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A Igreja Matriz de Ovar nos séculos XVII-XIX: obras e artistas Sofia Nunes VECHINA Introdução Das oito freguesias existentes no concelho, Ovar tem sido a maior fonte de curiosidade para os investigadores locais, destacando-se, consideravelmente, a Igreja Matriz. Todavia, os documentos consultados nas primeiras décadas do século XX, desapareceram do arquivo paroquial, incluindo os valiosíssimos livros de visitações. Resta-nos, por agora, a difícil tarefa de manter viva a sua memória, acrescentando alguns elementos e perspectivando novas formas de investigação. Dedicada a S. Cristóvão, esta Igreja é referida pela primeira vez em Maio de 1132 1 , localizando-se em Cabanões 2 . No século XVI, mais propriamente em 1550, surge a primeira alusão documental 3 , até agora conhecida, à Igreja de Ovar, comprovando, assim, a transferência 4 da Igreja Matriz de Cabanões para a vila de Ovar. Em 1623, D. Rodrigo da Cunha considera-a “(…) das fermozas Igrejas do Biſpado 5 ”, supondo um certo bom gosto, comprovado pelos azulejos hispano-árabes encontrados nas intervenções arqueológicas realizadas entre 1998 e 2000 6 , no entanto em 26 de Outubro de 1665 “o Visitador, Fernam Pereira Soares” diz “que a Igreja se achava arruinada, e arrebentada a parede nas linhas quasi todas, chovendo em algumas partes do norte, e em principal no altar de Nossa Senhora do 1 BASTOS, 2001: 28. 2 À época seria o centro da freguesia de Ovar, na actualidade, é um lugar da recém-formada freguesia de S. João de Ovar. 3 “Em documentos da época, da transição (séc. XVI) tanto aparece Igreja de Cabanões ou Igreja de S. Cristóvão de Cabanões (1539), como Igreja de S. Cristóvão de Ovar ou Igreja de Ovar (1550), ou ainda S. Cristóvão de Cabanões morador na dita vila de Ovar (1597)”. (BASTOS, 2001: 31). 4 Outras teses defendem que a Igreja de Cabanões foi transferida para Ovar na primeira metade do século XV, como diz o Pe. Miguel de Oliveira: “Embora sem elementos positivos de prova, parece-me que a “igreja velha” de Cabanões, referida no Foral de 1514, foi substituída, em data anterior às transacções entre o Bispo e o Cabido [1466], talvez na primeira metade do século XV.” (OLIVEIRA, 1967: 138; LAMY, 2001: 100). 5 CUNHA, 1623: 388. 6 FRANÇA, 2009: 119-130.

A Igreja Matriz de ovar nos séculos XVII-XIX: obras e artistas

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Page 1: A Igreja Matriz de ovar nos séculos XVII-XIX: obras e artistas

A Igreja Matriz de ovar nos séculos XVII-XIX: obras e artistas

Sofia Nunes VEcHINA

Introdução

Das oito freguesias existentes no concelho, ovar tem sido a maior fonte de curiosidade para os investigadores locais, destacando-se, consideravelmente, a Igreja Matriz. Todavia, os documentos consultados nas primeiras décadas do século XX, desapareceram do arquivo paroquial, incluindo os valiosíssimos livros de visitações.

Resta-nos, por agora, a difícil tarefa de manter viva a sua memória, acrescentando alguns elementos e perspectivando novas formas de investigação.

Dedicada a S. Cristóvão, esta Igreja é referida pela primeira vez em Maio de 11321, localizando-se em Cabanões2.

No século XVI, mais propriamente em 1550, surge a primeira alusão documental3, até agora conhecida, à Igreja de ovar, comprovando, assim, a transferência4 da Igreja Matriz de Cabanões para a vila de ovar.

Em 1623, D. Rodrigo da Cunha considera-a “(…) das fermozas Igrejas do Biſpado5”, supondo um certo bom gosto, comprovado pelos azulejos hispano-árabes encontrados nas intervenções arqueológicas realizadas entre 1998 e 20006, no entanto em 26 de outubro de 1665 “o Visitador, Fernam Pereira Soares” diz

“que a Igreja se achava arruinada, e arrebentada a parede nas linhas quasi todas, chovendo em algumas partes do norte, e em principal no altar de Nossa Senhora do

1 BASToS, 2001: 28.2 À época seria o centro da freguesia de ovar, na actualidade, é um lugar da recém-formada freguesia de S. João de

ovar. 3 “Em documentos da época, da transição (séc. XVI) tanto aparece Igreja de Cabanões ou Igreja de S. Cristóvão de

Cabanões (1539), como Igreja de S. Cristóvão de ovar ou Igreja de ovar (1550), ou ainda S. Cristóvão de Cabanões morador na dita vila de ovar (1597)”. (BASToS, 2001: 31).

4 outras teses defendem que a Igreja de Cabanões foi transferida para ovar na primeira metade do século XV, como diz o Pe. Miguel de oliveira: “Embora sem elementos positivos de prova, parece-me que a “igreja velha” de Cabanões, referida no Foral de 1514, foi substituída, em data anterior às transacções entre o Bispo e o Cabido [1466], talvez na primeira metade do século XV.” (oLIVEIRA, 1967: 138; LAMY, 2001: 100).

5 CuNHA, 1623: 388.6 FRANÇA, 2009: 119-130.

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Rosário, e por me dizerem que de novo se quer edificar a Igreja de naves, mando que em quanto não, a segurem dentro os mesmos freguezes, sob pena de dez cruzados, por se apropinquar o Inverno”7.

A partir de finais do século XVII esta igreja sofre várias alterações e aquisições, tanto ao nível da arquitectura como da talha.

Na arquitectura podemos acrescentar um documento existente no Arquivo Episcopal do Porto, de 26 de Fevereiro de 1674, e alguns documentos manuscritos e desenhos, divulgados parcialmente em 19888, no Jornal João Semana, sobre a reedificação do século XIX.

Nos ditos artigos foram citados alguns apontamentos sobre a obra de arquitectura e divulgados os desenhos referentes ao frontispício da Igreja, todavia, é chegado o momento de rever os documentos originais e mostrar todos os restantes desenhos, inclusive, o risco do retábulo da capela do Santíssimo Sacramento, incluídos na mesma pasta, no Arquivo Municipal de ovar.

Quanto à talha do século XVII e XVIII, tomando por base os documentos citados por Domingos de Pinho Brandão em 1984 e 1986, pretendemos compreender as obras de ovar, comparando a documentação e a obra existente, para além do reconhecimento de outras obras feitas na zona norte do país, que poderá elucidar-nos da importância das formas aplicadas em ovar no percurso do artista.

1.Arquitectura

Iniciada a reedificação no século XVII “(…) cederam-se sepulturas privativas, dentro do templo, a algumas famílias nobres, que por isso concorriam com mais avultadas quantias para as obras9”, destacando-se Salvador de Matos Soares Tavares da Rocha, que adquiriu três sepulturas e ergueu a Capela do Sr. da Agonia, onde, ainda hoje, se lê, em epígrafe: Esta capela eh de Sal/vador de Matos So/ares e des sevs erdeiro/s mandov a fazer sev/ filho o Prior de carre/goza anno d 1670.

1.1.Reedificaçãonadécadade1670

Após alguns anos de desespero por não se verem iniciadas as obra na capela-mor, finalmente, em 1674:

“Dizem os m.es da villa dovar que lles tem a Igreja accabada de todo o neceſ.º e ornada com toda a deçençia e som.te se vai contenuando cô a cappella mor, que faz por sua conta o R.do cabbido, e sem em.to de esta naõ estar acabada, fica m.to decente es.ta Igreja p.ª em ella se scelebrarh os off.os diuinos, doq em a capella de N. Snra da Graça, que he limitada, por cauza doq neſtes Domingos da Quaresma estâ o pouo ouvindo o sermão a chuva e há outros incon-venientes, que arem.ce […] ser not.os, em.tos cô pouco seruiſo de Deos, os que senaõ conçideraõ

7 PINHo, 1959: 156.8 BASToS, 1988.9 LÍRIo, 1926: 51-52.

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nad.ta Igreja, porq.to o arco da capella eſtá perfeitto, como deue ser, eo naõ por onde se entra p.ª ella eſtá tapado cô parede, q som.te se há de desfazer ao tempo, que estiver accabada es.ta capella em cujos termos naõ se pode conciderar indeçençia, por naõ estar accabada que he todo o fundam.to comq o R.do cabbido impugna odizerse miſ na Igreja, enella scelebraremse os off.os diuinos; e porq por euitar os inconuenientes, e conſtar se he, ou naõ decente, fazeremse os off.os nella, deue Rem.e mandar uizitar es.ta Igreja, conſtanto ser […] oq supp.tes allegaõ lhes deue Rem.e conceder licença p.ª se scelebrarem os off.os diuinos nella nesta quaresma, e os panos na 4ª Dominga, eſtando os mes. Na d.ta capella de N. Snra da Graça, eq som.te as endoenças se exponha ne.ta Igreja, e sendo neceſa. faraõ os supp.tes termo emq se obrigaõ no dia de Paschoa faz.do a prociſaõ da Resureiçaõ a tornar ao locallo nad.ta capella de N. Snra da Graça, pelloq (…) Dizem os moradores da villa de Ovar q naõ ſe confformam […] a Igreja Matriz com custo de m.tos mil cruzados q se pagou no arco da capella e q […] naõ esta accabada q he fabrica do m.to R.do cabido e por q o pouo he m.to grande naõ podem comodam.te ouvir miſſa nas Ermidas e por iſſo a querem ouvir na dita Igreja (…)10.”

Todavia, o cabido responde que:

“Não está finda a obra da capella da Igreja de Ovar por falta do pedreiro, a quem se deu por Rematação por hua Escritura pública; E tem recebido muito mais dinheiro, do q impera a obra, que tem feito; pelo q já fizemos petição do corregedor do civel, q o mandasse prender; E no mes de Septembro proximo deu despacho, que a acabasse dentro de seis meses; E logo foi notificado por elle; E porq na mesma escritura está o pedreiro desaforado p.ª o juizo Eclesiastico; Requeremos ao senhor p.or do Bispado mande proceder contra elle, E da nossa parte fazemos toda a dilig.ca E estamos prestes a dar todo o dinheiro pª a obra, que queremos se acabe logo.

E emquanto a petição dos supplicantes não deve ter lugar ferirselhe por hora; porq. posto digão […] o arco tapado, não ficacem e; nem contem que se digão missas na Igreja antes de acabada a obra da capella; por q sempre pª se acabar, se ha de abrir arco pª a serventia da obra; E será grande indecencia, que se andem com obras na Igreja; disendose missa nella; E esperamos mto em breve se acabe a obra da dita capella pellas sesões que os suplicantes representão; E da nossa parte faremos toda a dilligencia; E o senhor governador do Bispado fará em tudo justiça. Porto em […] 19 Março de 167411.”

Portanto, só em 1679, se iniciou o culto na nova igreja12.

1.2.Aigrejaem1758

No século XVIII, terá sido construída a Casa da Fábrica (demolida em 1854)13 e a capela e sacristia dos Passos (lado norte).

10 A.E.P. – Autos de huas acçoes e despachos do m.º R.do Senhor Dr. governador do Bispado sobre huns requirimentos dos freguezes de Ovar, 26 de Fevereiro de 1674.

11 A.E.P. – Autos de huas acçoes e despachos do m.º R.do Senhor Dr. governador do Bispado sobre huns requirimentos dos freguezes de Ovar, 26 de Fevereiro de 1674.

12 GoNÇALVES, 1981: 174.13 LÍRIo, 1926: 60.

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As Memórias Paroquiais (1758), falam-nos de alguns danos causados pelo terramoto de 1755, na Igreja Matriz, onde

“(…) padeceu ruina a cappella maior da Igreja, porque tendo já duas aberturas, as deo mais a conhecer. cahirão duas cruzes: huma do frontespicio da Igreja, outra da cappella mór; abriu-se a abóbeda da cappella do sr. dos Passos por varias partes: descomposselhe o telhado; cahiulhe a cruz, e duas pirâmides. Igual ruína experimentou a abobeda da sancristia chamada do Senhor, e as paredes, que abrirão14.”

Na sequência deste acontecimento deu-se a reedificação da capela-mor e da sacristia em 176215.

Ainda, em 1758, a Igreja Matriz de ovar:

“He São christovão; tem seis Altares; o da capella môr, em que está o santíssimo sacramento, e a Imagem do Padroeiro; Dous collaterais pegados ao Arco cruzeiro; hum da parte direita, da Senhora do Pilar, e Almas; outro da parte da esquerda, que he da Senhora do Rozario; outro com capella lançada fora das paredes principais da Igreja, mas dentro della, que he do Senhor dos Passos; outro da parte direita do Senhor da Agonia; e em correspondência deste da parte esquerda outro de S. Bartolomeu. Tem oito naves: quatro por cada parte, alem de 4 meias naves, que são duas por cada parte; a saber, duas junto ao Arco cruzeiro; e duas junto ao coro16.”

Causará, por certo, alguma estranheza, a descrição de um edifício com oito naves, no entanto, haverá com certeza uma confusão entre “naves” e espaços.

Depois de analisar a documentação do século XIX, confirmamos a existência de colunas no interior do templo, uma vez que “Estas duas paredes interiores [dos arcos] levarão no prûme de cada coluna huma linha de ferro da groçura e feitio das que tem17”. Portanto, a igreja seria constituída pela capela-mor, a capela do Senhor dos Passos e sua respectiva sacristia, a sacristia do Senhor, três naves e o coro-alto, ou seja, oito espaços, que poderiam ter sido confundidos com oito naves, “quatro por cada parte” ou quatro espaços no corpo da igreja e quatro fora dele, “alem de 4 meias naves” ou seja da Capela e sacristia dos Passos e da capela-mor e sua sacristia.

1.3.EdificaçãodaCapeladoSantíssimoSacramento

A Capela do Santíssimo Sacramento (Figura n.º 9), da autoria do mestre de obras Manuel Lourenço Afonso, foi edificada entre 1831-34 e, segundo a documentação18, teria “(…) vinte palmos de cumprido de vivo por dentro e outra tanta largura (…)”, com “(…) Alicerces (…) de oito palmos de altura e cinco de groçura athe a sapata, e dahi para sima de quatro (…)”.

Foi construída com a preocupação de se harmonizar com a Capela do Paço ou do Pretório (Figura n.º 15), por isso, no interior “(…) tera hum degrao no Arco como o

14 BASToS, 1984: 34.15 LAMY, 2001: 177.16 BASToS, 1984: 30-31.17 A.M.o. – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, pasta 1547, fl. 2 e 2v.18 A.M.o. – Apontamentos para a nova capella do Santifsimo Sacramento da Igreja da Villa de Ovar, s/ data, pasta 1547.

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da Capela do Paço e o arco do m.mo feitio como o do Paço19”, enquanto no exterior “a empena da Capella será coberta de Cantaria como a da Capela Mór com huma crus em sima e duas piramideas sobre os cunhaes tudo como as da Capella Mor, e terá a mesma altura esta Capella que a dos Paços20”.

A informação escrita, assinada pelo supracitado mestre de obras, de Avanca (concelho de Estarreja), faz-se acompanhar de alguns desenhos que embora não tenham sido assinados, serão do mesmo autor, e onde se verificam algumas diferenças, entre o projectado e a obra acabada, como é o caso do desenho onde se pretendia

“(…) acentar a baze do pedestal de cada huma das pilastras sendo tudo cheio de cantaria entre pedestal e pedestal com sua cornija como se ve no risco, e com seu refendido para mostrar se o almofadado, este pedestal será da altura da banqueta do altar pouco mais ou menos conforme se lhe indicar21.”

No referido risco (Figura n.º 10), figuram vários elementos decorativos de ins-piração vegetalista e floral, e um “Painel Alegoria a S. Sacramtº22”, que não foram executados. Todavia, mantém-se a estrutura arquitectónica, e em vez do painel, abriu-se uma janela de cada lado.

A planta (Figura n.º 12), onde se afiguram as ditas pilastras, foi seguida com exactidão, como ainda hoje se pode verificar in situ, bem como, a cornija que tem (…) em roda da capella com intabolamento frizo e alquetraba como se ve nos moldes nas costas da mma planta23.

Quanto à proveniência dos materiais seriam, provavelmente, próximos de ovar, como é o caso da (…) pedra d’Aguncide bem lavrada24, ou seja de Argoncilhe, no concelho vizinho de Santa Maria da Feira.

No que diz respeito à

“(…) grade do comungatório25, e o degrau será mudado athe ás primeiras colunas da Igreja de hum e de outro lado, o degrau (…) faceara pela parte debaixo com as colunas, e a grade ficara a meio das mesmas ficando espaço de palmo e meio fora da grade para ajoelhar: esta grade terá a mesma portada que no meio; de huma destas colunas athe a do pulpito continuara o degrau e grade no mesmo nivel do de sima, e a entrada para o pulpito se arranjara de modo que fique da parte de dentro da grade. Desta coluna do Pulpito athe a parede da Igreja continua o degrau e a grade tendo huma portada. Do outro Lado se fará outro tanto.

Todas as sepulturas que se puderem acumodar da parte de dentro das Grades se acomodarão compondo os caixilhos de pedra e fazendose de novo as tampas de todas as de dentro da grade de madeira de pinho (…). Poderá o rematante aproveitar de toda a pedra que se achar, com tanto que nenhuma fique com defeito. As ferrajes da grade serão por conta do arrematante

19 A.M.o. – Apontamentos para a nova capella do Santifsimo Sacramento da Igreja da Villa de Ovar, s/ data, pasta 1547.20 A.M.o. – Apontamentos para a nova capella do Santifsimo Sacramento da Igreja da Villa de Ovar, s/ data, pasta 1547.21 A.M.o. – Apontamentos para a nova capella do Santifsimo Sacramento da Igreja da Villa de Ovar, s/ data, pasta 1547.22 A.M.o. – Risco para as ilhargas da capela do Santíssimo Sacramento, s/ data, pasta 154723 Ver Figura n.º 8 (A.M.o. – Planta, s/ data, pasta 1547).24 A.M.o. – Apontamentos para a nova capella do Santifsimo Sacramento da Igreja da Villa de Ovar, s/ data, pasta 1547.25 Ver Figura n.º 1.

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aproveitandose daquellas q a mesma tem e que puderem servir. A grade que faltar a mandara fazer o rematante irmão do que esta em feitio qualidade de madeira, e groſura.

Feira 4 de Fevereiro de 1833.José Afonso de [Meneses?]26.”

1.4.ProjectosdereedificaçãodoArquitectoLuísInáciodeBarrosLima

Desde finais do século XVIII, que o edifício requeria cuidados. optando pela reconstrução, foi necessário encomendar o respectivo projecto, que ficou a cargo do Arquitecto Luís Inácio de Barros Lima27, do Porto, que o apresentou em 1804, mas que em inícios da década de 1830 terá exposto um esboço mais desenvolvido e, consequentemente, mais próximo do objectivo final.

Embora este último risco, não esteja datado nem assinado, comparando o tipo de papel e de desenho, pode-se concluir que será da mesma autoria do risco de 1804. o mesmo acontece com os desenhos de pormenor relativos às torres (Figura n.º 7).

A 11 de Fevereiro de 1824, o visitador Dr. António de Sousa Dias de Castro, diz: (…) louvei o Rdo Parocho pelo que diz resp.º à capella Mór, que achei bem preparada (…)28, no entanto:

“O corpo da Igreja Matriz se acha reduzido ao mais deploravel estado, por falta de se terem cumprido os cap.os das Vizitas passadas, q determinavão os reparos mos nos telhados, forros, solho, e portas da Ig.ª (…)29. Portanto mando, que toda a Igreja seja forrada, telhada, e solhada na im.ª que precizo for30.”

o supracitado visitador, dá-nos, ainda, a saber que chovia em cima nos retábulos colaterais.

Em suma, era urgente intervir no corpo da Igreja, e em 1824, já existia um primeiro projecto de reedificação do frontispício, mas só na década de 1830, se avançou com um segundo projecto e respectiva distribuição de encargos.

Quanto à obra de pedraria:

“Primeiramente terá a altura que indica o Risco que são cincoenta e oito palmos (…); As Torres serão conforme diz o Risco, em altura, largura, e ellegancia, so com diferença de não

ter os balaustres31 que o risco mostra, e terão as janelas, ou frestas que o inspector determinou; Os Alicerces do Frontespicio, e ilhargas das Torres serão da profundidade de doze palmos, e oito

de largo athe a sapata, a qual será de esquadria, e recolhera a parede hum palmo, elevando huma faxa com seus socos, (…) e Bazes, conforme indica o Risco athe abraçar as ilhargas das Torres, e continuará esta parede do Frontespicio e Torres na groçura de sete palmos athe a altura que pede (…)32.”

26 Ver Figura n.º 1.27 Foi um dos mais importantes arquitectos activos no Porto nos princípios do século XIX, principalmente entre 1801 e 1822,

época em que traçou diversos planos urbanísticos e projectos de edifícios. Ver PEDREIRINHo, 1995: 145.28 A.E.P. – Livro que hade servir na vizita encarregada ao Illº Rº Abadde de Stª Maria de Vallega, 1824, fl. 33.29 A.E.P. – Livro que hade servir na vizita encarregada ao Illº Rº Abadde de Stª Maria de Vallega, 1824, fl. 34.30 A.E.P. – Livro que hade servir na vizita encarregada ao Illº Rº Abadde de Stª Maria de Vallega, 1824, fl. 35.31 Risco de 1804 (Ver Figura n.º 4).32 A.M.o. – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, s/ data, pasta 1547, fl. 1.

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o frontispício (Figuras n.os 3 a 5), em harmonia com as restantes partes do edifício, inclusive com a Capela do Santíssimo Sacramento33, terá:

“(…) em Lugar de huma janella que mostra o Risco34 haverá duas janellas de padieiras direitas: a altura, e largura como as da capella Mor: entre estas duas janelas haverá um Nixo de Esquadria de altura das janellas com a ellegancia neceſaria; e cûpula de [canpa ?], e como o Inspector lhe determinar; devendo levar o Ornato que indica o Risco por cima da porta principal, e na distancia huma da outra que o Inspector determinar.

As paredes das ilhargas terão os seus alicerces; a profundidade de oito palmos, e largura de sete, athe a Sapata que será de esquadria e depois recolherá hum palmo sobre a sapata, e haverá huma faxa e como a da capela do Santiſsimo Sacramento por fora, e se elevará com a groçura de seis palmos (…)35.”

As paredes laterais, terão

“(…) duas portas trabeças da altura, e largura como as que tem, ou como lhe destinar o Inspector com a sua competente simalha, e ornato necessario.

Terão estas paredes quatro frestas por banda de padieiras direitas e o mais em tudo como as da capella Mor, e terão cada huma dellas as competentes grades de ferro da groçura das da capella Mor, em que como as Redes, e os vidros serão acentes nas mesmas grades de ferro (…).

Estas paredes levarão em sima a competente simalha como a da capella do Santissimo Sacramento36.”

As restantes paredes (Figura n.º 6):

“(…) paredes das Arcadas, e impena do Arco cruzeiro serão elevados na mesma groçura athe a altura que convier não tendo porem os óculos que mostra o Risco. Estas duas paredes interiores levarão no prûme de cada coluna huma linha de ferro da groçura e feitio das que tem, e que abraçarão os freichous com seus joelhos, e pregados com groços pregos. Em correspondência a cada huma destas Linhas levará outra linha da mesma groçura, e feitio que abraçará aonde pedir a parede dos arcos com as das ilhargas da Igreja aonde pregará nos freixos das paredes das ilhargas e Virá abraçar a parede dos Arcos que será bazada e levará da parte opposta humas grandes Xabetas entruduzidas nas mesmas paredes37.

Todas estas paredes serão feitas de boa cal, e Area de Medição; dous de area, e hum de cal (…)38.“

A torre do lado norte,

“(…) huma dellas terá a Escada de caracol, e hua porta em baixo da altura de dez palmos, largura porpocionada, e de boa esquadria a forrar toda a parede (…) Pera esta porta dar servidão a Torre, independente da Igreja, e terá por baixo do coro outra porta para da Igreja sahir para

33 Contemporânea desta reedificação.34 Risco da década de 1830 (Figura n.º 5).35 A.M.o. – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, pasta 1547, fl. 1v.36 A.M.o. – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, pasta 1547, fl. 1v e 2.37 A.M.o. – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, pasta 1547, fl. 2 e 2v.38 A.M.o. – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, pasta 1547, fl. 2v.

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o coro que será pelas Escadas da mesma Torre, e (…) no pavimento do coro terá outra porta da Torre para o coro da altura e largura suficiente (…) Tera logo a sima hum [beco?] feito de abobeda de tijolo para assentar o Relogio, por baixo do qual ficar (…).

Por sima desta abobeda aonde se hade assentar o relógio levará outra abobeda de tijolo sobre que se hade assentar o Pavimento da Torre, e sobre o qual se hade assentar o lageado de Esquadria devendo ficar na mesma certos buracos aonde convier para se comunicar o trabalho do relógio de sino39.”

A torre do lado sul,

“(…) terá em baixo o baptistério que terá communicação para a Igreja no competente lugar por meio de huma porta da altura de doze a quinze palmos, e largura proporcionada de esquadria a cubrir a parede, e o pavimento deste Baptisterio sera laziado de Esquadria bem como a da outra Torre – Por cima deste Baptisterio (…) será abobeda de Tijolo na altura que inspector determinar (…) e será huma escada ao correr da parede por fora bem feita da largura de cinco palmos com suas barandas de ferro, e no simo desta escada terá huma porta para a torre, e outra da torre para o coro do tamanho e feitio das da outra Torre, e depois continuará daly a escada pelo interior da torre, athe o lugar a qual será de caracol (…)40.”

Quanto à obra de carpintaria – portas travessas:

“As portas trabeças serão feitas de boas madeiras de castanho da groçura de quatro dedos (…) [e] almofadadas.

Serão forradas por dentro de Lamina de ferro pregadas com bom prego de cabeça redonda de meio em meio palmo.

Levará cinco dobradiças (…) e a porta trabeça do Norte levará duas trancas de ferro por dentro, e os seus competentes feixos (…)41.”

A porta principal,

“(…) será a mesma (…)42.”

As portas das torres sineiras e coro-alto,

“(…) serão de boas madeiras de castanho de tres dedos de groçura e (…) com quatro almofadas, com quatro dobradiças, e huma fixadura cada huma43.”

A armação da Igreja,

“(…) será toda infreixada, em freixas de (…) carvalho que terão de groçura hum palmo de largo, e tres quartos de groço, pregando huns nos outros a dente de cão e pregados com grossos pregos44.”

39 A.M.o. – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, pasta 1547, fl. 2v e 3.40 A.M.o. – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, pasta 1547, fl. 3.41 A.M.o. – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, pasta 1547, fl. 4.42 A.M.o. – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, pasta 1547, fl. 4.43 A.M.o. – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, pasta 1547, fl. 5.44 A.M.o. – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, pasta 1547, fl. 5.

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o guarda-pó (Figura n.º 2) será

“(…) de castanho sobreposto e bem pregado, e será o Ripado de castanho de palmo em palmo45.”

Quanto à obra de trolha:

“Sera toda esta Igreja guarnecida por dentro, por fora e caiada assim como as Torres, e baptistério, e tudo caiado –, cas abobedas q ficão nas Torres.

Será toda estocada levando sua simalha (…) a qual será de boa madeira de castanho46.Esta obra será feita com boa cal traçada da maneira seguinte = Húma medida de saibro, e

outra de area (…) tudo bem serandado, e huma da cal penerada tudo bem a Masſado (…)47.”

os telhados,

“(…) serão bemfeitos a Mouriscados, e a telha que faltar será da milhor: as telhas sobrepuêrao meio palmo humas as outras, e levará os caloens neceſarios asſi das torres e aonde forem percizos48.”

Quanto aos altares laterais,

“(…) tornarse hão a por na Maneira em que estão qdo algum delles se desmanche49.”

Nos documentos supracitados fica, ainda, definido que os arrematantes da obra de pedraria, carpintaria e trolha, poderiam, cada um em sua área, aproveitar para a execução na nova obra todos os materiais que existissem na igreja.

outro documento50 assinado por Pinto, “Antonio […]” e António José da Silva, refere que a obra de pedraria ficaria por 7:869$000, a de carpintaria por 2:250$000, e a de trolha por 550$000, num total de 10:669$665.

o mesmo “Antonio […]” que assina a Lutação, assina um documento onde diz:

“Recebi do Illº Snr. Dor corregedor desta comarca Joaquim Pintto […] e Vasconcellos o risco du Frontespicio da Igreja de Ovar, para mandar copiar escriver me da sua copia de governo para a Obra; e me obrigu a dar conta a este Juiz do original Risco dentro em quinze dias ou logo que pedido me seja para reunir aos Autos, e quando aſim não faça me sugeito a castigo que seu Ministro me der.

E por verdade fis paſar o prezente que aſigno nesta villa da Feira aos vinte oito de Mayo de Mil oitocentos e trinta e trez anos51.”

Não é referido qual dos dois riscos lhe é cedido, mas deveria se tratar do segundo, não datado, que através deste documento e da inscrição que encima o portal principal (Pavete ad Santuarium Meum: Ego Dominus/1834/Levit. c. XXVI.II), pode ser atribuído com segurança a um dos primeiros três anos da década de 1830.

45 A.M.o. – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, pasta 1547, fl. 5.46 A.M.o. – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, pasta 1547, fl. 5v.47 A.M.o. – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, pasta 1547, fl. 5v e 6.48 A.M.o. – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, pasta 1547, fl. 5v.49 A.M.o. – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, pasta 1547, fl. 6.50 A.M.o. – Lutação, pasta 1547.51 A.M.o. – Recebi do Illº Snr. Dor corregedor desta comarca, 28 de Maio de 1833, pasta 1547.

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Em suma, a igreja foi reedificada em todo o frontispício, paredes laterais e interiores (dos arcos), e nos telhados, usando-se bons materiais e recorrendo-se a um arquitecto com obra na cidade do Porto.

Em 29 de Agosto de 1864, este edifício é caracterizado como: Boa Igreja de naves (…) com reliquias sete dos sete altares (…)52.

2.Talha

o edifício que acabamos de conhecer, é composto por sete retábulos, dos quais, o mais antigo, será o retábulo lateral do Senhor da Agonia (Fig. 13), inserido numa estrutura pétrea53, a sua talha é, fundamentalmente, uma moldura da representação pictórica de Nossa Senhora e de São João Evangelista, que forma um harmonioso conjunto iconográfico, com a escultura do Senhor do Bonfim (Cristo crucificado, em tamanho quase natural, proveniente de Roma54).

Muito próximo cronologicamente deste retábulo, estarão os dois retábulos colaterais, com painéis representativos de cenas do antigo e novo testamento, onde se evidencia uma estética entre o maneirismo e o estilo nacional. Do lado do evangelho, o retábulo colateral referido nas Memórias Paroquiais com a invocação a Nossa Senhora do Pilar e Almas, substituída, na actualidade, pela devoção a Nossa Senhora de Fátima e, do lado da epístola, o retábulo dedicado a Nossa Senhora do Rosário.

Segue-se o retábulo da Capela dos Passos ou do Pretório, da autoria de José Teixeira Guimarães; o retábulo-mor rococó, do qual não temos, até ao momento, qualquer documento; o retábulo do Santíssimo Sacramento da capela com a mesma invocação, da autoria de Manuel António da Fonseca, e finalmente, um retábulo, dedicado a Nossa Senhora da Conceição, executado no século XX, que veio substituir a primitiva invocação de S. Bartolomeu, consequência da proclamação do Dogma da Imaculada Conceição, em 8 de Dezembro de 1854, através da encíclica Ineffabilis Deus, proclamada pelo papa Pio IX.

2.1.Osegundoretábulo-mor:DomingosLopeseJosédeAraújo

Em 4 de Julho de 1681, o mestre entalhador e imaginário Domingos Lopes55, assina o contrato referente à obra do retábulo-mor56, conserto do sacrário antigo57,

52 A.E.P. – Livro que hade servir na vizita encarregada ao Illº Rº Abadde de Stª Maria de Vallega, 1824, fl. 60.53 No fecho, do arco de volta perfeita, encontra-se o brasão da família Soares de Albergaria.54 LÍRIo, 1926: 31.55 Morava na Rua da Ponte Nova (Porto), referido na documentação como ensamblador, entalhador, escultor, imaginário,

mestre de arquitectura, mestre carpinteiro, mestre entalhador, e oficial de imaginário, trabalhou em várias igrejas das cidades de Aveiro, Porto, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia, Baião, Braga e ovar. (FERREIRA-ALVES, 2008: 186-187).

56 Deve ser de madejra seca sem nos nem podridão Alguma toda de castanho entalhada (…) sera asentado este Retabollo sobre hum garete Toda de castanho de grossura Ao menos de hum couto de madeyra Bem sequa para q. não trosa será m.to bem gateada com gatos de fero chumbados na parede todos os que forem nessesarios para firmeza e segurança do dito Retabollo (…). Domingos Lopes, (…) sera mais obrigado a fazer As suas custas padrestais de pedra pera asentar o dito Retabollo (…). Ver BRANDÃo, 1984: 523.

57 (…) Regarnesera o redor com homens targas Recortadas com perfeição para melhor o ceo do Sacrario. Ver BRANDÃo, 1984: 523.

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armário da sacristia58, e caixa de frontais59, onde se diz que “(…) o Retabollo velho da dita Capella mor dever assim como tudo o mais ser para elle dito mestre (…)60”, sendo, portanto, o retábulo a executar, o segundo da Igreja Matriz de ovar.

No dia 6 de Agosto de 1688, o pintor José de Araújo, assina a escritura de fiança e obrigação da pintura e douramento do referido retábulo, onde se definiram as zonas a dourar e as partes que deveriam ser pintadas de branco, e no qual se declarou que

“A capella mor tem de alto trinta e quatro palmos e de largo trinta e hu, e tem a obra tres corpos fora o frontespicio. E declaro mais q. em huas taboas q. ficao no Segundo corpo entre o nicho que esta lisas se farao huas alcaxofras de ouro, como tambem outras taboas q. fico no terceiro corpo entre as quartellas q. estao Lisas se fara o mesmo (…)61.”

Dão-nos, ainda, a saber que no

“(…) pr.º corpo se pintarao tres painéis nos quais se farao em dous São Pedro e São Paulo, e no meyo se farao huns Anjos cõ suas nuvens e hu pavilhão bottado no sima p.ª baxo, e no meyo o q. ocupar o Sacrario se fará hu ceo azul, e os caixilhos destes painéis serao os ornatos dourados como tambem hu bucel q. tem pla banda de dentro cõ seu fillete, e o mais de branco, esta pintura hade ser feita plos melhores mestres q. ouver na cid.e do Porto(…)62.”

o documento refere três registos, compostos por um nicho, certamente central, e três painéis com moldura, o central teria a representação de anjos, enquanto nos laterais figuraria S. Pedro e S. Paulo. A dita disposição de elementos estruturais, parece, pelas suas características formais, corresponder ao retábulo da Capela de S. Miguel (Figura n.º 14), da mesma freguesia.

Inserido numa capela construída entre 1711 e 172363, este retábulo é, claramente, resultado da acoplagem de vários elementos. Por um lado, um arco de volta perfeita de estilo nacional e duas meias molduras maneiristas. Por outro, uma composição formada por uns frisos com apontamentos maneiristas e outros com elementos vegetalistas a ladear um espaço, onde já existiu uma cara de anjo, inseridos numa estrutura que se harmoniza com os restantes elementos.

Ao analisar a documentação do primitivo retábulo, como já foi referido, encontrámos semelhanças entre o contrato de pintura, de 1688, e alguns elementos existentes no actual retábulo-mor da Capela de São Miguel, sobretudo, no que diz respeito à existência de um nicho e de três painéis64, correspondendo, provavelmente, às duas

58 (…) todo de castanho forrado por baixo e será de cores por dentro com suas vidraças nas portas e molduras por fora (…). Ver BRANDÃo, 1984: 523-524.

59 (…) de castanho limpo, fará taobem huma moldura bem feita em forma da grade com huma caravella em cada canto para paresser por sobre os frontais no Altar mor para que os pés dos Selebrantes não tratem mal os frontais (…). Ver BRANDÃo, 1984: 524.

60 BRANDÃo, 1984: 524.61 BRANDÃo, 1984: 655.62 BRANDÃo, 1984: 654.63 LAMY, 2001: 141.64 BRANDÃo, 1984: 654.

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meias molduras, existentes em São Miguel, e que em outros tempos, poderiam ter servido de enquadramento a duas pinturas, uma de São Pedro e outra de São Paulo.

As influências estilísticas, presentes no retábulo da Capela de São Miguel, coadunam-se, perfeitamente, com a época de transição entre o maneirismo e o estilo nacional, e alguns elementos chegam a tocar a obra de Domingos Lopes:

“friso com pedras ovaladas e diamantes, referido na obra do sepulcro da Sé do Porto, está presente no remate do retábulo dedicado a S. Miguel65;”

As consolas que ladeiam superiormente, as pinturas, do cadeiral do Convento de Corpus Christi, em Vila Nova de Gaia, parecem ter servido de modelo para as existentes na dita capela.

Todavia, estes elementos são característicos do gosto de uma época e, por isso, utilizados por muitos artistas desse tempo.

Aliando esta constatação à falta de documentação, não podemos tirar conclusões, mas devemos alertar para essa possibilidade, abrindo, assim, uma possibilidade de investigação mais profunda da obra ainda existente da autoria de Domingos Lopes.

Com já foi referido, como o terramoto de 1755, a capela-mor entrou em ruína66, levando à substituição do retábulo-mor.

Deste retábulo (Figura n.º 1), não conhecemos, até agora, quaisquer documentos, no entanto, formalmente, deve enquadrar-se no rococó bracarense, e nele se insere uma maquineta com Presépio oferecido em c.1860, por António Ferreira Meneres67, executado na Fábrica das Devesas, e atribuído a Teixeira Lopes (Pai).

2.2.MarcasdaobradeJoséTeixeiraGuimarãesnacapeladopretório

No dia 9 de Abril de 1735, o mestre entalhador José Teixeira Guimarães68, passa uma procuração ao pintor António José Pereira69 para que “possa cobrar todo o resto que se lhe deve da talha dos Passos da Vila de ovar70”, o que prova a existência do retábulo (Figura n.º 16) neste ano, e a edificação da Capela dos Passos poucos anos antes.

Em 23 de Dezembro de 1750, José Teixeira Guimarães, passa uma procuração a Manuel Tomás Baptista, da Vila de ovar, “(…) para que, em seu nome, como se presente fora em pessoa, possa rematar o acrescento da obra de entalha da capela do Senhor dos Passos, colocada na igreja matriz da dita Vila (…)71.”

65 BRANDÃo, 1984: 462.66 BASToS, 1984: 34.67 ofereceu, também, o órgão do coro-alto, datado de 1862. ([s_a], 1985: 10).68 Por esta data, morava na Rua do Bonjardim (Porto), é designado na documentação como “mestre entalhador”, e

a sua vasta obra é conhecida, em grande número, na cidade do Porto, e alguns exemplares na Diocese do Porto (talha da Capela do Senhor dos Passos em ovar, talha da capela-mor da Igreja Matriz de Cucujães no concelho de oliveira de Azeméis, bancos das naves da Igreja de São Salvador de Matosinhos, e o frontispício da capela-mor da Igreja Matriz de Mosteirô no concelho de Santa Maria da Feira). FERREIRA-ALVES, 2008: 163-164.

69 Residente na Rua de Santa Ana, no Porto (BRANDÃo, 1986: 306).70 BRANDÃo, 1986: 307.71 BRANDÃo, 1986: 578.

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Nesse mesmo dia, o dourador Pedro da Silva Lisboa72, passa, igualmente, uma procuração a Manuel Tomás Baptista, (…) para que, em seu nome, como se presente fora em pessoa, possa rematar o dourado do acrescento da obra da capela do Senhor dos Passos, colocada na igreja matriz da dita Vila (…)73.

Estes dois últimos documentos, dão-nos conta do acrescento da obra de talha, o que revela que o retábulo terá sido executado em 1735, enquanto a restante talha, e possivelmente, alguns “ajustes”/ modificações no retábulo são obra de 1750.

Com os, já referidos, danos causados pelo terramoto de 1755, na Igreja Matriz, o tecto desta capela deverá ter sido entalhado depois de 1758.

o portal de acesso à capela, é composto por um arco de volta perfeita em alvenaria trabalhada, e tem no fecho as letras S.P.Q.R.74, indicando o contexto social da época que se pretende retratar, enquanto as paredes laterais servem de suporte a quatro representações da Paixão de Cristo (do lado direito, o Lava pés e a Última Ceia; do lado esquerdo, a oração no horto e a Prisão) e o retábulo, é a base de sustentação para três esculturas de vulto perfeito (do lado direito Cristo atado à coluna, do lado esquerdo, Coroação de espinhos, e ao meio, Cristo carregando a Cruz).

Quanto à talha, apesar da harmonia que este conjunto faz transparecer, estamos perante três formas de desenho:

1) Retábulo existente em 1735, executado por José Teixeira Guimarães, com colunas salomónicas e elementos decorativos, que serão continuados pelo artista, em várias obras até à década de 176075;

2) A obra de ampliação, de 1750, que corresponderá a alguns pormenores do retábulo e ilhargas da capela, caracterizadas por uma decoração mais pormenorizada e fluida (Figuras n.os 16 e 17), igualmente da autoria de Teixeira Guimarães;

3) A obra de entalhamento do tecto e parede circundante ao arco de acesso, mais movimentada, diversificada e menos volumosa, que poderá não ter sido obra da mesma mão criadora (Figura n.º 18).

A capela foi "restaurada em 1903/ sendo/ juiz/ Pe. A. Dias Borges/ secretario/ Pe. correia Vermelho/ thesoureiro/ M. R. Valente Lopes/ deputados/ A. d’Oliveira Pinto/ J. Pacheco Plonia", como comprova a inscrição inserida no pé direito do portal.

2.3.RetábulodoSantíssimoSacramento

"A talha foi arrematada por Manuel Ferreira Maia, do Porto, por 224$000 reis. O portão, obra do serralheiro Joaquim Manuel de Freitas, da Feira, custou 96$000 reis76."

72 Residente na Rua de Santana (Porto). Ver BRANDÃo, 1986: 579.73 BRANDÃo, 1986: 580.74 S.P.Q.R. (Senatus Populus que Romanus – o Senado e o Povo Romano).75 Retábulo da Casa do Despacho da Venerável ordem Terceira de S. Francisco do Porto (1748/49); do retábulo-mor

da Igreja de S. Nicolau - Porto - (1754/62); dos retábulos de Santo Eloi e de Nossa Senhora da Conceição da Igreja de S. Nicolau (1762/63).

76 BASToS, 2001: 37.

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o risco do retábulo é da autoria de “Manoel Antonio da Fonsêca” que o "desenhôu na Feira77", correspondendo este desenho quase na totalidade ao resultado final, exceptuando, a sanefa e o altar. o primeiro caso, ganhou movimento, através de um corpo central mais avançado, que é decorativamente inspirado no desenho, embora mais elaborado, enquanto o segundo, teve uma pequena substituição: onde figuravam duas cabeças de anjos, duas espigas de trigo e uma parra, foi colocada a inscrição IHS.

Deve destacar-se a importância que este artista de Santa Maria da Feira teria, ao nível do desenho de retábulos neoclássicos, para lhe ter sido solicitado este risco pela Igreja Matriz de ovar. Poderá encontrar-se mais alguma produção sua nesta região, porque este não seria o único retábulo que riscou, o que se poderá verificar até pela qualidade do desenho (Figura n.º 11).

Conclusão

ovar, contou ao longo de séculos com a colaboração de alguns artistas regionais, sobretudo, no que respeita a pequenos trabalhos, mas no que concerne a projectos de arquitectura, obras de talha, pintura e douramento, preferiu os grandes nomes da época e em especial da cidade do Porto.

Como já verificámos anteriormente, José Teixeira Guimarães confiou uma pro-curação em 1735 a um pintor da cidade do Porto, António José Pereira; e outra em 1750 a Manuel Tomás Baptista de ovar. Que quererá isto dizer? Será que o pintor da cidade do Porto, tinham alguma ligação profissional à cidade de ovar em 1735? Teria efectivamente, Teixeira Guimarães executado e retábulo, em 1750, ou riscou a dita obra e delegou-a a outrem?

De qualquer modo, é evidente a importância da cidade de ovar, e em especial da Igreja Matriz, não só pelos artistas que chama, mas também pela grandiosidade da obra deixada, o que terá a ver com a característica da qual se faz referência em 1824: "Povo christão, e tão destincto e conhecido em todo o Reino q caracteriza a nobre villa de Ovar78".

Começando pela imagem do Senhor da Agonia, proveniente de Roma; passando pela obra de transição entre o maneirismo e o estilo nacional dos retábulos colaterais; e, posteriormente, pelo revestimento total da capela do pretório a talha dourada; e, ainda, pela monumental máquina rococó do retábulo-mor; e, finalmente, pelo retábulo neoclássico da capela do Santíssimo Sacramento, desenhado por um artista de Santa Maria da Feira, parece ser óbvia a passagem harmoniosa dos séculos e dos diversos gostos, num só edifício, onde os grandes nomes da criação artística se juntaram para nos dar uma extraordinária percepção da evolução humana, destacando-se o centro artístico do Porto.

Resta, à nossa geração e aos vindouros identificar, estudar, proteger, e dar a conhecer obras, artistas, encomendadores e beneméritos, para que compreendendo o passado se viva melhor o futuro.

77 A.M.o. – Risco do retábulo do Santíssimo Sacramento, assinado por Manoel Antonio da Fonseca, s/ data.78 A.E.P. – Livro que hade servir na vizita encarregada ao Illº Rº Abadde de Stª Maria de Vallega, 1824, fl. 34v.

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Figuran.º1 – Fotografia do interior da Igreja Matriz de ovar (vista da nave para a capela-mor), anterior a 1914Fonte: A.M.O.

Figuran.º2 – Fotografia do interior da Igreja Matriz de ovar (vista da capela-mor para o coro-alto), anterior a 1914Fonte: A.M.O.

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Figuran.º3Igreja Matriz de ovarFonte: cHAGAS, cOLER, 1903: 137.

Figuran.º4 – Elevação do Projecto para a Igreja Matriz da Villa de ovarFonte: A.M.O., 1804, Luís Inácio de Barros Lima, Porto, pasta 1547.

Figuran.º5 – Elevação da fachada para a nova Igreja Matriz de São Christovão d’ovarFonte: A.M.O., s/d, não assinado, pasta 1547.

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539A Igreja Matriz de ovar nos séculos XVII-XIX: obras e artistas

Figuran.º6 – Desenho das paredes laterais e interioresFonte: A.M.O., s/d, Luís Inácio de Barros Lima, pasta 1547.

Figuran.º7 – Desenhos de promenor das torresFonte: A.M.O., s/d, não assinado, pasta 1547.

Figuran.º8 – PlantaFonte: A.M.O., s/d, não assinado,

pasta 1547, verso.

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Figuran.º9 – Capela do Santíssimo SacramentoFiguran.º10 – Risco para as ilhargas da Capela do Santíssimo SacramentoFonte: A.M.O., s/d, pasta 1547.

Figuran.º11 – Risco do retábulo da Capela Santíssimo SacramentoFonte: A.M.O., s/d, Manuel António da Fonseca, Feira, pasta 1547.

Figuran.º12 – PlantaFonte: A.M.O., s/d, não assinado, pasta 1547.

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Figuran.º14Retábulo da Capela de São

Miguel, antes da última intervençãoFonte: A.M.O.

Figuran.º13Retábulo do Senhor do Bonfi m

Fonte: casa-Museu de Arte Sacra de Ovar, s/d.

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Figuran.º16 – Capela do Pretório

Figuran.º15 – oração de Cristo no Horto e Prisão

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Figuran.º17 – Última Ceia e Lava pés

Figuran.º18 – Tecto da Capela do Pretório

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544 Sofia Nunes Vechina

Fontesebibliografia

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A.M.o., Arquivo Municipal de ovar – Apontamentos para a Igreija da Villa de Ovar, pasta 1547.

A.M.o. – Apontamentos para a nova capella do Santifsimo Sacramento da Igreja da Villa de Ovar, s/ data, pasta 1547.

A.M.o. – Apontamentos para a nova capella do Santiſsimo Sacramento da Igreja da Villa de Ovar, pasta 1547.

A.M.o. – Desenho das paredes laterais e interiores, Luís Inácio de Barros Lima, s/ data, pasta 1547.

A.M.o. – Desenhos de pormenor das torres, n/ assinado, s/ data, pasta 1547.

A.M.o. – Elevação da Fachada Para a nova Igreja Matriz de São christovão d’Ovar, n/ assinado, s/ data, pasta 1547.

A.M.o. – Elevação da Fachada Para a nova Igreja Matriz de São christovão d’Ovar, n/ assinado, s/ data, pasta 1547.

A.M.o. – Elevação do Projecto para a Igreja Matriz da Villa de Ovar, Luís Inácio de Barros Lima, Porto, 1804, pasta 1547.

A.M.o. – Fotografia do interior da Igreja Matriz de Ovar (vista da capela-mor para o coro-alto), anterior a 1914.

A.M.o. – Lutação, pasta 1547.

A.M.o. – Planta, n/ assinado, s/ data, pasta 1547.

A.M.o., – Recebi do Illº Snr. Dor corregedor desta comarca, 28 de Maio de 1833, pasta 1547.

A.M.o. – Risco do retábulo da capela Santíssimo Sacramento, Manuel António da Fonseca, Feira, s/ data, pasta 1547.

A.M.o., – Risco para as ilhargas da capela do Santíssimo Sacramento, s/ data, pasta 1547.

A.M.o. – Fotografia do interior da Igreja Matriz de Ovar (vista da nave para a capela-mor), anterior a 1914.

CMAS, Casa-Museu de Arte Sacra da ordem Franciscana Secular de ovar, s/d – Fotografia do Retábulo do Senhor do Bonfim.

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Page 24: A Igreja Matriz de ovar nos séculos XVII-XIX: obras e artistas