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7/26/2019 A Importncia Do Cuidado Com o P Diabtico - Aes de Preveno e Abordagem Clnica
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RESUMO
O diabetes considerado um srio problema de sade pblica, tanto devido ao nmero de pessoas
afetadas quanto s suas complicaes, suas incapacitaes, alm do elevado custo financeiro da sua
abordagem teraputica. Acomete todas as classes socioeconmicas: as populaes de pases em todos os
estgios de desenvolvimento so atingidas por essa enfermidade. Uma das complicaes mais temidas
ocasionadas pelo diabetes a perda de um p ou uma perna. Porm, essa uma situao que pode serevitada mediante alguns cuidados. O objetivo desse trabalho apresentar dados epidemiolgicos que
evidenciem a importncia da preveno desse problema e aspectos importantes relacionados ao seu manejo
clnico, alm de questes fundamentais para garantir o controle adequado do diabetes que so a adeso
ao tratamento e o vnculo do paciente com a equipe de sade.
ABSTRACT
It is acknowledged that diabetes is a major public health problem, not only due to the large number of
individuals that suffer from its complications and incapacitations, but also because of the high cost of the
treatment. Diabetes affects the populations of all socio-economical classes in all countries, regardless their
stage of development.
One of the most feared diabetes complications is loss of one foot or leg. With some care, however,
such situations can be prevented. The purpose of this paper is to present epidemiological data showing
clearly the importance of prevention and aspects relevant for clinical care, as well as to make some decisive
suggestions for assuring an appropriate control of this chronic disease that are: adherence to treatment and
the doctor/patient relation.
A importncia do cuidado com o p diabtico:aes de preveno e abordagem clnica
The importance of diabetic foot care:preventive care and clinical approach
Carolina Fajardo1
PALAVRAS-CHAVE:- Diabetes Mellitus - preveno e controle;- P Diabtico - tratamento;- Epidemiologia.
1Mdica de Famlia e Comunidade, Residncia em MFC/UERJ, mdica da Coordenao do PSF/SES-RJ, Rio de Janeiro, Brasil.
KEY-WORDS:- Diabetes Mellitus - prevention and control;- Diabetic Foot - treatment;- Epidemiology.
RBM
FC
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I. Apresentao e consideraes gerais sobre
diabetes.A arte de viver
simplesmente a arte de conviver...
Simplesmente, disse eu? Mas como difcil!Mrio Quintana
Mrio Quintana fala em sua poesia que a
arte de viver simplesmente a arte de conviver, e
como isso difcil por si s. A vida no nada
simples. E a vida com problemas de sade mais
difcil ainda. Isso, claro, dependendo de como cada
um enfrenta o seu problema de sade. Conviver a
vida toda com um problema que exige mudanasnos hbitos de vida e pode ter complicaes gra-
ves, no sendo uma tarefa simples.
O diabetes uma doena que transforma
a vida das pessoas por ele acometidas, uma vez
que exige uma srie de mudanas nos hbitos de
vida e pode ter srias complicaes. Freqente-
mente nos deparamos no nosso dia-a-dia com
pessoas com diabetes. considerado um srioproblema de sade pblica, tanto devido ao nme-
ro de pessoas afetadas quanto s suas compli-
caes, suas incapacitaes, alm do elevado
custo financeiro da sua abordagem teraputica1.
Acomete todas as classes socioeconmicas: as
populaes de pases em todos os estgios de
desenvolvimento tambm so atingidas por essa
enfermidade1.
Uma das complicaes mais temidas oca-
sionadas pelo diabetes a perda de um p ou uma
perna. Porm, essa uma situao que pode ser
evitada mediante alguns cuidados. O objetivo
desse trabalho apresentar dados epidemiol-
gicos que evidenciem a importncia da preveno
desse problema e aspectos importantes relacio-
nados ao seu manejo clnico, alm de questes
fundamentais para garantir o controle adequado do
diabetes que so a adeso ao tratamento e o
vnculo do paciente com a equipe de sade.
A prevalncia do diabetes tipo 2 temaumentado em propores epidmicas, o que
atribudo a vrios fatores como a taxa de urba-
nizao, industrializao, sedentarismo, hbitos
alimentares, obesidade, aumento da expectativa de
vida e maior sobrevida dos diabticos2.
De acordo com a Federao Internacional
de Diabetes3, h aproximadamente 177 milhes de
pessoas com diabetes no mundo, o que corres-ponde a uma prevalncia de 5,2% nas pessoas
adultas (de 20 a 79 anos). Nos pases desenvol-
vidos, o diabetes tipo 2 corresponde a faixa de 85%
a 95% das pessoas com diabetes, sendo que, nos
pases em desenvolvimento, provavelmente esse
nmero maior3. Enquanto nos pases desenvol-
vidos a prevalncia de diabetes maior na popula-
o mais idosa, nos pases em desenvolvimento a
prevalncia est aumentando na populao
comparativamente mais jovem, em fase produtiva3.
No Brasil, estima-se que haja 5 milhes de
pessoas com diabetes, dos quais a metade no
sabe que tem a doena2. Muitas vezes as pessoas
descobrem que tem diabetes por meio das mani-
festaes das suas complicaes.
Um grande problema, no Brasil, o acesso
das pessoas com diabetes ao sistema de sade,
o que no possibilita o diagnstico precoce. Mas,
com a poltica de reorientao da Ateno Bsica
pela Estratgia de Sade da Famlia (ESF), tivemos
um grande avano no acesso ao sistema de sa-
de. Uma das aes prioritrias da Estratgia o
atendimento ao diabtico, alm das aes de pro-
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moo e preveno de sade.
O diabetes considerado uma sndrome
de etiologia mltipla, decorrente da falta da insulina
e/ou incapacidade da insulina exercer adequada-
mente seus efeitos. Caracteriza-se por uma hiper-glicemia crnica que, se no controlada ade-
quadamente, evolui com srias complicaes,
como perda da viso, insuficincia renal em estgio
terminal, amputao no-traumtica dos membros
inferiores, infarto agudo do miocrdio, acidente vas-
cular enceflico2.
A adeso ao tratamento fundamental para
o melhor controle do diabetes e a reduo das suascomplicaes, mas difcil de ser alcanada de-
vido necessidade de tratamento contnuo e pro-
longado. A abordagem do diabetes dividida em
terapia no-medicamentosa e terapia medicamen-
tosa. As mudanas nos hbitos de vida, como ali-
mentao mais saudvel, realizao de atividades
fsicas e interrupo do tabagismo, so elementos
essenciais da terapia no-medicamentosa.Os efeitos colaterais dos remdios e a difi-
culdade de acesso ao sistema de sade so ou-
tros fatores que influenciam na adeso ao trata-
mento a qual deve ser uma meta j na primeira
consulta e tambm nas subseqentes. Sendo
assim, o paciente com diabetes necessita de uma
abordagem integral por uma equipe interdisciplinar,
a qual trabalha com tecnologia do cuidado, facili-
tando e promovendo a adeso ao tratamento, e
estimula o vnculo do paciente com a equipe de
sade, que um outro elemento importante para
a adeso ao tratamento. Adeso no s ao uso
das medicaes quando necessrias, mas a um
estilo de vida mais saudvel.
A classificao utilizada atualmente a
proposta pela Associao Americana de Diabetes
(ADA), que se baseia na etiologia do diabetes
mellitus4. A classificao anterior (proposta pelo
National Diabetes Data Group e OMS) tinha por
base a forma de tratamento e classificava o diabe-tes como insulino-dependente e no-insulino-de-
pendente4.
Classificao etiolgica do diabetes mellitus
(Associao Americana de Diabetes)
I- Diabetes Mellitus tipo 1A- Auto-imune
B- Idioptico
II- Diabetes Mellitus tipo 2
III- Outros tipos especficos
A- Defeitos genticos da funo da
celula B- Defeitos genticos na ao da
insulina
C- Doenas do pncreas excrino
D- Endocrinopatias
E- Induzida por medicamentos ou
produtos qumicos
F- Infeces
G- Formas incomuns de diabetes auto-imune
H- Outras sndromes genticas s
vezes associadas ao diabetes
IV- Diabetes mellitus gestacional
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O diabetes tipo 1 corresponde a faixa de
10% a 20% dos casos de diabetes e se caracteriza
por uma deficincia absoluta de insulina, que ocorre
na maioria das vezes devido a uma destruio
auto-imune das clulas beta. Predomina em crian-as e adultos jovens, embora possa surgir em qual-
quer poca da vida. Requer obrigatoriamente o uso
de insulina e tem tendncia ao quadro de cetoaci-
dose diabtica2.
O diabetes tipo 2 responde por entre 85%
e 95% dos casos de diabetes e aparece freqen-
temente aps os 40 anos de idade. Resulta em
geral de graus variveis de resistncia a ao dainsulina ou de deficincia de secreo de insulina.
A maioria dos pacientes com diabetes tipo 2 (80%)
so obesos e a cetoacidose ocorre apenas em si-
tuaes especiais como durante as infeces gra-
ves2. Pode ser controlado apenas com mudanas
no estilo de vida, sendo algumas vezes necessrio
o uso de medicamentos hipoglicemiantes ou anti-
hiperglicemiantes. Nos casos de resistncia ao tra-tamento com essas medicaes, pode ser neces-
srio o uso de insulina.
O diagnstico do diabetes se baseia na his-
tria clnica e confirmado por exames laborato-
riais.
Na maioria dos pacientes com diabetes tipo
2, no h sintomas ou estes so inespecficos,
como tontura, dificuldade visual, astenia e/ou
cibras2. Os sintomas clssicos de diabetes, como
poliria, polidipsia e polifagia, so bem mais carac-
tersticos do diabetes tipo 1, embora tambm pos-
sam estar presentes no diabetes tipo 22.
A Associao Americana de Diabetes pre-
coniza como critrios para o diagnstico de diabe-
tes os seguintes valores2:
Duas glicemias de jejum maior que 126
mg/dl em um paciente assintomtico ou uma gli-
cemia de jejum = 126 mg/dl em paciente sintom-
tico.
Glicemia ao acaso = 200 mg/dl, em paci-entes com sintomas (poliria, polidipsia e perda de
peso sem explicao).
Valor de 2 horas = 200 mg/dl durante um
teste de tolerncia oral glicose (TOTG).
Essa classificao de diabetes fundamen-
tada na etiologia a utilizada atualmente pelo Mi-
nistrio da Sade5.
II. Incidncia e prevalncia das complicaes
e doenas associadas ao diabetes
No Brasil, no existem dados da populao
sobre as complicaes ou morbidade do diabetes1.
Portanto, h necessidade de estudos epidemio-
lgicos em relao s complicaes do diabetes
na populao brasileira. Como exceo a essa
regra, temos a regio metropolitana do Rio deJaneiro, que apresenta a seguinte taxa de incidncia
de amputao de extremidades: 6,9/100 mil habi-
tantes1. Para o conjunto desses casos, a sobrevida
acumulada para cinco anos aps amputao foi
de apenas 55% para os homens e 59,4% para as
mulheres. Na maioria dos estudos internacionais,
essa taxa de amputao equivale a 7,2/100 mil
habitantes6. Os nmeros mais elevados de ampu-
tao foram relatados nas reservas indgenas nos
Estados Unidos e os mais baixos em reas da
Dinamarca e Gr Bretanha6. Segundo dados da li-
teratura, porm, h poucos estudos bem realizados
relativos a incidncia de amputao dos membros
inferiores. H relatos de que, entre 15% e 19%
dos pacientes diabticos submetidos a algum tipo
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de amputao, o diabetes foi diagnosticado nesse
momento6.
Como j relatado, uma das complicaes
mais temidas ocasionadas pelo diabetes a perda
de um p ou uma perna. Os problemas com osps so uma importante causa de morbidade para
as pessoas com diabetes, que apresentam um ris-
co 15 vezes maior de serem submetidas a uma
amputao do que as pessoas no-diabticas6. As
feridas nos ps so uma das principais causas de
atendimento hospitalar a essa populao.
Estudos mostram que as amputaes de
ps, pernas e coxas em pacientes com doenaarterial perifrica e diabetes mellitusaumentaram
cinco vezes na cidade do Rio de Janeiro entre 1990
e 2000. Grande parte delas poderia ter sido evitada.
A imensa maioria dessas cirurgias (97,7%), deno-
minada amputaes primrias, foi realizada sem
que antes tivesse sido feito o procedimento vascu-
lar para restabelecer o fluxo arterial7.
Nos Estados Unidos, de 50% a 70% de to-
das as amputaes no-traumticas ocorrem em
pessoas diabticas6.
Um dado assustador apresentado em al-
guns estudos que apenas 12% dos mdicos exa-
minam os ps dos diabticos sem estes tenham
queixas a apresentar durante a consulta8. sabido
que um problema com o p do diabtico pode evo-
luir para condies mais graves mesmo na ausn-
cia de sintomas. Na maioria das pessoas (85%),
as amputaes dos membros inferiores relacio-
nadas ao diabetes so precedidas de uma lcera
no p. A proporo de pacientes que sofre ampu-
amputao com gangrena varia entre 50% a 70%
e com infeco, entre 20% a 50%6.
A prevalncia de lceras nos ps, em pases
desenvolvidos, corresponde a aproximadamente de
4% a 10% dos pacientes com diabetes6.
As complicaes do p diabtico geram um
elevado gasto financeiro com hospitalizao pro-
longada, reabilitao, necessidade de cuidados do-miciliares, assistncia social, alm dos custos in-
diretos, como o afastamento do trabalho, e emoci-
onais pela perda do p ou da perna 6. Estudos mos-
tram que de 40% a 50% do custo total para uma
doena crnica correspondem aos custos indire-
tos. O impacto da amputao na qualidade de vida
dessas pessoas no tem sido considerado6.
H relatos de que o tempo mdio de hospi-talizao para pacientes com lceras nos ps varia
de 30 a 40 dias, sendo, portanto, 50% mais pro-
longado do que nos pacientes sem lceras nos
ps6. Outros estudos evidenciaram que os paci-
entes diabticos com leses nos ps e doena
vascular permanecem hospitalizados por mais
tempo do que as pessoas no-diabticas com lce-
ra e doena vascular perifrica6.
A preveno das complicaes do p di-
abtico uma medida de baixo custo, que traz
grandes benefcios6. Vrios estudos apresentaram
que uma abordagem multidisciplinar, as aes de
preveno, a terapia educacional e o tratamento
multifatorial das lceras nos ps reduziram as taxas
de amputao em torno de 43% a 85%.
III. Definio de p diabtico
Com base nas definies da OMS, o p di-
abtico uma condio em que a pessoa com
diabetes apresenta infeco, ulcerao e ou destru-
io dos tecidos profundos associadas a anormali-
dades neurolgicas e vrios graus de doena vascu-
lar perifrica nos membros inferiores6.
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IV. Fatores de risco do p diabtico
Embora na maioria dos casos se observe
que os fatores de risco para amputao e para
desenvolvimento de lcera sejam semelhantes, de
acordo com o Consenso Internacional sobre PDiabtico6, quando se fala em fatores de risco para
p diabtico, preciso diferenciar os fatores rela-
cionados neuropatia perifrica, os relacionados
ao desenvolvimento de lceras nos ps e os
relacionados amputao.
Vrios fatores tm sido sugeridos como
relacionados ao desenvolvimento de lceras nos
ps, como exemplificado a seguir6
:
IV.1 lcera no p
lcera, amputao prvia.
Neuropatia: sensitivo-motora.
Trauma: calado inadequado; caminhar
descalo; quedas, acidentes; objetos no interior
dos sapatos.
Biomecnica
Doena Vascular perifrica
Condio socioeconmica: baixa posi-
o social; acesso precrio ao sistema de sade;
no-adeso ao tratamento, negligncia; educao
Sistema de Classificao de Risco
Categoria Risco Freqncia da avaliao
0 Neuropatia ausente Uma vez por ano
1 Neuropatia ausente Uma vez a cada seis meses
2 Neuropatia presente, sinais de doena Uma vez a cada trs meses
vascular perfrica e/ou deformidades nos ps
3 Amputao prvia Uma vez entre um e trs meses
teraputica precria.
Aps o exame clnico do paciente, deve ser
feita a sua classificao de risco. O sistema apre-
sentado abaixo o proposto pelo Consenso sobre
o P diabtico6
:Um estudo realizado para avaliar a efeti-
vidade desse sistema de classificao do risco de
desenvolver complicaes no p diabtico mostrou
resultados favorveis mesma9. Os dados obtidos
mostraram que h uma clara tendncia de
complicaes nos pacientes em estgios avana-
dos dessa classificao.
Vrios estudos mostraram que o principal
fator de risco para lceras nos ps a presena
de neuropatia sensitivo-motora, cuja prevalncia
estimada varia de 30% a 70% das populaes
estudadas, dependendo das definies e dos
critrios diagnsticos utilizados6. Em estudostransversais, evidenciou-se que de 80% a 90% das
lceras nos ps foram precipitadas por algum
trauma externo, como exemplo, o uso de calados
inadequados6.
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IV.2 Neuropatia Perifrica
A neuropatia perifrica definida como a
presena de sintomas e/ou sinais de disfuno do
nervo perifrico em pessoas com diabetes aps
excluso de outras causas conforme est descritonas Diretrizes para o Diagnstico e Abordagem
Ambulatorial da Neuropatia Diabtica Perifrica6.
A neuropatia perifrica pode ser agrupada de acor-
do com as manifestaes clnicas em dois grupos:
Neuropatia sensitivo-motora a forma
mais comum e a que mais causa problemas nos
ps dos diabticos8. Evolui insidiosamente e pode
ser assintomtica ou causar sintomas importan-tes, como sensao de queimao e agulhadas
nos ps e pernas, que pioram noite. No exame
fsico h diminuio da sensibilidade dolorosa, ttil
e trmica com distribuio em bota, atrofia da
musculatura intrnseca dos ps e ausncia dos re-
flexos aquileus.
Neuropatia simptico-perifrica im-
portante porque causa ressecamento da pele de-
vido ausncia de sudorese, o que leva a pele a
ficar rachada e fissurada, facilitando as infeces
nos ps. Causa tambm vasodilatao, propici-
ando o aparecimento de shuntsarteriovenosos,
que aumentam o fluxo de sangue na pele, dimi-
nuindo, assim, o aporte de nutrientes aos tecidos
mais profundos. Portanto, a ausncia de sudorese
e a distenso das veias dorsais dos ps so evi-
dncias de disfuno autonmica que envolve fi-
bras dos nervos simpticos.
Estudos mostram que a perda da sensibi-
lidade leva a ulcerao no p diabtico. A diminuio
da sensibilidade vibratria aumenta sete vezes o
risco de desenvolvimento de lcera nos ps com
ou sem isquemia6.
A lcera neuroptica muito mais freqente
do que a lcera isqumica.
IV.3 Doena Vascular Perifrica
A doena vascular perifrica o fator maisimportante relacionado evoluo de uma lcera
no p diabtico, deve ser diagnosticada por meio
do exame clnico dos ps, avaliando cor, tempe-
ratura da pele, palpao dos pulsos, medida da
presso do tornozelo6. Testes vasculares no-in-
vasivos permitem avaliar a probabilidade de cicatri-
zao de uma lcera em um p diabtico6.
A aterosclerose mais freqente nos paci-entes diabticos, nos quais afeta indivduos mais
jovens, com uma progresso mais rpida, multis-
segmentar e mais distal6. A aterosclerose est em
geral associada elevada prevalncia de tabagis-
mo, hipertenso e diabetes.
A doena vascular perifrica pode ser con-
siderada como sinal da doena aterosclertica ge-
ral. Portanto, deve se buscar doena asteroscle-
rtica em outros lugares como o corao e as car
tidas6. O papel da hiperglicemia no desenvolvimen-
da doena aterosclertica no est claro. A nefro-
patia diabtica um marcador para doena vascu-
lar generalizada e, provavelmente, os pacientes
com nefropatia esto mais suscetveis ao desenvol-
vimento de doena vascular perifrica6.
A doena vascular perifrica pode ocorrer
mesmo na ausncia de sintomas, sendo dividida
em quatro estgios, segundo Fontaine6:
Estgio 1: doena arterial oclusiva sem
sintomas clnicos.
Estgio 2: claudicao intermitente.
Estgio 3: dor isqumica em repouso.
Estgio 4: ulcerao ou gangrena.
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preciso ficar atento, pois os pacientes
com doena vascular perifrica podem apresentar
isquemia perifrica grave sem sintomas, como
conseqncia da perda da sensibilidade devido
neuropatia perifrica6.Os pacientes devem ser avaliados em rela-
o presena de doena vascular perifrica pelo
menos uma vez por ano, devendo ser pesquisado:
histria de claudicao intermitente ou dor isqu-
mica em repouso; palpao dos pulsos das art-
rias tibiais posteriores e pediosas dorsais; sinais
de isquemia crtica palidez dos ps elevao,
rubor postural, ulcerao, necrose da pele ougangrena6.
A investigao vascular no-invasiva deve
ser realizada para uma avaliao mais objetiva da
perfuso da pele6. Os seguintes testes so utiliza-
dos:
Presso do tornozelo.
Presso do pododctilo.
Medidas da presso de oxignio
transcutneo.
Esses testes podem ser utilizados para: o
diagnstico e a quantificao da doena vascular
perifrica; a previso da cicatrizao da leso em
um p diabtico e o seguimento e controle de tra-
tamento6. Desses mtodos o mais utilizado a
medida da presso do tornozelo, que pode estar
falsamente elevada devido esclerose mdia. Nos
pacientes com lcera no-cicatrizada, a doena
vascular perifrica deve ser investigada, e caso
seja necessrio realizar uma angiografia.
A revascularizao indicada nas seguintes
situaes6:
Baixa probabilidade de cicatrizao.
Dor isqumica persistente e em repouso.
Claudicao intermitente ameaando as
atividades profissionais do paciente ou limitando
seu estilo de vida.
A modificao dos hbitos de vida que repre-
sentam fatores de risco para o desenvolvimentode claudicao intermitente e amputao deve
sempre ser incentivada. O tabagismo, por exemplo,
deve ser interrompido uma vez que estudos mos-
tram que as taxas de patncia para reconstruo
vascular so mais elevadas em pessoas que para-
ram de fumar6.
A realizao de caminhadas importante,
pois foi demonstrado que os programas dessa ativi-dade possibilitam a melhoria da claudicao inter-
mitente em pacientes no-diabticos. Porm, se-
gundo especialistas, os programas de caminhada
no devem ser realizados quando h, nos pacien-
tes, presena de lceras ou gangrena6.
IV.4 Biomecnica
Os fatores mecnicos (deformidades das
articulaes, proeminncia ssea, calos, mobilida-
de articular limitada, propriedades dos tecidos
alteradas, cirurgia prvia do p, articulaes neuro-
osteoartropticas, calado inadequado, caminhar
descalo, quedas, acidentes, objetos no interior dos
calados, grau de atividade) tm um importante
papel na etiologia das lceras nos ps6.
O calado teraputico utilizado com o ob-
jetivo de aliviar completamente a presso sobre u-
ma lcera, que no cicatrizar se a carga mecnica
no for removida6. Por outro lado, h estudos mais
recentes que indicam que, nos pacientes sem de-
formidades severas nos ps, as aes de cuidado
com estes, realizadas tanto pela equipe de sade
quanto pelos pacientes, so mais efetivas do que
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o uso de sapatos teraputicos10.
O calado protetor aquele que reduz a
presso nos ps, abaixo do limiar para ulcerao,
extremamente importante para prevenir tanto a
lcera inicial quanto recorrncia de lcera6. Ospacientes devem ser orientados a no utilizar
novamente um calado que j provocou ulcerao.
Estudos mostram que as pessoas que tem um es-
tilo mais ativo de vida apresentam um risco maior
de ferimentos nos ps do que aqueles que levam
uma vida menos ativa.
Os pacientes devem ser encorajados a uti-
lizar calados protetores sempre. Os sapatos no-vos devem ser usados por perodos curtos, inicial-
mente. Os calados devem ser trocados vrias
vezes ao dia e devem ser inspecionados antes do
seu uso. Estudos mostram que, quando os cala-
dos protetores so utilizados, h uma preveno
entre 60% e 85% de recorrncia de lceras. A
adeso ao uso de sapatos protetores um proble-
ma freqente, provavelmente devido ao custo e por
questes estticas. Um estudo mostrou que o esti-
lo e a aparncia do sapato influencia na adeso ao
seu uso11. Caso a recorrncia de ulcerao no
seja evitada com o uso de calados apropriados
necessrio avaliar a indicao de cirurgia6.
IV.5 lceras
Vrios fatores influenciam na cicatrizao
das lceras nos pacientes com diabetes. Nos cen-
tros de excelncia as taxas de cicatrizao das
lceras esto entre 80% e 90%6.
importante reconhecer que a leso ul-
cerada um sinal de uma doena de mltiplos
rgos. A idade um fator importante em relao
evoluo da lcera. Outros fatores de risco para
evoluo da leso ulcerada so: nefropatia dia-
btica; proteinria; insuficincia renal em estgio
terminal; insuficincia cardaca congestiva; corona-
riopatias; doena vascular perifrica. Portanto, paci-
entes com lcera nos ps apresentando comorbi-dades devem ser tratados incisivamente6.
essencial diferenciar a categoria da lcera
em relao ao fator predisponente, se a neuro-
patia ou neuroisquemia. Para facilitar a abordagem
das leses importante a sua classificao. Dessa
forma, o tipo, a localizao e a causa de uma lcera
devem ser considerados para auxiliar na deciso
da teraputica apropriada6
.O alvio do estresse mecnico fundamen-
tal para a cicatrizao da lcera.
A infeco no p diabtico uma situao
que no pode ser negligenciada e deve ser tratada
efetivamente.
As comorbidades associadas devem ser
tratadas como o edema da insuficincia cardaca
congestiva, por exemplo, pois influenciam na evolu-
o da leso ulcerada.
A dor no deve ser subestimada, devendo
ser tratada de maneira adequada, dando conforto
ao paciente. Muitas vezes, a dor em repouso est
relacionada probabilidade de amputao6.
Um bom controle metablico auxilia no pro-
cesso de cicatrizao da lcera.
O tratamento tpico apenas uma parte da
abordagem teraputica das lceras no p diabtico.
A escolha do tratamento tpico emprica, deve
ser fundamentada na condio da lcera e no im-
plica a cicatrizao e no-cicatrizao, porm pode
alterar a velocidade6.
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IV. 6 Infeco
A infeco no p diabtico uma situao
que coloca o paciente em risco para amputao,
devendo ser tratada incisivamente. importante
considerar a gravidade das conseqncias dainfeco no p diabtico, pois h fatores que con-
tribuem para essa evoluo, como a estrutura a-
natmica, alterao da resposta inflamatria, alte-
raes metablicas, neuropatia, edema e doena
vascular perifrica6.
importante ressaltar que sinais e sinto-
mas de infeco, tais como febre, leucocitose e
elevao do VHS, podem estar ausentes em pa-cientes diabticos com lceras infectadas nos
ps6.
A infeco superficial (celulite) freqen-
temente causada por bactrias Gram-positivas,
enquanto as infeces mais profundas so cau-
sadas por polimicroorganismos, envolvendo as
bactrias Gram-negativas e anaerbicas. Nos
casos de infeco profunda e grave do p, a remo-
o cirrgica do tecido infectado essencial6.
A seguinte estratgia deve ser usada na
abordagem dos pacientes com leso ulcerada6.
1. Debridamento.
2. Cuidado meticuloso da leso.
3. Adequado suprimento vascular.
4. Controle metablico adequado.
5. Antibioticoterapia emprica.
6. Alvio da presso.
O uso emprico de antibitico para leso
ulcerada com infeco superficial deve ser ativo
contra estafilococos e estreptococos6.
No caso de leses ulceradas profundas,
est indicada hospitalizao para interveno
cirrgica e antibioticoterapia de largo espectro6.
IV. 7 Neuro-osteoartropatia
Nos pacientes com p que apresente
aumento da temperatura da pele, hiperemia e ede-
ma devem se pensar em neuro-osteoartropatia.
importante que seja descartada a possibilidade deinfeco para evitar erros de diagnstico. Essas
alteraes sseas e articulares neuropticas so
denominadas p de Charcot e so consideradas
complicaes devastadoras do diabetes. Progride
rapidamente com fragmentao ssea e destruio
das articulaes. A osteoartopatia freqentemen-
te causada por trauma extrnseco em um p neuro-
ptico. O tratamento dessa complicao empricoe inclui gesso de contato total e limitao da ativi-
dade fsica6.
V. Abordagem do paciente com p diabtico
Vrias razes apresentadas anteriormente
justificam a necessidade do diagnstico precoce
no s do diabetes mellituscomo de sua to temida
complicao: o p diabtico. preciso que o exame
minucioso do p do paciente com diabetes faa
parte do exame fsico, alm de aes educativas
que possibilitem ao paciente a realizao do auto-
cuidado.
A perda da sensibilidade o principal fator
preditivo do desenvolvimento de lceras nos ps,
por isso o exame neurolgico regular dos ps de
todos os pacientes diabticos fundamental. Todas
os profissionais de sade que trabalham com
pessoas com diabetes devem estar habilitados a
fazer avaliao neurolgica12.
No exame do p do paciente com diabetes,
deve se realizar o teste da sensao vibratria utili-
zando-se um diapaso de 128 Hz, a sensao dolo-
rosa com um pino, apenas quando a pele estiver
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intacta, e a sensao profunda com o martelo (pes-
quisa do reflexo do tendo de Aquiles). Alm dessa
avaliao, os testes semiquantitativos podem ser
utilizados12:
Monofilamentos de Semmes-Weinstein -h estudos que demonstraram que a incapacidade
de percepo do monofilamento de 10g nos dedos
ou dorso do p prev futuras ocorrncias de lceras
nos ps. So testes simples para realizao e de
baixo custo.
As seguintes instrues para o uso do mo-
nofilamento foram publicadas no manual de hiper-
tenso arterial e diabetes mellituspelo Ministrio
da Sade5:
1- Mostrar o filamento ao paciente e aplic-
lo em sua mo, para que ele possa reconhecer o
tipo de estmulo e perder o medo.
2- Solicitar que o paciente no olhe para o
local em que ser efetuado o teste.
3- Pedir para que o paciente preste ateno
e simplesmente responda sim quando sentir o
filamento; no perguntar se ele sente ou no, parano induzi-lo.
4- Ao aplicar o filamento, mantenha-o per-
pendicularmente superfcie testada, a uma dis-
tncia de 1 a 2cm: com um movimento suave, faa-
o curvar-se sobre a pele e retire-o, contando men-
talmente a seqncia numrica 1001-1002, en-
quanto o filamento toca a pele, curva-se e sai do
contato.
5- No use movimentos bruscos na aplica-
o: se o filamento escorregar pelo lado, desconsi-
dere a eventual resposta do paciente e teste o mes-
mo local, novamente, mais tarde.
6- Use uma seqncia, ao acaso, nos lo-
cais de teste, para no induzir o paciente a prever
o local seguinte, no qual o filamento ser aplicado.
7- Havendo reas ulceradas, necrticas, ci-
catrizadas ou hiperceratticas, teste o permetro
da mesma, e no sobre a leso.
8- Se o paciente no responder aplicao
do filamento em um determinado local, continue aseqncia randmica e volte posteriormente quele
local, para confirmar.
9- Anote os resultados, segundo a percep-
o do filamento, em cada regio testada.
10- Conserve o filamento protegido, cuidan-
do para no amass-lo ou quebr-lo. Se necess-
rio, limpe-o com soluo de hipoclorito de sdio a
1:10.
Nas figuras 1 e 2, reproduzidas do manual
de hipertenso arterial e diabetes mellitus/ Minist-
rio da Sade5, so apresentadas as instrues de
uso do monofilamento de nylon, que um bom ins-
trumento para verificar os indivduos em risco de
ulcerao:
Figura 1 - Locais de Teste
Figura 2 - Aplicao do Monofilamento A e B
1, 3 e 5dedos e
metatarsos
A B
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Testes de percepo de vibrao - h estu-
dos que demonstraram que a diminuio na sen-
sao vibratria prev o risco de desenvolvimento
de ulcerao. Porm, os instrumentos utilizados
nesse teste so caros para muitos centros.Testes quantitativos detalhados de vibrao
ou de percepo trmica - so utilizados apenas
em centros especializados.
De acordo com o Consenso Internacional
de P Diabtico6, no h atualmente tratamento
farmacolgico que produza efeitos importantes na
evoluo da neuropatia diabtica.
O diagnstico de neuropatia diabtica podeser facilmente realizado em qualquer unidade de
sade com o exame neurolgico nos ps. Alm
Objetivos do tratamento do diabetes mellitus tipo 2
Glicose plasmtica (mg/dl)*
jejum 110
2 horas ps-prandial 140Glico-hemoglobina (%)* Limite superior do mtodo
Coleterol (mg/dl)
total < 200
HDL > 45
LDL < 100
Triglicrides (mg/dl) < 150
Presso arterial (mm Hg)
Sistlica < 135
Diastlica < 80
ndice de massa corporal (kg/m2) 20-25
disso, h os testes que podem prever o risco de
futuras ulceraes. O nico tratamento disponvel
para a neuropatia diabtica o controle metablico
rgido. Apresentada a seguir tabela com as metas
do tratamento do diabetes mellitustipo 213.Quanto ao controle glicmico, deve-se pro-
curar atingir valores mais prximos do normal. Co-
mo muitas vezes no possvel, aceita-se, nestes
casos, valores de glicose plasmtica em jejum at
126 mg/dl e de duas horas ps-prandial at 160
mg/dl, alm de nveis de glico-hemoglobina at um
ponto percentual acima do limite superior do m-
todo utilizado. Acima desses valores, sempre ne-cessrio realizar interveno para melhorar o con-
trole metablico.
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Fonte:Consenso Brasileiro de Diabetes.
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VI. Preveno do P Diabtico
Para realizar a preveno das complica-
es do p diabtico, as seguintes metas devem
ser alcanadas6:
Realizao de exame dos ps pelo me-nos uma vez ao ano nos pacientes com diabetes
e mais freqentemente naqueles com alto risco
de amputao.
Identificao dos pacientes com alto ris-
co de ulcerao.
Educao teraputica simples, contnua,
tanto para os pacientes quanto para os profis-
sionais. Uso de calados adequados.
Tratamento da patologia no-ulcerativa.
Estudos mostram a reduo de ocorrncia
das leses nos ps em 50% dos pacientes que
fazem parte de programas de educao terapu-
tica para cuidados com os ps. Portanto, as aes
de educao so importantes nos cuidados dos
pacientes com diabetes. O reconhecimento do p
em risco e com leses em fase inicial a respon-
sabilidade dos profissionais de sade, que muitas
vezes no cumprida14. Estudos mostram que
50% dos pacientes submetidos amputao ti-
nham exame incompleto dos ps. Um outro estudo
evidenciou que 22 de 23 amputaes abaixo do
joelho foram realizadas em pacientes que nunca
haviam recebido informaes sobre cuidados tera-
puticos ou medidas preventivas.
As aes de educao permitem a mudan-
a de atitude do paciente, estimulando-o ao auto-
cuidado e possibilitando uma maior adeso ao tra-
tamento proposto. O paciente precisa participar ati-
vamente do tratamento, pois muitas vezes ele po-
de identificar problemas em fase inicial em seu
prprio p, tomando assim as providncias neces-
srias e procurando auxlio profissional mais cedo.
H poucos dados na literatura sobre as tcnicas
educativas utilizadas6. Contudo, estudos mostram
que, quando se utiliza a tcnica do aprendizadoparticipativo, o resultado o paciente com uma ati-
tude mais apropriada quanto aos cuidados com os
ps e uma reduo das demandas de ps reque-
rendo tratamento.
Os pacientes com diabetes ou os seus cui-
dadores devem estar capacitados aos seguintes
cuidados com seus ps7:
1- Inspeo dos ps todos os dias.- Usando um espelho, se necessrio, para
visualizar todo p. Isso deve ser feito em uma rea
com iluminao apropriada.
- Buscando qualquer sinal de presso
(vermelhido, bolhas, calosidades), cortes ou
fendas entre os dedos, feridas ou qualquer
mudana na cor habitual de seus ps.
- Ateno para qualquer mudana na tempe-
ratura da pele dos seus ps.
2 - Lavar os seus ps todos os dias.
- Usando um sabo suave e gua morna
(nunca quente).
- Enxugando seus ps com uma toalha ma-
cia, sem esfregar a pele.
- Prestando muita ateno ao enxugar a pele
entre os dedos.
3 - Manter a pele de seus ps macia e flex-
vel.
- Aplicando uma loo hidratante sobre os
ps secos, exceto entre os dedos ou sobre feridas
abertas ou rachaduras.
- No aplicando talco em seus ps, pois isso
poder produzir ressecamento.
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4 Usar, todos os dias, meias limpas e
sapatos resistentes e bem adaptados.
5 - Prestar ateno especial aos cuidados
das unhas.
- Ao lixar as unhas, usar sempre uma lixaapropriada e respeitar o formato delas.
- Ao cortar as unhas, dispor de boa ilumina-
o. Se o paciente no consegue enxergar bem,
ele deve pedir a algum que corte suas unhas.
Cortar as unhas imediatamente aps lavar os ps,
quando elas esto macias. Usar tesouras com
pontas arredondadas. No usar tesouras para
unhas com pontas encurvadas. Respeitar oformato da unha.
- No cortar calosidades nem unhas
encravadas.
Para que tenham os ps sadios, os paci-
entes devem ser orientados a:
- Usar sempre sapatos e meias at mes-
mo em casa. Chinelos resistentes so apropriados
para serem usados em casa, devem ser calados
logo aps sair da cama. Nunca devem andar des-
calos.
- Usar meias limpas as brancas sem cos-
tura so as melhores. Evitar as meias apertadas.
- Sacudir os sapatos antes de cal-los.
- Nunca cruzar as pernas quando estiver
sentado ou deitado; ao cruz-las a circulao ser
afetada.
- Realizar exerccios suficientes caminhar
bom. Se o paciente precisa ficar sentado por
longos perodos de tempo, deve ser orientado a
inclinar os ps para cima e para baixo, movendo
os dedos com freqncia.
- Levantar os ps sobre um banquinho ou
cadeira enquanto estiver sentado.
- No ficar andando sem rumo no escuro
o paciente deve acender as luzes antes de entrar
em um quarto escuro ou de subir escadas.
- No fumar! O fumo reduz a circulao
sangnea e, para os pacientes que sofrem de dia-betes, isso pode provocar a perda de um membro.
Alm dessas orientaes o paciente deve
saber que, ao detectar um dos sintomas abaixo,
ele deve avisar o seu mdico imediatamente:
- Uma ferida aberta ou uma bolha em seus
ps.
- Pernas frias e dormentes com uma
colorao plida ou azulada.- Dores, tipo cimbras, em suas pernas ao
caminhar.
- P de atleta (coceira, bolhas, pele desca-
mada) entre seus dedos ou na sola dos ps.
Os pacientes precisam de um canal de co-
municao com a equipe de sade que cuida deles.
Eles devem ter acesso para a comunicao
imediata sobre alteraes nos seus ps, o que per-
mitir o tratamento eficaz.
VII. Concluso
Aps a apresentao de todos esses
dados, os seguintes aspectos devem ser ressal-
tados para garantir um atendimento adequado ao
paciente diabtico:
A importncia das aes de promoo
de sade e preveno do diabetes mellituse suas
complicaes, em evidncia nesse trabalho o p
diabtico.
A necessidade de garantir o acesso a
todos os nveis de ateno sade.
A valorizao de uma abordagem huma-
nizada e interdisciplinar na assistncia ao paciente
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diabtico.
A importncia da realizao do exame
minucioso dos ps dos pacientes com diabetes,
na maioria das vezes negligenciada pelos profissi-
onais de sade. A valorizao da adeso ao tratamento
e do vnculo do paciente com a equipe de sade
como estratgias essenciais para que se alcance
os resultados esperados.
A realizao de atividades educativas
que trabalhem com os profissionais de sade e
os pacientes, as questes relacionadas ao cuidado
dos ps e a necessidade de ter uma vida com hbi-tos mais saudveis.
VIII. Referncias
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