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1ª Série – 2015 LÍNGUA PORTUGUESA – LITERATURA SISTEMA EQUIPE DE ENSINO GABARITO 2 1 LÍNGUA PORTUGUESA Questões de 01 a 20 Com base na leitura, responda as questões de 1 a 6. A IMPORTÂNCIA DA LEITURA Rara tem sido a vez, ao longo de tantos anos de prática pedagógica, por isso política, em que me tenho permitido a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrar encontros ou congressos. Aceitei fazê-lo agora, da maneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir aqui fazer uma palestra sobre a importância do ato de ler. Me parece indispensável, ao procurar falar de tal importância, dizer algo do momento mesmo em que me preparava para aqui estar hoje; dizer algo do processo em que me inseri enquanto ia escrevendo este texto que agora leio, processo que envolvia uma compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações do texto com o contexto. Ao ensaiar escrever sobre a importância do ato de ler, eu me senti levado e até gostosamente a “reler” momentos fundamentais de minha prática, guardados na memória desde as experiências mais remotas de minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, da compreensão crítica da importância do ato de ler se veio em mim constituindo. Ao ir escrevendo este texto, ia “tomando distância” dos diferentes momentos em que o ato de ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeira “leitura” do mundo. Do pequeno mundo em que me envolvia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da “palavra mundo”. A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de “ler” o mundo particular em que me ouvia – e até onde não sou traído pela memória me é absolutamente significativa. Neste esforço a que me vou entregando, re-crio, re-vivo, no texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra. Me vejo então na casa mediana em que nasci, no Recife, rodeada de árvores, algumas delas como se fossem gente, tal a intimidade entre nós à sua sombra brincava e em seus galhos mais dóceis, à minha altura, eu me experimentava em riscos menores que me preparavam para riscos maiores e aventuras maiores. A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço o sítio das avencas de minha mãe , o quintal amplo em que se achava, tudo isso foi o meu primeiro mundo. Nele. Nele, engatinhei, balbuciei, me pus de pé, andei, falei. Na verdade, aquele mundo de minha atividade perceptiva, por isso mesmo como o mundo de minhas primeiras leituras. Os “textos”, as “palavras”, as “letras”, aquele contexto – em cuja percepção me experimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber se encarnava numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão eu ia aprendendo no meu trato com eles, nas minhas relações com meus irmãos mais velhos e com meus pais. (FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez.)

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1ª Série – 2015 LÍNGUA PORTUGUESA – LITERATURA

SISTEMA EQUIPE DE ENSINO GABARITO 2 1

LÍNGUA PORTUGUESA – Questões de 01 a 20 Com base na leitura, responda as questões de 1 a 6.

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA

Rara tem sido a vez, ao longo de tantos anos de prática pedagógica, por isso política, em que me tenho permitido a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrar encontros ou congressos. Aceitei fazê-lo agora, da maneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir aqui fazer uma palestra sobre a importância do ato de ler. Me parece indispensável, ao procurar falar de tal importância, dizer algo do momento mesmo em que me preparava para aqui estar hoje; dizer algo do processo em que me inseri enquanto ia escrevendo este texto que agora leio, processo que envolvia uma compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações do texto com o contexto. Ao ensaiar escrever sobre a importância do ato de ler, eu me senti levado – e até gostosamente – a “reler” momentos fundamentais de minha prática, guardados na memória desde as experiências mais remotas de minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, da compreensão crítica da importância do ato de ler se veio em mim constituindo. Ao ir escrevendo este texto, ia “tomando distância” dos diferentes momentos em que o ato de ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeira “leitura” do mundo. Do pequeno mundo em que me envolvia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da “palavra mundo”. A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de “ler” o mundo particular em que me ouvia – e até onde não sou traído pela memória – me é absolutamente significativa. Neste esforço a que me vou entregando, “re-crio”, “re-vivo”, no texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra. Me vejo então na casa mediana em que nasci, no Recife, rodeada de árvores, algumas delas como se fossem gente, tal a intimidade entre nós – à sua sombra brincava e em seus galhos mais dóceis, à minha altura, eu me experimentava em riscos menores que me preparavam para riscos maiores e aventuras maiores. A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço – o sítio das avencas de minha mãe –, o quintal amplo em que se achava, tudo isso foi o meu primeiro mundo. Nele. Nele, engatinhei, balbuciei, me pus de pé, andei, falei. Na verdade, aquele mundo de minha atividade perceptiva, por isso mesmo como o mundo de minhas primeiras leituras. Os “textos”, as “palavras”, as “letras”, aquele contexto – em cuja percepção me experimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber – se encarnava numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão eu ia aprendendo no meu trato com eles, nas minhas relações com meus irmãos mais velhos e com meus pais.

(FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez.)

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1) O texto, apesar de se apresentar na forma escrita, mantém algumas características da língua falada. Analisando a situação, percebemos que isso é possível porque:

a) O autor almejou revelar todo o sentimentalismo que o envolvia, todavia

deixou claro que a linguagem padrão é essencial. b) É a transcrição de uma palestra. c) O redator é competente, no entanto se perdeu dentro do tipo de

composição, ou seja, confundiu dissertação com narração. d) Fez menção à infância e, a partir dessa questão, complicou-se, embora seja

um exímio escritor.

2) O texto aproxima a prática pedagógica da prática da política porque:

a) Educar não é apenas fornecer conhecimento formal, mas principalmente formar cidadãos críticos. Daí a função política inerente à atividade educativa.

b) O significado verdadeiro tem vários sentidos, logo é de suma importância que o leitor perceba a criatividade semântica do autor; na verdade, ele não se refere à política, mas às complexidades da leitura.

c) A prática da leitura é prazerosa para todos, uma questão de realização pessoal, como na política.

d) Cada leitor tem uma aptidão, portanto não podemos exigir uma percepção mais crítica daquele desprovido de condições, daí a importância da política, ou seja, organização na exigência do tipo de texto.

3) Quais são os “textos”, “as palavras”, e as “letras” das “primeiras leituras”?

a) São os primeiros ensinamentos na escola. b) São potenciais extremos adquiridos após a infância. c) São dados da realidade que circundavam a criança. d) São os momentos vividos com os familiares e com os amigos, inclusive as

aventuras da juventude.

4) De acordo com o autor, saber ler é:

a) decodificar, juntar signos lingüísticos. b) não decodificar. c) não decodificar apenas. d) não decodificar apenas, ficando preso ao contexto, evitando a “extra

linguagem”.

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5) No texto em estudo, fica óbvio que o autor:

a) usou uma forma espontânea, apesar de errada pelas normas de uma boa escrita, para falar da importância da leitura.

b) fez uma conexão do simples ao sublime, através da leitura. c) extrapolou o verdadeiro sentido, pois a linguagem estava aquém dos

interlocutores. d) o texto está muito bem elaborado, no entanto o tom piegas prejudicou a

mensagem.

6) O texto apresenta as formas re-crio e re-vivo em lugar de recrio e revivo porque:

a) O destaque gráfico dados aos prefixos busca enfatizar seus significados. b) O autor usou a metalinguagem. c) O autor pretende mostrar que, às vezes, precisamos romper as regras

gramaticais, não devemos ficar presos à gramática tradicional. d) A gramática permite, ou seja, esse tipo de prefixo pode ser separado por

hífen ou não.

7) Leia: Hino Nacional

Precisamos educar o Brasil Compraremos professores e livros Assimilaremos finas culturas Abriremos dancings e subvencionaremos as elites Cada brasileiro terá sua casa Com fogão e aquecedor elétrico, piscina, Salão para conferências científicas E cuidaremos do Estado Técnico.

Carlos Drummond de Andrade

O poema em destaque faz uma crítica:

a) à situação socioeconômica. b) aos péssimos professores. c) ao poder aquisitivo. d) ao materialismo.

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Com base na leitura, responda as questões de 8 a 10.

RECURSOS HUMANOS

Li que a espécie humana é um sucesso sem precedentes. Nenhuma outra com uma proporção parecida de peso e volume se iguala

à nossa em termos de sobrevivência e proliferação. E tudo se deve à agricultura. Como controlamos a produção do nosso próprio alimento, somos a primeira espécie na história do planeta a poder viver fora de seu ecossistema de nascença. Isso nos deu mobilidade e a sociabilidade que nos salvaram do processo de seleção, que limitou outros bichos de tamanho equivalente e que acontece quando uma linhagem genética dependente de um ecossistema restrito fica geograficamente isolada e só evolui como outra espécie. É por isso que não temos mudado muito, mas também não nos extinguimos.

(Luís Fernando Veríssimo)

8) Segundo o texto, o sucesso da espécie humana é medido:

a) por sua sobrevivência e proliferação b) por possibilidade de produzir seu próprio alimento c) por sua inalterabilidade e resistência à extinção d) por sua agricultura

9) Dizer que a espécie humana “é um sucesso sem precedentes” equivale a dizer

que:

a) não há explicações possíveis para esse sucesso. b) nada ocorreu antes que pudesse explicar esse fato. c) nenhuma outra espécie já atingiu tal sucesso. d) nosso sucesso é independente de nossos antepassados.

10) “Nenhuma outra com uma proporção parecida de peso e volume se iguala à

nossa em termos de sobrevivência e proliferação”. Pode-se inferir desse segmento que:

a) não há outras espécies com a mesma proporção de peso e volume que a

espécie humana. b) só a espécie humana vai sobreviver. c) só a espécie humana proliferou de forma tão rápida e ampla. d) sobrevivência e proliferação são valores que medem o sucesso de uma

espécie.

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11) Responda ao que se pede tomando por base a charge a seguir:

(Jornal Zero Hora-RS, 5 de novembro de 2007)

“O que será que eles usam para corroer as fezes? ”

Assinale a opção que justifica a concordância do verbo em destaque:

a) A regra geral de concordância: o verbo concorda com o sujeito a que se

refere; b) O verbo concorda com o predicativo; c) O verbo está incorretamente flexionado; d) O verbo pode ficar no singular ou ir para o plural.

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12) O uso do pronome átono no início das frases é destacado por um poeta e por um gramático nos textos abaixo.

Pronominais

Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro

(ANDRADE, Oswald de. Seleção de textos. São Paulo: Nova Cultural, 1988)

“Iniciar a frase com pronome átono só é lícito na conversação familiar, despreocupada, ou na língua escrita quando se deseja reproduzir a fala dos personagens (...).”

(CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Nacional, 1980)

Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-se afirmar que ambos:

a) condenam essa regra gramatical. b) criticam a presença de regras na gramática. c) relativizam essa regra gramatical. d) afirmam que não há regras para uso de pronomes.

13) Complete as lacunas da frase

“Observe se já ...... funcionando os aparelhos que ...... para a diversão dos jovens.”

a) está – foram programados b) está – foi programados c) estão – foi programado d) estão – foram programados

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14) Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas abaixo.

Já ... anos, ... neste local árvores e flores. Hoje, só ... ervas daninhas.

a) fazem – havia – existe. b) fazem – haviam – existe. c) faz – havia – existem. d) fazem – haviam – existem.

15) Assinale a alternativa em que a próclise é rejeitada pela norma culta escrita:

a) Como se distanciaram de seu meio, perderam a sensibilidade para ver muitas coisas.

b) Não o tivéssemos contido a tempo, iria, por certo, às últimas consequências.

c) Não me avisaram sobre o ocorrido. d) Me dá um copo d’água.

Com base na leitura, responda as questões de 16 a 20.

SENSAÇÕES ALHEIAS

Não alcancei mais nada, e para o fim arrependi-me do pedido: devia ter seguido o conselho de Capitu. Então, como eu quisesse ir para dentro, prima Justina reteve-me alguns minutos falando do calor e da próxima festa de Conceição, dos meus velhos oratórios e finalmente de Capitu. Não disse mal dela; ao contrário, insinuou-me que podia vir a ser uma moça bonita. Eu, que já a achava lindíssima, bradaria que era a mais bela criatura do mundo, se o receio me não fizesse discreto. Entretanto, como prima Justina se metesse a elogiar lhe os modos, a gravidade, os costumes, o trabalhar para os seus, o amor que tinha a minha mãe, tudo isto me acendeu a ponto de elogiá-la também. Quando não era com palavras, era com o gesto de aprovação que dava a cada uma das asserções da outra, e certamente com a felicidade que devia iluminar-me a cara. Não adverti que assim confirmava a denúncia de José Dias, ouvida por ela, à tarde, na sala de visitas, se é que também ela não desconfiava já. Só pensei nisso na cama. Só então senti que os olhos de prima Justina, quando eu falava, pareciam apalpar-me, ouvir-me, cheirar-me, gostar-me, fazer o ofício de todos os sentidos. Ciúmes não podiam ser; entre um pirralho da minha idade e uma viúva quarentona não havia lugar para ciúmes. É certo que após algum tempo, modificou os elogios a Capitu, e até lhe fez algumas críticas, disse-me que era um pouco trêfega e olhava por baixo; mas ainda assim, não creio que fossem ciúmes. Crio antes... sim... sim, creio isto. Creio que prima Justina achou no espetáculo das sensações alheias uma ressurreição vaga das próprias. Também se goza por influição dos lábios que narram.

(ASSIS, Macho de. Dom Casmurro. Rio de Janeiro: Livraria Garnier, 1988)

Obs.: Bentinho é o narrador-personagem do texto acima.

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16) No trecho “Não adverti que assim confirmava a denúncia de José Dias (...)” aparece a palavra assim, que faz parte do grupo de instrumentos lingüísticos que ligam partes do discurso e promovem a coesão do texto. Ela remete a algo que já foi dito, isto é, ao contexto anterior. No presente caso refere-se:

a) aos elogios feitos por prima Justina; b) ao pedido de ajuda feito à prima Justina para não ser mandado ao

seminário; c) à maneira como Bentinho reagira diante dos elogios de Justina e Capitu; d) ao fato de Bentinho não ter seguido o conselho dado por Capitu;

17) Em “(...) é certamente com a felicidade que devia iluminar-me a cara” o verbo

“devia” forma com “iluminar” uma locução verbal, acrescentando-lhe a ideia de:

a) necessidade; b) probabilidade; c) obrigação; d) indiferença;

18) O verbo “ser”, que por duas vezes aparece no trecho “Quando não era com

palavras, era com o gesto de aprovação que dava a cada uma das asserções da outra (...)”, está empregado em substituição de verbo anteriormente expresso, ao qual se refere e cujo sentido passa a ter. No trecho ele está substituindo:

a) insinuava. b) acendia. c) bradava. d) elogiava.

19) Durante o tempo em que prima Justina elogiou as qualidades de Capitu, o personagem-narrador

a) com receio de se trair, permaneceu calado e indiferente; b) pensava intimamente que ela dizia tudo aquilo movida mais pelo ciúme do

que pela verdade; c) dizia que Capitu era lindíssima, a mais bela criatura do mundo; d) limitava-se a concordar e a apoiar dissimuladamente com gestos as

palavras da outra;

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20) O título “Sensações alheias”, que se explica ao longo do texto, deixa a impressão de que

a) há pessoas que têm no prazer dos outros o despertar das próprias

emoções; b) o ciúme, funcionando como barreira, impede o desabrochar do prazer; c) prima Justina, com ciúme de Capitu, procura envolver Bentinho; d) Bentinho somente vibra de emoções com as referências a Capitu;

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LITERATURA – Questões de 21 a 40

21) Sobre o narrador de “A hora da estrela”, de Clarice Lispector, pode-se afirmar

que:

a) é do tipo observador, pois revela não ter conhecimento sobre o que se passa no universo sentimental e psíquico da personagem (Macabéa).

b) é onisciente, pois assume o papel de criador de uma vida, sobre a qual detém todas as informações; o poder da onisciência é, para ele, fonte de satisfação, pois Rodrigo S. percebe que os fatos dependem de seu arbítrio.

c) é do tipo observador, pois limita-se a descrever superficialmente as emoções de Macabéa, o que fica evidente nas ocorrências enigmáticas do termo “explosão“, apresentado sempre entre parênteses.

d) é um dos personagens do livro; entretanto, ao apresentar-se não só como narrador, mas também como criador da história, problematiza a essência da literatura de ficção, que reside na recriação arbitrária do real.

22) Devo registrar aqui uma alegria é que a moça num aflitivo domingo sem farofa

teve urna inesperada felicidade que era inexplicável: no cais do porto viu um arco-íris. Experimentando o leve êxtase, ambicionou logo outro: queria ver, como uma vez em Maceió, espocarem mudos fogos de artifício. Ela quis mais porque é mesmo uma verdade que quando se dá a mão, essa gentinha quer todo o resto, o zé-povinho sonha com fome de tudo. E quer, mas sem direito algum, pois, não é?

(Clarice Lispector, A hora da estrela)

Considerando-se no contexto da obra o trecho sublinhado, pode-se afirmar que, nele, o narrador:

a) reproduz, em estilo indireto livre, os pensamentos da própria Macabéa

diante dos fogos de artifício. b) hesita quanto ao modo correto de interpretar a reação de Macabéa frente

ao espetáculo. c) adota uma atitude panfletária, criticando diretamente as injustiças sociais e

cobrando sua superação. d) retoma uma frase feita, que expressa preconceito antipopular,

desenvolvendo-a na direção da ironia.

23) Assinale a alternativa que apresenta apenas romances urbanos do romântico José de Alencar:

a) Lucíola – Senhora – A viuvinha. b) O Guarani – Lucíola – Iracema. c) O Gaúcho – Quincas Borba – Iracema. d) Guerra dos Mascates – O Guarani – O tronco do ipê.

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24) O Guarani e Iracema destacam-se dos romances românticos brasileiros porque José de Alencar, na tentativa de retornar ao passado, procura

a) criar um ambiente medieval, cheio de mistérios. b) identificar-se com as origens da nacionalidade brasileira exaltando o índio. c) na cidade, o lugar de refrigério, de tranquilidade, onde o seu espírito pode

encontrar a paz. d) novas situações que o conduzem às terras distantes, às paisagens exóticas

orientais. 25) O índio, em alguns romances de José de Alencar, como: O Guarani,

Iracema e Ubirajara, é:

a) retratado com objetividade, numa perspectiva rigorosa e científica. b) idealizado sobre o pano de fundo da natureza, da qual é o herói épico. c) pretexto episódico para descrição da natureza. d) visto com o desprezo do branco preconceituoso, que o considera inferior.

26) Leia o trecho abaixo:

“Bem, é verdade que também eu não tenho piedade do meu personagem principal, a nordestina: é um relato que desejo frio. (...) Não se trata apenas da narrativa, é antes de tudo vida primária que respira, respira, respira. (...) Como a nordestina, há milhares de moças espalhadas por cortiços, vagas de cama num quarto, atrás de balcões trabalhando até a estafa. Não notam sequer que são facilmente substituíveis e que tanto existiriam como não existiriam. ”

(Clarice Lispector)

Em uma das alternativas abaixo, há um aspecto do livro de Clarice Lispector, “A hora da estrela”, presente no fragmento acima, que o aproxima do chamado “romance de 30”, realizado por escritores como Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz:

a) A preocupação excessiva com o próprio ato de narrar. b) O intimismo da narrativa, que ignora os problemas sociais de seus

personagens. c) A construção de personagens que têm sua condição humana degradada

por culpa do meio e da opressão. d) A necessidade de provar que as ações humanas resultam do meio, da raça

e do momento.

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27) A respeito do romance “Senhora”, de José de Alencar, podemos afirmar que:

a) trata-se do melhor romance indianista brasileiro. b) apresenta uma visão idealizada do índio. c) enquadra-se nos romances regionalistas. d) focaliza Aurélia Camargo, uma das grandes figuras femininas do romance

urbano do autor.

28) Identifique a afirmação correta sobre A hora da estrela, de Clarice Lispector:

a) A força da temática social, centrada na miséria brasileira, afasta do livro as preocupações com a linguagem, freqüentes em outros escritores da mesma geração.

b) Se o discurso do narrador critica principalmente a própria literatura, as falas de Macabéa exprimem, sobretudo as críticas da personagem às injustiças sociais.

c) O narrador retarda bastante o início da narração da história de Macabéa, vinculando esse adiamento a um autoquestionamento radical.

d) Os sofrimentos da migrante nordestina são realçados, no livro, pelo contraste entre suas desventuras na cidade grande e suas lembranças de uma infância pobre, mas vivida no aconchego familiar.

29) O romance “Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel Antônio de

Almeida, o que chama a atenção é um aspecto pouco comum nos romances românticos, ou seja, a visão social transmitida a partir da perspectiva:

a) das classes dominantes e aristocráticas. b) dos segmentos militares da sociedade. c) do submundo do crime e da violência. d) das classes pobres e desfavorecidas.

30) “Será que eu enriqueceria este relato se usasse alguns difíceis termos técnicos?

Mas aí que está: esta história não tem nenhuma técnica, nem de estilo, ela é ao deus-dará. Eu que também não mancharia por nada deste mundo com palavras brilhantes e falsas uma vida parca como a da datilógrafa.”

(Clarice Lispector, A Hora da Estrela)

Em “A Hora da Estrela”, o narrador questiona-se quanto ao modo e, até, à possibilidade de narrar a história. De acordo com o trecho acima, isso deriva do fato de ser ele um narrador: a) Iniciante, que não domina as técnicas necessárias ao relato literário. b) Impessoal, que aspira a um grau de objetividade máxima no relato. c) Objetividade, que se preocupa apenas com a precisão técnica do relato. d) Autocrítico que percebe a inadequação de um estilo sofisticado para narrar

a vida popular.

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SISTEMA EQUIPE DE ENSINO GABARITO 2 13

31) Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe: — E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear? — Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de idéia. — E, se me permite, qual é mesmo a sua graça? — Macabéa. — Maca — o quê? — Bea, foi ela obrigada a completar. — Me desculpe, mas até parece doença, doença de pele. Eu também acho esquisito, mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome ninguém tem mas parece que deu certo. Parou um instante etomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada e com pudor — pois como o senhor vê eu vinguei... pois é... — Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande divida de honra. Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam diante da vitrine de uma loja de ferragem onde estavam expostos atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado: — Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor? Da segunda vez em que se encontraram caia uma chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo.

(Clarice Lispector, A hora da estrela)

Neste excerto, as falas de Olímpico e Macabéa:

a) aproximam-se do cômico, mas, no âmbito do livro, evidenciam a oposição

cultural entre a mulher nordestina e o homem do sul do País. b) demonstram a incapacidade de expressão verbal das personagem, reflexo

da privação econômica de que são vitimas. c) beiram às vezes o absurdo, mas, no contexto da obra, adquirem um sentido

de humor e sátira social. d) registram, com sentimentalismo, o eterno conflito que opõe os princípios

antagônicos do Bem e do Mal.

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32) Leia o texto abaixo.

Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros; Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas.

Esse trecho é o início do romance Iracema, de José de Alencar. Dele, como um

todo, é possível afirmar que:

a) Iracema é uma lenda criada por Alencar para explicar poeticamente as origens das raças indígenas da América.

b) as personagens Iracema, Martim e Moacir participam da luta fratricida entre os Tabajaras e os Pitiguaras.

c) o romance, elaborado com recursos de linguagem figurada, é considerado o exemplar mais perfeito da prosa poética na ficção romântica brasileira.

d) o nome da personagem-título é anagrama de América e essa relação caracteriza a obra como um romance histórico.

33) No livro “A hora da estrela”, ocorre a quebra das convenções da arte de narrar:

o narrador estabelece com o leitor um jogo. Assim, pode -se afirmar que o: a) O narrador faz uma narrativa aberta para o leitor, procurando fazer com que

o leitor se identifique com os personagens. b) Existe um narrador que dificulta a localização de sua voz, misturando-a com

a das outras personagens. c) A escritura do texto é extremamente rebuscada e, portanto, difícil de

estabelecer qualquer relação do texto com o narrador. d) O narrador, a todo momento, chama a atenção do leitor, alertando-o de que

se trata de uma obra de ficção e, conseqüentemente, dificultando uma identificação do leitor com os personagens.

34) Na segunda metade do século XIX, surgiu um romance considerado de

transição entre o Romantismo e o Realismo. Tal obra documenta, com boas doses de humor, os usos, os costumes e a linguagem popular do Rio de Janeiro da época do reinado de D. João VI. Trata-se de: a) Inocência b) A moreninha c) Helena d) Memórias de um sargento de milícias.

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35) Leia o texto abaixo e responda.

A prosa literária adquiriu consistência com as obras desses dois grandes romancistas: o primeiro, pelo estilo ágil e preciso de seu único romance, que descreve pitorescamente os tipos, os ambientes e os costumes do Rio da primeira metade do século XIX; o segundo, pelo leque de romances que abriu, inspirados tanto na vida citadina do Brasil Imperial quanto nas personagens míticas e tipos regionais de nossa terra.

O texto está-se referindo, respectivamente, aos escritores:

a) José de Alencar e Machado de Assis. b) Manuel Antônio de Almeida e José de Alencar. c) Joaquim Manuel de Macedo e Menotti del Picchia. d) Aluísio Azevedo e Machado de Assis.

36) Sobre o texto “Tentarei tirar ouro de carvão. Sei que estou adiando a história e

que brinco de bola sem a bola. O fato é um ato? Juro que este livro é feito sem palavras.”, extraído do livro “A Hora da Estrela”, pode-se afirmar que:

a) o narrador-escritor vai transformar situações cotidianas em uma história de vida, de fatos e acontecimentos, e o "livro é feito sem palavras" pelo fato de ser um retrato da vida.

b) a história de Macabéa (protagonista do livro) é um conto de fadas, em que ela encontra o seu príncipe e vivem felizes para sempre.

c) o narrador explica a relação de poder que um homem mantém sobre a mulher.

d) se trata de um jogo de palavras em que o autor busca explicar a história de vida de um trabalhador sem qualificação, vivendo numa grande metrópole.

37) Em uma das suas obras mais importantes, José de Alencar apresenta uma visão

lírica da miscigenação no Brasil. A propósito desse romance, o autor afirma: “Quem não pode ilustrar a terra natal, canta as suas lendas, sem metro, na rude toada de seus antigos filhos”. A obra em questão é:

a) Diva b) Senhora c) O gaúcho d) Iracema

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38) Leia os textos a seguir:

TEXTO I

“O Vale de Santarém é um destes lugares privilegiados pela natureza, sítios amenos e deleitosos em que as plantas, o ar, a situação, tudo está numa harmonia suavíssima e perfeita; não há ali nada grandioso nem sublime, mas há uma como simetria de cores, de sons, de disposição em tudo quanto se vê e se sente, que não parece senão que a paz, a saúde, o sossego do espírito e o repouso do coração devem viver ali, reinar ali um reinado de amor e benevolência. (...). Imagina-se por aqui o Éden que o primeiro homem habitou com a sua inocência e com a virgindade do seu coração. À esquerda do vale, e abrigado do Norte pela montanha que ali se corta quase a pique, está um maciço de verdura do mais belo viço e variedade. (...). Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um claro das árvores a janela meio aberta de uma habitação antiga, mas não dilapidada - (...) A janela é larga e baixa; parece mais ornada e também mais antiga que o resto do edifício, que, todavia, mal se vê...”

(Almeida Garrett, “Viagens na minha terra”.)

TEXTO II

“Depois, fatigado do esforço supremo, [o rio] se estende sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a natureza formou, e onde o recebe como um leito de noiva, sob as cortinas de trepadeiras e flores agrestes. A vegetação nessas paragens ostentava outrora todo o seu luxo e vigor; florestas virgens se estendiam ao longo das margens do rio, que corria no meio das arcarias de verdura e dos capitéis formados pelos leques das palmeiras. Tudo era grande e pomposo no cenário que a natureza, sublime artista, tinha decorado para os dramas majestosos dos elementos, em que o homem é apenas um simples comparsa.(...) Entretanto, via-se à margem direita do rio uma casa larga e espaçosa, construída sobre uma eminência e protegida de todos os lados por uma muralha de rocha cortada a pique.”

(José de Alencar, “O guarani”.)

Lendo-se atentamente os textos I (de Almeida Garrett) e II (de José de Alencar), percebe-se que ambos os narradores se identificam quanto à atitude de admiração e louvor à natureza contemplada. Entretanto, verifica-se também, entre os dois, uma diferença profunda e marcante no seu ato contemplativo, quanto aos valores atribuídos a essa natureza. Essa diferença é marcada:

a) pela existência da vegetação. b) pela avaliação da magnitude e da beleza do cenário. c) pela inclusão, na paisagem natural, da habitação humana. d) pelo predomínio das referências ao mundo vegetal

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Leia o trecho de A hora da estrela, de Clarice Lispector, para responder às questões de números 39 e 40.

Olímpico de Jesus trabalhava de operário numa metalúrgica e ela nem

notou que ele não se chamava de “operário” e sim de “metalúrgico”. Macabéa ficava contente com a posição social dele porque também tinha orgulho de ser datilógrafa, embora ganhasse menos que o salário mínimo. Mas ela e Olímpico eram alguém no mundo. “Metalúrgico e datilógrafa” formavam um casal de classe. A tarefa de Olímpico tinha o gosto que se sente quando se fuma um cigarro acendendo-o do lado errado, na ponta da cortiça. O trabalho consistia em pegar barras de metal que vinham deslizando de cima da máquina para colocá-las embaixo, sobre uma placa deslizante. Nunca se perguntara por que colocava a barra embaixo. A vida não lhe era má e ele até economizava um pouco de dinheiro: dormia de graça numa guarita em obras de demolição por camaradagem do vigia.

39) A partir da leitura do texto, pode-se concluir que Olímpico, ao apresentar-se

como metalúrgico em vez de operário,

a) revela ser um homem culto e com bom nível de instrução. b) pretende conferir melhor status ao trabalho que exerce. c) mostra ser um homem humilde e despretensioso. d) atribui destaque ao fato de realizar um serviço braçal.

40) De acordo com as informações textuais, Macabéa e Olímpico têm em comum o

fato de que ambos:

a) aparentam estar despreocupados com seu futuro financeiro. b) desejam ardentemente mudar de condição social. c) demonstram ter grande ambição e espírito aventureiro. d) são um tanto alienados com relação às condições em que vivem.

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