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A guerra fiscal e a lei 116/2003 Microsoft SCM- Sistemas Consultoria e Métodos Ltda. Fone (31) 99645-0801 [Type the fax number] 4/14/2016 Eng. Sebastião Martins Objetivando o aumento de arrecadação, alguns municípios têm concedidos benefícios fiscais às empresas prestadoras de serviços que se instalassem em seus territórios, promovendo uma verdadeira guerra fiscal em total desencontro com o que prescreve o Pacto Federativo e a própria Constituição que, através da LC 116/2003, fixou o intervalo permissível para as alíquotas de ISS ( 2,00 a 5,00 %). Neste artigo buscamos, pela Hermenêutica (ciência da interpretação das leis) e criticas aos pareceres do STJ, demonstrar suas impropriedades, e, assim fundamentado, encorajar os gestores municipais à adoção de medidas que assegurem o incremento do ISS.

A guerra fiscal e a lei 116/2003 - Homepage Principal ISS · A guerra fiscal e a LC 116/2003 1) Introdução A sociedade brasileira presencia no atual momento a pior crise de sua

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A guerra fiscal e a lei 116/2003

M i c r o s o f t

S C M - S i s t e m a s

C o n s u l t o r i a e M é t o d o s

L t d a .

F o n e ( 3 1 ) 9 9 6 4 5 - 0 8 0 1

[ T y p e t h e f a x n u m b e r ]

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Eng. Sebastião Martins

Objetivando o aumento de arrecadação,

alguns municípios têm concedidos benefícios

fiscais às empresas prestadoras de serviços

que se instalassem em seus territórios,

promovendo uma verdadeira guerra fiscal em

total desencontro com o que prescreve o

Pacto Federativo e a própria Constituição

que, através da LC 116/2003, fixou o intervalo

permissível para as alíquotas de ISS ( 2,00 a

5,00 %). Neste artigo buscamos, pela

Hermenêutica (ciência da interpretação das

leis) e criticas aos pareceres do STJ,

demonstrar suas impropriedades, e, assim

fundamentado, encorajar os gestores

municipais à adoção de medidas que

assegurem o incremento do ISS.

1) Introdução .......................................................................................................................... 2

2) Curva de Lafer – Efeito do Incremento das alíquotas de serviços ..................... 3

3) Guerra Fiscal ..................................................................................................................... 4

4) Interpretando a LC 116/2003 .......................................................................................... 5

5) Recurso especial REsp 1245310 MG .......................................................................... 6

6) Operações com cartões de crédito/débito e leasing .............................................. 7

7) Fim da Guerra Fiscal - PLS 386/12 ............................................................................... 8

Sobre o autor

Eng. Eletricista, pós-graduado em Gerenciamento de Projeto pelo IETEC

(Instituto de Educação Continuada – BH, MG), profissional com mais de 30

anos de mercado, com amplos conhecimentos técnicos, administrativo,

projetos e acompanhamento de obras, financeiro, contábil e tributário, adquirido

nas atividades abaixo relacionadas e consolidado pelo desenvolvimento

pessoal de Sistema Gerencial Administrativo, Financeiro e Tributário, já

implantado e em perfeito funcionamento em grandes empresas.

Ex. prof. da UFMG (Universidade Federal do Minas Gerais) e PUC ( Pontifícia

Universidade Católica do Minas Gerais) com vários artigos técnicos

publicados. Conhecimento básico em Direito Tributário, Constitucional,

Administrativo, Participação Pública Privada e contabilidade básica / avançada.

Autor dos Livros

a) ISS das Instituições Financeiras (250 páginas),

b) ISS nas operações com cartões de crédito e débito (tese).

http://portalamm.org.br/iii-seminario-de-gestao-e-arrecadacao-municipal/

Aprovado no MPU (classificação 118), Tribunal de Justiça (Classificação 135) e

ALMG (Assembleia Legislativa do Paraná).

Pós-graduação com ênfase em Análise de Investimentos

Análise de Balanço para fins de financiamento junto ao BNDES

1) INFORMÁTICA

Excel, Word, Analista e desenvolvedor de Sistemas (sendo autor de um

Sistema ERP e CRM ) e Planilha (Excel) para avaliação e análise de decisão

em projetos de tubulações nas áreas de saneamento (adutoras e esgoto) e

valor de jazidas de minério de ferro.

2) EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL:

Mineração de ferrosos e não ferrosos (cobre e alumínio), Siderurgia e

metalurgia de cobre e alumínio.

A guerra fiscal e a LC 116/2003

1) Introdução

A sociedade brasileira presencia no atual momento a pior crise de sua história,

atingindo todos os aspectos vitais da politica, da economia, das obrigações

fundamentais do Estado para com a Sociedade.

Tal panorama é decorrente do desgoverno e dos generalizados atos de

corrupção de toda ordem, tendo por consequência uma retração do PIB,

atingindo e afrontando a própria soberania nacional.

Neste contesto, caem as arrecadações dos impostos impossibilitando aos

gestores municipais a obtenção de recursos financeiros para o cumprimento de

suas responsabilidades para com seus administrados levando os três níveis do

poder politico à adoção de medidas tributárias sem sustentabilidade perante os

princípios fundamentais da ciência econômica e ao desrespeito do Pacto

Federativo, ensejando a prática da Guerra Fiscal entre os entes federativos.

Em sentido oposto ao da retração do PIB presenciamos os altos lucros das

Instituições Financeiras com seus sucessivos acréscimos ano após ano e uma

clara evidência do não pagamento do ISS na forma prevista pela LC 116/2003,

demostrando que, enquanto se retrai a atividade econômica (PIB), efeito

correspondente não acontece com estas instituições em decorrência do total

domínio que mantem sobre nossos legisladores que recorrem à criação novos

impostos (CPMF) a onerar a já combalida estrutura produtiva e aos

consumidores que já não suportam tanta carga de impostos.

Os lucros dos bancos em 2014 foram, segundo o Dieese, de:

Itaú – R$ 20,6 bilhões,

Bradesco – R$ 15,3 bilhões,

Banco do Brasil – R$ 11,3 bilhões,

Caixa – R$ 7,1 bilhões,

Santander – R$ 5,8 bilhões.

Transcrevo o texto do Dr. Ives Gandra

“Ora, neste quadro de recessão do PIB, aumento da inflação, elevação do

nível de desemprego, pensar em elevar a carga tributária é, indiscutivelmente,

retirar o pouco de competitividade que a sociedade empresarial brasileira ainda

tem, pois atinge os que podem gerar empregos e desenvolvimento, para inchar

uma máquina burocrática esclerosada, em que, nos três poderes, os ajustes de

vencimentos este ano, vão muito além da inflação”.

Nas suas palavras - como disse, segundo a Receita Federal, a carga tributária,

para os setores produtivos (o grifado foi por mim adicionado), ficou em 35,86%,

se aproximando da Alemanha (36,35%), que, no entanto, presenteia os

contribuintes com excelentes serviços propiciando-lhes alto padrão de vida,

coisa que não ocorre no Brasil.

http://economia.ig.com.br/2015-09-03/plenario-aprova-aumento-de-tributo-

sobre-lucro-de-instituicoes-financeiras.html

2) Curva de Lafer – Efeito do Incremento das alíquotas de serviços

De uma forma geral, o aumento das alíquotas dos impostos tende a produzir

aumento de recursos tributários. No entanto, como forma de obtenção de

recursos tributários, esse aumento pode produzir efeitos de redução na

arrecadação, pois seu resultado está a depender em qual valor se encontra a

alíquota de um tributo em dado momento.

Tais circunstâncias podem ser mostradas pela Curva de Lafer. A sociedade

não suporta tamanha carga tributária sem o devido retorno à satisfação de

suas necessidades. Portanto, outras providências deverão ser tomadas, tais

como as que tratamos neste trabalho.

A Curva de Lafer mostra que um aumento na taxa de impostos eleva a

receita tributária até determinado ponto (máximo). A partir daí, maiores taxas

reduzem a receita tributária, pois desestimulam o trabalho, uma vez que seu

resultado no aumento da renda da classe produtiva deixa de ter efeito

agregado nas melhores condições de vida para os que, efetivamente,

contribuem na formação do PIB.

Pelo menos dois motivos podem explicar esse comportamento.

Em primeiro lugar, um aumento nos impostos representa redução de

receita no retorno sobre cada hora adicional de trabalho. Isso pode, a partir de

determinado ponto, levar as pessoas a trabalhar menos, buscando mais lazer.

Em outras palavras, o imposto tem um efeito distorcido sobre a opção entre

renda e lazer.

Em segundo lugar, taxas de impostos muito altas podem criar incentivos

à sonegação, ou levar as pessoas a procurarem atividades cuja tributação seja

menor.

Se vale a Curva de Lafer, o grande desafio do governo consiste em

descobrir em que ponto ele está na curva. Se estiver à esquerda de tmax,

poderá aumentar sua receita com a elevação das taxas. Se estiver à direita,

isso não é possível.

As explicações acima servem para esclarecer que as medidas tomadas pelos

governantes, como a recriação da CPMF e acréscimo de alíquotas de

impostos podem ter efeitos opostos. Como a carga tributária já é insuportável,

a busca de procedimentos centrados na eficiência e eficácia da gestão dos

impostos pode ser uma única solução alternativa.

3) Guerra Fiscal

Alguns municípios, principalmente os do Estado de São Paulo, na tentativa de

aumentar suas receitas tributárias tem recorrido a recursos de concessão de

alguns benefícios fiscais aos contribuintes que vierem a estabelecer suas

sedes operacionais em seus territórios, mesmo que em detrimento dos

preceitos norteadores do Pacto Federativo, tendo por consequência o

desencadeamento da chamada Guerra Fiscal. Tal procedimento encontra na

116/2003 uma sustentação distorcida pela interpretação de seus art. 3º e 4º,

quando privilegia o termo “o imposto é devido ao município onde localizado o

prestador de serviço”, definindo-o, também, como o local do fato gerador do

imposto.

Artigo 3º da Lei Complementar 116/2003 - O serviço considera-se

prestado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador

ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador,

exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII, quando o

imposto será devido no local:

Artigo 4º da Lei Complementar 116/2003 - Considera-se

estabelecimento prestador o local onde o contribuinte desenvolva a

atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, e

que configure unidade econômica ou profissional, sendo irrelevante

para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência, posto

de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato ou

quaisquer outras que venham a ser utilizadas.

Mesmo respeitando a alíquota mínima de 2%, conforme previsto pela

Constituição, ao concederem benefícios fiscais aplicados diretamente à base

de cálculo, fazem com que a alíquota efetiva do imposto fique abaixo dos 2%, o

que se caracteriza como se atuassem na redução da alíquota, ferindo o Pacto

Federativo que estipula direitos de isonomia entres os entes municipalistas,

que estabelece o princípio da igualdade e de responsabilidade entre os entes

tributantes do ISS, acirrando, com isso, a guerra fiscal.

4) Interpretando a LC 116/2003

A se pretender, o legislador constituinte, em direcionar os impostos das

operações de leasing e de cartões para o local das sedes de seus

estabelecimentos, deveria, no lugar do termo “estabelecimento prestador” ter

usado a expressão “estabelecimento do prestador”.

Note-se que tal preposição “do” não existe na expressão literal do art. 4º da lei

116/2003, bem como, também não existe a expressão “onde se

perfectibilizou” o ato da operação, termo de que se fez uso os julgadores das

operações de leasing para o direcionamento do ISS aos municípios onde

instalados as sedes dos estabelecimentos.

Atente-se que, fundamentado nesta visão, está desprestigiando o local de

origem da manifestação econômica destas transações, isto é, no caso das

operações com:

a) Leasing, o município onde está localizado o estabelecimento que

recebe o interessado nestas operações, onde se registram todos os

dados que lhes são pertinentes, inclusive sua análise de viabilidade,

repassando estas informações, por meios computacionais, para as

sedes dos estabelecimentos concessores, tendo por razão a redução

dos custos operacionais pela centralização suas contabilizações nestes

estabelecimentos.

b) Nas operações de vendas através de cartões de crédito e debito,

estas se iniciam nos estabelecimentos que processam as vendas pela

ação física de quem as registram e a leitura dos dados do portador do

cartão, sendo, após, transmitidos para a sede das administradoras para

conferências da adequabilidade da operação.

c) Unidade econômica - Artigo 4º da Lei Complementar 116/2003 -

Considera-se estabelecimento prestador o local onde o contribuinte

desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou

temporário, e que configure unidade econômica ou profissional, sendo

irrelevante para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência,

posto de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato

ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas.

5) Recurso especial REsp 1245310 MG

http://www.jusbrasil.com.br/topicos/677512/unidade-economica

STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 1245310 MG 2011/0042873-6 (STJ)

Data de publicação: 25/05/2011

Ementa: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO

CPC . ALEGAÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284 /STF. ISS. COMPETÊNCIA.

LOCAL DO ESTABELECIMENTO (DO) PRESTADOR. PRESENÇA

DE UNIDADE ECONÔMICA OU PROFISSIONAL (FILIAL). 1. A alegação

genérica de violação do art. 535 do Código de Processo Civil, sem explicitar os

pontos em que teria sido omisso o acórdão recorrido, atrai a aplicação do

disposto na Súmula 284 /STF. 2. A jurisprudência do Superior Tribunal de

Justiça, interpretando o art. 12, a, do Decreto-Lei n. 406 /68, entendia que a

competência tributária para cobrança do ISS era da municipalidade onde o

serviço era prestado. 3. Com o advento da Lei Complementar n. 116 /2003, a

competência passou a ser o local do estabelecimento prestador do serviço,

considerando-se como tal a localidade em que há uma unidade econômica ou

profissional, isto é, onde a atividade é desenvolvida, independentemente de ser

formalmente considerada como sede ou filial da pessoa jurídica (arts. 3º e 4º).

4. Precedentes : RE sp 1.195.844/DF , Rel. Min. Mauro Campbell Marques,

Segunda Turma, julgado em 1.3.2011, DJ e 15.3.2011; REsp1.160.253/MG,

Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, julgado em10.8.2010, DJ e 19.8.2010;

RE sp 1.139.903/GO, Rel. Min. Castro Meira ,Segunda Turma, julgado em

3.8.2010, DJ e 17.8.2010; REsp1.175.980/CE, Rel. Ministra Eliana Calmon,

Segunda Turma, julgado em2.3.2010, DJ e 10.3.2010; RE sp 1.117.121/SP,

Rel. Ministra Eliana Calmon, Primeira Seção, julgado em 14.10.2009, DJ e

29.10.2009; Ag Rgno Ag 903.224/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda

Turma, julgado em 11.12.2007, DJ 7.2.2008, p. 307.Recurso especial

conhecido em parte e improvido.

Analisando o recurso especial REsp 1245310 MG

Buscaremos, agora analisar o STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 1245310 MG

2011/0042873-6 (STJ) -Data de publicação: 25/05/2011 para deixar claro que o

município do local das operações de vendas processada através do uso de

cartões de crédito e débito contempla os requisitos necessários a sua

caracterização de unidade econômica, e, portanto, não prevalece a

argumentação contrária, no sentido de que, somente nas sedes se acham

configurado tal conceito.

Conforme o recurso especial, em seu item 4, temos:

Com o advento da Lei Complementar n. 116 /2003, a competência passou a

ser o local do estabelecimento (do) prestador do serviço, considerando-se

como tal a localidade em que há uma unidade econômica ou profissional, isto

é, onde a atividade é desenvolvida, independentemente de ser formalmente

considerada como sede ou filial da pessoa jurídica (arts. 3º e 4º).

Observando o referido recurso especial, temos;

a) Não existe a preposição “do”, propositalmente lá colocada,

pelo autor deste documento, tendo por objetivo evidenciar a

diferença existente quando esta estiver ou não presente,

conforme explicado no item “Interpretando a LC 116/2003”.

b) A não necessidade de que o fato gerador tenha ocorrido na

sede para caracterizar ou não sua existência, nem muito

menos para a caracterização do local da sede do

estabelecimento, como sendo o local da configuração de

“UNIDADE ECONÔMICA”.

c) Fica mais correto entender como “UNIDADE ECONÔMICA” o

local das vendas pela existência de recursos físicos

necessários a sua operação (maquina leitora de cartões), bem

como do agente humano necessário ao desempenho da

operação (passar o cartão no aparelho de leitura) e a vontade

do proprietário do ambiente comercial em processar a venda.

Ressalte-se que todos os elementos necessários à identificação da operação

se acham devidamente inseridos no cartão, processando no estabelecimento

da sede apenas sua contabilização ou não, a depender da disponibilidade de

crédito/recurso financeiro do usuário do cartão.

6) Operações com cartões de crédito/débito e leasing

Operações como as relacionadas ao leasing e as com o uso de cartões de

crédito e débito geram oportunidades ao questionamento quanto o local do

fato gerador do imposto, que, na visão das administradoras de cartões e dos

estabelecimentos vinculados às operações de leasing (em ambas, quase

sempre uma Instituição Financeira) sustentam a argumentação de que é o das

próprias sedes, vez que nestas se processam todos os atos decisórios à sua

perfeita caracterização.

Já os munícipios defendem a ocorrência dos fatos geradores do ISS

relacionados às operações de leasing e de vendas através de cartões como

ocorridas em seus respectivos territórios (principio da territorialidade das leis),

e, como tal, a estes devidos os tributos.

A legislação tributária vale, em princípio, nos limites do território da pessoa jurídica

que edita a norma. Quer-se dizer que, no âmbito federal, a norma vale apenas

dentro do território brasileiro; no âmbito municipal, dentro do município e, assim,

sucessivamente. Todavia, a norma pode, por exceção, alcançar sujeitos passivos

fora do Estado Federal, do Município ou Estado, como prevê o art. 102 do Código

Tributário Nacional:

A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no

País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhes reconheçam

extraterritorialidade os convênios de que participem ou de que disponham esta ou

outras leis de normas gerais expedidas pela União.

Entretanto, o Código Tributário Nacional (Art. 102) admite a extraterritorialidade da

norma tributária, excepcionalmente, desde que haja convênio entre as pessoas

jurídicas de Direito Público Interno interessadas (Distrito Federal, Estados e

Municípios), ou desde que existam tratados ou convenções firmados pela União

É bem verdade que com a aprovação do PLS 388/12 se pretende consignar o

ISS para o local do estabelecimento do tomador, em lugar do prestador, o que

poria um fim as razões que dão sustentação a guerra fiscal. No entanto,

esperar que com este projeto se lei revogue a LC 116/2003 será um utopia por

ferir os interesses das administradoras de cartões, estabelecimentos

concessores das operações de leasing e das Instituições financeiras, e, mesmo

da UNIÃO, posto que o Sistema Financeiro direciona e oportuniza a eleição de

parlamentares da câmara dos deputados e senadores.

7) Fim da Guerra Fiscal - PLS 386/12

Vários são os Projetos de Lei em tramitação no Senado Federal e Câmara dos

Deputados objetivando modificações na LC 116/2012, outros, até mesmo de

sua revogação. No entanto, na visão do autor deste trabalho, o PLS 386/2012

do Senador Romero Jucá é o que tem mais chance de produzir os efeitos

práticos.

O PLS 386/2012 altera a Lei Complementar nº 116/2003 (dispõe sobre o

Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS, de competência dos

Municípios e do Distrito Federal, e dá outras providências);

a) Acrescenta o § 4º ao art. 3º da referida Lei Complementar para

estabelecer que o imposto será devido no local do estabelecimento do

tomador ou intermediário do serviço;

§ 4° Os serviços prestados pelas administradoras de cartão de

crédito e débito, descritos no subitem 15.01, os terminais

eletrônicos ou as máquinas das operações efetivadas deverão

ser registrados no local do domicílio do tomador do serviço.

Observação: O parágrafo 4º, do art. 3º, foi incluído pelo inciso XXIV pela

Câmara dos Deputados, ficando a sua redação como abaixo:

“Art. 3º O serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do

estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do

domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXVI

quando o imposto será devido no local:

Inciso XXIV - do domicílio do tomador do serviço, no caso dos serviços

prestados pelas administradoras de cartão de crédito ou débito e demais

descritos no subitem 15.01.

b) A revisão da Câmara dos Deputados resultou, também, nova redação

para o § 3°.

§ 3°. No caso dos serviços descritos nos subitens 10.04 e 15.09, o valor do

imposto é devido ao Município declarado como domicílio tributário da pessoa

jurídica ou física tomadora do serviço, conforme informação prestada por este.

Subitem 10.04 – Agenciamento, corretagem ou intermediação de

contratos de arrendamento mercantil (leasing), de franquia

(franchising) e de faturização (factoring).

Subitem 15.09 – Arrendamento mercantil (leasing) de quaisquer

bens, inclusive cessão de direitos e obrigações, substituição de

garantia, alteração, cancelamento e registro de contrato, e demais

serviços relacionados ao arrendamento mercantil (leasing).

c) Acrescenta o art. 8-A e os §§ 1º e 2º para dispor que a alíquota mínima

do imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza é de 2%, que o

imposto não será objeto de concessão de isenções, incentivos e

benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redução de base de

cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou qualquer outra forma

que resulte, direta ou indiretamente, em uma carga tributária menor que

a decorrente da aplicação da alíquota mínima de 2%,

d) Declara que é nula a lei ou ato do Município que não respeite as

referidas disposições;

e) Altera a lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116/2003;

f) Altera a Lei nº 8.429/1992 (dispõe sobre as sanções aplicáveis aos

agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de

mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta,

indireta ou fundacional e dá outras providências) para estabelecer que

constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão no

sentido de conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário

contrário ao que dispõe o “caput e o § 1º do art. 8-A da Lei

Complementar nº 116/2003, com perda de função pública, suspensão

dos direitos políticos de cinco a oito anos e multa civil de até três vezes

o valor do benefício financeiro ou tributário concedido;

g) Dispõe que os entes federados deverão, no prazo de 2 anos, contado da

publicação desta lei, declarar nulo os dispositivos que contrariem os

disposto no “caput” e no § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar

116/2003; revoga as disposições em contrário do Decreto-lei nº

406/1968, que estabelece normas gerais de direito financeiro, aplicáveis

aos impostos sobre operações relativas à circulação de mercadorias e

sobre serviços de qualquer natureza, e dá outras providências.

Original PLS 386/2012 – Senado PLS 386/2012 - Câmara

Art. 3o O serviço considera-

se prestado e o imposto

devido no local do

estabelecimento prestador

ou, na falta do

estabelecimento, no local do

domicílio do prestador,

exceto nas hipóteses

previstas nos incisos I a

XXII, quando o imposto

será devido no local:

“Art. 3º ........................................ “Art. 3º O serviço

considera-se prestado e o

imposto devido no local do

estabelecimento prestador

ou, na falta do

estabelecimento, no local do

domicílio do prestador,

exceto nas hipóteses

previstas nos incisos I a

XXVI quando o imposto

será devido no local:

Conforme link https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-

/materia/123221, as alterações propostas pela Câmara dos Deputados ao PLS

386/2012 foram encaminhadas em 22/06/2016 ao Senado Federal para as

devidas apreciações.

Comentários:

a) Como se vê no quadro acima, no PLS 386/2012 o senado não tratava

das operações com cartões de crédito e débito, fato modificado pela

Câmara dos Deputados ao introduzir os incisos XXIII, XXIV, XXV e XXVI

na lista de exceções que direciona o ISS ao local onde tomado os

serviços, acrescentado, assim, as operações com cartões de crédito e

débito.

b) Observe que o art.3 da LC 116/2012 continua referindo como direito ao

ISS o local da prestação de serviços, exceto os descritos nos incisos de

I a XXII, acrescidos, agora, dos XXIII, XXIV, XXV e XXVI, em que o

inciso XXIV trata especificamente das operações com cartões de crédito

e débito,

c) Com as alterações introduzidas pela Câmara dos Deputados os serviços

prestados pelas Instituições Financeiras não sofreram alterações,

continuando o ISS dos serviços listados na lista 15 como enunciado no

texto original da LC 116/2012.

d) A jurisprudência dos STJ e STF mantém o caráter taxativo dos itens da

referida lei, assim, sobre todos eles e seus respectivos “CONGERES”

sofrem incidência do ISS não cabendo, portanto, por parte de terceiros a

emissão de pareceres adversos.

e) O governo do Estado do Rio Grande do Sul em reconhecimento da

injustiça tributária decorrente do direcionamento de ISS das operações

com cartões de crédito e débito aos municípios sedes das

Administradoras de Cartões e, também, por ver-se nesse procedimento

total afronta Art. 3º (Constituem objetivos fundamentais da República

Federativa do Brasil), através da alteração do Art. 142 da Carta magna

do RS, passou a disponibilizar, aos Municípios, eletronicamente as

movimentações financeiras referentes as operações com cartões de

crédito dentro da sua jurisdição. Dessa forma dá aos Municípios uma

forma mais tranquila e simplificada de apurar o ISS sobre essas

operações, trazendo mais benefícios financeiros, aumentando a

arrecadação e colocando a disposição dos Municípios dados até então

difíceis de conseguir via procedimentos administrativos fiscais, tendo em

vista a forma como se apresentam as faturas e os pagamentos sobre

cartões de crédito e débito.

“Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do

Brasil:

I – construir uma sociedade livre, justo e solidária;

II – garantir o desenvolvimento nacional;

III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades

sociais e regionais;

IV – promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo,

cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/municipios-

gauchos-nova-forma-de-arrecadar-iss/81057/#ixzz4Hzgl5uYF

O PLS 386/2012 propõe alterar a Lei Complementar nº 116 conforme segue:

“O referido projeto altera a Lei Complementar nº 116, de 31 de julho

de 2003, que dispõe sobre o Imposto sobre Serviços de Qualquer

Natureza; a Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 (Lei de Improbidade

Administrativa); e a Lei Complementar nº 63, de 11 de janeiro de

1990, que dispõe sobre critérios e prazos de crédito das parcelas do

produto da arrecadação de impostos de competência dos Estados e

de transferências por estes recebidas, pertencentes aos Municípios,

e dá outras providências.

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=60

3566

“A Câmara dos Deputados aprovou por 340 votos a 67, emenda a projeto de lei

complementar que acaba com a guerra fiscal entre municípios para alterar o

local de recolhimento do Imposto Sobre Serviços (ISS) das atividades de

arrendamento mercantil (leasing), franquia e de faturização (factoring), planos

de saúde e as operações com cartão de crédito e débito para a cidade onde é

executado o serviço. A análise da emenda conclui a votação, pela Câmara, do

projeto, que segue para o Senado decidir sobre as mudanças feitas pelos

deputados no texto antes de encaminhá-lo para sanção”.

A principal mudança feita ontem foi no local que arrecada o ISS pela execução

desses serviços. Atualmente o imposto é recolhido no município onde está a

sede dos bancos e administradoras de cartões que costumam receber

incentivos que reduzem o ISS a menos de 2% para se instalarem nestas

cidades.

8) Conclusão:

Não bastasse toda a argumentação deste artigo, temos que, resta mais

oportuno a identificação dos erros na interpretação da LC 116/2003, a

investigação da intenção do legislador constituinte na criação do ISS e uma

ação conjunta dos municípios para fazer valer o Pacto Federativo frente aos

interesses da UNIÃO e dos contribuintes vinculados ao sistema financeiro.

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Eng. Sebastião Martins

Consultor de Tributos Municipais

Email: [email protected]

http://www.consultoriaiss.com/

http://www.direitobrasil.adv.br/index_arquivos/Page1474.htm

https://pt.wikipedia.org/wiki/Unidades_federativas_do_Brasil

https://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%B5es_do_Brasil

http://www.brasil-economia-governo.org.br/2015/03/02/quem-deve-ficar-com-as-receitas-do-iss-incidente-sobre-cartoes-magneticos/

http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/financas/servicos/iss/index.php?p=2497

http://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt_PT/lei-de-responsabilidade-fiscal

RESUMO – Guerra Fiscal

A chamada guerra fiscal surgiu com a prática dos estados e cidades

oferecerem incentivos nos impostos para atrair empresas para a sua região e

dessa forma, melhorar a economia e a arrecadação de tributos na região. Com

o ISS não é diferente, nesse caso a guerra fiscal faz com que os municípios

ofereçam alíquotas cada vez mais baixas na tentativa de atrair empresas a se

estabelecerem em seus respectivos territórios.

Nestas considerações, atraídos por alíquotas baixíssimas de ISS (até 0,25%),

vários prestadores de serviços, estabelecidos em municípios com alíquotas

consideradas elevadas, alteraram seus estabelecimentos para municípios que

concederam benefícios e incentivos fiscais, fundamentando-se no artigo 12 do

revogado Decreto-Lei 406/68, o qual determinava que o ISS deveria ser pago

para o local do estabelecimento prestador de serviços, salvo nos casos de

construção civil, onde o imposto deveria ser pago para o local da prestação do

serviço (obra).

A Lei Complementar 116/2003 inovou o ordenamento jurídico nacional em

muitos aspectos ao disciplinar o imposto sobre serviços de qualquer natureza

(ISS). A Referida Lei Complementar teve por objetivo atualizar a lista de

serviços anexa ao Decreto Lei 406/68, anteriormente alterada pelas Leis

Complementares 56/87 e 100/99, além de trazer outras inovações.

Dessa forma, a LC 116/03 já nasceu com a difícil missão de tentar uniformizar

as milhares leis municipais que regem o ISS, especialmente no tocante à

determinação do fato gerador, da base de cálculo e do contribuinte, e ainda,

em acabar com a chamada “guerra fiscal” existente entre os municípios.

O artigo 156, parágrafo 3° da constituição federal dispõe:

III- serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos

em lei complementar:

Parágrafo 3° Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo

cabe à lei complementar:

Fixar suas alíquotas máximas e mínimas;

Excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior;

Regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios

fiscais serão concedidos e revogados.

Com base no artigo 156 da Constituição Federal visto no parágrafo anterior,

surgiu a lei complementar n°. 116/2003, que trouxe as seguintes observações:

a) Ampliou o alcance da lei, subordinando além dos prestadores de

serviços, também os tomadores de serviços responsáveis;

a) Em seu artigo 6°, deu ampla competência para os municípios definirem

a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, mediante lei

municipal;

b) Em seu artigo 8°, fixou alíquota máxima em 5%;

c) Não fixou a alíquota mínima.

Apesar da lei 116/2003 não ter fixado alíquota mínima para o ISS, entende-se

que deve prevalecer a alíquota definida pela Emenda Constitucional n° 37/2002

conforme trecho da emenda a seguir:

Art. 3º. O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias passa a vigorar

acrescido dos seguintes art. 84, 85, 86, 87 e 88:

Art. 88. Enquanto a lei complementar não disciplinar o disposto nos incisos I e

III do § 3º do art. 156 da Constituição Federal, o imposto a que se refere o

inciso III do caput do mesmo artigo:

I – terá alíquota mínima de 2% (dois por cento).

Postas as considerações acima, todo leva a crer pela ilegalidade dos

municípios em instituírem alíquotas de ISS inferiores a 2,00 %, situação que,

não coibida pelo STJ nem STF, enseja disputas predatórias do Pacto

Federativo, circunstância encorajadora da guerra fiscal.

Temos que o ISS quando de sua criação pelo Legislador

Constituinte foi vislumbrado como um imposto que tem por pretensão arrecadar

recursos para os municípios, dando a estes tratamentos isonômicos, não tendo

por objetivo favorecer uns em detrimento de outros, do que decorre

injustificável a presunção da total liberdade na fixação do estabelecimento

prestador pois este deve se amoldar a outros preceitos esculpidos na

Constituição Federal, como o do art. 170 da Constituição da República que

estabelece os princípios gerais da ordem econômica, trazendo garantias

para a mesma, como a liberdade de iniciativa do setor privado, mas

disciplinando, também, limites a serem seguidos, tendo em vista outros valores

constitucionais como, por exemplo, a dignidade da pessoa humana.

Os princípios constitucionais da ordem econômica têm por fim assegurar a

existência digna, conforme os ditames da justiça social, respeitados os

seguintes princípios: soberania nacional, propriedade privada, função social da

propriedade, livre concorrência, defesa do consumidor, defesa do meio

ambiente, redução das desigualdades regionais e sociais, busca do pleno

emprego e tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte

constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no

/país.

Dentre estes princípios constitucionais da ordem econômica, merece destaque

o da:

a) Redução das desigualdades regionais e sociais,

b) Busca do pleno emprego,

c) Livre concorrência.

Enquanto houver a “guerra fiscal“, será inviável a Redução das desigualdades

regionais e sociais.