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A Ilíada tem início com uma invocação às Musas, feita pelo poeta-narrador, para que lhe contem sobre a ira de Aquiles e sua relação com a peste que se abateu sobre os gregos, em decorrência do confronto do herói com o rei Agamenon, chefe do exército grego. Assim se inicia o poema, na tradução de Odorico Mendes: Canta-me, ó deusa, do Peleio Aquiles A ira tenaz, que lutuosa aos Gregos, Verdes no Orco lançou mil fortes almas, Corpos de heróis a cães e abutres pasto: Lei foi de Jove, em rixa ao discordarem O de homens chefe e o Mirmidon divino. Ao saquear os aliados dos troianos, Agamenon tomou para si, como escrava, Criseida, filha de Crises, sacerdote de Apolo na ilha de Crisa. Crises se dirige ao rei grego e lhe oferece um valioso tesouro, como resgate pela filha. Entretanto, Agamenon não só se recusa a devolver Criseida, como expulsa o velho Crises. O sacerdote, então, invoca Apolo e pede-lhe vingança. Apolo atende prontamente e durante nove dias os gregos padecem de uma peste virulenta. Aquiles, inspirado por Hera (Juno), convoca uma assembléia para saber o que estava acontecendo, que desagrado haviam cometido aos deuses. Para isso, convoca Calcas (Calcante), o adivinho, que, mediante a garantia de Aquiles de que não sofrerá da ira dos poderosos pela revelação que irá proferir, revela a ofensa perpretada por Agamenon. A revelação do adivinho enche Agamenon de cólera. Apesar disso, ele concorda em restituir Criseida, desde que receba alguma compensação. Aquiles alega que não há como compensá-lo, não há mais espólio de guerra disponível para servir de compensação. Pede a Agamenon que não seja ávido e aguarde a recompensa dos deuses. Agamenon revela que quer Briseida, a cativa que coube a Aquiles, e que vai tomá-la dele, nem que seja à força.

A Ilíada Canto 1

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a iliada canto 1

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A Ilada tem incio com uma invocao s Musas, feita pelo poeta-narrador, para que lhe contem sobre a ira de Aquiles e sua relao com a peste que se abateu sobre os gregos, em decorrncia do confronto do heri com o rei Agamenon, chefe do exrcito grego.Assim se inicia o poema, na traduo de Odorico Mendes:Canta-me, deusa, do Peleio AquilesA ira tenaz, que lutuosa aos Gregos,Verdes no Orco lanou mil fortes almas,Corpos de heris a ces e abutres pasto:Lei foi de Jove, em rixa ao discordaremO de homens chefe e o Mirmidon divino.Ao saquear os aliados dos troianos, Agamenon tomou para si, como escrava, Criseida, filha de Crises, sacerdote de Apolo na ilha de Crisa.Crises se dirige ao rei grego e lhe oferece um valioso tesouro, como resgate pela filha. Entretanto, Agamenon no s se recusa a devolver Criseida, como expulsa o velho Crises.O sacerdote, ento, invoca Apolo e pede-lhe vingana.Apolo atende prontamente e durante nove dias os gregos padecem de uma peste virulenta.Aquiles, inspirado por Hera (Juno), convoca uma assemblia para saber o que estava acontecendo, que desagrado haviam cometido aos deuses. Para isso, convoca Calcas (Calcante), o adivinho, que, mediante a garantia de Aquiles de que no sofrer da ira dos poderosos pela revelao que ir proferir, revela a ofensa perpretada por Agamenon.A revelao do adivinho enche Agamenon de clera.Apesar disso, ele concorda em restituir Criseida, desde que receba alguma compensao.Aquiles alega que no h como compens-lo, no h mais esplio de guerra disponvel para servir de compensao. Pede a Agamenon que no seja vido e aguarde a recompensa dos deuses.Agamenon revela que quer Briseida, a cativa que coube a Aquiles, e que vai tom-la dele, nem que seja fora.Aquiles se enfurece e insulta Agamenon. Anuncia que retirar-se- da guerra, se tiver que entregar a cativa. Mas Agamenon pouco importa. Ao contrrio, mantm-se firme e confirma a ameaa que toma-la- nem que seja fora e, caso isso acontea, Aquiles se arrepender.A ira de Aquiles s aumenta. J prepara a espada para atacar Agamenon, quando Palas (Palas Atena), enviada por Hera (Juno), puxa seus cabelos por trs e aparece s para ele, com misso de faze-lo se conter, pois ser fartamente recompensado no futuro:E a dia olhicerlea: Vim, de acordocom Juno albinitente, amiga de ambos,comedir-te e amansar-te. Anda, em palavrasTu desabafa, a lmina embainha.Por esta injria, to predigo certo,Inda havers em triplo insignes prmios.S-nos pois dcil, a paixo modera.(vs 181-187)Aquiles obediente deusa e, sob seu consentimento, continua a vociferar contra Agamenon.Nestor Plnio intervm, tentando apaziguar e reconciliar os dois, pelo bem dos gregos. Entretanto, Agamenon se mantm firme na escolha de sua compensao, assim como Aquiles na deciso de se retirar da guerra.Finda a rixa, o congresso Aqueu se dissolveu.Aquiles segue para seu barco, Agamenon convoca a escolta de vinte homens que levar Criseida de volta Crisa e esta inclui Ulisses e a hecatombe: eles ofertam cem cabras e touros a Febo (Apolo).Ao mesmo tempo, Agamenon envia dois arautos, Taltbio e Eurbate, ao reduto de Aquiles para capturar Briseida. Chegam furtivamente, mas Aquiles os surpreende. Continua a conter a fria, e manda Patrocolo entregar a moa aos enviados.Sozinho, beira mar, borbulhando de raiva, Aquiles invoca Ttis, sua me.S, carpindo-se, Aquiles na espumanteBeira ficou-se; o ponto azul esguarda,As palmas tende e boa me recorre:(v. 301-304)Filha do velho do Mar, Ttis imediatamente surge e escuta a queixa do filho (v. 304-345), que lhe pede que interceda junto a Zeus, para que este faa vencer os troianos, como maneira de mostrar aos gregos quanta falta faz Aquiles.Ttis chora pelo filho, pois sabe que ele ter vida curta, mas se dispe a atende-lo, to logo os deuses voltem ao Olimpo, pois se encontram nas festividades dos etopes, que moram no oceano, e que duraro doze dias.E dito isso, sumiu.Enquanto isso, Ulisses e sua frota se aproximam de Crisa. Desembarcam e Ulisses se apresenta ao velho sacerdote, entregando-lhe a filha. Pai e filha se abraam. Crises invoca Apolo, que rapidamente atende seu pedido de suspender a calamidade que se abate sobre os gregos. E hecatombe todos se dirigem . [o poeta fornece detalhes deste grande e farto churrasco coletivo.] Todos comem e bebem com fartura, incluindo Ulisses e sua frota.Quando amanhece, os gregos partem.No acampamento grego, Aquiles continua afastado das tropas de Agamenon.No dcimo - segundo dia, cumprindo sua promessa, Ttis se dirige casa etrea e encontra Zeus, um pouco afastado dos demais deuses, antes de se dirigir a um banquete, e envolve-lhe os joelhos. Narra-lhe ento o ocorrido a seu filho Aquiles e lhe pede intercesso, alegando que nunca lhe havia molestado com pedidos.Zeus no responde de imediato, mas sob a insistncia de Ttis, explica que seu pedido ir coloca-lo em maus lenis com Hera (Juno), sua esposa, pois esta partidria fervorosa dos gregos e o acusa de ter simpatias pelos troianos. Apesar disso, promete a Ttis que vai atend-la, mas apressa-a que se v, antes que Hera os veja juntos.Zeus se dirige ao palcio celeste e todos os deuses o reverenciam, em sua chegada.Logo que se senta ao trono, Hera o importuna. Havia avistado Ttis em conversa com ele e quer saber sobre o que conversaram. Ele a adverte que no deve se meter em assuntos seus ou se arrepender:E o rei supremo: Em penetrar no cuidesArcanos meus; esposa embora sejas,Penosso te sero. Nem deus nem homemQuanto ouvir devas me ouvir primeiro:Mas o que a parte no nimo concebo,No mo perguntes, nem mo inquiras, Juno.(v.469-474)Mas ela no se contm e arrisca a suspeita de que ele e Ttis fizeram acordo em favor dos troianos.Zeus se enfurece, vocifera e ela retorna cabisbaixa.Constrangidos, os demais deuses no conseguem continuar o banquete, at que Hefesto (Vulcano) assume o papel de conciliador entre os pais. Argumenta que os mortais no merecem que eles estraguem o banquete.E depois de alguns gracejos de Hefesto, os deuses voltam a sorrir e o banquete a se animar.Apolo toca a lira e as Musas cantam.At que a alvorada se inicia no Olimpo e todos se recolhem: Zeus e Hera adormecem juntos no leito divino.