Upload
dinhque
View
217
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO DOS
PRAZOS DE VALIDADE E FABRICAÇÃO
DOS PRODUTOS SOB A ÓTICA DO CÓDIGO
DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Limerpak - Tecnologia em Datadores2L
IME
RP
AK
- T
EC
NO
LO
GIA
EM
DA
TA
DO
RE
S
20
18
-1
0
01
02
A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO DOS
PRAZOS DE VALIDADE E FABRICAÇÃO DOS
PRODUTOS SOB A ÓTICA DO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR
Limerpak - Tecnologia em Datadores3
Trata-se o Código de Defesa
do Consumidor de uma das
legislações brasileiras mais
importantes.
INTROITO
Introdução
danos, mesmo que em potencial, de tais bens ou
serviços.
Trata-se o Código de Defesa do Consumidor de
uma das legislações brasileiras mais importantes,
por realmente funcionar em vários aspectos, vez
que prevê questões de direito material e proces-
sual em suas normas, otimizando a sua aplicação
prática no ordenamento jurídico brasileiro, seja
através de órgãos administrativos fiscalizadores,
seja por meio do próprio cidadão consumidor.
Quando se fala em CDC (Código de Defesa do
Consumidor), temos praticamente duas figuras: i)
o FORNECEDOR de produtos e/ou serviços; e, ii) o
CONSUMIDOR propriamente dito, parte vulnerável
e, também, via de regra, hipossuficiente desta
relação, razão pela qual o CDC lhe confere amplos
direitos, a fim de facilitar a defesa do consumidor
junto às interpretações legais.
Ainda, apenas a título de esclarecimentos, o
conceito acima, definido pela legislação vigente,
embora pareça simples, causa confusões e inter-
pretações das mais diversas, contudo, em termos
gerais, somente será considerado consumidor
aquele que utilizar o produto/serviço como des-
tinatário último (Teoria Finalista) da cadeia de
relação de aquisição de bens e/ou serviços, exau-
rindo-se, nele, consumidor.
Não há como falar sobre prazo de validade e fab-
ricação dos produtos sem adentrar na seara con-
sumerista, vez que ambos estão intrinsecamente
associados.
O Direito do Consumidor foi positivado em nosso
ordenamento jurídico através da Lei nº 8.078/1990,
ante a necessidade de regulamentação das
relações de consumo hodiernas, patrocinadas
pelas inovações tecnológicas e transformações
de mercado, reflexo de nosso atual arquétipo de
consumo em massa.
Assim, a produção em larga escala se insurgiu,
sendo esta a regra adotada para atender aos
anseios da sociedade, que necessitava de bens e
serviços diversificados e variados no menor tempo
possível. Todavia, em contrapartida a esta vertigi-
nosa crescente, surgiram novas necessidades de
regulamentação dos procedimentos adotados,
não com o fito de impedir o crescimento econômi-
co, mas tão somente adequá-lo, a fim de obstar (ou
diminuir) o cometimento dos mais diversificados
abusos.
Portanto, é nesse contexto, diante das “novas”
interferências a direitos indisponíveis que o Código
de Defesa do Consumidor se impôs, resguardando
princípios reflexos da Constituição Federal de
1988, mormente aqueles ligados à segurança, à
informação, à saúde, dentre outros, com escopo
de otimizar a qualidade dos serviços e produtos
disponibilizados no mercado de consumo e, no
mesmo compasso, diminuir a exposição dos
Limerpak - Tecnologia em Datadores4L
IME
RP
AK
- T
EC
NO
LO
GIA
EM
DA
TA
DO
RE
S
20
18
-1
0
DAS SANÇÕES E PENA-LIDADES APLICÁVEIS
05
Limerpak - Tecnologia em Datadores5
O Código de Defesa do Consumidor é um compêndio
de normas variadas, um microssistema jurídico por assim
dizer, por isso seu conceito de plenitude, vez que abrange
questões de natureza cível, administrativa e, inclusive penal,
bem como trata de direitos individuais e coletivos.
No presente caso (necessidade de manter a informação do
prazo de validade de seus produtos), os fornecedores (pro-
dutor ou comerciante) estão suscetíveis a uma vasta gama de
responsabilizações, podendo compor o polo passivo de uma
ação cível e ser condenado por eventuais danos cometidos
a um determinado consumidor, e, aqui, quando se fala em
danos, não necessariamente serão aqueles caracterizados,
já que a simples exposição ao perigo já abre margens de
interpretação do Poder Judiciário quanto à gravidade de ex-
posição ao risco discutido.
É nesse contexto que se insere a atual importância de manter
atualizado o estoque, com a devida verificação dos prazos
de validade dos produtos expostos, bem como sua in-
serção, vez que também e, principalmente, a ausência de
informações serão repelidas pela autoridade competente
com a mesmo rigor dos produtos encontrados com prazo de
validade vencido.
Em recente julgado, uma empresa foi condenada a efetuar
o pagamento de danos morais no valor de R$ 7.000,00 (sete
mil reais) pelo fato de expor determinado consumidor a risco,
ao vender uma embalagem de maionese com prazo de vali-
dade expirado, no valor de R$ 5,25 (cinco reais e vinte e cinco
centavos).
Apenas do ponto de vista cível, já resta evidenciada que a
sanção aplicada é rigorosa, e, se um caso individualizado já
gerou condenação neste patamar, imagine se todos aqueles
que compraram as unidades compostas deste estoque
vencido reivindicassem seus direitos?
Por outro lado, sob o enfoque administrativo há também
severas penalidades que a empresa poderá sofrer, caso
disponibilize para venda produtos com a data de validade
expirada e/ou sem informação da mesma.
O Código de Defesa do Consumidor é categórico ao listar
tais penalidades, as quais são aplicadas pela autoridade
competente, inclusive, sob a fiscalização do Ministério
Público, avaliando, qual medida melhor se adequa ao caso
concreto.
Nesse contexto, a comercialização de produto sem o
prazo de validade expresso em sua embalagem ou com
data de validade ilegível, viola os dispositivos do artigo 6º,
inciso III e artigo 31, ambos do Código de Defesa do Con-
sumidor, que assim estatuem:
“Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
(...)
III - a informação adequada e clara sobre os dif-
erentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição,
qualidade, tributos incidentes e preço, bem como
sobre os riscos que apresentem;”
“Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou
serviços devem assegurar informações corretas,
claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa
sobre suas características, qualidades, quantidade,
composição, preço, garantia, prazos de validade e
origem, entre outros dados, bem como sobre os
riscos que apresentam à saúde e segurança dos
consumidores.”
A inobservância dos dispositivos acima, poderá
resultar nas seguintes sanções previstas no artigo
56, do CDC, a saber:
Limerpak - Tecnologia em Datadores6L
IME
RP
AK
- T
EC
NO
LO
GIA
EM
DA
TA
DO
RE
S
20
18
-1
0
“Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor
ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções ad-
ministrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das
definidas em normas específicas:
I - multa;
II - apreensão do produto;
III - inutilização do produto;
IV - cassação do registro do produto junto ao órgão com-
petente;
V - proibição de fabricação do produto;
VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;
VII - suspensão temporária de atividade;
VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;
IX - cassação de licença do estabelecimento ou de ativi-
dade;
X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra
ou de atividade;
XI - intervenção administrativa;
XII - imposição de contrapropaganda.”
Limerpak - Tecnologia em Datadores8L
IME
RP
AK
- T
EC
NO
LO
GIA
EM
DA
TA
DO
RE
S
20
18
-1
0
09
Consoante se observa do referido artigo, são várias as
sanções aplicáveis, cada qual se amoldará conforme o
caso concreto, com a devida apreciação da autoridade
competente, que irá impor, em tese, a medida sancionatória
proporcional, sendo as mais graves a de interdição total do
estabelecimento e cassação da licença para funcionamento,
bem como proibição de comercializar determinado produto
ou sua cassação de registro junto ao órgão competente, situ-
ação esta que, se configurada, colocará em xeque a própria
existência funcional e econômica da empresa.
Com relação à multa a ser aplicada, traduzindo em valores,
a autoridade competente, em tese, deverá utilizar os critérios
estabelecidos no parágrafo único, artigo 57, do CDC, traduz-
idas na tríade: i) gravidade da infração; ii) vantagem auferida;
iii) condição econômica do fornecedor; sendo, portanto, estes
os limites legais, interpretação extremamente subjetiva, não
desconsiderando também, eventuais e hipotéticos abusos
que possam vir a ser cometidos por uma penalidade despro-
porcional.
Conclui-se neste tópico que a ausência de uma simples
medida, qual seja, INFORMAÇÃO SOBRE PRAZO DE VALI-
DADE, poderá resultar em consequências catastróficas para
o penalizado, somado ao fato da própria insegurança jurídica,
conferindo sempre à autoridade competente o poder de
dosar qual a melhor medida punitiva para o infrator, as quais,
inobstante a dosimetria legal, ainda carece de objetividade
prática, o que poderá resultar também na exposição do
empresário (fornecedor, comerciante, produtor) a uma severa
desestabilização econômica, ou até mesmo decretação de
falência.
A responsabilidade no direito serve para definir
a extensão das obrigações e a quem compete
reparar e/ou indenizar algum dano, assim, no
presente tema, emergem as responsabilidades
OBJETIVA e SOLIDÁRIA.
A responsabilidade OBJETIVA é mais abrangente,
como nos casos da relação de consumo, sendo
necessários dois requisitos para responsabilizar o
fornecedor, bastando demonstrar apenas o nexo
de causalidade e o dano para caracteriza-la, razão
pela qual a culpa (leia-se, imperícia, negligência e
imprudência) é prescindível nesses casos.
Portanto, o fornecedor, mesmo não agindo com
culpa, responde pela reparação e/ou indenização
ao consumidor, principalmente em casos de
acidente de consumo, também chamado pelo
direito de fato do serviço ou produto.
Ademais, a responsabilidade advinda do Código
de Defesa do Consumidor é SOLIDÁRIA, con-
forme se extrai do artigo 7º, parágrafo único;
artigo 18; e, artigo 25, § 1º, todos da Lei nº
8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor).
Ao dizer que a responsabilidade é solidária,
entende-se que o consumidor poderá exigir de
todos aqueles envolvidos na cadeia de consumo
a reparação ou indenização total de um dano,
ou seja, em via de regra o consumidor direciona
sua pretensão sobre aquele que detém melhores
condições financeiras, cabendo a este, apenas o
chamado direito de regresso contra o principal
responsável, não podendo infirmar-se de suas
obrigações e responsabilidades perante o con-
sumidor.
Limerpak - Tecnologia em Datadores9
DA RESPON-SABILIDADE (OBJETIVA E SOLIDÁRIA)
Limerpak - Tecnologia em Datadores10L
IME
RP
AK
- T
EC
NO
LO
GIA
EM
DA
TA
DO
RE
S
20
18
-1
0
CONCLUSÃO
Limerpak - Tecnologia em Datadores11
Diante de todo o exposto, o
recomendável é o FORNECEDOR
efetuar a manutenção periódica de
seus equipamentos de marcação de
data de validade e fabricação, sendo
de suma importância a qualidade e
procedência dos mesmos, além de
aumentar a fiscalização sobre os pro-
dutos em seu estoque.
A PREVENÇÃO, portanto, aliada a uma
boa organização interna e tecnológi-
ca, sem sombra de dúvidas sairá
muito mais em conta do que o risco
de sofrer qualquer sanção, seja ela
administrativa, cível e/ou penal, ante
as imprevisibilidades das extensões
punitivas, vez que cabe ao agente
fiscalizador ou Poder Judiciário a
aplicação da correlata multa ou con-
denação.
JÚLIO CARDOSO HIGASHI é advo-
gado membro do corpo jurídico da
SOCIEDADE DE ADVOGADOS POLLO,
OLIVEIRA E QUILES, graduado pela
Faculdade de Direito de Franca
(FDF), pós-graduado em Direito Civil
e Processual Civil pela Universidade
Metodista de Piracicaba (UNIMEP),
militante nas áreas cível, empresar-
ial e consumerista (www.poq.adv.
br).
SOBRE