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O LÚDICO NA CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DOALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Autor: Prof.ª Vera Lúcia Marques Ganacin1

Orientadora: Prof.ª Dra. Elizabeth Rossetto2

Resumo

O trabalho desenvolvido na implementação da Produção Didático-Pedagógica teve como objetivo contribuir para a reflexão da prática pedagógica com os alunos com deficiência intelectual da Escola Mundo do Aprender. Mais especificamente, objetivou-se estimular e sugerir estratégias de aprendizagem que envolvam atividades lúdicas: jogos, brincadeiras, cantigas de roda, etc., como instrumentos facilitadores para o processo de ensino-aprendizagem. Tal trabalho apresenta a abordagem sociointeracionista como referencial teórico, abordagem fundamentada nas concepções de Wallon (1981), Vygotsky (1984) e de Piaget (1976), que defendem o lúdico como estratégia de ensino-aprendizagem dos alunos com deficiência intelectual. A abordagem metodológica deu-se através de um estudo com os professores da escola, dos textos contidos no Caderno Pedagógico produzido na elaboração da Produção Didática.

Palavras-chave: Lúdico; Ensino-Aprendizagem; Deficiência Intelectual.

ABSTRACT

The efforts to implement the Didactic-Pedagogical Production, aimed to contribute to the reflection of teaching practice for students with intellectual disabilities School WorldLearning. More specifically, we aimed at encouraging and suggest learning strategies involving play activities, games, jokes, rhymes, etc. As instruments for facilitating the learning process, this paper presents the social interactionist approach as theoretical reference, approach grounded in conceptions of Wallon (1981), Vygotsky (1984) and Piaget (1976), who defend the play as a teaching strategy learning of students with intellectual disabilities. The methodological approach was made through the study of school teachers, the texts contained in the booklet produced in preparation of the Educational Production Curriculum.

Keywords: Playful, Teaching, Learning, Intellectual Disabilities.

1 Pedagoga, com especialização em Educação Especial, Psicopedagogia e Metodologia de Ensino. Diretora da Escola Mundo do Aprender.

2 Psicóloga, Mestrado e Doutorado em Educação/Educação Especial, Professora Efetiva da UNIOESTE-PR, Campus de Cascavel.

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1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é contribuir com os professores na prática pedagógica,

utilizando as possibilidades do instrumental didático-pedagógico lúdico como

facilitador da aprendizagem do aluno com deficiência intelectual.

A ideia de desenvolver um projeto sobre esse tema partiu da necessidade de

um novo incentivo ao trabalho dos professores da Escola Mundo do Aprender

-Educação Infantil e Ensino Fundamental (anos iniciais), Modalidade de Educação

Especial do município de Terra Roxa

Ao trabalhar com alunos com deficiência é preciso estar ciente de suas

potencialidades, ignorar estigmas e preconceitos. É necessário assumir as

diferenças de cada indivíduo, favorecendo o seu desenvolvimento educacional e

respondendo às suas necessidades individuais no processo de ensino-

aprendizagem.

Na concepção de Wallon (1981), criança é sinônimo de lúdico. Toda a

atividade da criança é centrada em brincadeiras. Ela as exerce por si mesma antes

de poder integrar-se a um projeto de ação mais longo que a eduque para fazer parte

do meio social.

Desse modo, ao postular a natureza livre da brincadeira, Wallon a define

como atividade própria da criança. Ao ser imposta, deixa de ser uma brincadeira.

Passa a ser trabalho ou ensino.

Para Vygotsky (1984), é no brinquedo que a criança aprende a agir numa

esfera cognitiva. Nas atividades da vida real, a criança comporta-se de forma mais

avançada tanto pela vivência de uma situação imaginária, quanto pela capacidade

de subordinação às regras.

Ainda, segundo Piaget (1976), a atividade lúdica é o berço obrigatório das

atividades intelectuais da criança. Essas atividades não são apenas uma forma de

desafogo ou de entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que

contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual.

Partindo dessas concepções, fundamentadas em um referencial

sociointeracionista, este projeto de intervenção pedagógica procurou identificar

caminhos para implementar e orientar o processo de ensino-aprendizagem dos

alunos que frequentam a escola Mundo do Aprender.

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Nos momentos vivenciados com a realidade desses alunos, pôde-se

perceber que o processo de ensino-aprendizagem na Modalidade de Educação

Especial não é diferente do ensino comum, na sua essência, ou seja, nos seus

objetivos, nas suas finalidades, mas, sim, nos recursos e nas adaptações

metodológicas que devem ser utilizados para o desenvolvimento máximo de suas

potencialidades. Assim, pode-se visualizar, na aprendizagem do aluno com

deficiência intelectual, integração social, autorrealização, bem como independência,

sem, no entanto, transformá-los em desiguais.

Diante dessa realidade, realizou-se, inicialmente, um estudo teórico acerca da

temática. Entende-se que esse procedimento é “[...] o primeiro passo em qualquer

tipo de pesquisa científica, com o fim de revisar a literatura existente e não redundar

o tema de estudo ou experimentação” (MACEDO, 1994, p. 13).

O segundo momento consistiu na aplicação de entrevistas com o pedagogo,

professores, alunos e respectivos pais da escola, como instrumento para a coleta de

dados, com o objetivo de colher informações sobre o processo de ensino-

aprendizagem.

Frente aos resultados obtidos com a análise das entrevistas realizadas,

construiu-se a Produção Didático-Pedagógica, documento apresentado sob a forma

de um Caderno Pedagógico onde se trata do lúdico no processo de ensino-

aprendizagem, apresentando ainda sugestões de estratégias metodológicas,

envolvendo atividades como jogos, brincadeiras, cantigas de roda, etc.

Assim, a produção didática foi apresentada durante a semana pedagógica da

escola, quando todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem se

reúnem, no início do ano letivo, para discutir e redefinir o trabalho pedagógico da

escola.

A partir daí, a pedido dos professores, foi organizada uma atividade de

capacitação, em forma de Grupo de Estudo, envolvendo conceitos e metodologias

sobre o lúdico na aprendizagem.

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2 O LÚDICO NA CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Os alunos com deficiência intelectual apresentam dificuldades para aprender,

especialmente dificuldades para aprender os conteúdos e conceitos abstratos ou

assuntos de memorização imediata. Seu ritmo de aprendizagem também é mais

lento. Diante dessa realidade, o que importa é a qualidade das produções

acadêmicas de cada aluno, idealizadas pelo professor da turma.

Enquanto educadora envolvida com a educação há quase trinta anos, de

alunos com e sem deficiências, foi possível perceber que a aprendizagem entre eles

não se diferencia na sua objetividade. O que diferencia é o como ensinar e o tempo

que a criança com deficiência leva para aprender determinados conteúdos.

Professores de alunos com deficiência intelectual, tanto das escolas especiais

quanto das escolas normais, devem estar cientes de que o trabalho pedagógico em

sala de aula deve ser rico em estratégias como jogos, músicas e brincadeiras. Esses

recursos, devem ser explorados em sua totalidade na transmissão dos conteúdos no

ensino fundamental, nos primeiros anos e séries.

Leontiev (1991) pontua que, ao colocar crianças com deficiência mental em

condições adequadas e ao utilizar métodos especiais de ensino, é possível que

essas crianças alcancem progressos notáveis e muitas até consigam superar seu

próprio atraso.

Ainda, os profissionais envolvidos com uma educação de qualidade devem

estar conscientes de que o processo de ensino-aprendizagem do aluno com

deficiência intelectual requer um repensar sobre as práticas pedagógicas. Os alunos

em questão e seus respectivos pais, mesmo não conhecendo os caminhos para que

isso aconteça, demonstram expectativas e confiam na escola, no sentido de que

estará sempre investindo na aprendizagem do aluno.

As dificuldades de aprendizagem dos alunos que apresentam deficiências, ou outros transtornos, manifestam-se como um contínuo, incluindo desde situações leves e transitórias que podem ser passíveis de intervenções pedagógicas, com estratégias metodológicas adotadas cotidianamente, até situações mais graves e permanentes que requererem recursos e serviços especializados para sua superação. (SEED, 2006, p. 51).

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Sabemos que, nas escolas em geral, os alunos apresentam dificuldades na

construção do conhecimento. Essas dificuldades surgem principalmente nas escolas

que mantêm um modelo conservador de ensino e uma gestão autoritária e

centralizadora. Essas escolas apenas acentuam a deficiência, aumentam a inibição,

reforçam os sintomas existentes e agravam as dificuldades de aprendizagem,

principalmente do aluno com deficiência intelectual. A escola, seja ela na modalidade

especial ou normal, é responsável pela formação não só intelectual, mas social do

aluno. Precisa, portanto, assumir essa função de acordo com os avanços da

sociedade. Deve ser cada vez mais inovadora, moderna e instigadora, levando ao

aluno a curiosidade e a alegria no aprender.

As mudanças aceleradas da sociedade em que vivemos obrigam a adquirir

competências novas, pois, como professores, participamos da construção de

mudanças que fazem a história da educação. A utilização de brincadeiras e de jogos

no processo pedagógico faz despertar o gosto pela vida e leva as crianças a

enfrentarem os desafios encontrados.

Os professores devem tomar consciência da relação do “brincar” com a

aprendizagem. Cada criança aprende no seu tempo e no seu ritmo. Nenhuma

criança é igual à outra. Possuem histórias e trajetórias de vida diferentes, como

qualquer ser humano. Deve ser respeitada, compreendida e não rotulada por causa

das suas dificuldades.

Assim, entende-se que aprender de forma lúdica é um processo terapêutico,

conforme pontua Fernandez (1990, p. 166):

[...] ao instrumentalizar o brincar no tratamento, criando-se um espaço compartilhado de confiança, pode-se ir modificando a rigidez ou estereotipia das modalidades de aprendizagem sintomáticas.

A escola de hoje precisa ser mais lúdica, mais prazerosa. Os professores

precisariam se unir para trazer novamente o prazer às crianças em aprender. E

também os próprios professores recuperarem a vontade de ensinar. O foco que

devemos ter é apenas o benefício da criança. Conhecê-la realmente, saber suas

dificuldades e vontades. É através do lúdico que conseguiremos reconhecer as

dificuldades de cada criança, apresentando a elas um mundo cativante, misterioso e

curioso para aprender.

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Desse modo, o lúdico torna-se indispensável para o processo de ensino-

aprendizagem, uma vez que dois elementos o caracterizam: o prazer e o esforço

espontâneo. De acordo com Teixeira,

[...] prazeroso, devido a sua capacidade de absorver o indivíduo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. E este aspecto de envolvimento emocional que o torna uma atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia. [...] As atividades lúdicas integram as várias dimensões da personalidade: afetiva, motora e cognitiva. [...]. O ser que brinca e joga é, também, o ser que age, sente, pensa, aprende e se desenvolve. (1995, p. 23).

A brincadeira é uma atividade humana e social, produzida a partir de seus

elementos culturais. Quando trabalhamos na construção de diferentes materiais,

como fantoches, máscaras, marionetes, músicas, jogos, etc., a criança trabalha com

a imitação e a representação, desenvolvendo, assim, a sua autonomia e formulando

regras de convívio em grupo, dentre outras habilidades.

O brinquedo parece estar caracterizado em Vygotsky como uma das

maneiras de a criança participar na cultura. É sua atividade cultural típica, como o

será em seguida, quando adulto, o "trabalho" (BAQUERO, 1998, p. 101).

Ao assumir atividades lúdicas para o encaminhamento de seu trabalho

pedagógico, o professor deve ter seus objetivos bem definidos. Assim poderá ter

uma visão individual de cada aluno, da necessidade acadêmica de cada um, em

qual estágio de desenvolvimento ela se encontra e ainda um diagnóstico do grupo

como um todo. Se o objetivo do jogo é diagnosticar comportamento social, trabalhar

conflitos e problemas pode ser planejado de forma mais livre, com apenas a

observação do professor. Se, no entanto, o objetivo é estimular a aprendizagem de

determinado conteúdo, promovendo aprendizagem específica, o jogo ou a

brincadeira pode ser usada em forma de desafio cognitivo.

O educador deve definir, previamente, em função das necessidades e dos

interesses do grupo e segundo seus objetivos, qual é o tempo que o jogo irá ocupar

e, ainda, os objetos, brinquedos ou outros materiais a serem utilizados. É importante

também definir os espaços físicos onde esses jogos irão se desenvolver, se dentro

da sala de aula, no pátio ou em outro local.

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As atividades lúdicas devem ser planejadas com cuidado e responsabilidade

por parte do professor. Ele deve chegar à sala de aula com tudo organizado para

que essas atividades não tenham característica de algo sem importância, com intuito

de passar o tempo.

É interessante a construção do conceito de que o lúdico é uma das

alternativas metodológica mais importante na vida da criança. Sugere-se, no

entanto, que as atividades lúdicas não sejam consideradas como único e exclusivo

recurso de ação. Orienta-se que o processo de ensino-aprendizagem seja

acompanhado de outros meios metodológicos, principalmente aqueles que vêm

registrar, consolidar os conteúdos introduzidos de forma prazerosa, com jogos e

brincadeiras.

As estratégias lúdicas devem ser planejadas, levando-se em conta a

realidade de cada grupo de crianças, a partir de atividades que constituam desafios

e sejam ao mesmo tempo significativas e capazes de incentivar e consolidar a

descoberta, a criatividade e a criticidade.

3 CAMINHOS METODOLÓGICOS

O Projeto de Intervenção Pedagógica teve como metodologia a coleta de

dados junto à comunidade escolar, através de uma pesquisa sobre o processo de

ensino da escola. Teve como roteiro, nas entrevistas, questões específicas sobre a

aprendizagem dos alunos.

Das entrevistas participaram seis professores, a orientadora pedagógica, três

alunos e respectivos pais da Escola Mundo do Aprender - Modalidade de Educação

Especial, na cidade de Terra Roxa-PR.

Os professores e a orientadora pedagógica foram entrevistados na hora-

atividade; os alunos, durante o recreio e os pais, em suas residências. O tempo

previsto foi de 40 minutos com cada sujeito. As entrevistas tiveram como objetivo,

por meio de depoimentos orais dos sujeitos, colher informações à luz dos objetivos

da pesquisa.

Durante as entrevistas, constatou-se que 100% dos envolvidos na pesquisa,

concordam com a importância do lúdico para o processo de ensino-aprendizagem

do aluno com deficiência intelectual.

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A orientadora pedagógica, ao ser questionada sobre o trabalho pedagógico

em sua escola, respondeu que procura oferecer todo suporte necessário ao trabalho

realizado pelos professores e incentiva-os a trabalhar constantemente com o lúdico

na sala de aula. Descreveu várias estratégias indicadas e recursos didáticos

direcionados ao trabalho junto aos professores. Alguns dos mencionados foram:

jogos variados, bingo de numerais, informática, filmes, livros de histórias, músicas,

blocos lógicos, carimbos, quebra-cabeça, etc.

Na entrevista realizada com os três alunos, o trabalho pautou-se em cima de

duas questões: Por que você gosta desta escola e quais atividades mais gosta.

As respostas foram diretas e semelhantes entre eles. Os alunos falaram

pouco, no entanto relataram que gostam de vir para a escola especial; Têm muitos

amigos; aprendem enquanto brincam e todos gostam deles.

Nas entrevistas com os pais, percebeu-se a satisfação pelo fato de o filho ser

bem acolhido na escola e gostar dela. Constatamos respostas semelhantes entre os

entrevistados:

− Ele gosta de aprender com joguinho.

− Ele gosta de aprender com outros colegas, brincando.

− Na sala de aula, a professora ensina a ler, a escrever, respeito e limite.

− Educação significa aprender a ler e escrever, respeitar os mais velhos e

aprender limites.

− Eu duvidava que ele aprendesse. E ele está aprendendo.

− Quero que ele aprenda para passar de ano.

− Eu não mudaria nada na escola.

− Eu gostaria de ter como ajudar a escola quando ela precisa. Ela ajuda

meu filho.

− Para mim tudo está bom assim.

− Nesta escola meu filho gosta dos amigos e de aprender.

− Ele está avançando na aprendizagem.

− Matriculei meu filho nesta escola porque ele tinha muitas dificuldades

para aprender.

− A escola me ajuda a ensinar meu filho.

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− Na outra escola ele não queria ir.

− Matriculei aqui, porque, se levo na outra escola, ela não fica, quer ir

embora.

De acordo com o ponto de vista dos seis professores entrevistados, todos

concordam ser possível reunir, dentro da mesma situação, o brincar e o educar.

Segundo os mesmos professores, o lúdico:

− proporciona o desenvolvimento motor;

− estimula o raciocínio;

− ajuda no desenvolvimento das habilidades sensório-motoras;

− estimula a atenção, a comunicação e a concentração;

− proporciona trabalhar limites e regras;

− desenvolve ainda o senso de organização e responsabilidade;

− e auxilia no desenvolvimento da linguagem.

Durante as entrevistas, constatou-se que 100% dos envolvidos na pesquisa

concordam com a importância do lúdico para o processo de ensino-aprendizagem

do aluno com deficiência intelectual.

No que se refere à questão "Quais são suas dúvidas em relação ao processo

de ensino-aprendizagem de seus alunos", chegou-se às seguintes respostas por

parte dos professores:

P 01: “Tenho muitas dúvidas. Não chega ser angústia e sim dúvidas. Às vezes

não sei como encaminhar o conteúdo para cada aluno. Uns aprendem mais rápido

outros bem mais devagar. Retiro os conteúdos que estão no planejamento de acordo

com cada um dos alunos. Alguns respondem bem, outros têm dificuldades. Tenho

medo de não estar fazendo correto. Uns não têm nenhuma noção. Não sei se o que

estou trabalhando está surtindo efeito. Tem alunos que não me dão resposta. É

preciso mais ajuda neste sentido. Acho que temos muito pouco em relação a

informações sobre estas dificuldades”.

P 02: “Na aprendizagem de nosso aluno, existem avanços e retrocessos. Às

vezes me angustio, pois não sei em que momento posso passar para outra

atividade. Ensinar outros conteúdos. Nas atividades coletivas, tenho que caminhar

mesmo tendo alunos que ainda não aprenderam determinados conteúdos. O ritmo é

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lento e bastante demorado. Mesmo trabalhando com diversos materiais e atendendo

individualmente, alguns alunos continuam sem aprender. Outros conseguem com

mais facilidade. No dia a dia uso material concreto. As atividades concretas são

realizadas para a fixação dos conteúdos trabalhados. Uma das atividades que eles

mais gostam é o bingo de numerais”.

P 03: “O lúdico é primordial. Quando aprendemos de forma lúdica, é mais

prazeroso. A criança aprende melhor. Você tem que ter um objetivo com as

atividades lúdicas. Exemplo: Quando ensino, aos meus alunos da pré-escola, os

nomes das frutas, eles gostam muito. Levo para a sala várias frutas de plásticos e

até frutas de verdade. Assim, enquanto eles estão brincando, vou questionando

nomes dos objetos e relacionando-os entre si. Na aprendizagem do portador de

deficiência, o processo de aprendizagem é mais demorado. Quando iniciei o

trabalho com o deficiente intelectual, eu estranhei muito. Hoje já aprendi a conviver

com esse ritmo de aprendizagem. Meus alunos têm muitas dificuldades. Uso

materiais concretos, bastante recurso visual, fantoches, etc., para chamar a atenção

do aluno”.

P 04: “Trabalhar com o deficiente intelectual é bem diferente. No ensino

regular, a gente tem bastante aluno na sala de aula que aprende rápido. É um ou

outro que tem dificuldades. Os alunos ditos normais conseguem resultados em curto

prazo. Estabelece-se um tempo. O aluno especial, em longo prazo. Chega a ser

invisível este resultado, mas acontece. Há necessidade de persistência, de bastante

trabalho, onde é desenvolvido pela escola, num todo. É preciso um conjunto de

profissionais envolvidos.“

P 05: “Dependendo do aluno eu sinto muita angústia. Neste momento estou

assim, pois recebi uma aluna de outra escola que não acompanha o ritmo de meus

alunos. Não tem limite nenhum. Tem condições de aprender, mas percebo que não

foi trabalhado conceito de alfabetização com ele. Meus alunos estão mais à frente e

tenho que voltar no início com este aluno. Nesta semana levei meus alunos ao

mercado para trabalhar tipos de sabores dos alimentos. Foi bem interessante. Eles

adoraram. Fomos pesquisando nas prateleiras que tipos de sabores ali se

encontravam. Eles mostraram o café, o sal, o açúcar, etc. Já haviam experimentado

quase todos os produtos em sala de aula. Neste momento foram especificando o

sabor de cada um: azedo, doce, amargo, etc. Todos adoraram a atividade”.

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P 06: “Trabalho de forma individual, pois cada aluno tem seu momento certo

para aprender. Não é fácil trabalhar individualmente, mesmo com poucos alunos na

sala. Tenho que preparar as atividades conforme o avanço de cada um. Há avanços

maiores para alguns e outros vão aprendendo mais lentamente. Por exemplo:

Enquanto uns já escrevem palavras ou até frases, outros ainda estão tentando

reconhecer as vogais. Meus medos e preocupações acontecem quando inicio o

trabalho com estes alunos e não consigo ver resultado. O processo é longo. No

entanto, como aconteceu este ano que continuei com alguns alunos na sala,

consegui ver os avanços alcançados. Vejo que o aluno já consegue fazer leituras.

Nestes momentos me sinto muito feliz. Meus medos vão embora e me sinto

realizada. Eu gostaria de ter mais contato com os pais destes alunos. A escola

precisa trazer mais vezes os pais para a escola”.

Na fala dos alunos, pais, equipe pedagógica e professores, percebeu-se que

a escola já usa atividades lúdicas na sua prática pedagógica. No entanto, alguns

professores deixaram transparecer, em seus relatos, dúvidas e preocupações em

relação à aprendizagem de seus alunos. Surgiu, assim, a ideia de desenvolver um

projeto sobre esse tema, partindo da necessidade de dar um novo incentivo ao

trabalho dos professores, pautado em estratégias metodológicas lúdicas. Sabemos

que essa prática, mesmo não sendo nenhuma inovação, vem sendo pouco utilizada

pelos professores na sua prática docente. A partir dessa realidade, deu-se início à

intervenção pedagógica intitulada: “O LÚDICO NA CONSTRUÇÃO DO PROCESSO

DE ENSINO-APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL”,

proporcionando uma base teórica que expressa, de acordo com o projeto inicial,

conceitos e metodologias sobre o processo de ensino-aprendizagem.

Para tanto, foram utilizadas, além de entrevistas, grupo de estudo com os

professores, confecção de material didático e atividades lúdicas com os alunos.

Em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, foi colocada em prática

a proposta de um grupo de estudo sobre o tema em questão.

O grupo de estudos, com 12 horas de duração, contou com a participação dos

professores da Escola Mundo do Aprender e alguns professores de salas de recurso

do município. Estabeleceu-se como conteúdo: (i) Conceitos e metodologias sobre o

lúdico na aprendizagem do aluno com deficiência intelectual; (ii) estudo de três

projetos de alfabetização usando o lúdico na aprendizagem; (iii) apresentação das

atividades lúdicas propostas no Projeto de Produção Didática; (iv) troca de

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experiências entre os professores sobre tipos de atividades aplicadas em sala de

aula; (v) pesquisas sobre blogs e sites com sugestões de atividades lúdicas que

possam subsidiar o trabalho pedagógico.

Na avaliação, os participantes reivindicam outros momentos para estudo, tais

como oficinas para confecção de material didático, pesquisas e trocas de

experiências envolvendo o lúdico na aprendizagem e confecção de material didático

(como as aulas de arte, onde o professor pode confeccionar esses materiais com os

alunos). Segundo os professores, essas práticas há muito tempo deixaram de fazer

parte das capacitações oferecidas aos professores dos anos iniciais do Ensino

Fundamental.

Ainda como parte da avaliação, os professores participantes entregaram

uma síntese dos conteúdos estudados e ainda as sugestões propostas durante o

Grupo de Estudo. Essas avaliações foram entregues juntamente com a lista de

presenças à Secretária de Educação, para a aprovação dos certificados.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muitas metodologias podem ser usadas para o bom desempenho do

trabalho do professor em sala de aula. Para Aguiar (1977, p 78), a atividade lúdica é

o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso,

indispensável à prática educativa.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacional (1998), para as Adaptações

Curriculares, com estratégias para trabalhar alunos com necessidades educacionais

especiais, a escola e o professor devem criar condições físicas, ambientais e

materiais para o aluno na sua unidade escolar de atendimento.

Podemos perceber, nos trabalhos do grupo de estudo, com o auxílio dos

textos que fundamentaram o Caderno Pedagógico, que os professores demonstram

conhecimento de que é indispensável utilizar as estratégias lúdicas no processo de

ensino-aprendizagem do aluno com deficiência intelectual. Foi grande a aceitação

das afirmativas e dos conceitos sobre esse tema, no entanto é preciso que haja

conscientização e compromisso do professor e equipe pedagógica. A orientadora

pedagógica deve estar sempre presente, incentivando e colaborando nas atividades

que subsidiarão o trabalho pedagógico do professor.

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Segundo Libâneo (2005, p. 33):

Pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligada à organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e modos de ação, tendo em vista objetos de formação humana previamente definida em sua contextualização histórica.

Assim, é preciso considerar aqui a importância do Planejamento da Ação

Pedagógica, em relação ao repasse de conteúdos de forma lúdica, criativa, como

uma prática diária e não apenas eventualmente, quando não tem nada planejado ou

como prêmio aos alunos. A ludicidade deve fazer parte da prática do currículo

escolar. Não se pode considerar que trabalhar com o lúdico é perder tempo ou que

dá muito trabalho para dominar a turma.

A sala de aula não pode mais ser um espaço de imposições ou atitudes

tradicionais de ensino. Estamos em época de inovações e de muito diálogo com os

alunos. Além disso, não se pode esquecer que a escola deve ser um lugar de

respeito, onde o aluno é o sujeito da aprendizagem. Cabe, principalmente ao

professor, criar condições para que essa aprendizagem aconteça.

A aprendizagem não acontecerá sem que haja uma metodologia para cada

aluno. Sabe-se que há um caminho longo a percorrer, principalmente no que tange à

dedicação e ao interesse pela qualidade do ensino especial. Através do

conhecimento, o professor pode pôr em prática essa premissa:

[…] diante da aceleração das mudanças, das novas descobertas das ciências e das tecnologias modernas, é preciso que estejamos sempre de espírito aberto à pesquisa, à busca incessante de novas respostas que nos ajudam a repensar o velho e a enfrentar o novo. (CARTOLANO, 1998, p. 29-30).

Conclui-se ser necessário um repensar urgente sobre a formação do

professor em relação às atividades lúdicas. As universidades deveriam preocupar-se

em oferecer, nos currículos dos cursos de formação de professores para o Ensino

Fundamental, uma disciplina que trate especificamente do lúdico na aprendizagem.

São poucos os professores que passam pelo curso do magistério a nível médio,

onde as disciplinas, em sua maioria, são trabalhadas de forma lúdica. Esse curso de

magistério não é oferecido em todos os municípios e não é considerado pré-requisito

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para cursar uma faculdade de formação de professores das séries iniciais do Ensino

Fundamental.

Diante destas considerações, espera-se que este trabalho possa ser um

referencial para a prática pedagógica do professor.

Consideramos ainda, que os objetivos propostos inicialmente foram

atingidos, visto termos contribuído para a reflexão sobre a importância do lúdico no

ensino aprendizagem dos alunos da modalidade de Educação Especial.

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