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A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO DOS PRAZOS DE VALIDADE E FABRICAÇÃO DOS PRODUTOS SOB A ÓTICA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

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A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO DOS

PRAZOS DE VALIDADE E FABRICAÇÃO

DOS PRODUTOS SOB A ÓTICA DO CÓDIGO

DE DEFESA DO CONSUMIDOR

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A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO DOS

PRAZOS DE VALIDADE E FABRICAÇÃO DOS

PRODUTOS SOB A ÓTICA DO CÓDIGO DE

DEFESA DO CONSUMIDOR

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Trata-se o Código de Defesa

do Consumidor de uma das

legislações brasileiras mais

importantes.

INTROITO

Introdução

danos, mesmo que em potencial, de tais bens ou

serviços.

Trata-se o Código de Defesa do Consumidor de

uma das legislações brasileiras mais importantes,

por realmente funcionar em vários aspectos, vez

que prevê questões de direito material e proces-

sual em suas normas, otimizando a sua aplicação

prática no ordenamento jurídico brasileiro, seja

através de órgãos administrativos fiscalizadores,

seja por meio do próprio cidadão consumidor.

Quando se fala em CDC (Código de Defesa do

Consumidor), temos praticamente duas figuras: i)

o FORNECEDOR de produtos e/ou serviços; e, ii) o

CONSUMIDOR propriamente dito, parte vulnerável

e, também, via de regra, hipossuficiente desta

relação, razão pela qual o CDC lhe confere amplos

direitos, a fim de facilitar a defesa do consumidor

junto às interpretações legais.

Ainda, apenas a título de esclarecimentos, o

conceito acima, definido pela legislação vigente,

embora pareça simples, causa confusões e inter-

pretações das mais diversas, contudo, em termos

gerais, somente será considerado consumidor

aquele que utilizar o produto/serviço como des-

tinatário último (Teoria Finalista) da cadeia de

relação de aquisição de bens e/ou serviços, exau-

rindo-se, nele, consumidor.

Não há como falar sobre prazo de validade e fab-

ricação dos produtos sem adentrar na seara con-

sumerista, vez que ambos estão intrinsecamente

associados.

O Direito do Consumidor foi positivado em nosso

ordenamento jurídico através da Lei nº 8.078/1990,

ante a necessidade de regulamentação das

relações de consumo hodiernas, patrocinadas

pelas inovações tecnológicas e transformações

de mercado, reflexo de nosso atual arquétipo de

consumo em massa.

Assim, a produção em larga escala se insurgiu,

sendo esta a regra adotada para atender aos

anseios da sociedade, que necessitava de bens e

serviços diversificados e variados no menor tempo

possível. Todavia, em contrapartida a esta vertigi-

nosa crescente, surgiram novas necessidades de

regulamentação dos procedimentos adotados,

não com o fito de impedir o crescimento econômi-

co, mas tão somente adequá-lo, a fim de obstar (ou

diminuir) o cometimento dos mais diversificados

abusos.

Portanto, é nesse contexto, diante das “novas”

interferências a direitos indisponíveis que o Código

de Defesa do Consumidor se impôs, resguardando

princípios reflexos da Constituição Federal de

1988, mormente aqueles ligados à segurança, à

informação, à saúde, dentre outros, com escopo

de otimizar a qualidade dos serviços e produtos

disponibilizados no mercado de consumo e, no

mesmo compasso, diminuir a exposição dos

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DAS SANÇÕES E PENA-LIDADES APLICÁVEIS

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O Código de Defesa do Consumidor é um compêndio

de normas variadas, um microssistema jurídico por assim

dizer, por isso seu conceito de plenitude, vez que abrange

questões de natureza cível, administrativa e, inclusive penal,

bem como trata de direitos individuais e coletivos.

No presente caso (necessidade de manter a informação do

prazo de validade de seus produtos), os fornecedores (pro-

dutor ou comerciante) estão suscetíveis a uma vasta gama de

responsabilizações, podendo compor o polo passivo de uma

ação cível e ser condenado por eventuais danos cometidos

a um determinado consumidor, e, aqui, quando se fala em

danos, não necessariamente serão aqueles caracterizados,

já que a simples exposição ao perigo já abre margens de

interpretação do Poder Judiciário quanto à gravidade de ex-

posição ao risco discutido.

É nesse contexto que se insere a atual importância de manter

atualizado o estoque, com a devida verificação dos prazos

de validade dos produtos expostos, bem como sua in-

serção, vez que também e, principalmente, a ausência de

informações serão repelidas pela autoridade competente

com a mesmo rigor dos produtos encontrados com prazo de

validade vencido.

Em recente julgado, uma empresa foi condenada a efetuar

o pagamento de danos morais no valor de R$ 7.000,00 (sete

mil reais) pelo fato de expor determinado consumidor a risco,

ao vender uma embalagem de maionese com prazo de vali-

dade expirado, no valor de R$ 5,25 (cinco reais e vinte e cinco

centavos).

Apenas do ponto de vista cível, já resta evidenciada que a

sanção aplicada é rigorosa, e, se um caso individualizado já

gerou condenação neste patamar, imagine se todos aqueles

que compraram as unidades compostas deste estoque

vencido reivindicassem seus direitos?

Por outro lado, sob o enfoque administrativo há também

severas penalidades que a empresa poderá sofrer, caso

disponibilize para venda produtos com a data de validade

expirada e/ou sem informação da mesma.

O Código de Defesa do Consumidor é categórico ao listar

tais penalidades, as quais são aplicadas pela autoridade

competente, inclusive, sob a fiscalização do Ministério

Público, avaliando, qual medida melhor se adequa ao caso

concreto.

Nesse contexto, a comercialização de produto sem o

prazo de validade expresso em sua embalagem ou com

data de validade ilegível, viola os dispositivos do artigo 6º,

inciso III e artigo 31, ambos do Código de Defesa do Con-

sumidor, que assim estatuem:

“Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

(...)

III - a informação adequada e clara sobre os dif-

erentes produtos e serviços, com especificação

correta de quantidade, características, composição,

qualidade, tributos incidentes e preço, bem como

sobre os riscos que apresentem;”

“Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou

serviços devem assegurar informações corretas,

claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa

sobre suas características, qualidades, quantidade,

composição, preço, garantia, prazos de validade e

origem, entre outros dados, bem como sobre os

riscos que apresentam à saúde e segurança dos

consumidores.”

A inobservância dos dispositivos acima, poderá

resultar nas seguintes sanções previstas no artigo

56, do CDC, a saber:

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“Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor

ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções ad-

ministrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das

definidas em normas específicas:

I - multa;

II - apreensão do produto;

III - inutilização do produto;

IV - cassação do registro do produto junto ao órgão com-

petente;

V - proibição de fabricação do produto;

VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;

VII - suspensão temporária de atividade;

VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;

IX - cassação de licença do estabelecimento ou de ativi-

dade;

X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra

ou de atividade;

XI - intervenção administrativa;

XII - imposição de contrapropaganda.”

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Consoante se observa do referido artigo, são várias as

sanções aplicáveis, cada qual se amoldará conforme o

caso concreto, com a devida apreciação da autoridade

competente, que irá impor, em tese, a medida sancionatória

proporcional, sendo as mais graves a de interdição total do

estabelecimento e cassação da licença para funcionamento,

bem como proibição de comercializar determinado produto

ou sua cassação de registro junto ao órgão competente, situ-

ação esta que, se configurada, colocará em xeque a própria

existência funcional e econômica da empresa.

Com relação à multa a ser aplicada, traduzindo em valores,

a autoridade competente, em tese, deverá utilizar os critérios

estabelecidos no parágrafo único, artigo 57, do CDC, traduz-

idas na tríade: i) gravidade da infração; ii) vantagem auferida;

iii) condição econômica do fornecedor; sendo, portanto, estes

os limites legais, interpretação extremamente subjetiva, não

desconsiderando também, eventuais e hipotéticos abusos

que possam vir a ser cometidos por uma penalidade despro-

porcional.

Conclui-se neste tópico que a ausência de uma simples

medida, qual seja, INFORMAÇÃO SOBRE PRAZO DE VALI-

DADE, poderá resultar em consequências catastróficas para

o penalizado, somado ao fato da própria insegurança jurídica,

conferindo sempre à autoridade competente o poder de

dosar qual a melhor medida punitiva para o infrator, as quais,

inobstante a dosimetria legal, ainda carece de objetividade

prática, o que poderá resultar também na exposição do

empresário (fornecedor, comerciante, produtor) a uma severa

desestabilização econômica, ou até mesmo decretação de

falência.

A responsabilidade no direito serve para definir

a extensão das obrigações e a quem compete

reparar e/ou indenizar algum dano, assim, no

presente tema, emergem as responsabilidades

OBJETIVA e SOLIDÁRIA.

A responsabilidade OBJETIVA é mais abrangente,

como nos casos da relação de consumo, sendo

necessários dois requisitos para responsabilizar o

fornecedor, bastando demonstrar apenas o nexo

de causalidade e o dano para caracteriza-la, razão

pela qual a culpa (leia-se, imperícia, negligência e

imprudência) é prescindível nesses casos.

Portanto, o fornecedor, mesmo não agindo com

culpa, responde pela reparação e/ou indenização

ao consumidor, principalmente em casos de

acidente de consumo, também chamado pelo

direito de fato do serviço ou produto.

Ademais, a responsabilidade advinda do Código

de Defesa do Consumidor é SOLIDÁRIA, con-

forme se extrai do artigo 7º, parágrafo único;

artigo 18; e, artigo 25, § 1º, todos da Lei nº

8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor).

Ao dizer que a responsabilidade é solidária,

entende-se que o consumidor poderá exigir de

todos aqueles envolvidos na cadeia de consumo

a reparação ou indenização total de um dano,

ou seja, em via de regra o consumidor direciona

sua pretensão sobre aquele que detém melhores

condições financeiras, cabendo a este, apenas o

chamado direito de regresso contra o principal

responsável, não podendo infirmar-se de suas

obrigações e responsabilidades perante o con-

sumidor.

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DA RESPON-SABILIDADE (OBJETIVA E SOLIDÁRIA)

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CONCLUSÃO

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Diante de todo o exposto, o

recomendável é o FORNECEDOR

efetuar a manutenção periódica de

seus equipamentos de marcação de

data de validade e fabricação, sendo

de suma importância a qualidade e

procedência dos mesmos, além de

aumentar a fiscalização sobre os pro-

dutos em seu estoque.

A PREVENÇÃO, portanto, aliada a uma

boa organização interna e tecnológi-

ca, sem sombra de dúvidas sairá

muito mais em conta do que o risco

de sofrer qualquer sanção, seja ela

administrativa, cível e/ou penal, ante

as imprevisibilidades das extensões

punitivas, vez que cabe ao agente

fiscalizador ou Poder Judiciário a

aplicação da correlata multa ou con-

denação.

JÚLIO CARDOSO HIGASHI é advo-

gado membro do corpo jurídico da

SOCIEDADE DE ADVOGADOS POLLO,

OLIVEIRA E QUILES, graduado pela

Faculdade de Direito de Franca

(FDF), pós-graduado em Direito Civil

e Processual Civil pela Universidade

Metodista de Piracicaba (UNIMEP),

militante nas áreas cível, empresar-

ial e consumerista (www.poq.adv.

br).

SOBRE