24
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM PATRÍCIA HELENA VIEIRA DE SALES MORAIS CARAÚBAS-RN 2016

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM ... · compreender qual o papel do lúdico no processo de ensino-aprendizagem, ... É necessário que o plano de aula

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

PATRÍCIA HELENA VIEIRA DE SALES MORAIS

CARAÚBAS-RN

2016

PATRÍCIA HELENA VIEIRA DE SALES MORAIS

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Artigo científico apresentado ao Curso de

Pedagogia, na modalidade a distância, do Centro de

Educação, da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, como requisito parcial para obtenção do

título de Licenciado em Pedagogia, sob a orientação

do professor Ms. Venâncio Freitas de Queiroz Neto

CARAÚBAS-RN

2016

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Por

PATRÍCIA HELENA VIEIRA DE SALES MORAIS

Artigo Científico apresentado ao Curso de

Pedagogia, na modalidade a distância, do

Centro de Educação, da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, como requisito

parcial para obtenção do título de Licenciado

em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Ms. Venâncio Freitas de Queiroz Neto (Orientador)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________

Dra. Rouseane da Silva Paula Queiroz

Universidade Estadual do Rio Grande do Norte

______________________________________________________

Dra. Zoraia da Silva Assunção

Universidade Potiguar

1

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Patrícia Helena Vieira de Sales Morais

RESUMO

A ludicidade e o desenvolvimento cognitivo são tributos que devem ser desenvolvidos de

forma articulada, pois, a importância do brincar para o desenvolvimento da criança, deve ser

instigada, de forma natural. Dessa forma, este trabalho teve como objetivo investigar e

compreender qual o papel do lúdico no processo de ensino-aprendizagem, verificando quais

os benefícios que esta ferramenta oferece aos educandos, no instante do seu desenvolvimento

intelectual. Os procedimentos metodológicos que foram utilizados consistiram na análise e

elaboração de dados qualitativos, através de pesquisas teóricas baseadas na leitura e reflexão

de livros, artigos, revistas e documentos educacionais, como é o caso do Referencial

Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI), onde estão inseridos conceitos, palavras-

chave e orientações diversas que nos deram suporte para a construção do referencial teórico.

Os resultados comprovam que a criança tem maiores possibilidades de aprender através dos

brinquedos, jogos e brincadeiras, pois, desenvolve habilidades diversificadas, além de

aprimorar aquelas que já possui. É necessário que o professor reflita sobre a proposta para se

trabalhar com o lúdico e, assim, faça uso destes atributos de forma planejada e objetiva.

Palavras-chave: Lúdico. Aplicação. Aprendizagem.

ABSTRACT

The playfulness and cognitive development are taxes that should be developed in a

coordinated way, therefore, the importance of play for children's development, should be

instigated, naturally. Thus, this study aimed to investigate and understand what the playful

role in the teaching-learning process, verifying what benefits this tool offers students at the

moment of their intellectual development. The methodological procedures that form used

consisted of the analysis and preparation of qualitative data through theoretical research-based

reading and reflection of books, articles, magazines and educational documents, such as the

Referential National Curriculum of Early Childhood Education (RCNEI) where they are

inserted concepts, keywords and various guidelines that have given us support for the

construction of the theoretical framework. The results show that children are more likely to

learn through toys, games and activities, therefore, develops diversified skills, and enhance

those that already own. It is necessary that the teacher reflect on the proposal to work with the

playful and thus make use of these attributes in a planned and objective manner.

Keywords: Playfulness. Application. Learning.

INTRODUÇÃO

A ludicidade e o desenvolvimento cognitivo são tributos que devem ser desenvolvidos

de forma articulada, pois, a importância do brincar para o desenvolvimento da criança, deve

ser instigada, de forma natural e contínua.

2

Dessa forma, este trabalho teve como objetivo investigar e compreender qual o papel

do lúdico no processo de ensino-aprendizagem, verificando quais os benefícios que esta

ferramenta oferece aos educandos, no instante do seu desenvolvimento intelectual. A proposta

de pesquisa surge da seguinte inquietação: como a brincadeira contribui e influencia o

desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem da criança?

A proposta de pesquisa é justificada pelo fato de que a brincadeira está presente na

vida da criança como uma prática cultural e social, que começa desde o seu nascimento,

perdurando no ambiente familiar, tornando-se uma das primeiras formas de comunicação,

onde esta expressa suas emoções e sentimentos diversos, em seu cotidiano.

O ato de brincar é importante para o desenvolvimento integral do ser humano nos

aspectos: físicos, emocionais, sociais e cognitivos, viabilizando o processo de aprendizagem

da criança, visto que através desta, é possível que a criança compreenda e raciocine sobre o

mundo ao seu redor (PIAGET, 1971).

É através da brincadeira que a criança exercita sua criatividade, inteligência,

motricidade e capacidade de relacionamento, interagindo de forma natural com o meio,

reconhecendo os elementos que estão disponíveis ao seu contato visual e físico. Estes

atributos fazem com que o indivíduo construa a sua própria personalidade, criando seus

próprios traços de identidade.

Os procedimentos metodológicos que foram utilizados nesta pesquisa consistiram na

análise e elaboração de dados qualitativos, através de pesquisas teóricas baseadas na leitura e

reflexão de livros, artigos, revistas e documentos educacionais, como é o caso do Referencial

Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI), onde estão inseridos conceitos, palavras-

chave e orientações diversas que nos deram suporte para a construção do referencial teórico.

Assim, este estudo oferece uma compreensão mais consciente acerca da importância

do brincar na vida do ser humano, e, em especial, na vida das crianças.

Com relação a estrutura deste trabalho. Na primeira parte fizemos uma abordagem

conceitual, reflexiva sobre o tema em questão, onde estão expostas as ideias de autores,

análises de manuais e documentos gerais da educação, em específico da Educação Infantil. Na

segunda parte, construímos uma reflexão das informações obtidas, confrontadas com os

objetivos propostos e feitas as considerações finais sobre os conhecimentos obtidos.

3

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os itens que seguem, adiante, trazem uma abordagem crítico-reflexiva sobre o tema

em pauta. Os autores pesquisados forneceram informações específicas sobre a inserção de

instrumentos e métodos lúdicos, no momento do desenvolvimento da aula, justificando esta

ser uma proposta interessante e que desperta o interesse do educando.

A APLICABILIDADE DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Os estudos que foram feitos, objetivaram entender como a utilização da ludicidade

influencia no aprendizado do educando, considerando que este recurso pode ser utilizado em

favor da educação, tendo seu uso prático executado desde os primeiros anos de estudo do

docente, na Educação Infantil.

Os primeiros estudos teóricos, referentes às análises dos pressupostos expressos pelos

autores referenciados, conduzem a um entendimento sobre o comportamento humano, na

aquisição de conhecimentos, através da troca de experiências, quando há o contato da criança

com pessoas mais experientes e, através da observação, ela começa adquirir conhecimentos

que são, facilmente, concretizados através do manejo de objetos concretos.

Vygotsky (1998) acredita no princípio de que o sujeito se constitui nas relações com

os outros, por meio de atividades humanas. Nesta perspectiva, a brincadeira infantil assume

um papel notável no processo de constituição do sujeito, tornando o ato de brincar uma

atividade característica humana, independentemente da idade do sujeito.

O autor refere-se a esta ação como uma maneira de expressão e apropriação do mundo

das relações, das atividades e dos papéis dos adultos. A capacidade para imaginar, fazer

planos, apropriar-se de novos conhecimentos surge, nas crianças, através do brincar. A

criança por intermédio da brincadeira, das atividades lúdicas, atua, mesmo que

simbolicamente, nas diferentes situações vividas pelo ser humano, expressando sentimentos,

conhecimentos e atitudes.

Piaget (1971) menciona que, quando brinca, a criança assimila o mundo à sua maneira,

sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto não depende da natureza

do objeto, mas da função que a criança lhe atribui.

Assim, durante este ato, a criança expressa sua conduta diante de situações prazerosas

ou na busca de soluções de problemas, onde constrói conhecimentos e assimila conceitos,

4

entendendo o brincar como uma etapa do desenvolvimento da inteligência, marcada pelo

domínio da assimilação e acomodação.

O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que

assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as

crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e

substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel

assumido, utilizando-se de objetos substitutos (BRASIL, 1998, p. 27).

O RCNEI aborda, claramente, esta questão quanto à importância da prática de

brincadeiras, na sala de aula, desde que estas tenham um objetivo determinado e, também, que

o professor conduza os procedimentos desta, estabelecendo regras, mostrando os caminhos a

serem percorridos, de forma que a atividade não seja algo sem conteúdo, mas um caminho na

busca da sabedoria.

O que é sugerido é que seja feita uma análise geral, em um primeiro instante, seguida

de outra específica, pois, a ludicidade pode ser desenvolvida como unidade, observando as

necessidades existentes. Neste último caso, é interessante fazer uma análise de cada situação,

considerando que esta etapa educacional assimila bem este recurso.

O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Consideramos que o brincar deve ter lugar prioritário na vida da criança, sobretudo,

aquelas de faixa etária entre um ano e meio até os cinco anos de idade, por ser nessa fase que

a criança compreende melhor e consequentemente desenvolve bem suas tarefas.

Na Educação Infantil, onde elas começam a fantasiar/imaginar o real com o

imaginário, onde desprende seu olhar da realidade, em muitas vezes criando um mundo

imaginário, pois, muitas vezes cria coisas impossíveis, para a vida concreta, mas na mente

deles tudo acontece, soltando a sua imaginação, as vezes atribuindo seus sentimentos aos

brinquedos.

O jogo simbólico caracteriza-se pela representação da realidade, por uma

tendência imitativa e imaginativa. Aplica-se à imaginação, devido ao fato de

ser situações as quais são impossíveis de serem realizadas sozinhas, devido à

sua faixa etária. Uma das atividades principais da infância é a brincadeira,

relacionando com a sua teoria, a brincadeira cria uma zona de

desenvolvimento proximal da criança, pois permite à criança a interiorização

de ações que ultrapassam sua idade, mas permitindo uma aquisição da sua

realidade circundante de maneira criativa (DIAS, 2013, p. 13).

5

É exatamente nessa fase que a criança deve ter contato com diversos tipos de

brinquedos, pois, logo percebe que através da utilização dos jogos simbólicos, elas exprimem

seus desejos por meio do real, principalmente quando é de forma criativa e divertida.

De acordo com Dias (2013), a criança brinca não porque não sabe falar, mas sim

porque deseja algo. Desse modo, o ato de brincar da criança é determinado por seus desejos. É

nesse instante que a brincadeira apresenta dois extremos, que são condicionados por esses

desejos.

No primeiro, esta atividade proporciona um leque de meios para que a criança

aprenda, pois, ela está relacionando-se com os seus colegas, com o professor, está explorando

o mundo a seu redor e, ainda, descobre mais características do seu próprio corpo.

No segundo, no instante em que o professor não têm o domínio das situações

propostas (nesse caso da brincadeira) ocorre a dispersão de alguns alunos que, podem não

entender o real sentido da atividade, outros tendem a não se adequar às regras da atividade e,

ainda, pode haver conflitos e/ou divergências entre estes, por exemplo: quando dois meninos

brigando por um brinquedo, um outro querendo fazer a tarefa sozinho, etc.

É necessário que o plano de aula seja bem elaborado, pois, os educandos estão

acostumados a ficar à vontade, durante a recreação, nos jogos e brincadeiras (e essa é uma das

intenções, que estes sintam-se cômodos), porém não podem entender a atividade proposta,

somente como um passa tempo.

No instante em que resolve utilizar a ludicidade em sua metodologia de ensino, o

educador deve atentar-se para os extremos que esta ferramenta pode gerar. Existe um leque de

possibilidades de uso dos brinquedos, jogos e brincadeiras que facilitam assimilação de

conteúdos, por parte do aluno.

Por outro lado, quando o professor não faz um planejamento adequado, ou mesmo no

instante da execução do seu plano de aula, se não acompanhar a turma durante o

prosseguimento das etapas, a tarefa pode tornar-se um mero passatempo e as crianças acabam

agindo aleatoriamente. A figura 1, adiante, representa estas variantes de situações que podem

ocorrer.

6

Figura 1: Crianças no momento da atividade lúdica na escola

Fonte: Barrozo (2010).

A análise da figura 1, nos permite entender que, assim como nos sonhos, a criança

realiza suas fantasias por meio das brincadeiras, pois, vê naquele ambiente algo que é familiar

à sua casa, sente-se aconchegante e motivada a expressar seus sentimentos. Como exemplo

temos que: as meninas brincam imitando as mães, dependendo da forma da educação que

recebem, dão broncas, demostram afetos, atenção entre outros sentimentos com as bonecas.

Jesus (2011), também faz a relação do brincar com o desenvolvimento, quando

comenta que ao brincar a criança se desenvolve, pois seus processos psicológicos são

acionados e desenvolvidos.

O lúdico infantil há algum tempo vem sendo reconhecido como facilitador do processo

de ensino-aprendizagem, uma vez que é promovido o despertar do interesse pela aula, assim,

logo surgem os resultados positivos.

Muitos autores também fazem a relação entre o brincar e a aprendizagem, como por

exemplo, Pinto; Tavares (2010), concordam que o brincar envolvendo a utilização do jogo

lúdico, da brincadeira e do brinquedo, sendo este o modo mais eficiente para a aprendizagem

porque esta prática desenvolve e aprimora a habilidade de aprender a pensar.

O brincar é uma das formas privilegiadas das crianças se expressarem, se

relacionarem, descobrirem, explorarem, conhecerem e darem significado ao

mundo, bem como de construírem sua própria subjetividade, constituindo-se

como sujeitos humanos em determinada cultura. É, portanto, uma das

linguagens da criança e, como as demais, aprendida social e culturalmente

(JESUS, 2011, p. 20).

7

A criança, na fase de desenvolvimento cognitivo, têm mais chances de aprender,

aquilo que lhe é transmitido. O fato de dar significado ao mundo de forma diferente e bem

mais simples do que um adulto, bem como de construir seus conhecimentos de forma mais

simples e natural.

No momento atual da sociedade, em específico, no meio educacional o lúdico é tão

importante para a formação de vida da criança quanto o ato de dormir, alimentar-se bem ou

receber carinho, por conta disso, muitos estudiosos da educação infantil classificam o século

XXI como o período da ludicidade, pelo fato de desenvolver o lado físico e cognitivo,

favorecendo o desenvolvimento infantil.

O lúdico na sala de aula passa ser um espaço de reelaboração do

conhecimento vivencial e constituído com o grupo ou individualmente.

Sendo assim, a criança passa a ser a protagonista de sua história social, o

sujeito da construção de sua identidade, buscando uma autoafirmação social,

e dando continuidade nas suas ações e atitudes, possibilitando o despertar

para aprender. Alguns profissionais desconsideram o lúdico como fator

importante no processo ensino-aprendizagem. Por esse motivo não

desenvolvem atividades lúdicas e mantêm a resistência ao dizer que o

trabalho com a ludicidade acarreta desorganização (PINTO; TAVARES,

2010, p. 20).

É notório que as brincadeiras principalmente as desenvolvidas em grupos trazem

muitos benefícios para as crianças, ao saber que muitos aprendem melhor brincando,

ampliando assim os conhecimentos, dando mais oportunidade de brincar, seja na escola, seja

em casa. Este fator enaltece os laços familiares através do brincar, ocorre um processo em que

a formação infantil é mais suave, além disso, criam-se espaços para cada um se tornar

protagonista de sua própria história.

Para Dias (2013), a ludicidade desperta um interesse recíproco, canalizando as

energias no sentido de um esforço total para consecução de seu objetivo, nos quais mobilizam

esquemas mentais, ativando as funções pisco-neurológicas e as operatórias mentais

estimulando o pensamento.

No instante em que há uma correta mediação das etapas do conhecimento, o sucesso é

imediato, pois, o educando além de criar conceitos e ideais próprias, ainda, trabalha outras

habilidades, como o trabalho em equipe, o aprimoramento do desempenho individual e o

entendimento da dinâmica das regras sugeridas.

Através do lúdico e de sua história são recuperados os modos e costumes das

civilizações. As possibilidades que o ele oferece à criança são enormes: é

capaz de revelar as contradições existentes entre a perspectiva adulta e a

8

infantil quando da interpretação do brinquedo; travar contato com desafios,

buscar saciar a curiosidade de tudo, conhecer; representar as práticas sociais,

liberar riqueza do imaginário infantil; enfrentar e superar barreiras e

condicionamentos, ofertar a criação, imaginação e fantasia, desenvolvimento

afetivo e cognitivo (PINTO; TAVARES, 2010, p. 30).

A presença do lúdico no processo educativo torna-se mais prazeroso tanto para o

educando quanto para o educador. Para ter uma infância de qualidade, ou seja, para que ela

possa experimentar o que é viver, isso promove uma infância com mais expectativa, uma vez

que esta fase é uma espécie de ensaio para a vida adulta. Então, é através da brincadeira que

as crianças descobrem seus medos, desejos e sonhos.

Segundo Jesus (2011), uma postura lúdica não é necessariamente aquela que ensina

conteúdos com jogos, mas sim aquela que caracteriza tais elementos, ou seja, no modo de

ensinar do professor, na seleção de conteúdos, na metodologia utilizada e no papel do aluno.

Esta é uma oportunidade em que o educador faz uma avaliação contínua mais

detalhada, pois, tem a sua disposição diversos fatores de evolução do aluno. Além do mais, as

ações práticas são mais eficazes para o aprendizado e, atrelado a isto, facilita a visualização

do aumento das capacidades do aluno.

Uma postura lúdica não é necessariamente aquela que ensina conteúdos com

jogos, mas na qual estejam presentes as características do lúdico, ou seja, no

modo de ensinar do professor, na seleção de conteúdos e no papel do aluno.

O professor reconhece a importância da ludicidade e tem uma postura ativa

nas situações de ensino. O aluno, nessa situação, aparece como sujeito da

aprendizagem, em que a espontaneidade e a criatividade são constantemente

estimuladas. Por meio de uma aula lúdica, o aluno é estimulado a

desenvolver sua criatividade e não a produtividade. Sendo sujeito do

processo pedagógico, no aluno é despertado o desejo do saber, a vontade de

participar e a alegria da conquista (PINTO; TAVARES, 2010, p. 21).

Esta questão é importante para todas as áreas de conhecimento, para descobrir o

mundo da criança, de modo que esta possa ser um cidadão ativo, independente e flexível. É

importante que os educadores observem as crianças para descobrirem quais os tipos de

brincadeiras que chamam mais a sua atenção, propiciando assim uma atividade mais

completa.

No momento em que o educador faz uma leitura da realidade, ou melhor, dos seus

alunos, descobre quais os instrumentos que são mais eficazes para o trabalho com aquele

público e, assim, tem a oportunidade de selecionar matérias e adaptá-los à sua proposta

metodológica.

9

É importante estimular uma mudança na postura pedagógica dos

profissionais que atuam nesta modalidade de ensino, bem como alertar as

instituições educacionais a investir na formação de seus profissionais para

que incorpore o lúdico na proposta pedagógica, dando assim suporte para

que estas atividades possam contribuir no desenvolvimento das funções

psiconeurológicas e as operações mentais envolvidas em cada uma delas

(SILVA; SILVA; SANTOS, 2014, p.7).

O brincar é um dos pilares educacionais que exerce forte influência sobre o

comportamento infantil e, também, na formação do adulto, pois, existe a questão da troca de

experiência, de tal modo que o adulto necessita entender a dinâmica da ludicidade como

instrumento de ensino-aprendizagem. O fato de que a criança, ao brincar, se encontra em

constante movimento isso já favorece muito o desenvolvimento do ensino em todos os

aspectos.

Segundo Jesus (2011), brincar é o principal meio de aprendizagem da criança, de

maneira que ela desenvolve conceitos de relacionamentos causais, o poder de discriminar, de

fazer julgamentos, de analisar e sintetizar, de imaginar e formular.

No ambiente escolar, principalmente na Educação Infantil é comum promover

atividades com o uso de jogos, pois, os objetos manipulados compõem um cenário familiar ao

educando.

É de fundamental importância o jogo na vida da criança, pois quando ela

brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de

esforços físicos e mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter

sentimentos de liberdade e satisfação pelo que faz, dando, portanto, real

valor e atenção às atividades vivenciadas naquele instante (SILVA; SILVA;

SANTOS, 2014, p. 6).

Quando a criança brinca, logo se torna mais feliz, pois, deixa suas ansiedades e

angústias de lado. Quando a criança é estimulada a enfrentar os desafios das atividades

propostas, começa a esforçar-se para atingir seus objetivos, ficando cada vez mais motivada

para explorar suas habilidades.

Desse modo, a maior aprendizagem está na oportunidade oferecida à criança de aplicar

algo da atividade lúdica dirigida a determinada situação.

A brincadeira possibilita a busca de meios, pela exploração ainda que

desordenada, e exerce papel fundamental na construção de saber fazer”. As

brincadeiras são formas mais originais que a criança tem de se relacionar e

de se apropriar do mundo. É brincando que ela se relaciona com as pessoas e

objetos ao seu redor, aprendendo o tempo todo com as experiências que pode

ter. São essas vivências, na interação com as pessoas de seu grupo social,

10

que possibilitam a apropriação da realidade, da vida e toda sua plenitude

(SANTOS; JESUS, 2010, p. 4).

Este recurso educacional é uma estratégia de grande valor, pois, é brincando que a

criança se relaciona com os demais colegas, troca experiências, que por simples que seja não

pode ser jamais ignorada pelos os educadores, uma vez que a criança chega ao ambiente

escolar com uma bagagem específica construída no seu lar, de modo que precisa ter

sensibilidade para descobrir os seus valores, sejam estes, culturais ou sociais, sem que haja

constrangimentos.

Na perspectiva de Santos; Jesus (2010), a metodologia lúdica faz com que a criança

aprenda com prazer, alegria e entretenimento, pois, a educação lúdica está distante da

concepção infantil de passatempo, da brincadeira vulgar ou do divertimento sem objetivos

lógicos.

Para o educando, a brincadeira é algo levado a sério, por este fato os adultos devem

respeitá-la, tratando-a com maturidade e respeito, alimentando as fantasias dando asas a sua

imaginação. Nesse caso a instrumentação dos jogos pode amenizar situações conflituosas,

pois:

Os jogos lúdicos oferecem condições do educando vivenciar situações-

problemas, a partir do desenvolvimento de jogos planejados e livres que

permitam à criança uma vivência no tocante às experiências com a lógica e o

raciocínio e permitindo atividades físicas e mentais que favorecem a

sociabilidade e estimulando as reações afetivas, cognitivas, sociais, morais,

culturais e linguísticas (SANTOS, JESUS, 2010, p. 3).

Entendemos que existe uma grande aproximação entre o lúdico e a aprendizagem dos

alunos sobre tudo o que provém da educação infantil. As brincadeiras favorecem muito o

desenvolvimento do raciocínio, bem como a expansão das atividades físicas e mentais.

Santos; Jesus (2010) argumentam que o educador deve oferecer formas didáticas

diferenciadas, como atividades lúdicas para que a criança sinta o desejo de pensar e aprender.

O professor deve expor ao aluno brincadeiras que façam com que despertem o desejo

de brincar, o educador por sua vez deve orientá-la de maneira clara e objetiva.

Contudo, as explanações dos autores citados, anteriormente, focalizam na ideia de que

é importante trabalhar o lúdico, no instante da expansão de recursos próprios do aluno. De

modo que ele relacione aquilo que está fazendo com o conhecimento concreto.

11

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR E SEUS BENEFÍCIOS

As crianças se expressam quando brincam, com gestos, falam, desenham, imitam,

cantam ou constroem estruturas tridimensionais. Tais ações são oriundas de diferentes formas

de expressão, como: gestual, verbal, plástica, dramática e musical.

No interior dessas formas encontram-se diferentes modalidades de linguagem e

gêneros textuais, entre eles, o falar, o ato de contar histórias. As crianças se comunicam por

diferentes tipos de linguagem, por gestos, expressões, olhares e pela palavra.

Segundo Dias (2013), o movimento é, sobretudo para a criança pequena, uma forma

de expressão e que ela demostra a relação existente entre ação, pensamento e linguagem. Na

educação infantil o movimento estimula a capacidade de criação, abstração, fantasia,

cognição, bem como os aspectos emocionais e sociais na criança.

Para que a prática da brincadeira se torne uma realidade na escola, é preciso

mudar a visão dos estabelecimentos a respeito dessa ação e a maneira como

entendem o currículo. Isso demanda uma transformação que necessita de um

corpo docente capacitado e adequadamente instruído para refletir e alterar

suas práticas. Envolve, para tanto, uma mudança de postura e disposição

para muito trabalho (DIAS, 2013, p. 8).

A brincadeira deve ser mais valorizada nas creches e pré-escolas, sendo necessário

adotar as brincadeiras como um eixo curricular, significa que a criança terá mais possibilidade

sobre as diversas formas de aprendizagem, ampliando de forma positiva seja qual for a

brincadeira, mas que se torne real na escola.

A possibilidade de conferir à educação de infância uma dimensão

problematizada, nos moldes Freireanos, pode significar afastamento ou a

minimização do mero assistencialismo que, geralmente, serve à dominação,

inibe a criatividade, tolhe a intencionalidade da consciência e nega aos

educandos a sua vocação ontológica e histórica de ser mais. Contrariamente,

uma educação libertadora pode proporcionar um trabalho educativo com

crianças pequenas, fundamentado na criatividade que, estimulando a

reflexão e a ação verdadeira dos educando e educandas sobre suas próprias

realidades, poderá ajudá-los a responder à sua vocação como seres que não

podem autenticar-se fora da busca e da transformação criadora (FREIRE,

1996, p. 25).

Esta possibilidade acaba por exigir uma nova postura do educador, a quem não será

permitido negar a sua contribuição para que as crianças e sujeitos educandos todos se

constituam, cada vez mais, como protagonistas do direito, do desejo e do conhecimento.

12

É necessário que o professor tenha conhecimento que através da brincadeira as

crianças recriam e estabilizam aquilo que sabem sobre as mais diversas esferas do seu

conhecimento, por meio de atividades espontâneas e imaginativas.

Nessa perspectiva não se deve confundir situações nas quais se objetiva determinadas

aprendizagens relativas a conceitos, procedimentos ou atitude explicitas. É preciso, que o

professor tenha consciência que as crianças não estarão brincando livremente nestas situações,

pois há objetivos didáticos em questões.

A brincadeira e o jogo são as melhores maneiras de a criança comunicar-se

sendo um instrumento que ela possui para relacionar-se com outras crianças.

É através das atividades lúdicas que a criança pode conviver com os

diferentes sentimentos que fazem parte da sua realidade interior. Ela irá aos

poucos se conhecendo melhor e aceitando a existência dos outros,

estabelecendo suas relações sociais (SOARES, 2010, p. 4).

Nesse sentido, para o desenvolvimento de uma brincadeira proveitosa é preciso

apropria-se de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados.

Para criança, toda brincadeira ocorre por meio da articulação entre imaginação, recriando e

repensando os acontecimentos do seu cotidiano.

Para Piaget (1999), construir conhecimento, na concepção infantil combina-se às

informações advindas do meio, na medida em que o conhecimento não é concebido apenas

como sendo descoberta espontaneamente pela criança.

A troca de experiências, entre os jovens com os mais experientes, é considerada pelos

educadores como essencial para a educação. Quando essa relação é feita com uso de

ferramentas que facilitam o processo, há a concretização dos saberes construídos.

A criança aprende com os adultos, mas, como resultado de uma interação, na

qual o sujeito é sempre um elemento ativo, que procura ativamente

compreender o mundo que o cerca, e que busca resolver as interrogações que

esse mundo provoca. É aquele que aprende basicamente através de suas

próprias ações sobre os objetos do mundo, e que constrói suas próprias

categorias de pensamento ao mesmo tempo que organiza seu mundo. Não é

um sujeito que espera que alguém que possui um conhecimento o transmita a

ele por um ato de bondade (PINTO; TAVARES, 2010, p.15).

Considerando que a criança é um cidadão em formação e que tem total liberdade de

acesso aos brinquedos e brincadeiras, é necessário garantir que seus direitos assegurados.

Mesmo sendo inexperiente ela sabe muitas coisas, toma decisões, escolhe o que quer fazer,

13

observa e toma posse sobre aquilo que lhe interessa, interagindo com outras pessoas, de tal

forma que expressa o que sabe fazer e demostra a sua real compreensão de mundo.

A brincadeira e o jogo são as melhores maneiras da criança comunicar-se

sendo um instrumento que ela possui para relacionar-se com outras crianças.

É através das atividades lúdicas que a criança pode conviver com os

diferentes sentimentos que fazem parte da sua realidade interior. Ela irá aos

poucos se conhecendo melhor e aceitando a existência dos outros,

estabelecendo suas relações sociais (SOARES, 2010, p. 3).

Para que as crianças possam exercer a capacidade de criar e de se relacionar é

imprescindível que haja diversidade nas experiências que lhe são oferecidas. A brincadeira

favorece o desenvolvimento da autoestima, auxiliando-as a superar progressivamente suas

inquietações de forma criativa, ou seja, o brincar contribui, assim, para o desenvolvimento da

criança de maneira natural.

O Lúdico desempenha um papel fundamental no aprendizado. Mas, não é o

único componente do jogo. Existem outras funções para o mesmo, como

competição e passatempo, contudo, independentemente de isso ser bom ou

ruim, o que deve ser visto no jogo são seus aspectos criadores e não os

negativos. Assim, buscar-se eliminar quaisquer vestígios de vulgarização da

existência, vendo no jogo a possibilidade do exercício da criatividade

humana (SILVA; SILVA; SANTOS, 2014, p. 3).

De fato, o lúdico desempenha um papel extremamente importante, porém não único, o

jogo é um entre inúmeros componentes facilitadores tanto para o educando quanto para o

educador, pois é através da brincadeira que o aprendizado torna-se mais prazeroso e eficiente,

assim os alunos utilizam várias formas de aprender.

A CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS DIGITAIS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

Nos dias atuais, as tecnologias digitais e os jogos educativos demonstram que é

possível o desenvolvimento de uma proposta educacional atrativa ao aluno e que o faça

entender a eficaz sócio espacial, além de superar dificuldades na prática da leitura e da escrita.

Cada vez mais, as crianças estão em contato com as novas tecnologias e, esse fator pode

trazer consigo mudanças nos modos de comunicação e de interação com os pais, com os

colegas de turma e com a sociedade.

Prieto et al (2005), diz que essas mudanças serão positivas, desde que aconteça uma

re-contextualização das habilidades comunicativas, pois, o mundo tecnológico oferece

14

oportunidades que acabam com obstáculos e/ou situações que atrapalham o desenvolvimento

do educando na escola.

Através do acesso e do domínio das novas tecnologias são desenvolvidas novas

competências fundamentais: como o senso crítico, a dedução, a capacidade de memorizar e

classificar, a leitura e a análise de textos e de imagens e as estratégias de comunicação.

As tecnologias digitais estão na Educação através de aplicativos

educacionais que podem ser: desde simples atividades de exercício e prática,

que se caracterizam pela realização de atividades repetitivas para treinar

habilidades ou recapitular conteúdos já trabalhados; como tutoriais sobre

determinado conteúdo; ou softwares do tipo enciclopédias para consultas; ou

ainda softwares de simulação, que servem para mostrar efeitos que não

poderiam ser gerados na realidade, criando modelos do mundo real e

permitindo a exploração de situações fictícias, de experiências impossíveis

ou muito complicadas de serem obtidas ( PRIETO et al, 2005, p. 2).

Essas tecnologias, em muitas situações, propiciam a criação e/ou adaptação de jogos e

ferramentas educacionais que servem para que o educador trabalhe, junto aos alunos com

dificuldades na leitura e na escrita, atividades que supram as suas carências e,

consequentemente, faça com que estes evoluam no processo de ensino-aprendizagem.

No momento em que o educando assimila as ideias contidas na leitura, ocorre a

decodificação dos seus pensamentos, postos no papel através da escrita. É uma forma de

extração daquilo que ele pensa e/ou formulou.

Segundo Russo (2012), a utilização de material concreto na educação da criança

amplia o seu espaço visual e de entendimento, pois, ela faz uma assimilação mais clara entre o

abstrato e o real.

Certamente, através de uma leitura informativa e formativa, o educando poderá

aprimorar a escrita, desenvolvendo-a com mais clareza e objetividade relacionando o texto ao

conhecimento científico e cultural, por exemplo. Além disso, as suas ideias estarão compostas

por informações lógicas e que farão um elo direta ou indireta a um determinado conteúdo.

A leitura é algo muito amplo, não pode apenas ser considerada como uma

interpretação dos signos do alfabeto. Produz sentido, ou seja, surge da

vivência de cada um, é posta como prática na compreensão do mundo na

qual o sujeito está inserido. Tal aprendizagem está ligada ao processo de

formação geral de um indivíduo e sua capacitação dentro da sociedade,

como por exemplo: a atuação política, econômica e cultural, o convívio com

a sociedade, seja dentro da família ou no trabalho (BRITO, 2010, p. 9).

15

Essa retomada de ideias sobre o conceito de leitura, no instante em que o autor faz

menção ao alfabeto, deixa bem claro que a alfabetização deve ser iniciada desde os primeiros

anos escolares (na Educação Infantil), estendendo-se aos anos seguintes da educação básica e

que o início destes estudos parte da identificação e associação de letras (alfabeto) até se

chegar a um nível mais avançado.

Os jogos são ferramentas que apresentam conteúdos e atividades práticas com

objetivos educacionais baseados no lazer e diversão. Estes, conduzem a abordagem

pedagógica adotada que utiliza a exploração livre e o lúdico, como consequência, estimulam o

aprendizado.

Essas qualidades que o educando adquire, além de acelerar a sua ascensão ao

conhecimento, combate as dificuldades que muitos apresentam nos estudos, motivando o

educando a buscar níveis mais avançados

A construção de um modelo pedagógico interativo ocorre quando o aluno sai do

processo de aprendizagem mecânica, para o método natural, quebrando barreiras psicológicas

(dificuldades e limitações pessoais).

Durante o jogo, a criança toma decisões, resolve seus conflitos, vence desafios,

descobre novas alternativas e cria novas possibilidades de invenções. Para isso, necessita do

meio físico e social, onde poderá construir seu pensamento e adquirir novos conhecimentos de

forma lúdica, onde há o prazer e a aprendizagem.

Uma característica importante na faixa etária entre 3 a 6 anos, é que a criança começa

a desenvolver o domínio de algumas práticas que podemos classificar aqui de culturais, ou

gestos instrumentais.

Este é um processo estreitamente vinculado ao ambiente cultural, como alimentar-se

sozinha, amarrar os sapatos, escovar os dentes, etc., que tendem a contribuir para o

aperfeiçoamento da expressividade infantil e, consequentemente, o desenvolvimento de uma

autonomia na movimentação do próprio corpo.

No meio educacional, o corpo é considerado como uma ferramenta indispensável para

o reflexo do pensamento, por meio de atitudes que dizem respeito à personalidade que está

sendo construída no educando.

O corpo ainda continua a ser um instrumento a serviço de um pensamento

refletido e racional, um corpo físico (flexível, forte, resistente, com destreza,

veloz, eficiente, com desempenho), um corpo orgânico (saúde), mas não se

quer, sobretudo, um corpo que faça “o que quiser”, isto é, um corpo que

exprima suas pulsões e seus fantasmas (FARIAS, 2009, p. 13).

16

O autor chama atenção para o fato de que o corpo, muitas vezes, não tem lugar na

escola e muito menos em casa, ou seja, há uma espécie de rejeição ou mesmo de

discriminação a determinadas ações corporais que as crianças desenvolvem na escola.

Ele só se exprime e cada vez menos, durante as recreações e em áreas

indeterminadas. Este domínio do corpo começa na infância e vai se

prolongando até a idade adulta. O domínio do corpo e da linguagem torna-se

símbolos de “boa sociedade”, instrumentos de segregação social, pois

comportamentos que exprimem afetividade ou emoção são considerados

como fraqueza (FARIAS, 2009, p. 15).

O educador deve entender que ao punir ou restringir a atividade física da criança, por

exemplo, fracionamos o desenvolvimento de sua inteligência e não a estimulamos a expressar,

de forma natural, as suas emoções.

No momento em que as crianças de 1 ano e seis meses a seis anos de idade, ingressam

na educação infantil (creche) este passa a ser um ambiente onde ela vai adquirir

conhecimentos e praticar as ações que já aprendeu no ambiente familiar. Com isso, a

linguagem corporal estimulada pelo uso do lúdico, tem grande importância, pois, a criança

tende a explorar o ambiente onde está através do movimento, contato direto com os elementos

que compõe o espaço onde ela se encontra.

O ato de movimentar constitui uma importante dimensão do

desenvolvimento e da cultura humana. Através da atividade motriz, é

permitido às crianças expressarem sentimentos, emoções e pensamentos,

ampliando as formas e possibilidades do uso significativo de gestos motores

e posturas corporais. O movimento humano, portanto, configura-se em ir

além do simples deslocamento do corpo no espaço, constituindo-se em uma

linguagem que permite às crianças agirem sobre o meio físico e atuarem

sobre o ambiente humano, expressando seu fazer motriz e mobilizando as

pessoas por meio de seu componente expressivo (SILVA, 2012, p. 46).

Para a criança o corpo é um meio para exploração do meio, ou seja, é um objeto de

conhecimento e também instrumento de exploração do meio, a partir da sua corporeidade (dos

movimentos).

Através das próprias experiências, ela relaciona-se com o mundo dos objetos e o

mundo das pessoas por meio do seu corpo, que transforma em um elo, permitindo a ligação

do ser humano com o meio que o circunda.

Cada educando possui seu estilo próprio de desenvolvimento, de forma a definir a sua

individualidade, dotada de características que determinam sua maneira de ser, agir e de

pensar. As primeiras experiências vivenciadas são essencialmente corporais, inserido marcas

17

no inconsciente corporal sendo o corpo o primeiro objeto que a criança percebe por meio da

satisfação e de sensações visuais e auditivas.

É o vínculo de ação para conhecer tudo a sua volta, pois, sabe que o recém-nascido

acumula experiências que são alicerces do seu desenvolvimento e interagindo com o meio

numa dinâmica ação corporal (SILVA, 2012).

Essa discussão, conduz a uma importante ramificação da ludicidade que é o uso do

corpo como instrumento de comunicação e de aprendizagem. A relação entre estes se explica

pelo fato de que determinada brincadeira (ludicidade) pode ter como ferramenta para o seu

desenvolvimento o próprio corpo de indivíduo.

[...] o movimento para a criança pequena significa muito mais do que mexer

partes do corpo ou deslocar-se no espaço. A criança se expressa e se

comunica por meio dos gestos e das mímicas faciais e interage utilizando

fortemente o apoio do corpo. A dimensão corporal integra-se ao conjunto da

atividade da criança. Pode-se dizer que no início do desenvolvimento

predomina a dimensão subjetiva da motricidade, que encontra sua eficácia e

sentido principalmente na interação com o meio social, junto às pessoas com

quem a criança interage diretamente. A internalização de sentimentos,

emoções e estados íntimos poderão encontrar na expressividade do corpo um

recurso privilegiado (BRASIL, 1998, p.18).

Não basta dominar as etapas da evolução humana e/ou as fases de transição entre os

estágios de desenvolvimento se não entendermos a criança de forma integral, em todos os

domínios que seu comportamento expressa pela criança.

Criar um elo entre o lúdico e o processo de ensino-aprendizagem, proporciona uma

visão mais ampla sobre os meios que são gerados por este recurso, de modo que muitos

autores pesquisam sobre o tema, sempre relacionando o uso de ferramentas com a sua

metodologia de trabalho.

EDUCAÇÃO E LUDICIDADE

A educação traz muitos desafios aos profissionais deste ramo e aos que se dedicam a

sua causa. Sempre, registrou-se e houveram discussões sobre a educação, mas esta é sempre

uma questão atual e indispensável, pois seu foco principal é o ser humano.

Então, pensar em educação é pensar no ser humano, em sua totalidade, fazendo uma

associação com o meio ambiente, nas suas preferências, gostos, prazeres, enfim, nas relações

vivenciadas.

Vygotsky (1998) atribui esta prática ao ato de brincar na constituição de pensamento

infantil. É brincando, jogando, que a criança revela seu estado cognitivo, visual, auditivo,

18

tátil, motor, seu modo de aprender e entrar em uma relação cognitiva com o mundo de

eventos, pessoas, coisas e símbolos.

A proposta do autor leva-nos a pensar numa ação educativa que considere as relações

entre a escola, o lazer e o processo educativo como um dos caminhos a serem trilhados em

busca de um futuro diferente, dessa forma o brincar torna-se algo fundamental na busca pelo

conhecimento.

A criança é um ser em constante mudança, de modo que o seu aprendizado é sempre

inacabado. Por esse motivo, a educação não pode arvorar-se do direito de reproduzir modelos

e, muito menos, de colocar freios às possibilidades criativas do ser humano original por

natureza.

Conforme Santos (1999), para a criança, brincar é viver. Esta é uma afirmativa

bastante utilizada e aceita no meio educacional, pois a própria história da humanidade nos

mostra que as crianças sempre brincaram, brincam hoje e, certamente, continuarão brincando.

Sabe-se que a criança brinca porque gosta de desempenhar tal tarefa e quando isso não

acontece alguma coisa pode não estar indo bem, no que se refere ao seu estado físico/mental.

Enquanto algumas crianças brincam por prazer, outras brincam para dominar suas angústias,

dar vazão à agressividade. Assim sendo a capacidade de brincar possibilita às crianças um

espaço para resolução dos problemas que as incomoda.

Os jogos em suas diversas fases contribuem sensivelmente com os aspectos

formativos dos seres humanos, tendo em vista que na educação infantil o

mesmo serve como recreação, favorecendo a aprendizagem da leitura e

escrita e, ao mesmo tempo, pode ser utilizado como recurso para adequar o

ensino ás necessidades infantis (SOARES, 2010, p. 4).

Os jogos apresentam diversas contribuições para a educação, principalmente para o

público infantil, pois, as brincadeiras favorecem o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e

moral. Através dele é processada a construção do conhecimento, principalmente nos períodos

sensório- motor e pré-operatório

Segundo Vygotsky (1998) a brincadeira cria para as crianças uma zona de

desenvolvimento proximal que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de

desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema,

e o nível atual de desenvolvimento potencial.

O lúdico, quando utilizado da forma correta, tende a contribuir com o processo de

ensino-aprendizagem, de modo que o educador tem a missão de fazer a mediação entre sujeito

e conhecimento, em comum acordo com o que é sugerido por inúmeros educadores.

19

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir esta pesquisa, foi possível alcançar os objetivos propostos e chegar a

algumas considerações relevantes sobre a importância do lúdico no processo de ensino-

aprendizagem.

As ideias e argumentos expressos pelos autores levaram-nos a compreender que a

criança é um cidadão de direitos, sobretudo, direito de possuir brinquedos e de brincar,

independentemente de sua história, de sua origem, de sua cultura e do meio social em que

vive, legalmente lhe foram garantidos direitos inalienáveis iguais para todas as crianças.

As contribuições que os jogos lúdicos propiciam para a aprendizagem dos educandos

da modalidade educação infantil, especificamente, os alunos da creche, são múltiplos, uma

vez que existem vários recursos como a música, o teatro e a prática da brincadeira, que

despertam o interesse do educando e, ainda, tornam-nos mais confiantes.

Sabemos que a necessidade de trabalhar com o lúdico, tornou-se um desafio para

educadores e ao sistema brasileiro e mundial. Isso, devido às dificuldades e aos limites

financeiros de muitas escolas, pelo fato de não fornecer brinquedos pedagógicos ao educador.

A proposta para se trabalhar com o lúdico promove a capacidade de percepção que a

criança está desenvolvendo, além da relação entre o concreto e abstrato, ou seja, o aluno

poderá relacionar o conteúdo a realidade à sua volta.

Atitudes como essas são dignas de serem analisadas e inseridas nos planos de aulas

dos professores, mediante adequação à sua realidade, visando a prática das habilidades

próprias de cada indivíduo.

Sugerimos que essas ações sejam estudadas pelos educadores, no sentido de explorar,

ao máximo, as formas de aprendizagem inseridas nas brincadeiras, para que haja um melhor

desenvolvimento das crianças, pois, é nos primeiros anos escolares que a sua capacidade de

percepção e raciocínio devem ser instigados, aumentando, assim, o seu nível de formação

intelectual.

Considerando a nossa formação como profissional docente, entendemos que o

exercício desta nobre tarefa requer um estudo contínuo, como forma de atualizar-se, não

somente sobre o meio onde se insere, mas também como forma de entender a dinâmica

evolutivo do próprio sistema de ensino.

As inovações tecnológicas, cada vez mais, exigem que a sociedade passe por

mudanças, tanto de organização, como de comportamento, de modo que a cultura tornou-se

algo bastante mutável.

20

Contudo, sugerimos que o educador reflita sobre sua postura em relação ao ensinar,

aprender e ao avaliar o educando dentro da metodologia lúdica, uma vez que, cada um

aprende mais, quando tem em mãos os matérias e métodos que mais se adequam a si.

REFERÊNCIAS

BRITO, Danielle Santos de. Importância da Leitura na Formação Social do Indivíduo.

Periódico de Divulgação Científica da FALS Ano IV - Nº VIII - JUN, 2010.

BARROZO, Vanderléia Moreira. Lúdico e a Alfabetização: a importância das

atividadeslúdicas nas práticas educativas do ensino infantil. Santos: UNIMES, 2010.

BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação

e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI. Ministério da

Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SEF, 1998,

volume: 1 e 2.

DIAS, Elaine. A Importância do Lúdico no Processo de Ensino-Aprendizagem na Educação

Infantil. Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1, 2013.

FARIAS, Simone Fidelis. O Movimento Corporal no Contexto da Educação Infantil.

Salvador: UNEB, 2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São

Paulo: Paz e Terra, 1996.

JESUS, Michele Maria de. O Lúdico no Processo de Ensino-aprendizagem na Educação

Infantil. São Paulo, 2011.

PRIETO, Lilian Medianeira et al. Uso das Tecnologias Digitais em Atividades Didáticas nas

Séries Iniciais. Revista Novas tecnologias na Educação, vol. 3. Nº 1, maio, 2005.

PIAGET, J. A Linguagem e o Pensamento da criança. São Paulo: Martins Fontes Editora

LTDA, 1999.

PIAGET, L. E. A formação do símbolo na criança. Tradução de A. Cabral e C. M. Oiticica.

Rio de Janeiro: Zahar, 1971.

PINTO, Cibele Lemos; TAVARES, Helenice Maria. O Lúdico na Aprendizagem: aprender e

aprender. Revista da Católica, Uberlândia, v. 2, n. 3, p. 226-235 – Uberlândia/MG, 2010.

SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedo e infância: um guia para pais e educadores.

Rio de Janeiro: Vozes, 1999.

21

SANTOS, Élia Amaral do Carmo; JESUS, Basiliano do Carmo de. O Lúdico no Processo de

Ensino-Aprendizagem. Sinop/MT: UTIC, 2010.

SILVA, Marcus Vinícius Palmeira. O Movimento Corporal na Educação Infantil. Revista Corpo

Movimento e Saúde, ISSN 2238 – 300x. São Paulo: UNINOVE, 2012.

SILVA, Marinês da; SILVA, Marisane da; SANTOS, Juliano Ciebre dos. A Importância do

Lúdico no Processo de Ensino Aprendizagem. Atalaia/MT: FAEL, 2014.

RUSSO, Maria de Fátima. Alfabetização: Um Processo em Construção. 6 ed. São Paulo:

Saraiva, 2012.

SOARES, Jiane Martins. A Importância do lúdico na alfabetização infantil. Disponível

em: <http://www.yumpu.com/pt/document/view/12864625/a-importancia-do-ludico-na

alfabetizacao-infantil-planeta-educacao>. Acesso em 02.Jun. 2016.

VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes Editora

LTDA, 1998.