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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM PROMOÇÃO DE SAÚDE A INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA ESCOLAR NA PREVALÊNCIA DA OBESIDADE INFANTIL COMO UM INDICADOR PARA A PROMOÇÃO DE SAÚDE E SUA RELAÇÃO COM ASPECTOS FAMILIARES E SÓCIO-ECONÔMICOS Célia Regina Bernardes Costa Franca 2008

A INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA ESCOLAR NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp095775.pdf · Este estudo teve como objetivo avaliar a influência da atividade física no ambiente

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

MESTRADO EM PROMOÇÃO DE SAÚDE

A INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA ESCOLAR NA PREVALÊNCIA

DA OBESIDADE INFANTIL COMO UM INDICADOR PARA A

PROMOÇÃO DE SAÚDE E SUA RELAÇÃO COM ASPECTOS

FAMILIARES E SÓCIO-ECONÔMICOS

Célia Regina Bernardes Costa

Franca

2008

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CÉLIA REGINA BERNARDES COSTA

A INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA ESCOLAR NA PREVALÊNCIA

DA OBESIDADE INFANTIL COMO UM INDICADOR PARA A

PROMOÇÃO DE SAÚDE E SUA RELAÇÃO COM ASPECTOS

FAMILIARES E SÓCIO-ECONÔMICOS

Dissertação apresentada como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Promoção de Saúde. Orientador: Prof. Dr. Cassiano Merussi Neiva

FRANCA,

2008

Catalogação na Fonte – Biblioteca Central da Universidade de Franca

Costa, Célia Regina Bernardes

C87li A influência da atividade física escolar na prevalência da obesidade

infantil como um indicador para a promoção de saúde e sua relação com

aspectos familiares e sócio-econômicos / Célia Regina Bernardes Costa;

orientador: Cassiano Merussi Neiva – 2008.

65 f : 30 cm.

Dissertação de Mestrado – Universidade de Franca

Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu - Mestre em Promoção de Saúde

1. Promoção de saúde. 2. Atividade física. 3. Educação Física –

Escolares. 4. Escolares - Obesidade. I. Universidade de Franca. II. Título.

CDU – 614:796.4:613.25

Dedico este trabalho as minhas filhas

Isabela e Natália, pelo incentivo, paciência e

colaboração que tiveram comigo durante

este período de estudo.

Aos meus familiares e amigos pelo apoio.

Ao meu esposo, João Vander.

AGRADECIMENTOS

A Deus por me proporcionar saúde e oportunidades para realizar sonhos

e desejos.

Aos alunos das Faculdades SESPA e UNIPAM, pela colaboração na

coleta de dados.

Ao meu orientador Dr. Cassiano Merussi Neiva pela dedicação e

competência na orientação do meu trabalho.

Aos professores do Curso de Mestrado em Promoção de Saúde da

UNIFRAN e ao Professor Antônio Mauro Alves.

A coordenadora do curso, Mônica de Andrade Morraye.

A Secretaria de Educação de Minas Gerais – BH e a Secretaria Municipal

de Educação e Cultura – SEMEC – Patos de Minas, por ter me concedido a licença

para que eu pudesse realizar este curso com tranqüilidade.

Aos componentes da banca pelas orientações no aprimoramento deste

trabalho.

À Sociedade de Ensino Superior de Patos de Minas – SESPA, pelo

incentivo e colaboração.

Aos meus colegas Marlene, Rafael e Luciana, companheiros de viagem.

E tantas outras pessoas que direto ou indiretamente colaboraram comigo

para a realização deste trabalho, em especial:

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* Cátia Caixeta

* Jaqueline Corrêa,

* Ronaldo Caixeta,

* Célia Correia

A todas as escolas e seus representantes que me deixaram coletar essas

informações tão essenciais. Agradeço principalmente, a cada aluno que aceitou

participar dessa pesquisa.

E a todos que de modo especial contribuíram para que eu pudesse

realizar mais esse projeto na minha vida.

COSTA, C.R.B. A Influência da Atividade Física Escolar na Prevalência da Obesidade Infantil como um Indicador para a Promoção de Saúde e sua Relação com Aspectos Familiares e Sócio-econômicos. Dissertação de Mestrado. Franca, 2008.

RESUMO

Este estudo teve como objetivo avaliar a influência da atividade física no ambiente escolar e suas possíveis relações com a prevalência de obesidade em escolares do ensino fundamental da rede pública e privada da cidade de Patos de Minas. Foram avaliados trezentos escolares com idade entre 8 a 11 anos, distribuídos entre as classes econômicas A e B e as classes C D e E em três escolas, duas da rede pública (estadual e municipal) e uma privada. Foi calculado o Índice de Massa Corporal (IMC) e feita a classificação em baixo peso, normal e obeso e as possíveis correlações entre as variáveis atividade física, histórico familiar e as classes sócio-econômica dos entrevistados. Das escolas pesquisadas, os estudantes da rede pública representados com classes C, D e E, obtiveram valores elevados de obesidade, mas também é entre elas que se encontra o maior percentual de alunos com baixo peso. Os resultados apontam também para o efeito da genética na obesidade, onde foi significativa a existência de familiares obesos, das crianças pesquisadas nas faixas etárias de 8 a 9 anos, das classes C, D e E, que também apresentaram índice de obesidade. O volume semanal de aulas de Educação Física Escolar mostrou uma prevalência de 0% de obesos em crianças que praticam pelo menos 3 aulas semanais. Concluímos que de forma geral, todos os fatores contribuem para uma relação direta com a obesidade infantil, e que dentre os estudados, a prática de atividade física pode melhorar a qualidade de vida dos escolares, interferindo no controle da obesidade infantil e também na sua saúde. Diante disso, podemos sugerir que a Educação Física Escolar representa uma ferramenta importante, isolada ou associada, na prevenção e controle da obesidade infantil, principalmente de crianças de classes sócio-econômicas mais baixas. Isso deveria ser incluído nas discussões das políticas públicas de promoção de saúde, nos âmbitos do poder público federal, estadual e municipal, principalmente, se levarmos em conta o seu baixo custo e a sua elevada eficiência. Palavras-chave: Escolares; Educação Física; Atividade Física; Obesidade; Promoção de Saúde.

ABSTRACT

This study aimed at evaluating the influence of physical activity on the school environment and its possible relationship with obesity prevalence in public and private elementary school students in the city of Patos de Minas – MG. Three hundred students aged 8 to 11 years, of socioeconomic status A and B, and also C, D and E, distributed in three schools, a private school, a state school and a municipal school were analyzed. The students’ body mass index (BMI) was calculated and students were classified in underweight, normal weight and overweight. Possible correlations among the variables physical activity, familial history and socioeconomic status were also performed. The public school students of socioeconomic status C, D and E not only showed elevated values of obesity but also greater proportion of underweight. The results also point to genetics effects on obesity since the number of obese in the family of overweight children aged 8 to 9 years of socioeconomic status C, D and E was also significant. In the weekly amount of in-school physical activity, children who attend at least three classes showed obesity prevalence of 0%. By and large, all these factors have a direct relationship with childhood obesity. Also, the practice of physical activities could improve students’ quality of life within the cohort studied, aiding in childhood obesity control and children’s health. Hence, it can be suggested that in-school physical activity, isolated or associated, plays an important role in the prevention and control of childhood obesity mainly when it comes to children of low socioeconomic status. It is recommended that this discussion be fostered in debates concerning federal, state and municipal health promotion public policies, taking into account its low cost and its high efficiency. Keywords: Students; Physical Education; Physical Activity; Obesity; Health Promotion.

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LISTA DE SIGLAS

CAIC Escola Municipal “Professor Aristides Memória”

CNSG Colégio Nossa Senhora das Graças

EUA Estados Unidos da América

IMC Índice de Massa Corporal

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IOTF International Obesity Task Force (Força Tarefa Internacional sobre

Obesidade)

OMS Organização Mundial de Saúde

PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais

PNSN Instituto Nacional de Saúde e Nutrição

SPSS Statistical Package for The Social Sciences

TMB Taxa Metabólica Basal

UNESCO Organização Científica e Cultural das Nações Unidas para a Educação

UNICEF Fundo Internacional das Nações Unidas de Emergência para a Infância

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Caracterização dos entrevistados da pesquisa empírica .................... 41

Tabela 2 – Classificação IMC, por faixa etária ...................................................... 42

Tabela 3 – Classificação do IMC, por escola pesquisada. .................................... 43

Tabela 4 - Classificação do IMC, por escola pesquisada (Filtro de 8 a 9 anos) ... 45

Tabela 5 - Classificação IMC, por escola pesquisada (Filtro de 10 a 11 anos) .... 45

Tabela 6 – Classificação IMC, por tipo de escola ................................................. 47

Tabela 7 – Classificação IMC, por presença ou ausência de pessoas obesas na

família ....................................................................................................................

47

Tabela 8 - Classificação do IMC, por educação física semanal ............................ 49

Tabela 9 – Classificação do IMC, pela prática de algum tipo de esporte ............. 50

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - FILTRO DE DA CLASSIFICAÇÃO DO IMC POR FAIXA ETÁRIA ... 42

Gráfico 2 - FILTRO DA CLASSIFICAÇÃO DO IMC POR ESCOLA ................... 44

Gráfico 3 - FILTRO DE CLASSIFICAÇÃO POR FAIXA ETÁRIA, ESCOLA E

IMC - 8 A 9 ANOS ..............................................................................................

45

Gráfico 4 - FILTRO DE CLASSIFICAÇÃO POR FAIXA ETÁRIA, ESCOLA E

IMC -10 A 11 ANOS ...........................................................................................

46

Gráfico 5 - FILTRO DE CLASSIFICAÇÃO POR PARENTES EM PRIMEIRO

GRAU OBESOS .................................................................................................

48

Gráfico 6 - FILTRO DE DA CLASSIFICAÇÃO DO IMC POR VOLUME

SEMANAL DE AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ..............................

49

Gráfico 7 - CLASSIFICAÇÃO IMC, PELA PRÁTICA DE ALGUM TIPO DE

ESPORTE ...........................................................................................................

50

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................... 14

1 REVISÃO DA LITERATURA .............................................................. 17

1.1 ESCOLA PROMOTORA DE SAÚDE .................................................. 17

1.2 SAÚDE DA CRIANÇA NA ESCOLA ................................................... 20

1.2.1 A Educação Física Escolar na promoção da saúde ............................ 23

1.2.2 Os Benefícios da atividade física e da Educação Física Escolar no

controle e prevenção da obesidade infantil .........................................

25

1.2.2.1 Conceituação de Obesidade ............................................................... 25

1.2.2.2 Etiologia e classificação da obesidade ................................................ 27

1.2.2.3 Obesidade na infância ......................................................................... 29

1.2.2.4 Atividade física no controle da obesidade infantil ................................ 30

1.2.2.5 Obesidade e avaliação da composição corporal ................................. 32

2 OBJETIVOS ........................................................................................ 34

2.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................. 34

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................... 35

3 METODOLOGIA ................................................................................. 35

3.1 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES E PROCEDIMENTOS ÉTICOS ... 35

3.2 DETERMINAÇÃO DO TAMANHO DA AMOSTRA PARA

PROPORÇÃO .....................................................................................

36

3.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO ESTUDO ...................................... 37

3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETAS DE DADOS ................................. 37

3.4.1 Procedimentos de avaliação ............................................................... 38

3.5 TRATAMENTO ESTATÍSTICO ........................................................... 39

3.5.1 Plano de análise dos dados ................................................................ 39

3.5.2 Freqüência Relativa em Porcentagem ................................................ 39

3.5.3 Cruzamento de variáveis através do teste de Qui-Quadrado ............. 40

3.5.4 Hipóteses a serem testadas ................................................................ 40

13

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ....................... 41

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS ................................... 41

4.2 CLASSIFICAÇÃO DO IMC, POR FAIXA ETÁRIA ............................... 42

4.3 CLASSIFICAÇÃO DO IMC, POR ESCOLA PESQUISADA ................ 43

4.4 CLASSIFICAÇÃO DO IMC, POR HISTÓRICO DE OBESIDADE

FAMILIAR ............................................................................................

47

4.5 CLASSIFICAÇÃO DO IMC, POR FREQÜÊNCIA SEMANAL DE

ATIVIDADE FÍSICA ESCOLAR ...........................................................

48

CONCLUSÃO ..................................................................................... 51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 53

ANEXOS ............................................................................................. 57

INTRODUÇÃO

A promoção da saúde e bem estar na infância e adolescência representa

um grande desafio, considerando que as ações e práticas que priorizam a

população, envolvem vários aspectos; sistema de saúde, educação, trabalho e

desenvolvimento social, dentre outros. Estamos vivenciando épocas de grandes

transformações e essas mudanças acabam interferindo na vida dos seres humanos

principalmente das crianças. Nesse contexto, a escola, pais, educadores e

sociedade todos devem estar envolvidos no desenvolvimento integral das crianças.

A contribuição do Educador Físico e da Escola são fundamentais, sendo

eles capazes de possibilitar uma Educação baseada na promoção de saúde,

sensibilizando e motivando os alunos sobre a importância da Atividade Física regular

como principal forma de prevenção de doenças, garantindo assim um maior

equilíbrio corporal, mental e emocional (BRASIL, 1998b).

A educação para a saúde no contexto escolar deve proporcionar aos

alunos conhecimentos necessários para eles próprios fazerem escolhas saudáveis,

promovendo mudanças de comportamento.

A promoção de saúde deve estar incluída na proposta política pedagógica

da escola, envolvendo ações integradas de educação, saúde, meio ambiente,

trabalho, cultura, música, educação física, alimentação saudável, moradia e outros,

considerando que a saúde se cria e se vive na vida cotidiana, nos centros de ensino,

de trabalho e lazer (MS Promoção da saúde, 1999 apud MOREIRA; QUEIROZ,

2001).

A Educação Física Escolar com base nos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCNs), tem uma proposta que procura incentivar as crianças a adotarem

um estilo de vida fisicamente ativo. Segundo Bergmann et al., (2005) quando a

criança é estimulada à prática de atividade física diária, ela fica mais propensa a dar

continuidade à essa prática quando adulto.

15

A evolução Industrial e Tecnológica tem influenciado novos padrões de

comportamento e com o declínio progressivo das atividades físicas o ser humano

passou a gastar menos energia.

As mudanças alimentares, os fast-foodes, comida barata de pouca

qualidade nutricional e repleta de gorduras, vem seduzindo as crianças, mudando

assim seus hábitos alimentares, causando prejuízo à saúde.

Horas em frente à TV, redução dos espaços de lazer, insegurança, as

facilidades de locomoção e os avanços tecnológicos, estão influenciando e levando

a inatividade física e sedentarismo, criando uma geração acostumada com as

facilidades do mínimo esforço, trazendo grandes conseqüências para a saúde e

contribuído para a obesidade no mundo (BARBOSA, 2004).

A prevalência de obesidade infanto-juvenil vem aumentando nos últimos

anos, tanto em paises desenvolvidos quanto em subdesenvolvidos. Indivíduos

obesos em geral, são muito sedentários, o excesso de massa corporal é um

obstáculo para a adoção de um estilo de vida fisicamente ativo, provocando doenças

ortopédicas, cardiovasculares, diabetes, hipertensão e outras condições debilitantes.

A obesidade foi reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS)

em 1985 como uma doença multifatorial, sendo tratada por uma equipe de vários

profissionais do setor de saúde. (DÂMASO; TOCK, 2005).

A prevalência de obesidade nos paises desenvolvidos está aumentando

acentuadamente nos últimos anos, chegando a 50% nos Estados Unidos, no

Canadá e em alguns paises da Europa Ocidental, considerando o aumento de peso

(sobrepeso, Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 25kg/m) e aumentos na

deposição de tecido adiposo. (BOUCHARD, 2003).

Segundo Bouchard (2003) a prevalência de sobrepeso e obesidade varia

de acordo com a idade, sexo, raça e classes socioeconômica.

Nos Estados Unidos (EUA) o índice de obesidade entre crianças de 6 a

11 anos aumentou 67% entre meninos e 41% entre meninas. Atualmente 25% das

crianças americanas são obesas.

No Brasil, com sua dimensão continental e suas diferenças sociais,

apresenta quadros de desnutrição e obesidade. Apesar dos avanços, com a

diminuição da desnutrição, a obesidade vem aumentando em todos os estratos da

população.

16

Dados de pesquisas mostram que nas regiões Sul e Sudeste esse índice

vem crescendo, e nas três ultimas décadas, 40% da população infantil ou adulta

apresentam sobrepeso ou obesidade.

Segundo Dâmaso e Tock, (2005) a população adulta vem apresentando

prevalência no excesso de peso e a população pobre geralmente desenvolvendo

obesidade por não ter alimento adequado disponível, ingerindo alta quantidade de

carboidratos e pouca de proteína.

Baseado na pesquisa da International Obesity Task Force – Força Tarefa

Internacional sobre Obesidade (IOTF) e no relatório recente da OMS, chegaram a

conclusão que há atualmente cerca de 250 milhões de adultos obesos, 7% da

população, e 500 milhões com sobrepeso em todo o mundo (IMC entre 25 e 29,9 kg

m.) (BOUCHARD, 2003).

A desnutrição também é outro fator preocupante, afetando áreas de risco

em todo o país, especialmente nos estados do Nordeste, Norte brasileiro, e nas

periferias das grandes cidades. Paralelamente a desnutrição, à obesidade gera

alterações metabólicas em populações cada vez mais jovens, elevando o risco

cardiovascular de forma precoce.

Doenças nutricionais por excesso e carência nutricional, são típicas dos

países em desenvolvimento, conhecidas como transição nutricional ou transição

epidemiológica (FISBERG, 2005).

As conseqüências tanto de excesso de peso como de baixo peso são

preocupantes, por isso a participação dos governos, da iniciativa privada, nas

Políticas Públicas de Saúde em campanhas educativas alertando a população sobre

os perigos da obesidade e os benefícios da atividade física são de suma

importância, esta questão extrapola a esfera familiar e a responsabilidade individual,

para alcançar o âmbito público.

As Escolas Promotoras de Saúde também podem contribuir, sendo elas

um dos principais lugares de permanência de crianças e adolescentes, por isso é

possível promover mudanças de paradigmas tradicionais nos escolares para

enfoques integrais de saúde.

A Educação Física tem um papel primordial nessa construção, Depois de

entendê-la como direito de todos, e por ser uma disciplina voltada para a cultura

corporal de movimento, ela deve integrar jogos, esportes, brincadeiras, tendo como

objetivo principal a promoção da saúde através da atividade física (FIEP, 2000).

1 REVISÃO DA LITERATURA

1.1 ESCOLA PROMOTORA DE SAÚDE

Temos atualmente um modelo de Escola conservadora e reprodutora que

predomina na sociedade atual (MOURA et al., 2007).

Em uma cultura moderna a escola ainda é marcada pela rigidez de

estruturas e disciplinas, ambientes tradicionais, onde a ênfase maior ainda está na

reprodução e não na reconstrução de saberes (MOURA et al., 2007).

Mesmo com tantas mudanças pelas quais passa o país, como a fome,

exclusão social, desastres ecológicos, situações conflitantes que geram crises e

instabilidade, se expressando em múltiplos aspectos na saúde dos escolares, e da

população de um modo geral, trazendo problemas para o modelo de escola atual

(MOURA et al., 2007).

A Escola na sociedade pós-moderna vem caminhando lentamente.

Para reverter esse processo; o paradigma Mecanicista, Cartesiano e

Newtoniano, ainda profundamente enraizado, vem dando espaço para o avanço de

uma visão holística e ecológica que convida a ver e analisar a realidade valendo-se

de novas fundamentações, calcadas na concepção de desenvolvimento da própria

mudança científica. (CAPRA,1995 apud MOURA et al., 2007).

A visão ecológica permite considerar o mundo do ponto de vista das

relações e interações e não com bases em situações isoladas. Novos modos de ser,

pensar e agir passam a ser valorizados.

A Teoria do modelo Ecológico parte da divisão das relações do indivíduo

com o ambiente, considerando três diferentes setores:

* Intrapessoal: que envolve as relações do indivíduo com atitudes e

comportamentos próprios, seus valores pessoais, os comportamentos adotados, o

desenvolvimento e a manutenção de hábitos saudáveis ao longo da vida.

18

* Interpessoal: é a relação entre os indivíduos da sociedade, a questão de

como as pessoas são influenciadas ou influenciam o comportamento das outras, os

modelos de conduta, o suporte social do grupo, como reforço para a aquisição e

manutenção dos hábitos saudáveis.

* Ambiental: representado pelas regiões mais quentes, mais frias, litoral

ou interior, regiões de grande oferta de vegetação, florestas, campo, montanhas, e

em ambiente construído, produto de tudo que o homem produz de interferência no

ambiente natural de modo a buscar ambiente mais favorável e compatível com um

estilo de vida melhor, proporcionando adequadas condições para o desenvolvimento

de atitudes, hábitos e comportamentos saudáveis.

A modificação em qualquer um de seus fatores pode provocar a

conseqüente reação em um ou mais elementos existentes e gerar modificações

interferindo na saúde e vida das pessoas.

Considera-se como Escola Modelo àquela que é ao mesmo tempo

espaço de construção da liberdade, do saber, da cidadania, da superação das

relações autoritárias, do aprender com os próprios erros, permitindo novas idéias, na

resolução de conflitos e interação com o meio. (MOURA et al., 2007). Além de tudo

ela deve ser inclusiva, possibilitando ver o mundo em suas múltiplas relações e

interações, dessa forma imagina-se uma escola envolvida em uma ampla rede de

conexões sistêmica, promotora do ser humano na sua totalidade (WACHOWICZ,

2006, apud MOURA, et al., 2007).

A idéia de Promoção de Saúde vem sendo debatida em todo o planeta,

na perspectiva de melhorias das condições de saúde da população (MOURA et al.,

2007), os programas para promoção de saúde escolar também passam a ser

preocupação de Órgãos como; Organização Mundial de Saúde (OMS), Fundo

Internacional das Nações Unidas de Emergência para a infância (UNICEF),

Organização Científica e Cultural das Nações Unidas para a Educação (UNESCO).

Todos os programas dessas instituições têm como meta a saúde da criança na

escola (MS Promoção da Saúde, 1999 apud MOREIRA; QUEIROZ, 2001).

(www.tevebrasil.com.br/salto/bolletins 2001/se 1 txt2-htm-27k)

Nos últimos 20-25 anos a promoção de saúde apresenta uma estratégia

promissora para enfrentar os múltiplos problemas de saúde que afetam as

populações humanas e seus entorno neste final de século (BUSS, 2000).

19

Conforme a carta de Ottawa, a promoção de saúde consiste em

proporcionar à população condições de requisitos necessários para melhorar as

condições de saúde e exercer o controle sobre elas, entre as quais encontram-se a

paz, educação, moradia, alimentação, renda, um ecossistema estável, justiça social

e equidade (MOURA et al., 2007).

A partir da Carta de Ottawa, surgiram outros compromissos e orientações

que serviram de base para a promoção da saúde e Educação em Saúde no âmbito

escolar, segundo Ippolíto-Shepheerd (2002, apud MOURA et al., 2007), estes foram

definidos em eventos e registrados nos seguintes documentos: Carta de Ottawa

(1986), Declaração de Adelaide (1988), Declaração de Sundsvall (1991), Declaração

de Bogotá (1992), Conferência do Caribe (1993), Declaração de Jacarta (1997) e

Declaração do México (2000), chamando a atenção para os problemas ligados à

falta de promoção da saúde.

A promoção de saúde num contexto escolar deverá estar incluída na

proposta política pedagógica, envolvendo a estrutura escolar e parcerias no

desenvolvimento de ações integradas com diversos assuntos que envolvem a

educação, saúde, meio ambiente, trabalho, cultura, música, educação física,

alimentação saudável, moradia e outros. (MS Promoção da saúde, 1999 apud

MOREIRA; QUEIROZ, 2001).

Dada a sua complexidade e abrangência, o setor educacional é um aliado

importante para concretização de promoção de saúde voltadas para o fortalecimento

das capacidades dos indivíduos, para tomadas de decisões favoráveis à saúde e à

comunidade, na criação de ambientes saudáveis para consolidação da política

intersetorial voltada para a qualidade de vida, pautada no respeito ao indivíduo e

tendo como meta a construção de uma nova cultura da saúde (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2002).

O Ministério da Saúde compreende que o período escolar é fundamental

para se trabalhar saúde na perspectiva de sua promoção. As crianças e os jovens

que se encontram nas escolas vivem momentos em que os hábitos e atitudes estão

sendo criados, por isso é importante trabalhar com ações preventivas. A escola além

da sua função pedagógica exerce um grande poder social e político capaz de

transformar a sociedade, causando impacto e gerando mudanças (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2002).

20

A implantação de Escolas Promotoras de Saúde implica em um trabalho

conjunto de todos os integrantes da instituição educativa, do setor saúde e da

comunidade na identificação das necessidades e problemas de saúde a serem

desenvolvidos na Escola (PARREIRA;TEIXEIRA, 2002).

O autoconhecimento, autocuidado e cuidado com o outro são

fundamentais, nessa visão complexa que envolve o ser humano (PARREIRA;

TEIXEIRA, 2002). Dessa forma, a Escola Promotora de Saúde deve ser interativa e

dinâmica em suas dimensões física, social, ecológica, comunitária e educativa,

visando desenvolver políticas e práticas que propiciem mudanças de atitudes no que

se refere a ações saudáveis no espaço escolar (MOURA, et al., 2007).

Acredita-se que a promoção da saúde é um processo em constante

desenvolvimento e que tanto a ação educativa como a promoção da saúde pode

contribuir para o desenvolvimento de capacidades, aquisições e competências de

cada indivíduo e da comunidade, com o objetivo central de desenvolver hábitos

saudáveis e possibilitar o pleno exercício da cidadania (MOURA, et al., 2007).

1.2 SAÚDE DA CRIANÇA NA ESCOLA

A relação educativa é uma relação política, a democracia deve estar

presente em todas as áreas do contexto escolar, envolvendo comunidade,

trabalhadores, diretores, professores numa relação harmônica de responsabilidade

e poder decisório (BRASIL, 1998a).

Cabe a Escola a responsabilidade de contribuir para o desenvolvimento

integral dos escolares durante o período escolar e educar para a saúde.

O Ensino Fundamental representa uma época decisiva na construção de

hábitos e atitudes e a Escola pode proporcionar o desenvolvimento dessas crianças,

adotando comportamentos favoráveis à saúde (FERNANDES; ROCHA, SOUZA,

2005).

O Ministério da Educação e do Desporto (1998), criou o Referencial

Curricular Nacional para a Educação Fundamental, no qual a Saúde é tida como um

tema transversal a ser trabalhado e assumido com responsabilidade nos projetos da

21

Escola; onde a participação dos alunos, professores, pais, comunidade escolar, são

fundamentais para o bom resultado (FERNANDES; ROCHA, SOUZA, 2005).

Ao educar para a Saúde, de forma contextualizada e sistemática, os

professores e a comunidade escolar contribuem de maneira decisiva na formação de

cidadãos capazes de atuar em favor da melhoria dos níveis de saúde pessoais e da

coletividade (BRASIL, 1998a).

A saúde, como direito universal é algo que as pessoas devem construir ao

longo de suas vidas, nas suas relações sociais e culturais, é no interior da escola,

que as questões sobre saúde encontram espaço para diferentes abordagens.

No século XX em suas práticas pedagógicas, a Escola trabalhava com

uma visão reducionista de saúde, enfatizando os aspectos biológicos. Disciplinas

como Higiene, Puericultura, Nutrição e Dietética, divulgaram conhecimentos relativos

aos mecanismos pelos quais os indivíduos adoecem ou asseguram sua saúde.

Em 1971, a lei Nº 5692 veio introduzir formalmente no currículo escolar a

temática da Saúde, com o objetivo de levar a criança e o adolescente ao

desenvolvimento de hábitos saudáveis quanto a higiene pessoal, alimentação,

prática desportiva, ao trabalho e ao lazer, no sentido de preservar a saúde pessoal e

a dos outros (BRASIL, 1998a).

Em 1977, o Conselho Federal de Educação reafirma a posição de que os

programas de saúde não devem ser desenvolvidos como disciplina ou matéria

especifica, mas uma preocupação geral do processo formativo, por meio de uma

correlação entre os componentes curriculares, como Ciências, Estudos Sociais e

Educação Física (BRASIL, 1998a).

Na década de 80, houve uma reformulação dos currículos escolares, mas

pouco se caminhou para romper com a tendência de restringir aos aspectos

informativos e biológicos (BRASIL, 1998a).

Atualmente a Saúde ainda se encontra centrada basicamente na

transmissão de informações, sobre como as pessoas adoecem, e os ciclos das

doenças, em detrimento da coletividade e da prevenção. É preciso repensar a

prática de saúde no ambiente escolar, o processo de formação para docência,

investir na formação e capacitação dos professores, além de maior envolvimento

dos profissionais da Área da Saúde, desenvolvendo ações de saúde no ambiente

escolar.

22

Segundo a Organização Mundial de Saúde, as Escolas que fazem

diferença e contribuem para a promoção da saúde dos escolares são aquelas que

conseguem ter uma visão ampla de todos os aspectos da escola, promovendo um

ambiente saudável, concedendo importância à estética o entorno físico da escola,

estabelecendo a participação ativa dos alunos, reconhecendo que o conteúdo Saúde

deve ser incluído nas diferentes áreas curriculares, e que a auto-estima e

autoconfiança pessoal são fundamentais para promover a saúde, envolver a efetiva

participação dos educadores na elaboração de projetos pedagógicos, incluído todos

os que nela estuda e trabalha estabelecendo relações saudáveis e produtivas

(BRASIL, 1998a).

Os Temas Transversais, como Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural,

Saúde, Orientação Sexual, Trabalho e Consumo, por se tratarem de questões

sociais, são assuntos que estão sendo intensamente vividos pela sociedade, pelas

comunidades, famílias, alunos e educadores, visando modificar atitudes e

comportamentos apresentados pelos escolares, ampliando seu olhar sobre o

cotidiano, podendo assim contribuir para a saúde das crianças na escola (BRASIL,

1998a).

A transversalidade, pressupõe uma inter-relação permanente entre

Educação para a Saúde com os demais temas transversais, o conteúdo dos temas

faz com que entre eles haja grande afinidade, estabelecendo conexões com outras

áreas do conhecimento e fazendo com que os alunos tenham uma visão ética do

mundo e das relações humanas, onde as questões como Corpo, Jogo, Dança e

Esporte possa ser compreendido. O desenvolvimento do tema saúde na escola se

dá também pela organização de campanhas, seminários, trabalhos artísticos,

mobilizando diversas classes (BRASIL, 1998a).

O Ensino da Saúde na Escola tem sido um grande desafio para os

educadores no que se refere à possibilidade de garantir uma aprendizagem efetiva

gerando mudança de atitudes e hábitos de vida, atitudes transformadoras são

possíveis, através de uma ação conjunta, entre professores, comunidade escolar,

sociedade e Poder Publico de forma contextualizada e sistemática, podendo

sensibilizar e melhorar a saúde das crianças na Escola.

23

1.2.1 A Educação Física Escolar na promoção da saúde

O estado de ser saudável deve ser constituído ao longo de toda a vida

apontando para o fato de que saúde é educável, não deve ser tratada apenas com

base em referencias de natureza biológica e higienista, mas em um contexto didático

pedagógico (GUEDES; GUEDES, 1994, apud SCHNEIDER, 1999).

Acredita-se ser o papel da Educação Física Escolar, educar por meio da

atividade física. Conscientizar a comunidade escolar de que a aptidão física, a

prática de atividade física e bons hábitos alimentares são importantes a todos os

indivíduos em todas as idades, principalmente para os que mais necessitam: os

sedentários e os obesos (BIAZUSSI, s/d).

Cabe a Educação Física Escolar a responsabilidade de lidar de forma

específica com alguns aspectos relativos aos conhecimentos procedimentais,

conceituais e atitudinais, característicos da cultura corporal de movimento. (BRASIL,

1998b).

Ela tem também um caráter de redução e prevenção de doenças

cardiovasculares, na diminuição do sobrepeso e obesidade, elevando a auto-estima,

aumentando a sensação de bem estar e disposição para andar, correr, brincar e se

movimentar (PARREIRA; TEIXEIRA, 2002).

Os programas de Educação Física Escolar, foram afetados e continuam

ainda sofrendo influências de décadas passadas por diferentes áreas: a médica, a

militar, a biopsicossocial e a esportiva (GUEDES, 1999).

A área médica preconizava indivíduos fortes e enrijecidos, postura

correta, boa aparência física, com preocupação ortopédica, os modelos ginásticos

eram fortemente empregados (GUEDES, 1999).

Nos anos 30 o setor educacional sofreu reforma profundas, surge então a

tendência militar, que além da assepsia corporal passou a privilegiar a eugenia da

raça; marginalizando aqueles jovens menos capazes fisicamente (GUEDES, 1999).

Na década de 40, surge a escola nova com a tendência biopsicossocial,

com a introdução das idéias pedagógicas também no campo da Educação Física e

reconhecimento desta como meio de educação (GUEDES, 1999).

Nos anos 70 influenciado pelo sucesso alcançado por equipes nacionais

em competições internacionais, o Esporte na Educação Física Escolar passa a ter

24

grande importância, fazendo com que os professores se voltassem exclusivamente

para a prática esportiva, essa tendência predomina até os dias atuais, trazendo

dificuldades para mudar esse quadro (GUEDES, 1999).

Diante das tendências apresentadas desde a área médica até a esportiva

a educação para a saúde nunca foi desenvolvida como objetivo principal, ocupando

lugar de pouco significado entre os educadores físicos (GUEDES, 1999).

Diante da situação atual, frente as modificações nos padrões de vida da

população a hipocinesia entre as pessoas, permite o surgimento de doenças ditas

da civilização. A atividade física passa então a ter maior relevância, para compensar

os efeitos nocivos provocados pela sociedade moderna (GUEDES, 1999).

A tendência de analisar a Educação Física como promoção de saúde tem

seu início na década de 1990 com autores como Gaya, Guedes e Guedes, Farinatti

dentre outros, percebendo a importância de se repensar o currículo auxiliando no

sentido de oferecer uma nova concepção do real papel da disciplina na estrutura

escolar, delimitando direção para as práticas pedagógicas dos professores

(SCHNEIDER, 1999).

A partir da Lei de Diretrizes e Bases de 1996, houve um esforço de

reformulação das propostas curriculares, tornando a Educação Física componente

curricular da Educação Básica. A partir desta nova concepção, as aulas de

Educação Física, devem desenvolver outras práticas corporais além dos Esportes,

como a Dança, a Ginástica, Jogos e Lutas, e através delas e do próprio esporte

exercer seu papel de contribuir na formação da criança (PARÂMETROS Curriculares

Nacionais Fáceis de entender, s/d).

Nas últimas décadas tem-se destacado a importância da aquisição e da

manutenção de hábitos saudáveis visando a melhoria da qualidade de vida da

população e a adoção de um estilo de vida mais saudável, o que tem colaborado na

prevenção de doenças crônicas degenerativas, como as cardiopatias, artrites,

diabetes, câncer, osteoporose, doenças pulmonares, acidente vascular cerebral e

obesidade (BIAZUSSI, s/d).

Embora crianças e jovens raramente apresentem sintomas de doenças

crônico-degenerativas, esta não pode ser uma garantia de que não vá ocorrer no

futuro (BIAZUSSI, s/d).

25

Informações epidemiológicas (CDC,1998), revelam que o sedentarismo e

a obesidade se perpetuarem por mais tempo, estima-se que em 2020, 73% dos

adultos poderão apresentar disfunções orgânicas (BIAZUSSI, s/d).

A adoção de hábitos saudáveis, necessita ser assumida ainda na idade

escolar para evitar no futuro possíveis distúrbios degenerativos. (GUEDES;

GUEDES, 1994, apud SCHNEIDER, 1999).

O sedentarismo é atualmente um dos grandes problemas da modernidade

entre crianças e adolescentes, percebe-se o surgimento de novas opções lúdicas,

substituindo atividades tradicionais que envolvem algum esforço físico. Para reverter

essa situação cabe a Escola em especial a Educação Física e aos Órgãos

competentes criar programas de prevenção que possam contribuir no sentido de

inibir o aparecimento dos fatores de riscos que se apresentam cada vez mais

precoce (BIAZUSSI, s/d).

1.2.2 Os benefícios da atividade física e da Educação Física Escolar no controle e

prevenção da obesidade infantil

1.2.2.1 Conceituação de obesidade

No mundo em que se define o normal como um conceito estatístico, os

extremos são encarados com segregação, preconceito e uma curiosidade mórbida.

Altos e baixos, magros e gordos, todos os pólos são problemáticos e

enfrentam dificuldades diárias (FISBERG, 2005).

Contudo, entre todas as alterações do nosso corpo, provavelmente a

obesidade é a situação mais complexa e de difícil entendimento (FISBERG, 2005).

Durante muito tempo na história da humanidade o ganho de peso era

visto como um sinal de saúde e prosperidade. Porém, hoje o acúmulo de gordura ou

obesidade é considerado uma das doenças crônicas mais comuns, que afeta

crianças, adolescentes e adultos, principalmente nos paises desenvolvidos (PERL,

et al., 1998 apud ANDRADE, 1998), embora sua prevalência possa variar de grupos

para grupos.

26

Para Barbosa (2004) a obesidade refere-se à condição na qual o

indivíduo apresenta uma quantidade excessiva de gordura corporal. O aumento do

peso corporal é um reflexo do acúmulo da gordura em excesso no tecido adiposo,

mas não significa necessariamente que a pessoa esteja obesa. Já o sobrepeso,

refere-se àqueles valores de massa corporal que se encontram entre a massa tida

como normal e a obesa, podendo ocorrer em função de excesso de gordura corporal

ou de valores elevados de massa magra.

A obesidade pode ter início em qualquer época da vida, especialmente

nos períodos de aceleração do crescimento. Atualmente é considerada como um

problema de Saúde Pública tanto na população jovem como na adulta. Os dados

referentes às crianças brasileiras, levantados em 1989 pelo Instituto Nacional de

Saúde e Nutrição (PNSN), apontam que cerca de um milhão e meio de crianças são

obesas, com maior prevalência nas meninas e nas áreas de maior desenvolvimento.

No entanto esse perfil está mudando, e a obesidade vem aumentando no sexo

masculino e nas classes menos favorecidas (GIUGLIANO; CARNEIRO, 2004).

A obesidade pode ser definida como uma doença resultante do acúmulo

anormal ou excesso de gordura sob a forma de tecido adiposo, de forma que possa

resultar em prejuízo à saúde (ANDRADE, 1998).

Entre a comunidade cientifica já existe um consenso quanto ao

entendimento das causas da obesidade, pois se admite que esta é uma doença

complexa, multifatorial, e seu desenvolvimento pode ser determinado por um ou pela

soma de fatores, como genético, ambiental, comportamental e sócio-cultural

(ESPÍRITO SANTO; MERCÊS, 2005)

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) os índices de

obesidade têm aumentado consideravelmente nas últimas décadas, sendo hoje

considerada uma epidemia. Os principais fatores que contribuíram para esse

aumento foram a automação dos afazeres básicos e as mudanças inadequadas nos

hábitos dietéticos.

Segundo Bouchard (2003) observa-se um aumento do sedentarismo com

diminuição da atividade física espontânea e da atividade física de lazer. Além disso

observa-se também um aumento da oferta de alimentos, principalmente os ricos em

lipídios saturados e no número de refeições e de porções.

Segundo Silva et al., (2003) em trabalho sobre a prevalência de

sobrepeso em crianças pré-escolares de escolas particulares do Recife (PE) o

27

sobrepeso foi encontrado em 27,0% das meninas e 17,6% dos meninos, porém,

quando observado a obesidade nesta mesma população o encontrado foi 9,8% em

meninas, e 13,0% em meninos. Atualmente novos trabalhos vêm comprovando o

achado deste autor; em recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE, 2006) foi demonstrado que 18,0% dos adolescentes brasileiros do

sexo masculino têm excesso de peso, já no sexo feminino o encontro foi de 15,4%

(ANDRADE, 1998).

A obesidade é uma doença que vem apresentando aumento em seus

números, não apenas nos paises ricos, mas também nos paises em

desenvolvimento

1.2.2.2 Etiologia e classificação da obesidade

A obesidade é uma doença complexa, com etiologia multifatorial, ela não

está relacionada exclusivamente com o excesso de ingestão alimentar e a

inatividade física, podendo ser causadas por múltiplos fatores (DÂMASO, et al.,

2003) Existem contribuições comportamentais, como estilo de vida e aspectos

fisiológicos no desenvolvimento e na manutenção desta doença, dificultando assim

identificar as potencialidades de cada uma.

A obesidade pode ser classificada em dois grandes contextos: exógena

(primária) ou endógena.

Exógena: decorrente de um desequilíbrio entre ingestão alimentar e gasto

calórico. Influenciada por fatores externos de origem comportamental, dietética e ou

ambiental, os quais representam 95% à 98% ou mais dos casos (alimentação,

estresse, inatividade física) (ESCRIVÃO, et al. 2000 apud ANDRADE, 1998).

Fatores Endógenos: a obesidade endógena, apresenta apenas algo em

torno de 2% a 5% de causa relacionada a síndromes genéticas, tumores ou

distúrbios endócrinos (ESCRIVÃO, et al., 2000 apud ANDRADE, 1998). Também

está relacionada a componentes genético, neuropsicológicos, endócrinos e

metabólicos, os quais representam aproximadamente 5% dos casos (DÂMASO et

al., 2003).

28

Genéticos - Desde que a obesidade passou a ser estudada, o papel da

genética vem sendo investigado. Embora existam muitos dados empíricos, pode

haver ocorrência de apenas 7% de filhos obesos quando os pais apresentam peso

normal. Por outro lado, se o progenitor é obeso, essa incidência aumenta para 40%

e, quando ambos os pais são obesos, a descendência poderá apresentar até 80%

de obesidade. Segundo Damaso e Tock (2005) o fator de risco mais importante para

o aparecimento de obesidade em crianças é a presença desta em seus pais, pela

soma das influências genéticas e ambientais, (ANDRADE, 1998) somados a

influência genética, estão os fatores culturais e familiares que, através da influência

da aprendizagem, predispõe a que os filhos simplesmente imitem os hábitos

alimentares de seus pais.

Endócrinos: muitas das alterações em pacientes obesos ainda são

desconhecidas, contudo é evidente que o sistema endócrino exerce um papel

relevante na etiologia e na manutenção da obesidade, assim como participa

ativamente na regulação hormonal do controle de peso.

Metabólicos: A redução da taxa metabólica é provavelmente uma das

mais freqüentes causas de obesidade. A taxa metabólica basal (TMB) é uma medida

padronizada do gasto energético em repouso em que tal valor reflete a quantidade

mínima de energia necessária para a manutenção das funções fisiológicas,

essenciais ao bom funcionamento do organismo.

Os fatores econômicos e sociais também têm sido apontados como

determinantes muito importantes para a ocorrência da obesidade, De acordo com

Marinho et al., (2003), a obesidade é mais prevalente entre mulheres de classe

sócio-econômica baixa, do que entre as de condições mais elevada em países

desenvolvidos.

Contudo, o predomínio da obesidade no Brasil ocorre na classe sócio-

econômica mais alta da população, podendo influenciar por meio da educação, da

renda e da ocupação, resultando em padrões comportamentais específicos que

afetam a ingestão calórica, gasto energético e taxa de metabolismo. Embora ela

possa ocorrer em diferentes faixas econômicas (MELO, et al., 2004).

Para Oliveira e Fisberg (2003) o acesso mais fácil aos alimentos ricos em

gorduras e açúcares simples, assim como, o uso de computadores e videogames,

em substituição à atividade física, poderiam explicar a maior prevalência da

29

obesidade encontrada em estudantes de classes econômicas mais elevadas,

(escolas particulares) podendo influenciar no ganho de peso.

1.2.2.3 Obesidade na infância

A obesidade é um forte elemento que predispõe ao excesso de peso na

vida adulta, portanto deve ser prevenida.

A família é o principal meio social de suporte ao controle e prevenção da

obesidade na infância, oferta adequada de alimentos, estímulo ao lazer ativo, e

controle de comportamentos como: comer depressa, comer diante da TV, refeições

em horários não adequados, excesso de valorização dos alimentos, recompensas

como doces, fast-food, podem ser evitados (DÂMASO; TOCK, 2005).

Na infância, alguns fatores são determinantes para o estabelecimento da

obesidade: o desmame precoce e a introdução inadequada de alimentos

complementares, o emprego de fórmulas lácteas inadequadamente preparadas,

distúrbios do comportamento alimentar e inadequada relação familiar (FISBERG,

2005). Barbosa (2004) também concorda com estes fatores determinantes.

Por isso muito se tem discutido sobre a obesidade infantil, vários países

estão preocupados com o aumento de peso registrado nas crianças em diversas

faixas etárias, pois a incidência de obesidade infantil está aumentando em todo o

mundo (MARTINIANO; MORAES, 2005).

De acordo com Martiniano e Moraes (2005) a obesidade infantil pode

ocorrer em qualquer faixa econômica, pois a vida moderna tem criado condições

para o desenvolvimento de obesidade em crianças. Existem alguns fatores que

refletem o aumento de peso, desde a qualidade dos alimentos até o sedentarismo,

que é um dos fatores que podem aumentar a prevalência da obesidade, bem como o

tipo de atividade física que elas executam nos dias de hoje, na medida em que são

impedidas de saírem de casa (por causa da violência) e, desta forma, deixam de

correr nas praças, andar de bicicleta e participar de outras brincadeiras de boa

atividade física interferindo diretamente no seu peso. Esse decréscimo na atividade

física leva a um balanço energético desfavorável.

30

Isso mostra a necessidade de intervenção já na idade escolar para se

tentar reduzir a ocorrência crescente desta doença e suas possíveis conseqüências.

Diante disso, a Escola também pode ser encarada como um potencial

responsável pelo controle e prevenção da obesidade devendo, portanto, criar

estratégias nutricionais de atividade física que sejam adequadas ao controle e

prevenção desta doença (DÂMASO e TOCK, 2005).

O interesse na prevenção também está na potencialidade enquanto fator

de risco para as doenças crônico-degenerativas e mais recentemente pelo

aparecimento de doenças como o diabetes mellitus tipo 2 em adolescentes obesos,

antes predominante em adultos. Além disso as intervenções em crianças

principalmente antes dos 10 anos ou na adolescência, reduzem mais a severidade

da doença do que as mesmas intervenções na idade adulta (LEÃO, et al., 2003).

Além de todos os problemas já citados, crianças obesas são

freqüentemente discriminadas pelos amigos em seu ambiente escolar, levando ao

isolamento e à inibição.

A obesidade infantil é um problema de saúde pública que preocupa cada

vez mais, devido ao crescimento rápido de sua prevalência em muitos países e em

todo o mundo,o desenvolvimento de políticas e programas para melhorar a

qualidade de vida da população deve ser prioridades para qualquer governo.

1.2.2.4 Atividade física no controle da obesidade infantil

A prática regular de exercícios físicos acompanha-se de benefícios que se

manifestam sob todos os aspectos do organismo, interferindo diretamente na saúde

e no controle da obesidade infantil. Do ponto de vista músculo-esquelético, auxilia na

melhora da força e do tônus muscular e da flexibilidade, fortalecimento dos ossos e

das articulações. No caso de crianças, pode ajudar no desenvolvimento das

habilidades psicomotoras (BOA SAÚDE, 2005).

Com relação à saúde física, observamos perda de peso e da

porcentagem de gordura corporal, redução da pressão arterial em repouso, melhora

do diabetes, diminuição do colesterol total e aumento do HDL-colesterol (o colesterol

31

bom)Todos esses benefícios auxiliam na prevenção e no controle de doenças,

sendo importantes para a redução da mortalidade associada a elas (BOA SAÚDE,

2005).

A atividade física também favorece o desenvolvimento intelectual,

melhorando o desempenho escolar, e o convívio social (BOA SAÚDE, 2005).

Segundo Biazussi (s/d) os benefícios da atividade física nos escolares

são vários, como melhora a qualidade do sono, o exercício aumenta a auto-estima,

ajuda no auto-conhecimento corporal, influenciando no crescimento e

desenvolvimento.

A prática regular de exercícios vigorosos podem levar também a um

aumento da densidade mineral óssea, reduzindo o risco de osteoporose precoce em

idades mais avançadas (BIAZUSSI, s/d).

O cuidado com a aparência física, é outro fator importante, melhorando a

capacidade funcional e nos transtornos de humor, segundo Mello e Tufik (2004 apud

BIAZUSSI, s/d), o aumento da incidência de diagnósticos de depressão em crianças

e adolescentes vem sendo descrito na literatura internacional como três vezes mais

freqüência nessa faixa etária quando comparados com adulto. Além dos benefícios

supracitados, com base nos dados, Astrand et al., (1980 apud BIAZUSSI, s/d),

alertam que a atividade física regular favorece a longevidade, pessoas mais ativas

fisicamente têm probabilidade maior de sobreviver à sua perspectiva biológica de

vida.

Os exercícios aeróbicos como, corridas, caminhadas, natação, ciclismo,

entre outros, são os mais benéficos para a promoção e manutenção da saúde,

segundo Farinatti (1992 apud BIAZUSSI, s/d) devido a utilização de lipídios e

carboidratos, como fonte de produção de energia durante o exercício.

A intensidade do exercício vai determinar o substrato a ser utilizado,

quanto menor for a intensidade do exercício, maior a porcentagem de utilização de

gordura, e quanto maior intensidade, maior a utilização de carboidratos. O sistema

nervoso central também passa a ser estimulado, liberando maior quantidade de

endorfina, provocando a sensação de relaxamento e bem-estar (BIAZUSSI, s/d).

A finalidade e importância da Educação Física Escolar como colaboradora

na prevenção da obesidade infantil é um aspecto abordado hoje pelas ciências e

importante que se perceba a relevância das interferências positivas que o

profissional de Educação Física pode exercer sobre a formação de hábitos

32

saudáveis na infância refletindo positivamente na vida adulta. (MAESTRI;

FIAMONCINI, 2006).

Acreditamos que a perspectiva para a Educação Física Escolar na

atualidade, deve ter nova tendência: a da Educação para a Saúde. Democratizar e

humanizar, as aulas de Educação Física, diversificando as práticas pedagógicas,

será um ganho para os escolares, preparando-os para terem um estilo de vida

permanentemente ativo e mais saudável, prevenindo contra futuras doenças.

1.2.2.5 Obesidade e avaliação da composição corporal

O uso do IMC para identificar adultos com sobrepeso e obesidade é

consensual; nas avaliações nutricionais de crianças e adolescentes ele começou a

ser mais difundido após a publicação de Must et al., (apud VIUNISKI, 2008) que

apresentam valores de percentis por idade e sexo.

A fim de desenvolver uma aceitável definição para sobrepeso e obesidade

em crianças e adolescentes, foi desenvolvido um estudo internacional envolvendo

seis países: Brasil, Grã, Bretanha, Hong Kong, Holanda, Cingapura e Estados

Unidos. Os dados brasileiros foram fornecidos pela equipe do Dr. Carlos Monteiro,

da USP, São Paulo (VIUNISKI, 2008).

Este estudo foi promovido e patrocinado pela Força Tarefa Internacional

para Obesidade, da Organização Mundial da Saúde. Foram 97.876 meninos e

94.851 meninas, acompanhados do nascimento até os 25 anos de idade (VIUNISKI,

2008).

Nesse trabalho, para cada faixa etária e sexo foram desenhadas curvas

de crescimento, tal sorte que na idade de 18 anos passassem pelos pontos de corte

largamente aceitos para sobrepeso e obesidade em adultos (IMC de 25 e 30 kg/m).

Essas curvas foram arranjadas para fornecer esses pontos de corte para cada sexo

e idade de dois a 18 anos (VIUNISKI, 2008).

Essa nova tabela, por ser menos arbitrária, mais universal e mais

representativa do que as outras que vinham sendo usadas, deverão ser um

instrumento útil para fornecer um levantamento internacional da prevalência da

obesidade em crianças e adolescentes (VIUNISKI, 2008).

33

Esses valores são considerados atualmente como referência pela OMS

para identificar sobrepeso e obesidade em crianças a partir de dois anos e

adolescentes, não sendo recomendados para crianças abaixo dos 24 meses de

idade (DAMASO, 2003).

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O presente estudo teve como objetivo avaliar a influência da Atividade

Física no ambiente Escolar e sua possível relação com a prevalência de obesidade

em escolares do ensino fundamental de escolas da rede pública e privada da cidade

de Patos de Minas1.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

A - avaliar o índice de massa corporal (IMC) de crianças nas faixas etária

de 8 a 11 anos de idade em escolas;

B - levantar os hábitos de atividade física entre os escolares;

C - estabelecer uma possível correlação entre as variáveis: atividades

físicas, histórico familiar de obesidade e classe sócio-econômica em relação aos

índices de massa corporal observados.

1 Patos de Minas está situada na região intermediária às regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.

3 METODOLOGIA

3.1 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES E PROCEDIMENTOS ÉTICOS

Participaram da pesquisa 300 escolares com idades entre 8 e 11 anos, de

ambos os sexos, do Ensino Fundamental, devidamente matriculados nas escolas,

aqui chamada de A, B, e C, que foram selecionados por apresentação voluntária,

após palestra de orientação e esclarecimento sobre os propósitos do estudo, aos

pais e responsáveis (ANEXO 4).

As escolas que foram intencionalmente escolhidas, representam

referências da Rede Escolar de uma cidade de Minas Gerais, nos âmbitos do Ensino

Municipal, Estadual e particular e por essa razão foram selecionadas.

Para a realização da pesquisa e coleta de dados, inicialmente foi

apresentado o projeto às diretoras das escolas que após a leitura do mesmo,

aprovaram e assinaram, autorizando o início da coleta (ANEXO 2).

Os pais ou responsáveis foram devidamente informados a respeito do

projeto através de uma carta de esclarecimento e depois através de palestra,

explicando o objetivo da pesquisa, e na qual se esclareceu que os procedimentos

eram indolores, não invasivos, não causavam constrangimento e eram sigilosos.

Também foi enviado aos pais ou responsáveis, o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (ANEXO 3), instrumento no qual se esclarece o objetivo do presente

estudo, a explanação dos objetivos propostos, do procedimento da coleta dos

dados, a garantia do anonimato, da liberdade de recusa e participação ou retirada do

consentimento em qualquer fase da pesquisa, da garantia de qualquer

esclarecimento que se fizer necessário, bem como certifica a ausência de risco a

saúde física e integridade moral dos participantes, atendendo à resolução no 196/96

do Conselho Nacional de Saúde.

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de

Franca, conforme anexo 5.

36

3.2 DETERMINAÇÃO DO TAMANHO DA AMOSTRA PARA PROPORÇÃO

Número de alunos na faixa etária de 8 a 11 anos, das Escolas

participantes

Escolas Número de Alunos Média

A 257 257 x 0,3158 = 81

B 205 205 x 0,3158 = 65

C 488 488 x 0,3158 = 154

TOTAL 300

n0 = (Z)² p (1 – P )

Onde:

n0 = Tamanho inicial da amostra

z² = Nível de confiança desejado, que determina o valor de Z, o valor

crítico da distribuição normal. Para 90% de confiança z= 1,55.

e = Erro de amostragem permitido.

P = Verdadeira proporção de”sucessos”.

n = Tamanho da amostra corrigida.

N = Tamanho da população.

Aplicação na pesquisa

n0 =1,96² x (0,5 x 0,5)

0,05²

n0 = 384 amostras

n = 384 x 950 = 300

384 + (949 – 1)

37

3.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO ESTUDO

O estudo de caráter epidemiológico foi desenvolvido pelo modelo de corte

Transversal

A pesquisa descritiva, segundo Mattar (2001), tem a característica de

possuir objetivos bem definidos, procedimentos formais, ser bem estruturada e

dirigida para a solução de problemas ou a indicação de alternativas de ação.

O pesquisador precisa saber exatamente o que pretende com a pesquisa,

ou seja, quem (ou) o que deseja medir, quando e onde o fará, como fará e por que

deverá fazê-lo (MATTAR, 2001, p.23).

Do ponto de vista da sua natureza, a pesquisa é de caráter intencional, de

forma aleatória. Quanto a abordagem da pesquisa será quantitativa, pois

caracteriza-se segundo Malhotra (2001), pelo emprego de quantificação, tanto nas

modalidades de coleta, quanto no tratamento das informações por meio de técnicas

estatísticas descritivas simples (como percentuais, médias, desvios padrão), e

também complexas como coeficiente de correlação, índices de satisfação, entre

outras. Os estudos quantitativos caracterizam-se ainda pela intenção de garantir

precisão nos resultados, evitar distorções de análise e interpretação, possibilitando

assim uma abordagem de segurança maior quanto às possíveis futuras inferências a

serem realizadas sobre a população estudada.

Para a escolha dos alunos, foi utilizado o método de amostragem

estratificada onde o tamanho da amostra foi determinado com base em uma

proporção do total de alunos matriculados em cada escola, dentro da faixa etária

escolhida, totalizando um número de 300 crianças, de ambos os sexos, entre 8 a 11

anos.

3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETAS DE DADOS

Os alunos, sujeitos voluntários da pesquisa responderam a um

questionário sendo o mesmo voltado para a investigação de histórico familiar, nível

de atividade física, perfil sócio-econômico (ANEXO 1).

38

3.4.1 Procedimentos de avaliação

A avaliação dos escolares constou dos seguintes instrumentos:

Peso: os escolares foram avaliados vestidos de short e camiseta,

descalços em pé de frente para a escala da balança, com afastamento lateral dos

pés, ereto e com olhar fixo para frente. Para tanto foi empregada uma balança

marca Filizola (Indústria Filizola S/A – Brasil), com capacidade de aferição de 0 a

150 kg, com precisão de cem (100) gramas.

Estatura: o avaliado ficou descalço, usando short e camiseta, colocado

em posição ortostática, calcanhares unidos, pés afastados formando um ângulo de

60º, braços pendentes com as mãos espalmadas sobre as coxas, procurando

colocar em contato com o instrumento de medida as superfícies do calcanhar,

cintura pélvica, cintura escapular e região occipital, No momento da medida os

avaliados foram orientados a realizar apnéia respiratória e permanecer com a

cabeça ereta paralela ao solo. Para isso utilizou-se um estadiométro com fita

métrica, tipo trena marca Sanny (fabricante American Medical do Brasil Ltda) com

capacidade de 2 m, graduada em cm e décimo de cm, com cursor antropométrico.

IMC: o índice de massa corporal (IMC), ou índice de Quetelet, foi

determinado pela equação ( )2

)(

Altura

kgPesoIMC =

A antropometria é considerada o método mais útil para rastrear a

obesidade, por ser barato, não-invasivo, universalmente aplicável e com boa

aceitação pela população. Os Índices antropométricos são obtidos a partir da

combinação de duas ou mais informações antropométricas básicas (peso, idade,

altura).

Este é obtido, medindo-se o peso (kg) e a estatura (m) do indivíduo. A

partir dos valores obtidos, calcula-se o IMC (kg/m), dividindo-se o peso pela altura

ao quadrado, podendo-se então, identificar o grau de obesidade (DÂMASO, 2001,

apud SAPATÉRA; PANDINI, 2005).

39

O Índice de Massa Corporal (IMC), ou índice de Quetelet, também é

considerado como a medida de escolha na padronização do diagnóstico da

obesidade nas diferentes regiões do planeta. Para a classificação do

enquadramento nas categorias do IMC foi empregada a Tabela reclassificada da

OMS para crianças de 8 a 11, com a fusão das categorias Obeso e Sobrepeso

(ANEXO 6)

3.5 TRATAMENTO ESTATÍSTICO

3.5.1 Plano de análise dos dados

Os dados coletados serão analisadas estatisticamente e tabulados pelo

programa software sistema Statistical Package for The Social Sciences (SPSS),

versão 13.0. Onde serão analisadas algumas correlações.As análises dos dados

constarão de dois tipos de análises estatísticas, freqüência relativa em porcentagem

e teste de qui-quadrado. O ceoficiente de significância estatística adotado será de P

≤ 0,05.

3.5.2 Freqüência Relativa em Porcentagem

Os resultados serão submetidos à distribuição de freqüência que, por seu

fácil entendimento na apresentação de resultados de uma série de variáveis, talvez

seja a análise mais usada pelos meios de divulgação.

Mattar (2001, p.95), afirma que “a distribuição de freqüência absoluta é

resultante da contagem das ocorrências de resposta por opção possível da variável,

e a relativa em porcentagem é resultante da divisão da freqüência absoluta de cada

opção pelo total de elementos da amostra” multiplicado por 100.

FaFr(%) = x100

n

Em que:

40

• Fa = Freqüência absoluta, resultado da contagem por categoria.

• n = Tamanho da amostra (número de respondentes).

3.5.3 Cruzamento de variáveis através do teste de Qui-Quadrado

Serão submetidos ainda à análise de cruzamento de dados, onde, de

acordo com Malhotra (2001), embora sejam interessantes as respostas obtidas com

uma só variável (distribuição de freqüência), o pesquisador sempre tem necessidade

de ligar uma variável a outras, para obter resultados mais expressivos. Isto é obtido

pelas tabelas em forma de tabulação cruzada que contem uma célula para cada

combinação de categoria de duas variáveis, originando “tabelas que refletem a

distribuição conjunta de duas ou mais variáveis com um número limitado de

categorias ou valores distintos” (MALHOTRA, 2001, p. 408).

Com o objetivo de conhecer as associações entre algumas variáveis

pesquisadas será utilizado o teste de dependência de “Qui-quadrado.”

O qui-quadrado é uma estatística que “é usada para testar a significância

estatística de associação observada em uma tabulação cruzada. Ela consiste em

determinar se existe uma associação sistemática entre duas variáveis” (MALHOTRA,

2005).

3.5.4 Hipóteses a serem testadas

H0 - Não existe associação ou dependência entre as categorias de índices

de massa corporal e as variáveis atividades físicas, histórico familiar, classe sócio

econômica.

H1 - Existe associação ou dependência entre as categorias de índices de

massa corporal e as variáveis atividades físicas, histórico familiar, classe sócio

econômica.

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS

Tabela 1 – Caracterização dos entrevistados da pesquisa empírica

GÊNERO FAIXA ETÁRIA

IDENTIFICAÇÃO ESCOLA

CLASSE ECONÔMICA

DISCRIMINAÇÃO

f % F % f % f % Masculino 122 41,6% Feminino 171 58,4% De 8 a 9 anos 143 48,8% De 10 a 11 anos 150 51,2% Escola A (pública) 81 27,6% Escola B (pública) 149 50,9% Escola C (Part.) 63 21,5% Classes A e B 136 50,7% Classes C, D e E 132 49,3% Base de dados: 293 dados.

Na Tabela 1, são apresentadas informações referentes à caracterização

dos entrevistados. Pelos resultados apresentados, observa-se que 41,6% dos

entrevistados foram do sexo masculino e 58,4% foram do sexo feminino.

Em relação à faixa etária dos entrevistados, 48,8% tem de 8 a 9 anos e

51,2% apresentam idade de 10 a 11 anos.

O público pesquisado foi de três escolas de Patos de Minas, sendo duas

públicas (freqüentadas por alunos das classes C, D e E – Escolas A e B) e uma

particular (freqüentadas por alunos das Classes A e B – Escola C). Foram

entrevistados 27,6% de alunos da Escola A, 50,9% da escola B, que é uma escola

pública e 21,5% de um colégio particular, denominado aqui de Escola C.

42

4.2 CLASSIFICAÇÃO DO IMC, POR FAIXA ETÁRIA

Na Tabela 2 e Gráfico 1, são apresentados os resultados do índice de

massa corporal em relação às faixas etárias pesquisadas de 8 a 9 anos e de 10 a 11

anos.

Através do teste estatístico de dependência, que tem por objetivo verificar

a relação entre duas variáveis qualitativas nominais, foi verificado que houve

associação estatisticamente significativa entre faixa etária e as classificações do

índice de massa corporal.

Os resultados demonstram associação significativa (p=0,03) entre faixa

etária e classificação do IMC, ficando evidenciado que o maior percentual de obesos

(19,7%) e também baixo peso (11,3%) e portanto os dois desvios da normalidade,

foram mais presentes entre as crianças de 8 a 9 anos de idade.

Tabela 2 – Classificação IMC, por faixa etária

Classificação IMC FAIXA ETÁRIA BAIXO PESO NORMAL OBESO

TOTAL

De 8 a 9 anos 16 (11,3%) 98 (69,0%) 28 (19,7%) 142

De 10 a 11 anos 11 (7,4%) 127 (85,2%) 11 (7,4%) 149

Geral 27 (9,3%) 225 (77,3%) 39 (13,4%) 291

Associação significativa entre faixa etária e classificação do IMC, por teste de dependência de Qui-Quadrado para p = ,003.

11,30

7,40

69,00

85,20

19,70

7,40

0% 20% 40% 60% 80% 100%

8 a 9 anos

10 a 11 anos

Baixo Peso Normal Obeso

Gráfico 1 - FILTRO DE DA CLASSIFICAÇÃO DO IMC POR FAIXA ETÁRIA

43

Esses indicadores podem ser parcialmente explicados pelo fato de que

essa faixa etária ainda apresenta uma relativa inadequação ao teste de IMC, com

variações muito grandes para relação peso altura, as quais tendem a se normalizar

e portanto ser mais adequadas aos padrões médio do IMC após o início da pré-

puberdade e puberdade. Isso nos sugere que o IMC não se caracteriza com uma

ferramenta precisa para a avaliação de obesidade ou desnutrição nessa faixa-etária.

4.3 CLASSIFICAÇÃO DO IMC, POR ESCOLA PESQUISADA

Na Tabela 3 e Gráfico 2, são apresentados os resultados do índice de

massa corporal em relação às escolas pesquisadas, sendo estas: Marcolino de

Barros, CAIC e Nossa Senhora das Graças.

Pelos resultados do teste de dependência foi verificado que houve

associação estatisticamente significativa entre as escolas e as classificações do

índice de massa corporal. Neles é possível observar entre os entrevistados uma

associação significativa (p=0,27) entre escolas pesquisadas e classificação do IMC,

onde a escola Marcolino de Barros apresenta a maior incidência de Obesos (18,8%)

e a escola CAIC a maior incidência de Baixo Peso (14,1%).

Tabela 3 – Classificação do IMC, por escola pesquisada.

Classificação IMC ESCOLA BAIXO PESO NORMAL OBESO

TOTAL

Escola A 2 (2,5%) 63 (78,8%) *15 (18,8%) 80

Escola B *21 (14,1%) 111 (74,5%) 17 (11,4%) 149

Escola C 4 (6,5%) 51 (82,3%) 7 (11,3%) 62

Geral 27 (9,3%) 225 (77,3%) 39 (13,4) 291 (100%)

Associação significativa entre escolas pesquisadas e classificação do IMC, por teste de Dependência de Qui-Quadrado para p = ,027

44

2,5

14,1

6,5

78,8

74,5

82,3

18,8

11,4

11,3

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Escola A

Escola B

Escola C

Baixo Peso Normal Obeso

Gráfico 2 - FILTRO DA CLASSIFICAÇÃO DO IMC POR ESCOLA

Nossos resultados para essas variáveis contrariam a literatura revisada

(GUEDES, et al. 2006; GIUGLIANO; CARNEIRO, 2004) uma vez que os referidos

autores apontam que a obesidade apresenta-se entre as classes sociais mais

favorecidas. No presente estudo a escola com o maior índice de alunos obesos para

a faixa etária estudada, é uma escola pública freqüentada por alunos de famílias de

mais baixa renda.

Esses resultados são confirmados ainda quando estratificamos as

amostras escolares por faixa etária, o que é apresentado nas Na Tabela 4 e Gráfico

3, os quais apresentam os resultados do índice de massa corporal em relação ao

filtro da idade de 8 a 9 anos dos pesquisados e Tabela 5 e Gráfico 4 os quais

apresentam os resultados do índice de massa corporal em relação ao filtro da idade

de 10 e 11 anos na mesmas escolas.

Neles é possível observar novamente uma prevalência de obesos em

ambas as faixas etárias, na escola pública A, onde a obesidade atinge 30,8% entre

as crianças de 8 e 9 anos de idade e 13% entre 10 e 11 anos de idade.

45

Tabela 4 – Classificação do IMC, por escola pesquisada (Filtro de 8 a 9 anos)

Classificação IMC ESCOLA BAIXO PESO NORMAL OBESO

TOTAL

Escola A 1 (3,8%) 17 (65,4%) *8 (30,8%) 26

Escola B *14 (17,7%) 52 (65,8%) 13 (16,5%) 79

Escola C 1 (2,7%) 29 (78,4%) 7 (18,9%) 37

Geral 16 (11,3%) 98 (69,0%) 28 (19,7%) 142

Associação significativa entre a faixa etária de 8e 9 anos,e escolas pesquisadas e classificação do IMC, por teste de Dependência de Qui-Quadrado para P = 0,054

2,7

17,7

3,8

78,4

65,8

65,4

18,9

16,5

30,8

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Escola C

Escola B

Escola A

Baixo Peso Normal Obeso

Gráfico 3 - FILTRO DE CLASSIFICAÇÃO POR FAIXA ETÁRIA, ESCOLA E IMC - 8 A 9 ANOS

Tabela 5 - Classificação IMC, por escola pesquisada (FILTRO DE 10 A 11 ANOS)

Classificação IMC ESCOLA BAIXO PESO NORMAL OBESO

TOTAL

Escola A 1 (1,9%) 46 (85,2%) *7 (13,0%) 54 (100%)

Escola B *7 (10,0%) 59 (84,3%) 4 (5,7%) 70 (100%)

Escola C 3 (12,0%) 22 (88,0%) 0 (,0%) 25 (100%)

Geral 11 (7,4%) 127 (85,2%) 11 (7,4%) 149 (100%)

Associação significativa entre a faixa etária de 8 e 9 anos,e escolas pesquisadas e classificação do IMC, por teste de Dependência de Qui-Quadrado para P = 0,091

46

12

10

1,9

10

84,3

85,2

1,9

5,7

13

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Escola C

Escola B

Escola A

Baixo peso Normal Obeso

Gráfico 4 - FILTRO DE CLASSIFICAÇÃO POR FAIXA ETÁRIA, ESCOLA E IMC -10 A 11 ANOS

Nos dois casos observamos também que a maior incidência de baixo

peso também ocorre em escolas públicas onde em ambas as faixas etárias, nesse

caso na Escola B, senso de 17,7% para a faixa etária de 8 e 9 anos e de 10% para

10 e 11 anos.

Nossos resultados são semelhantes aos dos estudos de Leão et al (2003)

que investigou alunos de escolas de Salvador-BA apontando resultados prevalência

de obesidade entre os mais desfavorecidos sócio-economicamente e ainda, com os

estudos Monteiro e Conde (1999), que apontam, sobre análise na tendência secular,

os desvios de normalidade de peso e da obesidade se direcionando as classes

menos favorecidas sociocultural e economicamente.

Nossos resultados subseqüentes continuam a demonstrar essa tendência

e corroborar nossa discussão até aqui.

Na Tabela 6 são apresentados os resultados do índice de massa corporal

em relação ao tipo das escolas pesquisadas, sendo estas: particular e pública.

Nela é possível observar claramente uma associação estatisticamente

significativa (p= 0,05) entre a classificação de IMC e a classificação de escolas

públicas e privadas, sendo que os dois extremos apontam prevalência para a escola

pública: Baixo Peso (10%) e Obeso (14,0%)

47

Tabela 6 – Classificação IMC, por tipo de escola

Classificação IMC FAIXA ETÁRIA BAIXO PESO NORMAL OBESO

TOTAL

Pública *23 (10,0%) 173 (76,0%) *32 (14,0%) 229 (100%)

Particular 4 (6,5%) 51 (82,3%) 7 (11,3%) 62 (100%)

Geral 27 (9,3%) 224 (77,2%) 39 (13,4%) 291 (100%)

Associação significativa entre escolas públicas e privadas e classificação do IMC, por teste de Dependência de Qui-Quadrado para P = 0,05

4.4 CLASSIFICAÇÃO DO IMC, POR HISTÓRICO DE OBESIDADE FAMILIAR

Os resultados apresentados na tabela 7 e gráfico 5, apontam a

associação entre as classificações do IMC e a presença de pessoas obesas na

família (parentes diretos em primeiro grau de parentesco: pais e irmãos).

Nela é possível observarmos uma associação bastante prevalente entre a

obesidade nos escolares que apresentam pessoas obesas em parentesco direto de

primeiro grau (22,9%), quando compradas aos escolares que não apresentam.

Tabela 7 – Classificação IMC, por presença ou ausência de pessoas obesas na família.

Classificação IMC PRESENÇA PESSOAS OBESAS BAIXO PESO NORMAL OBESO

TOTAL

Sim 7 (6,7%) 74 (70,5%) *24 (22,9%) 105 (100%)

Não 20 (10,8%) 150 (81,1%) 15 (8,1%) 185 (100%)

27 (9,3%) 224 (77,2%) 39 (13,4%) 290 (100%)

*Associação significativa entre parentes em primeiro grau obesos e classificação do IMC, por teste de Dependência de Qui-Quadrado para P = 0,01

48

10,8

6,7

81,1

70,5

8,1

22,9

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Não

Sim

Baixo Peso Normal Obeso

Gráfico 5 - FILTRO DE CLASSIFICAÇÃO POR PARENTES EM PRIMEIRO GRAU OBESOS

Esses dados sobem 38% quando se estratifica a amostra para a faixa

etária entre 8 e 9 anos, demonstrando que essa faixa é ainda mais vulnerável a essa

influência.

Esses resultados não surpreendem aos pesquisadores do presente

estudo, uma vez que estudos anteriores em diferentes partes do mundo já reportam

com clareza as influências genotípicas e fenotípicas relacionadas de existência e

convivência familiar com familiares obesos (FISBERG 2005; MARQUES-LOPES et

al., 2004; TRONCON et al. 2007).

4.5 CLASSIFICAÇÃO DO IMC, POR FREQÜÊNCIA SEMANAL DE ATIVIDADE

FÍSICA ESCOLAR

Finalmente, quando observamos uma possível associação entre as

classificações do IMC com o volume semanal das aulas de Educação Física na

semana, é possível notar uma associação fortíssima entre as duas variáveis, que

apontam para uma ausência progressiva até a prevalência de 0% em relação à

49

obesidade, quanto maior for o número de sessões de atividade ou aulas de

Educação Física Escolar na semana.

Nesse caso, a tabela 8 e o gráfico 6 ilustram essa associação apontando

para um percentual de 0,0% de obesos entre as crianças que praticam aulas de

Educação Física Escolar ao menos 3 vezes por semana.

Tabela 8 – Classificação do IMC, por educação física semanal

Classificação IMC EDUCAÇÃO FÍSICA SEMANAL BAIXO PESO NORMAL OBESO

TOTAL

1 vez por semana 5 (6,9%) 55 (76,4%) 12 (16,7%) 72 (100%)

2 vezes por semana 21 (9,9%) 165 (77,5%) 27 (12,7%) 213 (100%)

3 vezes por semana 1 (20,0%) 4 (80,0%) 0 (,0%) 5 (100%)

27 (9,3%) 224 (77,2%) 39 (13,4%) 290 (100%)

*Associação significativa entre volume semanal de aulas de Educação Física Escolar e classificação do IMC, por teste de Dependência de Qui-Quadrado para P = 0,006

20,0

9,9

6,9

80,0

77,5

76,4

0,0

12,7

16,7

0% 20% 40% 60% 80% 100%

3 vezes porsemana

2 vezes porsemana

1 vez por semana

Baixo Peso Normal Obeso

Gráfico 6 - FILTRO DE DA CLASSIFICAÇÃO DO IMC POR VOLUME SEMANAL DE AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Embora esperados, esses resultados não são demonstrados até hoje na

literatura para populações de escolares brasileiros, exceção feita há poucos estudos

regionalizados (MARQUES-LOPES, et al. 2004; MONTEIRO e CONDE, 2004)

Nossos achados representam um importante indicador no auxílio do

controle a obesidade infantil, especialmente por considerar a escola como local para

tal e a Educação Física Escolar como ferramenta potente para essa finalidade.

50

Além disso, apresenta um mapeamento inédito na região intermediária às

regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba do estado de Minas Gerais.

Contudo, quando observamos a combinação entre a prática de algum

outro tipo de esporte e as classificações do IMC, esta não demonstra qualquer

associação adicional. (Tabela 9)

Tabela 9 – Classificação do IMC, pela prática de algum tipo de esporte

Classificação IMC PRATICA ALGUM TIPO DE ESPORTE BAIXO PESO NORMAL OBESO

TOTAL

Sim 20 (8,3%) 186 (77,5%) 34 (14,2%) 240 (100%)

Não 7 (13,7%) 39 (76,5%) 5 (9,8%) 51 (100%)

27 (9,3%) 225 (77,5%) 39 (13,4%) 291 (100%)

13,7

8,3

76,5

77,5

9,8

14,2

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Não

Sim

Baixo Peso Normal Obeso

Gráfico 7 - CLASSIFICAÇÃO DO IMC, PELA PRÁTICA DE ALGUM TIPO DE ESPORTE

De toda forma, tais resultados não são de grande representatividade na

explicação do fenômeno aqui observado, uma vez que a prática de esporte

sistematizado nessa faixa etária, ainda não representa um fator de contribuição para

ao metabolismo da criança, isso porque, quando praticado suas características

fisiológicas relacionadas ao treinamento da modalidade diferenciam-se em muito

daquilo que ocorre no esporte entre adolescentes e adultos.

CONCLUSÃO

Após análise combinada de nossos diferentes resultados é possível

admitirmos que:

1 – A distribuição da nossa amostra contemplou um número equivalente

de escolares distribuídos entre as classes A e B (50,7%) e as classes C, D e E

(49,3%). Desses, os estudantes de 8 e 9 anos apresentam maior vulnerabilidade à

obesidade, porém devemos levar em conta que essa consideração pode ser

questionada se considerarmos que o indicador para tal fenômeno é o IMC;

2 – Entre as escolas estudadas, os alunos de menor classificação sócio-

econômica apresentam uma forte associação com as classificações de IMC que

aponta para valores elevados de obesidade, mas também é entre elas que se

encontra o maior percentual de alunos com baixo-peso;

3 - Esses resultados são apontados de forma geral para a amostra, mas

também quando está é estratificada por faixa etária e escolas

4 – Resultados semelhantes de associação com a obesidade são

igualmente significativos quando relacionados ao histórico de existência de

familiares (parentes em primeiro grau) obesos. Nesse caso a estratificação para a

faixa de 8 e 9 anos agrava ainda mais o quadro, elevando o índice para 38% de

crianças obesas

5 – Quando relacionada à freqüência semanal de aulas de Educação

Física Escolar, a associação com a classificação do IMC aponta para uma

prevalência 0% de obesos em crianças que praticam pelo menos três aulas

semanais.

Assim, concluímos que de forma isolada todos os fatores contribuem

consideravelmente para uma relação direta com a obesidade infantil, sendo a faixa

etária de 8 e 9 anos a mais vulnerável. Além disso, se combinarmos os fatores,

histórico familiar, faixa etária e nível socioeconômico, a tendência à obesidade

prevalecerá fortemente entre os estudantes de classes sociais C, D e E, com

parentes obesos e nas faixas etária de 8 e 9 anos.

52

Porém é possível observar ainda que dentre todos os fatores estudados,

a prática da atividade física pode representar, isoladamente, o mais forte fator

preventivo contra obesidade infantil, sendo que na faixa etária estudada, sua prática

está fortemente relacionada com as aulas de Educação Física Escolar.

Dessa forma podemos sugerir que a Educação Física Escolar representa

uma importante ferramenta, isolada ou associada, na prevenção e controle da

obesidade infantil, principalmente entre as crianças de categorias socioeconômicas

mais baixas, devendo ser assim, incluída nas discussões das políticas públicas de

promoção de saúde, nos âmbitos do poder público federal estadual e municipal,

pelas mais remotas áreas do país, principalmente pelo seu baixo custo e sua

elevada eficiência.

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VIUNISKI, N. Pontos de Corte de IMC Para Sobrepeso e Obesidade em Crianças e Adolescentes. Revista Abeso. Ed. 3. Disponível em: <http://www.abeso.org.br/ revista/revista3/imc.htm >. Acesso em maio/2008.

ANEXO 1 – FICHA PESSOAL

Instituição:_______________________________________________________________________ Nome:_______________________________________________________Cor: ________________ Data de nascimento:___/___/____ Sexo:_________________ Filiação: Pai:______________________________________________________________________ Mãe:_____________________________________________________________________ Endereço: Rua:____________________________________________________________________ Bairro:___________________________________________________________________ Cidade:______________________________________________ Estado:______________________ 1 - DADOS ANTROPOMÉTRICOS

Peso: _____________________ Altura: _____________________ IMC: _______________________ 2 - HISTÓRICO FAMILIAR

2.1 - Possui na família pessoas obesas: 1( )Sim 2( )Não Determinar: 1( ) Pai 2 ( )Mãe 3 ( )Tios 4 ( )Avos 2.2 - Na sua residência quem é o responsável pela família: ( ) Pai ( )Mãe ( )Irmão ( ) Avos ( )Outros 2.3 - Qual o grau de escolaridade do responsável da família:

Analfabeto / Primário Incompleto 0

Primário Completo / Ginasial Incompleto 1 Ginasial Completo / Colegial Incompleto 2

Colegial Completo / Superior Incompleto 3

Superior Completo 5

2.4 - Leia a lista dos itens que você possui em casa. Para cada item, marque os pontos na tabela:

FONTE: ABEP (2003) 3 - VOLUME DE ATIVIDADE FÍSICA

3.1 - Mora a que distância da escola:___________________metros. Vai a pé ( ) Carro( ) 4 - EDUCAÇÃO FÍSICA SEMANAL

4.1 - 1 Vez por semana( ) 2 Vezes por semana( ) 3 Vezes por semana( )

Tem Não tem

1 2 3 4 ou +

Televisão em cores Radio Banheiro Automóvel Empregada Mensalista Aspirador de pó Maquina de lavar Videocassete e/ ou DVD Geladeira Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex).

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

2 1 2 2 2 1 1 2 2 1

3 2 3 4 4 1 1 2 2 1

4 3 4 5 4 1 1 2 2 1

5 4 4 5 4 1 1 2 2 1

58

4.2 - Tempo das sessões: 1 h ( ) 2 h( ) 3 h( ) TM = ( ) 5 - ATIVIDADE EXTRA

5.1 - Pratica algum tipo de esporte: ( ) Sim ( ) Não Modalidade:__________________________________ Minutos Diários:_______________________________ Sessões semanais:______________________________

ANEXO 2

Patos de Minas, 14 de setembro de 2007 Ilma Sra. Diretora do ___________________________________ _____________________________________________ Tenho a satisfação de dirigir-me a Vossa Senhoria, e nesta oportunidade, solicitar autorização para efetuar coleta de dados epidemiológicos em alunos de 8 a 11 anos de idade – Ensino Fundamental. Os referidos dados serão utilizados no projeto de pesquisa Promoção de Saúde para escolares através da atividade física, na cidade de Patos de Minas – MG, relacionando o Índice de Massa Corporal (IMC) em cem crianças do sexo masculino e feminino da referida escola. Junto a essa avaliação serão aplicados questionários para verificar os hábitos alimentares e a prática de exercícios físicos.

A presente pesquisa tem por finalidade a elaboração de uma dissertação de mestrado do Curso “Mestrado em Promoção de Saúde”. Esclareço que os procedimentos são indolores, não causam nenhum constrangimento, são sigilosos e somente serão realizados com termo de consentimento de pais e/ou responsáveis.

Qualquer consulta ou reclamação sobre a seriedade e veracidade da pesquisa, poderá ser obtida no Conselho de Ética em Pesquisa da Universidade de Franca (Fone: 16 37118829).

Nesta ocasião, apresento meus agradecimentos pela atenção dispensada, colocando-me à disposição para dirimir eventuais esclarecimentos no telefone (34) 3822.78.33.

Atenciosamente, Célia Regina Bernardes Mestrado em Promoção de Saúde

AUTORIZAÇÃO Afirmo que após lido o texto acima, concordo e autorizo que Célia Regina Bernardes Campos e o Prof. Orientador, Cassiano Merussi Neiva desenvolvam a pesquisa supra citada em nossa instituição de ensino.

___________________________________________________________

Patos de Minas, ____ de __________________________ de 2007.

ANEXO 3 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Esta pesquisa servirá como base de dados para a Dissertação de Mestrado, do Curso Mestrado em Promoção de Saúde /Universidade de Franca S.P./Unifran, da aluna Célia Regina Bernardes Costa (código no 629218).

O presente estudo tem como objetivo fazer uma reflexão sobre o papel da Educação Física Escolar na formação de hábitos saudáveis de Atividade Física e sua relação com a obesidade infantil, na população de alunos, de ambos os sexos de três escolas da cidade de Patos de Minas – MG, (faixa etária variando de 8 a 11 anos de idade).

Para isto, será aplicado um questionário para os sujeitos voluntários da pesquisa, sendo o mesmo voltado para investigação de antecedentes familiares, hábitos alimentares como indicadores do equilíbrio energético e a prática de exercícios físicos. Além disso, serão anotados os dados referentes a peso e estatura e IMC dos alunos voluntários.

Todos os dados serão interpretados e relacionados com outros encontrados na literatura científica especializada, para, assim, a elaboração das conclusões e do trabalho final.

Caso o aluno voluntário ou seu responsável legal queria entrar em contato com o entrevistador, pode mandar e-mails para [email protected], ou ligar para o telefone (34) 3822 78 33 ou com o orientador responsável, pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (16) 8121 2069. E, caso queira fazer alguma reclamação ou consulta sobre a veracidade e seriedade da pesquisa, pode ligar para o Conselho de Ética em Pesquisa –CEP- da UNIFRAN pelo número (16) 3711 88 29.

Célia Regina Bernardes Costa Prof. Dr. Cassiano Merussi Neiva Aluna e Autora do Projeto Orientador e Responsável pelo Projeto Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, eu

__________________________________________________________________, portadora do R.G. __________________________________, após leitura minuciosa das informações constantes neste TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO, devidamente explicada pelo pesquisador em seus mínimos detalhes, ciente do propósito da pesquisa, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e explicado, firma meu CONSENTIMENTO LIVRE E

61

ESCLARECIDO concordando com a participação de meu filho(a) e/ou dependente legal, de nome _____________________________________ para a participação na pesquisa proposta.

Fica claro que como voluntários podemos, a qualquer momento, retirar tal CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar desta pesquisa e, ciente de que todas as informações prestadas tornaram-se confidenciais e guardadas por força de sigilo profissional, sendo mantido o anonimato dos sujeitos voluntários em todas as etapas da pesquisa, incluindo a publicação dos resultados (Resolução CNS 196/96).

Por estarem de acordo assinam o presente termo. Patos de Minas – MG, ___ de ___________ de _____.

Nome Extenso do Responsável legal pelo menor ____________________________ Assinatura___________________________________________________________

ANEXO 4

Carta de apresentação aos pais ou responsáveis

Patos de Minas, 08 de Outubro de 2007.

Senhores Pais,

Sou Educadora Física deste estabelecimento, estou cursando

Mestrado em Promoção de Saúde na Universidade de Franca, venho através desta

solicitar a autorização de seu filho para participar da coleta de dados

epidemiológicos, sendo esta uma avaliação de (IMC) Índice de Massa Corporal,

questionários para identificar histórico familiar, classificação sócio-econômica e a

prática de exercícios físicos. A presente pesquisa tem por finalidade elaboração de

dissertação de Mestrado.

Esclareço que os procedimentos são indolores, não causam nenhum

constrangimento e são sigilosos.

Qualquer consulta ou reclamação sobre a seriedade e veracidade da

pesquisa, poderá ser obtida no Conselho de Ética em pesquisa da Universidade de

Franca, Unifran, Fone - (16) 3711-8829.

Desde já,

Apresento meus agradecimentos, colocando-me à disposição para

eventuais esclarecimentos.

Atenciosamente:

________________________________________________________

Célia Regina Bernardes Costa

Mestrado em Promoção de Saúde

ANEXO 5

ANEXO 6 – Tabela para o cálculo do IMC Idade Sexo Baixo Peso Normal Sobrepeso Obeso 6 anos MASC.

FEM. Abaixo de 14,1 Abaixo de 13,7

14,1 - 17,2 13,7 - 17,0

17,2 - 18,8 17,0 - 17,5

Acima de 18,0 Acima de 17,5

7 anos MASC. FEM.

Abaixo de 14,4 Abaixo de 14,1

14,4 - 17,5 14,1 - 17,5

17,5 - 18,2 17,5 - 18,3

Acima de 18,2 Acima de 18,3

8 anos MASC. FEM.

Abaixo de 14,3 Abaixo de 14,1

14,3 - 18,0

14,1 - 18,7 18,0 - 19,1 18,7 - 19,8

Acima de 19,1 Acima de 19,8

9 anos MASC. FEM.

Abaixo de 14,6 Abaixo de 14,6

14,6 - 19,0

14,6 - 19,8 19,0 - 19,9 19,8 - 21,2

Acima de 19,9 Acima de 21,2

10 anos

MASC. FEM.

Abaixo de 15,0 Abaixo de 14,5

15,0 - 19,8

14,5 - 20,7

19,8 - 19,8 20,7 - 22,0

Acima de 19,8 Acima de 22,0

11 anos

MASC. FEM.

Abaixo de 15,1 Abaixo de 15,3

15,1 - 21,5

15,3 - 21,8

21,5 - 22,5 21,8 - 23,4

Acima de 22,5 Acima de 23,4

12 anos

MASC. FEM.

Abaixo de 15,7 Abaixo de 15,6

15,7 - 21,7

15,6 - 23,1

21,7 - 23,7 23,1 - 24,6

Acima de 23,7 Acima de 24,6

13 anos

MASC. FEM.

Abaixo de 16,4 Abaixo de 16,3

16,4 - 22,2

15,6 - 23,1

22,2 - 24,0 23,8 - 25,2

Acima de 24,0 Acima de 25,2

14 anos

MASC. FEM.

Abaixo de 17,0 Abaixo de 17,1

17,0 - 23,1

17,1 - 24,7

23,1 - 24,2 27,7 - 26,2

Acima de 24,2 Acima de 26,2

15 anos

MASC. FEM.

Abaixo de 17,5 Abaixo de 17,5

17,5 - 23,4

17,5 - 24,1

23,4 - 24,1 24,1 - 25,6

Acima de 24,1 Acima de 25,6

16 anos

MASC. FEM.

Abaixo de 18,5 Abaixo de 18,3

18,5 - 24,8

18,3 – 25,7

24,8 - 25,9 25,7 - 26,8

Acima de 25,9 Acima de 26,8

17 anos

MASC. FEM.

Abaixo de 18,4 Abaixo de 17,9

18,4 - 24,9

17,9 - 25,7

24,9 - 26,1 25,7 - 26,2

Acima de 26,1 Acima de 26,2

Fonte: OMS (Organização Mundial da Saúde)

OBS.: Neste estudo foi utilizada a tabela abaixo, reclassificada de 8 a 11 anos com a fusão das categorias, obeso e sobrepeso.

Idade Baixo Peso Normal Obeso 8 a 9 anos Abaixo de 14,1 14,1 – 19,8 Acima de 19,8

10 a 11 anos Abaixo de 14,5 14,5 – 21,8 Acima de 21,8

65

ANEXO 7

TABELA DE CÁLCULO DO IMC E ANAMNESE SIMPLES

AVALIAÇÃO FÍSICA SIMPLIFICADA

Cálculo do Índice de Massa Corporal - IMC

Nome: Idade: anos

Sexo: masculino ( ) feminino ( )

Pratica alguma atividade física? Sim ( ) Não ( )

Qual (quais)?

Peso: _________Kg Estatura (altura): _____,______m

Referência para avaliação:

Cálculo

IMC = ____Peso ( __________ ) Kg = __________________

Estatura ( ) m x Estatura ( ) m

Fonte: (Adaptado de DAMASO e GUEDES, 2003).

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