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PEDRO CAMPOS GUIMARÃES SAMPAIO E MELLO
A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE EM
ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS
Monografia apresentada ao Campus Barbacena, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das exigências do curso de Pós-graduação Lato Sensu em “Planejamento e Gestão de Áreas Naturais Protegidas”, para a obtenção do título de Especialista
BARBACENA MINAS GERAIS - BRASIL
2014
PEDRO CAMPOS GUIMARÃES SAMPAIO E MELLO
A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE EM
ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS
Monografia apresentada ao Campus Barbacena, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das exigências do curso de Pós-graduação Lato Sensu em “Planejamento e Gestão de Áreas Naturais Protegidas”, para a obtenção do título de Especialista Orientador: Prof. FERNANDO MARTINS COSTA Coorientador: Prof. GERALDO MAJELA MORAES SALVIO
BARBACENA MINAS GERAIS - BRASIL
2014
Ficha Catalográfica
M527i 2014
MELLO, Pedro Campos Guimarães Sampaio A importância da conectividade na gestão e conservação da biodiversidade em Áreas Naturais Protegidas / Pedro Campos Guimarães Sampaio e Mello. - Barbacena/MG: IFSEMG, 2014. XII, 39 f .; 29,7 cm
Orientador: Fernando Martins Costa
Monografia (Pós-graduação Lato Sensu em Planejamento e Gestão de
Áreas Naturais Protegidas) - Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais - Campus Barbacena - IFSEMG, Barbacena, 2014. 1. Corredores Ecológicos. 2. Áreas Protegidas. 3. Fragmentação de
Biomas. I. Mello, Pedro Campos Guimarães Sampaio. II. Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais - Campus Barbacena. III. Título
CDD 580
PEDRO CAMPOS GUIMARÃES SAMPAIO E MELLO
A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE EM
ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS
Monografia apresentada ao Campus Barbacena, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das exigências do curso de Pós-graduação Lato Sensu em “Planejamento e Gestão de Áreas Naturais Protegidas”, para a obtenção do título de Especialista;
APROVADA: 23 de dezembro de 2014. _______________________________ ______________________________ Prof. Geraldo Majela Moraes Salvio Prof. José Emílio Z. de Oliveira
_______________________________ Prof. Fernando Martins Costa
(Orientador)
iv
Dedico este trabalho a toda minha família que me ensinou a admirar a Natureza e a enxergá-la com outros olhos, me ajudando a me tornar a pessoa e o profissional que sou hoje.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a minha mãe Myriam e ao meu pai Ricardo, que
durante todas as suas vidas me incentivaram a continuar os estudos e não
mediram esforços para que eu tivesse condições de realizá-los e chegar até onde
estou hoje. Obrigado por terem confiado e acreditado em mim.
A minha mãedrinha Olinda e ao meu paidrinho Valter pelo suporte e apoio
de sempre. Ao meu irmão Daniel, pela parceria e amizade. As minhas irmãs
Leticia, Ravena, Rafaela e Camila, pelo carinho e cuidado. A minha vó Evane pela
energia e preces realizadas e a toda minha grande família. Vocês são a base de
tudo que sou hoje. Muito obrigado.
Agradeço a Natália, pelo amor, amizade e companheirismo e por ter
suportado minhas ausências aos finais de semana durante um ano, sempre me
apoiando e motivando a cada dia, compartilhando dos mesmos sonhos e
objetivos. Sem você ao meu lado eu não teria conseguido concluir mais essa
etapa. Te amo muito. Agradeço também a sua família, que é minha segunda
família.
Agradeço a todos os colegas de curso e àqueles que se tornaram grandes
amigos durante o curso, José Carlos, Chicão, Valéria, Arlon, Bia e Fernanda
Weysfield. Amizades que levarei para toda a vida. Agradeço em especial ao Arlon,
a Bia e a Fernanda Weysfield, pela companhia, pizzas, sanduíches e peras das
sextas à noite, rs. Vocês fizeram as idas a Barbacena valer a pena. Agradeço
ainda a amiga Bia, por todo o apoio técnico e moral na etapa final desse trabalho,
no qual eu não teria conseguido se não fosse a sua ajuda, opiniões e incentivo.
Agradeço ao professor e orientador Fernando Martins Costa, por ter
acreditado em mim e em meu trabalho e me ajudado a desenvolver essa
monografia. Ao professor e co-orientador Geraldo Majela Moraes Salvio, que se
colocou à disposição e incentivou o desenvolvimento dessa pesquisa. A todos os
demais professores do curso, pelas aulas e por terem despendido seu tempo a
nos passar seus melhores conhecimentos.
Por fim e não menos importante, agradeço a Deus, pela proteção nas
estradas todos os finais de semana e por estar sempre comigo, guiando e
orientando meu caminho e minha jornada.
Um sentimento para descrever tudo isso é Gratidão. Obrigado a todos.
vi
“Para se ter sucesso, é necessário amar de verdade o que se faz. Caso contrário, levando em conta apenas o lado racional, você simplesmente desiste. É o que acontece com a maioria das pessoas”.
Steve Jobs (1955 – 2011)
vii
Especialização em Planejamento e Gestão de Áreas Naturais Protegidas
A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO E CONSERVAÇÃO DA
BIODIVERSIDADE EM ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS
RESUMO
Pedro Campos Guimarães Sampaio e Mello
Dezembro, 2014
Orientador: Professor Fernando Martins Costa Coorientador: Professor Geraldo Majela Moraes Salvio O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) ressalta a necessidade
de se planejar e definir formas de conectividade entre Áreas Naturais Protegidas
(ANPs) utilizando-se da criação de Corredores Ecológicos (CEs). Conectar
fragmentos florestais, principalmente aqueles pequenos e isolados, se torna
importante uma vez que tamanho e isolamento são fatores determinantes na
viabilidade das populações e espécies presentes nessas áreas. Por meio de
um levantamento bibliográfico, esse trabalho teve como objetivos realizar uma
análise quantitativa dos CEs implantados no Brasil, apresentar o seu modelo
ressaltando a importância ecológica da conectividade entre ANPs por meio dos
conceitos da Teoria da Biogeografia de Ilhas, Metapopulações, Ecologia da
Paisagem e dos Ecossistemas. Foram consultados sites, artigos científicos, livros,
teses e dissertações, além da legislação ambiental em vigor. Concluiu-se que o
número de efetivos CEs implantados no país ainda é insuficiente para conservar a
biodiversidade das ANPs, pois, das 1.649 Unidades de Conservação existentes no
Brasil, apenas três possuem tamanhos suficientes para manter populações
viáveis, além de serem em sua maioria, isoladas. Sendo assim, muitos CEs
devem ser criados no Brasil para que as UCs sejam eficientes e sustentáveis, a
longo prazo, na conservação da biodiversidade.
Palavras-chave: Conectividade; Corredores Ecológicos; Fragmentação.
viii
Specialization in Management of Natural Protected Areas
THE IMPORTANCE OF CONNECTIVITY IN MANAGEMENT AND
CONSERVATION OF BIODIVERSITY IN NATURAL PROTECTED AREAS
ABSTRACT
Pedro Campos Guimarães Sampaio e Mello
December, 2014
Adviser: Professor Fernando Martins Costa
Co-adviser: Professor Geraldo Majela Moraes Salvio
The National System of Conservation Units (SNUC) emphasizes the necessity
to plan and define ways of connectivity between Natural Protected Areas
(NPAs) using the creation of Ecological Corridors (ECs). Connect forest
fragments, especially those small and isolated, becomes important as size and
isolation are key factors on the viability of populations and species present in
these areas. Through a literature review, this study aimed to perform a
quantitative analysis of the ECs implemented in Brazil, present your model
highlighting the ecological importance of connectivity between NPAs through the
concepts of the Theory of Islands Biogeography, Metapopulation, Landscape
Ecology and Ecosystems. Were consulted sites, scientific articles, books,
theses and dissertations, as well the current environmental legislation. It was
concluded that the effective ECs number deployed in the country is still
insufficient to conserve biodiversity of the NPAs, seeing that, of 1,649
Conservation Units (UCs) existing in Brazil, only three have sufficient size to
maintain viable populations, and are mostly isolated. So many ECs must be
created in Brazil for the UCs are efficient and sustainable in the long term,
biodiversity conservation.
Keywords: Connectivity; Ecological Corridors; Fragmentation.
ix
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Página
Figura 1 Tamanho das UCs Brasileiras considerando Parques Nacionais, Reservas Biológicas e Estações Ecológicas .......................... 4
Figura 2 Exemplificação dos processos de Fragmentação Florestal ................................................................................................... 7
Figura 3 Exemplificação de Fragmentação Florestal pela expansão da agricultura (redução) .......................................................... 8
Figura 4 Exemplificação de Fragmentação Florestal pela construção de estradas (dissecção) ........................................................ 9
Figura 5 Relação entre tamanho do fragmento e taxas de extinção ................................................................................................... 10
Figura 6 Relação entre espécies e o tamanho da área ......................................... 11 Figura 7 Exemplificação do processo de formação de clareias
(Gap Formation) na Fragmentação Florestal, favorecendo o surgimento de Metapopulações ....................................... 12
Figura 8 Exemplo de Fragmentos Fonte e Fragmentos Sumidouro ............................................................................................... 14
Figura 9 Exemplo de Corredor Ecológico implantado em meio a expansão agrícola, unindo duas Unidades de Conservação no Pontal do Paranapanema, em São Paulo ....................................................................................................... 16
Figura 10 Exemplo de Corredor Ecológico implantado em Vegetação Ripária ................................................................................... 18
Figura 11 Exemplo de Vegetação Ripária preservada propiciando a formação de Corredores Ecológicos Naturais ...................................... 19
Figura 12 Distribuição espacial do Corredor Capivara-Confusões entre o Parque Nacional da Serra das Confusões e o Parque Nacional da Serra da Capivara ................................................... 23
Figura 13 Distribuição espacial dos corredores propostos pelo Projeto Corredores Ecológicos ................................................................ 27
Figura 14 Corredor Central da Mata Atlântica proposto pelo Projeto Corredores Ecológicos ................................................................ 28
Figura 15 Corredor Ecológico de Santa Maria no Paraná ....................................... 30 Figura 16 Corredor Ecológico implantado pelo IPÊ unindo duas
Unidades de Conservação no Pontal do Paranapanema, em São Paulo ................................................................ 31
Figura 17 Corredor Ecológico da Trilha Transcarioca, no Rio de Janeiro ..................................................................................................... 32
x
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1 Corredores propostos pelo Projeto Corredores Ecológicos ............................................................................................... 24
Tabela 2 Corredores Ecológicos Efetivos ............................................................... 33
xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AIs Áreas Indígenas AM Estado do Amazonas ANPs Áreas Naturais Protegidas APA Área de Proteção Ambiental APP Áreas de Preservação Permanente BA Estado da Bahia CCA Corredor Central da Amazônia CCMA Corredor Central da Mata Atlântica CE Corredor Ecológico CI BRASIL Conservação Internacional do Brasil ES Estado do Espirito Santo ESEC Estação Ecológica
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
ICMBIO Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade INEA Instituto Estadual do Ambiente RJ
IPE Instituto de Pesquisas Ecológicas MA Estado do Maranhão MG Estado de Minas Gerais MMA Ministério do Meio Ambiente MT Estado do Mato Grosso PA Estado do Pará PARNA Parque Nacional PR Estado do Paraná REMAP Rede Mosaicos de Áreas Protegidas RJ Estado do Rio de Janeiro RL Reserva Legal SMAC Secretaria Municipal de Meio Ambiente RJ
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação SP Estado de São Paulo TO Estado do Tocantins UCs Unidades de Conservação UC-SOCIOAMBIENTAL Unidades de Conservação Socioambiental
xii
SUMÁRIO
Página
RESUMO .................................................................................................................. vii
ABSTRACT ............................................................................................................... viii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................................................................ ix
LISTA DE TABELAS .................................................................................................. x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ..................................................................... xi
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 3
2.1. A Ecologia da Paisagem e dos Ecossistemas ............................................... 3
2.2. A Fragmentação Florestal .............................................................................. 5
2.3. A Teoria da Biogeografia de Ilhas .................................................................. 9
2.4. O Conceito de Metapopulações .................................................................... 12
2.5. A Importância da Conectividade entre Áreas Naturais Protegidas ................ 15
2.6. Os Rios e a Vegetação Ripária como Corredores Ecológicos ....................... 18
3. METODOLOGIA ................................................................................................... 20
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 21
4.1. Análise quantitativa dos Corredores Ecológicos implantados no Brasil ......... 21
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 34
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 36
1
1. INTRODUÇÃO
O Brasil abriga uma das maiores biodiversidades do planeta, e a
implantação e aplicação de um sistema de Áreas Naturais Protegidas constitui
atualmente a principal estratégia brasileira para a conservação da natureza.
Apesar da criação de Áreas Naturais Protegidas ainda ser a melhor
estratégia de proteção da biodiversidade, esse sistema ainda está muito longe de
conseguir conservar amostras substanciais e representativas da biodiversidade
brasileira (FUNDO VALE, 2012).
Além disso, há o problema da efetividade de se manter populações viáveis
das espécies ao longo do tempo dentro das Áreas Naturais Protegidas, em sua
maioria pequenas e isoladas. No Brasil, de todas as 1.649 Unidades de
Conservação (UCs) existentes (municipais, estaduais e federais) apenas três
possuem tamanhos suficientes para manter populações viáveis (FUNDO VALE,
2012), como por exemplo, a da onça pintada (Panthera onca) (RODRIGUES e
OLIVEIRA, 2006).
Por meio do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) no
Brasil (BRASIL, 2000), é possível e necessário planejar e definir formas de
conectividade entre as Áreas Naturais Protegidas (ANPs) existentes no país
utilizando-se, por exemplo, da criação de Corredores Ecológicos.
A Lei n° 9.985 de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC) no Brasil (BRASIL, 2000) e o Decreto n° 4.340 de agosto de
2002 que a regulamenta (BRASIL, 2002), reconhecem os Corredores Ecológicos
(CEs) como importantes instrumentos e ferramentas de gestão ambiental e
territorial voltados à conservação da natureza, sua biodiversidade e ao
desenvolvimento sustentável.
O Artigo 2 da Lei do SNUC (BRASIL, 2000) define “Corredor Ecológico”
como uma “porção de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando
Unidades de Conservação”. Outras definições conceituais existentes para
“Corredor Ecológico” estão relacionadas à escala de abrangência deste modelo
num espaço em que a conectividade entre populações, ecossistemas e
processos ecológicos é mantida ou restaurada. Essas escalas variam desde a
criação de pequenas conexões entre dois fragmentos de florestas até o
2
planejamento de uma grande região, com objetivos mais amplos e que vão
além da conservação da biodiversidade (REMAP, 2014).
No Brasil, a ideia de se conectar Áreas Naturais Protegidas por meio dos
Corredores Ecológicos foi muito utilizada na Mata Atlântica, como estratégia para
alavancar as ações de conservação deste bioma muito ameaçado, fragmentado e
com ANPs muito pequenas (REMAP, 2014, AYRES et al., 2005).
Sendo assim, embora o modelo de Corredores Ecológicos seja nacional e
mundialmente conhecido e apesar dos avanços e pesquisas sobre o tema, ainda
existem muitas lacunas do conhecimento a respeito de sua utilização e muito
ainda deve ser feito até que o modelo seja realmente efetivo, aplicável e atinja
seus objetivos de gestão integrada e de conectividade das áreas (UC-
SÓCIOAMBIENTAL, 2014), com foco na conservação da biodiversidade.
Mesmo o SNUC existindo em forma de lei, não existem ainda regras muito
claras e nem muitas experiências de gestão integrada de Áreas Naturais
Protegidas com os Corredores Ecológicos, e poucos são ainda os instrumentos de
aplicação e gestão desse modelo (UC-SÓCIOAMBIENTAL, 2014).
Dessa forma, esse trabalho teve como objetivos: realizar uma análise
quantitativa dos Corredores Ecológicos implantados no Brasil, apresentar o
modelo de Corredores Ecológicos como um importante instrumento/ferramenta
na gestão e conservação da biodiversidade de Áreas Naturais Protegidas, seus
principais desafios de aplicação e ainda ressaltar a importância ecológica da
conectividade entre Áreas Naturais Protegidas por meio dos conceitos da
Teoria da Biogeografia de Ilhas, Metapopulações e da Ecologia da Paisagem e
dos Ecossistemas.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. A Ecologia da Paisagem e dos Ecossistemas
A Ecologia da Paisagem e dos Ecossistemas baseia-se na premissa de
que os padrões dos elementos da paisagem influenciam, significativamente,
nos processos ecológicos (TURNER e GARDNER, 1990), sendo uma das
primeiras ciências a tratar a paisagem como um mosaico, levando em
consideração a abordagem geográfica, que privilegia o estudo da influência do
homem sobre a paisagem e a gestão do território; e a abordagem ecológica
sobre o contexto espacial e da conectividade florestal que privilegia a
importância dos processos ecológicos e suas relações em termos da
conservação biológica (METZGER, 2001).
Na abordagem ecológica, os Corredores Ecológicos possuem como
objetivos, possibilitar o fluxo gênico e o movimento da biota, facilitar a
dispersão de espécies, a recolonização e recuperação de áreas degradadas e
a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas
com uma extensão maior do que uma ANP individual (ICMBIO, 2014), assim
como é o caso de algumas espécies de médios e grandes mamíferos
(RODRIGUES e OLIVEIRA, 2006).
No Brasil, apenas três Unidades de Conservação possuem tamanhos
suficientes para manter populações viáveis no longo prazo (FUNDO VALE, 2012),
sendo elas a Estação Ecológica (ESEC) Grão Pará, no estado do Pará, com 4,2
milhões de hectares, sendo a maior unidade de conservação de proteção integral
em florestas tropicais no mundo, seguida do Parque Nacional (PARNA)
Montanhas do Tumucumaque, no estado do Amapá, com 3,8 milhões de hectares,
e da Floresta Estadual do Paru, também no estado do Pará, com 3,6 milhões de
hectares, sendo a maior unidade de conservação de uso sustentável nos trópicos
(CI BRASIL, 2006, ICMBIO, 2014).
Por meio da Figura 1, que apresenta as Unidades de Conservação
Federais considerando apenas Parques Nacionais, Reservas Biológicas e
Estações Ecológicas, que são unidades de proteção integral, podemos ter uma
ideia desse cenário.
4
Figura 1: Tamanho das UCs Brasileiras considerando Parques Nacionais, Reservas Biológicas
e Estações Ecológicas (Fonte: SALVIO, 2002).
A Ecologia da Paisagem e dos Ecossistemas possui como objetivo
analisar a interação dos componentes espacial e temporal da paisagem,
associados à fauna e à flora (OLIVEIRA, 2006), considerando a distribuição
dos fragmentos florestais ao longo da paisagem, sua forma, seu histórico de
perturbação e tipo de vizinhança (ambientes adjacentes), seu grau de
isolamento e como citado acima, o seu tamanho.
Essa “ciência” da Paisagem vem promovendo avanços nos estudos
sobre fragmentação e conservação de espécies e ecossistemas, pois permite a
integração da heterogeneidade espacial e do conceito de escala na análise
ecológica, tornando esses trabalhos ainda mais aplicados para a resolução de
problemas ambientais ligados a conservação da biodiversidade (METZGER,
2001).
Por lidar com a relação entre padrões espaciais e processos ecológicos,
é necessário quantificar com precisão os elementos espaciais. O conhecimento
dos elementos de uma paisagem é essencial para a identificação desses
padrões e uma das formas de quantificação da estrutura da paisagem ou de
seu padrão espacial é a utilização das “métricas da paisagem” ou “índices da
paisagem” (METZGER, 2006).
Tais métricas são agrupadas em duas categorias: os índices de
composição e os índices de disposição. Os índices de composição apresentam
5
uma ideia de quais fragmentos ou Unidades de Conservação estão presentes
na paisagem, da riqueza dessas unidades e da área ocupada por elas.
Já os índices de disposição quantificam o arranjo espacial dessas
unidades em termos do grau de fragmentação, grau de isolamento, se há
conectividade de manchas de unidades semelhantes, tamanho das áreas, seus
formatos e toda a complexidade de formas e elementos que compõem o
mosaico da paisagem. Estes índices de disposição podem ser utilizados para
caracterizar um fragmento da paisagem (em termos de tamanho, formato, ou
isolamento) e a paisagem como um todo (diversidade, riqueza e conectividade)
(METZGER, 2006).
Dessa forma e através da utilização das métricas e dos diversos
métodos de estudo dessa ciência, pode-se melhor obter uma ideia da
fragmentação florestal na paisagem.
2.2. A Fragmentação Florestal
A fragmentação florestal comumente se refere às alterações em um
habitat original e trata-se de um processo no qual um habitat continuo ou matriz
é dividido em manchas resultando em pequenos fragmentos florestais mais ou
menos isolados. Esses fragmentos florestais são áreas de vegetação naturais
interrompidas por barreiras antrópicas, inseridos, por exemplo, em uma matriz
de agricultura, vegetação secundária, solo degradado ou área urbanizada
(KRAMER, 1997). Essa fragmentação florestal é capaz de diminuir
significativamente o fluxo de animais, polinizações, dispersão de frutos e
sementes e a divisão em partes de uma área antes contínua faz com que estas
partes adquiram condições ambientais e ecológicas diferentes (O ECO, 2014).
Especialmente no contexto brasileiro, a fragmentação florestal possui
como principais causas a extração de madeira, a supressão da floresta por
meio de queimadas, a substituição da cobertura florestal nativa por
reflorestamento com espécies exóticas, a agropecuária que substitui os
remanescentes florestais por pastagens e áreas de cultivo, mineração,
urbanização e a implantação de infraestrutura de transportes (estradas) e
energia (hidroelétricas, redes de transmissão) (O ECO, 2014).
6
Estes processos oriundos do desenvolvimento humano acabam criando
habitats precários para as espécies na área fragmentada e quanto menos
áreas naturais, menores serão os espaços para as espécies viverem e se
reproduzirem, provocando uma redução no número de plantas, animais e
microrganismos que conseguem viver naquele determinado lugar. Embora nem
todas as espécies sejam afetadas da mesma forma, onde áreas precárias para
uma espécie podem ser de boa qualidade para outras, o processo altera os
habitats disponíveis e, portanto, todas as comunidades são afetadas. Uma
espécie que mantém relações de dependência com outras, pode ser extinta e,
consequentemente, também desaparecerão várias outras com as quais ela
interagia (O ECO, 2014), gerando assim um efeito cascata.
Outras consequências possíveis da fragmentação florestal são a
redução do tamanho da população; inibição ou redução da migração; imigração
de espécies exóticas para as áreas desmatadas circundantes e para o próprio
fragmento, afetando as espécies nativas restantes.
Por fim, há o efeito de borda, onde depois de fragmentado, ocorre um
conjunto de alterações no ecossistema devido à abertura de clareiras e ao
desmatamento em seu entorno. Basicamente, quando uma seção de mata
passa a estar cercada por áreas abertas, ou seja, quando é fragmentada,
ocorre um aumento da incidência de luz solar em suas bordas. A maior
luminosidade aumenta a temperatura do solo e diminui a umidade do ar. As
árvores que estão na borda do fragmento ficam mais expostas ao vento,
tornando-as vulneráveis à queda, risco que não havia no interior da floresta,
onde praticamente não há vento. E com a queda das árvores mais externas, a
borda encolhe a floresta e o fragmento fica cada vez menor e quanto menor a
área do fragmento, mais intenso é este fenômeno (O ECO, 2014), podendo
levar a extinção do fragmento e das populações que ali habitavam.
As causas da fragmentação florestal citadas anteriormente ocorrem por
meio de diferentes processos como, por exemplo, a perfuração (ex: formação
de clareiras), dissecção (ex: construção de estradas), fragmentação, redução e
perda do habitat. A Figura 2 ilustra esses processos de fragmentação florestal,
evidenciando a evolução desses em cada caso.
7
15
Perfuração (Ex. Brocagem na Amazônia)
Source: Murphy©AMNH-CBC
Dissecção
Fragmentação
Redução
Perda de habitat
Figura 2: Exemplificação dos processos de Fragmentação Florestal (Fonte: MURPHY AMNH-CBC, 2014).
A Perfuração, como exemplificado na Figura 2, geralmente ocorre
quando clareiras são abertas na matriz florestal, gerando um efeito de
fragmentação de dentro para fora. A Dissecção acontece, por exemplo, durante
a construção de estradas, a instalação de muros e cercas, gerando assim a
divisão e quebra da continuidade da matriz. O processo de Fragmentação em
si, quando há a divisão de ambientes, gerando a formação de fragmentos
florestais isolados. A Redução geralmente irá ocorrer em um ambiente já
fragmentado e essa redução pode ocorrer tanto pela ação antrópica, quanto
pelo efeito de borda, gerando a diminuição dos fragmentos existentes. Por fim,
temos a Perda de Habitat, que seja pela ação do homem, seja pelo efeito de
borda, ocasiona o desaparecimento de um fragmento ou habitat existente.
Seguindo uma ordem, geralmente os processos de Perfuração e Dissecção
são o ponto de partida para o processo de Fragmentação, que terão como
consequência a Redução e Perda de Habitats.
Diante desses processos, os fragmentos florestais devem ser vistos
como resultados de um processo histórico de perturbação da vegetação, nos
quais vários fatores interagem ao longo do tempo.
8
Para Gascon e colaboradores (1999), fragmentação é o resultado final
de assentamentos humanos e da extração de recursos em uma paisagem,
formando um mosaico de pequenas áreas naturais isoladas em um mar de
terra desenvolvida. Na Figura 3 vemos um exemplo de fragmentação
promovida por atividades agrícolas.
Figura 3: Exemplificação de Fragmentação Florestal pela expansão da agricultura (redução)
(Fonte: MONGABAY, 2009).
Após o ambiente fragmentado, os principais fatores que afetam a
dinâmica de fragmentos florestais são o tamanho, forma, grau de isolamento,
tipo de vizinhança (ambientes adjacentes) e histórico de perturbações (VIANA,
TABANEZ e MARTINS, 1992). Esses fatores apresentam relações com
fenômenos biológicos que afetam a natalidade e a mortalidade de plantas
como, por exemplo, o efeito de borda, a deriva genética e as interações entre
plantas e animais (OLIVEIRA, 2011). Na Figura 3, podemos observar um
fragmento florestal pequeno, com alto grau de isolamento e pressão do efeito
de borda.
As consequências negativas da fragmentação e quebra da continuidade
da matriz florestal (Figura 4), materializam-se também em consequências
bióticas, como na vulnerabilidade dos habitats, na diminuição das populações
9
animais e vegetais, sua diversidade genética e consequentemente na extinção
de espécies (PEREIRA, 2007). Na Figura 4 vemos um exemplo da
fragmentação e quebra da continuidade da matriz florestal promovida pela
abertura de uma estrada (dissecção).
Figura 4: Exemplificação de Fragmentação Florestal pela construção de estradas (dissecção) (Fonte: GOOGLE IMAGENS, 2014).
Em suma, a fragmentação florestal ocorre quando uma grande extensão
do habitat é transformada em alguns “pedaços” ou partes de menor área,
isolados entre si por uma matriz de habitat diferente da original (RAMOS,
2004). Quando a vizinhança e a paisagem que circunda os fragmentos são
inóspitas para as espécies do habitat original, e quando a dispersão dessas
espécies é reduzida ou “bloqueada”, os fragmentos remanescentes podem ser
considerados verdadeiras “ilhas de habitat” onde a comunidade local estará
isolada (RAMOS, 2004).
2.3. A Teoria da Biogeografia de Ilhas
Os diversos estudos de fragmentação florestal hoje existentes
começaram após os trabalhos pioneiros de MacArthur e Wilson (1967), cuja
teoria foi publicada no livro: a Teoria da Biogeografia de Ilhas e quando se trata
10
de fragmentos florestais ou “ilhas de remanescentes florestais”, o principal
referencial teórico é fornecido por essa teoria. (MACARTHUR e WILSON,
1967).
Tal teoria sugere que o número de espécies em uma ilha seja um
balanço entre os processos de imigração e extinção, os quais seriam
dependentes do tamanho e do isolamento das ilhas, bem como das
características das próprias espécies, com suas habilidades de dispersão e a
densidade de suas populações. Em outras palavras, a teoria busca prever o
número de espécies que uma ilha de determinado tamanho e grau de
isolamento poderá suportar, baseando-se no balanço entre imigração e
extinção.
De acordo com a teoria de MacArthur e Wilson (1967) e segundo Viana
(1990), o tamanho de um fragmento florestal apresenta forte correlação com a
diversidade biológica, onde em fragmentos pequenos, geralmente não se pode
esperar uma riqueza de espécies animais e vegetais muito alta. Sendo assim, o
tamanho da área de uma determinada ilha ou fragmento influenciará
diretamente nas taxas de extinção, como pode ser visto na Figura 5.
Figura 5: Relação entre tamanho do fragmento e taxas de extinção (Fonte: NEWMARK, 1996).
11
Conforme apresentado no gráfico da Figura 5, o tamanho da área do
fragmento florestal é inversamente proporcional à taxa de extinção, ou seja,
quanto maior a área menor serão os níveis de extinção de espécies.
Estudos de Collinge (1996), Fahrig (2002) e Watson e colaboradores
(2005) também indicaram estreita relação entre o tamanho de fragmentos
florestais e o declínio de populações e espécies. A Figura 6 apresenta essa
relação, onde quanto maior a área em Km², maior é o número de espécies.
Figura 6: Relação entre o número de espécies e o tamanho da área (Fonte: MACARTHUR & WILSON, 1967).
A Teoria da Biogeografia de Ilhas e os estudos citados demonstram que
a riqueza de espécies aumenta com o tamanho do fragmento/ilha, deixando
clara a importância da manutenção de grandes fragmentos florestais para a
conservação da biodiversidade no longo prazo.
Assim como citado anteriormente, o isolamento também é fator
determinante na dinâmica de fragmentos florestais. Esse fator abordado pela
Teoria da Biogeografia de Ilhas baseia-se na premissa de que a riqueza diminui
com o aumento do isolamento do fragmento/ilha, relacionando-o também com
o balanço entre imigração e extinção.
12
Apesar de a dispersão ser reduzida, e em alguns casos até mesmo
“bloqueada”, de acordo com o grau de isolamento, a teoria considera que os
fragmentos/ilhas não funcionam como um sistema fechado, onde as espécies e
populações migram entre os fragmentos isolados gerando uma dinâmica de
extinções e recolonizações locais.
Após muitos e recentes estudos sobre essa dinâmica de populações
entre os fragmentos florestais, originou no meio cientifico um novo conceito
chamado Metapopulações, o qual será abordado a seguir.
2.4. O Conceito de Metapopulações
Assim como exemplificado no item 2.2, a fragmentação florestal
originará na maioria das vezes, fragmentos isolados. Na Figura 7 observa-se
novamente a evolução do processo de fragmentação por meio da formação de
clareiras na matriz florestal (etapas A e B), e os remanescentes florestais
isolados como resultado final (etapa C), propiciando a formação de
Metapopulações.
Figura 7: Exemplificação do processo de formação de clareias (Gap Formation) na Fragmentação Florestal, favorecendo o surgimento de Metapopulações (Fonte: GROOM et al., 2006).
13
Imaginando-se o cenário da Figura 7, onde alguns fragmentos florestais
encontram-se isolados e relativamente próximos entre si, o conceito de
Metapopulações é definido como um conjunto de populações que habitam
esses fragmentos e que são conectadas por indivíduos que se movem entre
eles, gerando assim uma dinâmica de extinções e recolonizações locais
(GILPIN e HANSKI, 1991), como citado no final do item anterior.
No processo exemplificado na Figura 7, além da perda de espécies
provocada pela fragmentação da matriz florestal, pode ocorrer inicialmente,
uma migração de espécies para os fragmentos remanescentes, que podem
funcionar como refúgios. Assim, extinções locais, dispersão e colonização
serão frequentes até que ocorra o estabelecimento de um novo equilíbrio
(LOVEJOY, 1980) e de Metapopulações.
Imaginando-se que as populações fossem fechadas, no caso das
Metapopulações cada fragmento seria uma população isolada e sem
conectividade com as outras. Porém, é fundamental na perspectiva das
Metapopulações reconhecer a importância da migração entre as manchas de
habitat (BEGON et al., 2010).
O conceito de Metapopulações, assim como da Ecologia da Paisagem e
dos Ecossistemas, vê o habitat como um mosaico, com fragmentos sendo
“perturbados” e recolonizados por indivíduos de diferentes espécies. E,
implícito nesse conceito está o papel fundamental das perturbações como um
mecanismo de “reinicialização” (PICKETT e WHITE, 1985).
Assim como citado acima, um fragmento individual, isolado e sem
migração de indivíduos é, por definição um sistema fechado e qualquer
extinção causada por perturbações nesse fragmento seria definitiva.
Entretanto, extinções locais dentro de Metapopulações (um sistema aberto),
não representam necessariamente o fim da população ou espécie, devido à
possibilidade de recolonização proveniente de outras populações e fragmentos
(BEGON et al., 2010).
Em um cenário de sistema fechado, ou em um cenário de sistema
aberto onde a dispersão pode ser reduzida de acordo o grau de isolamento dos
fragmentos e das habilidades de dispersão das espécies, a ideia de se
estabelecer Corredores Ecológicos vem para propiciar a dinâmica de
Metapopulações e esses fluxos biológicos entre elas (MELLO, 2013).
14
Em ambientes com Metapopulações, alguns fragmentos florestais
possuem altas taxas de crescimento populacional e fornecem constantemente
indivíduos migrantes, sendo chamados de fragmentos Fonte, já outros não
conseguem se autossustentar e dependem dos indivíduos migrantes para sua
recolonização, sendo chamados de fragmentos Sumidouro. A Figura 8 a seguir
ilustra esses tipos de fragmentos.
Figura 8: Exemplo de Fragmentos Fonte e Fragmentos Sumidouro (Fonte: VIVEIROS DE CASTRO e FERNANDEZ, 2004).
Esse movimento e migração entre as populações locais exemplificado
na Figura 8, tem uma influência na dinâmica ecológica local, onde os
fragmentos Fonte (em cinza) fornecem indivíduos migrantes e auxiliam a
recolonização e o restabelecimento de populações locais extintas dos
fragmentos Sumidouro (em branco). A estrutura de Metapopulações permite
esse fluxo gênico entre populações locais e isso é fundamental em espécies
com populações ameaçadas. (MELLO, 2013).
Espécies que possuem pequena área de vida ou que vivem em micro
hábitats, como insetos florestais em tronco de árvores mortas ou insetos em
poças d’água, anfíbios em brejos/lagoas, aves e pequenos mamíferos em
pequenos bosques são altamente dependentes das Metapopulações
(USP/LEPAC, 2014), do contrário suas populações seriam inviáveis no médio e
longo prazo.
A fragmentação florestal está levando à formação de paisagens
contendo apenas pequenas e isoladas manchas de habitat e populações
pequenas e isoladas são altamente susceptíveis de serem extintas. A
15
persistência de espécies nestas paisagens dependerá de uma dinâmica e um
fluxo biológico regional.
A análise da dinâmica de Metapopulações, em conjunto com o modelo
de Corredores Ecológicos é importante, de modo que permite focalizar, planejar
e propiciar essa dinâmica regional (USP/LEPAC, 2014) de forma mais
abrangente e com o foco na conservação da biodiversidade.
2.5. A Importância da Conectividade entre Áreas Naturais Protegidas
Conectar fragmentos florestais pequenos e isolados, como é o caso de
muitas Áreas Naturais Protegidas no Brasil, se torna importante uma vez que
tamanho e isolamento são fatores determinantes na viabilidade das populações
e espécies presentes nessas áreas, que ao longo do tempo, terão reduzidas
taxas de migração e recolonização e consequentemente, altas taxas de
extinção.
A ideia da conectividade por meio dos Corredores Ecológicos se baseia
na criação de uma rede de Unidades de Conservação, parques, reservas e
outras áreas naturais de uso menos intensivo, que são gerenciadas de maneira
integrada em escala regional, aumentando a probabilidade de uma população
contribuir para sustentar outras.
Esse conceito de conservação in situ, ou seja, por meio de Áreas
Naturais Protegidas, resultou da necessidade em identificar e selecionar locais
para conservar e maximizar a proteção da biodiversidade, baseando-se na
conservação em longo prazo de espécies e habitats por meio do
funcionamento dos processos ecológicos naturais.
Porém, como vimos no decorrer desse trabalho, poucas são as áreas
capazes de manter a conservação da biodiversidade no longo prazo e o
modelo de Corredores Ecológicos surge para garantir a ligação entres Áreas
Naturais Protegidas e a sobrevivência do maior número possível de espécies
de uma região em função de sua importância biológica (REMAP, 2014).
A Figura 9 apresenta um exemplo de Corredor Ecológico implantado em
2012 pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ que reconecta duas
Unidades de Conservação do Pontal do Paranapanema, em São Paulo, sendo
elas a Estação Ecológica Mico Leão Preto, que tem quatro fragmentos e um
16
total de sete mil hectares, e o Parque Estadual do Morro do Diabo, com 37 mil
hectares de mata.
Figura 9: Exemplo de Corredor Ecológico implantado em meio a expansão agrícola, unindo duas Unidades de Conservação no Pontal do Paranapanema, em São Paulo (Fonte: IPÊ, 2014).
Os processos ecológicos que geram e mantém a biodiversidade
existem em dimensões que ultrapassam os limites de ANPs individuais e
isoladas, sendo importante planejar e implantar corredores como o
apresentado na Figura 9.
Para isso, assim como citado no item 2.1 desse trabalho, devemos
fazer uma relação entre os padrões espaciais e os processos ecológicos,
sendo essencial e necessário quantificar com precisão os elementos da
paisagem a se trabalhar (METZGER, 2006).
Quando buscamos conectar fragmentos isolados, devemos levar em
consideração os índices de proximidade e o grau de isolamento entre eles.
Os índices de proximidade se referem às métricas que se baseiam na
distância do fragmento vizinho mais próximo, baseado na distância borda-a-
borda. A proximidade é importante para os processos ecológicos e tem
17
implícito em seus valores o grau de isolamento dos fragmentos sobre o grau
de fragmentação da paisagem, de tal forma que o grau de isolamento pode
ser definido pela média das distâncias até os seus vizinhos mais próximos
(FORMAN e GODRON,1986; MCGARIGAL e MARKS, 1995).
Segundo Viana e Pinheiro (1998), o grau de isolamento afeta o fluxo
gênico entre fragmentos florestais e, portanto, a sustentabilidade e a
diversidade de populações naturais. O grau de isolamento varia de forma
significativa na paisagem e a conectividade entre os fragmentos tende a
diminuir em paisagens mais intensamente cultivadas e desenvolvidas.
O isolamento causa modificações profundas na dinâmica das
populações de animais e vegetais (VIANA, TABANEZ e MARTINS, 1992) e
não depende apenas da distância, mas também do tipo de vizinhança, e da
“permeabilidade” desta, que quanto mais permeável for, menor será o
isolamento das populações de fragmentos terrestres.
Ao recuperar os fragmentos florestais, aumenta-se o potencial destes
como “ilhas de biodiversidade” e ao conectá-los através de Corredores
Ecológicos, aumenta-se o fluxo de animais e sementes, contribuindo para a
variabilidade genética entre diferentes populações.
Sendo assim, os Corredores Ecológicos são considerados atualmente
uma das principais estratégias de conservação da biodiversidade em todo o
mundo, pois além de reduzirem a fragmentação dos remanescentes
florestais, permitem a colonização dessas áreas pelas espécies de plantas e
animais (IEMA, 2006).
O aumento da conectividade através de Corredores Ecológicos entre
Unidades de Conservação e, até mesmo entre fragmentos mais bem
conservados, pode permitir a manutenção destes a longo prazo e promover a
recuperação da funcionalidade ecológica de determinadas unidades
atualmente “ilhadas” (ZAÚ, 1998).
Segundo Viana e Pinheiro (1998), podem ser identificadas diversas
estratégias para o aumento da conectividade entre fragmentos, destacando-
se dentre elas o estabelecimento de Sistemas Agroflorestais, de Corredores
Ripários (APPs, Matas Ciliares e de Galeria) e a recuperação de encostas e
áreas degradadas, favorecendo assim o aumento da permeabilidade da
18
matriz e a diminuição do isolamento entre os fragmentos (VIANA e
PINHEIRO, 1998).
Na Figura 10 vê-se um exemplo da recuperação de vegetação ripária
(APP) formando um corredor e diversas outras conexões florestais pela
paisagem.
USDA Natural Resources Conservation Service
Figura 10: Exemplo de Corredor Ecológico implantado em Vegetação Ripária (Fonte: USDA - NATURAL RESOURCES CONSERVATION SERVICE, 2014)
Um rio não é apenas um canal cheio de água e sedimentos, que seria
a sua definição mais estrita e limitada. Graças ao seu Corredor Ripário, se
protegido, também é um corredor paralelo de espécies vegetais e animais
(ARIZIPE, 2009).
2.6. Os Rios e a Vegetação Ripária como Corredores Ecológicos
Os sistemas fluviais são uma via de migração de muitas espécies de
flora e fauna e a vegetação ripária possui um elevado interesse ecológico
devido á função que desempenha em numerosos processos relacionados com
a qualidade do meio físico e biótico, como os ciclos de vida das espécies da
fauna aquática e terrestre, interligando diferentes habitats e melhorando
qualidade ambiental dos sistemas adjacentes (ARIZIPE, 2009).
No Brasil, o estímulo ao estabelecimento de Corredores Ecológicos por
meio de rios e de sua vegetação ripária (Corredores Ripários) é viável, uma vez
que a proteção e recomposição de Áreas de Preservação Permanente - APPs
já é prevista por lei (OLIVEIRA, 2011) no Código Florestal Brasileiro (BRASIL,
2012).
19
O estabelecimento de Corredores Ripários além de regularizar as
propriedades que não seguem a obrigação legal de manter uma reserva de
mata intacta, restaura a biodiversidade local e regional.
Assim como apresentado na Figura 11, numa escala territorial mais
ampla, a bacia hidrográfica de um rio, que é muito mais do que uma mera
estrutura linear na rede de drenagem, sustenta um complexo sistema de
interações no espaço e no tempo.
Figura 11: Exemplo de Vegetação Ripária preservada propiciando a formação de Corredores
Ecológicos Naturais (Fonte: SÁVIO BRUNO, 2014).
Diante da dimensão geográfica e ambiental dos cursos d’água há
grande importância e necessidade de se conservar e proteger os rios e suas
respectivas margens florestais, com a sua estrutura e funções naturais
(ARIZIPE, 2009).
Corredores Ripários, além de estarem respaldados na lei (BRASIL,
2012), auxiliam na resolução de três grandes problemas ambientais atuais:
promovem a conectividade entre áreas naturais e fragmentos florestais
isolados; auxiliam na conservação da biodiversidade da fauna e da flora
20
ripárias e das áreas conectadas e; protege e auxilia na conservação e
manutenção dos recursos hídricos (MELLO, P. C. G. S. e 2014 - observações
pessoais).
3. METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado por meio de um levantamento bibliográfico, no
qual se utilizou da consulta a sites especializados no tema abordado, artigos
científicos publicados em eventos e periódicos, livros de referência na área,
teses e dissertações, além da legislação ambiental em vigor.
No total foram consultados 10 periódicos, dentre eles as revistas Biota
Neotropica, Conservation Biology, Floresta e Ambiente e Journal of Biogeography,
nove livros, oito artigos, oito sites, dentre eles os sites do Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade - ICMBIO, da Conservação Internacional – CI
do Brasil e do Instituto de Pesquisas Ecológicas - IPÊ, quatro monografias, sendo
uma de graduação, duas dissertações de mestrado e uma tese de doutorado, três
trabalhos universitários em power point (ppt.), uma Lei, um Decreto e duas
Portarias, todas relativas ao SNUC, além da Lei do Código Florestal Brasileiro.
A seguir relacionam-se algumas das principais referências utilizadas para a
realização dessa pesquisa.
Livros
- Zonas Ribeirinhas Sustentáveis: um guia de gestão.
- Os Corredores Ecológicos das florestas tropicais do Brasil.
- Ecologia: De Indivíduos a Ecossistemas.
- Landscape Ecology.
- Áreas Protegidas: Série Integração, Transformação, Desenvolvimento.
- Principles of Conservation Biology.
- The Theory of Island Biogeography.
- Fragstats: Spatial pattern analysis program for quantifying landscape
structure: reference manual.
- Métodos de estudo em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre.
21
Monografias
Graduação:
- Caracterização da fragmentação florestal para produção de sementes no
entorno capixaba do parque Nacional do Caparaó.
Mestrado:
- A utilização da paisagem fragmentada por mamíferos de médio e grande porte
e sua relação com a massa corporal na região do entorno de Aruanã, Goiás.
- Diagnóstico dos fragmentos florestais e das áreas de preservação
permanente no entorno do parque Nacional do Caparaó, no estado de Minas
Gerais.
Doutorado:
- Polinização e qualidade de sementes produzidas por Psychotria tenuinervis
(Rubiaceae) em fragmentos de Mata Atlântica: efeito da distância de bordas
antrópicas e naturais.
Legislação
Decreto n° 4.340, de 22 de agosto de 2002.
Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000.
Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012.
Portaria n° 76, de 11 de março de 2005.
Portaria n° 131, de 04 de maio de 2006.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Análise quantitativa dos Corredores Ecológicos implantados no Brasil
A implementação de um Corredor Ecológico depende da pactuação e
parceria entre a União, Estados e Municípios para permitir que os órgãos
governamentais responsáveis pela preservação do meio ambiente e outras
instituições parceiras possam atuar em conjunto para fortalecerem a gestão
das Unidades de Conservação, elaborarem estudos, prestarem suporte aos
proprietários rurais e aos representantes de comunidades quanto ao
planejamento e ao melhor uso do solo e dos recursos naturais e auxiliarem no
processo de averbação e ordenamento das Reservas Legais – RL e
22
recuperação de Áreas de Preservação Permanente - APP, entre outros
(ICMBIO, 2014).
O modelo de Corredor Ecológico foi incorporado às políticas ambientais
através do SNUC, que em seguida atribuiu ao Ministério do Meio Ambiente o
reconhecimento desta unidade territorial, que só se torna oficial quando ganha
reconhecimento do Ministério do Meio Ambiente - MMA.
Dessa forma, foram considerados para essa análise, apenas os
Corredores Ecológicos reconhecidos pelo MMA, sendo constatados até o
momento apenas dois (2) reconhecimentos (MMA, 2014), além de três (3)
corredores não reconhecidos, mas que melhor representam o conceito e
modelo proposto por esse trabalho.
O primeiro é o Corredor Capivara-Confusões, que conecta o Parque
Nacional da Serra da Capivara ao Parque Nacional da Serra das Confusões. O
segundo é o Corredor Caatinga, cuja área engloba oito Unidades de
Conservação entre os estados de Pernambuco, Bahia e Sergipe (O ECO,
2014, MMA, 2014). Os tres (3) corredores não reconhecidos são o Corredor
Ecológico de Santa Maria, o Corredor Ecológico do Instituto de Pesquisas
Ecológicas – IPÊ e o Corredor Ecológico da Trilha Transcarioca, que serão
abordados mais a diante.
O Corredor Capivara-Confusões com base o disposto na Lei no 9.985,
de 18 de julho de 2000 (BRASIL, 2000) que institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) e no Decreto n° 4.340, de 22
de agosto de 2002 (BRASIL, 2002), que a regulamenta, foi reconhecido pela
Portaria n° 76, de 11 de março de 2005, que em seu Artigo 2° cria o Corredor
Ecológico de 414.565 hectares conectando o Parque Nacional da Serra da
Capivara e o Parque Nacional da Serra das Confusões, no Estado do Piauí.
Na Figura 12 podemos ter uma ideia da distribuição espacial desse
corredor no bioma Caatinga.
23
Figura 12: Distribuição espacial do Corredor Capivara-Confusões entre o Parque Nacional da
Serra das Confusões e o Parque Nacional da Serra da Capivara (Fonte: MMA, 2014).
O Corredor Caatinga, também com base o disposto na Lei do SNUC,
foi criado pela Portaria n° 131/GM publicada no Diário Oficial da União de 04 de
maio de 2006, que em seu Artigo 1° reconhece como Corredor Ecológico da
Caatinga, os territórios que interligam as seguintes Unidades de Conservação:
Parque Nacional do Catimbau, a Reserva Biológica de Serra Negra, a Reserva
Particular do Patrimônio Natural Cantidiano Valqueiro Barros, a Reserva
Particular do Patrimônio Natural Reserva Ecológica Maurício Dantas, todas no
Estado de Pernambuco; o Parque Natural Municipal Lagoa do Frio, no Estado
de Sergipe; a Estação Ecológica do Raso da Catarina, a Área de Proteção
Ambiental Serra Branca/Raso da Catarina e a Área de Relevante Interesse
Ecológico Cocorobó, estas ultimas no Estado da Bahia, totalizando um corredor
de aproximadamente 5,9 milhões de hectares. Não foram encontrados
mapas/imagens com a delimitação desse corredor.
Além destes, existem atualmente outros sete (7) corredores ecológicos
em fase de implantação ou estudo, não reconhecidos ainda pelo MMA, mas
que foram considerados também nesta pesquisa no intuito de enriquecer a
análise.
24
Cinco deles estão no bioma Amazônia, sendo o Corredor Central da
Amazônia, Corredor Norte da Amazônia, Corredor Oeste da Amazônia,
Corredor Sul da Amazônia e Corredor Ecótono Sul-Amazônico. Os outros dois
no bioma Mata Atlântica, sendo o Corredor Central da Mata Atlântica e
Corredor Sul da Mata Atlântica (ou Corredor da Serra do Mar) (O ECO, 2014).
Juntos, estes sete corredores propostos, representam cerca de 25% das
florestas tropicais úmidas do Brasil (AYRES et al., 2005) (Tabela 1).
Esses corredores fazem parte do Projeto Corredores Ecológicos que foi
concebido no âmbito do Programa Piloto para a Proteção das Florestas
Tropicais do Brasil (PPG7) como uma área extensa de grande importância
ecológica, composta por ecossistemas prioritários para a conservação da
biodiversidade, Unidades de Conservação, terras indígenas e áreas de
interstício.
O Projeto Corredores Ecológicos vem sendo construído dentro do MMA
desde 1997 passando por um longo processo de elaboração, entretanto,
inicialmente o MMA decidiu concentrar seus esforços apenas no Corredor
Central da Mata Atlântica (CCMA) e o Corredor Central da Amazônia (CCA)
com o propósito de testar e abordar diferentes condições nos dois principais
biomas e, com base nas lições aprendidas, preparar e apoiar a criação e a
implementação dos demais corredores. (UC-SÓCIOAMBIENTAL, 2014).
Tabela 1: Corredores propostos pelo Projeto Corredores Ecológicos
Bioma Corredor Ecológico Estância Área (ha)
Total
Ano de
Criação
Amazônia
Corredor Central
Corredor Norte
Corredor Oeste
Corredor Sul
Corredor Ecótono Sul-Amazônico
Federal 52.159.206 -
Mata Atlântica Corredor Central
Corredor Sul Federal 12.635.900 -
Fonte: UC-SÓCIOAMBIENTAL (2014).
A seguir é apresentada uma breve descrição das características de cada
corredor e as Unidades de Conservação que os compõem.
25
Corredor Central da Amazônia: composto pela Estação Ecológica de
Mamirauá, a Estação Ecológica de Anavilhanas, a Floresta Nacional de Tefé, o
Parque Nacional do Jaú, além de outras nove UCs e 14 Áreas Indígenas (AIs)
(AYRES et al., 2005, SALVIO, 2002).
Corredor Norte da Amazônia: está situado na fronteira norte do Brasil com a
Colômbia e a Venezuela, incluindo montanhas e ecossistemas de altitude ainda
praticamente intocados. Esse corredor inclui o Parque Nacional do Pico da
Neblina, a Floresta Nacional de Roraima, o Parque Estadual da Serra do Araçá,
além de outras 17 UCs e 20 AIs (AYRES et al., 2005, SALVIO, 2002).
Corredor Oeste da Amazônia: é um ambiente que abriga muitas espécies de
aves, plantas e macacos. Este corredor provavelmente é o mais rico da
Amazônia em termos de diversidade e inclui o Parque Nacional da Serra do
Divisor, a Reserva Extrativista Chico Mendes, a Reserva Extrativista do Rio
Preto-Jacundá, além de 30 outras UCs e 30 AIs (AYRES et al., 2005, SALVIO,
2002).
Corredor Sul da Amazônia: é vitalmente importante para proteger a fauna e a
flora localizada entre os rios da margem direita (sul) do Amazonas: Tapajós,
Madeira, Xingú e Tocantins. Este corredor inclui áreas localizadas nos estados
do AM, PA e MA, abrigando a Floresta Nacional de Tapajós, o Parque Nacional
da Amazônia, a Reserva Biológica de Gurupí, além de três outras UCs e 20 AIs
(AYRES et al., 2005, SALVIO, 2002).
Corredor Ecótono Sul-Amazônico (Amazônia-Cerrado): está localizado nas
áreas de transição entre a Amazônia e as savanas do Cerrado, ecossistema
ameaçado pelo avanço agropecuário. Este corredor inclui o Parque Nacional
do Araguaia, no TO, e mais 17 AIs no AM, MT e TO (AYRES et al., 2005,
SALVIO, 2002).
Corredor Central da Mata Atlântica: contém áreas de alta diversidade nos
estados do ES, MG e costa sul da BA. Abriga muitas espécies de animais e
plantas da planície costeira. Este corredor inclui a Reserva Biológica de
26
Soretama, a Reserva Florestal de Linhares, a Reserva Biológica de Una, o
Parque Nacional de Monte Pascoal, o Parque Nacional da Serra do Caparaó e
outras UCs e AIs que juntas formam a maior concentração de fragmentos
florestais na região (AYRES et al., 2005, SALVIO, 2002).
Corredor Sul da Mata Atlântica ou Corredor da Serra do Mar: representa a
maior extensão de Mata Atlântica contínua e, em termos ecológicos, é o mais
viável para a conservação. Este corredor inclui 27 UCs, como a Área de
Proteção Ambiental Estadual da Serra do Mar, em SP, a APA da Serra da
Mantiqueira, em MG, o Parque Nacional da Serra da Bocaina, no RJ, a APA de
Guaraqueçaba, no PR, e o Parque Nacional de Itatiaia (AYRES et al., 2005,
SALVIO, 2002).
Na Figura 13 a seguir são apresentados os corredores e suas
respectivas distribuições no território nacional brasileiro.
27
Figura 13: Distribuição espacial dos corredores propostos pelo Projeto Corredores Ecológicos
(Fonte: AYRES et al., 2005).
Apesar dos sete (7) corredores representarem parcelas importantes das
florestas tropicais úmidas do Brasil (AYRES et al., 2005), possuem apenas
delimitações políticas de gestão territorial e assim como pode ser visto a seguir
na Figura 14, não necessariamente conectam as Unidades de Conservação
que os compõem, não atendendo em sua totalidade ao conceito de
“Corredores Ecológicos” no sentido proposto ao longo desse trabalho.
28
Figura 14: Corredor Central da Mata Atlântica proposto pelo Projeto Corredores Ecológicos
(Fonte: AYRES et al., 2005).
Como pode ser visualizado na Figura 14, os limites do Corredor Central
da Mata Atlântica abrangem uma área geográfica total de 8.635.900 hectares,
sendo que apenas 314.562 ha encontram-se legalmente protegidos em
Unidades de Conservação oficialmente estabelecidas, dentre Parques
Nacionais, Reservas Biológicas, Florestas Nacionais e Estaduais, Áreas de
Proteção Ambiental Estaduais e Reservas Particulares do Patrimônio Natural,
sendo essas unidades em sua maioria pequenas e isoladas.
29
O modelo de Corredores Ecológicos apresentado ao longo desse
trabalho, baseia-se como definido pelo Artigo 2 da Lei do SNUC, sendo uma
“porção de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando Unidades de
Conservação” (BRASIL, 2000) em uma escala de abrangência na qual seja
propiciada a criação de pequenas conexões entre dois ou mais fragmentos de
florestas e que, a partir de pequenas escalas poderão atingir grandes
proporções como a do Corredor Central da Mata Atlântica.
Como citado anteriormente, além dos “corredores” do Projeto
Corredores Ecológicos, mais três (3) corredores foram identificados, sendo
estes os que melhor representam o conceito e modelo proposto por esse
trabalho, não sendo, porém, reconhecidos oficialmente pelo MMA.
Corredor Ecológico de Biodiversidade de Santa Maria
O Corredor Ecológico de Santa Maria, no Paraná, na fronteira do Brasil,
Paraguai e Argentina, proporciona um caminho verde com mais de 29 mil
hectares, que liga três Unidades de Conservação (Figura 15). O corredor
abrange também as áreas das bacias dos rios Paraná e Iguaçu,
compreendendo os parques nacionais da Ilha Grande e do Iguaçu, o Parque
Estadual do Turvo (RS), a Área de Proteção Ambiental Federal das Ilhas e
Várzeas do Rio Paraná e o Parque Estadual do Morro do Diabo (SP).
Iniciado em 2003, o primeiro passo para a implantação do Corredor da
Biodiversidade foi reconstituir a ligação verde entre a faixa de proteção do
reservatório da Itaipu Binacional e o Parque Nacional do Iguaçu, nos
municípios de Santa Terezinha de Itaipu e São Miguel do Iguaçu. O corredor
leva o nome de uma das fazendas pelas quais passa, a Fazenda Santa Maria
(ITAIPU, 2014).
Na Figura 15 podemos ter uma visão da dimensão do Corredor
Ecológico de Santa Maria.
30
Figura 15: Corredor Ecológico de Santa Maria no Paraná (Fonte: ITAIPU, 2014).
Corredor Ecológico do Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ
O Corredor Ecológico implantado em 2012 pelo Instituto de Pesquisas
Ecológicas – IPÊ, reconecta duas Unidades de Conservação do Pontal do
Paranapanema, em São Paulo, sendo elas a Estação Ecológica Mico Leão
Preto, que tem quatro fragmentos e um total de sete mil hectares, e o Parque
Estadual do Morro do Diabo, com 37 mil hectares de mata.
Ao todo, 1,4 milhões de árvores foram plantadas para reconectar a
porção sul do PEMD (37 mil hectares) com um dos quatro fragmentos da
ESEC-MLP (que tem um total de sete mil hectares), gerando a formação de
700 hectares de um grande corredor florestal que une as duas principais
Unidades de Conservação do bioma no Pontal do Paranapanema no extremo
oeste de São Paulo.
O corredor faz parte do Projeto Corredores da Mata Atlântica iniciado em
2002 pelo IPÊ com o objetivo de conservar a biodiversidade da Mata Atlântica
por meio da restauração florestal em Áreas de Preservação Permanente
(APPs) e Reserva Legal (RL) de propriedades rurais. O projeto está orientado
também na direção de promover a conservação dos recursos florestais, dos
recursos hídricos e da garantia dos serviços ambientais em áreas público-
31
privadas no entrono de Unidades de Conservação do bioma Mata Atlântica do
extremo oeste paulista. Na Figura 16 podemos ter uma melhor ideia da
dimensão do corredor criado pelo instituto.
Figura 16: Corredor Ecológico implantado pelo IPÊ unindo duas Unidades de Conservação no Pontal do Paranapanema, em São Paulo (Fonte: IPÊ, 2014).
Corredor Ecológico da Trilha Transcarioca no Rio de Janeiro
O Corredor Ecológico da Trilha Transcarioca no estado do Rio de
Janeiro, criado pela esfera municipal, está inserido no bioma Mata Atlântica e
possui 25.000 hectares de área. O Corredor Ecológico formado pela Trilha
Transcarioca não é ainda formalmente reconhecido pelo Ministério do Meio
Ambiente, mas tem sido utilizado como estratégia de conservação pelo
32
Mosaico Carioca de Áreas Protegidas, que foi criado pela Portaria MMA nº 245,
de 11 de julho de 2011.
A extensão total do corredor vai do Pão de Açúcar à Restinga da
Marambaia, no Rio de Janeiro, unindo áreas remanescentes de Mata Atlântica
e o objetivo principal de manejar esse corredor chamado de Trilha
Transcarioca, é assegurar que os Parques do Rio sejam ligados por um
Corredor Ecológico, que facilitará o fluxo genético de fauna e flora entre eles.
Na área entre o Parque Estadual da Pedra Branca e o Parque Nacional
da Tijuca, o Corredor da Trilha Transcarioca funciona, sobretudo, como uma
coluna vertebral verde entre os dois parques, garantindo a proteção da área
que liga essas duas Unidades de Conservação.
O Corredor da Trilha Transcarioca integra seis Unidades de
Conservação de proteção integral e uma sustentável, sendo elas, o Parque
Natural Municipal de Grumari, Parque Estadual da Pedra Branca, Parque
Nacional da Tijuca, Parque Natural Municipal da Catacumba, Parque Natural
Municipal da Paisagem Carioca, o Monumento Natural Municipal dos Morros do
Pão de Açúcar e da Urca e a Área de Preservação Ambiental e Recuperação
Urbana Municipal do Alto da Boa Vista.
A seguir na Figura 17 pode-se ter uma noção da extensão desse
corredor.
Figura 17: Corredor Ecológico da Trilha Transcarioca, no Rio de Janeiro (Fonte: WIKIPARQUES, 2014).
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O traçado inicial do corredor foi elaborado por um grupo de trabalho
constituído pelos gestores das Unidades de Conservação abrangidas e
técnicos do ICMBio, INEA e SMAC, bem como por membros da Conservação
Internacional (CI) e voluntários conhecedores da malha de caminhos das
unidades que compõem o corredor.
Na Tabela 2 a seguir, apresenta-se uma síntese dos corredores
reconhecidos pelo MMA e daqueles que melhor representam o conceito e
modelo proposto por esse trabalho.
Tabela 2: Corredores Ecológicos Efetivos
Bioma Corredor Ecológico Estância Área (ha) Ano de
Criação
Caatinga Corredor Capivara-Confusões Federal 414.565 2005
Caatinga Corredor Caatinga Federal 5.900.000 2006
Mata Atlântica Corredor IPÊ - 700 2002
Mata Atlântica Corredor Santa Maria - 29.000 2003
Mata Atlântica Corredor Trilha Transcarioca Municipal 25.000 2011
Como se pode observar por meio dos exemplos de Corredores
Ecológicos apresentados acima e ao longo de todo esse trabalho, a
fragmentação e a avaliação para a criação de Corredores Ecológicos são
processos complexos. Para tornar possíveis as ações que promovam a
interligação dos fragmentos florestais de Áreas Naturais Protegidas através dos
Corredores Ecológicos, é necessário reconstituir a história da vegetação local e
realizar o diagnóstico de sua atual situação (VIANA, 1990; VIANA, TABANEZ e
MARTINS, 1992, OLIVEIRA, 2011), fazer uma análise da paisagem em um
contexto regional, buscando identificar quais as principais barreiras, avaliar as
distâncias de isolamento das áreas e o tamanho dos fragmentos, sem se
esquecer dos pequenos, realizar estudos socioeconômicos e de
desenvolvimento da região, além de inventariar a fauna e espécies mais
vulneráveis das Áreas Naturais Protegidas a se conectar.
Considerando que apenas três das UCs brasileiras possuem tamanho
suficiente para manter populações viáveis a longo prazo, o número de efetivos
Corredores Ecológicos existentes no país ainda é insuficiente se quisermos
manter e conservar a biodiversidade das Áreas Naturais Protegidas existentes.
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Muitos corredores podem e devem ser criados no Brasil para que as
UCs já existentes e as que ainda serão criadas sejam eficientes e sustentáveis
em longo prazo na conservação da biodiversidade.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância das Áreas Naturais Protegidas não apenas para a
conservação da biodiversidade e da paisagem, mas também como
fornecedoras de serviços ambientais indispensáveis às atividades humanas e
garantia da sustentabilidade global, deve ser reconhecida (FUNDO VALE,
2012).
No Brasil, com seu território imenso e megadiverso, essas áreas
ganham ainda mais projeção, pois representam um potencial extraordinário de
soluções inovadoras que podem alçar o país a uma posição de liderança rumo
ao desenvolvimento sustentável (FUNDO VALE, 2012).
Deve-se focar em maneiras inovadoras de aperfeiçoar a conservação
local dessas áreas e quando possível, aumentar a sua abrangência,
propiciando conectividades aos ambientes adjacentes. Para isso, com base
nos atuais conceitos da Biologia da Conservação e da Ecologia da Paisagem, a
função conservacionista das áreas protegidas deve ser maximizada por meio
de um planejamento mais abrangente das áreas onde se inserem (FUNDO
VALE, 2012).
Promover um manejo correto das áreas existentes com a utilização de
métodos mais acurados e eficazes de conservação da biodiversidade por
Gestores Ambientais também é fundamental (FUNDO VALE, 2012).
Apesar dos desafios de planejamento e gestão, a ideia e o modelo de
Corredores Ecológicos que conectem Áreas Naturais Protegidas, devem
continuar sendo apoiados, de forma a proteger parcelas maiores do território,
prevenir a simplificação dos ambientes e assegurar a integridade dos
processos ecológicos.
A partir desse trabalho espera-se contribuir para o fortalecimento do
modelo de Corredores Ecológicos para que seja reconhecido como um
importante instrumento e ferramenta de Gestão Ambiental para a conservação
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da biodiversidade a longo prazo. A ferramenta já existe, o que falta é o
fortalecimento de sua implantação.
Assim, espera-se também impactar positivamente os órgãos gestores de
Áreas Naturais Protegidas, apresentando a importância de se planejar e gerir
as ANPs e Unidades de Conservação de forma integrada e com uma visão
ampla da paisagem e do território em que elas estão inseridas.
A definição de estratégias para a conservação da biodiversidade nas
áreas protegidas e a identificação de áreas prioritárias para a criação de novas
Unidades de Conservação deve ultrapassar os limites das UCs e considerar as
características potenciais de conservação nos fragmentos vizinhos para
aumentar a eficácia dessas áreas para a conservação da biodiversidade
(VIANA e PINHEIRO, 1998).
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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