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A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E EMPREENDEDORISMO: UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR MULTINÍVEL NO CEFET-RJ Úrsula Maruyama [email protected] CEFET-RJ, Curso Técnico de Administração Av. Maracanã 229 CEP 20.711-110– Rio de Janeiro – RJ Hector Meneses [email protected] CEFET-RJ, Departamento de Engenharia Mecânica Elizabeth Freitas [email protected] CEFET-RJ, Departamento de Administração Industrial Mauro Barros [email protected] CEFET-RJ, Curso Técnico de Administração Resumo: O empreendedorismo e inovação são cada vez mais exigidos aos novos profissionais que são lançados no mercado. Outra tendência refere-se ao trabalho colaborativo em equipe: num mundo cada vez mais complexo e dinâmico, que necessita de indivíduos possuidores competências múltiplas convergentes em produtos ou serviços eficazes. Mas como estimular a criatividade, a liderança e a inovação? A partir do relato desta experiência interdisciplinar multinível realizada por docentes de engenharia e administração, de graduação e de formação técnica, é possível verificar os efeitos positivos que os estudantes obtiveram no contato com diferentes desafios de outras áreas. Por conseguinte, apresenta-se esta experiência como proposta para que outras instituições utilizem como meio de estimular o seu capital intelectual. Palavras-chave: Empreendedorismo, Inovação Tecnológica, Interdisciplinaridade, Formação profissional, Gestão de Projetos. 1. INTRODUÇÃO O ensino de engenharia e o ensino de administração são complementares. A prática interdisciplinar entre ambas demonstra os seus efeitos positivos. Por exemplo, o estudante de administração depara-se com a lógica matemática e a perspectiva de gestão de projetos amplamente difundida na engenharia, enquanto questões sobre relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho, gestão de pessoas e equipes (liderança), tomada de decisão e gerenciamento de conflitos são tópicos presentes na agenda do administrador, cada vez mais necessários às novas funções atribuídas aos engenheiros nas organizações. Neste contexto, apresenta-se uma experiência de ensino interdisciplinar multinível: interdisciplinar, pois envolve o ensino das áreas de engenharia e administração;

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A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E EMPREENDEDORISMO:

UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR MULTINÍVEL NO CEFET-RJ

Úrsula Maruyama – [email protected] CEFET-RJ, Curso Técnico de Administração Av. Maracanã 229 CEP 20.711-110– Rio de Janeiro – RJ Hector Meneses – [email protected] CEFET-RJ, Departamento de Engenharia Mecânica Elizabeth Freitas – [email protected] CEFET-RJ, Departamento de Administração Industrial Mauro Barros – [email protected] CEFET-RJ, Curso Técnico de Administração

Resumo: O empreendedorismo e inovação são cada vez mais exigidos aos novos profissionais que são lançados no mercado. Outra tendência refere-se ao trabalho colaborativo em equipe: num mundo cada vez mais complexo e dinâmico, que necessita de indivíduos possuidores competências múltiplas convergentes em produtos ou serviços eficazes. Mas como estimular a criatividade, a liderança e a inovação? A partir do relato desta experiência interdisciplinar multinível realizada por docentes de engenharia e administração, de graduação e de formação técnica, é possível verificar os efeitos positivos que os estudantes obtiveram no contato com diferentes desafios de outras áreas. Por conseguinte, apresenta-se esta experiência como proposta para que outras instituições utilizem como meio de estimular o seu capital intelectual. Palavras-chave: Empreendedorismo, Inovação Tecnológica, Interdisciplinaridade, Formação profissional, Gestão de Projetos.

1. INTRODUÇÃO

O ensino de engenharia e o ensino de administração são complementares. A prática interdisciplinar entre ambas demonstra os seus efeitos positivos. Por exemplo, o estudante de administração depara-se com a lógica matemática e a perspectiva de gestão de projetos amplamente difundida na engenharia, enquanto questões sobre relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho, gestão de pessoas e equipes (liderança), tomada de decisão e gerenciamento de conflitos são tópicos presentes na agenda do administrador, cada vez mais necessários às novas funções atribuídas aos engenheiros nas organizações.

Neste contexto, apresenta-se uma experiência de ensino interdisciplinar multinível: interdisciplinar, pois envolve o ensino das áreas de engenharia e administração;

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multinível, pois associa estudantes de formação profissional (nível técnico) com os estudantes de graduação.

As atividades foram realizadas com aproximadamente 90 alunos ao longo do segundo semestre de 2012. Os estudantes pertenciam respectivamente aos cursos técnico de Administração (disciplina Empreendedorismo); graduação de Administração (disciplina Empreendedorismo) e engenharia mecânica (Projeto Aerodesign). Os resultados obtidos com esta prática revelam uma parceria colaborativa que deveria ser analisada por diferentes perspectivas.

2. EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

O Global Entrepreneurship Monitor (GEM) – importante organismo de referência no setor – define o empreendedorismo como “qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou novo empreendimento” (GEM, 2003, p. 5). Sendo assim:

[...] geralmente assume-se que o empreendedorismo se encontra sempre e em qualquer lugar associado ao progresso econômico, embora ausente da vasta maioria dos modelos econômicos. Na sua obra clássica de 1911, Teoria do Desenvolvimento Econômico, Schumpeter argumenta que os empreendedores são a força motriz do crescimento econômico, ao introduzir no mercado inovações que tornam obsoletos os produtos e as tecnologias existentes (BARROS & PEREIRA, 2008, p. 977).

O empreendedor é também reconhecido como o locus de experimentação na geração de novos conhecimentos (METCALFE, 2003). Aidar apresentou em sua pesquisa que no ano de 2009, aproximadamente 30 milhões de brasileiros estavam envolvidos em algum tipo de empreendimento em estágio inicial, assim como indícios de que o empreendedorismo por necessidade está aos poucos cedendo espaço ao empreendedorismo por oportunidade (AIDAR, 2010).

Alguns autores (PORTER, 1991; DOLABELA, 1999; DORNELAS, 2001; MARIANO & MAYER, 2011) acreditam que somente por meio da ação empreendedora será possível manter o fluxo contínuo de inovação, capaz de gerar vantagem competitiva para indivíduos, localidades e economias nacionais. Enquanto outros (VALE, AMÂNCIO, WILKINSON, 2008) apresentam a proposição do empreendedor como criador de redes submetidas a graus variados de inovação.

3. PROJETO AERODESIGN NA ENG. MECÂNICA: EQUIPE VENTURI

A competição SAE BRASIL (2013) Aerodesign consiste em uma competição promovida pela SAE BRASIL, aberta a estudantes universitários de graduação e pós-graduação em Engenharia, Física e Ciências Aeronáuticas. A principal finalidade da competição é o desenvolvimento e a construção de uma aeronave cargueira rádio controlada capaz de levantar voo com uma carga mínima estabelecida pela organização da competição, executando um voo controlado e um pouso com segurança.

Os participantes, organizados em equipes, desenvolvem um projeto aeronáutico em todas as suas etapas, desde a concepção, passando pelo detalhamento do plano de ação, construção e testes, até colocá-lo efetivamente à prova. Esta competição tem como principais objetivos:

• Reunir grupos de estudantes e professores ligados às pesquisas aeronáuticas.

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• Promover a integração entre estudantes, professores e profissionais que realizam atividades na área de aeromodelismo.

• Apresentar e analisar inovações tecnológicas na área de Aerodesign. • Fomentar a troca de experiências entre pessoas ligadas ao Aerodesign. • Estimular estudantes a desenvolverem aptidões como liderança, espírito de

equipe, planejamento e capacidade de vender ideias e implantá-las.

No ano de 2000, com o objetivo de participar da competição SAE BRASIL Aerodesign, e unidos pelo desafio de desenvolver e construir um projeto aeronáutico, estudantes de Engenharia do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca - CEFET/RJ formaram a equipe VENTURI. Desde a sua criação, a equipe participou de doze competições: a cada ano é notável o crescimento técnico dos membros, demonstrando a seriedade e a competitividade da equipe perante as demais equipes e instituições concorrentes.

Destaca-se o caráter interdisciplinar que esta atividade proporciona ao corpo discente, bem como a possibilidade de que a atividade em grupo obriga o mesmo a repensar conceitos como o de responsabilidade, cumprimento de prazos, atuar sobre pressão e observar que os conceitos aprendidos são importantes, mas que muitos ajustes são necessários no projeto e com isto o aluno necessita tomar decisões para solucionar os problemas ao longo do desenvolvimento do mesmo.

Este laboratório representará o seu primeiro contato com um ambiente real de trabalho: o estudante terá a oportunidade de aplicar conhecimento teórico advindo de praticamente todas as disciplinas. Devido ao seu caráter de interdisciplinaridade onde o mesmo deverá estabelecer ligações – de complementaridade, convergência, interconexões e passagens entre os conhecimentos – assim, é permitida a participação de todos os cursos de Engenharia do CEFET/RJ.

Figura 1 – Aluna de Engenharia Mecânica explicando conceitos do projeto aos alunos do curso técnico de Administração (disciplina Empreendedorismo)

Fonte: Foto tirada pelos autores.

O objetivo é que o jovem perceba que o protótipo deve ser projetado observando uma série de normas técnicas e de segurança (PULLIN, 1979; ANDERSON, 1991), ao mesmo tempo em que este será submetido a diversas provas de desempenho e avaliações técnicas (BARROS, 2001). Uma vez em que é necessário avaliar e estudar a Norma que a SAE BRASIL disponibiliza para a competição, o aluno tem a oportunidade de observar a importância de saber interpretar e seguir tais normas.

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Outro ponto interessante que deve ser mencionado é que os jovens são obrigados a fazer uma apresentação com um tempo limitado e com arguição por uma banca composta por engenheiros da EMBRAER. Antes da competição o professor orientador e toda a equipe discutem a estratégia desta apresentação e com isto apreendem como expor suas ideias de maneira clara e sobre pressão.

O projeto vai gerar um protótipo que vai ter a concepção de um plano de ação associado à construção feita pela equipe. Deve-se destacar que os discentes que participam deste tipo são diferenciados e que se tornam profissionais disputados por empresas ligadas a áreas aeronáutica, militar e automobilística, que dão preferência em seus processos seletivos a este perfil de candidato, pois já sabem de sua qualidade.

Outra informação importante para o estudante é a aplicação dos conceitos de todas as áreas da engenharia: apesar de ser um projeto de Engenharia Mecânica e Aeronáutica, será também possível aplicar conceitos de Engenharia Metalúrgica (na pesquisa de material), Engenharia Elétrica (um dos itens avaliados é a parte elétrica do protótipo), Engenharia de Produção e Administração (Gerenciamento de Projetos, conceitos de Logística, Empreendedorismo e Marketing), Engenharia Telecomunicação (telemetria de dados, que será aplicado pela primeira vez nesta atividade).

Como não havia disciplinas que atendessem a área de Engenharia Aeronáutica nos cursos do CEFET/RJ, no curso de Engenharia Mecânica já foi incluída a disciplina optativa de Aerodinâmica, onde alunos aplicam a teoria para solucionar questões ligadas ao projeto desenvolvido pela equipe Venturi. O desenvolvimento metodológico desse portfólio fundamenta-se nos seguintes procedimentos:

• Análise comparativa dos modelos que se destacaram nas últimas competições de Aerodesign.

• Planejamento da aeronave de acordo com o regulamento da Competição SAE BRASIL Aerodesign, destacando itens como utilização de motor padrão, combustível fornecido pela organização da competição, Volume do Hangar, Compartimento de Carga e Caixa de Mínimo Volume.

• Demonstração de cálculo das características aerodinâmicas, estruturais, de estabilidade e de desempenho.

• Análises computacionais visando efetuar melhorias na aeronave projetada. • Definição da configuração que será utilizada para a construção da aeronave.

Portanto, em termos de projeto pedagógico, os próprios estudantes questionam a necessidade de disciplinas que permitam dar um embasamento téorico direcionado para os temas ligados a este trabalho.

4. GRADUAÇÃO ADMINISTRAÇÃO: EMPREENDEDORISMO

O Encontro de Empreendedores do curso de Graduação em Administração Industrial, que no ano de 2012 completa a sua sexta edição, levanta a discussão de um perfil empreendedor – a auto-realização deve ser abordada ao longo de toda experiência do jovem na instituição (SCHMIDT & BOHNENBERGER, 2009) – necessário aos futuros administradores. Este debate é ocasionado tanto pela necessidade de formarmos alunos que empreenderão seus próprios negócios, quanto pela necessidade da formação de profissionais empreendedores para um mercado de trabalho volátil, competitivo e dinâmico que as organizações contemporâneas se deparam.

O mundo tem passado por várias transformações em curtos períodos de tempo, principalmente no século XX, quando foi criada a maioria das invenções que

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revolucionaram o estilo de vida das pessoas. Geralmente essas inovações são frutos de uma nova visão sobre como utilizar coisas já existentes, mas que ninguém anteriormente ousou olhar de outra maneira. Por trás das inovações, existem pessoas ou equipes com características especiais: são visionárias, questionam, arriscam, querem algo diferente, fazem acontecer, enfim, empreendem.

Os empreendedores são, portanto, pessoas diferenciadas: possuem motivação singular, são apaixonadas pelo que fazem não se contentam em ‘ser mais um na multidão’, querem ser reconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar um legado. Uma vez que os empreendedores estão revolucionando o mundo, o seu comportamento e o próprio processo empreendedor devem ser estudados e entendidos.

O VI Encontro de Empreendedorismo realizado no ano de 2012, desenvolveu como tema o Empreendedorismo Social (COMINI et al, 2013), trazendo como palestrantes empreendedores que tem a responsabilidade sócio-ambiental como lema em suas organizações. Assim, com seus objetivos específicos, esta atividade busca:

• Apresentar aos discentes e docentes do CEFET-RJ, assim como a comunidade local, a importância da inovação e de uma nova visão do mercado autônomo de trabalho.

• Difundir o conhecimento do empreendedorismo nesta comunidade através de relatos de empreendedores de sucesso que falem aos nossos estudantes sobre as ameaças e oportunidades existentes no mercado para um novo empreendedor.

Figura 2 – Alunas de graduação e do curso técnico em Administração na organização do VI Encontro de Empreendedorismo (2012)

Fonte: Foto tirada pelos autores.

O projeto do Encontro de Empreendedorismo é realizado pelos alunos do terceiro período desta disciplina na graduação de Administração no CEFET-RJ. Antes e concomitante ao desenvolvimento deste trabalho, são introduzidos e discutidos conceitos de Plano de Negócios e Empreendedorismo para que os jovens possuam subsídios de aplicar o seu conhecimento na prática, ao longo da organização do evento. O conteúdo programático procura atender os seguintes pontos:

• Apresentação do portfolio de negócios já desenvolvidos pelos alunos dos períodos anteriores e apresentação da Estrutura do Plano de Negócios do curso de Administração do CEFET- RJ.

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• Noções de empreendedorismo: perfil do empreendedor; o novo mundo do trabalho; alternativas de empregabilidade e geração de riqueza; o empreendedorismo corporativo;

• Construir o rascunho de ideias que fundamentam a construção de um modelo de negócio: identificação de oportunidades e criação de um modelo de negócio; resposta às perguntas iniciais que norteiam a busca por uma ideia;

• Análise estrutural da indústria: a influência das forças competitivas sobre o negócio (PORTER, 1991)

• Estudo de mercado: análise do macroambiente social; análise do ambiente operacional;

• Posicionar o conceito de seu modelo de negócio frente às forças existentes no ambiente de negócios: desenvolvimento da análise “SWOT” (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças);

• Trabalho de orientação junto aos grupos: os estudantes desenvolvem em sala de aula a análise dos dados disponíveis em seus planos;

• Definir os conceitos fundamentais de seu modelo de negócio: descrição de visão, missão, fatores críticos de sucesso e objetivos;

• Estrutura organizacional e legal: responsabilidades da equipe dirigente; • Concretizar o conceito do modelo de negócio em um bem ou serviço vendido

ao mercado: noções do composto de marketing; • Analise da viabilidade técnica do negócio: diferencial a ser utilizado; a

logística do negócio; inovação tecnológica (sob o enfoque da geração de novos produtos ou serviços); local (ponto do negócio); o Mix de Marketing, o portfólio do negócio (KOTLER, 2000).

• Apresentação do Plano de Negócios.

Para a organização do Encontro de Empreendedorismo os alunos são divididos em coordenações, os quais realizam as seguintes atividades:

• Coordenação de Parcerias e Contatos: Responsável por captar patrocinadores e parceiros que contribuam para a realização do Evento, bem como cotação e contato com possíveis fornecedores de materiais necessários, oferecendo assim suporte para as demais Coordenações.

• Coordenação de Marketing: Responsável pela comunicação e divulgação do evento, procurando desenvolver ações que promovam um maior entendimento do tema e desperte o desejo do público em participar do mesmo. Elaborar cartazes e espalhá-los para divulgação. Colocar o evento no painel eletrônico do CEFET-RJ. Verificar demais eventos do curso para colocar folder/divulgação na pasta do Encontro de empreendedores.

• Coordenação de Programação: Responsável pela criação e gerenciamento de todas as atividades que serão realizadas no evento, bem como formulação de questionários de avaliação, cronograma geral do evento. Solicitar de filmagem e fotos para o evento nos departamentos do CEFET-RJ.

• Coordenação de Infra-Estrutura: Responsável por propiciar aos participantes do evento toda a estrutura necessária para o melhor desenvolvimento do mesmo. Subdivide-se em duas subcoordenações:

o Ornamentação: Responsável por viabilizar um melhor entendimento dos espaços, layout e decoração de interiores.

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o Estrutura Móvel: Responsável pela parte de transporte e itinerário dos palestrantes, bem como a disponibilização dos equipamentos necessários ao evento.

Para organização deste evento, os discentes da graduação reuniram-se com os do curso técnico, assim como com os coordenadores do projeto - professores das disciplinas Empreendedorismo (curso técnico) e Plano de negócio (graduação), durante uma hora, pelo menos uma vez por semana, para alinharem estratégias e verificarem etapas já cumpridas.

5. INTERDISCIPLINARIDADE: INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO

Com o intuito de contribuir no desenvolvimento dos estudantes na disciplina de Empreendedorismo no curso técnico de Administração, foi realizada uma parceria interdisciplinar multinível com os professores de Engenharia Mecânica e Administração responsáveis pelos programas supramencionados. Algumas iniciativas também foram realizadas com estes jovens antes da atuação nestas atividades:

• Aula externa no pátio da instituição: cada grupo de alunos deveriam observar os demais colegas na instituição, prestando atenção aos hábitos, gestos e vestimentas com o intuito de procurar elementos que caracterizassem o seu público-alvo;

• Palestra com o presidente da Federação das Empresas Juniores do Estado do Rio de Janeiro – Rio Junior. A Federação é responsável por difundir o ideal júnior, promover troca de experiências entre as empresas juniores, disponibilizar insumos na criação de novas empresas juniores e gerar oportunidades para universitários (RIO JÚNIOR, 2013);

• Dinâmicas e atividades desenvolvidas por bolsistas de iniciação científica PIBIC-EM que acompanharam as aulas ao longo de todo o semestre;

• Visita à Incubadora de Empresas do CEFET-RJ.

Figura 3 – Aluna de Engenharia Mecânica apresentando componentes desenvolvidos aos alunos do curso técnico de Administração

Fonte: Foto tirada pelos autores.

A partir da realização das etapas preliminares, os estudantes aprofundaram conceitos e ficaram motivados a participar mais ativamente dos projetos.

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Pelo fato das atividades serem realizadas entre alunos, mesmo de diferentes idades, níveis de formação, facilitou a receptividade dos docentes no projeto que participaram de forma mais colaborativa.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo do desenvolvimento desta experiência de ensino, os docentes responsáveis por cada grupo de estudantes envolvidos no processo, observou um comportamento proativo e receptivo às práticas realizadas. Apesar das impressões positivas, recomenda-se que futuras pesquisas sejam realizadas a fim de:

• Mensurar os impactos destas experiências para os estudantes; • Acompanhar por meio de estudo longitudinal o comportamento destes

estudantes; • Analisar o trabalho conjunto entre os docentes na experiência interdisciplinar ao

desenvolvimento de competências e estímulo à inovação; • Identificar o potencial desta prática de ensino para alavancar a instituição como

estimuladora da inovação e empreendedorismo organizacional. Este trabalho procurou, ainda que de forma seminal, introduzir uma nova visão

acerca do ensino de engenharia e administração, para que ambas as áreas atuem de forma colaborativa nos centros de ensino. Além disto, a recomendação da utilização desta abordagem no contexto educacional é particularmente estratégica às universidades tecnológicas sob o enfoque da aplicabilidade de práticas interdisciplinares multinível.

Agradecimentos Aos participantes dos projetos que gentilmente disponibilizaram nota de autorização

para publicação de suas imagens.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANDERSON, J. D.. Fundamentals of Aerodynamics, Second Edition. New York: Ed. McGraw-Hill, 1991.

BARROS, C.P. Desenvolvimento do projeto de uma aeronave leve motorizada de alto desempenho. Belo Horizonte, MG: Escola de Engenharia, UFMG, 2001. 410p.

BARROS, A.; PEREIRA, C. Empreendedorismo e crescimento econômico: uma análise empírica. RAC. Curitiba, v.12, n.4,, p.975-993, out/dez/2003.

COMINI, G. et al. Negócios Sociais: Revisando os conceitos internacionais e refletindo sobre a realidade brasileira. Projeto Artemísia - USP. Área temática: empreendedorismo e inovação. Disponível em: http://www.artemisia.org.br/pdf/revisando-os-conceitos-internacionais-e-refletindo-sobre-a-realidade-brasileira.pdf Acessado em 02/05/2013.

DOLABELA, F. O segredo de Luisa. São Paulo: Ed. Cultura, 1999.

DORNELAS, J. C. Empreendedorismo, transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 2001.

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GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR (GEM). Global entrepreneurship monitor. Empreendedorismo no Brasil (Relatório Nacional). Curitiba: Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Paraná, 2003.

KOTLER, P. Administracao de Marketing. São Paulo: Pearson, 2000.

MARIANO, S.; MAYER, V. Empreendedorismo: fundamentos e técnicas para criatividade. Rio de Janeiro: LTC, 2011.

METCALFE, J. S. The entrepreneur and the style of modern economics. In: Seminário Brazil on Development. 2003. Rio de Janeiro: UFRJ, 2003.

PORTER, M. Estratégia Competitiva. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1991.

PULLIN, D. Aerodinâmica do avião – Desempenho. Belo Horizonte, MG: CEA-EEUFMG, 1979. 119p

RIO JÚNIOR. 2013.Disponível em: http://www.riojunior.com.br/ Acesso em 01/05/2013.

SAE/Brasil. Programas estudantis: O que é o aerodesign? Disponível em: http://www.saebrasil.org.br/eventos/programas_estudantis/aero.aspx Acesso em:01/05/2013

SCHMIDT, S.; BOHNENBERGER, M. Perfil Empreendedor e desempenho organizacional. RAC, Curitiba, v.13, n.3, p.450-467, jul/ago, 2009.

VALE, G; AMÂNCIO, R.; WILKINSON, J. Empreendedorismo, inovação e redes: uma nova abordagem. RAE Eletrônica. v.7, n.1, art.7, jan/jun 2008.

TECHNOLOGICAL INNOVATION AND ENTREPRENEURSHIP: AN EXPERIENCE IN

INTERDISCIPLINARY MULTILEVEL AT CEFET-RJ

Abstract: Entrepreneurship and innovation are increasingly required to new employees who come on the market. Another trend relates to collaborative work in teams: a world that is increasingly complex and dynamic, requiring individuals possessing multiple skills convergent products and effective services. But how to encourage creativity, leadership and innovation? From the report of this interdisciplinary experience multilevel performed by engineering faculty and administration, graduate and technical training, it is possible to verify the positive effects that the students got in contact with different challenges from other areas. Therefore, we present this experience as proposed for other institutions to use as a means to stimulate their intellectual capital. Key-words: Entrepreneurship, Technological Innovation, Interdisciplinarity, Professional Training, Project Management.