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Artigo com a análise do conteúdo de jornalismo cultural em crítica cinematográfica sobre o filme "Hitchcock", nas revistas Bravo! e Veja, e no jornal Folha de SP - período de jan a abr/2013. O trabalho também aborda os signos presentes em algumas das ilustrações que compõem as reportagens e seu significado para os leitores, sob a perspectiva da semiótica.
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A interpretação de Hitchcock pelo jornalismo cultural 1
Adriana Lourencini¹ Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio – Ceunsp – Salto-SP
RESUMO
O presente artigo faz uma análise do conteúdo de jornalismo cultural em crítica cinematográfica sobre o filme “Hitchcock”, nas revistas Bravo! e Veja, e no jornal Folha de S. Paulo, no período de janeiro a abril de 2013. O trabalho também aborda os signos presentes em algumas das ilustrações que compõem as reportagens e seu significado para os leitores, sob a perspectiva da semiótica.
PALAVRAS-CHAVE: jornalismo cultural; crítica cinematográfica; Hitchcock.
Introdução
Ao se pensar em jornalismo cultural, hoje, devemos compreender sua
existência como um ponto onde se cruzam interesses e conhecimentos de diferentes
lugares sociais, afetados pelas transformações culturais. Em relação ao espaço da
crítica cinematográfica nas mídias jornalísticas, é necessário observarmos a relação
da própria crítica com o jornalismo, no qual se insere, e o cinema, de que trata.
“Pensamos a crítica jornalística como um espaço que permite que as reflexões e
conhecimentos circulem, ganhem visibilidade, atinjam um público amplo, que nem
sempre se confunde com o de cinema.” (BARRETO, 2005, p.10). Relacionando-se
igualmente ao consumo de cinema, a crítica exibe e chama a atenção para os
filmes, podendo (ou não) induzir o leitor a assisti-lo. “E o consumo, aqui, pode ser
pensado como espaço de diferenciação e reconhecimento entre seus consumidores,
ou até mesmo espaço de reflexão para os analistas da cultura” (BARRETO, 2005,
p.10).
A posição estratégica dos roteiros e guias culturais no jornalismo cultural diário
possibilita ao leitor um retrato da vida cultural da cidade, oferecendo-lhe a
possibilidade de escolha dos produtos culturais disponíveis. A crítica “continua a ser
1 Aluna regularmente matriculada na graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, sob a
supervisão da Profª. Ms. Roberta Steganha.
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a espinha dorsal do jornalismo cultural, não só das revistas. Ela pode ser encontrada
em várias publicações específicas mundo afora” (PIZA, 2003, p.28).
Como objeto de estudo e análise da crítica no jornalismo cultural, o cinema se
constitui um divisor de águas na construção da cultura na sociedade moderna,
sendo uma das mídias de maior alcance de massas. Na primeira metade do século
XX, como aponta Turner (1997), o cinema já se constituía uma prática social, e fazia
parte da vida e da cultura dos grupos sociais – o ato de ir ao cinema se tornou um
evento.
O pensamento do cinema como prática social já existia e, ainda de acordo com
Turner (1997), a cultura é um processo dinâmico produtor de comportamentos,
práticas, instituições e significados que compõem nossa existência social. Neste
sentido, os filmes atuam como agentes culturais, pois as representações do discurso
apresentadas contribuem para dar sentido ao modo de vida e pensamento de
determinada época. O cinema torna-se, então, um bem de consumo da indústria
cultural, onde a forma fílmica consegue se aproximar e até mesmo superar a vida
real por meio da ilusão, como aponta McLuhan:
“O cinema não é apenas a suprema expressão do mecanismo; paradoxalmente, oferece como produto o mais mágico de todos os bens de consumo, a saber: sonhos. Não é por acaso que o cinema se caracterizou como o meio que oferece, aos pobres, papeis de riqueza e poder que superam os sonhos de avareza” (MCLUHAN, 1969, p.327).
A compreensão do sentido de cultura, completamente alterado em nossa
sociedade, é um dos vários desafios do jornalismo cultural contemporâneo. Novas
temáticas ganham status de cultura, e o jornalista cultural deve tratar os objetos
dessa indústria em profundidade e livre de preconceitos. Ao trazer o conhecimento
do que era distante, a indústria cultural revelou diferenças já existentes. Sob esse
aspecto, as diferenças tornam-se positivas, e a distinção entre as denominadas
“alta” e “baixa” culturas perde força, conforme coloca o jornalista Daniel Piza: “[...] a
música de um Pixinguinha – negro, pobre, com pouca educação formal – é elitista;
[...] é óbvio que um filme de Spielberg é cultura” (PIZA, 2004, p.46).
O jornalismo cultural, nesse contexto, vivencia um paradoxo: ao mesmo tempo
em que os temas pertinentes a ele cresceram, o seu nível vem caindo, “incapaz de
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resistir à maquinaria dos entretenimentos e ao culto das celebridades” (PIZA,
Crônica Cultural, 22 mai.2011). As resenhas adquiriram um tom de resumo e o
artista ganha destaque como personagem, enquanto a obra fica em segundo plano,
gerando o personalismo e a superficialidade. Citando Werner Herzog, Daniel Piza
diz que o cineasta alemão “também não suporta esse mundo people que não para
de aumentar, onde aparência e sucesso valem mais que consistência e
originalidade, onde a tal “atitude” pesa mais que o talento” (PIZA, apud HERZOG,
Crônica Cultural, 22 mai.2011).
É necessário democratizar o conhecimento, seu caráter reflexivo, e o
jornalismo cultural torna-se uma prática única e significativa para a sociedade. A
principal característica que deu origem ao jornalismo cultural é a de mediar o
conhecimento e levá-lo ao maior número de pessoas. Sua função é revelar de forma
clara e acessível “que, em toda grande obra, de literatura, de poesia, de música, de
pintura, de escultura, há um pensamento profundo sobre a condição humana”
(MORIN, 2001, p.45), enquanto ferramenta que permite o acesso a muitos do que
estava restrito a poucos.
O jornalista cultural assume, então, o papel de mediador, responsável por
pesquisar, apurar, entrevistar e selecionar as informações, além de desenvolver a
capacidade de compreender a obra em questão. Cabe ao jornalista cultural
selecionar o que deve ser conhecido e como fazer essa divulgação, com base nos
critérios de valor notícia, equilibrando sensibilidade e habilidade reflexiva e crítica.
“[...] todo jornalista cultural tem de conhecer bem a história e ter noções da técnica de cada arte. Não é preciso ser um grande artista para ser um grande crítico, mas é importante que se tenha pelo menos ensaiado praticar aquela arte de alguma forma. Indispensável mesmo é ter visto os melhores filmes, lido os melhores livros, escutado os melhores discos. E nada de monotonia: o crítico de cinema é ainda melhor quando conhece bastante a literatura e a pintura, e assim por diante. Como se nota, jornalista cultural precisa ser um estudioso, um autodidata.” (PIZA, 2003, p.131).
O papel social da crítica cinematográfica
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Em seus primórdios, o cinema era apenas de predominância das imagens, sem
um código próprio e misturado a outras formas de cultura, como o teatro, as revistas
ilustradas e cartões postais. Esse período coincide com a fase de profissionalização
e modernização do jornalismo, que faz surgir a crítica cinematográfica na imprensa.
Não havia ainda um desenvolvimento narrativo do cinema. No final dos anos 1910,
de acordo com o pesquisador português Eduardo Geada (1987), houve tentativas
isoladas de se consolidar o cinema como arte. Na década seguinte, surgiram as
primeiras revistas especializadas, como a francesa Ciné-Club.
A supremacia econômica hollywoodiana consolida-se com o sistema dos
grandes estúdios (Studio system), que se baseava na sedimentação dos gêneros
narrativos e um método de organização do trabalho voltado à maximização dos
lucros. Havia ainda as vanguardas, que influenciaram tanto o jornalismo cultural
quanto o cinema nos primeiros anos do século XX. Isso levou a uma visão do
cinema como instrumento de comunicação inovador e revolucionário, que se
impunha sobre os valores estéticos tradicionais.
Firmando-se como arte e aliado às novas tendências culturais, o cinema deixa
de pertencer ao âmbito apenas popular e chama a atenção do erudito, conquistando
o status de ‘sétima arte’. A crítica de cinema passa a ocupar o espaço cultural de
jornais e revistas, ainda que de forma pouco expressiva, prendendo-se apenas ao
noticiário e à publicidade. O texto passa de nota informativa a uma avaliação e breve
análise dos filmes.
“O crítico que surge na efervescência dos inícios do século XX, na profusão de revistas e de jornais, é mais incisivo e informativo, menos moralista e meditativo [...]. No entanto, continua a exercer uma influência determinante, a servir de referência não apenas para leitores, mas também para artistas e intelectuais de outras áreas.” (PIZA, 2003, p.20).
A década de 1930 é assinalada pela introdução do som nos filmes, e marca o
início da era de ouro do cinema de Hollywood, que se estende até os anos 1950. “É
no final da década de 1940 que começa a se formar o cenário que dará origem ao
momento de maior riqueza e produção da crítica de cinema” (BARRETO, 2005,
p.24).
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No Brasil, a crítica cultural ganha corpo apenas nos anos 1950, e possuía o
contexto de recreação, ou seja, era a continuação do prazer dos espetáculos. Para
aqueles que não tinham acesso, funcionava como um substituto. “A grande época
da crítica em jornal no Brasil começaria também nos anos 40 e se estenderia até o
final dos anos 60” (PIZA, 2003, p.34). Era um momento de modernização da
sociedade, com intensa atividade cultural. Os cadernos de cultura ganham mais
espaço nos grandes jornais diários, e surgem novos suplementos literários. Foi
nesse período que a jornalistas especializados começaram a ocupar as redações.
“A crítica começou a ocupar mais e mais espaço nos grandes jornais diários e revistas de notícia semanais, na chamada ‘grande imprensa’. Embora não pudesse ter a extensão dos textos de uma revista segmentada e fosse obrigada a evitar excesso de jargões e citações, essa crítica logo ganhou poder, justamente por ser rápida e provocativa” (PIZA, 2003, p.28).
Ao longo da década de 1950, o “cinema moderno” foi marcado por inovações
tecnológicas. Há uma transformação na crítica, por meio de autores que buscavam
refletir o papel da crítica, estabelecendo novos conceitos. “Desenvolve-se um
vocabulário mais especializado para tratar dos filmes, o escopo das análises se
amplia, abrangendo técnica e estética cinematográficas, e os críticos passam a
especializar-se na função” (BARRETO, 2005, p.32). Nessa época, as publicações
especializadas geralmente possuíam a característica de serem dirigidas apenas aos
que pertenciam ao grupo, e não ao grande público. “[...] os temas abordados não
eram abrangentes e a forma de tratá-los não era acessível ao leitor médio”
(BARRETO, 2005, p.28).
A partir desse período, o papel da crítica se transforma: passa a ter a função
didática em relação ao público, e, referente à própria crítica, começa a formar
critérios e métodos de análise, além da reflexão sobre seu papel social. Em relação
ao cinema, a crítica assume a postura analítica, para assim interpretar e entender as
novas formas cinematográficas. “Vemos embutida em todas elas a ideia de ação e
não apenas de reflexão, dando à crítica, e a seus produtores, um papel ativo nas
modificações do cinema nacional e da consciência do público” (BARRETO, 2005,
p.34).
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Entre as principais mudanças ocorridas na trajetória da crítica estão: a
aceitação do cinema como forma de arte, seus gêneros e formas de produção. A
crítica de cinema fala sobre a “paixão de ver cinema, de pensar, de debater, de
escrever sobre cinema. Dar sentido ao mundo e à vida através do cinema”
(LUNARDELLI, 2008, p.11). Dessa forma, a crítica se posiciona como um mediador
entre o filme e a plateia, ou entre o filme e seus realizadores.
“O trabalho do crítico é, primordialmente, o de conselheiro ou assessor do espectador. Sem entrar a fundo no conteúdo do filme, porque isso acabaria com o elemento surpresa ou pelo menos de novidade que constitui um de seus atrativos, dirige a atenção do futuro espectador para determinados aspectos do filme, tanto positivos como negativos, a fim de proporcionar uma vivência cinematográfica mais completa” (DEL POZO, 1970, p.16).
O jornalismo também passou por transformações significativas, a começar com
a especialização dos críticos. Houve progresso do pensamento teórico, crítico e
analítico sobre cinema, lançando mão de termos específicos e maior preocupação
com a técnica e a linguagem cinematográfica.
O cineasta nas mãos da crítica
A prática jornalística possui um duplo papel no jornalismo cultural: informação
da atualidade e prestação de serviços. Os textos mais analíticos, escritos, em sua
maioria, por especialistas, revelam uma postura mais reflexiva, que pendem mais
para o autoral do que para o informativo. Para José Salvador Faro, reflexão e
informação se juntam no jornalismo cultural para estruturar a produção
especializada. “[...] situado fora do âmbito da factualidade do jornalismo
convencional presente em outras editorias [...] tendo como foco principal a
construção de um sentido organizador da crítica conceitual que se desdobra,
invariavelmente, numa estrutura analítica que a coloca como veiculadora de
percepções que extrapolam o objeto sobre o qual se debruça” (FARO, 2003, p.1-3).
O jornalista, como peça importante na criação da reportagem jornalística deve
dar credibilidade à matéria sobre determinado filme ou festival de cinema.
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Basicamente, a função do crítico de cinema é assistir aos filmes e produzir resenhas
críticas sobre eles. Entre as principais características de um bom crítico estão: a
imparcialidade, conhecer teoria cinematográfica, avaliar, e principalmente, estudar
(com foco no processo de criação da película) o filme pelo qual se propôs analisar.
“A rigor, a função da crítica de cinema é ajudar o espectador a percorrer o itinerário do filme com um mínimo de conhecimento da sua linguagem, de modo a permitir que se reconheça, durante o trajeto, aquilo que é importante e o que não é. Uma função, portanto, que, mesmo antes de se reportar à apreciação estética da obra considerada no seu conjunto, incide sobre a sua sucessiva "racionalização", quer dizer, a tradução em termos lógico-discursivos do sentido poético que ela exprime através dos procedimentos de significação que lhe são próprios. É necessário que o aspirante a crítico construa primeiro um repertório para depois se aventurar na análise fílmica. A crítica é a arte da paciência” (SETARO, Crítica de cinema, 2010).
Neste contexto, a revista especializada Bravo!, publicação da Editora Abril, em
sua editoria de cinema, apresenta temas variados, entre os quais entrevistas com
diretores, estreia de filmes e tendências de gêneros. A edição do mês de março
(187) traz catorze páginas de reportagem sobre o filme Hitchcock, a qual, inclusive,
ganhou a capa. O texto de Inácio Araújo revela o perfil da revista Bravo!,
enquadrado no intermediário entre a produção noticiosa e analítica, repartindo os
espaços entre função informativa e opinião crítica. Para o crítico da revista, o filme
Hitchcock retrata um momento-chave na vida do diretor – a produção do longa
Psicose, em 1962. Entre imagens de Psicose e do novo filme do britânico Sacha
Gervasi, a revista traça um paralelo do perfil do mestre do suspense (como ficou
conhecido Hitchcock) na vida real e o exibido no longa de Gervasi. Segundo Inácio
Araújo, “a boa acolhida de Psicose fez com que Hitch se afirmasse de vez diante da
indústria [...]” (ARAÚJO, revista Bravo!, mar.2013, p.22). O crítico finaliza a
reportagem com uma definição da personalidade do célebre diretor:
“[...], o público, que foi inteiramente subjugado. O cineasta conseguiu dirigir as emoções dos espectadores como se rege uma orquestra. Hitchcock seria um monstro caso não provasse, filme após filme, crise após crise, que seus sentimentos e intuições, por mais malévolos e perversos que fossem, coincidiam com o que o público experimentava. [...] Só mesmo o torturado Hitch, com seu terror e seu humor, era capaz de mostrar as belezas e as feiuras, as grandezas e os horrores de
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que somos feitos. [...] nunca foi tão incisivo quanto em Psicose” (ARAÚJO, revista Bravo!, mar.2013, p.22-23).
Além da reportagem de Araújo, a edição 187 da Bravo! também traz o texto do
crítico André de Leones, que aborda o comportamento ameaçador de Hitchcock em
relação à atriz Janet Leigh, protagonista de Psicose, e conta com a contribuição da
jornalista e mestre em cinema, Lúcia Monteiro, que elenca as obras de artistas
mundiais influenciados pelo mestre do suspense e seu legado.
A função textual aqui é primordialmente referencial, informando o leitor sobre
determinado fato. O texto jornalístico, como qualquer outro, tem muitas funções
textuais, mas, neste caso, se sobressai a função referencial. Os elementos não
verbais presentes na reportagem auxiliam o leitor a compreender melhor o texto e
oferecem informações extras, como a imagem do artista Zed Nesti (fig.1), que abre a
reportagem da Bravo! e é complementada pelo título composto de elementos
emblemáticos de Psicose.
A revista Veja, também da Editora Abril, em sua edição online da primeira
semana de março de 2013, traz uma reportagem sobre o lançamento do filme
Hitchcock e o título se refere ao diretor como o “Cézanne do cinema”. A comparação
é do jornalista e roteirista Stephen Rebello, em entrevista a Meire Kusumoto. Rebello
é autor do livro Alfred Hitchcock e os bastidores de Psicose, que deu origem ao
longa, e foi o último jornalista a entrevistar o cineasta, em 1980. Para Rebello, “o
estilo de Hitchcock se destaca daqueles que abordam os mesmos temas que ele.
[...] um chamado tema “mundano” pode inspirar algo transcendente” (KUSUMOTO,
apud REBELLO, Hitchcock, o Cézanne do cinema, 2013).
Fig.1 – Reprodução da imagem de Zed Nesti para a reportagem “Uma loira, um chuveiro ligado, uma
faca...”, revista Bravo!, edição 187, mar.2013, p.13. Fonte: http://bravonline.abril.com.br/materia/bravo-entrevista-zed-nesti
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Dois meses antes, na edição 2303 (impressa), Veja traz Hitchcock à cena na
matéria intitulada “Janela indiscreta”, de Marcelo Marthe, que faz uma crítica do
telefilme britânico The Girl, que estreou no Brasil pela HBO americana (em
coprodução com a rede inglesa BBC). Para Marthe, o telefilme expõe o lado sombrio
do diretor, mostrando “como os componentes perversos de filmes como Janela
indiscreta (1954) e Psicose (1960) se entrelaçam com os desvãos da personalidade
de seu criador” (MARTHE, revista Veja, jan.2013, p.96). O crítico também fala sobre
o perfil obsessivo do mestre do suspense, especialmente em relação às atrizes
loiras, protagonistas de seus filmes: “Hitchcock (1899-1980), é verdade, era um
obsessivo em relação a tudo o que se referia a seus filmes, dos planos de câmera
cirúrgicos à simbologia dos figurinos. Mas as estrelas femininas eram sua maior
fixação. Sempre as platinadas, por sinal – de Madeleine Carroll a Kim Novak,
passando por Grace Kelly e Doris Day” (MARTHE, revista Veja, jan.2013, p.97).
Saindo do âmbito das revistas, o caderno Ilustrada, do jornal Folha de São
Paulo, publicação do Grupo Folha, também traz em seu conteúdo referências sobre
a célebre figura de Alfred Hitchcock. Na matéria de 5 de fevereiro de 2013, Rodrigo
Salem assina a reportagem sobre o filme Hitchcock, de Sacha Gervasi, tomando por
base de seu texto a entrevista com o jornalista Stephen Rebello. Sob o título “Siga o
mestre”, a crítica de Salem é linear, abordando mais a relação de Rebello com o
mestre do suspense e o desenvolvimento de sua obra literária Alfred Hitchcock e os
bastidores de Psicose, do que a película cinematográfica em si. É digna de nota a
imagem que acompanha a reportagem da Folha (fig.2): o ator Antony Hopkins
(intérprete de Hitchcock no filme), é retratado de perfil, ocupando a primeira página
inteira da Ilustrada. A figura foi toda recortada em formas geométricas, como se
fosse um quebra-cabeça representando as peças que Hitchcock nos apresenta em
seus filmes. Nessas peças soltas, estão inseridos textos e imagens temáticos. Em
torno do nome Ilustrada e do título da matéria, sobrevoam vários pássaros negros,
uma referência à emblemática produção: Os pássaros, de 1963.
A Folha também traz outra crítica do filme Hitchcock, dessa vez assinada por
Cássio Starling Carlos. O crítico demonstra de forma explícita, já no título, seu
desagrado em relação ao longa, quando diz que “Hitchcock reduz cineasta à
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caricatura”. Mais adiante, no quarto parágrafo, Cássio dispara: “é o típico filme que
não serve para nada”, e finaliza orientando o leitor que deseja conhecer melhor o
diretor, que o procure direto na fonte, Psicose, já que o filme de Gervasi “só
apresenta tipos, sem nunca revelar algum aspecto revelador da pessoa atrás da
persona” (CARLOS, Hitchcock reduz cineasta à caricatura, mar.2013).
A notícia recria e fortalece o mito
A notícia é concebida como sendo uma construção social, ou seja, é o
resultado de um processo desenvolvido por vários agentes. Assim, na seleção das
notícias, os jornalistas podem agir sob a influência de uma cultura e identidade
próprias, ou de acordo com interesses externos ao campo de poder. Esse processo
carrega em si várias etapas de decisão (gatekeeping), normalmente sujeitas a uma
pressão fundamental: o tempo – ali atuam os valores-notícia. Para Traquina (2005),
os valores-notícia se constituem no elemento central da cultura jornalística. Mas o
que é notícia, como estabelecer critérios de noticiabilidade? Traquina esclarece:
“[...] é simultaneamente simplista e minimalista: a) simplista porque, segundo a ideologia jornalística, o jornalista relata, capta, reproduz ou retransmite o acontecimento. Segundo a metáfora dominante no campo jornalístico, o jornalista é um espelho que reflete a realidade. O jornalista é simplesmente um mediador; e b) minimalista porque, segundo a ideologia dominante, o papel do jornalista como mediador é um papel reduzido” (TRAQUINA, 2005, p.62).
Fig.2 – Detalhe da reportagem “Siga o mestre”, caderno “Ilustrada”, Folha de SP, 5 fev.2013, p.E1. Fonte: http://acervo.folha.com.br/fsp/2013/02/05/21/
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Existe uma diferença entre valores que determinam o que é notícia e os valores
do jornalismo em épocas distintas. De acordo com Traquina (2005), os maiores
valores atuais do jornalismo se dividem em dois polos: o ideológico (serviço público)
e o econômico (negócio). Dessa forma, o jornalismo, ao valorizar as notícias de
importância social, oferece o que o leitor precisa saber. As notícias com alta dose de
interesse têm a função de satisfazer a curiosidade e preenchem a necessidade de
entretenimento, diversão do público – é aquilo que o leitor está ávido em saber, mas
que não irá representar qualquer utilidade para sua vida na sociedade. No segundo
polo se encaixa o mito de Alfred Hitchcock.
A própria notoriedade de Hitchcock no cenário cultural já o configura como
valor-notícia, no impacto que seus filmes causam no imaginário humano. As
produções hitchcockianas para o cinema trabalham com elementos como: morte,
assassinato, mistério, suspense, horror. Para Traquina, a morte é um valor notícia
fundamental “e uma razão que explica o negativismo do mundo jornalístico que é
apresentado diariamente nas páginas do jornal ou nos écrans da televisão”
(TRAQUINA, 2005, p.79).
Em suma, as pessoas sentem prazer em experimentar o medo – vivenciar,
através da tela, emoções que não seriam agradáveis ou desejadas na vida real,
muitas vezes tão maçante e monótona. Para Howard Philips Lovecraft, escritor
norte-americano do gênero terror, “a emoção mais forte e mais antiga do homem é o
medo, e a espécie mais forte e mais antiga de medo é o medo do
desconhecido”. Sobre a recepção do público em relação aos filmes do mestre do
suspense, o autor Stephen Rebello afirma:
“Os noticiários de TV e os filmes europeus, mais adultos e francos, estavam levando as expectativas do público rumo a uma apreensão mais corajosa da realidade na tela. Que bom para Psicose, que expunha o esqueleto de boca arreganhada por baixo dos ritmos e rotinas do cotidiano — o trabalho diário, as relações que exigem esforço, os sonhos adiados, os locais ermos. Psicose acontecia num mundo muito mais próximo daquele em que a maioria dos frequentadores de cinema vivia. Hitchcock, que nasceu filho de um quitandeiro do East End no sobrado sobre a loja do pai, se sentia ao mesmo tempo fascinado e horrorizado por esse mundo” (REBELLO, 2013, p.42).
12
Em se tratando da obra de Hitchcock, ou qualquer outra produção cultural que
se refira a ele, o fator tempo se configura como valor-notícia. De acordo com
Traquina (2005: 82), “um assunto ganha noticiabilidade e permanece como assunto
com valor-notícia por um tempo mais dilatado”. Assim, Hitchcock, o diretor e a obra
cinematográfica, que ganharam notoriedade há décadas, continuam despertando a
curiosidade, se transformando em notícia e se recriando continuamente.
A notabilidade também possui valor-notícia para a comunidade jornalística, já
que Alfred Hitchcock é detentor da “qualidade de ser visível, de ser tangível”
(TRAQUINA, 2005, p.82). Na visão de Stephen Rebello, ele (Hitchcock) “era um
visionário, um feiticeiro na técnica, um mestre em enquadramento e composição. Ele
era capaz de suscitar emoções raras e complexas” (KUSUMOTO, apud REBELLO,
Hitchcock, o Cézanne do cinema, 2013) – ingredientes suficientes para elevar o
cineasta à categoria de “notável”.
Outra característica que confere valor-notícia a Hitchcock e sua extensa obra
na senda do suspense é a contextualidade. Os leitores da Bravo!, da Veja e da
Folha possuem uma bagagem cultural suficiente para saber quem é Alfred Hitchcock
e o perfil psicológico do diretor e de sua obra. Mas, então, por que este público ainda
se interessa por notícias sobre Hitchcock? O que eles ainda desejam saber? A
resposta está na definição sucinta do admirador e seguidor, Rebello:
“Então, tantos anos depois do lançamento de Psicose, o filme continua a ser o parâmetro a partir do qual muitos outros são avaliados. Em 1960, durante a turnê promocional, quando Alfred Hitchcock falou sobre Psicose para um dos numerosos repórteres que o assediavam, comentou: ‘É um filme muito bom, mas o mais importante é que é o primeiro filme chocante que eu já fiz. Meus filmes anteriores eram de suspense. Esse vai, literalmente, chocar o público.’ O fato é que o mais famoso e um dos mais imitados de todos os filmes de Hitchcock, por todo o seu poder instantâneo sobre o público e seu impacto de longo alcance no cinema internacional, não desnorteou e afetou ninguém de forma mais irrevogável do que a seu próprio diretor” (REBELLO, 2013, p.206).
A linguagem dos signos no jornalismo cultural
“As loiras são as melhores vítimas. São como a neve virgem em que as pegadas sanguinolentas se revelam.” (Alfred Hitchcock).
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A imagem é um poderoso instrumento de comunicação que pode ser utilizado
com os mais variados objetivos. Para o professor norte-americano John B.
Thompson (2011), o uso de símbolos é um traço distintivo da vida humana. Uma
imagem, seja pintura, esboço, desenho ou fotografia, mesmo que não esteja
acompanhada de qualquer mensagem escrita carrega em si diversos símbolos – que
lhe conferem sentido e mostram o que o emissor quis transmitir ao receptor. Para
uma correta análise dos padrões de significado de uma imagem, é importante que
se faça a análise cultural, conforme aponta Thompson:
“[...] concepção simbólica [...] cultura é o padrão de significados incorporados nas formas simbólicas, que inclui ações, manifestações verbais e objetos significativos de vários tipos, em virtude dos quais os indivíduos comunicam-se entre si e partilham suas experiências, concepções e crenças” (THOMPSON, 2011, p.176).
A proposta apresentada é a análise da capa da edição 187, março de 2013, da
revista Bravo! (fig.3). A mesma imagem foi divulgada pela primeira vez em fevereiro
de 1963, na capa da publicação norte-americana Life (fig.4), de autoria do fotógrafo
Philippe Halsman. A imagem mostra Hitchcock em pé, com os braços flexionados, e
sobre cada um deles repousam corvos. Há ainda outro corvo que sobrevoa a cabeça
do cineasta, como se fosse pousar nela. O diretor não demonstra qualquer medo ou
apreensão; ao contrário, esboça um olhar desafiador, até insolente. Ao fundo, o
cenário do céu com algumas nuvens, vegetação e um lago, em tonalidade azul,
denotando certa tranquilidade, uma paisagem bucólica outonal.
A análise da imagem se apoia na teoria semiótica do filósofo norte-americano
Charles Sanders Peirce (1983) e, de acordo com sua dinâmica, os signos presentes
são icônicos, ou seja, a relação entre as coisas em que eles aparecem e as coisas
que eles representam possui caráter imitativo. Dessa forma, percebendo-se “isto”
lembra-se imediatamente “daquilo”. Assim, os pássaros negros nas capas das
revistas “representam” uma das obras mais emblemáticas de Hitchcock: o filme Os
pássaros – seu primeiro longa do gênero de terror. Embora o filme atual de Gervasi
registre o mestre do suspense durante a fase de produção de Psicose, a escolha da
fotografia de Hitchcock rodeado por corvos remete ao lado sombrio e ao
comportamento sádico, muitas vezes identificados nas produções e no perfil do
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cineasta. De acordo com Rebello (2013), Os pássaros é a obra na qual o diretor
atinge o ápice do sadismo. As formas simbólicas presentes nas aves remetem ao
terror, ao sobrenatural, e o mestre do suspense apreciava jogar com esses
elementos. O próprio Hitchcock declarou à imprensa na época de lançamento de Os
pássaros:
“Já produzi vários filmes cujo maior objetivo era enfeitiçar e assombrar o espectador. Como tais histórias traziam muito entretenimento, elas cumpriam sua função. Desta vez, porém, introduzi um tema sério sob a diversão. Existe um terrível significado espreitando logo abaixo da superfície de choque e suspense de Os pássaros. E, quando vocês descobrirem, seu prazer será mais do que dobrado.” (REBELLO, 2013, p.197).
O termo “formas simbólicas” foi utilizado por Thompson para “se referir a uma
ampla variedade de fenômenos significativos, desde ações, gestos e rituais até
manifestações verbais, textos, programas de televisão e obras de arte”
(THOMPSON, 2011, p.183). São expressões de um sujeito para outro (ou outros).
Uma das características das formas simbólicas é o aspecto estrutural, e significa que
“as formas simbólicas são construções que exibem uma estrutura articulada”
(THOMPSON, 2011, p.187), composta de elementos que se relacionam uns com os
outros. Os corvos estão diretamente ligados à imagem de Hitchcock, e levam nosso
pensamento diretamente ao gênero que o consagrou no cinema: o horror.
Hitchcock entrou definitivamente no imaginário do público quando mostrou o
poder da conexão entre sexo e terror em Psicose. Ao retirar o horror do universo dos
vampiros, dos zumbis e fantasmas, o cineasta o colocou na mente humana, que
pode se mostrar mais ameaçadora e perigosa do que qualquer criatura fantástica. A
grande cartada de Hitchcock foi “mostrar menos e sugerir mais, pois a imaginação
de um espectador é mais audaciosa do que qualquer coisa que um cineasta possa
apresentar” (REBELLO, 2013) – esta é a mensagem subliminar na imagem que
estampa as capas da Life e da Bravo!.
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Fig.3 – Capa da revista Bravo!, edição 187, mar.2013. Fonte: http://bravonline.abril.com.br/revista#edicao-0187
Fig.4 – Capa da revista americana Life, edição de fev.1963. Fonte: http://www.2neatmagazines.com/life/1963.html
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Considerações finais
“As manchetes dos jornais contam muitas histórias bizarras da vida real que esticam até o limite as cordas da ficção de suspense. Sempre levo em conta o fato de que temos de ser mais espertos que a plateia para mantê-la conosco. Eles são detetives altamente treinados nos investigando neste exato momento” (REBELLO, apud Alfred Hitchcock, 2013, p.37).
Este artigo analisa a forma do jornalismo cultural, por meio da crítica
cinematográfica, de divulgar e tratar o filme Hitchcock. Optamos por mídias que são
destinadas a um público consumidor de cultura, que vai a espetáculos, ao teatro e,
claro, ao cinema.
Como o filme de Sacha Gervasi retrata a personalidade do mestre do
suspense, não poderíamos deixar de incluir o próprio Alfred Hitchcock na análise da
crítica jornalística – afinal, sua popularidade se constitui valor-notícia. Concluímos
que o leitor dessas publicações também quer saber sobre o que existe por trás do
homem que criou uma das maiores tramas do horror no cinema. “Poucos filmes
desde Psicose penetraram tanto na consciência e no imaginário sombrio dos
espectadores” (REBELLO, 2013, p.206).
Além da abordagem das críticas, observamos também a forma como Hitchcock
é retratado no jornalismo cultural. A capa reproduzida pela revista Bravo!, na edição
187, constitui-se um símbolo por conter tantos signos referentes ao cineasta, e por
estampar, pela segunda vez, a capa de uma importante publicação. A fotografia
original saiu na revista Life, que se notabilizou pela qualidade primorosa de suas
imagens, e em suas páginas já desfilaram nomes proeminentes do cenário cultural.
Hitchcock e sua obra sempre ilustraram muitas delas. Utilizando-nos da semiótica de
Peirce, traçamos um paralelo entre a estrutura montada na fotografia de Hitchcock
como que ‘brincando’ com os corvos e seu perfil tido como ‘sádico’, pois “se divertia
ao produzir seus filmes” (REBELLO, 2013, p.114).
Sendo assim, decidimos produzir, como produto final, uma grande reportagem.
Abordaremos um filme nacional lançado recentemente, em matéria inserida em uma
revista cultural. A ideia partiu da necessidade que identificamos no mercado atual
das publicações culturais: a região do interior de São Paulo carece de uma
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publicação que aborde os produtos culturais com mais profundidade. As mídias
apenas fornecem roteiros de filmes, apresentações e espetáculos, sem o
aprofundamento dos produtos culturais disponíveis. Isso, só um bom jornalismo
cultural pode oferecer.
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