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FERNANDA SOUZA RIBEIRO MARIA CAROLINA CAMPOS
A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA DOS SERVIÇOS
OFERECIDOS PELA DIEBOLD PROCOMP INDÚSTRIA
ELETRÔNICA NO SEU NEGÓCIO.
SALVADOR – 2004
2
FERNANDA SOUZA RIBEIRO MARIA CAROLINA CAMPOS
A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA DOS SERVIÇOS
OFERECIDOS PELA DIEBOLD PROCOMP INDÚSTRIA
ELETRÔNICA NO SEU NEGÓCIO.
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como pré-requisito para obtenção de título de especialista em Administração de Serviços na Universidade Federal da Bahia-UFBA.
Orientadores: Prof. ME Robinson Tenório e Prof. ME Paulo Henrique
SALVADOR – 2004
3
FERNANDA SOUZA RIBEIRO MARIA CAROLINA CAMPOS
A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA DOS SERVIÇOS
OFERECIDOS PELA DIEBOLD PROCOMP INDÚSTRIA
ELETRÔNICA NO SEU NEGÓCIO. Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como pré-requisito para obtenção de título de especialista em Administração de Serviços na Universidade Federal da Bahia-UFBA.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________________
Orientador Prof. ME Robinson Tenório UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
__________________________________________________________________
Orientador Prof. ME Paulo Henrique UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Salvador, 10 de agosto de 2004.
4
AGRADECIMENTOS
Agradecemos aos professores Robinson Tenório e Paulo Henrique, pela dedicação e compreensão em todos os momentos do processo de elaboração do nosso ensaio monográfico. Também agradecemos a todos da Diebold Procomp Indústria Eletrônica, cuja colaboração foi de extrema importância, especialmente Gedson Rodrigues de Oliveira, Supervisor da filial Salvador, que nos forneceu todas as informações necessárias ao desenvolvimento da pesquisa e possibilitou a realização do nosso trabalho com perfeição.
5
“A meta da estratégia competitiva para uma
unidade empresarial em uma indústria é encontrar uma
posição dentro dela em que a companhia possa melhor se
defender contra estas forças competitivas ou influenciá-
las a seu favor. Onde o conjunto das forças pode estar em
todos os concorrentes, e para o desenvolvimento de uma
estratégia é necessário pesquisar e analisar as fontes de
cada uma destas forças” (Michael Porter).
6
RESUMO
Graças à crescente competitividade no ambiente externo, as empresas têm voltado sua atenção para a necessidade de desenvolver ferramentas estratégicas que permitam melhorar seu posicionamento no mercado. O grau de exigência dos clientes torna emergente o estudo e a análise dos serviços como suporte à estratégia competitiva destas empresas. Este trabalho tem como principal propósito estudar a importância do serviço de assistência técnica oferecida pela Diebold Procomp no seu negócio, considerando as variáveis do ambiente externo e a busca pela melhoria do padrão de qualidade exercido pela organização. Dessa forma, ilustra-se a Diebold Procomp como objeto de análise do conceito de Estratégia e Qualidade em Serviço. O trabalho baseou-se em pesquisa dedutiva, com levantamento de bibliografia especializada, efetuando-se a pesquisa exploratória, com ênfase na coleta de dados primários, secundários, juntamente com contatos formais e informais com funcionários da empresa. Posteriormente foram realizadas análises comparativas entre o referencial teórico e as ações praticadas pela empresa estudada. Conclui-se que a utilização de serviços de assistência técnica como suporte estratégico, aliada à cultura de melhoria contínua, garantiu a Diebold Procomp uma posição privilegiada no mercado de automação bancária e eleitoral.
Palavras-chave: Estratégia; Serviço; Qualidade.
7
RESUMEN
Gracias a la creciente competitividad en el entorno, las empresas han volcado su atención a la necesidad de desarrollar herramientas estratégicas que permitan mejorar su posición en el mercado. El grado de exigencia de los clientes hace imprescindible el estudio y el análisis de los servicios como soporte a la estrategia competitiva de estas empresas. El presente trabajo tiene como principal propósito estudiar la importancia del servicio de asistencia técnica ofrecida por Diebold Procomp en su negocio, considerando las variables del ambiente externo y la busca por mejoría de la calidad ejercido por la organización. Asimismo, se ilustra Diebold Procomp como objeto de análisis del concepto de Estrategia y Calidad en Servicio. El trabajo se ha basado en investigación deductiva, con levantamiento de bibliografía especializada, efectuándose la investigación exploratoria, con énfasis en la colecta de datos primarios, secundarios, juntamente a contactos formales e informales con empleados la empresa. Posteriormente se han realizado análisis comparativos entre el referencial teórico y las acciones practicadas por la empresa estudiada. La conclusión es que la utilización de servicios de asistencia técnica como soporte estratégico aliada a la cultura de mejoría continua, han garantizado a Diebold Procomp una posición privilegiada en el mercado de automatización de los servicios bancarios y del proceso electoral.
Palabras clave: Estrategia - Servicio - Calidad
8
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS 09
Introdução 10
Estrutura do trabalho 10
Questões operacionais 11
Metodologia 11
Referencial teórico 13
Setor de Serviços 13
Estratégia 14
Relação entre estratégia e o ambiente 17
A abordagem de Prahalad & Hamel 18
O Modelo de Michael Porter 21
Tipos de Estratégias 22
Estratégias Competitivas Genéricas 26
Vantagem Competitiva 30
Dimensões do conceito de Qualidade 33
A Qualidade como diferencial competitivo 37
Diebold Procomp Indústria Eletrônica 42
Conclusão 52
Referências Bibliográficas
Anexo
Roteiro de entrevista
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Participação do setor de serviços no PIB.
Figura 02 – Modelo de ANDREWS E CHRISTENSEN.
Figura 03 - As cinco forcas competitivas (Porter, 1986).
Figura 04 - Perspectivas da Diebold Procomp para o período 2001-2006.
Figura 05 - Cadeia de valores da Diebold Procomp.
10
1. Introdução
Atualmente o relacionamento entre fornecedores de serviço e os clientes
tornou-se um assunto de grande importância. Apesar de interferir nos resultados
financeiros da organização e ser um fator estratégico de competitividade, visto que
cada vez mais os clientes desejam serviços melhores por preços menores, nem
sempre essa relação é vista com a devida atenção.
Grande parte das organizações focaliza os aspectos vinculados ao processo
de produção dos serviços, sem atentar para a qualidade com que os mesmos são
produzidos. Uma parcela ainda menor de empresas busca desenvolver ferramentas
para melhorar o relacionamento entre fornecedores de serviço e os clientes.
Neste mundo competitivo, a concorrência está se tornando cada vez mais a
principal preocupação das organizações, especialmente nos setores industriais. Por
isso, a administração estratégica torna-se imprescindível, por detectar sinais de
alerta no mercado e permitir o alcance da vantagem competitiva.
Contudo, já existem organizações atentas para a crescente influência do setor
de serviços na economia mundial. Um dos aspectos interessantes dessa mudança é
o papel das operações de serviço no setor industrial. Algumas organizações desse
setor perseguem o melhor posicionamento no mercado em que atuam, ou
simplesmente tentam manter a liderança já conquistada, através da melhoria
continua dos serviços que agregou às suas atividades.
Para compreender melhor esse panorama, buscou-se uma empresa líder no
mercado de automação, que vem desenvolvendo e implantando políticas,
ferramentas e indicadores de qualidade com esse objetivo.
O presente trabalho procura estudar qual a importância estratégica dos
serviços oferecidos pela Diebold Procomp para o seu negócio, detendo-se na
prestação de serviço como apoio à estratégia competitiva da Indústria.
11
2. Estrutura do Trabalho
A primeira parte do trabalho trata da introdução, objetivos, justificativa e
metodologia utilizada nesse ensaio monográfico.
Na segunda parte foi feita a revisão bibliográfica sobre a estratégia
competitiva, ambiente, qualidade e cultura organizacional demonstrando quais os
tipos de estratégias em estudo pelos principais autores da área, dando maior ênfase
a estratégia de Porter.
A terceira parte retrata um breve histórico da organização estudada, sua
posição no mercado, sua política de qualidade, suas ferramentas e indicadores para
auferir qualidade e a importância da qualidade e do RH.
Na quarta parte apresentam-se as conclusões finais do trabalho.
As referências bibliográficas estão relacionadas a seguir. E finalizando, no
anexo está o roteiro da entrevista realizada com o supervisor da filial Salvador da
Diebold Procomp.
3. Questões operacionais
• Qual a estratégica competitiva escolhida pela Procomp?
• Como a Diebold Procomp agregou as operações de serviço à sua produção?
• Que ferramentas a empresa utiliza para medir a qualidade do serviço
oferecido?
• Como ela está posicionada no mercado?
4. Metodologia
A metodologia utilizada foi baseada inicialmente em uma pesquisa para
conhecer a história da Diebold Procomp, e na revisão bibliográfica sobre o setor de
serviços e estratégia competitiva. Posteriormente, descobriu-se a necessidade de
incluir os temas ambiente, qualidade e cultura organizacional pela importância que
têm para a definição da estratégia da Diebold Procomp.
Deu-se ênfase, ao estudo da competitividade, à visão estratégica de Michael
Porter, que procura relacionar a empresa com o ambiente externo, demonstrando
12
que a concorrência não está somente nos atuais concorrentes, mas é influenciada
pelas cinco forças competitivas, a saber: novos entrantes, fornecedores, clientes,
produtos substitutos, e rivalidade entre os concorrentes.
A empresa estudada tem sede em São Paulo, com 80 filiais distribuídas em
todos os estados brasileiros. O estudo foi realizado na filial de Salvador por entender
que essa unidade representa a atuação da empresa em relação a sua estratégia
competitiva e qualidade de serviços. Investigando a estrutura da empresa,
identificou-se características significativas da relação de entre serviços e bens
manufaturados, definida por Porter no seu modelo.
A população da pesquisa foi composta por supervisor, líderes de equipe e
suporte da filial de Salvador. A amostra foi censitária, constituindo-se de 5 (cinco)
empregados.
Foram utilizados dois instrumentos de coleta: análise documental e entrevista
com o supervisor.
Foram realizadas duas entrevistas. A primeira entrevista foi rápida, com o
objetivo de situar a Diebold sobre o estudo que se estava realizando e buscar dados
e alguns documentos que baseariam a análise documental. Esse primeiro momento
serviu para que as pesquisadoras identificassem temas não abordados no
referencial teórico e que são de relevância para melhor entender o mecanismo da
organização.
O objetivo da segunda entrevista foi identificar a estratégia da empresa, qual
a sua posição no mercado em que está inserida e como a qualidade do serviço
oferecido contribui para manter ou melhorar seu posicionamento.
Para a análise documental, foram coletados relatórios, formulários e jornais
informativos da organização. A análise desses documentos foi feita por triangulação
fora da empresa estudada.
As entrevistas foram realizadas na empresa, em horário previamente
acordado com o supervisor da filial. A análise de relatórios e outros materiais foi
realizada pelas pesquisadoras fora do ambiente organizacional. As pesquisadoras
13
fizeram a leitura dos documentos em separado, comparando depois as informações
coletadas.
Escolheu-se o tratamento qualitativo para os dados, devido ao caráter
subjetivo de grande parte das questões. Também foi realizada a triangulação na
análise documental.
5. Referencial Teórico
5.1 O Setor de Serviços
Uma das grandes tendências do cenário empresarial na atualidade é a
transição de uma economia de produção para uma economia com base no serviço.
Como forma de obter vantagem competitiva, as organizações devem se empenhar
cada vez mais no melhor desempenho dos seus serviços, considerando que é mais
difícil copiar um serviço do que a tecnologia desenvolvida para produtos
manufaturados (Andrade Junior – 1999).
Até pouco tempo atrás, a garantia de um serviço era vinculada à compra de
um produto, fornecido gratuitamente como forma de incentivo à sua compra. Hoje o
mais comum é a situação inversa: um número cada vez maior de empresas está
vendendo a preços mais baixos, ou até mesmo doando, seus produtos com vistas à
cobrança pela administração, atualização ou suporte técnico dos mesmos. (Rifkin,
2001, p. 77).
Além dessas tendências e transformações na economia mundial, a
importância dos serviços na economia pode ser demonstrada através da sua
participação no PIB e nos empregos que gera (figura 1), como também no papel que
exerce nos outros setores da economia, especialmente a industrial. (Gianesi &
Correa, 1994).
14
0%10%20%30%40%50%60%70%
1 2 3 4 5
Agricultura
Servicos
Indústria
Outros
Figura 1 – Participação do setor de serviços no PIB.
Porter defende que há um vínculo estreito entre o setor de serviço e a
indústria, destacando-se, para efeito desse estudo, a relação entre serviços e a
venda de bens manufaturados, que ocorre quando a venda de um bem cria a
demanda por um serviço. (Porter, 1989, p.297). Quando se trata de empresas cujos
produtos estão estreitamente relacionados com tecnologia, a corrida competitiva
começa pela inovação em tecnologia, passando para outras áreas (preço e
qualidade) a cada vez que os concorrentes se equiparavam. (Gianesi & Correa,
1994). Atualmente, é o serviço o diferencial competitivo, uma opção estratégica que
vem aumentado o valor percebido pelo consumidor.
Com base nesse conjunto de idéias pretendemos estudar numa organização
industrial a implementação do serviço como diferencial competitivo.
5.2 Estratégia
Conceitos
Estratégia é um dos conceitos mais importantes e polêmicos em
administração de empresas. Originado das aplicações militares, como a arte dos
generais em empregar os meios disponíveis para atingir seus objetivos, tem-se
aplicado a estratégia no mundo dos negócios desde as primeiras formulações da
moderna administração industrial, tornando-a um assunto obrigatório na literatura
sobre administração nas últimas décadas.
O uso de estratégias remonta certo tempo na história. Sua origem é grega e
vem da palavra "strategos" e significa a "Arte do General" (Mintzberg & Quinn, 1990,
15
p.4). Neste sentido, o significado literal mostra como atuar nas batalhas para vencer
a guerra.
Estratégia é um plano, uma direção, um caminho, uma visão antecipada do
futuro. Também pode ser vista como uma tendência a ser seguida baseada no
comportamento passado, podendo assumir a forma de uma estratégia pré-
concebida, quando derivada de modelos anteriormente estabelecidos, como também
assumir a forma de uma estratégia emergente, quando surge naturalmente no
desenrolar das atividades. Estratégia envolve, ainda, a escolha de uma base física
ou uma situação vantajosa.
Por fim, podemos dizer que estratégia indica a direção e define os
movimentos, concentra os esforços e busca a definição, posiciona a empresa e,
sobretudo, proporciona consistência às decisões.
O conceito de estratégia, portanto, é muito amplo, podendo-se encontrar as
mais diversas definições nas várias publicações sobre o tema. Segundo FERREIRA
(1975), estratégia é “a arte de aplicar os meios disponíveis com vistas à execução de
objetivos específicos”, numa definição que enfatiza o planejamento. Já NAKAMURA
(1999) vê a estratégia através da sua face mais moderna, a competitividade,
revelando a influência da visão militar referente ao assunto. A competitividade
representa um estado de guerra entre empresas que procuram usar seus recursos
(exércitos) para atacar seus concorrentes (inimigos).
MOTA (1991) analisa a evolução da estratégia discriminando três fases
distintas:
1º fase - anos 50 – Formulação Estratégica
As empresas começaram a utilizar a estratégia como uma forma de obter uma nova
perspectiva de futuro, utilizando o conhecimento de onde e como expandir suas
operações e melhorar seu desempenho. Nesse período operava-se em ambiente
estável, possibilitando alcançar um horizonte maior do futuro.
2º fase - anos 60 – Planejamento Estratégico
16
Nessa fase, o conceito de estratégia se popularizou. Com um ambiente cada vez
mais instável, as empresas necessitavam tornar mais eficazes os seus processos de
planejamento e controle, de forma a permitir ajustes de acordo com modificações
futuras.
3º fase - anos 70 - Gerência Estratégica
Nesse período difunde-se a idéia de planejamento como um processo
contínuo, sistemático e contingencial, marcado pela inovação e adaptação a um
ambiente cada vez mais inconstante. Foi a partir dos anos 70 que as mudanças no
ambiente se intensificaram de tal forma que tornaram inúteis alguns pontos do
planejamento estratégico, solidificando a idéia de que esse processo deve emergir
de um conjunto de decisões tomadas para alcançar os objetivos da organização, e
não de um plano estático anterior à implementação das ações. Por essa razão
houve um avanço da visão estratégica para as áreas funcionais, acentuando uma
perspectiva descentralizada e não-hierárquica e a aceitação da capacidade gerencial
dos dirigentes.
Já Whittington (Gimenez, 1998, p.28), propõe uma visão mais recente do
estado atual da área de estratégia empresarial. Este identificou quatro abordagens
genéricas no processo de formação de estratégia: 1. clássica; 2. evolucionária; 3.
processualista e 4. sistêmica.
A abordagem clássica apresenta a formação de estratégia como um processo
racional de análise deliberada com o objetivo de maximizar a vantagem em longo
prazo da empresa. Baseada em um processo abrangente e detalhado de coleta de
informação sobre o contexto ambiental e organizacional, aliado a uma análise
racional, a estratégia surge de planos cuidadosamente elaborados (Ansoff, 1977,
p.115).
Os evolucionistas Freeman & Boeker, (1984, p.74); Hannan & Freeman,
(1988, p.14), por outro lado, descartam completamente qualquer possibilidade de
planejamento racional. Mudanças ambientais são consideradas impossíveis de
serem previstas, e escolhas gerenciais não têm nenhuma influência nos destinos da
organização. A principal força é o mercado que seleciona os mais aptos a
sobreviverem.
17
Os processualistas Cyert & March (apud Gimenez, 1998, p.4) embora
considerem a racionalidade do planejamento imperfeita, não concordam com a fé
dos evolucionistas na supremacia das forças de mercado. Diferenças individuais de
interesses e limitações cognitivas impedem a emergência de planos únicos
cuidadosamente elaborados. Por outro lado, imperfeições do mercado permitem a
existência de estratégias não-ótimas que emergem de um padrão de decisões
passadas.
A perspectiva sistêmica Whitley & Whittington (Gimenez, 1998, p.4), é menos
pessimista sobre a possibilidade de o estrategista realizar uma análise racional e
formular estratégias globais. Contudo, o contexto social das empresas torna a
estratégia dependente dos sistemas sociais particulares nos quais ela surge.
Assim, o processo é concebido como racional, mas guiado por diversos
objetivos e não somente maximização de lucros. Normas individuais e culturais
podem impor outros objetivos, conflitantes com a maximização de lucros.
No panorama atual, com a concorrência cada vez mais agressiva e a
similaridade na tecnologia, as empresas se vêem impelidas a fornecer aos clientes,
além de preços apropriados e qualidade, serviços adicionais que acrescentem valor
ao seu produto. Cada vez mais os serviços estão sendo incluídos como suporte
estratégico nas operações de organizações de vários setores da economia.
Para desenvolver melhor seus produtos e serviços, as organizações precisam
posicionar-se no mercado através da observação ativa da dinâmica do ambiente
competitivo. Por essa razão a estratégia competitiva escolhida precisa espelhar
essas mudanças e munir a direção de informações indispensáveis para o
gerenciamento do negócio.
5.3 Relação entre estratégia e o ambiente
O ambiente interno, caracterizado pela estrutura formal e informal da
organização, é representado pelos grupos sociais, valores, cultura, interesses
pessoais e organizacionais, entre outros. O ambiente externo é composto por uma
série de variáveis como tecnologia, política, economia que formam o contexto em
que ela está inserida. Os dois ambientes formam um campo dinâmico de força que
18
interagem entre si de forma tão dinâmica que os resultados são difíceis de prever
devido à complexidade dessas relações.
A relação entre estratégia e ambiente começa com a necessidade de se
pensar na empresa de forma holística, visualizando-a como elemento de unificação
das suas áreas funcionais com o ambiente externo, seguindo o modelo de
formulação de estratégia criado por Andrews e Christensen através do qual
adequavam-se as capacidades da empresa e as exigências competitivas que a
distinguia das concorrentes. Cabia à gerência criar um contexto no qual as
competências da empresa gerariam vantagem competitiva.
Figura 2. Modelo de ANDREWS E CHRISTENSEN.
Esse pensamento influenciou o estudo do pensamento estratégico e, a partir
dele, originaram-se duas escolas. A primeira delas enfatiza o estudo do ambiente
externo no seu desenvolvimento, tendo como destaque o trabalho de Porter. A
segunda dá maior importância aos aspectos internos da organização, sendo
representada pelo trabalho de Prahalad e Hamel.
5.4 A abordagem de Prahalad & Hamel
Essa abordagem é muito popular nos dias atuais não só por ser tema de
estudo da estratégia empresarial na década de 90, como também por vislumbrar que
Ambiente externo
Ambiente interno
Riscos e oportunidades
Forças e fraquezas
opotunidades
Considerações das combinações desses
elementos
Avaliação
ESTRATÉGIA
19
a estratégia depende de aprendizado e este depende das capacidades. Prahalad &
Hamel são os maiores responsáveis pela disseminação desses conceitos na
comunidade de negócios. Por isso esta abordagem tende a considerar a
administração estratégica em um processo de "aprendizado coletivo", que visa
desenvolver e explorar as competências distintivas difíceis de serem imitadas
(Prahalad & Hamel, 1995, p.57).
Os três conceitos mais populares de Prahalad & Hamel, são: competência
essencial, intenção estratégica e tensão e alavancagem e estão mais ligados às
características das organizações do que aos processos por elas utilizados
(Mintzberg, Ahlstrand & Lampel, 2000, p.161).
Uma organização alcança a adequação estratégica através do uso eficaz e da
acumulação eficiente dos seus ativos invisíveis, tais como Know-How tecnológico ou
lealdade dos clientes.
Esses autores consideram a Competência Central como a conseqüência do
aprendizado coletivo da organização. Isso requer capacidade de comunicação,
envolvimento e um profundo compromisso para trabalhar através das fronteiras
organizacionais.
A Intenção Estratégica é outro conceito importante para Prahalad Hamel, pois
estabelece a direção geral e define as oportunidades emergentes de mercado, onde
se prevê uma posição desejada de liderança e estabelece o critério que a
organização irá usar para mapear seu progresso.
O terceiro conceito, Tensão e Alavancagem, sofreram alterações. Os autores
acrescentaram os conceitos duplos de "esticar" e "alavancar". Eles definiram tensão
literalmente como "desajuste entre os recursos de uma empresa e suas aspirações"
(Prahalad e Hamel, 1995, p.58). Por outro lado, há muitas empresas que são bem-
dotadas de recursos, mas carece de suficiente "tensão" em suas aspirações.
Mas a tensão não é suficiente. Além disso, as empresas também precisam
aprender como alavancar uma base limitada de recursos, como:
1. Concentração eficaz de recursos em torno de um foco estratégico;
20
2. Acumulação de recursos de forma mais eficiente, extraindo conhecimento da
experiência e tomando emprestado os recursos de outras empresas;
3. Complementação de um tipo de recurso com outro para criar maior valor,
misturando-os e equilibrando o desenvolvimento de produtos, a elaboração de
produtos e serviços e infra-estrutura de entregas, marketing e assistência
técnica;
4. Conservação de recursos, sempre que possível, por reciclagem e pela
captação dos recursos de outras empresas;
5. Recuperação de recursos de mercado no menor prazo possível.
A meta estratégica não é achar um nicho de mercado, mas sim, criar um novo
espaço que não se encontre no ambiente, adequado às forças da empresa.
Se durante os anos 80 os altos executivos eram julgados por sua capacidade de
reestruturar, corrigir confusões e eliminar camadas hierárquicas nas corporações,
nos anos 90 eles foram julgados pela capacidade de identificar, cultivar e explorar as
competências essenciais que tornaram o crescimento possível. Uma competência
essencial deve ser de difícil imitação para os concorrentes. E será difícil se for uma
complexa harmonização das tecnologias individuais e habilidades de produção. Os
autores acrescentam que não é possível para uma empresa fazer uma aliança
inteligente se ela não tiver feito uma escolha acerca de onde ela formará a liderança
de competência. Um exemplo disso foram empresas japonesas que se beneficiaram
com alianças, utilizando-as para aprender com os parceiros.
Prahalad & Hamel, pertencentes à escola estratégica do aprendizado, entendem
que “a estratégia depende de aprendizado e este depende de capacidades”
(Mintzberg, Ahlstrand & Lampel, 2000, p.161). Sabe-se que esta escola possui as
suas fragilidades, mas entende-se também que ela representa o contrapeso à
cautela racional que, por tanto tempo, dominou a literatura e a prática estratégica.
A organização que aprende está em evidência. Entretanto, ela, por si só, não
está apta a desenvolver todo o processo estratégico de uma organização. As
pessoas têm que aprender, mas também têm que continuar realizando seu trabalho
cotidiano eficientemente para não conduzir a desintegração da estratégia
(Mintzberg, Ahlstrand & Lampel, 2000, p. 166).
21
A outra escola do pensamento estratégico dá ênfase ao ambiente externo na sua
análise. Como o trabalho tem foco no uso do serviço como suporte para alcançar
vantagem competitiva na indústria, estudaremos mais profundamente o pensamento
de Porter.
5.5 O Modelo de Michael Porter
Desde início dos anos 60, o capitalismo ingressa numa nova fase de
desenvolvimento, baseada numa dinâmica produtiva com sofisticada tecnologia,
chamada por alguns de "terceira revolução industrial". A nova etapa produtiva
passou a exigir ainda mais investimentos em pesquisas sobre implementação
tecnológica, cuja viabilização passou a depender, principalmente, de grandes
conglomerados empresariais, possuidores de capital. Ao longo do tempo, sobreviver
e prosperar tem significado adaptar-se e mudar. O que há de diferente nessa
entrada do novo milênio é que o tempo diminui. Mudanças que apareciam em
gerações agora surgem em curtíssimo espaço de tempo. Vários grupos de pesquisa
trabalhando simultaneamente, assim como o aumento de investimento privado da
área privada nas pesquisas desenvolvidas pelas Universidades, contribuíram para
aumentar a velocidade das inovações.
As oportunidades existem, e quem está alerta consegue percebê-las,
monitorando e avaliando os outros atores do mercado para descobrir novas
maneiras de aproveitamento e aperfeiçoamento do serviço. Drucker (1989, p.117),
adverte: “mudanças são oportunidades que podem ser vistas como ameaças por
muitos executivos, mas todas precisam ser exploradas como uma oportunidade,
para fazer algo diferente, algo novo e, acima de tudo, para fazer algo melhor, algo
mais produtivo e lucrativo”.
Por isso, faz-se necessário que as empresas estejam atentas a todo esse
conjunto de tendências que surgem a todo o momento, para que não se tornem
ultrapassadas e obsoletas nas mudanças dos processos no mundo dos negócios.
Pode-se observar no cotidiano o impacto causado pelo aparecimento de
novas tecnologias. A cada dia são anunciadas novidades na Internet e o
desenvolvimento dos aparelhos de uso doméstico, pessoal e industrial. Saber quais
são as novas tendências, como o mercado e os concorrentes estão atuando e
22
acompanhá-los de perto é hoje um requisito essencial a todos aqueles que buscam
alcançar a vantagem competitiva em sua área de atuação, e não somente
sobrevivência.
As empresas estão a todo instante tendo que se confrontar entre si na busca
por uma parcela maior de mercado, e a competitividade tem levado as empresas a
procurar diferenciais para alcançar os seus objetivos. Entende-se por empresa
competitiva, aquela que possui a capacidade de atuar melhor que a concorrência.
Num ambiente em que a tecnologia e o processo de produção das empresas estão
praticamente equivalentes, é a capacidade de inovação e qualidade do serviço que
fazem o diferencial. Isso implica em ter uma visão de futuro e buscar oportunidades
para oferecer algo a mais, para seus clientes. Conseqüentemente, a vantagem
competitiva existe para as organizações que anteciparam o futuro, estando sempre à
frente do seu tempo, provocando mudanças. É necessário estar aberto ao novo e
saber onde se inserir no mercado.
5.6 Tipos de Estratégias
A estratégia competitiva de uma empresa é relacionada com o meio externo,
através das forças sociais e econômicas, mas o aspecto relevante é a indústria em
que ela compete. A concorrência em uma indústria tem raízes em sua estrutura
econômica básica e vai além do comportamento dos atuais concorrentes. Para
Porter (1986, p. 22), a essência da formulação de uma estratégia competitiva é
relacionar uma companhia ao seu meio ambiente.
A meta da estratégia competitiva para uma unidade empresarial em uma
indústria é encontrar uma posição dentro dela em que a companhia possa melhor se
defender contra essas forças competitivas ou influenciá-las favoravelmente. O
conjunto das forças pode estar em todos os concorrentes. Para o desenvolvimento
de uma estratégia é necessário pesquisar e analisar as fontes de cada força. “Forças
externas à indústria são significativas principalmente em sentido relativo; uma vez
que as forças externas em geral afetam todas as empresas na indústria, o ponto
básico encontra-se nas diferentes habilidades das empresas em lidar com elas”
(Porter, 1986, p. 22).
23
Ainda segundo Porter (1986), o grau da concorrência depende de cinco forças
competitivas básicas, conforme Figura 1. A análise dessas forças contribuirá para
uma avaliação dos pontos fortes e fracos da empresa, pois, em conjunto, elas
determinam a intensidade da concorrência na indústria, assim como sua
rentabilidade. Além disso, estabelecerá a melhor posição possível no campo
competitivo.
Figura 3 – as cinco forcas competitivas (Porter, 1986).
Ameaça de novos entrantes
Novas empresas que entram para um setor trazem nova capacidade, o desejo
de ganhar uma parcela de mercado e na maioria das vezes um bom capital.
Conseqüentemente isso pode representar uma redução da margem de lucro das
empresas já existentes, principalmente devido à queda de preços, decorrentes de
estruturas mais enxutas, novas tecnologias, aumento da demanda por insumos, o
que levará a um inflacionamento nos custos do produto final.
Fornecedores
Produtos
substitutos
Clientes
Novos
entrantes
Competidores na Indústria
Poder de barganha dos clientes
Poder de barganha dos fornecedores
Ameaça de produtos
substitutos
Ameaça de novos entrantes
24
Na visão de Porter (1986, p.25), uma das formas de impedir a chegada de um
novo entrante são as barreiras de entrada estabelecidas pelas empresas já
existentes na indústria.
Poder de barganha dos fornecedores da empresa
Como os fornecedores querem cobrar os preços mais altos possíveis por seus
produtos, surge naturalmente uma luta de poder entre as empresas e seus
fornecedores. O poder de negociação dos fornecedores determina até que ponto
eles podem forçar o aumento do preço do produto que necessitam vender e pode
levá-los a se apropriar dos benefícios decorrentes do valor gerado pelas empresas
da indústria para seus clientes (Porter, 1986, p.44). Os fornecedores em uma
indústria representam uma ameaça quando elevam os seus preços ou reduzem a
qualidade dos bens e serviços fornecidos. Se os fornecedores estão concentrados,
estes podem comprometer a rentabilidade da indústria quando esta não consegue
repassar os aumentos de custos em seus preços.
A atuação dessas forças é um tanto quanto significativa, uma vez que direcionam
a concorrência na indústria e determinam rentabilidade da mesma. De acordo com
Porter (1986, p. 45), uma estratégia competitiva efetiva assume uma ação ofensiva
ou defensiva de modo a criar uma posição defensável contra as cinco forças
competitivas. De modo amplo, isso compreende uma série de abordagens possíveis,
a saber:
• Posicionar a empresa de modo que suas capacidades proporcionem a melhor
defesa contra o conjunto existente de forças competitivas;
• Influenciar o equilíbrio de forças através de movimentos estratégicos e, assim,
melhorar a posição relativa da empresa; ou
• Antecipar as mudanças nos fatores básicos das forças e responder a elas,
explorando, assim, a mudança através da escolha de uma estratégia
apropriada ao novo equilíbrio competitivo antes que os rivais a identifiquem.
Essas regras também fazem parte da estrutura. A rentabilidade depende também
da adesão dos competidores às mesmas. Nos mercados competitivos, as forças são
25
desfavoráveis e as constantes entrada e saída de competidores impedem que os
agentes fixem regras favoráveis de comportamento competitivo.
Ameaça de produtos substitutos
A concorrência depende da extensão até a qual os produtos em uma indústria
são substituíveis por produtos de outra. A identificação de produtos substitutos,
conforme Porter (1986), é realizada através de pesquisas na busca de outros
produtos que possam desempenhar a mesma função que aquele da indústria. Os
produtos substitutos reduzem as taxas de retorno dos investimentos de uma
indústria, à proporção em que forçam os preços que as empresas podem fixar como
lucro (Porter, 1986, p.40).
Poder de barganha dos clientes da empresa
Os clientes de uma empresa querem que os preços baixem ou que a
qualidade suba. Podem até querer ambas as coisas. Sua capacidade para fazê-lo
depende de quanto compram, de até que ponto estão bem informados, da sua
disposição para experimentar alternativas e assim por diante.
O poder de negociação dos compradores igualmente determina o grau de
flexibilidade de sua política de preços. Se os seus consumidores são mais
poderosos que sua empresa, eles podem forçar o preço para baixo, podem impelí-lo
a oferecer serviços gratuitos, ou a manter grandes estoques envolvendo custo e
risco, restringindo o lucro de sua atividade.
Para Porter (1986), a depender da sua situação no mercado, os grupos de
compradores podem exercer pressão em relação à redução dos preços,
barganhando por melhor qualidade ou mais serviços e jogando os concorrentes uns
contra os outros. Um grupo de compradores se torna poderoso se as seguintes
situações forem verdadeiras:
• Os compradores estão concentrados ou adquirem grandes volumes em
relação às vendas do fornecedor;
• Os produtos que ele compra não são diferenciados. Eles podem jogar os
vendedores uns contra os outros, pois existem muitos fornecedores
alternativos, forçando os preços para baixo;
26
• Os produtos que os compradores adquirem da indústria representam uma
fração significativa de seus próprios custos ou compras;
• O poder dos compradores é aumentado quando o vendedor se defronta com
custos de mudança;
• O lucro dos compradores é baixo;
• O produto não é um insumo importante para a qualidade do comprador;
• O comprador tem total informação do mercado.
A intensidade da rivalidade entre os concorrentes existentes
Todos os fatores anteriores convergem para a rivalidade, que para Porter é
um cruzamento entre guerra aberta e diplomacia pacífica. As empresas manobram
para conquistar posições. Elas podem atacar-se umas às outras ou concordar
tacitamente em coexistir, talvez até formando alianças. Isso depende dos fatores
anteriormente discutidos.
A rivalidade em uma indústria ocorre porque os concorrentes percebem o
surgimento de novas oportunidades para melhorar a sua posição no mercado, onde
são utilizadas muitas táticas, como: concorrência de preços, batalhas de publicidade,
introdução de produtos, aumento dos serviços ou das garantias para os clientes
(Porter, 1986, p.34).
5.7 Estratégias competitivas genéricas
Porter identificou três estratégias genéricas que poderiam ser usadas
individualmente ou em geral para criar uma posição defensável que ultrapassasse a
ação dos competidores em uma indústria. Essas três estratégias genéricas são: a
liderança no custo total; a diferenciação e o enfoque.
Liderança no custo total
Essa era uma estratégia muito popular pela década de 70, devido à
popularização da curva de experiência, em que manter o menor custo entre os
competidores e alcançar um volume alto nas vendas era o tópico central da
estratégia, na qual a qualidade, a redução de custos pela experiência, e um controle
27
rígido do custo e das despesas gerais e muito particularmente dos custos variáveis
eram questões fortes e constantes.
Para Porter (1986), uma posição de baixo custo produz para a empresa
retornos acima da média em sua indústria, não obstante a presença de intensas
forças competitivas. Essa pode ser a mais transparente das três estratégias
genéricas, pois a empresa busca tornar-se produtor de baixo custo no seu setor,
com um alvo amplo e atendendo a muitos segmentos industriais. Assim, as fontes de
vantagem de custo podem variar, dependendo da estrutura da indústria, entre busca
de economia de escala, tecnologia patenteada, acesso preferencial a matérias-
primas, entre outros.
A diferenciação
A diferenciação implica na concepção de algo que seja único no mercado,
além de amplamente valorizadas pelos compradores, em nível de produto ou
serviço. É como tornar seu produto incomparável diante de outros, tornando-o
importante para o cliente.
A diferenciação pode ser feita por mudança na tecnologia, na imagem da
marca, na qualidade dos serviços. Contudo, preço e custo não são elementos
diferenciadores, visto que muitas pessoas preferem pagar mais por um produto de
melhor qualidade.
O enfoque
Porter (1986), afirma que essa estratégia é bem diferente das outras, porque
está baseada na escolha de um ambiente competitivo estreito dentro de uma
indústria. O objetivo dessa estratégia é atender um determinado nicho de mercado e
satisfazer melhor as suas necessidades. O focalizador seleciona um segmento de
mercado, ou uma linha de produtos, e adapta sua estratégia para atendê-lo,
excluindo outros competidores. Para que a estratégia de enfoque prospere é
necessário que o segmento escolhido tenha clientes com necessidades incomuns,
que o difiram de outros segmentos de mercado.
28
Competitividade
Entre o fim dos anos 70 e o início dos 80, a noção de concorrência que
predominava na literatura de gestão empresarial passou a ser acompanhada e
complementada pelos conceitos de competitividade e vantagem competitiva.
Ainda que não se tenha um consenso quanto ao marco histórico que
caracteriza tal mudança, foi o livro de Michael Porter, "Estratégias Competitivas",
escrito em 1980, que representou o mais relevante esforço teórico para a
consolidação dos novos conceitos (Santos, 1996).
Na economia globalizada construída nos anos 90 e no centro das tendências
esperadas para o novo milênio, a expressão-chave continuou sendo a
competitividade. E como elementos de sua sustentação permanecerão a
produtividade e a detenção das melhores práticas mundiais (Drucker, 1989, p.177).
Com a democratização da informação, houve um grande impulso da
tecnologia. O resultado foi uma nova realidade comercial, a emergência de
mercados globais de produtos padronizados para o consumidor em uma escala de
grandeza nunca antes cogitada.
Duas forças então estabelecem a forma do mundo dos negócios: a
democratização da informação e a tecnologia. Enquanto a democratização da
informação ajuda a determinar as percepções das realidades econômicas, a
tecnologia determina as preferências. Não importa o quanto às preferências se
ampliem ou diferenciem, elas também concentrar gradativamente, formando
mercados onde as economias de escala proporcionam a redução de custos e
preços.
No âmago dessa revolução, todas as empresas se deparam com a
inadequação tecnológica, se não com a obsolescência. Essa revolução provoca um
forte impacto nas empresas líderes de mercado, que investem pesadamente em
tecnologia. Isso significa que as empresas correm riscos por não inovarem e
também por inovarem. A liderança é alcançada por aquelas poucas empresas que
aprendem a inovar com êxito e sucessivamente. As empresas que não se
adaptarem às novas realidades globais se tornarão vítimas das que o fizerem.
29
A organização emergente tem melhores condições para lidar com a dinâmica
deste cenário por não estar atrelada aos antigos paradigmas e, principalmente, por
ter melhores condições de lidar com a tecnologia de última geração do que uma
empresa já estabelecida.
A adaptação das organizações se relaciona à manutenção de um
comportamento adequado aos fatores do ambiente. A empresa deve reagir
rapidamente às mudanças, por causa de sua percepção quanto a serem ameaças e
oportunidades, para que possa atingir seus objetivos e aumentar a probabilidade de
garantir a sua continuidade. O ambiente não somente a altera, mas também impõe
um conjunto de condições que se torna requisito para a sua própria operação,
podendo, caso não sejam satisfeitas, colocá-la em situação vulnerável (Zacarelli,
Fischmann & Leme, 1980, p.98). As restrições, aspectos tecnológicos, culturais,
sociais, políticos e legais afetam de forma diferenciada os diversos tipos de
organização.
O ambiente modela como as atividades são configuradas, quais recursos
podem ser empregados e quais compromissos podem ser realizados com sucesso.
O contexto onde a organização se insere influencia enormemente na forma como ela
é criada, organizada, gerenciada e até na maneira como compete. A competitividade
está relacionada às características de uma firma ou produto, em termos de
desempenho (participação no mercado) e de eficiência (relação insumo/produto), ou
pode ser definida como a capacidade de formular e implementar estratégias
concorrênciais, que lhe permitam conservar, uma posição sustentável no mercado.
Prosseguem afirmando que o sucesso competitivo, dessa forma, depende da
criação e da renovação das vantagens competitivas pelas empresas, as quais
devem estar aptas não só a adotar estratégias competitivas adequadas, mas,
também, a impor correções quando necessárias. Porter (1993), avaliando a
competitividade em nível de nação, relaciona esta à produtividade, ou seja, à
habilidade de gerar riquezas, fundamentada no desenvolvimento tecnológico e na
capacidade de inovação.
30
5.8 A vantagem competitiva
A vantagem concorrêncial pode residir tanto na empresa quanto no ambiente.
Ela é o resultado efetivo da escolha da melhor alternativa estratégica. Segundo
Porter (1989), a vantagem competitiva resulta da habilidade da empresa em
desempenhar as atividades requeridas com um custo inferior aos seus concorrentes,
de forma única, que crie valor para o consumidor e que também permita à empresa
promover um preço especial.
Além de optar entre vantagem por maior diferenciação ou custos menores, a
empresa precisa ter em vista seu “campo de ação competitivo”, adotando o conceito
de focalização, identificando os segmentos que pretende atender e criando uma
cadeia de valor especificamente cogitada para este segmento. A empresa precisa
decidir que posição deseja conquistar no mercado e, desse modo, projetar um
programa de mudanças que a ajude a ocupar a posição desejada (Santos, 1996,
p.6). Se todas as empresas se concentrassem em um mesmo foco e investissem
nas mesmas variáveis, não haveria vencedor e a rentabilidade do setor seria
dissipada. Os competidores precisam ser diferentes o bastante para possuir uma
vantagem única. Essa vantagem pode se diferenciar em preço de venda, funções,
localização ou até mesmo a “percepção que o cliente tem de um produto e de seu
fornecedor. E, sem dúvida alguma, a percepção é freqüentemente a única base de
comparação entre alternativas semelhantes” (Henderson, 1998, p.14).
É necessário lembrar também que um fator de competitividade se transforma
em uma vantagem competitiva somente quando os clientes reconhecem uma
situação diferenciada em relação aos concorrentes. É a partir do juízo de valores dos
clientes que se definirá o que vem a ser um diferencial competitivo (Zaccarelli, 1995,
p.234). Assim, uma estratégia bem –sucedida precisa superar a dos concorrentes e,
principalmente, atender às expectativas e necessidades reais dos clientes. Desta
forma, a vantagem competitiva nasce da somatória dos fatores chave desenvolvidos
nos elos, nas interfaces ou numa melhor integração entre eles e se estabelece na
competência dos colaboradores dentro de cada elo da cadeia (Brasil; Diegues &
Blanc, 1995, p. 67). Kotler (1988, p.33), faz uma importante distinção entre os fatores
que promovem a vantagem competitiva e aqueles de competência distintiva. Ter
vantagem competitiva é ser mais forte que os concorrentes em um fator relevante
31
para o consumidor. Já uma empresa tem competência distintiva quando apresenta
um forte fator que, no entanto, não a distingue, necessariamente, sob o ponto de
vista dos concorrentes, ou, se este for relevante para os consumidores, há outros
concorrentes na mesma situação. Além desses, dois outros conceitos são
fundamentais para o nosso entendimento da vantagem competitiva, que são: campo
de competição e arma competitiva.
O campo de competição refere-se a um atributo de interesse do consumidor,
como assistência técnica, treinamento, prazo de entrega, que a organização
escolherá para competir. Já a arma competitiva é o meio empregado pela empresa
para obter vantagem competitiva em um campo de competição e que não causa
interesse ao consumidor, como: qualidade no processo, tecnologia, produtividade,
etc (Contador, 1994, p.8).
O conceito de campo de competição é coincidente com os critérios relevantes
para conquistar pedidos descritos por Hill (apud Santos, 1996, p.8). São os critérios
"que direta e significativamente contribuem para o ganho de negócios. Eles são
vistos pelos consumidores como os fatores-chave da competitividade" (Slack, 1993,
p.15). Os critérios qualificadores são aqueles nos quais a empresa deve atingir um
nível mínimo de desempenho que vai qualificá-la para competir. Os incrementos nos
objetivos ganhadores de pedido resultam em acréscimos substanciais em termos
competitivos.
Assim, a organização deve ter uma vantagem particular, especialmente criada
pelos seus produtos, seus canais de distribuição, preços, embalagem, entrega,
garantia, que proporcionem a sustentação para que se obtenha a vantagem
competitiva.
Esses elementos, designados fatores competitivos ou estratégicos,
combinados, estruturam a base competitiva, possibilitando a ligação entre os
produtos e os consumidores atuais e potenciais. Para Maximiano (1985, p.159), os
fatores estratégicos "são algum tipo de base de sustentação que estabeleça o
vínculo desejado entre os produtos/serviços e os clientes/mercados, ou que lhe
assegure a realização dos objetivos planejados”.
32
Conforme Day & Wensley (apud, Santos, 1996, p.22), existem três condições
fundamentais a serem observadas para se definir vantagem competitiva:
Observar que vantagem competitiva é a integração das fontes componentes, da
posição e do resultado de performance da empresa;
Distingue que o conceito de vantagem competitiva reside em uma habilidade
superior, em disponibilidade de recursos que são revelados através da
competitividade do produto no mercado. Um ponto de vantagem pode ser
proveitoso somente quando oferece benefícios que são percebidos e valorizados
pelo cliente, e que são difíceis para o concorrente oferecer;
Identifica os produtos e os mercados para os quais a empresa está realmente
capacitada para atuar. Esta vantagem surge do valor que a empresa consegue
criar e que é percebida pelo cliente. Existem várias formas de concorrer no
mercado e a organização faz opções por aqueles fatores-chave que permitirão
atingir os seus objetivos.
Como a organização não pode se tornar excelente em todos os critérios, ela
realiza importantes trade-offs entre as alternativas.
De acordo com Faria (1996), as empresas selecionam um número reduzido de
prioridades e formam os pilares de sua estratégia. Eles fortalecem as habilidades da
organização ao buscar posições vantajosas sobre a concorrência no mercado-alvo.
“As empresas devem ser capazes de identificar onde estão suas vantagens e
desvantagens. Para isso, é necessário verificar que atividades específicas
proporcionam uma vantagem competitiva” (Porter, 1989, p.31).
A adaptação das muitas atividades é fundamental não somente para as
vantagens competitivas, mas também para a sustentabilidade das vantagens. É mais
difícil para um concorrente imitar um conjunto de atividades alinhadas e bem-
entrosadas. Posições construídas em sistemas de atividades são muito mais
sustentáveis do que aquelas construídas em atividades individuais (Porter, 1989,
p.32).
A reunião de atividades que são executadas para projetar, produzir,
comercializar, entregar e sustentar seu produto podem ser representadas, fazendo-
33
se uso de uma cadeia de valor, Porter (1989, p.33), cuja cadeia em seguida se
conceituará para um melhor entendimento.
5.9 Dimensões do conceito de Qualidade
Qualidade é o atributo designado ao produto ou serviço dado pelo
consumidor, na medida em que esse produto ou serviço atenda aos graus, de
necessidades contido em cada demandante. Sendo assim, o conceito de qualidade
se torna uma decisão do cliente e não da empresa.
O consumidor leva em consideração diversos produtos e serviços que estão
comprando, a fim de realizar uma avaliação consistente de sua qualidade. Tais
dimensões perpassam por um bom desempenho, pelas características oferecidas,
pelo grau de confiabilidade, por sua utilidade, durabilidade, aparência, por sua
capacidade de interação com o cliente, no momento de seu atendimento e pela
segurança que tais produtos oferecem.
As dimensões citadas acima sugerem implicações importantes para as
empresas, pois estas, precisam de seus clientes para definir os padrões de medida
da qualidade. Esses padrões podem ser encontrados através de pesquisas e
sugestões relatadas dos clientes e das expectativas criadas acerca dos produtos ou
serviços, que podem mudar com o passar do tempo ou, simplesmente, ser afetada
por produtos similares oferecidos por empresas concorrentes.
O melhoramento do padrão de qualidade oferecido por uma organização é
representado por sua manutenção e sustentabilidade no mercado onde atua, ou
seja, a firma que conseguir produzir um produto que exprima o maior grau de
qualidade de sua categoria, consegue atender as necessidades de seus clientes e
se manter na liderança em vendas, auferindo maiores lucros. Toledo (1987),
acrescenta à sua afirmação a idéia de que:
De maneira geral, nas grandes empresas onde os controles do produto e do
processo de trabalho estão mais centralizados nas mãos da gerência, em
que a relação entre produtor e mercado é menos personalizada e a
produção tende a ser em maior volume, a abordagem adotada tenderia a
ser a de padronizar e controlar a qualidade. (TOLEDO, 1987, p. 31)
34
Uma questão importante a ser estudada é qual o melhor procedimento que a
empresa deve adotar para que consiga obter a qualidade. Para determinar a
qualidade em seus produtos ou serviços, a firma necessita unir várias ações. A
classificação de ações foi realizada por Paladini (1994) e são exemplificadas abaixo:
Qualidade do projeto: a qualidade do projeto é medida pela identificação dos
clientes e determinação do que tais clientes esperam de seus produtos ou
serviços, exibindo, dessa forma, os atributos necessários para o atendimento
de suas expectativas;
Capabilidade dos processos de produção: os processos de produção têm de
ser pensados e desenvolvidos no intuito de produzir novos produtos levando
em consideração os atributos desejados por seus clientes;
Qualidade de conformidade: os locais de produção devem ser dirigidos para
produzir produtos e serviços que atendem às especificações de projeto e
desempenho voltadas para as expectativas de qualidade dos clientes;
Qualidade do atendimento ao cliente: a empresa deve administrar contatos
com os clientes de forma justa e educada, deixando claro sua posição de
responsabilidade e respeito perante os mesmos;
Cultura de qualidade da empresa: toda empresa deve fazer o necessário para
projetar, produzir e dar assistência técnica aos produtos e serviços oferecidos,
ativando mecanismos internos, melhorando constantemente, cada uma das
etapas de produção.
Diante do exposto, percebe-se que a empresa, em seu esforço constante
para atingir um maior grau de qualidade de seus serviços ou produtos, acaba
incorrendo em alguns custos. Geralmente, alguns desses custos estão associados
em evitar uma má qualidade ou em corrigir estas que ocorrem em alguns produtos.
Quando um produto defeituoso acaba na mão de um consumidor, a empresa
tem de assumir uma postura de se responsabilizar pela falha cometida fazendo o
recolhimento ou consertando o produto danificado para não perder sua credibilidade
perante seu cliente, procurando, sempre, o desenvolvimento de novas técnicas
produtivas capazes de detectar e evitar tais defeitos.
35
Segundo Kotler (1998), fica claro que qualidade significa fazer as coisas
certas e, neste caso, é justamente o cliente quem vai funcionar como termômetro do
grau de qualidade exercido por cada empresa. Necessário salientar o que é o certo
para a firma, isto irá depender do tipo de operação escolhida.
Com isso, um bom desempenho de qualidade em uma operação não leva,
apenas, à satisfação de necessidades de consumidores externos, mas também
torna mais fácil e atrativo a vida das pessoas que trabalham na operação. A
satisfação dos clientes internos é tão importante para um bom funcionamento da
empresa quanto à satisfação dos consumidores externos.
Dentro das organizações, o investimento em pesquisas em aprimoramento da
qualidade é cada vez mais crescente, pois tais instituições já perceberam que bens e
serviços de alta qualidade podem dar a uma organização uma considerável
vantagem competitiva, diferenciando seus produtos no mercado onde atuam. A
qualidade, em longo prazo, se torna mais importante fator que afeta o desempenho
de uma firma em relação a seus concorrentes.
De acordo com Paladini (1994), há duas posições contrárias em relação à
gerência de qualidade. A abordagem tradicional defende a idéia de que a maneira
de assegurar o recebimento de produtos e serviços de qualidade se dá através do
desenvolvimento de um sistema rigoroso de inspeção efetuado pela empresa. As
críticas a essa abordagem consistem em supor que a qualidade pode ser
inspecionada no produto, ou seja, no final do processo produtivo, onde se continua a
produção de produtos defeituosos.
A outra posição caracterizada como a abordagem moderna defende a idéias
de que as mudanças devem ocorrer no intermédio do processo produtivo, não
apenas quando o produto já está terminado. Os maiores pensadores que comungam
dessa idéia são: W. Edwards Deming, Philip B. Crasby, Armand V. Feigenbaum,
Kaoru Ishikawa, Joseph M. Juran e Genichi Taguchi.
A qualidade induz a busca, por parte dos empresários, de um aumento
crescente na produtividade de seus processos produtivos, buscando a melhoria e a
eficiência na produção, incentivando a qualidade na fonte do modelo operacional.
36
Para que a empresa atinja o ponto ótimo na qualidade de seus produtos ou
serviços, é preciso implementar uma estrutura de marketing mais eficiente e efetiva,
criando e oferecendo aos seus consumidores, de maneira simpática, novos valores.
O mix estratégico é composto por um estudo rigoroso do mercado onde a firma
trabalha, e também, por análises demográficas e de padrões de vida, tentando
identificar tendências de consumo, realizando grupos de enfoque, entrevistas e
testes de produtos nas casas dos clientes para conhecer as expectativas, os
problemas, as necessidades e as preferências de quem compra seus produtos
(Pindyck, 1994).
Pindyck (1994) aborda também que, com a mudança de paradigma sofrida
contemporaneamente pelas organizações1, o sucesso de vendas no lançamento de
um produto no mercado é resultado de várias ações estabelecidas previamente no
ambiente produtivo. A primeira delas é identificar como seus clientes fazem suas
escolhas. Os consumidores são maximizadores de valor, dentro de sua capacidade
de pesquisar e do seu nível de conhecimento e informação, mobilidade e renda.
Afinal, os clientes realizam sua melhor escolha quando escolhem a oferta de
marketing que lhes dá o maior valor.
A segunda ação que uma empresa deve levar em consideração é como
identificar e mensurar a satisfação de seus clientes. A decisão de compra de um
produto ou serviço vai depender diretamente do desempenho do produto com
relação às expectativas de seus compradores. A formação das expectativas nos
consumidores depende das experiências vividas nas compras anteriores e na
opinião de amigos e parceiros.
Conforme Varian (1999), o rastreamento das expectativas dos seus clientes,
efetuado pela firma, só faz sentido e se efetiva num ambiente altamente competitivo,
onde há outros produtos de qualidade similar no mercado. Dessa forma, as
empresas precisam monitorar tanto o seu próprio desempenho quanto o
desempenho dos seus concorrentes, usando os atributos do marketing na formação
estratégica da qualidade para gerar a lucratividade a partir do valor para o cliente.
1 A empresa sai da análise pura do produto e da venda passando para a análise do cliente e do marketing, pois o foco é concentrado no desejo do consumidor. Assim, as firmas modernas adotam a filosofia de criar clientes, e não simplesmente, e apenas, criar produtos.
37
O próximo passo é descobrir, na empresa, o que é necessário para produzir e
oferecer valor ao seu cliente. Para isso, é necessário que haja total integração entre
todos os departamentos existentes na firma, buscando um constante
aperfeiçoamento no que se refere à minimização dos custos e no desempenho em
cada atividade criadora de valor.
As organizações precisam ficar atentas para a mensuração dos custos dos
clientes perdidos, gerados por uma insatisfação com o produto ou serviço oferecido,
devido à preferência por produtos ordinários, serviços deficientes ou a preços altos
demais. Tal perda representa para a empresa uma diminuição do nível de
lucratividade e em maiores custos para conseguir manter e adquirir novos clientes.
De acordo com Kotler (1995), a empresa desenvolve e pode escolher aplicar
três métodos de criação de valor para o cliente. O primeiro método para construção
de valor constitui-se, basicamente, em acrescentar benefícios financeiros ao
relacionamento com o cliente. O segundo método consiste em acrescentar aos
benefícios financeiros benefícios sociais. E, por último, o terceiro método é
concretizado quando há a união e acréscimo dos laços estruturais estabelecidos
entre a empresa e seus clientes aos dois métodos anteriores.
Devido a grande exigência feita pelos consumidores com relação ao aumento
da qualidade dos produtos e serviços, foi criado padrão internacional, através de
premiações e padrões considerados de excelência, incentivando as organizações a
buscarem, cada vez mais e continuamente, novos modelos e processos produtivos
capazes de gerar novas inovações.
5.10 A Qualidade como diferencial competitivo
A Total Quality Management (TQM) ou administração da qualidade total pode
ser caracterizada como conseqüência da prática da qualidade exercida pelas
organizações. O conceito de controle de qualidade, ao longo do tempo, foi
amadurecendo e ganhando contornos e análises mais sistemáticas, sendo que a
TQM encarada hoje como uma filosofia da abordagem da administração da
qualidade. Para Slack (2002, p. 665), a TQM é um modo de agir e pensar a
produção que se preocupa com sete critérios de avaliação, são eles:
Atendimento das necessidades e expectativas dos consumidores;
38
Inclusão de todas as partes da organização;
Inclusão de todas as pessoas da organização;
Exame de todos os custos relacionados com a qualidade;
Esforço para acertar a produção em sua fase inicial, enfatizando a
construção da qualidade desde o design, e não apenas gerir o ato de
inspeção;
Desenvolvimento de sistemas e procedimentos que apóiem qualidade e
melhoria;
Desenvolvimento de um processo de melhoria contínua.
Slack acrescenta ainda que em 1957, Feigenbaun introduz a noção de
administração da qualidade total. Contemporaneamente, o estudo e
desenvolvimento de técnicas de melhoria da qualidade são efetuados pelo que a
literatura chama atualmente de “gurus da qualidade”, funcionando como um divisor
de águas com relação à análise sobre qualidade. Nos anos 80, essa abordagem
invade as diretorias das empresas.(Slack, 2002.).
Dentro desse contexto, cada organização deve questionar e formular qual o
papel desempenhado pelo marketing na qualidade total. Para uma empresa
centrada na qualidade, esse papel se subdivide em dois, com responsabilidades
distintas. Em primeiro lugar, o marketing na qualidade deve participar da elaboração
de estratégias e políticas destinadas a ajudar a empresa a conquistar excelência de
qualidade. Em segundo lugar, a função de marketing deve proporcionar tanto
qualidade de marketing juntamente com qualidade de produção, desempenhando
todas as atividades de marketing no mais alto nível, desde pesquisa, treinamento de
venda, propagando até serviços ao consumidor (Kotler, 1998).
Assim, os profissionais de marketing exercem papel fundamental na aplicação
dos processos de inovação da qualidade, tendo o compromisso de ajudar a empresa
a definir e oferecer produtos e serviços de alta qualidade aos seus clientes-alvo. Tais
profissionais agiram no sentido de identificar corretamente as necessidades e
exigências dos clientes e traçar a comunicação eficiente das expectativas do cliente
aos designers do produto, certificando-se de que os pedidos estão sendo atendidos
de forma eficaz e dentro dos prazos pré-estabelecidos, verificando se houve
recebimento eficaz de instruções, treinamento e assistência técnica adequada para
39
o uso do produto. Após todo procedimento exposto acima, ainda se faz necessário
manter contato com o cliente após a venda para verificar se este se mantém
satisfeito, transmitindo as sugestões auferidas pelos clientes aos departamentos da
empresa, no intuito de melhorar sua oferta.
De acordo com Campos 1992, o conceito de qualidade total tem na cultura
japonesa sua forte sustentação teórica, pois foi no Japão que esse sistema
administrativo foi aperfeiçoado. Mas, a partir da Segunda Guerra Mundial, tal
sistema ganhou novos contornos com a introdução de idéias americanas de W. E.
Deming, voltado para o controle do produto e J. M. Duran se preocupando mais com
o processo de produção.
Como praticado no Japão, o controle de qualidade é baseado na participação
de todos os setores da empresa e de todos os empregados em seu estudo e sua
condução. Assim, esse método entende que controlar uma organização significa
detectar quais são os fins, efeitos ou resultados não alcançados e, analisar estes
resultados, buscando suas causas e atuando sobre estas, com o intuito de melhorá-
las. Como o objetivo é satisfazer as necessidades das pessoas, então o resultado
desejado de uma empresa é a qualidade total.
Essa miscigenação teórica que deu origem ao conceito de qualidade permite
que se faça algumas diferenciações metodológicas. Na cultura japonesa, o controle
está norteado dentro dos princípios e valores de uma ética moral, onde são
cultuados o respeito, a solidariedade e a colaboração com vistas ao interesse social,
que todos compartilham.
Já o controle praticado no ocidente prevalece o espírito concorrêncial, onde a
lógica de acumulação retira do mercado a empresa menos competitiva. Além disso,
os valores comunitários enquadram-se numa ética diferente, a ética da
personalidade, e, neste, apenas são considerados valores reais, como a riqueza, a
propriedade e o poder. Oliveira acrescenta a idéia de que:
Qualidade total da administração estratégica é tudo que se faz em termos
de planejamento estratégico, organização estratégica, direção estratégica,
controle estratégico e desenvolvimento estratégico, ao longo de um
processo administrativo, para garantir ao cliente-empresa e,
40
conseqüentemente, a todos os outros clientes envolvidos – dentro e fora da
empresa -, exatamente aquilo que desejam, em termos de aspectos
intrínsecos, rastreados, de custos e de entendimento de expectativas.
(Oliveira, 1987, p. 173).
Conforme Toledo (1987), muda-se o viés da análise, engajando à
incorporação da força de trabalho na filosofia da qualidade total chega-se à
abordagem de círculos de qualidade.
Um círculo de qualidade é caracterizado pela formação de um grupo,
composto de 10 a 60 empregados, que se reúnem voluntariamente para discutir e
resolver problemas que afetam suas atividades comuns de trabalho. Geralmente, as
reuniões ocorrem semanalmente, buscando identificar e solucionar tais problemas.
Os benefícios desta ação consiste em empurrar a tomada de decisão para os níveis
mais baixos da organização, tirando, em boa medida, a centralização da
administração superior.
Qualidade em Serviços
A melhoria de desempenho no atendimento aos clientes aponta a qualidade,
que pode ser compreendida através da obtenção dos melhores resultados.
Atualmente, verifica-se que as organizações investem na qualidade de serviços
objetivando assumir a posição de liderança e de competitividade, além de propiciar a
confiabilidade e a efetiva excelência na execução das atividades organizacionais.
O atendimento de qualidade fortalece a comunicação da instituição, ao
satisfazer as necessidades dos clientes e ao promover a realização sócio-
profissional dos trabalhadores, motivando-os. Com a interação pessoal evidencia-se
o aumento gradativo da produtividade e do sistema de distribuição de informações
que procura suprir falhas.
Assim, a qualidade de serviços é fator essencial para o bom andamento dos
negócios, já que o cliente é o principal instrumento à continuidade efetiva dos
processos organizacionais. Todas as empresas precisam investir no treinamento e
aprimoramento de funcionários a fim de obter a qualidade do desempenho dos
serviços prestados, o que deve ser um compromisso de todos os envolvidos na
organização.
41
A qualidade de serviços verifica-se pela maneira afável do pessoal, por
pontos de informação e de sinalização, e pela facilidade de orientação ao cliente,
além da rapidez, eficácia e credibilidade dos serviços prestados. A percepção da
qualidade é também influenciada pelos sinais que envolvem o serviço, pois a
informação modifica consideravelmente a percepção da qualidade.
Claramente, é a motivação do cliente que determina a qualidade de serviços.
Portanto, deve-se procurar conquistar o cliente, mantendo a fidelidade do mesmo,
através da eficiência dos funcionários e da implantação de práticas que busquem
priorizar a qualidade no atendimento como estratégia para a obtenção de resultados.
Alguns aspectos podem ser definidos para a atuação da qualidade de
serviços, tais como: o agrupamento de pessoas com competências, habilidades e
talentos para o bom atendimento; o treinamento continuado; a motivação das
equipes, a prontidão e a disponibilidade para o atendimento; a simpatia individual; a
satisfação real das necessidades dos clientes; as boas atitudes do prestador de
serviços; a identificação e a adequação dos serviços à demanda do cliente; o
planejamento e o controle estratégico da prestação do serviço; entre tantos outros.
Para se obter a qualidade de serviços é necessário agrupar os indivíduos
mais capacitados, além de possibilitar o treinamento continuado dos mesmos, a fim
de buscar efetivamente o conhecimento. Portanto, a motivação das equipes poderá
ser evidenciada através da dinamização das atividades e da criação de um ambiente
de trabalho que prioriza a qualidade de vida no trabalho.
A simpatia individual dos atendentes contribui para o aumento do nível de
qualidade do serviço prestado, pois através do atendimento afável, o nível de
confiabilidade do cliente aumentará, proporcionando uma maior satisfação em
relação ao serviço prestado e um aumento da interação entre cliente, serviço e
prestador de serviço.
A satisfação do cliente promovida através da identificação e da adequação
dos serviços à demanda do cliente é fator que vai determinar a qualidade do serviço
prestado. Logo, os critérios para a obtenção da qualidade do serviço estão
embasados na aparência física do lugar e das pessoas, no preço do serviço
prestado, e no risco que o cliente pode correr ao receber tal serviço, ou seja, se o
42
cliente detém pouca informação a respeito do serviço, o mesmo não consegue
apreciar o serviço com clareza e com coerência.
O planejamento e o controle estratégico do atendimento possibilitam o
estabelecimento de planos de ação eficazes e condizentes com a realidade, pois
todo serviço prestado deve ser previamente planejado. Afinal, através do
planejamento é possível visualizar aspectos futuros que influenciam diretamente as
atividades, e através do controle estratégico promove-se a boa continuidade de tais
planos.
A seguir falaremos brevemente da empresa escolhida como objeto de estudo.
6. Diebold Procomp Indústria Eletrônica
A Diebold Procomp é uma empresa líder em automação bancária no mercado
nacional. Essa posição foi conquistada ao longo dos anos, através da experiência
adquirida no desenvolvimento dos melhores produtos e soluções e da sua extensa
rede de suporte e assistência técnica abrangendo todo o país.
Fundada em 1859 pelo imigrante alemão Charles Diebold, nos Estados
Unidos, a Diebold atuava na área de segurança, fabricando cofres. Em 1871 a
companhia ficou famosa nacionalmente após um grande incêndio em Chicago,
quando 878 cofres fabricados pela Diebold sobreviveram ao incidente com o
conteúdo intacto, comprovando a reputação de qualidade da empresa. A partir de
então, a Diebold cresceu e, perseguindo qualidade e produtividade, agregou a
prestação de serviços ao seu elenco.
De acordo com a necessidade do cliente, a Diebold Procomp pode executar
diversos tipos de serviços, que vão desde monitoração para segurança e prevenção
de problemas até atendimento via Help Desk.
Reconhecendo a importância estratégica da qualidade do serviço que
oferece, a Diebold Procomp mantém uma gerência voltada para o seu
desenvolvimento e implementação do Diebold Business Improvement System
(DBIS).
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O DBIS consiste num sistema de treinamento desenvolvido pela empresa
voltado para a melhoria dos processos e certificação em padrões, para as definições
dos processos chave do negocio e é parte do ciclo de planejamento estratégico da
organização. O sistema tem foco no relacionamento, é direcionado por fatos e
colaboradores e orientado para a excelência através da cadeia de valores da
empresa.
Esses valores se refletem na visão e nas políticas divulgadas pela empresa,
que reproduzimos a seguir:
Política de Ética Profissional
Se houverem informações relacionadas a alguma violação ou suspeita de violação
da Política de Ética Profissional da Diebold, a denúncia poderá ser feita ao
supervisor ou a outro membro da Administração. Se preferir, pode-se fazer uma
ligação gratuita e confidencial para a central telefônica ou acessando o site da
Ethicspoint na internet.
Visão
A Diebold Procomp é identificada por seus clientes como o melhor parceiro em
prover soluções completas, confiáveis e competitivas no seu mercado de atuação.
Sua visão consiste em manter um compromisso constante de melhorar visivelmente
o nível de satisfação dos clientes secundários, através de soluções em auto-
atendimento e segurança, proporcionando, em conseqüência, incremento na
rentabilidade dos clientes primários.
A Diebold entende por cliente primário, seu cliente direto, aquele que contrata seus
serviços. Cliente secundário é o “cliente do seu cliente”. Nota-se uma preocupação
mais ampla da empresa, que não se limita às demandas sugeridas pelo seu cliente.
Ao contrario, vai mais além: estuda as necessidades e possíveis demandas do
cliente secundário, no intuito de se antecipar ao mercado.
Missão
Ser líder no fornecimento de soluções inovadoras para transações de entrega e
processamento na indústria financeira.
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Ser um provedor preferido de soluções em tecnologia da informação para grandes
entidades governamentais ou privadas.
Política da Qualidade
Fornecer produtos e serviços confiáveis que atendam as reais necessidades de
seus clientes externos e internos;
Garantir que cada cliente seja uma referência para novas vendas;
A Alta Direção assegura os meios necessários para permitir aos seus
colaboradores o pleno atendimento do compromisso com a Qualidade;
Qualidade é responsabilidade de todas as áreas e cada funcionário é
responsável pela Qualidade do seu trabalho;
Evolução contínua, buscando o aperfeiçoamento das pessoas, produtos e
serviços;
Harmonia na Relação com o Fornecedor – Cliente interno onde todas as áreas
da empresa são ao mesmo tempo fornecedores e clientes de outras áreas da
Empresa.
Estratégia da Empresa
No Brasil, as atividades da empresa tiveram inicio em 1985, quando
desenvolveu para o Banco Bamerindus o terminal de caixa com visor de cristal
líquido a um baixo custo. A satisfação com o produto levou o Bamerindus a
automatizar todas as suas agências. Além do Bamerindus, outros bancos, como o
Bradesco, compraram o terminal desenvolvido pela Procomp. Nessa época a líder
do mercado era a SID Informática. Depois desse primeiro êxito, a Procomp decidiu
desenvolver produtos voltados para o auto-atendimento e percebeu a necessidade
de vender, junto com o produto, a assistência técnica e o desenvolvimento de
software customizado.
Não houve, portanto, um momento em que o serviço foi agregado às
operações da Procomp, visto que ele já existia desde o início das atividades da
empresa. Contudo, era apenas um acessório na venda do produto, que nessa época
respondia por 80% das atividades da empresa. Hoje a prestação de serviços
corresponde a 60% das atividades, com perspectivas de crescimento nesse
percentual. Isso não significa que o produto foi deixado de lado. Ao contrário, ainda
45
investe-se muito em tecnologia, buscando a inovação constante do produtos, por
que este é o estímulo à contratação do serviço.
A Diebold Procomp escolheu, como estratégia competitiva, uma combinação
de diferenciação e enfoque. Com a diferenciação, ela pretende estar à frente dos
concorrentes oferecendo produtos inovadores, serviços personalizados e
atendimento de qualidade superior.
Aliás, a qualidade é uma preocupação constante da empresa, que avalia
diariamente o desempenho dos técnicos em campo. São contabilizados diariamente
o número de pendências e reincidências, e lançados num quadro de
acompanhamento onde se encontra as metas definidas para esses indicadores.
As pendências geralmente ocorrem por falta de peças ou por indisponibilidade
de tempo do cliente, entre outros fatores. Ainda assim, são computadas na empresa
como falha da mesma.
Considera-se reincidência as máquinas que voltaram a apresentar problemas
depois do atendimento finalizado.
Existe também o prazo de assistência, que estabelecem um período para que
o serviço seja executado. Os prazos de assistência são pré-determinados no
contrato e variam de acordo com o cliente. Quanto menor o prazo exigido pelo
cliente, maior será o valor pago por ele por esse serviço, devido a disponibilização
de funcionários, entre outros.
Os três indicadores são de grande importância para avaliação e definição de
políticas de qualidade da empresa.
A Diebold considera seus recursos humanos como importante ferramenta de
manutenção de qualidade e vantagem competitiva.
Por essa razão, todos os funcionários passam por um treinamento semestral de:
Hardware, Windows (em várias versões), Network, Bankway e Família ATM
Procomp. Existem também treinamentos mais específicos e direcionados de acordo
com a atividade desempenhada dentro da empresa.
46
Além disso, os funcionários podem interagir e opinar nas decisões da
empresa, mandando criticas e sugestões para o RH da empresas, onde elas serão
analisadas. Qualquer sugestão é analisada pelo RH, que encaminha para a área a
que se sugere a mudança para checar a sua necessidade e viabilidade.
Existe na empresa uma Cartilha de Treinamento que descreve o
funcionamento de cada área da empresa, chamada de: Operações de Assistência
Técnica – SGQ.
São elaborados pela equipe de gestão da qualidade, que são os responsáveis
pelas pesquisas nas áreas para identificar as ferramentas, em parceira com os
setores de operações.
Os procedimentos constantes na cartilha podem ser alterados de acordo com
a necessidade das áreas.
A Procomp hoje comanda o mercado de automação bancária, além disso,
também lidera o mercado de automação eleitoral com 80%, seguida da UNISYS com
20%.
O mercado de automação comercial ainda não é muito significativo, mas a
empresa já está começando a investir e pretende crescer nesse segmento.
Uma das metas da Diebold Procomp é o foco na criação de valor buscando a
melhoria contínua que trará maior rentabilidade nas vendas e nos serviços e
liderança no mercado. As ferramentas utilizadas na criação dessa cadeia de valores
foram:
Buscando a melhoria contínua:
Aquisições essenciais;
Diebold Business Improvement System (DBIS);
Estrutura global;
Processo de transformação empresarial;
Novos produtos e soluções;
Criação de novas ferramentas.
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Buscando a diversificação:
Aquisições ousadas;
Desenvolvimento de lideranças;
Planejamento estratégico interno e externo;
Comunicação institucional;
Continuidade na busca de novas ferramentas;
Táticas de apoio:
Encontros globais de líderes;
Desenvolvimento de equipes;
Comunicações consistentes;
Planejamento de sucessão;
Estratégia de cargos, entre outras.
Valores essenciais:
Praticas de apoio às pessoas;
Doutrina organizacional;
Declarações do compromisso constante com acionistas.
Figura 05 – Cadeia de valores da Diebold Procomp
Táticas de apoio
F E R R A M E N T A S
F E R R A M E N T A S
Valores essenciais
Melhoria contínua / Diversificação
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Diebold Business Improvement System
Buscando desenvolver um ambiente de trabalho dinâmico, com empregados
motivados, fortalecidos e responsáveis a Diebold Procomp criou um conjunto de
ferramentas que tinham como base:
Foco no relacionamento;
Direcionamento por fatos;
Direcionamento por colaboradores;
Orientação para a excelência através da cadeia de valores da Diebold
Procomp.
Nos módulos iniciais de treinamento, o DBIS consiste em incutir no empregado
os valores e credo da Diebold Procomp, demonstrar as ferramentas básicas
necessárias para geração de mudanças, direcionar as informações focalizando em
medições e difundir vocabulário e conhecimentos a fim de permitir aos seus
colaboradores aumentar o valor agregado ao trabalho, tornando-os mais
competitivos e orientados à prestação de serviços.
Nos módulos avançados o empregados recebem treinamento sobre:
Mudança;
Implementação de idéias;
Relações entre serviço-cliente-fornecedor;
Gerenciamento de risco e solução de problemas;
Sistema de medidas, competências e melhorias.
O módulo de aprofundamento habilita grupos específicos de colaboradores a
conhecer mais profundamente características do Sistema.
Com esse sistema a empresa espera alcançar os seguintes resultados:
Melhoria dos processos de forma a exceder, e não apenas atender, aos
padrões de certificação Diebold;
Estabelecimento de uma “Cultura Diebold” em todas as regiões em que a
empresa esteja estabelecida;
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Melhoria nos níveis de serviços, também em todas as regiões em que a
empresa esteja estabelecida.
Práticas de apoio às pessoas
Um princípio importante na prática de apoio às pessoas é de que sempre há
uma forma melhor de trabalhar em grupo, considerando que a melhoria dos
processos também passa pela construção de bons relacionamentos.
Essa premissa está vinculada à idéia de “compromisso pessoal no
gerenciamento responsável de algo confiado a seus cuidados”. Então, um elemento
básico para a prática de apoio às pessoas é a noção responsabilidade, ou seja, o
envolvimento pessoal de cada colaborador no exercício de suas atividades, e de
como ela deve ser exercida.
Outro elemento fundamental dessa prática é a comunicação. Considerado
como “o recurso de maior influência de todos os tempos”, a comunicação é fator de
melhoria da cultura, dos resultados e das pessoas que compõem a organização. Por
isso, as pessoas são estimuladas a expressar sua opinião e ouvir as idéias dos
colegas.
Assim como as sociedades, as organizações também estabelecem suas
normas de conduta. Essas normas definem o comportamento esperado pelos
elementos que compõe a empresa.
As normas que constituem o ambiente da Diebold Procomp são:
Princípios e valores;
Padrões, ética e código de conduta;
Leis e regras;
Políticas e procedimentos;
Práticas sociais e negócios.
A Diebold Procomp acredita que cada funcionário é responsável pela
reputação da marca Diebold. Por essa razão, toda ação deve ser coerente com a
reputação que se deseja alcançar.
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Acredita também que instruções, estratégias e metas claras, aliadas a
funcionários motivados e responsáveis e com empowerment conduzirão o grupo ao
sucesso. Outro princípio presente na cultura da empresa é a idéia de parceria. Ser
parceiro do cliente, compreendendo seu negócio e suas necessidades vai inspirar o
sentimento de confiança necessário à fidelização do cliente.
Receptividade às mudanças tornará a empresa flexível, adaptável e ágil para
responder a qualquer situação.
Relacionamos a seguir alguns princípio e valores da Diebold Procomp:
Princípios e valores
Equipe – “vencemos e perdemos juntos”;
Integridade – “ações acima de qualquer suspeita”;
Confiança e respeito mútuo;
Clareza na comunicação e na ação;
Eficiência – “se existe um problema, há um responsável”;
Problemas e erros – “existem e devemos aprender e crescer com eles”;
Aprendizado organizado – “lições aprendidas devem ser compartilhadas”;
Padronização de melhores práticas – “encontrando-se um jeito melhor de se
fazer algo, esse procedimento é analisado e incluído na cartilha de treinamento”;
Valor agregado – “cada funcionário tem a responsabilidade de agregar valor ao
que faz. Se não agrega valor, extrai valor”.
Padrões, ética e código de conduta
A Diebold Procomp dissemina entre seus empregados códigos de conduta
para reuniões, utilização de e-mails, comunicação entre setores e filiais buscando
estabelecer o comportamento desejado e a formação de uma cultura organizacional
responsável e comprometida com a qualidade.
Por fim, todo esse conjunto busca desenvolver um ambiente de confiança,
juntamente com o compromisso com a diversidade, que fará com que a empresa
seja criativa, inovadora e bem sucedida.
51
7. Conclusão
Pode-se afirmar que as organizações tradicionais estavam totalmente
voltadas para o processo de produção, criando estruturas e sistemas com o objetivo
de garantir a máxima harmonia e regularidade das atividades internas. Para isso,
procuravam proteger a empresa do ambiente externo, de modo que eventuais
perturbações fossem amortecidas ao máximo.
Contudo, mudaram os pressupostos e, conseqüentemente, os paradigmas
das organizações. A nova organização parte da incorporação do ambiente externo
ao seu planejamento, agindo ativamente sobre ele e trazendo o ambiente para
dentro de suas fronteiras. Seu novo ciclo empresarial é o seguinte:
Definir os Objetivos Estratégicos: a partir da análise do ambiente definem-se os
objetivos e a estratégia.
Projetar os Processos de Negócio: sabendo-se aonde chegar, projeta-se como
chegar, através do desenho dos processos de negócio. Definem-se assim
também meios tecnológicos e capacitações pessoais necessárias.
Estabelecer Sistemas de Gestão, Avaliação e Remuneração: sabendo-se os
objetivos estratégicos, o que fazer e como fazer, são definidos os sistemas de
gestão adequados. São definidos também o resultado que se espera das
pessoas e como elas serão recompensadas por isso.
Estruturar a Organização: conhecendo-se agora todos os elementos das
atividades, pode-se montar a estrutura organizacional adequada para abrigar
essas atividades.
Foi a partir destas bases, que se estruturou e se alicerçou a Diebold
Procomp. Se estruturou sob um novo ciclo empresarial até que mudanças no
ambiente sugiram e novas oportunidades estratégicas foram oportunizadas,
renovando o ciclo.
As próprias mudanças que estão ocorrendo em todas as dimensões do
mundo contemporâneo exigem que as empresas estejam adaptadas para que
possam sobreviver. Neste pequeno ensaio monográfico, procurou-se revelar alguns
52
dos paradigmas que vêm auxiliando os executivos da administração a se posicionar,
especificamente no que se refere à busca da qualidade contínua promovendo a
sobrevivência de uma empresa voltada para a fabricação de caixas eletrônicos,
urnas eletrônicas, impressoras fiscais e assistência técnica desses equipamentos,
como também para o desenvolvimento de software e outras soluções corporativas.
A Diebold Procomp, portanto, serve como um modelo para as organizações
tradicionais, pois o mundo mudou além de sua capacidade de se adaptar. As forças
que provocam a crise têm origem no ambiente externo em contínua transformação.
Muda a demanda dos clientes, que exigem atendimento personalizado; muda o perfil
da concorrência, com mudanças bruscas nas estratégias, com o desaparecimento
dos concorrentes habituais e a entrada de novos contendores; muda o mercado,
com o surgimento de novas soluções e produtos alternativos; e muda a conjuntura
que, no Brasil, é sempre complexa e bastante imprevisível.
Pelo exposto, conclui-se que a utilização de serviços de assistência técnica
como suporte estratégico, aliada à cultura de melhoria contínua, garantiu a Diebold
Procomp uma posição privilegiada no mercado de automação bancária e eleitoral.
53
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56
ANEXO
57
ROTEIRO DE ENTREVISTA
O roteiro teve como base às questões operacionais apontadas no trabalho:
Questões operacionais:
Qual a estratégica competitiva escolhida pela Diebold Procomp?
Como a Diebold Procomp agregou as operações de serviço à sua produção?
Que ferramentas a empresa utiliza para medir a qualidade do serviço oferecido?
Como ela está posicionada no mercado?
ENTREVISTA
Qual o negócio da Diebold?
Qual a importância dos serviços para o negócio?
Como as operações de serviço passaram a integrar o negócio?
A Diebold Procomp sempre trabalhou com oferta de serviços, ou houve um
momento em que apenas desenvolvia e vendia seus produtos?
Qual a estratégia competitiva escolhida pela Diebold?
Qual o foco da estratégia: custo, qualidade ou diferenciação?
O processo de definição da estratégia fica restrito à alta direção ou tem
participação de empregados de outros níveis hierárquicos?
Que ferramentas a empresa utiliza para medir a qualidade do serviço oferecido?
Como essas ferramentas foram desenvolvidas?
Como a Diebold está posicionada no mercado?
Como e quanto os serviços contribuíram para esse posicionamento?