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A Igreja No Novo Testamento

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  • GEll_HAIQ) KIIIEL

    EN

    ~~ST S1\ PA'\' f.0

  • NO TESTAMENTO

  • por LINOGRFICA EDITORA LTDA.

    r-:sc_rithrio e O fiei.nas: Rua. BreBBer, 1281-1299 - Fin~:: 733-1~32

    SXO PAULO

  • GERHARD KITTEL EDITOR

    A IGREJA

    NO NVO TESTAMENTO

    POR

    KARL LUDWIG SCHMIDT KARL HEINRICH RENGSTORF HERMANN WOLFGANG BEYER

    GUE:NTER BORNKAMM . OSCAR. CULLMANN

    Tnrcluo de

    HELMUT!! ALFRE.lJO SIMON

    ASTE SO PAVLO

  • PREFACIO DO TRADUTOR

    O Dicionrio Teolgico para o Nvo Testamento (Theologisches Woerterbuch zum Testament), por G. K~ttel, , se-gundo a opinio dos peritos o fruto sazonado de trs sculos estudos, sobretudo dos exegetas alemes. Csses estudos cujos resultados nw:iores passaram a fazer parte de:.. finitiva do patrimnio cientfico da exegese bblica - iniicia,.., dos com mtodo verdadeiramente cientfico durante o sculo XVlll, continuam a pleno vapor neste sculo XX, e com o TWNT alca.na..,,. ram urn clmax, o que no entanto no sigriifica que se possa des-C(tnsar sbre os louros

    E como o Dicionrio Kittel era inacessvel para a mai.or:t . dos estudiosos de portugusa., a de Seminrios Teo-lgicos Evanglicos ( AST E) resolveu. pr ao alcance ele todos os interessados a. portugusa dos verbtes mais importantes pelo seu teolgico. que a traduo inglsa de todo o Dicionrio, ora em curso, o acessi'el a um crculo nmito mais vasto entre ns. Contudo, a prpria natureza um. Dicionrio como o de Kittel - que segue a ordem alfabtica do

    diferentes &o redi.. tdas as tendncias torna.-v'

    essencialmente analtica. 'Prfas, para que os nossos BU>lia tira.ssem o proveito possfoel, a ASTE achou

    por colecfonar em volumes separados os neotesta-mentrios que se referem Ji um nico objeto genrico. Assim o ttulo d~ presente volume - que pretende ser o primeiro de uma: .'!rie -, "A igreja no Nvo Testamento", abrange os seguintes ver btes de Kittel: lgreja, Rei e Reino, Apstolo (e correlatos), Bispo, Presbtero, Seru'ir (e correlatos), Pedro e Pedra; so todos conuitos centrais do NT que descrevem a natitreza histrica e meta-hst6rica da Igreja de Cristo.

    A nossa traduo quis ser ao mesmo tempo literal e Uterria;,; contudo, devemos confessar que dificilmente a,tngimos belo

    A pesada e rida do original alemo f reqi/.ent~

  • 'mente tve de refletir-se na tradw;-0, sob pena de d~sfgumr o pen-same71.llELHUTH ALFREDO

  • Ttulo do original alemo: 'I'HEOLOGISCHES WRTERBUCH ZUM NEUEN TESTAMENT

    Verlag von W. K(;lhlhammer -:- Stu ttgart 1933/1959

  • iNDICE DAS ABREVIATURAS

    AAB = Abhandlungen der Koeniglichen Preussischen Akademfe der Wissenschaften zu Berltn (philosophiscli-historlsche Klasse) (1804ss)

    APF Archiv fuer Papyrusforschung .l\T Antigo Testamento B = Cdice Vaticano BCH = Bulletin de Correspondance Beilnique (1877ss) BFTh = Beitraege zur Forschung christlicher Theologie (1897ss) BGU ::::: Ae1J1Jptisohe Urkunden aus den Koeniglichen Museen zu.

    (W95ss) Bibl. Zeitfr. = BibZische Zeitfragen BW/U'IT Beitraege zur Wissenscha,ft

    {1908ss; 1926ss) CIG = Corpus Inscriptionum Graecarum (1828.Ss) CIL Corpus 11wcrptionum Latinarum (1862ss) D = Cdice de Beza Dissert. Dissertationes (obra principal de DLZ ::e:: Deutsche Literaturzeitung (188Dss). EJ = Encyclopaeda Judaica U928ss) Ep. Epistula (e) ERE Encyclopaedia of Relgion and Ethics; ed. J. Hastings (1908sS} FRL =Forschungen zur Religion und Lteratur des Azten un,d Neuen Tes-

    taments (1903ss) G = Cdice G, JBL = Journal of Biblical Literaiure CN'ew Haven, 1881ss) JQR = Jewish Quarterly Review (Londres - Filadlfia, 1905ss} IG :::: Inscrfptiones Graecae (Berlim, 1873ss) IPE = Inscrptiones Orae Septentr.onalis Ponti Euxini (1885). Lex. ThK = Lexfkon fuer Theologe un Kirche 0907ss; 1930ss) m = manata (uma. das partes do Pastor de Hermas) MGWJ :::::: Monatsschrf.ft fusr Gesch'khte nnd Wissenschaft es .Judentums MO = Migne, pars graeca MI ::::: pars latina

  • .lllff Noc/1 rlrhten von der Koeniglchen Gesellschaft der r rl11r f/111 .:u Goettingen (1894ss)

    Wissen-

    ~ lh11'111 Kl Alt = Neue Jahrbuecher es Klassischen .. Altertums (1898ss> ltP ora tio ( nes) l'tt 1.or1'

  • ASSOCIAO DE SEMINARIOS TEOLGICOS EVANGLICOS CONSELHO DELIBERATIVO

    Jlio Andrade Ferreira Pnsdente

    Joaquim Beato, Thurmon Bryant, Roberto Grant, Wilson Guedelha, V. James Mannoia, David Mein, Harding Meyer, A. Ben Oliver, Otto Gustavo Otto, Paulo Pierson, Arnaldo Schmidt, Henrique Todt Jr.

    A vend.a

    Aharon Sapsezian Secretrio Geral

    EDIES DA A.S.T.E.

    VOCABULRIO BBLICO, de J. J . vou Allmen O PROTESTANTISMO BRASILEIRO, de E. Lonard O CATOLICISMO RO.MANO - um simpsio protestante o PENSAMENTO DA REFORMA, de H. Strohl PEDRO - DISCPULO, APSTOLO E MARTIR, de O. Cullmann A INTEGRIDADE DA PREGAAO, de J . Knox A PSICOLOGIA DA RELIGIO, de P. Johnson A PESSOA DE CRISTO, de G. C. Berkouwer DEUS ESTAVA EM CRISTO, de D. M. Baillie A PREPARAAO DE SERMES, de A. W. Blackwood O NVO TESTAY.i.ENTO, de B. P . Bittencourt F BBLICA E TICA SOCIAL, de E. C. Gardner A F CRIST, de G. Auln

    J."fl-lo prelo

    O ENSINO DE JESUS, de T. W. Manson TEOLOGIA DO NVO TESTAMENTO, de A. Richardson A NATUREZA MISSIONARIA DA IGREJA, de J. Blauw A DOUTRINA BBLICA DO HOMEM EM SOCIEDADE, de G. E. Wrlght

    Em preparao

    EPSTOLA AOS ROMANOS, de F. J. Leenhardt A RELEVANCIA DOS PROFETAS, de R. B. Y. Scott DOCUMENTOS DA IGREJA CRISTA, de H. Bettenson JEREMIAS, de C. A. Sklnner HISTRIA DA IGREJA CRISTA, de W. Walker ATLAS BfBLICO, de H. H. Rowley HERDEIROS DA REFORMA, de J. de senarclens

  • NDICE GERAL'

    IGREJA ........ .... . . ......... . . . . .. . : . ..... : .. .. . : . :.::~-ir Karl Ludwig Schmidt

    REI E REINO ........... . .. . .... . . ...... . . : .. . ... ..... . 65 Karl Ludu.:ig Schmidt

    APSTLO, FALSO APSTO:LO, APOSTOI:i.ADO-E- EN}l;:J;,t\~.:~:cl:iJ: Karl Heinrich Rengstorf -. . .. e.-

    .--- .~

    BISPO ...... . .. . ....... . ..... . . . ..... . .. . ....... .. .. . ' 1s9 Hermann Wolfgang Beyer

    PRESBfTERO .. . .. . .. . .. ....... ... . ... . ... . ....... . ... . . .... 215 G7.lenter Bornkamm

    SERVIR, SERVIO E DIACONO Hermann Wolfgang Beyer

    PEDRO ... . ....... . . . .. . . . .. .. . .. _ ... ...... , ._ . . . ...... . Oscar Cullmann -- -

    PEDRA ... . ... . ..... . . .. .... .. .... .. ... . ..... ~ ... . Oscar Cullmann

    269

  • IGREJA

    por LUDWIG SCHMIDT .

  • NDICE IGREJA

    Preliminares 15 Nvo Testamento 17 1 . Atos dos Apstolos, 18 2. Cartas paulinas I, 20 3. Cartas paulinas II: Colossenses e Efsios, 25 4. Outros livros do NT, 30

    O uso grego do trmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 r.::;:,.,ue,:,; paralelas de Ekklesia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

    Mateus e 18.17 38 1. Mtodo, 38 2. Relao das duas passagens entre si, 39 3. Crtica textual e literria, 40 4. Critica 41 5. O equivalente e aramaico, 46

    Velho Testamento e judasmo 50 1. Judasmo helenstico, 50 2. Texto hebraico, 52

    apostlicos e catolicismo antigo . ,. . ..... . . . . . . . . 56 Conseqncias e concluses Bibliografia

    59 62

  • A. PRELIMINARES

    dicionrios . comuns do dois significados trmo ekklesia: 1. "Ajuntamento popular". 2. "Igreja". O primeiro significaqo t~ "profano" e o segundo "bblico'', "eclesistico" .. (As$im Passow, Pape, Benseler), Liddell-Scott retm easa diviSo, :mas 11t1bdivide a segunda parte, refertndo-se Septuaginta: . "Af!seD\;. hli.'.ia devidamente convocada, menos gera} que' syU9gos"; 2. {) Na Septuaginta: "congregao. judaica"; (h) NifNTi '"Igz:ej;t, como corpo. dos cristos". . > , . . .. , ,.

    Os dicionrios do NT seguem a. mesma di~~~q, subd!'\lidit1fo~ mais uma vez o significado do trmo no NT: l. I~reJa, eo:QJ.o ' munidade universal. 2. Congl'.es:!t.9. como co,rnu!Yd~~.elocal 1mrticular, bem como comunidad.e domstfoa.

    _- ' 1

    Surge ento a questo: qual dos dois ltimos significados primrio, isto , em que sentido no se trata de tuna simples jus-! aposio, mas de subordinao? Wilke-Grimm, que define o sen-:riu1 chrstianu.s do trmo como "coetus ChristianorU?n ", reunio dos ri1:1tos, d esta seqncia: ". . . qui alicubi 1egionum, urb.ium~: 11icorum efosmodi coetum conatituunt atque n unam societ.atem coniuncti sunt" - "Universus Christi.anorum eetils per totarn f1Tram d1pe1su..s" (os que em alguma regio, cidade ou aldeia c011s4 tituem um tal grupo e esto unidos numa s comunidade . ......,.. . todo o ~rupo cristos que esto es:palhados por tda terra). o catlico romano F. Zorell (Le~ion Graecum Novi Teatame:nt.i;, 2~ tcl., 1931) d a seguinte ordem: '4 coetus religiosis . . . -..univeriJtl1il '"'rnm qui ad societafem_religwsam a Chrnto irt.,stitutam pertmm{

    - ecclesia aliqua partcula.ris, i.e., alic:ujus regionis, civitatis; CkrF fi li.deles t."UO episcopo subditi, fere ioecess" (grpo religioso,,. n totalidade daqueles que pertencem . sociedade. refdosa fundada . por Cristo - alguma igreja partieular, isto , os crfatos de a~~ guma regio ou cidade sujeitos a. seu b:i~po, quase equivalente a diocese). Preuschen~Bauer, ao contrrio, ordena ..assim: .. ''Comu~ 11idade (Gemeinde) de cristos que vivem num mesmo]ugr ~ ', cm sentido universal a na. qual se renem todos os ch~m!fdos~r : r, Regundo esta diviso, de uma igreja *'local'' e "u~ivetS{t.l''

  • r ti Karl Ludvig Schm.idt

    Os textos que se referem "Igreja" ou "Comunidade" so uvcrsamente distribudos. Com efeito, h passagens em que se i>odc duvidar se se fala de "Igreja" ou de "Comunidade" no sen-tido usual dos trmos.

    As distines apresentadas so influenciadas mais pelas dife-n~ntes confisses ou orientaes dos autores, do que por razes le-xicogrficas ou bblico-teolgicas. O anglicano fala da Igreja em primeira linha como a nica Igreja, o "body of Christia.ns"; o ca-t.lico-rornano toma seu ponto de partida da "ecclesia 'U:nfrersalis" ,. Jogo aponta para Mt 16.18 1 para ento insistir na subordinao d;1~; conmnidades particulares a um bispo. O protestante "positivo" f:tla em primeiro lugar da "comunidade total", o protestante "l-11(ral" da "comunidade particular".

    Nas tradues e nos comentrios se notam as mesmas diver-l~ncias. Mas, como sempre, tambm aqui o dicionrio de Cre-rner-Koegel constitui uma honrosa exceo, pois cava mais fundo, 1: tanto do pon~o de vista bblico-teolgico como lexicogrfico chega a resultados mais satisfatrios: aqui ekklesia no NT a "comuni-dade dos redimidos" (Heilsgemende), em ntima conexo com a comunidade de todo o povo de Israel" do VT, tambm designado como ekklesia; algumas vzes ekklesia aplicada no NT "comu-11idade total" (Gesanitgemeinde), outras vzes a mesma "comuni-dade de redimidos" apresentada em suas "limitaes locais" (lo--!ccile Begrenzung), expresso que parece muito bem escolhida. Ex-pressamente se chama a ateno para o fato de que "essa distino de comunidade particular e total no pode sempre ser aplicada com todo o rigor". A isto tambm se refere a anotao de Zorell : "Cum prirno tempore '.l et 2 (se., ecclesia universals et particularis) coirnC'i-rlerent, cui ittrum1;is licebit reerre Act 2.47; 5.1'1 al." (como no incio 1 e 2, (isto , a igreja universal e a igreja particular) coin-

    podem-se referir a qualquer uma At 2.47; 5.11, etc.). Parece pouco desejvel traduzir o trmo ekklesia de diferentes

    modos; isto pelo simples fato de que no NT sempre se usa o mesmo trmo grego, enquanto que ns ora falamos de igreja, ora de co-munidade ou congregao. E como, alm disto, a mesma palavra usada no grego profano de um lado, e no grego do VT e do NT de outro lado, dever-se-ia tentar traduzi-lo por um nico trmo, e ver se se pode, ou se deve, dizer em todo o NT sempre "igreja" ou sempre "comunidade". Esta tentativa nos levaria s questes mais fundamentais da concepo de Igreja no NT e da relao entre

    . 1 Em certo sentido constitui exceo o artigo "Krche", de L, Koesters, em Lex. Th, IC V, 968ss, onde escreve: "No NT usado pelos helenistas em Jerurnlm, no sentido de "comunidade crist local" e, depois, no sentido de "comunidade crist total",

  • Igreja. 17

    Igreja e Comunidade. qual delas se refere Mt 16.18_? , A cgmu:_ nidade primitiva de Jerusalm "igreja'' ou "congregao"f~Qual a relao entre essa comunidade primitiva e ~as outras ;Om'1nitiade$ do vasto Imprio Romano? O que significa ekklesia.'no.ristb.Jiism judaico (Pedro ! ) e no cristianisnto geutgicQ.. (Paulo! f :e ~9 ~ ~toU~' cismo a -Igreja antig~?- _ ---:. -~-~ - _ -~~~~:___"';; - ~~- :~ ~ ___ q~ . \ _ _:: __ _.;~ ', ::__

    Tambm se deveria-tentar a possibilidade de _ trad11zir -com um s vocbulo - seja "igreja". seja "comunidade" .- - iEtrmo:e1kle8ic,t atravs de tda a Bblia. Isto nos levaria mais longe air1da para o problema da relao entre VT e NT. E :como atrs do trmo da Septuaginta - ekkles-ia - existe -um:a -xpres$o hebraica 2; tambm se deve dar uma r esposta para a questo: que trmo est atrs da ckklesiu do NT no original aramaico -. - lngua usada por J1?Sus e pe1a comunidade primitiva de Jerusalm? Esta. uma questo que, por sua vez, logo leva a conseqncias importante~. --- ,

    Finalmente, dever-se-ia ver se no seria _ possvel, e necessrio, empregar um nico trmo - .. "igreja"ou -~'.'coiimnidden,;,,- para. tra,. - de s~ti u~o)tanto profa~ no como bblico. Esta tentativa_ nos levaria . =_qustf d' aritode-signao da comunidade neotestamentria: ~:como Joi possiv~t q\ie no se recorreu a um trmo claramente'"cul~al, _ ma.s s emprego um _ trmo inteiramente profano?, . _,--___ __ --- --_ __ -- , _ -..... -.--, _ ~ : . ---_ ., --___ .-__ -_--- ___ , ,, .

    . E visto que os dicionrios mstram:que-tanfu iio -greg profa--110 como no bblico ekklesia ora se refere ao ato de se reunir, ora ao fato de estar reunido um grupo de homens, talvez se devesse empregar na traduo um trmo que ao mesmo tempo tivesse sen-tido abstrato e concreto; tal seria o trmo "ajuntamento (Ve1-sammlung) .

    ...

    B. NVO TESTAMENTO ,_

    :. : .,,. __ ,.., :: :.-.:;-_-.. :, . .. ,,

    Considerando o uso do 0 trmo ekklesia .no NT' 'conatata,.:.se que le no aparece em Me, Lc," Jo; 2Tm, Tt( lFe, :2Pey1Jo; 2Jo~\ Jdo3.

    . , , .. .- ~ ., ~ --- ~~ - -: ~~'"' : ' r

  • '18 J(arl Liulivig Schmidt

    Que falte em lJo e 2Jo no tem maior importncia, j. que aparece em 3Jo. Tal tambm o caso de 2Tm- e Tt, pois 1Tm contm o tr-

    . mo. Tem pouco significado estatstico o fato de que uma car'-...a to pequerta como Judas nao registre o trmo . . Menos expliCvel a

    .. ausncia do trmo em lPe e .2Pe~ Mas .como precisamente em lPe se d nfase particular comunidade do VT e se descreve a natu-reza dessa comunidade corn idas vtero-testamentrias, deve-se per-guntar se a idia no est implcita, embora fa.1te a palavra. A rn.esma pergunta surge a propsito dos dois sinticos, Marcos e Lucas, e tambm do quarto evangelho. .

    1. A.tos dos Apstolos. Visto que o triplo uso de ekklesia em Mt 16.18 e 18.17 objeto de acirrada discusso e realmente suscita questes difceis, recomendvel comear pelo to freqente e va-riado uso de ekklesia nos Atos dos Apstolos .

    T as primeiras passagens (2.47; 5.11; 7.38; 8.1; 8.3; 9.31) so de grande alcance: Em primeiro lugar se fala da ekklesia, em Jerusalm (que em 8.1 designada como tal). Em 7.38 se fala - sem que seja citado literalmente o VT- da "ekklesia do povo de Israel" que Moiss levou pelo deserto, o que corresponde a Dt 9.10, onde a Septuaginta usa ekklesia e o texto massorticd tem qakaL Em 9.31 por sua vez no s . a comunidade. de Jerusalm mas tambm as de tda a Galilia, Judia e Samaria so chamadas elcklesia. !.

    Por conseguinte, se de um lado se fala de uma comunidade pal'l:icular como ekklesia, o mesmo trmo tambm aplicado a di-versas comunidades particulares, de modo que devemos falar antes em .. igreja" do que em "comunidade". Em 9.31 os melhores ma-nuscritos hesitam entre o singular e o plural 5," de modo que eklclesia sinnimo de ekklosiai. Maior certeza temos a respeito do plural em 15.41 ('passava atravs d.a: Sria e Cilcia fortalecendo as igre-jas"), onde somente os manuscritos B, D e alguns minsculos tm o singular. Inteiramente certo o plural em 16.5 ( .. dasigrejas esta'-vam firmes na f"). Nos outros passos o singular mais freqente, quer se mencione a comunidade de Jerusalm (11.22), quer seja ela subentendida como e"m 12.l (D e poucos minsculos acrescentam: na Judia); 12.5; 15.4,22; quer s fale expressamente da comunidade de Antioquia da Siria (13.1), quer seja ela subentendida (11.26;

    ~ Em 9.31 . prp~velmente no ~e trata d~ dete rminaco pr~dicati~a (como en-tendeu Lutero), mas atributiva, embora o artigo no seja repetido (coisa possvel na Koin, embora 1 Co 1.2 e 2 Co 1.1. usem o artigo num grego "melllor").

    r. Bruder prefere o plural e anota o singular no aparato crtico, enquanto que Ne.-;tle preft:.re o singular, sem infelizmente mencionar a importante variante do plurul.

  • Igreja 19

    14.27; 15.3) ; - quer se aluda comunidade de Cesaria _ martima {18.22), ou de feso (20.17,28). A e>..}Jresso lwt'ekklesian (14.23) significa "de comunidade em comunidade" e talvez pressuponha. o _uso plural do trmo (assim em Lutero: "nas comunidades"; assim tambm em tradutores mais recentes: "em cada_ comunidade"). Uma passagem especialmente rica e cheia de sentido 20.28: _ "pas- -_torear a Igreja -de Del!s (do-senhor) que le adqu~tjtt__p~!Q"seuprprio sangue"~ - Nestle cita H.qui como paralelos ":;etero::.testamnt~ --rios Sl 73.2 .(Septuaginta), onde no se fala de ekklesia mas de syna,gog: "lembra-te de tua congregao que possuste_ desde_ o .. princpio".

    Os textos citados de Atos dos Apstolos mostram j o que tem de peculiar o conceito de igreja e de comunidade no NT. preciso notar que as comunidades dos diferentes lugares so simplesmente chamadas ekklesi.a sem questes de subordinao ou coordenao. Do fato de que tambm se fala de uma eklclesL na Judia, na Ga-lilia e na Samaria fica _evidente que a questo da localizao no elemento essencial do trmo. . preciso notar ain,qa que o singular e o plural so usados indiferentemente, de modo que no se pode afirmar que _ a ekklesia, se compe de ekklesiai, nem que a ekklesia surge da adio das ekklesiai. Antes, isto significa que nos lugares mencionados se encontra a ekklesia, fato ste que .no deve -ser es-

    -qqecido quando se nomeiam, lado a lado, diferentes ekklesi-ai.- Sem.: pre se deveria traduzir por "cmunidade" e "comunidades", ou -"igreja" e "igrejas". O vocbulo "comunidade" deve ser preferido a "igreja". O fato de que no se pode prescindir do trmo "igreja" provm unicamente de que em nossa linguagem comum se distingue a "comunidade":__ no sentido de comunidade particular -- - de "igre-ja" - no sentido de comunidade universal.

    O ponto importante que em Atos dos Apstolos a comuni-dade judeu-crist de Jerusalm e a comunidade gentio-crist de An-

    .. toquia so -- de:Signadas da mesm.-'l. forma. Nunca encontramos um atributo que .fsse -aplicado a-ekklesia no -sentido de epitheton ornan-s. O-nico atributo .;_:; se o queremos chamar assim -~. - o genitivo tou -theou,, de Deus; e sse ,genitivo vtero-testamentrio. Embora o mais -das vzes le falte, ._ deve sempre ser subentendido, pois do contrrio o trmo elcklesia no teria nenhum sentido. -A comuni- -dade, e respectivamente a igreja, de Deus sempre entendida como distinta e em contraste co;n as outras formas de comunidade. -:mste ponto fica claro j no :primeiro passo de Atos em que se fala de ekklesia (texto mais provvel) quando antes se falara de 1,aos, povo, ou kos1nos, mundo (assim D). _

    Em trs passos de Atos (19.32,39,40); dentro: de ~ um-_ s con-texto, se fala de uma ekkles-ia do povo ou do mundo, isto , de uma

  • :!O Km'l Luwg Schni:it

    ;i;;;~ernble1a pop1tllar pag. Nesses passos ekklesia uma expr1es~1o se:nt1.cto pleno da palavra. O esfro necessrio e cons-

    ciente de - tanto quanto possvel - a mesma palavra no mesmo autor com a mesma expresso, no exeqvel aqui, pois a palavra "igreja" no convm. O trmo "comunidade" (Oemein-rfr) melhor seja geralmente no sen-tido 'ue "comunkU Je ; a no ser que atributo "po-

    se tenha em precisamente uma comunidade poltica e no eclesitica. A traduo que mais se "assem-

    , "reunio" s. Pelo mesma ex-presso apareceria a diferena entre mundana e "eclesistica". se entenderi tambm melhor porque o gular e o plural so usados lado a lado: quem fala em assemblias e reunies pensa no sentido de "reunir-se". O ponto essen-cial no haja reunio, mas que algum ou alguma coisa se rena. O "de Deus" - expresso ou subentendido - apon. ta aqule que rene, que faz com que os homens se renam. E quando se diz da igreja que le a adquiriu (20.28), evidente

    Deus quetp rene os seus. igreja pertencem todos que so Expressamente se diz "tda" em 5.11 e 15.22, traduz a de reunio. de IVfas. isto no nada de sublinhando o que -j existe no conceito de igreja

    Esta, em a outras "igrejas'' (mundanas), no um conceito mas qualitativo. O significado de uma assemblia est em razo direta com o nmero dos que dela participam. A assemblia do povo de Deus, ao contrrio, in-depende dste Ela existe Deus rene os seus. Seu nmero depende daquele que chama e e somente ento dos que se deixam chamar e reunir. esto reunidos ou trs em meu nome, a estou no meio dles" (Mt 18.20).

    2. pa:alina:s I. Nas cal'tas de Paulo encontramos o mesmo uso de Atos dos Apstolos. Tambm ai

    jmde1ll-c:r11st1an.is1no1" e "gentio-cristianismo" no se separam pelos seus modos de entender a ekklesi.a. Pelo uso do plural - sobre-tudo em passagens como 2Co 11.8 ("outras igrejas") e 12.13 ("as de-mais igrejas") - se deduzir que as "igrejas" simplesmente existem lado a lado. Mas o ponto decisivo que essas "comuni-dades" existem dentro de uma nica "comunidade". Esta idia de

    6 No queremos pretender que se tire e nossa linguagem o trmo (Kirche) ou "comunidade" (Gem.einde). A riqueza de sentido dsses trmos deve perecer. Mas de desejar que se tome conscincia do sentido exato da expresso eklclesa, pois precisamente aqui que a clareza lingstica tem significado b!blico-teolglco.

  • Igreja 21

    reunio e unidade, se encontra nas frases: a igreja tda (Rm 16.23; ICo 14.23) e tdas as igrejas (Rm 16.4,16; lCo 7.17; 14.33; 2Co 8.18; 11.28) ; uma vez tambm se diz: a igreja inteira (lCo 4.17), sendo que a expresso: "em tda parte na igreja inteira'', aqui empregada, corresponde exatamente s palavras: em tdas as igre.; jas 7.

    Em outras passagens a transio do singular para~ocpluFal1e vice-versa, inteiramente fluida: em 1Co 14.35 isto aparece na duplicidade da tradio textual; em todo o caso pouco antes (14.33s) se usa o plural. Em Gl 1.13 como em 1Co 15.9 e Fl 3.6 Paulo narra que perseguiu a igreja, e pouco depois (Gl l.22) le a designa como igrejas da Judia. Da mesma forma se devem considerar o singular e o plural de lCo 10.32 e 11.16, pois a se poderia simples-mente trocar os nmeros sem mudanca de sentido.

    Freqentemente se menciona o lugar: Cencria (Rm 16.1), Corinto (lCo 1.2; 2Co 1.1), Laodicia (Cl 4.16), Tessalnica (os tessalonicenses: lTs 1.1; 2Ts 1.1.); ou ento a regio: sia (lCo 16.19), Galcia (lCo 16.1; Gl 1.2), Macednia (2Co 8.1); Judia (Gl 1.22; lTs,2.14). . .

    Muitas v'zes falta o artigo, de modo que entre "a igreja" e "igreja" no parece haver nenhuma distino: lCo 14.4 (logo em seguida, 14.5,12, novamente o artigo) ; 14.19,28,35; 1 Tm 3.5,15. evidente que ekklesia se aproxima a de um nome prprio, onde comumente falta o artigo. Tambm no plural pode faltar o artigo como em 2Co 8.23 onde logo antes (vers. 19) e logo depois (vers. 24) est o artigo 8. .

    Mesmo uma comunidade to pequena como a comunidade do-mstica pode ser chamada igreja; em Rm 16.5 e lCo 16.19 tal so-ciedade domstica posta lado a lado com comunidades maiores; cm Cl 4.15 significativo que, em meio a profundas discusses sbre a natureza e o sentido da igreja, o mesmo trmo seja aplicado a uma comunidade domstica. O mesmo uso ocorre em Fm 2.

    O passo de lCo 1.2 (" igreja que est em Corinto"), bem como 2Co 1.1, :rico de conseqncias para a tese de que a Igreja no re~ sulta da adio de comunidades particulares, mas que cada comu.:. nidade, por menor que seja, representa a comunidade total, a Igreja. ste passo no deveria ser traduzido: "a comunidade corntia", ao lado da qual existiria a comunidade romana, e outras, mas: "a co-munidade (igreja, assemblia) com existe em Corido". Quando

    7 Como sempre, Paulo gosta de tais hiprboles, as quais, no entanto, tm valor objetivo.

    !! Blass-Debrunner, 6. edio, 254, chama a ateno para a ausncia artigo em nomes pessoais como deus, senhor, mortos, povos. Com "igreja" o caso semelhan-

  • 22 Karl Ludwig Schmidt

    numa tal assemblia algum desprezado (lCo 6.4), se nela se fazem reunies (lCo 11.18; cf. 14.23 e At 14.27), se nela a mulher se deve calar (lCo 14.34), se ela no deve ser sobrecarregada (lTm 5.16), no se pensa numa comunidade estabelecida num lugar, mas na comunidade em geraL

    Quando em Paulo a igreja recebe atributos ou p_redicados, isto s sucede com o genitivo "de Deus", no importando que o nome esteja no singular ou no plural (singular: lCo 1.2; 10.82; 12.22; 15.9; Gl 1.13; l'fm 3.5,15; plural: 1Co 11.16; 1Ts 2.14; 2Ts 1.4). O fato de os dois nmeros do trmo ekklesi,a, levarem ste atributo, mais importante do que se poderia admitir primeira vista. Ns que costumamos distinguir entre Igreja como comunidade total, e Comunidade no sentido de comunidade particular, achamos natural que se fale'' da Igreja de Deus e das comunidades de Deus. Tal distino no possvel em Paulo, o que mais uma vez indica que nle no devemos procurar a tardia distino entre "Igreja" propriamente e Comunidade. E quando, de outro lado, freqente-mente falta o atributo "de Deus" deve-se ter presente a mesma coisa; assim como "reino" no NT sempre significa "reino de Deus" - a no ser que expressamente se mencione um reino terreno -assim tambm com a igreja. Nest.e ponto denotar que em muitos manuscritos se acrescentou - inteirament.e dentro do sentido - o atributo "de Deus" a algumas passagens como lCo 14.4; Fl 3.6 (G, vg. e outros).

    Quem age dentro da igreja, e juntamente coro ela, sempre Deus; cf. 1Co 12.28 ("Deus ps na Igreja primeiramente apsto-los .. ").

    Como Deus age "em Cristo", aqui e ali Cristo expressamente nomeado. Dste ponto de vista a passagem mais rica, e que de certo modo esgota o sentido 1Ts 2.14: "das igrejas de Deus que e:::!U.o na Judia em Cristo Jesus". Em Gl 1.22 s aparece "em Cris-to", sem "de Deus"; em Rm 16.16 s "de Cristo", genitivo que en-tretanto significa a mesma coisa que "em Cristo" 9, Em todo o caso no se deve traduzir "de Cristo" pelo descolorido adjetivo "crist". Paulo no fala de uma igreja ou comunidade crist, mas de uma assemblia de Deus em Cristo.

    Raras vzes vem o atributo "dos santos" com o nome no plural (lCo 14.33), o que no deve causar espcie porque em 1Co 1.2 Paulo identifica ":igreja" e "santificados em Cristo Jesus" 10.

    9 A. Deissmann: Paulus, 2. edio, (1925), pgs. 126s, corretamente chama a ateno para a correspondncia entre frmulas com "em", e o genitivo, propondo a denominao "genitivus communionis" ou "m:ystiC".J.S", -0 que em ~odo o caso suprfiuo.

    rn Cf. sbre isto R. Asting: Die Hei!igkeit im Urchrist.ientum, em: FilL 19 (H)30) 134.147.204.269,

  • . Igreja !28

    Antes de nos voltarmos para as passagens de Colossenses e Ef sios - ricas e replets de significados profundos e ist mesmo no atribudas a Paulo - lancemos um olhar retros-pectivo o uso que Paulo faz do trmo ekklesia em relao com o uso em Atos dos Apstolos. vista da oposio e da polmica entre e a comunida:de primitiva de Jerusalm, notvel, do

    vista. puramente e1:1tatstico-1exicogr:fico, a concordncia ''""""'"''" ao uso do trmo. tal como dec-0rre de uma anlise .de todos

    O fato de Paulo usar mais freqentemente o atributo , comparado com o nico uso de At traz os dois

    perto airl'da um do outro. Com efeito 20.28, sendo uma citao de SI (Septuaginta), alude assemblia de Deus no VT, cujo sublinhado precisamente por Paulo. Paulo freqentemente menciona a igreja em conexo com Jesus Cristo, o que, do ponto vista das palavras, no o caso de Atos 11. Mas isto no significa diferena quanto ao contedo, mas somente quan-to forma da expresso. Na realidade, do ponto de vista do conte-

    Paulo elabora o dado que tem em comum com a comunidade pri~ e a isto corresponde tambm seu comportamento prtico. A

    da $'igreja de em Cristo Jesus" - isto , do cumpri-mento do VT na Nova Aliana-- consiste em que determinado n-mero de discpulos escolhidos de Jesus teve a experincia da res"'

    de Jesus Cristo dentre os mortos e assim recebeu creden.:.. peculiares.

    Deus, da Nova Aliana - que se tornou rea-lidade pela vez na ressurreio de Cristo -- :rece-

    sua comisso e sua funo no do entusiasmo de "pneumticos'' e carismticos, mas de um nmero bem certo de aparies do Res-suscitado Isto no s resulta de Atos - aberto a discusses em muitos pontos~ mas antes de tudo do relato de Paulo em lCo ... u.,..,.,,.,

    o Apstolo dos gentios pe todo o pso de sua argumentao em provar que a a:pa:rio de Cristo no caminho de est na mesma linha que as aparies aos apstolos Paulo era um "pneumtico" e> um carismtico e como tal tinha vises, aparies, arrebatamentos e xtases (cf. 2Co 12.lss). Porm, no deduziu dai o seu apostolado como servio em favor da igreja de-

    11 De passagem, seja anotado que o uso to despretensioso de .ekklesia em Atos :fala em favor da antiguidade dsse escrito. A possibilidade de que um autor posterior transcrito fontes muito antigas sem modi:fic~las, no parece calhar aqui, pois um redator posterior teria introduzido expresses mais plenas a respeito de ekkLesla .

    12 Entre os autores recentes K. Holl, seguindo a A. Schlatter, .acentuou ste fato :fortemente em seu tratado sbre o conceito de Igreja em Paulo (cf. bibliografia),

  • 24 Karl L1ulwig Sch11dt

    Deus, mas unicamente da viso de Damasco que le tinha em co-mum com os apstolos primitivos.

    Dste ponto de vista Paulo e a comunidade primitiva de Je-rusalm tiveram a mesma concepo de Igreja 13. Isto explica por que Paulo reconheceu na comunidade primitiva de. Jerusalm cre-

    denc~is e prerrogativas peculiares, que se estendiam~tambm a seu1 enviados. Tendo isto em vista dificilmente se pode superestimar sua coleta em favor dos "pobres" de Jerusalm, que-no se deati nava tanto aos pobres de Jerusalm como aos pobr~ de JerusaUm. Paulo reconheceu a um dever seu. Esta sua preocupo no se explica apelando para a caridade, embora esta tambm esteja pre sente; muito menos se trata de diplomacia ou de ttica de Paulo. Tratase, antes, de um senso de dever e de respeito para com os ho mens de Jerusalm que foram os primeiros constitudos em Igreja de Deus em Cristo. Que no se trata de um respeito puramente pessoal de Paulo ressalta do fato de que Paulo no deixa de falar irnicamente das "colunas" em Jerusalm e de reprovar em Pedro a hipocrisia do seu comportamento dplice para com os cristos da gentilidade ( Gl 2) . No obstante, Pedro, por mais 1nefgulhado que esteja :nesse pecado, permanece para Paulo como algum que foi ele vado acima da massa dos fiis. No se trata de homens particula res, mas da comunidade dos homens que constituem _a. assemblia de Deus em Cristo. Esta assemblia no se torna objeto de uma vontade ou uma especulao arbitrrias, mas encarada como uma coisa estabelecida por Deus, de que os homens no podem nem de vem dispor. Apreciaes psicolgicas no se adaptama um homem que foi entusiasta e "pneumtico" em grau mais elevado do que todos aqules que, partindo de consideraes entusisticas e "pneu mticas", lhe censuravam o fato de no se ter libertado suficien temente da concepo de igreja da comunidade primitiva 14

    Em tdas as suas afirmaes sbre a Igreja, Paulo ps diante de si um padro, ou antes: um padro lhe tinha sido. colocado ante os olhos, -o qual no podia ser esquecido ou omitido. Ora, eram precisamente os cristos de Jerusalm que se empenhavam em dei truir ste padro, dando importncia, quer autoridade das Pll soas (apstolos primitivos!), que:r ao lugar santo (Jerusalm 1), Assim les estavam em perigo de carem vtimas da tendncia teo crtica, contra a qual se tinham levantado todos os profetas desde os grandes do VT at Joo Batista, e o prprio Jesus; stes nunca

    13 O rro capital de K. Holl parece-me consistir no desconhecimento d61tl tato,

    H neste sentido que H. Wcinel faz restries a Paulo em RGG III 1130 ..

  • Igreja 25

    se cansavam de apontar para o fato de que o chamado de Deus constitui o fundamento do povo de Deus.

    Nesta mesma linha se acha Paulo, que tem concepo mais cla-ra do que os apstolos primitivos a respeito da igreja de Deus em sua preparao e cumprimento, e que no pensa, nem deixa pensar,

    em erigir uma concepo de igreja diferente da de Jerusalm. No le um intruso, mas foram os apstolos primitivos - que por pxincpio no podem ser considerados intrusos - que permitiram que intrornisses secundrias se tivessem tornado questes de pri-mria importncia. Para Paulo, . como para os apstolos primiti-

    -vos - isto , os verdadeiros discpulos de Jesus que se guardavam de tda influncia estranha - a essncia mesma da Igreja de Deus consistia em que ela se funda e se apia unicamente no seu Messias Jesus, e em que seu Senhor somente Cristo, e no homens com pretenses teocrticas, mesmo que sses homens tenham recebido a Revelao em grau especial. O fato de Paulo algumas vzes apre-sentar a(s) igreja(s) (de Deus) como assemblias em Cristo Jesus ou de Cristo, pode ser considerado como certa ponta de polmica contra algumas atitudes dos discpulos primitivos; tambm as pa-lavras: "a pedra porm era Cristo", podem conter elementos de tal polmica 15.

    Uma doutrina- completa sbre a ekklesL no existe nem em ,paulo nem em Atos dos Apstolos. O que se descreve a simples-

    -_ mente a assemblia de homens como sendo a assemblia de Deus em Cristo. Quem compreende que Deus, e como Deus, em Cristo age nos homens, t ambm compreende implicitamente a natureza e o sentido da Igreja de Deus, sem que expllcitamente se orne a elclcle-sia de atributos ou predicados. Uma exceo parece haver em 1Tm 3.15 onde a igreja descrita como casa de Deus, de onde surge a idia da edificao da Igreja (1Co 14.4s, 12). Mas o trmo "casa" descolorido quando comparado com "igreja". De resto, o que real-mente d o sentido da passagem a - expresso "de Deus".

    3. Cartas paulinas II: Colossen:f e EfsiOs 16. Nas cartas aos Colossenses e Efsios encontramos consideraes e explicaes sbre a Igreja, e nessas cartas qe pela primeira vez aparece uma doutrina. especial sbre Igreja.

    ' 15 Cf. a anotao de H. Lietzmann, em Geschichttich.e Aufsaetze II 63 de K. Holl: "Ser que a .expresso "a pedra porm era Cristo" (1 Co 10.4) no tem uma ponta de polmica? Para le (Paulo) , em todo o caso, claro que Cristo a pedra". Cf. tambm 1 Co 3.11; sses dois textos devem ser tomados em considerao quando se quer explicar Mt 16.18.

    16 Sbre o que se segue ver N. Glubokowsky, W . F . Howard, K . L. Schmidt: Christus und d~!? Krche (Ef 5. 25-32) (Relatrios da Conferncia de telogos orientais e ocidentais em Berna 1930), ThBl 9 (1930) 327ss.

  • ~fi Karl Ludwig Schmidt

    Em Cl 1.24 a Igreja o corpo de Cristo; em 1.18 Cristo a cabea dste corpo. O mesmo se afirma em Ef 1.22 e 5.23. Tpico que em 3.21 e 5.32 Cristo e a Igreja so. colocados lado a lado, como que na mesma ordem; por outro lado, em outras passagens se fala de subordinao (5.24: a Igreja est sujeita a Cristo; 5.25: Cristo amou a Igreja; 5.29: Cristo alimenta e cuida da Igreja) ; cm 5.27 -a Igreja chamada santa e sem mancha. (A caracteri-zao da Igreja como santa no aparece ainda em Paulo, sendo ao contrrio muito freqente em escritos posteriores). Tal descrio, alis, pleonstica. Outro exemplo temos em 3.10: "para que seja conhecida ... pela Igreja a multiforme sabedoria de Deus". di-fcil saber o que tais expresse.s significam exatamente em Efsios. A 1inguagem figurada parece ser empregada sem nenhuma lgica. Cristo a prpria Igreja e esta o corpo de Cristo; e ainda: Cristo est acima da Igreja como sua cabea. Tdas essas frmulas so intimamente relacionadas entre si. Aqui Cristologia Eclesiologia, e vice-versa. Tdo isto obscuro para ns; no porque no possa-mos compreender as afirmaes em si mesmas claras; mas porque se trata de coisas obscuras na prpria mente do Apstolo, pois so afirmaes concernentes a um mistrio (3As). No que seja urna fuga para o :reino do mstico. Antes, o que para os homens "mis-trio", para Deus "revelao". Tudo o que se refere a Cristo e Igreja pensamento de Deus, obra de Deus, sustentada por Deus. O clmax de tudo atingido no hino final (5.25-32). O cdigo de conduta familiar somente significa que as relaes entre homem e mulher devem ser baseadas na relao entre Cristo e a Igreja; por outro lado, esta relao explicada pela que existe entre homem e mulher.

    As imagens aqui usadas provm da linguagem mtica daquele tempo. H. Schlier 17 demonstrou que "as expresses da carta aos Efsios sbre Cristo e a Igreja mostram uma viso unitria do mundo, e seu autor fala a linguagem de determinados crculos gnsticos. O Salvador que sobe aos cus, vence em seu caminho os podres celestes ( 4.Sss) e rompe o muro de diviso que separa o mundo do Reino de Deus (2.14ss); volta para junto de si mesmo como o anthropos supremo ( 4.13ss), que leva uma vida indepen-dente nos reinos celestes. Contudo, le a cabea do corpo; sendo assim le eleva os seus membros, cria o "homem nvo" (2.15) e edi-fica seu corpo para ser o edifcio celeste de sua igreja {2.19ss;

    17 Cf. bibliografia. Nas liturglas mandias (cf, M. Lidzbarski, Mnndaeische Liturgien, 1920) :fala-se de uma "construo celeste" que o lugar da grande Luz e do anthropos, homem, do aner te!eios, varo perfeito; alm disto sse anthropos substitudo pelo seu sma, corpo.

  • 4. , na qual se revela a obra de Deus ama e purifica e salva a sua o marido, unidos um ao outro em v""""'"Loei .., ...... ,., que - como no restante do NT - a linguagem cristolgica '. polmica e f,lui>; :; assim fica asssegurada a dign!dade nica de Je-sus Cristor"O qmiJ, apeear::do.s,;:: p1e
  • 28 Ka,rl Ludwig Schrnidt

    designa por sophia, sabedoria. a partir desta imagem de conbio que se devem entender as expresses de 5.25-32 que culminam na sentena: Cristo alimenta e cuida da Igreja. Tem-se a impresso de que, nunia representao to complexa, e ao mesmo tempo gran-diosa se encontrem divagaes em que a f em Deus e em sua di.:.. vina 'assemblia interpretada dentro de uma moldura especula-tiva. Por rnais que tal impresso se imponha, preciso repeli-la resolutameJJ.te. A maneira como se fala da Igreja mostra que no se trata de especulaes sem base nem de afirmaes esotricas. 'rambm en1 Ef sios a sabedoria e o conhecimento de Deus no so teorticos, )'Ilas prticos, isto , consistem no conhecimento do "co-raco" (1.18), conhecimento que se realiza na obedincia a Deus.

    > p '9 isto , na e ~ . Uma vez estabelecida a origem do mundo representativo de

    Ef sios. ai da no se respondeu s questes: qual a finalidade e a razo dessas 'representaes? A isto se pode dar uma dupla res-posta : 1. os conceitos e as representaes gnsticas, tais como se en-contram enl Efsios, so muito adequados para exprimir a ntima re1aco entre Cristo e sua Igreja e assim esto a servio de uma eclesiologia cristolgica. 2. O background gnstico serve, em meio a uma situ&o difcil (ataque de heresias, oposio entre cristianis-mo judaico e tnico), para garantir uma cristologia de cunho ele-vado como era necessrio naquel situao. No obstante todos sses aspectos novos, Efsios , quanto ao contedo, inteiramente pau1ina, sendo por isto indiferente que essa carta tenha sido es-crita por 'f'au1o ou por um de seus discpulos. Justamente quando se entendem as dificuldades exteriores e interiores a que estava sujeito um apstolo primitivo quando queria tornar claro o que e o que significa propriamente a assemblia de Deus em Cristo -quando se tem isto em mente - no se poder ter aquela certeza, comum entre os crticos, de que o apstolo mesmo no podia ter es-crito as epstolas aos Colossenses e aos Efsios. certo que j o prprio Paulo teve de lutar contra certas concepes niveladoras judeu-cristtis e judasticas, bem como contra certos exageros gentio-cristos e at mesmo gnsticos. Sendo assim, le devia falar ao mesmo temP de modo forte e elevado, como se constata em I

  • Igreja ~9

    corria o perigo deturpar o sentido que a Igrj_a :e deve ser. Contra certa fome de privilgios, judaica, que ameaava t

    . mesmo os primitivos, de colocar pessoas huin.a;na.s; e Um lugar terreno no centro mesmo da igreja; era necesspioatifmar]Jlf a igreja "do alto". Contra estraXl.has:.especu( - ' ~

    exemplo, a respeito do conbio celeste em.1,{ri """F''~ masculino e a sophia o princpio feminino

    a Igreja a nica qUeocupa lugar - tal como nos conhecido de suas

    - no s no ignora tis ; mas rnl'O'Uui..:i.u" nelas. No oue se refere ao,elemenfo ... fe'"' ........ ,.,"'" basta. lembrar ll.2 :onde Paulo se re,,

    apresentar os aGiisto "como vir:-gem pura a um s espso". Quando em 12Ass.e 1Co12.12ss os cristos so apresentados como corpo nas relaese:ntr~ sie ~o em relao a Cristo, no se tratade. uma .contrS:dio. quanto .. ao contedo somente na iI1ter.,relao de:amo:r a.:l.Jeus " amor ao ! - mas simplesmente de.uma~qu~to:'d~.:or:nla; ~ De a dificuldade de atribuir aPalo as ~f~i-b,#'(}'.~~e~ll,'!i9-

    Colossenses e . se refere Q11WY.PQ,.mas : outro lado, .fcil cornp:rn~'.l.li:l!i:tque:Pal.tlQL

    ocasio de uma polmica, 1,1pr~e,ntadQc.uzri;d9:~;in,a..sl} ... tal como se em Colossenses e Ef sios, perma~ dificuldade em admitir que Paulo pessoa1me:rite . tenha

    com tanta todo sse mundo de conceitos gn6s-Hco-mitolgicos 20.

    :Jl,fas, como fr, nma coisa clara: a Igreja. como corpo de Cristo no mera sociedade de homens: Partindo de pressu~ postos sociolgicos possvel compreender .o,.'.qll~,.~i~nific e quer a "assemblia DellS em Cristoy.:,.qponto deci-,,ivo com Cristo. .. Falanao-com. c~rpf doEfde e:xa-gro, que um nico homem J>OclE!:tP- ~onstit1J~.a"Jirjfa quan-do tem a comunho com Cristo. Sinelite a pa.rtir.d~s~st~~Jliunn.ct> com Cristo comea a existir a comunho dos hq~el!~;~'ijn~r~ ai'Como

    ' ,_ - ~~;::::::: .,-- ,:___-';-. -->''""': :-r

  • irmos 21, tdas. as tentativas sociolgicas de solver a que."l-to da.Jgreja1 deve-se notar que em Paulo, nas epstolas dutero-paulinas e. tambm no quarto evangelho, a Eclesiologia no outl_'a

    '"""~u .. Cristologia, e vice-versa. '.Paulo sublinha fortemente cristos -.- isto ., na como corpo de Cristo -rte:i~aIJ1tir~e1a1rn tdas as {Cl 3.11 = Gl 3.28).

    ltimo se diz: "Mas pertenceis vJ;.i1:11w.;~;;.l)V_-

  • Igreja 91

    dirigido a todos os cristos. Hb 2.12 diz: meio congregao te cantarei hinos,'; uma citao verbal de SI 21.23 (Septuaginta) = Sl 22.23. 12.23 se fala da dos primognitos inscri-tos nos cus". ste o nico passo em que se emprega igreja com vistas Jerusalm celeste. Permanece duvidoso se aqui temos ouso tcnico do trrso ekklesia, tal como usado no restante do NTfno

    co:ntE~xt;o se fala de "reunio , de modo. que se .. pode pensr -numa assemblia festiva que se realiza no cu, como 9e reali.-zam assemblias festivas na terra 22.

    C. O USO GREGO DO T!:RMO

    No prprio (At 19.32,39s) vemos que ekklesia. um trmo tirado do grego profano e que significa "assemblia popular". O sentido bblico, tanto vtero como neotestamentrio, aparece smen'." te quando .se lhe junta tou theou., de Deus, enquanto que o sentido neotestamentrio, propriamente dito, se manifesta pelo acrscimo ulterior Cristo Jesus"; que ste acrscimo seja ex-

    ou implcito. ~ O que significa o fato de o judasmo helenstico e o cristianismo

    grego primitivo terem adotado esta expresso? Acaso trata-se de uma :&:presso cultual dentro do grego profano?

    A partir Plato e Xenofont.e, como tambm nas inscries, ekklesia a assemblia do demos, povo, em Atenas e na maioria das gregas. A etimologia do trmo ao mesmo tempo simples e significativa: os cidados so os ekkletoi, ,.,unr,...,.,,,_ dos, pelo "para fora" suas casas para uma .,..,,ffniin Partindo ponto se algo para o s12:nt:u10

    em Cristo "para

    Permanece duvidoso se qualquer associao ou assem~ blia cultual se tenha ekklesia e se podemos .falar de ie:x-

    22 H. Windisch: Habraeer, ad ?ocum,, evita com razo a palavra ... comunidade" e traduz: "multido festiva reunida''.

    23 W. Koester (d. bibliografia) 1, aponta para uma ortogl."at!a (eklesfa < Mlaos"), mas que no :registrada pelos dicionrios ser considerada bolada,

    24 Ct De!:ssnuin:n, Licht vom Osten (pg, 90).

  • 32 Karl Ludwig Schmit

    dentro do grego Esta pergunta tem se respondida poder-se~ia com-

    preender que uma comunidade se tenha chamado ekklesia partindo do uso cultual do Pense-se, antes de mais nada, na situao em Corinto, tal como a descreve em 1Co 1.

    mesmo abstraindo do fato de que para falar de um uso cultual de ekklesia insuficiente, que Paulo teria afas-

    uso de tal abuso, pois o seu era o da de Deus, como do NT. alguns

    gentio-cristos, que pouco VT, tenham entendido sua comunidade

    ""'""'""''" gregas. possvel, e at mesmo da organizao das comunidades que

    nham segundo as sociedades ento 26 Mas o

    ekklesia no uso grego do trmo realmente influiu na

    desta linha que o les que vieram oreendendo a caminho. Neste

    formal do

    a linha que vai da ao 1'7. Foi recebeu seu valor Depois que

    do mesmo, com-entre a ekklesia do e NT, estava aberto

    a ekklesia do dernos somente um par-paralelo que tem o de uma

    mesma forma como o Kafaco

    25 Isto afirmado poi Joh. Korintherl:nfof a W. (1890); J_.iebenam, Gesc-hichte und des roeniischen ..

    E. Zebarth, Das ariechische (1896) - onde no se exemplo, e F. Poland: Geschichte des griechischen Viereinswesen 332. dicionrios recentes no trnem exemplos

  • Igreja 38

    um paralelo (polmico), e no o modlo, do kyrios Christos. O fato de que ekklesia possua - pelo menos no tempo do grego clssico -. : .. >. uma colorao religiosa, como uma das principais instituies da.)~~~ polis de origem divina, no altera em nada as nossas concluses.,,:0.iilf~ carter religioso da ekklesa grga aparece, por. exemplo, !1as;9:1:.~"':ii:0 ces que costumavam ser feitas. pelo arauto; antes :ais teunie~ pelos oradores, antes dos respectivos --arscursos;2s~-O~fato de ::mais ... -tarde - alis j na igreja antiga -. sse_simples.paraleloc&eter transformado em dependncia e imitao prteie) 'Um t1t!'() ca-ptulo, isto , ao captulo da histria eclesistica tanto romana co-mo bizantina. _.:.

    Historicamente o trmo grego ekklesia 'foi o'nieo que 's inl;. ps na comunidade crist como terminus tecknieus, para esign;;.fa; Os latinos no sentiriam a necessidade, nem mesmo a possi~i1Jdade, de traduzir o trmo par o latim. Tertuliano -.-. que influenciou to fortemente a linguagem eclesistica - designa uma vez igreja, em seu Apologeticu.m (39 aE), por "curia"; trata-s~ de .um tra.". duo exata de ekklesia, mas que no se torno tcnica ~w: O mes-. mo se deu com a "civitas dei", Cidade de Deus/de Santo Agosti;;. nho so. Aqui e ali aparecem ainda outras tradues :latinas, como "contfo" e "comitia" 31. A traduo literal teria sido "convocatio". Os romanos foram seguidos neste ponto pelos diferentes. povos ro~ mnicos. Menos significativo o fato de que o grego moderno te'"' nha conservado eklclesfo. I:;:; se quase certo que a palavra alem "Kirche" e as outras formas germnicas correspondentes - como o ingls "Church" - vm do adjetivo "kyria.k", e certamente no

    . ,.

    {: a assemblia dos cidados de pleno direito .de uma. polis, que se ren'em para cumprir atos pblicos. De maneira anlcga a ekklesia crist que se 'rene para determinados atos de culto poderia ser chamada como asi>emblia ds 'cidados plenos da cidade celeste... Do carter pblico-jurdico do culto. dlvino .. dos cristos '"parece que a Igreja est muito mais prxima das instituies polfcaa, como reino e polis, do que das associaes e frater:riddes livres".. .

    2.~ C!. G. Busolt-H. Swoboda: Griechische Staatsktrnde (1920) :1,.pg1k 518s; H, pgs. 996. Exemplos de orao na ekk!esia -ateniense, em :At'iSitanes,~ Ei;znites, pgs. 763ss; Demstenes, Orationes 18 1; Plutarco, De Pericie 8 (I 156c), Praecepta Gerendae Reipub!cae 8 OI 803s}.

    2\J Cf. A. von Harnaek: Die Mission und Ausb1'1eitung des Ch.ristentums in der. ersien drei Ja.hr/mnderten I (1924), pgs. 420, nota 1.

    :w Segundo Kattenbusch, I, 144, nota 1, esta e "a primeira tentativa de,traduzir segundo o sentido". Mas contra isto Kleinknecht diz: "Em Agostinho '"Civit.s }Jei" traduz o conceito poltico de politeia. sob a influncia de Plato, em tda a sua complexidade; mas certamente no traduo de ekkteria".

    31 Cf. Deissmann, Licht t'om Osten, pg. 90.

  • 34 Karl Ludwig Schmidt

    de por uma spcie de etimologia popular, sempre se insist,e na entre ekklesia e "Kirche", etc.

    tudo isto? Por que se conservou to tenazmente o tr-Pode~se pensar que nos meios no-cristos se tinha

    imPresf)O que em latim palavra que correspondesse a ekklesia ::12.

    essas analogias, por mais atraen-;>l;

  • igreja 115

    vez a empregar para a Igreja o trmo sos 35. Outros exemplos de tal no rios so Por isto preciso precaver-se dos .exageros que consideram tianismo uma sociedade cultua! 36

    Vemos assim que th:i(l,808 e ekklf;Ef.,a, paralela, mas independente, Tambm A'l

  • 36 Ka .. rl 'Ludwig Schrrddt

    falavam e escreviam g':rego? 38 Parci{

  • Esta reforada gostavam de

    ou aramaicos nomes gregos e 43,

    EXPRESSES

    como ao e, ga, no de presso para """''"'f',U"'" qeutemente que, sa por le significada

    42 Cre,ner-Koegel, sub voce, pg, 566; e ainda G. em: BFTh II, 24 (1930), pg. 44.

    43 O exemplo mais conhecido Saulo-Faulo; outros ex1am:p1os: Silas (de she'ild, forma sramaiea de sha'ul, Saul) -Silvanus; n()s Moses-Moritz, !saak-Isidor (lgnaz).

    o Cf. Th. Spoerri: Der Gemeindegedanke im erllten Peffll.J1l:J'i~f 2711!';.

  • 98 Karl L'Udwig Schniit

    sultaram de determinada situao, para depois desaparecerem (os discpulos; os pobres). O fato de que a expresso "discpulos" foi aplicada primeiramente aos seguidores imediatos de Jesus e depois se alargou para de nvo se estreitar e no mais ser aplicada aos cristos, resulta da relao especial em que os primeiros seguidores de Jesus e seus ouvintes imediatos estavam com seu Mestre. Assim sse titulo no se desenvolveu at chegar a significar igreja 45.

    Uma evoluo especial se deu com a expresso "sinagoga", que aqui s ser tratada em relao com "igreja". Superficialmente se costuma afirmar: ekklesia a Igreja crist, synagog a Sinagoga judaica. Mas esta dicotomia to clara s se imps nos sculos pos-teriores e dura at hoje. Parece que Tg 2.2, comparado com 5.14, mostra que synagog pode designar a comunidade crist 4 (;. Mais certo e mais clarn o fato de que os judeu-cristos da Transjord-nia chamaram synagog a sua comunidade eclesistica e tambm f!eus edifcios religiosos 47. Contudo, afora sses casos particulares, os judeu-cristos no se designavam por synagog, mas por ekklesia. De outro lado se conhece uma S'ynagog dos marcionitas 48 pro-vvel que os judeu-cristos tenham designado suas assemblias e lugares de reunio por sinagogas", depois que sua separao da Igreja se tornou patente. Nos primeiros tempos, porm, todos, tan-to judeu-cristos como gentio-cristos, empregaram as expresses synagog e ekklesia. preciso lembrar ainda que a segunda ex-presso tambm usada para antigas associaes religiosas 40 Ape-sar dessas analogias vemos que a origem vtero-testamentra da linguagem crist aparece mais claramente ainda em synagog que em ekklesia. Alm disto, a coexistncia dos dois trmos impor-tante para se responder seguinte questo sbre a expresso ara-maica que os primeiros cristos, e antes dles Jesus de Nazar, empregaram: at que ponto o trmo semtico influenciou no sen~ tido do grego ekklesia?

    E. MATEUS 16.18 E 18.17 1. As passagens de Mt 16.18 e 18.17 esto sobrecarregadas de

    muitas dificuldades. Com efeito, sses dois ditos de Jesus no ca-415 Admitida por A. von Harnack, op. ct., pgs. 416ss, 46 Cf. Zahn: l\1atthaeus (1922), pgs. 546. 47 Epifnio: Haereses, 30, 18, 2: "stes (os cristos transjordanos) tm

    presbteros e chefes de sinagoga; chamam a sua igreja "sinagoga" e no "igreja". 48 "Sinagoga dos marcionitas": cf. Le Bas-Waddington: Inscripticm Grecqes

    et Latines, III (1870), n.0 2558. 49 Cf. W. Koester (vide bibliografia) l, nota 12.

  • Igreja 39

    bem fcilmente dentro do conceito de ekk'lesio, coniido nos textos at aqui considerados. J a partir dste ponto abrem~se as port.8 de par em par a uma, critica muito severa. exegeta que n.oinicia o seu trabalho partindo do veredicto da no.genuinidade dessa1;q>a-lavras encontrar grandes dificuldades na suafoterpretao. Tda exegese do texto e permanece dif ciKQ@t [email protected]~_r:_ o tw( o 'i:r;rego que possumos, quer se restitua o originl aramaico da linguagem de Jesus. Muito complexa , alm disto,'tCillfhincia que exercem questes marginais quando so admitidas a clarificar a questo .cen~ tral. Conforme a exegese que se faz do texto grego surge um trmo semtico diferente para "igreja"; e, vice,,versa, conforme se pres-supe um texto original semtico, seguir-se"' u111a exegese diversa. A questo da genuinidade depende da explicao que se d do texto atual; e, mais uma vez, vice-versa, a questo da genuinidade, ou no, modificar a interpretao. Uma coisa clara : segundo a po-sio que se tomar concernente s questes de genuinidade ou no-genuinidade, as interpretaes ser mais 'o menos apodtieas.

    Tudo isto tem influncia por sua vez.sbfa o conceito.de igre-ja que se deduz de Iv!ateus. Como se v, a lexicografia do vocbulo. ekklesi.a nas passagens citadas assaltada por tda espcie de ques-tes de crtica histrica e bom nunca esquecer .a interferncia que da resulta. Trmo, conceito, significado de igreja so coisas imen-samente complexas, ou falando matemticamente, compostas de gran-dezas imaginrias e reais. Mas, trata-se de algo complexo, isto , complicado e difcil, mas no confuso, e por isso no se deve deses-perar de poder resolver, como poderia parecer em vista das inter-pretaes mais desencontradas que encontramos no decorrer do tem-po.

    2. Uma dificuldade particular consiste em que os dqis textos Mt 16.18 e 18.17 parecem no se referir.um ao outro .. Pressu-

    pondo-se a no-genuinidade de ambos; o.texto de 16;18 pode ser entendido em trmos de igreja unive:rsaLe 18;17 de igreja.como comunidade particular. No resta dvida de que a costumeira, mas falsa, diviso em "Igreja" e "Comunidad'' reflui sbr a inter ... pretao das duas passagens e sbre a questo da genuinida,.e. :Mas, quando se pressupe a genuinidade a explicao fica particularmen-' te difcil: em 16.18 se fala do qahal, o povo de Deus do YT, e em 18.17 da sinagoga. Como explicar ento que nas duas vzias. se diz ekklesa? Neste caso seria preciso refletir seria.mente .sbr a :re-lao entre qahal e sinagoga. Mas, acaso certo que m16.1S se :fala: de qaka:tt r:;

  • Karl Lu:wig Sch'tndt

    3. Do objees manuscrito menos 16.18.

    de da crtica no se pode levantar 18.17, e muito menos contra 16.18, No temos ou traduo falte 16.17-19, ou pelo que concerne aos da Igreja, hoje em dia

    ponto como as passagens incriminadas Mrtir, em nada depe contra

    que os esforos depende a tendncia e

    de afastar o loeu,.s primado 51 -- da crtica Muitos se impressionam com o fa-

    16.18 se em meio a uma falta em e Lucas. Disto se podem tirar duas (a) Mt

    foi interpolado posteriormente no texto Mateus;, (b) o prprio Mateus, ou sua fonte, interpolou essas palavras "no-genunas" num texto pr-exstente em Marcos e Lucas e que prprio Jesus, ou pelo menos mais que a "interpola.-

    A primeira hiptese por demais para poder ser Justamente num importante

    u~'"'"'"i,.,.; com efeito, em outros casos um te'to no como interpolado s porque apresenta uma o peculiar 52. no tem a

    Mas tambm a segunda hip6tese, mais c01rne

  • Igreja 41

    ou psicolgicas, no modifica a necessidade de explicarmos um lo-gion errtico, como tal 53,

    4. A crtica literria to incerta que o crtico. se prudente, dirige sua ateno tambm para a crtica histrica~ De. fato, em ltima anlise tdas as objees contra os textos "eclesiolgicos" de Mateus se reduzem a questes histricas.

    O primeiro ponto pacfico que Mt 16.17-19 possui colorido inteiramente semtico e que, portanto, no se pode entend~lo fora da comunidade primitiva da Palestina 54, Mas com isto ainda no se demonstrou que Mt 16.18 uma palavra genuna de Jesus. As difi-culdades histricas que ainda permanecem -05 so de duas ordens: (1) Jesus e a Igreja; (2) A posio de Pedro no cristianismo primitivo. Essas duas questes contm cada uma duas outras subalternas: (a) O ponto de vista estatstico: nos evangelhos aparece somente duas vzes o trmo ekklesia; (b) O ponto de vista escatolgico: pode Jesus - o pregador do reino de Deus - ter pensado em fundar uma igreja? (e) A histria eclesistica: Pedro realmente ocupou a posio autoritativa que lhe atribuda por Mt 16.18'! {d) A p;:;icologia: o homem Pedro de fato se . mostrou como sendo uma .;, rocl1a"?

    (a) A estatstica tem aqui pouca fra como em !Pedro, onde o trmo decisivo eklclesfo est ausente, mas aquilo que ekklesia e significa descrito extensamente com expresses vtero-testamen-trias. Ora, tais sinnimos 56 tambm existem na tradico dos evan-gelhos. ,

    . Em lVIt 26.31 e Jo 10.16 se fala de "rebanho", que em 1Co 9.7 claramente identificado com igreja. Vejam-~e alm disto: "re-banho" (Lc 12.32; At 20.28; lPe 5.2s) ; "o aprisco das ovelhas" (Jo 10.11); "meus cordeiros" (Jo 21.15); "as minhas ovelhas" (Jo 21.l6s). Por conseguinte, no falta nem mesmo () possessivo, correspondente ao possessivo em Mt 16.18. Assim como o "bom pastor", o mesmo que o "Senhor", tambm seu rebanho, idn-tico sua igreja.

    r.:' Cf. K. L. Schmidt, Der Rahmen der Geschichte Jeb'U (1919), 'pgs. 21'l'si;. No assim Bulimann, Gesch. der synopt. Tradition, pg. 277, a propsito de Me 8.27-30: contra isto ver K. L. Schmidt, Die Kirche, pg. 282, nota 1.

    M Cf. Strack-Billerbeck, ad loC".im: Bultmann, op. cit., pg. 277; Joach. Jeremias (cf. nota 50).

    ,.;; Bem expostas por Linton, op. cit., pgs; 175ss. :;

  • Igreja 48

    derar a assim chamada instituio da Ceia como um ato da fun-dao da Igreja eo. Abstraindo do fato de que assim se torna sem"! pre mais clara a certeza de que Mt 16.18 no um texto isolado, um outro ponto aparece em tda a sua importncia: entendendo dsse modo o complexo "Jesus-Messias-Filho do Homem-Discipulo-Comunidade-Ceia'', divisamos certas linhas que levam concepo, paulina e dutero;.paulina de igreja, a qual de--um-,latlo~"do alto", e do outro corpo de Cristo, da mesma forma como Jesus ao mesmo tempo o Exaltado e o Presente na Comunidade. Alm disto, a questo da fundao da Igreja por Jesus idntica questo de sua messianidade 61. Uma questo secundria. em relao a esta o problema insolvel do "quando" e do "onde", e isto em razo do carter peculiar das narrativas evanglicas 62.

    (b) Acaso, pergunta-se, tudo isto compatvel com a Esca-tologia, tal como ela concebida por Jesus em sua pregao do Rei-no de Deus? Depois do que ficou dito podemos ser mais breves a.o :responder a esta pergunta: tambm a Igreja uma realidade escatolgica. Isto resulta precisamente do ambiente escatolgico em que Jesus se move quando afirma ser o Filho do Homem, e ao ins-tituir a Ceia.

    : certo que reino de Deus e igreja no so a mesma coisa. Elas se distinguem na comunidade primitiva, a qual certamente se entendeu como igreja, mas que continuou a anunciar o reino. Dis-tinguem-se tambm na pregao de Jesus, o qual prometeu o reino de Deus igreja por le fundada. Neste sentido tambm a igreja que existiu depois da Pscoa se entendeu como escatolgica. Neste

    altort>s so seguidos por Gloege {cf. bibliografia), pgs, 218 e 228 ("0 salvador s salvador se criador de um povo nvo, salvo, justificado. Assim como o pastor, no pastor sem o rebanho, tambm o Christos no o Cristo sem a ekklcsia") e Linton, pg. 148 ("0 :Messias no uma pessoa privada; a !e pertence uma comunidade. Ao pastor pertence um rebanho").

    60 mais uma vez Kattenbusch que penetra mais profundamente: "Quando ie funda a ekk!esia, :isto , uma comunidade, em seu nome, -na ltima Ceia, no deixa de aludir ao ttulo que escolheu para si da viso de. Daniel, e o pe em primeiro plano (Mc .. 14.21).,. indicandp. a natureza do. "Filho .d.o. Homem" por uma referncia a Is 53" (I 171). Esta expllcao seria mais probativa se Kattenbusch fizesse uma anlise mais completa do texto da ltima Ceia. Cf. K .. L. Schmidt, artigo "AbendmahZ im NT", em RGG I, pgs. 6ss.

    61 Ver uma resposta afirmativa bem precisa para esta questo em K. L. Schmidt, artigo "JeBUs Christus" em RGG III, pgs. 149s, em oposio a J, Wellhau-sen. W. Wrede, R. Bulimann.

    6'.2 Por ste mesmo motivo so duvidosas as etapas descritas por H. D. Wendland (cf. bibliografia), por mais atrativas que sejam.

  • 44 Karl Ludwig Schrnidt

    mesmo sentido tambm o homem particular como pecador justi-ficado deve ser entendido como escatolgico 63.

    (e) O argumento contra Ivlt 16.18 tirado da histria eclesis-tica afirma: Pedro no ocupou no cristianismo primitivo a posio

    0:1 Bultm@n, em sua Geschichte .d. -syn. Tradiion, pgs. 149s, bem como na recenso do livro de Wendland, constri uma teoria que deixa de lado este aspecto da questo (ef, DLZ 55, 1934, pg. 2019ss). A opinio a exposta de que "O problema propriamente dito da ekktesia. . . consiste em que a ekklesia posta em lugar da 'basileia tou theou .. esperada como prxima por Jesus", correspondo a um ponto de visia evolucionista passado, e no qual no se interpreta corretamente a passagem de Jesus para a comunidade, isto , para a comunidade primitiv, tanto de Pedro como de Paulo. Se Buitmann atribui ekkiesia: - e segundo le a comunidade primitiva se considerava como tal - um "carter -radicalmento escatolgico", resta-lhe responder pergunta de como esta comunidade primitiva distingue Reino de Deus e Igreja entre si, se ambas so realidades escatolgcaa. Cf. o prefcio da 2." edio de K. L. Schmidt, Die Kirche.

    J. Haller, Das Papstum I (1934), afirma categoricamente: "Uma critica escl.arecida, que . tem em mente todo o conjunto dos ensinos do Salvador, nunca pode acreditar que Jesus mesmo tenha proferido as palavras que lhe so atribuidu por Mt 16.18s... Temos aqui uma profecia posterior que pressupe seu cumpri menta" (pg. 4). Completando ste pensamento, di.z ainda: "Ainda nlio .fol provado que ai temos uma palavra genuna de Jesus. Segundo minha opinio a palavra final s pode ser contra a autenticidade, a no ser que se d a e1ta1 palavras um tratamento diferente do exigido pelas leis

  • lgreia .~5

    autoritativa que a lhe atribuda. Esta objeo -- que alude a 1Co 3.11; 10.14 (cf. tambm Ef 2.20) para provar a no genuini-dade de Mt 16.18 M - pode ser refutada da seguinte maneira: de um lado certo que Pedro, mesmo luz da opinio que dle tinha Paulo, desempenhou um papel mais importante do que geralmente se costuma conceder do lado protestante na polmica entre protes-tantismo e catolicismo. Visto que no se podem apresentar X

  • 46 Luillwig Schrnidt

    S para sermos completos dificuldade criaria; argumento que que igreja no pode ser objeto do verbo cons-truir 67. da "construo" - sobretudo do mundl), sig-nificando criao do mundo - muito comum no judasmo e no cristianismo primitivo 68, Partindo da pode-se entender que atrs

    "igreja" de Mt a imagem da casa 5. O que aqui tem valor se em Mt 16.18 e

    como no restante do NT -. ekklesia o equivalente hebraico qahal. Mas, no certo que se pensar no

    no aramaico. mais: no est provado que

    W. Lenha:rd estar descontente com K. L. Schmidt, "o qual no pode deixar de afi:rrnar que precisamente a elevao. da pessoa de Pedro destri qualquer pretenso da hierarquia romana" - e isto chamado "um tributo protestante - pertence a outro campo. Sbre isto diz muito bem K. Heim, Das Wesen des eva11getf.tchtn C'hristent11:1n,s pg. 36: " uma notvel ironia da histria unil'ersa! que precisamente esta de Cristo esteja escrita em letras colossais na srande basilica do papa; justamente esta palavra de Cristo, a qual, entendida em 1w sentido original, exclui e destri o papado sob forma, porque como nenhth'na outra atribui ao Apstolo uma posio sL'T!ples:mente !rrepetlvol no edifcio espiritual de Deus". w. G. Kuemmel (cf. bibliografia), pe. 282 t6 sabe dizer: "Totalmente inconcebvel seria que Jesus tivesse reconhecido ~um homem a capacidade de dispor sbre a entrada no Reino de Deus". l'or oub'

    deve-se apontar para o :fato de que tudo se torna ainda mais inconoeblvl em Mt 16.13 um produto da comunidade. K. Pieper (ct. blbll.oarafla),

    60ss, polemiza 1ongamcn.te contra K. L. Schmidt e K. Heim. parUndo de nreu.w.:;,iais catlicas. bem caracterstico o fato de que J. Geiselrrumu (cl, no\a IO) 1

    27 - a Pieper (loc. cit., 67) -- note que "devemos estar con1clontel dos limites uma demonstrao meramente escriturstica sbre a forma do prfrnado petr!no a promessa do Senhor". Alm disto, J. Slclctnbtrltr1 Leben Jesu, V, em Zeitfr.agen 13 (1929), pgs. 16ss, em suaa expo1lolt1 sbre a confisso messinica de Cesaria de nem mesmo toca na qutlt.IO CIO significado de Mt 16.17'Ss para os sucessores enquanto que K. M Das W'1sen des Katho!izizmus (1934), pg. 118, opina que a apllcaiio aoa UOllllOHI de Pedro "pode ser negada por aqule que exclusivamente escuta oc toxkt1 da Bblia e no os coloca no contexto total da pessoa divino*hum.ana de J111111 1 lllM intenes".

    111 Hoitzmann: ltl5s, partindo ilnicamente dste Ponto jj ohll a um veredicto de " ... em Jesus se espera uma tl11.1ra ''" lt adapte a "construir", como seja: "a minha casa".

    os Cf. Strack-Biile:rbeck I, pgs. 7'32s; Zahn, Matthizeus, Matthaeus, pgs. 506s.

    oo Cf. o precioso ensaio de Th. Herrmann (cf. bibliografia), Clljll tlld nlo :>bsolutamente "suprflua em tda a linha" - como julga Bultmann, u,1. ltt,1 pAa. 149 - porque certamente til reconhecer a afinidade entre ekkteatQ 1 tUlll ft1 Unguagcm vtero e neotestamentria. E lle (d. nota 38) ft!ftlWfl em Hermann o ter le pretendido esvaziar o ekklesia, e rmrpeatlfllftlfttl o seu equivalente aran:>.aico, de modo que resta uma ccmunidade r1'111,1 llfll. alta a prova dessa sua afirmar;o.

    '' 1

  • Karl L1ldwig Sehmiclt

    sermos completos aludiremos dificuldade criada pelo diz que igreja no pode ser objeto do cons-

    da "construo" - sobretudo do mundo, sig-nificando do mundo - muito comum no judasmo e no cristianismo primitivo 68. Partindo da pode-se entender que atrs da de 16.18 e.st a da casa 69,

    5. O que at aqui se em Mt 16.18 e 18.17 no :restante do NT -.. ekklesia. o equivalente

    Mas, no que se deva pensar no Ainda mais : est provado que

    W. Leonhard estar descontente com K. L. Schmidt, "o nlio pode deixar de ,d:irmar que precisamente a elevao da pessoa de Pedro qualquer pretenso da hierarquia romana" - e isto chamado "um txibuto protestante" pertence a outro campo. Sbre isto diz muito bem K. Reiro, Das Wesen des evangelischen Christentum-s (1929), pg. 36: "E uma notvel ironia da histria universal que precisamente esta palavra de Cristo esteja escrita em letras colossais na grande baslica do justamente esta palavra d~ Cristo, a qual, entendida em. 1&U sentido exclui e destri o p_apado sob qualquer forma, porque como nenhmna outra atribui ao Apstolo uma posio nica, simplesmente irrepetlvel no ediffoio de Deus". W. G. Ku.emmel (cf. bibliografia), pg. 2.32, 16 sabe dizer: inconcebhel seria Jesus tivesse reconhecido num homem a capacidade de dispor sbre a no Reino de Deus". Por outro lado. deve-se apontar para o fato de que tudo se torna .ainda mais inconcebfvl se virmos em Mt. 16.18 um produto da comunidade. :K. Pieper (cf. bibliOII'afta), pgs. 60ss, polemfaa longamente contra K. L. Sclu:nidt e K. Heim partindo 4t m:'"'""'"'"" catlicas. bem caracterstico o fato de que J. Geiselmann (cf. not 00),

    27 - seg'-l.indo a Pieper noc, cit., 67) - note que "devemos estar conscilnt.11 dos limites

  • Igreja 47

    smente o hebraico ou o devam merecer considerao, e no um outro trmo qualquer.

    Do fato Jesus e seus discpulos terem falado o aramaico no se sem mais, o direito de afirmar que recorreram unicamente linguagem aramaica popular quando se tratavade coisas referen-tes a Deus 70. Deve:-se admitir conhecimento do hebraico por Jesus e seus discpulos, se antiga lngua eclesstfoa de seu povo 71 Mas, mesmo neste caso qahal no o nico trmo que

    vir a propsito. se com qehill -Franz Delitsch em sua NT que esta palavra pouco usada no e nos

    nos. Maior probabiiidade tem o trmo 72, palavra que no VT no se distingue particularmente qahal.

    Os rabinos, vistos em conjunto, usaram raramente tanto qahal como 'ed,, Mais freqente o trmo ibbur, que aparece uma vez no VT com o sentido de "monto" (2Rs 10.8) e que pode ser ",consi-derado como a expresso de "comunidade'', total e parcial, no dasmo tardio 73 Bastante comum a expresso knesset Yisrael, sendo no VT s se usa o verb kns (:reunir). expresso tem especial, por ela se alude personificao de todo Israel crente 74. Do ponto de vista do contedo no podemos es-. tabelecer diferena entre qahal, 'ed, ibbur e kne.gset, de modo que, do uso hebraico, no se tirar nenhuma concluso segura.

    Pressupondo para ekklesia se deva buscar um trmo equi-a11L

  • 48 Karl Ludwig Schmidt

    ser bom lado. O trmo ibbur atestado, mas o mais comum ste trmo recebe um pso todo parti-

    do fato de que no siriaco - lngua prxima do ara-maico palestinense, por Jesus - le usado para traduzir tanto ekkwsia como syna,gog.

    que a verso Siro-curetoniana (sculo , a Peshita sculo V) e a (incio do VI) usam

    para ekklesia, no sentido de igreja crist, a palavra 'edfJi e para. significando a sinagoga, judaica, a palavra lcnushtil, a

    II, e mais antiga que a Siro-curetoniana) usa tanto para como para synagog a palavra kmt.sht. (na S-ro-sinatica Mt no foi conservado, mas sim Mt 18.17). Jun-te-se a esta o chamado Evangeliarium Hierosolymitarum contm uma palestinense-siraca 77; precisamente esta duo - cuja no pode ser determinada com maior exatido - a que d impresso de ser mais antiga que as outras tradues

    siracas. O dialeto do EvangeHarium Hierosolymitanum, que se afas-. ta bastani;e do siraco . estaria bem prximo 4aquele que foi

    Jesus e seus 78, Ora, a encontramos a pala-vra knusht aplicada tanto crist como sir.agoga judaica

    ...,,.,.,v'"'' dessas consideraes altamente provvel que Jesus te-nha da keni:skt 80 Se de um lado qahal e qehal "'"'"'"'"' na crist a conscincia de ser ela a de Deus do tambm kenisht pode a esta comunidade de Deus em sua totalidade. Mas ter presente que pa-

    - 76 Cf. Levy, Woerterb., sub voce; Dalman, Woerterb., traz kenishta e kenista; (samec cm lugar de shin; cf. imesset) no sentido de casa de; reunio (sinagoga).

    17 Edio de P. de (1892). Cf. sbrc ste ponto F. Schwally, Iclioticon des Aram. (1893) e F. Schulthess. Lexico11,. Syropaiaestinum as verses sirfacas, cf. O. Klein, Syrisch-griechsches Woerterbuch zu den vier kanonfach;eTI. Evange!en 0916).

    78 Assim E. Nestle, Einfuehrnng in das gr. NT (1909), pg. 115; F. Schulthess~ Grammatik dea chri.sfch-pa:laestinischen Aram. (1924), pg. 3.

    79 Cf. Schuerer II, pg. 504: "Parece que no aramaico palestinense kn11sht', que corresponde ao grego synagog, era a palavra usual para Igreja". Wellhausen, Matthaeus, pg. 84: "A palavra original aramaica kertishtd r'lesigna tanto a comunidade judaica como a crist. Os cristos palestinenses sempre a usaram sem distino tanto para a Igreja como para a Sinagoga".

    so Cf. ainda Zahn, Mat:thaeu.s, pg. 546 e A. Merx, Die vier kaoonischen Evttn~ gelieri nach der syrchen im Sinaikloster gefundfmen Pttlympsestiumsch:riften,. Mf (1902), pg. 268. Joacb. Jeremias (cf. nota. 50), pg. 69, afirma: "provvelmente-ibburd, 'em todo o caso' kenisht4"~

  • zureja 49

    lavra aramaica assim como o seu costumeiro corr~lato grego syna,gog - significaria primriamente a comunidade dil sinagoga, de algum modo limitada, quer pelo lugar, quer pelas pessPas ou pela orientao. Isto nos leva idia de uma ekklesia separad~ de outras.

    Deveremos, ento, dizer que a primeira comunidaM ":rist foi uma seita dentro do judasmo? Na realidade o judasn~0 oficial fre-qentemente tratou como tal a primeira comunidade crist. Esta, porm, se sentia como uma sinagoga com pretenses * exclusivi-dade, isto , de representar o verdadeiro judasmo, o verda~eiro Israel, coisa que j sucedera com outras sinagogas qut surgiram no judasmo. verdade que os exemplos no so muito pumerosos; mas pense-se em 1Macabus 2.42 ("sinagoga dos hasidtus") e em 7 .12 ("sinagoga dos escribas"). Essas sinagogas, que se consti-tuam como escolas separadas de interpretao, tinham - ao que parece - pretenses exclusividade 81. Ao mesmo gruJJ pertence tambm a comunidade judaica da "Nova Aliana" em Dai;iasco~ que ora se chama 'ed, ora qakal no texto encontrado na ge'n/tU: (cama-ra de detritos) da sinagoga do Cairo (a primeira designJ'l.ao se en-contra em 7.20; 10.4,8; 13.13; a segunda em 7.17; 11.22) e a qual se julga o "Remanescente de Israel" 82. Como se v, a idia do qehal YHWH; congregao do Senhor, no s no aPandonada, mas ainda acentuada. Com efeito, neste grupo particular se en-contra o "Remanescente de Israel" do qual depende a e:J(istncia de todo o ISrael como povo de Deus. desta forma que n sinagoga do Messias Jesus estava encarnada a comunidade de Dt}US. Neste grupo paradoxal, encontra-se, pars pro toto, a, essncia da verda-deira sinagoga como tambm da verdadeira comunidad~ de Jesus Cristo. A to falada fundao da igreja por Jesus, em Mt 16.18, se reduz a sse processo de separao e reunio do gru:P de seus discpulos. 'fudo o que sabemos da atitude de Jesus peraflte a qehal YHWH, congregao do Senhor, ganha em extenso e prc1fundidade,

    H1 Bultmann, op. ct., pg. 150, diz que a afirmao de que 0ma sinagoga separatista se tenha julgado como a "qehaL YHWH" .[! difcil de acreditar; os urgumentos que aduz em contrrio - nos quais se acentua o element doutrinrio da sinagoga - no convencem.

    82 Texto em S. S('hlechter, Documenis of Jewish Sectaries, I 0910)'. do qual tireimos a numerao. L. Rost, Die Darnaskusschrift, Kl Texte, 167 (19~3) apresenta um texto melhor. As diferentes tentativas para datar os te:xtos di

  • 50 Karl Ludwig Schmidt

    e por isto em colorido, se estabelecer uma kenisht 83.

    seus esforos por

    Finalmente, partindo dste ponto clara a estre-.,,..,.,,.,..,, .. , entre l\U 16.18 e 18.17. No segundo passo se fala de uma

    como que

    que deve ser acusado perante a ekkles-a; ste agir no ser simplesmente como pea de da comunidade M, mas deve ser interpretado

    sinagoga, comunidade vtero-testamentria afirma e

    completa como se coloca sob a neste como em outros pontos 85.

    TESTAMENTO E JUDASlVIO

    1. Judasmo heienstico. a. Na Septuaginta ekklesia apa-rece umas 100 vzes; algumas vzes ainda em Smaco e Teo-

    0 equivalente hebraico, quando est quase sem-aaiwL Para a h smente as excees: i9.20 (lSm 5.17; SI 25.12 ; Sl 67.27

    (SI 68.27). Existe, uma traduo uniforme e .Os outros equivalentes hebraicos so da raiz

    ghl; em 19.20 (1Sm trata-se dos mesmas em ordem se deve ou uma palavra derivada de qhl, ou que uma ditograffa

    Na ekklesia s uma palavra inteiramente profana que "reunio", quer se do ato de se quer dos homens reunidos. Do primeiro caso temos exemplos em Dt 9.10; 18.16; reunio'" do caso temos um exem-

    em 3Rs .8.65 (lRs 8.65): Israel com assemblia". e quem constitui

    uma assemblia. No (Septuaginta)

    83 Fato totalmente ignorado por Bultmann, op. cit., pg. 149, quando afirma: "Que a palavra ekk!esa corresponda a qahal, ou a 'ed, ou a 1eenisht indiferente para Mt 16.18s".

    84 1!!xemplos para esta opini5o "critica" bastante comum no precisam ser citados.

    derheit', zeugnis 89 (1933),

    Sctunl:dt. p;,e Verkuendig1ing des NT in ih.rer :Einheit und Beson-' col. 120; alm disto, K. L. Schmidt, Das Christus-

    Evangelien, cm Ki'rchenblatt :fuer die reformierte sc1iw1?itz

    8k) P....sslm """''""'"'"""":nuu. sub voce.

  • _:1

    Igreja 51

    trata-se de profetas. Em Sir (Eclo) 26.5 ekklesia ochlou pode ser traduzido: "ajuntamento da populaa" 87.

    O atributo "do Senhor", esclarece que se trata do povo ou da comunidade de Deus: Dt 23.2ss; lCr 28.8; Ne 13.1; Mq 2.5; em Lm 1.10 "tua congregao"; outros atributos: "do Altssimo" (Sir 24.2); "do povodc Deus" (Jz, 30.2); freqentemente se acrescenta "de Israel" (3Rs 8.14,22,55; lCr 13.2; 2Cr 6.3,12s; Sir 50.13; lMa-. cabeus 4.59). Menos freqentes so os atributos: "dos filhos de Israel" (Sir 50.20); "de Jud" (2Cr 20.5; 30.25); "dos santos" (SI 88.6; 149.1); "em Jerusalm" (!Macabeus 14.19). Tambm o. atributo "da dispora", pode ser aduzido aqui.

    De resto, mesmo sem nenhum atributo, eklclesia significa a assemblia de Deus, o que aparece do contexto. Tais passagens so especialmente freqentes em 1 e 2Cr, Sl e alguns apcrifos, a ponto de se poder falar em terrninu.s technicus. verdade que aqui e ali se fica em dvida. Em todo o caso, o atributo "de Deus", ou est expresso, ou subentendido.

    O adjetivo "tda", caracteriza a reunio com uma totalidade (SI 25.12; 67 .27; 106.2). Pv 5.14 mostra que o uso tcnico de ekklesia era algo bem indeciso ainda, pois diz: ekklesia kai syna-gog assemblia e congregao; aqui o tradutor .hesita sbre qual trmo escolher, visto que os dois significam evidentemente a mesma coisa.

    O verbo ekklesiazo (exekklesfozo) no sentido de "reunir-se" encontra-se em Lv 8.3; Nm 20.8; Dt 4.10; 31.12,28; 3Rs 8.1; 12.21; 1 Cr 13.5; 15.3; 28.1; 2Cr 5.2, sendo a traduo do hifil de qahal, enquanto que em x 35.1 a mesma forma traduzida por synarthroi-zo, em Nm 1.18; 8.9; 10.7 por synago e em Nm 16.19 por episyni.c;-temi. O verbo exekklesiazomai, no sentido de "reunir-se" est em Js 18.1; Jz 20.1; 2Rs 20.14 como traduo do nifal de qahal, en-qanto que pal'.'a e.Sta forma x 32.1 tem gynistamai (qi1a e Teo-dcio : ekklesfozomai) e J s 22.12 synarthroizoma-i.

    O uso de synagog semelhante. Em vrias passagens do G-nesis, por exemplo, synagog, ou o plural synagogai, est ligado ao atributo "de povos", correspondente ao hebraico qehal 'ammi1n ou goinv (28.3; 35.11; 48.4). Cf. Sl 21.17; Sl 67.31. Por outro lado, assim como da, ekklesia kyriou, fala-se tambm da syr.agog kyrio?J, (Nm 20.4; 27.17; 31.16; Sl 73.2) que o equivalente de qehal YHWI-I ou de 'adath YHWH.

    O que resulta de tdas essas consideraes o seguinte: ( 1) As duas palavras ekklesia e synagog significam mais ou menos a

    87 Assim V. Ryssel, em Kautzsch: Apokryphen und Pseudigraphen I, pg, 363.

  • 52 Karl fj1ulwig Schtnidt

    mesma coisa, oonaenao a qahal. ~.Ui'vV, ora no,

    As duas palavras ora so usadas em se1t1t1uo

    b. Em Filo e Flvio Josefa o caso o mesmo, s que a o tcnico pelo grego profano. Conseqente-

    se fala mais de "assemblias" profanas. "'T~"""'"' agorai

    Specialibv,,s Legibus e reunies ( Qiwd Omns

  • Igreja 53

    vtico, Nmeros) qahal traduzido por synagog, palavra que fora

  • 54 Karl. Ludwig Schmidt

    G. ETIMOLOGIA

    A histria acima exposta do trmo ekklesia mais importante do que sua etimologia, sbre a qual s agora pode ser dita uma palavra final.

    Se, passando pela Septuaginta, a ekklesia neotestamentria o cumprimento da qahal vtero-testamentria, e se ao lado de qahal vem a propsito o seu correlato aramaico kerdsht, ento a derivao de ekklesia, a partir do verbo ekkalein, chamar de, e do adjetivo ekkletos, chamado de, no tem pso particular. Significativo a ste propsito o fato de que em todo o NT no aparece nem ekka-lein nem ekkletos.

    Na Septuaginta ekkalein s se encontra em Gn 19.5 e Dt 20.10 (hebraico: qara, chamar) e ekkleton s6 em Sir 42.11. No grego profano os dois trmos so mais freqentes, e ekkletos chega a ser terminus technieuff em conexo com ekklesia como assemblia po-ltica ( Cf. Xenofonte, Historia Graeca II, 4,38, onde hoi ekkletoi so os membros da assemblia de aristocratas que em Esparta e em outros estados aristocrticos ocupam o lugar da elcklesia., Sbre

    isto veja-se Eurpides (Orestes 949) e a expresso eklcletos ochlos (ib. 612).

    Se Paulo, ou os outros cristos que escreviam em grego, ao dizerem ekklesia pensavam nos "chamados" e "convocados", no sabemos. No impossvel, mas tambm no provvel. Afirma-es como as que se encontram em Ef 5.25ss; lTm 3.15 ou Jo 12.23 teriam dado ocasio para falar de ekkalein 91, Quem realmente

    parte (Dt 23.2ss). Na evoluo do conceito em direo da ekklesia neotcstamentria deve vir em considerao o fato de que o trmo foi usado para designar os que participaram da . aliana do Sinai e tambm os que renovaram sua . consagrao Lei, sob Esdras. Assim qaho.l designa os portadores da aliana e . da promessa de Deus. Um segundo ponto de importncia que desde Esdras pelo menos (mas j em Jr 44.15~ . tambm mulheres e crianas pertencem qahal, Desta maneira o trmo, sob a forma de ekklesia na Septuaginta, se recomendava para designar a comunidade crist, a qual aceitava mulheres e crianas com plenos direitos, enquanto que synagog~ no se recomendava porque se res~ringia aos homens. Cf. a rn!nha obra aparecida em 1937: Die aittestamentiichen Vorstufen von Kirche und Syr.a.goge".

    91 A . JeI,le com razo chama a ateno para esta passagem em seu breve artigo "EKKLESIA; um humilde pedido aos exegetas" (Wuertemberg, Evangelisches Kirchenblatt (1934), pg. 78, onde sublinha ser questionvel, se no irrelevante, a etimologia de ekklesia. Mas quando afirma que escreveu "na esperana de receber a pala't-ra final da obra do Prof. Kittel" (entendendo com isto o presente Dicionrio Teolgico), deve-se dizer. que a resposta j foi dada nas recentes obras de Kattenbusch, K. L. Schmidt e outros. interessante notar que os cristos

  • Igreja 55

    quer o emprgo de um no deve ir atrs de etimologias, mas pesquisar o usus e o abU8'lw de uma pa-la. vra. H telogos que do valor ao fato de que a palavra alem

    pecado (Suen4e) significa separao (Sond~ru..ng) de Deus, na lngua alem d bom sentido. Existem filsofos que en-

  • 56 l{arl Schmidt

    o kyriakon ou Church,

    a kyr'ia.k (donde Infelizmente o

    a traduo

    alem: Kirche, o ingls to sobrecarregado

    eclesistica" no sentido que

  • Igreja 5'1

    Enquanto que no lhama um freqncia. especulaes

    ekklesia nunca adjetivos . que equiva-atributos comeam a aparecer com

    disto, enquanto que no NT s se pode marginais sbre a sses atributos estimulam es1::iec;u111ca~o em regra sbre a

    literatura crist fora do NT a freqente, com exceo de He,rrnas.

    individualidade com que o entra em colquio a kyria, senhora, ao kyrios, Senhor, e

    "santa" {v.1,1,6M, 1,3,4; 4,1,3). A chamada , por causa de sua aparncia, descrita como "forrna'\ de

    um "esprito santo" que seria idntico ao de . A idia paulina e dutero~paulina da Igreja como s corpo", expressa por uma. imagem: "trre feita de uma s ( cf. s. 9,18,3),

    A primeira de Clemente s em trs passagens fala klesia .. Na introduo fala da "igreja de Deus que habita em Rona, ou Corinto". Isto corresponde a lPe 1.1 e Tg 1.1. -inteiramente neotestament.ria a expresso "concordando tda a .. ,,.,,.,,,.,, e "a igreja dos corntios" (47.6).

    Antioquia fala ekkle.siai; e a elas escreve, sim-plesmente, como "a igreja" que est em feso, etc.; outro lado

    "'"'"'"'".-"'"' de predicados significativos: "mui ser chama.-bem-aventurada" (Ef sios; cf. Ro1nanos) ; na graa Deus" (Magnsios); "santa, eleita e digna de (Tralenses); que consegui:h. misericrdia na grandeza (Romanos) ;

    etc., etc. Incio no se cansa de usar tais ttulos honorficos, dos quais tem crca uma dzia ( cf, ainda, Filadelf enses, Esmimen-ses: "a que conseguiu misericrdia e foi estabelecida"; f"). uma linguagem Alguns

    e aplicveis universalmente Igreja; circunstncias e se a uma dada ,,;,vicuu, .... , ....... , .... .,,

    o de falar 5.1: "unidos (misturados) a le (i. , bispo) como a igreja a Jesus Cristo e Jesus ao Pai,

    que tudo seja concorde na unidade". Deus, a Igreja -i-,-.,~...,..,~rn uma nica para os crentes. No NT no diverso,

    que em Incio inclui~se tambm o bispo Em Es-mirnenses 8.2 aparece pela primeira vez o adjetivo que no incio s significasse "una

    94 Sbre a idia a[ expressa de que o mundo :foi criado por causa da - idia corresponde ao pensamento judaico de que o povo de fim da ~-ver lVI. Dibeilus, Der Hirt des Hermas 0923), ad locum.

    95 Assim Kattenbusch I, pg, 148.

  • 58 Karl Ludwig Schmidt

    que mais tarde significa uni,versa, universal. A linguagem eclesis-tica latina conservou os dois trmos gregos ecelesia e catholica.

    Policarpo sada os filipenses - como Clemente os corntios --com a expresso, "igreja que habita". Assim tambm se designa a si mesma a comunidade de Esmirna no Martrio de Policarpo, e se dirige comunidade de Fi1ome1ium "e a tdas as comunidades (parquias) em todo lugar da santa e nica (catlica) Igreja", Ca-da comunidade local tem conscincia de ser nica e santa e atribui o mesmo s outras comunidades. De um lado a Igreja pertence ao mundo em que ela (ainda) vive, mas de quem no propriedade; por outro lado pertence a Deus 96.

    Na Ddaqu a ekklesia s mencionada quatro vzes: 4,14; 9,4; 10,5; 11,lL A expresso "na igreja confessars os teus pecados" (4,14) lembra Tv1t 18.17. A idia de que a igreja est agora dispersa mas que ela "seja juntada das extremidades da terra para o teu reino" (9,4; 10,5) corresponde ao que ficou dito atrs sbre a re-laco entre "Igreja" e "Reino". De difcil sentido a expresso "mistrio csmico da Igreja" (11,11). Parece aludir a Colossenses e Efsios, mas vai mais longe e insinua certo conhecimento esot-rico dos crentes.

    A assim chamada Segunda Carta de Clemente leva mais lon-ge o esoterismo dsse "mistrio". Em 14,1 se diz que a igreja "a primeira, a espiritual, a que foi criada antes do sol e da lua''. Isto em seguida explicado at os mnimos detalhes por aluses a textos da Escritura.

    A idia da igreja crist que pr-existe, e que precede mesmu a sinagoga judaica, se apia em expresses pauHnas (Rm 4.9ss; Gl 4,21ss) e dutero~paulinas (Ef 1.3ss) e a seguir levada adian-te pelos gnsticos valentinianos at chegar especulao sbre o eon da igreja. Por outro lado, partindo da afirmao de que a Igre-

    "do alto", desenvoive~se uma larga especulao 97 en1 que os adeptos de uma theologia gloriae se consolam pela constatao da existncia de uma igreja emprica e outra ideal. Surge assim a concepo da dupla igreja: uma rnilitans, a outra triu'Ynphans.

    01: A Epstola de Barnab moc;tra que a palavra ekklesia no a umca que vem em questo, como no NT; a os cristos nunca so chamados ekklesi, mas freqentemente !aos, povo, a quem Deus confia o "seu Filho amado" (5,7; 7.5). Em outros lugares se fala de naos tou theon, templo de Deus (4.11) QU de polis, cidade (16.5).

    97 Muito bem diz Kattenbusch, I, pg. 155: " verdade que a partir de certo tempo o pensamento de que a Igreja era anothen, do alto, tornou-se espe-culao; no incio no era assimn.

  • especulaes as afirmaes sb:re a cam sempre mais confusas. Isto ocorre tanto nos padres giegos como nos latinos. O maior dentre les - Santo Agostinho - cujo

    pensamento o da . posio que a ocupa na mente . padece de uma surpreendente

    clareza sbre a entre iirej,.i. emprica e ideal. Se um lado as fantasias - no conseguiram ~por

    outro lado o platonismo o campo com especulaes, ensejo a uma gama especulativa .concernente ao abis-

    mo entre realidade e O protestantismo com sua distino entre i'l'ivi.sibilis participa, a seu modo, do

    J. CONSEQUNCIAS E CONCLUSES quando e como o catolicismo que se distingue do

    cristianismo primitivo? passagem de um ao outro claramente na concepao igreja, como no o em nenhum outro

    Esta passagem se dera j no campo dos escritos cristos '"""'+''"'"' fora do cnon neotestamentrio. As especulaes se

    tornaram si;;mpre freqentes at desembocar no gnosticismo. platonismo latente, mas muitas vzes agudo, divide a Igreja em

    a qual, corno corpus mixtum, no