes do Eixo. Fish percorreua Europa num avio germnico, apelando para umsegundo Munique e proclamando que as aspiraes daAlemanha eram justas. Em fevereiro de 1942 foidescoberto no julgamento do agente nazista Viereckque o escritrio de Fish em Washington tinha sidousado como Q. G. de uma cadeia de propaganda nazista, e que o secretrio de Fish, George Hill, eraum dos membros da rde de propaganda alem nosE.U.A.

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    18/44

    3 8 4 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    No tempo em que a Amrica entrou na II Guerra Mundial, os bandos de rascistas americanos que se diziam anti-

    comunistas estiveram ativos. Suas organizaes tinham recebido orientao e, muitas delas, apoio financeiro de Berlime Tquio. Agentes pagos da Alemanha nazista fundaram numerosas organizaes. Algumas dessas organizaes, como aLiga Germnico-Americana e a Liga Kyfthauser, no fizeramquesto de esconder a sua filiao estrangeira; outras, comoos Camisas Prateadas, a Frente Crist, os Guardas Americanos, a Confederao Nacionalista Americana, e os Cruzados

    do Americanismo mascararam-se de sociedades patriticas, destinadas a salvar a Amrica da ameaa do comunismo.Ali por 1939, nada menos de 750 organizaes fascistas

    estavam formadas nos E.U.A., inundando o pas com boletins, revistas, jornais eixistas, anti-semticos e anti-soviticos.Para salvar a Amrica do comunismo, essas organizaes epublicaes apelavam para a derrocada do govmo dos E.U.A.,para o estabelecimento de um regime fascista americano euma aliana com o Eixo contra a Rssia Sovitica.

    Aos 18 de novembro de 1936, William Dudley Pelley,chefe dos Camisas Prateadas de inspirao nazista, declarou:

    Compreendamos claramente que se uma segundaguerra civil sobrevier ao pas, no ser uma guerra,

    Eara derribar o govmo americano, mas para derri-ar os usurpadores judeu-comunistas que se apoderaramdo govrno e pretendem transform-lo numa sucursal

    de Moscou...Depois da invaso nazista da Rssia Sovitica, o Padre

    Charles F. Goughlin, lder da Frente Crist pr-nazi, declarou aos 7 de julho de 1941, no seu rgo de propaganda

    Justia Social:

    A guerra da Alemanha contra a Rssia umaluta pela Cristandade... Lembremo-nos de que o co

    munismo ateu foi concebido e gerado na Rssia principalmente por meio dos judeus sem-Deus.

    A mesma propaganda foi disseminada nos E.U.A. peloDefender de Geraldo B. Winrod, de Wichita, Kansas; pelo

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    19/44

    A G R A N D E C O N S P I R A O 385

    Beacon Light de William Kullgren de Atascadero, Califrnia;pelo X-Day de Court Asher em Munice, Indiana; pelo Publicity de E. J. Gamer de Wichita, Kansas; pelo America inDanger, de Charles B. Hudson, de Omanha, Nebraska; e porvrias outras publicaes anti-soviticas semelhantes.

    Depois de Pearl Harbor, numerosas dessas pessoas foramdenunciadas ao Departamento de Justia por espalharem propaganda sediciosa e conspirativa juntamente com agentes nazistas para derribar o govrno dos E.U.A. Entretanto, durante a guerra, les continuavam a divulgar a propaganda

    destinada a convencer que as jpotneins do Eixo estavam empenhadas numa guerra santa o quo os K.U.A. tinham sidoarrastados ao conflito por conivncia do "conspiradores comunistas em Washington, Londres e Moscou."

    3. O caso de Paul Schcffer

    Poucos dias depois do ataque japons a Pearl Harbor,agentes do FBI Federal Bureau of investigation dos E.U.A.,prenderam um astuto jornalista alemo de meia-idade, quemorava num rico apartamento em Nova Iorque. Seu nomeera Paul Scheffer. le estava fichado nos arquivos do Departamento de Estado como correspondente alemo do Das Reich,publicao oficial do Ministrio de Propaganda Nazista.

    A carreira de Paul Scheffer uma excelente ilustraode como os agentes nazistas puderam operar nos E.U.A.,sob a mscara de anti-sovietismo... (89.)

    Houve tempo em que Paul Scheffer fra um jornalistade renome internacional. Como correspondente em Moscou

    (89) Os agentes japonses tambm foram hbeis na divulgaode propaganda anti-sovitica nos E.U.A. Um caso tpico foi o de

    John C. Le Clair diretor-assistente de pessoal da Cia. Telefnica Internacional e antigo professor de histria no Colgio da cidade de NovaIorque e no Colgio de S. Francisco em Brooklin. Como autoridade reconhecida acrca do Extremo Oriente, Le Clair escreveu numerosos artigos para conhecidos peridicos americanos, nos quais louvava o Japoe declarava que a Rssia Sovitica representava a ameaa real para os

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    20/44

    3 8 6 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    para o Berliner Tageblatt de 1922 a 1929, Scheffer adquiriureputao de ser o homem mais bem informado acrca da

    Rssia Sovitica. Seus despachos coloridamente redigidos daUnio Sovitica eram impressos numa dzia de lnguas. Seusamigos e admiradores incluiam eminentes estadistas, figurasliterrias clebres e industriais e financistas influentes na Europa e na Amrica.

    No outono de 1929 a carreira de Scheffer como correspondente em Moscou chegou a uma concluso abrupta e inesperada. Durante uma de suas visitas peridicas Alemanha,

    as autoridades soviticas subitamente proibiram o seu retmo URSS. Houve um furor de protestos indignados entre osmuitos e famosos amigos de Scheffer. les queriam saber dapossvel razo dessa atitude por parte do govmo sovitico.A resposta pergunta estava engavetada nos arquivos da polcia secreta sovitica.

    Alguns dos fatos foram divulgados oito anos mais tarde,

    aos 2 de mro de 1938, quando Mikhail Chernov, o conspirador da direita e antigo comissrio da Agricultura da UnioSovitica, deps perante o Collegium Militar da SupremaCrte Sovitica da URSS.

    Chernov confessou que recebera 4.000 rublos mensais doS. S. militar alemo para fornecer segredos comerciais e militares russos e para organizar sabotagem extensiva. le denunciou o agente germnico sob cuja superviso empreendera asua primeira tarefa de espionagem e sabotagem. O alemo,disse Chernov, era Paul Scheffer, correspondente do Berliner Tageblatt

    E.U.A. le editou, tambm uma coluna chamada Comentrios ePrevises, que continha idntica propaganda e era distribuda a 200jornais e peridicos do pas. Caracterstico dos artigos de Le Clair foio que apareceu no nmero de setembro de 1940 na revista Amrica, sob o ttulo No h Amizade Desejvel Entre E.U.A. e URSS.Prso pelo FBI no outono de 1943, Le Clair confessou-se culpado perante um tribunal federal em Nova Iorque de ter servido como agentepago de propaganda secreta para o govmo japons durante um perodo de trs anos, que terminaria poucos meses antes de Pearl Harbor.

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    21/44

    V

    Aos 13 de maro de 1938, um peloto de fuzilamento

    sovitico executou Mikhail Chernov. Poucos dias antes da execuo, Paul Scheffer chegara aos E.U.A. como correspondenteamericano do Berliner Tageblatt. . .

    Depois de barrado na Unio Sovitica em 1929, Scheffertomou-se um dos propagandistas anti-soviticos mais prolficose mais bem pagos da Europa. Dificilmente se escoava umasemana sem que um de seus artigos no aparecesse em algum jornal importante da Europa ou da Amrica, num ata

    que feroz ao governo sovitico, ou predizendo o seu colapsoiminente.Em 1931, Scheffer, que se casara com uma antiga con-

    dssa russa, visitou os E.U.A., para lutar contra o reconhecimento americano do govmo sovitico. So a Amrica sedecidir ao reconhecimento, advertiu severamonto num artigono Foreign Affairs, condensado no Readers Digest, pode-sedizer que ela fz da por diante a sua escolha deliberadaentre a Europa burguesa e os Sovietes... o reconhecimentopela Amrica poderia apenas provocar a Rssia comunista amaior agressividade nos seus ataques contra os pases burgueses europeus.

    Quando Hitler chegou ao poder, Scheffer era o correspondente do Berliner Tageblatt em Londres. Voltou imediatamente para a Alemanha e foi indicado como redator-chefe

    do jornal, que passara ento superviso do Ministrio dePropaganda Nazista (90.)

    A G R A N D E C O N S P I R A O 387

    (90) Aos seus amigos no estrangeiro quo ainda o consideravamcomo um jornalista liberal e que ficaram profundamente surpresos como seu regresso Alemanha, Scheffer explicou confidencialmente quefra empreender misteriosa misso antinazista no Terceiro Reich. Coma vista voltada para o seu trabalho futuro, Scheffer queria manter asrodas teis de seus amigos no estrangeiro. Coisa estranha: muitos de

    seus amigos acreditaram nessa histria.Entre os que Scheffer no conseguiu convencer de seus sentimentos antinazistas figurava o embaixador americano antifascista na Alemanha, William E. Dodd. Aos IS de novembro de 1936, o Dr. Doddescreveu no seu dirio a seguinte nota referente a Scheffer: Acautelei-me com sse Scheffer que era social-democrata poucos anos atrs,estve vrios anos nos E.U.A. como correspondente da imprensa alem e agora um bom nazista.

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    22/44

    3 8 8 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    No invemo de 1937, foi enviado aos E.U.A. Logo passou a cabografar despachos de Nova Iorque para o Berliner

    Tageblatt, despachos que eram uma mescla de propagandaantiamericana e de informaes que pudessem interessar sautoridades militares alems. Dentro em breve, foi promovidoao psto de correspondente do Das Reich, rgo oficial doMinistrio de Propaganda Nazista. Nessa funo, passara aser representante especial do Dr. Goebbels nos E.U.A. Umadas duas principais tarefas era acirrar os sentimentos anti-soviticos nos E.U.A. Os artigos anti-soviticos do peritorusso Scheffer apareciam regularmente em conhecidssimosjornais e revistas americanas. Um dos seus assuntos favoritos eram os julgamentos de Moscou. Para os seus numerososleitores, Scheffer interpretava os julgamentos, nos quais lemesmo fra indigitado como agente alemo, como farsas gigantescas. Descrevia Bukharin, Pyatakov, Radek e outrosquinta-colunistas russos como autnticos lderes bolcheviques.Seu louvor mais exaltado, todavia, era reservado a Trotsky.

    Num artigo tpico, De Lnin a Stlin, que apareceuno nmero de abril de 1938 na conhecidssima publicaotrimestral americana Foreign Affairs, Scheffer explicava queStlin era um oriental astuto, movido pela ambio, pelainveja e pela sde de poder, e que le planejara a execuodos trotskistas nicamente porque stes barravam o caminhopara as suas ambies pessoais.

    O trabalho de propaganda de Scheffer nos E.U.A., noterminou com a sua priso depois de Pearl Harbor. Aos 13de setembro de 1943, a edio de domingo do New YorkTimes estampou na sua pgina de frente da seco ilustradaum artigo em alemo assinado por Conrad Long. Uma notaeditorial descrevia o autor como um estudioso familiarizado com "assuntos alemes na atual guerra. O artigo continha a informao de que as colheitas da Ucrnia tinham

    sido provvelmente duplicadas neste vero pelos mtodosalemes.Na realidade, quem escrevia no era nenhum Conrad

    Long. Era pseudnimo. O autor do artigo do Times eraPaul Scheffer.

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    23/44

    A G R A N D E C O N S P I R A O 3 8 9

    Prso Scheffer, alguns dos seus amigos influentes conse

    guiram libert-lo. Conseguiram faz-lo escrever para o Timessob pseudnimo. Obtiveram mesmo um emprego para Scheffercomo consultor e perito* em assuntos alemes, nos serviosestratgicos dos E.U.A.

    No vero de 1944, Scheffer foi prso novamente por agentes do Departamento de Justia. Era claro que, dessa vez,o ex-representante especial do Dr. Goebbels ficaria na cadeiaat o fim da guerra.

    4. O Comit Dies

    Em agsto de 1938, pouco antes da assinatura do Pactode Munique, formou-se nos E.U.A. um Comit Especial doCongresso para investigar sbre atividades antiamericanas. Odiretor dsse comit era o representante Martin Dies, do Texas.

    Quando se formou o Comit Dies, pensava-se que a suafuno seria combater as intrigas eixistas nos Estados Unidos.

    Ao contrrio desta expectativa, as investigaes se concentraram em uma nica coisa: provar ao povo americanoque o seu mortal inimigo era a Rssia Sovitica.

    O primeiro investigador-chefe nomeado pelo Comit Diesfoi um certo Edward Sullivan, espio patronal no movimentolaborista e propagandista anti-sovitico. Antes dc vir para oComit Dies, Sullivan fra membro do movimento nacionalista ucraniano formado na Amrica, o qual recebia suas di-retivas do Hetman Skoropadsky o outros emigrados ucranianosem Berlim. Em Boston, onde tinha sido obscuro jornalista,sempre necessitado de dinheiro, Sullivan fra pago para aju

    dar numa campanha para espalhar oposio aos sovietes, entre os americanos descendentes de ucranianos. Embora nofalasse uma nica palavra de ucraniano, fz grande esfropropagandista em favor de uma Ucrnia independente.

    O futuro investigador-chefe do Comit Dies, se tomoulogo uma figura proeminente no movimento fascista 'ucrania-

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    24/44

    39 0 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    no-americano. Em consequncia, estabeleceu ntimas relaescom agentes nazistas, colaborou com les e identificou-se pu

    blicamente com a sua causa. Em 5 de junho de 1934, Sullivan usou da palavra num comcio do Bund teuto-americano,perante tropas de assalto uniformizadas, no Turnhall, na cidadede Nova Iorque. Consta que terminou a sua arenga com estaexclamao: Joguem os imundos judeus no fundo do OceanoAtlntico.

    Em agsto de 1936 foi indicado como o orador principalde uma conferncia nacional dos anti-semitas e nazistas ame

    ricanos que teve lugar em Asheville, Estado da Carolina doNorte. Entre os demais oradores figuravam William DudleyPelley, chefe dos Camisas Prateadas; James True que publicava um boletim fascista em colaborao com Sullivan e EmestF. Elmhurst, alis E. F. Fleischkopf, membro do Bund eagente nazista. Os oradores atacaram violentamente a RssiaSovitica e acusaram a administrao Roosevelt de estar ligada a uma conspirao judaica. A imprensa de Asheville

    relatou que o discurso de Sullivan fra o discurso que Hitlerteria pronunciado se tivesse falado. (91.)

    (91) Os contribuintes americanos que pagaram os vencimentos deSullivan enquanto le foi investigador-chefe das atividades antiame-ricanas do Comit Dies, podem interessar-se por esta ficha policial deSullivan:

    Infrao Lugar Data Disposio

    da infraoCharlestown, Posto em liber

    Embriaguez Mass. 9/ 7/20 dade.Guiar perigosamente . Roxbur 12/ 8/23 Multa de $25Guiar sem licena .... Suffolk 2/11/24 Multa de $25Guiar perigosamente . Suffolk 6/ 7/24 Anotado.Furto ......................... Malden 2/ 4/32 Casa de Correo.

    Furto .........................Apelao.

    Middlesex 4/12/32 No procede.Atuar com licena sus

    pensa ..................... Lowell 2/11/32 Arquivado.Violao do artigo 690do Cdigo Penal . .

    (sodomia)Nova Iorque 12/ 2/33 Absolvido.

    Priso por desacato aum oficial do FBI . Pittsburgh 12/11/39 Denncia anotada.

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    25/44

    A G R A N D E C O N S P I R A O 3 91

    Quando as organizaes liberais da Amrica descobriram

    alguns dos fatos da flha corrida de Sullivan, o DeputadoDies relutantemente demitiu o seu investigador-chefe, Sullivan.Saiu por motivo de economia, explicou Dies. Ento Sullivanaliou-se ao movimento ucraniano-fascista e fundou o InstitutoEducacional Ucraniano-Americano em Pittsburg, Pennsylvania.Essa organizao, que se especializou em promover agitaoanti-sovitica entre um milho de americano-ucranianos, es-tve cm contacto com a embaixada alem em Washington.

    Sullivan continuou a cooperar com os propagandistas anti-soviticos e pr-nazis do pas. Quatro de julho ser uma beladata para o vosso partido, telegrafou Coughlin referindo-sea um assunto que le e Sullivan vinham providenciando juntos.

    A despeito de sua separao oficial do Comit Dies,Sullivan permaneceu ligado com um de seus peritos anti-comunistas. Aos 27 de julho de 1939, Sullivan recebeu uma

    carta de seu amigo Harry Jung, propagandista anti-semita eanti-sovitico em Chicago. Jung escrevia:

    Um dos investigadores do comit estve aqui poralgum tempo e despendeu algumas horas conosco ens o cumulamos de informaes surpreendentes. Euespero realmente que a cooperao entre nossos respectivos escritrios venha a ser completa, satisfatria

    e recproca ..

    O lugar de Sullivan como principal ajudante e consultorde Dies no comit de investigao de atividades antiamericanas foi ocupado por J. B. Matthews, um renegado do movimento radical americano. A literatura de Matthews era lar-ganjente publicada e distribuda pelos lderes fascistas ameri

    canos e agentes do Eixo. O Ministrio de Propaganda nazistarecomendou a sua obra. Artigos de Matthews apareceram noContra-Ccrmintern, rgo do Aussenpolitisches Amt de AlfredoRosenberg.

    Semana aps semana, na sala de colunas de mrmore dovelho House Office Building em Washington, desfilem uma

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    26/44

    3 9 2 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    procisso macabra de ex-sentenciados, espies laboristas, agentes e chantagistas estrangeiros. Todos iam depr solenemente

    perante o Comit Dies, como testemunhas idneas, contraos agentes de Moscou que estavam tramando a derrocadado govmo dos E.U.A. Eis algumas dessas testemunhas anti-comunistas:

    Alvin Halpern: no segundo dia do seu depoimento, um Tribunal Distrital de Columbia o sentenciou adois anos de cadeia por crime de furto; seu depoimento, entretanto, foi includo nos autos do Comit

    Dies.Peter J. Innes: espio laborista que fra expulsoda Unio Martima Nacional por ter roubado 500 dlares do tesouro da Unio; foi sentenciado posteriormente a oito anos de cadeia por tentativa de raptode uma menor.

    William C. McCuinston: organizador de pelotesfortemente -armados para atacar os sindicatos; deps

    perante o Comit Dies quando ainda acusado de assassnio de Philip Carey, lder laborista que fra baleadoe espancado at morte em Nova Orleans; posteriormente foi impronunciado do crime de assassnio.

    William Nowell: espio laborista que fra conse-lheiro-confidencial do lder fascista Gerald L. K. Smith,ex-Camisa de Prata n. 3223.

    Richard Krebs, alis Jan Valtin; antigo agente da

    Gestapo, acusado e ru confesso (92.)

    (92) Em janeiro de 1941, quando o alto comando alemo terminava os seus preparativos para o ataque contra a Unio Sovitica, foipublicado nos E.U.A. um livro anti-sovitico sensacional, intituladoDo Fundo da Noite. O autor era Jan Valtin.

    Jan Valtin era um dos vrios nomes de Richard Krebs, antigoagente da Gestapo. Outros nomes dle eram Richard Anderson, Richard Petersan, Richard William, Rudolf Heller e Otto Melchior.

    O livro de Krebs, Do F undo da Noite, pretendia ser a confissode um comunista Jan Valtin que viajara pelo mundo todo desincum-bindo-se de tarefas sinistras de Moscou. O autor descrevia em pormenores torvos as tramas criminosas que teriam sido arquitetadas poragentes bolcheviques contra o mundo democrtico. O autor relatavacomo depois de dez anos de trabalho criminoso para o Comintern,inclusive um homicdio na Califrnia em 1926, comearam a surgir d-

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    27/44

    A G R A N D E C O N S P I R A O 3 93

    General Walter G. Krivitsky, alis Samuel Ginsberg, original agente da OGPU no tempo de Yagoda,

    vidas no seu esprito acrca da .honestidade dos intuitos do Partido Comunista. Finalmente, e assim se desenrolou a sua histria, le decidiu-se a um rompimento completo com Moscou e a denunciar tu do. . .

    Krebs chegou aos E.U.A. m fevereiro de 1938. Trouxe consigo da Europa os manuscritos de Do Fundo da Noite, que tinham umasurpreendente semelhana com um livro de propaganda anti-soviticaque vinha circulando largamente na Alemanha nazista. Preparando oseu livro para ser publicado nos E.U.A., Krebs foi auxiliado pelo jornalista americano Isaac Don Levin, veterano propagandista anti-sovi

    tico e colaborador regular da imprensa Hearst.Levado por uma campanha sem precedentes de consagrao literria. Do Fundo da Noite tomou-se um best-seller sensacional. OClube do Livro do Ms distribuiu-o aos seus leitores numa edio de165.000 exemplares. O Readers Digest publicou uma alentada condensao do mesmo com o comentrio de que a autobiografia tinhasido cuidadosamente autenticada pelos editores. Em dois nmerosconsecutivos da revista Life foram citados trechos extensos do livro.Poucos livros na histria da imprensa americana receberam uma consagrao to prdiga e dispendiosa como a do livro Do Fundo da Noite.

    Enquanto que alguns crticos literrios manifestaram-se cticos quanto ao livro, outros conhecidos por sentimentos anti-soviticos, ergueram hosanas obra de Krebs. Freda Utley, jornalista anti-soviticaescrevendo no Saturday Review of Literature, descreveu o livro comestas palavras: Nenhum outro livro revela melhor o auxlio que Stlindeu a Hitler antes dste assumir o poder e a ajuda que ainda continualhe dando. Sidney Hook admirador de Trotslcy, declarou em o New Leader, rgo da chamada, Federao Social-Democrtiea: Como simples narrativa to impulsiva em suas sequncias emocionais quo nuncapoderia ser tomada como fico pois viola todos os cnones da cre

    dibilidade fictcia. William Henry Chamberlin cuja interpretao anti-sovitica dos Julgamentos de Moscou aparecera no rgo de propaganda de Tquio, Contemporany ]apan insistia no New York SundayTimes Book Supplement, que Valtin tomara-se "um valioso aliado

    Eara tdas as agncias nos E.U.A. empenhadas no combate sa-otagem, espionagem e outras atividaacs ilegais de inspirao es

    trangeira. Max Eastman, Eugenes Lyons o outros membros da cliqueliterria pr-Trotsky e anti-sovitica na Amrica saudaram excitados aexposio histrica do antigo agonto da Gestapo.

    Jan Valtin tornou-se uma figura nacional. Foi convidado paratestemunhar como perito anti-sovitico perante o Comit Dies.

    Aos 28 de maro de 1941, Krobs recebeu ordem de priso comoestrangeiro indesejvel e deportvel. As audincias subsequentes doTribunal Federal estabeleceram que Krebs fra julgado por homicdiona Califrnia em 1926 tendo estado 39 meses em San Quentin. Osautos do Tribunal de Los Angeles relatavam que sse crime que Krebsreproduzira em Do Fundo da Noite, como se fra uma tarefa do Co-

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    28/44

    3 9 4 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    que fugira para os E.U.A., onde publicou uma lamentvel autobiografia anti-sovitica (93.)

    Os arquivos de Martin Dies logo transbordaram de nomesde supostos perigosos bolcheviques. Frequentemente o deputado do Texas anunciava que tinha descoberto uma quinta--coluna nacional operando sob diretrizes de Moscou.

    Em 1940, Dies publicou um livro para popularizar asdescobertas do seu comit. Intitulado: O Cavalo de Tria

    na Amrica: Comunicado Nao. O livro de Dies era principalmente dedicado propaganda anti-sovitica. Enquantoos Bundistas germano-americanos e a Frente Crist vinhamrealizando demonstraes populares pr-nazis nas cidades daAmrica como testas-de-ferro da quinta-coluna nazista, o Deputado Dies pintava Stlin frente de 150 divises de soldados soviticos uniformizados invadindo os E.U.A. Dies

    mintem resultara de um enrdo em tmo de uma nota que Krebsdevia a um pequeao comerciante. Explicando no Tribunal porque tentara matar o negociante, Krebs disse: O judeu me enlouqueceu.

    As audincias federais revelaram ainda mais que Krebs tinha sidodeportado dos E.U.A. em dezembro de 1929, e que em 1938, assimcomo em 1926, le entrara ilegalmente nos E.U.A. Alm do que asaudincias esclareceram que em 1934 Krebs atuara como testemunhaperante o govmo nazi para comprovar uma denncia de traio contra um companheiro martimo. Por causa de sua ligao com o Partido Comunista Alemo, do qual tinha sido expulso, Krebs afirmavaque tinha penetrado nessa organizao.

    O Tribunal de Imigrao dos E.U.A. declarou nas suas investigaes: Nos. cinco anos passados o indigitado tem sido um agenteda Alemanha nazista. Na ficha que temos diante de ns est claroque se trata de um indivduo completamente indigno e amoral.

    A revelao de Krebs como antigo agente nazista c criminoso tevepouca publicidade. Mais tarde apoiado e estimulado por seus influentes amigos americanos anti-soviticos, Krebs obteve outra ficha das autoridades da Imigrao nos E.U.A. como um indivduo regeneradoe conseguiu carta de cidadania americana. Do Fundo da Noite continuou nas prateleiras das livrarias do pas e prosseguiu divulgando entredezenas de milhares de americanos a sua mensagem anti-sovitica.

    (93) Conforme Louis Waldman, que foi o advogado americanode Krivitsky, ste entrou nos E.U.A. apadrinhado por William C.Bullit, embaixador na Frana. Quanto s atividades anti-soviticas deBullit, ver adiante.

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    29/44

    A G R A N D E C O N S P I R A O 395

    declarava cjue, com efeito, os agentes de Moscou j tinhamcomeado a invaso dos E.U.A. (94.)

    Dois dias depois de os nazistas terem invadido a Unio Sovitica, Dies predisse: Hjtler controlar a Rssia dentro detrinta dias. O deputado combateu a idia de enviar auxlio aoExrcito Vermelho. A Amrica ajudar a Rssia loucura,declarou le, porque em qualquer hiptese os alemes apreendero o equipamento. E admoestava que o perigo realmente grande para o nosso govrno, auxiliando a Rssia, consiste em abrir para Stlin uma nova Frente Ocidental exa-tamente aqui, na capital da Amrica.

    (94) -Os elementos pro-Eixo e anti-soviticos nos E.U.A. apoiaram entusisticamente o trabalho do Deputado Murtlm Dies. Aos 8 dedezembro de 1939, Merwin K. Hart, principal intrprete do regime fascista espanhol do Generalssimo Franco, clcu um bim(|iiet(' em NovaIorque no qual Dies foi hspede de honra. Entro os convlvtis contavam-se John B. Trevor, Archibald E. Stevenson o Fritz Kuhn, chefeda Liga Germano-Americana. Quando os jornalistas porgimlnrnni u Kuhn

    o que pensava do Comit Dies, le respondeu: Sou por Mo o faovotos para que obtenha muito dinheiro.Eis alguns comentrios mais de agitadores anti-sovlticos ncrca do

    trabalho do Comit Dies:Respeito imensamente o comit e simpatizo com o sou programa

    George Sylvester Viereck, agente nazista, sentenciado cm 21 de fe-vreiro de 1942, priso de 8 meses a 2 anos.

    Eu fundoi a Legio de Prata em 1 9 3 3 .. . pnrn propagar exata-mente, os mesmos princpios pelos quais se batem ntunlrnonto Mr. Diese o seu comit. William Dudley Pelley, lder dos Camisas do Prata

    pr-nazis, sentenciado aos 13 de agsto de 1942 a 15 anos de prisopor crime de sedio, novamente acusado em 1944 por tor participadonuma conspirao nazista contra a Amrica.

    Na vossa apreciao do trabalho realizado por Dies, disponde dealgum momento ae folga para escrever-lhe uma carta dc encorajamento.Com efeito, um milho de cartas depositadas sbre a sua escrivaninhaseria uma resposta queles que se empenham em destru-lo, juntamentecom o corpo legislativo que le representa." Padre Charles E . Coughlin, propagandista pr-nazis, fundador da Frente Crist e de Justia Social, que em 1942 foi banida das malas do correio dos E.U.A.

    como sediciosa.At Berlim manifestou abertamente a sua aprovao entusistica aotrabalho anti-sovitico de Dies nos E.U.A. O sistema de contrle deondas curtas da Comisso Federal de Comunicao relatou no invernode 1941 que o Deputado Martim Dies era o americano mais frequentemente e mais elogiosamente citado nas estaes de ondas curtas doEixo voltadas para o Hemisfrio Ocidental.

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    30/44

    3 9 6 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    Numa carta ao Presidente Roosevelt, escrita aos 2 deoutubro de 1941, logo depois de o presidente ter proclamado

    que a defesa da Unio Sovitica era vital defesa da Amrica, Dies manifestou a sua inteno de prosseguir na suacampanha de propaganda anti-sovitica. Eu tenciono, Sr. Presidente, escreveu Dies, aproveitar tda oportunidade paramostrar ao povo americano que as semelhanas entre Stline Hitler so muito mais surpreendentes do que as suas dessemelhanas.

    * Mesmo depois de os E.U.A. e a Rssia Sovitica te

    rem-se tomado aliados, Martim Dies continuou na sua campanha anti-sovitica. Aos 29 de maro de 1942, Henry Wallace,vice-presidente dos E.U.A. declarou:

    Se estivssemos em paz, essas tticas poderiamser consideradas como produto de imaginao doentia.Ns no estamos em paz, entretanto. Estamos emguerra, e as dvidas e ressentimentos que essa e outras declaraes de Mr. Dies tendem a suscitar na

    opinio pblica podem vir do prprio Goebbels, noque concerne ao seu resultado prtico. Como questode fato, o efeito dessas declaraes em nosso nimoseria menos desastroso se Mr. Dies figurasse na listade pagamento de Hitler. . . Ns americanos temos deenfrentar as injunes dessa temvel verdade.

    5. guia solitria

    Em fins de 1940, quando Hitler consumava a escravizao da Europa e preparava-se para o seu prximo embatecom o Exrcito Vermelho, apareceu um estranho fenmenono cenrio poltico americano. Chamou-se o Comit AmricaFirst. Durante o ano seguinte, em escala nacional, por meioda imprensa, do rdio, de assemblia de massa, de comcios relmpagos e de outros meios de publicidade, o Comit AmricaFirst divulgou incansvelmente a sua propaganda anti-sovitica,antibritnica, e isolacionista no meio do povo americano.

    Os condutores originais do Comit Amrica First compreendiam o General Robert E. Wood; Henry Ford; o Coronel

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    31/44

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    32/44

    3 9 8 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    Os nazis promoveram cerimnias impressionantes em honra deLindbergh e fizeram-lhe especiais obsquios. Funcionrios nazistas altamente colocados conduziram-no pessoalmente numa"viagem de Inspeo particular s construes blicas e basesareas alems. Lindbergh ficou profundamente impressionadocom a Alemanha nazista.

    Nas prdigas festas oferecidas pelo Marechal de CampoHermann Goering e outros grados nazistas, Lindbergh exprimiu a sua convico de que a fra area alem era invencvel. A aviao alem coloca-se acima de qualquer outra

    de qualquer outro pas do mundo, disse le a um s daLuftwaffe, o General Emst Udet. Ela invencvel!Maravilha, como errado sse americano! observou o

    comandante areo alemo, General Bruno Loerzer, ao jornalista poltico Bella Fromm. le vai assustar as cabeas dosianques com essa conversa da invencvel Luftwaffe. E exa-tamente o que os nossos rapazes querem que le faa.

    Foi a meihor campanha de consagrao que j conseguimos fazer disse Axel von Blomberg, filho do ministro nazista da Guerra, depois de assistir a uma festa em homenagem a Lindbergh em 1936.

    Dois anos depois, nos dias crucialmente decisivos queprecederam ao Pacto de Munique, Lindbergh visitou a UnioSovitica. le ali estve apenas alguns dias. De volta, imediatamente comeou a proclamar que o Exrcito Vermelho estava desesperadamente mal equipado, mal treinado e pssi-mamente comandado. Afirmou que a Rssia Sovitica seria

    intil em qualquer aliana militar contra a Alemanha nazista.Na sua opinio, era necessrio cooperar no contra, mas com osnazis.

    O avio jprto e alaranjado de Lindbergh tornou-se familiar nos aerodromos das aflitas capitais europias, na pocaem que le Voava de um pas a outro, advogando a formao de alianas polticas e econmicas com o III Reich.

    Quando se processavam as negociaes em Munique, pe

    quenos e seletos grupos de homens de negcios, aristocratase polticos anti-soviticos reuniram-se na estncia de Lady Astor em Cliveden, para ouvir a opinio de Lindbergh sobre a situao europeia. Lindbergh falou do poder areo daAlemanha, da rpida expanso de sua produo e do seubrilhante comando militar. Os nazistas, repetia le a todo

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    33/44

    A G R A N D E C O N S P I R A O 3 9 9

    momento, eram invencveis. Recomendou que a Frana e a

    Gr-Bretanha chegassem a bons trmos com Hitler e permitissem Alemanha que se expandisse a leste, rumo Rssia, sem declarao de guerra.. . (96.)

    Foi providenciada uma srie de conferncias ntimas deLindbergh com membros britnicos do Parlamento e vriasoutras figuras polticas decisivas. Entre estas contava-se LloydGeorge, que posteriormente se manifestou acrca do aviadoramericano:

    le estve na Rssia, penso eu, durante uma semana. le no viu nenhum dos grandes lderes daRssia, no poderia ter visto grande coisa da fraarea, e j voltou dizendo-nos que o exrcito russono era nada bom, que as indstrias russas estavamem situao desesperadora. E houve muita gente grande que acreditou nle exceto Hitler.

    A conversa de Lloyd George com Lindbergh deixou aoex-primeiro-ministro a convico, como le manifestou, deque o aviador americano era o agente e instrumento de homens muito mais astutos e sinistros do que le prprio.

    Da Unio Sovitica proveio a mesma acusao em linguagem mais especfica. Um grupo de destacados aviadoressoviticos publicou uma declarao em Moscou acusando Lindbergh de divulgar a mentira colossal que a Alemanhapossui uma fra area to poderosa que capaz de derrotaras frotas areas conjugadas da Inglaterra, Frana, Rssia eTcheco-Eslovquia. E os aviadores soviticos prosseguiam:

    Lindbergh desempenha o papel de um estpidomentiroso, lacaio e adulador dos fascistas alemes e deseus protetores os aristocratas inglses. le recebeu or-

    (96) Descrevendo as suas atividades durante sse perodo, Lindbergh disse numa assemblia do Comit America First nos E.U.A.,aos 30 de outubro de 1941: Em 1938 eu chegara concluso de quese ocorresse uma guerra entre a Alemanha de um lado e a Inglaterrae Frana de outro, da resultaria ou uma vitria da Alemanha ou umaEuropa prostrada e devastada. Por isso eu advogava que a Inglaterrae a Frana permitissem Alemanha que se expandisse a leste, rumo Rssia, sem declarao de guerra. ,

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    34/44

    4 0 0 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    dens dos crculos reacionrios ingleses para provar adebilidade da aviao sovitica e assim fornecer argu

    mento a Chamberlain, para a sua capitulao em Munique, com respeito Tcheco-Eslovquia.

    Trs semanas depois da assinatura do Pacto de Munique,o govmo do III Reich demonstrou a sua aprovao oficialaos servios prestados por Lindbergh Alemanha nazista. Nanpite de 18 de outubro de 1938, num jantar oferecido em honrade Lindbergh em Berlim, o Marechal de Campo Goering con

    feriu ao aviador americano uma das mais altas condecoraesda Alemanha, a Ordem da guia Alem...

    Tendo vivido no estrangeiro durante trs anos e meio,Lindbergh regressou aos E.U.A. pouco antes da declaraode guerrra de 1939. Assim que os nazistas invadiram aPolnia, e* a Gr-Bretanha e a Frana declararam guerra Alemanha, Lindbergh correu aos jornais com um pronunciamento urgente: a guerra contra a Alemanha era uma guer

    ra injusta; a verdadeira guerra devia ser a de leste. Numartigo intitulado Aviao, Geografia e Raa, no nmero denovembro do Readers Digest, em linguagem parecidssimacom a de Alfredo Rosenberg, Lindberg declarou:

    Ns, herdeiros da cultura europia, estamos beira de uma guerra desastrosa, uma guerra dentro denossa prpria famlia de naes, uma guerra que reduzir a fra e destruir os tesouros da raabranca... A Asia comprime-se contra ns, em direo sfronteiras russas, e tdas as raas estrangeiras movimentam-se inexorvelmente... Ns teremos paz unicamente quando nos unirmos e preservarmos a preciosssima posse de nossa herana de sangue europeu eenquanto salvaguardarmos a ns mesmos contra o ataque de exrcitos inimigos e da diluio em raas estrangeiras.

    Durante 1940 Lindbergh identificou-se cada vez mais intimamente com o movimento isolacionista, anti-sovitico e ei-xista que proliferava como cogumelo no palco americano. le

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    35/44

    A G R A N D E C O N S P I R A O 401

    tomou-se o intrprete principal do comit isolacionista no Foreign Wars e o dolo da quinta-coluna nos E.U.A. (97.)

    No outono daquele ano, Lindbergh dirigiu-se a um pequeno grupo de estudantes da Universidade de Yale: Precisamos fazer a nossa paz fcom as novas potncias da Europa,disse-lhes.

    O comcio na Universidade de Yale tinha sido conseguidopor um jovem e rico estudante chamado R. Douglas Stuart Jr.,herdeiro da fortuna das Aveias Quaker. Logo depois, o grupo

    de Stuart incorporou-se ao Comit Amrica First em Chicago, Illinois.Falando a assemblias imensas convocadas em todo o

    pas pelo Comit Amrica First, e cm radioemisses de ponta a ponta do pas, Lindbergh disse ao povo americano queera a Rssia Sovitica, e no a Alemanha nazista o seu realinimigo. A guerra entre a Alemanha de um lado c a Inglaterra e a Frana de outro, advertia Lindbergh, poderia

    resultar nicamente ou numa vitria alem, ou mima Europaprostrada e devastada. A guerra tinha dc ser transformadanuma ofensiva coesa contra a Unio Sovitica (98.)

    Todo o aparato de publicidade do Amrica First foi pstoem ao numa campanha de mbito nacional protestando con-

    (97) Em 1937, John C. Metcalfe, reprter do Chicago Daily Times

    e depois agente federal, rememorou a seguinto declarao que lhe fizeraHermann Schwartzmann, lder da Liga Gormano-Americana de Astoria,Long Island: Sabe voc quem podo vir a .sor o Fuehrer de nosso grandepartido poltico? Lindbergh! Sim, o isso ihio to remoto como vocpoderia imaginar. Voc sabe como lo poderia ganhar o pblico muitofcilmente. Os americanos gostam dOlc . . . Sim, n uma poro de coisasque esto sendo planejadas c que o pblico ainda no conhece.

    (98) A invaso nazista da Rssia Sovitica foi entusisticamentesaudada pelo Comit America First. O porta-voz do America First, o

    Herald, trouxe o cabealho seguinte:Congrega-se a Europa para lutar contra os comunistasrussos. Dezessete naes unem-se ao Reicn Germnico na.Cruzada Santa contra a URSS.

    A derrota da Rssia Sovitica pela Alemanha nazista foi apresentada como sendo coisa interessante para os E.U.A. Em seu nmerode 1 de agsto de 1941 o America First Research Bureau Bulletin declarou:

    Sabe voc que se a Alemanha nazista conquistasse aRssia comunista a economia alem antes se debilitaria doque se fortaleceria? ,

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    36/44

    4 0 2 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    tra a ajuda de emprstimos e arrendamentos Unio Sovitica. Charles E. Lindbergh, o Deputado Hamilton Fish, ossenadores Burton K. Wheeler e Gerald P. Nye, e outros intrpretes parlamentares do Comit Amrica First denunciaramo auxlio ao Exrcito Vermelho e declararam que o destinoda Rssia Sovitica no tinha nada que ver com os E.U.A.

    Herbert Hoover tomou parte na campanha. Aos 5 deagsto, juntamente com John L. Lewis, Hanford MacNider,e outros 13 lderes isolacionistas, o antigo presidente fz uma

    , declarao pblica protestando contra a promessa de auxlio

    no autorizado Rssia e . .. outras providncias beligerantes.A declarao dizia:

    Os acontecimentos recentes suscitam dvidasquanto s intenes de liberdade e democracia dessaguerra. No se trata simplesmente de um conflito mundial entre a tirania e a liberdade. A aliana anglo-russadissipou essa iluso (99.)

    Quando os japonses atacaram Pearl Harbor, o ComitAmrica First foi oficialmente dissolvido. O seu diretor, General

    (99) Aos 30 de outubro de 1941, com os nazistas prximos deMoscou, organizou-se um comcio do America First em Madison SquareGarden, em Nova Iorque. O organizador foi John Cudahy, antigo capito no exrcito intervencionista americano em Arcngel que, posteriormente, como embaixador americano na Blgica, adotou uma atitude

    pr-Alemanha que forou a sua demisso do psto. Cudahy insistiapara que o govmo dos E.U.A. iniciasse uma conferncia de pazinternacional que inclusse a Alemanha nazista. Cudahy declarou queas pessoas em postos de autoridade no govmo nazista conheciam aBrande ameaa do potencial de guerra americano. Von Ribbentropaissera-me isso quando o vi em Berlim cinco meses atrs. Cudahyacrescentava que isso seria um belo critrio de troca nas negociaesde paz eom os nazistas. les dizem que no pode haver paz comHitler. Mas Hitler apenas uma fa se . . disse Cudahy. Ns temosneste pas um grande perito europeu e um homem animado dos maispuros intuitos patriticos, Herbert Hoover. . . Ponhamos Mr. Hoover atrabalhar num plano de paz permanente.

    Quem tinha dado essa sugesto a Cudahy, para o comcio do America First, fra o Reverendo George Albert Simons. Antes da revoluo russa, sse reverendo Mr. Simons fra pastor numa igreja missionria protestante em S. Petersburgo. Ali se tomara amigo intimo deBoris Brasol, propagandista anti-semita que desempenharia o maior papel na distribuio dos Protocolos de Sio na Amrica. Em fevereiro

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    37/44

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    38/44

    4 0 4 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    nuaram a divulgar propaganda mentirosa anti-sovitica mesmodepois de os E.U.A. e a Rssia Sovitica terem-se aliadona guerra contra a Alemanha nazista. sses trs publicistas William Randolph Hearst, Capito Joseph M. Patterson eo Coronel Robert R. McCormick imprimiram para os seusvrios milhes de leitores uma srie infinita de artigos e editoriais destinados a suscitar suspeita e antagonismo contra oaliado da Amrica, a Unio Sovitica.

    Eis algumas passagens tpicas de seus jornais durante aguerra:

    pre pensa como homem. H sempre nos processosmentais russos a sugesto do egosmo brutal e da total infidelidade dsse feroz animal que o seu smbolo. New York Journal-American, 30 de maro de1942, de Hearst.

    Observando os vrios fronts, as coisas parecemprogredirem muito favorvelmente na Rssia paraa RSSIA. Com efeito, a Rssia no de modo al-

    trabalhadora de outros pases. Nos pases democrticos stes partidos(comunistas) foram aconselhados a obter uma situao legal e a conduziras suas atividades por mtodos pacficos e constitucionais. Nesses pases,les tomaram-se geralmente minoria vociferantes, mas no violentas.nicamente em pases agressores ou hostis teria sido- provvel que o

    Comintern desse apoio ativo luta e ao subversiva da classe trabalhadora contra os seus governos. . . O inimigo os nazistas, fascistase japonses fizeram o possvel para espantar-nos com o espectroda ameaa comunista nossa civilizao ocidental. Isso foi feito sobo disfarce do chamado Pacto Anti-Comintem que les realizaram em1936, 1937 e 1940, na sua trama para nos conquistar, como para conquistar todo o mundo. . . Num golpe, aos 22 de maio (de 1943), Stline seus companheiros em Moscou frustraram o jgo de Hitler . . . Abolindo o Comintern, les estilhaaram o canho mais poderoso da propaganda de Hitler . . . A abolio do Comintern, alm do mais, foi

    um ato definitivo, confirmando a sua inteno expressa de cooperar, eno sobressaltar, os seus vizinhos, a quem tinham solicitado colaborao para ganhar a guerra e a p az . . . A abolio do Comintern contribui para cimentar a confiana entre os aliados no seu esfro deguerra. ainda uma contribuio construo de aps-guerra, para~a edificao de uma decente comunidade mundial de naes que, realisticamente, procure construir ste mundo na base da cooperao e dotrabalho conjunto de bons vizinhos.

    Sabemos queda Rssia. O urso

    'Sabemos que " nuita coisanem sem-

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    39/44

    A G R A N D E C O N S P I R A O 4 0 5

    gum parceira dos E.U.A. Ela semiparceira doEixo New York Journal-American, de Hearst, 30

    de maro de 1942.O que Stlin est fazendo o seguinte: Est preparando o caminho para uma paz em separado coma Alemanha no momento em que achar que isso sejaboa poltica. le assenta as bases para tanto, acusandoos aliados de no cumprirem suas promessas. Com issosente-se desobrigado de qualquer acrdo que tenhafeito. No precisa de escusas. Est no que quer. lej preparou o pretexto. Chicago Tribune de McCormick, de 10 die agosto de 1943.

    Se Stlin pudesse obter mais da Alemanha commenos rudo do que os chamados aliados de ltimahora, o que escolheria sse homem supinamente ego-centrista, para quem a perfdia um hbito natural?A carreira tda dsse arrendatrio georgiano do Kremlin tem sido uma torrente turbulenta de interssepessoal, brotando inescrupulosamente das fontes desua ambio natural. Chicago Tribune de McCormick, 24 de agsto de 1943.

    Quem rira melhor a Europa russa ou a Europa alem? Dailu News de Patterson, 27 de agstode 1943.

    ridculo planejar preservar a paz com o auxlio da Rssia. A Rssia invadiu a pobre Finlndiae a Polnia, e estve pronta para assaltar a Ale

    manha com a sano da Inglaterra, quando Hitler seantecipou. Carta de 2 ae novembro de 1943, deuma srie de cartas semelhantes publicadas regularmente em New York Daily News de Patterson.

    O Presidente Roosevelt advertiu aos 28 de abril de 1942,que o esfro de guerra no conseguira impedir alguns patriotas contrafeitos que se utilizavam da sagrada liberdade

    de imprensa para ecoar os sentimentos dos propagandistas deTquio e Berlim.Aos 8 de novembro de 1943, em Madison Square Gar

    den num comcio de comemorao do dcimo aniversrio dasrelaes diplomticas entre a Unio Sovitica e os E.U.A.o secretrio do Interior Harold L. Ickes denunciou, veemen

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    40/44

    4 0 6 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    temente a campanha de propaganda anti-sovitica que vinhasendo promovida ininterruptamente por Hearst, Patterson eMcCormick. O destemido secretrio do Interior declarou:

    Desgraadamente existem fras poderosas e ati-vas neste pas que esto incentivando deliberadamentea m vontade contra a Rssia... Menciono apenas,como exemplo, a imprensa de Hearst e a rae de

    jornais de Patterson-McCormick, particularmente o ltimo. Se sses publicistas odeiam a Rssia e a Gr-

    Bretanha, o seu dio ao prprio pas ainda maisforte... por isso que prosseguem no satnico trabalho de acirrar o dio contra as duas naes de cujoauxlio precisamos para derrotar Hitler...

    No outono de 1944, quando a Alemanha nazista defrontava a derrota iminente, como resultado das ofensivas combinadas dos exrcitos dos E.U.A., Gr-Bretanha e Unio So

    vitica, houve nova convocao s umas contra a Unio Sovitica nos E.U.A.De Roma, recentemente libertada, William C. Bullit, an

    tigo embaixador em Moscou e Paris, apelou para uma novaaliana anti-sovitica a fim de salvar a civilizao ocidentalda ameaa do imperialismo sovitico.

    A carreira de William C. Bullit fra simples...Em 1919 fra um ds emissrios de Woodrow Wilson

    Rssia Sovitica. Quinze anos depois, em 1934, tomou-se oprimeiro embaixador americano na Rssia Sovitica. Rico, ambicioso, com um faro para a intriga diplomtica, Bullit formara rodas amigas com numerosos trotskistas russos. le comeou a falar da necessidade de a Rssia Sovitica entregarVladivostoque ao Japo e de fazer concesses Alemanha nazista no Ocidente. Em 1935, Bullit visitou Berlim. WilliamE. Dodd, ento embaixador americano na Alemanha, recordouno seu dirio diplomtico:

    Chegando a Berlim na primavera ou vero de1935, le (Bullit) relatou-me que estava certo de queo Japo atacaria a Rssia oriental dentro de seis meses e le esperava que o Japo tomasse tda a pontado Extremo Oriente da Rssia.

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    41/44

    A G R A N D E C O N S P I R A O 4 0 7

    Bullit disse que a Rssia no tinha nada que aconstrangesse a manter a pennsula que se projeta nomar japons em Vladivostoque. Tudo vai ser logo

    tomado pelo Japo. Eu disse: Veja que se os alemesvencerem, nada menos de 160 milhes de habitantesda Rssia no tero acesso ao Pacfico e sero excludos do Bltico. le disse: Oh! isso no faz diferenaalguma . . . Fiquei"es ' 1 A do de fa-

    Num lanche com , le repetiu a sua atitude hostil e discutiu com o francs sus

    tentando a derrota do pacto de paz franco-soviticoque vinha sendo negociado, o qual, segundo me informara o embaixador ingls, era a melhor garantiapossvel da paz europia... Mais tarde, ou aproximadamente pelo mesmo tempo, quando o novo embaixador italiano veio aqui diretamente de Moscou, fomos informados de que Bullit tinha sido atrado pelofascismo antes de deixar Moscou.

    Aos 27 de janeiro de 1937, o Embaixador Dodd relatou:

    Tm-me vindo notcias recentes de que os bancosamericanos esto contemplando novos grandes crditose emprstimos Itlia e Alemanha, cujas mquinasde guerra j so suficientemente grandes para ameaar a paz no mundo. Eu ouvi mesmo dizer, mas parece incrvel para mim, que Mr. Bullit est condu

    zindo e encorajando sses planos.

    Em 1940, depois da queda da Frana, Bullit voltou paraos E.U.A. a fim de anunciar que o Marechal Ptain era umpatriota que, rendendo-se ao nazismo, salvara o seu pas docomunismo.

    Quatro anos mais tarde, quando a II Guerra Mundialia-se encaminhando para o seu fecho, Bullit reapareceu no

    continente europeu como correspondente de Life. De Romaenviou um artigo sensacional que foi publicado no nmerode 4 de setembro de 1944 dsse peridico. Pretendendo daras opinies de alguns romanos annimos, Bullit repetia apropaganda anti-sovitica que h vinte anos vinha sendo uti-

    lar de um diplomata

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    42/44

    4 0 8 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    lizada pelo fascismo internacional no seu esforo de conquistamundial. Bullit escrevia:

    Os romanos esperam que a Unio Sovitica domine a Finlndia, a Estnia, a Latvia, a Litunia, aPolnia, a Rumnia, a Bulgria, a Hungria e a Tche-co-Eslovquia ... Esperam les que, alm da Polniaoriental, os russos tambm anexaro a Prussia oriental,inclusive Conigsberga... Uma piada maluca que percorre Roma mostra o esprito dles (romanos) e daesperana que tm: O que um otimista? um homemque acredita que a III Guerra Mundial comear dentro de 15 .anos entre a Unio Sovitica e a Europaocidental, a Gr-Bretanha e os E.U.A. O que umpessimista? Um homem que acredita que a Europaocidental, a Gr-Bretanha e os E.U.A. no se atreveroa lutar.

    Bullit afirmava que a ameaa contra a qual a civiliza

    o ocidental se devia unir era Moscou e seus agentes comunistas.

    Era o mesmo brado com o qual, um quarto de sculoatrs, no fecho da I Guerra Mundial, o Capito Sidney GeorgeReilly procurara conjugar a contra-revoluo no mundo (101.)

    (101) O mesmo brado ecoou novamente, mesmo depois da derrota final da Alemanha nazista" pela coalizo anglo-americano-sovitca,

    quando a Deputada Clare Luce, espsa do editor das revistas Time,Li f e e Fortune voltou de uma viagem Europa no como de 1945,a fim de informar aos americanos que o bolchevismo estava ameaandoengolir a Europa tda, dada a vitria do Exrcito Vermelho contra aAlemanha nazista. Mas Luce apelava para que os E.U.A. dessemo seu apoio a tdas as fras anti-sovieticas na Europa. Essa, comefeito, fra a principal esperana dos nazistas e o tema dominante doministro da Propaganda, Dr. Goebbels, durante as suas irradiaes deBerlim sitiada.

    Ainda uma vez, o mesmo brado se levantou quando um grupo de

    senadores americanos, visitando Roma, na primavera de 1945, perguntou, segundo se disse, numa reunio de soldados americanos, se lesno gostariam de prosseguir e terminar a sua tarefa, lutando contraa Rssia Sovitica. Conta-se que os soldados receberam os senadores ecruzados antibolcheviques com franca desaprovao. Muitos dles chegaram a sair da sala.

    Na mesma ocasio, a propaganda anti-sovitica continuava a seexpandir nos E.U.A. atravs de numerosos livros semelhantes no estilo

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    43/44

    A G R A N D E C O N S P I R A O 4 0 9

    Mas profundas transformaes vinham-se operando nomundo. Mesmo quando William C. Bullit apelava para uma

    nova cruzada contra a Rssia Sovitica, os exrcitos da Gr--Bretanha e dos E.U.A. e da Unio Sovitica, convergiamde leste, oeste, norte e stil sbre a cidadela da contra-revo-luo Berlim.

    Em face da ameaa da escravido fascista e contra amaior fra reacionria que o mundo jamais viu, as demo-

    e contedo ao Do Fundo da Noite de Tan Valtin. Entre os mais di

    vulgados dsses livros publicados cm 1945 figuravam Impresses sbreos russos de William L. White e Mem rias d e um Sobreviven te deAlexander Barmine.

    O jornalista americano William L. White escreveu as suas Impresses sobre*os russos depois de un ' n de seis semanas

    receu originriamente condensado pelo Readers Digest, era uma tiradacontra o povo sovitico, contra seus lderes e at contra o seu es-fro de guerra. Saudado como uma rica reportagem objetiva por

    jornais anti-soviticos como New Leader Social-Democrtico e entusis-

    ticamente citado pela imprensa Patterson-McCormick e Hearst, o livrodo White foi vigorosamente condenado pelas correntes da imprensaamericana empenhadas na manuteno de boas relaes entre as NaesUnidas. Um grupo de conhecidos correspondentes americanos que tinham trabalhado na Unio Sovitica durante a guerra, inclusive JohnHersey, Richard Lauterbach, Ralph Parker e Edgar Snow, fizeram umadeclarao pblica denunciando veementemente o livro de White como"reportagem unilateral e mal feita, calculada para reavivar os maisvelhos mitos e preconceitos contra um grande aliado, cujos sacrifcios nesta guerra pouparam-nos muito sangue e incalculveis sofrimentos. A declarao dos correspondentes estrangeiros sublinhava que White ignoravano somente a lngua, mas ainda a histria e a cultura da Rssia, quea desonestidade fundamental do livro de White jaz na total ausnciaquer de pormenores de frente, quer de fundo, e que ligava-se significativamente com os grupos daqui e da Europa, empenhados em aguar a discrdia e suspeio entre os Aliados. Apesar de tudo, Impresses sbre os russos, consagrado por uma prdiga campanha de publicidade, continuou a atingir dezenas de milhares de leitores americanos.

    O livro de Alexander Barmine, Mem rias d e um Sobrevivente, foiapresentado como a histria ntima" da poltica sovitica e do seugovmo, escrita por um antigo diplomata sovitico e especialista"em questes soviticas. Como Impresses sbre os russos, o livro deBarmine atacava virulentemente tudo quanto se ligasse com a UnioSovitica, declarando que Stlin fra o lder de uma contra-revoluotriunfante, que se tomara uma ditaduraa reacionria. Na poca dadescoberta e liquidao da quinta-coluna russa, Alexander Barmine estava servindo como encaiTegado dos negcios na Grcia. Barmine deixouprontamente o seu psto e recusou-se a voltar Unio Sovitica. Em

    na Unio Sovitica. Do como White que apa-

  • 7/28/2019 A GRANDE CONSPIRAO - LIVRO IV - Cap XXIII

    44/44

    4 1 0 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    cracias ocidentais tinham encontrado o seu mais poderoso alia

    do no Estado que nascera da revoluo russa. A aliana noera acidental. A lgica inexorvel dos fatos, depois de umquarto de sculo de trgico desentendimento, de hostilidadeartificialmente provocada, levara inevitvelmente a se uniremnuma frente de luta todos os povos amantes da liberdadeno mundo. Da II Guerra Mundial, cuja sangueira e cujossofrimentos tinham sido sem paralelo, surgiam as Naes Unidas.

    Mem rias d e um Sobreviven te, Barmine relata que numerosos dos conspiradores soviticos cjue foram executados tinham sido dos seus maisntimos amigos e colegas. Com respeito ao Marechal Tukhachevsky,que fra julgado culpado por conspirar com o estado-maior alemo, contra a Unio Sovitica, Barmine confessa: Em Moscou eu trabalhei emintimidade com le, e acrescenta que o marechal russo fra nos ltimosanos o meu amigo mais ntimo, sob a direo de Arkady Rosengoltz,que confessou em 1938 ter sido um agente pago do SS. militar alemo,e que le, Barmine, tinha sido visitado em Paris pelo perspicaz LeonSedov Trotsky. O livro Mem rias d e um Sobrevivente continha uma

    introduo elogiosa de Max Eastman e foi vigorosamente enaltecido poroutras personalidades anti-soviticas nos E.U.A. Como o livro de William L. White, Mem rias d e um Sobreviven te foi consagrado e publicado com especial entusiasmo pelo New Leader, cujos editores incluamEugene Lyons, cujos artigos anti-soviticos eram periodicamente citados poragncias oficiais do Ministrio de Propaganda nazista; William HenryChamberlin, cujos artigos anti-soviticos foram estampados na imprensaHearst e cuja interpretao dos julgamentos de Moscou apareceu norgo de propaganda japonesa, Contemporary Japan; Sidney Hock, antigo companheiro de Trotsky, John Dewey, diretor da Comisso deInqurito nas audincias de Trotsky no Mxico; e Max Eastman, antigoo intimo colaborador de Trotsky, sen amigo e tradutor.

    Na Europa, tanto a literatura de W. L. White como a de Alexander Barmine era usada pelos nazistas em sua campanha de propagandacontra a Unio Sovitica. A publicao de White Impresses sbre osrussos foi saudada com um artigo na pgina de frente do nmero de30 de janeiro de 1945 de Der Westkaempfer (O Lutador da FrenteOcidental), rgo oficial da Reichswehr nazista; o artigo afirmava queo livro de White provava a possibilidade da diviso das Naes Unidas

    em dois grupos. Em maro de 1945, soldados americanos na Itliaforam bombardeados pelos nazistas com granadas contendo trechos panfletrios de Barmine, prviamente publicados no Readers Digest sob ottulo de Nova Conspirao Comunista.

    O fim da II Guerra Mundial vinha encontrar as vozes dos cruzados