A importância geopolítica da América do Sul na estratégia dos Estados Unidos - Luiz Alberto Moniz Bandeira

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    A importncia geopoltica da Amrica do Sul naestratgia dos Estados Unidos*

    Luiz Alberto Moniz Bandeira*

    Procuremos precisar quais os interesses em jogo na questo. Petrleo! Exclamam de todos os

    lados. O petrleo opera prodgios, tem ditado a poltica internacional das grandes potncias,assentou e derrubou governos, abalou uma dinastia, criou fortunas fabulosas e conta entre os

    seus servidores estadistas dos mais notveis.Embaixador Jos Joaquim Moniz de Arago, secretrio-geral do Itamaraty, durante a

    Guerra do Chaco, 1934[1]

    No matter how selfless America perceives its aims, an explicit insistence on predominancewould gradually unite the world against the United States and force into impositions that would

    eventually leave it isolated and drained.Henry Kissinger[2]

    A Amrica a terra do futuro, na qual, em tempos vindouros, haver algo como uma contendaentre a do Norte e a Amrica do Sul, e onde a importncia da Histria Universal dever

    manifestar-se.[3]G. W. F. Hegel

    O conflito entre a Rssia e a Gergia mostrou que o arc of crisis, que Zbigniew Brzezinski diziaestender-se do Paquisto at a Etipia, circundando o Oriente Mdio, muito mais amplo eabrange toda a sia Central e o Cucaso. Diante de tal situao, a importncia geopoltica daAmrica do Sul aumentou ainda mais, na estratgia de segurana dos Estados Unidos, quebuscam fontes de fornecimento de gs e petrleo em regies mais estveis. O prprio Halford J.Mackinder, na sua conferncia sobre o "The Geographical Pivot of History, em 1904, ressaltou

    que o desenvolvimento das vastas potencialidades da Amrica do Sul podia ter decisiveinfluence sobre o sistema internacional de poder e fortalecer os Estados Unidos ou, do outrolado, a Alemanha, se desafiasse, com sucesso, a Doutrina Monroe.[4]

    Os Estados Unidos e a Alemanha, desde fim do sculo XIX, j se haviam tornado as duasmaiores potncias industriais do mundo e conseqentemente rivais. Porm, ao contrrio daAlemanha, que no possua qualquer domnio importante, ao qual pudesse estender o crculo deconsumo para o capital, os Estados Unidos dispunham de enorme espao econmico. AsAmricas Central e do Sul, assim como o Caribe, configuravam uma espcie de colnia, a nicaregio do mundo, em que no havia sria rivalidade entre as grandes potncias. L os EstadosUnidos eram, praticamente, soberanos e seu fiat tinha fora de lei, conforme o secretrio deEstado, Richard Olney, escreveu em 1895. E acrescentou que os infinite resources da Amrica(Estados Unidos), combinados com sua posio isolada, tornavam-na master of the situation

    and practically invulnerable as against any or all other powers. [5] Nem a Alemanha nem a Gr-Bretanha nem a Frana quiseram desafiar a Doutrina Monroe, expresso de uma polticaunilateral dos Estados Unidos, formulada em 2 de Dezembro de 1823, pelo presidente JamesMonroe (1817-1825).

    O que disse Halford J. Mackinder a respeito do "closed heartland of Euro-Asia", afirmando que oEstado que o controlasse teria condies de projetar o poder de um lado para o outro lado daregio e era inaccessvel a uma fora naval, aplica-se aos Estados Unidos, mas no sentidoinverso. Com um territrio distendido ao longo da Amrica do Norte, entre dois oceanos, oAtlntico e o Pacfico, os Estados Unidos no tinham vizinhos que pudessem ameaar suasegurana. Seu extensivo litoral impedia que qualquer bloqueio fosse efetivamente mantido[6]. E,ao ascender ao primeiro lugar no ranking das maiores potncias industriais, nos anos 1890, osEstados Unidos comearam a robustecer seu poder naval, at ento menor que o do Brasil,Argentina ou Chile. [7] Assim puderam projetar sua influncia, para um lado e para o outro, i. e.,

    para o Ocidente e o Oriente, avanando sobre os mares, que a Gr-Bretanha ainda controlava,como o chief builder and shipowner, com vastimperial responsabilities na sia e na frica.[8]

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    O comandante Alfred T. Mahan foi quem racionalizou a construo do poder naval dos EstadosUnidos, argumentando que a grandeza de uma nao dependia do seu comrcio no alm-mar, ocomrcio dependia do poder naval e o poder naval, de colnias. Sem estabelecimentos noestrangeiro, colonial ou militar, os navios de guerra dos Estados Unidos seriam como pssarossem terra, incapazes de voar muito alm de suas prprias costas. Tornava-se, portanto,necessrio o estabelecimento de bases e depsitos de carvo, para o abastecimento dos navios,

    numa extensa cadeia de ilhas, que possibilitassem a sustentao do poder naval e permitissem aexpanso martima e comercial dos Estados Unidos. O domnio de Cuba, bem como de PortoRico e das Ilhas Virgens, cuja cesso o presidente William McKinley (1897 1901) solicitara Dinamarca, afigurava-se fundamental para a segurana das rotas no Golfo do Mxico e a defesado canal, que os Estados Unidos projetavam abrir no istmo do Panam. E o presidente McKinley,em 1898, aproveitou a luta pela independncia de Cuba para declarar guerra Espanha, visandoa conquistar o que ainda restava do seu vasto imprio colonial. No entanto, a campanha militarcontra a Espanha, impulsionada por interesses econmicos e objetivos estratgicos, no selimitou s ilhas do Caribe. Estendeu-se ao arquiplago das Filipinas, cuja conquista possibilitariasua penetrao nos mercados da sia, particularmente da China. Esta guerra permitiu que osEstados Unidos, como salientou Sir Halford Mackinder, conquistassem importantes possessesem ambos oceanos o Pacfico e o Atlntico e assumissem a construo do Canal doPanam, com objetivo de ganhar a vantagem da insularidade para a mobilizao de suas frotas

    de guerra.[9]Realmente, em termos estratgicos, a projeo geopoltica dos Estados Unidos, na direo dasia, e a vastido do seu prprio territrio continental, que separava o litoral do Atlntico do litoraldo Pacfico, constituam um problema para a defesa, dado que era difcil separar e, quandonecessrio, reunir suas frotas, em caso de guerra. Esta foi uma das razes pelas quais opresidente Theodore Roosevelt (1901-1909) apressou a abertura de um canal inter-ocenico, noistmo do Panam, territrio pertencente Colmbia, a fim de consolidar os alicerces do imprio,cuja soberania se expandira de Cuba e Porto Rico, no Caribe, at Tutuila, no arquiplago deSamoa, e Guam, ao sul do Pacfico, quinze milhas a leste das Filipinas, possibilitando que suasfrotas pudessem circular livremente e reunir-se, no momento e no local em que as circunstnciastticas e estratgicas o exigissem. Motivos, tanto militares quanto civis, faziam imperativo oestabelecimento de fcil e rpida comunicao por mar, entre o Atlntico e o Pacfico [10].

    Doutrina Monroe

    O presidente Theodore Roosevelt rejuvenesceu ento a Doutrina Monroe com um Corolrio,mediante o qual racionalizou o direito de intervir em outros Estados latino-americanos, sobretudona Amrica Central e no Caribe, em casos de wrong-doing or impotence dos seus governos.Esta doutrina, sintetizada no lema a Amrica para os americanos, passara a funcionar, a partirdo final do sculo XIX, como cobertura ideolgica para objetivo estratgico dos Estados Unidos,que consistia em manter sua hegemonia sobre todo o Hemisfrio Ocidental, conquistar eassegurar as fontes de matria-prima e os mercados da Amrica do Sul para as suasmanufaturas, alijando do subcontinente a competio da Gr-Bretanha e de outras potnciasindustriais da Europa. Da a proposta para formar com os Estados latino-americanos umacomunidade comercial, uma espcie de unio aduaneira, apresentada durante a 1 ConfernciaPan-Americana, instalada em Washington, em novembro de 1889. A idia, entretanto, no fora

    aceita, devido oposio da Argentina e do Chile, e o resultado da 1 Conferncia Pan-Americana consistiu somente na instalao do Bureau Internacional das Repblicas Americanas.Mas em 1896 Charles Emory Smith, lder do Partido Republicano na Filadlfia e editor de jornal,declarou que our spirit, if not our flag will rules the hemisphere.[11]

    Com razo o notvel jurista brasileiro Rui Barbosa, que fora o primeiro ministro da Fazenda apsa proclamao da repblica, denunciou, em artigo publicado em A Imprensa, em 10 de maio de1899, que os princpios da Doutrina Monroe nunca exprimiram seno um interesse dos EstadosUnidos, nunca encerraram compromisso nenhum, por parte deles, a favor dos povos sul-americanos.[12] Conforme ressaltou, deixar aberto esse campo dilatao vindoira do seuimprio era, como nos vai mostrar o exame ulterior do assunto, luz da teoria e dos fatos, ointento substancial da frmula de Monroe.[13]Este, de fato, sempre foi o propsito dos EstadosUnidos. Durante a Conferncia de Versailles (1919), o presidente Woodrow Wilson (1913- 1921)empenhou-se para conservar a Amrica Latina como rea de influncia exclusiva dos Estados

    Unidos, ao incluir no Pacto da Liga das Naes o Art. XXI, determinando que nada seriaconsiderado que pudesse afetar a validade de acordos internacionais tais como tratados de

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    arbitramento ou entendimentos regionais, a exemplo da Doutrina Monroe,[14] que viessem aassegurar a manuteno da paz[15]. A Doutrina Monroe, em realidade, constitua apenas umadeclarao poltica unilateral dos Estados Unidos, feita em 1823, e nunca fora um entendimentoregional. Mas, identificando a Doutrina Monroe com o pan-americanismo, como um acordoregional, o presidente Woodrow Wilson conseguiu excluir a Amrica Latina da jurisdio da Ligadas Naes.

    Na 17 Conferncia Internacional dos Estados Americanos, realizada em Montevidu, entre 3 de26 de dezembro de 1933, os Estados Unidos renunciaram interveno armada em outrospases e no apenas anuram com a abolio da Platt Amendment, que autorizava a intervenoem Cuba, como retiraram os fuzileiros navais da Nicargua e do Haiti. Assim o presidenteFranklin D. Roosevelt (1933-1945) comeou a implementar a Good Neighbor Policy, mas noconseguiu que todos os pases da regio reduzissem suas tarifas alfandegrias e abrissem omercado para as exportaes dos Estados Unidos, atravs de um tratado multilateral, ou acordosbilaterais, desdobrando a Doutrina Monroe em sua dimenso econmica, com a implantao deuma rea de livre comrcio no hemisfrio. Ao declarar a guerra contra o Eixo, a pretexto doataque do Japo a Pearl Harbor, o presidente Franklin D. Roosevelt pressionou ento os Estadoslatino-americanos para que rompessem as relaes com a Alemanha, que mais e mais penetravana regio, sobretudo na Amrica do Sul, a fim de eliminar o principal concorrente comercial dosEstados Unidos.

    Importncia geopoltica da Amrica do Sul

    A Segunda Guerra Mundial evidenciou a importncia geopoltica da Amrica do Sul na estratgiados Estados Unidos, que necessitavam no apenas assegurar as fontes de matria-prima ferro,mangans e outros minerais indispensveis sua indstria blica como tambm manter asegurana de sua retaguarda e do Atlntico Sul. O Brasil fornecia aos Estados Unidos produtosagrcolas, borracha, mangans, ferro e outros minerais estratgicos. Mas sua posio nosubcontinente, a Amrica do Sul, revestia-se de maior relevncia geopoltica, devido ao imensoespao territorial e aos recursos que possua e ao fato de ter fronteiras com todos os pases daregio (exceto Chile e Equador), ocupar grande parte do litoral do Atlntico Sul, defrontado com africa Ocidental. E os Estados Unidos temiam que as foras da Alemanha, a partir da costa doSenegal, avanassem em direo das Amricas, atravessando o estreito Natal-Dakar,ocupassem o arquiplago de Fernando de Noronha, e terminassem por conquistar o SalienteNordestino, que abrangia o Rio Grande do Norte, Paraba, Pernambuco e Alagoas. Da a pressopara que Brasil permitisse a implantao de bases navais e areas nas principais cidadeslitorneas do Nordeste, de onde os avies da IV Frota americana, fundeada em Recife,realizaram vos dirios, atravs do Cinturo do Atlntico Sul (Saliente Nordestino ilha deAscenso -frica) com a misso de patrulhar o oceano, entre as bases de Natal e Ascenso,visando a detectar submarinos do Eixo e principalmente navios furadores de bloqueio, quetransportavam da sia, principalmente, matrias-prima estratgicas para o esforo de guerra daAlemanha.

    O Saliente Nordestino dista somente 3.000 quilmetros do ponto mais ocidental da fricafrancesa, e por ai passam importantes rotas do trfego martimo, procedente do Golfo Prsico edo Extremo-Oriente, com destino aos portos situados ao norte da Amrica do Sul, no Caribe e naAmrica do Norte. E a base area de Paranamirim-Natal, cedida aos Estados Unidos juntamente

    com a base de Belm do Par, possibilitou o estabelecimento de uma ponte area,estrategicamente fundamental para o abastecimento das tropas inglesas que combatiam no norteda frica e no Oriente Mdio, bem como, depois, para a invaso da Europa, atravs da Itlia, einclusive o apoio s operaes militares no Extremo Oriente. O patrulhamento areo do Cinturodo Atlntico Sul, entre Recife e Ascenso, foi reforado por quatro grupos-tarefas e aviesLiberators, e navios da IV Frota dos Estados Unidos, baseada em Recife, afundaram diversossubmarinos de 1.200 t (U-848, U-849 e U-177) e os furadores de bloqueio Essemberg, Karin,Wesserland, Rio Grande e o Burgenland - navios que traziam mercadorias do Oriente para aAlemanha.

    A partir da vitria na Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos buscaram consolidar asupremacia econmica, poltica, militar e cultural, que conquistaram, derrotando a Alemanha eavassalando a Gr-Bretanha, a Frana e demais pases da Europa Ocidental. E, embora

    verbalmente condenassem as polticas de esfera de influncia e de equilbrio de poder,apontando para uma era de paz apoiada na segurana coletiva da ONU, os Estados Unidos norenunciaram hegemonia na Amrica Latina. Assim como o fizeram em 1919, no Pacto da Liga

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    das Naes, cuidaram de evitar que a ONU pudesse exercer diretamente qualquer influncia nasquestes do hemisfrio ocidental. O Art. 52 da Carta de So Francisco legitimou outra vez aexistncia de acordos ou organismos regionais capazes de tratar das questes relativas manuteno da paz e da segurana internacionais.

    Destarte, por meio do Art. 52 da Carta de So Francisco, os Estados Unidos reafirmaram aDoutrina Monroe, reservando-se o direito de tratar unilateralmente as questes queeventualmente surgissem na Amrica Latina, sem se submeterem a um possvel veto noConselho de Segurana da ONU. E, em 1947, celebraram com todos os pases da regio oTratado Interamericano de Assistncia Recproca (TIAR), tambm conhecido como Tratado doRio de Janeiro, considerando qualquer ataque ao territrio de um Estado americano como umataque a todos os demais, ao mesmo tempo em que eles se comprometiam a resolver suasdisputas entre si antes de recorrer ONU. Estava demarcada, portanto, a zona de segurana dohemisfrio entre o Plo Norte at o extremo sul da Patagnia. E, no ano seguinte, 1948, a 9Conferncia Interamericana, em Bogot, recriou a Unio Pan-Americana sob o nome deOrganizao dos Estados Americanos (OEA), uma vez mais tratando de excluir a Amrica Latinada jurisdio imediata da ONU.

    Zona estratgica

    A poltica exterior dos Estados Unidos visou tradicionalmente a promover interesses privadosespecficos[16], interesses empresariais, com nfase na promoo de mercados abertos, livreiniciativa e boas vindas aos investimentos estrangeiros objetivos geralmente apresentadoscomo do interesse da humanidade[17]. Tambm sua estratgia global sempre foi determinadapelos interesses e necessidades do seu processo produtivo e de sua sociedade, i. e., asseguraras fontes de materiais estratgicos, tais como os campos de petrleo na Venezuela, as minas deestanho na Bolvia, as minas de cobre no Chile etc., existentes na Amrica do Sul, e manterabertas as linhas de acesso, as vias de comunicao e transporte, no Atlntico Sul e no Caribe.[18]

    O embaixador Samuel Pinheiro Guimares salientou, em sua importante obra Quinhentos anosde periferia, que aAmrica Latina, ao contrrio do que muitos imaginam, de fato a zonaestratgica mais importante para os Estados Unidos. [19] Porm, dentro da Amrica Latina,configurada pelos pases situados abaixo do Rio Grande ou Rio Bravo do Norte, a Amrica do

    Sul a regio que apresenta maior significao geopoltica, na estratgia dos Estados Unidos,devido ao seu enorme potencial econmico e poltico. So doze pases dentro de um espaocontguo, da ordem de 17 milhes de quilmetros quadrados, o dobro do territrio dos EstadosUnidos (9.631.418 km2). Sua populao, em 2007, era de aproximadamente 400 milhes dehabitantes, tambm maior que a dos Estados Unidos (303,8 milhes), representando cerca de67% de toda a chamada Amrica Latina e 6% da populao mundial, com integrao lingstica,porquanto a imensa maioria fala portugus ou espanhol, lnguas que se comunicam. Ademais, aAmrica do Sul possui grandes reservas de gua doce e biodiversidade da terra, enormesriquezas em recursos minerais e energticos petrleo e gs pesca, agricultura e pecuria. Ea integrao do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) com os pases da ComunidadeAndina (CAN), Chile e Venezuela, permite a formao de uma massa econmica que se podecalcular em mais de US$ 3 trilhes, maior do que a da Alemanha, da ordem de US$ 2,8 trilhes,em 2007, calculada com base na paridade do poder de compra.

    A importncia geopoltica da Amrica do Sul na estratgia dos Estados Unidos, para manter ahegemonia global, est em larga medida e intrinsecamente vinculada sua dimenso econmicae comercial. Da porque o presidente George W. H. Bush anunciou em 27 de junho de 1990 TheEnterprise of the Americas Initiative (EAI), com a inteno de instituir uma zona de livre-comrcio,desde Anchorage, no Alaska, at a Terra do Fogo. O presidente William J. Clinton (1993-2001),que o sucedeu, reanimou a idia e apresentou a proposta, unilateralmente, aos demais chefes degoverno, na Cpula das Amricas, realizada em Miami, entre 9 e 11 de dezembro de 1994, sob onome de rea de Livre Comrcio das Amricas (ALCA). Esta proposta de integrao econmicaregional encapava, porm, objetivos geopolticos, com respeito segurana continental,mediante o fortalecimento das instituies democrticas e combate ao narcotrfico e aoterrorismo, ameaas que substituram a subverso e o comunismo, na agenda militarista dosEstados Unidos, aps a decomposio do Bloco Socialista e da Unio Sovitica. O coronel (R)

    Joseph R. Nez, do Exrcito dos Estados Unidos, ressaltou em estudo publicado pelo StrategicStudies Institute, do U.S. Army War College, que

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    with current concerns about the Free Trade Area of the Americas and the strength of democraticregimes, along with the growing need for homelandeven hemisphericsecurity, it is mostimportant that we seriously consider new ways to respond to our strategic situation.[20]

    O que os Estados Unidos pretendiam, com a formao da ALCA, bem como da APEC (Asia-Pacif Economic Cooperation) e a celebrao de mais de 200 acordos comerciais, entre os quaisos da Rodada Uruguai, era construir uma rede de compromissos internacionais, de modo amodelar o sistema econmico mundial e faz-lo funcionar em benefcio da Amrica, i. e., dosEstados Unidos, como centro mais dinmico da economia global, no sculo XXI. A prpriaSecretria de Estado, Madeleine K. Albright, na poca, proclamou que (...) We must continueshaping a global economic system that works for America.[21] E a embaixadora CharleneBarshefsky, como chefe da United States Trade Representative (USTR), defendeu a aprovaoda fast track, na House of Representatives, argumentando que o princpio subjacente da polticacomercial da administrao do presidente Clinton era to support U.S. prosperity, U.S. jobs andthe health of the U.S. companies.[22]

    Conforme o embaixador Samuel Pinheiro Guimares sustentou, a ALCA representava parte daestratgia de manuteno da hegemonia econmica e poltica dos Estados sobre a Amrica doSul, porquanto, muito mais do que uma tradicional rea de livre comrcio, ela, se implantada,envolveria compromissos internacionais nas reas do comrcio de bens e servios, de

    investimentos diretos, de compras governamentais, de patentes industriais, de normas tcnicase, muito provavelmente, de meio ambiente e padres trabalhistas.[23] Seu propsito centralconsistia em criar um conjunto de regras, afim de incorporar os pases da Amrica do Sul,sobretudo o Brasil, ao espao econmico (e ao sistema poltico) dos Estados Unidos, de formaassimtrica e subordinada, limitando sua capacidade de formular e executar poltica econmicaprpria, para atrair e disciplinar os investimentos estrangeiros, ampliar a capacidade industrialinstalada, estimular a criao e integrao das cadeias produtivas, promover a transfernciaefetiva de tecnologia e o fortalecimento do capital nacional.[24]

    A proposta de formao da rea de Livre Comrcio das Amrica (ALCA), como a vertenteeconmica da estratgia global dos Estados Unidos para manter a hegemonia no hemisfrio,conjugou-se com a aplicao das medidas neoliberais, estabelecidas pelo Consenso deWashington (consenso entre o Fundo Monetrio Internacional, Banco Mundial e Departamentodo Tesouro dos Estados Unidos), recomendando a privatizao das empresas estatais,desregulamentao da economia e liberalizao unilateral do comrcio exterior. O Estado,portanto, devia retirar-se da economia, quer como empresrio quer como regulador dastransaes domsticas e internacionais, submetendo-a s foras do mercado. A orientao doConsenso de Washington foi no sentido de reduzir o papel do Estado, torn-lo miniatura deEstado, o Estado-mnimo, o que significava, em meio globalizao da economia, oconstrangimento da prpria soberania nacional dos pases da Amrica do Sul (tambm de outroscontinentes), com a entrega de todo o poder econmico s corporaes transnacionais, a maioriadas quais americanas, que se assenhoreavam das empresas estatais, postas venda pelosgovernos, sob o signo da privatizao, que implicava, na maioria dos casos, suaestrangeirizao.

    O que se pretendeu foi abrir o mercado latino-americano, ou, mais especificamente, o mercadosul-americano competio, dando s corporaes transnacionais e aos investidores e

    banqueiros a liberdade de movimentar capitais, bens, plantas industriais, lucros e tecnologia, semque os governos nacionais pudessem criar obstculos. Dentro de tal moldura econmica, ospases da Amrica do Sul deviam abdicar de sua soberania, desarmando-se, militarmente, eaceitando retirar do poder judicirio nacional e transferir para uma comisso internacional dearbitragem a capacidade de julgar e decidir qualquer litgio entre o Estado nacional e as megaempresas multinacionais dos Estados Unidos. Com o estabelecimento da ALCA, estas empresasterminariam por adquirir um poder superior ao dos Estados nacionais, na linha do AcordoMultilateral de Investimentos (AMI), negociado, mas no concludo,[25] no mbito daOrganizao para Cooperao e Desenvolvimento (OCDE), com o propsito de estabelecernormas multilaterais para regulamentar, liberalizar e proteger os investimentos estrangeiros, eimpedir qualquer interveno governamental sobre ativos financeiros de propriedade de pessoasfsicas ou jurdicas estrangeiras, existentes em determinado pas.

    Contudo, ao fim dos anos 1990, aps a aplicao das medidas neoliberais preconizadas peloConsenso de Washington, o general Charles E. Wilhelm, comandante-em-chefe do SouthernCommannd dos Estados Unidos (USSOUTHCOM), reconheceu que, na sua rea de

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    responsabilidade, a Amrica do Sul, democracy and free market reforms are not deliveringtangible results to the people e naes situadas na regio estavam pior economicamente do queantes da restaurao da democracia. Can democracy survive without an economic system thatproduces adequate subsistence and services for the majority of its citizens? perguntou.[26]Tambm HenryKissinger, em sua obra Does America Need a Foreign Policy, reconheceu queneither globalization nor democracy has brought stability to the Andes.[27] Tambm na Bolvia,

    durante os 15 anos em que a Bolvia se apresentou como modelo de livre mercado, i. e., de 1985ao ano 2000, a deteriorao das condies de vida acelerou-se e atingiu principalmente oscamponeses, reduzindo misria mais de 80% da populao na rea rural. E, na inaugurao deum seminrio, quando lanou a Estrategia Boliviana de Reduccin de Pobreza (EBRP), o prpriopresidente Hugo Banzer deplorou que a estabilidade econmica no houvesse contribudo paradiminuir os ndices de pobreza em que vivia, no ano 2000, mais da metade da populaoboliviana (63%), especialmente a de origem indgena. E a questo agrria, que a revoluo de1952 buscara equacionar, mediante a repartio dos latifndios e distribuio de terras para ostrabalhadores rurais, tornou-se outra vez grave fator de tenses sociais e irromperam os conflitossociais.[28]

    A dbcle econmica e financeira da Argentina, que no teve alternativa seno praticar o default,i. e., suspender o pagamento da dvida externa, em meio de aguda crise social e poltica,evidenciou o carter perverso do modelo neoliberal. Com toda a razo o professor norte-americano Paul Krugman comentou, em artigo publicado pelo New York Times, que ocatastrfico fracasso(catastrophic failure) das polticas econmicas l aplicadas com o selo made in Washington - representavam igualmente um desastre para a poltica exterior dosEstados Unidos, assim como o maior revs para a proposta da ALCA[29]. As negociaes paraa implantao da ALCA, cujo objetivo era aplicar efetivamente a Doutrina Monroe economia eao comrcio da regio, no alcanaram, de fato, nenhum resultado, devido oposio doMercosul. O Brasil e a Argentina, frente, rechaaram, inter alia, as pretenses dos EstadosUnidos, com respeito aos investimentos e servios e outras regras relativas a patentes,reforando as j existentes na Organizao Mundial do Comrcio (OMC), bem como a aberturado mercado de compras governamentais, o que impediria o Estado, o maior consumidor de bensde capital, de orient-las em benefcio das empresas nacionais ou mesmo das empresasestrangeiras sediadas no pas.[30]

    Amrica do Sul e a formao de identidade prpria

    Conquanto a Amrica Central e o Caribe sejam essenciais defesa do seu territrio e das rotasmartimas entre a costa do Pacfico e a costa do Atlntico, a Amrica do Sul reveste-se defundamental importncia geopoltica para os Estados Unidos, sobretudo vis--vis a formao daUnio Europia e a emergncia da China. Dado que celebrara com o Mxico e o Canad o NorthAmerican Free Trade Agreement (NAFTA) e os pases da Amrica Central e do Caribe, comexceo de Cuba, tendiam a gravitar, inevitavelmente, na rbita dos Estados Unidos, afigurava-se necessrio elite poltica de Washington e comunidade dos homens de negcios, dasgrandes empresas multinacionais, assegurar o completo domnio do mercado e das fontes dematrias-primas e energia da Amrica do Sul. No lhes convinha, portanto, que o Brasil e a Argentina, atraindo o Paraguai e o Uruguai, avanassem com o projeto de construo doMercosul, constituindo uma unio aduaneira, com a perspectiva de que evolusse para um

    mercado comum, similar Unio Europia.Henry Kissinger, em Does America Need a Diplomacy?, referiu-se contradio entre oNAFTA e o Mercosul e assinalou o perigo que representava a tendncia da Amrica Latina paraintegrar-se de modo autnomo e, talvez, hostil a uma ampla estrutura hemisfrica.[31] Isto seriano um simplessetback para as perspectivas econmicas dos Estados Unidos de integrar ummercado de 400 milhes de pessoas, o qual representava 25% do seu comrcio ultramarino, mastambm para a sua esperana de uma nova ordem, based on growing comunity of democraciesin the Americas and Europe.[32]A declarao do presidente Fernando Henrique Cardoso de queo "Mercosul mais que um mercado, o Mercosul , para o Brasil, um destino", enquanto a ALCAera "uma opo", repercutiu nos Estados Unidos, e Kissinger advertiu que o Mercosul estavapropenso a apresentar as mesmas tendncias manifestadas na Unio Europia, que buscavadefinir uma identidade poltica europia no apenas distinta dos Estados Unidos, mas emmanifesta oposio aos Estados Unidos. Ele acentuou que a afirmao dessa "identidade

    prpria, diferenciada da Amrica do Norte, estava a criar uma potencial contenda entre Brasil eEstados Unidos sobre o futuro do Cone Sul". [33] Segundo afirmou, especialmente no Brasil,

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    havia lderes atrados pela perspectiva de uma Amrica Latina politicamente unificada, emconfronto com os Estados Unidos e o NAFTA.[34] E, como Samuel Pinheiro Guimaresacentuou, o Brasil realmente configura, na Amrica do Sul, o nico rival possvel influnciahegemnica dos Estados Unidos, devido s suas dimenses geogrficas, demogrficas eeconmicas e sua posio geopoltica e estratgica[35], ao longo de grande parte do AtlnticoSul, defrontando a frica Ocidental. E foi o Brasil, com o apoio da Argentina, que obstou a

    implantao da ALCA, prevista para o ano 2005. Estes dois pases, com uma populao total demais de 232 milhes de habitantes (2007, est.) e um PIB conjunto de US$ 2,3 trilhes (2007),segundo a paridade do poder de compra, so os que realmente mais interessam aos EstadosUnidos, no apenas pelo amplo mercado que representam, mas tambm pelo peso geopoltico eo valor estratgico que possuem.

    Entretanto, no obstante o fracasso das negociaes para formao da ALCA, os EstadosUnidos, mudando de ttica, trataram de compelir os pases da Amrica do Sul, Amrica Central eCaribe a firmar acordos de livre comrcio e abrir seus mercados, instrumentalizando tanto oCentral America Free Trade Agreement (CAFTA), nos entendimentos com os pases da AmricaCentral, como o Andean Trade Preference Act (ATPA), com que o Congresso expandiu, em2008, o Andean Trade Promotion and Drug Erradication Act (ATPDEA), para as negociaescom Peru, Colmbia, Bolvia e Equador. Esta lei, o ATPDEA, permitia aos Estados Unidosconcederem, unilateralmente, preferncias comerciais, sem reciprocidade, aos pases com osquais firmassem tratados de livre comrcio. A parceria entre desiguais evidentemente sfavorecia os Estados Unidos, mas a possibilidade de receber preferncias comerciais, semreciprocidade, alimentou em determinados setores empresariais, dentro de todos os pases,interesse em negociar acordos de livre-comrcio, antes do encerramento do prazo de vigncia doATPDEA[36]. E os quatro pases andinos, Peru, Colmbia, Bolvia e Equador, juntos,representavam, em 2006, um mercado de aproximadamente US$ 11,6 bilhes para asexportaes dos Estados Unidos, dando acesso a cerca de 5.600 produtos com iseno tarifria,e um mercado de US$ 8,2 bilhes para seus investimentos diretos. Contudo, desde 2004,quando as negociaes estavam em curso, a mudana do contexto poltico na Amrica do Sulainda mais se acentuou, com a eleio de Evo Morales (2005) e Rafael Correa (2007), amboslderes de esquerda e nacionalistas, para a presidncia da Bolvia e do Equador. Este fatocomplicou a equao estratgica dos Estados Unidos, evidenciando o crescente desvanecimentode sua influncia na regio, tanto que no conseguiram sequer derrocar o presidente HugoChvez do governo da Venezuela, apesar das diversas tentativas encorajadas pela CIA, como ofrustrado golpe militar-empresarial, em abril de 2002, e as greves dos trabalhadores da PDVSA,paralisando a produo de petrleo.

    Militarizao da Colmbia

    O principal interesse de Washington, inter alia, nos Estados andinos so as fontes de energiaque l existem, e garantir os suprimentos de petrleo oriundos do Equador e da Colmbia, que atualmente o terceiro maior exportador de petrleo para os Estados Unidos, entre os pasesda Amrica Latina, abaixo apenas da Venezuela e do Mxico. Cerca de onze das dezoitoempresas, que extraem petrleo na Colmbia, so norte-americanas, cujos investimentosfinanciam a explorao de um tero do seu territrio, inclusive degradando o meio-ambiente.Novos investimentos so necessrios para manter e aumentar as exportaes de petrleo. E a

    descoberta de novas reservas torna-se essencial para as exportaes, o que implica a pesquisae lavra do petrleo em outro tero do pas, controlado ainda pelas Foras ArmadasRevolucionarias da Colmbia (FARC) e pelo Exrcito de Libertao Nacional (ELN). No foi poroutra razo que o presidente Bill Clinton, em 2000, lanou o Plano Colmbia, prevendoinvestimentos de cerca de US$ 6 bilhes, dos quais os Estados Unidos participariam com US$1,3 bilho para a compra de helicpteros e outros armamentos.

    Os cinco oleodutos existentes na Colmbia, sobretudo o que transporta mais de 100.000 bpd docampo de Cao Limn, em Arauca, para o porto Coveas, no Caribe, sofrem mais de umacentena de ataques e atos de sabotagem, por ano, perpetrados pelas das FARC e pelo ELN.Desde 1986, ocorreram mais de 900 incidentes causando perdas de mais de 2,5 milhes debarris de petrleo e, entre 1998 e 2008, as empresas estrangeiras e o governo da Colmbiativeram prejuzos da ordem de US$ 1 bilho em conseqncia dos ataques efetuados pelosguerrilheiros das FARC e do ELN. Esta, a razo pela qual entre 10% e 15% das tropas do

    Exrcito colombiano e dos assessores militares dos Estados Unidos esto mobilizados, aolongo dos cinco oleodutos e outras instalaes, para proteger a infra-estrutura energtica e as

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    companhias estrangeiras de petrleo, entre as quais OccidentalPetroleum Corp. (OXY), RoyalDutch/Shell e a BP-Amoco, que fazem doaes ao Ministrio das Finanas da Colmbia para asua prpria proteo.

    O dirio Los Angeles Times revelou que, em sete anos, desde o lanamento do PlanoColmbia, o Exrcito colombiano recebeu US$ 4,35 bilhes, para combater as guerrilhas, e ossoldados e policiais cometeram crescente nmero de assassinatos, abusos de direitos humanose, durante o perodo de cinco anos, que terminou em junho de 2006, o nmero de execuesextrajudiciais aumentou em mais de 50%, com relao ao perodo anterior. [37] Em 2009, aajuda militar concedida pelos Estados Unidos Colmbia, desde 2004, alcanar o montantede US$ 3,3 bilhes. [38] A aplicao de tais recursos, votados pelo Congresso americano, visoua proteger os interesses econmicos dos Estados Unidos, na regio, especialmente o oleodutode Cao Limn, operado pela Occidental Petroleum e pela Royal Dutch/Shell, em Arauca, ondese concentra a maior parte dos assessores militares dos Estados Unidos e ocorrem as maioresviolaes de direitos humanos.[39]

    Embora a administrao do presidente George W. Bush apresente o combate ao narcotrfico eao terrorismo para justificar a concesso anual U$ 700 milhes Colmbia, a maior parte comoassistncia militar, o principal objetivo proteger os oleodutos, sobretudo o de Canon Limn, jexplodido cerca de 79 vezes, a fim de assegurar os suprimentos futuros de petrleo aos Estados

    Unidos e inspirar confiana aos investidores estrangeiros. E com o fechamento da ForwardOperating Location (FOL), depois denominada Cooperative Security Location (CSL), i. e, a basemilitar instalada dos Estados Unidos em Manta, no Equador, previsto para 2009, devido denncia do contrato pelo presidente Rafael Correa, o U.S. Southern Command(USSOUTHCOM) passou a excogitar na sua transferncia para a base area de Palanquero, emPuerto Salgar, 120 milhas ao norte de Bogot. Esta base area, em Puerto Salgar, pode albergarmais de 2.000 homens, possui uma srie de radares, alm de cassinos, restaurantes,supermercados, hospital e teatro. E a pista do aeroporto, a mais longa da Colmbia, tem 3.500metros de longitude, 600 metros maior que a de Manta, e permite a partida simultnea de at trsavies. Os Estados Unidos tero assim um ponto de apoio, no centro da Colmbia, ainda melhorque o de Manta, como Forward Operating Location.

    Em 2004, com aAndean Counterdrug Initiative, o presidente George W. Bush expandiu o PlanoColmbia, como um dos aspectos da estratgia dos Estados Unidos para assegurar suapresena militar na Amrica do Sul e, em particular, na Amaznia.[40]E o Congresso aprovou aduplicao do nmero de soldados estacionados na Colmbia, que subiu de 400 para 800, e ode contractors, mercenrios (ex-militares) empregados pelas military companies, mediante asquais o Pentgono terceiriza as funes militares (outsourcing),[41] aumentou de 400 para 600.Estes militares e mercenrios americanos adestram e apiam cerca de 17.000 soldados, queexecutaram o Plano Patriota, ampla ofensiva de contra-insurgncia nas selvas no sul daColmbia. Com razo, o embaixador Samuel Pinheiro Guimares, em sua obra Desafiosbrasileiros na era dos gigantes, apontou a crescente presena de assessores militaresamericanos e a venda de equipamentos sofisticados s Foras Armadas colombianas,pretensamente para apoiar os programas de erradicao das drogas, mas que podem ser, fcile eventualmente, utilizados no combate s FARC e ao ELN, como um componenterelativamente novo na questo de segurana da Amaznia.[42]

    Com a assistncia dos Estados Unidos, o Exrcito da Colmbia tornou-se o maior e o mais bemequipado, relativamente, da Amrica do Sul. Com populao de 44 milhes de habitantes, aColmbia possui um contingente militar de cerca de 208.600 efetivos, enquanto o Brasil, com 8,5milhes de quilmetros quadrados e mais de 190 milhes de habitantes, tem um contingente desomente 287.870, e a Argentina, com 40 milhes de habitantes e um territrio de 2,7 milhes dequilmetros quadrados, tem um efetivo de apenas 71.655. A Colmbia, com um PIB de $320.4bilhes (2007 est.), de acordo com a paridade do poder de compra, destina 3,8% aos gastosmilitares, enquanto o Brasil, cujo PIB de $1.838 trilhes (2007 est.), gasta apenas um 1,5%, aArgentina com um PIB de $523.7 bilhes (2007 est.), gasta apenas 1,1%. Em 2005, o Congressoestipulou para a regio uma ajuda econmica de US$ 9,2 milhes e cerca de US$ 859,6 milhespara assistncia militar. [43]

    Na realidade, o Pentgono que determina e dirige a poltica exterior dos Estados Unidos com

    respeito Amrica Central e Amrica do Sul. A Repblica da Guyana permitiu que a BealAerospace Technologies, companhia americana, construsse uma base para lanamento defoguetes e satlites, em Essequibo, territrio litigioso, disputado pela Venezuela, o que permitiria

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    estabelecer a presena militar dos Estados Unidos, ao longo do seu flanco oriental. Mas nosomente atravs da Guyana, em cuja costa a Exxon Mobil, com a filial Esso Exploration andProduction Guyana Ltd., iniciou a explorao de petrleo em guas profundas, os EstadosUnidos tratam de aumentar sua presena na Amaznia. O secretrio de Defesa dos EstadosUnidos, Robert Gates, props ao presidente do Suriname, em outubro de 2007, oestabelecimento de uma base no seu territrio para testar os novos veculos militares

    desenvolvidos, pela General Dynamics Combat Systems, destinados a operaes nas selvas.[44]

    Carro de assalto blindado para operaes nas selvas

    Tambm no Peru, regio de Ayacucho, epicentro da guerra contra o grupo Sendero Luminoso(1980-2000), o primeiro contingente de 70 soldados americanos da Task Force New Horizonscomeou a operar, em maio de 2008, sob o mesmo pretexto de realizar tarefas humanitrias.Este nmero deveria ser aumentado para um total de 350, entre 1 de junho e 31 de agosto. E moutubro de 2008, pilotos, tripulantes da U.S. Army CH-47D "Chinook", e soldados da Task ForceNew Horizons, fortemente armados, estavam a dar apoio, com helicpteros pesados, a mais de990 militares americanos, operando nessa regio, 575 quilmetros ao sudeste de Lima, onde osEstados Unidos negociavam com as Foras Armadas do Peru a instalao de uma base militar,no contexto dos entendimentos para firmar o Tratado de Livre Comrcio (TLC), celebrado emdezembro de 2007.[45] O interesse dos Estados Unidos em instalar uma base em Ayacucho,

    uma zona eqidistante das reas dominadas pelas FARC, na Colmbia, e dos conflitos sociaisna Bolvia, facilitar a mobilizao de seus contingentes em toda regio da Amrica do Sul. OsEstados Unidos contam ainda com uma base naval em Iquitos, ao norte do Peru, em uma regioestratgica da Amaznia, na qual dispem de equipamento fluvial, como lanchas de combate, eoutras bases em Santa Lucia e sobre o rio Nana.

    O estacionamento permanente de tropas e equipamentos blicos, no Suriname e na Guyana,bem como na Colmbia e tambm no Peru, [46] como antes no Equador e na Bolvia, do aosEstados Unidos enorme vantagem estratgica, para intervir militarmente em qualquer pas, senecessrio, a fim de defender seus interesses econmicos e ocupar as nascentes do rio Amazonas. Em realidade, a militarizao da Colmbia, com a presena de mais de 1.000militares e mercenrios americanos, empregados pelas military firmas empreiteiras do Pentgonona regio, e em outros pases vizinhos, constitui um desafio para a prpria nacional segurananacional do Brasil, na medida em que ameaa a segurana da Amaznia.

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    Fonte: Graphic Maps World Atlas.Com

    De qualquer forma, o objetivo estratgico imediato dos Estados Unidos armar e mover aColmbia como importante pea no xadrez da Amrica do Sul. faz-la um pivot country, umenclave, como Israel no Oriente Mdio, e empreg-la como contrapeso da Venezuela, paraqualquer eventual contingncia, i. e., de interveno militar, mas sem usar suas prprias tropas esim contingentes de um pas sul-americano, no caso, a Colmbia, caso o governo do presidenteHugo Chvez ameace ainda mais seus interesses econmicos, e. g., suspendendo ofornecimento de petrleo aos Estados Unidos e desviando para a China toda a sua vastaproduo.

    Os recursos energticos da Amrica do Sul

    A Venezuela, cujas reservas esto entre as maiores do mundo, o quarto maior exportador depetrleo para os Estados Unidos. Responde por cerca de 15% do seu consumo dirio. Aproximidade geogrfica entre os dois pases torna barato o custo do transporte, atravs doCaribe. E as relaes extremamente antagnicas entre o presidente Hugo Chvez (1999) e ogoverno do presidente George W. Bush no afetaram o comrcio entre os dois pases, inclusiveporque os Estados Unidos, por outro lado, so o principal mercado para a produo de energiada Venezuela. Mas constitui motivo de preocupao, em Washington, o fato de que a Venezuelahaja comeado a exportar petrleo para a China, que busca mais e mais fontes de energia, a fimde atender ao impetuoso crescimento econmico, e se tornou seu principal parceiro na Amricado Sul. O volume de petrleo, cada vez maior, importado da Venezuela pela China, cerca de70.000 bpd, em 2006, subiu para 197.000 bpd, em 2007, ano em que o comrcio entre os dois

    pases alcanou o montante de US$ 2,5 bilhes. [47]A China est a ampliar seu intercmbio, no apenas com a Venezuela, mas tambm com aColmbia, Equador, Bolvia, Chile, Argentina e Brasil. Seu comrcio com os pases da AmricaLatina, em geral, alcanou, em 2005, o montante de aproximadamente US$ 50 bilhes, dos quaisos negcios com os pases do Mercosul Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai representaram85% do total. Mas a China est interessada, sobretudo, em assegurar fontes de energia, comogs e petrleo. A China Petro-Chemical Corp (Sinopec), em 2004, firmou contrato com aPetrobrs para explorar a plataforma submarina, em diversas reas, perto da frica, Venezuela,Equador, Colmbia e Golfo do Mxico.[48] E essa crescente expanso econmica e comercial daChina na Amrica do Sul alarmou os formuladores da poltica exterior dos Estados Unidos atento concentrados nos problemas do Oriente Mdio.

    Venezuela, Bolvia e Equador possuem importantes reservas de gs e petrleo. De acordo com

    a Energy Information Administration, dos Estados Unidos, a Venezuela, um dos dez maioresprodutores de petrleo do mundo, possui reservas comprovadas de 80 bilhes de barris eproduziu cerca de 2,8 milhes bpd, em 2006. A Bolvia possui a segunda maior reserva de gs

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    natural, na Amrica do Sul, depois da Venezuela. Os recursos naturais na regio de Santa Cruzde la Sierra, so estimados em 2,8 trilhes de ps cbicos de gs dos 26,7 trilhes de reservasprovadas da Bolvia. Se somadas s provveis, o volume sobe a 48,7 trilhes de ps cbicos.As reservas de petrleo do Equador, o quinto maior produtor sul-americano, so estimadas em4,5 bilhes e suas exportaes somaram 376.000 bpd, em 2006. Brasil, Colmbia, Argentina ePeru tambm produzem gs e petrleo. No entanto, de todos esses pases, apenas o Brasil,

    segundo a avaliao de Stephanie Hanson, editora do Council on Foreign Relations, think-tanksediado em Nova York desde 1921, tem o potencial de tornar-se significativo produtor mundialde petrleo, na prxima dcada, com a explorao das jazidas encontradas na regio do pr-sal, descobertas em guas profundas, nas bacias do Sul e Sudeste do Brasil.[49] As reservasprovadas atualmente existentes so da ordem de 11 bilhes de barris, mas a produo doBrasil poder saltar para 2,2 milhes bpd, em 2006, para 3,5 milhes de bpd, em 2012, epermitir a exportao de maior excedente.

    O Brasil no mapa geopoltico do petrleo

    A estimativa da Associao Brasileira de Gelogos de Petrleo (ABGP) de que a Bacia deSantos, no litoral do Estado de S. Paulo, contm 33 bilhes de barris. Este volume quadruplica asreservas de petrleo do Brasil, que sobem de 13 bilhes de barris (provados) para cerca de 46bilhes de barris. Os dados so ainda muito imprecisos. O certo que, no campo de Tupi (litoral

    de Santos), h cerca de 5 a 8 bilhes de barris. Porm, a Petrobrs ainda tem mais oito campospromissores: Caramba, Bem-te-vi, Carioca, Guar, Jpiter, Iara e Parati. E a possvel, segundoos clculos da Petrobrs e a informao de Stephanie Hanson, do Council on Foreign Relations,que a quantidade de petrleo alcance 70 a 100 bilhes de barris, alm de grande volume de gs.[50] Tudo indica, porm, que a camada de pr-sal se estenda por 800 quilmetros, com 200quilmetros de largura, desde Esprito Santo, norte do Rio de Janeiro, a Santa Catarina, [51] e mesmo possvel que alcance toda a costa da Argentina.

    Fonte: Economist.com

    As reservas descobertas na camada pr-sal ao longo da costa, entre o Esprito Santo e SantaCatarina, inseriram o Brasil no mapa geopoltico do petrleo. Este foi um dos fatores, inter alia,

    que provavelmente levaram o presidente George W. Bush a restaurar a IV Frota, para o AtlnticoSul, sob o pretexto de combater o trfico de drogas, de armas e de pessoas, o terrorismo e apirataria que ameaa o fluxo do livre comrcio nos mares do Caribe e da Amrica do Sul. Porm,o prprio almirante Gary Roughead, chefe de Operaciones Navais, anunciou em 24 de abril quese havia decidido restabelecer a IV Frota, em virtude da imensa importncia da seguranamartima no sul do hemisfrio.

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    Mapa da Amrica Central e da Amrica do Sul sob a jurisdio do South Command das Foras Armadas dosEstados Unidos para hemisfrio ocidental.

    Com as operaes navais da IV Frota, os Estados Unidos complementam o anel de basesmilitares, que envolve Comapala, em El Salvador; Guantnamo, em Cuba; Comayuga, emHonduras; Aruba, em Curaao; e Manta, no Equador, de onde dever ser transferida para aColmbia. Este anel seria ainda arrematado com a base area, construda em 1983 eposteriormente ampliada, em Mariscal Estigarribia, no Paraguai, distante apenas 200 quilmetrosda fronteira com a Bolvia e a Argentina, e 320 quilmetros do Brasil, muito perto da TrpliceFronteira. Esta base area, aonde as tropas da Special Operations Forces (SOF) comearam achegar em 2005, com imunidades concedidas pelo governo paraguaio, possui uma pista de3.500 metros de longitude e tem capacidade para aquartelar 16.000 soldados[52].

    Pista do aeroporto na base area em Mariscal Estigarrbia, no Paraguai

    Mas o ex-bispo Fernando Lugo, eleito em 2008 para a presidncia do Paraguai pela AlianzaPatritica para el Cambio, prometeu por fim presena de tropas americanas, com imunidades,na regio estratgica de Mariscal Estagarribia, e aos exerccios militares conjuntos com forasparaguaias, percebidos como preparativos para uma guerra preventiva, visando ao controle dosrecursos naturais da Bolvia, cujo governo do presidente Gonzalo Snchez de Lozada (1993-1997), sob a presso dos Estados Unidos e do Fundo Monetrio Internacional, vendera em 1995suas reservas de petrleo e gs Enron e Shell por US$ 263,5 milhes, menos do que um porcento do valor dos depsitos.[53] Entretanto, a eleio do lder indgena Evo Morales, dirigentedo Movimiento al Socialismo (MAS), para a presidncia da Bolvia, ampliou a frente deresistncia e oposio aos Estados Unidos na Amrica do Sul, aliando-se ao presidente HugoChvez, da Venezuela. E ele representa a grande parte do povo boliviano que se ope exportao de gs para os Estados Unidos, cujas reservas, em 2003, representavam apenas 3%das existentes no mundo e o consumo esgotaria em cerca de oito anos, isto , at 2011.

    Em face de to dramtica situao, os Estados Unidos intentam apoderar-se de qualquerreserva, em qualquer regio, por menor que seja. Mesmo se novas descobertas de gs fossem

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    feitas, elas no ultrapassariam 5% do gs mundial, volume igual ao existente, quele poca, naAmrica do Sul, onde a Bolvia e a Argentina concentravam a maior parte.[54] E da porque ascompanhias petrolferas, em larga medida, e as agncias dos Estados Unidos exploram ascontradies internas e encorajam a secesso dos departamentos de Tarija, Chuquisaca, SantaCruz, Beni e Pando, que conformam a media-luna, o que representaria duro golpe na lideranado Brasil na Amrica do Sul e na sua cada vez maior influncia internacional.

    Objetivos da IV Frota

    A restaurao da IV Frota implica, decerto, diversos interesses estratgicos dos Estados Unidos.Mas o que torna evidente seu real objetivo o fato de que o comando da IV Frota foi entregue aocontra-almirante Joseph Kernan, oficial da US Navy SEAs (United States Navy Sea, Air and LandForces), constituda pelas Special Operations Forces, da Marinha de Guerra, e so empregadasem aes diretas e em misses de reconhecimento especial, capazes de empreender guerra noconvencional, defesa interna no exterior e operaes contra o terrorismo. Um dos integrantes daIV Frota um navio de assalto anfbio, o USS Kearsarge (LHD 3), cuja principal misso embarcao, deslocamento, desembarque de foras em qualquer parte do mundo, servindocomo Expeditionary Strike Group, conceito militar introduzido na Marinha de Guerra dos EstadosUnidos, no incio dos anos 1990, e que consiste de foras altamente mveis e auto-sustentveispara executar misses em vrias partes do globo. E sua misso humanitria comeou em

    Santa Marta, na Colmbia, em coordenao com o Comando Geral das Foras Armadas e oExrcito Nacional da Colmbia.

    evidente que os Estados Unidos, com o domnio dos mares, e do espao, nunca deixaram deter navios de guerra trafegando nas guas internacionais da Amrica do Sul, embora a IV Frota,criada em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, houvesse sido extinta, oficialmente, em1950. Sua restaurao no significa maior mudana nas atividades militares dos Estados Unidosno Atlntico Sul, uma vez que 38% do seu comrcio global se realiza com pases do hemisfrio,34% do petrleo que importa provm da regio e 2/3 dos navios que transitam pelo Canal doPanam destinam-se aos portos americanos.[55]Apenas oficializou uma presena que de fatonunca deixou de existir, mas visando a demarcar e reafirmar o Atlntico Sul como rea sob seudomnio, sobretudo em face da descoberta de grandes jazidas de petrleo, no campo Tupi, nacamada pr-sal do litoral de S. Paulo. Aos Estados Unidos preocupa a crescente presena daChina na Amrica do Sul e pretendem controlar seus recursos minerais e energticos, tais comoas jazidas de ferro de Mutum e as reservas de gs natural existentes na Bolvia, a Patagnia daArgentina e o Aqfero Guarani, o maior reservatrio de gua subterrnea do mundo, situado nospases que integram o Mercosul.[56]

    A restaurao da IV Frota ocorreu, contudo, dentro de um contexto que se afigura altamentedesfavorvel aos Estados Unidos. O fracasso da tentativa de golpe contra o presidente HugoChvez, em abril de 2002, complicou a equao estratgica regional da administrao dopresidente George W. Bush. Chvez consolidou-se no poder e protagonizou a oposio polticae aos interesses dos Estados Unidos. E esta foi reforada, no mbito sul-americano, com aeleio do presidente Luiz Incio Lula Silva, no Brasil, Nestor Kirchner, na Argentina, EvoMorales, na Bolvia, Tabar Vzques, no Uruguai, e Rafael Correa, no Equador. Alguns maisradicais, outros mais moderados, exprimiram, de um modo ou de outro, a rejeio ao domniodos Estados Unidos, pelo menos de significativa parte da populao. A eleio desses lderes,

    apodados de populistas pelos idelogos do conservadorismo, no significa que a Amrica do Sultendeu ainda mais para a esquerda. Ela reflete o enorme desgaste da influncia dos EstadosUnidos na regio, o declnio cada vez maior do seu domnio, as tenses e incertezasrelacionadas com o processo de globalizao da economia, que os governos de Washingtontrataram de impulsionar, aps o desmoronamento da Unio Sovitica e do Bloco Socialista.

    O declnio da influncia dos Estados Unidos na Amrica do Sul, revelado pela dificuldade deimpedir a eleio ou depor governos de tendncia mais esquerda, como ocorreu nos anos 1960e 1970, foi acelerado pelo fracasso das polticas neoliberais recomendadas pelo Consenso deWashington, que ainda mais incrementaram a desigualdade de renda, na maioria dos pases,fomentaram o aumento do desemprego urbano e ampliaram a brecha social entre ricos e pobres,entre os trabalhadores mais capacitados e os demais, sem qualificao. A crise acentuou-se,particularmente, nos Estados andinos, como, e. g., Peru, Bolvia e Equador, onde 92% da

    populao manifestaram desencanto com a economia de mercado, conforme estudoapresentado ao Strategic Studies Institute do Army War College dos Estados Unidos.[57] Aspesquisas do Program on International Policy Attitudes (PIPA), realizadas conjuntamente pelo

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    Center on Policy Attitudes (COPA) e o Centro for International and Securities Studies atMaryland, University of Maryland (CISSM), em fins de 2006 e incio de 2007, mostraram tambmque a percepo dos Estados Unidos na Amrica Latina permanecia negativa e que somente 1/3dos habitantes do Brasil e do Chile criam que eles tinham influncia positiva no mundo. Osresultados ainda foram mais baixos no Mxico (12%) e Argentina (13) e em todos os pases aoposio guerra no Iraque oscilava entre 65% no Chile e 95% na Argentina.[58] E outra

    pesquisa indicou que, globalmente, o conceito sobre os Estados Unidos estava a evoluir de ruimpara pior.[59]

    Como Kissinger observara, no incio do sculo XXI, a Amrica do Sul buscava definir umaidentidade poltica prpria, o que estava a gerar uma virtual contenda entre o Brasil e os EstadosUnidos sobre o futuro do Cone Sul". [60] Esta previso o filsofo alemo George W. Hegel fizerapor volta de 1830, quando disse que a Amrica era a terra do futuro, na qual, em temposvindouros, haveria algo como uma contenda entre a do Norte e a Amrica do Sul , e onde aimportncia da Histria Universal dever manifestar-se.[61]A contenda possvel. A Amrica doSul, sob a liderana do Brasil juntamente com a Argentina e a Venezuela, est tratandorealmente de definir sua prpria identidade, diferenciada dos Estados Unidos e mesmo emoposio ao domnio dos Estados Unidos, o que se evidencia com a criao da Unio de NaesSul-Americanas (UNASUL) e do Conselho Sul-Americano de Defesa. Tais iniciativas queimplicam o desaparecimento do sistema interamericano, institudo por Washington e configuradopela Organizao dos Estados Americanos (OEA), bem como o do Tratado do Rio de Janeiro,obsoleto e denunciado pelo Mxico, e da Junta Interamericana de Defesa (JID).

    Mas o acelerado desgaste da influncia e do prestgio dos Estados Unidos na Amrica do Sul e,em geral, na Amrica Latina debilita inclusive sua estratgia global, que obedece s diretrizestraadas desde o governo de George H. W. Bush (1989 -1993), no sentido de desencorajarqualquer desafio sua preponderncia ou tentativa de reverter a ordem econmica e polticainternacionalmente estabelecida. [62]No conflito com os Estados Unidos, gerado pela tentativade incorporar a Gergia e a Ucrnia OTAN e instalar bases antimsseis na Polnia e naRepblica Tcheca, o presidente Hugo Chvez, desafiando os Estados Unidos, respaldou aRssia, que enviou a Caracas dois bombardeiros estratgicos TU-160, para a realizao deexerccios conjuntos com avies da Fora Area Venezuelana, e sinalizou que mandar tambmnavios de guerra ao Caribe, como resposta presena de navios americanos no Mar Negro. E,

    em meio ao agravamento do conflito na Bolvia, no incio de setembro de 2008, o governo de EvoMorales no apenas denunciou a Enron e a Shell, scias majoritrias dos dutos Transredes, e aAshmore Energy Internacional, de haver impulsionado o plano conspirativo contra seu governocomo considerou persona no grata o embaixador dos Estados Unidos, Philip Goldberg,acusando-o de apoiar a rebelio dos departamentos da "media-luna" contra La Paz e encorajar asecesso da Bolvia, acusao que, decerto, tinha fundamento.[63] Solidrio com Evo Morales, opresidente Hugo Chvez expulsou o embaixador dos Estados Unidos em Caracas, Patrick Duddye deu-lhe o prazo de apenas 72 horas para abandonar o pais. E a Argentina e o Brasil, por suavez, manifestaram solidariedade ao governo de Evo Morales, enfaticamente, condenaram olevante e os atos terroristas e sabotagens da oposio, no Oriente boliviano, como tentativa dedesestabilizar a ordem constitucional do pas, e deixaram claro, de modo inequvoco, que noaceitariam nem reconheceriam a secesso dos departamentos do Oriente boliviano.

    ConclusesNo h dvida de que as tenses e os conflitos na Bolvia e na Gergia se entrelaam, gerados ealimentados pela disputa das fontes de energia em que os Estados Unidos se empenharam, afim de manter seu way of life, com alto nvel de consumo e de desperdcio. Como bem observouo cientista poltico Jos Lus Fiori est em curso uma nova corrida imperialista, entre as grandespotncias, que lutam por sua segurana energtica e alimentar. A China penetra cada vez maisna frica, onde os pases da Unio Europia buscam conservar a preeminncia sobre suasantigas colnias. E a competio, como prev, Jos Lus Fiori, dever atingir a Amrica Latina,porm de forma ainda mais intensa, graas aos seus recursos de gs e petrleo, s suasgrandes reservas minerais e recursos hdricos, e sua imensa capacidade de produoalimentar, muito superior da frica. [64]

    Este aspecto econmico-comercial certamente tambm pesou na deciso americana de reativar

    a IV Frota no Atlntico Sul, com a perspectiva de que a regio se torne um dos grandes centrosprodutores de petrleo, em virtude das recentes descobertas de jazidas, na camada pr-sal nolitoral de So Paulo e que provavelmente se estendem por todo o sul at o litoral da Argentina. E

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    o envolvimento do Brasil, que mais e mais se projeta como potncia econmica e poltica, serinevitvel. o maior exportador mundial de alimentos, brevemente tornar-se- um dos maioresexportadores de petrleo, e possui grande parte do Aqfero Guarani, como das guas doAmazonas e da biodiversidade existente na regio. [65]Em tais circunstncias, o Brasil no podedeixar de reequipar e modernizar suas Foras Armadas, particularmente a Marinha de Guerra,com a construo do submarino nuclear, e adquirir mais e mais autonomia e auto-suficincia na

    produo de material blico, condio essencial para alcanar o status de grande potncia,integrando toda a Amrica do Sul. Tambm no se pode descartar a hiptese de guerra comuma potncia tecnologicamente superior ou de envolvimento do Brasil em conflito que atinja suasfronteiras e, por conseguinte, afete a sua segurana nacional, como na Bolvia, envolvendo aVenezuela. E um Estado, que necessita importar continuamente armamentos e munies, enavios para o transporte, no tem condies de enfrentar a eventualidade de uma guerra. UmaSegunda Guerra Fria foi deflagrada e envolve a Amrica do Sul, onde a penetrao dos EstadosUnidos constitui um fator de instabilidade e inquietao. O elevado grau de turbulncia interna eresistncia e oposio da maioria dos governos vontade dos Estados Unidos, denotaclaramente o desvanecimento de sua hegemonia, na regio onde antes seu fiattinha fora de lei,e repercute, profundamente, sobre sua estratgia global, no sentido de impor a Pax Americana, i.e, preservar e estender uma ordem internacional amigvel ( friendly) nossa segurana, nossaprosperidade e nossos princpios, conforme as diretrizes do Project for the New American

    Century(PNAC)[66].St. Leon (Baden-Wrttemberg), setembro de 2008.

    * Conferncia pronunciada na Escola Superior de Guerra, em 23 de setembro de 2008.

    * Luiz Alberto Moniz Bandeira cientista poltico, professor titular de histria da poltica exterior do Brasil, naUniversidade de Braslia (aposentado) e autor de mais de 20 obras, entre as quais Frmula para o caos Aderrubada de Salvador Allende (1970-1973) e Formao do Imprio Americano (Da guerra contra aEspanha guerra no Iraque), pela qual recebeu o Trofu Juca Pato, eleito pela Unio Brasileira de Escritores(UBE) Intelectual do Ano 2005.

    [1] Circular n 907. s Misses Diplomticas Brasileiras. Confidencial. A Questo do Chaco Os ttulos doscontendores., Embaixador Jos Joaquim Moniz de Arago, Secretrio-Geral do Itamaraty. Rio de Janeiro,28.8.1934. AHI Guerra do Chaco - 9(31).(45)5. Arquivo do Embaixador Moniz de Arago.

    [2] KISSINGER, Henry. Does America Need a Foreign Policy? Toward a Diplomacy for the 21st Century .Nova York: Simon & Schuster, 2001, p. 468.

    [3] Amerika ist somit das Land der Zukunft, in welchem sich in vor uns liegenden Zeiten, etwa im Streite vonNord- und Sdamerika, die weltgeschichtliche Wichtigkeit offenbaren soll. HEGEL, G.W.F. Vorlesung ber diePhilosophie der Weltgeschichte. In: Die Vernunft in der Geschichte. Hamburg: F. Meiner Verlag, 1994. Band1, p. 209.

    [4] MACKINDER, Sir Halford John. The Geographical Pivot of History, Geographical Journal, RoyalGeographical Society London, April 1904, vol. XXIII pp. 436.

    [5] The United States is practically sovereign on this continent, and its fiat is law upon the subjects to which itconfines its interposition. Nota Gr-Bretanha, 20/.06/.1895, apud KISINGER, Henry. Diplomacy. Nova York:A touchstone Book/ Simon Schuster, 1994, p. 38. Vide tambm HICKS, John D. A Short History of AmericanDemocracy. Boston: Houghton Mifflin Company-Riverside Press, 1943, p. 602. PERKINS, Dexter. A history ofthe Monroe doctrine. Boston: Little, Brown, 1963, p. 175.

    [6] MAHAN, Alfred T. The Influence of Sea Power upon History 1660-1783. Nova York: DoverPublication, Inc., 1987, p. 87.

    [7] KISSINGER, Henry. Diplomacy. Nova York: A Touchstone Book/Simon Scguster, 1994, pp. 37-38.

    [8] MACKINDER, Sir. Halford J. Britain and the Britain Seas. Oxford: At the Claredon Press, 2nd edition,1925, p. 334.

    [9] MACKINDER, Sir Halford John. Democratic Ideals and Reality. Westport Connecticut: Greenwood Press,Publisher, 1981, pp. 59-60.

    [10]ROOSEVELT, Theodore. Theodore Roosevelt. An Autobiography. Nova Yotk: A Da Capo Paperback, 1985,p. 538.

    [11]SCHIRMER, Daniel B. Republic or empire American: resistance to the Philippine war. Boston:Schenkman,p. 20.

    [12]BARBOSA, Rui V Confiana - A Doutrina Monroe: sua origem in BARBOSA, Rui. Obras Seletas - Volume

    8Fonte digital: Ministrio da Cultura Fundao Biblioteca Nacional - Departamento Nacional do Livro -http://www.bn.br/bibvirtual/acervo/

    [13]Ibid.

    http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftn67http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftn67http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftn68http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftn68http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref1http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref2http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref3http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref4http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref5http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref6http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref7http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref8http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref9http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref10http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref11http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref12http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref12http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref13http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref13http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref14http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref14http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref15http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref15http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftn67http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftn68http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref1http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref2http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref3http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref4http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref5http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref6http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref7http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref8http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref9http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref10http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref11http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref12http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref13http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref14http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref15
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    [14]The French and English texts, it was to turn out, though both of them official, were inconsistent with oneanother. One declared the Doctrine was not to be considered as incompatible with any one of the provisions ofthe present pact. The other declared the Doctrine to be not affected by the engagement of the Convenant.One subordinated the Doctrine to the Convenant; the other the Convenant to the Doctrine. Perkins, 1963, p.297.

    [15]CARVALHO, Delgado de. Histria diplomtica do Brasil. So Paulo: Ed. Nacional, 1959, p. 305. SMITH,Joseph. The cold war: 1945-1992. 2. ed. Oxford: Blackwell, 1998, pp. 30 e 31. PERKINS, Dexter. A history

    of the Monroe doctrine. Boston: Little, Brown, 1963, p.p. 296-297.[16]SCHOULTZ, Lars. Beneath the United States. A History of. U.S. Policy Toward Latin America , 1998,p. 373.

    [17]Id., ibid., p. 10.

    [18]BLACK, Jan K. Sentinels of Empire The United States and Latin American Militarism. Nova York:Greenwoodpress, 1986, p. 10.

    [19]PINHEIRO GUIMARES, Samuel. Quinhentos anos de periferia. Porto Alegre-Rio de Janeiro: Editora daUniversidade/UFRGS Editora Contraponto, 1999, p. 99.

    [20]Coronel Joseph R. Nez. A 21st Century Security Architecture For The Americas: Multilateral Cooperation,Liberal Peace, And Soft Power. August 2002

    http://www.strategicstudiesinstitute.army.mil/pubs/display.cfm?pubID=15

    [21]Secretary of State-Designate Madeleine K. Albright. Prepared statement before the Senate Foreign

    Relations Committee, as released by the Office of the Spokesman, Department of State, Washington, D.D.,January 8, 1997. http://www.secretary.state.gov/statements/970108a.html

    [22]Barshefsky statement before House Trade Panel 3/18, U.S. Information and Texts, N 011, March 20,1997, p. 42.

    [23]Samuel Pinheiro Guimares. ALCA para principiantes; Como ser a ALCA. Manuscritos.

    [24]Ibid.

    [25]O projeto do Acordo Multilateral de Investimentos (AMI) comeou a ser negociado pelos pases membrosda OCDE, secretamente, em 1995. Porm, quando o projeto se tornou pblico, as negociaes foramsuspensas, em fins de 1998, em virtude de problemas econmicos e da severa oposio que sofreu.

    [26]Statement of General Charles E. Wilhelm, commander-in-chief, U.S. Southern Command, Before theSenate Caucus on International Narcotics Control, March 23, 2000.

    [27]KISSINGER, Henry. Does America Need a Foreign Policy. Toward a Diplomacy for 21st Century.

    Nova York: Simon & Schuster, 2001, p. 136.[28]Vide MONIZ BANDEIRA, Luiz Alberto. Brasil, Argentina e Estados Unidos - Conflito e integrao naAmrica do Sul (Da Trplice Aliana ao Mercosul). Rio de Janeiro: Editora Revan, 2. ed., 2003, pp. 554-555.

    [29]PaulKrugman - Crying with Argentina. The New York Times, NY, 1.1.2002

    [30]PINHEIRO GUIMARES, Samuel. Desafios brasileiros na Era dos Gigantes. Rio de Janeiro: ContrapontoEditora, 2006, p. 282.

    [31]KISSINGER, Henry. Does America Need a Foreign Policy. Toward a Diplomacy for 21st Century.Nova York: Simon & Schuster, 2001, pp. 151-152.

    [32]Id., ibid., p. 152.

    [33]Id., ibid., pp. 152 - 163.

    [34]Id., ibid., p. 152.

    [35]PINHEIRO GUIMARES, Samuel. Quinhentos anos de periferia. Porto Alegre-Rio de Janeiro: Editora daUniversidade/UFRGS Editora Contraponto, 1999, p. 121.

    [36]Em fevereiro de 2008, o Congresso dos Estados Unidos aprovou o Andean Trade Preference Extension Act,expandindo o Andean Trade Promotion and Drug Eradication Act (ATPDEA).

    [37]Colombian military gains come at a priceLos Angeles Times. January 18, 2008. Amazon Watch.http://www.amazonwatch.org/amazon/CO/

    [38]U.S. Aid to Colombia, All Programs, 2004-2009 - Just the Facts - A civilian's guide to U.S. defense andsecurity assistance to Latin America and the Caribbean.

    http://justf.org/Country?country=Colombia - The Center for International Policy - Colombia Programa - U.S.Aid to Colombia Since 1997. http://www.ciponline.org/colombia/aidtable.htm

    [39]Bill Weinberg. Oil Makes U.S. Raise Military Stakes inColombia. November 26,2004 - Long Island, NYNewsday.

    http://www.commondreams.org/cgi-bin/print.cgi?file=/views04/1126-05.htm

    http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref16http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref16http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref17http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref17http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref18http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref18http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref19http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref19http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref20http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref20http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref21http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref21http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref22http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref22http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref23http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref23http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref24http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref24http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref25http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref25http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref26http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref26http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref27http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref27http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref28http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref28http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref29http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref29http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref30http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref30http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref31http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref31http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref32http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref32http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref33http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref33http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref34http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref34http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref35http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref35http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref36http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref36http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref37http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref37http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref38http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref38http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref39http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref39http://articles.latimes.com/2008/jan/18/http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref40http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref40http://justf.org/http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref41http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref41http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref16http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref17http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref18http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref19http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref20http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref21http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref22http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref23http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref24http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref25http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref26http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref27http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref28http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref29http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref30http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref31http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref32http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref33http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref34http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref35http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref36http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref37http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref38http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref39http://articles.latimes.com/2008/jan/18/http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref40http://justf.org/http://www.espacoacademico.com.br/089/89bandeira.htm#_ftnref41
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    [40]PINHEIRO GUIMARES, Samuel. Desafios brasileiros na era dos gigantes. Rio de Janeiro: ContrapontoEditora, p. 189.

    [41]Vide MONIZ BANDEIRA, Luiz Alberto. Formao do Imprio Americano(Da guerra contra a Espanha guerra no Iraque). Rio de Janeiro: Editora Civilizao Brasileira, 2 ed. 2006, pp. 725-727.

    [42]Id., ibid., p. 189,

    [43]The Economist, "What lies beneath -Is there really an ocean of oil off Brazil? April 16, 2008,

    http://www.economist.com/daily/news/displaystory.cfm?story_id=11043022&top_story=1Matthew Flynn United States Announces IV Fleet Resumes Operations Amid South American Suspicions -Americas Policy Program Report - Americas Policy Program, Center for International Policy (CIP) July 11, 2008.http://americas.irc-online.org/am/5362

    [44]Ivan Cairo. On Venezuela's Doorstep: US proposes military test site in Suriname. Caribbean Net NewsSuriname. October 8, 2007. http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=7022. Ivan Cairo.Suriname government sanctions testing of US army vehicle. Caribbean Net News. February 12, 2008.http://www.caribbeannetnews.com/news-5981--36-36--.html

    [45]Agencia EFE. El primer contingente de soldados de EE.UU. se instala en Ayacucho. El Comercio. Lima,13 de setiembre del 2008. Carlos Noriega. Admite Per que EE.UU. pondra una base. Pgina/12,Buenos Aires, 17 de junio de 2008.

    [46]Airman 1st Class Tracie Forte.U.S. Army aviators support humanitarian mission in Ayacucho, Peru. TaskForce New Horizons Public Affairs. Americas Air Force - http://www.12af.acc.af.mil/news/story_print.asp?id=123106116

    [47]R. Evan Ellis, Chinese Interests in Latin America: Overview and Implications for Regional Security Issues,Presentation for the Latin America Orientation Course (LAOC) Hulburt Field, FL: U.S. Air Force SpecialOperations School (USAFSOS), March 1, 2007. R. Evan Ellis. U.S. National Security Implications of ChineseInvolvement in Latin America. June 2005 Strategic Studies Institute, U.S. Army War College ISBN 1-58487-198-http://www.carlisle.army.mil/ssi

    [48]Cynthia Malta. Estatal chinesa de petrleo quer investir em gasoduto Rio-Bahia. Valor Econmico,25/05/2004. Sinopec, Brazil's Petrobras to explore deep sea oil. China Daily (Xinhua). 18/8/2004.

    [49]Step