29
1 A. IDENTIFICAÇÃO DA PROPOSTA Projeto: Inibidores de transportadores ABC para controle de carrapato bovino e Babesia spp. Área: Agrobiotecnologia para a produtividade, sustentabilidade e qualidade da produção agropecuária. B. QUALIFICAÇÃO DO PRINCIPAL PROBLEMA A SER ABORDADO O carrapato bovino Rhipicephalus microplus é uma espécie de ampla distribuição mundial (ESTRADA-PENÃ et al., 2006). No Brasil, o carrapato bovino é encontrado em quase todo o país e sua frequência varia de acordo com as condições climáticas bem como em função da raça de bovinos criados (GONZALES, 1995). As infestações por R. microplus são conhecidas pelo seu efeito adverso na produtividade pecuária (JONSSON, 2006), reflexo em anemia e perdas na produção de leite e carne (SUTHERST et al., 1983). A produção de couro também é afetada em função das lesões e reações inflamatórias nos pontos de fixação do carrapato na pele do animal (PEREIRA et al., 2005). A transmissão de patógenos dos gêneros Babesia e Anaplasma por esta espécie de carrapato aumenta ainda mais os prejuízos. Babesiose é uma doença causada pela infecção por parasitas intraeritrocitários do gênero Babesia, transmitidos por carrapatos, que acomete várias espécies de animais (HOMER et al., 2000). As principais espécies capazes de infectar bovinos são B. bovis, B. bigemina e B. divergens, entretanto as espécies B. major, B. ovata, B. occultans e B. jakimovi também podem infectá-los (World Organization for Animal Health, 2014). Em áreas onde há exposição contínua ao carrapato infectado com Babesia spp, parte dos animais entra em contato desde jovens com o hemoprotozoário e desenvolve imunidade, que é reforçada a cada nova infestação por carrapatos. Dessa forma, o rebanho fica protegido da doença ao longo de toda a vida. Tais regiões são denominadas como áreas de estabilidade enzoótica, nas quais há exposição à babesia, mas poucos animais apresentam sinais clínicos decorrentes do desenvolvimento da doença (MAHONEY & MIRRE, 1974; SMITH et al., 2000). Em regiões nas quais a ocorrência de carrapato não é constante ao longo do ano são conhecidas como áreas de instabilidade enzoótica. Neste tipo de região parte dos animais do rebanho não são infectados quando jovens, tornando-os suscetíveis ao desenvolvimento da doença. Portanto,

A. IDENTIFICAÇÃO DA PROPOSTA QUALIFICAÇÃO DO … · É importante destacar que o uso de acaricidas foi um dos fatores preponderantes no desenvolvimento da pecuária bovina em

Embed Size (px)

Citation preview

1

A. IDENTIFICAÇÃO DA PROPOSTA

Projeto: Inibidores de transportadores ABC para controle de carrapato bovino e

Babesia spp.

Área: Agrobiotecnologia para a produtividade, sustentabilidade e qualidade da

produção agropecuária.

B. QUALIFICAÇÃO DO PRINCIPAL PROBLEMA A SER ABORDADO

O carrapato bovino Rhipicephalus microplus é uma espécie de ampla distribuição

mundial (ESTRADA-PENÃ et al., 2006). No Brasil, o carrapato bovino é encontrado em

quase todo o país e sua frequência varia de acordo com as condições climáticas bem como

em função da raça de bovinos criados (GONZALES, 1995). As infestações por R. microplus

são conhecidas pelo seu efeito adverso na produtividade pecuária (JONSSON, 2006), reflexo

em anemia e perdas na produção de leite e carne (SUTHERST et al., 1983). A produção de

couro também é afetada em função das lesões e reações inflamatórias nos pontos de fixação

do carrapato na pele do animal (PEREIRA et al., 2005). A transmissão de patógenos dos

gêneros Babesia e Anaplasma por esta espécie de carrapato aumenta ainda mais os prejuízos.

Babesiose é uma doença causada pela infecção por parasitas intraeritrocitários do gênero

Babesia, transmitidos por carrapatos, que acomete várias espécies de animais (HOMER et

al., 2000). As principais espécies capazes de infectar bovinos são B. bovis, B. bigemina e B.

divergens, entretanto as espécies B. major, B. ovata, B. occultans e B. jakimovi também

podem infectá-los (World Organization for Animal Health, 2014). Em áreas onde há

exposição contínua ao carrapato infectado com Babesia spp, parte dos animais entra em

contato desde jovens com o hemoprotozoário e desenvolve imunidade, que é reforçada a cada

nova infestação por carrapatos. Dessa forma, o rebanho fica protegido da doença ao longo de

toda a vida. Tais regiões são denominadas como áreas de estabilidade enzoótica, nas quais

há exposição à babesia, mas poucos animais apresentam sinais clínicos decorrentes do

desenvolvimento da doença (MAHONEY & MIRRE, 1974; SMITH et al., 2000). Em regiões

nas quais a ocorrência de carrapato não é constante ao longo do ano são conhecidas como

áreas de instabilidade enzoótica. Neste tipo de região parte dos animais do rebanho não são

infectados quando jovens, tornando-os suscetíveis ao desenvolvimento da doença. Portanto,

2

as áreas de instabilidade enzoótica são as regiões mais sensíveis para ocorrência de casos de

babesiose (DE VOS, 1979; DE WAAL & COMBRINK, 2006).

Estima-se que anualmente as perdas decorrentes da infestação pelo R. microplus

possam atingir US$ 2 bilhões no Brasil (GRISI et al., 2014). Desta forma, o controle eficiente

do carrapato é fundamental para a manutenção da sanidade do rebanho e desenvolvimento

da bovinocultura nacional. Atualmente a principal forma de controle é através do uso de

acaricidas, cujo uso iniciou-se de forma sistemática com a utilização de compostos arsenicais

no ano de 1896 na Austrália (ANGUS, 1996). A descoberta das propriedades inseticidas do

DDT (diclorodifeniltricloroetano) em 1939, e o subsequente desenvolvimento de pesticidas

orgânicos facilitou o controle de carrapatos. Inseticidas e acaricidas de várias categorias,

como organoclorados, organofosfatos, amidinas e piretróides, são ou foram eficazes para o

controle do carrapato (GRAF et al., 2004). Atualmente, os mercados têm à disposição

derivados de sete classes distintas de acaricidas: organofosforados (clorpirifós, coumafós,

etion), piretróides (flumetrina, cipermetrina, deltametrina), amidinas (amitraz), lactonas

macrocíclicas (ivermectina, abamectina, doramectina, moxidectina), fenilpirazóis (fibronil),

inibidores da síntese de quitina (fluazuron) e espinosinas (espinosade).

É importante destacar que o uso de acaricidas foi um dos fatores preponderantes no

desenvolvimento da pecuária bovina em várias regiões, e é até hoje o método mais eficiente

para controle do carrapato. Entretanto, o uso desta metodologia traz consigo algumas

consequências negativas, como selecionar populações de carrapatos resistentes aos acaricidas

utilizados (BENELLI et al., 2016; GUPTA et al., 2016) e a presença de resíduos nos produtos

destinados ao consumo humano e também no ambiente. Desta forma, alternativas ao melhor

uso de acaricidas devem ser buscadas.

Um dos métodos alternativos ao uso de acaricidas que apresentam maior potencial é

a vacinação (WILLADSEN, 2004; GUERRERO et al., 2012b). Em 1994 e 1995, foram

lançadas duas vacinas comerciais contra o carrapato, a TickGardTM, desenvolvida na

Austrália (WILLADSEN et al., 1995), e a GAVAC, desenvolvida em Cuba (RODRÍGUEZ

et al., 1995). Ambas vacinas foram formuladas com o antígeno Bm86, uma glicoproteína de

membrana presente no intestino do carrapato (WILLADSEN et al., 1989). Entretanto, as

3

vacinas existentes ainda não asseguraram o grau de proteção necessário para suprimir o uso

de acaricidas, apesar de reduzirem o número de aplicações (DE LA FUENTE et al., 2007;

VALLE et al., 2004; WILLADSEN et al., 1996). Ainda assim, elas foram o primeiro passo

para o desenvolvimento de outras vacinas com maior eficácia. Vários grupos de pesquisa,

inclusive os grupos dos laboratórios do Brasil e Uruguai desta proposta, estão investigando

aprimoramentos nos métodos de controle do carrapato bovino (ALI et al., 2015; ALMAZÁN

et al., 2012; LEAL et al., 2006; MARITZ-OLIVIER et al., 2012; PARIZI et al., 2011;

PECONICK et al., 2008; WILLADSEN, 2006).

Atualmente, das sete classes de acaricidas disponíveis no mercado, somente fluazuron

e espinosade não possuem relatos de resistência para R. microplus. Devido ao rápido aumento

de resistência aos acaricidas supõem-se que em breve a resistência a acaricidas dessas classes

também será problema para a produção pecuária. O curto período de tempo entre as gerações

do carrapato favorece a rápida seleção de populações resistentes (KUNZ & KEMP, 1994). A

rapidez com que populações de carrapatos resistentes a acaricidas se estabelecem é

evidenciada pela observação de que, em 11 fazendas, após um período de 8 a 24 meses de

uso contínuo de piretróides a resistência a esses acaricidas aumentou mais de 60 vezes, sendo

que nesse período a frequência do alelo que confere resistência passou de 5 a 46% para 66 a

96% (RODRIGUES-VIVAS et al., 2011).

No Brasil não existe atualmente um programa oficial de controle do carrapato. Por

esta razão, os critérios para a aplicação dos acaricidas são definidos exclusivamente pelos

produtores, e em geral as informações sobre a epidemiologia do parasita são negligenciadas.

Acaricidas são escolhidos por diversos critérios, nem sempre avaliando a eficácia, e muitas

vezes a sua aplicação é inadequada, diminuindo o sucesso do tratamento (LABRUNA, 2008).

Uma mesma população de carrapato pode apresentar resistência para duas ou mais

classes de acaricidas, o que é conhecido como resistência cruzada. Este fenômeno é

acentuado nos casos em que um mesmo mecanismo confere resistência a mais de um

acaricida. O caso clássico é a resistência cruzada dos piretróides com o DDT (NOLAN et al.,

1977), que se deve a mutações que levam a alterações no sítio alvo que ambas as drogas

compartilham, o canal de sódio controlado por voltagem (FFRENCH-CONSTANT et al.,

4

2004). Além disso, populações de carrapatos resistentes a múltiplas drogas têm sido descritas

(BENAVIDES et al., 2000; FERNÁNDEZ-SALAS et al., 2012).

O grupo das lactonas macrocíclicas, dividido em avermectinas (ivermectina,

abamectina e doramectina) e milbemicinas (moxidectina) são compostos estruturalmente

relacionados. As lactonas macrocíclicas possuem amplo espectro de ação, sendo eficazes

para o controle de endoparasitas e ectoparasitas. A resistência às lactonas macrocíclicas foi

primeiramente descrita no Brasil nos estados do Rio Grande do Sul (MARTINS &

FURLONG, 2001) e São Paulo (KLAFKE et al., 2006). Mais recentemente, foram descritos

casos no México (PEREZ-COGOLLO et al., 2010) e no Uruguai (CASTRO-JANER et al.,

2011). Os mecanismos de resistência a essa droga foram estudados nestas e em outras

espécies, e foram atribuídos à insensibilidade do sítio alvo, canal de cloro controlado por

glutamato, em Caenorhabditis elegans (GLENDINNING et al., 2011) e Tetranychus urticae

(KWON et al., 2010), e à atividade das enzimas de detoxificação, principalmente P450, em

Pediculus humanus humanus (YOON et al., 2011) e Leptinotarsa decemlineata

(ARGENTINE et al., 1992). Contudo, o mecanismo predominantemente descrito é a

detoxificação mediada por transportadores ABC (ATP-binding cassette), sendo relatado em

diversas espécies de nematódeos como C. elegans (JAMES & DAVEY, 2009), Haemonchus

concortus (BARTLEY et al., 2009; LIFSCHITZ et al., 2010a), Trichostrongylus

colubriformis (BARTLEY et al., 2009; DICKER et al., 2011), Onchocerca vulvulus

(BOURGUINAT et al., 2008), Ostertagia ostertagi (LIFSCHITZ et al., 2010b) e artrópodes

como Sarcoptes scabiei (MOUNSEY et al., 2010), P. h. humanus (YOON et al., 2011),

Culex pipiens (BUSS et al., 2002) e Chironomus riparius (PODSIADLOWSKI et al., 1998).

Transportadores ABC

Os transportadores ABC pertencem a uma das maiores famílias de proteínas

transmembrana e são identificados tanto em células procarióticas quanto eucarióticas

(HIGGINS & LINTON, 2003; LAGE, 2003). Os transportadores ABC são reconhecidos por

sua habilidade em modular a absorção, distribuição e excreção de toxinas nos organismos

(LESLIE et al., 2005; SZAKÁCS et al., 2008). O papel dos transportadores ABC na

5

resistência às drogas é descrito em bactérias, fungos, endoparasitas e ectoparasitas

(KERBOEUF et al., 2003; KOENDERINK et al., 2010; LAGE, 2003; LESPINE et al., 2008;

POELARENDS et al., 2002). Este quadro dificulta enormemente o tratamento dessas

doenças, principalmente porque os transportadores ABC são relacionados à resistência a

múltiplas drogas, limitando o número de drogas disponíveis para o tratamento delas (LAGE,

2003; LESLIE et al., 2005).

Especificamente em R. microplus, o grupo de pesquisa brasileiro inserido nessa

proposta demonstrou a participação de transportadores ABC na resistência à ivermectina

(POHL et al., 2011). O tratamento com inibidores de transportadores ABC leva um aumento

significativo dos efeitos tóxicos da ivermectina em larvas e fêmeas adultas provenientes de

populações resistentes a esta droga. Em larvas, os efeitos tóxicos da ivermectina foram

observados pelo aumento da mortalidade, enquanto em fêmeas, o efeito mais considerável

foi a redução da postura e, também, na viabilidade dos ovos. Além disso, foi observado que

a alimentação artificial de fêmeas com sangue acrescido de 20 ng/mL de ivermectina reduziu

significativamente o índice de fertilidade e a viabilidade dos ovos na população sensível ao

acaricida. Na população resistente ao acaricida, efeito semelhante foi atingido somente

quando o inibidor de transportadores ABC ciclosporina A (CsA) foi adicionado ao

tratamento, ocorrendo também um significativo aumento de mortalidade das fêmeas (POHL

et al., 2011).

O aumento da transcrição de genes codificadores de transportadores ABC é associado

ao aparecimento da resistência em diversas espécies de parasitas. Corroborando com a

literatura, fêmeas de R. microplus resistentes à ivermectina apresentaram transcrição

induzida do gene codificador de um transportador ABC (RmABCB10) no intestino, porta de

entrada da ivermectina que é ingerida durante o repasto sanguíneo. A importância desse

transportador foi validada pelo silenciamento do gene por RNAi (RNA de interferência) no

intestino de fêmeas de R. microplus. Foi observado, pela diminuição na viabilidade dos ovos

das fêmeas, aumento da toxicidade da ivermectina nos carrapatos que tiveram o RmABCB10

silenciado (POHL, 2012).

6

Resultado semelhante foi observado em uma linhagem de células embrionárias de R.

microplus resistentes à ivermectina (POHL et al., 2014). A toxicidade da ivermectina foi

aumentada quando as células foram tratadas com o inibidor CsA, indicando a participação

de transportadores ABC na detoxificação da droga. Além disso, ao expor células resistentes

ao acaricida, observou-se um aumento da transcrição de RmABCB10, indicando que

provavelmente o mesmo mecanismo induzido in vivo foi selecionado in vitro, validando os

resultados obtidos (POHL et al., 2014).

Devido à capacidade de transportar diversos tipos de drogas, os transportadores ABC

são responsabilizados pelo fenótipo de resistência a múltiplas drogas em diversos

organismos, incluindo R. microplus (POHL et al., 2011). Uma vez que populações de

carrapato resistentes a múltiplas drogas são comumente relatadas (BENAVIDES et al., 2000;

FERNÁNDEZ-SALAS et al., 2012; ORTIZ et al., 1995), analisamos a participação destas

proteínas na resistência a outros acaricidas em uma população de carrapato resistente a quatro

classes de acaricidas (lactonas macrocíclicas, organofosforados, piretróides e amitraz)

(POHL et al., 2011). Os inibidores de transportador ABC também aumentaram

significativamente a toxidade de duas outras lactonas macrocíclicas, moxidectina e

abametina, e do organofosforado clorpirifós, em larvas dessa população. Da mesma forma, a

toxicidade do amitraz foi aumentada quando as larvas foram expostas ao inibidor CsA. Este

resultado mostra que a detoxificação de drogas pelos transportadores ABC não é um

mecanismo exclusivo da ivermectina, mas sim um mecanismo comum para diferentes classes

de acaricidas e que deve ter importância fundamental na defesa desse parasita.

Adicionalmente, mostramos que em R. microplus os transportadores ABC são importantes

também na detoxificação de heme liberada durante a digestão do sangue do hospedeiro

(LARA et al, 2015). Em conjunto, todos estes resultados validam a participação do

transportador RmABCB10 no transporte de heme e de acaricidas no carrapato R. microplus.

Em hemoparasitas, os transportadores ABC também estão envolvidos na habilidade

em modular a absorção, distribuição e excreção de toxinas (LESLIE et al., 2005; SZAKÁCS

et al., 2008). Em Plasmodium falciparum, o agente causador da malária, mutações em

diferentes posições do gene que codifica o transportador ABC PfMDR1 são atribuídas à

diminuição de sensibilidade do parasita a drogas como a cloroquina e amodiaquina, enquanto

7

o aumento da expressão desse gene não é observado em populações resistentes

(KOENDERINK et al., 2010). Em nematódeos parasitas, como H. contortus e O. volvulus, e

de vida livre, como C. elegans, o aumento de expressão de transportadores ABC relaciona-

se com resistência à ivermectina e moxidectina (HUANG & PRICHARD, 1999; JAMES &

DAVEY, 2009; XU et al., 1998). Entretanto, em babesia e anaplasma pouco é conhecido

sobre a função dos transportadores ABC. Contudo, seus transportadores ABC são similares

a moléculas que em outros organismos foram associadas à resistência a drogas (dado não

publicado).

Estes resultados sustentam a ideia de que a coadministração de inibidores de

transportador ABC e ivermectina aumenta a suscetibilidade do carrapato à ivermectina, e que

as doses e a frequência de aplicação do acaricida podem ser diminuídas. Sendo assim, o

aparecimento da resistência pode ser retardado e os níveis de resíduos do acaricida na carne

e no leite serem diminuídos. Os dados obtidos com o estudo dos transportadores ABC em R.

microplus pelo grupo brasileiro presente nesta proposta possibilitaram a submissão de um

pedido de patente para uso da associação de carrapaticidas com inibidores de transportadores

ABC para controle de carrapato (número do registro: BR1020160164524, “Método de

controle de carrapatos com inibidores de transportadores ABC").

Para demonstrar o envolvimento dos transportadores ABC na resistência a acaricidas,

foram utilizados ciclosporina A e MK571, dois inibidores clássicos dos transportadores ABC

(POHL et al., 2011). Entretanto, a estratégia do uso de inibidores de transportadores ABC

associados à acaricidas para controle do carrapato necessita da caracterização de inibidores

mais adequados para evitar efeitos colaterais da inibição de transportadores ABC no

hospedeiro vertebrado e viabilizar aplicação comercial no futuro. A confirmação da

participação de transportadores ABC na resistência à ivermectina permitirá a investigação de

estratégias para aumentar a eficiência desse acaricida. A estratégia a ser utilizada é o uso de

inibidores de transportadores ABC para bloquear os mecanismos de resistência a

ivermectinas. Paralelamente, iremos analisar o efeito dos inibidores de transportadores ABC

sobre a biologia da Babesia spp, tendo como objetivo controlar, tanto o carrapato como as

babesias.

8

Neste projeto primeiramente iremos caracterizar o efeito de diferentesinibidores de

transportadores ABC na fisiologia do carrapato R. microplus e de Babesia spp. O segundo

objetivo é caracterizar transportadores ABC de populações de campo (resistentes e sensíveis

a diferentes acaricidas) e analisar as alterações na expressão de genes em carrapatos

resistentes a ivermectinas, expostos ou não ao acaricida e a inibidores de transportadores

ABC, através da análise da expressão gênica global por RNAseq de diferentes tecidos de R.

microplus. Finalmente, baseado nos resultados preliminares, testaremos em bovinos tratados

simultaneamente com ivermectina e inibidores de transportadores ABC o efeito causado

sobre uma infestação de carrapato.

C. OBJETIVOS E METAS

OBJETIVOS

Tendo em vista a disseminação de populações de carrapatos resistentes a acaricidas,

bem o papel na transmissão dos hemoparasitas:

1- Caracterizar o efeito de diferentes inibidores de transportadores ABC na fisiologia

do carrapato R. microplus e de Babesia spp.

2- Determinar eventos relacionados a alterações na expressão de genes em carrapatos

resistentes a ivermectinas, expostos ou não expostos ao produto, através da análise da

expressão gênica global em tecidos de R. microplus.

3- Caracterizar o efeito de inibidores de transportadores ABC na resistência a acaricidas

através do tratamento de populações de campo, resistentes e sensíveis a diferentes acaricidas,

com diferentes inibidores de ABC.

METAS

1. Identificar e caracterizar molecularmente transportadores ABC em R. microplus,

Babesia bovis e B. bigemina;

9

2. Avaliar o efeito de diferentes inibidores de transportadores ABC sobre isolados

de R. microplus resistentes e sensíveis a acaricidas;

3. Testar o efeito de diferentes inibidores de transportadores ABC sobre o cultivo

de Babesia bovis e B. bigemina;

4. Analisar diferenças no perfil de transcrição de genes de transportadores ABC

entre cepas de carrapatos resistentes e sensíveis a ivermectinas na presença e

ausência da mesma;

5. Testar o efeito de diferentes inibidores de transportadores ABC sobre o controle

do carrapato em infestações em bovinos e transmissão de Babesia bovis e B.

bigemina pelo carrapato;

6. Contribuir para o desenvolvimento da pesquisa e ensino nas instituições

envolvidas, baseado no oferecimento de cursos e estágios entre docentes e

estudantes, permitindo treinamento em técnicas apenas disponíveis em outros

laboratórios parceiros;

7. Aumentar o intercâmbio entre alunos dos grupos de pesquisa aprimorando a

formação de recursos humanos, possibilitando que pesquisadores e estudantes

adquiram experiência em ambiente com cultura científica diversificada de modo

a apressar a inserção internacional dos estudantes que participam diretamente do

projeto.

D. METODOLOGIA

O laboratório onde o trabalho será desenvolvido no Brasil possui o Certificado de

Qualidade em Biossegurança, Laboratório de Imunologia CQB n° 0060/98 (D.O.U 170,

04/09/1998).

Animais

Este projeto foi submetido para análise da Comissão de Ética no Uso de Animais da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

10

No Brasil, a colônia de carrapatos R. microplus será alimentada em bovinos oriundos

do município de Santa Vitória do Palmar (RS), região livre de R. microplus, Babesia spp. e

Anaplasma spp. Os bovinos da raça Hereford de 6-18 meses de idade serão mantidos isolados

em estábulo, junto ao Laboratório de Entomozooses da Faculdade de Veterinária, UFRGS.

Os carrapatos serão mantidos durante a fase de vida livre em estufa a 28°C com 85% de

umidade.

No Uruguai, os experimentos serão realizados com carrapatos da colônia de R.

microplus mantida pelo Instituto de Investigaciones Veterinárias “Miguel C. Rubino”. Os

bovinos serão mantidos em sistema de confinamento no “Miguel C. Rubino”, para

manutenção da cepa de R. microplus e para obtenção de material para os experimentos.

No Brasil, Uruguai e Argentina, os carrapatos R. microplus de população de campo

serão coletados em bovinos provenientes de fazendas comerciais que apresentarem

população de carrapatos resistentes a acaricidas.

Clonagem e caracterização molecular de transportadores ABC

Iniciadores para uso nas reações de PCR serão projetados a partir de bancos de

sequências dos grupos de pesquisa. A clonagem será realizada com estes iniciadores e cDNA

sintetizados a partir de RNA obtido de carrapatos R. microplus da colônia da UFRGS e de

populações de campo do Brasil, Uruguai e Argentina para permitir análise da variabilidade

dos genes. A clonagem será confirmada por PCR, clivagem por enzima de restrição e

sequenciamento para posterior caracterização da sequência predita de aminoácidos. As

sequencias codificadoras de isolados de estudo do Uruguai e Brasil já estão clonados e

servirão de base para as análises.

Avaliação de inibidores de transportadores ABC sobre a toxicidade da

ivermectina in vitro

Os ensaios serão conduzidos utilizando-se inibidores de ABC (zosuquidar, Ko143,

elacridar, reversan, dexverapamil, tariquidar) que serão inoculados juntamente com

ivermectina em diferentes concentrações, em exemplares do carrapato R. microplus.

11

Também serão testados grupos controles negativos, no quais os carrapatos serão tratados

somente com inibidores e um grupo controle positivo, tratado com ivermectina.

Em seguida ao tratamento, os carrapatos serão mantidos em câmara incubadora do tipo

BOD sob temperatura de 27 ºC e umidade relativa acima de 85% para analisar a

sobrevivência dos carrapatos, a capacidade de postura das fêmeas e a eclosão dos ovos. Serão

realizadas observações diárias para obtenção destes parâmetros biológicos.

Avaliação de inibidores de transportadores ABC em Babesia spp.

O sistema estacionário microaerofílica (Levy e Ristic, 1980) será utilizado para

estabelecer e manter as Babesia spp. As culturas de células em meio contendo 10% de

hemáceas bovinas e suplementado com 40% soro bovino mantidos a 37 °C. Os inibidores de

ABC serão adicionados em diferentes concentrações à cultura. A troca de meio será realizada

cada 24 h de cultura e subculturas serão feitas a cada 48 h ou de acordo com a parasitemia

desejada, avaliada por esfregaço do cultivo.

Avaliação de inibidores de transportadores ABC sobre a toxicidade da

ivermectina in vivo

Os ensaios serão conduzidos utilizando-se os inibidores de ABC que mostraram melhor

atividade nos experimentos in vitro. Os inibidores serão inoculados em bovinos, juntamente

com ivermectina, em diferentes concentrações. Os princípios ativos serão testados quanto a

sua capacidade em conferir aos bovinos uma proteção contra a infestação de carrapatos em

ensaio de infestação experimental.

A proteção à infestação será avaliada por parâmetros biológicos (percentagem e peso

das fêmeas ingurgitadas, coletadas após o ciclo parasitário; percentagem das fêmeas jovens

coletadas após o ciclo parasitário; percentagem de fêmeas que realizam postura após o ciclo

parasitário; percentagem dos ovos que eclodem).

Avaliação da transcrição dos genes em tecidos por RT-PCR quantitativo (qRT-

PCR).

12

A detecção e quantificação da transcrição dos genes serão avaliadas nos diferentes

tecidos do carrapato e amostras de Babesia spp. por PCR em tempo real. A qRT-PCR será

realizada utilizando iniciadores específicos. Os genes de actina e proteína ribossomal 40S

serão utilizados como controles constitutivos.

Sequenciamento em larga escala

Os sequenciamentos dos transcritos dos tecidos de carrapatos sensíveis e resistentes,

tratados e não tratados com inibidores de transportador ABC serão realizados pela tecnologia

de RNA-seq com a plataforma Illumina (MiSeq e HiSeq). A montagem será realizada com

informações públicas disponíveis do genoma R. microplus (Bellgardet al, 2012) e dados de

transcriptomas que foram realizados pelo nosso grupo de pesquisa (dados ainda não

publicados). A expressão diferencial será analisada por diferentes programas disponíveis em

softwares apropriados em R (Bioconductor).

A anotação será realizada baseada no sistema de nomenclatura universal derivado do

projeto ‘Gene Ontology’ (‘GO’, tttp://www.geneontology.org/) e complementado com as

informações de vias metabólicas, utilizando o KEGG (Kyoto Enciclopedia of Genes and

Genomes). Finalmente os dados serão disponibilizados em um banco de dados com acesso

online.

E. PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES CIENTÍFICAS, TECNOLÓGICAS OU

DE INOVAÇÃO DA PROPOSTA

Ao final do projeto, o resultado previsto é aumentar a compreensão sobre o papel dos

transportadores ABC do carrapato R. microplus e dos hemoparasitas. Dentro deste objetivo

pretendemos identificar moléculas inibidoras dos transportadores e que tenham potencial

para serem utilizadas para melhorar a eficiência dos princípios ativos em uso. Paralelamente,

pretendemos analisar a participação destes inibidores na transmissão de Babesia spp. pelo

carrapato. São previstas apresentações dos resultados em congressos da área, assim como a

publicação de artigo científico em revista de circulação internacional, além da formação de

recursos humanos com orientação de estudantes de graduação e pós-graduação.

13

O estudo funcional nos transportadores ABC é um passo importante para o melhor

entendimento da fisiologia do carrapato bovino e dos parasitas intracelulares por ele

transmitidos. Estas proteínas podem ser alvos de drogas para o controle do carrapato,

apresentando-se como uma alternativa para melhorar a eficiência dos acaricidas. Como o

combate ao carrapato tem elevado custo, a obtenção de meios de controle mais eficazes teria

um impacto econômico direto na cadeia produtiva da pecuária bovina brasileira.

F. ORCAMENTO

Orçamento passagens e diárias

Intercâmbio de pesquisador brasileiro a Argentina

Passagem Porto Alegre – Buenos Aires – Porto Alegre R$ 1.500,00

Seguro-saúde R$ 150,00

Intercâmbio de pesquisador brasileiro ao Uruguaia

Passagem Porto Alegre – Montevideo – Porto Alegre R$ 1.000,00

Seguro-saúde R$ 150,00

Intercâmbio de estudante brasileiro a Argentina

Passagem Porto Alegre – Buenos Aires – Porto Alegre R$ 1.500,00

Seguro-saúde R$ 150,00

Intercâmbio de estudantes ao Brasil

Diárias para Intercâmbio de pesquisador argentino (10 dias) R$ 1.900,00

Diárias para Intercâmbio de estudante argentino (15 dias) R$ 2.900,00

Diárias para Intercâmbio de estudante uruguaio (15 dias) R$ 2.900,00

Diárias para Intercâmbio de estudante argentino (15 dias) R$ 2.900,00

Diárias para Intercâmbio de estudante uruguaio (15 dias) R$ 2.900,00

Viagem para avaliação do projeto

Passagem Porto Alegre –Brasília –Porto Alegre R$ 2.000,00

Diárias R$ 400,00

14

Passagem Porto Alegre –Brasília –Porto Alegre R$ 2.000,00

Diárias R$ 400,00

Subtotal R$ 22.750,00

Despesas de custeio:

Reagentes para biologia molecular (reagentes para extração de

DNA

e RNA, reagentes para sequenciamento, reagentes para qPCR

reagentes para clonagem) R$ 30.000,00

Consumíveis para bioquímica (teste com inibidores) R$ 10.000,00

Consumíveis para biologia molecular (tubos, ponteiras, placa

para qPCR) R$ 15. 000,00

Consumíveis para sequenciamento (RNAseq) R$ 30.000,00

Reagentes em geral para soluções R$ 10.000,00

Bovinos para manutenção da linhagem de carrapato R$ 5.000,00

Serviços de Terceiros (manutenção de equipamentos) R$ 10.000,00

Serviços de Terceiros (manutenção de equipamentos) R$ 10.000,00

Subtotal R$ 120.000,00

Total do Projeto R$ 142.750,00

G. CRONOGRAMA FÍSICO FINANCEIRO

Meta/Atividade

Semestre

Identificar e caracterizar transportadores ABC em R. microplus,

Babesia bovis e B. bigemina

X X

Avaliar o efeito de diferentes inibidores de transportadores ABC

sobre isolados de R. microplus resistentes e sensíveis a acaricidas

X X

15

Testar o efeito de diferentes inibidores de transportadores ABC

sobre o cultivo de Babesia bovis e B. bigemina

X X X

Analisar diferenças no perfil de transcrição de genes entre cepas de

carrapatos resistentes e sensíveis a ivermectinas em presença e

ausência da mesma

X X X X

Testar o efeito de diferentes inibidores de transportadores ABC

sobre o controle do carrapato em infestações em bovinos e

transmissão de Babesia bovis e B. bigemina pelo carrapato

X X

Avaliação da transcrição dos genes em tecidos por PCR quantitativo

(qPCR)

X X X X

Sequenciamento de larga escala X X X

Cronograma de Viagens

Atividade 1 ano 2 ano

Viagem ao Brasil de um pesquisador argentino para

ministrar um curso em pós-graduação

10 dias

Viagem a Argentina de um pesquisador brasileiro para

ministrar um curso em pós-graduação

10 dias

Viagem a Uruguai de um pesquisador brasileiro para

ministrar um curso em pós-graduação

10 dias

Viagem a Argentina de estudante brasileiro, para realizar

experimentos

15 dias

Viagem ao Brasil de estudante argentino, para realizar

experimentos

15 dias 15 dias

16

Viagem ao Brasil de estudante uruguaio, para realizar

experimentos

15 dias 15 dias

H. PARTICIPANTES DO PROJETO, E TÍTULO DO PROJETO NA

ARGENTINA

Nome do projeto na chamada na Argentina:

Estudios transcriptómicos para la caracterización del efecto de inhibidores de transportadores

ABC sobre la garrapata común del bovino y los patógenos que transmite.

Coordenadores:

Brasil: Itabajara da Silva Vaz Junior

Argentina: Andrea Puebla

Uruguai: Uruguaysito Benavides

Equipes nos Brasil

Centro de Biotecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Permanentes

Prof. Itabajara da Silva Vaz Junior, doutor, UFRGS, coordenador do projeto

Prof. Carlos Termignoni, doutor, UFRGS

Pós-doutorandos

Mariana Loner Coutinho, pós-doutoranda no PPGBCM, UFRGS.

Luís Fernando Parizi, pós-doutorando no PPGBCM, UFRGS;

Daiane Oldiges, pós-doutoranda no PPGCV, UFRGS;

Lucas Dedavid pós-doutorando no PPGBCM, UFRGS

17

Discentes

Gabriela Sabadin, doutoranda PPGBCM, UFRGS;

Marina Xavier, doutoranda PPGBCM, UFRGS;

Lucía Laura Sánchez Di Maggio, doutoranda PPGBCM, UFRGS.

Centro de Biociências e Biotecnologia, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy

Ribeiro (UENF)

Permanentes

Prof. Carlos Logullo, doutor, UENF

Pós-doutorando

Renato Martins da Silva pós-doutorando no PPGCA, UFRGS

Discentes

Josias Alves Machado, doutoranda no PPGCA UEENF

Camila Fernanda Waltero Orjuela, doutoranda no PPGCA UEENF.

Equipe Colaboradora da Argentina

Instituto de Biotecnología, Inst. Nacional de TecnologíaAgropecuaria (INTA)

Permanentes

Andrea Puebla, doutora INTA

Marisa Farber, doutora INTA

Máximo Rivarola, doutor INTA

18

Colaboradores

Silvina Wilkowsky, doutora INTA

Laura Lozina, doutora INTA

Elvio Ríos, doutor INTA

Néstor Sarmiento, doutor INTA

Paula del Carmen Fernandez, INTA

Pós-doutorando

Ludmila Lopez Arias, pós-doutoranda INTA

Equipe Colaboradora do Uruguai

Laboratorio de Inmunología, Departamento de Ciencias Microbiológicas Facultad de

Veterinaria e Laboratorio de Biología Parasitaria. Facultad de Ciencias, Uruguay,

UDELAR, Montevideo

Permanentes

Uruguaysito Benavides, professor, coordenador no Uruguai

Patricia Berasain doutora.

Discentes

Carolina Acevedo, doutoranda PPGCV, UDELAR

Fernanda Alzugaray, doutoranda PPGCV, UDELAR

19

I. DEMONSTRAÇÃO DO MECANISMO DE INTERAÇÃO E GRAU DE

COMPLEMENTARIDADE ENTRE OS PROJETOS

Durante as duas últimas décadas, os grupos de pesquisa da UFRGS e da UENF têm

desenvolvido projetos de pesquisa envolvendo a caracterização de proteínas do carrapato R.

microplus. Os pesquisadores do grupo proponente publicaram mais de 100 artigos sobre o

carrapato em revistas indexadas, sendo que a grande maioria destes artigos resultou de

colaborações entre os dois grupos brasileiros. Uma das características da interação entre os

grupos é a estreita colaboração em diversos projetos de pesquisa e no intercâmbio de alunos

de graduação e pós-graduação. Em 2008, esta integração foi consolidada com a criação do

Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Entomologia Molecular.

Também nos últimos 10 anos temos mantido uma colaboração com o Laboratorio de

Inmunología da Facultad de Veterinaria da UDELAR (Uruguai). O proponente de desse

projeto, Itabajara Vaz, é orientador dos Programa de Posgrado da Facultad de Veterinaria e

Programa de Posgrado de Biotecnologia da Faultad de Ciencia da UDELAR e neste programa

orientou 2 alunas de mestrado e está orientando quatro estudantes de doutorado. Esta

interação, financiada por vários projetos CAPES, CNPq e UDELAR tem permitido que

estudantes brasileiros e uruguaios realizem diversos estágios nos laboratórios de ambos

países. Nos projetos em conjunto estamos caracterizando proteínas de populações do

carrapato dos dois países e realizando análises imunológicas para avaliar o potencial para

desenvolvimento de uma vacina contra o carrapato. Baseado nos resultados já obtidos, já

publicamos 4 artigos em colaboração e solicitamos patentes no Brasil e no Uruguai. Mais

recentemente, avançamos na colaboração com a Profa. Patrícia Berasain iniciando estudos

conjuntos para identificar em R. microplus e Fasciola hepatica proteínas ligadoras de

heparina e inibidores de serinoproteases.

Há 3 anos, iniciamos uma colaboração com um grupo de pesquisa argentino do

Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria (INTA), devido a experiência que os

pesquisadores do INTA têm sobre biologia molecular de parasitas e a capacidade técnica e

infraestrutura para análise de sequenciamento em massa de DNA/cDNA. Os pesquisadores

20

do INTA também têm experiência na biologia dos parasitas Babesia spp. e Anaplasma spp.

Este conhecimento permitirá ampliar o foco dos nossos estudos, analisando a biologia destes

parasitas em associação com a do carrapato. Este foco permitirá ampliar o estudo de

alternativas para o melhorar a produtividade da pecuária destes países.

Em vistas disto, o projeto agora submetido fortalecerá a interação dos grupos de

pesquisa dos três países, assim como possibilitará que estudantes da pós-graduação realizem

experimentos no outro país e que pesquisadores ministrem disciplinas nos outros países. A

cooperação internacional para estudar um problema comum, o carrapato R. microplus,

permite que populações diferentes de carrapato sejam estudas comparativamente e constituí

fator que aumenta as possibilidades de que sejam identificadas novas alternativas para o

controle do parasita.

Este relato demonstra que a integração entre os grupos de pesquisa tem permitido o

desenvolvimento de estudos necessários para atingir os objetivos propostos utilizando-se

sinergicamente a infraestrutura e os recursos humanos existentes nos vários laboratórios.

Além disso, acreditamos que os recursos obtidos pela presente proposta contribuirão

significativamente não apenas para o desenvolvimento das teses de alunos que trabalham

com o carrapato bovino, mas também para o aumento do conhecimento sobre o carrapato. O

apoio a presente proposta será fator importante para consolidar as interações científicas e

auxiliará a atingir os objetivos traçados.

J. Detalhamento das atividades a serem executadas

As atividades do projeto serão baseadas nas interações prévias e expertises dos grupos

de pesquisa envolvidos. A caracterização das atividades biológicas dos transportadores ABC

de carrapato e sua relação com resistência a acaricidas, tem realizada pelo grupo de pesquisa

da UFRGS e UENF. A partir dos dados iniciais, tem existido uma colaboração com o grupo

da UDELAR para o estudo de transportadores ABC em populações de carrapato de campo.

Paralelamente os grupos argentinos e brasileiros têm realizados projeto focando a análise

21

transcriptômica de diferentes tecidos de carrapatos e o grupo argentino tem grande

experiência no estudo dos parasitas Babesia spp.

No atual projeto iremos utilizar sinergicamente a infraestrutura e os recursos humanos

existentes nos vários laboratórios com o objetivo de ampliar o foco do estudo dos

transportadores ABC para populações de carrapatos do Brasil, Uruguai e Argentina, bem

como para os hemoparasitas Babesia spp.

As atividades vinculadas a caracterização dos transportadores ABC de carrapato por

meio de inibidores serão realizadas no Brasil e Uruguai. O estudo dos transportadores ABC

de Babesia spp. será realizado na Argentina. No Brasil e Uruguai serão realizadas as

clonagens dos genes de transportadores ABC. As análises das expressões por qPCR, em

carrapato e Babesia spp., serão realizadas nos três países. Os transcriptomas de parasitas

tratados e não tratados com inibidores serão realizados na Argentina e a análise dos dados

serão realizadas no brasil e Argentina. Os experimentos do efeito de tratamento com

inibidores de transportadores ABC sobre a transmissão de Babesia spp. para bovinos serão

realizados no Uruguai.

Os intercâmbios de estudantes servirão para otimizar os usos das diferentes

infraestruturas dos diferentes laboratórios com as atividades de estudante. Uma doutoranda

do Brasil (transcriptoma de carrapatos) e uma doutoranda do Uruguai (caracterização

biológica de transportadores ABC em carrapatos de campo) realizarão suas teses com

resultados diretamente relacionados ao projeto. Outros estudantes terão parte de suas teses

vinculadas a este projeto.

A cooperação internacional para estudar um problema comum constituí fator que

aumenta as possibilidades de que sejam identificadas novas alternativas para o controle dos

parasitas.

Os intercâmbios dos pesquisadores e estudantes estão detalhados abaixo:

Intercâmbio de pesquisador brasileiro na Argentina

A viagem servirá para realizar um curso para a pós-graduação e discutir resultados do

projeto.

22

Intercâmbio de pesquisador brasileiro no Uruguai

A viagem servirá para realizar um curso para a pós-graduação e discutir resultados do

projeto.

Intercâmbio de pesquisador argentino no Brasil

A viagem servirá para realizar um curso para a pós-graduação e discutir resultados do

projeto.

Intercambio de estudante brasileiro na Argentina

A viagem servirá para realizar experimentos relacionados a sequenciamento em larga

escala de transcriptomas de carrapatos.

Intercâmbio de estudante argentino no Brasil

A viagem servirá para realizar experimentos relacionados a análise transcrição de

genes (qPCR) de cultivos de Babesia spp.

Intercâmbio de estudante uruguaio no Brasil

A viagem servirá para realizar experimentos relacionados a análise transcrição de

genes (qPCR) de carrapatos.

K. INFRAESTRUTURA E APOIO TÉCNICO PARA O

DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

O grupo proponente é formado por pesquisadores com experiência consolidada. Neste

sentido, os equipamentos necessários para o desenvolvimento deste projeto encontram-se

disponíveis em suas instituições de origem.

Estábulos para bovinos para manutenção da colônia de carrapato e experimentos de

vacinação, localizado na Faculdade de Veterinária da UFRGS e na UDELAR..

Equipamentos básicos utilizados para purificação e caracterização de proteínas, como

cromatógrafos, espectrofotômetros, fluorímetros, ultracentrífugas, distribuídos pelos

laboratórios participantes além de equipamentos para biologia molecular (termocicladores,

speed-vac, estufas, fluxos laminares) e cintiladores líquidos encontram-se disponíveis na

UFRGS, UENF, UDELAR e INTA.

23

Sala de cultura e equipamentos para cultivo celuar na UFRGS, UENF e INTA.

Equipamentos para eletroforese bidimensional estão disponíveis na UFRGS e INTA.

Plataforma de sequenciamento Illumina (equipamentos HiSeq e MiSeq) e

equipamento de genotipagemem larga escalar e análises de perfil de expressão (Inst.

Biotecnología, INDEAR, Fundación Leloir, INTA).

Unidad de Bioinformática do Instituto de Biotecnología (INTA), para processamento

e análise de dados de genômica funcional que permite a montagem e análise de dados de

transcriptoma

L. REFERÊNCIAS:

ANGUS, B. M. The history of the cattle tick Boophilus microplus in Australia and achievements in

its control. Int. J. Parasitol. 26: 1341-55, 1996.

ARGENTINE, J. A.; CLARK, J. M. & LIN, H. Genetics and biochemical mechanisms of abamectin

resistance in two isogenic strains of Colorado potato beetle. Pestic. Biochem. Physiol. 44, 191-

207, 1992.

BARTLEY, D. J.; MCALLISTER, H.; BARTLEY, Y.; DUPUY, J.; MÉNEZ, C.; ALVINERIE, M.;

JACKSON, F. & LESPINE, A. P-glycoprotein interfering agents potentiate ivermectin

susceptibility in ivermectin sensitive and resistant isolates of Teladorsagia circumcincta and

Haemonchus contortus. Parasitology. 136, 1081-1088, 2009.

BENAVIDES, E.; RODRÍGUEZ, J. L. & ROMERO, A. Isolation and partial characterization of the

Montecitos strain of Boophilus microplus (Canestrini, 1877) multiresistant to different

acaricides. Ann. N.Y. Acad. Sci. 916: 668- 671, 2000.

BENELLI, G.; PAVELA, R.; CANALE, A. & MEHLHORN, H. Tick repellents and acaricides of

botanical origin: a green roadmap to control tick-borne diseases? Parasitol.Res., 115: 2545-

2560, 2016.

BOURGUINAT, C.; ARDELLI, B. F.; PION, S. D.; KAMGNO, J.; GARDON, J.; DUKE, B. O.;

BOUSSINESQ, M. & PRICHARD, R. K. P-glycoprotein-like protein, a possible genetic

marker for ivermectin resistance selection in Onchocerca volvulus. Mol. Biochem. Parasitol.

158: 101-11, 2008.

CASTRO-JANER, E.; RIFRAN, L.; GONZÁLEZ, P.; NIELL, C.; PIAGGIO, J.; GIL, A. &

SCHUMAKER, T. T. Determination of the susceptibility of Rhipicephalus (Boophilus)

microplus (Acari: Ixodidae) to ivermectin and fipronil by Larval Immersion Test (LIT) in

Uruguay. Vet. Parasitol. 178, 148- 155, 2011.

24

CASTRO-JANER, E.; RIFRAN, L.; GONZÁLEZ, P.; PIAGGIO, J.; GIL, A. & SCHUMAKER TT.

Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Acari: Ixodidae) resistance to fipronil in Uruguay

evaluated by in vitro bioassays. Vet. Parasitol. 169: 172-7, 2010b.

DE LA FUENTE, J.; ALMAZÁN, C.; CANALES, M.; LASTRA, J. M. P.; KOCAN, K. M. &

WILLADSEN, P. A ten-year review of commercial vaccine performance for control of tick

infestations on cattle. Anim. Health Res. Rev. 8: 23-8, 2007.

DE VOS, A. J. Epidemiology and control of bovine babesiosis in South Africa. J.S.Afr.Vet Assoc.,

50: 357-362, 1979.

DE WAAL, D. T. & COMBRINK, M. P. Live vaccines against bovine babesiosis. Vet parasitol,

138: 88-96, 2006.

DICKER, A. J.; NISBET, A. J. & SKUCE, P. J. Gene expression changes in a P-glycoprotein (Tci-

pgp-9) putatively associated with ivermectin resistance in Teladorsagia circumcincta. Int J

Parasitol. 41: 935-42, 2011.

ESTRADA-PEÑA, A.; BOUATTOUR, A.; CAMICAS, J. L.; GUGLIELMONE, A.; HORAK, I.;

JONGEJAN, F.; LATIF, A.; PEGRAM, R. & WALKER, A. R. The known distribution and

ecological preferences of the tick subgenus Boophilus (Acari: Ixodidae) in Africa and Latin

America. Exp. Appl. Acarol. 38: 219-35, 2006.

FERNÁNDEZ-SALAS, A.; RODRÍGUEZ-VIVAS, R. I. & ALONSO-DÍAZ, M. A. First report of

a Rhipicephalus microplus tick population multi-resistant to acaricides and ivermectin in the

Mexican tropics. Vet. Parasitol. 183: 338-42, 2012.

FFRENCH-CONSTANT, R. H.; DABORN, P. J. & LE GOFF, G. The genetics and genomics of

insecticide resistance. Trends Genet. 20: 163-70, 2004.

FURLONG, J. Diagnosis of the susceptibility of the cattle tick, Boophilus microplus, to acaracides in

Minas Gerais state, Brazil. In: Seminário Internacional de Parasitologia Animal, IV, 1999,

Puerto Vallarta, México. Proceedings. Puerto Vallarta: CONASAG, p. 41–46, 1999.

GLENDINNING, S. K.; BUCKINGHAM, S. D.; SATTELLE, D. B.; WONNACOTT, S. &

WOLSTENHOLME, A. J. Glutamate-gated chloride channels of Haemonchus contortus

restore drug sensitivity to ivermectin resistant Caenorhabditis elegans. PLoS One. 6: e22390,

2011.

GONZALES, J.C. O controle do carrapato do boi. 2ed. Porto Alegre: Edição do autor, 1995.

GRAF, J. F.; GOGOLEWSKI, R.; LEACH-BING, N.; SABATINI, G. A.; MOLENTO, M. B.;

BORDIN, E. L. & ARANTES, G. J. Tick control: an industry point of view. Parasitology. 129,

S427- 42, 2004.

GRISI, L.; LEITE, R. C.; MARTINS, J. R. D.; DE BARROS, A. T. M.; ANDREOTTI, R.;

CANCADO, P. H. D.; DE LEON, A. A. P.; PEREIRA, J. B. & VILLELA, H. S. Reassessment

25

of the potential economic impact of cattle parasites in Brazil. Revista Brasileira de

Parasitologia Veterinaria, 23: 150-156, 2014.

GUERRERO, F. D.; MILLER, R. J. & PÉREZ DE LEÓN, A. A. Cattle tick vaccines: Many candidate

antigens, but will a commercially viable product emerge? Int. J. Parasitol. 42: 421-7, 2012b.

GUPTA, S.; AJITH KUMAR, K. G.; SHARMA, A. K.; NAGAR, G.; KUMAR, S.; SARAVANAN,

B. C.; RAVIKUMAR, G. & GHOSH, S. Esterase mediated resistance in deltamethrin resistant

reference tick colony of Rhipicephalus (Boophilus) microplus. Exp.Appl.Acarol., 69: 239-248,

2016.

HIGGINS, C. F. & LINTON, K. J. ABC transporters: an introduction and overview. In: HOLLAND,

I. B., COLE, S. P. C., KUCHLER, K. & HIGGINS, C. F. ABC proteins: from bacteria toman.

Academic Press Elsevier Science, London, v. 1, p.xvii- xxiii, 2003.

HOMER, M. J.; AGUILAR-DELFIN, I.; TELFORD, S. R., III; KRAUSE, P. J. & PERSING, D. H.

Babesiosis. Clin Microbiol.Rev, 13: 451-469, 2000.

HUANG, Y. J. & PRICHARD, R. K. Identification and stage-specific expression of two putative P-

glycoprotein coding genes in Onchocerca volvulus. Mol. Biochem. Parasitol. 102: 273-81,

1999.

JAMES, C. E. & DAVEY, M. W. Increased expression of ABC transport proteins is associated with

ivermectin resistance in the model nematode Caenorhabditis elegans. Int. J. Parasitol. 39: 213-

220, 2009.

JONSSON, N. N. The productivity effects of cattle tick (Boophilus microplus) infestation on cattle,

with particular reference to Bos indicus cattle and their crosses. Vet. Parasitol. 137, 1-10, 2006.

KERBOEUF, D.; BLACKHALL, W.; KAMINSKY, R. & VON SAMSON-HIMMELSTJERNA, G.

P-glycoprotein in helminths: function and perspectives for anthelmintic treatment and reversal

of resistance. Int. J. Antimicrob..Agents. 22: 332- 46, 2003.

KLAFKE, G. M. Resistência de R. (B.) microplus contra carrapaticidas. In. PEREIRA, M. C.;

LABRUNA, M. B.; SZABÓ, M. P. J & KLAFKE, G. M. Rhipicephalus (Boophilus) microplus:

Biologia, Controle e Resistência. MedVet, São Paulo, v.1, cap.6, 81- 105, 2008.

KOENDERINK, J. B.; KAVISHE, R. A.; RIJPMA, S. R. & RUSSEL, F. G. The ABCs of multidrug

resistance in malaria. Trends Parasitol. 26: 440-6, 2010.

KUNZ, S. E. & KEMP, D. H. Insecticides and acaricides: Resistance and environmental impact. Rev.

Sci. Tech., 13: 1249–1286, 1994.

KWON, D. H.; YOON, K. S.; CLARK, J. M. & LEE, S. H. A point mutation in a glutamate-gated

chloride channel confers abamectin resistance in the two-spotted spider mite, Tetranychus

urticae Koch. Insect. Mol. Biol. 19: 583- 591, 2010.

26

LABRUNA, M. B. Combate contra R. (B.) microplus. In. PEREIRA, M. C.; LABRUNA, M. B.;

SZABÓ, M. P. J & KLAFKE, G. M. Rhipicephalus (Boophilus) microplus: Biologia, Controle

e Resistência. MedVet, São Paulo, v.1, cap.5, 65- 78, 2008.

LAGE, H. ABC-transporters: implications on drug resistance from microorganisms to human

cancers. Int. J. Antimicrob. Agents. 22: 188-99, 2003.

LARA FA, POHL PC, GANDARA AC, FERREIRA JDA S, NASCIMENTO-SILVA MC,

BECHARA GH, SORGINE MH, ALMEIDA IC, VAZ IDA S JR, OLIVEIRA PL. ATP

Binding Cassette Transporter Mediates Both Heme and Pesticide Detoxification in Tick

Midgut Cells. PLoS One. 2015 10:0134779.

LEAL, A. T.; SEIXAS, A.; POHL, P. C.; FERREIRA, C. A., LOGULLO, C.; OLIVEIRA, P. L.,

FARIAS, S. E.; TERMIGNONI, C.; DA SILVA VAZ, I. JR & MASUDA, A. Vaccination of

bovines with recombinant Boophilus microplus Yolk pro-Cathepsin. Vet. Immunol.

Immunopathol. 114: 341-345, 2006.

LESLIE, E. M.; DEELEY, R. G. & COLE, S. P. Multidrug resistance proteins: role of P-glycoprotein,

MRP1, MRP2, and BCRP (ABCG2) in tissue defense. Toxicol. Appl. Pharmacol. 204: 216-

237, 2005.

LESPINE, A.; ALVINERIE, M.; VERCRUYSSE, J.; PRICHARD, R.K. & GELDHOF, P. ABC

transporter modulation: a strategy to enhance the activity of macrocyclic lactone anthelmintics.

Trends Parasitol. 24: 293-8, 2008.

LESPINE, A.; DUPUY, J.; ORLOWSKI, S.; NAGY, T.; GLAVINAS, H.; KRAJCSI, P. &

ALVINERIE, M. Interaction of ivermectin with multidrug resistance proteins (MRP1, 2 and

3). Chem. Biol. Interact. 159: 169-79, 2006.

LIFSCHITZ, A.; ENTROCASSO, C.; ALVAREZ, L.; LLOBERAS, M.; BALLENT, M.;

MANAZZA, G.; VIRKEL, G.; BORDA, B. & LANUSSE, C. Interference with P-glycoprotein

improves ivermectin activity against adult resistant nematodes in sheep. Vet. Parasitol. 172:

291-8, 2010a.

LIFSCHITZ, A.; SUAREZ, V. H.; SALLOVITZ, J.; CRISTEL, S. L.; IMPERIALE. F.;

AHOUSSOU, S.; SCHIAVI, C. & LANUSSE, C. Cattle nematodes resistant to macrocyclic

lactones: comparative effects of P-glycoprotein modulation on the efficacy and disposition

kinetics of ivermectin and moxidectin. Exp Parasitol. 125: 172-8, 2010b.

MAHONEY, D. F. & MIRRE, G. B. Babesia argentina: the infection of splenectomized calves with

extracts of larval ticks (Boophilus microplus). Res.Vet Sci, 16: 112-114, 1974.

MARITZ-OLIVIER, C.; VAN ZYL, W. & STUTZER, C. A systematic, functional genomics, and

reverse vaccinology approach to the identification of vaccine candidates in the cattle tick,

Rhipicephalus microplus. Ticks Tick Borne Dis, (no prelo), 2012.

27

MARTINS, J.R. & FURLONG, J. Avermectin resistance of the cattle tick Boophilus microplus in

Brazil. Vet. Rec. 149: 64, 2001.

MOUNSEY, K. E.; PASAY, C. J.; ARLIAN, L. G.; MORGAN, M. S.; HOLT, D. C.; CURRIE, B.

J.; WALTON, S. F. & MCCARTHY, J. S. Increased transcription of Glutathione S-transferases

in acaricide exposed scabies mites. Parasit Vectors. 18: 3- 43, 2010.

NOLAN, J.; ROULSTON, W. J. & WHARTON, R. H. Resistance to synthetic pyrethroids in a DDT-

resistant strain of Boophilus microplus. Pestic. Sci. 8: 484- 486, 1977.

ORTIZ, E. M.; SANTAMARÍA, V. M.; ORTIZ, N. A.; SOBERANES, C. N.; OSORIO, M. J.;

FRANCO, B. R.; MARTÍNEZ, I. F.; QUEZADA, D. R. & FRAGOSO, S. H. Caracterización

de la resistencia de Boophilus microplus a ixodicidas em México. In: Memorias de IV

Seminario Internacional de Parasitología Animal, Resistencia y Control en Garrapatas y

Moscas de Importancia Veterinaria, Acapulco, Guerrero,

PARIZI, L.F.; UTIUMI, K.U.; IMAMURA, S.; ONUMA, M.; OHASHI, K.; MASUDA, A. & DA

SILVA VAZ, I. JR. Cross immunity with Haemaphysalis longicornis glutathione S-transferase

reduces an experimental Rhipicephalus (Boophilus) microplus infestation. Exp. Parasitol. 127,

113-8, 2011.

PECONICK, A. P.; SOSSAI, S.; GIRÃO, F. A.; RODRIGUES, M. Q.; SOUZA E SILVA, C. H.;

GUZMAN, Q. F.; PATARROYO, V. A. M.; VARGAS, M. I. & PATARROYO, J. H.

Synthetic vaccine (SBm7462) against the cattle tick Rhipicephalus (Boophilus) microplus:

Preservation of immunogenic determinants in different strains from South America. Exp.

Parasitol., 119: 37-43, 2008.

PEREIRA, M. A.; JACINTO, M. A. C.; GOMES, A. & EVARISTO, L. G. S. Cadeia Produtiva do

Couro Bovino: Oportunidades e Desafios. Embrapa Gado de Corte, Mato Grosso do Sul, n.

153, 2005. [online] Disponível em:

http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/doc/doc_pdf/Doc153.pdf. Arquivo capturado em

julho de 2012.

PEREZ-COGOLLO, L.C.; RODRIGUEZ-VIVAS, R.I.; RAMIREZ-CRUZ, G.T. & MILLER, R.J.

First report of the cattle tick Rhipicephalus microplus resistant to ivermectin in Mexico. Vet.

Parasitol. 168: 165- 169, 2010.

PODSIADLOWSKI, L.; MATHA, V. & VILCINSKAS, A. Detection of a P-glycoprotein related

pump in Chironomus larvae and its inhibition by verapamil and cyclosporin A. Comp Biochem

Physiol B Biochem Mol Biol. 121: 443-50, 1998.

POHL PC, CARVALHO DD, DAFFRE S, VAZ IDA S JR., MASUDA A. In vitro establishment of

ivermectin-resistant Rhipicephalus microplus cell line and the contribution of ABC

transporters on the resistance mechanism. Veterinary parasitology. 2014; 204(3–4):316–22

28

POHL, P. C.; KLAFKE, G. M.; CARVALHO, D. D.;, MARTINS, J. R.; DAFFRE, S.; DA SILVA

VAZ JR., I. & MASUDA, A. ABC transporter efflux pumps: A defense mechanism against

ivermectin in Rhipicephalus (Boophilus) microplus. Int. J. Parasitol. 41: 1323- 1333, 2011.

POHL, P. C.; Participação dos transportadores ABC na destoxificação de acaricidas no carrapato

Rhipicephalus (Boophilus) microplus. Tese de Doutorado. PPGBCM, UFRGS, 2012

POHL PC, KLAFKE GM, JUNIOR JR, MARTINS JR, DA SILVA VAZ I JR., MASUDA A. ABC

transporters as a multidrug detoxification mechanism in Rhipicephalus (Boophilus) microplus.

Parasitology research. 2012; 111(6):2345–51

POHL, P.C., SORGINE, M., LEAL, A. T., LOGULLO, C., OLIVEIRA, P. L, VAZ JR, I. DA SILVA,

MASUDA, A. An extraovarian aspartic protease accumulated in tick oocytes with vitellin-

degradation activity. Comparative Biochemistry and Physiology. B, Biochemistry &

Molecular Biology. , v.151, p.392 - 398, 2008.

RODRÍGUEZ, M.; PENICHET, M. L.; MOURIS, A. E.; LABARTA, V.; LUACES, L. L.;

RUBIERA, R.; CORDOVÉS, C.; SÁNCHEZ, P. A.; RAMOS, E.; SOTO, A.; CANALES, M.;

PALENZUELA, D.; TRIGUERO, A.; LLEONART, R.; HERRERA, L. & DE LA FUENTE,

J. Control of Boophilus microplus populations in grazing cattle vaccinated with a recombinant

Bm86 antigen preparation. Vet. Parasitol. 57: 339- 49, 1995.

RODRIGUEZ-VIVAS, R. I.; TREES, A. J.; ROSADO-AGUILAR, J. A.; VILLEGAS-PEREZ, S. L.

& HODGKINSON, J. E. Evolution of acaricide resistance: phenotypic and genotypic changes

in field populations of Rhipicephalus (Boophilus) microplus in response to pyrethroid selection

pressure. Int. J. Parasitol. 41: 895- 903, 2011.

SMITH, R. D.; EVANS, D. E.; MARTINS, J. R.; CERESER, V. H.; CORREA, B. L.; PETRACCIA,

C.; CARDOZO, H.; SOLARI, M. A. & NARI, A. Babesiosis (Babesia bovis) stability in

unstable environments. Tropical Veterinary Diseases, 916: 510-520, 2000.

SUTHERST, R.W.; MAYWALD, G. F.; KERR, J. D. & SIEGEMAN, D. A. The effect of the cattle

tick (Boophilus microplus) on the growth of Boss indicus x Bos taurus steers. Aust. J. Agr. Res.

34: 317-327, 1983.

SZAKÁCS, G.; VÁRADI, A.; OZVEGY-LACZKA, C. & SARKADI, B. The role of ABC

transporters in drug absorption, distribution, metabolism, excretion and toxicity (ADME-Tox).

Drug Discov. Today. 13: 379- 393, 2008.

VALLE, M. R.; MÈNDEZ, L.; VALDEZ, M.; REDONDO, M.; ESPINOSA, C. M.; VARGAS, M.;

CRUZ, R. L.; BARRIOS, H. P.; SEOANE, G.; RAMIREZ, E. S.; BOUE, O.; VIGIL, J. L.;

MACHADO, H.; NORDELO, C. B. & PIÑEIRO, M. J. Integrated control of Boophilus

microplus ticks in Cuba based on vaccination with the anti-tick vaccine Gavac. Exp Appl

Acarol. 34: 375-82, 2004.

WILLADSEN, P. Anti-tick vaccines. Parasitology, 129: S367-S387, 2004.

29

WILLADSEN, P. Tick control: thoughts on a research agenda. Vet. Parasitol., 138: 161-168, 2006.

WILLADSEN, P.; BIRD, P.; COBON, G. S. & HUNGERFORD J. Commercialisation of a

recombinant vaccine against Boophilus microplus. Parasitology. 110: S43-50, 1995.

WILLADSEN, P.; COBON, G. & MCKENNA, R. V. Comparative vaccination of cattle against

Boophilus microplus with recombinant antigen Bm86 or in combination with recombinant

Bm91. Parasite Immunol., 18: 214-246, 1996.

WILLADSEN, P.; RIDING, G. A.; MCKENNA, R. V.; KEMP, D. H.; TELLAM, R. L.; NIELSEN,

J. N.; LAHNSTEIN, J.; COBON, G. S. & GOUGH, J. M. Immunologic control of a parasitic

arthropod: Identification of a protective antigen from Boophilus microplus. J. Immunol.,

143:1346-1351, 1989.

WORLD ORGANIZATION FOR ANIMAL HEALTH (OIE). Bovine Babesiosis. OIE terrestrial

Manual. 2014

WU, C. P.; HSIEH, C. H. . & WU, Y. S. The emergence of drug transporter-mediated multidrug

resistance to cancer chemotherapy. Mol. Pharm. 8: 1996-2011, 2011.

XU, M.; MOLENTO, M.; BLACKHALL, W.; RIBEIRO, P.; BEECH, R. & PRICHARD, R.

Ivermectin resistance in nematodes may be caused by alteration of P-glycoprotein homolog.

Mol. Biochem. Parasitol. 91: 327- 335, 1998.

YOON, K. S.; STRYCHARZ, J. P.; BAEK, J. H.; SUN, W.; KIM, J. H.; KANG, J. S.;

PITTENDRIGH, B. R.; LEE, S. H. & CLARK, J. M. Brief exposures of human body lice to

sublethal amounts of ivermectin over-transcribes detoxification genes involved in tolerance.

Insect Mol. Biol. 20, 687- 699, 2011.