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Inflação no Mercado Nacional 2014 Bete Almeida Paulino José Instituto Industrial e Comercial da Beira 1 Lista de Tabelas e Gráficos Páginas Lista de tabela Tabela 1: Evolução desintegrada da taxa de inflação………………………………………..16 Tabela 2: Produtos da Nova Composição Estrutural do novo IPC…………………………..19 Lista de Gráficos Gráfico 1: Evolução da taxa de inflação……………………………………...……………...15 Gráfico 2: Evolução da contribuição percentual do IPC………………………….…….……21 Gráfico 3: Comparação da Inflação verificada com a meta permanente da SADC………….22 Gráfico 4: Produtos com Maior Contribuição no IPC de Moçambique 2009……………...23

A Inflação Em Moçambique

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    Lista de Tabelas e Grficos

    Pginas

    Lista de tabela

    Tabela 1: Evoluo desintegrada da taxa de inflao..16

    Tabela 2: Produtos da Nova Composio Estrutural do novo IPC..19

    Lista de Grficos

    Grfico 1: Evoluo da taxa de inflao......15

    Grfico 2: Evoluo da contribuio percentual do IPC..21

    Grfico 3: Comparao da Inflao verificada com a meta permanente da SADC.22

    Grfico 4: Produtos com Maior Contribuio no IPC de Moambique 2009...23

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    Lista de abreviaturas

    CNP - Comisso Nacional do Plano (CNP)

    DNE - Direco Nacional de Estatstica (DNE)

    IAF -Inqurito aos Agregados Familiares (IAF)

    IPC - ndices de Preos no Consumidor (IPC)

    INE-Instituto Nacional de Estatstica (INE)

    PIB Produto Interno Bruto

    POF - Pesquisa de Oramento Familiar (POF)

    PP - Pontos Percentuais

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    Capitulo I: Introduo

    1.1 Introduo

    A inflao em Moambique, desde a fundao da primeira repblica at os dias que correm,

    tem sido uma pedra no sapato dos moambicanos. O seu processo de medio experimentou

    vrias fases, na busca de um modelo que reflecte melhor os determinantes da inflao em

    Moambique, um indicador macroeconmico que afecta a estabilidade macroeconmica do

    pas. O presente trabalho debrua-se sobre os factores da inflao no mercado nacional, os

    procedimentos que o governo tem implementado para reduzir este fenmeno. Para o estudo

    foram tomados como base de anlise as trs maiores cidades do pais que so Maputo, Beira e

    Nampula.

    Uma vez consolidado o processo de estabilidade poltica e iniciada a transio para um estado

    democrtico no pas, a estabilidade macroeconmica passou a ser a prioridade para o

    desencadeamento do incio do crescimento econmico. Na literatura econmica, estudos

    sobre a estabilidade macroeconmica tm sido associados evoluo dos preos e taxas de

    cmbios e juros. Normalmente, pases com elevadas taxas de inflao (dois dgitos)

    apresentam expectativas de crescimento reduzidas, uma vez que o rpido e contnuo

    crescimento dos preos produz efeitos negativos na projeco do crescimento. Inflao alta

    dificulta a criao de expectativas favorveis do crescimento entre os agentes econmicos,

    criando um clima de incerteza quanto ao futuro. Em um ambiente de incerteza sobre o futuro,

    verifica-se um aumento do risco dos investimentos, o que desencadeia um aumento nas taxas

    de juro. Em termos de estrutura do trabalho contem 4 (quatro) sendo:

    Captulo I: A Introduo que procura contextualizar o tema e possveis questes de

    pesquisa, bem como a sua relevncia e apresentao dos objectivos.

    Captulo II: Metodologia a ser usada para atingir os objectivos os objectivos

    definidos.

    Captulo III: Reviso de Literatura, procurando trazer as ideias e teorias gerais sobre a

    inflao; a evoluo da inflao em Moambique trazendo as motivaes da sua

    dinmica; usando a metodologia definida procurar mostrar quais tem sido os

    determinantes da inflao em Moambique; e

    Captulo IV: Baseando-se nos pontos discutidos ao longo do trabalho, este captulo

    vai mostrar as concluses do estudo, respondendo a questo de pesquisa. O captulo

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    vai, ainda, trazer breves recomendaes em termos de reduo e controlo de inflao,

    baseando-se nos seus determinantes.

    1.2 Objectivos

    1.2.1 Objectivos gerais

    O presente trabalho, tem como objectivos gerais:

    Identificar e analisar os determinantes da inflao em Moambique.

    Evoluo da inflao no mercado nacional.

    Comparao do IPC em Moambique com a meta da SADC.

    1.2.2 Objectivos especficos

    Especificamente, o trabalho tem por objectivo:

    Analisar o comportamento da inflao no mercado nacional.

    Identificar os factores que influenciam o comportamento da inflao em

    Moambique;

    Comparar o percurso da inflao como o indicador meta no contexto da integrao

    regional.

    1.3 Justificativa

    Tendo em conta que a inflao condiciona o custo de vida de cada indivduo, com o aumento

    dos preos dos produtos dai vem a causa desse trabalho tendo como o exemplo a subida dos

    preos em 2010 originando uma greve. O valor da moeda pode ser corrodo, numa situao

    de subida galopante dos preos, bem como melhorado, numa situao de reduo. Sabe-se

    que, e segundo o INE, a cesta bsica constituda por vrios itens ou produtos. Sendo assim,

    cada um tem seu papel na dinmica dos preos.

    Por outro lado, o facto de, os indicadores macroeconmicos de estabilidade serem afectados

    pela dinmica da inflao e, por conseguinte, afectar a estabilidade macroeconmica no geral,

    torna relevante e necessrio o estudo pois assim poder-se- proceder de modo a acautelar-se

    de eventual subida dos preos.

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    1.4 Formulao do Problema

    Quais os determinantes da inflao no mercado moambicano; como tem sido a

    evoluo da inflao e como o governo tem encarado essa situao?

    1.5 Hipteses

    Sabendo os determinantes ou factores da inflao o governo procura introduzir novas

    politicas para acautelar essas grandes flutuaes do nvel geral de preos nos anos

    subsequentes, como o aumento de exportaes e reduo de vrios factores que contribuem

    para a sua subida.

    1.6 Delimitao do tema

    Pretende-se com esse trabalho definir os objectivos e apresentar uma abordagem sobre a

    evoluo da inflao no mercado moambicano, quais os determinantes bem como as

    politicas implementadas para o seu controlo e as suas perspectivas. Por isso esta rea tem

    merecido uma especial ateno por parte do Governo, investigadores, empresas por afectar as

    variveis da estabilidade macroeconmica.

    1.7 Limitao do tema

    Durante a elaborao do trabalho enfrentei vrias dificuldades principalmente no que tange a

    recolha de dados para elaborao do trabalho, tais como:

    Insuficincia do material didctico;

    Falta de livros que abordam claramente sobre a situao de Moambique.

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    Capitulo II: Metodologia

    2.1 Desenho de estudo

    Tendo em conta que o objecto de estudo a anlise dos determinantes da inflao em

    Moambique, foram utilizados os mtodos de abordagem analticas que consiste na anlise

    dos indicadores macroeconmicos. Nesta abordagem, procurar-se- desintegrar os

    ponderadores nos principais indicadores de inflao em Moambique utilizados pelo Instituto

    de Nacional de Estatstica (INE) e analisar a sua dinmica (os motivos das suas flutuaes).

    2.2 Mtodo de colecta de dados ou informao

    Para o trabalho, ser usada dados secundrios como informao estatstica sobre a inflao

    para sustentar os diagnsticos e os argumentos apresentados. Maioritariamente, os dados

    sobre a inflao sero extrados de vrias publicaes do Banco de Moambique

    (essencialmente, relatrios anuais, anurios estatsticos e ainda outros documentos

    disponveis no seu website), Instituto Nacional de Estatstica (INE) e, ainda, outros dados

    sero extrados de algumas obras de autores que discutem a inflao em Moambique, como

    Mosca (2005) e Carsane (2005).

    2.2.1 Durao do levantamento dos dados

    Para a realizao do trabalho mediante o mtodo utilizado foi necessrio um perodo de 15

    dias para o levantamento de dados.

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    Captulo III: Enquadramento terico.

    3.1 Noes gerais

    O processo inflacionrio no mundo tornou-se um assunto to amplamente debatido, nos

    meios poltico e acadmico, que todos intervenientes neles se julgam capazes de defini-lo e

    de apresentar solues para cont-lo, sem ao menos tentar estud-lo, para que dessa maneira

    se possa expressar uma opinio precisa sobre um problema de tal complexidade, que at entre

    os grandes estudiosos provoca divergncias.

    Segundo Moran e Witte (2003), a inflao, pelo menos ao nvel do senso comum, no conduz

    a controvrsias ou a pontos de vista exageradamente distanciados entre si. Mas devido sua

    complexidade e seus mltiplos reflexos nas polticas sociais e econmicas, h que buscar

    definies mais precisas a respeito de seu conceito.

    Embora amplamente aceitos, esses conceitos so passveis de uma srie de observaes

    complementares, destinadas a revelar, com maior rigor, a essncia, a natureza e algumas

    caractersticas especiais dos processos inflacionrios. Assim, as observaes que parecem

    pertinentes dizem respeito natureza do fenmeno, magnitude da taxa de elevao dos

    preos, dimenso do factor tempo, ao carcter dinmico do processo, a abrangncia do

    fenmeno, aos factores exgenos e os mecanismos repressores. Alm de se buscar uma

    definio mais precisa para a palavra inflao, tambm deve-se dedicar a estudar os tipos de

    inflao que podem ser inflao de demanda, quando existe um excesso de moeda em relao

    aos bens e servios disponveis; de custos, quando ocorre por uma elevao salarial, expanso

    dos custos de matria-prima e pela elevao dos lucros; estruturalista, quando ocorre a

    inflao que se apoia em factores estruturais bsicos, de razes mais profundas que as de

    factores meramente circunstanciais ou causais. Ainda temos a inflao inercial, que ocorre

    devido ao efeito das expectativas inflacionrias que podem ser do tipo adaptativo ou racional.

    A necessidade de uma definio mais precisa do que inflao, sugere realizar estudos para

    poder-se procurar solues em um consenso cientfico homogneo.

    Pretende-se inicialmente, com o presente captulo, discutir os conceitos sobre inflao e quais

    os tipos existentes e a seguir, determinar quais so seus efeitos sobre as poltica econmicas

    seguidas pelos diferentes governos. Assim, o objectivo fundamental desta fase de pesquisa,

    consiste na definio do que inflao e quais so as suas causas, seguindo algumas das

    definies revistas ao longo do trabalho.

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    3.2 Conceitos de Inflao

    Existem vrias definies a respeito da inflao mas a mais simples e clara define-a como a

    elevao contnua do nvel de preos, isto , uma taxa contnua de crescimento dos preos

    num perodo determinado, (Moran e Witte, 2003).

    Deve ficar com isto claro que um aumento de preos, por uma nica vez, no pode ser

    considerado inflao. Precisa-se de um aumento contnuo, mesmo que este no seja de igual

    magnitude ao longo do tempo. Este constitui o conceito bsico do presente trabalho. Segundo

    Coscione, 2007, a inflao uma medida do equilbrio macroeconmico geral entre a procura

    e a oferta e uma baixa taxa de inflao considerada benfica, visto que evita distores na

    distribuio das receitas.

    Assim, a taxa de inflao mede a variao do nvel geral de preos na economia. Mudanas

    na taxa de inflao no modelo tm dois efeitos que se contrapem. Por um lado, uma

    elevao da taxa de inflao aumenta o servio da dvida, na medida em que se propaga

    correco monetria, contribuindo para uma reduo dos gastos do governo e da renda em

    termos reais para uma dada meta da proporo entre o deficit pblico e o PIB. Por outro lado,

    o valor real do stock da dvida pblica acumulada no final do perodo anterior, sobre a qual

    incide o servio se reduz, contribuindo para uma expanso dos gastos do governo e renda.

    3.3 Tipos de Inflao

    3.3.1 Inflao de Custos

    De acordo com Netto e Modiano, (2005), o tratamento terico da inflao de custos, embora

    se reconhea que a persistncia e propagao de qualquer inflao dependa, em ltima

    instncia, da expanso monetria, admite que as causas iniciais do processo se encontram no

    mbito da oferta agregada, cujos deslocamentos resultam de mudanas nos salrios, nos

    custos de matrias-primas ou na tentativa de aumentar os lucros. A inflao de custos,

    originada em aumentos reais das taxas salariais, pressupe que estas, em virtude de presses

    sindicais, incorporem reajustes superiores eventual expanso dos ndices de custo de vida,

    adicionados de aumentos reais superiores estimativa dos acrscimos da produtividade da

    mo-de-obra. A existncia de presses que resultam em elevaes salariais desse tipo , em

    geral, decorrente de negociaes colectivas conduzidas por sindicatos organizados e

    poderosos.

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    Ainda segundo Netto e Modiano (2005), existe um segundo tipo de inflao de custos,

    prpria de economias que tm problemas de recesso e problemas na distribuio da

    produo. A especialmente gerada em condies de recesso explicada por uma presso

    cada vez maior dos custos mdios, tanto fixos como variveis sobre o custo total que faz com

    que o preo tenha de ser maior do que o preo de mercado em condies normais de

    concorrncia.

    Outro factor que determina a inflao um aumento da margem de lucro, pois esse implicar

    a elevao do nvel geral de preos (Netto e Modiano, 2005). Essa variante da inflao de

    custos pressupe para a indstria de onde se originou uma estrutura de mercado

    imperfeitamente competitiva, oligopolista ou monopolista.

    Generalizando, pode-se dizer que a concorrncia um obstculo ocorrncia da inflao de

    custos, originrios da alterao para mais do lucro. Um de seus mais importantes pr-

    requisitos a existncia de estruturas de mercado imperfeitamente competitivas.

    3.3.2 Inflao Inercial

    O conceito da inflao inercial foi desenvolvida no Brasil como uma resposta analtica

    acelerao da inflao nos anos 70 tendo como pano de fundo o debate sobre a relevncia da

    Curva de Phillips para a economia brasileira. Segundo Netto e Modiano (2005), no se deve

    perder de vista o facto de que a taxa de inflao em dado momento est fortemente

    relacionada as taxas de inflao no passado.

    Em outros termos, a inflao possui um elevado componente de auto-sustentao ao

    relacionamento automtico. De acordo com (Netto e Modiano, 2005), a literatura

    macroeconmica convencional costuma atribuir o carcter auto regressivo da taxa de inflao

    as expectativas inflacionrias.

    As primeiras interpretaes em relao s expectativas inflacionrias baseiam-se num

    processo adaptativo, atravs do qual a inflao de hoje determinada como uma mdia

    ponderada de valores passados. Assim, considera-se que as Expectativas Adaptativas

    garantem a sustentao de um processo inflacionrio porque os agentes econmicos utilizam

    a informao sobre os seus erros de predio no passado para revisar a expectativa do perodo

    presente.

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    A respeito disso, essas concepes foram objecto de drstica reviso, pois se os agentes

    econmicos formam suas expectativas de forma adaptativa, ento podem ter erros

    sistemticos e subestimar a taxa de inflao por vrios perodos, at incorporar informaes

    suficientes de modo a revisar a expectativa actual. Onde h um crculo vicioso de elevao

    de preos, taxas e contratos, com base em ndices de inflao passados. Este taxa de inflao

    de inrcia incorporada tenda a persistir ate que um choque cause a sua variao para cima ou

    para baixo.

    3.4 Contexto histrico da inflao em Moambique e sua evoluo.

    De acordo com (Carsane, 2005), o ndice de Preo ao Consumidor (IPC), em Moambique,

    foi introduzido em 1989 como uma primeira tentativa de estimar a inflao. O seu clculo era

    produzido pela Direco Nacional de Estatstica (DNE) que estava integrada na Comisso

    Nacional do Plano (CNP) e era baseado numa pesquisa de despesas familiares da cidade de

    Maputo, e cobria inicialmente cerca 1060 produtos, cujos pesos no IPC tinham sido definidos

    por uma pesquisa de despesas familiares realizada em 1984. Era altamente dependente dos

    preos de alguns poucos produtos alimentares bsicos, especialmente pelos preos de tomate

    e repolho que juntos correspondiam a 10% do IPC.

    E, ainda, neste perodo, os produtos alimentares dominavam o IPC, representando um peso de

    74% da cesta do consumo do ndice, com fruta, vegetais e verduras a representarem um peso

    de 22%.

    Consequentemente, variaes neste ndice eram determinadas por factores que afectassem os

    preos dos produtos alimentares como o nvel de produo domstica, condies climatricas

    no pas e pela importao de preos praticados na frica do Sul.

    Dada a importncia de importaes de produtos da frica do Sul na oferta de produtos

    alimentares no mercado moambicano, as variaes de taxa de cmbios entre os dois pases

    determinava importantes variaes no IPC (Banco de Moambique, 2007). As condies

    climticas do Pas desempenhavam um papel importante na determinao do IPC uma vez

    que a agricultura era dependente das condies naturais do clima. Por outro lado, o nvel de

    produo domstica indicava abundncia ou escassez do produto no mercado moambicano,

    o que levava a grandes oscilaes nos seus preos e, consequentemente, grandes variaes no

    IPC. Este IPC foi o indicador de estimao da inflao em Moambique, at 1995.

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    Em Dezembro de 1995, o Instituto Nacional de Estatstica (ex-DNE) comeou a produzir um

    ndice de preos ao consumidor alternativo, com uma srie de Melhorias nos seus

    componentes e pesos da cesta de produtos que na poca representavam melhor a realidade os

    gastos do consumidor moambicano. Assim, este IPC tornou-se o indicador oficial no Pas

    em Janeiro de 1997, e a partir deste ano, a inflao passou ser indicada pelas suas variaes.

    Inicialmente, este IPC era calculado considerando Dezembro de 1994 como perodo base. Os

    valores anteriores ao perodo base foram obtidos usando as taxas de crescimento do IPC

    anterior. Em Fevereiro de 2000, o INE comeou a produzir um novo IPC com Dezembro de

    1998 como seu perodo base. Neste novo indicador, foram actualizados os ponderadores das

    classes dos bens e a cesta de produtos componentes do ndice como resultado do Inqurito

    dos Agregados Alimentares (IAF), ora introduzido como forma de fazer o acompanhamento

    do nvel de pobreza, realizado entre 1996 e 1997. Similarmente, os valores deste novo IPC

    anteriores Dezembro de 1998 foram obtidos atravs das taxas de crescimento do anterior

    IPC.

    O IPC produzido pelo INE abrangeu, numa primeira fase, a cidade de Maputo e era tomado

    como indicador de inflao no Pas. Posteriormente, em 2000, o clculo do IPC foi alargado

    aos dois maiores centros urbanos do pas, depois da cidade de Maputo, nomeadamente cidade

    da Beira e Nampula, e o indicador passou denominar-se por MaBeNa.

    A seleco destas cidades seguiu o critrio de serem os maiores plos econmicos e

    populacionais da regio Sul (cidade de Maputo), Centro (cidade da Beira) e Norte do pas

    (cidade de Nampula). As populaes das trs urbes representavam, agregadamente, 11% da

    populao total do pas e 37% da populao urbana do pas.

    Segundo (Mishkin, 1999), o regime de metas de inflao uma das alternativas que as

    autoridades de um pas tm para seguir em termos de poltica monetria e que inclui os

    enfoques baseados em: a) ncoras cambiais, como na Argentina; b) metas monetrias, como

    na Alemanha antes do euro; ou em c) metas de inflao implcitas, como muitos entendem

    que seja o regime de poltica monetria dos Estados Unidos.

    O reconhecimento dessas dificuldades alimentou em muitos pases a popularidade da ncora

    cambial como alternativa de poltica anti-inflacionria. O benefcio deste mecanismo para

    esse fim, especialmente no curto prazo, foi testado diversas vezes com xito. Entretanto, a

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    teoria tambm sugere que esse tipo de mecanismo implica uma srie de problemas de mdio

    e longos prazos ligados

    maior dificuldade dos pases de se ajustarem frente a problemas externos;

    Acarretar, de praticar taxas de juros elevadas na defesa da poltica cambial; e

    vulnerabilidade a ataques especulativos. Os problemas observados para conservar

    as paridades cambiais na crise do sistema monetrio europeu de 1992 com a sada

    provisria, entre outros, da libra do mecanismo da serpente e as sucessivas crises

    (e desvalorizaes) que ocorreram durante 1997/1999 em diversas economias

    emergentes aps a crise do Sudeste Asitico de 1997, mostraram que as questes

    apontadas pela teoria estavam se verificando na prtica, reduzindo muito o apelo das

    polticas de cmbio fixo ou semi-fixo.

    Face aos problemas acumulados com as tentativas de controlo monetrio e conhecidos os

    nus da ancoragem cambial, a opo pelo sistema de metas de inflao tornou-se uma

    consequncia natural da frustrao com as demais alternativas de poltica monetria

    (Giambiagi e Carvalho, 2001). A dvida se mais recomendvel perseguir metas no

    anunciadas de inflao ou fazer isso de modo explcito.

    A primeira alternativa tem a vantagem, do ponto de vista das autoridades, de no limitar

    muito a sua margem de manobra. No velho dilema entre regras e discrecionalidade, ela

    representa o reconhecimento das vantagens desta ltima e de no se prender a uma estratgia

    especfica, sem prejuzo da busca de certos objectivos de longo prazo no anunciados, arte

    essa que Alan Greenspan exercitara com rara maestria.

    Entretanto, como salienta Mishkin (2000), a estratgia de cumprimento sem explicitao,

    ou just do it, sem a institucionalizao do sistema de metas, alm de ser pouco transparente,

    torna o xito da poltica de combate alta de preos excessivamente dependente da

    habilidade e do comprometimento das autoridades da poca em lidar com as presses

    inflacionrias, sem oferecer, portanto, garantias de continuidade do xito da estratgia, em

    caso de mudana de nomes por ocasio da troca de comando no Banco Central.

    Em funo desse tipo de consideraes, diversos pases seguiram, nos anos 1990, polticas de

    combate inflao baseadas na adopo de metas de inflao. Resumidamente, tal sistema:

    Permite que a poltica monetria se concentre na busca prioritria de um certo nvel de

    inflao; e

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    Possibilita uma avaliao clara do desempenho da poltica monetria, por meio da

    comparao entre a meta e a inflao observada.

    O sistema em questo baseia-se na definio de uma meta explcita para a variao dos

    preos por parte das autoridades e na atribuio de uma responsabilidade formal ao Banco

    Central pelo alcance do resultado desejado. De um modo geral, a experincia internacional

    desde que a modalidade foi adoptada em diversos pases foi bastante positiva, sendo

    acompanhada por uma queda da inflao em relao aos nveis iniciais e por sua estabilizao

    em nveis baixos, uma vez atingido o objectivo de convergncia com a inflao dos pases

    mais avanados.

    Para o caso de Moambique, o regime de metas de inflao adoptado em 2000, no qual se

    fixa um nvel de inflao para um dgito, tem sido bem sucedido, embora a taxa de inflao

    oficial do ndice de preos ao consumidor, IPC MaBeNa, tenha sido ligeiramente superior a

    meta, ela situou-se dentro do intervalo de tolerncia do Governo. Este regime de metas de

    inflao tem sido misto, com enfoques em ncoras cambiais devido grande dependncia das

    importaes de produtos alimentares da frica do Sul e metas monetrias, atravs das

    polticas monetrias do Banco Central para conter e/ou manter a estabilidade do metical e,

    consequentemente, macroeconmica.

    3.5 Evoluo da inflao em Moambique e seus determinantes

    A estabilidade de preos o principal objectivo do Banco Central. Desde os meados da

    dcada de 90, o Banco de Moambique conseguiu conter a inflao, embora ainda tivessem

    ocorrido picos inflacionrios devidos, parcialmente, a choques externos. O Banco Central

    afastou-se dos instrumentos de controlo directo dos agregados monetrios, tais como limites

    ao crdito, em direco a instrumentos indirectos, e a poltica monetria agora mais

    sofisticada e eficaz (Relatrio Anual, 2000).

    A taxa de inflao subiu drasticamente de 1999 para 2001 devido turbulncia nos mercados

    financeiros, causada pela quase falncia dos dois maiores bancos (Banco Austral e Banco

    Comercial) e pelas cheias em 2000. Desde ento, a inflao tem demonstrado uma tendncia

    de desacelerao com flutuaes anuais. Contudo, a amplitude das flutuaes parece diminuir

    em resultado de polticas monetrias mais eficientes.

    De referir que, segundo Relatrio Anual (2003), no perodo de 2000 a 2002, a taxa de

    inflao foi afectada principalmente, pelos seguintes factores:

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    Inflao importada, reflectida na elevada depreciao do Metical contra o Rand

    (28.7% em termos de variao anual);

    Agravamento das condies de circulao Norte-Centro-Sul, ditado pela deteriorao

    das infra-estruturas (estradas e pontes). A Cidade de Maputo abastecida de Milho,

    Amendoim e Feijo, pela produo do centro e norte do Pas e tambm pelas

    importaes provenientes da frica do Sul e da Suazilndia;

    Aumento do preo do petrleo bruto no mercado internacional, o preo dos

    combustveis lquidos incrementou a nvel interno, facto que determinou o

    ajustamento da tarifa de transporte; e

    Diminuio da oferta, em face da paralisao das fbricas de Xinavane e Maragra em

    consequncia das cheias e inundaes, aliado ao maior controlo alfandegrio e a

    subida do preo no mercado internacional.

    Para alm dos factores acima mencionados, de referir que a liquidez do sistema acelerou no

    ltimo trimestre de 2002, a medir pelo crescimento anual da Base Monetria em 22%, dos

    quais, 15% em Dezembro, enquanto o agregado Massa Monetria expandiu 6.1% apenas no

    ms de Dezembro (Banco de Moambique, 2003). Este comportamento foi ditado, em grande

    medida, pela excessiva concentrao dos desembolsos de ajuda externa para apoio ao

    Oramento do Estado no final do ano, o que fez com que houvesse concentrao de despesa

    pblica (regularizao de salrios em atraso, liquidao de fornecedores) no ltimo trimestre

    do ano. Ademais, a eliminao do chamado perodo complementar na execuo

    oramental, ditada pela entrada em vigor da Conta nica, tambm contribuiu para que a

    liquidez do sistema tivesse um comportamento atpico em finais de 2003. Na componente dos

    bens no alimentares, de salientar o agravamento dos preos do Petrleo de iluminao:

    37.5%, Gasolina: 48.1%, Tarifa de gua: 15% e Energia elctrica: 48.1%.

    Apesar destas variaes, ponderadas aos respectivos pesos, representarem uma contribuio

    directa de 1 por cento na inflao total, elas tm um forte impacto na cadeia dos custos de

    produo de diversos bens e servios, afectando deste modo os seus preos.

    No geral, os cereais importados como o arroz e milho branco, aliados a outros produtos

    igualmente importados tiveram uma contribuio significativa para a inflao em 2005 ilustra

    a tabela abaixo, se comparados com os demais produtos de produo interna.

  • Inflao no Mercado Nacional 2014

    Bete Almeida Paulino Jos Instituto Industrial e Comercial da Beira 15

    A explorao das vantagens naturais que o pas tem para produzir tais cereais deve ser re-

    equacionada para fazer face aos problemas que a importao tem causado, em termos de

    inflao e desgaste de divisas.

    Grfico 1: Evoluo da taxa de inflao

    Fonte: INE, disponvel em www.ine.gov.mz

    O grfico acima mostra a evoluo da inflao onde que nos anos 2002, 2004, 2006 e 2009

    atingiu um dgito que bom para uma economia ou houve uma diminuio na taxa de

    inflao tendo aumentado nos anos 2000, 2001, 2003, 2005, 2007 e 2008 tendo uma inflao

    de dois dgitos ou inflao galopante.

    Por outro lado, nota-se a influncia da taxa de cmbios na dinmica da inflao, a mesma que

    se captada, principalmente, via produtos alimentares, dado que grande parte destes (tomate,

    batata, cebola, etc) so adquiridos nos pases vizinhos, com particular destaque na Africa do

    Sul. Na componente de bens no alimentares, a dinmica da inflao grandemente afectada

    pela variao do preo do petrleo no mercado internacional, que por sua vez, afectou o

    preo do petrleo de iluminao e a gasolina e o gasleo, incrementando em 37.5% e 48.1%,

    respectivamente.

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

    %

    Taxa de inflao

  • Inflao no Mercado Nacional 2014

    Bete Almeida Paulino Jos Instituto Industrial e Comercial da Beira 16

    Tabela 1: Evoluo desintegrada da taxa de inflao (2000-2009)

    Ano IPC Bens Alimentares

    IPC Bens No Alimentares Taxa de inflao

    Variao da

    inflao

    2000 --- --- 11.40 --

    2001 --- --- 21.90 92

    2002 8,4 --- 9.10 -58

    2003 15,6 11,1 13.80 52

    2004 6,8 12,8 9.10 34

    2005 14,8 12,7 14.00 54

    2006 10,37 9,38 9.40 33

    2007 7,4 2,8 10.30 10

    2008 4,3 1,7 11.67 13

    2009 3,7 0,3 3.69 -68

    A depreciao do Metical, na ordem dos 28% em relao ao USD e 9% face ao Rand e o

    aumento dos preos de combustveis em 2005, assumiram papel preponderante na acelerao

    dos custos de importao e de transporte (impacto directo), assim como no comportamento

    dos preos de habitao e servios (impacto indirecto). Por outro lado, uma maior procura de

    cereais importados para fazer face estiagem que se verificou nas principais zonas

    produtoras do pas, reflecte uma quebra na produo domstica de produtos alimentares em

    2005, com impacto na inflao.

    Mas, de referir que, o perodo de 2005 a 2008 representou uma desacelerao, dado que em

    2005 a inflao situou-se em 14%, mas em 2006 passou para 9.4%, registando aumento, no

    ano, seguinte para 10.30%, voltando a subir em 2008, para uma taxa de 11.67%. Dentre os

    principais factores por detrs da subida dos preos de 2006 a 2008 destacam-se (Banco de

    Moambique, 2009):

    A estiagem que afectou algumas regies do pas nos finais de 2005, fazendo com que

    a produo e a oferta de cereais e oleaginosas reduzissem no primeiro trimestre de

    2006, seguida de inundaes dos campos produtores de hortcolas na cintura verde da

    Cidade de Maputo em princpios do ano. Aos problemas climatricos associou-se a

    virose de tomate que afectou a produo em Chkwe, zona que se destaca no

    abastecimento deste produto Cidade de Maputo;

    O agravamento dos preos de alguns produtos alimentares na frica do Sul, com peso

    importante no cabaz do IPC da Cidade de Maputo. O IPC dos produtos alimentares na

  • Inflao no Mercado Nacional 2014

    Bete Almeida Paulino Jos Instituto Industrial e Comercial da Beira 17

    frica do Sul registou um incremento de 5.5% nos primeiros quatro meses de 2006 e

    um acumulado de 8.1% no ano;

    O efeito desfasado da depreciao do metical entre Outubro e meados de Novembro

    de 2005, associado a instabilidade cambial nos primeiros dois meses de 2006 onde o

    metical perdeu 11% e 14% em relao ao USD e ZAR, respectivamente, usando os

    cmbios mdios das transaces entre os bancos e o pblico, com impacto no preo

    de produtos importados como arroz, carapau, petrleo e seus derivados e farinceos

    de trigo. Os preos da lenha e do carvo vegetal, por arrasto, acompanharam o

    movimento do gs natural, derivado do petrleo, por serem produtos sucedneos para

    muitos residentes da Cidade de Maputo;

    A natureza especulativa da fixao dos preos nos dois ltimos meses do ano - ainda

    que mais moderada - no contexto do aumento da procura de produtos alimentares e

    bebidas durante a quadra festiva. A inflao mensal de Dezembro foi de 2.07%, a

    segunda mais baixa dos ltimos seis anos. O incremento do preo internacional do

    petrleo de acordo com os dados da Reuters, o preo mdio do petrleo ao cotar-se

    em 91.45 USD/barril em Dezembro de 2007, registou um agravamento de 48%,

    variao com impacto directo e indirecto nos custos de produo e nas despesas das

    famlias, particularmente as relativas ao transporte.

    Observando o grfico 1, nota-se que no perodo de 2008 a 2009 houve uma reduo da

    acelerao dos preos. Tal, e ainda segundo relatrio do anual Banco de Moambique (2008),

    deveu-se aos seguintes factores:

    I. Impacto da Crise financeira internacional: A reduo dos preos das princpais

    mercadorias no mercado internacional na segunda metade do ano em anlise, em

    resultado da queda da procura por estes produtos nas maiores economias do mundo,

    contribuiu para o decrscimo dos preos domsticos na parte final do ano, tanto dos

    destas mercadorias, como dos de outras por estas influenciadas;

    II. Abrandamento dos preos dos bens alimentares: No obstante o aumento do preo

    mdio do arroz no mercado internacional em 45.7% para USD 550.75 ton/mtricas no

    fecho de Dezembro de 2008, o trigo e o milho viram os seus preos decrescerem em

    termos anuais em 40.3% e 12.3%, para USD 368.6 ton/mtricas e USD 180.3

    ton/mtricas, respectivamente, em Dezembro de 2008 face ao perodo homlogo;

    III. Reduo do preo internacional do petrleo: Aps o preo mdio mensal registar

    um agravamento anual de 31.0% at Julho, ms em que se estabeleceu novo mximo

  • Inflao no Mercado Nacional 2014

    Bete Almeida Paulino Jos Instituto Industrial e Comercial da Beira 18

    histrico de USD 147/barril, o preo mdio do barril de petrleo observou um forte

    decrscimo, tendo-se cotado em 41.58 USD/barril em Dezembro de 2008,

    correspondente uma variao anual de 54.5%; e

    IV. Evoluo favorvel do nvel geral de preos na RSA: a inflao anual observou um

    avano de 7.1% em Dezembro de 2007 para 13.7% em Agosto de 2008, seguindo-se

    depois uma desacelerao para 9.5% em Dezembro de 2008.

    No entanto, h que referir que, a variao anual da taxa de inflao mostrou-se declinante o

    que reflectiu-se na prpria taxa de inflao anual, que tm vindo a declinar (por exemplo, de

    acordo com a tabela no incio da srie em estudo, 2000, a mesma situava-se em 11.4%, e no

    ano seguinte, 2001, 21.9%;mas, em 2004 registou uma cifra de 9.1% e no fim da srie, 2009,

    3.69%.

    Segundo a anlise efectuada pode-se notar que a taxa de inflao esteve, ao longo do perodo

    em estudo, acima do valor estabelecido como meta de convergncia macroeconmica, que

    de um dgito, tendo se situado a acima de 10%.

    3.6 Perspectivas da inflao

    Segundo o Relatrio Anual do Banco do Moambique 2005, para fazer a projeco futura do

    comportamento da inflao em Moambique e, por conseguinte, a possibilidade atingir os 5%

    estabelecidos como meta de convergncia macroeconmica para 2012, importa analisar a

    prpria estrutura do ndice de Preo ao Consumidor para ver, o que futuramente pode

    contribuir para o seu comportamento.

    O Instituto Nacional de Estatstica (INE) passou a publicar, a partir de Janeiro de 2006,

    ndices de Preos no Consumidor (IPC) nas Cidades de Maputo, Beira e Nampula e o ndice

    agregado para as trs cidades, que tem por base os resultados do Inqurito aos Agregados

    Familiares (IAF) realizado entre Julho de 2002 e Junho de 2003, passando a designar-se IPC

    de base 2004. Os resultados do IAF ditaram alteraes substanciais no nmero e tipo de

    produtos que compem os cabazes dos IPC das diferentes Cidades e no ndice agregado,

    reflectindo mudanas no perfil das despesas das famlias, relativamente a 1996/7, quando se

    realizou o anterior inqurito que serviu de base para os IPC, utilizados at Dezembro de

    2005. Assim, os ponderadores dos diferentes produtos, e os pesos relativos no total do ndice

    sofreram ajustamentos.

  • Inflao no Mercado Nacional 2014

    Bete Almeida Paulino Jos Instituto Industrial e Comercial da Beira 19

    No IPC da Cidade de Maputo, indicador usado para o clculo da inflao oficial em

    Moambique, as principais alteraes operadas foram:

    Aumento de nmero de bens e Servios, de 208 para 236 ou seja mais 28;

    Reduo do peso (ponderador) da classe de Alimentao e Bebidas no Alcolicas em

    cerca de 10 pontos percentuais, passando para 51.85%;

    Aumento do peso da classe de transportes em 7.32 pontos percentuais, passando para

    10.15%, reflectindo o aumento do peso do transporte semi-colectivo em 4.1 pontos

    percentuais, assim como a incluso de novos bens e servios, com destaque para

    compra de veculos automveis;

    Aumento do peso da Habitao, gua, Electricidade, Gs e outros Combustveis, de

    12.17% para 13.26%;

    A Sade e Educao aumentaram o seu peso em 0.8pp e 0.38pp, respectivamente,

    passando para 3.28% e 1.01%, reflectindo a incluso de servios prestados pelo sector

    privado, que tem estado acrescer consideravelmente, nos ltimos anos;

    Uma maior desagregao dos produtos por classes, ao passar de 7 para 12 classes. O

    peso da classe de bens e servios diversos reduziu para 1.53%, aps 4.78% no cabaz

    anterior;

    Tabela 2: Produtos da Nova Composio Estrutural do novo IPC

    Designao IAF 2003/04 IAF 1996/7 Var (%)

    Alimentao e Bebidas no Alcolicas 51.85 62.4 -10.6

    Bebidas Alcolicas, Tabaco e Narcticos 2.13 1.06 1.1

    Vesturio e Calado 4.69 4.62 0.1

    Habitao, gua, Electricidade, Gs e

    outros Combustveis

    13.26 12.17 1.1

    Mobilirio, Art. de Decorao, Equipamento

    Domstico e Manuteno Corr. de Habitao

    5.39 4.79 0.6

    Sade 3.28 2.46 0.8

    Transportes 10.15 2.83 7.3

    Comunicaes 2.4 1.8 0.6

    Lazer, Recreao e Cultura 2.71 2.12 0.6

    Educao 1.01 0.63 0.4

    Restaurantes Hotis e Similares 1.6 0.34 1.3

    Bens e Servios Diversos 1.53 4.78 -3.3

    Total 100.0 100.0 0

    Fonte: Relatrio Anual de Banco de Moambique 2005.

    A nova estrutura do IPC aproxima-se a dos pases da regio da SADC (8 pases possuem um

    peso mdio da classe de Alimentao de cerca de 40%, enquanto que a frica do Sul o peso

    de 22% para a classe de Alimentao e bebidas no Alcolicas). Ainda assim, Moambique

  • Inflao no Mercado Nacional 2014

    Bete Almeida Paulino Jos Instituto Industrial e Comercial da Beira 20

    situa-se acima da mdia da SADC, muito embora o peso desta classe tenha reduzido 10

    pontos percentuais em cinco anos. Nos pases com nveis de desenvolvimento mais elevados,

    as despesas com o consumo de bens alimentares e bebidas tendem a reduzir, a favor das

    outras classes, como bens durveis, educao, sade, entre outros (Banco de Moambique,

    2003).

    A estrutura do novo cabaz e ponderadores do IPC poder ter algumas implicaes do ponto

    de vista de impacto dos diferentes factores sobre a inflao acumulada. E, ainda, analisando

    essa estrutura apresentada na tabela 2, pode-se ter o ponto de partida para a anlise da

    inflao em Moambique. A mesma estrutura mostra que o peso da alimentao, bebidas e

    tabaco continua com maior peso, apesar da sua reduo, seguido pela habitao e

    conforto e transportes e comunicaes, conforme a tabela 2.

    Analisando a contribuio inflao (tendo como o seu indicador o IPC) entre os dois

    principais itens (alimentao, bebidas e tabaco e habitao e conforto e transportes e

    comunicaes), pode-se verificar a componente de Bens Alimentares apresentou uma maior

    contribuio ao IPC, com uma mdia anual de 8.92%, enquanto os Bens No-Alimentares

    teve uma contribuio mdia anual de 7.25% (observe a tabela 2), numa situao em que a

    primeira componente (Bens Alimentares) tem maior peso no IPC. Isto mostra que a inflao

    em Moambique pode ser estabilizada com medidas que melhorem o desempenho da classe

    dos Bens Alimentares, quer em termos de oferta ou distribuio dos produtos.

    Esta situao confirmada atravs da anlise grfica (grfico 2), que mostra que, de facto, os

    bens alimentares tm tido maior contribuio no IPC. As causas dessa situao j foram

    apresentadas na seco I (Evoluo da inflao em Moambique, 2000-2009).

  • Inflao no Mercado Nacional 2014

    Bete Almeida Paulino Jos Instituto Industrial e Comercial da Beira 21

    Grfico 2: Evoluo da contribuio percentual ao IPC

    Fonte: Relatrios Anuais do Banco de Moambique (2000-2009).

    Portanto, para a determinao da inflao, por um lado, esto os factores que afectam a

    disponibilidade dos bens alimentares e No-Alimentares (particular incidncia nos

    primeiros), e por outro lado, est o peso que cada um dos grupos dos bens tem na ponderao

    do IPC, como medida da inflao. A questo que surge: sero esses factores permanentes ou

    transitrios? Tendo em conta caractersticas, razes da sua procura e oferta, bem como a

    dinmica da sua procura, segundo a anlise feita, pode-se dizer que:

    i. Para os Bens alimentares os choques so transitrios, uma vez que dependem da

    disponibilidade do produto que muitas vezes afectada com as condies climatricas

    (escassez ou abundncia das precipitaes), a crescente procura na quadra festiva e a

    taxa de cmbio para os bens alimentares importados.

    ii. Para os bens No-alimentares os choques so permanentes dado que perduram por um

    longo perodo afectados pelas condies de oferta. O preo do barril do petrleo, a sua

    variao pode se fazer sentir em mais de seis meses porque as condies de

    importao de stocks so por perodos longos, diferentemente dos bens alimentares.

    Por outro lado, os efeitos da maioria dos bens no alimentares, como o petrleo no podem

    ser mitigados interna e imediatamente, diferentemente dos bens alimentares que o pas pode

    produzir e o seu ciclo de vida no longo.

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    2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

    Contribuio percentual ao IPC

    Bens alimentares

    Bens No alimentares

  • Inflao no Mercado Nacional 2014

    Bete Almeida Paulino Jos Instituto Industrial e Comercial da Beira 22

    Esta diferena nos choques das flutuaes dos preos da classe dos Bens Alimentares e No-

    Alimentares encontra-se, tambm, nas medidas: a primeira classe de bens, segundo o que se

    tem verificado em Moambique, pode ser mitigado a curto mdio prazos devido o seu modo

    de produo e ciclo de vida, enquanto os bens no-alimentares necessitam de estudos de

    viabilidade que de per si, levam no mnimo 1 ano. Isto vale dizer que, a componente de classe

    de bens alimentares continuar a determinar em grande medida o comportamento da inflao.

    Dado isto, esto, tambm, os cenrios que se desenham sobre o comportamento da inflao

    nos prximos anos.

    E, ainda, no quadro das metas de inflao permanentes na SADC, no contexto de integrao

    regional, verifica-se que a taxa de inflao de Moambique tem sido superior a taxa

    estabelecida, caindo da zona de tolerncia (1%), como se pode verificar no grfico 3, abaixo.

    Grfico 3: Comparao da inflao verificada com a meta da SADC

    Fonte: INE, disponvel em www.ine.gov.mz

    Esta previso, coloca a inflao fora dos limites no quadro da convergncia macroeconmica,

    dado que nele, a inflao tem um limite fixado de 5% para 2012. Por outro lado, o facto de,

    uma parte da inflao ser importada, como discutiu-se na seco I, e tambm, pela deficiente

    circulao de pessoas e bens, torna difcil controlar a inflao, dado que depende de factores

    externos e condies infra-estruturais internas. E, isto acontece num cenrio em que a maior

    parte de produtos afectados (so bens alimentares) por estes factores mencionados, no IPC

    construdo pelo INE, terem um grande peso (com 53.98%). Isto ilustra uma contnua

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    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009Inflao Annual Inflao meta da SADC

  • Inflao no Mercado Nacional 2014

    Bete Almeida Paulino Jos Instituto Industrial e Comercial da Beira 23

    flutuao na taxa de inflao e impossibilidade do Governo poder control-lo enquanto

    continuar a depender muito de factores externos.

    3.7 Situao Macroeconmica em 2009

    3.7.1 Comportamento do IPC Agregado: IPC Moambique 2009

    O IPC representativo do Pas, calculado com base na agregao ponderada dos ndices de

    preos dos trs principais centros urbanos do pas, Maputo, Beira e Nampula, registou uma

    variao anual de 1.97% em Dezembro de 2009, 9.85 pp abaixo do observado no perodo

    homlogo do ano anterior, reflectindo, essencialmente, a desacelerao do nvel geral de

    preos em todas as cidades capitais com especial realce para os IPCs de Nampula e Beira em

    17.1 pp e 16.7 pp para -0.31% e 0.31%, respectivamente.

    A classe dos produtos alimentares e bebidas no alcolicas, com uma contribuio de 2.16

    pp, foi a que mais contribuiu para a variao acumulada do IPC agregado em 2009. Em

    termos de produtos, os que mais contriburam para a variao positiva do IPC foram: cebola

    (0.48 pp), carapau fresco (0.35 pp), frango vivo (0.29 pp), carvo vegetal (0.25 pp), peixe

    fresco (0.21 pp) entre outros. No entanto, a queda dos preos do petrleo de iluminao (0.94

    pp), tomate (0.45 pp), gasolina para veculos (0.27 pp), milho em gro (0.20 pp) e outros

    contribuiu para amortecer o impacto da variao positiva ocorrida no ano (Grfico 4).

    Grfico 4- Produtos com Maior Contribuio no IPC de Moambique - 2009

    Fonte: Relatrio Anual do Banco de Moambique de 2009

  • Inflao no Mercado Nacional 2014

    Bete Almeida Paulino Jos Instituto Industrial e Comercial da Beira 24

    3.7.2 Preos

    Durante o ano de 2010, a inflao exibiu uma tendncia ascendente atpica. Com efeito, o

    ndice de Preos no Consumidor (IPC) conheceu um agravamento exponencial, em todos os

    centros urbanos do Pas que integram o IPC agregado colectado pelo INE, tendo em

    Dezembro, o IPC Moambique (agrega os ndices das Cidades da Beira, Nampula, Maputo),

    incrementado em 3.7%, o mais elevado dos ltimos cinco anos, fazendo com que a inflao

    anual atingisse os 17.44%, nvel apenas superado pelos 22.3%, registados em 2001.

    No caso especfico do IPC Maputo, indicador oficial de inflao no pas, dados divulgados

    pelo Instituto, Nacional de Estatstica, apontam para um agravamento do nvel geral de

    preos em 3.48%, somente em Dezembro, resultando numa acelerao da inflao acumulada

    e anual para 16.62% contra 4.21% em igual perodo de 2009, tendo a mdia anual sido de

    12.70% valor que igualou a meta estabelecida para o ano.

    Embora fosse esperado um acrscimo do nvel geral de preos, na parte final do ano,

    seguindo a, sazonalidade, a variao de Dezembro ltimo, foi a mais alta dos ltimos cinco

    anos e a inflao anual, de 16.6%, tornou-se na mais alta desde o ano de 2001 quando o IPC

    incrementou em 21.9%, enquanto a mdia anual de 12.7% ao longo dos ltimos cinco anos,

    apenas superada pelos 13.25% registados em 2006. O grfico abaixo, apresenta o

    comportamento da inflao anual ao longo de 2010, bem como as contribuies das

    principais classes que constituem o indicador de inflao.

    3.8 Comportamento do IPC Agregado: IPC Moambique 2010

    O IPC Moambique indicador de inflao compilado a partir dos ndices de preos das trs

    principais, cidades do pas, nomeadamente, Maputo, Beira e Nampula registou uma

    variao anual e mdia de, 17.44% e 12.43% representando um incremento em 15.19 pp e

    8.64 pp, respectivamente. O incremento, mensal exponencial do ndice de Preos no

    Consumidor em todos os centros urbanos do Pas, que, integram o IPC agregado, cidade de

    Maputo (3.48%), Beira (5.42%) e Nampula (2.76%) ditaram a variao, anual mais elevada

    dos ltimos dez anos que foi apenas superado pelos 22.3%, registados em 2001.

  • Inflao no Mercado Nacional 2014

    Bete Almeida Paulino Jos Instituto Industrial e Comercial da Beira 25

    3.9 Situao Macroeconmica em 2012.

    3.9.1 Preos

    Ao longo do ano de 2012, a inflao homloga da cidade de Maputo, foi caracterizada por

    trs momentos distintos nomeadamente:

    O perodo de acentuada desacelerao registado desde o inicio do ano ate ao ms de

    Maio, reflectindo, em parte, uma maior oferta de frutas, vegetais e outros produtos

    tpicos da poca fresca do ano,

    O segundo momento iniciado em Junho marcado por um ligeiro abrandamento do

    ritmo da desinflao, que veio a ser interrompida no principio do ultimo trimestre do

    ano,

    A fase caracterizada por alguma presso inflacionaria que cobriu todo o IV trimestre,

    devido ao efeito sazonal das expectativas em torno da quadra festiva cujo impacto.

    Segundo dados do Instituto Nacional de Estatstica, a inflao anual em 2012 foi de 2,18%,

    abaixo da meta de 5,6% fixada para o mesmo perodo e 3,28 pp abaixo da registada em

    Dezembro de 2011. Por seu turno, a inflao mdia anual manteve a sua tendncia de

    desacelerao, iniciada em Abril de 2011 tendo, no final de 2012 atingido o valor histrico de

    2,09%, aps situar-se em 10,35% no perodo homlogo de 2011.

    O desempenho deste indicador foi determinado pelas classes de produtos alimentares e dos

    Transportes, ambas com uma contribuio de 1,69 pp para a inflao anual, para alem da

    Habitao, agua electricidade e gs (com 15 pb) e de educao, com uma contribuio de 11

    pontos base. O efeito conjugado dessas classes foi porem, atenuado pelo comportamento

    deflacionista dos bens e servios que compem as classes de lazer, recreao e cultura,

    mobilirio, artigos de decorao e a de bens e servios diversos, com uma contribuio total

    de 10 pontos base negativos na inflao total do ano.

    3.9.2 Produtos Alimentares: a desacelerao da inflao anual em 2012 resultou da variao

    menos acentuada dos preos da classe dos produtos alimentares (2,23%) face aos 5,71%

    registados no final de 2011. Nesta classe, o destaque vai para a subcomponente de frutas e

    vegetais, cuja contribuio, no indicador geral, foi no sentido de reduo devido a conjugao

    dos seguintes factores:

    (i) Reduo dos seus preos, particularmente durante a poca fresca do ano, e

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    (ii) A tendncia de queda dos preos dos cereais e derivados, bem como, dos

    produtos agrcolas no processados reflectindo, em parte, a dinmica do sector

    agrcola, que cresceu em 7,1% em 2012.

    3.9.3 Produtos no Alimentares - os preos dos produtos No alimentares prolongaram o

    seu movimento descendente iniciado em Fevereiro de 2011, tendo culminado com uma

    variao de 2,16% em Dezembro de 2012, depois de 5,3% em igual perodo de 2011.

    A desacelerao o perodo em analise reflectiu, em parte, a manuteno dos preos dos

    combustveis lquidos e de outros preos administrados com elevado impacto na inflao

    geral, contrariada pela tendencial altista dos preos dos transportes semi-colectivos de

    passageiros e das rendas de casa, que para alem deterem um peso significativo no cabaz,

    registaram ao longo do ano, um agravamento de 28% e 11,75% respectivamente.

    3.9.4 Determinantes da Evoluo da Inflao 2012

    A desacelerao da inflao em 2012 foi influenciada, principalmente, pelos seguintes

    factores:

    3.9.4.1 Internos:

    Manuteno dos preos administrados de alguns produtos com elevado peso no ndice

    geral, nomeadamente, o preo do po, electricidade, gua potvel e combustveis

    lquidos.

    Maior oferta de produtos alimentares, favorecida pelas condies climatricas

    favorveis para a produo de frutas e vegetais no ano;

    O bom desempenho da actividade produtiva no geral, e em particular do sector da

    agricultura e das pescas nos primeiros trs trimestres do ano; e

    Relativa estabilidade do Metical, face ao Dlar dos Estados Unidos da Amrica e ao

    Rand, concorrendo para a reduo dos preos dos bens importados.

    4.9.4.2 Externos:

    Queda dos preos internacionais de mercadorias que o pas importa e com

    significativo peso a inflao interna, nomeadamente arroz, acar e leo alimentar; e

    Relativa estabilidade de preos de produtos alimentares sul-africanos.

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    3.9.5 Comportamento do IPC Agregado: IPC Moambique em 2012

    A inflao compilada a partir da variao anual do IPC-Moambique que agrega os Indicies

    de Preos no Consumidor das cidades da Beira, Nampula e Maputo situou-se na magnitude

    de 2,02%, em Dezembro de 2012, depois de 6,14%, no perodo homlogo do ano anterior,

    enquanto a mdia anual continuou a sua tendncia de desacelerao anual, fixando-se em

    2,60%, no ano em anlise.

    O ndice agregado foi largamente influenciado pela variao de preos das cidades de

    Maputo (2,18%), Beira (1,99%), sendo que a cidade de Nampula registou uma inflao anual

    de 1,78%.

    As classes que mais contribuiram para inflao observada foram a de produtos alimentares e

    bebidas no alcolicas (1,14 pp), dos transportes (0.31 pp) e da habitao, agua, electricidade,

    gs e outros (0,27 pp).

    Em termos de produtos, os que mais contriburam para a variao positiva do IPC-

    Moambique, no ano, bem assim as respectivas contribuies foram os seguintes: transportes

    (0,44 pp); renda de casa (0,34pp); amendoim em casca e miolo (0,20 pp); peixe fresco,

    refrigerado ou congelado (0,29 pp), farinha de milho (0,13 pp) dentre outros. Estes

    incrementos foram parcialmente amortecidos pela contribuio negativa dos seguintes

    produtos: motorizadas (0,15 pp), leo (0,08 pp), arroz em gro (0,08 pp), telemveis (0,07

    pp), feijo manteiga (0,06 pp) d entre outros.

    3.9.6 Variao da taxa de inflao durante o ms Dezembro de 2013

    Segundo o Boletim Mensal do IPC, nas Cidades de Maputo, Beira e Nampula indicam que o

    Pas registou no ms de Dezembro uma inflao mensal na ordem de 0,57%, o que representa

    uma desacelerao face a Novembro em cerca de 0,12 pontos percentuais.

    O aumento dos preos da diviso de Alimentao e bebidas no alcolicas foi o principal

    responsvel pelo agravamento do nvel geral de preos ao contribuir com aproximadamente

    0,51 pontos percentuais positivos.

    A nvel de produto o aumento dos preos do Tomate (9,8%), do Coco (5,2%), do Feijo

    manteiga (2,4%), da Farinha de mandioca (3,5%), do Carvo (1,3%), do Peixe fresco

    refrigerado ou congelado (1,1%) e da Batata Reno (4,4%) foi responsvel por 0,44 pontos

    percentuais positivos do total da inflao mensal registada.

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    No ano findo, o Pas registou um aumento do nvel geral de preos na ordem de 3,54%.

    As divises de Alimentao e bebidas no alcolicas, e de Habitao, gua, electricidade, gs

    e outros combustveis tiveram uma contribuio no total da inflao acumulada de cerca de

    1,71 e 0,94 pontos percentuais positivos, respectivamente.

    Por produto, h a destacar a subida dos preos do Carvo, da Farinha de mandioca, do Coco,

    da Farinha de milho, do Feijo manteiga e do Peixe fresco refrigerado ou congelado. Estes

    contriburam para a tendncia geral de agravamento de preos com aproximadamente 2,06

    pontos percentuais positivos.

    Refira-se porm, que alguns produtos tiveram um comportamento contrrio tendncia de

    aumento de preos, com destaque para o Tomate cuja queda do preo ao longo do ano

    concorreu para uma contribuio no total da inflao acumulada de 0,31 pontos percentuais

    negativos.

    Os meses de Janeiro e Fevereiro foram os que registaram maiores nveis de agravamento de

    preos com 1,35% e 1,16%, respectivamente, enquanto que os de Maio e Junho registaram as

    maiores quedas com 0,42% e 0,38%, respectivamente.

    A variao mdia anual de preos situou-se em 4,26%. A diviso de Educao registou a

    maior variao anual de preos com 9,70%.

    A nvel dos trs centros de recolha de preos, a Cidade da Beira teve em Dezembro a inflao

    mensal mais alta (0,67%) seguida de Maputo (0,64%). A Cidade de Nampula teve a inflao

    mais baixa (0,43%).

    Em termos cumulativos, as Cidades de Maputo Beira e Nampula registaram aumentos de

    preos na ordem de 2,96%, 1,81% e 5,23% respectivamente.

    Em termos mdios anuais, as Cidades de Maputo, Beira e Nampula tiveram aumentos no

    nvel geral de preos em 4,21%, 2,64% e 5,11%, respectivamente.

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    Capitulo IV: Concluses e Recomendaes

    4.1 Concluso

    Feito o trabalho conclui-se:

    Que o ndice de Preo ao Consumidor (IPC), que foi introduzido em 1989 como medida da

    inflao em Moambique em que ele sofreu vrias revises. Assim, estimao da inflao

    pode-se agrupar em dois perodos distintos: o primeiro em que no se fixava meta, e que,

    inicialmente era baseado nos produtos alimentares oferecidos na cidade de Maputo e que

    posteriormente foi revisto, passando a contemplar os trs maiores centros urbanos e

    econmicos de Moambique, nomeadamente, Cidade de Maputo, Beira e Nampula; o perodo

    seguinte, em que j est em vigor o IPC MaBeNa que baseiava-se, tambm, nos Inquritos

    dos Agregados Familiares (IAFs), ocorreu num regime de metas de inflao, tanto a nvel

    nacional, bem como no contexto regional da SADC, tendo conseguido atingir a meta nacional

    de inflao abaixo de dois de dgitos, mas falhado a regional fixada em 5%.

    A fixao de metas de inflao em Moambique mostra-se como sendo mista, baseando-se na

    taxa de cmbio, bem como nas polticas monetrias seguidas pelo Banco Central com vista a

    estabilidade macroeconmica.

    Desta anlise, consta que a inflao em Moambique, superiormente dominada pela

    componente de bens alimentares devido ao seu peso no indicador em 53.98% no IPC.

    Portanto o que representa maior peso na inflao, acabando por influenciar todo

    comportamento do indicador. Estes bens alimentares, que por sua vez, tm como principais

    factores do seu desempenho, as condies infra-estruturais de Moambique e a inflao

    importada dos pases vizinhos atravs da depreciao cambial que afectam, em grande

    medida, os bens alimentares.

    Por outro lado, para alm dos factores acima mencionados, de referir que a estimao de

    liquidez do sistema, no prosseguimento da poltica monetria por parte do Banco Central e a

    excessiva concentrao dos desembolsos de ajuda externa para apoio ao Oramento do

    Estado, o que faz com que haja concentrao de despesa pblica determinam o

    comportamento da inflao em Moambique.

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    4.2 Recomendaes

    Assim, recomenda-se:

    Uma reviso do indicador usado para estimao da inflao em Moambique, de modo a

    acomodar outros factores e reduzir, progressivamente, o peso da componente de bens

    alimentares, porque verifica-se que os transportes, habitao e o combustvel tm

    influenciado em grande medida a inflao real, bem como a esperada.

    Tambm que o governo crie mecanismos para o aumento da produo de bens e servios com

    vista na reduo das importaes e aumento das exportaes para a reduo da inflao no

    mercado.

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    economtrico (1994-2004) . Dissertao submetida ao programa de Ps-graduao em

    Economia da Faculdade de Cincias econmicas de UFGRS para obteno do grau de

    mestrado. Rio Grande do Sul, 2005

    COSCIONE, Salvatore. A concretizao das metas de convergncia macroeconmica da

    SADC. Avaliao de desempenho e avaliao do plano de implementao. Repblica de

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    GIAMBIAGI, Fbio e Carvalho, J. C Inflao: sugestes para um regime permanente.

    Textos para a discusso, no 86, Rio de Janeiro, 2001.

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    MORAN, Carlos A. Azabache e WITTE, Gilson A conceiptualizao da inflao e uma

    anlise dos planos econmicos brasileiros de 1970-1990. Faculdade de Economia e

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    NETTO, Dionsio D. e MODIANO, Eduardo M. Inflao e controle do deficit pblico:

    anlise terica e algumas simulaes para a economia brasileira. Departamento de Economia

    da PUC-RJ. 2005

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    Anexo (Relatrio de estagio)