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A FÉ CRISTÃ

Carlos Martins Nabeto

A FÉ CRISTÃ

- Coletânea de Sentenças Patrísticas -

Volume 4

A Igreja de Cristo

1ª Edição 2008

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Carlos Martins Nabeto

Direitos Autorais do Autor

NABETO, Carlos Martins. 1969- A Fé Cristã: Coletânea de Sentenças Patrísticas. Volume 4. São Vicente: 2008. (1ª edição, 150 páginas) Bibliografia. Registrado na Fundação Biblioteca Nacional sob o nº 361.898, Livro 669, fls. 58. 1. Catolicismo; 2. Patrística; 3. Patrologia; 4. Literatura cristã primitiva I. Título

CDD – 281.1 Índices para Catálogo Sistemático: 1. Literatura cristã primitiva 281.1 2. Padres da Igreja: literatura cristã primitiva 281.1 3. Escritores eclesiásticos: literatura cristã primitiva 281.1 4. Patrística 281.1 5. Patrologia 281.1 Capa: Sílvio L. Medeiros – [email protected] +NIHIL OBSTAT pe. Caetano Rizzi - Vigário Judicial Santos, 21/12/04 – na festa de São Pedro Canízio +IMPRIMATUR Conforme o cânon 827, §3, do Código de Direito Canônico, autorizo a publicação desta obra.

+d. Jacyr F. Braido Bispo Diocesano de Santos 01 de janeiro de 2005 Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfilmáticos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos, Internet e e-books ou outros, sem prévia autorização, por escrito, da editora. Vedada a memorização e/ou recuperação total ou parcial em qualquer sistema de processamento de dados e a inclusão de qualquer parte da obra em qualquer programa juscibernético. Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de 17.12.1980), com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenizações diversas (artigos 102, 103 parágrafo único, 104, 105, 106 e 107 itens 1, 2 e 3, da Lei nº 9.610, de 19.06,1998 [Lei dos Direitos Autorais]). O autor concede licença especial para este e-book ser armazenado e distribuído pela Internet, apenas pelos sites http://www.veritatis.com.br e http://cocp.veritatis.com.br.

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A FÉ CRISTÃ

“Todo aquele que der testemunho de Mim diante dos homens, também Eu darei testemunho dele

diante de meu Pai que está nos céus” (Mat. 10,32).

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Carlos Martins Nabeto

Série “Citações Patrísticas”

Volume 1 - A Palavra de Deus / A Profissão de Fé Volume 2 - Deus Pai, Filho e Espírito Santo Volume 3 - Maria, os Santos e os Anjos Volume 4 - A Igreja de Cristo Volume 5 - Os 7 Sacramentos / A Criação Volume 6 - Escatologia e Questões Diversas

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A FÉ CRISTÃ

DEDICATÓRIA

À minha esposa, Ana Paula, e filhos, Lucas e Victor.

Aos meus pais,

Modesto e Joaquina.

Aos irmãos de Apostolado e a todos os meus leitores em geral.

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Carlos Martins Nabeto

SOBRE O AUTOR

Carlos Martins Nabeto, casado e pai de dois filhos, nasceu em São Vicente-SP, vindo de uma família de classe média: o pai comerciante e a mãe dona de casa. Formado e pós-graduado em Ciência da Computação pela Universidade Santa Cecília dos Bandeirantes (Uniceb); formado em Direito pela Universidade Católica de Santos (UniSantos) e pós-graduado em Direito Processual Matrimonial Canônico pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Trabalha como Analista de Sistemas, Professor Universitário e Advogado. Desde 1988 dedica-se ao estudo da Fé Cristã, tendo retornado conscientemente ao seio da Igreja Católica em 1991. Fundador, em 1997, do premiado site Agnus Dei, pioneiro na defesa da fé católica na Internet. Em 2002, juntamente com Alessandro Ricardo Lima, fundou o apostolado católico Veritatis Splendor (http://www.veritatis.com.br) - considerado hoje um dos maiores sites católicos em língua portuguesa – onde desde então, além de suas atribuições familiares e seculares, dedica-se à publicação e tradução de artigos referentes ao Cristianismo Primitivo e à defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis. Em 2007, fundou ainda o site COCP-Central de Obras do Cristianismo Primitivo (http://cocp.veritatis.com.br), visando centralizar e disponibilizar ao grande público a íntegra de escritos do Período Patrístico.

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A FÉ CRISTÃ

ÍNDICE

INTRODUÇÃO GERAL 15

DEPÓSITO DA FÉ: A TRADIÇÃO ESCRITA E A TRADIÇÃO ORAL 15 O PERÍODO PATRÍSTICO 17 OCASIÃO DA PRESENTE OBRA 17

A IGREJA DE CRISTO 19

1. A IGREJA 20 A) FOI INSTITUÍDA POR CRISTO 20 B) CRISTO É A CABEÇA DA IGREJA 21 C) É O CORPO DE CRISTO 22 D) A RELAÇÃO ENTRE CRISTO E SUA IGREJA 26 E) DEVE SER AMADA PELOS FIÉIS 27 F) É SANTA 27 G) É PECADORA 28 H) É CATÓLICA 29 I) PREGA O REINO DE DEUS NA TERRA 33 J) NÃO HÁ SALVAÇÃO FORA DELA 34 2. IGREJA APOSTÓLICA 39 A) PREGAÇÃO DOS APÓSTOLOS 39 B) FUNDAMENTO APOSTÓLICO 40 C) SUCESSÃO APOSTÓLICA 42 3. IGREJA UNA 46 A) UNICIDADE 46 B) UNIDADE 48 C) A VERDADEIRA IGREJA 53 4. CLERO 57 A) FUNÇÃO 57 B) HIERARQUIA 59 C) TÍTULO DE “PAI” (=PADRE) 66 D) PODE PERDOAR OS PECADOS 67 E) DISCIPLINA DO CELIBATO 68 5. FIÉIS CRISTÃOS 71 A) QUEM SÃO 71 B) SÃO IMITADORES DE CRISTO 74 C) FILHOS ADOTIVOS DE DEUS 77 D) DEVEM OBEDIÊNCIA E COMUNHÃO COM O CLERO 79 E) FÉ 80 F) FÉ E RAZÃO 81 6. O PAPA 85 A) PRIMAZIA DA IGREJA DE ROMA 85 B) PRIMAZIA DO PAPA 89 C) PEDRO, A PEDRA 91

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Carlos Martins Nabeto

D) SUCESSOR DE SÃO PEDRO 94 E) A AUTORIDADE DO PAPA 95 F) PRESENÇA E MORTE DE PEDRO EM ROMA 99 7. CULTO: A MISSA 103 A) A LITURGIA DA CELEBRAÇÃO DA MISSA 103 B) A MISSA É A AÇÃO SAGRADA POR EXCELÊNCIA 106 C) O SACRIFÍCIO ÚNICO DE JESUS 111 8. DIAS E TEMPOS SAGRADOS 113 A) DOMINGO: O DIA DO SENHOR 113 B) SOLENIDADES DIVERSAS (EPIFANIA, SEMANA SANTA, QUARESMA, PÁSCOA, PENTECOSTES, NATAL ETC.) 118 9. INSTRUÇÃO RELIGIOSA 120 A) CATEQUESE 120 B) O SINAL DA CRUZ 121 C) OS DEZ MANDAMENTOS 122 D) A TEOLOGIA 123 10. ORAÇÃO 125 A) DEFINIÇÃO 125 B) O PAI NOSSO 128 11. HEREGES - CONDENAÇÃO 132

ANEXO - RELAÇÃO DE PADRES E ESCRITORES DO PERÍODO PATRÍSTICO 135

ÍNDICE ONOMÁSTICO 140

BIBLIOGRAFIA E SITES CONSULTADOS 143

LIVROS (FONTES DE CITAÇÕES) 143 SITES CONSULTADOS 147 PARA SABER MAIS... 147

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A FÉ CRISTÃ

OBSERVAÇÃO

Esta compilação, devidamente registrada perante as autoridades civis e eclesiásticas, é o resultado de mais de cinco anos de

pesquisas e muitas horas de trabalho para sua organização e editoração final.

Não obstante a isto, o Autor disponibiliza GRATUITAMENTE a presente obra na Internet, favorecendo a edificação da fé e o

fomento da literatura cristã primitiva.

Por esse motivo, se este livro foi de alguma forma útil para você, considere contribuir com QUALQUER VALOR que o seu coração ordenar, efetivando depósito bancário na seguinte

conta-corrente:

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Sua doação favorecerá novas pesquisas para a ampliação deste

volume, bem como incentivará novos projetos do Autor.

IMPORTANTE! ATENÇÃO!

Esta obra (e futuras atualizações) somente poderá ser encontrada e distribuída pelos seguintes sites:

APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

(http://www.veritatis.com.br)

COCP-CENTRAL DE OBRAS DO CRISTIANISMO PRIMITIVO (http://cocp.veritatis.com.br)

É terminantemente proibida a distribuição desta obra por outros sites e comunidades da Internet, ou por outros meios, inclusive impressos, ainda que gratuitamente ou sob qualquer alegação, nos termos legais (cf. notícia de copyright à pág. 4). Somente os sites acima indicados garantem a integridade e o conteúdo da presente obra. Em caso de dúvida, acesse um desses sites para obter gratuitamente uma cópia original desta obra.

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A FÉ CRISTÃ

PREFÁCIO Como toda realidade humana, também a existência cristã e a vida eclesial têm sua própria memória. Memória não apenas de sua própria história, mas, sobretudo, da sua singular origem e universal missão. “Deus dispôs amorosamente que permanecesse íntegro e fosse transmitido a todas as gerações tudo quanto tinha revelado para salvação de todos os povos” (DV 7).

O sentido da memória da Igreja é acolher e transmitir a salvação: “(...) a Igreja, na sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo aquilo que ela é e tudo quanto acredita” (DV 8). A autoridade reveladora de Jesus doa toda sua vitalidade. Assimilar e salvaguardar a Tradição da fé é missão da Igreja, o que não exclui a importância da razão iluminada pela fé ou a responsabilidade ativa dos fiéis. Sem memória, sem Tradição, não há autêntica vida cristã.

Dentro dessa transmissão da fé, ocupam lugar proeminente os “Padres da Igreja” e os escritores eclesiásticos dos primeiros séculos. Com a expressão “Padres da Igreja” designam-se aqueles que nos primeiros seis a sete séculos de vida cristã ilustraram a fé com seus escritos. Quatro são as notas que caracterizam um Padre da Igreja: santidade de vida; doutrina ortodoxa; reconhecimento do título por parte da Igreja; antigüidade, que chega a 604 (Gregório Magno) e a 636 (Isidoro de Sevilha) para o Ocidente, e a 749-50 (João Damasceno) para o Oriente. Os escritores deste período que não possuem alguma das notas referidas (p. ex., Tertuliano, Orígenes, Teodoreto de Ciro) são chamados “Escritores Eclesiásticos”.

Portanto, importa conhecer e expor tais escritos para participar da inteligência que seus autores tiveram da fé cristã. A obra desses escritores antigos testemunha a Tradição viva e vivificante, cujas raízes se transfundem na vida e na prática da Igreja crente e orante.

Demonstram que a teologia pode ser viva, plural e criativa, capaz, atenta e aberta às necessidades pastorais. Os grandes escritores dos primeiros séculos do cristianismo são comentadores da Sagrada Escritura, vigorosos polemistas contra os erros de seu tempo, tratadistas de dogma, espiritualidade e moral, mais ou menos sistemáticos, que exerceram e exercem considerável influxo sobre a Igreja.

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Carlos Martins Nabeto

Destacam-se pelo profundo sentido do mistério divino, pelo pensamento cristocêntrico e eclesial, num excelente exemplo de teologia unitária e orgânica. Os escritos do Período Patrístico são referência para pastoral, evangelização, teologia, história, liturgia, moral e espiritualidade.

É de grande importância o poder aproximar-se dessa herança proveniente dos escritores dos primeiros séculos. Colocar uma antologia de textos desse nível ao alcance do grande público é de valor indiscutível. Os cinco anos de pesquisa, coletânea e sistematização temática do autor reverterão em proveito dos leitores agradecidos.

Porto Alegre, 1º de agosto de 2007

Prof. Dr. Manoel Augusto Santos

Faculdade de Teologia – PUCRS

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INTRODUÇÃO GERAL “Os melhores intérpretes das

Sagradas Escrituras são os Padres da Igreja”

(João Paulo II) Ingressamos, há alguns anos, no Terceiro Milênio da Era Cristã mas, desde que o Senhor Jesus ascendeu aos céus (Mc. 16,19), centenas de milhões de pessoas têm se sensibilizado por sua palavra, por sua atitude, por seu amor... É fato que após a sua ressurreição, coube sempre à Igreja o múnus de proclamar o Evangelho por todo o mundo (Mt. 28,19), contando, para isso, com o infalível auxílio do Espírito Santo (Jo. 15,26; 16,13; At. 2).

Peregrina neste mundo, a Igreja não raras vezes tem se defrontado com obstáculos que tentam minar a fé e a unidade dos fiéis. Um dos ataques mais comuns contra a Igreja é aquele que a acusa de "deturpar a Palavra de Deus", visto que a Bíblia seria "silente" em tal ou qual ponto da doutrina ou disciplina... Surge daí, então, a dúvida: será que a Igreja Católica atual pode ser identificada com aquela Igreja à qual Cristo empregou o pronome possessivo "minha" (cf. Mt. 16,18)?

A resposta encontra-se claramente no Depósito da Fé confiado à Igreja...

DEPÓSITO DA FÉ: A TRADIÇÃO ESCRITA E A TRADIÇÃO ORAL Sabe-se, inquestionavelmente, que Jesus passou todo o seu ministério público ensinando as coisas de Deus Pai por viva voz, mediante a pregação oral, com exceção de uma única vez, quando escreveu, com o dedo, na terra (cf. Jo. 8,6); infelizmente, nessa oportunidade única, nenhum dos evangelistas documentou o que ele teria escrito no chão.

Igualmente, constata-se na Bíblia que Jesus jamais ordenou aos seus discípulos para que colocassem por escrito os seus ensinamentos, mas os convocou para que, assim como ele, pregassem o Evangelho a toda criatura (cf. Mc. 16,15), afirmando, ainda, que aqueles que ouvissem seus discípulos estariam ouvindo a Ele mesmo (cf. Lc. 10,16). Por isso, os primeiros escritos do Novo Testamento - as epístolas de São

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Paulo - começaram a surgir 20 anos após a ressurreição do Senhor (os primeiros evangelhos, no entanto, somente passaram a aparecer depois de 40 anos!). Percebe-se, assim, que os discípulos de Jesus obedeceram fielmente a sua ordem, primeiramente pregando e formando as primeiras comunidades, para só depois escrever e, mesmo assim, apenas quando necessário.

Com efeito, o próprio São Paulo deduz a existência de duas formas de Tradição: a oral (formada pela pregação de viva voz) e a escrita (composta pelo Antigo Testamento e os novos documentos cristãos produzidos segundo a necessidade), como lemos em 2Tes. 2,15. Em momento algum a Tradição escrita, consignada na Bíblia, rejeita a Tradição oral (cf. 2Tim. 1,13, 2Tes. 3,6), até porque reconhece-se explicitamente que nem todos os ensinamentos e feitos de Jesus poderiam caber dentro dos limites de qualquer livro (cf. Jo. 20,30; 21,25) e que somente a Igreja é "a coluna e o fundamento da Verdade" (1Tim. 3,15), já que ela obviamente detém, por Pedro, as chaves do Reino (cf. Mt. 16,19), podendo ligar e desligar as coisas no céu (Mt. 18,18), bem como conta com a assistência do Espírito Santo (cf. At. 2,4).

Daí a autoridade da Igreja para proclamar o Reino de Deus (v.tb. Mt. 18,17) e, inclusive, para estabelecer o verdadeiro cânon bíblico. Com efeito, quem estabeleceu o cânon do Antigo (com 46 livros) e do Novo Testamento (com 27 livros) para os cristãos foi a Igreja, no séc. IV, baseando-se na Tradição Oral dos primeiros cristãos. Por isso, quem nega o valor da Tradição Oral não pode nem acatar os livros da Bíblia, vez que esta, por si só, não relaciona os livros que devem ser aceitos como legítimos.

Por outro lado, boa parte daquilo que recebemos pela Tradição oral foi coletada e citada por muitos cristãos primitivos, cuja fé cristã autêntica não lhes pode ser negada ou reduzida, em seus respectivos escritos, que demonstram posições não contrárias à Bíblia ou complementares a esta. A autoridade de cada escritor, porém, está firmada sobre a sua erudição, santidade e ordem hierárquica.

Daí ser inegável a importância do período Patrístico para a Igreja cristã, pois foi durante os primeiros séculos da Era Cristã que não apenas a Igreja como a própria doutrina cristã se "desenvolveram", ou seja, foram melhor explicadas, compreendidas e aceitas por toda a Cristandade.

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O PERÍODO PATRÍSTICO Geralmente compreende-se o Período Patrístico entre o final do século I (com a morte do último Apóstolo, isto é, São João) e o século VIII, inclusive. Durante todo esse período, muitas perseguições e heresias surgiram e ameaçaram os fundamentos do Cristianismo, mas graças aos esforços empreendidos por diversos cristãos - de homens e mulheres rudes e figuras anônimas a grandes bispos e teólogos, versados nas Sagradas Letras (tradição escrita) e nas Tradições Apostólicas (tradição oral) -, a fé cristã não apenas triunfou sobre os seus perseguidores e detratores como também afastou de vez o perigo de se ver contaminada pelo veneno mortal das heresias.

Podemos, pois, classificar esses ilustres cristãos da seguinte maneira:

a) Padres da Igreja: São aqueles homens e mulheres de Deus que, segundo os estudiosos da Patrística, reúnem as seguintes características:

1) Doutrina Ortodoxa: não significa isenção total de erros, mas a fiel comunhão de doutrina com a Igreja universal;

2) Santidade de Vida: na forma como se cultuavam os santos na Antigüidade cristã;

3) Aprovação Eclesiástica: deduzida das deliberações e declarações eclesiásticas; e

4) Antigüidade: dentro do período acima considerado (séc. I-VIII d.C.)

b) Escritores Eclesiásticos: Cabe a todos os demais escritores-teólogos da Antigüidade Cristã, mesmo os que não refletem "doutrina ortodoxa" e "santidade de vida".

Isto posto, nota-se que o ensino unânime dos Padres é considerado pela Igreja como regra infalível de uma verdade de fé, já que, isoladamente, nenhum Padre da Igreja pode ser tido por infalível, exceto quando foi Papa ensinando ex cathedra, ou quando certa passagem de seu escrito foi aprovado por um Concílio Ecumênico.

OCASIÃO DA PRESENTE OBRA Conhecer os textos produzidos pelos primeiros cristãos além de nos ajudar a compreender melhor a nossa fé, também nos mostra que, hoje, muitas seitas voltam a pregar doutrinas já condenadas nos primórdios do Cristianismo. E se foram

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Carlos Martins Nabeto

reprovadas é porque não refletiam - e não refletem! - a verdadeira fé transmitida por Cristo à sua Igreja. Exatamente por isso, não é de se estranhar que muitas pessoas tenham retornado à Igreja de Cristo após estudar seriamente os textos produzidos no Período Patrístico.

Porém, embora já fosse possível encontrar em língua portuguesa algumas obras retratando personagens e ensinos ou até mesmo reproduzindo na íntegra escritos desse Período (v. Bibliografia, no final da presente obra), inexistia - até então - em nosso mercado editorial, uma obra que reproduzisse somente as passagens mais importantes de toda essa vasta produção literária, segundo uma abrangente ordem de matérias e submatérias afins. É justamente esse espaço que pretendemos preencher, "facilitando a vida", em especial, dos estudantes de Teologia, seminaristas, clérigos e catequistas...

Visando também demonstrar que a doutrina da Igreja permaneceu inalterada nestes dois mil anos de Cristianismo, apresentamos cada matéria e/ou submatéria citando ainda o(s) versículo(s) bíblico(s) correspondente(s), ainda que não exaustivamente, bem como reproduzimos o ensino oficial da Igreja, quer citando o Catecismo da Igreja Católica, quer - quando isto não for possível - reproduzindo um texto retirado de alguma obra de prestígio em nosso mercado editorial.

Apresentando, pois, mais de 1.600 citações dos primeiros padres e escritores da Igreja primitiva, pretendemos, por fim, tornar realidade, da forma mais simples possível, o desejo explicitamente manifestado pelos padres do Concílio Vaticano II (p.ex., decr. Presbyterorum Ordinis, nº 19). "Retornando" às fontes patrísticas, certamente estaremos adequando o nosso pensamento sobre as coisas de Deus com o ensinamento da Igreja dos primeiros tempos, solidificando a nossa fé de hoje e de sempre, já que o consenso unânime dos Padres da Igreja continua sendo considerado argumento decisivo em qualquer controvérsia teológica.

Carlos Martins Nabeto Aos 13 dias de Janeiro de 2005,

Festa de Santo Hilário de Poitiers (+367), bispo e doutor da Igreja.

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A FÉ CRISTÃ

A IGREJA DE CRISTO

Antes de mais, deve crer-se firmemente que a “Igreja, peregrina na terra, é necessária para a salvação. Só Cristo é

mediador e caminho de salvação; ora, Ele torna-se-nos presente no seu Corpo que é a Igreja; e, ao inculcar por palavras

explícitas a necessidade da fé e do batismo (cf. Mc 16,16; Jo 3,5), corroborou ao mesmo tempo a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo batismo tal como por uma porta”. Esta doutrina não se contrapõe à vontade salvífica universal de Deus (cf. 1Tim 2,4); daí “a necessidade de manter unidas estas duas verdades: a real possibilidade de salvação em Cristo para

todos os homens, e a necessidade da Igreja para essa salvação”.

A Igreja é “sacramento universal de salvação”, porque, sempre unida de modo misterioso e subordinada a Jesus Cristo

Salvador, sua Cabeça, tem no plano de Deus uma relação imprescindível com a salvação de cada homem.Para aqueles que não são formal e visivelmente membros da Igreja, “a salvação

de Cristo torna-se acessível em virtude de uma graça que, embora dotada de uma misteriosa relação com a Igreja, todavia

não os introduz formalmente nela, mas ilumina convenientemente a sua situação interior e ambiental. Esta

graça provém de Cristo, é fruto do seu sacrifício e é comunicada pelo Espírito Santo”. Tem uma relação com a Igreja, que por sua vez “tem a sua origem na missão do Filho e na missão do

Espírito Santo, segundo o desígnio de Deus Pai”.

(Declaração Dominus Iesus nº 20)

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Carlos Martins Nabeto

1. A Igreja

Na linguagem cristã, a palavra “Igreja” designa a assembléia litúrgica, mas também a comunidade local ou toda a comunidade universal dos crentes. Na verdade, estes três significados são inseparáveis. A Igreja é o Povo que Deus reúne no mundo inteiro. Existe nas comunidades locais e se realiza como assembléia litúrgica, sobretudo eucarística. Vive da Palavra e do Corpo de Cristo e ela mesma se torna, assim, Corpo de Cristo (CIC 752).

a) Foi instituída por Cristo “E eu te digo: tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja e nem as portas do Inferno prevalecerão

contra ela” (Mat. 16,18).

Cabe ao Filho realizar, na plenitude dos tempos, o plano de salvação do Seu Pai; este é o motivo da sua missão. O Senhor Jesus iniciou sua Igreja pregando a Boa-Nova, isto é, o advento do Reino de Deus prometido nas Escrituras havia séculos. Para cumprir a vontade do Pai, Cristo inaugurou o Reino dos Céus na terra. A Igreja é o Reino de Cristo já misteriosamente presente (CIC 763).

Hipólito de Roma

"Tu, que não deixaste sem administração o teu santuário; tu, que desde o início dos séculos te aprouveste em ser glorificado neste que escolheste, derrama agora a força que vem de ti, o Espírito de chefia que deste a teu Filho querido, Jesus Cristo, e que Ele concedeu aos santos Apóstolos, os quais constituíram por toda parte a tua Igreja, teu Templo, para glória e louvor perpétuo do teu nome. Pai, que conheces os corações, concede a este servo que escolheste para o episcopado, apascentar o teu santo rebanho e desempenhar irrepreensivelmente diante de ti o primado do sacerdócio, servindo-te noite e dia. Concede-lhe tornar incessantemente propícia a tua face, oferecer as oblações da tua santa Igreja e, com o espírito do sacerdócio superior, ter a faculdade de perdoar os pecados segundo a tua ordem, distribuir os cargos segundo o teu preceito;

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A FÉ CRISTÃ

dissolver quaisquer laços, segundo o poder que deste aos Apóstolos, ser do teu agrado pela ternura e pureza de coração, oferecendo-te um perfume agradável, por teu Filho Jesus Cristo, pelo qual a ti a glória, o poder e a honra, ao Pai e ao Filho, com o Espírito Santo na santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos. Amém'" (Tradição Apostólica 2,3).

* * *

b) Cristo é a Cabeça da Igreja “Cristo é a cabeça do corpo da Igreja” (Col. 1,18a).

Cristo “é a Cabeça do Corpo que é a Igreja” (Col. 1,18). Ele é o Princípio da criação e da redenção. Elevado na glória do Pai, “Ele tem em tudo a primazia” (Col. 1,18), principalmente sobre a Igreja, pela qual estende o seu Reino sobre todas as coisas (CIC 792).

Ambrósio de Milão

"Esta é a verdadeira lua. Da luz imorredoura do sol, seu astro irmão, ela recebe o brilho da imortalidade e da graça. De fato, a Igreja não reluz com luz própria, mas com a luz de Cristo. Ela busca seu esplendor no Sol da Justiça, para depois dizer: 'Eu vivo, mas não sou mais eu que vivo; é Cristo que vive em mim" (Hexaemeron 4,8,32).

João Crisóstomo

"Cristo não possui a graça por participação, mas Ele é a fonte mesma e a raiz de todos os bens; Ele é a própria vida, a própria luz, a própria verdade. Ele não guarda para Si a abundância dos seus dons, mas Ele os espalha sobre os seus membros e, após os ter espalhado, continua cheio de graças. Ele nada perde ao distribuir, mas, dando incessantemente e comunicando os bens a todos, Ele guarda a mesma pleniturde (...) Se tiramos uma gota do mar, o mar é empobrecido, por melhor que ele seja; mas a respeito dessa fonte (=Jesus), não se pode dizer o mesmo; podemos aí haurir tanto quanto queiramos, a fonte permanece rica, sem perda alguma (Homilia sobre o Evangelho de João 14)".

Agostinho de Hipona

"Eis o Cristo total, Cabeça e Corpo, um só formado por

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Carlos Martins Nabeto

muitos (...) Quer seja cabeça a falar, quer os membros, é sempre Cristo quem fala. Fala na pessoa da Cabeça, fala na pessoa do Corpo, conforme o que está escrito: 'Serão dois em uma só carne. Eis um grande mistério: refiro-me a Cristo e à Igreja' (Ef. 5,31-32). E o próprio Senhor diz no Evangelho: 'Já não são dois, mas uma só carne' (Mat. 19,6). Como vistes, há de fato duas pessoas diferentes e, todavia, elas constituem uma só coisa no amplexo conjugal. Na qualidade de Cabeça, Ele se diz 'Esposo'; na qualidade de Corpo [a Igreja] se diz 'Esposa'" (Comentário ao Salmo 74,4).

"É absolutamente necessário, para compreender a Escritura, pensar no Cristo total e completo, isto é, Cabeça e membros. Quando Ele fala é, por vezes, em nome da Cabeça só (...), por vezes é em nome do seu Corpo, que é a Igreja espalhada por toda a terra (...) O Cristo mesmo disse: ‘Não são mais duas carnes, mas uma só’. Haverá, então, como se surpreender se, não tendo senão uma só carne, não tem senão uma só língua dizendo as mesmas palavras?" (Comentário ao Salmo 37,6).

Anastácio do Sinai

"Que jamais te eclipses na escuridão da lua nova, ó Lua sempre irradiante! Ilumina-nos o caminho por entre a impenetrável escuridão das Escrituras! Que jamais deixeis, ó Esposa e Companheira de viagem do Sol que é Cristo, o qual, como consorte da lua, te envolve na sua luz; sim, que jamais deixes de enviar-nos, da parte Dele, os teus raios luminosos, a fim de que Ele, por Si mesmo e através de ti, transmita às estrelas a Sua luz, acendendo-as de ti e por ti" (Anagogica Contemplatio in Hexaemeron 4).

Papa Gregório I Magno de Roma

"Nosso Redentor mostrou-se como uma só pessoa com a Santa Igreja, que ele assumiu" (Mor. Praef. 1,6,4).

* * *

c) É o Corpo de Cristo “Ora, vós sois corpo de Cristo e membros de membros”

(1Cor. 12,27).

A comparação da Igreja com o Corpo projeta uma luz sobre os laços íntimos entre a Igreja e Cristo. Ela não é somente congregada em torno d’Ele, no Seu Corpo. Cabe destacar mais

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A FÉ CRISTÃ

especificamente três aspectos da Igreja-Corpo de Cristo: a unidade de todos os membros entre si pela união com Cristo (Gal. 3,27-28); Cristo cabeça do Corpo (Col. 1,18); e a Igreja Esposa de Cristo (Mc. 2,19; Ef. 5,26) (CIC 789).

Tertuliano de Cartago

"O corpo não pode estar bem quando um de seus membros está mal: todo ele sofre e todo ele deve trabalhar para a cura. Onde estejam um ou dois fiéis, aí está a Igreja. Ora, a Igreja é Cristo. Quando, pois, te prostras aos joelhos de teus irmãos, é o Cristo que tu agarras, é ao Cristo que tu rogas. Assim também quando eles rezam por ti, é o Cristo que sofre, é o Cristo que ora ao Pai por ti" (Da Penitência 10,5).

Orígenes de Alexandria

"Tocar na Igreja é tocar na carne de Cristo".

"Jesus não quer, sem ti, receber a glória total; Ele não o quer sem o seu povo, que é o seu Corpo e que é os seus membros. Com efeito, Ele quer, nesse Corpo da Igreja e nesses membros do seu povo, habitar como se fosse a alma respectiva (=mediante os sacramentos), para que todos os movimentos e todas as obras se façam segundo a Sua vontade. Assim se cumprirá em nós a palavra do Profeta: ‘Habitarei neles e caminharei entre eles’ (Lv. 26,11). Somos seus membros de maneira ainda incompleta e seus ossos de maneira também incompleta. Outrora, cada um desses ossos era miserável, esmagado pela mão de um mais forte. Não tinha a articulação da caridade, nem os nervos da paciência, nem as veias dos espíritos vitais, nem o vigor da fé. Mas quando veio Aquele que devia reunir o que estava disperso e congregar o que estava disseminado, unindo osso a osso e a articulação, Ele começou a construir o Santo Corpo da Igreja" (Homilia sobre o Levítico 7,2).

Gregório de Nissa

"Integrados todos no único Corpo de Cristo por participação, tornamo-nos um só Corpo: o Corpo dele. Quando todos nós formos perfeitos e unidos a Deus, então todo o Corpo de Cristo será sujeito ao poder vivificante de Deus. A sujeição desse Corpo é tida como a sujeição do próprio Filho, pois este é unido ao seu Corpo que é a Igreja" (In Illud: Tunc Ipse Filius Subjicietur).

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"Já que Ele está em todos, Ele mesmo recebe em Si todos aqueles que lhes são unidos pela comunhão de seu Corpo; Ele os faz todos membros do seu Corpo, de tal modo que a multidão dos membros constitui um só Corpo. Tendo-nos assim unido a Si e tendo-se Ele unido a nós, e em tudo tendo-se tornado um conosco, Ele torna seu tudo o que é nosso. Ora, a síntese de nossos bens é a sujeição a Deus, que propicia a concórdia entre todas as criaturas (...) Desta maneira, todas as criaturas se tornam um só Corpo, todos são enxertados uns nos outros e o Cristo faz sua a obediência que este Corpo presta ao Pai" (In Illud: Tunc Ipse Filius Subjicietur).

João Crisóstomo

"Os membros, por mais numerosos que sejam, pertencem a um único Corpo; mas o único Corpo são esses numerosos membros e esses numerosos membros são o próprio Corpo único. Se os numerosos são o único e se o único são os numerosos, onde ficam as diferenças entre os membros? Onde fica o superior? Onde o inferior? Tudo é um, não por uma unidade ordinária, mas segundo uma ordem admirável; o todo (=os fiéis), na medida em que é o Corpo, é um só (=a Igreja)".

Agostinho de Hipona

"Nós (=Igreja) somos o Corpo daquela Cabeça! Será que somente nós o somos e não o foram também os que viveram antes de nós? Todos aqueles que, desde o início dos séculos, foram justos, têm Cristo como Cabeça. Creram de fato que viria Aquele que nós cremos já ter vindo" (Comentário ao Salmo 36,3,4).

"Eis o Cristo total, Cabeça e Corpo, um só formado por muitos (...) Quer seja cabeça a falar, quer os membros, é sempre Cristo quem fala. Fala na pessoa da Cabeça, fala na pessoa do Corpo, conforme o que está escrito: 'Serão dois em uma só carne. Eis um grande mistério: refiro-me a Cristo e à Igreja' (Ef. 5,31-32). E o próprio Senhor diz no Evangelho: 'Já não são dois, mas uma só carne' (Mat. 19,6). Como vistes, há de fato duas pessoas diferentes e, todavia, elas constituem uma só coisa no amplexo conjugal. Na qualidade de Cabeça, Ele se diz 'Esposo'; na qualidade de Corpo [a Igreja] se diz 'Esposa'" (Comentário ao Salmo 74,4).

"O que é o nosso espírito, isto é a nossa alma em relação

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aos nossos membros, assim é o Espírito Santo em relação aos membros de Cristo, ao corpo de Cristo que é a Igreja" (Sermão 267,4).

Cirilo de Alexandria

"Jesus Cristo é uno. Contudo, representam-no como um feixe denso (Lv. 23,10); de fato, Ele é tal porque contém em Si todos os fiéis por uma união espiritual (...) Não disse Ele mesmo ao Seu Pai: ‘Quero que, como Tu e Eu somos um, assim sejam eles em Nós’? (...) O Senhor é um feixe porque Ele nos traz todos em Si (...) e Ele é a primícia da humanidade consumada na fé (...) Por isso, quando o Senhor voltou à vida e, com um gesto, Ele se ofereceu a Deus, seu Pai, como primícia da humanidade (...) fomos transformados numa vida nova" (Glaphyra in Números).

"Para nos unir, para nos fundir na unidade com Deus e entre nós, embora sejamos personalidades distintas por nossos corpos e nossas almas, o Filho único inventou um meio (...) Por um só Corpo, seu próprio Corpo, Ele abençoa seus fiéis na comunhão mística (=Eucaristia), fazendo-os concorpóreos consigo e entre eles (...) Eis porque a Igreja é chamada Corpo de Cristo e nós seus membros" (In Joannem 11).

Hilário de Poitiers

"Mediante esse Corpo [de Cristo] acha-se contida n’Ele toda a humanidade. Por essa forma de reunião de todos os homens n’Ele, Ele é como uma cidade e nós, pela união à sua Carne, somos os respectivos habitantes" (Comentário sobre o Evangelho de Mateus 4,12).

"Ele (=Jesus) nos renova numa vida nova; Ele nos transforma em um novo homem, colocando-nos no Corpo da sua Carne. Com efeito, é Ele a Igreja; pelo mistério do seu Corpo, Ele a contém toda em Si mesmo" (In Psalmum 125).

Papa Leão I Magno de Roma

"Considerai atentamente, caríssimos, sob a luz do Espírito Santo, quem nos recebeu em si e quem recebemos em nós. Sim, como o Senhor se tornou carne nossa nascendo, também nós nos tornamos seu Corpo renascendo. Somos membros de Cristo e templos do Espírito Santo; por isso, diz o Apóstolo: ‘Glorificai e trazei a Deus o vosso corpo’ (1Cor. 6,20). Apresentando-nos o exemplo de sua

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humildade e mansidão, o Senhor comunica-nos aquela mesma força com que nos remiu, conforme prometeu: ‘Vinde a Mim, vós todos que trabalhais e estais sobrecarregados, e Eu vos aliviarei (...) Tomai o meu jugo sobre vós e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis repouso para as vossas almas’ (Mt. 11,28-29). Tomemos, portanto, o jugo, em nada pesado, em nada áspero, da Verdade que nos guia e imitemos Aquele a cuja glória queremos ser configurados" (Sermão 23).

* * *

d) A relação entre Cristo e sua Igreja “Ninguém aborreceu jamais a sua própria carne, mas

nutre-a e cuida dela, como também Cristo o faz à Igreja” (Ef. 5,29).

A unidade entre Cristo e a Igreja, Cabeça e membros do Corpo, implica também a distinção dos dois em uma relação pessoal. Este aspecto é muitas vezes expresso pela imagem do Esposo e da Esposa. O tema de Cristo Esposo da Igreja foi preparado pelos profetas e anunciado por João Batista (Jo. 3,29). O Senhor mesmo designou-se como “o Esposo” (Mc. 2,19). O Apóstolo apresenta a Igreja e cada fiel, membro do Seu Corpo, como uma esposa “desposada” com Cristo Senhor, para ser com Ele um só Espírito. Ela é a esposa imaculada do Cordeiro imaculado, a qual Cristo “amou, pela qual Se entregou a fim de santificá-la” (Ef. 5,26), que associou por Si, por uma Aliança eterna, e da qual não cessa de tomar cuidado como do Seu próprio Corpo (CIC 796).

Agostinho de Hipona

"Ora por nós como nosso sacerdote; ora em nós como nossa cabeça; e oramos a Ele (=Jesus) como a nosso Deus. Reconhecemos nele a nossa voz e a vós dele em nós" (Comentário ao Salmo 85,1).

"O Corpo (=Igreja) e a Cabeça (=Jesus) formam o Cristo Total (...) Temos uma cabeça divina, temos a Deus por cabeça" (De Unitate Ecol. 4,7).

Papa Gregório I Magno de Roma

Nosso Redentor mostrou-se como uma só pessoa com a Santa Igreja que Ele assumiu".

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A FÉ CRISTÃ

* * *

e) Deve ser amada pelos fiéis “Além dessas coisas exteriores, tenho também a minha preocupação cotidiana: o cuidado de todas as igrejas”

(2Cor. 11,28).

Sendo Cristo enviado pelo Pai a fonte e a origem de todo apostolado na Igreja, é evidente que a fecundidade do apostolado, tanto o dos ministros ordenados como o dos leigos, depende da sua união vital com Cristo. De acordo com as vocações, os apelos da época, os dons variados do Espírito Santo, o apostolado assume as fórmulas mais diversas. Mas é sempre a caridade, haurida sobretudo na Eucaristia, que é como que a alma de todo apostolado (CIC 864).

Cipriano de Cartago

"Ninguém pode ter a Deus por Pai se não tiver a Igreja por Mãe" (Da Unidade da Igreja).

Agostinho de Hipona

"Onde está a Igreja, aí está o Espírito de Deus. Na medida que alguém ama a Igreja é que possui o Espírito Santo. Fazei-vos Corpo de Cristo se quereis viver do Espírito de Cristo. Somente o Corpo de Cristo vive do seu Espírito".

* * *

f) É santa “Cristo apresentará a Si mesmo esta Igreja gloriosa,

sem mácula, nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e imaculada” (Ef. 5,27).

A Igreja é, aos olhos da fé, indefectivelmente santa. Pois Cristo, Filho de Deus, que com o Pai e o Espírito Santo é proclamado o “único Santo”, amou a Igreja como sua Esposa. Por ela se entregou com o fim de santificá-la. Uniu-a a si como seu corpo e cumulou-a com o dom do Espírito Santo, para a glória de Deus. A Igreja é, portanto, “o Povo de Deus”, e seus membros são chamados “santos” (CIC 823).

Inácio de Antioquia

"[A Igreja foi] predestinada antes dos séculos a existir em

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todo o tempo, unida para uma glória imperecível e imutável" (Epístola aos Efésios, Prólogo).

Ireneu de Lião

"Com efeito, é à própria Igreja que foi confiado o Dom de Deus. É nela que foi depositada a comunhão com Cristo, isto é, o Espírito Santo, penhor da incorruptibilidade, confirmação da nossa fé e medida da nossa ascensão para Deus. Pois lá onde está a Igreja, ali também está o Espírito de Deus; e lá onde está o Espírito de Deus, ali está a Igreja e toda graça" (Contra as Heresias 3,24,1).

Clemente de Alexandria

"Que estupendo mistério! Há um único Pai do universo; um único Logos do universo e também um único Espírito Santo, idêntico em todo lugar. Há também uma única virgem que se tornou Mãe e me agrada chamá-la de Igreja" (Paed. 1,6).

Hipólito de Roma

"A Igreja é o lugar onde floresce o Espírito".

* * *

g) É pecadora “Se dissermos que não pecamos, fazemos de Jesus

mentiroso e Sua Palavra não está em nós” (1Jo. 1,10).

Mas enquanto Cristo, santo, inocente, imaculado, não conheceu o pecado, mas veio apenas para expiar os pecados do pvo, a Igreja, reunindo em seu próprio seio os pecadores, ao mesmo tempo santa e sempre necessitada de purificar-se, busca sem cessar a penitência e a renovação. Todos os membros da Igreja, inclusive os seus ministros, devem reconhecer-se pecadores. Em todos eles, o joio do pecado continua ainda mesclado ao trigo do Evangelho até o fim dos tempos. A Igreja reúne, portanto, pecadores presos pela salvação de Cristo, mas ainda em via de santificação (CIC 827).

Inácio de Antioquia

"Que ninguém nutra rancor algum contra o próximo e que não deis, por causa da tolice de poucos, pretexto de calúnias à multidão que vive em Deus" (Epístola aos Tralianos 8).

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A FÉ CRISTÃ

Cipriano de Cartago

"O fato de brotarem no seio da Igreja cardos e espinhos não deve abalar a nossa fé, nem arrefecer a nossa caridade, afastando-nos também da Igreja. O que devemos é esforçar-nos mais e mais para sermos verdadeiros trigos e para nos tornarmos mais e mais fecundos com o nosso trabalho" (Epístola 51).

"O fiel, atento ao Evangelho, não se escandaliza por ver alguns homens ativos abandonarem a Igreja, pois até mesmo Jesus Cristo foi abandonado por alguns de seus discípulos" (Epístola 51).

Agostinho de Hipona

"Quanto ao ministro orgulhoso, entrou nas fileiras do diabo. Mas nem por isso o dom de Cristo é profanado. Tudo que dele provém conserva sua pureza; o que passa por Ele continua límpido e cai em terra fértil (...) Na verdade, a virtude espiritual do sacramento se assemelha à luz: os que devem ser iluminados a recebem em sua pureza; ainda que tenha que atravessar por seres manchados, ela não se contamina" (Comentário sobre o Evangelho de João 5,15).

* * *

h) É católica “Será pregado este evangelho do Reino por todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então

chegará o fim” (Mat. 24,14).

A Igreja é católica porque nela Cristo está presente (...) Nela subsiste a plenitude do Corpo de Cristo unido à sua Cabeça, o que implica que ela recebe d’Ele a plenitude dos meios de salvação que Ele quis: confissão de fé correta e completa, vida sacramental integral e ministério ordenado na sucessão apostólica. Neste sentido fundamental, a Igreja era católica no dia de Pentecostes e o será sempre, até ao dia da Parusia. Ela é católica porque é enviada em missão por Cristo à universalidade do gênero humano: todos os homens são chamados a pertencer ao novo Povo de Deus. Por isso, este Povo, permanecendo uno e único, deve estender-se a todo o mundo e por todos os tempos, para que se cumpra o desígnio da vontade de Deus, que no início formou uma só natureza humana e, finalmente, decretou congregar seus filhos que estavam dispersos (...) Este caráter de universalidade que marca o Povo de Deus é um dom

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do próprio Senhor, pelo qual a Igreja Católica, de maneira eficaz e perpétua, tende a recapitular toda a humanidade com todos os bens sob Cristo Cabeça, na unidade do Seu Espírito (CIC 830, 831).

Inácio de Antioquia

"Considerai legítima a Eucaristia realizada pelo bispo ou por alguém que foi encarregado por ele. Onde aparece o bispo, aí esteja a multidão, do mesmo modo que onde está Cristo Jesus, aí está a Igreja Católica" (Epístola aos Esmirnenses 8,1b-2).

Abércio de Hierápolis

"Me chamo Abércio. Sou discípulo de um santo Pastor, que leva seus rebanhos de ovelhas a pastarem nas montanhas e nas planícies, e que tem grandes olhos, que a tudo atingem. Foi Ele que me ensinou as Escrituras dignas de fé. Foi ele que me enviou a Roma, para contemplar a majestade soberana (=papa) e para ver uma rainha de vestes e de sapatos de ouro (a Igreja de Roma). Vi também a planície da Síria e todas as cidades; Nísibes do outro lado do Eufrates. Em todos os lugares, a fé foi o meu guia. Ela sempre me serviu como alimento um peixe de fonte (=a Eucaristia), muito grande, muito puro, pescado por uma Virgem santa (=a Igreja); ela possui um vinho maravilhoso, que oferece como bebida juntamente com o pão. Mandei escrever estas coisas, eu, Abércio, com a idade de 72 anos. Que o irmão que as compreende ore por Abércio" (Epitáfio de seu túmulo).

Ireneu de Lião

"Esta é a doutrina que a Igreja recebeu e esta é a fé que, mesmo dispersa no mundo inteiro, a Igreja guarda com zelo e cuidado, como se tivesse a sua sede numa única casa; e todos são unânimes em crer nela, como se ela tivesse uma só alma e um só coração; esta fé ela anuncia, ensina, transmite como se falasse uma só língua. As línguas faladas no mundo são diversas, mas a força da tradição, em toda parte, é a mesma. As Igrejas fundadas na Germânia não têm outra fé e outra tradição; diga-se o mesmo das Igrejas fundadas na Espanha, entre os celtas, no Oriente, no Egito, na Líbia, ou no centro do mundo, que é a Palestina. Da mesma forma que o Sol, criatura de Deus, é um só e é

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idêntico em todo o mundo, assim também o ensino da verdade, que brilha em toda parte e ilumina a todos os homens que querem chegar ao conhecimento da verdade (1Tim 3,15): é sempre o mesmo" (Contra as Heresias 1,9).

"Com efeito, a Igreja espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra recebeu dos apóstolos e seus discípulos a fé em um só Deus, Pai onipotente, que fez o céu e a terra, o mar e tudo quanto nele existe; em um só Jesus Cristo, Filho de Deus, encarnado para nossa salvação; e no Espírito Santo que, pelos profetas, anunciou a economia de Deus" (Contra as Heresias 1,10,1).

Clemente de Alexandria

"Só há uma Igreja antiga e é a Igreja Católica. Das heresias, umas se chamam pelo nome dos homens que as fundaram: Valentino, Marcião, Basílides etc.; outras, pelo lugar de onde vieram, como os peráticos; outras, do povo, como a heresia dos frígios; outras, de alguma operação, como os encratistas; outras, de seus próprios ensinamentos, como os docetas, os hematistas" (Stromata 1,7,15).

Orígenes de Alexandria

"Se considerarmos os progressos imensos do Evangelho em alguns anos, apesar da perseguição e dos suplícios, da morte e do confisco, e a despeito do pequeno número de pregadores, a Palavra foi anunciada por toda a terra. Gregos e bárbaros, sábios e insensatos, todos aderiram à religião de Jesus. Não podemos duvidar de que tal coisa supera as forças do homem, pois Jesus ensinou com toda a autoridade e com toda a persuasão necessárias para que a Palavra se impusesse" Dos Princípios 4,1,2).

Cirilo de Jerusalém

"Católica ou universal chama-se a Igreja porque se espalhou de um extremo a outro de todo o orbe da terra; porque ensina universalmente e sem falha todos os artigos de fé que os homens precisam conhecer, seja sobre as coisas visíveis ou as invisíveis, seja as celestes ou as terrestres; porque reúne no verdadeiro culto o gênero humano inteiro, autoridades e súditos, doutos e ignorantes; enfim, porque cura e sana em todo o universo qualquer espécie de pecado cometido pela alma e pelo corpo; porque ela possui tudo, toda a virtude, seja qual for o nome que se

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Carlos Martins Nabeto

lhe dê, nas ações e nas palavras, bem como toda a variedade dos dons espirituais (...) Igreja 'católica' é o nome desta santa Mãe de todos nós".

"Se algum dia peregrinares pelas cidades, não indagues simplesmente onde está a Casa do Senhor porque também as seitas (...) e heresias querem dar o título de 'Casas do Senhor' às suas espeluncas. Nem perguntes simplesmente onde está a Igreja, mas onde está a Igreja Católica; este é o título próprio desta Santa Mãe de todos nós, que também é a esposa de Nosso Senhor Jesus Cristo" (Da Instrução aos Catecúmenos 18,26).

Optato de Milevi

"Vós, irmão Parmeniano, andaste dizendo que a Igreja existe somente onde estais vós, se não talvez porque, com vossa soberba, presumis atribuir-vos uma santidade totalmente única, a ponto de pretender que a Igreja esteja onde quereis e não esteja onde não quereis. Mas então, mesmo que se admita que ela possa se encontrar numa parte restrita da África, num canto de uma pequena região, por que não poderia estar conosco e em outra parte da África? Por que não poderia estar na Espanha. na Gália, na Itália?" (Da Verdadeira Igreja 2,1).

Epifânio de Salamina

"Há um caminho real, que é a Igreja Católica, e uma só senda da verdade" (Haer. 59,12).

João Crisóstomo

"Eles (=cristãos bárbaros) são nossos irmãos e membros do corpo da Igreja (...) Não vamos nos prender ao modo de falar que usam em relação ao nosso; vamos cuidar, antes, de procurar a sabedoria de suas almas. Não vamos nos prender à língua bárbara que usam (...) Eles procuram pôr em prática estes preceitos, eles falam uma língua mais eloqüente que os discursos (...) Não vamos reparar somente no seu modo exterior de vestir e na língua que falam, desprezando muito rápido a virtude deles" (Catequese batismal 8,2-4).

Firmiliano da Capadócia

"Há uma só esposa de Cristo, que é a Igreja Católica" (Epístola 14).

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A FÉ CRISTÃ

Jerônimo

"Nasci cristão, de pais cristãos. Desde o berço fui nutrido com o leite católico".

Nicetas de Remesiana

"Crê, pois, que conseguirás a comunhão dos santos nesta única Igreja: a Igreja Católica, estabelecida em todo o orbe da terra e cuja comunhão deves conservar firmemente" (Explanação do Símbolo 10).

Agostinho de Hipona

"A grande Igreja será porventura uma exígua parte da terra? A grande Igreja é o mundo inteiro (...) Onde quer que te dirijas, aí está Cristo. 'Tens por herança os confins da terra. Vem! Toma posse dela toda comigo'" (Comentário ao Salmo 21,2,26.30).

"Devemos seguir aquela religião cristã, a comunhão daquela Igreja que é católica e que é chamada 'católica' não apenas pelos seus [fiéis] como também por seus inimigos" (Da Verdadeira Religião 7,12).

"Ó Igreja Católica, verdadeira mãe dos cristãos: não somente tu nos elevas acima das criaturas, acima desta vida passageira, unindo-nos ao culto puríssimo e castíssimo do único Deus, fonte de vida feliz e eterna, mas tu pregas também o amor aos homens e ofereces remédios, maravilhosamente apropriados às diferentes doenças que o pecado semeou nas almas" (De moribus ecclesiae catholicae 1,30,62-64).

Decreto Gelasiano

"A Igreja Católica, apostólica e romana não reconheceu as proposições escritas ou apregoadas pelos hereges e cismáticos" (DS 354).

Isidoro de Sevilha

"Católica, universal significa segundo a totalidade, não como os grupinhos de heréticos limitados a certas regiões, mas difundida por todo o orbe da terra" (Etym. 8,1,1).

* * *

i) Prega o Reino de Deus na terra “Está completo o tempo e aproxima-se o Reino de Deus. Fazei penitência e crede no Evangelho” (Mc.

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Carlos Martins Nabeto

1,14).

Enviada por Deus às nações para ser o sacramento universal da salvação, esforça-se a Igreja por anunciar o Evangelho a todos os homens: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mat. 28,19-20) (CIC 849).

Hermas de Roma

"O mundo foi criado em vista da Igreja" (O Pastor, Visão 2,4,1).

João Crisóstomo

"No velho mundo, o rico preparava uma mesa esplêndida e desfrutava mais dos deleites, enquanto o pobre se via impedido, pela pobreza, de ostentar semelhante liberalidade. Mas aqui nada disso ocorre: uma só é a mesa do rico e do pobre (...) Até mesmo o próprio imperador e um mendigo que esteja sentado para pedir esmolas têm posta uma única mesa. E assim, quando vires na Igreja o pobre com o rico, o particular com o magistrado, o plebeu com o magnata, o que lá fora tremia diante do príncipe, unido com ele aqui dentro sem temor algum, devereis pensar que chegou o momento em que se encontrou o cumprimento daquela profecia: 'Então o lobo morará com o cordeiro' (Is 11,6)" (Homilia contra os que se Embriagam e a Ressurreição de Cristo 3).

* * *

j) Não há salvação fora dela “Quem vos ouve, a mim me ouve; e quem vos rejeita, a mim me rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita

Aquele que me enviou” (Luc. 10,16).

Apoiada na Sagrada Tradição, [o Concílio] ensina que esta Igreja peregrina é necessária para a salvação. O único mediador e caminho da salvação é Cristo, que se nos torna presente no Seu Corpo, que é a Igreja. Ele, porém, inculcando com palavras expressas a necessidade da fé e do batismo, ao mesmo tempo confirmou a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo batismo, como que por uma porta. Por isso, não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a Igreja Católica foi

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A FÉ CRISTÃ

fundada por Deus, através de Jesus Cristo, como instituição necessária, apesar disso não quiserem nela entrar ou então perseverar (CIC 846).

Ireneu de Lião

"Não se deve procurar em outros a verdade que é fácil receber da Igreja, pois os Apóstolos acumularam nela, como num rico tesouro, do modo mais pleno, tudo o que diz respeito à Verdade, a fim de que todo aquele que desejar busque junto dela a bebida da Vida. Pois é ela a entrada da Vida, enquanto todos os outros são ladrões e saqueadores" (Contra as Heresias 3,4,1).

"À Igreja foi entregue a comunhão com Cristo, isto é, o Espírito Santo, penhor da incorruptibilidade, confirmação de nossa fé e escada de nossa ascensão para Deus; foi dito: 'Na Igreja Deus colocou apóstolos, profetas, doutores' (1Cor 12,1) e tudo o mais que pertence à operação do Espírito. Deste Espírito se excluem os que, recusando-se a aderir à Igreja, se privam a si mesmos da vida, por suas falsas doutrinas e depravadas ações. Porque onde está a Igreja, aí está o Espírito de Deus; e onde está o Espírito de Deus, aí está a Igreja e toda graça. Ora, o Espírito é verdade; assim, os que dele não participam são também os que não estão sendo nutridos e vivificados pelos peitos da Mãe, os que não têm parte na fonte límpida que brota do Corpo de Cristo, os que 'escavam cisternas dessecadas' (Jer. 2,13), buracos na terra, os que bebem a água poluída do pântano. Eles fogem da Igreja para não serem desmascarados e rejeitam o Espírito para não serem instruídos. Tornando-se estranhos à verdade, é fatal que se precipitem em todo erro e pelo erro sejam sacudidos; fatal que pensem a cada momento diversamente sobre as mesmas coisas, nunca tendo doutrina estável, sendo sofistas de palavras mais que discípulos da verdade, porque não estão fundados sobre a única Rocha, mas sobre a areia, a areia dos muitos saibros" (Contra as Heresias 3,24).

"Os que abandonam a pregação da Igreja e acusam de ignorância os santos presbíteros não percebem que muito mais vale ser homem simples, mas religioso, do que filósofo sutil, mas blasfemo e atrevido. Assim são os hereges ao pretenderem descobrir algo além da verdade. Os que adotam as doutrinas heréticas (...) seguem caminhos

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Carlos Martins Nabeto

vários, múltiplos, inseguros, não tendo as mesmas sentenças acerca das mesmas coisas. São como cegos conduzidos por cegos, para caírem merecidamente na cova da ignorância, aberta sob seus pés. Estão sempre procurando sem jamais encontrarem a verdade" (Contra as Heresias 5,2,29).

Clemente de Alexandria

"Assim como a vontade de Deus é um ato e se chama mundo, assim também sua intenção é a salvação dos homens e se chama Igreja" (Paed. 1,6).

Hipólito de Roma

"Que, portanto, cada um seja diligente em vir à Igreja, o lugar onde floresce o Espírito Santo" (Tradição Apostólica 41).

Cipriano de Cartago

"A Esposa de Cristo não pode adulterar. Ela é fiel e casta: não conhece mais que uma só casa, guarda com casto pudor a santidade do único tálamo. Ela nos conserva para Deus, entrega ao reino os filhos que gerou. Aquele que se separa dela saiba que se junta com uma adúltera e que as promessas da Igreja já não o alcança. Aquele que abandona a Igreja não espere que Jesus Cristo o recompense. É um estranho, um proscrito, um inimigo. Não pode ter Deus por Pai no céu quem não tem a Igreja por Mãe na terra. Se alguém se pôde salvar dos que ficaram fora da arca de Noé, também se salvará os que estiverem fora da Igreja. O Senhor nos admoesta e diz: 'Quem não está comigo está contra mim e quem não se ajunta comigo, dispersa' (Mt 12,30). Torna-se adversário de Cristo quem rompe a paz e a concórdia de Cristo; aquele que noutra parte recolhe, fora da Igreja dispersa a Igreja de Cristo" (Da Unidade da Igreja 6).

"Fora da Igreja não há salvação" (Epístola 73,21).

Teófilo de Antioquia

"Deus proporcionou (...) lugares de reunião, chamados 'santas igrejas', nas quais (...) ocorrem os ensinamentos da verdade; nelas se refugiam aqueles que querem se salvar" (A Autólico 2,4).

Lactâncio

"Só a Igreja Católica é que conserva o verdadeiro culto.

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A FÉ CRISTÃ

Esta é a fonte da Verdade, o domicílio da fé, o Templo de Deus".

Cirilo de Jerusalém

"Conservai invioláveis estas tradições (=o culto da missa), guardai-as sem falha. Não vos aparteis da comunidade, nem vos contamines pelo pecado, pra não vos privardes dos mistérios sagrados e espirituais" (Catequese Mistagógica 5).

Atanásio de Alexandria

"Se os inimigos de Cristo tivessem bem compreendido isto e se tivessem conhecido o que é a razão de ser da Igreja como âncora da fé, não teriam naufragado na fé" (Contra os Arianos 3,58).

João Crisóstomo

"Não te afastes da Igreja: nada é mais forte do que ela; ela é a tua esperança, o teu refúgio; ela é mais alta que o céu e mais vasta que a terra. Ela nunca envelhece".

Agostinho de Hipona

"Parece-me salutar fazer essas recomendações aos jovens estudiosos, inteligentes e tementes a Deus, que procuram a vida bem-aventurada, que não se arrisquem sob o pretexto de tender à vida feliz e que não se dediquem temerariamente a seguir doutrina alguma das que se praticam fora da Igreja de Cristo".

"Essa é, em nossos tempos, a religião cristã; e em conhecê-la e segui-la está a salvação segura e certíssima".

"Queres viver do Espírito de Cristo? Deves estar no corpo de Cristo (=Igreja) (...) Quem quer viver tem de onde viver, tem de que viver. Que se aproxime, creia, passe a fazer parte do Corpo e será vivificado. Que não desconsidere pertencer ao conjunto dos membros, que não seja um membro infectado a ser amputado, que não seja um membro disforme de que precise se envergonhar" (Comentário sobre o Evangelho de João 26,13).

"Fora deste corpo, isto é, da Igreja, o Espírito Santo a ninguém salva".

"Fora da Igreja é possível tudo, exceto a salvação. É possível ter honras, é possível ter sacramentos, é possível cantar aleluias, é possível responder 'amém', é possível possuir o Evangelho, é possível ter fé no nome do Pai e do

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Filho e do Espírito Santo, e pregar; mas em nenhum lugar, senão na Igreja Católica, é possível encontrar a salvação".

"Enquanto alguém está unido ao Corpo, pode-se esperar a cura; mas, quando se separa, não há mais remédio, não há mais esperança" (Epístola 53,1).

Papa Leão I Magno de Roma

"Quem se aparta da confissão da verdade, muda de caminho e o percurso inteiro se torna afastamento. Tanto mais próximo da morte estará quanto mais distante da luz católica".

Fulgêncio de Ruspe

"Acredita muito firmemente e não duvides de que não somente todos os pagãos mas também todos os judeus e todos os hereges e cismáticos que terminarem a vida presente fora da Igreja Católica, irão para o fogo eterno preparado para o diabo e seus anjos" (Da Fé de Pedro 38,79).

(Nota: obviamente, desde que haja culpa consciente ou obstinação na incredulidade).

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A FÉ CRISTÃ

2. Igreja Apostólica

A Igreja é apostólica por ser fundada sobre os Apóstolos e isto em um tríplice sentido: (1) ela foi e continua sendo construída sobre o fundamento dos Apóstolos (Ef. 2,20; At. 21,14), testemunhas escolhidas e enviadas em missão pelo próprio Cristo; (2) ela conserva e transmite, com a ajuda do Espírito que nela habita, o ensinamento, o depósito precioso, as salutares palavras ouvidas da boca dos Apóstolos; (3) ela continua a ser ensinada, santificada e dirigida pelos Apóstolos, até a volta de Cristo, graças aos que a Eles sucedem na missão pastoral: o Colégio dos Bispos, assistido pelos presbíteros, em união com o sucessor de Pedro, pastor supremo da Igreja (CIC 857).

a) Pregação dos Apóstolos “Eles, tendo partido, pregaram por toda a parte, cooperando com eles o Senhor” (Mc. 16,20a).

Jesus é o Enviado do Pai. Desde o início do seu ministério, “chamou a Si os que quis e, dentre eles, instituiu Doze para estarem com Ele e para enviá-los a pregar” (Mc. 3,13-14). Por isso, serão os seus “enviados” (é o que significa a palavra grega “apóstolo”). Neles continua a sua própria missão: “Como o Pai me enviou, Eu também vos envio” (Jo. 20,21). O seu ministério é, portanto, a continuação da sua própria missão: “quem vos recebe, a Mim recebe”, diz Ele aos Doze (Mat. 10,40) (CIC 858).

Papa Clemente I de Roma

"Os Apóstolos nos anunciaram a boa-nova da parte de Jesus Cristo. Jesus Cristo foi enviado por Deus. Portanto, Cristo vem de Deus e os Apóstolos vêm de Cristo. Esta dupla missão (...) vem, pois, da vontade de Deus (...) Os Apóstolos, munidos da certeza que o Espírito Santo comunica, foram anunciar em toda parte a boa-nova da vinda do Reino dos céus. Pelos campos e cidades, proclamavam a Palavra; assim, conheceram as primícias dessas novas comunidades e, após ter provado qual era o seu espírito, estabeleceram-nos bispos e diáconos dos futuros fiéis" (1ª Carta aos Coríntios 42.44).

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Tertuliano de Cartago

"Foi primeiramente na Judéia que eles (=os Apóstolos) implantaram a fé em Jesus Cristo e estabeleceram comunidades. Depois, partiram pelo mundo afora e anunciaram às nações a mesma doutrina e a mesma fé. Em cada cidade fundaram igrejas, às quais, desde aquele momento, as outras igrejas emprestam a estaca da fé e a semente da doutrina; aliás, diariamente emprestam-nas, para que se tornem elas mesmas igrejas" (Da Prescrição dos Hereges 20).

Eusébio de Cesaréia

"Diz-se que Marcos foi o primeiro a ser enviado para o Egito. Pregou o evangelho que havia composto e estabeleceu algumas Igrejas, inicialmente, já em Alexandria" (História Eclesiástica 2,16,1).

"Os santos Apóstolos e discípulos de nosso Salvador estavam dispersos por toda a terra habitada. Tomé, de acordo com a Tradição, obteve em partilha o país dos partos; Mateus obteve a Etiópia; Bartolomeu, a Índia anterior; André obteve a Cítia e João, a Ásia, onde viveu: ele morreu em Éfeso. Pedro parece ter pregado aos judeus da dispersão no Ponto, na Galácia, na Bitínia, na Capadócia e na Ásia; finalmente, tendo também chegado a Roma, foi crucificado de cabeça para baixo, após ter ele próprio pedido esse tipo de sofrimento. Que dizer de Paulo que, de Jerusalém até a Ilíria, cumpriu o Evangelho de Cristo e, por fim, deu testemunho em Roma, sob o reinado de Nero? Eis o que é dito textualmente por Orígenes no terceiro tomo dos Comentários sobre o Gênesis" (História Eclesiástica 3,1).

* * *

b) Fundamento Apostólico “Sois edificados sobre o fundamento dos Apóstolos e dos profetas, sendo o mesmo Jesus Cristo a principal

pedra angular” (Ef. 2,20).

No encargo dos Apóstolos, há um aspecto não transmissível: serem as testemunhas escolhidas da ressurreição do Senhor e os fundamentos da Igreja. Mas há também um aspecto permanente do seu ofício. Cristo prometeu-lhes ficar com eles até o fim dos tempos. Esta missão divina confiada por Cristo aos

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A FÉ CRISTÃ

Apóstolos deverá durar até o fum dos séculos, já que o Evangelho que eles devem transmitir é para a Igreja, em todos os tempos, a fonte de toda vida. Por esta razão, os Apóstolos cuidaram de instituir sucessores (CIC 860).

Ireneu de Lião

"Necessariamente, pois, tais hereges, sendo cegos para a verdade, mudam sempre de direção e daí disseminam suas doutrinas de modo discordante e incoerente. Ao contrário, o caminho dos que pertencem à Igreja cerca o universo inteiro; possuindo a firme tradição dos Apóstolos, mostra-nos que todos possuímos a mesma fé. Sim, todos ensinamos a existência de um mesmo Deus Pai, temos idêntica fé no plano da encarnação do Filho de Deus, reconhecemos o mesmo dom do Espírito, aplicamo-nos aos mesmos preceitos, observamos na Igreja a mesma forma de oração, esperamos a mesma vinda do Senhor e aguardamos a mesma salvação do homem integral, isto é, da alma e do corpo" (Contra as Heresias 1,3).

"A tradição dos Apóstolos é manifesta no mundo inteiro. Basta observá-la em toda Igreja, por quem quer ver a verdade. Podemos enumerar os bispos que foram instituídos pelos Apóstolos e seus sucessores até nós. Eles nada ensinaram, nada conheceram que se assemelhe a essas loucuras (=heresias)" (Contra as Heresias 1,3,1).

Tertuliano de Cartago

"Em cada cidade [os Apóstolos] fundaram igrejas, às quais, desde aquele momento, as outras igrejas emprestam a estaca da fé e a semente da doutrina; aliás, diariamente emprestam-nas, para que se tornem elas mesmas igrejas. Assim, pois, as muitas Igrejas, porque surgidas da única, são elas mesmas a Igreja apostólica das origens. Todas são a original, todas são apostólicas, pois todas provam sua unidade, pois elas têm a comunidade da paz, o nome da fraternidade, a comunhão de cartas da hospitalidade (...) Assim faz-se uma única tradição de um mesmo mistério" (Da prescrição dos hereges 20). "Foi inicialmente na Judéia que (os Apóstolos) estabeleceram a fé em Jesus Cristo e fundaram Igrejas, partindo em seguida para o mundo inteiro a fim de anunciarem a mesma doutrina e a mesma fé. Em todas as cidades iam fundando Igrejas das quais, desde esse momento, as outras receberam o enxerto da fé,

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semente da doutrina e ainda recebem, cada dia, para serem Igrejas. É por isso mesmo que serão consideradas como apostólicas, na medida em que forem rebentos das Igrejas apostólicas. É necessário que tudo se caracterize segundo a sua origem. Assim, essas Igrejas, por numerosas e grandes que pareçam, não são outra coisa que a Igreja apostólica primitiva da qual procedem. São todas primitivas, todas apostólicas e todas uma só. Para atestarem a sua unidade, comunicam-se reciprocamente na paz, trocam entre si o nome de irmãs, prestam-se mutuamente os deveres da hospitalidade, direitos todos esses regulados exclusivamente pela tradição de um mesmo sacramento. A partir daí, eis a prescrição que assinalamos: desde o momento em que Jesus Cristo, nosso Senhor, enviou os Apóstolos para pregarem, não se podem acolher outros pregadores senão os que Cristo instituiu, pois ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho tiver revelado. E qual a matéria da pregação, isto é, o que lhes tinha revelado o Cristo? Aqui ainda assinalo esta prescrição: para sabê-lo, é necessário ir às Igrejas fundadas pessoalmente pelos Apóstolos, por eles instruídas tanto de viva voz quanto pelas epístolas depois escritas. Nestas condições, é claro que toda doutrina em acordo com a dessas Igrejas apostólicas, matrizes e fontes originárias da fé, deve ser considerada autêntica, pois contém o que tais Igrejas receberam dos Apóstolos, os Apóstolos de Cristo e Cristo de Deus. Ao contrário, toda doutrina deve ser pré-julgada como proveniente da mentira se se opõe à verdade dos Apóstolos, de Cristo e de Deus. Resta, pois, demonstrar que nossa doutrina, cuja regra formulamos acima, procede da Tradição dos Apóstolos e, por isso mesmo, as demais procedem da mentira. Nós estamos em comunhão com as Igrejas apostólicas se a nossa doutrina não difere da sua: eis o sinal da verdade" (Da prescrição dos hereges 21).

* * *

c) Sucessão Apostólica “Tu, pois, meu filho, sê forte na graça de Cristo e o que de mim ouviste, perante muitas testemunhas, confia-o

a homens fiéis capazes de ensinar a outros” (2Tim. 2,1-2).

Para que a missão confiada aos Apóstolos fosse continuada após sua morte, impuseram estes a seus cooperadores imediatos,

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como que por testamento, o múnus de completar e confirmar a obra iniciada por eles, recomendando-lhes que atendessem a todo o rebanho no qual o Espírito Santo os colocara para apascentar a Igreja de Deus. Constituíram, pois, tais varões e, em seguida, ordenaram que, quando eles morressem, outros homens íntegros assumissem o seu ministério (CIC 861).

Papa Clemente I de Roma

"Para que a missão a eles (=Apóstolos) confiada fosse continuada após a sua morte, impuseram a seus colaboradores imediatos, como que por testamento, o múnus de completar e confirmar a obra iniciada por eles, recomendando que atendessem a todo o rebanho no qual o Espírito Santo os colocara para apascentar a Igreja de Deus. Constituiram, pois, tais varões e, em seguida, ordenaram que, quando eles morressem, outros homens íntegros assumissem o seu ministério" (1ª Carta aos Coríntios).

"Também os nossos Apóstolos sabiam, por Nosso Senhor Jesus Cristo, que haveria contestações a respeito da dignidade episcopal. Por tal motivo, e como tivessem perfeito conhecimento do provir, estabeleceram os acima mencionados e deram, além disso, instruções no sentido de que, após a morte deles, outros homens comprovados lhes sucedessem em seu ministério. Os que assim foram instituídos por eles, ou mais tarde, por outros homens iminentes com a aprovação de toda a Igreja, e serviram de modo irrepreensível ao rebanho de Cristo com humildade pacífica e abnegadamente, recebendo por longo tempo e da parte de todos o testemunho favorável, não é justo, em nosso entender, que esses sejam depostos de seu ministério" (1ª Carta aos Coríntios 44,1-3).

Ireneu de Lião

"A tradição dos Apóstolos é manifesta no mundo inteiro. Basta observá-la em toda Igreja, por quem quer ver a verdade. Podemos enumerar os bispos que foram instituídos pelos Apóstolos e seus sucessores até nós. Eles nada ensinaram, nada conheceram que se assemelhe a essas loucuras (=heresias)" (Contra as Heresias 1,3,1).

"A Tradição que provém dos Apóstolos é conservada nas igrejas pela sucessão dos presbíteros" (Contra as Heresias 3,2,2).

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Carlos Martins Nabeto

"Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. Mostraremos que a tradição apostólica que ela guarda e a fé que ela comunicou aos homens chegaram até nós através da sucessão regular dos bispos, confundindo assim todos aqueles que querem procurar a verdade onde ela não pode ser encontrada. Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, é necessário que esteja de acordo toda comunidade, isto é, os fiéis do mundo inteiro; nela sempre foi conservada a tradição dos apóstolos. Depois de ter fundado e edificado a Igreja, os bem-aventurados Apóstolos (Pedro e Paulo) transmitiram a Lino o cargo do episcopado A Lino sucedeu Anacleto. Depois, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, é a Clemente que coube o episcopado; ele vira os apóstolos, conversara com eles e ainda tinha ouvido sua pregação. Sua Tradição estava presente ainda aos seus olhos; aliás, ele não estava só pois havia em sua época muitos homens instruídos pelos Apóstolos. A Clemente sucedeu Evaristo, e a Evaristo, [sucedeu] Alexandre. Depois, em sexto lugar após os apóstolos, veio Xisto, e, a seguir, Telésforo. Depois, Higino, Pio e Aniceto. Sotero sucedeu Aniceto. Agora, Eleutero, em décimo-segundo lugar, possui a herança do episcopado após os apóstolos. É nesta ordem e sucessão que a Tradição dada à Igreja desde os Apóstolos e a pregação da verdade chegaram até nós. E aí está uma prova muito completa de que é única e sempre a mesma a fé vivificadora que na Igreja, desde os Apóstolos, se conservou até o dia de hoje e foi transmitida na verdade" (Contra as Heresias 3,3,2-3).

"O verdadeiro conhecimento é a doutrina dos Apóstolos; é o organismo antigo da Igreja esparso por toda a terra. E a característica distintiva do Corpo de Cristo é a sucessão dos bispos, aos quais os Apóstolos confiaram cada Igreja local" (Contra as Heresias 4,33,8).

Cipriano de Cartago

"Nosso Senhor, cujos preceitos e recomendações devemos observar, descrevendo a honra de um bispo e a ordem de Sua Igreja, falou no Evangelho, dizendo a Pedro: 'Eu te digo que tu és Pedro, e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja; e as portas do inferno não prevalecerão contra Ela.

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A FÉ CRISTÃ

Eu te darei as chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus; e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.' Daí, através do passar dos tempos e sucessões, a ordem dos bispos e a hierarquia da Igreja permaneceu, de modo que a Igreja está fundamentada sobre os bispos, e cada ato da Igreja está controlado por aqueles mesmos administradores. Desde então, está fundamentada na lei divina. Eu me admiro de que alguns, com atrevida temeridade, preferiram me escrever como se escrevessem em nome da Igreja; isso quando a Igreja foi estabelecida sobre os bispos e o clero, e todos os que permaneceram firmes na fé" (Epístola 26,33).

Orígenes de Alexandria

"São muitos os que acreditam compreender a verdade de Cristo e alguns deles estão em oposição aos outros, mas está em vigor o ensinamento da Igreja transmitido pelos Apóstolos por ordem de sucessão e até hoje conservado nas Igrejas" (Dos Princípios 1,Pref.,2).

Eusébio de Cesaréia

"Relataremos os detalhes cronológicos e circuntanciais da sucessão dos apóstolos ao longo de nossa obra" (História Eclesiástica 3,4).

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3. Igreja Una

A Igreja é una pela sua fonte: deste mistério, o modelo supremo e o princípio é a unidade de um só Deus na Trindade de Pessoas, Pai e Filho e Espírito Santo. A Igreja é una pelo seu fundador: pois o próprio Filho encarnado, príncipe da paz, por sua cruz reconciliou todos os homens com Deus, restabelecendo a união de todos em um só Povo, em um só Corpo. A Igreja é una pela sua “alma”: o Espírito Santo que habita nos crentes, que plenifica e rege toda a Igreja, realiza esta admirável comunhão dos fiéis e os une tão intimamente em Cristo, que Ele é o princípio da unidade da Igreja. Portanto, é da própria essência da Igreja ser una (CIC 813).

a) Unicidade “Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos o mesmo e que entre vós não haja cismas, mas sede perfeitos no mesmo espírito e

no mesmo parecer” (1Cor. 1,10).

Contudo, desde a origem, esta Igreja una se apresenta com uma grande diversidade, que provém, ao mesmo tempo, da variedade dos dons de Deus e da multiplicidade das pessoas que os recebem. Na unidade do Povo de Deus se congregam as diversidades dos povos e das culturas. Entre os membros da Igreja existe uma diversidade de dons, de encargos, de condições e de modos de vida; na comunhão eclesiástica há legitimamente Igrejas particulares, gozando de tradições próprias. A grande riqueza desta diversidade não se opõe à unidade da Igreja. Todavia, o pecado e peso das suas conseqüências ameaçam sem cessar o dom da unidade. Assim, o Apóstolo tem de exortar a “conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef. 4,3) (CIC 814).

Inácio de Antioquia

"Todos e cada um em particular, haveis de formar um coro que, na harmonia de vossa consonância, assumindo na unidade o tom de Deus, canteis em uma só voz um hino ao Pai, por Jesus Cristo, para que vos escute e reconheça por vossas boas obras, como membros de seu Filho. É, pois, útil para vós estar em irrepreensível unidade, para participar sempre de Deus" (Epístola aos Efésios 4).

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A FÉ CRISTÃ

"Conhecendo a ordem perfeita de vossa caridade segundo Deus, regozijo-me e decidi vos dirigir a palavra na fé em Jesus Cristo. Honrado com um nome digno de Deus, nestas cadeias que levo por toda a parte, eu canto as Igrejas; desejo nelas a união da carne e do espírito de Jesus Cristo, nossa vida para sempre; a união da fé e da caridade, a que nada é preferível; e o que é ainda mais importante: a união de Jesus com o Pai, em que suportaremos todas as ameaças do príncipe deste mundo; escaparemos a elas e chegaremos a Deus (...) Nas pessoas que nomeei acima, contemplei toda a vossa comunidade na fé e a amei. Eu vos exorto a que vos esforceis para fazer tudo na concórdia de Deus (...) Que não haja entre vós nada que vos possa separar (...) Assim como o Senhor nada fez, nem por Ele próprio, nem por seus Apóstolos, sem o Pai, a quem está unido, também não façais nada - vós tampouco - sem o bispo e os presbíteros; não tenteis fazer passar por razoável o que fazeis separadamente, mas som o que fazeis em comum: uma única oração, uma única súplica, um único espírito, uma única esperança animada pelo amor na alegria imaculada, que é Jesus Cristo. Acorrei todos juntos a um único templo, a um único altar, ou seja, a Jesus que é um e, procedendo do Pai, permaneceu unido com Ele e a Ele retornou" (Epístola aos Magnésios 1,7; 8,11-12).

Ireneu de Lião

"[Estar na Igreja] nos permite ver que uma só e mesma é a fé de todos, porque todos crêem num só e mesmo Deus Pai, admitem a mesma economia da encarnação do Filho de Deus, reconhecem o mesmo dom do Espírito, meditam nos mesmos preceitos, observam a mesma forma de organização da Igreja, aguardam a mesma vinda do Senhor, e esperam a mesma salvação do homem todo, ou seja, da alma e do corpo" (Contra as Heresias 5,20,1).

Tertuliano de Cartago

"Nós somos um corpo unido pelo vínculo da piedade, pela unidade da disciplina e pelo pacto da esperança" (Apologia 39,1).

Cipriano de Cartago

"[A Igreja é] o povo congregado na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo".

* * *

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Carlos Martins Nabeto

b) Unidade “Eu não rogo somente por eles, mas também por aqueles que hão de crer em mim por meio da sua

palavra, para que sejam todos um, como tu, Pai, o és em Mim e Eu em Ti, para que também eles sejam um

em Nós, a fim de que o mundo creia que Tu me enviaste” (Jo. 17,20-21).

A unidade, Cristo a concedeu, desde o início, à sua Igreja, e nós cremos que ela subsiste, sem possibilidade de ser perdida, na Igreja Católica; e esperamos cresça, dia após dia, até a consumação dos séculos. Cristo dá sempre à Igreja o dom da unidade, mas a Igreja deve sempre orar e trabalhar para manter, reforçar e aperfeiçoar a unidade que Cristo quer para ela. Por isso, Jesus mesmo orou na hora da sua paixão e não cessa de orar ao Pai pela unidade dos seus discípulos (...) O desejo de reencontrar a unidade de todos os cristãos é um dom de Cristo e convite do Espírito Santo (CIC 820).

Didaqué

"Assim como este pão partido estava espalhado aqui e acolá pelas colinas e, colhido, torna-se uma só coisa, assim também se recolhe tua Igreja em teu reino desde os confins da terra (...) Recorda, Senhor, da tua Igreja, preserva-a de todo mal, torna-a perfeita em teu amor, santifica-a, recolha-a aos quatro ventos no teu reino que para ela preparaste, porque teu é o poder e tua é a glória pelos séculos. Venha a graça e passe este mundo! Hosana à casa de Davi! Quem for santo, avance; quem não o for, arrependa-se. Maranatá! Assim seja!" (9,4; 10,5-6).

Inácio de Antioquia

"Importante, por conseguinte, vivermos numa irrepreensível unidade. Assim poderemos participar constantemente da união com Deus" (Epístola aos Efésios).

"Nada exista entre vós que possa dividir-vos" (Epístola aos Magnésios).

"Perseverai na unidade sob o olhar de Deus" (Epístola a Policarpo).

Ireneu de Lião

"Esta é a doutrina que a Igreja recebeu e esta é a fé que, mesmo dispersa no mundo inteiro, a Igreja guarda com zelo

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A FÉ CRISTÃ

e cuidado, como se tivesse a sua sede numa única casa; e todos são unânimes em crer nela, como se ela tivesse uma só alma e um só coração; esta fé ela anuncia, ensina, transmite como se falasse uma só língua. As línguas faladas no mundo são diversas, mas a força da tradição, em toda parte, é a mesma. As Igrejas fundadas na Germânia não têm outra fé e outra tradição; diga-se o mesmo das Igrejas fundadas na Espanha, entre os celtas, no Oriente, no Egito, na Líbia, ou no centro do mundo, que é a Palestina. Da mesma forma que o Sol, criatura de Deus, é um só e é idêntico em todo o mundo, assim também o ensino da verdade, que brilha em toda parte e ilumina a todos os homens que querem chegar ao conhecimento da verdade (1Tim 3,15): é sempre o mesmo. Nem entre os chefes das igrejas aquele que for muito hábil no falar ensinará doutrinas diferentes destas" (Contra as Heresias 1,10,2).

"Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. Mostraremos que a tradição apostólica que ela guarda e a fé que ela comunicou aos homens chegaram até nós através da sucessão regular dos bispos, confundindo assim todos aqueles que querem procurar a verdade onde ela não pode ser encontrada. Porque é com essa Igreja (de Roma), em razão de sua mais poderosa autoridade de fundação, que deve necessariamente concordar toda Igreja, isto é, que devem concordar os fiéis procedentes de toda parte; ela, na qual sempre, em benefício dos que procedem de toda parte, se conservou a Tradição que vem dos Apóstolos" (Contra as Heresias 3,3,2).

Tertuliano de Cartago

"Nós somos uma sociedade, um sentimento religioso comum, uma disciplina unitária e um comum laço de esperança" (Apologia 39,1).

"É necessário que tudo se caracterize segundo a sua origem. Assim, essas Igrejas, por numerosas e grandes que pareçam, não são outra coisa que a Igreja apostólica primitiva da qual procedem. São todas primitivas, todas apostólicas e todas uma só. Para atestarem a sua unidade, comunicam-se reciprocamente na paz, trocam entre si o

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nome de irmãs, prestam-se mutuamente os deveres da hospitalidade, direitos todos esses regulados exclusivamente pela tradição de um mesmo sacramento. A partir daí, eis a prescrição que assinalamos: desde o momento em que Jesus Cristo, nosso Senhor, enviou os Apóstolos para pregarem, não se podem acolher outros pregadores senão os que Cristo instituiu, pois ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho tiver revelado. E qual a matéria da pregação, isto é, o que lhes tinha revelado o Cristo? Aqui ainda assinalo esta prescrição: para sabê-lo, é necessário ir às Igrejas fundadas pessoalmente pelos Apóstolos, por eles instruídas tanto de viva voz quanto pelas epístolas depois escritas" (Tertuliano, +220; Da prescrição dos hereges).

"Procuramos entre nós, juntos dos nossos, e sobre as matérias que são nossas, e somente aquilo que pode ser posto em questão sem que a regra de fé seja comprometida" (Da prescrição dos hereges 12,5).

"Onde há três, aí há Igreja, mesmo se são leigos".

Cipriano de Cartago

"O inimigo, desmascarado e derrotado pela vinda de Cristo (...) trama nova emboscada para iludir os incautos, sob o rótulo do próprio nome de cristãos. Inventa heresias e cismas para subverter a fé, corromper a verdade e quebrar a unidade (...) Rouba homens da própria Igreja e os imerge, inconscientes, em outras trevas, deixando-os pensar que se aproximam da luz e escapam à noite do século. Continuam a se dizerem cristãos sem guardarem a boa nova de Cristo, os seus preceitos e as suas leis! Julgam ter a luz e caminham nas trevas! O inimigo sedutor e mentiroso que, nas palavras do Apóstolo, se transforma em anjo de luz, apresentando seus ministros como ministros da justiça, anunciando a noite como o dia, a perdição como salvação (...) O Anticristo sob o nome de Cristo, lhes escurece e frustra a verdade pela sutileza, propondo como verdadeiras coisas ilusórias. Isto se dá, caríssimos irmãos, porque não mais se volta à origem da verdade; não se vai mais à sua fonte, nem se guarda a doutrina do magistério celeste" (Da Unidade da Igreja).

"O Senhor diz a Pedro: 'Eu te digo que és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino

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dos céus...' O Senhor edifica a sua Igreja sobre um só, embora conceda igual poder a todos os Apóstolos depois de sua ressurreição, dizendo: 'Assim como o Pai me enviou, eu os envio. Recebei o Espírito Santo; se perdoardes os pecados de alguém, ser-lhes-ão perdoados; se os retiverdes, ser-lhes-ão retidos'. No entanto, para manifestar a unidade, dispõe por sua autoridade a origem desta mesma unidade partindo de um só. Sem dúvida, os demais Apóstolos eram, como Pedro, dotados de igual participação na honra e no poder; mas o princípio parte da unidade para que se demonstre ser única a Igreja de Cristo (...) Julga conservar a fé quem não conserva esta unidade da Igreja? Confia estar na Igreja quem se opõe e resiste à Igreja? Confia estar na Igreja quem abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja?" (Da Unidade da Igreja).

"Principalmente nós, que presidimos a Igreja como bispos, devemos manter e defender firmemente esta unidade, dando provas de união e indivisibilidade do episcopado (...) O episcopado é único e dele possui por inteiro cada bispo a sua porção. A Igreja é uma só, embora abranja uma multidão pelo contínuo aumento de sua fecundidade. Assim como há uma luz nos muitos raios do sol, uma árvore em muitos ramos, um só tronco fundamentado em raízes tenazes, muitos rios de uma única fonte, assim também esta multidão guarda a unidade de origem, se bem que pareça dividida por causa da inumerável profusão dos que nascem. A unidade da luz não comporta que se separe um raio do centro solar; um ramo quebrado da árvore não cresce; cortado da fonte, o rio seca imediatamente. Do mesmo modo, a Igreja do Senhor, como luz derramada, estende seus raios em todo o mundo e é uma única luz que se difunde sem perder a própria unidade. Ela desdobra os ramos por toda a terra, com grande fecundidade. Estende-se ao longo dos rios, com toda liberalidade e, no entanto, é uma na Cabeça, uma pela origem, uma só mãe imensamente fecunda. Nascemos todos de seu ventre, somos nutridos com seu leite e animados por seu espírito" ((Da Unidade da Igreja). "Deus não aceita o sacrifício dos que fomentam a desunião. Ele ordena que se afastem do altar para primeiro se reconciliarem com seus irmãos. Deus quer ser pacificado com orações de paz. Para Deus, a mais bela obrigação é a nossa paz, a nossa concórdia, a unidade

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no Pai, no Filho e no Espírito Santo de todo o povo fiel" (Da Oração do Senhor 23).

Orígenes de Alexandria

"Onde estão os pecados, aí está a multiplicidade, aí o cisma, aí as heresias, aí as controvérsias. Onde, porém, [está] a virtude, aí a unidade, aí a comunhão, em força da qual os crentes eram um só coração e uma só alma" (Homilia sobre Ezequiel 9,1).

Concílio Ecumênico de Nicéia I / Concílio Ecumênico de Constantinopla I

"Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica" (Símbolo Niceno-Constantinopolitano).

João Crisóstomo

"Repito-o: uma só voz se eleva a partir de diferentes línguas ao Criador do universo. Numa Igreja, é necessário que se eleve uma única voz, como se provinda de um só corpo. Vede porque é só o leitor que se faz ouvir enquanto o bispo está sentado em silêncio; um só é o salmista que canta. E quando todos respondem, são como uma só voz e uma só boca" (Homilia 5,2).

"A Igreja foi feita não para separar aqueles a quem reúne, mas para unir e juntar os que se achavam separados. É isso que a assembléia significa" (Homilia sobre 2Coríntios 27,3).

"Nós nos combatemos mutuamente e é a inveja que nos arma uns contra os outros (...) Se todos procuram por todos os meios abalar o Corpo de Cristo, onde acabaremos? Nós estamos enfraquecendo o Corpo de Cristo (...) Declaramo-nos membros de um mesmo organismo e nos devoramos como feras" (Homilia sobre 2Coríntios 28,3-4).

Agostinho de Hipona

"Na verdade, a unidade; nas coisas discutíveis, a liberdade; em todas as coisas, a caridade, o amor".

"Este é o sacrifício dos cristãos: serem todos um só corpo em Cristo" (A Cidade de Deus 10,6). "A unidade é a forma de qualquer beleza" (Epístola 18,2).

Cirilo de Alexandria

"Nós todos que recebemos o único e mesmo Espírito, a saber, o Espírito Santo, fundimo-nos entre nós e com Deus. Pois embora sejamos numerosos separadamente e o

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Espírito faça com que o Espírito do Pai e o dele habite em cada um de nós, este Espírito único e indivisível reconduz por si mesmo à unidade os que são distintos entre si (...) e faz com que todos apareçam como uma só coisa nele mesmo. E da mesma forma que o poder da santa humanidade de Cristo faz com que todos aqueles em quem ela se encontra formem um só Corpo, penso que da mesma maneira o Espírito de Deus que habita em todos, único e indivisível, os reconduz todos à unidade espiritual" (Comentário sobre o Evangelho de João 12).

Vicente de Lérins

"Perguntando eu com toda a atenção e diligência a numerosos varões, eminentes em santidade e doutrina, que norma poderia achar segura para distinguir a verdade da fé católica da falsidade da heresia, eis a resposta constante de todos eles: quem quiser descobrir as fraudes dos hereges nascentes, evitar seus laços e permanecer íntegro na sadia fé, há de resguardá-la, sob o duplo auxílio divino: primeiro, com a autoridade da lei divina e segundo com a tradição da Igreja Católica" (Comonitório).

* * *

c) A verdadeira Igreja “Como já vo-lo dissemos, agora de novo o digo: se

alguém vos anunciar um evangelho diferente daquele que recebestes, seja anátema” (Gal. 1,9).

A única Igreja de Cristo (...) é aquela que nosso Salvador, depois da sua ressurreição, entregou a Pedro para apascentar e confiou a ele e aos demais Apóstolos para propagá-la e regê-la (...) Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste na Igreja Católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele (CIC 816).

Hermas de Roma

"E chega uma mulher velha em trajes resplandecentes, tendo um livro nas mãos. Ela se assenta sozinha e me saúda: 'Bom dia, Hermas'. E eu, aflito, em prantos, lhe digo: 'Bom dia, senhora' (...) 'Quem é ela?' - pergunto ao jovem. 'A Igreja' - diz ele. 'E por que ela é tão velha' – eu replico. 'Porque ela foi criada antes de todo o resto. Eis por

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que é tão idosa: foi para ela que o mundo foi formado' - diz" (O Pastor 2,2).

Inácio de Antioquia

“Onde está Cristo Jesus, aí está a Igreja Católica" (Epístola aos Esmirnenses 8,2).

Justino Mártir

"O mundo foi criado em vista da Igreja" (Apologia 1).

Ireneu de Lião

"Sendo nossas provas de tal monta, não é preciso procurar alhures a verdade, tão fácil de se haurir na Igreja, pois os Apóstolos, como num rico celeiro, aí confiaram a verdade em sua plenitude, a fim de que todo o que a desejar possa tirar dela a bebida da vida". (Contra as Heresias).

"Pois bem: se ainda que apenas uma questão de detalhe provocasse discussão, não se haveria de buscar nas Igrejas mais antigas, aquelas onde viveram os Apóstolos, o esclarecimento da questão?" (Contra as Heresias).

"Porque onde está a Igreja, aí está o Espírito de Deus; e onde está o Espírito de Deus, aí está a Igreja e toda graça. Ora, o Espírito é verdade; assim, os que dele não participam são também os que não estão sendo nutridos e vivificados pelos peitos da Mãe, os que não têm parte na fonte límpida que brota do Corpo de Cristo, os que 'escavam cisternas dessecadas' (Jer. 2,13), buracos na terra, os que bebem a água poluída do pântano. Eles fogem da Igreja para não serem desmascarados e rejeitam o Espírito para não serem instruídos. Tornando-se estranhos à verdade, é fatal que se precipitem em todo erro e pelo erro sejam sacudidos; fatal que pensem a cada momento diversamente sobre as mesmas coisas, nunca tendo doutrina estável, sendo sofistas de palavras mais que discípulos da verdade, porque não estão fundados sobre a única Rocha, mas sobre a areia, a areia dos muitos saibros" (Contra as Heresias).

"Porque é com esta Igreja (de Roma), em razão de sua mais poderosa autoridade de fundação, que deve necessariamente concordar toda a Igreja (...), a qual sempre conservou a Tradição que vem dos Apóstolos" (Contra as Heresias).

Clemente de Alexandria

"Que estupendo mistério! Há um único Pai do universo; um

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único Logos do universo e também um único Espírito Santo, idêntico em todo lugar. Há também uma única virgem que se tornou Mãe e me agrada chamá-la de Igreja" (Paed. 1,6).

Hipólito de Roma

"A Igreja é o local onde floresce o Espírito".

Cipriano de Cartago

"A Igreja é uma só embora compreenda uma multidão, por sua constante fecundidade. Assim como há uma só luz nos muitos raios do sol, uma só árvore em muitos ramos, um só tronco fundamentado em raízes tenazes, muitos rios de uma só fonte, assim também esta multidão guarda a unidade de origem, se bem que pareça ser dividida por causa da enorme profusão dos que nascem (...) A Igreja do Senhor, como luz que se difunde, estende sobre o mundo seus raios, permanecendo a mesma luz, não perdendo sua unidade" (Da Unidade da Igreja).

Beda Venerável

"A Igreja gera constantemente a Igreja" (Expl. Ap. 1,2).

Ambrósio de Milão

"Da mesma forma que Eva foi formada do lado de Adão adormecido, assim a Igreja nasceu do coração transpassado de Cristo morto na cruz" (Luc. 2,85-89).

"A Igreja é esse navio que navega bem neste mundo ao sopro do Espírito Santo com as velas da cruz do Senhor plenamente desfraldadas" (Virg. 18,118).

Epifânio de Salamina

"A Igreja é a finalidade de todas as coisas" (Haer. 1,1,5).

"Há um caminho real, que é a Igreja Católica, e uma só senda da verdade. Toda heresia, pelo contrário, tendo deixado uma vez o caminho real, desviando-se para a direita ou para a esquerda, e abandonada a si mesma por algum tempo, cada vez mais se afunda em erros. Eia, pois, servos de Deus e filhos da Igreja santa de Deus, que conheceis a regra segura da fé! Não deixeis que vozes estranhas vos apartem dela, nem que vos confundam as pretensões das erroneamente chamadas 'ciências'" (Haer. 59,12).

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Agostinho de Hipona

"A Igreja avança em sua peregrinação através das perseguições do mundo e das consolações de Deus" (A Cidade de Deus 18,51).

"Maria deu à luz corporalmente a Cabeça deste corpo. A Igreja dá à luz espiritualmente os membros dessa Cabeça. Nem em Maria, nem na Igreja, a virgindade impede a fecundidade. E nem em uma, nem em outra, a fecundidade destrói a virgindade" (A Virgindade Consagrada 2,2).

"Ó verdadeira esposa do verdadeiro Cristo (=a Igreja)! Guarda-te muito como já o fazes (...) Não te deixes enganar pela palavra 'verdade', pois só tu a possuis" (Contra Fausto 15,3).

"Enganam-se muito os que pensam que nossa fé em Cristo não repousa em índices de verdade (...) Vós que reclamais testemunhos visíveis antes de crem em Jesus Cristo, olhai: é a Igreja, ela mesma, que se dirige a vós, com sua voz materna e amorosa: 'Eu, a quem admirais crescendo e frutificando no mundo inteiro, eu não existia outrora. Era, porém, prometida por Deus'" (De fide rerum quae non videntur 5.9).

"A Igreja é o mundo reconciliado" (Sermão 96,7,9).

"Não é outro o motivo pelo qual tudo o que lemos nas Santas Escrituras foi escrito antes do advento do Senhor: para preparar a sua vinda e marcar com antecedência a futura Igreja, Povo de Deus entre todos os povos".

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4. Clero

As próprias diferenças que o Senhor quis estabelecer entre os membros de seu Corpo servem à sua unidade e à sua missão. Pois embora exista na Igreja diversidade de serviços, há unidade de missão. Cristo confiou aos Apóstolos e a seus sucessores o múnus de ensinar, de santificar e de governar em Seu nome e pelo Seu poder. (CIC 873).

a) Função “O teu ensinamento seja conforme a sã doutrina” (Tit.

2,1).

“Como poderiam crer n’Aquele que não ouviram? E como poderiam ouvir sem pregador? E como poderiam pregar se não forem enviados” (Rom. 10,14-15). Ninguém, nenhum indivíduo, nenhuma comunidade pode anunciar a si mesmo o Evangelho. “A fé vem pela pregação” (Rom. 10,17). Ninguém pode dar a si mesmo o mandato e a missão de anunciar o Evangelho. O enviado do Senhor fala e age não por autoridade própria, mas em virtude da autoridade de Cristo; não como membro da comunidade, mas falando a ela em nome de Cristo. Ninguém pode conferir a si mesmo a graça, ela precisa ser dada e oferecida. Isto supõe ministros da graça, autorizados e habilitados da parte de Cristo. Dele recebem a missão e a faculdade (o poder sagrado) de agir na pessoa de Cristo Cabeça. A Tradição da Igreja chama de “sacramento” este ministério, através do qual os enviados de Cristo fazem e dão, por dom de Deus, o que não podem fazer nem dar por si mesmos. O ministério da Igreja é conferido por um específico sacramento (CIC 875; v.tb. 876/879).

Cipriano de Cartago

"Pois se o mesmo Jesus Cristo, Senhor e Deus nosso, é o sumo sacerdote de Deus Pai e se ofereceu a si mesmo como sacrifício ao Pai e mandou que se fizesse isto em memória sua, por certo aquele sacerdote católico faz verdadeiramente as vezes de Cristo: faz o que fez o Cristo e então oferece a Deus Pai um sacrifício verdadeiro e pleno na Igreja" (Epístola 63,14).

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Hilário de Poitiers

"O bem-aventurado Apóstolo Paulo, querendo determinar a natureza do episcopado e criar, graças a suas recomendações, um homem de Igreja realmente novo, explicou qual devia ser nele como que a virtude suprema. Dizia: 'Ele deve ser firmemente ligado a um ensinamento seguro, de modo a ser capaz de exortar na sã doutrina e refutar os que a contradizem, pois muitos são os espíritos rebeldes, palradores e enganadores' (Tt. 1,9-10). Mostra, assim, que as qualidades propriamente morais são úteis, por certo, à dignidade do sacerdócio, se não faltarem, por outro lado, as relativas à ciência da fé que ele deverá ensinar e defender. Na verdade, não basta ao bispo ser bom e útil, ou de se contentar em viver de maneira irrepreensível, ou de se satisfazer em falar com conhecimento. Sim, a sua integridade moral será proveitosa apenas para si mesmo, se ele não for, ao mesmo tempo, sábio. E sua ciência não lhe permitirá ensinar com autoridade se não for, ao mesmo tempo, irrepreensível (...) O Apóstolo Paulo que se encontrasse no bispo o ensinamento de uma palavra sã, fé consciente, capaz de convencer, resistência pertinaz aos contraditores ímpios, mentirosos e insensatos. De fato, são muitos os que simulam a fé sem se submeter a ela; eles forjam para si mesmos, mais do que a recebem, cheios de suas vãs opiniões humanas (...) É preciso, portanto, responder à impiedade que se extravia, à desordem dos discursos vãos, à vaidade das palavras sedutoras; e é preciso responder pela pureza da doutrina, pela verdade da fé, pela exatidão das palavras, de modo que a exatidão seja a marca da verdade e a verdade a marca da exatidão" (Da Trindade 8,1).

Gregório de Nanzianzo

"É preciso começar a purificar-se antes de purificar os outros; é preciso ser instruído para poder instruir; é preciso tornar-se luz para iluminar; aproximar-se de Deus para aproximar dele os outros; ser santificado para santificar, conduzir pela mão e aconselhar com perspicácia (...) [O sacerdote] é o defensor da verdade; equipara-se aos anjos, glorifica com os arcanjos, leva ao altar celeste as vítimas do sacrifício, partilha do sacerdócio de Cristo, remodela a criatura restabelecendo [nela] a imagem [de Deus], recria-a para o mundo do alto e, para dizer o que há de mais

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sublime, é divinizado e diviniza (...) Sei muito bem de quem somos ministros, em que nível nos encontramos e quem é Aquele para o qual nos dirigimos. Conheço a sublimidade de Deus e a fraqueza do homem, mas também a sua força" (Or. 2,71.73-74).

João Crisóstomo

"O Senhor disse claramente que cuidar de seu rebanho é uma prova de amor por Ele" (Sac. 2,4).

* * *

b) Hierarquia “Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os

bispos e diáconos” (Fil. 1,1).

Para apascentar e aumentar sempre o Povo de Deus, Cristo Senhor instituiu na Sua Igreja uma variedade de ministérios que tendem ao bem de todo o Corpo. Pois os ministros que são revestidos do sagrado poder servem a seus irmãos para que todos os que formam o Povo de Deus (...) cheguem à salvação (CIC 874).

Didaqué

"Escolhei, pois, bispos e diáconos dignos do Senhor, homens dóceis, desprendidos, verazes e firmes, pois eles exercerão entre vós a liturgia dos profetas e doutores" (15,1).

Papa Clemente I de Roma

"Os Apóstolos foram mandados a evangelizar pelo Senhor Jesus Cristo. Jesus Cristo foi enviado por Deus. Assim, Cristo vem de Deus e os Apóstolos vêm de Cristo. Essa dupla missão se sucede em boa ordem, por vontade de Deus. Assim, tendo recebido instruções, e estando plenamente convencidos pela ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, e confirmados na fé pela Palavra de Deus, saíram os Apóstolos a anunciar, na plenitude do Espírito Santo, a boa nova da aproximação do reino de Deus. Iam pregando por campos e cidades, batizavam os que obedeciam o desígnio de Deus e iam estabelecendo aos que eram as primícias dentre eles como bispos e diáconos dos futuros fiéis, depois de prová-los no Espírito Santo. E isto

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não era novidade, pois desde muito tempo estava escrito de tais bispos e diáconos" (1ª Carta aos Coríntios 42,1-4). "Nossos apóstolos também sabiam do ofício do episcopado através de Nosso Senhor Jesus Cristo, pois houve uma discussão a respeito. Por essa razão, portanto, como obtiveram um conhecimento antecipado disso, eles indicaram aqueles [ministros] já mencionados, e posteriormente lhes deram instruções, para que quando algum deles falecesse, os outros aprovassem homens que os pudesse suceder no ministério" (1ª Carta aos Coríntios 44,1-2).

Inácio de Antioquia

"Segui ao bispo, vós todos, como Jesus Cristo ao Pai. Segui ao presbítero como aos Apóstolos. Respeitai os diáconos como ao preceito de Deus. Ninguém ouse fazer sem o bispo coisa alguma concernente à Igreja. Como válida só se tenha a Eucaristia celebrada sob a presidência do bispo ou de um delegado seu. A comunidade reúne onde estiver o bispo e onde está Jesus Cristo está a Igreja Católica. Sem a união do bispo não é lícito batizar, nem celebrar a Eucaristia. Só o que tiver a sua aprovação será do agrado de Deus e assim será firme e seguro o que fizerdes" (Epístola aos Esmirnenses 8).

"Quem respeita o bispo é respeitado por Deus; quem faz algo às escondidas do bispo, serve ao diabo" (Epístola aos Esmirnenses 9).

"Com efeito, todos aqueles que são de Deus e de Jesus Cristo, esses estão também com o bispo (...) Preocupai-vos em participar de uma só Eucaristia. De fato, há uma só carne de Nosso Senhor Jesus Cristo e um só cálice na unidade do seu Sangue, um único altar, assim como um só bispo com o presbitério e os diáconos, meus companheiros de serviço. Desse modo, o que fizerdes, fazei-o segundo Deus (...) Estando no meio de vós, gritei, disse em alta voz, uma voz de Deus: 'Permanecei unidos ao bispo, ao presbitério e aos diáconos' (...) Foi o Espírito que me anunciou, dizendo: 'Não façais nada sem o bispo: guardai vosso corpo, templo de Deus, amai a união, fugi das divisões, sede imitadores de Jesus Cristo, como Ele também o é do seu Pai" (Epístola aos Filadelfienses 3,2; 4; 7-12).

"Convém caminhar de acordo com o pensamento de vosso bispo, como já o fazeis. Vosso presbitério, de boa reputação

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e digno de Deus, está unido ao bispo, assim como as cordas de uma cítara (...) Se a oração de duas pessoas juntas tem tal força, quanto mais a do bispo e de toda a Igreja (...) Tenhamos cuidado de não resistirmos ao bispo, a fim de estarmos submetidos a Deus" (Epístola aos Efésios 4,1; 5,2-3).

"Nos bispos, presbíteros e diáconos, eu vi e amei na fé toda a vossa comunidade. Por isso, vos peço que estejais dispostos a fazer todas as coisas na concórdia de Deus, sob a presidência do bispo, que ocupa o lugar de Deus, dos presbíteros, que representam o colégio dos apóstolos, e dos diáconos, que são muito caros para mim, aos quais foi confiado o serviço de Jesus Cristo (...) Assim como o Senhor nada fez, nem por si mesmo nem por meio de seus Apóstolos, sem o Pai, com o qual Ele é um, também vós não façais nada sem o bispo e os presbíteros" (Epístola aos Magnésios 6,1; 7,1).

"É necessário, portanto, como já o fazeis, nada realizar sem o bispo, mas também vos submeterdes ao presbitério, como aos Apóstolos de Jesus Cristo, nossa esperança, no qual nos encontraremos em toda a nossa conduta" (Epístola aos Tralianos 2,2).

"Que todos reverenciem os diáconos como Jesus Cristo, como também o Bispo que é imagem do Pai, e os presbíteros como o senado de Deus e como a assembléia dos apóstolos: sem eles não se pode falar de Igreja" (Epístola aos Tralianos 3,1).

Aquele que está dentro do santuário é puro, ou seja, aquele que age sem o bispo, sem o presbitério e os diáconos, esse não tem consciência pura" (Epístola aos Tralianos 7,2).

Clemente de Alexandria

"Então, segundo minha opinião, os graus dos bispos, presbíteros e diáconos aqui na Igreja, são imitações da glória angélica, e daquela providência que - as Escrituras dizem - espera aqueles que, seguindo as pegadas dos apóstolos, viveram na perfeição da retidão de acordo com o Evangelho" (Stromata 6,13).

Hipólito de Roma

"Seja ordenado bispo aquele que, irrepreensível, tiver sido eleito por todo o povo. E quando houver sido chamado pelo nome e aceito por todos, reúna-se o povo juntamente com

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o presbitério e os bispos presentes, no domingo" (Tradição Apostólica).

"Pai, que conheceis os corações: concedei a vosso servo que escolhestes para o episcopado, apascentar vosso santo rebanho e exercer irrepreensivelmente diante de vós o sumo sacerdócio, servindo-vos noite e dia; que ele torne incessantemente propício vosso olhar e ofereça os dons de vossa santa Igreja; que, em virtude do espírito do sumo sacerdócio, tenha o poder de perdoar os pecados segundo o vosso mandamento, distribua os cargos conforme vossa ordem e se desligue de todo vínculo em virtude do poder que destes aos Apóstolos; que ele vos seja agradável por sua doçura e seu coração puro, oferecendo-vos um perfume agradável, por vosso Filho Jesus Cristo" (Tradição Apostólica 3).

Cipriano de Cartago

"Grande número de bispos se reuniram em Cartago juntamente com os presbíteros e diáconos e uma parte considerável do povo" (Sententiae Episcoporum).

"Nenhum de nós [durante o Sínodo Regional] se coloca como bispo de bispos; nenhum de nós compele por terror tirânico qualquer colega à necessidade da obediência, uma vez que cada bispo, de acordo com seu próprio direito de liberdade e poder, tem seu próprio direito de juízo e não pode ser julgado por outro mais do que ele mesmo pode julgar os demais" (Sententiae Episcoporum).

"O episcopado é uno e indivisível. Ninguém, por suas mentiras, iluda os irmãos (...) A dignidade episcopal é uma e cada bispo dela participa solidariamente, sem divisão do conjunto" (A Unidade da Igreja 5).

Hilário de Poitiers

"O Santo Apóstolo Paulo dando a forma de indicar um bispo e estabelecendo por suas instruções uma inteiramente nova qualidade de membro da Igreja, ensinou com as seguintes palavras o somatório de todas as virtudes que leva alguém à perfeição: 'manter firme a palavra de acordo com a doutrina da fé, ser apto a ensinar a sã doutrina e a preparar mantenedores. Porque há muitos homens desregrados, faladores vãos e enganadores'. Assim ele destaca que as virtudes essenciais de uma boa disposição e de moralidade são as únicas proveitosas para um bom serviço do

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sacerdócio se, ao mesmo tempo, não faltam as qualidades necessárias para saber como pregar e preservar a fé, porque alguém não é corretamente feito um bom e proveitoso sacerdote simplesmente por uma vida inocente ou por um mero conhecimento da pregação" (Da Trindade 8,137).

Atanásio de Alexandria

"E antes de receberdes a graça do episcopado, ninguém vos conhece; mas após vos tornardes um deles, os leigos esperam que lhes leveis o alimento, ou seja, as instruções das Escrituras (...) Porque se todos pensassem que são vossos atuais conselheiros, como vos tornaríeis um cristão, se não houvesse bispos? Ou se nossos sucessores herdassem o modo de pensar, como os cristãos estariam aptos a se manterem unidos?" (Epístola 49,2.4 [a Dracôncio]).

Basílio Magno de Cesaréia

"A organização interna da Igreja é obra do Espírito santo" (Do Espírito Santo 16).

"O objeto imediato de minha solicitação é a seguinte: fique dispensado pelo velho censo o clero de Deus, presbítero e diáconos" (Epístola 104 [a Modesto]).

"Deveis saber que esse Fausto veio a mim com cartas do Papa, referindo que ele pode ordenar bispo" (Epístola 121, [a Teódoto]).

Gregório de Nanzianzo

"Quem pode testar a si mesmo pelas regras e padrões que Paulo estabeleceu para bispos e presbíteros, de que devem ser temperados, serenos, não dados ao vinho, não violentos, aptos a ensinar, irrepreensíveis em todas as coisas, e além do alcance dos maus, sem encontrar considerável desvio da linha reta das regras?" (Em Defesa do sua Exaltação, 69).

Gregório de Nissa

"Para finalizar, é bom - penso - examinar as altas qualificações em vossa eleição, para que aquele que for indicado para a Presidência possa ser adequado para o posto. Agora as injunções apostólicas não nos direcionam a procurar por um elevado nascimento, saúde e distinção aos olhos do mundo, entre as virtudes de um bispo" (Epístola 13

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Carlos Martins Nabeto

[à Igreja de Nicomédia]).

Ambrósio de Milão

"Você encontrará ali o diácono, encontrará o sacerdote, encontrará o sacerdote principal (=o bispo)" (Dos Mistérios, 2).

João Crisóstomo

"Aos bispos companheiros e diáconos: 'O que está acontecendo? Há vários bispos numa única cidade? Certamente não. Mas chamam os presbíteros de bispos. Pois eles, no entanto, intercambiam os títulos, e o bispo era um diácono. Por essa razão escrevendo a Timóteo, ele (=São Paulo) disse a um que era bispo: 'Exercei vosso ministério'; pois aquele que é bispo demonstra por seus sermões: 'a ninguém imponhais as mãos inconsideradamente', e de novo: 'o carisma que vos foi concedido com a imposição das mãos dos anciãos'. Contudo, os presbíteros não devem impor as mãos sobre um bispo'" (Homilia aos Filadelfos 1,1).

Agostinho de Hipona

"Se para vós sou bispo, convosco sou cristão".

"Não há, contudo, tal estreiteza na excelência moral da Igreja Católica de modo que devesse limitar meu apreço à vida daqueles aqui mencionados. Pois que quantos bispos conheço mais excelentes e santos, quantos presbíteros, quantos diáconos e ministros dos divinos sacramentos, de todas os tipos, cujas virtudes me parecem mais admiráveis e mais dignas de recomendação em virtude da dificuldade maior de preservá-las em meio das múltiplas variedades de homens e nesta vida de distúrbios!" (Sobre a Moral da Igreja Católica, 69).

Isidoro de Pelúsio

"O 'omophorion' do bispo é tecido de lã e não de linho, porque significa a pele da ovelha errante que o Senhor buscou e carregou em seus ombros. Com efeito, o bispo é a figura de Cristo: cumpre as funções deste e mostra a todos, por sua veste, que imita o grande Bom Pastor, que foi proposto para carregar as enfermidades de seu rebanho" (Epístola 1,136).

João Cassiano

"Pois nos dias primitivos da fé, quando somente uns poucos,

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aqueles que eram os melhores, foram conhecidos pelo nome de monges, que como tinham acolhido este modo de vida através do evangelista Marcos de santa memória, o primeiro a presidir a Igreja de Alexandria como bispo (...) Mas muitas vezes isso os levou a um desejo de tomar as santas ordens, e um desejo pelo sacerdócio ou diaconato. Isso significa que se um homem, mesmo contra sua vontade, recebe esse ministério, deve exercê-lo com tal santidade e correção que seja capaz a se pôr como exemplo de santidade mesmo aos outros sacerdotes; e que ele se sobreponha sobre todo o povo, não somente por sua maneira de vida, mas também por seu ensinamento e pregação. Isso leva um homem, mesmo quando fica sozinho e mora numa cela, a percorrer em pensamento e imaginação a habitação e mosteiros dos outros e a fazer muitas conversões sob o incentivo da exultação mental" (Institutos 2,5; 11,14).

Papa Gregório I Magno de Roma

"Através de meu muito amado filho Laurêncio, presbítero, e Pedro, o monge, eu recebi vossa carta fraterna, na qual dizeis que estais ansioso para me interrogar sobre muitos pontos. Mas de vez que meus antes citados filhos me encontraram atacado com problemas de gota, e em sua pressa para que os dispensasse logo, deixaram-me com a mesma dolorosa doença, não tive possibilidade de vos responder, como deveria ter feito, pela grande extensão de cada uma de suas questões. [A primeira questão de Agostinho]- Eu pergunto, santo Padre, com relação aos bispos, como eles poderiam viver com seu clero? Com respeito às oferendas dos fiéis que são recebidas no altar, em quantas porções devem ser divididas, e como os bispos devem chegar a um acordo com eles, na Igreja? [Resposta de São Gregório, papa]- A Sagrada Escritura, que - não há dúvida - conheceis bem, sobre isso dá testemunho, e especialmente as epístolas do abençoado Paulo a Timóteo, na qual ele se esforça em instruí-lo como devia se comportar na casa de Deus. Agora é costume da Sé Apostólica emitir uma ordem aos bispos, quando ordenados, para que todos os emolumentos recolhidos sejam repartidos em quatro divisões, a saber: uma para o bispo e manutenção de sua casa por causa da hospitalidade e recepção; uma outra para o clero; uma terceira para o pobre; e uma quarta para repartição pelas Igrejas. Mas, de

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vez que como em vossa congregação tendes sido treinados nas regras do monastério, não deveis viver separados do vosso clero na Igreja dos Anglos, que pela graça de Deus recebeu recentemente a fé, e seria correto instituir aquela forma de vida que havia no começo da Igreja recém-criada, que era a de nossos Pais, entre os quais ninguém se dizia proprietário das coisas como se fossem suas, mas eles tinham todas as coisas em comum" (Epístola 64 [a Agostinho de Bretanha]).

* * *

c) Título de “Pai” (=Padre) “Sabeis de que maneira a cada um de vós vos

andávamos exortando, como um pai a seus filhos, confortando e suplicando que andásseis de uma

maneira digna de Deus” (1Tes. 2,11-12a).

Os católicos possuem grande afeição pelos sacerdotes e chamam-nos de “padres” (=pai) sabendo que, como membros da comunidade, foram confiados aos seus cuidados espirituais, mantendo, pois, um relacionamento filial. Os sacerdotes, por sua vez, seguem o exemplo bíblico dos Apóstolos, referindo-se aos fiéis como “meus filhos” ou “filhinhos” (cf. Gal. 4,19; 1Tim. 2,1; Fm. 10; 1Ped. 5,13, 1Jo. 2,1; 3Jo. 4)1.

Policarpo de Esmirna

"Eis o doutor da Ásia (=Policarpo de Esmirna), o pai dos cristãos" (Martírio de Policarpo 12,2).

Ireneu de Lião

"O que foi instruído por um outro, pela palavra se diz 'filho de quem o instruiu', sendo aquele chamado 'seu pai'" (Contra as Heresias 4,41,2).

Vicente de Lérins

"[Padres ou Pais] são aqueles que constantemente ensinaram e sempre permaneceram na fé, que morreram fiéis a Cristo ou que tiveram a sorte de morrer por Ele" (Commonitorium 28).

* * *

1 CATHOLIC ANSWERS. Tract: Calling Priests ‘Father’. EUA, 1996.

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d) Pode perdoar os pecados “Então soprou sobre os Apóstolos e disse-lhes: ‘Recebei

o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ão perdoados; àqueles a quem os

retiverdes, ser-lhes-ão retidos’” (Jo. 20,22-23).

Como Cristo confiou aos seus Apóstolos o ministério da reconciliação, os bispos, seus sucessores, e os presbíteros, colaboradores dos bispos, continuam a exercer esse ministério. De fato, são os bispos e os presbíteros que têm, em virtude do sacramento da Ordem, o poder de perdoar todos os pecados “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. O confessor não é o senhor, mas o servo do perdão de Deus (CIC 1461, 1466).

Hipólito de Roma

"Pai, que conheceis os corações: concedei a vosso servo que escolhestes para o episcopado, apascentar vosso santo rebanho e exercer irrepreensivelmente diante de vós o sumo sacerdócio, servindo-vos noite e dia; que ele torne incessantemente propício vosso olhar e ofereça os dons de vossa santa Igreja; que, em virtude do espírito do sumo sacerdócio, tenha o poder de perdoar os pecados segundo o vosso mandamento, distribua os cargos conforme vossa ordem e se desligue de todo vínculo em virtude do poder que destes aos Apóstolos; que ele vos seja agradável por sua doçura e seu coração puro, oferecendo-vos um perfume agradável, por vosso Filho Jesus Cristo, pelo qual a ti a glória, o poder e a honra, ao Pai e ao Filho, com o Espírito Santo na santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos. Amém'" (Tradição Apostólica 3).

Orígenes de Alexandria

"[Existe] a dura e penosa via na qual o pecador não se envergonha de indicar ao sacerdote do Senhor o seu pecado e de pedir-lhe perdão" (Homilia sobre Levítico 2,4).

Gregório de Nanzianzo

"O pecador, ao confessar sincera e contritamente os seus pecados, é como Lázaro: já vive, mas ainda ligado com as ataduras de seus pecados. Precisa de que o Sacerdote lhas corte; e corte-lhas, absolvendo-o".

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Ambrósio de Milão

"O Senhor quer que seus discípulos tenham um poder imenso; quer que seus pobres servidores realizem em seu Nome tudo o que havia feito quando estava na terra" (Da Penitência 1,34).

João Crisóstomo

"Os presbíteros receberam um poder que Deus não deu nem aos anjos nem aos arcanjos. Deus sanciona lá no alto tudo o que os sacerdotes fazem aqui embaixo" (Sac. 3,5).

Papa Leão I Magno de Roma

"A indulgência divina não se obtém sem as orações dos sacerdotes, pois Cristo confiou aos chefes da Igreja o poder de conceder a ação penitencial aos que se confessam e de admiti-los, uma vez purificados, com a proveitosa satisfação, à comunhão dos sacramentos, através da porta da reconciliação" (Epístola 108).

Papa Gregório I Magno de Roma

"Os Apóstolos receberam, pois, o Espírito Santo para desligar os pecadores da cadeia dos seus pecados. Deus fê-los participantes do Seu direito de julgar; e eles julgam em Seu Nome e em Seu lugar. Ora, como os bispos são sucessores dos Apóstolos, eles têm o mesmo direito".

* * *

e) Disciplina do Celibato “O que está sem mulher, está cuidadoso das coisas do Senhor, como há de agradar a Deus. Mas o que está casado, está cuidadoso das coisas que são do mundo, como há de dar gosto à sua mulher, e está dividido”

(1Cor. 7,32-33).

Todos os ministros ordenados da Igreja latina, com exceção dos diáconos permanentes, normalmente são escolhidos entre os homens fiéis que vivem em celibato e pretendem manter o celibato “por causa do Reino dos Céus” (Mat. 19,12). Chamados a consagrar-se com indiviso coração ao Senhor e a cuidar das coisas do Senhor, entregam-se inteiramente a Deus e aos homens. O celibato é um sinal desta nova vida a serviço da qual o ministro da Igreja é consagrado; aceito com coração alegre, ele anuncia de modo radiante o Reino de Deus (CIC 1579).

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Concílio Regional de Elvira

"O bispo ou qualquer outro clérigo tenha consigo somente uma irmã ou uma filha virgem consagrada a Deus; porém, de modo algum admite [o Concílio] que tenha [consigo] uma estranha" (cân. 27).

"Exige-se totalmente aos bispos, presbíteros e diáconos ou a todos os clérigos admitidos no ministério, que se abstenham de seus cônjuges e não gerem filhos. E quem vier a desobedecer, seja afastado da honra clerical" (cân. 30).

Papa Sirício I de Roma

"Soubemos que muitíssimos sacerdotes de Cristo e levitas procriaram filhos decorrido longo tempo de sua consagração, não apenas em suas próprias mulheres, mas por torpe união, e querem defender seu crime com a desculpa de que se lê, no Antigo Testamento, que foi concedido aos sacerdotes e ministros a faculdade de gerar (...) Todos os levitas e sacerdotes estamos obrigados, por lei indissolúvel, a estas sanções, ou seja, que a partir do dia de nossa ordenação, consagramos os nossos corações e os nossos corpos à sobriedade e à castidade, para agradar em tudo a nosso Deus, nos sacrifícios que diariamente oferecemos. 'Mas os que estão na carne' - diz o vaso eleito (=São Paulo) - 'não podem agradar a Deus' (Rom. 8,8). (...) Aqueles que se apóiam sobre a desculpa de um ilícito privilégio, para afirmar que isto lhes foi conferido pela lei antiga, saibam que, por autoridade da Sé Apostólica (=Roma), estão depostos de toda honra eclesiástica, de que têm usado indignamente, e que não poderão tocar jamais os venerandos mistérios (=Eucaristia), os que a si mesmos se privaram por conceber prazeres obscenos" (Epístola 1).

Sócrates de Constantinopla

"Era suficiente que aqueles que fossem admitidos no clero não se casassem mais, segundo a antiga tradição da Igreja, sem que houvesse necessidade de obrigar os que se tinham casado quando leigos a abandonar as suas mulheres. Pafnúcio (bispo de uma cidade da Alta Tebaída) sustentou esta opinião, muito embora não apenas nunca tivesse se casado, como também jamais houvesse conhecido uma mulher, pois, desde a infância, fora criado num mosteiro e se fizera admirar por sua singular castidade" (História Eclesiástica 1,11).

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Papa Leão I Magno de Roma

“Porque embora aqueles que não estão na lista do clero estejam livres para usufruírem o prazer da companhia da esposa e da procriação de filhos, contudo, para demonstração da pureza da completa continência, mesmo aos subdiáconos não é permitido o casamento carnal, porque 'aqueles que são (casados), ajam como se não fossem' e aqueles que não são, devem permanecer solteiros. Contudo, se nessa ordem, para aquele que é o quarto na Cabeça (isto é, em Cristo), isso é observância mais digna, quanto mais deve ser observado pelo primeiro ou segundo ou terceiro, para que ninguém que tenha sido listado para exercer, seja os deveres do diaconato ou a honorável posição do presbítero ou a preeminência do bispo, venha a ser descoberto como ainda não tendo refreado os desejos por sua esposa" (Epístola 14,5 [a Anastácio]).

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5. Fiéis cristãos

Em qualquer época e em qualquer povo, é aceito por Deus todo aquele que o teme e pratica a justiça. Aprouve contudo a Deus santificar e salvar os homens não singularmente, sem nenhuma conexão uns com os outros, mas constituí-los num povo, que O conhecesse na verdade e santamente O servisse. Escolheu, por isso, Israel como o seu povo. Estabeleceu com ele uma aliança e instrui-o passo a passo (...) Tudo isso, porém, aconteceu em preparação e figura aquela nova e perfeita aliança que se estabeleceria em Cristo (...) Esta é a Nova Aliança, isto é, o Novo Testamento no Seu Sangue, chamando de entre judeus e gentios um povo, que junto crescesse na unidade, não segundo a carne, mas no Espírito (CIC 781).

a) Quem são “Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura”

(2Cor. 5,17).

O Povo de Deus tem características que o distinguem nitidamente de todos os agrupamentos religiosos, étnicos, políticos ou culturais da história: (1) Ele é Povo de Deus: Deus não pertence como propriedade a nenhum povo. Mas adquiriu para Si um povo, dentre os que outrora não eram um povo: “uma raça eleita, um sacerdócio régio, uma nação santa” (1Ped. 2,9); (2) A pessoa torna-se membro deste povo não pelo nascimento físico, mas pelo “nascimento do alto”, “da água e do Espírito” (Jo. 3,3-5), isto é, pela fé em Cristo e pelo batismo; (3) Este povo tem por chefe (Cabeça) Jesus Cristo (Ungido, Messias): pelo fato de a mesma Unção, o Espírito Santo, derivar da Cabeça para o Corpo, ele é o Povo messiânico; (4) A condição deste povo é a dignidade da liberdade dos filhos de Deus: nos corações deles, como em um templo, reside o Espírito Santo; (5) Sua lei é o mandamento novo de amar como Cristo mesmo nos amou. É a lei nova do Espírito Santo (Rom. 8,2; Gal. 5,25); (6) Sua missão é ser o sal da terra e a luz do mundo. Ele constitui para todo o gênero humano o mais forte germe da unidade, esperança e salvação; (7) Finalmente, sua meta é o Reino de Deus, iniciado na terra por Deus mesmo, Reino a ser estendido mais e mais, até que, no fim dos tempos, seja consumado por Deus mesmo (CIC 782).

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Epístola a Diogneto

"Os cristãos não se distinguem dos demais homens nem por sua terra, nem por sua fala, nem por seus costumes; porque nem habitam cidades exclusivamente suas, nem falam uma língua estranha, nem levam um gênero de vida diferente dos demais (...), mas, habitando cidades gregas ou bárbaras, segundo a sorte que tenha cabido a cada um, e adaptando-se em roupas, comida e demais gêneros de vida, aos usos e costumes de cada país, dão mostras de um teor de peculiar conduta, admirável, e, por confissão de todos, surpreendente. Habitam suas próprias pátrias, mas como forasteiros; tomam parte em tudo como cidadãos, mas suportam a tudo como estrangeiros; toda terra estranha é uma pátria para eles, e toda pátria, terra estranha; casam-se como todos e, como todos, geram filhos (...) Obedecem às leis estabelecidas, mas a sua maneira de viver vai muito além das leis (...) Tão nobre é o posto que lhes foi por Deus outorgado, que não lhes é permitido desertar" (5,4-5.10; 6,10).

"Os cristãos estão na carne, mas não vivem segundo a carne. Passam sua vida na terra, mas são cidadãos do céu" (5,8.9).

Justino Mártir

"Eis que nos dão o nome de 'ateus'. E se se trata desses supostos deuses [do Império], certamente confessamos ser ateus" (Apologia 1,1,6).

"Aqueles que viveram segundo o Verbo são cristãos, ainda que tenham sido considerados ateus (...) Assim, os que nasceram antes, vivendo sem o Verbo, foram maus e inimigos de Cristo e responsáveis pela morte dos que viviam segundo o Verbo. Mas os que viveram e os que continuam vivendo segundo o Verbo, estes são cristãos" (Apologia 1,1,46,3-4).

Atas dos Mártires

"Prefeito Rústico: Onde vos reunis?

Justino: Onde cada um prefere e pode, pois sem sombra de dúvida imaginas que todos nós nos juntamos em um mesmo lugar. Mas não é assim, pois o Deus dos cristãos não está circunscrito a lugar algum, mas, sendo invisível, enche o céu e a terra, e em todas as partes é adorado e glorificado por seus fiéis".

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A FÉ CRISTÃ

Tertuliano de Cartago

"Ontem nascemos e hoje enchemos o Império: as cidades, as ilhas, os castelos, as vilas, as aldeias, os reais, as tribos, as decúrias, o palácio, o Senado, o Consistório. Só deixamos vazios os templos para vós" (Apologia contra os Gentios 37).

Orígenes de Alexandria

"Tu que segues a Cristo e que o imitas; tu que vives da palavra de Deus; tu que meditas em sua Lei, noite e dia; tu que te exercitas em seus mandamentos: tu estás sempre no santuário e nunca saís dele, porque o santuário não precisa ser procurado em um lugar, mas nos atos, na vida, nos costumes. Se são conforme Deus, se se cumprem conforme seu mandado, pouco importa que estejas em tua casa ou na praça, nem ao menos importa se te encontras no teatro. Se serve ao Verbo de Deus, tu estás no Santuário, não duvides" (Homilias sobre o Levítico 12,4).

Gregório de Nissa

"O objetivo da vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus" (Beat. 1).

Papa Leão I Magno de Roma

"Todos os que renasceram em Cristo obtiveram, pelo sinal da cruz, a dignidade real e, pela unção do Espírito Santo, receberam a consagração sacerdotal. Por isso, não obstante o serviço especial do nosso ministério, todos os cristãos foram revestidos de um carisma espiritual que os torna membros desta família de reis e deste povo de sacerdotes. Não será, na verdade, função régia o fato de uma alma, submetida a Deus, governar o seu corpo? E não será função sacerdotal consagrar ao Senhor uma consciência pura e oferecer no altar do coração a hóstia imaculada da nossa piedade?" (Sermão 4,1).

"Cristão: reconhece a tua dignidade. Por participares agora da natureza divina, não te degeneres retornando à decadência de tua vida passada. Lembra-te da Cabeça a que pertences e do Corpo de que és membro. Lembra-te de que foste arrancado do poder das trevas e transferido para a luz e o Reino de Deus" (Sermão 21,2-3).

Papa Celestino I de Roma

"Devemos nos diferenciar do povo e dos outros por nossa

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doutrina e não por nossas vestes; por nossa conduta e não por nossos hábitos; pela pureza da nossa alma e não por nosso patrimônio" (Epístola 4,1,2).

Papa Gregório I Magno de Roma

"Os cristãos expulsam as serpentes quando arrancam o mal do coração dos outros com a exortação ao bem comum (...) Impõem as mãos sobre os enfermos quando vêem que o próximo se enfraquece na prática do bem e lhe oferecem ajuda de mil maneiras, robustecendo-o com a força do exemplo. Estes milagres são tanto maiores quanto se passam no campo espiritual, dando vida, não aos corpos, mas às almas. Também vós, se não vos desleixardes, podereis operar estes prodígios com a ajuda de Deus" (In Ev. Hom. 29,4).

* * *

b) São imitadores de Cristo “Porque Eu dei-vos o exemplo, para que, como Eu vos

fiz, assim façais vós também” (Jo. 13,15).

Jesus Cristo é aquele que o Pai ungiu com o Espírito Santo e que constituiu Sacerdote, Profeta e Rei. O Povo de Deus inteiro participa destas três funções de Cristo e assume as responsabilidades de missão e de serviço que daí decorrem (CIC 783).

Inácio de Antioquia

"Permiti que aprendam com o vosso exemplo (...) Por nossa bondade, mostremo-nos como seus irmãos, esforçando-nos por imitar o Senhor" (Epístola aos Efésios 10).

Epístola a Diogneto

"Purifica-te dos preconceitos, despoja-te dos hábitos que te seduzem, torna-te no teu âmago um homem novo para te fazeres discípulo da doutrina nova, como a chamas" (2-3).

Justino Mártir

"A semente do Verbo é inata a todo gênero humano" (Apologia 2,8,1).

Lactâncio

- "Se por um acaso um discípulo dissesse [a Cristo]:

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A FÉ CRISTÃ

- Tu prescreves coisas impossíveis!

O Mestre responderia:

- Sim, mas Eu mesmo as pratico.

- Mas eu sou revestido de carne à qual pertence o pecado!

- Também Eu tenho a mesma carne e, todavia, o pecado não tem domínio sobre mim.

- (...) Não posso, por causa da justiça, suportar nem a dor nem a morte, pois sou frágil!

- Sim, a dor e a morte também têm poder sobre Mim, mas consigo vencer essas coisas que são

objeto de teu temor, para te permitir vencer a dor e a morte. Eu fui o primeiro a enfrentar

aqueles sofrimentos que, para escusar-te, apresentas como intoleráveis. Se não podes seguir-me

como Mestre, segue-me como Guia" (Instituições Divinas 4,24).

Orígenes de Alexandria

"[Cristo] reúne em si todos nós: é Ele mesmo que em nós sofre a fome, que tem sede em nós, que está nu e doente, é hóspede e está encarcerado; e qualquer coisa que seja feita a um de seus discípulos ele a considera feita a si (...) Se uma parte do corpo nos prejudica ninguém diz: 'Passo bem, mas o estômago me dói', mas sim: 'Não passo bem, pois o estômago me dói' (...) O Apóstolo diz que somos corpo de Cristo e seus membros, cada um fazendo a sua parte. Cristo, portanto, de quem todo o gênero humano, ou melhor, a totalidade da criação, é corpo e nós seus membros, cada qual fazendo a sua parte; se algum de nós, que somos chamados seus membros, está mal e sofre por algum pecado, isto é, se arde pela mancha de algum pecado e não está sujeito a Deus, diz-se com razão que ele, Cristo, não está ainda submisso, pois são seus membros aqueles que não estão submetidos a Deus" (Comentário ao Salmo 31,1).

"Jesus é sempre posto na cruz juntamente com os malfeitores na pessoa de seus discípulos verdadeiros e sofre a mesma pena de outrora entre os homens" (Contra Celso 2,44).

"Se a ti, que és membro, a alegria não te parece perfeita se

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Carlos Martins Nabeto

te falta algum membro, quanto mais o nosso Senhor e Salvador, que é a Cabeça e o autor de todo o corpo, julgará que para ele não há perfeita alegria enquanto vir que falta a seu corpo alguma coisa de seus membros" Homilia 7 sobre o Levítico. 2).

Eusébio de Cesaréia

"Quem quer escrever um tratado de história eclesiástica deve reportar-se ao alto, à primeira economia de Cristo, em que o divino se manifesta mais do que possa parecer a muitos; porque é Dele que herdamos a honra de nosso nome" (História Eclesiástica 1,1).

Cirilo de Jerusalém

"Com efeito, Deus, que nos predestinou à adoção de filhos, tornou-nos conformes ao Corpo glorioso de Cristo. Doravante, portanto, como participante do Cristo, vós sois com justa razão chamados 'cristos'" (Catequeses Mistagógicas 3,1).

Jerônimo

"'O salário que te tinha prometido é a minha imagem e semelhança'. No denário está gravada a imagem do Rei" (Comentário sobre o Evangelho de Mateus 4,3).

Agostinho de Hipona

"Todo homem é Adão, todo homem é Cristo" (Comentário ao Salmo 70,2,1).

"Alegremo-nos, portanto, e demos graças por nos termos tornado não somente cristãos, mas o próprio Cristo. Compreendeis, irmãos, a graça que Deus nos concedeu ao dar-nos Cristo como Cabeça? Admirai e rejubilai; nós nos tornamos Cristo, com efeito, uma vez que Ele é a Cabeça e nós somos os membros; o homem inteiro é constituído por Ele e por nós. A plenitude de Cristo é, portanto, a Cabeça e os membros. Que significa isto, a Cabeça e os membros? Cristo e a Igreja" (Comentário ao Evangelho de João 21,8).

"Conduzi uma vida boa de modo que do grande sacramento que recebestes (=batismo) possais tirar incentivos para o bem" (Sermão 255,A,2).

"O que antes [do batismo] podia ser lícito para vós, agora não o é mais (...) Vós vos chamais 'fiéis'! Vivei como fiéis! Conservai-vos fiéis a vosso Senhor, no vosso coração e na vossa conduta" (Sermão 260).

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A FÉ CRISTÃ

"A Paixão de Cristo é suficiente para ser modelo de toda a nossa vida".

Papa Leão I Magno de Roma

"Ó cristão: reconhece a tua dignidade! Participas da natureza divina (...) Lembra-te sempre da Cabeça a que pertences e do Corpo do qual és membro" (Sermão 21,3).

"A participação no corpo e no sangue de Cristo nada mais é do que nos transformarmos no que tomamos" (Sermão 63,7).

* * *

c) Filhos adotivos de Deus “Porque todos vós sois filhos de Deus, pela fé em Jesus

Cristo” (Gal. 3,26).

Há um duplo aspecto no Mistério Pascal: pela sua morte, Jesus nos liberta do pecado; pela sua ressurreição, Ele nos abre as portas de uma nova vida. Esta é primeiramente a justificação que nos restitui a graça de Deus “a fim de que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova” (Rom. 6,4). Esta consiste na vitória sobre a morte do pecado e na nova participação na graça. Ela realiza a adoção filial, pois os homens se tornam irmãos de Cristo, como o próprio Jesus chama seus discípulos após a ressurreição: “Ide anunciar a seus irmãos” (Mat. 28,10; Jo. 20,17). Irmãos não por natureza, mas por dom da graça, visto que esta filiação adotiva proporciona uma participação real na vida do Filho Único, que se revelou plenamente na sua ressurreição (CIC 654).

Ireneu de Lião

"O Verbo de Deus fez-se homem e o Filho de Deus fez-se Filho do Homem para que o homem entre em comunhão com o Verbo de Deus e, por adoção, se torne filho de Deus. Realmente, não poderíamos ganhar de outra forma a eternidade e a imortalidade (...) se antes o Eterno e o Imortal não se tornasse aquilo que somos" (Contra as Heresias 3,19,1).

Clemente de Alexandria

"Ó criança de feliz pedagogia! Completemos em nós a beleza da Igreja e, pequeninos, corramos à nossa boa Mãe.

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Carlos Martins Nabeto

Mesmo quando nos tornamos os ouvintes do Verbo, glorifiquemos a bem-aventurada dispensação pela qual o homem foi elevado: ele é santificado como filho de Deus e a educação que ele recebe sobre a terra o faz cidadão do céu. Lá ele encontra o Pai que sobre a terra aprendeu a conhecer. Em toda esta formação, este ensinamento, esta educação é o Verbo que a dá" (Pedagogo 3,12,99,1).

Cipriano de Cartago

"O homem novo, renascido e restituído a su Deus pela graça, diz primeiro 'Pai' porque se tornou filho" (Da Oração do Senhor 11).

Hilário de Poitiers

"Tudo o que aconteceu com Cristo dá-nos a conhecer que, depois da imersão na água, o Espírito Santo voa sobre nós do alto do céu e que, adotados pela voz do Pai, nos tornamos Filhos de Deus" (Mat. 2).

"O batismo do Jordão tem a finalidade de nos fazer entender, a partir do que acontece com Cristo, que também sobre nós, após a purificação da água, paira o Espírito Santo para nos conferir a unção da glória celeste, e que também nós nos tornamos, pela Palavra do Pai, filhos adotivos de Deus. Assim ocorre que, pelos próprios acontecimentos verificados em Cristo, a realidade antecipa a imagem do próprio sacramento previsto para nós".

Basílio Magno de Cesaréia

"Ou nos afastamos do mal por medo do castigo, estando assim na posição de escravos; ou buscamos o atrativo da recompensa, assemelhando-nos aos mercenários; ou é pelo bem em si mesmo e por amor de Quem manda que nós obedecemos (...) e estaremos então na posição de filhos" (Reg. Fus. Prol. 3). "Por comunhão com Ele, o Espírito Santo torna espiritual, recoloca no Paraíso, reconduz ao Reino dos Céus e à adoção filial, dá a confiança de chamar Deus de Pai e de participar na graça de Cristo, de ser chamado filho da luz e de ter parte na glória eterna" (Spir. 15,36).

Cirilo de Jerusalém

"Com efeito, Deus, que nos predestinou à adoção de filhos, tornou-nos conformes ao Corpo glorioso de Cristo. Doravante, portanto, como participante do Cristo, vós sois com justa razão chamados 'cristos'" (Catequeses

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A FÉ CRISTÃ

Mistagógicas 3,1).

Ambrósio de Milão

"Ó homem! Não ousavas levantar teu rosto ao céu; baixavas os olhos para a terra e, de repente, recebeste a graça de Cristo: todos os teus pecados te foram perdoados. De servo mau te tornaste um bom filho (...) Levanta, pois, os olhos para o Pai que te resgatou por seu Filho e dize: 'Pai nosso' (...) Mas não invoques nenhum privilégio. Ele não é o Pai, de maneira especial, senão do Cristo tão somente, ao passo que a nós, Ele nos criou (...) Dize, portanto, também tu, pela graça: 'Pai nosso', a fim de mereceres ser seu filho" (Dos Sacramentos 5,19).

Agostinho de Hipona

"Antes de sermos filhos de Deus, éramos já alguma coisa, e recebemos então o benefício de nos tornarmos o que ainda não éramos (...) A graça nos fez o que não éramos: filhos de Deus. Mas já antes éramos algo (...): filhos dos homens" (Epístola 140,4,10).

* * *

d) Devem obediência e comunhão com o clero “Porque virá tempo em que não suportarão a sã

doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus

próprios desejos” (2Tim. 4,3).

Feito membro da Igreja, o batizado não pertence mais a si mesmo (1Cor. 6,19), mas Áquele que morreu e ressuscitou por nós. Logo, é chamado a submeter-se aos outros, a servi-los na comunhão da Igreja, a ser obediente e dócil aos chefes da Igreja (Heb. 13,17) e a considerá-los com respeito e afeição (CIC 1269).

Inácio de Antioquia

"Convém estardes sempre de acordo com o modo de pensar do vosso bispo. Por outro lado, já o estais, pois o vosso presbitério, famoso justamente por isto e digno de Deus, sintoniza com o bispo da mesma forma que as cordas de uma harpa. Com vossos sentimentos unânimes e na harmonia da caridade, constituís um canto a Jesus Cristo. Mas também cada um deve formar, juntamente com os

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Carlos Martins Nabeto

outros, um coro. A concórdia fará que sejais uníssonos. A unidade vos fará tomar o dom de Deus e podereis cantar a uma só voz ao Pai por Jesus Cristo. Também ele, então, escutar-vos-á e reconhecerá pelas obras que sois membros do seu Filho. Importante, por conseguinte, vivermos numa irrepreensível unidade. Assim poderemos participar constantemente da união com Deus" (Epístola aos Efésios).

"Segui ao bispo, vós todos, como Jesus Cristo ao Pai. Segui ao presbítero como aos Apóstolos. Respeitai os diáconos como ao preceito de Deus. Ninguém ouse fazer sem o bispo coisa alguma concernente à Igreja. Como válida só se tenha a Eucaristia celebrada sob a presidência do bispo ou de um delegado seu. A comunidade reúne onde estiver o bispo e onde está Jesus Cristo está a Igreja Católica. Sem a união do bispo não é lícito batizar, nem celebrar a Eucaristia. Só o que tiver a sua aprovação será do agrado de Deus e assim será firme e seguro o que fizerdes" (Epístola aos Esmirnenses 8,1).

"Nada exista entre vós que possa dividir-vos. Vossa união com o bispo e os presbíteros seja uma imagem antecipada e um sinal da vida eterna" (Epístola aos Magnésios).

"Nada façais sem o bispo; ele representa Deus na comunidade. E os presbíteros e os diáconos estão-lhe ao lado".

Cipriano de Cartago

"Desde o início de meu episcopado, tomei como norma nada decidir a partir de minha opinião pessoal, sem o vosso conselho, padres, sem o conselho dos diáconos e sem a aprovação do meu povo. Quando regressar, trataremos em comum - como exige a consideração que temos uns pelos outros - a respeito do que se tem feito e do que convém fazer" (Epístola 14,4).

"Se alguém não está com o bispo, não está na Igreja" (Epístola 66,8).

* * *

e) Fé “Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos

que crêem” (Gal. 3,22).

A fé é, primeiramente, uma adesão pessoal do homem a Deus;

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A FÉ CRISTÃ

é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o assentimento livre a toda a verdade que Deus revelou. Enquanto adesão pessoal a Deus e assentimento à verdade que Ele revelou, a fé cristã é diferente da fé em uma pessoa humana. É justo e bom entregar-se totalmente a Deus e crer absolutamente o que Ele diz. Seria vão e falso colocar tal fé em uma criatura (CIC 150).

Basílio Magno de Cesaréia

"Enquanto desde já contemplamos as bênçãos da fé, como um reflexo no espelho, é como se já possuíssemos as coisas maravilhosas que um dia desfrutaremos, como nos garante a nossa fé" (Spir. 15,36).

Clemente de Alexandria

"Não ignoro o que repisam certos ignorantes que se assustam com o menor barulho, a saber: que é preciso ater-se às coisas essenciais, àquelas que têm relação com a fé, e que se deva negligenciar as que vêm de fora e que são supérfluas" (Stromata 1,1,18,2).

Orígenes de Alexandria

"Se o Verbo quis, em certos casos, a fé simples, foi para não deixar os homens inteiramente sem socorro" (Contra Celso 1,13).

Agostinho de Hipona

"Ninguém crê em alguma coisa sem antes pensar que tal coisa deveria ser crida" (Da Predestinação dos Santos 2,5).

* * *

f) Fé e Razão “Ouça também, o sábio e cresça em ciência, e o

entendido adquira habilidade” (Prov. 1,5).

Porém, ainda que a fé esteja acima da razão, não poderá jamais haver verdadeira desarmonia entre uma e outra, porquanto o mesmo Deus que revela os mistérios e infunde a fé dotou o espírito humano da luz da razão; e Deus não poderia negar-se a Si mesmo, nem a verdade jamais contradizer a verdade. Portanto, se a pesquisa metódica, em todas as ciências, proceder de maneira verdadeiramente científica, segundo as leis morais, na realidade nunca será oposta à fé: tanto as realidades profanas quanto as da fé originam-se do mesmo Deus. Mas

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ainda: quem tenta perscrutar com humildade e perseverança os segredos das coisas, ainda que disto não tome consciência, é como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todas as coisas, fazendo com que elas sejam o que são (CIC 159).

Justino Mártir

"A filosofia é realmente um bem muito grande, muito precioso diante de Deus, ao qual só ela nos conduz e nos une; e são, na verdade, sagrados os que aplicam o espírito à filosofia" (Diálogo com Trifão 2,3).

Clemente de Alexandria

"Como a Lei formou os hebreus, a filosofia formou os gregos para Cristo" (Stromata 1,5,28).

"[A filosofia] exercita o espírito, desperta a inteligência e lhe dá a penetração que poderá prosseguir na busca, graças à verdadeira Filosofia".

"Assim como dissemos que é possível ser crente, ainda que sendo iletrado, assim também reconhecemos que é impossível sem a ciência compreender todo o conteúdo da fé" (Stromata 1,6,35,2).

"Dizemos que a fé não deve ser preguiçosa nem isolada, mas que deve ser associada à pesquisa e desenvolvimento (...) É preciso que a intuição da alma tenda para a descoberta; é preciso, ao mesmo tempo, descartar todos os obstáculos, o espírito de contensão, de inveja e de trapaça" (Stromata 5,2,11,1.4).

"Também os gregos, a despeito de todas as diferenças, encontravam-se numa situação semelhante [aos judeus]. É verdade que não possuíam nem a Lei nem a fé; a verdade lhes vinha exclusivamente do uso da razão natural. Era esta que, no dizer de São Paulo (Rom. 2,14), os julgava e os preparava para a acolhida do Evangelho. É o que se pode colher sem dificuldade da leitura de Platão e dos antigos poetas. A razão natural teve até os seus 'profetas', isto é, os filósofos que, a seu modo, deram testemunho da verdade. Não que Deus lhes falasse diretamente; mas nem por isso deixou de guiá-los indiretamente pela razão, que é também uma luz divina, de forma que a razão era para os pagãos o que a Lei era para os judeus" (Stromata 6,5,8,42,1).

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A FÉ CRISTÃ

"É inconcebível que a filosofia seja má, visto que torna os homens virtuosos. Por isso, ela deve ter sua origem em Deus, que só pode fazer o bem. Aliás, tudo o que vem de Deus é dado para o bem e recebido para o bem. E, por sinal, os homens maus não costumam interessar-se pela filosofia" (Stromata 6,17,159,7-8).

"A fé é por assim dizer uma sabedoria, um conhecimento elementar e abreviado das coisas necessárias. O conhecimento é demonstração firme e estável daquilo que se recebeu pela fé. Ele se edifica sobre a fé, pelo ensinamento do Senhor, e passa a um estado de firmeza e de compreensão intelectuais" (Stromata 7,57,55).

Eusébio de Cesaréia

"Imaginam alguns que o Cristianismo não respeita nenhuma lógica e que aqueles que reivindicam o título de cristão firmam a própria crença apenas em uma fé irracional e em um assentimento sem exame. De acordo com o que crêem, ninguém pode, por meio de uma demonstração evidente, fornecer a prova da verdade de nossas promessas, e nossos seguidores julgam bom interessar-se somente pela fé, o que lhes vale o nome de fiéis, em razão de sua fé sem discernimento e sem exame. Nessas condições, empenhando-se nessa tarefa de demonstração evangélica, à guisa de prelúdio ao tema em seu conjunto, é natural que eu pense que devo começar por breves considerações sobre as questões que, em boa lógica, podem apresentar a nosso respeito os gregos, a gente da circuncisão, bem como todo homem que submete a nossa religião a um exame escrupuloso" (Preparação Evangélica 1,1).

Agostinho de Hipona

"A inteligência é a recompensa da fé" (Comentário ao Evangelho de João 29,6).

"A fé busca, a inteligência encontra" (Da Trindade 15,2,2).

"Ninguém põe em dúvida que todos os homens ou são sábios ou são estultos. Ora, denomino sábios não os homens que possuem coração e inteligência, mas os homens em que se encontram, o quanto possível, a capacidade humana de conhecimento muito lúcido sobre o homem e sobre Deus, e que regulam sua vida conforme essa ciência. Aos demais, sejam doutos ou ignorantes, recomendáveis ou não por seu modo de vida, considero-os

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estultos" (De utilitate credendi 12,27).

"Entenda para que creias; crê para que entendas" (Sermão 43,7).

"A verdadeira ciência nos leva a Deus; a falsa ciência nos afasta de Deus".

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A FÉ CRISTÃ

6. O Papa

O papa, bispo de Roma e sucessor de São Pedro, é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade, quer dos bispos, quer da multidão dos fiéis. Com efeito, o Romano Pontífice, em virtude do seu múnus de Vigário de Cristo e de Pastor de toda a Igreja, possui na Igreja poder pleno, supremo e universal. E ele pode sempre livremente exercer este seu poder (CIC 882).

a) Primazia da Igreja de Roma “Primeiramente dou graças ao meu Deus, mediante

Jesus Cristo, por todos vós, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé” (Rom. 1,8).

As Igrejas particulares são plenamente católicas pela comunhão com uma delas: a Igreja de Roma, que preside à caridade (CIC 834).

Papa Clemente I de Roma

"Se, porém, alguns não obedecerem ao que foi dito por nós, saibam que se envolverão em pecado e perigo não pequeno" (1ª Carta aos Coríntios 59,1).

Inácio de Antioquia

"Inácio... à Igreja que preside na região dos romanos, digna de Deus, digna de honra, digna de ser chamada 'feliz', digna de louvor, digna de sucesso, digna de pureza, que preside ao amor, que porta a lei de Cristo, que porta o nome do Pai, eu a saúdo em nome de Jesus Cristo, o Filho do Pai" (Epístola aos Romanos, Prólogo).

"Nunca tiveste inveja de ninguém; ao contrário, ensinastes aos outros. Quanto a mim, desejo guardar aquilo que ensinais e preceituais" (Epístola aos Romanos 3,1).

"Em vossa oração, lembrai-vos da Igreja da Síria que, em meu lugar, tem Deus por pastor. Somente Jesus Cristo e o vosso amor serão nela o bispo" (Epístola aos Romanos 9,1).

Ireneu de Lião

"Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga,

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conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. Mostraremos que a tradição apostólica que ela guarda e a fé que ela comunicou aos homens chegaram até nós através da sucessão regular dos bispos, confundindo assim todos aqueles que querem procurar a verdade onde ela não pode ser encontrada. Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, é necessário que esteja de acordo toda comunidade, isto é, os fiéis do mundo inteiro; nela sempre foi conservada a tradição dos apóstolos" (Contra as Heresias 3,3,2).

Tertuliano de Cartago

"Se fores à Itália, tens Roma, de onde nos provém a autoridade. Feliz esta Igreja [de Roma], na qual os Apóstolos [Pedro e Paulo] derramaram a doutrina juntamente com seu sangue".

Cipriano de Cartago

"Atrevem-se estes (=cismáticos) a dirigir-se à cátedra de Pedro (=Roma), a esta Igreja principal de onde se origina o sacerdócio (...), esquecidos de que os romanos não podem errar na fé" (Epístola 59).

Optato de Milevi

"Na cidade de Roma, quem por primeiro se sentou na cátedra episcopal foi o Apóstolo Pedro, ele que era a cabeça de toda a Igreja, denominado Cefas (=Pedra) de todos os Apóstolos, cátedra que mantém a unidade de todos. Os Apóstolos nada decidiam sem estar em comunhão com esta única cátedra (...) Recorde a origem desta cátedra todos que reivindicam o nome da Santa Igreja Católica" (Do Cisma Donatista 2,2).

João Cassiano

"Mas aquele grande homem, o discípulo dos discípulos, o mestre entre os mestres, que exerceu o governo da Igreja romana, possuía a autoridade da fé e do sacerdócio. Portanto, diga-nos, nós te suplicamos, diga-nos, Pedro, príncipe dos Apóstolos, diga-nos como as Igrejas devem crer em Deus" (Contra Nestório 3,12).

Papa Dâmaso I de Roma

"Igualmente é decretado (...) e anunciado a todos (...): a Santa Igreja romana está colocada à frente de todas as Igrejas nas decisões de conciliar a paz entre outras igrejas

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A FÉ CRISTÃ

espalhadas no mundo inteiro, perfazendo a unidade da Igreja Católica, pois recebeu a primazia da Voz Evangélica de Nosso Deus e Salvador, que diz: 'Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus e tudo aquilo que ligares na terra será ligado no céu e tudo aquilo que desligares na terra será desligado no céu' (Mt 16,18-19). Então, reconheça-se a primazia da Igreja romana, isto é, do Apóstolo Pedro, que não tem mancha nem manchará a ninguém" (Decreto 3).

Sínodo de Ambrósio

"Reconhecemos na carta de Sua Santidade, o papa Sirício, a vigilância do bom pastor. Ele que administra com fiel zelo o poder a ele confiado, como sucessor de São Pedro, e como guarda do redil de Nosso Senhor Jesus Cristo, (Jo. 10,7-8) merece ser ouvido por todas as ovelhas de Deus e seguido por elas" (Carta sinodal para Sirício).

Papa Zózimo I de Roma

"Ainda que a Tradição dos padres tenha concedido tanta autoridade à Sé Apostólica (=Roma) - que ninguém se atreveu a discutir seu juízo - e sempre foi observado por meio dos cânones e regras, de modo que a disciplina eclesiástica que ainda vige tem tributado em suas leis o nome de Pedro, do qual ela mesma também descende (...) assim pois, sendo Pedro cabeça de tão grande autoridade e havendo confirmado a adesão de todas as autoridades que vieram a segui-la, de forma que a Igreja romana está, pois, confirmada tanto pelas leis divinas quanto pelas humanas (...) possuímos nós tamanha autoridade, de modo que ninguém pode apelar da nossa sentença" (Epístola 12).

Jerônimo

"A nenhum outro quero seguir e estar em comunhão, senão com Cristo e com vossa beatitude (=papa Dâmaso), isto é, com a cátedra de Pedro. Eu sei que sobre esta pedra a Igreja foi construída e quem come o Cordeiro fora desta Casa é profano. Quem não estiver na arca de Noé, isto é, em comunhão com esta cátedra, perecerá quando a inundação prevalecer" (Epístola 15,2).

Agostinho de Hipona

"Agora que vieram disposições da Sé Apostólica (=Roma), o litígio está terminado. Oxalá seja eliminado definitivamente

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Carlos Martins Nabeto

o erro" (Sermão 130,107).

Papa Leão I Magno de Roma

"Eles (=Pedro e Paulo) são os homens, ó Roma, por meio dos quais veio brilhar para ti o Evangelho de Cristo. São eles os que te fizeram, de antiga mestra dos erros, a discípula da verdade. São eles teus santos pais, teus verdadeiros pastores, os que te inscreveram no reino dos céus, fundando-te de modo melhor e mais feliz do que aqueles outros dois (=Rômulo e Remo) que te deram os primeiros alicerces e dos quais um (=Rômulo) te maculou com o crime do fratricídio. São eles os que te trouxeram a esta glória em que te achas, de nação santa, povo eleito, cidade sardotal e régia, tornada, por causa da sede do bem-aventurado Pedro, a capital do orbe, destinada a mais amplamente presidir ao mundo em virtude de tua religião divina do que de teu poderio terreno. Embora muito te tenham estendido as vitórias na terra e no mar, menos foi o que te trouxeram os labores da guerra do que a paz cristã (...) Convinha realmente à obra planejada por Deus que os muitos reinos se confederassem num único Império para prontamente se tornarem permeáveis à pregação geral os povos mantidos pelo regime de uma única cidade. Esta, porém, enquanto ignorava o verdadeiro Autor de sua crescente extensão, servia aos erros dos inúmeros gentios que retinha sob seu domínio, e se considerava grande na religião justamente pelo fato de jamais haver rejeitado, uma que fosse, das falsas doutrinas. Mas assim tanto mais admiravelmente seria libertada por Cristo a cidade tão tenazmente enredada pelo demônio" (Sermão 82).

Máximo Confessor

"Com efeito, desde a decida até nós do Verbo encarnado, todas as Igrejas cristãs, de toda a parte, consideram e continuam considerando a grande Igreja que está aqui em Roma como única base e fundamento, visto que, segundo as próprias promessas do Salvador, as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela" (Opus.).

Papa Adriano I de Roma

"Cumpra-se a palavra de nosso Senhor Jesus Cristo: 'As portas do inferno não prevalecerão contra ela', e também: 'Tu és Pedro...'. A Sé de Pedro brilhou com primazia sobre toda a terra e ela é a cabeça de todas as Igrejas de Deus" (Epístola ao Patriarca Tarásio).

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A FÉ CRISTÃ

* * *

b) Primazia do papa “Dar-te-ei, Pedro, as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mat.

16,19).

Somente a Simão, a quem deu o nome de Pedro, o Senhor constituiu como a pedra da sua Igreja. Entregou-lhe as suas chaves; instituiu-o pastor de todo o rebanho. Porém, o múnus de ligar e desligar, que foi dado a Pedro, consta que também foi dado ao colégio dos Apóstolos, unido a seu chefe. Este ofício pastoral de Pedro e dos outros Apóstolos faz parte dos fundamentos da Igreja e é continuado pelos bispos sob o primado do Papa (CIC 881).

Mártires de Lião

"E os mártires (de Lião) recomendaram a Irineu também, já que, naquele momento, era presbítero da comunidade de Lião, para o bispo de Roma, fazendo um elogio especial (...): 'Mais uma vez, sempre rezaremos e nos alegraremos em Deus por vós, papa Eleutério. Nesta carta, encomendamos a nosso irmão e companheiro Irineu; imploramos: recebei-o com carinho..." (cf. História Eclesiástica de Eusébio 5,4,1-2).

Cipriano de Cartago

"O Senhor diz a Pedro: 'Eu te digo que és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus...' - O Senhor edifica a sua Igreja sobre um só, embora conceda igual poder a todos os Apóstolos depois de sua ressurreição, dizendo: 'Assim como o Pai me enviou, eu os envio. Recebei o Espírito Santo; se perdoardes os pecados de alguém, ser-lhes-ão perdoados; se os retiverdes, ser-lhes-ão retidos'. No entanto, para manifestar a unidade, dispõe por sua autoridade a origem desta mesma unidade partindo de um só. Sem dúvida, os demais Apóstolos eram, como Pedro, dotados de igual participação na honra e no poder; mas o princípio parte da unidade para que se demonstre ser única a Igreja de Cristo" (Da Unidade da Igreja).

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Carlos Martins Nabeto

"Sabemos que Cornélio [papa] foi eleito bispo da Santíssima Igreja Católica por Deus onipotente e por Cristo Senhor nosso. Confessamos, pois, o nosso erro. Fomos vítimas de uma falsidade; fomos colhidos pela perfídia e capciosa charlatanice. Com efeito, ainda quando parecia que tínhamos alguma ligação com o homem cismático e herege, nosso coração, entretanto, sempre esteve com a Igreja, pois não ignoramos que existe um só Deus e um só Senhor Jesus Cristo, a quem confessamos, um só Espírito Santo e somente deve haver um bispo em uma Igreja Católica" (Epístola 6).

"Estar em comunhão com o papa é estar em comunhão com a Igreja Católica" (Epístola 55).

"Atrevem-se estes (=cismáticos) a dirigir-se à cátedra de Pedro (=Roma), a esta Igreja principal de onde se origina o sacerdócio (...), esquecidos de que os romanos não podem errar na fé" (Epístola 59).

Optato de Milevi

"Sirício [papa], o qual é agora nosso colega, com ele todo o mundo está de acordo, juntamente conosco, para uma união de colegialidade por meio da relação constituída pela troca de cartas de comunhão" (A Verdadeira Igreja 2,3).

Papa Sirício I de Roma

"Não negamos a conveniente resposta a tua consulta, pois, em consideração de nosso dever, não temos a possibilidade de desatender nem calar, nós, a quem incumbe zelo maior que a todos pela religião cristã. Suportamos o peso de todos os que estão carregados, ou melhor, em nós o bem-aventurado Apóstolo Pedro suporta [o peso] - como confiamos - nos protege e nos defende em tudo, como herdeiros de sua administração" (Epístola 1).

Concílio Ecumênico de Éfeso

"Ninguém duvida, pelo contrário, por todos os séculos foi conhecido que o santo e bem-aventurado Pedro, príncipe e cabeça de todos os Apóstolos, coluna da fé e fundamento da Igreja Católica, recebeu as chaves do Reino das mãos de nosso Senhor Jesus Cristo, salvador e redentor do gênero humano, e a ele foi dado o poder de ligar e desligar os pecados; e ele, em seus sucessores, vive e julga até o presente e para sempre" (Discurso de Felipe, legado pontifício, na Sessão III).

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A FÉ CRISTÃ

Papa Leão I Magno de Roma

"Jesus aprova a caridade bem ordenada de toda a Igreja que acolhe Pedro na sé de Pedro e não deixa esfriar a caridade para com tão grande pastor, nem mesmo através da pessoa de herdeiro tão pouco semelhante a ele. No intuito, caríssimos, de que este amor filial, que unanimemente demonstras à minha humilde pessoa, consiga o fruto de seu empenho, súplices pedi à misericordiosa clemência de nosso Deus que, em nossos dias, expulse aqueles que nos atacam. A mim, seu pequenino servo, Ele quis que estivesse no leme da Igreja para manifestar as riquezas de sua graça. Por isso, a presença desejada e respeitável de meus veneráveis irmãos e companheiros no sacerdócio tornar-se-á mais sagrada e mais devota se prestarem esta piedosa homenagem à qual se dignaram estar presentes, principalmente aqueles que reconhecem-me não somente como prelado desta sé, mas também como primaz de todos os bispos" (Sermão 3).

"De todo mundo, Pedro foi escolhido para estar à frente da convocação de todos os povos e de todos os Apóstolos e padres da Igreja. Embora, no Povo de Deus, haja muitos sacerdotes e pastores, na verdade governa Pedro àqueles que são súditos de Cristo" (Sermão 4).

* * *

c) Pedro, a pedra “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha

Igreja” (Mat. 16,18).

Jesus, em primeiro lugar, promete construir a Igreja, ou seja, a sociedade dos seus discípulos, sobre um fundamento que será Rocha, fundamento indestrutível. Essa rocha, o Senhor a identifica com Pedro pessoalmente, e não com a confissão de fé de Pedro nem com o grupo dos Doze Apóstolos. Com efeito, note-se como todo o contexto versa em torno da pessoa do Apóstolo: é a Pedro diretamente que Jesus dirige as palavras: “Bem-aventurado és tu..., te revelou... Eu te digo...”. Foi o nome de Pedro que Cristo mudou e é a esse nome mudado que Ele alude, interpretando-o consoante o costume bíblico, como sinal de uma tarefa nova que para o futuro incumbiria ao Apóstolo: “Simão, filho de Jonas... Pedro (pedra)...”. Como o rochedo sustenta todo o edifício, comunicando-lhe sua firmeza, assim no plano jurídico o que sustenta a sociedade,

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Carlos Martins Nabeto

comunicando-lhe coesão, é a autoridade. Ora, tal há de ser o papel de Pedro na Igreja (vê-se que não é função acidental, mas estrutural)2.

Tertuliano de Cartago

"A Igreja foi edificada sobre Pedro".

Cipriano de Cartago

"O Senhor diz a Pedro: 'Eu te digo que és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus...' O Senhor edifica a sua Igreja sobre um só, embora conceda igual poder a todos os Apóstolos depois de sua ressurreição, dizendo: 'Assim como o Pai me enviou, eu os envio. Recebei o Espírito Santo; se perdoardes os pecados de alguém, ser-lhes-ão perdoados; se os retiverdes, ser-lhes-ão retidos'. No entanto, para manifestar a unidade, dispõe por sua autoridade a origem desta mesma unidade partindo de um só. Sem dúvida, os demais Apóstolos eram, como Pedro, dotados de igual participação na honra e no poder; mas o princípio parte da unidade para que se demonstre ser única a Igreja de Cristo (...) Julga conservar a fé quem não conserva esta unidade da Igreja? Confia estar na Igreja quem se opõe e resiste à Igreja? Confia estar na Igreja quem abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja?" (Da Unidade da Igreja).

Afrate da Pérsia

"O chefe dos Apóstolos (=Pedro) (...) o Senhor o aceitou e o constituiu como fundamento, chamando-o ‘pedra’ e ‘estrutura da Igreja’" (Homilia da Penitência 7,15).

Optato de Milevi

"Na cidade de Roma, quem por primeiro se sentou na cátedra episcopal foi o Apóstolo Pedro, ele que era a cabeça de toda a Igreja, denominado Cefas (=Pedra) de todos os Apóstolos, cátedra que mantém a unidade de todos. Os Apóstolos nada decidiam sem estar em comunhão com esta única cátedra (...) Recorde a origem desta cátedra todos que reivindicam o nome da Santa Igreja Católica" (Do

2 Cf. BETTENCOURT, Estêvão Tavares. Diálogo Ecumênico: temas controvertidos. Rio de Janeiro: Lumen Christi, 3ª ed., 1989, pp. 71-116.

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A FÉ CRISTÃ

Cisma Donatista 2,2).

Basílio Magno de Cesaréia

"Pedro é aquela pedra sobre a qual o Senhor prometeu edificar sua Igreja" (Comentário sobre Isaías 2,66).

Ambrósio de Milão

"’Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja’. Com efeito, onde estiver Pedro, aí estará a Igreja" (Comentário ao Salmo 40,30).

João Crisóstomo

"Pedro, na verdade, ficou para nós como a pedra sólida sobre a qual se apóia a fé e sobre a qual está edificada a Igreja. Tendo confessado ser Cristo o Filho do Deus Vivo, foi-lhe dado ouvir: 'Sobre esta pedra' - a da sólida fé - 'edificarei a minha Igreja' (Mt 16,18). Tornou-se, enfim, Pedro o alicerce firmíssimo e fundamento da Casa de Deus, quando, após negar a Cristo e cair em si, foi buscado pelo Senhor e por ele honrado com as palavras: 'Apascenta as minha ovelhas' (Jo. 21,15s). Dizendo isto, o Senhor nos estimulou à conversão, e também a que de novo se edificasse solidamente sobre Pedro aquela fé, a de que ninguém perde a vida e a salvação neste mundo quando faz penitência sincera e se corrige de seus pecados" (Haer. 59,8).

Papa Leão I Magno de Roma

"Perpetua-se a solidez da fé louvada no príncipe dos Apóstolos e assim como perdura aquilo que Pedro acreditou haver em Cristo, mantém-se igualmente o que Cristo instituiu em Pedro. Quando o Senhor, conforme expõe a leitura do Evangelho, interrogou os discípulos sobre o que pensavam a seu respeito, sendo diversas as opiniões de muitos, respondeu o Apóstolo São Pedro: 'Tu és o Cristo, o Filho de Deus!' Disse-lhe estão o Senhor: 'Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus: tudo o que ligares na terra, será ligado nos céus; e tudo o que desligares na terra, será desligado nos céus'" (Sermão 3). ‘Tu és Pedro’ (Mt. 16,18): isto significa que, apesar de ser Eu (=Cristo) a rocha inviolável, a pedra angular que de dois povos faço um

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só (Ef. 2,20.14), o fundamento além do qual ninguém pode pôr outro, também tu (Pedro) és pedra, pois em minha força estás firmado e aquilo que a mim pertence por poder, será comum a ti por participação (...) Sobre esta fortaleza construirei um templo eterno. A minha Igreja, destinada a elevar-se até o céu, deverá apoiar-se sobre a solidez da fé de Pedro" (Sermão 4).

* * *

d) Sucessor de São Pedro “Disse Jesus a Pdro: ‘Simão, filho de Jonas, tu me amas mais do que estes?’. ‘Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo’. Jesus lhes disse: ‘Apascenta os meus cordeiros’”

(Jo. 21,15-17).

O Senhor fez de São Pedro o fundamento visível da Sua Igreja. Entregou-lhe Suas chaves. O Bispo da Igreja de Roma, sucessor de São Pedro, é a cabeça do colégio dos bispos, vigário de Cristo e aqui na terra pastor da Igreja universal (CIC 936).

Ireneu de Lião

"Depois de ter fundado e edificado a Igreja, os bem-aventurados Apóstolos (Pedro e Paulo) transmitiram a Lino o cargo do episcopado (...) Anacleto o sucedeu. Depois, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, é a Clemente que coube o episcopado; ele tinha visto os próprios Apóstolos, estivera em relação com eles; sua pregação ressoava-lhe aos ouvidos; sua Tradição estava presente ainda aos seus olhos; aliás, ele não estava só pois havia em sua época muitos homens instruídos pelos Apóstolos (...) A Clemente sucedeu Evaristo; a Evaristo, Alexandre; em seguida (...), Sisto. Depois Telésforo, também glorioso por seu martírio. Depois Higino, Pio, Aniceto, Sótero (...) e Eleutério, em 12º lugar a partir dos Apóstolos" (Contra as Heresias).

Basílio Magno de Cesaréia

"Onde está Pedro, aí está a Igreja; onde está a Igreja, aí está Cristo".

Ambrósio de Milão

"Onde está Pedro, aí está a Igreja de Jesus Cristo

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A FÉ CRISTÃ

Sínodo de Ambrósio

"Reconhecemos na carta de Sua Santidade, o papa Sirício, a vigilância do bom pastor. Ele que administra com fiel zelo o poder a ele confiado, como sucessor de São Pedro, e como guarda do redil de Nosso Senhor Jesus Cristo, (Jo. 10,7-8) merece ser ouvido por todas as ovelhas de Deus e seguido por elas" (Carta sinodal para Sirício).

* * *

e) A autoridade do papa “Reuniram-se, pois, os Apóstolos e os presbíteros para examinar a questão. Tendo-se suscitado uma grande

discussão, levantou-se Pedro (...) Então toda a assembléia se calou” (At. 15,6-7a.12a).

O papa tem, por instituição divina, poder supremo, pleno, imediato e universal na cura das almas (CIC 937).

Papa Clemente I de Roma

"Devido às calamidades súbitas e repetidas, e infortúnios que nos aconteceram, temos que reconhecer que nos atrasamos em nossa atenção sobre as disputas que ocorrem entre vós (...) Se qualquer de vós desobedecer às coisas que foram ditas por Deus através de nós, isto é, para que restabeleceis vossos líderes, estará se envolvendo em transgressão e em grande perigo. Muito nos alegrará se vós obedecerdes às coisas que escrevemos pelo Espírito Santo" (1ª Carta aos Coríntios 1,1; 58,2; 59,1; 63,2).

Hermas de Roma

"Então escrevi duas cartas reservadas e as enviei para Clemente (bispo de Roma) e Grapte. Clemente a enviará para as cidades, pois este é seu dever" (O Pastor 2,4,3).

Inácio de Antioquia

"Inácio (...) para a Igreja que preside, na região dos romanos, merecedora de Deus, de honra, de bênção, de elogio, de sucesso, de santificação, porque preside o amor. (...) Vós não invejaste ninguém, mas a outros ensinou. Eu só desejo que aquilo que foi ordenado nas tuas instruções possa permanecer em vigor" (Epístola aos Romanos 1,1; 3,1).

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Carlos Martins Nabeto

Dionísio de Corinto

"Desde o princípio, foi costume fazer o bem a todos os irmãos de vários modos, e enviar contribuições para todas as Igrejas, em todas as cidades (...) Este é o costume que o santo bispo Sótero não só preservou mas está aumentando, fornecendo uma abundância de materiais aos santos e urgindo com palavras consoladoras, como um pai amoroso aos seus filhos, os irmãos peregrinos (...) Hoje nós observamos o dia santo do Senhor, no qual lemos a sua carta. Sempre que nós lemos esta carta na Igreja, nos alegramos, como também quando lemos a antiga carta de Clemente" (Carta a Sótero).

Mártires de Lião

"E quando uma dissensão surgiu entre estas pessoas, ditas montanistas, os irmãos na Gália mais uma vez (...) enviaram cartas para os irmãos na Ásia e na Panfília e, além disso, para Eleutério, que era então o bispo dos romanos, e que negociava a paz para a Igreja".

Eusébio de Cesaréia

"Uma pequena questão surgiu naquele momento. Para as igrejas de toda a Ásia, como a mais antiga tradição assegurava, observava-se para o banquete da Páscoa do Salvador o décimo-quarto dia da lua, quando os judeus sacrificavam o cordeiro (...) Mas esse não era o costume do resto do mundo (...) Eles observavam a prática, de origem apostólica que prevalece até o tempo presente, de terminar o jejum da Quaresma no dia da ressurreição do Senhor, no domingo. Foram feitos vários sínodos e assembléias de bispos neste sentido e todos, com mútuo consentimento, prepararam um decreto eclesiástico, de que o mistério da Páscoa deveria ser celebrado no domingo, o dia do Senhor, e que todos deveriam observar o fim do jejum pascal nesse dia (...) Logo após, o papa Vítor, que tudo presidiu como bispo de Roma, tentou cortar imediatamente da comunhão as igrejas da Ásia que celebrassem no dia 14 de Nisan. E ele escreveu cartas e declarou que quem não obedecesse seria excomungado. Isto não agradou todos os bispos e eles pediram para que fosse reconsiderada a excomunhão em nome da paz e da unidade, no amor da Igreja (...) Enviaram Irineu para pedir ao papa para não cortar (da comunhão) as igrejas que observavam costume tão antigo" (História Eclesiástica 5,23,1-11).

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A FÉ CRISTÃ

Papa Júlio I de Roma

"O julgamento de Atanásio deveria ser feito não como está ocorrendo, mas de acordo com o cânon eclesiástico. É ignorante aquele que esquece que o costume é escrever primeiro a nós para que assim seja dada uma decisão justa deste lugar? Se, então, qualquer suspeita foi levantada contra o bispo de Alexandria, isto deveria ter sido comunicado à Igreja daqui de Roma. Mas agora, após se passar por cima disto, querem nosso consentimento? (...) Não é esta a tradição que recebemos. O que escrevo é para o bem comum (...) Isto declaro na pessoa do Santo Apóstolo Pedro, que represento" (Carta em favor de Atanásio).

Concílio Regional de Sárdica

"Quando o bispo perde um julgamento em qualquer caso, decidido pelos bispos da mesma categoria, se quiser pode ser novamente julgado (...) Em honra do Apóstolo Pedro, deve escrever ao bispo de Roma, Júlio, de forma que, se ele quiser, pode proceder novo julgamento, agora sob a supervisão dos legados de Júlio" (Cân. 3).

"Se algum bispo for deposto pelo julgamento dos bispos de uma província, se ele assim o desejar, poderá recorrer ao bispo de Roma, para que este se familiarize com o caso e emita o julgamento final" (Cân. 4).

Papa Inocêncio I de Roma

"Ao buscar as coisas de Deus (...) guardando os exemplos da antiga Tradição (...) haveis fortalecido de modo verdadeiro (...) o vigor da vossa religião, pois verificastes que o assunto devia ser submetido ao nosso juízo, sabendo que é isso que se deve à Sé Apostólica, já que todos os que estamos neste lugar desejamos seguir ao Apóstolo [Pedro] de quem procede o episcopado e toda a autoridade desse nome" (Epístola 29).

Jerônimo

"A Igreja aqui está sendo rompida em três partes, cada parte ansiosa por me agarrar em seu apoio (...) Estou em prantos, mas unido à cátedra de Pedro (...) Imploro que vossa beatitude (=papa Dâmaso) me fale, por carta, com quem posso entrar em comunhão na Síria" (Epístola 16,2).

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Papa Bonifácio I de Roma

"Por disposição do Senhor, é competência do bem-aventurado Apóstolo Pedro a missão recebida d'Aquele (=Jesus), de ter o cuidado da Igreja Universal. Com efeito, Pedro sabe, por testemunho do Evangelho (Mt. 16,18), que a Igreja foi fundada sobre ele e jamais sua honra pode sentir-se livre de responsabilidades por ser coisa certa que o governo daquela está pendente de suas decisões. Tudo isso justifica que nossa atenção se estenda até esses lugares do Oriente que, em virtude da missão a nós confiada, se acham de certo modo perante nossos olhos" (Epístola a Rufo e bispos da Macedônia).

"Ao sínodo de Corinto: (...) temos enviado escritos de modo que todos os irmãos devem entender que não podem apelar de nosso juízo. Com efeito, nunca foi lícito tratar novamente um assunto que foi alguma vez decidido pela Sé Apostólica" (Epístola 13).

Agostinho de Hipona

"Roma falou, causa encerrada" (Contra Pelágio).

Pedro Crisólogo

"No interesse da paz e da fé, não podemos discutir sobre questões relativas à fé sem o consentimento do bispo de Roma".

Papa Leão I Magno de Roma

“Dentre todos os homens do mundo, Pedro foi o único escolhido para estar à frente de todos os povos chamados à fé, de todos os Apóstolos e de todos os padres da Igreja. Embora no povo de Deus haja muitos sacerdotes e pastores, na verdade Pedro é o verdadeiro guia de todos aqueles que têm Cristo como chefe supremo. Deus dignou-se conceder a este homem, caríssimos filhos, uma grande e admirável participação no seu poder. E se Ele quis que os outros chefes da Igreja tivessem com Pedro algo em comum, foi por intermédio de Pedro que isto lhes foi concedido” (Sermão 4).

Concílio Ecumênico de Calcedônia

"Leão e Cirilo ensinaram a mesma doutrina! Pedro falou pela boca de Leão [I]!".

* * *

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A FÉ CRISTÃ

f) Presença e morte de Pedro em Roma “A Igreja que está em Babilônia (=Roma), escolhida

por Deus como vós, saúda-vos” (1Ped. 5,13).

O Santo Padre Paulo VI voltou a falar do assunto dois meses antes da sua morte, na audiência geral da véspera da festa de São Pedro. Referiu-se à atração exercida pela basílica de São Paulo, na qual se encontrava. Explicou este fato dizendo que o visitante deve render-se “diante das provas fornecidas pelos estudos mais escrupulosos e mais recentes, e aceitará as conclusões ao examinar os achados arqueológicos relativos ao túmulo de São Pedro”. E continuou: “Sim, foi conseguida a prova histórica não só do túmulo, mas também dos seus veneradíssimos restos mortais. Pedro está aqui, onde a análise documental arqueológica, indicial e lógica o indicaram finalmente3.

Papa Clemente I de Roma

"Lancemos os olhos sobre os excelentes apóstolos: Pedro foi para a glória que lhe era devida; e foi em razão da inveja e da discórdia que Paulo mostrou o preço da paciência: depois de ter ensinado a justiça ao mundo inteiro e ter atingido os confins do Ocidente, deu testemunho perante aqueles que governavam e, desta forma, deixou o mundo e foi para o lugar santo. A esses homens juntou-se grande multidão de eleitos que, em conseqüência da inveja, padeceram muitos ultrajes e torturas, deixando entre nós magnífico exemplo" (1ª Carta aos Coríntios 5,3-7; 6,1).

Inácio de Antioquia

"Não é como Pedro e Paulo que vos dou ordens. Eles foram Apóstolos; eu não sou nada além que um condenado" (Epístola aos Romanos 4,3).

Caio

"Nós aqui em Roma temos algo melhor do que o túmulo de São Filipe. Posso mostrar-te os troféus dos Apóstolos, pois, se fores ao Vaticano [=túmulo de S. Pedro] ou ao caminho de Óstia [=túmulo de S. Paulo], encontrarás os troféus dos que fundaram esta Igreja" (Contra Proclo).

3 Cf. BETTENCOURT, Estêvão Tavares. Diálogo Ecumênico: temas controvertidos. Rio de Janeiro: Lumen Christi, 3ª ed., 1989, pp. 71-116.

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Dionísio de Corinto

"Nisto também vós, por meio de semelhante admoestação, conjugastes as plantações de Pedro e Paulo, a dos romanos e a dos coríntios, porque, depois de plantarem ambos em nossa Corinto, ambos nos instruíram e, depois de ensinarem também na Itália, no mesmo lugar (=Roma), sofreram os dois o martírio na mesma ocasião" (Carta aos Romanos).

Orígenes de Alexandria

"Pedro, finalmente, tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo".

Pedro de Alexandria

"Desta forma, Pedro, o príncipe dos Apóstolos, foi preso, encarcerado e tratado com afronta. Por fim, foi crucificado em Roma" (Epístola Canônica 9).

Lactâncio

"Pedro e Paulo pregaram em Roma" (Instituições Divinas 4,21).

Eusébio de Cesaréia

"Estando Nero no poder, realizou práticas ímpias e tomou as armas contra a própria religião do Deus do universo. Descrever de que malvadez foi capaz este homem não é tarefa da presente obra, pois muitos já transmitiram seus feitos em precisos relatos e poderá talvez alguém agradar-se de aprender a grosseira demência desse estranho homem que, levado por ela e sem a menor reflexão, produziu a morte de inumeráveis pessoas e a tal extremo fez chegar seu ardor homicida que não se deteve ante os entes mais próximos e caros, fazendo perecer sua mãe, seus irmãos, sua esposa e muitíssimos outros familiares, mortos de várias maneiras, como se fossem adversários e inimigos. Mas deve-se saber que ao dito faltava acrescentar ter sido ele o primeiro imperador que se mostrou inimigo da piedade para com Deus. Dele faz menção o latino Tertuliano (...) Ele, portanto, proclamado primeiro inimigo de Deus entre os que mais o foram, levou sua exaltação ao ponto de fazer degolar os Apóstolos. Diz-se, efetivamente, que, sob seu império, Paulo foi decapitado na mesma Roma, e Pedro foi crucificado. E desta referência dá fé o título de Pedro e Paulo que predominou para os cemitérios daquele lugar até o presente. Não menos o confirma um varão chamado Caio,

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A FÉ CRISTÃ

o qual viveu quando Zeferino era bispo de Roma. Disputando por escrito com Proclo, dirigente de seita catafriga, diz acerca dos mesmos lugares em que estão depositados os despojos sagrados dos mencionados Apóstolos (Pedro e Paulo) (...) Que os dois sofreram martírio na mesma ocasião, afirma-o Dionísio, bispo de Corinto, na correspondência travada com os romanos". (História Eclesiástica 2,25).

“Pedro e Paulo, indo para a Itália, vos transmitiram os mesmos ensinamentos e, por fim, sofreram o martírio simultaneamente" (História Eclesiástica 2,25,8).

"Pedro parece ter pregado aos judeus da dispersão no Ponto, na Galácia, na Bitínia, na Capadócia e na Ásia; finalmente, tendo também chegado a Roma, foi crucificado de cabeça para baixo, após ter ele próprio pedido esse tipo de sofrimento" (História Eclesiástica 3,1).

Cirilo de Alexandria

"Este homem (=Simão Mago), após ser repelido pelos Apóstolos, se dirigiu a Roma (...) Pedro e Paulo, um nobre par, chefes da Igreja, aí chegaram e constataram o erro (...) Pedro, contudo, carregava as chaves do céu" (Leituras Catequéticas 6,14-15).

Gregório de Nissa

"O que seria de maior interesse para a Igreja de Roma? Ser comandada e presidida por algum senador pomposo e bem-nascido ou por pelo pescador Pedro, que não possuía qualquer vantagem do mundo para atrair os homens até ele?" (Epístola 13).

Ambrósio de Milão

"Ele (o Símbolo dos Apóstolos) é o símbolo guardado pela Igreja romana, aquela onde Pedro, o primeiro dos Apóstolos, teve a sua Sé e para onde ele trouxe a comum expressão de fé" (Do Símbolo 8).

Papa Leão I Magno de Roma

"Jejuamos, portanto, na quarta-feira e na sexta-feira, e celebraremos a vigília do sábado junto ao túmulo do apóstolo Pedro" (Sermão 12,4).

Inscrições e grafitos anônimos dos séculos II e III escritos sobre o túmulo de São Pedro, localizado durante as escavações arqueológicas promovidas sob a Basílica

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Carlos Martins Nabeto

do Vaticano nas décadas de 1950 e 1960:

“Pedro está aqui" (=Petros Eni).

"Pedro: pede a Cristo Jesus pelas almas dos santos cristãos sepultados junto do teu corpo".

"Salve, Apóstolo".

"Cristo e Pedro".

"Cristo e Pedro".

"Vitória a Cristo, a Maria e a Pedro".

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A FÉ CRISTÃ

7. Culto: a Missa

A liturgia é o ápice para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força. Ela é, portanto, o lugar privilegiado da catequese do povo de Deus (CIC 1074).

a) A liturgia da celebração da missa “Perseveravam na doutrina dos Apóstolos, nas reuniões comuns, na fração do pão e nas orações” (At. 2,42).

Na sua condição terrestre, a Igreja precisa de lugares onde a comunidade possa reunir-se: esses lugares são as nossas igrejas visíveis, lugares santos, imagens da Cidade Santa, a Jerusalém celeste para a qual caminhamos em peregrinação. É nessas igrejas que a Igreja celebra o culto público para a glória da Santíssima Trindade; é nelas que ouve a Palavra de Deus e canta os seus louvores, que eleva a sua oração e que oferece o sacrifício de Cristo, sacramentalmente presente no meio da assembléia (CIC 1198, 1199).

Papa Clemente I de Roma

"Nós, reunidos mediante a comunidade de sentimentos pela concórdia em um só corpo, cantamos a Ele (=Deus) insistentemente como com uma só voz" (1ª Carta aos Coríntios 34,7).

"E não será pequena a vossa falta se depuserdes do episcopado aqueles que oferecem, de maneira irrepreensível e santa, a Eucaristia" (1ª Carta aos Coríntios 44,4).

Inácio de Antioquia

"Esforçai-vos, portanto, por vos reunir mais freqüentemente, para celebrar a Eucaristia de Deus e o seu louvor, pois quando realizais freqüentes reuniões, são aniquiladas as forças de Satanás e se desfaz seu malefício por vossa união na fé. Nada há de melhor do que a paz pela qual cessa a guerra das potências celestes e terrestres" (Epístola aos Efésios).

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Carlos Martins Nabeto

Justino Mártir

"Lêem-se as memórias dos Apóstolos ou os escritos dos Profetas, segundo o tempo disponível (...) O que preside, toma a palavra para exortar (...) Depois, nos levantamos todos juntos e elevamos preces ao alto" (Apologia 1).

Aristides de Atenas

"A liturgia é memorial e antecipação. A ação humana se deifica".

Ireneu de Lião

"Dado que nós, seus membros, nos alimentamos de coisas criadas (as quais, aliás, Ele mesmo nos oferece (...)), também quis fosse seu Sangue o cálice do vinho extraído da Criação, para com ele robustecer nosso sangue; quis fosse seu corpo o pão também proveniente da Criação, para com ele robustecer nosso corpo. Se, pois, a mistura do cálice e pão recebem a palavra de Deus, tornando-se a Eucaristia do Sangue e do Corpo de Cristo, pelos quais cresce e se fortifica a substância de nossa carne, como se haverá de negar à carne, assim nutrida com o Corpo e Sangue de Cristo, e feita membro do seu Corpo, a aptidão de receber o dom de Deus, a vida eterna?" (Contra as Heresias).

Tertuliano de Cartago

"Lêem-se as Escrituras, cantam-se os Salmos, fazem-se sermões e se oferecem preces" (Da Alma 9,4).

Cipriano de Cartago

"Nossa oração é pública e comunitária e, quando rezamos, não rezamos por um só, mas por todo o povo, pois com o povo todo formamos uma só coisa. O Deus da paz e o mestre da concórdia, que nos ensina a unidade, quis que cada um de nós rezasse por todos, assim como Ele próprio nos reuniu a todos de uma só vez" (Da Oração do Senhor 8).

Constituições Apostólicas

"E estando de pé o leitor, no meio, num lugar elevado, que leia os livros, leia os livros de Moisés e de Josué, filho de Num, o dos Juízes e dos Reis, e do Deuteronômio e os do retorno [do Cativeiro], além dos de Jó, Salomão e dos dezesseis Profetas. Acabadas as leituras feitas entre dois, que outro cante os hinos de Davi. Em seguida, leiam-se nossos Atos, as cartas de Paulo (...) e, depois, o diácono ou

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A FÉ CRISTÃ

o presbítero leia o Evangelho" (2).

Didascalia

"Quando ensinares, exortarás o povo a ser fiel à assembléia da Igreja. Que não falte; antes, pelo contrário, que seja fiel ao reunir-se em assembléia. Que ninguém diminua a Igreja por não assistir a ela, assim reduzindo em um membro o corpo de Cristo".

Basílio Magno de Cesaréia

"O canto do Salmo refaz as amizades, reúne os que estavam separados uns dos outros, torna amigos os que estavam em inimizade, pois quem é capaz de ainda considerar inimigo aquele com que elevou uma mesma voz a Deus? Portanto, o canto dos salmos tem como alvo o maior dos bens: a caridade; pois o canto encontra vínculos para realizar a concórdia e reúne o povo na sinfonia de um mesmo coro" (Homilia sobre os Salmos 1,2).

Ambrósio de Milão

"Os movimentos do corpo vêm a ser como que a voz da alma".

João Crisóstomo

"Não podes rezar em casa como na Igreja, onde se encontra o povo reunido, onde o grito é lançado a Deus de um só coração. Há ali algo mais: a união dos espíritos, a harmonia das almas, o vínculo da caridade, as orações dos presbíteros" (Incomprehens. 3,6).

"Embora a Cinqüentena (=Pentecostes) tenha passado, a festa não passou. Toda assembléia é uma festa. Provam-no as palavras de Cristo, que dizem: 'Onde dois ou três estiverem reunidos em meu Nome, ali estarei'. Cristo se encontra no meio dos fiéis. Que maior prova poderia haver de que é uma festa?" (Homilia 5,1).

"Quando surge no meio de nós, o Salmo reúne as vozes mais diversas e forma com elas todas um cântico harmonioso: jovens e velhos, ricos e pobres, mulheres e homens, escravos e livres, somos arrastados para uma mesma melodia. Se um músico, ao fazer soar com arte as diversas cordas, compõem com elas um só canto, apesar de serem múltiplos os seus sons, dever-nos-íamos assombrar com o fato de que os nossos salmos e os nossos cantos tenham o mesmo poder? (...) O profeta fala e nós todos

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Carlos Martins Nabeto

respondemos, todos mesclamos a nossa voz à sua. Aqui não há escravo, nem livre, nem rico, nem pobre, príncipe ou súdito. Longe de nós essas desigualdades sociais. Formamos todos um só coro. Todos tomamos parte, de forma igualitária, nos santos cânticos. E a terra imita o céu. Tal é a nobreza da Igreja" (Homilia 5,2).

Jerônimo

"A alegria não vem do fato de ser festivo o dia em que nos reunimos, mas do fato de que nos reunimos e voltamos a ver os rostos uns dos outros" (Comentário sobre a Epístola aos Gálatas 2,4).

Agostinho de Hipona

"Quanto chorei ouvindo vossos hinos, vossos cânticos, os acentos suaves que ecoavam em vossa Igreja! Que emoção me causavam! Fluíam em meu ouvido, destilando a verdade em meu coração. Um grande elã de piedade me elevava e as lágrimas corriam-me pela face, mas me fazi am bem" (Confissões 9,6,14).

"Tem-se um rito sacramental em uma celebração quando não só se comemora um acontecimento, mas se o faz também de modo que se entenda o significado do que se deve receber santamente" (Epístola 55,2).

"Toda a cidade redimida, a sociedade dos santos, seja oferecida como sacrifício universal a Deus pelo Sumo Sacerdote, que também se ofereceu a si mesmo na Paixão por nós, a fim de sermos o corpo de tão importante Cabeça"

Nilo Magno

"Mal o sacerdote (=João Crisóstomo) começava a oficiar, uma multidão de espíritos celestes descia dos céus e colocavam-se ao redor do altar, na posição de guerreiros na presença do Rei. Na comunhão, os anjos, com respeito e veneração, cercavam os bispos, os padres e os diáconos que distribuíam as hóstias consagradas aos fiéis".

* * *

b) A missa é a ação sagrada por excelência “Fazei isto em memória de Mim” (Luc. 22,19).

Na celebração litúrgica, a Igreja é serva à imagem do seu Senhor, o único liturgo, participando do seu sacerdócio (culto) profético (anúncio) e régio (serviço de caridade): com razão,

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A FÉ CRISTÃ

portanto, a liturgia é tida como o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo peculiar a cada sinal, realizada a santificação do homem, e é exercido o culto público integral pelo Corpo Místico de Cristo, Cabeça e membros. Disto se segue que toda celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote, e do seu Corpo que é a Igreja, é ação sagrada por excelência, cuja eficácia, no mesmo título e grau, não é igualada por nenhuma outra ação da Igreja (CIC 1070).

Didaqué

"Reunidos no Dia do Senhor (=domingo), parti o pão e dai graças, depois de confessardes vossos pecados, a fim de que vosso sacrifício seja puro. Quem tiver divergência com seu companheiro não deve juntar-se a nós antes de se reconciliar, para que não seja profanado vosso sacrifício, conforme disse o Senhor; 'Que em todo lugar e tempo me seja oferecido um sacrifício puro, pois sou um rei poderoso - diz o Senhor - e meu nome é admirável entre as nações" (14,1).

Ireneu de Lião:

"Aconselhando também aos seus discípulos a oferecerem a Deus as primícias das suas criaturas, não porque precisasse, mas para que eles não se mostrassem inoperantes e ingratos, tomou o pão que deriva da Criação, deu graças, dizendo: 'Isto é o meu corpo'; do mesmo modo, tomou o cálice, que provém como nós da Criação, o declarou Seu Sangue e estabeleceu a nova oblação do Novo Testamento. É esta mesma oblação que a Igreja recebeu dos Apóstolos e que, no mundo inteiro, ela oferece a Deus que nos dá o alimento, como primícias dos dons de Deus na Nova Aliança" (Contra as Heresias 4,17,5).

"O gênero das oblações não foi revogado; lá [no Antigo Testamento], havia oblações, e aqui também as há; havia sacrifícios no povo e os há igualmente na Igreja. Deles, apenas a espécie foi mudada; não é mais por escravos que é feita a oferta, mas por homens livres. Se, na verdade, há um único e mesmo Senhor, assim também há um caráter próprio à oblação dos escravos e um caráter próprio à dos homens livres, para que, mesmo nas oblações, se manifeste a marca distintiva da liberdade, pois nada é supérfluo nem desprovido de significado diante d'Ele (...) Esta oblação só a

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Carlos Martins Nabeto

Igreja a oferece pura ao Criador, oferecendo-lhe com ação de graças o que provém de sua criação" (Contra as Heresias 4,18,4).

Hipólito de Roma

"Pedimos-te que envies o teu Espírito Santo sobre a oferenda da tua Igreja" (Tradição Apostólica).

Cipriano de Cartago

"Pois se o mesmo Jesus Cristo, Senhor e Deus nosso, é o sumo sacerdote de Deus Pai e se ofereceu a si mesmo como sacrifício ao Pai e mandou que se fizesse isto em memória sua, por certo aquele sacerdote católico faz verdadeiramente as vezes de Cristo: faz o que fez o Cristo e então oferece a Deus Pai um sacrifício verdadeiro e pleno na Igreja" (Epístola 63,14,4).

"E já que fazemos menção de sua paixão em todos os sacrifícios, pois a paixão do Senhor é o sacrifício que oferecemos, não devemos fazer outra coisa senão o que Ele fez" (Epístola 63,17,1).

"Em absoluto, acrescentamos e agregamos, amado irmão, com o consentimento e a autoridade de todos, que qualquer bispo ou diácono que haja sido ordenado na Igreja Católica e depois se haja levantado contra ela (...) se celebram intentam contra o único sacrifício divino, oferecendo sacrifícios falsos no altar (...) É necessário que os sacerdotes e ministros que servem ao altar e aos sacrifícios sejam íntegros e imaculados" (Epístola 72,2).

Orígenes de Alexandria

"Agora, pois, por todos nós, Ele (=Jesus) está diante da face de Deus, intercedendo por nós; e está no altar, oferecendo a Deus uma propiciação a nosso favor" (Homilia sobre o Levítico 7).

Cirilo de Jerusalém

"Enfim, também rezamos pelos santos padres, bispos, defuntos e por todos em geral que entre nós viveram, crendo que este será o maior auxílio para aquelas almas por quem se reza, enquanto jaz diante de nós a santa e tremenda vítima" (Catequeses Mistagógicas 5,9,10).

Ambrósio de Milão

"Não se oferecerá o sacrifício eucarístico diante dele (=o

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imperador Teodósio) se se atrever a assistir” (Epístola 51).

"O altar representa o Corpo [de Cristo] e o Corpo de Cristo está sobre o altar" (Dos Sacramentos 4,7).

"Com efeito, que é o altar de Cristo senão a imagem do Corpo de Cristo?" (Dos Sacramentos 5,7).

João Crisóstomo

"Sacrificamos todos os dias, fazendo memória da morte de Cristo" (In Hebr. 17,3).

"Investidos de uma mesma honra, oferecemos todos um sacrifício comum, uma oblação comum. Um não tem mais do que o outro; não há nenhuma distinção ou diferença; todos nós temos a mesma honra" (Homilia 5,2).

Agostinho de Hipona

"Esta cidade remida, toda inteira, isto é, a assembléia e a sociedade dos santos, é oferecida a Deus como um sacrifício universal pelo Sumo Sacerdote que, sob a forma de escravo, foi até ao ponto de oferecer-se por nós na sua Paixão, para fazer de nós o corpo de uma Cabeça tão imensa (...) Este é o sacrifício dos cristãos: 'em muitos, ser um só corpo em Cristo (Rom. 12,5). E este sacrifício, a Igreja não cessa de reproduzi-lo no sacramento do altar bem conhecido pelos fiéis, onde se vê que naquilo que oferece, se oferece a si mesma" (A Cidade de Deus 10,6).

"É verdadeiro sacrifício toda ação feita para se unir a Deus em santa comunhão e poder ser feliz" (A Cidade de Deus 10,6).

"Por isso, é Jesus o sacerdote, Ele o ofertante e Ele a oblação. Ele quis que de semelhante realidade fosse sacramento cotidiano o sacrifício da Igreja, de quem Ele é a Cabeça e que se oferece a si mesma por intermédio dele" (A Cidade de Deus 10,20).

"Só serão proveitosos aos mortos, por quem desvelamos cuidados, as súplicas convenientemente oferecidas por eles, no sacrifício do altar, no de nossos corações e esmolas" (Do Cuidado Devido aos Mortos 18,22).

Teodoreto de Ciro

"É manifesto que não oferecemos outros sacrifícios senão Cristo, mas fazemos aquela única e salutífera comemoração" (In Hebr. 8,4).

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Carlos Martins Nabeto

Papa Leão I Magno de Roma

"A missa é a nova presença, o novo aspecto do sacrifício único: é novo para a Igreja que celebra, mas não para o empenho de Cristo" (Sermão 59,7).

Nestório

"E deixou-nos a comemoração da nossa salvação: este mistério que oferecemos diante de Ti" (Anáfora Sírio-Oriental).

Sulpício Severo

"Martinho (=bispo de Tours) então, vestido com seus paramentos, entrou para oferecer o sacrifício a Deus. E eis que, à luz do dia - estou para narrar algo maravilhoso - quando estava ocupado em abençoar o altar, como é usual, nós vimos um globo de fogo arremessado de sua cabeça, de forma como se projetado para o alto, a chama produzindo uma cabeleira de extraordinário tamanho. E, embora tenhamos visto isso acontecer num dia memorável, no meio de uma grande multidão de gente, somente uma das virgens, um dos presbíteros, e apenas três dos monges, testemunharam a visão: mas por que os outros não viram isso é assunto que não cabe a nós julgar (...) Tenho às vezes dito, Sulpício, que Martinho costumava vos contar que tal abundância de poder não lhe fora concedido só quando era bispo, mas como contou tê-lo possuído antes que tivesse alcançado o cargo. Agora, se isto é verdade, ou melhor, já que isto é verdade, podemos imaginar quão grandes coisas realizou, sendo apenas um monge, sem nenhuma testemunha, e guardou consigo; pois vimos que, quando bispo, realizou tão grande maravilha ante os olhos de todos. Muitos, não há dúvidas, desses anteriores acontecimentos foram conhecidos pelo mundo, e não puderam ser escondidos, mas - dizem - foram inumeráveis os que evitava ostentar, guardando em segredo e não permitindo chegar ao conhecimento dos homens, porque como ele transcendia as capacidades de um simples homem, numa consciência de sua própria eminência, e se desviando da glória do mundo, ficava contente simplesmente em ter os céus como uma testemunha de sua obra" (Diálogos 2,4).

Fulgêncio de Ruspe

"Visto que Cristo morreu por nós por amor, quando fazemos

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A FÉ CRISTÃ

memória da sua morte no momento do sacrifício, pedimos que o amor nos seja concedido pela vinda do Espírito Santo. Pedimos, humildemente, que em virtude deste amor, pelo qual Cristo quis morrer por nós, nós também, recebendo a graça do Espírito Santo, possamos considerar o mundo como crucificado para nós, e sejamos nós mesmos crucificados para o mundo (...) Tendo recebido o dom de amor, morramos para o pecado e vivamos para Deus" (Fab. 28,16.19).

* * *

c) O sacrifício único de Jesus “Mas Cristo, havendo oferecido um único sacrifício

pelos pecados, assentou-se para sempre à direita de Deus” (Heb. 10,12).

O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício: é uma só e mesma vítima, é o mesmo que oferece agora pelo ministério dos sacerdotes, que se ofereceu a Si mesmo então na cruz. Apenas a maneira de oferecer difere: neste divino sacrifício que se realiza na missa, este mesmo Cristo, que se ofereceu a Si mesmo uma vez de maneira cruenta no altar da cruz, está contido e é imolado de maneira incruenta (CIC 1367).

João Crisóstomo

"Pois não apresentamos oblações todos os dias? Certamente, mas, ao fazê-lo, fazemos comemoração de sua morte e esta oblação é una, não muitas. Como pode ser una e não muitas? Por ter sido oferecida uma só vez, como aquela que se oferecia no santo dos santos. Esta é um tipo daquela, pois sempre oferecemos o mesmo Cristo, não hoje um e amanhã outro, mas sempre o mesmo. E por essa razão, o sacrifício é sempre o mesmo. Do contrário, já que se oferece em muitas partes [do mundo] deveria haver também muitos Cristos. Mas de forma alguma, pois em todas as partes é um o Cristo, que está inteiro aqui e inteiro ali; um só corpo. Como, pois, Cristo que se oferece em muitas partes da terra é um só corpo e não muitos corpos, assim também é um o sacrifício. Nosso pontífice é Aquele que se ofereceu, a Vítima que nos purifica. E agora oferecemos também aquela mesma Vítima que então foi oferecida e que jamais se consumirá: isto se faz em

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memória do que então aconteceu; 'Fazei isto em memória de Mim'. Não fazemos outro sacrifício, como o fazia então o pontífice, pois sempre oferecemos o mesmo, ou melhor, comemoramos o sacrifício" (Homilia sobre Hebreus).

Teodoreto de Ciro

"É manifesto que não oferecemos outros sacrifícios senão Cristo, mas fazemos aquela única e salutífera comemoração" (In Hebr. 8,4).

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A FÉ CRISTÃ

8. Dias e Tempos Sagrados O povo de Deus, desde a lei mosaica, conheceu festas fixas a partir da Páscoa, para comemorar as ações admiráveis do Deus salvador, dar-lhe graças por elas, perpertuar-lhes a lembrança e ensinar às novas gerações a conformar a sua conduta com elas (CIC 1164).

a) Domingo: o Dia do Senhor “Ora, havendo Jesus ressurgido cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena”

(Mc. 16,9).

Devido à tradição apostólica que tem origem no próprio dia da ressurreição de Cristo, a Igreja celebra o mistério pascal a cada oitavo dia, no dia chamado com razão o “dia do Senhor” ou “domingo”. O dia da ressurreição de Cristo é ao mesmo tempo “o primeiro dia da semana”, memorial do primeiro dia da Criação, e o “oitavo dia”, em que Cristo, depois do seu repouso do grande sábado, inaugura o “dia que o Senhor fez”, o dia que não conhece ocaso. A ceia do Senhor é o seu centro, pois é aqui que toda a comunidade dos fiéis se encontra com o Senhor ressuscitado, que os convida ao seu banquete (CIC 1166).

Epístola de Barnabé

"Acerca do sábado, está escrito no decálogo que Deus falou pessoalmente a Moisés, no Sinai: 'Santificai o sábado do Senhor com mãos limpas e coração puro'. E diz em outro lugar: 'Se meus filhos guardarem o sábado, então derramarei sobre eles a minha misericórdia'. Ele fala do sábado no começo da Criação: 'E Deus fez em seis dias os trabalhos de suas mãos e terminou no sétimo dia; neste dia descansou e o santificou' (Gn. 2,2-3). Escutai, meus filhos, o significado desta expressão: (...) 'E Ele descansou no sétimo dia'; isto quer dizer que quando seu Filho vier [novamente], destruirá o tempo do iníquo, julgará os ímpios e mudará o sol, a lua e as estrelas; então descansará Ele, verdadeiramente, no sétimo dia (...) Por fim, disse: 'Tu o santificarás com mãos limpas e coração puro'. Se, pois, esse dia que Deus santificou pode ser hoje santificado por alguém de coração puro, estamos completamente equivocados. Mas, se não é agora, é então no pleno

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Carlos Martins Nabeto

descanso que Ele o santificará, quando formos capazes de fazê-lo, quando nós mesmos estivermos justificados, quando tivermos recebido a promessa, quando já não houver iniqüidade e tudo for renovado pelo Senhor. Então, poderemos santificá-lo, tendo sido nós mesmos santificados antes. Disse-lhes, enfim: 'Não suporto vossas luas novas e sábados' (Is 1,13). Vede como Ele fala: 'Não são os sábados de hoje que me agradam, mas o que Eu fiz, no qual, fazendo descansar todas as coisas, farei um começo do oitavo dia, isto é, um começo de outro mundo'. Por isso, também nós, celebramos no oitavo dia (=domingo), porque é também o dia em que Jesus ressuscitou dos mortos e no qual se manifestou e ascendeu aos céus" (15,1-9).

Didaqué

"Reunidos no Dia do Senhor (=domingo), parti o pão e dai graças, depois de confessardes vossos pecados, a fim de que vosso sacrifício seja puro" (14).

Inácio de Antioquia

"Aqueles que vivem segundo a ordem antiga das coisas voltaram-se para a nova esperança não mais observando o sábado, mas sim o Dia do Senhor (=domingo), no qual a nossa vida é abençoada por Ele e por sua morte (...) Professar Jesus Cristo enquanto se continua a observar costumes judaicos (=sábados) é um absurdo" (Epístola aos Magnésios 9).

Justino Mártir

"No chamado dia do Sol (=domingo), reúnem em um mesmo lugar todos os que moram nas cidades ou nos campos. Lêem-se as memórias dos Apóstolos e os escritos dos profetas (...) Quando a oração está terminada, é trazido pão com vinho e água" (Apologia 1,67,3).

"Reunimo-nos todos os dias do Sol (=domingo) porque é o primeiro dia após o sábado dos judeus e também porque foi no primeiro dia em que Deus, extraindo a matéria das trevas, criou o mundo e, neste mesmo dia, Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dentre os mortos. Crucificaram-no na véspera do dia de Saturno (=sábado) e, no dia seguinte a este, ou seja, no dia do Sol, apareceu aos apóstolos e discípulos, ensinando-lhes tudo o que também nós vos propusemos como digno de consideração" (Apologia 1,67,7).

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A FÉ CRISTÃ

"O domingo, conquanto seja o primeiro dia da semana, é chamado oitavo dia, visto que todos os dias do ciclo semanal são contados de novo, sem, no entanto, deixar de ser o primeiro" (Diálogo com Trifão 41,4).

Clemente de Alexandria

"Ele (o novo convertido), cumprindo o preceito, conforme o Evangelho, guarda o Dia do Senhor (=domingo), quando abandona uma disposição má e assume aquela do conhecimento, glorificando em si a ressurreição do Senhor" (Livro 7,12).

Hipólito de Roma

"Seja ordenado bispo quem for irrepreensível e tiver sido aclamado por todo o povo. Uma vez designado e aceito por todos, reuna-se o povo juntamente com o presbitério e os bispos presentes, no domingo. Com o consentimento de todos, imponham os bispos sobre ele as mãos, permanecendo imóvel o presbítero" (Tradição Apostólica 2,3).

Evangelho Apócrifo de Pedro

"Na noite em que o Dia do Senhor começava (=domingo), quando os soldados montavam a guarda, dois em dois a cada vigília, houve grande estrondo nos céus e eles viram os céus se abrirem e dois homens descendo, resplandecendo com grande luz e aproximando-se do sepulcro".

Didascalia

"Que desculpa, pois, apresentará a Deus quem não comparecer à assembléia nesse dia (=domingo), a fim de ouvir a palavra da salvação e ser nutrido com o alimento (=Eucaristia) que dura para sempre?" (2,59,2).

"Não permitais que vossos assuntos mundanos sejam mais importantes do que a palavra de Deus; no Dia do Senhor (=domingo), deixai tudo e correi pressurosamente à vossa Igreja, pois ela é a vossa glória".

"Jejuai no sábado, porque é o dia da sepultura de Nosso Senhor, dia em que convém jejuar".

(Nota: Isto demonstra que os cristãos no geral não observavam mais o sábado).

Concílio Regional de Elvira

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Carlos Martins Nabeto

"Se qualquer um que habita na cidade não vier à Igreja durante três domingos seguidos, deve ser excluído da comunhão, por breve tempo, a fim de que se veja castigado" (Cân. 21).

Pedro de Alexandria

"Maldito aquele que faz qualquer coisa no sagrado dia de domingo, a não ser que sejam coisas necessárias à alma e do cuidado do gado" (Sermo ad noct. domin. ressurrectionis 4).

Eusébio de Cesaréia

"Os discípulos de Moisés imolavam uma vez ao ano o cordeiro pascal, mas nós, os [discípulos] do Novo Testamento, celebramos nossa Páscoa a cada domingo (...) quando realizamos os mistérios do verdadeiro Cordeiro, pelo qual fomos remidos" (Da Solenidade Pascal 7).

"Tudo o que era de obrigação no dia de sábado, transferimos para o domingo, que é apropriadamente o nosso dia, como mais elevado que é em categoria e mais digno de honra do que o sábado dos judeus" (História Eclesiástica 3,33).

"Uma pequena questão surgiu naquele momento. Para as igrejas de toda a Ásia, como a mais antiga tradição assegurava, observava-se para o banquete da Páscoa do Salvador o décimo-quarto dia da lua, quando os judeus sacrificavam o cordeiro (...) Mas esse não era o costume do resto do mundo (...) Eles observavam a prática, de origem apostólica que prevalece até o tempo presente, de terminar o jejum da Quaresma no dia da ressurreição do Senhor, no domingo. Foram feitos vários sínodos e assembléias de bispos neste sentido e todos, com mútuo consentimento, prepararam um decreto eclesiástico, de que o mistério da Páscoa deveria ser celebrado no domingo, o dia do Senhor, e que todos deveriam observar o fim do jejum pascal nesse dia" (História Eclesiástica 5,23,1-11).

Concílio Regional de Laodicéia

"Os cristãos não devem judaizar e descansar no sábado; devem trabalhar neste dia e, no domingo, honrá-lo de maneira especial, como cristãos. Se, entretanto, forem encontrados judaizando, sejam anatematizados por Cristo".

Jerônimo

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A FÉ CRISTÃ

"O dia do Senhor, o dia da ressurreição, o dia dos cristãos, é o nosso dia. É por isso que ele se chama 'dia do Senhor', pois foi nesse dia que o Senhor subiu vitorioso para junto do Pai. Se os pagãos o denominam 'dia do sol', também nós o confessamos de bom grado, pois hoje levantou-se a luz do mundo, hoje apareceu o sol da justiça, cujos raios trazem a salvação" (Pasch.).

Agostinho de Hipona

"[No domingo] o amor da verdade busca o santo ócio, a necessidade do amor acolhe o trabalho justo" (A Cidade de Deus 19,19).

"Basta dizer que este 'sétimo dia' será o nosso sábado e que não terminará ao entardecer, mas somente no Dia do Senhor - aquele oitavo e eterno dia que despontou quando a ressurreição de Cristo anunciou um repouso eterno, tanto para o espírito quanto para o corpo. Nesse dia, descansaremos e veremos, veremos e amaremos, amaremos e louvaremos - pois esse será o fim infinito de todo o nosso viver, aquele reino infinito, a verdadeira meta da nossa vida presente" (A Cidade de Deus 22,30).

"Todo domingo, reuni-vos na Igreja. Os judeus celebram o sábado com grande devoção; com muito maior razão vós, cristãos, deveis consagrar o domingo somente a Deus e vos reunir na Igreja, para a salvação de vossas almas" (Sermão 215).

Eusébio de Alexandria

"O dia santo do Senhor é a comemoração memorial do Salvador. O dia do Senhor é chamado 'domingo' porque é ele o senhor dos dias. Antes da paixão do Mestre, não se chamava dominical, mas primeiro dia. Neste dia, com efeito, o Senhor estabeleceu o fundamento da criação; igualmente, neste dia, Ele deu ao mundo as primícias da ressurreição. Neste dia (...) ordenou celebrar os santos mistérios. este dia é para nós a fonte de todo bem, o princípio da criação do mundo, o princípio da ressurreição e o princípio da semana" (Sermão 16).

Anônimo (séc. V)

"Vir cedo à Igreja, aproximar-se do Senhor e confessar seus pecados, arrepender-se na oração (...) Participar da santa e divina liturgia, terminar a oração e não sair antes da despedida (...) Dissemos muitas vezes: este dia

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Carlos Martins Nabeto

(=domingo) vos foi dado para a oração e o repouso. É o dia que o Senhor fez. Exultemos e alegremo-nos nele" (Sermão do Domingo).

* * *

b) Solenidades Diversas (Epifania, Semana Santa, Quaresma, Páscoa, Pentecostes, Natal etc.)

“Amanhã haverá festa ao Senhor” (Ex. 32,5).

Na era da Igreja, situada entre a Páscoa de Cristo, já realizada uma vez por todas, e a consumação dela no Reino de Deus, a liturgia celebrada em dias fixos está toda impregnada da novidade do mistério de Cristo (CIC 1164).

Tertuliano de Cartago

"Nós, porém, tal como o temos por tradição, no domingo da ressurreição nos abstemos não só de ajoelhar, mas também evitamos o gesto e exercício da angústia e temor, e até diferimos nossos negócios, a fim de não dar lugar ao diabo. A mesma coisa fazemos também durante o Pentecostes, que se distingue pela mesma solenidade de exaltação" (Da Oração 23,2).

Hipólito de Roma

"A vida estendeu-se sobre todos os seres, e todos ficaram repletos de uma generosa luz. O Oriente dos orientes invadiu o universo e Aquele que era 'antes da estrela da manhã' e antes dos astros, imortal e imenso, o grande Cristo, brilha sobre todos os seres mais do que o sol! É por isso que, para nós que cremos nele, se instaura um dia de luz, longo, eterno, que não se apaga: a Páscoa mística" (Pasch. 1,2).

Constituições Apostólicas

"Jejuai nos dias da Páscoa, começando pela segunda até sexta-feira".

Concílio Ecumênico de Nicéia I

"Dado que alguns se ajoelham no domingo e nos dias de Pentecostes, o santo Concílio estabelece, a fim de observar-se regra uniforme em todas as partes, que se dirijam a Deus as orações estando de pé" (Cân. 20).

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A FÉ CRISTÃ

João Crisóstomo

"[A Páscoa é o] natalício de todo gênero humano" (Da esmola 1).

Agostinho de Hipona

"Paixão e ressurreição: eis a Páscoa verdadeira!" (Da Instrução dos Catecúmenos 23,41,3).

"Celebramos a Páscoa de tal maneira que não se trata apenas de recordar o acontecido, isto é, a morte e a ressurreição de Cristo; a Páscoa contém o mistério, o que não se deve omitir na celebração" Epístola 55).

"[É o] Santíssimo Tríduo do Senhor crucificado, morto e ressuscitado" (Epístola 55,24).

"Que eles (=os pagãos) dêem presentes de Ano Novo, vós, porém, dareis esmolas; que eles cantem canções licenciosas, vós, porém, vos deixareis atrair pela Palavra de Deus; que eles se apressem em ir ao teatro, vós, porém, vos apresseis em ir à Igreja; que eles se embriaguem, vós, porém, vos entregareis ao jejum" (Sermão 198,2).

Papa Leão I Magno de Roma

"Celebraremos dignamente o Natal se nos lembrarmos, cada um de nós, de que Corpo somos membros e a que Cabeça estamos unidos, cuidando de que não venha a se inserir no sagrado edifício uma peça discordante" (Sermão 23).

"[A Epifania manifesta que] a plenitude dos pagãos entra na família dos patriarcas" (Sermão 23).

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Carlos Martins Nabeto

9. Instrução Religiosa

Toda a finalidade da doutrina e do ensinamento deve ser colocada no amor que não acaba. Com efeito, pode-se facilmente expor o que é preciso crer, esperar ou fazer; mas, sobretudo, é preciso fazer sempre com que apareça o Amor de Nosso Senhor, para que cada um compreenda que cada ato de virtude perfeitamente cristão não tem outra origem senão o Amor, e outro fim senão o Amor (CIC 25).

a) Catequese “A palavra de Deus habite em vós ricamente, em toda a

sabedoria” (Col. 3,16).

Bem cedo passou-se a chamar de “catequese” o conjunto de esforços empreendidos na Igreja para fazer discípulos, para ajudar os homens a crerem que Jesus é o Filho de Deus, a fim de que, através da fé, tenham a vida em nome d’Ele, para educa-los e instruí-los nesta vida e, assim, construir o Corpo de Cristo. A catequese é uma educação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, a qual compreende especialmente um ensino da doutrina cristã, dado, em geral, de maneira orgânica e sistemática, com o fim de os iniciar na plenitude da vida cristã (CIC 4, 5).

Pseudo-Clemente

"Temos o preceito de afastar os pagãos de seus ídolos e de catequizá-los na fé" (2ª Epístola aos Coríntios 17).

Hilário de Poitiers

"Somos obrigados a dizer coisas inefáveis".

Agostinho de Hipona

"Quem em seu discurso esforça-se por persuadir para o bem deve (...) falar após ter rezado (...) de modo a ser escutado com entendimento, prazer e docilidade" (Da Doutrina Cristã).

"Os discursos em estilo simples também mudaram a vida de grande número de pessoas" (Da Doutrina Cristã).

"[A Palavra de Deus deve] ser entendida, apreciada e

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A FÉ CRISTÃ

obedecida. E não duvides que se pode fazê-lo e o quanto pode consegui-lo-ás mais pela piedade de tuas orações do que por teu talento de orador. Assim, orando por ti e por aqueles a quem vais falar, deveis ser antes orante que orador. À medida que se aproxima a hora em que vais usar a palavra, antes de tomá-la, eleva a alma sedenta a Deus, para que saibais derramar para fora o que hauriu e comuniqueis aquilo de que se impregnou" (Da Doutrina Cristã).

"Refere tudo ao amor que Deus tem para conosco, e tudo o que disseres, dize-o de tal modo que a pessoa a quem te diriges creia em te ouvindo e, crendo, tenha esperança, e, nessa esperança, ame" (Da Instrução dos Catecúmenos 4,8).

"Não há convite maior ao amor do que prevenir no amor" (Da Instrução dos Catecúmenos). "Não merecem plenamente o nome e título de pais - humana e cristãmente - aqueles que se contentam apenas em gerar filhos sem a preocupação cristã de regenerá-los para a vida" (Das Núpcias e Concupiscência 1,17,19). "Ouvimos o fato. Agora, procuremos o seu mistério" (Sobre o Evangelho de João 50,6).

Papa Gregório I Magno de Roma

"As palavras divinas crescem com o leitor" (Homilia sobre Ezequiel 1,7-8).

* * *

b) O sinal da Cruz “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gál. 6,14).

“Pela sua santíssima Paixão no madeiro da cruz, mereceu-nos a justificação”, ensina o Concílio de Trento, sublinhando o caráter único do sacrifício de Cristo como “princípio de salvação eterno” (Heb. 5,9). E a Igreja venera a Cruz cantando: “O crux, ave, spes única – Salve, ó Cruz, única esperança” (CIC 617).

Atos Apócrifos de João

"Depois de ter feito um amplo sinal da cruz, ainda de pé, disse [João]: ‘Tu estás comigo, Senhor Jesus Cristo’. Então

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deitou-se na cova onde havia colocado as suas vestes e nos disse: ‘A paz esteja convosco, irmãos meus’ e exalou feliz seu último suspiro. Nós pegamos um lençol de linho e o estendemos sobre seu corpo”.

Tertuliano de Cartago

"Quando nos pomos a caminhar, quando saímos e entramos, quando nos vestimos, quando nos lavamos, quando iniciamos as refeições, quando nos vamos deitar, quando nos sentamos, nessas ocasiões e em todas as nossas demais atividades, persignamo-nos a testa com o sinal da cruz" (De Corona Militis 3).

Hipólito de Roma

"Marcai com respeito as vossas cabeças com o sinal da cruz. Este sinal da Paixão opõe-se ao diabo e protege contra ele se é feito com fé, não por ostentação, mas em virtude da convicção de que é um escudo protetor. É um sinal como outrora foi o Cordeiro verdadeiro; ao fazer o sinal da cruz na fronte e sobre os olhos, rechaçamos aquele que nos espreita para condenar" (Tradição Apostólica 42).

* * *

c) Os Dez Mandamentos “Se queres entrar na Vida, guarda os Mandamentos”

(Mat. 19,17).

A palavra “Decálogo” significa literalmente “dez palavras” (Ex. 34,28; Deut. 4,13; 10,4). Deus revelou essas “dez palavras” a seu povo no monte sagrado. Ele as revelou “com seu dedo” (Ex. 31,18; Deut. 5,22), à diferença de outros preceitos escritos por Moisés. São palavras de Deus de modo eminente. Foram transmitidas no livro do Êxodo e no do Deuteronômio. Desde o Antigo Testamento os livros sagrados se referem às “dez palavras”. Mas é em Jesus Cristo, na Nova Aliança, que será revelado seu sentido pleno (CIC 2056).

Ireneu de Lião

"Desde o começo, Deus enraizara no coração dos homens os preceitos da lei natural. Inicialmente ele se contentou em lhos recordar. Foi o Decálogo" (Contra as Heresias 4,15,1).

"A Lei é profecia e pedagogia das realidades futuras" (Contra as Heresias 4,15,1).

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A FÉ CRISTÃ

"O Senhor prescreveu o amor para com Deus e ensinou a justiça para com o próximo a fim de que o homem não fosse nem injusto nem indigno de Deus. Assim, pelo Decálogo, Deus preparou o homem para tornar seu amigo e ter um só coração para com o próximo (...) Da mesma maneira, as palavras do Decálogo continuam válidas entre nós [cristãos]. Longe de serem abolidas, elas foram levadas à plenitude do próprio significado e desenvolvimento, pelo fato da vinda do Senhor na carne" (Contra as Heresias 4,16,3.4).

Agostinho de Hipona

"Como a caridade abrange dois preceitos com os quais o Senhor relaciona toda a Lei e os Profetas (...) assim os próprios Dez Preceitos estão divididos em duas tábuas. Três foram escritos numa tábua e sete na outra" (Sermão 33,2,2).

* * *

d) A teologia “Ó profundidade das riquezas da sabedoria e da ciência de Deus! Quão incompreensíveis são os seus juízos e imperscrutáveis os seus caminhos!” (Rom. 11,33).

Graças à assistência do Espírito Santo, a compreensão tanto das realidades quanto das palavras do depósito da fé pode crescer na vida da Igreja: pela contemplação e estudo dos que crêem, os quais as meditam em seu coração; é, em especial, a pesquisa teológica que aprofunda o conhecimento da verdade revelada (CIC 94).

Ireneu de Lião

"A maior ou menor inteligência dos homens não aparece na hipótese de outro Deus, diferente daquele que é o Demiurgo, Criador e Nutriente deste universo, como se Ele não nos bastasse, ou de outro Cristo, ou de outro Monogênito. Mas, no estudo daquilo que foi dito em parábolas, em vista de assimilá-lo pela fé, na exposição da ação e da economia de Deus, que teve por objeto a humanidade; mostrar como Deus foi magnânimo tanto na apostasia dos anjos rebeldes quanto na desobediência do homem; expor porque um só Deus fez coisas temporais e coisas eternas, coisas celestes e coisas terrestres;

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compreender porque este Deus invisível quis manifestar-se aos profetas, e não só sob uma forma, mas sob formas diversas; dizer porque a humanidade recebeu vários testamentos e ensinar qual é o caráter próprio de cada um deles; compreender com reconhecimento porque o Verbo de Deus tornou-se carne e sofreu; expor porque a vinda do Filho de Deus se verificou nos últimos tempos, isto é, porque o princípio apareceu no fim; esclarecer tudo o que está contido nas Escrituras a respeito do fim e dos últimos tempos; explicar porque as nações condenadas foram feitas por Deus co-herdeiras, membros do corpo e da comunhão dos santos; expor como esta carne mortal revestirá a imortalidade, corruptível, a incorruptibilidade; e como se poderá dizer:'Aquela que não era povo tornou-se amada; aquela que não era amada, tornou-se amada; aquela que estava abandonada teve muitos filhos, como aquela que tinha marido'. É sobre estes mistérios e outros semelhantes que o Apóstolo exclamava: 'Ó profundeza da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus! Como teus julgamentos são imprescrutáveis e seus caminhos ocultos'" (Contra as Heresias 1,10,3).

Orígenes de Alexandria

"[Teologia é o] discurso sobre Deus e sobre o Cristo" (Contra Celso 6,18).

Basílio Magno de Cesaréia

"Todos os ouvidos estão abertos [na rua] para escutar falar de teologia. No entanto, na Igreja, nunca se satisfazem plenamente com esta espécie de discurso" (Homilia 15,1).

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A FÉ CRISTÃ

10. Oração A oração não se reduz ao surgir espontâneo de um impulso interior; para rezar é preciso querer. Não basta saber o que as Escrituras revelam sobre a oração; também é indispensável aprender a rezar. E é por uma transmissão viva (a sagrada Tradição) que o Espírito Santo, na Igreja crente e orante, ensina os filhos de Deus a rezarem (CIC 2650).

a) Definição “E tudo o que pedirdes com fé na oração recebereis”

(Mat. 21,22).

A oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes (CIC 2590).

Policarpo de Esmirna

"Orai também pelos que vos odeiam e vos perseguem e não vos esqueçais de orar pelos inimigos da cruz" (Epístola aos Filipenses 12).

Tertuliano de Cartago

"A oração é o sacrifício espiritual que ab-rogou os sacrifícios antigos (...) Somos, portanto, verdadeiros adoradores e verdadeiros sacerdotes quando oramos em espírito e oferecemos a Deus nossa oração como vítima espiritual, digna de Deus e aceita a seus olhos. Apresentemos essa vítima, oferecida do fundo do nosso coração, nascida da fé, nutrida pela verdade, intacta e imaculada, íntegra e pura, coroada pelo amor, diante do altar de Deus, entre salmos e hinos, acompanhada do cortejo de nossas boas obras, certos de que nos obterá de Deus todos os bens" (Da Oração 28).

Hipólito de Roma

"Orem nesta hora [sexta] com oração potente, para imitar o grito d'Aquele que orou quando as trevas cobriam o universo" (Tradição Apostólica 41).

Cipriano de Cartago

"Quem poderia santificar a Deus, já que é Ele mesmo quem santifica? Mas, inspirando-nos nesta palavra: 'Sede santos

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porque Eu sou Santo' (Lv. 20,26), nós pedimos que, santificados pelo batismo, perseveremos naquilo que começamos a ser. E pedimo-lo todos os dias, porque cometemos faltas todos os dias e devemos purificar nossos pecados por uma santificação retomada sem cessar (...) Recorremos, portanto, à oração para que esta santificação permaneça em nós" (Da Oração do Senhor 12).

Orígenes de Alexandria

"Ora sem cessar aquele que une a oração às obras e as obras à oração. Somente dessa forma podemos considerar como realizável o princípio de orar sem cessar" (Or. 12).

Egéria

"De tudo o que se faz, o principal é que os Salmos ou antífonas que se dizem sejam sempre apropriados, tanto os que se dizem durante o dia, ou nas horas sexta e nona, ou nas vésperas; devem ser sempre apropriados e convenientes, que se refiram à mesma realidade de que se trate" (Peregrinação).

Ambrósio de Milão

"A Ele (=Deus) falamos quando rezamos; a Ele escutamos quando lemos as palavras divinas" (De Officiis 1,20,88).

"Escutai agora como devemos orar (...) O Apóstolo diz: 'Desejo que os homens orem em todos os lugares, elevando mãos puras, sem cólera e sem querela'. E no Evangelho, o Senhor diz: 'Tu, quando orares, entra em teu quarto e, com a porta fechada, reza a teu Pai'. Não te parece que há aí uma contradição? O Apóstolo diz: 'Ora em todos os lugares', enquanto o Senhor afirma: 'Ora no interior do teu quarto' Mas não existe nenhuma contradição (...) Podes rezar em todos os lugares e rezar sempre em teu quarto. Tu tens teu quarto em todos os lugares. Ainda que te encontres entre os pagãos, entre os judeus, tens em todos os lugares o teu aposento secreto. Teu quarto é teu espírito. Mesmo que estejas no meio do povo, tens, não obstante, no homem interior, o teu quarto fechado e secreto. Tu, quando oras, entra em teu quarto. Ele tem razão de dizer: 'entra', pois receia que, como os judeus, não ores; a respeito destes últimos, Ele disse: 'Esse povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim' Que tua oração, por conseguinte, não saia somente de teus lábios. Põe nela a tua atenção, entra no recôndito de teu coração, penetra aí

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integralmente (...) O que é essa porta fechada? Aprende que, quando oras, deves fechar uma porta (...) Quando oras, não eleves a voz aos gritos, não espalhes a tua oração, não a ostentes diante da multidão. Ora secretamente em ti mesmo, seguro de que no segredo pode te ouvir Aquele que tudo vê e tudo ouve. E ore a teu Pai em segredo, pois Aquele que vê o que está oculto, ouve a tua oração (...) Por que razão devemos orar em segredo, mais do que elevando a voz? Olhemos em torno de nós: se te diriges a alguém que tem bom ouvido, não crês necessário gritar; tu lhe falas docemente, num tom moderado. Se te diriges a um surdo, acaso não começas por elevar a voz, a fim de que ele possa te ouvir? Portanto, aquele que grita acredita que Deus só ouvirá se se gritar e, ao dirigir-se a Ele, deprecia o seu poder. Aquele que, pelo contrário, ora em silêncio, dá demonstração de fé e reconhece que Deus escruta as entranhas e os corações, e que ouve a sua oração antes mesmo dela ser emitida" (Dos Sacramentos 6,11-16).

Gregório de Nanzianzo

"É preciso se lembrar de Deus com mais freqüência do que se respira" (Or. Theol. 1,4).

Gregório de Nissa

"É preciso contemplar sem cessar a beleza do Pai e com ela impregnar nossa alma" (Da Oração do Senhor 2).

João Crisóstomo

"Que a nossa oração seja ouvida depende, não da quantidade de palavras, mas do fervor de nossas almas" (Ecl. 2).

Jerônimo

"Quando lês, Deus te fala; quando oras, tu lhe respondes" (Epístola 22,25).

"Pela manhã, nas horas terça, sexta e nona, e pela tarde e à meia-noite, cantavam o saltério" (Epístola 108,20).

Agostinho de Hipona

"À tarde, recordamos o Senhor na cruz; pela manhã, na ressurreição; e, ao meio dia, na ascensão (...) À tarde, narrarei a paciência d'Aquele que morre; pela manhã, anunciarei a vida do que ressuscita; e, ao meio dia, invocarei Aquele que está assentado à direita para ser

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escutado" (Comentário ao Salmo 54,18).

"Ele (=Deus) quer que nosso desejo seja provado pela oração. Dessa forma, Ele nos prepara para recebermos aquilo que está disposto a nos dar" (Epístola 130,8,17).

João Cassiano

"Durante a própria salmodia, têm o costume de estar sentados, mas depois de cada Salmo, se ajoelham, prostram-se por terra e, assim prosternados, invocam a misericórdia divina, cada qual por si mesmo. Observa-se durante alguns momentos, o mais absoluto silêncio" (De Coenobiorum Instit. 2).

João Damasceno

"A oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes" (f.o. 3,24).

* * *

b) O Pai Nosso “Vós, pois, orai assim: ‘Pai nosso que estás nos céus,

santificado seja o teu nome...” (Mat. 6,9).

A tradicional expressão “Oração Dominical” [ou seja, “Oração do Senhor”] significa que a oração ao nosso Pai nos foi ensinada e dada pelo Senhor Jesus. Esta oração que nos vem de Jesus é realmente única: ela é “do Senhor”. Com efeito, por um lado, mediante as palavras desta oração, o Filho único nos dá as palavras que o Pai lhe deu; ele é o Mestre de nossa oração. Por outro lado, como Verbo encarnado, Ele conhece em seu coração de homem as necessidades de seus irmãos e irmãs humanos e no-las revela; é o Modelo de nossa oração (CIC 2765).

Tertuliano de Cartago

"A Oração Dominical é realmente o resumo de todo o Evangelho" (Or. 1).

"Quando dizemos: 'Santificado seja o vosso Nome', pedimos que ele seja santificado em nós que estamos nele, mas também nos outros que a graça de Deus ainda aguarda a fim de conformar-nos ao preceito que nos obriga a rezar por todos, mesmo por nossos inimigos. É por isso que não dizemos expressamente: 'Vosso Nome seja santificado em nós', porque pedimos que ele o seja em todos os homens"

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A FÉ CRISTÃ

(Or. 3).

"Mesmo que esta oração não nos tivesse imposto um dever de pedir a vinda deste Reino, nós mesmos por nossa iniciativa teríamos soltado este grito, apressando-nos a ir abraçar nossas esperanças. As almas dos mártires, sob o altar, invocam o Senhor com grandes gritos: 'Até quando, Senhor, tardarás a pedir contas de nosso sangue aos habitantes da terra?' (Ap. 6,10). Eles devem, com efeito, obter justiça no fim dos tempos. Senhor, apressa portanto a vinda do teu reinado" (Or. 5).

"Depois de nos ter legado esta fórmula de oração, o Senhor acrescentou: 'Pedi e vos será dado' (Lc. 11,9). Cada qual pode, portanto, dirigir ao céu diversas orações conforme as suas necessidades, mas começando sempre pela Oração do Senhor, que permanece a oração fundamental" (Or. 6).

Cipriano de Cartago

"Quando chamamos a Deus de 'Pai nosso', precisamos lembrar-nos de que devemos comportar-nos como filhos de Deus" (Da Oração do Senhor 11).

"O Reino de Deus pode até significar o Cristo em pessoa, a quem invocamos com nossas súplicas todos os dias e cuja vinda queremos apressar por nossa espera. Assim como Ele é a nossa ressurreição, pois nele nós ressuscitamos, assim também pode ser o Reino de Deus, pois nele nós reinaremos" (Da Oração do Senhor 13).

Cirilo de Jerusalém

"Os 'céus' poderiam muito bem ser também aqueles que trazem a imagem do mundo celeste e nos quais Deus habita e passeia" (Catequeses Mistagógicas 5,11).

"Só um coração puro pode dizer com segurança: 'Venha a nós o vosso Reino'. É preciso ter aprendido com Paulo para dizer: 'Portanto, que o pecado não impere mais em vosso corpo mortal' (Rom. 6,12). Quem se conserva puro em suas ações, em seus pensamentos e em suas palavras, pode dizer a Deus: 'Venha o vosso Reino'" (Catequeses Mistagógicas 5,13).

"Em seguida, terminada a oração, tu dizes: 'Amém', corroborando por este amém - que significa 'que isto se faça' - tudo quanto está contido na oração que Deus nos ensinou" (Catequeses Mistagógicas 5,18).

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Ambrósio de Milão

"Ó homem! Não ousavas levantar teu rosto ao céu; baixavas os olhos para a terra e, de repente, recebeste a graça de Cristo: todos os teus pecados te foram perdoados. De servo mau te tornaste um bom filho (...) Levanta, pois, os olhos para o Pai que te resgatou por seu Filho e dize: 'Pai nosso' (...) Mas não invoques nenhum privilégio. Ele não é o Pai, de maneira especial, senão do Cristo tão somente, ao passo que a nós, Ele nos criou (...) Dize, portanto, também tu, pela graça: 'Pai nosso', a fim de mereceres ser seu filho" (Dos Sacramentos 5,19).

João Crisóstomo

"Não podeis chamar de vosso Pai ao Deus de toda bondade, se conservais um coração cruel e desumano, pois nesse caso já não tendes em vós a marca da bondade do Pai celeste" (Homilia sobre Mateus 7,14).

"O Senhor nos ensina a fazer nossas orações em comum por todos os nossos irmãos, pois não diz 'meu Pai que estás nos céus', mas 'nosso Pai', a fim de que nossa oração seja, como um só coração e uma só alma, por todo o Corpo da Igreja" (Homilia sobre Mateus 19,4).

"Considerai como Jesus Cristo nos ensina a ser humildes, ao fazer-nos ver que nossa virtude não depende só de nosso trabalho, mas da graça de Deus. Ele ordena aqui, a cada fiel que reza, que o faça universalmente por toda a terra, pois não diz: 'Seja feita a vossa vontade em mim' ou 'em vós', mas 'em toda a terra', a fim de que dela seja banido o erro, nela reine a verdade, o vício seja destruído, a virtude floresça novamente e que a terra não mais seja diferente do céu" (Homilia sobre Mateus 19,5).

Agostinho de Hipona

"'Pai nosso': este nome suscita em nós, ao mesmo tempo, o amor, a afeição na oração (...) e também a esperança de alcançar o que vamos pedir (...) Com efeito, o que poderia Ele recusar ao pedido de seus filhos, quando já antes lhes permitiu ser seus filhos?" (Serm. Dom. 2,4,16).

"É com razão que estas palavras, 'Pai nosso que estais nos céus', provêm do coração dos justos, onde Deus habita como que em seu templo. Por elas também o que reza desejará ver morar em si Aquele que invoca" (Serm. Dom. 2,5,17).

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A FÉ CRISTÃ

"Podemos, ainda, sem ferir a verdade, traduzir estas palavras: 'Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu' por estas: 'na Igreja como em nosso Senhor Jesus Cristo; na Esposa que Ele desposou, como no Esposo que realizou a Vontade do Pai" (Serm. Dom. 2,6,24).

Pedro Crisólogo

"Pedimos a Deus que santifique seu Nome porque é pela santidade que Ele salva e santifica toda a Criação (...) Trata-se do Nome que dá a salvação ao mundo perdido, mas pedimos que este Nome de Deus seja santificado em nós por nossa vida. Pois, se vivermos bem, o Nome divino é bendito; mas, se vivermos mal, ele é blasfemado, segundo a palavra do Apóstolo: 'Por vossa causa o Nome de Deus está sendo blasfemado entre os gentios' (Rom. 2,24). Rezamos, portanto, para merecermos ter em nossas almas tanta santidade quanto é Santo o Nome de nosso Deus" (Sermão 71).

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Carlos Martins Nabeto

11. Hereges - Condenação “Recomendo-vos, irmãos, que tomeis cuidado com os

que produzem divisões contra a doutrina que aprendestes. Afastai-vos deles” (Rom. 16,17).

Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do batismo, de qualquer verdade que se deva crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dela. O herege incorre em excomunhão latae sententiae (=automática)4...

Didaqué

"Todo profeta que não pratica o que ensina é um falso profeta".

Ireneu de Lião

"Queremos vencê-los (=os hereges), revelando seus mistérios. É por isso que nos esforçamos por esclarecer o quanto mais possível todo o corpo desta pequena besta má e astuta e, por vós, fazê-la conhecida de todos. Mas não são necessários muitos discursos para arruinar essa doutrina. Quando uma besta está oculta numa floresta e aí ataca e devora suas vítimas, aquele que isola a floresta e a ilumina, fazendo ver a besta, facilita a tarefa dos que querem prendê-la (...) Nós queremos isso. Publicando seus segredos e seus mistérios ocultos, inutilizamos os longos discursos que os devem destruir (...) Não nos basta desmascarar; é preciso ainda que pressionemos a besta por todos os lados" (Contra as Heresias 1,31,4).

"Por mais solenes que sejam as suas palavras, todos os hereges chegam afinal de contas a isto: a blasfemar contra o Criador e a opor-se à salvação da criatura de Deus que é a carne, pela qual, como já demonstramos de vários modos, o Filho de Deus realizou toda a sua economia" (Contra as Heresias 3,4,4).

"É melhor e mais útil saber pouco ou nada e viver perto de Deus pelo amor, do que imaginar-se saber muito e ter reunido muitas experiências e se tornar falsificador e inimigo de Deus".

Clemente de Alexandria

"Só há uma Igreja antiga e é a Igreja Católica. Das 4 Código de Direito Canônico (1983), cânones 751 e 1364.

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A FÉ CRISTÃ

heresias, umas se chamam pelo nome dos homens que as fundaram: Valentino, Marcião, Basílides etc.; outras, pelo lugar de onde vieram, como os peráticos; outras, do povo, como a heresia dos frígios; outras, de alguma operação, como os encratistas; outras, de seus próprios ensinamentos, como os docetas, os hematistas" (Stromata 1,7,15).

"Não posso reconhecer ensinamentos divinos nas deformações que se introduziram nos raciocínios humanos" (Stromata 1,7,37,6).

Tertuliano de Cartago

"O demônio tem lutado contra a verdade de muitas maneiras, até defendendo-a para melhor destrui-la" (Contra Praxéas 1).

Hipólito de Roma

"Um bispo, homem piedoso e modesto, mas que tinha excessiva confiança em suas visões, tivera três sonhos e se pôs a profetizar: 'Sabei, meus irmãos, que o Juízo Final ocorrerá em um ano. Se o que vos digo não acontecer, não creais mais nas Escrituras e agi como vos aprouver'. Ao cabo de um ano, nada aconteceu; ele ficou confuso, os irmãos escandalizados, as virgens se casaram e os que tinham vendido todos os seus bens foram reduzidos à mendicância" (Comentário sobre Daniel).

Orígenes de Alexandria

"Se a doutrina da Igreja fosse simples e não sofresse o assédio de proposições heréticas, nossa fé não seria tão clara e aprofundada. Quem tomaria consciência de que a luz é boa se não sentíssemos os limites da noite? A doutrina católica é assediada por contradições (...) a fim de que a nossa fé não caia na sonolência do ócio, mas seja fortalecida pelo exercício. Eis por que o Apóstolo dizia: ‘É necessário que haja heresias’ (1Cor. 11,19)" (Homilia sobre Números 9,1).

Agostinho de Hipona

"[Herege é quem] põe resistência à doutrina católica que lhe é manifestada" (Do batismo 16,23).

"Vejam, pois, caríssimos, quão proveitosos são os hereges para o serviço de Deus, que usa bem dos maus (...) Os hereges, impugnando a Igreja para induzir ao erro,

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contribuem para o encontro da verdade. A verdade seria procurada com menos vigor se não houvesse adversários do erro. É o que diz São Paulo em sua primeira carta aos Coríntios" (Sermão 51,11).

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A FÉ CRISTÃ

ANEXO - Relação de Padres e Escritores do Período Patrístico Padre/Escritor Falecimento

Abércio de Hierápolis . . . . 215 Adriano I de Roma (papa). . . . 795 Afrate da Pérsia . . . . . ~375 Agostinho de Hipona . . . . 430 Alexandre de Alexandria . . . 325 Ambrósio de Milão . . . . 397 Anastácio I de Roma (papa) . . 402 Anastácio II de Roma (papa) . . 498 Anastácio do Sinai. . . . . ~700 André de Creta . . . . . ~750 Aristides de Atenas . . . . 130 Atanásio de Alexandria . . . 373 Atenágoras de Atenas . . . 181 Basílio de Ancira . . . . 364 Basílio de Selêucia . . . . 469 Basílio Magno de Cesaréia . . . 379 Beda Venerável . . . . . 735 Bento de Núrsia . . . . . 547 Bonifácio I de Roma (papa) . . 422 Caio (ou Gaio) . . . . . 217 Calisto I de Roma (papa). . . . 222 Capreólogo . . . . . ~440 Cassiodoro . . . . . ~575 Celestino I de Roma (papa) . . 432 Cesário de Arles . . . . . 543 Cipriano de Cartago . . . . 258 Cirilo de Alexandria . . . . 444 Cirilo de Jerusalém . . . . 386 Clemente I de Roma (papa) . . 101 Clemente de Alexandria . . . 215 Columbano . . . . . 615 Cornélio I de Roma (papa) . . . 253 Cromácio de Aquiléia . . . . 407 Dâmaso I de Roma (papa) . . . 384 Dionísio de Alexandria . . . 265 Dionísio de Corinto . . . . 166 Dionísio I de Roma (papa) . . . 268 Efrém da Síria . . . . . 373 Egéria . . . . . . ~420

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Enéias de Gaza . . . . . 518 Epifânio de Salamina . . . . 403 Estevão I de Roma (papa) . . . 257 Eudóxio de Constantinopla . . . 369 Eusébio de Alexandria . . . ~450 Eusébio de Cesaréia . . . . 340 Eustáquio de Antioquia . . . ~350 Eutíquio . . . . . . ~582 Filoxeno da Síria . . . . 523 Firmiliano da Capadócia . . . 268 Frutuoso Mártir . . . . . 259 Fulgêncio de Ruspe . . . . 533 Gelásio I de Roma (papa) . . . 496 Germano de Constantinopla . . ~730 Gregório de Nanzianzo . . . 379 Gregório de Nicéia . . . . ~séc. V Gregório de Nissa . . . . 394 Gregório I Magno de Roma (papa) . 604 Gregório II de Roma (papa) . . 731 Gregório III de Roma (papa) . . 741 Hegésipo . . . . . . 117 Hermas de Roma . . . . 140 Hilário de Poitiers . . . . 367 Hipólito de Roma . . . . 235 Hormisdas de Roma (papa) . . 523 Ildelfonso de Toledo . . . . 667 Inácio de Antioquia . . . . 107 Inocêncio I de Roma (papa) . . 417 Ireneu de Lião . . . . . 202 Isidoro de Pelúsio . . . 435 Isidoro de Sevilha. . . . . 636 Jerônimo . . . . . . 420 João Cassiano . . . . . 435 João Crisóstomo . . . . 403 João Damasceno . . . . 749 João de Antioquia . . . . ~420 João II de Roma (papa) . . . 535 João IV de Roma (papa) . . . 642 João Mosco . . . . . 619 Júlio I de Roma (papa) . . . 352 Justino Mártir . . . . . 165 Lactâncio . . . . . . 317 Leão I Magno de Roma . . . 461 Libério I de Roma . . . . 366

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A FÉ CRISTÃ

Marcelo de Ancira . . . . ~340 Martinho de Braga . . . . 579 Martinho de Tours . . . . 397 Máximo Confessor . . . . 662 Máximo de Turim . . . . 466 Melitão de Sardes . . . . ~170 Metódio de Olimpo . . . . 311 Minúcio Félix . . . . . ~200 Nestório . . . . . . 451 Nicetas de Remesiana . . . ~420 Nilo Magno de Ancira . . . . 430 Optato de Milevi . . . . ~400 Orígenes de Alexandria. . . . 253 Ósio de Córdoba . . . . ~400 Pacômio . . . . . . 346 Panciano . . . . . . 392 Papias de Hierápolis . . . . 130 Paulino de Nola . . . . . 431 Pedro Crisólogo . . . . . 450 Pedro de Alexandria . . . . 311 Pelágio I de Roma (papa) . . . 561 Pelágio II de Roma (papa) . . . 590 Policarpo de Esmirna . . . . 156 Prudêncio de Espanha. . . . 405 Rufino de Aquiléia . . . . 410 Serapião de Thmuis . . . . 362 Severiano de Gábala . . . . 431 Silvestre I de Roma (papa) . . 335 Simeão de Tessalônica . . . ~séc. V Simplício de Roma (papa) . . . 483 Sirício de Roma (papa) . . . 399 Sisto III de Roma (papa) . . . 440 Sócrates de Constantinopla . . 440 Sozómeno . . . . . . ~450 Sulpício Severo . . . . . 420 Teodoreto de Ciro . . . . 460 Teodoro Studita . . . . . séc. VIII Teófilo de Antioquia . . . . 182 Teotecnos de Lívias . . . . ~600 Tertuliano de Cartago . . . 220 Vicente de Lérins . . . . 450 Vigílio de Roma (papa) . . . 555 Zacarias de Roma (papa) . . . 752 Zeferino de Roma (papa) . . . 217

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Zenão de Verona . . . . 371

Escritos Anônimos Ano de Composição Atas dos Mártires . . . . ~165 Constituições Apostólicas . . . ~400 Constituições Egípcias . . . ~450 Didaqué . . . . . . ~90 Decreto Gelasiano . . . . 495 Epístola a Diogneto . . . . ~200 Epístola de Barnabé . . . . ~74 Lecionário Jerusalemitano . . . ~450 Mártires de Lião . . . . . ~175 Pseudo-Agostinho . . . . ~séc. VI Pseudo-Clemente . . . . ~séc. IV Pseudo-Dionísio . . . . . ~séc. IV Pseudo-Hipólito . . . . . ~séc. V Pseudo-Justino . . . . . ~séc. III Pseudo-Melitão . . . . . ~séc. III Sacramentário de Bobbio . . . ~650 Sacramentário Gregoriano . . . ~750

Concílios Ecumênicos Ano de Realização Concílio Ecumênico de Calcedônia . 451 Concílio Ecumênico de Constantinopla I 381 Concílio Ecumênico de Constantinopla II 553 Concílio Ecumênico de Constantinopla III 681 Concílio Ecumênico de Éfeso . . 431 Concílio Ecumênico de Nicéia I . . 325 Concílio Ecumênico de Nicéia II . . 787

Concílios Regionais Ano de Realização

Concílio da União Oriental/Ocidental . 433 Concílio Regional de Antioquia . . 324 Concílio Regional de Arles I . . 314 Concílio Regional de Arles II . . ~475 Concílio Regional de Braga . . . 561 Concílio Regional de Cartago III . . 397 Concílio Regional de Cartago IV . . 418 Concílio Regional de Elvira . . . 306 Concílio Regional de Frankfurt . . 794 Concílio Regional de Friul . . . 796 Concílio Regional de Hipona . . 393 Concílio Regional de Laodicéia . . 367 Concílio Regional de Latrão . . 649

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Concílio Regional de Milevi . . . 416 Concílio Regional de Orange II . . 529 Concílio Regional de Palmari . . 501 Concílio Regional de Pávia . . . 850 Concílio Regional de Quiersy . . 853 Concílio Regional de Roma I . . 382 Concílio Regional de Roma II . . 680 Concílio Regional de Sárdica . . 343 Concílio Regional de Toledo IV . . 633 Concílio Regional de Toledo VI . . 638 Concílio Regional de Toledo XI . . 675 Concílio Regional de Toledo XV . . 688 Concílio Regional de Toledo XVI . . 693 Sínodo de Ambrósio . . . . 389 Sínodo Permanente de Constantinopla ~545

Escritos Apócrifos/Não-Cristãos Ano de Composição

Apócrifo Odes de Salomão . . . séc. II d.C. Apócrifo Vida de Adão e Eva . . séc. II d.C. Atos Apócrifos de João . . . séc. III d.C. Evangelho Apócrifo de Pedro . . séc. II d.C. Protoevangelho Apócrifo de Tiago . séc. I d.C. Talmud Babilônico . . . . séc. V d.C.

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Índice onomástico Abércio de Hierápolis, 30,

135 Afrate da Pérsia, 92, 135 Agostinho de Hipona, 21, 24,

26, 27, 29, 33, 37, 52, 56, 64, 76, 79, 81, 83, 87, 98, 106, 109, 117, 119, 120, 123, 127, 130, 133, 135

Alexandre de Alexandria, 135

Ambrósio de Milão, 21, 55, 64, 68, 79, 93, 94, 101, 105, 108, 126, 130, 135

Anastácio do Sinai, 22, 135 André de Creta, 135 Anônimo, 117 Aristides de Atenas, 104, 135 Atanásio de Alexandria, 37,

63, 135 Atas dos Mártires, 72, 138 Atenágoras de Atenas, 135 Atos Apócrifos de João, 121,

139 Basílio de Ancira, 135 Basílio de Selêucia, 135 Basílio Magno de Cesaréia,

63, 78, 81, 93, 94, 105, 124, 135 Beda Venerável, 55, 135 Caio, 99, 100, 135 Cassiodoro, 135 Cesário de Arles, 135 Cipriano de Cartago, 27, 29,

36, 44, 47, 50, 55, 57, 62, 78, 80, 86, 89, 92, 104, 108, 125, 129, 135

Cirilo de Alexandria, 25, 52, 101, 135

Cirilo de Jerusalém, 31, 37, 76, 78, 108, 129, 135

Clemente de Alexandria, 28, 31, 36, 54, 61, 77, 81, 82, 115, 132, 135

Columbano, 135

Concílio Ecumênico de Calcedônia, 98, 138

Concílio Ecumênico de Constantinopla, 52, 138

Concílio Ecumênico de Éfeso, 90, 138

Concílio Ecumênico de Nicéia, 52, 118, 138

Concílio Regional de Antioquia, 138

Concílio Regional de Arles, 138

Concílio Regional de Cartago, 138

Concílio Regional de Elvira, 69, 115, 138

Concílio Regional de Friul, 138

Concílio Regional de Hipona, 138

Concílio Regional de Laodicéia, 116, 138

Concílio Regional de Latrão, 138

Concílio Regional de Orange, 139

Concílio Regional de Palmari, 139

Concílio Regional de Pávia, 139

Concílio Regional de Quiersy, 139

Concílio Regional de Roma, 139

Concílio Regional de Sárdica, 97, 139

Concílio Regional de Toledo, 139

Constituições Apostólicas, 104, 118, 138

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Constituições Egípcias, 138 Cromácio de Aquiléia, 135 Decreto Gelasiano, 33, 138 Didaqué, 48, 59, 107, 114, 132, 138 Didascalia, 105, 115 Dionísio de Corinto, 96, 100,

135 Efrém da Síria, 135 Egéria, 126, 135 Enéias de Gaza, 136 Epifânio de Salamina, 32, 55,

136 Epístola a Diogneto, 72, 74,

138 Epístola de Barnabé, 113, 138 Eusébio de Alexandria, 117,

136 Eusébio de Cesaréia, 40, 45,

76, 83, 96, 100, 116, 136 Eustáquio de Antioquia, 136 Eutíquio, 136 Evangelho Apócrifo de

Pedro, 115, 139 Filoxeno da Síria, 136 Firmiliano da Capadócia,

32, 136 Frutuoso Mártir, 136 Fulgêncio de Ruspe, 38, 110,

136 Germano de

Constantinopla, 136 Gregório de Nanzianzo, 58,

63, 67, 127, 136 Gregório de Nicéia, 136 Gregório de Nissa, 23, 63, 73,

101, 127, 136 Hegésipo, 136 Hermas de Roma, 34, 53, 95,

136 Hilário de Poitiers, 18, 25, 58,

62, 78, 120, 136 Hipólito de Roma, 20, 28, 36,

55, 61, 67, 108, 115, 118, 122, 125, 133, 136

Ildelfonso de Toledo, 136

Inácio de Antioquia, 27, 28, 30, 46, 48, 54, 60, 74, 79, 85, 95, 99, 103, 114, 136

Inscrições e grafitos, 101 Ireneu de Lião, 28, 30, 35, 41,

43, 47, 48, 54, 66, 77, 85, 94, 104, 107, 122, 123, 132, 136

Isidoro de Pelúsio, 64, 136 Isidoro de Sevilha, 33, 136 Jerônimo, 33, 76, 87, 97, 106, 116,

127, 136 João Cassiano, 64, 86, 128, 136 João Crisóstomo, 21, 24, 32,

34, 37, 52, 59, 64, 68, 93, 105, 106, 109, 111, 119, 127, 130, 136

João Damasceno, 128, 136 João de Antioquia, 136 João Mosco, 136 Justino Mártir, 54, 72, 74, 82,

104, 114, 136 Lactâncio, 36, 74, 100, 136 Lecionário

Jerusalemitano, 138 Martinho de Tours, 137 Mártires de Lião, 89, 96, 138 Máximo Confessor, 88, 137 Máximo de Turim, 137 Melitão de Sardes, 137 Metódio de Olimpo, 137 Minúcio Félix, 137 Nestório, 86, 110, 137 Nicetas de Remesiana, 33,

137 Nilo Magno, 106, 137 Optato de Milevi, 32, 86, 90, 92,

137 Orígenes de Alexandria, 23,

31, 45, 52, 67, 73, 75, 81, 100, 108, 124, 126, 133, 137

Ósio de Córdoba, 137 Panciano, 137 Papa Adriano I de Roma,

88 Papa Bonifácio I de Roma,

98

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Carlos Martins Nabeto

Papa Celestino I de Roma, 73

Papa Clemente I de Roma, 39, 43, 59, 85, 95, 99, 103

Papa Dâmaso I de Roma, 86

Papa Gregório I Magno de Roma, 22, 26, 65, 68, 74, 121

Papa Inocêncio I de Roma, 97

Papa Júlio I de Roma, 97 Papa Leão I Magno de

Roma, 25, 38, 68, 70, 73, 77, 88, 91, 93, 98, 101, 110, 119

Papa Sirício I de Roma, 69, 90

Papa Zózimo I de Roma, 87 Papias de Hierápolis, 137 Pedro Crisólogo, 98, 131, 137 Pedro de Alexandria, 100,

116, 137 Policarpo de Esmirna, 66,

125, 137 Protoevangelho Apócrifo

de Tiago, 139 Pseudo-Agostinho, 138 Pseudo-Clemente, 120, 138 Pseudo-Dionísio, 138 Pseudo-Hipólito, 138

Pseudo-Justino, 138 Pseudo-Melitão, 138 Rufino de Aquiléia, 137 Sacramentário

Gregoriano, 138 Serapião de Thmuis, 137 Severiano de Gábala, 137 Símbolo dos Apóstolos, 101 Simeão de Tessalônica, 137 Sínodo de Ambrósio, 87, 95,

139 Sínodo Permanente de

Constantinopla, 139 Sócrates de

Constantinopla, 69, 137 Sulpício Severo, 110, 137 Talmud Babilônico, 139 Teodoreto de Ciro, 109, 112,

137 Teodoro Studita, 137 Teófilo de Antioquia, 36, 137 Teotecnos de Lívias, 137 Tertuliano de Cartago, 23,

40, 41, 47, 49, 73, 86, 92, 104, 118, 122, 125, 128, 133, 137

Vicente de Lérins, 53, 66, 137 Zenão de Verona, 138

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A FÉ CRISTÃ

Bibliografia e Sites Consultados

Livros (fontes de citações)

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2. AGOSTINHO, Santo. "A Verdadeira Religião". São Paulo: Paulinas, 1ª ed., 1987. Trad. Nair de Assis Oliveira.

3. __________. "O Cuidado Devido aos Mortos". São Paulo: Paulinas, 1ª ed., 1990. Trad. Nair de Assis Oliveira.

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7. ARAÚJO, Francisco Almeida. "Em Defesa da Fé". Anápolis: CMIC. 3ª ed., 1993.

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11. __________. “Curso de Eclesiologia”. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, s/ano.

12. __________. “Curso de História da Igreja”. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, s/ano.

13. __________. "Curso de Iniciação Teológica". Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, s/ano.

14. __________. "Curso de Mariologia". Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, s/ano.

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17. BETTI, Artur. "O que o Povo Pergunta?". Petrópolis: Vozes, 3ª ed. 1994.

18. BOROBIO, Dionisio (org.). "A Celebração na Igreja 1: Liturgia e Sacramentologia Fundamental". São Paulo:

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Carlos Martins Nabeto

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Tempos da Celebração". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 2000. Trad. João Rezende Costa.

21. BOURGERIE, Denis. "Vinte Razões Porque Eu sou Católico". Campinas: Logos, 5ª ed., 1998.

22. CARVAJAL, Luis González. "Nossa Fé: Teologia para Universitários". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1992. Trad. José A. Ceschin.

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27. CUNHA, Egionor. "A Cruz e as Cruzes". São Paulo: Ave Maria, 1ª ed., 1993.

28. __________. "A Santíssima Trindade". São Paulo: Ave Maria, 1ª ed., 1993.

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30. __________. "Bíblia, Sangue e Medicina". São Paulo: Ave Maria, 1ª ed., 1993.

31. __________. "Imagens e Santos". São Paulo: Ave Maria, 1ª ed., 1993.

32. DELUMEAU, Jean. "As Razões de Minha Fé". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1991. Trad. Eunice Gruman.

33. DENZINGER, Enrique. "El Magisterio de la Iglesia". Barcelona: Herder, 3ª ed., 1963.

34. DOMERGUE, Benoit. "Notas sobre Reecarnação". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1997. Trad. Yvone Maria de Campos Teixeira da Silva.

35. DREYFUS, François. "Jesus Sabia que era Deus?". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1997. Trad. José Nogueira Machado.

36. DUPUIS, Jacques. "Introdução à Cristologia". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad. Aldo Vannucchi.

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A FÉ CRISTÃ

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39. FISICHELLA, Rino. "Introdução à Teologia Fundamental". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 2000. Trad. João Paixão Netto.

40. FORTE, Bruno. "Introdução à Fé". São Paulo: Paulus, 1ª ed., 1994. Trad. Artur Diniz Neto.

41. __________. "Introdução aos Sacramentos". São Paulo: Paulus, 1ª ed., 1996. Trad. Georges I. Maissiat.

42. FRANGIOTTI, Roque. "História da Teologia: Período Patrístico". São Paulo: Paulinas, 1ª ed., 1992.

43. __________. "História das Heresias - Séculos I - VII". São Paulo: Paulus, 1ª ed., 1995.

44. FUITEM, Diogo Luís. "A Fé Católica em Perguntas e Respostas". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 2000.

45. GAMBARINI, Luiz Alberto. "Perguntas e Respostas sobre a Fé" (2 volumes). Campo Limpo: Vida Nova/Ágape, 5ª ed., 1990.

46. GARCÍA PAREDES, José C.R.. "A Verdadeira História de Maria". São Paulo: Ave Maria, 1ª ed., 1988. Trad. Suely Mendes Brazão.

47. GILBERT, Paul. "Introdução à Teologia Medieval". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad. Dion Davi Macedo.

48. GOEDERT, Valter Maurício. "Culto Eucarístico Fora da Missa". São Paulo: Paulinas, 1ª ed., 1987.

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Carlos Martins Nabeto

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64. MONDONI, Danilo. "História da Igreja na Antigüidade". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 2001.

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66. MOURA, Jaime Francisco de. "As Diferenças entre Igreja Católica e Igrejas Evangélicas". São José dos Campos: Com Deus, 1ª ed., 2000.

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79. TONUCCI, Paulo Maria. "História do Cristianismo Primitivo". Petrópolis: Vozes, 1ª ed., 1987.

80. TURCHENSKI JR., Nicolau. "A Caminho do Pai: o Purgatório". Curitiba: s/edit., 1ª ed., 1985.

81. VV.AA.. "Catecismo da Igreja Católica". Petrópolis: Vozes etal, 3ª ed., 1993.

82. __________. "Manual do Católico de Hoje". Aparecida: Santuário, 19ª ed., 1990.

83. __________. "O Caminho: Síntese da Doutrina Cristã para Adultos". Salvador: Nossa Senhora de Loreto, 2ª ed., 1981.

84. __________. "Os Sacramentais e as Bênçãos". São Paulo: Paulinas, 1ª ed., 1993. Trad. I. F. L. Ferreira

85. WICKS, Jared. "Introdução ao Método Teológico". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad. Nadyr de Salles Penteado.

Sites Consultados

1. AGNUS DEI (http://www.agnusdei.cjb.net) 2. CATHOLIC ANSWERS (http://www.catholic.com) 3. CORUNUM CATHOLIC APOLOGETICS

(http://www.cin.org/users/jgallegos/contents.htm) 4. ICTIS (http://www.ictis.cjb.net) 5. SOU CATÓLICO, SOU IGREJA

(http://www.na.com.br/users/toni/) 6. VERITATIS SPLENDOR

(http://www.veritatissplendor.org)

Para Saber Mais...

1. ALTANER, Berthold; STUIBER, Alfred. Patrologia: Vida, Obras e Doutrina dos Padres da Igreja. São Paulo: Paulinas.

2. AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de. Escola da Fé I: Sagrada Tradição. Lorena:Cléofas

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Carlos Martins Nabeto

3. GOMES, Cirilo Folch. Antologia dos Santos Padres. São Paulo:Paulinas.

4. HAMMAN, A.. Os Padres da Igreja. São Paulo:Paulinas. 5. LACARRIÈRE, Jacques. Padres do Deserto: Homens

Embriagados de Deus. São Paulo: Loyola. 6. LIÉBAERT, Jacques. Os Padres da Igreja: Séculos I-IV.

São Paulo: Loyola. 7. MANZANARES, Cesar Vidal. Dicionário de Patrística.

Aparecida:Santuário. 8. MORESCHINI, Cláudio; NORELLI, Enrico. História da

Literatura Cristã Antiga Grega e Latina. 3 volumes. São Paulo: Loyola.

9. PADOVESE, Luigi. Introdução à Teologia Patrística. São Paulo:Loyola.

10. TRESE, LEO J.. A Fé Explicada. São Paulo: Quadrante.

11. VV.AA.. Catecismo da Igreja Católica. Petrópolis:Vozes etal.

Para ulteriores pesquisas, sobre este ou outros temas relacionados ao Catolicismo, acesse a ferramenta de busca

existente no topo da página do site Veritatis Splendor – Memória e Ortodoxia Cristã

http://www.veritatis.com.br

Para ler obras patrísticas na íntegra, acesse COCP – Central de Obras do Cristianismo Primitivo

http://cocp.veritatis.com.br

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“Ninguém pode ter a Deus por Pai senão tiver a Igreja por Mãe” (Ciprianode Cartago). “Considerai legítima a Eucaristiarealizada pelo Bispo ou por alguémencarregado por ele. Onde aparece oBispo, aí esteja a multidão, do mesmomodo que onde está Cristo Jesus, aíestá a Igreja Católica” (Inácio deAntioquia). “Católica, ‘universal’, significa ‘segun-do a totalidade’; não como osgrupinhos de heréticos limitados acertas regiões; mas difundida portodo o orbe da terra” (Isidoro deSevilha).

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Um Apostolado fiel ao Magistério da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.