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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ A influência dos investimentos no crescimento econômico brasileiro: estudo de caso nas empresas da construção pesada no período de 2002 a 2006 GILMAR OLIVEIRA DE BRITO Rio de Janeiro 2009

A influência dos investimentos no crescimento econômico ... · economic growth is established both at the level of empirical research and theory. From the articles of Ferreira (1996),

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

A influência dos investimentos no crescimento econômico

brasileiro: estudo de caso nas empresas da construção pesada no

período de 2002 a 2006

GILMAR OLIVEIRA DE BRITO

Rio de Janeiro

2009

1

GILMAR OLIVEIRA DE BRITO

A influência dos investimentos no crescimento econômico

brasileiro: estudo de caso nas empresas da construção pesada no

período de 2002 a 2006

Dissertação apresentada à Universidade

Estácio de Sá como exigência para

obtenção do grau de Mestre em

Administração e Desenvolvimento

Empresarial.

ORIENTADOR: PROF. LUIZ FERREIRA XAVIER BORGES

UNESA

Rio de Janeiro

2009

2

B862

Brito, Gilmar Oliveira de A influência dos investimentos no crescimento econômica brasileiro: estudo de

caso nas empresas de construção pesada no período de 2002 a 2006 - RJ. / Gilmar

Oliveira de Brito. - Rio de Janeiro, 2009.

104 f.

Dissertação (Mestrado em Administração e Desenvolvimento Empresarial)-

Estácio de Sá, 2009.

1. Administração financeira. 2. Investimentos, Brasil. 3.

Brasil, desenvolvimento econômico. I. Título.

3

4

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Professor Dr. Luiz Ferreira Xavier Borges, que contribuiu

para a elaboração dessa dissertação através de seu largo conhecimento,

objetividade e seu senso de prática que somou ao meu conhecimento e prática.

Ao Professor Dr. Luiz Martins de Melo, que contribui através de seus

conhecimentos de economia industrial e me orientou no ínicio desse estudo.

Aos Professores do mestrado e o corpo de funcionários que foram

participativos e solícitos.

A todos os colaboradores do IBGE que respeitaram e apoiaram a conclusão

deste estudo.

E, principalmente, ao Senhor Jesus Cristo que me deu a vida, sabedoria, a

força e a garra para conseguir alcançar meus objetivos nessa vida.

5

Lista de Tabelas

Tabela 1: Valor das obras e serviços da construção por classes.......................... 13

Tabela 2: Participação dos setores públicos e privados no investimento.............. 15

Tabela 3: A cadeia produtiva da construção civil e o mercado de insumos em 2004....................................................................................................................... 18

Tabela 4: Valor da obra e serviços da construção................................................. 19

Tabela 5: Formação Bruta de Capital Fixo por setores da construção pesada..... 39

Tabela 6: Previsão e realização de investimentos da União por classes da construção pesada................................................................................................. 55

Tabela 7: Participação no valor adicionado, segundo classes e atividades no período de 2002 a 2006......................................................................................... 67

Tabela 8: Participação do BNDES no financiamento da construção pesada........ 71

Tabela 9: Cadeia da construção pesada no período de 2002 a 2006................... 79

Tabela 10: Emprego e salário na construção pesada e no Brasil no período de 2002 a 2006........................................................................................................... 81

Tabela 11: Variação do crescimento econômico e da Formação Bruta de Capital Fixo no período de 2002 a 2006................................................................ 84

Tabela 12: Obras executadas, produtividade do trabalho e pessoal ocupado com 5 ou mais pessoas para os anos de 2002, 2004 e 2006 na construção pesada................................................................................................................... 86

Tabela 13: A lucratividade das empresas de construção pesada, segundo tipos de produtos, para os anos de 2002, 2004 e 2006................................................. 87

6

Lista de Figuras

Figura 1: Função progresso técnico, segundo Kaldor (1956).................................... 28

Figura 2: Investimento direto de estrangeiros no Brasil............................................ 46

Figura 3: Financiamento do BNDES em construção pesada.................................... 49

Figura 4: Taxa de investimentos da União em transportes em relação ao PIB......... 50

Figura 5: Demanda das obras viárias por tipo de cliente.......................................... 51

Figura 6: Participação dos meios de transportes para o escoamento da produção brasileira em 2002..................................................................................................... 52

Figura 7: A construção do Produto Interno Bruto brasileiro....................................... 65

Figura 8: Participação no percentual na composição do PIB pela demanda final no período de 2002 a 2006............................................................................................. 66

Figura 9: Taxa Selic, fixada pelo Copom, no período de 2002 a 2006...................... 68

Figura 10: BNDES e CIDE como financiadores das empresas de construção pesada e suas relações com as obras executadas no período de 2002 a 2006....... 69

Figura 11: Balança comercial do Brasil no período de 2002 a 2006.......................... 70

Figura 12: Necessidade de financiamento do setor público brasileiro em relação percentual do PIB....................................................................................................... 72

Figura 13: A relação entre as empresas de construção pesada e os investimentos no período de 2002 a 2006, a nível Brasil.................................................................. 73

Figura 14: Taxa de investimento das empresas por atividades da construção pesada e o PIB no período de 2002 a 2006............................................................... 74

Figura 15: Fluxograma da cadeia produtiva da construção pesada........................... 78

Figura 16: Percentual dos tipos de obras da construção pesada na composição da formação bruta de capital fixo no período de 2002 a 2006........................................ 83

7

Resumo

Na literatura econômica, a influência dos investimentos em construção pesada no

crescimento econômico está estabelecida tanto em nível de pesquisa empírica e na

teoria. A partir dos artigos de Ferreira (1996), Bielschowsky (2002) e Cândido

(2006), desenvolveram pesquisas que tiveram resultados, variando conforme a fonte

de dados e metodologias utilizadas, o impacto dos investimentos em construção

pesada é relevante no crescimento econômico. Podemos citar Ferreira (1996), que

utilizando séries de dados de investimento em energia elétrica, transportes e

telecomunicações no período de 1980 a 1993, verificou a existência de uma forte

relação entre capital investido em construção pesada e a produção no longo prazo.

No campo teórico, Keynes (1982) e Hirschman (1958) desenvolveram teorias em

que o investimento público gera investimento privado na construção pesada, tendo

como consequencia direta um retorno na produção. Hirschman (1958) através de

cadeia produtiva confirma que o investimento em construção pesada gera

downstream (retrospectiva) que são os insumos para construção dessa atividade e

upstream (prospectivas) que é a sua utilização (logística, energia elétrica,

telecomunicação e outros). Esses estudos empíricos e teóricos mostram que o

efeito produtivo da construção pesada é significativo e expressivo para o

crescimento econômico. Essa dissertação abordará de modo a destacar a

importância das influências dos investimentos na construção pesada, utilizando-se

de um estudo de caso nas empresas de construção pesada no período de 2002 a

2006.

Palavras chave: investimento, construção pesada e crescimento econômico

brasileiro.

8

Abstract

The economic literature, the influence of heavy investment in construction in

economic growth is established both at the level of empirical research and theory.

From the articles of Ferreira (1996), Bielschowsky (2002) and Cândido (2006), which

had developed search results, varying according to the source data and

methodologies used, the impact of heavy investment in construction is important in

economic growth. These include Ferreira (1996), that series using data from

investment in energy, transport and telecommunications in the period 1980 to 1993,

found a strong relationship between capital invested in heavy construction and

production in the long term. In field theory, Keynes (1982) and Hirschman (1958)

developed theories that public investment generates heavy investment in

construction, resulting in a direct return on production. Hirschman (1958) through the

production chain confirms that the investment in heavy construction generates

downstream (back) are the inputs to construction activity and the upstream (forward)

is that its use (logistics, power, telecommunications and others). These theoretical

and empirical studies show that the effect of productive heavy construction is

significant and significant for economic growth. This dissertation will address in order

to highlight the importance of the influence of heavy investment in construction, using

a case study on heavy construction companies in the period 2002 to 2006.

Key Words: investment, heavy construction and economic growth Brazil.

9

SUMÁRIO

1 Introdução......................................................................................................... 10 1.1 Crescimento e investimento............................................................................ 13 1.2 Contextualização do problema........................................................................ 16 1.3 Justificativa da pesquisa.................................................................................. 17 1.4 Abrangência da pesquisa................................................................................ 19 1.5 Objetivos da pesquisa..................................................................................... 20 1.6 Relevância científica........................................................................................ 20 1.7 Delimitadores da pesquisa.............................................................................. 21 2 Embasamento Teórico..................................................................................... 22 2.1 Investimento e crescimento em Keynes.......................................................... 22 2.2 Investimento e crescimento pós-Keynesiano.................................................. 26 2.3 Investimento e crescimento em Hirschman..................................................... 32 2.4 Pesquisas sobre o impacto do investimento em construção pesada no PIB.. 36 3 Construção pesada.......................................................................................... 43 3.1 Obras viárias .................................................................................................. 49 3.2 Demais obras de construção pesada.............................................................. 54 4 Metodologia...................................................................................................... 57 4.1 Tipo de pesquisa............................................................................................. 57 4.2 Tipo de estudo e argumento............................................................................ 58 4.3 Etapas do desenvolvimento............................................................................ 59 4.4 Coleta de dados.............................................................................................. 60 4.5 Análise de resultados...................................................................................... 61 5 Análise de resultados....................................................................................... 63 5.1 Construção pesada: construção do PIB, financiamento e investimento.......... 65 5.2 Cadeia produtiva, variáveis primárias, derivadas e crescimento econômico... 77 5.3 Indicadores econômicos da construção pesada e pesquisas econométricas. 85 6 Conclusão e considerações finais.................................................................. 89 6.1 Visão Keynesiana e a cadeia produtiva da construção pesada...................... 89 6.2 Pesquisas econométricas................................................................................ 90 6.3 Considerações finais....................................................................................... 91 7 Recomendações e sugestões para futuras pesquisas................................. 92 Referências.......................................................................................................... 93 Anexo A Questionário da Pesquisa Anual da Indústria da Construção 2006........ 96

Anexo B Classificação Nacional de Atividades Econômicas ................................ 102

Anexo C Insumos da construção pesada.............................................................. 103

10

1 Introdução

A indústria da construção civil constitui o mais antigo segmento econômico na

história da humanidade, encontrada no início organização da vida do homem, que

com o crescimento da sociedade, foi sendo cada vez mais exigida à construção de

infraestrutura para melhor atender as condições humanas, essas demandas

impostas pela sociedade fizeram surgir “produtos” da engenharia, fazendo parte

cada vez mais do nosso dia a dia.

A indústria da construção pesada é definida pela Classificação Nacional de

Atividades Econômicas (CNAE) 1, como sendo as seguintes atividades econômicas:

grandes movimentações de terra, obras viárias, obras de artes especiais, obras de

outros tipos, obras para geração e distribuição de energia elétrica e obras de

telecomunicações. A indústria da construção possui dois aspectos básicos: o técnico

e o econômico, que formam a base para classificação em utilidade pública e serviço

público. A utilidade pública é o “pulmão” do crescimento e compreende a energia

elétrica, telecomunicações e saneamento. Os serviços públicos são a logística que

compreende as obras viárias, movimentação de terra entre outros

Por isso, a indústria da construção pesada2 distingue-se dos demais

segmentos por suas características intrínsecas, extrínsecas e pelo caráter provisório

e nômade, por sua classificação em subsetores e pelo seu papel na economia.

1 A CNAE é administrada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 2 A indústria da construção pesada é um ramo contido na infraestrutura.

11

Então, descrever a indústria da construção significa verificar o comportamento

do crescimento da sociedade em decorrência de seu efeito multiplicador de

emprego, sua baixa dependência dos produtos importados e a importância social de

seu produto, por isso sofre grande influência das perspectivas econômicas de médio

e longo prazo, uma vez que as decisões de produção são tomadas com base numa

expectativa de retorno de investimento em prazos mais amplos.

Sendo assim, é uma poderosa alavanca para o crescimento, impactando a

produção, os investimentos e o emprego, pois tem importante participação no

Produto Interno Bruto (a indústria da construção em 2004 participa com 8,31% e a

pesada 2.50%) 3 e possui extraordinária capacidade de realização de investimentos.

No que tange a história brasileira no segmento da construção pesada, a

década de 50 do século XX foi um marco importante, por causa dos investimentos

realizados pelo Estado na consolidação da infraestrutura, liberação da entrada para

o capital estrangeiro e a criação da Petrobrás.

No período entre 1967 e 1973, em sintonia com o crescimento econômico, o

governo disponibilizou financiamentos internos, beneficiado pelo excesso de liquidez

internacional, que favoreceram o fluxo de capital externo.

No governo Geisel (1974 a 1979), com a crise do petróleo e o início da

recessão econômica, a construção pesada não teve muito avanço.

No governo Figueiredo (1980 a 1985) seguiu o governo anterior com baixos

investimentos devido ao agravamento da crise econômica.

No governo Sarney (1986 a 1990) ficou marcado pela moratória por causa da

alta inflação, implementando o congelamento dos preços e a desvalorização do real

3 Esses dados foram retirados do IBGE/CONAC, considerando o PIB da construção e sua relação com a construção pesada, tendo como base à relação com a PAIC 2004.

12

liberando o câmbio. Na construção pesada, o segmento teve um impacto negativo,

principalmente em decorrência ao aumento das dívidas externa e interna.

No governo Collor (1991 a 1992) e depois Itamar (1993 a 1994), a crise do

segmento continuou, não trouxe melhorias no cenário de investimento em

construção pesada.

No governo de Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002), marcou a era das

privatizações nos seguintes setores: rodovia, energia elétrica e telecomunicação

ocasionando uma fuga de empresas do segmento, para diversificarem suas

atividades, atuando no setor de concessões de serviços.

No primeiro mandato do governo Lula (2003 a 2006), tendo como base a

Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), no período de 2002 a 2006,

podemos afirmar que começa com uma retração nos anos de 2002 e 2003, mas

com o retorno do crescimento, impulsionado principalmente com a elevação do

Produto Interno Bruto (PIB), no período de 2004 a 2005, fazendo com que o

governo federal amplie, modestamente, os investimentos para suportar o

crescimento médio de 4%, tendo como marco a melhoria da logística,

principalmente no transporte rodoviário, e ampliação dos portos para suportar as

crescentes exportações nas indústrias. A partir do início de 2005, o governo com a

iniciativa privada4, ampliou os investimentos em logística, telecomunicação e energia

elétrica.

No início do segundo mandato do governo Lula, acompanhado pela

valorização do real e o aumento da renda, o consumo de bens duráveis cresceu,

principalmente, automobilística e imobiliária, fazendo com que a indústria tenha

recorde de produção, conforme tabela1.

4 A lei 1105 (2004) definiu a parceria pública-privada–PPP como modalidade de engenharia financeira que permite substituir o investimento direto do Estado pela iniciativa privada.

13

Tabela 1: Valor das obras e serviços da construção por classes

Fonte: IBGE/PAIC 2005-2006. Valor constante em R$1.000.

(1) Obras novas, reformas e manutenção. Valores constantes.

Conclui-se que resolver os gargalos da construção pesada é condição

necessária para economia, permitindo que todos tenham acesso a serviços básicos

como: a eletricidade, comunicações, transporte urbano e saneamento, ao mesmo

tempo, a ampliação de infraestrutura promove a redução de custos, aumento da

produtividade, aprimoramento da qualidade dos bens e serviços da estrutura

produtiva e consolidação da integração regional.

1.1 Crescimento e investimento

Após a segunda guerra mundial foi criada a CEPAL (Comissão Econômica

para América Latina e Caribe), que foi um marco importante para a economia

brasileira, no qual Furtado (1967) elaborou um estudo sobre crescimento econômico

que serviu como base para o plano de metas do governo Juscelino Kubitschek.

Essa comissão tem um grande papel para debates da teoria de crescimento

econômico da América Latina.

O crescimento econômico parece estar relacionado diretamente com a

existência de infraestrutura eficiente e eficaz, que atenda a população e a indústria,

Empresas com 5 ou pessoas ocupadas

Valor das obras/serviços Variação

2005 2006 2006/2005 (%)

Total 84 975 788 100 690 195 18,5

Obras Residenciais 17 546 309 19 199 998 9,4Edificações industriais, comerciais e outras edificações não-residenciais 18 330 829 22 034 345 20,2

Obras de infra-estrutura 30 620 050 36 906 518 20,5

Outras obras 18 478 601 22 549 334 22,0

Grupo de produtos e/ou serviços da construção (1)

14

fazendo com que todos tenham acesso a serviços básicos e comuns como: energia

elétrica, telecomunicação e logística. A oferta de serviços nesse segmento caminha

na frente da demanda, para que não se torne um fator de interrupção do ciclo

econômico.

Bresser (2006) cita, no Brasil, duas correntes para o crescimento econômico: a

primeira defende a acumulação de capital e a segunda dá ênfase na formação do

capital humano, na acumulação de conhecimento e geração de novas tecnologias.

A política fiscal está ligada à política tributária, gastos públicos e déficits

orçamentários.

Os investimentos em construção pesada, que são objeto desta pesquisa, estão

diretamente ligados aos investimentos em energia elétrica, transportes e

telecomunicações. Estes investimentos elevam o produto final e aumentam a

produtividade dos investimentos privados, diminuindo o custo Brasil5, fazendo com

que o retorno do investimento cresça, estimulando novos investimentos.

Liberalização financeira é a permissão que agentes residentes ou não no país

negociem ativos financeiros por uma taxa de câmbio pré-definido pelo mercado

juros.

Os investimentos podem ser públicos e privados. Os investimentos públicos

estão ligados as obras públicas como, no caso desta pesquisa, construção de

rodovias, ferrovias, aeroportos, barragens entre outros, mas no segundo plano, não

objeto desta pesquisa, tem como exemplos escolas e hospitais. Para que o Brasil

possa aumentar seus investimentos precisa ter uma política fiscal, cambial e

tributária estabilizada, portanto, conter os gastos públicos relativos às despesas

5 O autor desta dissertação define o custo Brasil de forma qualitativa e sendo um conjunto de

dificuldades estruturais e econômicas que encarecem o investimento e a produção.

15

correntes (consumo do governo, transferências, juros e subsídios) é a meta a ser

alcançada.

Os investimentos privados ou a formação bruta de capital fixo, das empresas e

famílias, estão ligados diretamente às taxas de juros e o risco do retorno do capital.

Fatores como dívida externa, inflação descontrolada, freqüentes mudanças cambiais

e monetárias são responsáveis pela retração dos investimentos privados. Estes

investimentos afetam o nível de produto, pois é elemento da demanda agregada

trazendo como conseqüência emprego, renda e crescimento econômico. São

investimentos privados a compra de máquinas, equipamentos e construções, ou

seja, bens de capital.

A participação das empresas públicas (tabela 2) vem caindo com o passa do

tempo em decorrência da privatização dos setores de telecomunicação e energia

elétrica, trazendo como conseqüência à queda da Formação Bruta de Capital Fixo

em relação ao investimento total público e privado.

Tabela 2: Participação dos setores públicos e privados no investimento

Itens \ ano 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Taxa de Investimento - FBCF como porcentagem do PIB (a preços constantes)

Investimento Total 21,00 20,70 21,91 21,81 20,07 20,09 20,05 18,85 17,78 1. Setor Público 4,85 4,95 4,95 4,86 3,20 3,01 3,60 3,92 2,96 a.Administração Publica 2,59 2,48 2,18 3,11 1,84 1,97 2,27 2,27 1,70 b.Empresas Públicas 2,26 2,47 2,77 1,75 1,36 1,04 1,33 1,65 1,26 2.Setor Privado 16,15 15,75 16,96 16,95 16,87 17,08 16,45 14,93 14,82

Participação na FBCF - (porcentagem do Total)

Investimento Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 1.Setor Público 23,11 23,92 22,61 22,26 15,97 15,03 17,93 20,80 16,65 a.Administração Publica 12,36 11,99 9,97 14,23 9,15 9,85 11,30 12,01 9,56 b.Empresas Públicas 10,75 11,94 12,64 8,03 6,82 5,18 6,63 8,79 7,09 2.Setor Privado 76,89 76,08 77,39 77,74 84,03 84,97 82,07 79,20 83,35

Fonte: IBGE/SCN (2003).

16

1.2 Contextualização do problema

O Brasil apresenta uma expectativa de crescimento econômico sólido e

contínuo, a partir de 2002, com base em uma política macroeconômica estável,

tendo como alicerce os investimentos em construção pesada para fomentar o

aumento da produção.

Para que isso ocorra, há necessidade de disponibilizar financiamentos para

ampliar a infraestrutura (logística, telecomunicações e energia elétrica) e o governo

destinar maiores recursos no orçamento para incentivar a iniciativa privada a

investir. O governo é o maior demandante da construção pesada, por causa do seu

alto custo e baixo retorno.

É certo que os programas de crescimento econômicos brasileiros esbarram no

orçamento, balança comercial e nos déficits primários, mas os investimentos

públicos são necessários para o aumento da produção.

A análise dos resultados definida, neste trabalho, permite observar que a

construção pesada tem um impacto direto no consumo de insumos no Brasil e,

também, constitui um importante segmento para a construção do PIB (produto

interno bruto). A tabela 3 permite verificar a cadeia produtiva da construção civil,

tendo uma participação de quase 9% no ano de 2004 nas principais variáveis

estudadas, que são: valor adicionado6, consumo intermediário, valor bruto da

produção e pessoal ocupado7.

6 Valor adicionado é a diferença entre o Valor bruto da produção e o COI (somatório do total dos custos da atividade, aluguéis e arrendamentos, propagandas, prêmio de seguro, royalties e assistência técnica, serviços prestados por terceiros e despesas não operacionais). 7 O número de pessoas ocupadas no último dia do ano de referência da PAIC.

17

A importância desta pesquisa pode ser observada pelo fato da construção

pesada corresponder a 35% de toda atividade de construção civil no Brasil,

significando assim 2,5% de tudo que foi produzido no país, conforme tabelas 3 e 4.

Coloca-se como principal foco do trabalho, conhecer o segmento da

construção pesada no Brasil e a influência dos investimentos para o crescimento

econômico brasileiro, no período de 2002 a 2006.

Neste contexto, coloca-se o seguinte problema:

O investimento na construção pesada influência positivamente no crescimento

econômico brasileiro?

1.3 Justificativa da pesquisa

A justificativa para essa pesquisa está relacionada diretamente pela

importância desse segmento, por ser chave para a geração do desencadeamento

de outras atividades da indústria da transformação, como por exemplo, construção

de geradores, cabos e concreto, fazendo com que sua demanda construa milhares

de empregos indiretos em outros setores da economia industrial, conforme tabela 3.

18

Tabela 3 : A Cadeia da Construção e o mercado de insumos em 2004

A logística é fundamental para baratear o custo do transporte, e investir em

rodovias, portos e aeroportos para o escoamento da produção são importantes para

o crescimento econômico e criam condições para instalação de empresas. Estes

são os produtos da construção pesada e o investimento neles gera os insumos

importantes para a indústria, como exemplo, concreto, brita, asfalto, ferro,

geradores, torres, cabos entre outros.

Esses insumos formam um desencadeamento para trás (downstream),

conforme tabela 3, nas indústrias que irão produzi-los e para frente (upstream), a

produção vai para o consumidor do atacado (consumidor das lojas de materiais de

construção, entre outros).

em R$1.000.000

ELOS DA CADEIAVALOR

ADICIONADOCONSUMO

INTERMEDIÁRIOVALOR DA

PRODUÇÃOPESSOAL OCUPADO

Fornecedores da indústria de materiais 9.009 23.567 32.576 1.233.139

Indústria de materiais 34.810 41.436 76.246 596.066

Construção 84.868 72.504 157.372 5.613.659

Segmento formal (PAIC) 51.038 44.592 95.630 1.539.965

Outras obras 33.830 27.912 61.742 4.073.694

Serviços da construção 5.104 2.456 7.560 108.040

Aluguel de equipamentos 243 178 421 8.428

Incorporação de imóveis 1.581 522 2.103 25.740

Engenharia e arquitetura 3.281 1.756 5.036 73.872Comércio de materiais da construção 7.362 4.514 11.876 627.915

Atacado 1.432 1.306 2.738 77.455

Varejista 5.930 3.208 9.138 550.460

Totais da cadeia 141.153 144.476 285.629 8.178.819

Economia brasileira 1.666.258 1.769.628 3.435.886 88.244.954

(%) da cadeia 8,47% 8,16% 8,31% 9,27%Fonte: "A Cadeia Produtiva da Construção e o Mercado de Materias-Agosto/2007". ABRAMAT e FGV Projetos.

Elaboração: Banco de Dados-CBIC

19

Tabela 4: Valor das obras e serviços da construção

Já a tabela 4 relata o peso da construção pesada dentro da construção civil no

período de 2003 a 2006, em termos nominais, comprovando que este grupo tem

influência para fomentar o segmento da construção civil no Brasil.

Assim, descrever o segmento da construção pesada pode ser um instrumento

para verificar a relação dos investimentos com o crescimento econômico.

1.4 Abrangência da pesquisa

Esta pesquisa tem abrangência em todo território brasileiro, tendo como base

às empresas de construção pesada selecionada pela Pesquisa Anual da Indústria

da Construção (PAIC), no período de 2002 a 2006. A amostra total da construção

pesada8 atinge quase 97% das empresas selecionáveis.

8 O dado refere ao ano da PAIC 2006.

2003 2004 2005 2006

Total 65 573 340 71 716 355 72 504 939 81 071 010

Obras Residenciais 15 279 556 15 291 433 14 971 254 15 458 936

Edificações industriais, comerciais e outras edificações não-residenciais 13 470 026 15 668 244 15 640 639 17 741 018

Obras de infra-estrutura 21 830 038 25 493 452 26 126 322 29 715 393

Outras obras 14 993 720 15 263 226 15 766 724 18 155 663

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, Pesquisa Anual da Indústria da Construção 2003-2006

(1) Obras novas, reformas e manutenção

Grupo de produtos e/ou serviços da construção (1)

Valor constante das obras e serviços da construção (1 000 R$)

Empresas com 5 ou mais pessoas ocupadas

20

1.5 Objetivos da pesquisa

Há um objetivo geral e três objetivos específicos, listados a seguir.

Objetivo geral

Descrever o segmento da construção pesada no período de 2002 a 2006 e seu

impacto no crescimento econômico brasileiro.

Objetivos específicos

Analisar a influência dos investimentos na construção pesada.

A geração de emprego e renda como conseqüência dos investimentos.

Através de indicadores, acompanhar o papel da construção pesada na

economia do Brasil.

1.6 Relevância científica

Este estudo permite verificar o impacto positivo e relevante sobre o

crescimento do PIB no longo prazo, através das políticas de investimentos em obras

de construção pesada no Brasil e seus efeitos downstream e upstream, que podem

ser aplicados para estimular o aumento da produtividade do trabalho. Pode-se servir

de base para construção de futuras pesquisas, utilizando modelos econométricos,

para mensurar a influência dos investimentos na construção pesada no crescimento

da economia brasileira.

21

1.7 Delimitadores da pesquisa

A necessidade de um foco preciso para o objeto desta dissertação levou à

exclusão de descriminar outros segmentos da construção pesada. Assim também, a

necessidade de focar este trabalho nos dados mais disponíveis limitou a pesquisa

ao território brasileiro.

A característica descritiva adotada nesta dissertação não permite a obtenção

de resultados como os que seriam encontrados através da utilização de um modelo

econométrico. Isso aumenta a subjetividade das conclusões, mas permite, ainda

assim, um resultado com valor acadêmico e pode servir de base para futuros

estudos que buscam testá-los. O período de estudo (2002 a 2006) deriva da

metodologia da PAIC que foi escolhida para a dissertação. A limitação em 2006

deve-se ao fato que a PAIC 2007 está na fase de coleta com previsão de divulgação

em julho/2009.

Esta dissertação foi estruturada em sete capítulos, incluindo esta introdução.

No segundo capítulo, como forma de desenvolvimento do raciocínio, foram

escolhidas como forma de focar o estudo do investimento a abordagem Keynesiana,

pós-Keynesiana e Hirschman, além dos trabalhos empíricos adiante mencionados

que demonstram o impacto do investimento em construção pesada no PIB. No

terceiro capítulo, será definido o que essa dissertação entende como construção

pesada. No quarto capítulo, será descrita a metodologia da pesquisa.

No quinto capítulo será feita a análise de resultados. No sexto capitulo será descrito

a conclusão e as considerações finais e, por último, o sétimo capítulo as

recomendações e sugestões para futuras pesquisas.

22

2 Embasamento teórico

Para o desenvolvimento deste estudo, escolheu-se a abordagem Keynesiana,

pós-Keynesiana e Hirschman sobre a influência do investimento no crescimento

econômico. Para contextualizar esta pesquisa, segue-se uma análise de diferentes

trabalhos empíricos sobre o impacto do investimento em construção pesada no PIB,

considerados relevantes para a dissertação.

Este capítulo não teve a intenção de esgotar ou mesmo de apresentar uma

análise econômica aprofundada, mas contextualizar os dados utilizados, para

mostrar pontualmente a importância da construção pesada no crescimento

econômico.

2.1 Investimento e crescimento em Keynes

A teoria Keynesiana deu inicio a moderna macroeconomia com a finalidade

de evitar descompassos nos preços, produtos e empregos em que os agentes

econômicos não conseguem resolver sozinhos, esses descompassos decorrente a

insuficiência da demanda e, por isso, precisam da participação do Governo.

Portanto, Keynes (1982) escreveu a Teoria Geral do emprego, do juro e da

moeda, preocupando-se com o sistema econômico e determinando as variáveis da

macroeconomia9.

Keynes (1982) revela a importância da participação do governo na

regulamentação do mercado para atenuar possíveis ciclos de desemprego e para

garantir essa correção através do poder público. A Teoria Geral trata diversos

9 As variáveis macroeconômicas são: renda, produção, emprego, investimento e poupança.

23

assuntos relativos ao emprego, renda e juros tendo como conseqüência direta o

aumento da produção (crescimento econômico), no qual para essa dissertação, dar-

se-á maior ênfase para as variáveis que compõem.

A variável consumo das famílias ou privado tem uma relação direta com o

emprego e renda, no qual para manter harmonia entre essas variáveis o governo

precisa ter políticas fiscais e monetárias estáveis, pois assim mantém o baixo nível

de desemprego, no qual o elemento gasto público ou consumo do governo tem um

grande peso nessa relação. Assim sendo, o gasto público em obras de construção

pesada é importante para aumentar a renda e gerar emprego, tendo como

conseqüência imediata o aumento de consumo e produção, para suprir essa

demanda

Keynes (1982) evidencia a taxa de juros como sendo a variável de grande

peso para determinar à decisão de investimento devido ao fato de determinar o

retorno pretendido na aplicação em ativos fixos ou financeiro, considerando os

riscos pertinentes as duas aplicações. Defendendo que para aumentar a taxa de

investimento, há necessidade de diminuir a taxa de juros reais, melhorar a

expectativa dos agentes econômicos, que os preços vão estar sempre em baixa, e

incentivar o crédito para o setor produtivo.

Keynes (1982) na Teoria Geral capítulo 17, página 183, evidencia os juros e

sua relação com o dinheiro e a importância da determinação dos juros para

produção como sendo:

[...] um aumento da taxa monetária de juros retarda a produção de riquezas

em todos os ramos em que ela é elástica, em estimular a produção da moeda

(que, por hipótese, é perfeitamente inelástica).

Podemos concluir que as rendas recebidas (considerando os riscos da

produção) no investimento em capital fixo em longo prazo deve ser maior que o

24

recebido pela aplicação ativos monetários ou financeiros para que os empresários

apliquem na produção e o governo tem um papel importante, mantendo a taxa de

juros estável e baixa. Quanto maior a taxa de juros menor será o investimento em

capital fixo.

Reforçando essa afirmação, Feijó (2007), no seu artigo “O investimento

industrial no Brasil-1990: 2005 uma interpretação à luz da teoria de investimento

Keynes-Minsky”, relata os obstáculos dos ativos financeiros e monetários para a

produção, devido a sua liquidez imediata, enquanto que os bens de capital por não

ter essa liquidez fazem com que seus rendimentos devam ser muito superiores para

compensar os riscos.

Então para a construção pesada, a política monetária e fiscal tem um grande

peso para decisão do empresário em investir no capital fixo ou ativo financeiro.

Keynes (1982) na Teoria Geral capítulo 11, página 115, descreveu a curva da

demanda por investimento, ou seja, a eficiência marginal do capital como sendo:

[...] a expectativa da renda e do preço de oferta corrente do bem capital. Ela

depende da taxa de retorno que se espera obter do dinheiro investido num bem

recentemente produzido; e não do resultado histórico obtido por um investimento

em relação ao seu custo original, quando examinado retrospectivamente ao fim de

sua vida.

Keynes (1982) trata a demanda pela moeda como sendo transacional,

precaução e especulação. A transacional está relacionada diretamente a moeda em

circulação ativa e pode ser por dois motivos: a renda e o giro transacional das

empresas. A precaução é decorrente de ter uma reserva da moeda à incerteza

(despesas imprevistas). Especulação está relacionada às mudanças futuras na taxa

de juros que quanto maior for à expectativa da taxa menor será a demanda pela

moeda.

25

Na proporção que a despesa de investimento vai se realizando, o dinheiro

utilizado torna-se, disponível para a implementação do projeto. Sendo assim a

moeda possui um papel essencial na tomada de decisão, devido ao seu impacto na

produção e no emprego. Os empresários decidem se possuem estratégicas

produtivas ou especulativas.

O principal modelo de crescimento econômico Keynesiano foi criado por

Harrod – Domar (1939) que retrata o crescimento econômico utilizando as variáveis

poupança e produtividade do capital, acreditando que o crescimento da economia

depende, principalmente, da quantidade de emprego e capital.

Harrod (1939) dividia o investimento em investimento induzido (resultante de

recentes aumentos de demanda ou lucro) e investimento autônomo (inovações,

expectativas, investimento público etc).

Atestando o modelo Harrod e Domar (1939) na economia desenvolvida,

verifica-se que a poupança e investimento são considerados independentes, por

causa de a renda per capita ser um importante determinante na oferta da poupança.

A relação capital-produto pode ser considerada um coeficiente tecnológico, devido

uma variedade de projetos com algum tipo de distribuição equilibrada de

coeficientes, que entram em operação.

Já na economia subdesenvolvida, a decisão de poupança e investimento é

amplamente interdependente, devido às somas das poupanças dependerem mais

das maiores oportunidades de investimento e da remoção de vários obstáculos à

atividade de investimento do que o aumento da renda. A relação capital-produto tem

a produtividade do capital freada por escassez ou gargalos.

As variáveis utilizadas pela teoria keynesiana descrita acima não tem o intuito

de esgotar o assunto, mas para dar suporte a pesquisa a ser realizada.

26

2.2 Investimento e crescimento pós-Keynesiana A teoria econômica pós-Keynesina mencionada aqui tem o fundamento de

reforçar a teoria Keynesiana em relação ao investimento, crescimento econômico e

a participação do Estado na economia. O papel do Estado no contexto econômico

deve ser permanente para estabelecer equilíbrio e estabilização macroeconômico.

Portanto, o papel do Estado não substitui a ação do mercado privado no

sentido amplo de investimento, apenas adota medidas para aumentar o nível da

demanda agregada com a finalidade de criar uma ambiente estável para que os

empresários possam manter e realizar novos investimentos para que gere mais

empregos e aumente a capacidade produtiva. Essa teoria segue a visão que o

mercado não resolve tudo, mas depende do Governo para manter o crescimento

econômico com políticas macroeconômicas de curto prazo (cambial e monetária) e

longo prazo (tecnologia, comércio exterior e educação).

Já Carvalho (1997) confirma a relação da afirmação anterior, que os

empresários são estimulados a investir em ativo de capital e o governo influência

sem sobrepor a esfera privada:

A política macroeconômica ideal por Keynes inflaria a demanda agregada,

expandindo a economia como um balão, e deixando a cargo dos agentes privados

as decisões de como os recursos disponíveis seriam empregados. Estimular a

demanda agregada reduz os riscos e, assim, deve aumentar os preços de

demanda do ativo de capital em relação à moeda.

Minsky (1975) confirma a afirmação do parágrafo anterior e do Carvalho (1997)

e relata que a principal característica da escola pós-Keynesiana é demonstrar,

através de modelos, que uma economia quando deixada ao livre jogo das forças do

mercado, é incapaz de alcançar uma posição de pleno emprego da força de

27

trabalho, isto é, os mercados não se auto-equilibram, tendo como consequências, o

desemprego e o desequilíbrio na distribuição da renda.

Oreiro (2006) citou, segundo Carvalho (1992, pp. 44-49), os 6 princípios

teóricos fundamentais que definem o conceito de economia monetária de produção

que são: princípio da produção, princípio da estratégia dominante, princípio da não-

ergodicidade, princípio da coordenação, princípio da propriedade da moeda e

principio da temporariedade dos processos econômicos. Esses princípios serviram

de base para a criação de diversos modelos analíticos, tendo como referências os

pressupostos teóricos dos modelos pós-keynesiana de crescimento e distribuição de

renda que Oreiro (2006, pp. 14-16) define no projeto de pesquisa “Crescimento,

Distribuição de Renda e Progresso Técnico Endógeno em Modelos Dinâmicos Pós-

Keynesianos”.

Portanto, conclui-se, segundo Oreiro (2006), que esses pressupostos teóricos

dos modelos pós-keynesianos foram aceitos por duas correntes: a primeira que

defende o crescimento econômico em longo prazo como um fenômeno endógeno e

a segunda que defende a relação entre crescimento econômico e a distribuição de

renda. A corrente que defende crescimento da produção em longo prazo teve como

marco a “função progresso técnico” desenvolvida por Kaldor (1956), conforme figura

1. A segunda corrente teve como marco a equação de Cambridge10.

10

A equação de Cambridge demonstrou a relação entre crescimento e distribuição da renda, segundo Oreiro (2006, pp 16)

28

Figura 1: Função de progresso técnico, segundo Kaldor (1956)

Ganhos de produtividade y= Y/N

P

Y/N = f(K/N) =Produtividade marginal do trabalho

Intensidade do capital K/N

Fonte: Kaldor (1956).

Onde:

K=capital;

N= trabalho;

Y/N=produtividade marginal do trabalho11;

K/N=Stock de capital por trabalhador;

P=ponto de equilíbrio.

O principal objetivo da função progresso de Kaldor (1956) é mensurar através

da função capital e trabalho, o impacto da alteração da tecnologia com a

incorporação de novas máquinas e a relação da utilização da taxa de crescimento

do produto per capita com a taxa de crescimento do estoque de capital per

capita.Pode-se concluir que o ponto de equilíbrio é atingindo em longo prazo com

uma linha imaginária de 45º, tal que as taxas se igualem.

11 É o aumento do produto decorrente a utilização do trabalho adicional.

29

Minsky (1975) escreveu reforçando os conceitos básicos da macroeconomia

dentro da proposta original da Teoria Geral do emprego, do juro e da moeda de

Keynes (1982) com atualizações com o princípio de incorporar o desenvolvimento

das reflexões teóricas para os dias de hoje, fazendo uma ligação entre as pesquisas

empíricas de crescimento econômico e a teoria keynesiana, mas sem deixar de

realizar comparações com outros modelos econômicos não keynesianos.

Sendo assim, as pesquisas empíricas elaborada por Minsky (1975) relatam

que o crescimento econômico dentro do modelo capitalista não depende apenas

das boas perspectivas econômicas criadas para o futuro, mas para que haja uma

nova onda de investimentos precisa aumentar o nível de produção e gerando, como

conseqüência, mais emprego; para que isso ocorra, o Estado deve criar mecanismo

para regular o acumulo de riquezas privadas. Esse fato novo gera a necessidade do

Estado regular as instituições financeiras com a finalidade de controlar a inflação,

garantindo assim, o emprego e a renda das famílias.

Assim, Minsky (1975) escreve uma complementação teórica a teoria

Keynesiana, incluindo ao investimento, a variável “instabilidade do mercado

financeiro”, no qual essa variável causa ciclos econômicos, afetando os agentes

econômicos.

Conclui-se que a economia capitalista tem como fundamento uma base nas

financias privada, caracterizada em curto prazo para os bens correntes e em longo

prazo para os bens do ativo de capital que nesta visão passa a incorporar os riscos,

incertezas quanto a sua realização e principalmente a volatilidade do mercado.

30

Voltando ao assunto investimento e dividindo em duas partes: a primeira como

investimento público e a segunda como investimento privado. O investimento

público é todo gasto em capital fixo e o investimento privado como ampliação da

capacidade produtiva das indústrias. O investimento privado pode ser considerado

como as rendas pretendidas pelo empresário para os equipamentos de capital em

relação ao investimento financeiros. Assim temos duas funções de investimento

desejado e de estoque de capital.

Investimento desejado:

IDt = KDt - K t-1

Onde:

IDt =investimento desejado;

KDt =estoque desejado no período;

K t-1 =estoque observado no período anterior.

Estoque de capital:

KDt = α0 K t-1 + α1 (PDt/PSt)-1; se (PDt) > (PSt)

Onde:

PDt = razão do estoque de capital desejado;

a0 K t-1, caso contrário;

PSt=custo de reposição.

31

O valor presente dos rendimentos do equipamento de capital, supondo que os

lucros futuros serão iguais aos lucros obtidos tem:

Valor do preço da demanda do equipamento:

PDt = (1- τ) m t-1 P t-1 Y t-1 / dt

Onde:

r=alíquota do imposto sobre rendimentos não salário;

m t-1 =participação nos lucros na renda no período;

P t-1 =é o nível geral de preço do período;

Y t-1 =é a renda real do período;

dt=é a taxa de desconto aplicada aos rendimentos esperados do equipamento do

capital.

O custo de reposição do equipamento de capital é dado pela expressão:

PSt = P t-1 K t-1

Verificado o investimento desejado, as empresas podem avaliar o máximo de

endividamento aceitável para seus recursos próprios disponível para o

financiamento, concluindo que a restrição financeira ao investimento é igual ao

acréscimo de endividamento junto às instituições financeiras.

Conclui-se que o nível da produção é em função da demanda por bens e

serviços, na ótica da demanda efetiva, também é válido quando ocorre capacidade

ociosa, no qual as empresas atendam a qualquer variação da demanda por

intermédio do nível da produção.

32

Steindl (1952) reforça está teoria confirmando que as firmas desejam operar

com certa capacidade excedente em longo prazo, isso é devido à ocorrência de

indivisibilidade na decisão de investimento em capital fixo, indivisibilidade esta que

faz com que a capacidade instalada cresça na frente da demanda.

2.3 Investimento e crescimento em Hirschman

A teoria do pesquisador Hirschman será utilizada para a construção da cadeia

produtiva da construção pesada e verificar sua importância para outras atividades

econômicas, além de ter seus fundamentos keynesiano, esta teoria está baseada

em investimentos em construção pesada.

Hirschman (1958) define a construção pesada como serviços básicos

facilitadores do crescimento da atividade produtiva e devem ser mantidos ou

fiscalizados pela administração pública, visto que o volume desses investimentos

serem estratégicos e de elevada razão capital e produto. Esses investimentos

podem ser totalmente cobertos por meio de cobranças de impostos e taxas de

utilização, mas demanda longo tempo de recuperação.

A construção pesada tem papel importante, na teoria de Hirschman (1958),

devido à definição com base no nível de oferta destes serviços (telecomunicação,

energia elétrica e transportes), construindo dois importantes cenários de

industrialização que conduz o Brasil ao crescimento que são: o excesso e a

escassez de infraestrutura, frente á atividade produtiva.

A estratégia baseada no excesso da infraestrutura seria a expansão com

externalidades positivas para as indústrias, viabilizando novos empreendimentos.

33

A estratégia baseada na escassez de infraestrutura evidencia carência e

empurram os novos investimentos para iniciativa privada, evidenciando carência na

infraestrutura gerando, também, pressões sobre as autoridades públicas.

Conclui-se que as duas estratégicas geram investimentos induzidos,

dependendo da intensidade das externalidades geradas pelos novos investimentos

em cada estratégica. A primeira estratégica tem um caráter estritamente permissivo,

pois cria condições favoráveis para novos investimentos, tornando-se evidente nos

países em desenvolvimento. Isso é confirmado devido à falta de habilidade para

investir e os sinais econômicos emitidos pelo excesso de infraestrutura não são

suficientemente fortes.

No Brasil, a construção pesada está num nível mínimo necessário para

sustentar um crescimento médio, devido à explicação que há presença de gargalos

na construção pesada, nesse sentido, deve-se não induzir a expansão da atividade

produtiva a partir dos efeitos dos investimentos públicos em construção pesada,

mas sim prover o país de certo nível de infraestrutura que permita operar continua e

sistematicamente.

Portanto, ao verificar a funcionalidade da relação entre a construção pesada

e outras atividades da cadeia produtiva, podemos notar uma forte relação entre a

necessidade dos produtos como: logística, telecomunicação, energia elétrica e

outros produtos da construção pesada e a necessidade de diferentes ramos da

indústria de reduzir seus custos através desses produtos. Esses produtos da

construção pesada são basicamente investimentos públicos que, na realidade, faz

com que a iniciativa privada complemente seus investimentos em máquinas e

equipamentos, desenvolvendo assim, outras atividades industriais, no qual atinge

mais emprego, salário e consequentemente, crescimento de consumo e produção.

34

Conclui-se que a função do investimento pode ser geradora de renda e

aumento da capacidade da indústria, mas podemos mencionar outra função que é

de ser investimento adicional. Esse termo de investimento adicional é bastante

utilizado nas teorias econômicas como sendo o investimento direto aumentando

investimento em outras atividades produtivas, expandindo assim a capacidade

produtiva, tendo como, conseqüência, aumento de renda e gerando mais poupança

para a economia.

Assim sendo, quando os investimentos são realizados em certo período de

tempo (a construção pesada leva mais de um exercício contábil para sua realização)

gera investimentos públicos e privados para outros períodos como forma de

complementaridade do investimento. Isto ocorre tanto para economia desenvolvida

e em desenvolvimento. Para o Brasil, esse efeito reforça a intenção da necessidade

do investimento, buscando novas fontes de energia para aumentar o crescimento

econômico, sendo fundamental que seja uma prática dos governantes. Nos países

desenvolvidos e em desenvolvimento esse efeito resulta num aumento imediato na

produção e na capacidade produtiva, tendo impacto direto no crescimento

econômico. Há uma forte relação entre consumo, renda e crescimento econômico.

A teoria do desenvolvimento não equilibrado é defendida pelo Hirschman

(1958) no seu livro “Estratégia do desenvolvimento econômico” no capítulo 4 para

ser aplicado, principalmente, nas economias em desenvolvimento; é abordado os

processos de crescimento econômicos, baseando-se sob formas de downstream

(indústrias de insumos, no caso da construção pesada) e upstream (utilização dos

produtos realizados), abaixo segue a citação:

[...] o desenvolvimento não equilibrado figura bem o assunto. Quando

surgem dificuldades de oferta no curso de desigual progresso de setores- tais

como educação e utilidade pública em que a empresa privada não atua, as

autoridades públicas são fortemente pressionadas a tomar alguma providencia [...]

35

O downstream tem a finalidade de incentivar outros setores que fornecem a

matéria-prima principal necessária por outras atividades, enquanto que upstream

induz a criação de outras atividades que utilizavam a matéria-prima da atividade

proposta. A principal fonte de crescimento seria dada por atividades que utilizam

diversas matérias-primas para forçar a produção, emprego e salário em outras

atividades, devido ao fato que o downstream é imediato e o upstream é longo prazo.

A importância desse modelo econômico é que o downstream e o upstream são

operacionais e podem ser mensuradas através de matrizes insumo-produto,

gerando, também, pesquisas empíricas sobre a atividade as cadeias produtivas e

sua relação como o crescimento econômico.

O efeito dos encadeamentos pode ser mensurado pela construção da cadeia

produtiva da atividade proposta desta dissertação, que é a construção pesada. A

funcionalidade dessa teoria é que o downstream e o upstream geram atividades

consideradas produtivas como a indústria da transformação (asfalto, concreto e

vergalhão). A necessidade de matéria-prima gera a demanda para a atividade não

primária da cadeia que aumentar a capacidade para atender essa atividade

(gerando mais investimentos, emprego, salário e crescimento econômico) e o

upstream induzirá outras atividades para utilizar como matéria-prima, na construção

pesada, como: utilização das rodovias, telecomunicação, energia elétrica entre

outros.

A dependência de uma atividade meio para fim pode ser mensura, a seguir:

1. A proporção da sua produção que representa compras vindas de outras

indústrias (downstream).

2. A proporção da sua produção total que não vai para a demanda final e sim

para outras indústrias (upstream);

36

A aplicabilidade dos conceitos de downstream e upstream são útil numa

economia tanto desenvolvida como em desenvolvimento, pois reativa e aumenta a

produção de uma economia.

Conclui-se que a idéia de dowstream e upstream é um modelo que pode ser

perfeitamente aplicado nessa dissertação, no qual essa atividade envolve grandes

somas de recursos que demandam matéria-prima em diversas atividades produtivas

que para fornecê-los, podemos citar a construção de um aeroporto gera uma

demanda por asfalto (pista), concreto, cimento, brita entre outros e vai gerar um

efeito upstream (utilização) na facilidade de escoamento da produção para o

mercado interno e externo, diminuindo assim o custo da produção, além de

aumentar a produtividade das atividades.

2.4 Pesquisas sobre o impacto do investimento em construção pesada no PIB

Ferreira (1996) utilizando séries de dados de investimento em energia,

transporte e telecomunicações, referentes ao período de 1980 a 1993, compõe duas

séries de investimentos: investimentos das empresas estatais do setor de

infraestrutura e o total dos investimentos das estatais e das administrações públicas.

A partir destas duas séries e usando taxas de depreciação de 6, 8 e 10%, e a série

do PIB, Ferreira estima a relação entre estoque de capital de infraestrutura e capital

público e o PIB real, através do método da co-integração. Os resultados da série

construída a partir dos investimentos das empresas estatais do setor de

infraestrutura mostram uma elasticidade-renda variando entre 0,34 e 1,12. As

estimativas para o total do capital público revelaram uma elasticidade-renda entre

37

0,71 e 1,05, sendo em média mais alta. Estes resultados mostram que existe uma

forte relação entre o capital investido em infraestrutura e o PIB no longo prazo.

Ferreira e Malliagros (1998) também calculam as elasticidades-renda do capital

em infraestrutura e o do investimento em infraestrutura. Utilizando faixas de

depreciação de 6, 8 e 10%, e a estimação de máxima verossimilhança seguida de

cointegração, encontraram coeficientes entre 0,55 e 0,61 para o estoque de capital

em infraestrutura, e uma estimativa que um aumento de 10% no investimento em

infraestrutura gera um acréscimo de 3,9% no PIB no longo prazo.

A justificativa para os coeficientes acima serem inferiores ao trabalho de

Ferreira (1996) seria o fato dele não ter incluído setores importantes, como o setor

elétrico estadual, o rodoviário federal e os aeroportos nas séries de infraestrutura.

Por outro lado, estes coeficientes continuam acima das estimativas na literatura para

outros países. Uma explicação seria que a relativa escassez de infraestrutura,

durante o período de 1960 a 1994 (mais especificamente a partir dos anos 80)

provocaria um impacto maior sobre o produto.

Ao analisar as estimativas da elasticidade-renda de longo prazo do capital de

infraestrutura desagregado, Ferreira e Malliagros (1998) descobrem que o setor de

energia é o que apresenta o maior coeficiente, 0,68; seguido do setor de transporte

com 0,57 e das telecomunicações com 0,43. E dentro do setor de transportes, a

ferrovia apresenta a maior elasticidade-renda do capital de 0,64 contra 0,40 da

rodovia. É interessante esse resultado, pois logo o setor de transportes, e mais

especificamente a ferrovia, que não tem recebido os devidos investimentos por parte

do governo, ter um efeito tão relevante sobre o crescimento de longo prazo do PIB.

Passando a análise da elasticidade-renda do investimento desagregado por

setor de infraestrutura. O setor de transporte apresenta o maior coeficiente com

38

0,46, seguido do setor de energia com 0,36 e telecomunicações com 0,28. Sendo

que desta vez, dentro dos transportes, a maior elasticidade-renda do investimento é

das rodovias (0,58), seguido pelas ferrovias (0,33), com os portos (0,32) em último

lugar. Porém, mais uma vez se destaca a importância dos investimentos nos setores

de energia elétrica e transportes para o crescimento do PIB no longo prazo. Os

autores alertam que os subinvestimentos no setor de transporte na década de 90

irão influenciar negativamente o futuro crescimento do PIB.

Cury (1998) verificou através de um modelo que o aumento na produtividade

provocada por novos investimentos em construção pesada, no setor rural, gera

aumento real no produto e investimento privado de 0,51% e 1,51%, enquanto que,

nos segmentos de serviços, transportes e comércio elevaram o PIB em 1% e, nos

investimentos privados, em 2,17%.

Bielschowsky (2002), junto a 730 grandes empresas, revelou que a onda de

investimentos, ocorridos no período de 1995 a 1997, teve como objetivos a

reposição de equipamentos, a desobstrução de gargalos e a eliminação de

desperdícios, ou seja, uma modernização buscando apenas a redução de custos.

A explicação para esse tipo de comportamento, é que o investimento fixo em

eficiência operacional proporcionou um rendimento elevado, uma vez que aumentou

a eficiência de todo o estoque de capital preexistente. Isto explicaria os motivos que

teriam levado a indústria a aumentar substancialmente sua taxa de investimentos

em circunstâncias de baixa rentabilidade (associada à taxa de câmbio valorizada),

incertezas (provocada pelos aspectos desfavoráveis) e juros elevados. A eficiência

marginal do capital foi elevada o suficiente para superar o alto custo de

oportunidade das elevadas taxas de juros pagas pelos títulos públicos em torno 20%

ao ano no triênio 1995-1997.

39

Esse alto rendimento é explicado por três motivos: a obsolescência relativa do

parque produtivo previamente instalado; o fato de a modernização acontecer sobre

um parque produtivo que acabava de passar por uma intensa racionalização; e a

queda acentuada nos preços dos equipamentos em virtude da abertura comercial e

da valorização cambial.

Tabela 5: Formação Bruta de Capital Fixo por setores da construção pesada

Itens \ ano 1970-80 1981-89 1993-94 1995 1996 1997 1998 1999 2000

Investimento total 5,42 3,62 2,01 1,62 2,15 2,38 3,17 2,63 2,58

a.Telecomunicações 0,80 0,43 0,55 0,53 0,79 0,80 1,18 1,10 1,07

b.Energia elétrica 2,13 1,47 0,69 0,47 0,57 0,69 0,89 0,77 0,67

c.Transportes 2,03 1,48 0,54 0,42 0,53 0,61 0,75 0,56 0,63

d.Saneamento 0,46 0,24 0,23 0,20 0,26 0,28 0,35 0,20 0,21Fonte: Bielschowsky (2002).

Cândido (2006) utilizando testes de cointegração para a Argentina, Brasil e

Chile, referentes o período de 1970 a 2000, encontrou uma relação positiva e

relevante entre o investimento público e o PIB no longo prazo. Os coeficientes das

elasticidades são bastante próximos para a Argentina (0,56) e para o Brasil (0,58).

No caso do Chile a elasticidade encontrada foi de 4,47, ou seja, sete vezes maior

comparada com os outros dois. Uma explicação pode estar na causalidade

bidirecional entre o investimento público e PTF, ampliando o efeito do investimento

sobre o PIB, além de um estoque de capital de infraestrutura superior em

quantidade e qualidade ao encontrado no Brasil e Argentina, tornando o

investimento público mais eficiente no Chile. Este estoque de capital superior é

resultado de uma elevação das taxas de investimento em infraestrutura de 2,34

pontos percentuais, atingindo a média de 5,6% do PIB no período de 1996 a 2001,

40

enquanto o Brasil e a Argentina diminuíram seus investimentos em 2,8 e 1,5% do

PIB, respectivamente, comparando com o período de 1980 a 1985.

Os maiores investimentos em infraestrutura e a profundidade das reformas

estruturas, conduzindo a acumulação de capital e ganhos de produtividade,

explicam um crescimento do PIB per capita da economia chilena de 3,5% contra as

reduzidas taxas de 0,43% da economia brasileira e 0,01% da Argentina, entre o

período de 1981 a 2000.

Ferreira e Araújo (2006) investigam a relação entre o investimento de

infraestrutura e as variações no estoque de capital de infraestrutura. Eles fazem

essa análise, pois consideram que o dinheiro investido ou considerado como

investimento não necessariamente altera o estoque de infraestrutura, como

geralmente é considerado na literatura, na razão de um-para-um entre o

investimento e crescimento do estoque de capital. Isto porque pode ocorrer perda no

processo, ineficiências ou até mesmo a corrupção. Existem evidências no caso

brasileiro nos projetos como o Programa Nuclear, a Rodovia Transamazônica e a

Ferrovia do Aço.

Realizando algumas análises econométricas simples, considerando a variável

dependente a mudança anual de uma das três medidas físicas de infraestrutura:

estradas asfaltadas, linhas de telefone instaladas e capacidade geradora; e como

variáveis independentes às respectivas séries de investimentos.

Os resultados insinuam que aumento de 1% na quantia investida em estradas

gera um aumento entre 0,37% e 0,48% nas extensões de estradas asfaltadas

novas. Esses coeficientes mais baixos entre relação aos outros setores da

infraestrutura poderiam sugerir que os investimentos tenham usos diferentes da

41

pura extensão de comprimento de estrada, como manutenção, melhorias, adição de

pistas extras, ou o investimento no setor é menos eficiente que em outros.

Para o setor de telecomunicações, a elasticidade foi calculada entre 0,75 e

0,98, revelando que o número de linhas de telefone novas é altamente sensível à

quantia investida no setor. Em relação ao setor de energia elétrica, foram realizadas

duas regressões: uma relacionando o investimento total em energia elétrica e a

variação da capacidade geradora, mostrando elasticidade entre 0,72 e 0,83; e a

outra relacionando os investimentos em capacidade geradora e variação da

capacidade geradora, com elasticidade entre 0,62 e 0,80. Os autores interpretam

esses últimos resultados como indicando que o aumento da capacidade geradora

não só depende de investimento direto em geração, mas também dos investimentos

em transmissão e em distribuição.

Após concluir que as elasticidades estimadas do estoque de infraestrutura com

respeito aos fluxos de investimentos são grandes e significantes. Ferreira e Araújo

passam a investigar as relações entre o capital de infraestrutura pública e o PIB. Os

resultados das correlações de níveis entre o capital de infraestrutura desagregado

por setor e o PIB (e também o PIB per capita) para os três setores são próximas de

1. As correlações de primeira diferença são menores, com a capacidade geradora

de energia apresentando os maiores valores (0,485 e 0,421, para o PIB e PIB per

capita) , seguida da telefone linha fixa (0,303 e 0,301) e depois da variação de

estradas asfaltadas (0,255 e 0,256). Indicando uma ligação positiva entre produção

e capital público de infraestrutura.

Posteriormente, acrescentando na análise o estoque privado (de máquinas e

equipamento), o capital humano e utilizando as estimativas de cointegração, foi

confirmada uma relação de longo prazo entre produção (PIB) e capital público, com

42

a estimativa que uma variação de 10% no estoque de infraestrutura pública está

associada à variação de 2,2% de produção por trabalhador, considerando o período

de 1960 a 1996.

Por último, Ferreira e Araújo estimam a resposta da produção per capita e do

capital privado para um choque infraestrutura pública que corresponde a 1% de PIB.

O resultado estimado é um aumento da produção per capita de 10% no longo prazo

e de quase 20% no estoque privado de máquinas e equipamento. Após o seu

choque inicial de 1%, a própria infraestrutura pública aumenta no final das contas

quase 8%.

Finalmente, após utilizarem conjuntos de dados e metodologias diferentes, os

vários autores concluem que o impacto produtivo de infraestrutura no Brasil é

relevante, e podemos concluir também que as reduzidas taxas de crescimento do

PIB nas décadas de oitenta, noventa e na primeira metade dos anos 2000, foram

um reflexo dos baixos níveis de investimento em infra-estrutura no Brasil após os

anos70.

43

3 Construção pesada

A construção pesada é definida pela CNAE 1.0 como sendo os grupos

mencionados na introdução (capítulo 1). Na literatura, Biehl (1988) lista os recursos

que compõem essa classe, partindo da ideia que a mesma é uma parte do capital

global e tem como característica a combinação do capital e produto, sendo assim, o

enfoque de bem público é definido pela suas características e não pela forma como

são providas. O governo tem um papel importante e permanente para estabelecer

políticas no sentido de coordenar interações sociais, com a finalidade de melhorar o

desempenho dos serviços.

O Banco Mundial (1994) define que a construção pesada representa o motor

e as rodas da atividade econômica. Utilizando-se de tabelas de insumo-produto

mostraram que as economias do Japão e dos EUA, por exemplo, utilizam-se de

telecomunicação, eletricidade e água no processo de produção de quase todos os

setores.

Já Coutinho e Ferraz (1994) definem que a construção pesada tem um elevado

papel para a promoção do crescimento por conta da elevação da produtividade,

gerando aumento da produção, pois a mesma desempenha com êxito as funções de

apoio ao crescimento.

Conclui-se que a construção pesada tem como principal característica à

representação de um conjunto de serviços que são básicos, mas relevantes ao

crescimento econômico. A mesma foi criada através de investimentos (boa parte

44

públicos) 12 que representam simultaneamente as propriedades do bem de capital e

de uso público.

Com isso, o uso do critério público, a construção pesada pode ser distinguida

de bem privado, e com o critério do capital pode ser distinguida dos bens de

consumo. Utilizando-se do critério de capital, implica que a construção pesada

compreende um conjunto de serviços, os quais devem ser criados por um processo

de longo prazo, comparando-se com outros investimentos, por isso o critério de bem

público implica que a mesma não pode ser provida somente pelo mercado, sendo

um meio de resguardar o bem-estar comum.

Ao verificar as maiores empresas de construção do Brasil13, a construção

pesada tem grande peso, pois representam 55,30% das empresas e seu tamanho

médio é de 230 pessoas ocupadas. A maior demanda por obras desse segmento é

da administração pública. Está contida em diversos setores, constituindo-se a pedra

angular e inicial de qualquer atividade empresarial brasileira, representando o

escoamento da produção e geração de empregos.

Portanto, os serviços oferecidos podem ser obtidos com a combinação de

insumo, capital e trabalho, a mão-de-obra deve ser grande e qualificada para que

haja um perfeito funcionamento dos equipamentos, por exemplo, na construção de

rodovia, a mão-de-obra tem maior participação e os trabalhadores não precisam de

grande escolaridade, mas para operação de equipamentos há necessidade de

instrução.

A participação pública e privada para o desempenho dessas funções é

definida, segundo Haddad (1994), como sendo algumas atividades que podem ser

executadas pela iniciativa privada ou associações e novas relações entre o governo

12 São considerados públicos todos os investimentos obtidos através de órgãos e/ou empresas ligadas a Administração pública.

45

e a iniciativa privada estão sendo buscadas, através na forma de gestão, que no

Brasil é chamada de parceria pública e privada14, tendo como pioneira a Ponte Rio-

Niteroi no Rio de janeiro.

Já Musgrave e Musgrave (1980) discordam dessa teoria e afirma que, em um

mundo teórico, pode-se sempre obter uma melhor combinação dos elementos

públicos e privados, mas na prática essa combinação pode ocorrer falhas no

sistema de mercado, prejudicando o conceito de eficiência. Essa teoria foi

confirmada por Azzoni e Vieira (1989) tendo o mercado privado funcionando sem

falhas, não há garantia de que as decisões públicas de investimentos sejam boas,

distorçam o mercado e as decisões de investimentos da iniciativa privada.

As parcerias públicas privadas foram implantadas como a finalidade de

retomar o crescimento da indústria da construção pesada, que é responsável por

2,5% do PIB (considerando a cadeia produtiva de 2004), dá um novo fôlego ao

setor, que demitiu em 2003 quase 200mil, e tem como característica suprir carência

de recursos para investir em projetos de construção pesada. As empresas de

construção pesada vêm com bons olhos essa parceria, pois esse projeto poderá ser

um instrumento de grande utilidade para alavancar a infraestrutura do Brasil, é

viável desde que o governo conceda uma linha de crédito com taxas acessíveis,

suprir carências de investimento do Estado e uma alternativa para redução nos

custos das obras. Essas parcerias englobam, principalmente, as seguintes áreas de

atuação: transportes, energia elétrica e telecomunicação.

13 A base de cálculo é obras executadas pesquisada na PAIC 2006. 14 Lei 11.079 de 30/12/2004.

46

Figura 2: Investimento direto de estrangeiros no Brasil

Fonte: Banco Central do Brasil, 2000 a 2006. Valor em U$1.000.000.000.

Essa transferência de financiamento para a iniciativa privada pode ser

comprovada pela figura 2, no qual os investimentos estrangeiros têm ajudado na

melhoria da infraestrutura no Brasil, que segundo o Banco Nacional

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Brasil registrou, em 2006, um

montante de 18.8 bilhões de dólares em investimentos diretos, chamados de

investimentos produtivos. Notoriamente, verificamos, nessa figura, uma queda de

investimentos no período de 2001 a 2003 devido à crise brasileira decorrente aos

descasamentos cambiais (definidos como dívidas cambiais líquidas de ativos

cambiais e derivativos de câmbio) de empresas brasileiras de capital aberto entre

2000 e 2003 que ocorreram nesse período, no qual chamamos de crise cambial

brasileira de 2002, que resultou na depreciação do real em 53% em relação ao

dólar.

0

5

10

15

20

25

30

352000

2001

2002

2003

20042005

2006

47

Essa crise teve como cenário macroeconômico à combinação do racionamento

de energia elétrica (2001), crise da Argentina (moratória), a recuperação lenta da

economia norte americana e eleições que teve como principais reflexões o aumento

do endividamento público, elevação da inflação e o câmbio. O racionamento de

energia elétrica retraiu o processo de licitação de hidrelétricas, estradas e outras, no

setor de construção pesada.

Conclui-se que a partir de 2004, há um retorno do financiamento externo, mas

sua retornada definitiva ocorre a partir de 2005, confirmados pelo cenário externo e

cenário interno, principalmente, com o início dos preparativos para a realização dos

Jogos do Pan Americano no Rio de Janeiro e o início da parceria pública e privada,

gerando um crescimento na indústria da construção pesada, devido à criação da

estrutura para os jogos. Já a parceria pública e privada teve como fundamento à

criação de condições básicas da construção pesada para atender a demanda do

crescimento anual previsto de 4% do PIB, para o período de 2002 a 2006, em

parceria com a iniciativa privada, descentralizada os investimentos por regiões.

No ano de 2006, com base nesses números de financiamentos, o papel que o

mercado internacional tem desempenhado para as construtoras é de suma

importância, pois verifica que cada vez mais há um número crescente de contrato

para execução de obras no exterior, devido à reconhecida qualidade e experiência

dos nossos serviços prestados nesse segmento.

48

Figura 3: Financiamento do BNDES em construção pesada

Fonte: Banco Central do Brasil, 2002 a 2006. Valor constante em R$1.000.000.

Já o mercado interno, teve um financiamento direto do BNDES em 2006, de

15,4 bilhões de reais, superando o ano anterior em 50%, conforme figura 3. Esses

financiamentos foram, principalmente, para o segmento de rodovias, portos e

hidrelétricas, que são os setores que demandam da necessidade de máquinas e

equipamentos para suas cadeias produtivas, pois são utilizadas em todo o processo.

Analisando o financiamento interno, verifica-se que segue a curva polinômio

dos investimentos externos devido, principalmente, a crise interna brasileira no

mesmo período (2000-2003), tendo pouca linha de crédito e demanda dos

investimentos públicos.

A atividade de construção depende e muito do financiamento para suas

atividades e o maior financiador da atividade imobiliária é a CEF (Caixa Econômica

Federal), principalmente, financiamento para casas populares. Já para construção

pesada é o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

49

tendo como principal demandante da atividade, as entidades públicas, fazendo com

que o cenário macroeconômico tenha uma influência direta nessa atividade.

Quando há um maior endividamento público seja interno e/ou externo, o

investimento tende a ser menor devido à transferência de recursos para pagamento

de juros da dívida; a taxa de câmbio, também tem a influência dos dados da

construção pesada devido ao maior valor para a aquisição das máquinas e do custo

de capital para financiamento.

Conclui-se que o financiamento (linha de crédito interno e/ou externo), o

cenário macroeconômico e a propensão do governo de investir são as principais

condições para o crescimento deste segmento.

3.1 Obras viárias

As obras viárias são consideradas, segundo a CNAE 1.0, como sendo as obras

e/ou serviços relativos à construção de rodovia, ferrovia, aeroportos, túneis, viadutos

e a urbanização de ruas, praças e calçadas. O histórico dessa classe é que a

qualidade desta infraestrutura é altamente importante à competitividade sistêmica

da economia brasileira.

Bielschowsky (2002) pesquisou a malha rodoviária brasileira e verificou que,

em 2002, o transporte predominante de cargas no Brasil é o rodoviário com um

percentual de 62% e sua malha rodoviária são 164 mil Km pavimentada (asfaltada),

sendo que a mesma está sob a administração do DNIT (Departamento Nacional de

Infraestrutura), na esfera federal.

50

O DNIT, em seu relatório anual de 2006, relata que dentro das estradas

federais, apenas 10 mil Km estão sob regime de concessão, sendo que são 36

concessões e a maioria estão na região sul e sudeste.

O crescimento deste setor é essencial para economia do Brasil, sem o

escoamento da produção, não chegariam até seus consumidores, às indústrias não

teriam acesso às matérias-primas e nem teriam condições de escoar sua produção.

As obras viárias viabilizam todos os setores da economia é, também, importante

para a integração do Brasil, pois fortalece a produção brasileira, conseguindo

diminuir custos, refletindo em preços mais competitivos aos produtos e gerando

maior crescimento econômico.

Figura 4: Taxa de investimento da União em transportes em relação ao PIB

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1987 1990 1992 1995 1998 1999 2001 2003 2005

Fonte: IBGE e ANTT.

Analisando a figura 4, os investimentos públicos foram pequenos e irrisórios

frente à necessidade da demanda deste setor. O quadro vem piorando, pois a

51

estrutura atual da malha brasileira trás limitações à expansão e vem se agravando

ao longo do tempo (duas décadas). Os problemas estruturais do setor

comprometem a eficiência operacional, a instalação das indústrias e o crescimento

econômico e social. A falta de infraestrutura compromete indiretamente o orçamento

da União por causa dos acidentes, ineficiência operacional e roubos de cargas,

ocasionado perdas significativas econômicas e de competitividade, tendo como

reflexo direto o aumento do custo da produção. Na figura 6, mostra a falta de

planejamento e de investimentos no setor de transportes implicando numa

incapacidade de acompanhar a demanda e, em 2002, 62% do transporte de carga

foi rodoviário, sobrecarregando ainda mais esse tipo de transporte.

As obras viárias que são as responsáveis pela manutenção e/ou construção

das obras que dão suporte ao transporte de carga, segundo a tabela 5, tem como

principal demandante o governo, devido ao alto custo para construir as estradas e

seu baixo retorno de investimento (30 anos).

Figura 5: Demanda das obras viárias por tipo de cliente

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

demanda pública

demanda privada

2002 2003 2004 2005 2006

Fonte: elaboração própria, a partir dos dados do IBGE. Valor constante em R$1.000.000.

52

A demanda pela atividade da construção de obras viárias está representada

pela figura 5, no qual a entidade pública tem representatividade de 80%

comprovando que a iniciativa é do governo por causa do grande volume de

investimento e a entidade privada acompanha esse investimento, geralmente com a

manutenção decorrente a concessão dos meios de transporte. Fica comprovada a

importância do poder público para o investimento e crescimento desse segmento.

Figura 6: Participação dos meios de transporte para o escoamento da

produção brasileira em 2002

Rodoviário (62%)Ferroviário (25%)

Aquaviário (13%)

Aéreo (4%)

Fonte: IBGE, ANTT e Bielschowsky.

O sistema de transportes ferroviários iniciou sua privatização em 1992 com a

RFFSA (Rede Ferroviária Federal) que na época possuía cerca de 22 mil Km de

trilhos (o total Brasil era cerca de 29mil) e teve sua privatização concluída em 1997.

Considerando a extensão do território brasileiro, a quantidade da malha ferroviária é

mínima e com desempenho ruim considerando sua participação (25%).

Segundo Bielschowsky (2002), a privatização da malha ferroviária não

alcançou os objetivos desejados (aumento da participação da rede ferroviária no

53

transporte de cargas) devido ao seguinte fato: quem ganhou as licitações foram às

empresas que utilizavam as ferrovias e as mesmas dominavam suas atividades

(siderúrgica e mineração) e não tinham interesses de atrair outros clientes.

O escoamento da produção via porto é viável no Brasil por causa da sua

extensão territorial banhado pelo mar, sendo possível receber embarcações ao

longo da costa.

A lei dos Portos em 1993 teve como fundamento melhorar o escoamento da

produção, no qual foi criada medidas para que, posteriormente, em 1995 (lei das

Concessões) desse início a delegação aos estados a sua administração e

exploração.

Com isso, os estados estimularam o investimento privado nos terminais

(através de concessões) e em áreas fora do porto (armazenagem), fazendo com

que aumentassem os investimentos e tornando os mesmos mais equipados e

produtivos.

Apesar disso, a administração dos portos continua sendo feita pela Companhia

Docas que é uma empresa de economia mista, tendo o governo federal como

principal acionista, prejudicando assim a Lei dos Portos.

Em relação aos investimentos (público e privado), os mesmos são diferentes.

O público está concentrado na linha de manutenção dos acessos dos navios

(dragagem) e o privado na melhoria de equipamentos, isto é, um complementa o

outro.

O grande gargalo ficou por conta da falta de integração entre o transporte

ferroviário e/ou rodoviário com os portos, fazendo com que o custo de transporte até

o embarque fique em nível alto, sem contar a estrutura da tarifa.

54

Esse gargalo e a ineficiência do transporte são mencionados pelo

Bielschowsky (2002) como sendo o fator responsável pelo maior custo da

movimentação de carga no Brasil.

O transporte portuário teve outro marco importante em 2001 com a criação da

ANTAQ (Agência Nacional Transporte Aquático) com a finalidade de regular e

fiscalizar as atividades portuárias.

Já o setor aéreo não houve privatizações e nem mudanças ficando a cargo da

Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO) sua administração,

tendo 67 aeroportos, 80 unidades de apoio à navegação e 32 terminais de logística

de carga no qual se destacam o Aeroporto de São Paulo, terminal de Campinas,

Manaus e Galeão, nessa ordem.

3.2 Demais obras de construção pesada

Nesse grupo, compreendem obras para geração e distribuição de energia

elétrica e para telecomunicações, construção de redes de abastecimento de água,

coleta de esgoto e de dutos (oleodutos, gasodutos e minerodutos). Muitos acreditam

que este grupo é o pulmão do crescimento econômico, visto que suas atividades

são essenciais para setor produtivo. A obra de construção pesada tem uma relação

direta com o crescimento econômico e a oferta da energia elétrica, relacionando-se

gerando um círculo virtuoso, pois maior oferta de energia elétrica estabelece

condições básicas para expansão da economia. Esta relação foi confirmada em

2001, com o racionamento de energia, que um corte de 20% de energia nos seis

primeiros meses apontou para um PIB menor de 1,5%, queda na criação de

55

empregos e arrecadação tributária, segundo a Fundação Getúlio Vargas de São

Paulo; isto confirma que a falta da energia elétrica é um grande limitador do

crescimento econômico.

Tabela 6: Previsão e realização de investimentos da União por classes de

Construção pesada

Fonte: Banco Central do Brasil Valores em R$1.000.000.000. A tabela 6 mostra que dentro do segmento de obras de construção pesada, o

segmento de energia elétrica é o de maior investimento sendo que a previsão para o

período de 2008-2011 há um aumento de 150% confirmando a necessidade de

investimentos e a intenção do governo de crescimento econômico.

A lei 9427/96 instituiu a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) com a

finalidade de fiscalizar e regulamentar o setor.

A reformulação do setor de energia elétrica teve como marco a crise de

abastecimento em 2001 e tendo como proposta a lei 10848 de 2004, para expandir

o sistema e garantir o menor risco possível entre a produção, transmissão e venda.

Então foi criado um modelo de administração que teve como conseqüência

um equilíbrio entre a geração de energia elétrica e o consumidor final. Essa ligação

foi intermediada pela Empresa de pesquisa Energia (EPE), Câmara de

Investimentos TaxaRealizado Previsto CrescimentoSetores das obras de construção pesada2003-2006 2008-2011 (em %a.a)

Total 112,6 205 13,2Energia elétrica 40,9 101 19,8

Saneamento 13,4 48 29Telecomunicação 58,3 56 -0,8

56

Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e o Comitê de Monitoramento do Setor

elétrico (CMSE).

Segundo Afonso, Araújo e Biasoto (2005) numa simulação do BNDES, que

tem como base um crescimento médio anual de 4,5%, caso a economia cresça

4,5% anual, todas as atividades relacionadas à energia requererão investimentos

projetados de 20,4 bilhões por ano em média, mais de 1% do PIB, então como o

governo possui 65% da capacidade de geração, a maior parte dos investimentos

deve partir do governo.

Já telecomunicação teve um grande período de investimentos, entre 2003 a

2006 (tabela 6), impulsionados pela estagnação, antes das privatizações, e pelo fato

do mercado absorver os investimentos feitos na universalização da telefonia fixa e

da móvel. Nesse período, destacam-se os investimentos na 3ª geração de telefonia

móvel com o objetivo de fornecer serviços de dados com alta transmissão, na TV

digital e acesso a banda larga sem fio. Esses investimentos chegaram a 51,7% dos

investimentos realizados nesse grupo.

57

4 Metodologia

Neste capítulo, serão apresentadas as escolhas metodológicas que

fundamentarão o desenvolvimento da pesquisa e a análise empírica dos dados, a

forma da coleta de dados e todas as premissas da dissertação. A primeira fase é o

tipo de pesquisa e sua relação com o estudo; a argumentação tem o respaldo nos

teóricos em metodologia da pesquisa. A segunda fase está relacionada ao

fluxograma da pesquisa que são as etapas de desenvolvimento, coleta de dados e

análise de resultado.

4.1 Tipo de pesquisa

Em relação ao tipo da pesquisa desenvolvida, os procedimentos são

classificados como pesquisa qualitativa e estudo de caso.

No estudo de caso, segundo Creswell (2007), o pesquisador preocupa-se em

estudar em profundidade um evento, uma atividade ou um processo, ao longo de um

período de tempo durante o qual serão coletados dados por meio de diversas

técnicas. O motivo pela a escolha do estudo de caso é que tem a vantagem de

responder às perguntas “como” e “por que” sobre crescimento econômico.

Na visão de Cooper & Schindler (2003, p. 130),

[...] os estudos de caso colocam mais ênfase em uma análise contextual

completa de poucos fatos ou condições e suas inter-relações. Embora as

hipóteses sejam frequentemente usadas, basear-se apenas em dados qualitativos

torna o suporte ou a rejeição mais difícil. Uma ênfase em detalhes fornece

informações valiosas para soluções de problemas, avaliação e estratégia. Esse

detalhe é obtido de fontes múltiplas de informação. Permite que as provas sejam

verificadas e evita a perda de dados.

58

Na relevância da pesquisa, o estudo de caso é mais apropriado devido às

justificativas e os objetivos que norteiam a pesquisa, pois a metodologia aplicada

promoverá uma melhor compreensão da relação da construção pesada com o

crescimento econômico brasileiro, sob a ótica da teoria keynesiana, pós-keynesiana

e Hirschman.

4.2 Tipo de estudo e argumento

A pesquisa a ser apresentada será descritiva para descobrir as respostas para

as perguntas descritas no estudo de caso e os argumentos apresentados serão

dedutivos, pois explicam através de tabelas e figuras o conteúdo e apresenta

posteriormente a conclusão dos dados investigados.

Cooper & Schindler (2003) define o caso descritivo como sendo popular em

administração em razão da sua versatilidade entre as várias disciplinas. A resposta

para pergunta “como” atingem questões relacionadas à quantidade, custo,

eficiência, eficácia e adequação. Os estudos descritivos são normalmente

estruturados como hipóteses ou questões investigativas claramente declaradas e

atendem a diversos objetivos de pesquisas, a seguir:

Descrições de fenômenos ou características associadas com a população-

alvo (de quem, que, quando, onde e como de um tópico); estimativas das

proporções de uma população que tenha essas características; e descoberta de

associação entre diferentes variáveis (Cooper & Schindler, 2003, p. 136).

O argumento utilizado é o dedutivo tendo como base às abordagens

Keynesiana, pós-Keynesiana e Hirschman, além dos trabalhos empíricos sobre

investimento no capítulo 2 e aceita pelo meio acadêmico, essa aceitação é a priori

de uma verdade “o crescimento econômico está ligado diretamente à construção

59

pesada” conforme Feijó (2007). O conjunto de conclusões é aceitável, visto que a

base secundaria dos dados ser retirada de instituto reconhecido (IBGE).

Na visão de Cooper & Schindler (2003, p. 48),

A dedução é uma forma de inferência que parece ser conclusiva – a

conclusão deve necessariamente partir das razões dadas. Diz-se que essas

razões implicam a conclusão e representam uma prova. Isso é um laço muito mais

forte e diferente entre razões e conclusões do que aquele encontrado na indução.

Para que uma dedução seja correta ela deve ser verdadeira e válida.

4.3 Etapas do desenvolvimento

O desenvolvimento do trabalho, a que se propõe esta pesquisa, inicia-se com

uma revisão, no embasamento teórico, da influência do investimento no crescimento

econômico nas visões Keynesiana, pós-Keynesiana e Hirschman e apresentou os

trabalhos empíricos no Brasil que comprovam essa relação. Após o embasamento

teórico, descreveu a atividade da construção pesada que é o estudo de caso.

A etapa de análise de resultados será verificada o comportamento das

variáveis derivadas como: VA (valor adicionado), PIB (produto interno bruto), FBCF

(Formação Bruta de Capital Fixo) e taxa de investimento (fatores de produção

privada); e variáveis primárias como: PO (pessoal ocupado), salários, obras

executadas; depois verificará se há relação direta com o crescimento econômico.

60

4.4 Coleta de dados

A fonte dos dados para elaboração da pesquisa será secundária assim

definida por Cooper & Schindler (2003, p. 223),

São interpretação de dados primários, enciclopédias, livros, manuais, artigos

de revistas e jornais e a maioria das notícias são consideradas fontes secundarias

de informação.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou-se como um

banco de dados brasileiro socioeconômicos, sendo assim confiável para a coleta

secundária de dados da construção pesada, através da PAIC (Pesquisa Anual da

Indústria da Construção). Os dados relativos à produção serão retirados da

consolidação das pesquisas estruturais do IBGE com dados externos de produção –

PIB.

A Pesquisa Anual de serviço (PAS) será consultada para a retirada dos dados

relativos à prestação de serviço de transportes (rodoviário, aquático e aéreo) e de

telecomunicação para alcançar a formulação de uma tabela para o fim da atividade

primária de construção pesada neste segmento.

A Pesquisa Anual da Indústria (PIA) será consulta para a formulação dos

principais insumos para a atividade de construção pesada.

No decorrer da dissertação, novos dados e informações atualizadas dentro do

enfoque do estudo serão incorporados a pesquisa, sendo assim, fonte secundária

para elaboração da análise e conclusão.

61

4.5 Análise de resultados

A análise de resultados será apresentada na forma de tabelas e figuras com

comentários fundamentados nas teorias do Hirschman, Keynesiana e pós-

keynesiana e sua relação com o crescimento econômico. Para atingir o objetivo

principal e os específicos desta dissertação, teremos como pressupostos para a

formulação da análise de resultados os seguintes pontos:

• O investimento em construção pesada tem impacto positivo no crescimento

da economia brasileira em longo prazo;

• O financiamento é o propulsor para o crescimento da construção pesada e

não a poupança, visão Keynesiana;

• O efeito para frente e para trás do investimento estimula o crescimento

econômico alavancando a produção de insumos demandados e os investimentos

privados, visão Hirschman;

• Observar os trabalhos econométricos, do embasamento teórico, sobre a

influência direta do investimento no crescimento econômico brasileiro e sua

aplicabilidade.

Com base nos modelos Keynesiano, pós-keynesiano, Hirschman e nos

trabalhos econométricos podemos estruturar a análise do estudo de caso nas

empresas de construção pesada, conforme a seguir:

• Relação das empresas de construção pesada na construção do PIB brasileiro

e suas influências no crescimento econômico. Será adotada a visão Keynesiana

para essa análise com dados secundários das Contas Nacionais, PAIC e MDIC

(Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). A base será a

62

localização da construção pesada na construção do PIB e os principais fatores que

influenciam seu crescimento (financiamento e governo);

• Descrever as variáveis derivadas do segmento da construção pesada e sua

cadeia produtiva, visão de Hirschman, no tempo;

• Construção dos indicadores econômicos da construção pesada confrontando

com o crescimento econômico.

63

5 Análise de resultados

A análise de resultados será dividida em três seções: a primeira seção será

apresentada as variáveis e suas participações na composição do PIB brasileiro na

ótica da demanda final. Após a análise da composição do PIB, vamos acompanhar

a participação da construção pesada na elaboração do valor adicionado nacional.

O financiamento tem grande importância para esse segmento, por isso serão

analisados os fatores que contribuem para o financiamento da atividade de

construção pesada (sem ter a intenção de esgotar o assunto no ramo econômico)

como: a taxa Selic, linha de crédito do BNDES (participação no total dos

investimentos), balança comercial do Brasil e a necessidade de financiamento do

setor público. Para atingir o êxito na análise desta seção, iremos construir a relação

entre o segmento da construção pesada e os investimentos, tendo como base a

taxa de investimentos e o PIB brasileiro.

Essa primeira seção tem a finalidade de verificar os seguintes pressupostos:

• O investimento em construção pesada tem impacto positivo no

crescimento da economia brasileira em longo prazo; e

• O financiamento é o propulsor para o crescimento da construção

pesada e não a poupança, visão Keynesiana.

Os objetivos a serem atingidos, nessa seção de análise, serão descritos a

seguir:

• Descrever o segmento da construção pesada, no período de 2002 a

2006, e sua relação com o crescimento econômico; e

64

• Analisar a influência dos investimentos na construção pesada.

Na segunda seção será elaborada a cadeia produtiva da construção pesada

(visão de Hirschman), analisadas as variáveis primárias: emprego e salário e, a

variável derivada FBCF. Esta segunda seção tem a finalidade de verificar os

pressupostos:

• Os efeitos downstream e upstream do investimento estimulam o

crescimento econômico, alavancando a produção de insumos

demandados e os investimentos privados, visão Hirschman; e

• O investimento em construção pesada tem impacto positivo no

crescimento da economia brasileira em longo prazo.

Os objetivos a serem atingidos, nessa seção de análise, serão descritos a

seguir:

• Descrever o segmento da construção pesada no período de 2002 a

2006 e sua relação com o crescimento econômico; e

• A geração de emprego e salário como conseqüência dos investimentos.

Na terceira seção serão construídos os indicadores econômicos da

construção pesada e suas relações com o crescimento do PIB. Para atingir esse

objetivo, serão verificadas se há relação entre os indicadores com o crescimento

econômico.

Esta terceira seção tem a finalidade de verificar o pressuposto:

65

• Observar os trabalhos econométricos do embasamento teórico sobre a

influência direta do investimento no crescimento econômico brasileiro e

sua aplicabilidade.

O objetivo a ser atingido, nessa seção da análise, será descrito a seguir:

• Através de indicadores, acompanhar o papel da construção pesada na

economia do Brasil.

5.1 Construção pesada: construção do PIB, financiamento e investimento

A figura 7 relata a construção do PIB brasileiro através das pesquisas

industriais (são os fluxos de bens e serviços), fluxo de renda, fluxo de capitais e

operações financeiras. As empresas de construção pesada estão no fluxo de bens e

serviços da atividade produtiva, relacionadas ao segmento da construção civil, que é

coletada pela PAIC.

Figura 7: A construção do Produto Interno Bruto brasileiro

Fonte: elaboração própria a partir da metodologia da construção do PIB pelo IBGE.

DISTRIBUIÇÃO SECUNDÁRIA

DA RENDA

CONSUMO (C)

POUPANÇA (S)

TRANSF. ENVIADAS

AO EXTERIOR

TRANSFERÊNCIAS RECEBIDAS

DO EXTERIOR

ENTRADA DE K SAÍDA DE CAPITAIS

OPERAÇÕES FINANCEIRAS

MERCADO

FLUXOS FINANCEIROS

FORM. BRUTA CAPITAL (FBC)

ATIVIDADEATIVIDADEATIVIDADEATIVIDADE PRODUTIVAPRODUTIVAPRODUTIVAPRODUTIVA

IDE, Portifólio , Empréstimos

FLUXO DE CAPITAIS

FLUXO DE BENS E SERVIÇOS

FLUXO DE RENDA

VALOR DA PRODUÇÃO

(VP) CONSUMO INTERM.

(CI) IMPORTAÇÃO

(M)

EXPOR- TAÇÃO

(X)

RENDA ENVIADA P/EXTERIOR (RE)

RENDA RECEBIDA DO EXTERIOR (RR)

Área de cobertura das pesquisas econômicas

66

O crescimento da economia é um assunto de grande interesse dentro da

economia e é definido como o aumento da produção real ao longo de um ano.

Dentro das variáveis que influenciam o crescimento econômico em maior ou menor

grau de importância, pode-se citar: investimento em construção pesada, Formação

Bruta de Capital Fixo, progresso tecnológico, poupança interna, capital humano,

comércio internacional, política monetária, política fiscal, reforma tributária e

assegurar os direitos de propriedades, segundo a linha do “Consenso de

Washington” 15.

Figura 8: Participação percentual na composição do PIB pela demanda final no período de 2002 a 2006

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

Investimento

Consumo- famílias

Governo

Importações

Exportações

2002 2003 2004 2005 2006Fonte: elaboração própria a partir dos dados IBGE. A figura 8 apresenta a composição do PIB, pela ótica da demanda final, o

qual o consumo final responde por cerca de 80% do PIB, em média, no período de

15

O termo foi inicialmente utilizado por John Williamson ao se referir às medidas a serem implementadas para o crescimento dos países da América Latina.

67

2002 a 2006, no qual 60% são de responsabilidade apenas do consumo das

famílias e 20% ficou a cargo do consumo do governo.

O investimento privado, que é um dos importantes indicadores

macroeconômicos, ficou em média de 16,70%.

Já a balança comercial (diferença entre exportações e importações), ficou na

média de 3,5% do PIB.

Tabela 7: Participação no valor adicionado, segundo classes e atividades no

período de 2002 a 2006

Fonte: IBGE/DPE/CONAC.

A tabela 7 tem como objetivo acompanhar a participação das empresas de

construção pesada no contexto das atividades econômicas. Segundo essa

participação no valor adicionado, verifica-se que a posição da construção pesada é

de destaque no segmento industrial, contribuindo em média de 1,8% na produção

econômica, mas em relação às atividades econômicas é pequena.

Na próxima seção da análise (5.2), ao elaborar a cadeia produtiva da

construção pesada, veremos que sua participação na construção do PIB é relevante

e de grande peso para economia brasileira, além de ser um segmento que gera

2002 2003 2004 2005 2006100,00 100,00 100,00 100,00 100,006,60 7,40 6,90 5,70 5,5027,10 27,80 30,10 29,30 28,80

Petróleo e gás natural 1,00 1,10 1,10 1,60 2,10cimento 0,20 0,30 0,20 0,10 0,20Máquinas e equipamentos 1,00 1,00 1,00 0,90 1,00construção pesada 1,90 1,70 1,80 1,70 1,70Construção (demais atividades) 3,40 3,00 3,30 3,20 3,00Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana 3,30 3,40 3,90 3,80 3,80Outras atividades (somátorio de 34 atividades) 16,30 17,30 18,80 18,00 17,00

Serviços 66,30 64,80 63,00 65,00 65,80Comércio 10,20 10,60 11,00 11,20 11,50Serviços imobiliários e aluguel 10,20 9,60 9,10 9,00 8,70Administração pública e seguridade social 9,90 9,70 9,60 10,00 10,10Serviços prestados às empresas 4,40 4,50 4,50 4,60 4,80Outras atividades (somátorio de 10 atividades) 31,60 30,40 28,80 30,20 30,70

AgropecuáriaIndústria

Participação a preços básicos (%)Classes e atividades

Total

68

investimentos para dar suporte à instalação das indústrias e escoamento da

produção.

Figura 9: Taxa Selic fixada pelo Copom no período de 2002 a 2006

17,50

25,00

17,75 18,00

13,25

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

2002 2003 2004 2005 2006

Fonte: elaboração própria a partir dos dados do Banco Central do Brasil, 2002 a 2006.

A figura 9 é a posição da taxa Selic16, medida pelo Copom17, no período de

2002 a 2006, que apresentou no ano de 2002 a taxa final de 25% enquanto que no

ano de 2006 terminou com 13,25%.

Sabemos que o impacto da taxa de juros é apenas um sinal que o governo

está enviando aos empresários para investir na produção (visão Keynesiana) e que

o resultado da queda ou aumento da taxa de juros tem um impacto no mercado

financeiro acima 6 meses, os investimentos em construção pesada depende do

16

A taxa Selic é a taxa média dos financiamentos diários no lastro em títulos federais apurados no sistema especial de liquidação e custódia. 17

Copom é o comitê de política monetária do Banco Central do Brasil e possui a função de definir as diretrizes da política monetária brasileira e a fixação da taxa básica de juros.

69

financiamento de longo prazo, portanto a taxa de juros e relevante para a tomada de

decisão.

Nos anos de 2004 e 2006, no qual o Brasil obteve o maior crescimento da

série 5,7% e 4,0% respectivamente, a taxa de juros alcançaram 17,75% e 13,25%

verificando uma iniciativa dos investidores em iniciar os investimentos privados,

principalmente, na construção pesada, quando as taxas são menores.

Figura 10: BNDES E CIDE como financiadores das empresas de construção pesada

e suas relações com as obras executadas, no período de 2002 a 2006

Fonte: IBGE, MDIC e BNDES. Valor constante em R$1.000.000.

A figura 10 tem o fundamento de verificar a relação entre as fontes de

financiamento BNDES e CIDE e as obras executadas, dentro do regime de

competência. Verifica-se que a disponibilização de financiamento para construção

pesada contribui positivamente para o aumento da execução do segmento, isso

0

5

10

15

20

25

30

35

40

2002 2003 2004 2005 2006

CIDE

BNDES

Obras executadas

70

ocorre devido da necessidade de recursos para financiar as grandes obras de

construção pesada.

Partindo da visão Keynesiana (a decisão de investir depende do financiamento

e não do produto não consumido, isto é, a poupança é o resultado do investimento)

e comparando o financiamento do BNDES18 (maior financiador da construção

pesada no Brasil) e o CIDE19 com as obras executadas das empresas de construção

pesada, conforme a figura 10, conclui-se que há uma tendência de crescimento da

demanda, quando há um aumento de financiamento.

Figura 11: Balança comercial do Brasil no período de 2002 a 2006

Fonte: MDIC. Valor em U$1.000.000.

A figura 11 relata um crescimento do superávit na balança comercial, no qual é

importante para manter a confiança de investidores e financiadores estrangeiros,

18

Fonte retirada do site www.bndes.gov.br com acesso no dia 18/03/2009. 19

O CIDE é a Contribuição de Intervenção sobre Domínio Econômico e foi criada com as finalidades de financiar projetos ambientais, construção pesada e subsídios para preços dos combustíveis, pela lei 10.336.

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

45.000

50.000

2002 2003 2004 2005 2006

71

mas para demonstrar uma solidez na economia é necessário uma política cambial

estável e um crescimento da produção constante.

O principal fator para ter um crescimento na balança comercial é aumentar as

exportações e não diminuir as importações (queda pode significar necessidade para

fechar a balança de pagamento). O aumento nas exportações gera a necessidade

de aumentar a estrutura brasileira através de novas obras viárias (escoamento da

produção), telecomunicação e energia elétrica, podendo trazer mais investimentos

em construção pesada.

No período pesquisado, o saldo positivo vem crescendo ao longo do tempo, no

qual a consequência direta pode ser a injeção de mais recursos para as

exportações, gerando um impulso para diminuição do custo da produção e aumento

dos investimentos em construção pesada para escoar a produção.

Reforçando a necessidade de financiamento, a balança comercial favorável

tem uma posição de destaque como propulsor do investimento, gerando a entrada

de recursos estrangeiros para financiamento da economia.

Tabela 8: Participação do BNDES no financiamento da construção pesada

Investimentos Anos

2002 2003 2004 2005 2006 Total 32,60 27,20 35,80 44,10 47,60

OGU (1) 3,80 1,40 3,00 4,60 6,10

Outros (privado e público) 28,80 25,80 32,80 39,50 41,50

Financ. BNDES 6,80 7,80 13,40 16,00 17,00

Percentual do BNDES 20,86% 28,68% 37,43% 36,28% 35,71% Fonte: Ministério do Planejamento, BNDES (relatório de setembro de 2007), IBGE (setores da construção pesada). (1) OGU (orçamento geral da União). Valores em R$1.000.000.000.

A tabela 8 relata a participação do BNDES como fonte de financiamento das

empresas de construção pesada, que cresceu 80% no período de 2002 a 2006,

72

enquanto que o governo federal, através do orçamento, aumentou sua participação

apenas em 10%. Essa tendência confirma que o BNDES é a principal fonte para

financiar as obras de construção pesada no Brasil e evidência a posição do governo

de abrir créditos para aumentar ou melhorar a construção pesada impulsionada pela

necessidade de crescimento econômico.

Figura 12: Necessidade de financiamento do setor público brasileiro em relação

percentual do PIB

-6,00

-4,00

-2,00

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

2002 2003 2004 2005 2006

Juros nominais

Superávit primário

Resultado nominal

Fonte: Banco Central do Brasil 2002 a 2006.

A figura 12 considera o setor público como um todo, incluindo as empresas

públicas, os resultados reproduzem o cenário de superávit primário20 crescente na

média de 4%. No ano de 2005 alcançou o melhor resultado da série, 4,84% porém o

20

Superávit primário é a “poupança” feita para o pagamento de juros da dívida de um governo. É a diferença do orçamento doméstico, isto é, as contas públicas de receitas e despesas.

73

fardo das dívidas também subiu para 8,13%, como conseqüências, o setor público

produziu déficits nominais21.

Já a construção pesada sofre a influência direta em decorrência deste cenário

de déficit nominal, pois o governo gera um processo de ajuste fiscal com a

finalidade de acabar ou diminuir com o déficit nominal, fazendo cortes,

principalmente, em investimentos públicos responsáveis direto para diminuir o custo

da produção, para que consiga manter equilibrado os fundamentos

macroeconômicos.

Figura 13: A relação entre as empresas de construção pesada e os investimentos no

período de 2002 a 2006, a nível Brasil

0

10

20

30

40

50

60

Investimentos

obras executadas

2002

2003

2004

2005 2006

Fontes: IBGE e C.R. Frischtak, BNDES. Valor constante em R$1.000.000.000. A figura 13 relata a tendência da evolução dos investimentos em conjunto

com o segmento da construção pesada no período pesquisado, tendo dois

momentos distintos: o primeiro (2002 a 2003) há uma queda de investimentos e da

produção (construção pesada) influenciada pelas privatizações realizadas em anos

anteriores, fazendo com que aumente de imediato a capacidade dos segmentos de

21 O resultado nominal é a diferença entre o superávit primário e os juros nominais.

74

telecomunicação, distribuição de energia elétrica e uma parte da logística; há

também, a crise da Argentina (2001) que teve como consequência menor crédito

externo e diminuição das exportações22 por causa do peso da Argentina. No

segundo momento (2004 a 2006), há um crescimento constante devido aos

preparativos para o Pan-americano e, também, a necessidade da retomada de

investimentos na ampliação e melhoria no transporte rodoviário e ferroviário, para

atender a crescente demanda das exportações, visto que os investimentos têm

crescimento constante no período de 2005 e 2006 que refletiram de imediato na

construção pesada no período pesquisado, no qual esses investimentos

concentraram, principalmente, em obras viárias e as mesmas ocupam vários

exercícios contábeis para sua execução.

Figura 14: Taxa de investimento das empresas por atividade da construção pesada

e o PIB no período de 2002 a 2006

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

Investimento Total

Telecomunicação

Energia elétrica

Obras viárias

Outras grandes obras

PIB

2002 2003 2004 2005 2006

Fonte: elaboração própria a partir dos dados do IBGE.

Na figura 14, comparando a expansão do PIB com a taxa de investimentos,

verifica-se a ocorrência de uma pequena variação pró-cíclica dos investimentos no

período de 2002 a 2003, que pode ser justificado pela tendência do baixo

22

A Argentina ocupa a terceira posição nas exportações brasileiras, segundo o Banco Central do Brasil.

75

crescimento econômico e depois um crescimento nos investimentos pro-cíclica no

período de 2004 a 2006 com a recuperação da econômica, apesar de o crescimento

ser abaixo do PIB mundial23, nesse período, os investimentos não acompanharam o

crescimento do PIB, na mesma proporção, isso pode ser justificado com a tendência

principalmente, da forte retração nos investimentos nas atividades em que o

governo é o principal investidor como transportes, energia elétrica (geração) e

saneamento (outras grandes obras). Os segmentos de energia elétrica (distribuição)

e telecomunicação, devido às privatizações, têm como principais investidores à

iniciativa privada que sofrem oscilações devido à demanda do setor e ao crédito.

A energia elétrica (geração), no qual o governo ainda se apresenta como

sendo o maior investidor, apesar do movimento de concessão iniciado em 2006, tem

no período de 2002 a 2005 estagnação de investimento acompanhando a tendência

da produção econômica, mas há uma recuperação em 2006 em decorrência do

aumento da demanda do setor.

A atividade de telecomunicação teve seu ciclo de expansão no primeiro

período pós-privatização (não objeto da dissertação) e no período de 2002 a 2006

registra a tendência apenas de manutenção ou atualização das redes, que garanta

maior estabilidade, apresentando desaceleração até que surja novo ciclo de

atualização tecnológico. O segmento das empresas de construção pesada, em

energia elétrica, segue na incerteza, dependendo do governo para a realização dos

projetos. Tem grande relevância para o crescimento econômico em longo prazo,

mas sofre a influência direta do crescimento da renda, taxa de juros e do câmbio

(fatores domésticos), além do risco ambiental, devido à construção das plantas

hidrelétricas, por isso seu crescimento foi estável no período (2002 a 2006). A

23

O PIB mundial do período de 2004 a 2006 foi: 2004 (5,3%), 2005 (4,9%) e 2006 (5,1%).

76

logística (obras viárias) que é fundamental para o escoamento da produção e do

custo da produção. A tendência de crescimento, verificada pela figura 11, confirma o

empenho do governo em recuperar e construir novas estradas, portos e aeroportos

acompanhando o crescimento econômico.

Portanto verificando a tabela 8 e figuras 13 e 14, verificamos que os

investimentos e crescimento econômico mostram uma tendência de relação direta.

Os dados da economia brasileira (investimentos e crescimento econômico)

confirmam forte relação de investimentos e crescimento econômico e mostra que as

taxas de crescimento do PIB foram, no período, acompanhadas por mudanças que

proporcionaram investimentos. A importância dos investimentos para determinar a

trajetória do crescimento foram realizados no conjunto dos dados da tabela 8 e da

figura 14, revelando que os mesmos vêm ganhando participações no cenário

brasileiro.

Já nas figuras 9 a 14, pode-se verificar uma correlação do aumento das

obras das empresas de construção pesada com o aumento dos investimentos,

financiamentos e, principalmente, com o crescimento econômico (PIB) na série

pesquisa, criando argumentos que os investimentos e construção pesada andam

juntos para crescimento econômico.

O objetivo “analisar a influência dos investimentos na construção pesada” foi

verificado com base na figura 13 onde há uma forte tendência a relação direta da

atividade de construção com os investimentos relacionados no período.

Enquanto que o objetivo “descrever o segmento da construção pesada no

período de 2002 a 2006 e sua relação com o crescimento econômico” foi verificado

em parte, devido ao fato que a descrição de toda a atividade de construção

englobando também o emprego e salário será na segunda seção, mas em relação a

77

sua influência no PIB, foi verificada essa relação com base nas figuras 8

(localização da construção pesada no PIB) e 14, associando o crescimento do PIB

com das obras executadas das empresas de construção pesada.

O pressuposto “o financiamento é o propulsor para o crescimento da

construção pesada”, também, foi levantado com base nas figuras 9, 10, 11 e 12 e

tabela 8. Os principais dados macroeconômicos contribuem para aumentar os meios

de financiamentos da atividade.

Já o pressuposto “o investimento em construção pesada tem impacto positivo

no crescimento da economia brasileira em longo prazo” foi verificado uma tendência

apesar do tempo de estudo (5 anos), e conforme figura 14 verificando a influência

direta desses investimentos para fomentar a atividade de construção pesada.

5.2 Cadeia produtiva, variáveis primárias e derivadas da construção pesada

O propósito da cadeia produtiva é analisar o impacto da construção pesada

na construção das contas nacionais, desenvolvendo uma visão prospectiva e

retrospectiva, utilizando-se do conhecimento da teoria de Hirschman (1958). A visão

prospectiva tem a finalidade de configurar para o intervalo de 2002 a 2006, os elos

dos segmentos da construção pesada e suas ligações com outras atividades

econômicas upstream, mostrando quanto da produção da construção pesada é

utilizado pelos demais setores da economia. A visão retrospectiva revela as ligações

downstream que o setor tem com outros setores da economia, ou seja, quais as

demandas que o setor de construção pesada para com os outros setores da

economia ao nível de insumos. O objetivo é verificar o peso da construção pesada

no contexto da economia brasileira e sua relação direta com o crescimento

econômico.

78

Considerando a visão de Hirschman (1958) para a construção pesada, a

atividade de construção pesada representa grandes investimentos e demanda

volumes considerados de matéria-prima como, por exemplo, a construção de uma

hidrelétrica movimenta insumos na indústria da transformação e sua utilização tem

efeitos em longo prazo atingindo toda cadeia produtiva brasileira e os consumidores

finais.

Os dados relacionados à construção pesada serão extraídos da PAIC

(universo de 15.913 empresas) que representam a construção civil formal do Brasil.

Já os dados relacionados aos insumos, virão da Pesquisa Industrial Anual (PIA) e os

dados dos serviços e comércios serão retirados da Pesquisa Anual do Serviço

(PAS), Pesquisa Anual do Comércio (PAC) e do Sistema de Contas Nacionais.

Figura 15: Fluxograma da cadeia produtiva da construção pesada

Downstream Central Upstream

Fonte: elaboração própria.

A cadeia produtiva foi construída com três elos:

• Downstream: fornecedores de insumos;

• Central: obras executadas da construção pesada (produção);

• Upstream: utilização dos serviços através de tarifa e/ou comercialização.

Foram adotados os seguintes critérios para a elaboração da cadeia produtiva:

79

• Fornecedores de insumos: são considerados insumos os geradores de

conformação, não incluídos os serviços acoplados. Exemplos: asfalto brita

concreto, vergalhão, entre outros (vide lista em anexo c);

• Obras executadas da construção pesada: toda a atividade de construção

pesada. Exemplos: as CNAE da construção pesada, como obras viárias,

telecomunicações, energia elétrica, entre outras (vide a classificação em

anexo b);

• Utilização: são as outras atividades econômicas (comércio e serviços) que

utilizam a construção pesada para gerar suas produções. Exemplos:

escoamento da produção, telefonia, energia elétrica, saneamento entre

outros.

Tabela 9: Cadeia da construção pesada no período de 2002 a 2006

Fonte: elaboração própria a partir dos dados do IBGE, a valores constantes. Valor em R$1.000.000.

A tabela 9 revela a importância da construção pesada no contexto da

construção do PIB brasileiro, contribuindo em média de 13,60%, na série.

2002 2003 2004 2005 2006

Insumos 18.435 16.643 16.984 19.043 18.477

Construção pesada 33.620 26.388 34.293 33.253 35.289

Serviços e/ou comercialização 179.657 161.663 158.033 149.998 136.701

Logística 14.715 12.834 12.294 11.154 9.008

Telecomunicação 58.144 52.743 50.595 47.762 43.862

Energia elétrica 88.883 81.127 80.577 77.993 72.658

Outros 17.915 14.959 14.567 13.089 11.173

Totais da cadeia 231.712 204.694 209.310 202.293 190.468

PIB brasileiro 1.477.822 1.511.065 1.578.454 1.671.003 1.693.922

(%) cadeia produtiva 15,68 13,55 13,26 12,11 11,24

ELOS DA CADEIAValor Bruto da Produção

80

Analisando o downstream, verifica-se que os insumos têm uma representação

(55%) menor quando comparado com o upstream, no qual a representação chega a

77% de toda cadeia produtiva, isto prova que o investimento em construção pesada

gera subsídios para o escoamento da produção, à instalação de indústrias e

comércios a longos prazos, devido à durabilidade desses investimentos.

Verificando esses investimentos no sentido restrito de prazos, podemos afirmar

que o impacto no PIB é, em relação ao insumo (downstream), imediato e em longo

prazo para sua utilização (upstream).

Devido ao impacto da visão prospectiva ser em longo prazo e o objetivo de

pesquisa ser de cinco anos, não podemos fazer uma comparação de curto prazo do

crescimento econômico com esta visão, mas podemos fazer a comparação com a

visão retrospectiva.

A visão retrospectiva mostra que, em termos reais, o crescimento de insumos

no período ficou em 2% enquanto que o valor bruto da produção 4%. Há uma

relação direta, devido à absorção desses insumos serem, por causa da sua

atividade, para a construção pesada, enquanto que uma porção menor é

comercializada para outras atividades industriais.

O crescimento do PIB ficou, em termos reais, em 14% seguindo a tendência do

setor da construção pesada, contudo não podemos afirmar que esse crescimento

está diretamente associado aos investimentos neste setor, em decorrência ao ótimo

desempenho do país na balança comercial (superávits comerciais) que reflete

positivamente nos indicadores de dívida e reservas externas, nesse período.

A metodologia utilizada para elaboração da tabela 10 (segmento da construção

pesada nas variáveis emprego e salário) foi levantar todos os salários, empregos e

81

média salarial24 dos empregados na construção pesada e de todos os segmentos

formais ou não, a nível Brasil. Entende-se por salários toda remuneração recebida a

título de vencimento, horas extra e outros benefícios que integram a folha de

pagamento das empresas.

O emprego é o número de pessoas com vínculo empregatício em 31/12 do ano

de referência da pesquisa e é remunerado pela empresa. Não está incluído o

autônomo e o terceirizado.

Tabela 10: Emprego e salário na construção pesada e no Brasil no período

de 2002 a 2006.

Fonte: elaboração própria a partir dos dados do IBGE, a valores constantes.

Verifica-se que a construção pesada empregou no período pesquisado cerca

de 0,5% do total nacional, mas em relação aos salários ficou com 8% do total

nacional, comprovando que esse segmento tem grande importância para a geração

de salário e em relação à média salarial, pagou-se o dobro da média nacional.

24

Entende-se por média salarial a razão entre salários pagos e número de empregados.

2002 2003 2004 2005 2006

431.388 367.461 406.390 360.411 369.283

Emprego (BRASIL) 82.629.067 84.034.981 88.252.473 90.905.673 93.246.963

3.769.769 4.034.625 4.382.788 3.710.915 4.351.460

Salário (BRASIL) 47.511.713 48.391.244 49.222.369 51.366.472 54.237.306

Média salarial (PAIC) 873,87 1.097,97 1.078,47 1.029,63 1.178,35

Média Salarial (BRASIL) 575,23 575,84 557,74 565,05 581,65

(%) Emprego 0,53 0,44 0,46 0,39 0,39

(%) Salário 7,93 8,34 8,90 7,22 8,02

Salário (PAIC)

VARIÁVEL

ANO

Emprego (PAIC)

82

Não há relação direta do crescimento do emprego com o salário, no qual o

emprego caiu 17% e o salário cresceu 15%. Já a nível Brasil, o emprego cresceu

13% e o salário seguiu a mesma tendência de 14%. Essa comparação sofre a

influência da sazonalidade da atividade de construção pesada, no qual a

contratação e a demissão convivem de acordo com a abertura e fechamento do

canteiro de obra e, também, da informalidade do segmento, que não faz parte dessa

pesquisa.

Pode-se reforçar essa tese a falta de relação do emprego e salário, o fato do

setor demandar um nível de maquinário maior que as outras atividades da

construção, além da tecnologia estar em constantes mudanças, tornando-se o

colaborador cada vez mais especializado tendo como retorno salários maiores.

Outro ponto que referência essa tese é a terceirização de equipamentos e

pessoal para construção de etapas de obras por intermédio de consórcios.

Comparando o salário e emprego com o crescimento da atividade, verifica-se

que segue a tendência de crescimento da atividade num todo para o período de

2005 a 2006 e uma oscilação no período de 2002 a 2004, conforme a turbulência da

economia brasileira devido ao fim do mandato do presidente Fernando Henrique

Cardoso e início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas ao nível

de Brasil o movimento tende acompanhar a posição da econômica brasileira, seja

de crescimento ou não.

Conclui-se ao comparar, a nível Brasil, o salário e emprego com o

crescimento do PIB, verifica-se que há uma tendência na relação de crescimento

direta entre essas variáveis, ou seja, o emprego e salário puxam para cima o

crescimento da economia brasileira. O salário, a nível Brasil, cresce devido,

principalmente, a política de reajustes diferenciada e acima da inflação para o

83

salário mínimo que apesar de não está indexado com a economia gera um efeito

cascata no aumento nos salários na maioria dos setores econômicos.

Figura 16: Percentual dos tipos de obras da Construção Pesada na composição da

Formação Bruta de Capital Fixo no período de 2002 a 2006

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

50,00

Obras viárias

Obras de artes especiais

Geração de energia

Distribuição de energia elétrica

Telecomunicação

Outros Transportes

Movimentação de terra

Outras obras (saneamento)2002 2003 2004 2005 2006

Fonte: elaboração própria a partir dos dados do IBGE.

A figura 16 reflete o segmento da construção pesada em relação à Formação

Bruta de Capital Fixo seguindo a posição da economia brasileira no período

pesquisado, tendo como destaque às obras viárias, movimentação de terra e obras

para transportes fluviais, marítimo e outros que demandam grande quantidade de

maquinário e é o propulsor para escoamento da produção. O grupo de outras obras

está contido as obras de saneamento, dragagem, aterro hidráulico, irrigação, entre

outros; esse grupo abrange vários outros tipos de obras que tem como função de

etapas de obras de outras atividades econômicas.

A telecomunicação tem a influência direta das privatizações ocorrida na

década de 90, no qual, a conseqüência foi um grande volume de investimentos e,

84

após este, o movimento foi de apenas manutenção dos investimentos realizados.

Neste período, a posição é de estagnação, com pequenas variações.

A geração e distribuição de energia elétrica iniciaram um processo de

parceria publica de privada a partir de 2004, sendo que os investimentos ainda

estão tímidos em decorrência da falta de licitações e, principalmente, pela

concessão do alvará ambiental para realização da obra que pode demorar anos.

Nos anos de 2005 e 2006, esta atividade teve uma elevação impulsionada pelo

consumo das famílias e das empresas, devido ao aumento de renda e produção.

Tabela 11: Variação do crescimento econômico e da Formação Bruta de Capital

Fixo no período de 2002 a 2006

A tabela 11 relaciona a variação do PIB com a FBCF como proxi para o

investimento. Ao confrontar esses percentuais, verificamos que nos anos em que a

variação real percentual da FBCF foi positiva e relevante (2004, 2005 e 2006), o

Brasil apresentou um crescimento econômico também positivo e relevante.

Já quando a variação real da FBCF foi negativa ou muito baixa, a economia

ficou praticamente estagnada nos anos de 2002 e 2003. Confirmando a forte

relação entre crescimento econômico e investimentos.

PIB

2002 2,7

2003 1,1

2004 5,7

2005 3,2

2006 4,00

Ano\dados

Variação real anual (%)

Fonte: IBGE-Contas Nacionais

FBCF

(- )5,2

(-) 4,6

9,1

3,6

9,8

85

O movimento das indústrias na aquisição de bens tangíveis (máquinas e

equipamentos) gera perspectiva de aumento de produção e FBCF, no qual

influência diretamente o PIB, emprego, salário, aumento de arrecadação e maior

liberdade do governo em investir na construção pesada para dar subsídios a esse

aumento.

Os objetivos propostos e os pressupostos foram confirmados em decorrência

da elaboração da cadeia produtiva e a Formação Bruta de Capital Fixo, no qual o

crescimento econômico acompanha os resultados das empresas de construção

pesada.

Já o salário tem relevância nacional quando comparado com o nível Brasil

diferente do emprego, pois a pesquisa só contempla a formalidade.

5.3 Indicadores econômicos da construção pesada e pesquisas econométricas

Nessa seção vamos dar ênfase aos indicadores de produtividade e

lucratividade na atividade de construção pesada para alcançar o objetivo de

“acompanha esse segmento” e, também, verificar através das pesquisas

econométricas “a relação entre investimento e crescimento econômico brasileiro

para o período de 2002 a 2006” sem, contudo, elaborar modelos econométricas. A

metodologia adotada para o cálculo da produtividade e lucratividade segue abaixo:

• Produtividade - a metodologia adotada, basea-se na relação do pessoal

ocupado na atividade e as obras executadas para o universo de 5 ou mais

pessoas. O número de pessoas ocupado é todas ligadas diretamente e

indiretamente à construção;

86

• Lucratividade - utiliza-se como base à receita bruta de vendas da atividade e

o lucro gerado antes do imposto de renda, participações e contribuição social

sobre o lucro.

O espaço de tempo utilizado para a comparação será de 24 meses, tendo

como referencial o ano de 2002.

Tabela 12: Obras executadas, produtividade do trabalho e pessoal ocupado com 5

ou mais pessoas para os anos de 2002, 2004 e 2006 na construção pesada

Fonte: elaboração própria a partir dos dados do IBGE. A produtividade do trabalho e as obras

executadas estão em R$1.000.

A tabela 12 mostra um crescimento na produtividade em todos os tipos de

produtos da construção pesadas nos anos de 2004 e 2006, no qual tem como

destaques os produtos de obras para telecomunicações e obras para energia

elétrica devido à forte utilização de tecnologia e pouca utilização de mão-de-obra.

Na pesquisa econométrica de Cury (1998) realizada na década de 90 foi

verificada que o aumento de produtividade é provocado por novos investimentos em

construção pesada e esta fica estendida para esses anos investigados (2002, 2004

e 2006), no qual ao comparar com os investimentos e, principalmente, os

financiamentos há uma crescente nesses anos, conforme as figuras 10 e 12, e

ainda, há uma tendência de crescimento econômico. Essa relação com a pesquisa

2002 2004 2006 2002 2004 2006 2002 2004 2006

Grandes movimentações de terra 32.838 24.907 27.727 1.653.488 1.605.034 2.128.408 50,35 64,44 76,76

Obras viárias 118.435 155.850 160.079 11.415.272 11.670.408 13.802.534 96,38 74,88 86,22

Obras de arte especiais 34.185 21.296 19.257 3.182.487 1.679.417 2.060.761 93,10 78,86 107,01

Obras de outros tipos 83.394 88.382 94.698 6.211.069 6.046.584 7.522.385 74,48 68,41 79,44

Obras para telecomunicações 117.579 95.788 55.492 1.478.494 5.128.990 3.507.011 12,57 53,55 63,20

Obras para energia elétrica 44.957 20.166 12.029 1.789.804 1.358.163 1.255.133 39,81 67,35 104,34

Produtos da construção pesada

Pessoal ocupado Obras executadas Produtividade do trabalho

87

de Cury (1998) é apenas com a finalidade de acompanhar essa tendência, para o

período desta pesquisa, pois não temos o enfoque de realizar pesquisa

econométrica.

Nessa série, o ano de 2006 apresentou crescimento de produtividade para

todos os produtos, acompanhando o crescimento econômico (tabela 11), Formação

Bruta de Capital Fixo (figura 16), emprego e salário (tabela 10).

Tabela 13: A lucratividade das empresas de construção pesada, segundo tipos de

produtos, para os anos de 2002, 2004 e 2006

Fonte: elaboração própria a partir dos dados do IBGE. Valores constantes em R$1.000.

A tabela 13 revela que a lucratividade do setor é instável, devido à longa

maturação de seus produtos, no qual a sua execução pode durar vários exercícios

contábeis. O único produto que apresentou estabilidade foi “Outros tipos de obras”.

A lucratividade é menor devido ao valor agregado ao produto, no qual as obras de

construção pesada possuem margem de lucro pequena em comparação com as

demais atividades de construção civil.

As pesquisas realizadas sobre o impacto do investimento em construção

pesada no PIB, através de modelos econométricos, feitas pelos pesquisadores

citados no embasamento teórico tiveram os seguintes resultados para os anos

2002 2004 2006 2002 2004 2006 2002 2004 2006

Grandes movimentações de terra 180 288 177.811 298 285 1.889.727 1.644.930 2.155.801 0,10 0,11 0,14

Obras viárias 1 712 929 1.108.095 1 922 713 12.106.419 12.107.773 14.098.727 0,14 0,09 0,14

Obras de arte especiais 698 112 201.602 183 163 3.220.285 1.723.719 2.363.011 0,22 0,12 0,08

Obras de outros tipos 637 982 457.835 576 205 7.607.479 6.166.695 7.463.310 0,08 0,07 0,08

Obras de energia elétrica 27 937 674.363 299 288 10.827.763 6.971.844 3.514.559 0,00 0,10 0,09

Obras para telecomunicações - 16 508 290.175 92 282 1.868.914 1.885.834 1.284.238 -0,01 0,15 0,07

Produtos da construção pesada Lucro Líquido Receita bruta de vendas Lucratividade

88

pesquisados, no qual o enfoque é apenas de estender para o campo da análise,

através de tabelas e figuras, sem constituir um modelo econométrico:

• Ferreira (1996) – A relação do investimento em construção pesada e o PIB

seguem a tendência do período de 1980 a 1993, no qual a tabela 11 e figuras

13, 14 e 16 relatam que o investimento em construção pesada gera um

impacto positivo no PIB;

• Ferreira e Malliagros (1998) – Esta pesquisa estima um percentual de

investimento que gera um acréscimo no PIB. Nesta dissertação não foi

possível avaliar devido a não utilização de modelo econométrico;

• Bielschowsky (2002) – Bielschowsky pesquisou os investimentos entre 1995

a 1997 e confirmou que teve como objetivo a modernização da logística.

Nessa dissertação não foi possível avaliar que o investimento foi apenas para

a modernização, mas podemos afirmar que os investimentos foram para

atender a demanda das indústrias impulsionadas pela expansão da economia

brasileira;

• Cândido (2006) – Utilizou-se de testes de cointegração para Argentina, Brasil

e Chile no período de 1970 a 2000, tendo como resultado a relação positiva

entre investimento público e o PIB em longo prazo. A figura 6 confirma que a

maior parte dos investimentos em construção pesada parte dos órgãos

públicos, no qual a iniciativa privada segue essa tendência. O aumento do

investimento público gerou um aumento no PIB devido à cadeia produtiva da

construção pesada, mas este é apenas um fator para o crescimento do PIB;

• Ferreira e Araújo (2006) – A pesquisa é sobre o investimento em construção

pesada e as variações no estoque de capital. Este modelo econométrico só

89

foi utilizado como base para a verificação do impacto do investimento para a

econômica brasileira.

Os objetivos propostos e os pressupostos foram confirmados através das

tabelas 12 e 13, além das pesquisas econométricas realizadas pelos pesquisadores

citados no embasamento teórico.

6 Conclusão e considerações finais

A dissertação que se encerra foi feita com o propósito de acompanhar e

verificar, sob a visão Keynesiana e Hirschman, o impacto dos investimentos no

crescimento econômico nas empresas de construção pesada.

Para alcançar este propósito, partiu-se em busca na literatura acadêmica

apropriada para esse fim e, aos objetivos pretendidos sendo o mesmo, estudo de

caso nas empresas de construção pesada brasileira no período pesquisado, devido

a sintetização dos dados econômicos.

A apresentação das conclusões desta dissertação foi organizada em três

seções: a primeira seção será descrita a pesquisa relacionada a visão Keynesiana

de investimento como o propulsor do crescimento econômico através do

investimento público e, também, a visão Hirschman com a cadeia produtiva. A

segunda seção será verificada os modelos econométricos e sua relação com o

crescimento econômico. A terceira seção, que são as considerações finais, será

uma visão do estudo realizado e sugestões para futuras pesquisas.

6.1 Visão Keynesiana e a cadeia produtiva da construção pesada

Este estudo teve uma abordagem do modelo Keynesiano e o do modelo de

Hirschman (1958) para analisar a relação dos investimentos em construção pesada

90

e seu impacto para a economia brasileira. Ficou constatado, através do modelo de

Hirschman, que ao elaborar a cadeia produtiva, a construção pesada tem um grande

impacto na construção do valor bruto de produção e na formação da produção

nacional.

A cadeia produtiva foi aplicada para verificar os efeitos para trás

(downstream) e para frente (upstream) do investimento tanto para o investimento

produtivo privado (ADP) como para o investimento público em logística, eletricidade,

telecomunicações e outros grupos, estimulando o crescimento econômico brasileiro

através da produção dos insumos demandados e os efeitos que são os

investimentos privados pelo aumento da produtividade do capital e trabalho.

6.2 Pesquisas econométricas

As pesquisas econométricas reforçam a teoria de Hirschman (1958) que “o

investimento público em construção pesada possui um positivo e relevante impacto

sobre o crescimento econômico brasileiro”, mas precisamos do investimento privado

e, para isso, o governo precisa dar maior incentivo para superar os riscos, no qual a

lucratividade é baixa e o retorno é de longa maturação.

Portanto, nossa defesa é estimular o investimento privado através do

investimento público, fazendo assim com que o investimento em construção pesada

estimule o crescimento econômico, pois aumenta o retorno dos insumos privados,

trazendo novos investimentos e elevando o nível de emprego e salários. Sabemos

que para que isso ocorra dependemos da estabilidade nas finanças públicas, tendo

como conseqüências um aumento no investimento público e diminuição de gargalos

91

em construção pesada que seja o maior obstáculo para o crescimento dos

investimentos privados.

A representatividade do emprego e salário na construção pesada teve boa

participação a nível Brasil e contribuiu para fomentar a economia, principalmente, o

salário que alcançou um patamar na média de 8% do total pago a nível Brasil,

enquanto que o emprego girou em torno de 0,5%, confirmado com o índice de

produtividade do setor, que manteve em alta na série.

Os estudos econométricos neoclássicos foram realizados acima de 5 anos,

constituindo longo prazo enquanto que essa pesquisa teve a base de 5 anos; apesar

de o período ser curto e não ter um modelo econométrico, os dados divulgados nas

tabelas e figuras confirmam a influência do impacto positivo do investimento no

crescimento econômico brasileiro, com ressalva que este impacto não foi objeto de

mensuração.

6.3 Considerações finais

A influência do investimento na construção pesada impactando o crescimento

econômico brasileiro é um tema complexo para ser trabalhado de forma analítica e

sem um modelo econométrico para mensurar o real impacto na produção nacional.

Esse estudo realizado levou em consideração os dados econômicos, a visão da

teoria econômica Keynesiana, incluindo Hirschman, e pesquisas econométricas para

verificar essa influência. Sendo assim, ao definir as minhas conclusões, evidencio

que o estudo não tem a pretensão de mensurar quanto de investimento pode gerar

um percentual de crescimento e nem o prazo para isso.

92

Por fim, tive a intenção de confirmar que o investimento público gera

investimento privado na construção pesada e influencia positivamente o crescimento

econômico brasileiro.

7 Recomendações e sugestões para futuras pesquisas

A presente pesquisa revela que existem espaços para futuros estudos sobre

esse tema desenvolvido e abordado, especialmente em função de poucas

dissertações e teses sobre os investimentos aplicados diretamente na construção

pesada. Sugiro a realização de pesquisas com modelos econométricos atingindo

todas as variáveis da composição do PIB para mensurar o impacto dos

investimentos.

93

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-Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio exterior. Disponível em < www. mdic.gov.br

>. Acesso em 20/03/2009.

-MUSGRAVE, R. A; MUGRAVE, P.B. Finanças públicas, teoria e prática. São Paulo: Ed. USP,

1980.

-OREIRO, J.L. Crescimento, Distribuição de Renda e Progresso Técnico Endógeno em Modelos

Dinâmicos Pós-Keynesianos. Universidade Federal do Paraná, fev 2006.

-POSSAS,M. DWECK,E. A multisetorail micro macrodynamic model. Revista econômica, ANPEC,

2005.

-ROMER, P. Increasing returns and long-run growth. Journal of Political Economy, 94, p. 1002-

1037, 1986.

-RICHARDSON, H.W. Elementos de economia regional. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 1973.

-SICSÚ, J. Planejamento Estratégico do Desenvolvimento e as Políticas Macroeconômico-IPEA,

Texto para Discussão n° 1346, Brasília, 2008.

________. & VIDOTTO.C. Economia do Desenvolvimento – Teoria e Políticas Keynesianas – Rio

de Janeiro: Elsevier, 2008.

-SYRQUIN, M. Linkages and the strategy of development, In: Teitel, S. (Org). Towards a new

development strategy for Latin America, - Pathways from Hirschman thought. Washington, DC:

Inter-American Development Bank, 1992.

-STEINDL, J. Maturidade e estagnação no capitalismo americano. Abril Cultural, São Paulo, 1952.

-THIRLWALL, A.P. A natureza do crescimento econômico. IPEA, Brasília, 2005.

96

ANEXO A: Questionário da Pesquisa Anual da Indústria da Construção

– 2006

continua

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA 01 - CÓDIGO DA AGÊNCIA !__!__! !__!__!__!__!__! !__!__!

Diretoria de Pesquisas 02 - CÓDIGO DO MUNICÍPIO !__!__!__!__!__! !__!__!

Departamento de Indústria 03 - CADASTRO DO TÉCNICO !__!__!__!__!__!__!__!__!

PESQUISA ANUAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO - 2006 04-PASTA: 05-QUESTIONÁRIO:

I - INFORMAÇÕES CADASTRAIS02 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESAFirma ou Razão Social: ____________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________

01 Firma ou Razão Social:

02 CNPJ !_!_!_!_!_!_!_!_! !_!_!_!_! !_!_!

03 Logradouro:

04 Número:

05 Complemento: 06 Bairro/Distrito:

Município: 07 USO DO IBGE !__!__! !__!__!__!__!__! !__!__!

08 CEP: 09 DDD: 10 Telefone: 11 FAX: 12 CNAE !_!_!_!_!_!

04 DADOS CADASTRAIS COMPLEMENTARES01 SITUAÇÃO CADASTRAL:

1 - Em operação, com informação de construção 3 - Extinta, com informação de construção

2 - Paralisada, com informação de construção

MÊS ANO02 DATA DE OCORRÊNCIA: !__!__! !__!__!__!__!

03 MUDANÇAS ESTRUTURAIS: !_! 1 - Fusão ou cisão total 3 - Incorporação de/por outra empresa

2 - Cisão parcial 4 - Alteração de CNPJ por outros motivos

04 CNPJ DE LIGAÇÃO DA EMPRESA: 1 - !_!_!_!_!_!_!_!_!-!_!_!_!_!-!_!_! 2 - !_!_!_!_!_!_!_!_!-!_!_!_!_!-!_!_! 3 - !_!_!_!_!_!_!_!_!-!_!_!_!_!-!_!_!

03 ALTERAÇÕES NOS DADOS CADASTRAIS DA EMPRESA

!_!

01 IDENTIFICAÇÃO (Uso do órgão regional)

OBRIGATORIEDADE E SIGILO DAS INFORMAÇÕES - A legislação vigente mantém o caráter obrigatório e confidencial atribuído às informações coletadas pelo IBGE, as quais se destinam, exclusivamente, a fins estatísticos e não poderão ser objeto de certidão e nem terão eficácia jurídica como meio de prova.

CNPJ: !_!_!_!_!_!_!_!_! !_!_!_!_! !_!_! RAIZ SUFIXO DV

IBGEInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística

97

continua

Antes de iniciar o registro das informações, leia as instruções para o preenchimento do questionário.II - INFORMAÇÕES ECONÔMICAS DA EMPRESA

Pessoal assalariado

Ligado à construção

Não ligado à construção

Pessoal não assalariado

Total

Número de pessoas ocupadas no último dia de cada mês

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho

Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

B - DEMONSTRATIVO DA RECEITA NO ANOEsta empresa optou pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições (SIMPLES)? 319 !__! Sim

320 !__! Não B1 - RECEITA LÍQUIDAReceita bruta Valores em Reais

Serviços técnicos de escritório, de campo e de laboratório

Venda de materiais de construção e de demolição

Outras atividades (serviços, industria, etc.)

Deduções

B2 - OUTRAS RECEITAS

Receita de arrendamento e alugueis de imóveis, equipamentos, etc.

Receitas financeiras (juros, descontos obtidos, etc.)

Variações monetárias ativas

Resultados positivos de participações societárias e em sociedade em cota de participação

Demais receitas operacionais

Total: (31 + 32 + 33 + 34 + 35 + 36)

B3 - RECEITAS DE OBRAS E/OU SERVIÇOS DA CONSTRUÇÃO NO EXTERIOR

Caso a empresa execute obras e/ou serviços da construção no exterior, informe as receitas dos:

Países do MERCOSUL

Outros Países

Locação de mão-de-obra

Valores em Reais

Valores em Reais

( - ) Vendas canceladas e descontos incondicionais

Obras e/ou serviços da construção executados

Receitas não-operacionais

( - ) Impostos e contribuições incidentes sobre os serviços e vendas (ISS, PIS, CONFINS, SIMPLES, etc.)

Total da Receita Líquida: (22 + 23 + 24 + 25 + 26 + 27 - 28 - 29)

FORMAS DE PREENCHIMENTO: Registre os dados com clareza, à máquina ou à caneta esferográfica, em letras de imprensa, sem rasura, em duas vias, ficando uma de posse da empresa e a outra entregue ao técnico credenciado do IBGE. O preenchimento de valores deve ser em Real. NÃO UTILIZE CENTAVOS. Quando o dado não existir, registre " - " (traço) no campo correspondente.

A - PESSOAL OCUPADO E SALÁRIOS, RETIRADAS E OUTRAS REMUNERAÇÕES NO ANO

Revenda de imóveis

SALÁRIOS, RETIRADAS E OUTRAS REMUNERAÇÕES NO

ANO

Proprietários, sócios, inclusive membros da família sem remuneração

PESSOAL OCUPADO

Valores em ReaisEM 31/12/2006

INFORMAÇÕES CONTÁBEIS: Devem referir-se às de competência do ano civil (janeiro a dezembro) e serem prestadas de acordo com a Legislação Societária.

26

27

24

21

23

32 3733 11 3535 36 37

38 39 40 41 42 43

20

25

45

46

26

48

51

58

59

60

62

63

61

57

44

22 7

8

5

2

4

9 3710 11 3512 13 14

15 16 17 18 19 20

1

6

23

24

25

27

29

32

33

34

36

37

35

31

22

28

3

5130

5139

5138

98

continua

C1 - GASTOS DE PESSOAL

Contribuições para previdência social (parte do empregador)

FGTS

Contribuições para previdência privada (parte do empregador)

Indenizações trabalhistas e por dispensas incentivadas

Total: (40 + 41 + 42 + 43 + 44 + 45)

C2 - CUSTOS DAS OBRAS E/OU SERVIÇOS DA CONSTRUÇÃO

Consumo de combustíveis e lubrificantes

Consumo de materiais de construção (incluir fretes referentes as compras)

Obras e/ou serviços contratados a terceiros

Terrenos (informar somente a parte apropriada no ano)

Total: (47 + 48 + 49 + 50 + 51)

C3 - OUTROS CUSTOS E DESPESAS

Aluguéis e arrendamentos (máquinas, equipamentos, veículos e imóveis - incluir taxas de condomínios)

Despesas com arrendamento mercantil no ano (leasing de máquinas, equipamentos e veículos)

Depreciação, amortização e exaustão

Despesas com propaganda pagas ou creditadas a terceiros

Fretes e carretos pagos ou creditados a terceiros

Impostos e taxas (IPTU, IPVA, ITR, etc. - não inclua os impostos constantes do Capítulo B1, item 29)

Prêmios de seguros (imóveis, veículos, etc.)

Royalties e assistência técnica

Variações monetárias passivas

Despesas financeiras (incluir factoring )

Resultados negativos de participações societárias e em sociedade em cota de participação

Despesas não-operacionais

Total: (53 + 54 + 55 + 56 + 57 + 58 + 59 + 60 + 61 + 62 + 63 + 64 + 65 + 66)

Lucro

Prejuízo

E1 - AQUISIÇÕES (exceto leasing), PRODUÇÃO PRÓPRIA E MELHORIAS

Terrenos e edificações

Máquinas e equipamentos

Meios de transporte

Total

E2 - BAIXAS

Terrenos e edificações

Máquinas e equipamentos

Meios de transporte

Outras baixas (móveis, microcomputadores, etc.)

Total: (84 + 85 + 86 + 87)

E3 - TOTAL DO ATIVO (circulante + realizável a longo prazo + permanente)

F - TREINAMENTO DE PESSOALQual a proporção de empregados submetidos a treinamento em 2002?

(coloque zero se nenhum trabalhador tiver sido treinado)

Qual a proporção de gastos com treinamento em relação ao gasto total com pessoal?

(coloque zero se não foram feitos gastos com treinamento)

Valores em Reais

AQUISIÇÕES DE TERCEIROS MELHORIAS

Valores em Reais Valores em Reais Valores em Reais

Outras aquisições (móveis, microcomputadores, etc.)

Salários retiradas e outras remunerações (inclusive 13º salário, férias, gratificações, horas extras, participações nos lucros, etc.) - valor igual ao Capítulo A, item 8.

Valores em Reais

Benefícios concedidos aos empregados (transporte, alimentação, auxílio-educação, plano de saúde, auxílio-doença, seguro de vida em grupo, etc.)

Valores em Reais

PRODUÇÃO PRÓPRIA REALIZADA PARA O ATIVO IMOBILIZADO

C - CUSTOS E DESPESAS NO ANO

90 !__!__!__! %

91 !__!__!__! %

D - RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DA DISTRIBUIÇÃO DE PARTICIPAÇÕES, DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E DA PROVISÃO PARA O IMPOSTO DE RENDA

Valores em Reais

E - AQUISIÇÃO E BAIXAS DE ATIVOS TANGÍVEIS REALIZADAS NO ANO E TOTAL DO ATIVO

Serviços de manutenção e reparação de máquinas e equipamentos ligados à atividade, prestados por terceiros (incluir peças e acessórios)

Valores em Reais

Serviços prestados por terceiros (informática, auditoria, advocacia, consultoria, limpeza, vigilância, manutenção de imóveis e equipamentos não ligados a atividade, etc.)

Demais custos e despesas operacionais (correios, telefone, material de expediente, comissões, água e esgoto, etc. - não inclua gastos de pessoal e provisões para IRPJ)

66

67

45

46

40

6641

66686642

66686643

66686644

56

58

59

60

57

47

49

50

36

48

59

60

51

52

58

59

63

5058

59

64

65

603659

60

53

52603659

60

54

52603659

60

55

52603659

60

56

52603659

60

57

52603659

60

58

52603659

60

59

52603659

60

60

52603659

60

61

62

603659

60

66

67

603659

60

68

5260365969

5970

603659665971

603659665972

603659665973

74

5975

603659665976

603659665977

78

5979

603659665980

603659665981

603659665982

83

5984

603659665985

603659665986

603659665987

60365983603659665988

60365989

99

continua

Asfalto 92 !____!____!____!____!Cimento 93 !____!____!____!____!Concreto 94 !____!____!____!____!Tijolos 95 !____!____!____!____!Vergalhões 96 !____!____!____!____!Total: (92 + 93 + 94 + 95 + 96) 97 !____!____!____!____!

Entidades públicas 98 !____!____!____!____! Entidades privadas e/ou pessoas físicas 99 !____!____!____!____!Total: (98 + 99) 100 !____!____!____!____!

Trabalhos prévios da construçãoDemolição 101 !____!____!____!____! 156 !____!____!____!____!Canteiros de obras 102 !____!____!____!____! 157 !____!____!____!____!Sondagens e perfurações 103 !____!____!____!____! 158 !____!____!____!____!Fundações (estaqueamento) 104 !____!____!____!____! 159 !____!____!____!____!Movimentação de terra (terraplenagem) 105 !____!____!____!____! 160 !____!____!____!____!Drenagem 106 !____!____!____!____! 161 !____!____!____!____!Rebaixamento de lençol freático 107 !____!____!____!____! 162 !____!____!____!____!Derrocamentos 108 !____!____!____!____! 163 !____!____!____!____!

Edificações (obras novas, reformas e manutenção)Edificações residenciais 109 !____!____!____!____! 164 !____!____!____!____!Edificações industriais (galpões, edifícios, etc) 110 !____!____!____!____! 165 !____!____!____!____!

Edificações comerciais (shoppings, supermercados, lojas, etc)111 !____!____!____!____! 166 !____!____!____!____!

Outras edificações não-residenciais (escolas, hospitais, hotéis, garagens, etc) 112 !____!____!____!____! 167 !____!____!____!____!Partes de edificações (telhados, caixas d'água, etc) 113 !____!____!____!____! 168 !____!____!____!____!Instalações desportivas (piscinas, quadras, pistas, etc) 114 !____!____!____!____! 169 !____!____!____!____!Montagem de edificações pré-fabricadas 115 !____!____!____!____! 170 !____!____!____!____!

Obras viárias (obras novas e manutenção)Rodovias (inclusive pavimentação) 116 !____!____!____!____! 171 !____!____!____!____!Ruas, praças, calçadas ou estacionamentos 117 !____!____!____!____! 172 !____!____!____!____!Aeroportos (inclusive pistas) 118 !____!____!____!____! 173 !____!____!____!____!Vias férreas e metropolitanos 119 !____!____!____!____! 174 !____!____!____!____!Pontes, elevados, túneis e outras obras de arte especiais 120 !____!____!____!____! 175 !____!____!____!____!Obras marítimas e fluviais (portos, marinas, barragens, diques, terminais e semelhantes) 121 !____!____!____!____! 176 !____!____!____!____!Sinalização não-elétrica em ruas, estacionamentos, rodovias ou aeroportos 122 !____!____!____!____! 177 !____!____!____!____!Obras de infra-estrutura para energia elétrica e telecomunicações (obras novas e manutenção)Barragens e represas para geração de energia elétrica 123 !____!____!____!____! 178 !____!____!____!____!Usinas, estações e subestações hidrelétricas, termelétricas e nucleares 124 !____!____!____!____! 179 !____!____!____!____!Redes de transmissão e distribuição de energia elétrica 125 !____!____!____!____! 180 !____!____!____!____!Redes e instalações de torres de telecomunicações de longa ou média distância 126 !____!____!____!____! 181 !____!____!____!____!

Como sub-contratada

Valores em Reais

Valores em Reais

Valores em Reais Valores em Reais

III - INFORMAÇÕES DA ATIVIDADE DE CONSTRUÇÃO NO PAÍS

H - VALOR INCORRIDO NO ANO, NA EXECUÇÃO DAS OBRAS E/OU SERVIÇOS DA CONSTRUÇÃO POR TIPO DE CLIENTE

I - VALOR INCORRIDO NO ANO, NA EXECUÇÃO DOS SEGUINTES TIPOS DE OBRAS E/OU SERVIÇOS DA CONSTRUÇÃO

G - MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CONSUMIDOS

Como contratante única ou principal

100

continua

Outras obras de engenharia civil (obras novas e manutenção)Redes de distribuição de água 127 !____!____!____!____! 182 !____!____!____!____!Redes de esgotos, interceptores ou galerias pluviais 128 !____!____!____!____! 183 !____!____!____!____!Dutos (oleodutos, gasodutos, minerodutos, etc) 129 !____!____!____!____! 184 !____!____!____!____!Plantas industriais (para refinarias, siderúrgicas, indústria química e outras) 130 !____!____!____!____! 185 !____!____!____!____!Plantas para mineração 131 !____!____!____!____! 186 !____!____!____!____!Instalação de cabos submarinos 132 !____!____!____!____! 187 !____!____!____!____!Montagem de estruturas metálicas 133 !____!____!____!____! 188 !____!____!____!____!Montagens industriais (tubulações, redes de facilidades, etc) 134 !____!____!____!____! 189 !____!____!____!____!Montagem e desmontagem de escoramentos, andaimes, arquibancadas, passarelas e outras estruturas 135 !____!____!____!____! 190 !____!____!____!____!Irrigação ( inclua barragens, canais, etc) 136 !____!____!____!____! 191 !____!____!____!____!Poços de água 137 !____!____!____!____! 192 !____!____!____!____!Dragagem e aterro hidráulico 138 !____!____!____!____! 193 !____!____!____!____!Obras e/ou serviços de instalações (inclusive reparação e manutenção)Instalações elétricas e de telecomunicações 139 !____!____!____!____! 194 !____!____!____!____!Instalações de sistemas de ar condicionado, de ventilação, refrigeração e aquecimento 140 !____!____!____!____! 195 !____!____!____!____!Instalações hidráulicas, sanitárias, de gás 141 !____!____!____!____! 196 !____!____!____!____!Instalação de elevadores, escadas ou esteiras rolantes 142 !____!____!____!____! 197 !____!____!____!____!Instalação de sistemas de iluminação ou sinalização elétrica em vias públicas, rodovias, portos ou aeroportos 143 !____!____!____!____! 198 !____!____!____!____!Isolamentos térmicos ou acústicos 144 !____!____!____!____! 199 !____!____!____!____!

Obras de acabamentos (inclusive reparação e manutenção)Alvenaria, gesso ou estuque 145 !____!____!____!____! 200 !____!____!____!____!Impermeabilização (paredes, caixas d'água, etc) 146 !____!____!____!____! 201 !____!____!____!____!Pintura (interna ou externa) 147 !____!____!____!____! 202 !____!____!____!____!Instalação de esquadrias de metal, madeira ou outros materiais 148 !____!____!____!____! 203 !____!____!____!____!Revestimentos em pisos e paredes 149 !____!____!____!____! 204 !____!____!____!____!Trabalhos de madeira em interiores 150 !____!____!____!____! 205 !____!____!____!____!Instalação de cozinhas e outros mobiliários incorporados à construção 151 !____!____!____!____! 206 !____!____!____!____!Aluguel de equipamentos de construção e demolição com operador 152 !____!____!____!____! 207 !____!____!____!____!

Administração de obras 153 !____!____!____!____! 208 !____!____!____!____!

Outras obras e/ou serviços (discrimine abaixo) 154 !____!____!____!____! 209 !____!____!____!____!

_________________________ !____!____!____!____!

_________________________ !____!____!____!____!

_________________________ !____!____!____!____!

Total 155 !____!____!____!____! 210 !____!____!____!____!

Valores em Reais Valores em Reais

Como contratante única ou principal Como sub-contratada

I - VALOR INCORRIDO NO ANO, NA EXECUÇÃO DOS SEGUINTES TIPOS DE OBRAS E/OU SERVIÇOS DA CONSTRUÇÃO

101

concluído

Rondônia 211 !____________! 238 !__!__!__! % 265 !__!__!__! % 292 !__!__!__! %Acre 212 !____________! 239 !__!__!__! % 266 !__!__!__! % 293 !__!__!__! %Amazonas 213 !____________! 240 !__!__!__! % 267 !__!__!__! % 294 !__!__!__! %Roraima 214 !____________! 241 !__!__!__! % 268 !__!__!__! % 295 !__!__!__! %Pará 215 !____________! 242 !__!__!__! % 269 !__!__!__! % 296 !__!__!__! %Amapá 216 !____________! 243 !__!__!__! % 270 !__!__!__! % 297 !__!__!__! %Tocantins 217 !____________! 244 !__!__!__! % 271 !__!__!__! % 298 !__!__!__! %Maranhão 218 !____________! 245 !__!__!__! % 272 !__!__!__! % 299 !__!__!__! %Piauí 219 !____________! 246 !__!__!__! % 273 !__!__!__! % 300 !__!__!__! %Ceará 220 !____________! 247 !__!__!__! % 274 !__!__!__! % 301 !__!__!__! %Rio Grande do Norte 221 !____________! 248 !__!__!__! % 275 !__!__!__! % 302 !__!__!__! %Paraíba 222 !____________! 249 !__!__!__! % 276 !__!__!__! % 303 !__!__!__! %Pernambuco 223 !____________! 250 !__!__!__! % 277 !__!__!__! % 304 !__!__!__! %Alagoas 224 !____________! 251 !__!__!__! % 278 !__!__!__! % 305 !__!__!__! %Sergipe 225 !____________! 252 !__!__!__! % 279 !__!__!__! % 306 !__!__!__! %Bahia 226 !____________! 253 !__!__!__! % 280 !__!__!__! % 307 !__!__!__! %Minas Gerais 227 !____________! 254 !__!__!__! % 281 !__!__!__! % 308 !__!__!__! %Espirito Santo 228 !____________! 255 !__!__!__! % 282 !__!__!__! % 309 !__!__!__! %Rio de Janeiro 229 !____________! 256 !__!__!__! % 283 !__!__!__! % 310 !__!__!__! %São Paulo 230 !____________! 257 !__!__!__! % 284 !__!__!__! % 311 !__!__!__! %Paraná 231 !____________! 258 !__!__!__! % 285 !__!__!__! % 312 !__!__!__! %Santa Catarina 232 !____________! 259 !__!__!__! % 286 !__!__!__! % 313 !__!__!__! %Rio Grande do Sul 233 !____________! 260 !__!__!__! % 287 !__!__!__! % 314 !__!__!__! %Mato Grosso do Sul 234 !____________! 261 !__!__!__! % 288 !__!__!__! % 315 !__!__!__! %Mato Grosso 235 !____________! 262 !__!__!__! % 289 !__!__!__! % 316 !__!__!__! %Goiás 236 !____________! 263 !__!__!__! % 290 !__!__!__! % 317 !__!__!__! %Distrito Federal 237 !____________! 264 !__!__!__! % 291 !__!__!__! % 318 !__!__!__! %

TOTAL Soma igual ao item 04Soma igual a 100%

do item 08Soma igual a 100%

do item 52Soma igual a 100%

do item 100

número de pessoas(não incluir decimais)

Deve ser informado pela empresa o somatório do pessoal ocupado e o percentual relativo ao total dos salários, retiradas e outras remunerações; ao total dos custos das obras e/ou serviços da construção; ao total do valor incorrido na execução das obras e/ou serviços da construção executadas em cada Unidade da Federação.

IV - REGIONALIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES DO ANO DE 2006

PESSOAL OCUPADO EM 31/12/2006

SALÁRIOS, RETIRADAS E

OUTRAS REMUNERAÇÕES

CUSTOS DAS OBRAS E/OU

SERVIÇOS DA CONSTRUÇÃO

VALOR INCORRIDO NA EXECUÇÃO DAS

OBRAS E/OU SERVIÇOS DA CONSTRUÇÃO

percentual

UNIDADES DA FEDERAÇÃO

102

ANEXO B: Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE

Seção Divisão Grupo Classe Denominação

F CONSTRUÇÃO 45 CONSTRUÇÃO 45.1 PREPARAÇÃO DO TERRENO 45.11-0 Demolição e preparação do terreno 45.12-8 Sondagens e fundações destinadas à construção 45.13-6 Grandes movimentações de terra 45.2 CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS E OBRAS DE

ENGENHARIA CIVIL 45.21-7 Edificações (residenciais, industriais, comerciais e de

serviços) 45.22-5 Obras viárias 45.23-3 Obras de arte especiais 45.25-0 Obras de montagem 45.29-2 Obras de outros tipos 45.3 OBRAS DE INFRAESTRUTURA PARA ENGENHARIA

ELÉTRICA E DE TELECOMUNICAÇÕES 45.31-4 Obras para geração e distribuição de energia elétrica 45.33-0 Obras para telecomunicações 45.4 OBRAS DE INSTALAÇÕES 45.41-1 Instalações elétricas 45.42-0 Instalações de sistemas de ar condicionado, de

ventilação e refrigeração 45.43-8 Instalações hidráulicas, sanitárias, de gás e de sistema

de prevenção contra incêndio 45.49-7 Outras obras de instalações 45.5 OBRAS DE ACABAMENTO 45.50-0 Obras de acabamento 45.6 ALUGUEL DE EQUIPAMENTOS DE CONSTRUÇÃO E

DEMOLIÇÃO COM OPERÁRIOS 45.60-8 Aluguel de equipamentos de construção e demolição

com operários

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ANEXO C: Insumos da construção pesada

Descrição Pedras britadas Asfalto de petróleo, cimento asfáltico Conexões, juntas, cotovelos, flanges e outros acessórios de plásticos para tubos. Tubetes, tubos, canos e mangueiras flexíveis de plásticos (inclusive eletrodutos) Tubos, canos e mangueiras de plásticos, com ou sem acessórios, exceto flexíveis Cimentos Portland, exceto brancos Elementos pré-fabricados para construção civil de cimento ou concreto. Massa de concreto preparada para construção; concreto usinado Painéis, ladrilhos, telhas de fibrocimento, cimento-celulose ou semelhantes não contendo amianto Cimentos, argamassas, concretos (betões) refratários e composições semelhantes Tijolos, placas, ladrilhos e outras peças de cerâmica refratária para construção Misturas betuminosas fabricadas com asfalto ou betumes Vergalhões de aços ao carbono Arames e fios de aços inoxidáveis ou de outras ligas de aços Arames e fios de aços ao carbono Arames farpados de aços Tubos de aços com costura, utilizados em oleodutos ou gasodutos Tubos e perfis de ferro fundidos Tubos flexíveis de ferro e aço Estruturas de ferro e aço, em chapas ou em outras formas Pontes e elementos de pontes, de ferro e aço Torres, inclusive de telegrafia, e pórticos (pilares), de ferro e aço Cordas, cabos, tranças e artefatos semelhantes de alumínio, com alma de aço, não isolados Grampos, armelas, percevejos, tachas, pregos e semelhantes, de ferro e aço Telas metálicas tecidas, de fios de ferro e aço, inclusive revestidas Ferragens para linhas elétricas (braçadeiras, suportes, olhais ou anéis, etc.) Chicotes elétricos para transmissão de energia, exceto para veículos Fios, cabos e condutores elétricos com capa isolante, para tensão superior a 1000v Fios, cabos e condutores elétricos com capa isolante, para tensão menor ou igual a 1000v