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A interpretação de Hitchcock pelo jornalismo cultural 1 Adriana Lourencini¹ Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio Ceunsp Salto-SP RESUMO O presente artigo faz uma análise do conteúdo de jornalismo cultural em crítica cinematográfica sobre o filme “Hitchcock, nas revistas Bravo! e Veja, e no jornal Folha de S. Paulo, no período de janeiro a abril de 2013. O trabalho também aborda os signos presentes em algumas das ilustrações que compõem as reportagens e seu significado para os leitores, sob a perspectiva da semiótica. PALAVRAS-CHAVE: jornalismo cultural; crítica cinematográfica; Hitchcock. Introdução Ao se pensar em jornalismo cultural, hoje, devemos compreender sua existência como um ponto onde se cruzam interesses e conhecimentos de diferentes lugares sociais, afetados pelas transformações culturais. Em relação ao espaço da crítica cinematográfica nas mídias jornalísticas, é necessário observarmos a relação da própria crítica com o jornalismo, no qual se insere, e o cinema, de que trata. Pensamos a crítica jornalística como um espaço que permite que as reflexões e conhecimentos circulem, ganhem visibilidade, atinjam um público amplo, que nem sempre se confunde com o de cinema.” (BARRETO, 2005, p.10). Relacionando-se igualmente ao consumo de cinema, a crítica exibe e chama a atenção para os filmes, podendo (ou não) induzir o leitor a assisti-lo. “E o consumo, aqui, pode ser pensado como espaço de diferenciação e reconhecimento entre seus consumidores, ou até mesmo espaço de reflexão para os analistas da cultura” (BARRETO, 2005, p.10). A posição estratégica dos roteiros e guias culturais no jornalismo cultural diário possibilita ao leitor um retrato da vida cultural da cidade, oferecendo-lhe a possibilidade de escolha dos produtos culturais disponíveis. A crítica “continua a ser 1 Aluna regularmente matriculada na graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, sob a supervisão da Profª. Ms. Roberta Steganha.

A interpretação de Hitchcock pelo jornalismo cultural

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Artigo com a análise do conteúdo de jornalismo cultural em crítica cinematográfica sobre o filme "Hitchcock", nas revistas Bravo! e Veja, e no jornal Folha de SP - período de jan a abr/2013. O trabalho também aborda os signos presentes em algumas das ilustrações que compõem as reportagens e seu significado para os leitores, sob a perspectiva da semiótica.

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A interpretação de Hitchcock pelo jornalismo cultural 1

Adriana Lourencini¹ Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio – Ceunsp – Salto-SP

RESUMO

O presente artigo faz uma análise do conteúdo de jornalismo cultural em crítica cinematográfica sobre o filme “Hitchcock”, nas revistas Bravo! e Veja, e no jornal Folha de S. Paulo, no período de janeiro a abril de 2013. O trabalho também aborda os signos presentes em algumas das ilustrações que compõem as reportagens e seu significado para os leitores, sob a perspectiva da semiótica.

PALAVRAS-CHAVE: jornalismo cultural; crítica cinematográfica; Hitchcock.

Introdução

Ao se pensar em jornalismo cultural, hoje, devemos compreender sua

existência como um ponto onde se cruzam interesses e conhecimentos de diferentes

lugares sociais, afetados pelas transformações culturais. Em relação ao espaço da

crítica cinematográfica nas mídias jornalísticas, é necessário observarmos a relação

da própria crítica com o jornalismo, no qual se insere, e o cinema, de que trata.

“Pensamos a crítica jornalística como um espaço que permite que as reflexões e

conhecimentos circulem, ganhem visibilidade, atinjam um público amplo, que nem

sempre se confunde com o de cinema.” (BARRETO, 2005, p.10). Relacionando-se

igualmente ao consumo de cinema, a crítica exibe e chama a atenção para os

filmes, podendo (ou não) induzir o leitor a assisti-lo. “E o consumo, aqui, pode ser

pensado como espaço de diferenciação e reconhecimento entre seus consumidores,

ou até mesmo espaço de reflexão para os analistas da cultura” (BARRETO, 2005,

p.10).

A posição estratégica dos roteiros e guias culturais no jornalismo cultural diário

possibilita ao leitor um retrato da vida cultural da cidade, oferecendo-lhe a

possibilidade de escolha dos produtos culturais disponíveis. A crítica “continua a ser

1 Aluna regularmente matriculada na graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, sob a

supervisão da Profª. Ms. Roberta Steganha.

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a espinha dorsal do jornalismo cultural, não só das revistas. Ela pode ser encontrada

em várias publicações específicas mundo afora” (PIZA, 2003, p.28).

Como objeto de estudo e análise da crítica no jornalismo cultural, o cinema se

constitui um divisor de águas na construção da cultura na sociedade moderna,

sendo uma das mídias de maior alcance de massas. Na primeira metade do século

XX, como aponta Turner (1997), o cinema já se constituía uma prática social, e fazia

parte da vida e da cultura dos grupos sociais – o ato de ir ao cinema se tornou um

evento.

O pensamento do cinema como prática social já existia e, ainda de acordo com

Turner (1997), a cultura é um processo dinâmico produtor de comportamentos,

práticas, instituições e significados que compõem nossa existência social. Neste

sentido, os filmes atuam como agentes culturais, pois as representações do discurso

apresentadas contribuem para dar sentido ao modo de vida e pensamento de

determinada época. O cinema torna-se, então, um bem de consumo da indústria

cultural, onde a forma fílmica consegue se aproximar e até mesmo superar a vida

real por meio da ilusão, como aponta McLuhan:

“O cinema não é apenas a suprema expressão do mecanismo; paradoxalmente, oferece como produto o mais mágico de todos os bens de consumo, a saber: sonhos. Não é por acaso que o cinema se caracterizou como o meio que oferece, aos pobres, papeis de riqueza e poder que superam os sonhos de avareza” (MCLUHAN, 1969, p.327).

A compreensão do sentido de cultura, completamente alterado em nossa

sociedade, é um dos vários desafios do jornalismo cultural contemporâneo. Novas

temáticas ganham status de cultura, e o jornalista cultural deve tratar os objetos

dessa indústria em profundidade e livre de preconceitos. Ao trazer o conhecimento

do que era distante, a indústria cultural revelou diferenças já existentes. Sob esse

aspecto, as diferenças tornam-se positivas, e a distinção entre as denominadas

“alta” e “baixa” culturas perde força, conforme coloca o jornalista Daniel Piza: “[...] a

música de um Pixinguinha – negro, pobre, com pouca educação formal – é elitista;

[...] é óbvio que um filme de Spielberg é cultura” (PIZA, 2004, p.46).

O jornalismo cultural, nesse contexto, vivencia um paradoxo: ao mesmo tempo

em que os temas pertinentes a ele cresceram, o seu nível vem caindo, “incapaz de

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resistir à maquinaria dos entretenimentos e ao culto das celebridades” (PIZA,

Crônica Cultural, 22 mai.2011). As resenhas adquiriram um tom de resumo e o

artista ganha destaque como personagem, enquanto a obra fica em segundo plano,

gerando o personalismo e a superficialidade. Citando Werner Herzog, Daniel Piza

diz que o cineasta alemão “também não suporta esse mundo people que não para

de aumentar, onde aparência e sucesso valem mais que consistência e

originalidade, onde a tal “atitude” pesa mais que o talento” (PIZA, apud HERZOG,

Crônica Cultural, 22 mai.2011).

É necessário democratizar o conhecimento, seu caráter reflexivo, e o

jornalismo cultural torna-se uma prática única e significativa para a sociedade. A

principal característica que deu origem ao jornalismo cultural é a de mediar o

conhecimento e levá-lo ao maior número de pessoas. Sua função é revelar de forma

clara e acessível “que, em toda grande obra, de literatura, de poesia, de música, de

pintura, de escultura, há um pensamento profundo sobre a condição humana”

(MORIN, 2001, p.45), enquanto ferramenta que permite o acesso a muitos do que

estava restrito a poucos.

O jornalista cultural assume, então, o papel de mediador, responsável por

pesquisar, apurar, entrevistar e selecionar as informações, além de desenvolver a

capacidade de compreender a obra em questão. Cabe ao jornalista cultural

selecionar o que deve ser conhecido e como fazer essa divulgação, com base nos

critérios de valor notícia, equilibrando sensibilidade e habilidade reflexiva e crítica.

“[...] todo jornalista cultural tem de conhecer bem a história e ter noções da técnica de cada arte. Não é preciso ser um grande artista para ser um grande crítico, mas é importante que se tenha pelo menos ensaiado praticar aquela arte de alguma forma. Indispensável mesmo é ter visto os melhores filmes, lido os melhores livros, escutado os melhores discos. E nada de monotonia: o crítico de cinema é ainda melhor quando conhece bastante a literatura e a pintura, e assim por diante. Como se nota, jornalista cultural precisa ser um estudioso, um autodidata.” (PIZA, 2003, p.131).

O papel social da crítica cinematográfica

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Em seus primórdios, o cinema era apenas de predominância das imagens, sem

um código próprio e misturado a outras formas de cultura, como o teatro, as revistas

ilustradas e cartões postais. Esse período coincide com a fase de profissionalização

e modernização do jornalismo, que faz surgir a crítica cinematográfica na imprensa.

Não havia ainda um desenvolvimento narrativo do cinema. No final dos anos 1910,

de acordo com o pesquisador português Eduardo Geada (1987), houve tentativas

isoladas de se consolidar o cinema como arte. Na década seguinte, surgiram as

primeiras revistas especializadas, como a francesa Ciné-Club.

A supremacia econômica hollywoodiana consolida-se com o sistema dos

grandes estúdios (Studio system), que se baseava na sedimentação dos gêneros

narrativos e um método de organização do trabalho voltado à maximização dos

lucros. Havia ainda as vanguardas, que influenciaram tanto o jornalismo cultural

quanto o cinema nos primeiros anos do século XX. Isso levou a uma visão do

cinema como instrumento de comunicação inovador e revolucionário, que se

impunha sobre os valores estéticos tradicionais.

Firmando-se como arte e aliado às novas tendências culturais, o cinema deixa

de pertencer ao âmbito apenas popular e chama a atenção do erudito, conquistando

o status de ‘sétima arte’. A crítica de cinema passa a ocupar o espaço cultural de

jornais e revistas, ainda que de forma pouco expressiva, prendendo-se apenas ao

noticiário e à publicidade. O texto passa de nota informativa a uma avaliação e breve

análise dos filmes.

“O crítico que surge na efervescência dos inícios do século XX, na profusão de revistas e de jornais, é mais incisivo e informativo, menos moralista e meditativo [...]. No entanto, continua a exercer uma influência determinante, a servir de referência não apenas para leitores, mas também para artistas e intelectuais de outras áreas.” (PIZA, 2003, p.20).

A década de 1930 é assinalada pela introdução do som nos filmes, e marca o

início da era de ouro do cinema de Hollywood, que se estende até os anos 1950. “É

no final da década de 1940 que começa a se formar o cenário que dará origem ao

momento de maior riqueza e produção da crítica de cinema” (BARRETO, 2005,

p.24).

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No Brasil, a crítica cultural ganha corpo apenas nos anos 1950, e possuía o

contexto de recreação, ou seja, era a continuação do prazer dos espetáculos. Para

aqueles que não tinham acesso, funcionava como um substituto. “A grande época

da crítica em jornal no Brasil começaria também nos anos 40 e se estenderia até o

final dos anos 60” (PIZA, 2003, p.34). Era um momento de modernização da

sociedade, com intensa atividade cultural. Os cadernos de cultura ganham mais

espaço nos grandes jornais diários, e surgem novos suplementos literários. Foi

nesse período que a jornalistas especializados começaram a ocupar as redações.

“A crítica começou a ocupar mais e mais espaço nos grandes jornais diários e revistas de notícia semanais, na chamada ‘grande imprensa’. Embora não pudesse ter a extensão dos textos de uma revista segmentada e fosse obrigada a evitar excesso de jargões e citações, essa crítica logo ganhou poder, justamente por ser rápida e provocativa” (PIZA, 2003, p.28).

Ao longo da década de 1950, o “cinema moderno” foi marcado por inovações

tecnológicas. Há uma transformação na crítica, por meio de autores que buscavam

refletir o papel da crítica, estabelecendo novos conceitos. “Desenvolve-se um

vocabulário mais especializado para tratar dos filmes, o escopo das análises se

amplia, abrangendo técnica e estética cinematográficas, e os críticos passam a

especializar-se na função” (BARRETO, 2005, p.32). Nessa época, as publicações

especializadas geralmente possuíam a característica de serem dirigidas apenas aos

que pertenciam ao grupo, e não ao grande público. “[...] os temas abordados não

eram abrangentes e a forma de tratá-los não era acessível ao leitor médio”

(BARRETO, 2005, p.28).

A partir desse período, o papel da crítica se transforma: passa a ter a função

didática em relação ao público, e, referente à própria crítica, começa a formar

critérios e métodos de análise, além da reflexão sobre seu papel social. Em relação

ao cinema, a crítica assume a postura analítica, para assim interpretar e entender as

novas formas cinematográficas. “Vemos embutida em todas elas a ideia de ação e

não apenas de reflexão, dando à crítica, e a seus produtores, um papel ativo nas

modificações do cinema nacional e da consciência do público” (BARRETO, 2005,

p.34).

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Entre as principais mudanças ocorridas na trajetória da crítica estão: a

aceitação do cinema como forma de arte, seus gêneros e formas de produção. A

crítica de cinema fala sobre a “paixão de ver cinema, de pensar, de debater, de

escrever sobre cinema. Dar sentido ao mundo e à vida através do cinema”

(LUNARDELLI, 2008, p.11). Dessa forma, a crítica se posiciona como um mediador

entre o filme e a plateia, ou entre o filme e seus realizadores.

“O trabalho do crítico é, primordialmente, o de conselheiro ou assessor do espectador. Sem entrar a fundo no conteúdo do filme, porque isso acabaria com o elemento surpresa ou pelo menos de novidade que constitui um de seus atrativos, dirige a atenção do futuro espectador para determinados aspectos do filme, tanto positivos como negativos, a fim de proporcionar uma vivência cinematográfica mais completa” (DEL POZO, 1970, p.16).

O jornalismo também passou por transformações significativas, a começar com

a especialização dos críticos. Houve progresso do pensamento teórico, crítico e

analítico sobre cinema, lançando mão de termos específicos e maior preocupação

com a técnica e a linguagem cinematográfica.

O cineasta nas mãos da crítica

A prática jornalística possui um duplo papel no jornalismo cultural: informação

da atualidade e prestação de serviços. Os textos mais analíticos, escritos, em sua

maioria, por especialistas, revelam uma postura mais reflexiva, que pendem mais

para o autoral do que para o informativo. Para José Salvador Faro, reflexão e

informação se juntam no jornalismo cultural para estruturar a produção

especializada. “[...] situado fora do âmbito da factualidade do jornalismo

convencional presente em outras editorias [...] tendo como foco principal a

construção de um sentido organizador da crítica conceitual que se desdobra,

invariavelmente, numa estrutura analítica que a coloca como veiculadora de

percepções que extrapolam o objeto sobre o qual se debruça” (FARO, 2003, p.1-3).

O jornalista, como peça importante na criação da reportagem jornalística deve

dar credibilidade à matéria sobre determinado filme ou festival de cinema.

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Basicamente, a função do crítico de cinema é assistir aos filmes e produzir resenhas

críticas sobre eles. Entre as principais características de um bom crítico estão: a

imparcialidade, conhecer teoria cinematográfica, avaliar, e principalmente, estudar

(com foco no processo de criação da película) o filme pelo qual se propôs analisar.

“A rigor, a função da crítica de cinema é ajudar o espectador a percorrer o itinerário do filme com um mínimo de conhecimento da sua linguagem, de modo a permitir que se reconheça, durante o trajeto, aquilo que é importante e o que não é. Uma função, portanto, que, mesmo antes de se reportar à apreciação estética da obra considerada no seu conjunto, incide sobre a sua sucessiva "racionalização", quer dizer, a tradução em termos lógico-discursivos do sentido poético que ela exprime através dos procedimentos de significação que lhe são próprios. É necessário que o aspirante a crítico construa primeiro um repertório para depois se aventurar na análise fílmica. A crítica é a arte da paciência” (SETARO, Crítica de cinema, 2010).

Neste contexto, a revista especializada Bravo!, publicação da Editora Abril, em

sua editoria de cinema, apresenta temas variados, entre os quais entrevistas com

diretores, estreia de filmes e tendências de gêneros. A edição do mês de março

(187) traz catorze páginas de reportagem sobre o filme Hitchcock, a qual, inclusive,

ganhou a capa. O texto de Inácio Araújo revela o perfil da revista Bravo!,

enquadrado no intermediário entre a produção noticiosa e analítica, repartindo os

espaços entre função informativa e opinião crítica. Para o crítico da revista, o filme

Hitchcock retrata um momento-chave na vida do diretor – a produção do longa

Psicose, em 1962. Entre imagens de Psicose e do novo filme do britânico Sacha

Gervasi, a revista traça um paralelo do perfil do mestre do suspense (como ficou

conhecido Hitchcock) na vida real e o exibido no longa de Gervasi. Segundo Inácio

Araújo, “a boa acolhida de Psicose fez com que Hitch se afirmasse de vez diante da

indústria [...]” (ARAÚJO, revista Bravo!, mar.2013, p.22). O crítico finaliza a

reportagem com uma definição da personalidade do célebre diretor:

“[...], o público, que foi inteiramente subjugado. O cineasta conseguiu dirigir as emoções dos espectadores como se rege uma orquestra. Hitchcock seria um monstro caso não provasse, filme após filme, crise após crise, que seus sentimentos e intuições, por mais malévolos e perversos que fossem, coincidiam com o que o público experimentava. [...] Só mesmo o torturado Hitch, com seu terror e seu humor, era capaz de mostrar as belezas e as feiuras, as grandezas e os horrores de

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que somos feitos. [...] nunca foi tão incisivo quanto em Psicose” (ARAÚJO, revista Bravo!, mar.2013, p.22-23).

Além da reportagem de Araújo, a edição 187 da Bravo! também traz o texto do

crítico André de Leones, que aborda o comportamento ameaçador de Hitchcock em

relação à atriz Janet Leigh, protagonista de Psicose, e conta com a contribuição da

jornalista e mestre em cinema, Lúcia Monteiro, que elenca as obras de artistas

mundiais influenciados pelo mestre do suspense e seu legado.

A função textual aqui é primordialmente referencial, informando o leitor sobre

determinado fato. O texto jornalístico, como qualquer outro, tem muitas funções

textuais, mas, neste caso, se sobressai a função referencial. Os elementos não

verbais presentes na reportagem auxiliam o leitor a compreender melhor o texto e

oferecem informações extras, como a imagem do artista Zed Nesti (fig.1), que abre a

reportagem da Bravo! e é complementada pelo título composto de elementos

emblemáticos de Psicose.

A revista Veja, também da Editora Abril, em sua edição online da primeira

semana de março de 2013, traz uma reportagem sobre o lançamento do filme

Hitchcock e o título se refere ao diretor como o “Cézanne do cinema”. A comparação

é do jornalista e roteirista Stephen Rebello, em entrevista a Meire Kusumoto. Rebello

é autor do livro Alfred Hitchcock e os bastidores de Psicose, que deu origem ao

longa, e foi o último jornalista a entrevistar o cineasta, em 1980. Para Rebello, “o

estilo de Hitchcock se destaca daqueles que abordam os mesmos temas que ele.

[...] um chamado tema “mundano” pode inspirar algo transcendente” (KUSUMOTO,

apud REBELLO, Hitchcock, o Cézanne do cinema, 2013).

Fig.1 – Reprodução da imagem de Zed Nesti para a reportagem “Uma loira, um chuveiro ligado, uma

faca...”, revista Bravo!, edição 187, mar.2013, p.13. Fonte: http://bravonline.abril.com.br/materia/bravo-entrevista-zed-nesti

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Dois meses antes, na edição 2303 (impressa), Veja traz Hitchcock à cena na

matéria intitulada “Janela indiscreta”, de Marcelo Marthe, que faz uma crítica do

telefilme britânico The Girl, que estreou no Brasil pela HBO americana (em

coprodução com a rede inglesa BBC). Para Marthe, o telefilme expõe o lado sombrio

do diretor, mostrando “como os componentes perversos de filmes como Janela

indiscreta (1954) e Psicose (1960) se entrelaçam com os desvãos da personalidade

de seu criador” (MARTHE, revista Veja, jan.2013, p.96). O crítico também fala sobre

o perfil obsessivo do mestre do suspense, especialmente em relação às atrizes

loiras, protagonistas de seus filmes: “Hitchcock (1899-1980), é verdade, era um

obsessivo em relação a tudo o que se referia a seus filmes, dos planos de câmera

cirúrgicos à simbologia dos figurinos. Mas as estrelas femininas eram sua maior

fixação. Sempre as platinadas, por sinal – de Madeleine Carroll a Kim Novak,

passando por Grace Kelly e Doris Day” (MARTHE, revista Veja, jan.2013, p.97).

Saindo do âmbito das revistas, o caderno Ilustrada, do jornal Folha de São

Paulo, publicação do Grupo Folha, também traz em seu conteúdo referências sobre

a célebre figura de Alfred Hitchcock. Na matéria de 5 de fevereiro de 2013, Rodrigo

Salem assina a reportagem sobre o filme Hitchcock, de Sacha Gervasi, tomando por

base de seu texto a entrevista com o jornalista Stephen Rebello. Sob o título “Siga o

mestre”, a crítica de Salem é linear, abordando mais a relação de Rebello com o

mestre do suspense e o desenvolvimento de sua obra literária Alfred Hitchcock e os

bastidores de Psicose, do que a película cinematográfica em si. É digna de nota a

imagem que acompanha a reportagem da Folha (fig.2): o ator Antony Hopkins

(intérprete de Hitchcock no filme), é retratado de perfil, ocupando a primeira página

inteira da Ilustrada. A figura foi toda recortada em formas geométricas, como se

fosse um quebra-cabeça representando as peças que Hitchcock nos apresenta em

seus filmes. Nessas peças soltas, estão inseridos textos e imagens temáticos. Em

torno do nome Ilustrada e do título da matéria, sobrevoam vários pássaros negros,

uma referência à emblemática produção: Os pássaros, de 1963.

A Folha também traz outra crítica do filme Hitchcock, dessa vez assinada por

Cássio Starling Carlos. O crítico demonstra de forma explícita, já no título, seu

desagrado em relação ao longa, quando diz que “Hitchcock reduz cineasta à

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caricatura”. Mais adiante, no quarto parágrafo, Cássio dispara: “é o típico filme que

não serve para nada”, e finaliza orientando o leitor que deseja conhecer melhor o

diretor, que o procure direto na fonte, Psicose, já que o filme de Gervasi “só

apresenta tipos, sem nunca revelar algum aspecto revelador da pessoa atrás da

persona” (CARLOS, Hitchcock reduz cineasta à caricatura, mar.2013).

A notícia recria e fortalece o mito

A notícia é concebida como sendo uma construção social, ou seja, é o

resultado de um processo desenvolvido por vários agentes. Assim, na seleção das

notícias, os jornalistas podem agir sob a influência de uma cultura e identidade

próprias, ou de acordo com interesses externos ao campo de poder. Esse processo

carrega em si várias etapas de decisão (gatekeeping), normalmente sujeitas a uma

pressão fundamental: o tempo – ali atuam os valores-notícia. Para Traquina (2005),

os valores-notícia se constituem no elemento central da cultura jornalística. Mas o

que é notícia, como estabelecer critérios de noticiabilidade? Traquina esclarece:

“[...] é simultaneamente simplista e minimalista: a) simplista porque, segundo a ideologia jornalística, o jornalista relata, capta, reproduz ou retransmite o acontecimento. Segundo a metáfora dominante no campo jornalístico, o jornalista é um espelho que reflete a realidade. O jornalista é simplesmente um mediador; e b) minimalista porque, segundo a ideologia dominante, o papel do jornalista como mediador é um papel reduzido” (TRAQUINA, 2005, p.62).

Fig.2 – Detalhe da reportagem “Siga o mestre”, caderno “Ilustrada”, Folha de SP, 5 fev.2013, p.E1. Fonte: http://acervo.folha.com.br/fsp/2013/02/05/21/

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Existe uma diferença entre valores que determinam o que é notícia e os valores

do jornalismo em épocas distintas. De acordo com Traquina (2005), os maiores

valores atuais do jornalismo se dividem em dois polos: o ideológico (serviço público)

e o econômico (negócio). Dessa forma, o jornalismo, ao valorizar as notícias de

importância social, oferece o que o leitor precisa saber. As notícias com alta dose de

interesse têm a função de satisfazer a curiosidade e preenchem a necessidade de

entretenimento, diversão do público – é aquilo que o leitor está ávido em saber, mas

que não irá representar qualquer utilidade para sua vida na sociedade. No segundo

polo se encaixa o mito de Alfred Hitchcock.

A própria notoriedade de Hitchcock no cenário cultural já o configura como

valor-notícia, no impacto que seus filmes causam no imaginário humano. As

produções hitchcockianas para o cinema trabalham com elementos como: morte,

assassinato, mistério, suspense, horror. Para Traquina, a morte é um valor notícia

fundamental “e uma razão que explica o negativismo do mundo jornalístico que é

apresentado diariamente nas páginas do jornal ou nos écrans da televisão”

(TRAQUINA, 2005, p.79).

Em suma, as pessoas sentem prazer em experimentar o medo – vivenciar,

através da tela, emoções que não seriam agradáveis ou desejadas na vida real,

muitas vezes tão maçante e monótona. Para Howard Philips Lovecraft, escritor

norte-americano do gênero terror, “a emoção mais forte e mais antiga do homem é o

medo, e a espécie mais forte e mais antiga de medo é o medo do

desconhecido”. Sobre a recepção do público em relação aos filmes do mestre do

suspense, o autor Stephen Rebello afirma:

“Os noticiários de TV e os filmes europeus, mais adultos e francos, estavam levando as expectativas do público rumo a uma apreensão mais corajosa da realidade na tela. Que bom para Psicose, que expunha o esqueleto de boca arreganhada por baixo dos ritmos e rotinas do cotidiano — o trabalho diário, as relações que exigem esforço, os sonhos adiados, os locais ermos. Psicose acontecia num mundo muito mais próximo daquele em que a maioria dos frequentadores de cinema vivia. Hitchcock, que nasceu filho de um quitandeiro do East End no sobrado sobre a loja do pai, se sentia ao mesmo tempo fascinado e horrorizado por esse mundo” (REBELLO, 2013, p.42).

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Em se tratando da obra de Hitchcock, ou qualquer outra produção cultural que

se refira a ele, o fator tempo se configura como valor-notícia. De acordo com

Traquina (2005: 82), “um assunto ganha noticiabilidade e permanece como assunto

com valor-notícia por um tempo mais dilatado”. Assim, Hitchcock, o diretor e a obra

cinematográfica, que ganharam notoriedade há décadas, continuam despertando a

curiosidade, se transformando em notícia e se recriando continuamente.

A notabilidade também possui valor-notícia para a comunidade jornalística, já

que Alfred Hitchcock é detentor da “qualidade de ser visível, de ser tangível”

(TRAQUINA, 2005, p.82). Na visão de Stephen Rebello, ele (Hitchcock) “era um

visionário, um feiticeiro na técnica, um mestre em enquadramento e composição. Ele

era capaz de suscitar emoções raras e complexas” (KUSUMOTO, apud REBELLO,

Hitchcock, o Cézanne do cinema, 2013) – ingredientes suficientes para elevar o

cineasta à categoria de “notável”.

Outra característica que confere valor-notícia a Hitchcock e sua extensa obra

na senda do suspense é a contextualidade. Os leitores da Bravo!, da Veja e da

Folha possuem uma bagagem cultural suficiente para saber quem é Alfred Hitchcock

e o perfil psicológico do diretor e de sua obra. Mas, então, por que este público ainda

se interessa por notícias sobre Hitchcock? O que eles ainda desejam saber? A

resposta está na definição sucinta do admirador e seguidor, Rebello:

“Então, tantos anos depois do lançamento de Psicose, o filme continua a ser o parâmetro a partir do qual muitos outros são avaliados. Em 1960, durante a turnê promocional, quando Alfred Hitchcock falou sobre Psicose para um dos numerosos repórteres que o assediavam, comentou: ‘É um filme muito bom, mas o mais importante é que é o primeiro filme chocante que eu já fiz. Meus filmes anteriores eram de suspense. Esse vai, literalmente, chocar o público.’ O fato é que o mais famoso e um dos mais imitados de todos os filmes de Hitchcock, por todo o seu poder instantâneo sobre o público e seu impacto de longo alcance no cinema internacional, não desnorteou e afetou ninguém de forma mais irrevogável do que a seu próprio diretor” (REBELLO, 2013, p.206).

A linguagem dos signos no jornalismo cultural

“As loiras são as melhores vítimas. São como a neve virgem em que as pegadas sanguinolentas se revelam.” (Alfred Hitchcock).

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A imagem é um poderoso instrumento de comunicação que pode ser utilizado

com os mais variados objetivos. Para o professor norte-americano John B.

Thompson (2011), o uso de símbolos é um traço distintivo da vida humana. Uma

imagem, seja pintura, esboço, desenho ou fotografia, mesmo que não esteja

acompanhada de qualquer mensagem escrita carrega em si diversos símbolos – que

lhe conferem sentido e mostram o que o emissor quis transmitir ao receptor. Para

uma correta análise dos padrões de significado de uma imagem, é importante que

se faça a análise cultural, conforme aponta Thompson:

“[...] concepção simbólica [...] cultura é o padrão de significados incorporados nas formas simbólicas, que inclui ações, manifestações verbais e objetos significativos de vários tipos, em virtude dos quais os indivíduos comunicam-se entre si e partilham suas experiências, concepções e crenças” (THOMPSON, 2011, p.176).

A proposta apresentada é a análise da capa da edição 187, março de 2013, da

revista Bravo! (fig.3). A mesma imagem foi divulgada pela primeira vez em fevereiro

de 1963, na capa da publicação norte-americana Life (fig.4), de autoria do fotógrafo

Philippe Halsman. A imagem mostra Hitchcock em pé, com os braços flexionados, e

sobre cada um deles repousam corvos. Há ainda outro corvo que sobrevoa a cabeça

do cineasta, como se fosse pousar nela. O diretor não demonstra qualquer medo ou

apreensão; ao contrário, esboça um olhar desafiador, até insolente. Ao fundo, o

cenário do céu com algumas nuvens, vegetação e um lago, em tonalidade azul,

denotando certa tranquilidade, uma paisagem bucólica outonal.

A análise da imagem se apoia na teoria semiótica do filósofo norte-americano

Charles Sanders Peirce (1983) e, de acordo com sua dinâmica, os signos presentes

são icônicos, ou seja, a relação entre as coisas em que eles aparecem e as coisas

que eles representam possui caráter imitativo. Dessa forma, percebendo-se “isto”

lembra-se imediatamente “daquilo”. Assim, os pássaros negros nas capas das

revistas “representam” uma das obras mais emblemáticas de Hitchcock: o filme Os

pássaros – seu primeiro longa do gênero de terror. Embora o filme atual de Gervasi

registre o mestre do suspense durante a fase de produção de Psicose, a escolha da

fotografia de Hitchcock rodeado por corvos remete ao lado sombrio e ao

comportamento sádico, muitas vezes identificados nas produções e no perfil do

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cineasta. De acordo com Rebello (2013), Os pássaros é a obra na qual o diretor

atinge o ápice do sadismo. As formas simbólicas presentes nas aves remetem ao

terror, ao sobrenatural, e o mestre do suspense apreciava jogar com esses

elementos. O próprio Hitchcock declarou à imprensa na época de lançamento de Os

pássaros:

“Já produzi vários filmes cujo maior objetivo era enfeitiçar e assombrar o espectador. Como tais histórias traziam muito entretenimento, elas cumpriam sua função. Desta vez, porém, introduzi um tema sério sob a diversão. Existe um terrível significado espreitando logo abaixo da superfície de choque e suspense de Os pássaros. E, quando vocês descobrirem, seu prazer será mais do que dobrado.” (REBELLO, 2013, p.197).

O termo “formas simbólicas” foi utilizado por Thompson para “se referir a uma

ampla variedade de fenômenos significativos, desde ações, gestos e rituais até

manifestações verbais, textos, programas de televisão e obras de arte”

(THOMPSON, 2011, p.183). São expressões de um sujeito para outro (ou outros).

Uma das características das formas simbólicas é o aspecto estrutural, e significa que

“as formas simbólicas são construções que exibem uma estrutura articulada”

(THOMPSON, 2011, p.187), composta de elementos que se relacionam uns com os

outros. Os corvos estão diretamente ligados à imagem de Hitchcock, e levam nosso

pensamento diretamente ao gênero que o consagrou no cinema: o horror.

Hitchcock entrou definitivamente no imaginário do público quando mostrou o

poder da conexão entre sexo e terror em Psicose. Ao retirar o horror do universo dos

vampiros, dos zumbis e fantasmas, o cineasta o colocou na mente humana, que

pode se mostrar mais ameaçadora e perigosa do que qualquer criatura fantástica. A

grande cartada de Hitchcock foi “mostrar menos e sugerir mais, pois a imaginação

de um espectador é mais audaciosa do que qualquer coisa que um cineasta possa

apresentar” (REBELLO, 2013) – esta é a mensagem subliminar na imagem que

estampa as capas da Life e da Bravo!.

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Fig.3 – Capa da revista Bravo!, edição 187, mar.2013. Fonte: http://bravonline.abril.com.br/revista#edicao-0187

Fig.4 – Capa da revista americana Life, edição de fev.1963. Fonte: http://www.2neatmagazines.com/life/1963.html

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Considerações finais

“As manchetes dos jornais contam muitas histórias bizarras da vida real que esticam até o limite as cordas da ficção de suspense. Sempre levo em conta o fato de que temos de ser mais espertos que a plateia para mantê-la conosco. Eles são detetives altamente treinados nos investigando neste exato momento” (REBELLO, apud Alfred Hitchcock, 2013, p.37).

Este artigo analisa a forma do jornalismo cultural, por meio da crítica

cinematográfica, de divulgar e tratar o filme Hitchcock. Optamos por mídias que são

destinadas a um público consumidor de cultura, que vai a espetáculos, ao teatro e,

claro, ao cinema.

Como o filme de Sacha Gervasi retrata a personalidade do mestre do

suspense, não poderíamos deixar de incluir o próprio Alfred Hitchcock na análise da

crítica jornalística – afinal, sua popularidade se constitui valor-notícia. Concluímos

que o leitor dessas publicações também quer saber sobre o que existe por trás do

homem que criou uma das maiores tramas do horror no cinema. “Poucos filmes

desde Psicose penetraram tanto na consciência e no imaginário sombrio dos

espectadores” (REBELLO, 2013, p.206).

Além da abordagem das críticas, observamos também a forma como Hitchcock

é retratado no jornalismo cultural. A capa reproduzida pela revista Bravo!, na edição

187, constitui-se um símbolo por conter tantos signos referentes ao cineasta, e por

estampar, pela segunda vez, a capa de uma importante publicação. A fotografia

original saiu na revista Life, que se notabilizou pela qualidade primorosa de suas

imagens, e em suas páginas já desfilaram nomes proeminentes do cenário cultural.

Hitchcock e sua obra sempre ilustraram muitas delas. Utilizando-nos da semiótica de

Peirce, traçamos um paralelo entre a estrutura montada na fotografia de Hitchcock

como que ‘brincando’ com os corvos e seu perfil tido como ‘sádico’, pois “se divertia

ao produzir seus filmes” (REBELLO, 2013, p.114).

Sendo assim, decidimos produzir, como produto final, uma grande reportagem.

Abordaremos um filme nacional lançado recentemente, em matéria inserida em uma

revista cultural. A ideia partiu da necessidade que identificamos no mercado atual

das publicações culturais: a região do interior de São Paulo carece de uma

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publicação que aborde os produtos culturais com mais profundidade. As mídias

apenas fornecem roteiros de filmes, apresentações e espetáculos, sem o

aprofundamento dos produtos culturais disponíveis. Isso, só um bom jornalismo

cultural pode oferecer.

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