52
PEDRO CAMPOS GUIMARÃES SAMPAIO E MELLO A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE EM ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS Monografia apresentada ao Campus Barbacena, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das exigências do curso de Pós-graduação Lato Sensu em “Planejamento e Gestão de Áreas Naturais Protegidas”, para a obtenção do título de Especialista BARBACENA MINAS GERAIS - BRASIL 2014

A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

  • Upload
    doannhi

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

PEDRO CAMPOS GUIMARÃES SAMPAIO E MELLO

A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE EM

ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS

Monografia apresentada ao Campus Barbacena, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das exigências do curso de Pós-graduação Lato Sensu em “Planejamento e Gestão de Áreas Naturais Protegidas”, para a obtenção do título de Especialista

BARBACENA MINAS GERAIS - BRASIL

2014

Page 2: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

PEDRO CAMPOS GUIMARÃES SAMPAIO E MELLO

A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE EM

ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS

Monografia apresentada ao Campus Barbacena, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das exigências do curso de Pós-graduação Lato Sensu em “Planejamento e Gestão de Áreas Naturais Protegidas”, para a obtenção do título de Especialista Orientador: Prof. FERNANDO MARTINS COSTA Coorientador: Prof. GERALDO MAJELA MORAES SALVIO

BARBACENA MINAS GERAIS - BRASIL

2014

Page 3: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

Ficha Catalográfica

M527i 2014

MELLO, Pedro Campos Guimarães Sampaio A importância da conectividade na gestão e conservação da biodiversidade em Áreas Naturais Protegidas / Pedro Campos Guimarães Sampaio e Mello. - Barbacena/MG: IFSEMG, 2014. XII, 39 f .; 29,7 cm

Orientador: Fernando Martins Costa

Monografia (Pós-graduação Lato Sensu em Planejamento e Gestão de

Áreas Naturais Protegidas) - Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais - Campus Barbacena - IFSEMG, Barbacena, 2014. 1. Corredores Ecológicos. 2. Áreas Protegidas. 3. Fragmentação de

Biomas. I. Mello, Pedro Campos Guimarães Sampaio. II. Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais - Campus Barbacena. III. Título

CDD 580

Page 4: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

PEDRO CAMPOS GUIMARÃES SAMPAIO E MELLO

A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE EM

ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS

Monografia apresentada ao Campus Barbacena, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das exigências do curso de Pós-graduação Lato Sensu em “Planejamento e Gestão de Áreas Naturais Protegidas”, para a obtenção do título de Especialista;

APROVADA: 23 de dezembro de 2014. _______________________________ ______________________________ Prof. Geraldo Majela Moraes Salvio Prof. José Emílio Z. de Oliveira

_______________________________ Prof. Fernando Martins Costa

(Orientador)

Page 5: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

iv

Dedico este trabalho a toda minha família que me ensinou a admirar a Natureza e a enxergá-la com outros olhos, me ajudando a me tornar a pessoa e o profissional que sou hoje.

Page 6: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a minha mãe Myriam e ao meu pai Ricardo, que

durante todas as suas vidas me incentivaram a continuar os estudos e não

mediram esforços para que eu tivesse condições de realizá-los e chegar até onde

estou hoje. Obrigado por terem confiado e acreditado em mim.

A minha mãedrinha Olinda e ao meu paidrinho Valter pelo suporte e apoio

de sempre. Ao meu irmão Daniel, pela parceria e amizade. As minhas irmãs

Leticia, Ravena, Rafaela e Camila, pelo carinho e cuidado. A minha vó Evane pela

energia e preces realizadas e a toda minha grande família. Vocês são a base de

tudo que sou hoje. Muito obrigado.

Agradeço a Natália, pelo amor, amizade e companheirismo e por ter

suportado minhas ausências aos finais de semana durante um ano, sempre me

apoiando e motivando a cada dia, compartilhando dos mesmos sonhos e

objetivos. Sem você ao meu lado eu não teria conseguido concluir mais essa

etapa. Te amo muito. Agradeço também a sua família, que é minha segunda

família.

Agradeço a todos os colegas de curso e àqueles que se tornaram grandes

amigos durante o curso, José Carlos, Chicão, Valéria, Arlon, Bia e Fernanda

Weysfield. Amizades que levarei para toda a vida. Agradeço em especial ao Arlon,

a Bia e a Fernanda Weysfield, pela companhia, pizzas, sanduíches e peras das

sextas à noite, rs. Vocês fizeram as idas a Barbacena valer a pena. Agradeço

ainda a amiga Bia, por todo o apoio técnico e moral na etapa final desse trabalho,

no qual eu não teria conseguido se não fosse a sua ajuda, opiniões e incentivo.

Agradeço ao professor e orientador Fernando Martins Costa, por ter

acreditado em mim e em meu trabalho e me ajudado a desenvolver essa

monografia. Ao professor e co-orientador Geraldo Majela Moraes Salvio, que se

colocou à disposição e incentivou o desenvolvimento dessa pesquisa. A todos os

demais professores do curso, pelas aulas e por terem despendido seu tempo a

nos passar seus melhores conhecimentos.

Por fim e não menos importante, agradeço a Deus, pela proteção nas

estradas todos os finais de semana e por estar sempre comigo, guiando e

orientando meu caminho e minha jornada.

Um sentimento para descrever tudo isso é Gratidão. Obrigado a todos.

Page 7: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

vi

“Para se ter sucesso, é necessário amar de verdade o que se faz. Caso contrário, levando em conta apenas o lado racional, você simplesmente desiste. É o que acontece com a maioria das pessoas”.

Steve Jobs (1955 – 2011)

Page 8: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

vii

Especialização em Planejamento e Gestão de Áreas Naturais Protegidas

A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO E CONSERVAÇÃO DA

BIODIVERSIDADE EM ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS

RESUMO

Pedro Campos Guimarães Sampaio e Mello

Dezembro, 2014

Orientador: Professor Fernando Martins Costa Coorientador: Professor Geraldo Majela Moraes Salvio O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) ressalta a necessidade

de se planejar e definir formas de conectividade entre Áreas Naturais Protegidas

(ANPs) utilizando-se da criação de Corredores Ecológicos (CEs). Conectar

fragmentos florestais, principalmente aqueles pequenos e isolados, se torna

importante uma vez que tamanho e isolamento são fatores determinantes na

viabilidade das populações e espécies presentes nessas áreas. Por meio de

um levantamento bibliográfico, esse trabalho teve como objetivos realizar uma

análise quantitativa dos CEs implantados no Brasil, apresentar o seu modelo

ressaltando a importância ecológica da conectividade entre ANPs por meio dos

conceitos da Teoria da Biogeografia de Ilhas, Metapopulações, Ecologia da

Paisagem e dos Ecossistemas. Foram consultados sites, artigos científicos, livros,

teses e dissertações, além da legislação ambiental em vigor. Concluiu-se que o

número de efetivos CEs implantados no país ainda é insuficiente para conservar a

biodiversidade das ANPs, pois, das 1.649 Unidades de Conservação existentes no

Brasil, apenas três possuem tamanhos suficientes para manter populações

viáveis, além de serem em sua maioria, isoladas. Sendo assim, muitos CEs

devem ser criados no Brasil para que as UCs sejam eficientes e sustentáveis, a

longo prazo, na conservação da biodiversidade.

Palavras-chave: Conectividade; Corredores Ecológicos; Fragmentação.

Page 9: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

viii

Specialization in Management of Natural Protected Areas

THE IMPORTANCE OF CONNECTIVITY IN MANAGEMENT AND

CONSERVATION OF BIODIVERSITY IN NATURAL PROTECTED AREAS

ABSTRACT

Pedro Campos Guimarães Sampaio e Mello

December, 2014

Adviser: Professor Fernando Martins Costa

Co-adviser: Professor Geraldo Majela Moraes Salvio

The National System of Conservation Units (SNUC) emphasizes the necessity

to plan and define ways of connectivity between Natural Protected Areas

(NPAs) using the creation of Ecological Corridors (ECs). Connect forest

fragments, especially those small and isolated, becomes important as size and

isolation are key factors on the viability of populations and species present in

these areas. Through a literature review, this study aimed to perform a

quantitative analysis of the ECs implemented in Brazil, present your model

highlighting the ecological importance of connectivity between NPAs through the

concepts of the Theory of Islands Biogeography, Metapopulation, Landscape

Ecology and Ecosystems. Were consulted sites, scientific articles, books,

theses and dissertations, as well the current environmental legislation. It was

concluded that the effective ECs number deployed in the country is still

insufficient to conserve biodiversity of the NPAs, seeing that, of 1,649

Conservation Units (UCs) existing in Brazil, only three have sufficient size to

maintain viable populations, and are mostly isolated. So many ECs must be

created in Brazil for the UCs are efficient and sustainable in the long term,

biodiversity conservation.

Keywords: Connectivity; Ecological Corridors; Fragmentation.

Page 10: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

ix

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Página

Figura 1 Tamanho das UCs Brasileiras considerando Parques Nacionais, Reservas Biológicas e Estações Ecológicas .......................... 4

Figura 2 Exemplificação dos processos de Fragmentação Florestal ................................................................................................... 7

Figura 3 Exemplificação de Fragmentação Florestal pela expansão da agricultura (redução) .......................................................... 8

Figura 4 Exemplificação de Fragmentação Florestal pela construção de estradas (dissecção) ........................................................ 9

Figura 5 Relação entre tamanho do fragmento e taxas de extinção ................................................................................................... 10

Figura 6 Relação entre espécies e o tamanho da área ......................................... 11 Figura 7 Exemplificação do processo de formação de clareias

(Gap Formation) na Fragmentação Florestal, favorecendo o surgimento de Metapopulações ....................................... 12

Figura 8 Exemplo de Fragmentos Fonte e Fragmentos Sumidouro ............................................................................................... 14

Figura 9 Exemplo de Corredor Ecológico implantado em meio a expansão agrícola, unindo duas Unidades de Conservação no Pontal do Paranapanema, em São Paulo ....................................................................................................... 16

Figura 10 Exemplo de Corredor Ecológico implantado em Vegetação Ripária ................................................................................... 18

Figura 11 Exemplo de Vegetação Ripária preservada propiciando a formação de Corredores Ecológicos Naturais ...................................... 19

Figura 12 Distribuição espacial do Corredor Capivara-Confusões entre o Parque Nacional da Serra das Confusões e o Parque Nacional da Serra da Capivara ................................................... 23

Figura 13 Distribuição espacial dos corredores propostos pelo Projeto Corredores Ecológicos ................................................................ 27

Figura 14 Corredor Central da Mata Atlântica proposto pelo Projeto Corredores Ecológicos ................................................................ 28

Figura 15 Corredor Ecológico de Santa Maria no Paraná ....................................... 30 Figura 16 Corredor Ecológico implantado pelo IPÊ unindo duas

Unidades de Conservação no Pontal do Paranapanema, em São Paulo ................................................................ 31

Figura 17 Corredor Ecológico da Trilha Transcarioca, no Rio de Janeiro ..................................................................................................... 32

Page 11: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

x

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1 Corredores propostos pelo Projeto Corredores Ecológicos ............................................................................................... 24

Tabela 2 Corredores Ecológicos Efetivos ............................................................... 33

Page 12: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

xi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIs Áreas Indígenas AM Estado do Amazonas ANPs Áreas Naturais Protegidas APA Área de Proteção Ambiental APP Áreas de Preservação Permanente BA Estado da Bahia CCA Corredor Central da Amazônia CCMA Corredor Central da Mata Atlântica CE Corredor Ecológico CI BRASIL Conservação Internacional do Brasil ES Estado do Espirito Santo ESEC Estação Ecológica

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

ICMBIO Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade INEA Instituto Estadual do Ambiente RJ

IPE Instituto de Pesquisas Ecológicas MA Estado do Maranhão MG Estado de Minas Gerais MMA Ministério do Meio Ambiente MT Estado do Mato Grosso PA Estado do Pará PARNA Parque Nacional PR Estado do Paraná REMAP Rede Mosaicos de Áreas Protegidas RJ Estado do Rio de Janeiro RL Reserva Legal SMAC Secretaria Municipal de Meio Ambiente RJ

SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação SP Estado de São Paulo TO Estado do Tocantins UCs Unidades de Conservação UC-SOCIOAMBIENTAL Unidades de Conservação Socioambiental

Page 13: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

xii

SUMÁRIO

Página

RESUMO .................................................................................................................. vii

ABSTRACT ............................................................................................................... viii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................................................................ ix

LISTA DE TABELAS .................................................................................................. x

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ..................................................................... xi

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 3

2.1. A Ecologia da Paisagem e dos Ecossistemas ............................................... 3

2.2. A Fragmentação Florestal .............................................................................. 5

2.3. A Teoria da Biogeografia de Ilhas .................................................................. 9

2.4. O Conceito de Metapopulações .................................................................... 12

2.5. A Importância da Conectividade entre Áreas Naturais Protegidas ................ 15

2.6. Os Rios e a Vegetação Ripária como Corredores Ecológicos ....................... 18

3. METODOLOGIA ................................................................................................... 20

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 21

4.1. Análise quantitativa dos Corredores Ecológicos implantados no Brasil ......... 21

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 34

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 36

Page 14: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

1

1. INTRODUÇÃO

O Brasil abriga uma das maiores biodiversidades do planeta, e a

implantação e aplicação de um sistema de Áreas Naturais Protegidas constitui

atualmente a principal estratégia brasileira para a conservação da natureza.

Apesar da criação de Áreas Naturais Protegidas ainda ser a melhor

estratégia de proteção da biodiversidade, esse sistema ainda está muito longe de

conseguir conservar amostras substanciais e representativas da biodiversidade

brasileira (FUNDO VALE, 2012).

Além disso, há o problema da efetividade de se manter populações viáveis

das espécies ao longo do tempo dentro das Áreas Naturais Protegidas, em sua

maioria pequenas e isoladas. No Brasil, de todas as 1.649 Unidades de

Conservação (UCs) existentes (municipais, estaduais e federais) apenas três

possuem tamanhos suficientes para manter populações viáveis (FUNDO VALE,

2012), como por exemplo, a da onça pintada (Panthera onca) (RODRIGUES e

OLIVEIRA, 2006).

Por meio do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) no

Brasil (BRASIL, 2000), é possível e necessário planejar e definir formas de

conectividade entre as Áreas Naturais Protegidas (ANPs) existentes no país

utilizando-se, por exemplo, da criação de Corredores Ecológicos.

A Lei n° 9.985 de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação (SNUC) no Brasil (BRASIL, 2000) e o Decreto n° 4.340 de agosto de

2002 que a regulamenta (BRASIL, 2002), reconhecem os Corredores Ecológicos

(CEs) como importantes instrumentos e ferramentas de gestão ambiental e

territorial voltados à conservação da natureza, sua biodiversidade e ao

desenvolvimento sustentável.

O Artigo 2 da Lei do SNUC (BRASIL, 2000) define “Corredor Ecológico”

como uma “porção de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando

Unidades de Conservação”. Outras definições conceituais existentes para

“Corredor Ecológico” estão relacionadas à escala de abrangência deste modelo

num espaço em que a conectividade entre populações, ecossistemas e

processos ecológicos é mantida ou restaurada. Essas escalas variam desde a

criação de pequenas conexões entre dois fragmentos de florestas até o

Page 15: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

2

planejamento de uma grande região, com objetivos mais amplos e que vão

além da conservação da biodiversidade (REMAP, 2014).

No Brasil, a ideia de se conectar Áreas Naturais Protegidas por meio dos

Corredores Ecológicos foi muito utilizada na Mata Atlântica, como estratégia para

alavancar as ações de conservação deste bioma muito ameaçado, fragmentado e

com ANPs muito pequenas (REMAP, 2014, AYRES et al., 2005).

Sendo assim, embora o modelo de Corredores Ecológicos seja nacional e

mundialmente conhecido e apesar dos avanços e pesquisas sobre o tema, ainda

existem muitas lacunas do conhecimento a respeito de sua utilização e muito

ainda deve ser feito até que o modelo seja realmente efetivo, aplicável e atinja

seus objetivos de gestão integrada e de conectividade das áreas (UC-

SÓCIOAMBIENTAL, 2014), com foco na conservação da biodiversidade.

Mesmo o SNUC existindo em forma de lei, não existem ainda regras muito

claras e nem muitas experiências de gestão integrada de Áreas Naturais

Protegidas com os Corredores Ecológicos, e poucos são ainda os instrumentos de

aplicação e gestão desse modelo (UC-SÓCIOAMBIENTAL, 2014).

Dessa forma, esse trabalho teve como objetivos: realizar uma análise

quantitativa dos Corredores Ecológicos implantados no Brasil, apresentar o

modelo de Corredores Ecológicos como um importante instrumento/ferramenta

na gestão e conservação da biodiversidade de Áreas Naturais Protegidas, seus

principais desafios de aplicação e ainda ressaltar a importância ecológica da

conectividade entre Áreas Naturais Protegidas por meio dos conceitos da

Teoria da Biogeografia de Ilhas, Metapopulações e da Ecologia da Paisagem e

dos Ecossistemas.

Page 16: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

3

2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. A Ecologia da Paisagem e dos Ecossistemas

A Ecologia da Paisagem e dos Ecossistemas baseia-se na premissa de

que os padrões dos elementos da paisagem influenciam, significativamente,

nos processos ecológicos (TURNER e GARDNER, 1990), sendo uma das

primeiras ciências a tratar a paisagem como um mosaico, levando em

consideração a abordagem geográfica, que privilegia o estudo da influência do

homem sobre a paisagem e a gestão do território; e a abordagem ecológica

sobre o contexto espacial e da conectividade florestal que privilegia a

importância dos processos ecológicos e suas relações em termos da

conservação biológica (METZGER, 2001).

Na abordagem ecológica, os Corredores Ecológicos possuem como

objetivos, possibilitar o fluxo gênico e o movimento da biota, facilitar a

dispersão de espécies, a recolonização e recuperação de áreas degradadas e

a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas

com uma extensão maior do que uma ANP individual (ICMBIO, 2014), assim

como é o caso de algumas espécies de médios e grandes mamíferos

(RODRIGUES e OLIVEIRA, 2006).

No Brasil, apenas três Unidades de Conservação possuem tamanhos

suficientes para manter populações viáveis no longo prazo (FUNDO VALE, 2012),

sendo elas a Estação Ecológica (ESEC) Grão Pará, no estado do Pará, com 4,2

milhões de hectares, sendo a maior unidade de conservação de proteção integral

em florestas tropicais no mundo, seguida do Parque Nacional (PARNA)

Montanhas do Tumucumaque, no estado do Amapá, com 3,8 milhões de hectares,

e da Floresta Estadual do Paru, também no estado do Pará, com 3,6 milhões de

hectares, sendo a maior unidade de conservação de uso sustentável nos trópicos

(CI BRASIL, 2006, ICMBIO, 2014).

Por meio da Figura 1, que apresenta as Unidades de Conservação

Federais considerando apenas Parques Nacionais, Reservas Biológicas e

Estações Ecológicas, que são unidades de proteção integral, podemos ter uma

ideia desse cenário.

Page 17: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

4

Figura 1: Tamanho das UCs Brasileiras considerando Parques Nacionais, Reservas Biológicas

e Estações Ecológicas (Fonte: SALVIO, 2002).

A Ecologia da Paisagem e dos Ecossistemas possui como objetivo

analisar a interação dos componentes espacial e temporal da paisagem,

associados à fauna e à flora (OLIVEIRA, 2006), considerando a distribuição

dos fragmentos florestais ao longo da paisagem, sua forma, seu histórico de

perturbação e tipo de vizinhança (ambientes adjacentes), seu grau de

isolamento e como citado acima, o seu tamanho.

Essa “ciência” da Paisagem vem promovendo avanços nos estudos

sobre fragmentação e conservação de espécies e ecossistemas, pois permite a

integração da heterogeneidade espacial e do conceito de escala na análise

ecológica, tornando esses trabalhos ainda mais aplicados para a resolução de

problemas ambientais ligados a conservação da biodiversidade (METZGER,

2001).

Por lidar com a relação entre padrões espaciais e processos ecológicos,

é necessário quantificar com precisão os elementos espaciais. O conhecimento

dos elementos de uma paisagem é essencial para a identificação desses

padrões e uma das formas de quantificação da estrutura da paisagem ou de

seu padrão espacial é a utilização das “métricas da paisagem” ou “índices da

paisagem” (METZGER, 2006).

Tais métricas são agrupadas em duas categorias: os índices de

composição e os índices de disposição. Os índices de composição apresentam

Page 18: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

5

uma ideia de quais fragmentos ou Unidades de Conservação estão presentes

na paisagem, da riqueza dessas unidades e da área ocupada por elas.

Já os índices de disposição quantificam o arranjo espacial dessas

unidades em termos do grau de fragmentação, grau de isolamento, se há

conectividade de manchas de unidades semelhantes, tamanho das áreas, seus

formatos e toda a complexidade de formas e elementos que compõem o

mosaico da paisagem. Estes índices de disposição podem ser utilizados para

caracterizar um fragmento da paisagem (em termos de tamanho, formato, ou

isolamento) e a paisagem como um todo (diversidade, riqueza e conectividade)

(METZGER, 2006).

Dessa forma e através da utilização das métricas e dos diversos

métodos de estudo dessa ciência, pode-se melhor obter uma ideia da

fragmentação florestal na paisagem.

2.2. A Fragmentação Florestal

A fragmentação florestal comumente se refere às alterações em um

habitat original e trata-se de um processo no qual um habitat continuo ou matriz

é dividido em manchas resultando em pequenos fragmentos florestais mais ou

menos isolados. Esses fragmentos florestais são áreas de vegetação naturais

interrompidas por barreiras antrópicas, inseridos, por exemplo, em uma matriz

de agricultura, vegetação secundária, solo degradado ou área urbanizada

(KRAMER, 1997). Essa fragmentação florestal é capaz de diminuir

significativamente o fluxo de animais, polinizações, dispersão de frutos e

sementes e a divisão em partes de uma área antes contínua faz com que estas

partes adquiram condições ambientais e ecológicas diferentes (O ECO, 2014).

Especialmente no contexto brasileiro, a fragmentação florestal possui

como principais causas a extração de madeira, a supressão da floresta por

meio de queimadas, a substituição da cobertura florestal nativa por

reflorestamento com espécies exóticas, a agropecuária que substitui os

remanescentes florestais por pastagens e áreas de cultivo, mineração,

urbanização e a implantação de infraestrutura de transportes (estradas) e

energia (hidroelétricas, redes de transmissão) (O ECO, 2014).

Page 19: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

6

Estes processos oriundos do desenvolvimento humano acabam criando

habitats precários para as espécies na área fragmentada e quanto menos

áreas naturais, menores serão os espaços para as espécies viverem e se

reproduzirem, provocando uma redução no número de plantas, animais e

microrganismos que conseguem viver naquele determinado lugar. Embora nem

todas as espécies sejam afetadas da mesma forma, onde áreas precárias para

uma espécie podem ser de boa qualidade para outras, o processo altera os

habitats disponíveis e, portanto, todas as comunidades são afetadas. Uma

espécie que mantém relações de dependência com outras, pode ser extinta e,

consequentemente, também desaparecerão várias outras com as quais ela

interagia (O ECO, 2014), gerando assim um efeito cascata.

Outras consequências possíveis da fragmentação florestal são a

redução do tamanho da população; inibição ou redução da migração; imigração

de espécies exóticas para as áreas desmatadas circundantes e para o próprio

fragmento, afetando as espécies nativas restantes.

Por fim, há o efeito de borda, onde depois de fragmentado, ocorre um

conjunto de alterações no ecossistema devido à abertura de clareiras e ao

desmatamento em seu entorno. Basicamente, quando uma seção de mata

passa a estar cercada por áreas abertas, ou seja, quando é fragmentada,

ocorre um aumento da incidência de luz solar em suas bordas. A maior

luminosidade aumenta a temperatura do solo e diminui a umidade do ar. As

árvores que estão na borda do fragmento ficam mais expostas ao vento,

tornando-as vulneráveis à queda, risco que não havia no interior da floresta,

onde praticamente não há vento. E com a queda das árvores mais externas, a

borda encolhe a floresta e o fragmento fica cada vez menor e quanto menor a

área do fragmento, mais intenso é este fenômeno (O ECO, 2014), podendo

levar a extinção do fragmento e das populações que ali habitavam.

As causas da fragmentação florestal citadas anteriormente ocorrem por

meio de diferentes processos como, por exemplo, a perfuração (ex: formação

de clareiras), dissecção (ex: construção de estradas), fragmentação, redução e

perda do habitat. A Figura 2 ilustra esses processos de fragmentação florestal,

evidenciando a evolução desses em cada caso.

Page 20: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

7

15

Perfuração (Ex. Brocagem na Amazônia)

Source: Murphy©AMNH-CBC

Dissecção

Fragmentação

Redução

Perda de habitat

Figura 2: Exemplificação dos processos de Fragmentação Florestal (Fonte: MURPHY AMNH-CBC, 2014).

A Perfuração, como exemplificado na Figura 2, geralmente ocorre

quando clareiras são abertas na matriz florestal, gerando um efeito de

fragmentação de dentro para fora. A Dissecção acontece, por exemplo, durante

a construção de estradas, a instalação de muros e cercas, gerando assim a

divisão e quebra da continuidade da matriz. O processo de Fragmentação em

si, quando há a divisão de ambientes, gerando a formação de fragmentos

florestais isolados. A Redução geralmente irá ocorrer em um ambiente já

fragmentado e essa redução pode ocorrer tanto pela ação antrópica, quanto

pelo efeito de borda, gerando a diminuição dos fragmentos existentes. Por fim,

temos a Perda de Habitat, que seja pela ação do homem, seja pelo efeito de

borda, ocasiona o desaparecimento de um fragmento ou habitat existente.

Seguindo uma ordem, geralmente os processos de Perfuração e Dissecção

são o ponto de partida para o processo de Fragmentação, que terão como

consequência a Redução e Perda de Habitats.

Diante desses processos, os fragmentos florestais devem ser vistos

como resultados de um processo histórico de perturbação da vegetação, nos

quais vários fatores interagem ao longo do tempo.

Page 21: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

8

Para Gascon e colaboradores (1999), fragmentação é o resultado final

de assentamentos humanos e da extração de recursos em uma paisagem,

formando um mosaico de pequenas áreas naturais isoladas em um mar de

terra desenvolvida. Na Figura 3 vemos um exemplo de fragmentação

promovida por atividades agrícolas.

Figura 3: Exemplificação de Fragmentação Florestal pela expansão da agricultura (redução)

(Fonte: MONGABAY, 2009).

Após o ambiente fragmentado, os principais fatores que afetam a

dinâmica de fragmentos florestais são o tamanho, forma, grau de isolamento,

tipo de vizinhança (ambientes adjacentes) e histórico de perturbações (VIANA,

TABANEZ e MARTINS, 1992). Esses fatores apresentam relações com

fenômenos biológicos que afetam a natalidade e a mortalidade de plantas

como, por exemplo, o efeito de borda, a deriva genética e as interações entre

plantas e animais (OLIVEIRA, 2011). Na Figura 3, podemos observar um

fragmento florestal pequeno, com alto grau de isolamento e pressão do efeito

de borda.

As consequências negativas da fragmentação e quebra da continuidade

da matriz florestal (Figura 4), materializam-se também em consequências

bióticas, como na vulnerabilidade dos habitats, na diminuição das populações

Page 22: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

9

animais e vegetais, sua diversidade genética e consequentemente na extinção

de espécies (PEREIRA, 2007). Na Figura 4 vemos um exemplo da

fragmentação e quebra da continuidade da matriz florestal promovida pela

abertura de uma estrada (dissecção).

Figura 4: Exemplificação de Fragmentação Florestal pela construção de estradas (dissecção) (Fonte: GOOGLE IMAGENS, 2014).

Em suma, a fragmentação florestal ocorre quando uma grande extensão

do habitat é transformada em alguns “pedaços” ou partes de menor área,

isolados entre si por uma matriz de habitat diferente da original (RAMOS,

2004). Quando a vizinhança e a paisagem que circunda os fragmentos são

inóspitas para as espécies do habitat original, e quando a dispersão dessas

espécies é reduzida ou “bloqueada”, os fragmentos remanescentes podem ser

considerados verdadeiras “ilhas de habitat” onde a comunidade local estará

isolada (RAMOS, 2004).

2.3. A Teoria da Biogeografia de Ilhas

Os diversos estudos de fragmentação florestal hoje existentes

começaram após os trabalhos pioneiros de MacArthur e Wilson (1967), cuja

teoria foi publicada no livro: a Teoria da Biogeografia de Ilhas e quando se trata

Page 23: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

10

de fragmentos florestais ou “ilhas de remanescentes florestais”, o principal

referencial teórico é fornecido por essa teoria. (MACARTHUR e WILSON,

1967).

Tal teoria sugere que o número de espécies em uma ilha seja um

balanço entre os processos de imigração e extinção, os quais seriam

dependentes do tamanho e do isolamento das ilhas, bem como das

características das próprias espécies, com suas habilidades de dispersão e a

densidade de suas populações. Em outras palavras, a teoria busca prever o

número de espécies que uma ilha de determinado tamanho e grau de

isolamento poderá suportar, baseando-se no balanço entre imigração e

extinção.

De acordo com a teoria de MacArthur e Wilson (1967) e segundo Viana

(1990), o tamanho de um fragmento florestal apresenta forte correlação com a

diversidade biológica, onde em fragmentos pequenos, geralmente não se pode

esperar uma riqueza de espécies animais e vegetais muito alta. Sendo assim, o

tamanho da área de uma determinada ilha ou fragmento influenciará

diretamente nas taxas de extinção, como pode ser visto na Figura 5.

Figura 5: Relação entre tamanho do fragmento e taxas de extinção (Fonte: NEWMARK, 1996).

Page 24: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

11

Conforme apresentado no gráfico da Figura 5, o tamanho da área do

fragmento florestal é inversamente proporcional à taxa de extinção, ou seja,

quanto maior a área menor serão os níveis de extinção de espécies.

Estudos de Collinge (1996), Fahrig (2002) e Watson e colaboradores

(2005) também indicaram estreita relação entre o tamanho de fragmentos

florestais e o declínio de populações e espécies. A Figura 6 apresenta essa

relação, onde quanto maior a área em Km², maior é o número de espécies.

Figura 6: Relação entre o número de espécies e o tamanho da área (Fonte: MACARTHUR & WILSON, 1967).

A Teoria da Biogeografia de Ilhas e os estudos citados demonstram que

a riqueza de espécies aumenta com o tamanho do fragmento/ilha, deixando

clara a importância da manutenção de grandes fragmentos florestais para a

conservação da biodiversidade no longo prazo.

Assim como citado anteriormente, o isolamento também é fator

determinante na dinâmica de fragmentos florestais. Esse fator abordado pela

Teoria da Biogeografia de Ilhas baseia-se na premissa de que a riqueza diminui

com o aumento do isolamento do fragmento/ilha, relacionando-o também com

o balanço entre imigração e extinção.

Page 25: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

12

Apesar de a dispersão ser reduzida, e em alguns casos até mesmo

“bloqueada”, de acordo com o grau de isolamento, a teoria considera que os

fragmentos/ilhas não funcionam como um sistema fechado, onde as espécies e

populações migram entre os fragmentos isolados gerando uma dinâmica de

extinções e recolonizações locais.

Após muitos e recentes estudos sobre essa dinâmica de populações

entre os fragmentos florestais, originou no meio cientifico um novo conceito

chamado Metapopulações, o qual será abordado a seguir.

2.4. O Conceito de Metapopulações

Assim como exemplificado no item 2.2, a fragmentação florestal

originará na maioria das vezes, fragmentos isolados. Na Figura 7 observa-se

novamente a evolução do processo de fragmentação por meio da formação de

clareiras na matriz florestal (etapas A e B), e os remanescentes florestais

isolados como resultado final (etapa C), propiciando a formação de

Metapopulações.

Figura 7: Exemplificação do processo de formação de clareias (Gap Formation) na Fragmentação Florestal, favorecendo o surgimento de Metapopulações (Fonte: GROOM et al., 2006).

Page 26: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

13

Imaginando-se o cenário da Figura 7, onde alguns fragmentos florestais

encontram-se isolados e relativamente próximos entre si, o conceito de

Metapopulações é definido como um conjunto de populações que habitam

esses fragmentos e que são conectadas por indivíduos que se movem entre

eles, gerando assim uma dinâmica de extinções e recolonizações locais

(GILPIN e HANSKI, 1991), como citado no final do item anterior.

No processo exemplificado na Figura 7, além da perda de espécies

provocada pela fragmentação da matriz florestal, pode ocorrer inicialmente,

uma migração de espécies para os fragmentos remanescentes, que podem

funcionar como refúgios. Assim, extinções locais, dispersão e colonização

serão frequentes até que ocorra o estabelecimento de um novo equilíbrio

(LOVEJOY, 1980) e de Metapopulações.

Imaginando-se que as populações fossem fechadas, no caso das

Metapopulações cada fragmento seria uma população isolada e sem

conectividade com as outras. Porém, é fundamental na perspectiva das

Metapopulações reconhecer a importância da migração entre as manchas de

habitat (BEGON et al., 2010).

O conceito de Metapopulações, assim como da Ecologia da Paisagem e

dos Ecossistemas, vê o habitat como um mosaico, com fragmentos sendo

“perturbados” e recolonizados por indivíduos de diferentes espécies. E,

implícito nesse conceito está o papel fundamental das perturbações como um

mecanismo de “reinicialização” (PICKETT e WHITE, 1985).

Assim como citado acima, um fragmento individual, isolado e sem

migração de indivíduos é, por definição um sistema fechado e qualquer

extinção causada por perturbações nesse fragmento seria definitiva.

Entretanto, extinções locais dentro de Metapopulações (um sistema aberto),

não representam necessariamente o fim da população ou espécie, devido à

possibilidade de recolonização proveniente de outras populações e fragmentos

(BEGON et al., 2010).

Em um cenário de sistema fechado, ou em um cenário de sistema

aberto onde a dispersão pode ser reduzida de acordo o grau de isolamento dos

fragmentos e das habilidades de dispersão das espécies, a ideia de se

estabelecer Corredores Ecológicos vem para propiciar a dinâmica de

Metapopulações e esses fluxos biológicos entre elas (MELLO, 2013).

Page 27: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

14

Em ambientes com Metapopulações, alguns fragmentos florestais

possuem altas taxas de crescimento populacional e fornecem constantemente

indivíduos migrantes, sendo chamados de fragmentos Fonte, já outros não

conseguem se autossustentar e dependem dos indivíduos migrantes para sua

recolonização, sendo chamados de fragmentos Sumidouro. A Figura 8 a seguir

ilustra esses tipos de fragmentos.

Figura 8: Exemplo de Fragmentos Fonte e Fragmentos Sumidouro (Fonte: VIVEIROS DE CASTRO e FERNANDEZ, 2004).

Esse movimento e migração entre as populações locais exemplificado

na Figura 8, tem uma influência na dinâmica ecológica local, onde os

fragmentos Fonte (em cinza) fornecem indivíduos migrantes e auxiliam a

recolonização e o restabelecimento de populações locais extintas dos

fragmentos Sumidouro (em branco). A estrutura de Metapopulações permite

esse fluxo gênico entre populações locais e isso é fundamental em espécies

com populações ameaçadas. (MELLO, 2013).

Espécies que possuem pequena área de vida ou que vivem em micro

hábitats, como insetos florestais em tronco de árvores mortas ou insetos em

poças d’água, anfíbios em brejos/lagoas, aves e pequenos mamíferos em

pequenos bosques são altamente dependentes das Metapopulações

(USP/LEPAC, 2014), do contrário suas populações seriam inviáveis no médio e

longo prazo.

A fragmentação florestal está levando à formação de paisagens

contendo apenas pequenas e isoladas manchas de habitat e populações

pequenas e isoladas são altamente susceptíveis de serem extintas. A

Page 28: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

15

persistência de espécies nestas paisagens dependerá de uma dinâmica e um

fluxo biológico regional.

A análise da dinâmica de Metapopulações, em conjunto com o modelo

de Corredores Ecológicos é importante, de modo que permite focalizar, planejar

e propiciar essa dinâmica regional (USP/LEPAC, 2014) de forma mais

abrangente e com o foco na conservação da biodiversidade.

2.5. A Importância da Conectividade entre Áreas Naturais Protegidas

Conectar fragmentos florestais pequenos e isolados, como é o caso de

muitas Áreas Naturais Protegidas no Brasil, se torna importante uma vez que

tamanho e isolamento são fatores determinantes na viabilidade das populações

e espécies presentes nessas áreas, que ao longo do tempo, terão reduzidas

taxas de migração e recolonização e consequentemente, altas taxas de

extinção.

A ideia da conectividade por meio dos Corredores Ecológicos se baseia

na criação de uma rede de Unidades de Conservação, parques, reservas e

outras áreas naturais de uso menos intensivo, que são gerenciadas de maneira

integrada em escala regional, aumentando a probabilidade de uma população

contribuir para sustentar outras.

Esse conceito de conservação in situ, ou seja, por meio de Áreas

Naturais Protegidas, resultou da necessidade em identificar e selecionar locais

para conservar e maximizar a proteção da biodiversidade, baseando-se na

conservação em longo prazo de espécies e habitats por meio do

funcionamento dos processos ecológicos naturais.

Porém, como vimos no decorrer desse trabalho, poucas são as áreas

capazes de manter a conservação da biodiversidade no longo prazo e o

modelo de Corredores Ecológicos surge para garantir a ligação entres Áreas

Naturais Protegidas e a sobrevivência do maior número possível de espécies

de uma região em função de sua importância biológica (REMAP, 2014).

A Figura 9 apresenta um exemplo de Corredor Ecológico implantado em

2012 pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ que reconecta duas

Unidades de Conservação do Pontal do Paranapanema, em São Paulo, sendo

elas a Estação Ecológica Mico Leão Preto, que tem quatro fragmentos e um

Page 29: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

16

total de sete mil hectares, e o Parque Estadual do Morro do Diabo, com 37 mil

hectares de mata.

Figura 9: Exemplo de Corredor Ecológico implantado em meio a expansão agrícola, unindo duas Unidades de Conservação no Pontal do Paranapanema, em São Paulo (Fonte: IPÊ, 2014).

Os processos ecológicos que geram e mantém a biodiversidade

existem em dimensões que ultrapassam os limites de ANPs individuais e

isoladas, sendo importante planejar e implantar corredores como o

apresentado na Figura 9.

Para isso, assim como citado no item 2.1 desse trabalho, devemos

fazer uma relação entre os padrões espaciais e os processos ecológicos,

sendo essencial e necessário quantificar com precisão os elementos da

paisagem a se trabalhar (METZGER, 2006).

Quando buscamos conectar fragmentos isolados, devemos levar em

consideração os índices de proximidade e o grau de isolamento entre eles.

Os índices de proximidade se referem às métricas que se baseiam na

distância do fragmento vizinho mais próximo, baseado na distância borda-a-

borda. A proximidade é importante para os processos ecológicos e tem

Page 30: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

17

implícito em seus valores o grau de isolamento dos fragmentos sobre o grau

de fragmentação da paisagem, de tal forma que o grau de isolamento pode

ser definido pela média das distâncias até os seus vizinhos mais próximos

(FORMAN e GODRON,1986; MCGARIGAL e MARKS, 1995).

Segundo Viana e Pinheiro (1998), o grau de isolamento afeta o fluxo

gênico entre fragmentos florestais e, portanto, a sustentabilidade e a

diversidade de populações naturais. O grau de isolamento varia de forma

significativa na paisagem e a conectividade entre os fragmentos tende a

diminuir em paisagens mais intensamente cultivadas e desenvolvidas.

O isolamento causa modificações profundas na dinâmica das

populações de animais e vegetais (VIANA, TABANEZ e MARTINS, 1992) e

não depende apenas da distância, mas também do tipo de vizinhança, e da

“permeabilidade” desta, que quanto mais permeável for, menor será o

isolamento das populações de fragmentos terrestres.

Ao recuperar os fragmentos florestais, aumenta-se o potencial destes

como “ilhas de biodiversidade” e ao conectá-los através de Corredores

Ecológicos, aumenta-se o fluxo de animais e sementes, contribuindo para a

variabilidade genética entre diferentes populações.

Sendo assim, os Corredores Ecológicos são considerados atualmente

uma das principais estratégias de conservação da biodiversidade em todo o

mundo, pois além de reduzirem a fragmentação dos remanescentes

florestais, permitem a colonização dessas áreas pelas espécies de plantas e

animais (IEMA, 2006).

O aumento da conectividade através de Corredores Ecológicos entre

Unidades de Conservação e, até mesmo entre fragmentos mais bem

conservados, pode permitir a manutenção destes a longo prazo e promover a

recuperação da funcionalidade ecológica de determinadas unidades

atualmente “ilhadas” (ZAÚ, 1998).

Segundo Viana e Pinheiro (1998), podem ser identificadas diversas

estratégias para o aumento da conectividade entre fragmentos, destacando-

se dentre elas o estabelecimento de Sistemas Agroflorestais, de Corredores

Ripários (APPs, Matas Ciliares e de Galeria) e a recuperação de encostas e

áreas degradadas, favorecendo assim o aumento da permeabilidade da

Page 31: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

18

matriz e a diminuição do isolamento entre os fragmentos (VIANA e

PINHEIRO, 1998).

Na Figura 10 vê-se um exemplo da recuperação de vegetação ripária

(APP) formando um corredor e diversas outras conexões florestais pela

paisagem.

USDA Natural Resources Conservation Service

Figura 10: Exemplo de Corredor Ecológico implantado em Vegetação Ripária (Fonte: USDA - NATURAL RESOURCES CONSERVATION SERVICE, 2014)

Um rio não é apenas um canal cheio de água e sedimentos, que seria

a sua definição mais estrita e limitada. Graças ao seu Corredor Ripário, se

protegido, também é um corredor paralelo de espécies vegetais e animais

(ARIZIPE, 2009).

2.6. Os Rios e a Vegetação Ripária como Corredores Ecológicos

Os sistemas fluviais são uma via de migração de muitas espécies de

flora e fauna e a vegetação ripária possui um elevado interesse ecológico

devido á função que desempenha em numerosos processos relacionados com

a qualidade do meio físico e biótico, como os ciclos de vida das espécies da

fauna aquática e terrestre, interligando diferentes habitats e melhorando

qualidade ambiental dos sistemas adjacentes (ARIZIPE, 2009).

No Brasil, o estímulo ao estabelecimento de Corredores Ecológicos por

meio de rios e de sua vegetação ripária (Corredores Ripários) é viável, uma vez

que a proteção e recomposição de Áreas de Preservação Permanente - APPs

já é prevista por lei (OLIVEIRA, 2011) no Código Florestal Brasileiro (BRASIL,

2012).

Page 32: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

19

O estabelecimento de Corredores Ripários além de regularizar as

propriedades que não seguem a obrigação legal de manter uma reserva de

mata intacta, restaura a biodiversidade local e regional.

Assim como apresentado na Figura 11, numa escala territorial mais

ampla, a bacia hidrográfica de um rio, que é muito mais do que uma mera

estrutura linear na rede de drenagem, sustenta um complexo sistema de

interações no espaço e no tempo.

Figura 11: Exemplo de Vegetação Ripária preservada propiciando a formação de Corredores

Ecológicos Naturais (Fonte: SÁVIO BRUNO, 2014).

Diante da dimensão geográfica e ambiental dos cursos d’água há

grande importância e necessidade de se conservar e proteger os rios e suas

respectivas margens florestais, com a sua estrutura e funções naturais

(ARIZIPE, 2009).

Corredores Ripários, além de estarem respaldados na lei (BRASIL,

2012), auxiliam na resolução de três grandes problemas ambientais atuais:

promovem a conectividade entre áreas naturais e fragmentos florestais

isolados; auxiliam na conservação da biodiversidade da fauna e da flora

Page 33: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

20

ripárias e das áreas conectadas e; protege e auxilia na conservação e

manutenção dos recursos hídricos (MELLO, P. C. G. S. e 2014 - observações

pessoais).

3. METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado por meio de um levantamento bibliográfico, no

qual se utilizou da consulta a sites especializados no tema abordado, artigos

científicos publicados em eventos e periódicos, livros de referência na área,

teses e dissertações, além da legislação ambiental em vigor.

No total foram consultados 10 periódicos, dentre eles as revistas Biota

Neotropica, Conservation Biology, Floresta e Ambiente e Journal of Biogeography,

nove livros, oito artigos, oito sites, dentre eles os sites do Instituto Chico Mendes

de Conservação da Biodiversidade - ICMBIO, da Conservação Internacional – CI

do Brasil e do Instituto de Pesquisas Ecológicas - IPÊ, quatro monografias, sendo

uma de graduação, duas dissertações de mestrado e uma tese de doutorado, três

trabalhos universitários em power point (ppt.), uma Lei, um Decreto e duas

Portarias, todas relativas ao SNUC, além da Lei do Código Florestal Brasileiro.

A seguir relacionam-se algumas das principais referências utilizadas para a

realização dessa pesquisa.

Livros

- Zonas Ribeirinhas Sustentáveis: um guia de gestão.

- Os Corredores Ecológicos das florestas tropicais do Brasil.

- Ecologia: De Indivíduos a Ecossistemas.

- Landscape Ecology.

- Áreas Protegidas: Série Integração, Transformação, Desenvolvimento.

- Principles of Conservation Biology.

- The Theory of Island Biogeography.

- Fragstats: Spatial pattern analysis program for quantifying landscape

structure: reference manual.

- Métodos de estudo em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre.

Page 34: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

21

Monografias

Graduação:

- Caracterização da fragmentação florestal para produção de sementes no

entorno capixaba do parque Nacional do Caparaó.

Mestrado:

- A utilização da paisagem fragmentada por mamíferos de médio e grande porte

e sua relação com a massa corporal na região do entorno de Aruanã, Goiás.

- Diagnóstico dos fragmentos florestais e das áreas de preservação

permanente no entorno do parque Nacional do Caparaó, no estado de Minas

Gerais.

Doutorado:

- Polinização e qualidade de sementes produzidas por Psychotria tenuinervis

(Rubiaceae) em fragmentos de Mata Atlântica: efeito da distância de bordas

antrópicas e naturais.

Legislação

Decreto n° 4.340, de 22 de agosto de 2002.

Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000.

Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012.

Portaria n° 76, de 11 de março de 2005.

Portaria n° 131, de 04 de maio de 2006.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Análise quantitativa dos Corredores Ecológicos implantados no Brasil

A implementação de um Corredor Ecológico depende da pactuação e

parceria entre a União, Estados e Municípios para permitir que os órgãos

governamentais responsáveis pela preservação do meio ambiente e outras

instituições parceiras possam atuar em conjunto para fortalecerem a gestão

das Unidades de Conservação, elaborarem estudos, prestarem suporte aos

proprietários rurais e aos representantes de comunidades quanto ao

planejamento e ao melhor uso do solo e dos recursos naturais e auxiliarem no

processo de averbação e ordenamento das Reservas Legais – RL e

Page 35: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

22

recuperação de Áreas de Preservação Permanente - APP, entre outros

(ICMBIO, 2014).

O modelo de Corredor Ecológico foi incorporado às políticas ambientais

através do SNUC, que em seguida atribuiu ao Ministério do Meio Ambiente o

reconhecimento desta unidade territorial, que só se torna oficial quando ganha

reconhecimento do Ministério do Meio Ambiente - MMA.

Dessa forma, foram considerados para essa análise, apenas os

Corredores Ecológicos reconhecidos pelo MMA, sendo constatados até o

momento apenas dois (2) reconhecimentos (MMA, 2014), além de três (3)

corredores não reconhecidos, mas que melhor representam o conceito e

modelo proposto por esse trabalho.

O primeiro é o Corredor Capivara-Confusões, que conecta o Parque

Nacional da Serra da Capivara ao Parque Nacional da Serra das Confusões. O

segundo é o Corredor Caatinga, cuja área engloba oito Unidades de

Conservação entre os estados de Pernambuco, Bahia e Sergipe (O ECO,

2014, MMA, 2014). Os tres (3) corredores não reconhecidos são o Corredor

Ecológico de Santa Maria, o Corredor Ecológico do Instituto de Pesquisas

Ecológicas – IPÊ e o Corredor Ecológico da Trilha Transcarioca, que serão

abordados mais a diante.

O Corredor Capivara-Confusões com base o disposto na Lei no 9.985,

de 18 de julho de 2000 (BRASIL, 2000) que institui o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) e no Decreto n° 4.340, de 22

de agosto de 2002 (BRASIL, 2002), que a regulamenta, foi reconhecido pela

Portaria n° 76, de 11 de março de 2005, que em seu Artigo 2° cria o Corredor

Ecológico de 414.565 hectares conectando o Parque Nacional da Serra da

Capivara e o Parque Nacional da Serra das Confusões, no Estado do Piauí.

Na Figura 12 podemos ter uma ideia da distribuição espacial desse

corredor no bioma Caatinga.

Page 36: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

23

Figura 12: Distribuição espacial do Corredor Capivara-Confusões entre o Parque Nacional da

Serra das Confusões e o Parque Nacional da Serra da Capivara (Fonte: MMA, 2014).

O Corredor Caatinga, também com base o disposto na Lei do SNUC,

foi criado pela Portaria n° 131/GM publicada no Diário Oficial da União de 04 de

maio de 2006, que em seu Artigo 1° reconhece como Corredor Ecológico da

Caatinga, os territórios que interligam as seguintes Unidades de Conservação:

Parque Nacional do Catimbau, a Reserva Biológica de Serra Negra, a Reserva

Particular do Patrimônio Natural Cantidiano Valqueiro Barros, a Reserva

Particular do Patrimônio Natural Reserva Ecológica Maurício Dantas, todas no

Estado de Pernambuco; o Parque Natural Municipal Lagoa do Frio, no Estado

de Sergipe; a Estação Ecológica do Raso da Catarina, a Área de Proteção

Ambiental Serra Branca/Raso da Catarina e a Área de Relevante Interesse

Ecológico Cocorobó, estas ultimas no Estado da Bahia, totalizando um corredor

de aproximadamente 5,9 milhões de hectares. Não foram encontrados

mapas/imagens com a delimitação desse corredor.

Além destes, existem atualmente outros sete (7) corredores ecológicos

em fase de implantação ou estudo, não reconhecidos ainda pelo MMA, mas

que foram considerados também nesta pesquisa no intuito de enriquecer a

análise.

Page 37: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

24

Cinco deles estão no bioma Amazônia, sendo o Corredor Central da

Amazônia, Corredor Norte da Amazônia, Corredor Oeste da Amazônia,

Corredor Sul da Amazônia e Corredor Ecótono Sul-Amazônico. Os outros dois

no bioma Mata Atlântica, sendo o Corredor Central da Mata Atlântica e

Corredor Sul da Mata Atlântica (ou Corredor da Serra do Mar) (O ECO, 2014).

Juntos, estes sete corredores propostos, representam cerca de 25% das

florestas tropicais úmidas do Brasil (AYRES et al., 2005) (Tabela 1).

Esses corredores fazem parte do Projeto Corredores Ecológicos que foi

concebido no âmbito do Programa Piloto para a Proteção das Florestas

Tropicais do Brasil (PPG7) como uma área extensa de grande importância

ecológica, composta por ecossistemas prioritários para a conservação da

biodiversidade, Unidades de Conservação, terras indígenas e áreas de

interstício.

O Projeto Corredores Ecológicos vem sendo construído dentro do MMA

desde 1997 passando por um longo processo de elaboração, entretanto,

inicialmente o MMA decidiu concentrar seus esforços apenas no Corredor

Central da Mata Atlântica (CCMA) e o Corredor Central da Amazônia (CCA)

com o propósito de testar e abordar diferentes condições nos dois principais

biomas e, com base nas lições aprendidas, preparar e apoiar a criação e a

implementação dos demais corredores. (UC-SÓCIOAMBIENTAL, 2014).

Tabela 1: Corredores propostos pelo Projeto Corredores Ecológicos

Bioma Corredor Ecológico Estância Área (ha)

Total

Ano de

Criação

Amazônia

Corredor Central

Corredor Norte

Corredor Oeste

Corredor Sul

Corredor Ecótono Sul-Amazônico

Federal 52.159.206 -

Mata Atlântica Corredor Central

Corredor Sul Federal 12.635.900 -

Fonte: UC-SÓCIOAMBIENTAL (2014).

A seguir é apresentada uma breve descrição das características de cada

corredor e as Unidades de Conservação que os compõem.

Page 38: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

25

Corredor Central da Amazônia: composto pela Estação Ecológica de

Mamirauá, a Estação Ecológica de Anavilhanas, a Floresta Nacional de Tefé, o

Parque Nacional do Jaú, além de outras nove UCs e 14 Áreas Indígenas (AIs)

(AYRES et al., 2005, SALVIO, 2002).

Corredor Norte da Amazônia: está situado na fronteira norte do Brasil com a

Colômbia e a Venezuela, incluindo montanhas e ecossistemas de altitude ainda

praticamente intocados. Esse corredor inclui o Parque Nacional do Pico da

Neblina, a Floresta Nacional de Roraima, o Parque Estadual da Serra do Araçá,

além de outras 17 UCs e 20 AIs (AYRES et al., 2005, SALVIO, 2002).

Corredor Oeste da Amazônia: é um ambiente que abriga muitas espécies de

aves, plantas e macacos. Este corredor provavelmente é o mais rico da

Amazônia em termos de diversidade e inclui o Parque Nacional da Serra do

Divisor, a Reserva Extrativista Chico Mendes, a Reserva Extrativista do Rio

Preto-Jacundá, além de 30 outras UCs e 30 AIs (AYRES et al., 2005, SALVIO,

2002).

Corredor Sul da Amazônia: é vitalmente importante para proteger a fauna e a

flora localizada entre os rios da margem direita (sul) do Amazonas: Tapajós,

Madeira, Xingú e Tocantins. Este corredor inclui áreas localizadas nos estados

do AM, PA e MA, abrigando a Floresta Nacional de Tapajós, o Parque Nacional

da Amazônia, a Reserva Biológica de Gurupí, além de três outras UCs e 20 AIs

(AYRES et al., 2005, SALVIO, 2002).

Corredor Ecótono Sul-Amazônico (Amazônia-Cerrado): está localizado nas

áreas de transição entre a Amazônia e as savanas do Cerrado, ecossistema

ameaçado pelo avanço agropecuário. Este corredor inclui o Parque Nacional

do Araguaia, no TO, e mais 17 AIs no AM, MT e TO (AYRES et al., 2005,

SALVIO, 2002).

Corredor Central da Mata Atlântica: contém áreas de alta diversidade nos

estados do ES, MG e costa sul da BA. Abriga muitas espécies de animais e

plantas da planície costeira. Este corredor inclui a Reserva Biológica de

Page 39: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

26

Soretama, a Reserva Florestal de Linhares, a Reserva Biológica de Una, o

Parque Nacional de Monte Pascoal, o Parque Nacional da Serra do Caparaó e

outras UCs e AIs que juntas formam a maior concentração de fragmentos

florestais na região (AYRES et al., 2005, SALVIO, 2002).

Corredor Sul da Mata Atlântica ou Corredor da Serra do Mar: representa a

maior extensão de Mata Atlântica contínua e, em termos ecológicos, é o mais

viável para a conservação. Este corredor inclui 27 UCs, como a Área de

Proteção Ambiental Estadual da Serra do Mar, em SP, a APA da Serra da

Mantiqueira, em MG, o Parque Nacional da Serra da Bocaina, no RJ, a APA de

Guaraqueçaba, no PR, e o Parque Nacional de Itatiaia (AYRES et al., 2005,

SALVIO, 2002).

Na Figura 13 a seguir são apresentados os corredores e suas

respectivas distribuições no território nacional brasileiro.

Page 40: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

27

Figura 13: Distribuição espacial dos corredores propostos pelo Projeto Corredores Ecológicos

(Fonte: AYRES et al., 2005).

Apesar dos sete (7) corredores representarem parcelas importantes das

florestas tropicais úmidas do Brasil (AYRES et al., 2005), possuem apenas

delimitações políticas de gestão territorial e assim como pode ser visto a seguir

na Figura 14, não necessariamente conectam as Unidades de Conservação

que os compõem, não atendendo em sua totalidade ao conceito de

“Corredores Ecológicos” no sentido proposto ao longo desse trabalho.

Page 41: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

28

Figura 14: Corredor Central da Mata Atlântica proposto pelo Projeto Corredores Ecológicos

(Fonte: AYRES et al., 2005).

Como pode ser visualizado na Figura 14, os limites do Corredor Central

da Mata Atlântica abrangem uma área geográfica total de 8.635.900 hectares,

sendo que apenas 314.562 ha encontram-se legalmente protegidos em

Unidades de Conservação oficialmente estabelecidas, dentre Parques

Nacionais, Reservas Biológicas, Florestas Nacionais e Estaduais, Áreas de

Proteção Ambiental Estaduais e Reservas Particulares do Patrimônio Natural,

sendo essas unidades em sua maioria pequenas e isoladas.

Page 42: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

29

O modelo de Corredores Ecológicos apresentado ao longo desse

trabalho, baseia-se como definido pelo Artigo 2 da Lei do SNUC, sendo uma

“porção de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando Unidades de

Conservação” (BRASIL, 2000) em uma escala de abrangência na qual seja

propiciada a criação de pequenas conexões entre dois ou mais fragmentos de

florestas e que, a partir de pequenas escalas poderão atingir grandes

proporções como a do Corredor Central da Mata Atlântica.

Como citado anteriormente, além dos “corredores” do Projeto

Corredores Ecológicos, mais três (3) corredores foram identificados, sendo

estes os que melhor representam o conceito e modelo proposto por esse

trabalho, não sendo, porém, reconhecidos oficialmente pelo MMA.

Corredor Ecológico de Biodiversidade de Santa Maria

O Corredor Ecológico de Santa Maria, no Paraná, na fronteira do Brasil,

Paraguai e Argentina, proporciona um caminho verde com mais de 29 mil

hectares, que liga três Unidades de Conservação (Figura 15). O corredor

abrange também as áreas das bacias dos rios Paraná e Iguaçu,

compreendendo os parques nacionais da Ilha Grande e do Iguaçu, o Parque

Estadual do Turvo (RS), a Área de Proteção Ambiental Federal das Ilhas e

Várzeas do Rio Paraná e o Parque Estadual do Morro do Diabo (SP).

Iniciado em 2003, o primeiro passo para a implantação do Corredor da

Biodiversidade foi reconstituir a ligação verde entre a faixa de proteção do

reservatório da Itaipu Binacional e o Parque Nacional do Iguaçu, nos

municípios de Santa Terezinha de Itaipu e São Miguel do Iguaçu. O corredor

leva o nome de uma das fazendas pelas quais passa, a Fazenda Santa Maria

(ITAIPU, 2014).

Na Figura 15 podemos ter uma visão da dimensão do Corredor

Ecológico de Santa Maria.

Page 43: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

30

Figura 15: Corredor Ecológico de Santa Maria no Paraná (Fonte: ITAIPU, 2014).

Corredor Ecológico do Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ

O Corredor Ecológico implantado em 2012 pelo Instituto de Pesquisas

Ecológicas – IPÊ, reconecta duas Unidades de Conservação do Pontal do

Paranapanema, em São Paulo, sendo elas a Estação Ecológica Mico Leão

Preto, que tem quatro fragmentos e um total de sete mil hectares, e o Parque

Estadual do Morro do Diabo, com 37 mil hectares de mata.

Ao todo, 1,4 milhões de árvores foram plantadas para reconectar a

porção sul do PEMD (37 mil hectares) com um dos quatro fragmentos da

ESEC-MLP (que tem um total de sete mil hectares), gerando a formação de

700 hectares de um grande corredor florestal que une as duas principais

Unidades de Conservação do bioma no Pontal do Paranapanema no extremo

oeste de São Paulo.

O corredor faz parte do Projeto Corredores da Mata Atlântica iniciado em

2002 pelo IPÊ com o objetivo de conservar a biodiversidade da Mata Atlântica

por meio da restauração florestal em Áreas de Preservação Permanente

(APPs) e Reserva Legal (RL) de propriedades rurais. O projeto está orientado

também na direção de promover a conservação dos recursos florestais, dos

recursos hídricos e da garantia dos serviços ambientais em áreas público-

Page 44: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

31

privadas no entrono de Unidades de Conservação do bioma Mata Atlântica do

extremo oeste paulista. Na Figura 16 podemos ter uma melhor ideia da

dimensão do corredor criado pelo instituto.

Figura 16: Corredor Ecológico implantado pelo IPÊ unindo duas Unidades de Conservação no Pontal do Paranapanema, em São Paulo (Fonte: IPÊ, 2014).

Corredor Ecológico da Trilha Transcarioca no Rio de Janeiro

O Corredor Ecológico da Trilha Transcarioca no estado do Rio de

Janeiro, criado pela esfera municipal, está inserido no bioma Mata Atlântica e

possui 25.000 hectares de área. O Corredor Ecológico formado pela Trilha

Transcarioca não é ainda formalmente reconhecido pelo Ministério do Meio

Ambiente, mas tem sido utilizado como estratégia de conservação pelo

Page 45: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

32

Mosaico Carioca de Áreas Protegidas, que foi criado pela Portaria MMA nº 245,

de 11 de julho de 2011.

A extensão total do corredor vai do Pão de Açúcar à Restinga da

Marambaia, no Rio de Janeiro, unindo áreas remanescentes de Mata Atlântica

e o objetivo principal de manejar esse corredor chamado de Trilha

Transcarioca, é assegurar que os Parques do Rio sejam ligados por um

Corredor Ecológico, que facilitará o fluxo genético de fauna e flora entre eles.

Na área entre o Parque Estadual da Pedra Branca e o Parque Nacional

da Tijuca, o Corredor da Trilha Transcarioca funciona, sobretudo, como uma

coluna vertebral verde entre os dois parques, garantindo a proteção da área

que liga essas duas Unidades de Conservação.

O Corredor da Trilha Transcarioca integra seis Unidades de

Conservação de proteção integral e uma sustentável, sendo elas, o Parque

Natural Municipal de Grumari, Parque Estadual da Pedra Branca, Parque

Nacional da Tijuca, Parque Natural Municipal da Catacumba, Parque Natural

Municipal da Paisagem Carioca, o Monumento Natural Municipal dos Morros do

Pão de Açúcar e da Urca e a Área de Preservação Ambiental e Recuperação

Urbana Municipal do Alto da Boa Vista.

A seguir na Figura 17 pode-se ter uma noção da extensão desse

corredor.

Figura 17: Corredor Ecológico da Trilha Transcarioca, no Rio de Janeiro (Fonte: WIKIPARQUES, 2014).

Page 46: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

33

O traçado inicial do corredor foi elaborado por um grupo de trabalho

constituído pelos gestores das Unidades de Conservação abrangidas e

técnicos do ICMBio, INEA e SMAC, bem como por membros da Conservação

Internacional (CI) e voluntários conhecedores da malha de caminhos das

unidades que compõem o corredor.

Na Tabela 2 a seguir, apresenta-se uma síntese dos corredores

reconhecidos pelo MMA e daqueles que melhor representam o conceito e

modelo proposto por esse trabalho.

Tabela 2: Corredores Ecológicos Efetivos

Bioma Corredor Ecológico Estância Área (ha) Ano de

Criação

Caatinga Corredor Capivara-Confusões Federal 414.565 2005

Caatinga Corredor Caatinga Federal 5.900.000 2006

Mata Atlântica Corredor IPÊ - 700 2002

Mata Atlântica Corredor Santa Maria - 29.000 2003

Mata Atlântica Corredor Trilha Transcarioca Municipal 25.000 2011

Como se pode observar por meio dos exemplos de Corredores

Ecológicos apresentados acima e ao longo de todo esse trabalho, a

fragmentação e a avaliação para a criação de Corredores Ecológicos são

processos complexos. Para tornar possíveis as ações que promovam a

interligação dos fragmentos florestais de Áreas Naturais Protegidas através dos

Corredores Ecológicos, é necessário reconstituir a história da vegetação local e

realizar o diagnóstico de sua atual situação (VIANA, 1990; VIANA, TABANEZ e

MARTINS, 1992, OLIVEIRA, 2011), fazer uma análise da paisagem em um

contexto regional, buscando identificar quais as principais barreiras, avaliar as

distâncias de isolamento das áreas e o tamanho dos fragmentos, sem se

esquecer dos pequenos, realizar estudos socioeconômicos e de

desenvolvimento da região, além de inventariar a fauna e espécies mais

vulneráveis das Áreas Naturais Protegidas a se conectar.

Considerando que apenas três das UCs brasileiras possuem tamanho

suficiente para manter populações viáveis a longo prazo, o número de efetivos

Corredores Ecológicos existentes no país ainda é insuficiente se quisermos

manter e conservar a biodiversidade das Áreas Naturais Protegidas existentes.

Page 47: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

34

Muitos corredores podem e devem ser criados no Brasil para que as

UCs já existentes e as que ainda serão criadas sejam eficientes e sustentáveis

em longo prazo na conservação da biodiversidade.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância das Áreas Naturais Protegidas não apenas para a

conservação da biodiversidade e da paisagem, mas também como

fornecedoras de serviços ambientais indispensáveis às atividades humanas e

garantia da sustentabilidade global, deve ser reconhecida (FUNDO VALE,

2012).

No Brasil, com seu território imenso e megadiverso, essas áreas

ganham ainda mais projeção, pois representam um potencial extraordinário de

soluções inovadoras que podem alçar o país a uma posição de liderança rumo

ao desenvolvimento sustentável (FUNDO VALE, 2012).

Deve-se focar em maneiras inovadoras de aperfeiçoar a conservação

local dessas áreas e quando possível, aumentar a sua abrangência,

propiciando conectividades aos ambientes adjacentes. Para isso, com base

nos atuais conceitos da Biologia da Conservação e da Ecologia da Paisagem, a

função conservacionista das áreas protegidas deve ser maximizada por meio

de um planejamento mais abrangente das áreas onde se inserem (FUNDO

VALE, 2012).

Promover um manejo correto das áreas existentes com a utilização de

métodos mais acurados e eficazes de conservação da biodiversidade por

Gestores Ambientais também é fundamental (FUNDO VALE, 2012).

Apesar dos desafios de planejamento e gestão, a ideia e o modelo de

Corredores Ecológicos que conectem Áreas Naturais Protegidas, devem

continuar sendo apoiados, de forma a proteger parcelas maiores do território,

prevenir a simplificação dos ambientes e assegurar a integridade dos

processos ecológicos.

A partir desse trabalho espera-se contribuir para o fortalecimento do

modelo de Corredores Ecológicos para que seja reconhecido como um

importante instrumento e ferramenta de Gestão Ambiental para a conservação

Page 48: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

35

da biodiversidade a longo prazo. A ferramenta já existe, o que falta é o

fortalecimento de sua implantação.

Assim, espera-se também impactar positivamente os órgãos gestores de

Áreas Naturais Protegidas, apresentando a importância de se planejar e gerir

as ANPs e Unidades de Conservação de forma integrada e com uma visão

ampla da paisagem e do território em que elas estão inseridas.

A definição de estratégias para a conservação da biodiversidade nas

áreas protegidas e a identificação de áreas prioritárias para a criação de novas

Unidades de Conservação deve ultrapassar os limites das UCs e considerar as

características potenciais de conservação nos fragmentos vizinhos para

aumentar a eficácia dessas áreas para a conservação da biodiversidade

(VIANA e PINHEIRO, 1998).

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARIZIPE, D. MENDES, A. RABAÇA, J. E. Zonas ribeirinhas sustentáveis: Um guia de gestão. Universidade de Lisboa: ISA-Press. 286p. 2009. AYRES, J. M. FONSECA, G. A. B. RYLANDS, A. B. QUEIROZ, H. L. PINTO, L. P. MASTERSON, D. CAVALCANTI, R. B. Os Corredores Ecológicos das florestas tropicais do Brasil. Belém, PA: Sociedade Civil Mamirauá. 256p. BRASIL. Decreto Federal Nº 4340, de 22 de agosto de 2002. 2005. BEGON, M., C. R. TOWNSEND E J. L. HARPER. Ecologia: De Indivíduos a Ecossistemas. 4a edição. Artmed. Porto Alegre. 2010. BRASIL. INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Publicado no Diário Oficial da União em 18 de julho. Brasília. 2000. BRASIL. Decreto n° 4.340, de 22 de agosto de 2002. Regulamenta a Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000 e dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Publicado no Diário Oficial da União em 23 agosto. Brasília. 2002. BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Institui o Novo Código Florestal Brasileiro e da outras providências. Publicado no Diário Oficial da União em 25 maio. Brasília. 2012.

Page 49: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

36

CALAÇA, A. M. A utilização da paisagem fragmentada por mamíferos de médio e grande porte e sua relação com a massa corporal na região do entorno de Aruanã, Goiás. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal de Goiás, Goiânia. 2009. CI – CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL. Governo do PA cria maior área de conservação ambiental. 04 de dezembro de 2006. Disponível em: http://www.conservation.org.br/noticias/noticia.php?id=211. Acesso em: 03 novembro 2014. 2006. COLLINGE, S. K. Ecological consequences of habitat fragmentation: implications for landscape architecture and planning. Landscape and Urban Planning. v. 36, 59-77p. 1996. FAHRIG, L. Effect of habitat fragmentation on the extinction threshold: a synthesis. Ecological Applications. v. 12, 346-353p. 2002. FORMAN, R. T. T; GODRON, M. Landscape Ecology. New York, John Wilwy e Sons, 619p. 1986. FUNDO VALE. Áreas Protegidas: Série Integração, Transformação, Desenvolvimento. 1. ed. Rio de Janeiro. v. 2. 168p. 2012. GASCON, C., T. E. LOVEJOY, R. O. BIERREGAARD, J. R. MALCOLM, P. C. STOUFFER, H. VASCONCELOS, W. F. LAURANCE, B. ZIMMERMAN, M. TOCHER, AND S. BORGES. 1999. Matrix habitat and species persistence in tropical forest remnants. Biological Conservation. v. 91: 223–229p. 1999. GILPIN, M. E. AND I. A. HANSKI. Metapopulation dynamics: empirical and theoretical investigations. Academic Press. San Diego. 1991. GROOM M. J, MEFFE G. K, CARROLL C. R. Principles of conservation biology. Sinauer, Sunderland, USA. 2006. ICMBIO. INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Mosaicos e Corredores Ecológicos. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/o-que-fazemos/mosaicos-e-corredores-ecologicos.html> Acesso em: 28 janeiro 2014. ICMBIO – INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Mapa temático e dados geoestatísticos das Unidades de Conservação federais. Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/portal/servicos/geoprocessamento/51-menu-servicos/4004-downloads-mapa-tematico-e-dados-geoestatisticos-das-uc-s.html. Acesso em: 29 outubro 2014. IEMA - INSTITUTO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS. Projeto Corredores Ecológicos: síntese do processo de definição e planejamento dos corredores prioritários no Espírito Santo. Cariacica. 28p. 2006.

Page 50: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

37

IPÊ – INSTITUTO DE PESQUISAS ECOLÓGICAS. Corredor Ecológico reconecta trechos da Mata Atlântica. 03 de fevereiro de 2012. Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/corredor-ecologico-une-unidades-conservacao-mata-atlantica-676156.shtml. Acesso em: 10 maio 2014. ITAIPU. Jornal de Itaipu eletrônico. Itaipu Binacional. Duas novas espécies no Corredor? Disponível em: http://jie.itaipu.gov.br/ Acesso em 07 novembro 2014. KRAMER, E. A. Measuring landscape changes in remnant tropical dry florests. In: LAURANCE, W. F.; BIERREGAARD, R. O. Tropical forest remnants: ecology, management and conservation of fragmented communities. London: The University of Chicago Press. 386-399p. 1997. LOVEJOY, T. E. Foreword. In: SOULÉ, M. E.; WILCOX, B. A. (Ed). Conservation Biology: an evolutionary-ecological perspective. 1. ed. Sunderland: Sinauer Associates. 5-9p. 1980. MACARTHUR, R. H.; WILSON, E. O. The theory of island biogeography. Princepton University Press, Princepton, 1967. MCGARIGAL AND MARKS. Fragstats: Spatial pattern analysis program for quantifying landscape structure. Reference manual. For. Sci. Dep. Oregon State University. Corvallis Oregon 59 p. 1995. MELLO. MARCO A. R. Populações e Metapopulações. Aula 4, 2013. Apresentação em Power Point. Disponível em: http://marcoarmello.files.wordpress.com/2013/04/aula-exemplo.pdf. Acesso em 02 novembro 2014. MELLO, P. C. G. S. Observação Pessoal. 2014. METZGER, J. P. O que é Ecologia da Paisagem? Biota Neotropica. v. 1, n. 12, 2001. METZGER, J. P. Estrutura da paisagem: o uso adequado de métricas. In: CULLEN, L. JR.; RUDRAN, R.; PADUA, C. V. Métodos de estudo em biologia da conservação e manejo da vida silvestre. 2. ed. Curitiba: UFPR. 423-453p. 2006. MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Corredores Ecológicos. Disponível em: http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/acoes-e-iniciativas/gestao-territorial-para-a-conservacao/corredores-ecologicos Acesso em: 07 novembro 2014. NEWMARK, W. D. Insularization of Tanzanian parks and the local extinction of large mammals. Conservation Biology. v. 10: 1549–1556p. 1996.

Page 51: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

38

O ECO. Associação O Eco. O que é Fragmentação. Disponível em: http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/27923-o-que-e-fragmentacao. Acesso em: 01 novembro 2014. O ECO. Associação O Eco. O que são Corredores Ecológicos. Disponível em: http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28538-o-que-sao-corredores-ecologicos. Acesso em: 06 novembro 2014. OLIVEIRA, F. S. Diagnóstico dos fragmentos florestais e das áreas de preservação permanente no entorno do parque Nacional do Caparaó, no estado de Minas Gerais. 2006. 72p. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) – Programa de Pós – Graduação em Ciências Florestais, Universidade Federal de Viçosa, 2006. OLIVEIRA, L. T. Caracterização da fragmentação florestal para produção de sementes no entorno capixaba do parque Nacional do Caparaó. 2011. 65p. Monografia (Engenharia Florestal) – Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Espirito Santo. 2011. PICKETT S. T. A. WHITE P. S. Natural disturbance and patch dynamics: an introduction. In: Pickett STA, White PS, editors. The ecology of natural disturbance and patch dynamics. New York: Academic. 3–13p. 1985. PEREIRA, MIGUEL A. S. NEVES, NUNO A. G. S. FIGUEIREDO, DIOGO F. C. Considerações sobre a fragmentação territorial e as redes de Corredores Ecológicos. Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Geociências e Geografia. v. 16, n. 2, jul./dez. 2007. RAMOS, F. N. Polinização e qualidade de sementes produzidas por Psychotria tenuinervis (Rubiaceae) em fragmentos de Mata Atlântica: efeito da distância de bordas antrópicas e naturais. 2004. 147p. Tese (Doutorado em Ecologia) – Programa de Pós – Graduação, Instituto de Biologia, Campinas, 2004. REMAP - REDE MOSAICOS DE ÁREAS PROTEGIDAS. Instrumentos de gestão territorial voltados à conservação da natureza. Disponível em: <http://www.redemosaicos.com.br/conceito.asp> Acesso em: 28 janeiro 2014. RODRIGUES, F. H. G.; OLIVEIRA, T. G. Unidades de Conservação e seu papel na conservação de carnívoros brasileiros. In: MORATO, R. G.; RODRIGUES, F. H. G.; EIZIRIK, E.; MANGINI, P. R.; AZEVEDO, F. C. C.; MARINHO-FILHO, J. (org.). Manejo e conservação de carnívoros neotropicais. São Paulo: IBAMA. 2006. SALVIO, G. M. M. Biogeografia de Ilhas e Metapopulações aplicados ao planejamento de Unidades de Conservação. Apresentação de Aula, 2014. Arquivo em Power Point. Pós Graduação em Planejamento e Gestão de Áreas Naturais Protegidas. 2002.

Page 52: A IMPORTÂNCIA DA CONECTIVIDADE NA GESTÃO … · Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, como parte das ... Monografia apresentada ao Campus

39

TURNER, M. G.; GARDNER, R. H. Quantitative methods in landscape ecology: the analysis and interpretation of landscape heterogeneity. Springer-Verlag, New York, 1990. UC-SÓCIOAMBIENTAL - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO SÓCIO AMBIENTAL. Mosaicos de Áreas Protegidas. Disponível em: <http://uc.socioambiental.org/territ%C3%B3rio/mosaicos-de-%C3%A1reas-protegidas> Acesso em: 28 janeiro 2014. USDA – NATURAL RESOURCES CONSERVATION SERVICE. Conservation Practices Minnesota Conservation Funding Guide. Disponível em: http://www.mda.state.mn.us/protecting/conservation/practices/habgeneral.asp Acesso em: 25 agosto 2014. USP/LEPAC - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO E LABORATÓRIO DE ECOLOGIA DA PAISAGEM E CONSERVAÇÃO. Populações em paisagens fragmentadas: da teoria das ilhas aos modelos atuais de Metapopulação. Apresentação de Aula. Arquivo em Power Point. Disponível em: http://eco.ib.usp.br/lepac/eco_paisagem/5_biogeo_metapop.pdf. Acesso em: 24 setembro 2014. VIANA, V. M. Biologia e manejo de fragmentos florestais naturais. In: CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO, 6, 1990, Campos do Jordão. Anais. Campos do Jordão: SBS/SBEF, 1990. 113-118p. (Trabalhos convidados). 1990. VIANA, V. M.; TABANEZ, J. A.; MARTINS, J. L. A. Restauração e manejo de fragmentos florestais. In: CONGRESSO NACIONAL SOBRE ESSÊNCIAS NATIVAS, 2, 1992, Campos do Jordão. Anais. Campos do Jordão: Instituto Florestal/Secretaria do Meio Ambiente. 400-406p. 1992. VIANA, V. M.; PINHEIRO, L. A. F. V. Conservação da biodiversidade em fragmentos florestais. Série Técnica IPEF, v. 12, n. 32, 25-42p, 1998. VIVEIROS DE CASTRO, E. B. & FERNANDEZ, F. A. S. Determinants of differential extinction vulnerabilities of small mammals in Atlantic forest fragments in Brazil. Biological Conservation. v. 119, 73-80p. 2004. WATSON, J. E. M., WHITTAKER, R. J., e FREUDENBERGER, D. Bird community responses to habitat fragmentation: how consistent are they across landscapes? Journal of Biogeography. v. 32, 1353-1370p, 2005. WIKIPARQUES. Trilha Transcarioca. Disponível em: http://www.wikiparques.com/wiki/Trilha_Transcarioca. Acesso em: 06 novembro 2014. ZAÚ, A. S. A Fragmentação da Mata Atlântica: aspectos teóricos. Floresta e Ambiente. Rio de Janeiro, v. 5, 160-170p, 1998.